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Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro de Tecnologia e Ciências Instituto de Química Raphael da Rocha Sixel Osmose Inversa Aplicada no Reúso da Água do Rio Sarapuí em Processos Industriais Rio de Janeiro 2009

Osmose Inversa Aplicada no Reúso da Água do Rio Sarapuí ...livros01.livrosgratis.com.br/cp123525.pdf · Instituto de Química ... 1.5.2.1 Módulo Fibra Oca e Capilar 40 1.5.2.2

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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Centro de Tecnologia e Ciências

Instituto de Química

Raphael da Rocha Sixel

Osmose Inversa Aplicada no Reúso da Água do Rio Sar apuí em

Processos Industriais

Rio de Janeiro

2009

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Raphael da Rocha Sixel

Osmose Inversa Aplicada no Reúso da Água do Rio Sar apuí em

Processos Industriais

Orientador: Prof. Dr. Fábio Merçon (DTPB/IQ/UERJ).

Rio de Janeiro

2009

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em Química do Instituto de Química da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Ciências (M.Sc.).

Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial

desta tese.

__________________________________ ____/____/_____

Assinatura Data

S625 Sixel, Raphael da Rocha

Osmose Inversa Aplicada no Reúso da água do Rio Sarapuí em Processos Industriais./ Raphael da Rocha Sixel. – 2009.

106f.

Orientador: Fábio Merçon

Dissertação (mestrado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Química.

1. Água – Estações de tratamento – Teses. 2. Processo de osmose inversa – Teses. 3. Águas superficiais – Teses. 4. Reúso de água – Teses. 5. Rio Sarapuí – Teses. I. Merçon, Fábio. II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto de Química. III. Título.

CDU 628.161/.162

Osmose Inversa Aplicada no Reúso da Água do Rio Sar apuí em

Processos Industriais

Aprovado em: ___________________________________

Banca Examinadora:

______________________________________

Prof. Dr. Fábio Merçon (Orientador)

(DTPB/IQ/UERJ)

_____________________________________

Dr. Geraldo André Thurler Fontoura

(BAYER S.A)

_____________________________________

Prof. Dr. Monica Regina da Costa Marques

(IQ/UERJ)

Rio de Janeiro

2009

Dissertação apresentada como requisito para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-graduação em Química do Instituto de Química da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área de concentração: Química Ambiental.

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, pelo eterno incentivo e suporte nos estudos.

À minha família, por me trazer paz e equilíbrio, essenciais para

o desenvolvimento deste trabalho.

AGRADECIMENTOS

• À minha mãe, Ana Lucia, pelo incentivo e presença em minha vida.

• Ao meu orientador Fábio Merçon, pelo apoio e atenção disponibilizados

durante a execução do trabalho.

• Às colegas Dalva e Monica, da empresa HAZTEC, pelo suporte durante o

desenvolvimento do trabalho.

• À Geraldo Fontoura, gestor, por todo o incentivo, ensinamentos e amizade.

• À Bayer S.A., pelo desenvolvimento humano e profissional e por ter

viabilizado este trabalho.

• Aos colegas da área HSEQ - Bayer.

• Aos Coordenadores e Professores do Instituto de Química da UERJ.

RESUMO

SIXEL, Raphael da Rocha. Osmose Inversa Aplicada no Reúso da Água do Rio

Sarapuí em Processos Industriais. 2009. 106f. Dissertação (Mestrado em Química) –

Instituto de Química – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,

2009.

O objetivo deste estudo foi analisar o desempenho de um sistema de captação e

tratamento de água do rio Sarapuí, por meio de uma estação de tratamento

composta por um sistema de pré-tratamento convencional, ligado a um sistema de

separação por membranas de osmose inversa, no Município de Belford Roxo – RJ,

instalado para fornecer água de processo a instalações industriais. Foi verificado que

a água captada encontra-se em condição bastante degradada e que a unidade de

tratamento removeu, em média, 97% do teor dos poluentes presentes na água,

enquadrando-a nos parâmetros requeridos pelo processo industrial. Foi possível

comprovar que o processo de separação por osmose inversa pode ser utilizado em

escala industrial, proporcionando ganhos econômicos consideráveis, além de evitar

o consumo de água potável para fins de processos industriais e, ainda, contribuir

para a retirada de carga orgânica de uma fonte degradada.

Palavras-chave: Água. Estações de tratamento. Processo de osmose inversa. Águas

superficiais. Reúso de água. Rio Sarapuí.

ABSTRACT

SIXEL, Raphael da Rocha. Reverse Osmosis Applied in Sarapuí River Water Reuse

in Industrial Processes. 2009. 106p. Dissertation (Master of Science degree) –

Instituto de Química – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,

2009.

The objective of this study was to analyze the performance of a system to capture

and treat water from Sarapuí river through a treatment system consisting of a

conventional pré-treatment stage, linked to a reverse osmosis separation system

membranes, in the city of Belford Roxo - RJ, installed to provide process water for

industrial plants. It was found that the water is captured in highly degraded condition

and the treatment plant removed an average of 97% of the pollutants in the water,

fitting the parameters required by the industrial process. It could be demonstrated

that the separation process by reverse osmosis can be used on an industrial scale,

providing significant economic gains, and avoid the consumption of potable water for

industrial processes and also contribute to the removal of organic pollutants from a

degraded source.

Keywords: Water. Wastewater treatment plant. Reverse osmosis processes. Surface

water. Water reuse. Sarapuí river.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

• Figura 1 - Vazões de retirada para os diferentes usos no Brasil 20

• Figura 2 - Vazões de consumo para os diferentes usos no Brasil 20

• Figura 3 - Unidade Industrial em estudo e Rio Sarapuí 23

• Figura 4 - Representação esquemática de corte transversais dos

tipos de morfologias das membranas

27

• Figura 5 – Principais características dos PSM que utilizam diferença

de pressão como força-motriz

28

• Figura 6 – Faixa de porosidade de membranas de MF, UF, NF e OI 29

• Figura 7 – O processo de osmose e a osmose inversa 33

• Figura 8 – Principais técnicas de fabricação de membranas

microporosas

36

• Figura 9 – Principais técnicas de fabricação de membranas densas e

compostas com pele densa

37

• Figura 10 – Módulo Placa-e-Quadro com detalhe da disposição da

membrana

38

• Figura 11 – Módulo espiral utilizando membranas planas 39

• Figura 12 – Detalhe de um módulo espiral completo 39

• Figura 13 – Detalhe da disposição de canais de alimentação e

filtrado em elementos espirais

40

• Figura 14 – Módulos com membranas na forma de fibras ocas e

capilares

41

• Figura 15 – Esquema de escoamento e permeação de membranas

tubulares

42

• Figura 16 – Ilustração de membranas tubulares de cerâmica 42

• Figura 17 – Esquema dos sistemas de pré-tratamento integrados a

processos com membranas

44

• Figura 18 – Lay-out do Complexo Industrial da Bayer em Belford

Roxo

52

• Figura 19 – Ponto de captação e localização da Estação de

Tratamento de Água do Rio Sarapuí

55

• Figura 20 – Gerador de dióxido de cloro e reação 56

• Figura 21 – Cisternas 57

• Figura 22 – Tanques de floculação e coagulação 58

• Figura 23 – Decantador lamelar 58

• Figura 24 – Adensadores de lodo (material decantado) 59

• Figura 25 – Filtro prensa 59

• Figura 26 – Filtro de areia 60

• Figura 27 – Filtros tipo cartucho 60

• Figura 28 – Operação dos módulos de osmose 62

• Figura 29 – Banco de membranas do sistema de tratamento por OI 63

• Figura 30 – Fluxograma do processo em estudo 63

• Figura 31 – Resultados de condutividade da água bruta 78

• Figura 32 - Dados históricos de precipitação pluviométrica no Estado

do Rio de Janeiro em 2007

78

• Figura 33 – Resultados de DQO da água bruta 79

• Figura 34 – Resultados de cor da água bruta 79

• Figura 35 – Resultados de turbidez da água bruta 79

• Figura 36 – Resultados de pH da água bruta 80

• Figura 37 - Medição da vazão para alimentação, concentrado e

permeado do banco de osmose 1

81

• Figura 38 - Percentual de recuperação do banco de osmose 1 81

• Figura 39 - Pressão dos estágios no banco de osmose 1 82

• Figura 40 - Variação de pressão entre os estágios no banco de

osmose 1

83

• Figura 41 - Variação de pressão no banco de osmose 1 83

• Figura 42 - Condutividade no sistema de osmose 1 84

• Figura 43 - Percentual de rejeição do sistema de osmose 1 84

• Figura 44 – Resultados de alcalinidade na AGI 86

• Figura 45 – Resultados de alumínio, ferro e manganês na AGI 87

• Figura 46 – Resultados de amônia na AGI 87

• Figura 47 – Resultados de cálcio na AGI 87

• Figura 48 – Resultados de cloreto na AGI 88

• Figura 49 – Resultados de cloro residual livre na AGI 88

• Figura 50 – Resultados de dureza total na AGI 88

• Figura 51 – Resultados de magnésio na AGI 89

• Figura 52 – Resultados de sulfato na AGI 89

• Figura 53 – Resultados de pH na AGI 89

• Figura 54 – Resultados de condutividade na AGI 90

• Figura 55 – Comparativo dos resultados de condutividade 90

• Figura 56– Comparativo dos resultados de cor na AGB e AGI 90

• Figura 57 – Comparativo dos resultados de turbidez na AGB e AG 91

• Figura 58 – Comparativo dos resultados de DQO na AGB e AGI 91

• Figura 59 – Acompanhamento da vazão de água captada no rio

Sarapuí, produzida pela estação e consumida no complexo industrial

93

• Figura 60 – Percentual da água suprida pela estação em relação à

demanda necessária

93

LISTA DE TABELAS

• Tabela 1 – Espécies retidas em OI, NF UF e MF 29

• Tabela 2 – Comparação entre membranas orgânicas e inorgânicas 34

• Tabela 3 – Especificações do elemento de membrana 61

• Tabela 4 – Monitoramento realizado no processo 65

• Tabela 5 – Faixa padrão desejada para a água produzida 66

• Tabela 6 – Relação de parâmetros que utilizam métodos

colorimétricos

68

• Tabela 7 – Média dos resultados de análise da água do Rio Sarapuí,

em fevereiro de 2005, comparados com a Resolução CONAMA no

357 e especificação requerida para os processos industriais

76

• Tabela 8 – Comparativo dos resultados da caracterização da água

captada no rio Sarapuí e o valor médio obtido no monitoramento dos

últimos 12 meses

85

• Tabela 9 – Valores registrados para as vazões de água 92

LISTA DE EQUAÇÕES

• Equação 1 - Reação de obtenção do dióxido de cloro 56

• Equação 2 - Cálculo do percentual de recuperação 67

• Equação 3 - Cálculo do Teor de Resíduo Não Filtrável Total (RNFT) 73

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

• AGB Água Bruta

• AGI Água Industrial

• CEDAE Companhia de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro

• CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

• Da Dalton

• DI Diálise

• DQO Demanda Química de Oxigênio

• ED Eletrodiálise

• ETDI Estação de Tratamento de Despejos Industriais

• FAU Unidade de Atenuação da Formazina

• HP Hiperfiltração

• MDA 4,4 diaminodifenilmetano

• MDI Metileno difenil diisocianato

• MF Microfiltração

• NF Nanofiltração

• OI Osmose Inversa

• PAC Policloreto de alumínio

• PG Permeação de Gases

• pH Potencial hidrogeniônico

• pKa Constante de dissociação

• PSM Processo de Separação por Membranas

• PU-M Poliuretanos Multi-propósito

• PV Pervaporação

• PVC Cloreto de polivinila

• SEMADS Secretaria de Estado de Meio Ambiente e

Desenvolvimento sustentável

• SERLA Fundação Superintendência Estadual de Rios e Lagoas

• UF Ultrafiltração

• UFC Unidades Formadoras de Colônia

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 18

1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 25

1.1 Histórico e Definições 25

1.2 Tipos de processos de separação por membranas 27

1.3 Descrição dos Processos de Separação por Membranas que

Utilizam Gradiente de Pressão como Força-motriz

30

1.3.1 Microfiltração 30

1.3.2 Ultrafiltração 30

1.3.3 Nanofiltração 31

1.3.4 Osmose Inversa 31

1.3.4.1 Osmose, Equilíbrio Osmótico e Osmose Inversa 32

1.4 Materiais que Constituem as Membranas 34

1.5 Fabricação de Membranas e Tipos de Módulos de Perme ação 36

1.5.1 Módulos Preparados a partir de Membranas Integrais de Geometria

Plana

37

1.5.1.1 Módulo Placa-e-Quadro 37

1.5.1.2 Módulo Espiral 38

1.5.2 Módulos Preparados a partir de Membranas Integrais de Geometria

Cilíndrica

40

1.5.2.1 Módulo Fibra Oca e Capilar 40

1.5.2.2 Módulo Tubular 41

1.6 Pré-Tratamentos em Processos com Membranas 43

1.6.1 Desempenho de Sistemas de Pré-Tratamento Integrados a Sistemas

com Membranas

44

1.6.2 Pré-tratamentos de Sistemas com Membranas Aplicados em

Produção Industrial

45

1.7 Principais Fatores Causadores de Redução de Eficiên cia em

Sistemas com Membranas

48

2. METODOLOGIA 51

2.1 Descrição do Processo Analisado e Área de Estudo 51

2.1.1 Complexo Industrial da Bayer S.A. em Belford Roxo 51

2.1.1.1 Produção de Polímeros 53

2.1.1.2 Produção de Defensivos Agrícolas 53

2.1.1.3 Unidade de Produção e Fornecimento de Energias 53

2.1.2 Estação de Captação e Tratamento de Água do Rio Sarapuí 54

2.1.3 Rio Sarapuí 64

2.2 Análises das variáveis do estudo 65

2.3 Métodos Analíticos 67

2.3.1 Determinação de Cloro Livre 69

2.3.2 Determinação de Ferro 69

2.3.3 Determinação de Manganês 69

2.3.4 Determinação de Alumínio 70

2.3.5 Determinação de Dureza Total 70

2.3.6 Determinação de Sulfato 71

2.3.7 Determinação de Sílica 71

2.3.8 Determinação de Amônia 71

2.3.9 Determinação de Turbidez e Cor 72

2.3.1 Determinação de Cloreto 72

2.3.2 Determinação do Teor de Sólidos (Sólidos Totais Dissolvidos) 72

2.3.4 Determinação de Condutividade 73

2.3.5 Determinação de Alcalinidade 73

2.3.6 Determinação de DQO 73

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 75

3.1 Caracterização da água captada no Rio Sarapuí 75

3.2 Resultados do Monitoramento da Água Bruta (AGB) 77

3.3 Resultados do Sistema de Osmose Inversa 80

3.4 Resultados da Água Industrial (AGI) 84

3.5 Comparativo das Vazões 91

4. CONCLUSÕES 94

5. SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS 96

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 97

APÊNDICE A - Resultados do monitoramento da água bruta 102

APÊNDICE B - Resultados do monitoramento do banco de osmose 103

APÊNDICE C - Resultados do monitoramento da água industrial 105

Parte desta dissertação foi apresentada no seguinte evento:

• SIMPAM 2009 – Simpósio de Processos de Separação com Membranas, Rio

de Janeiro/RJ, 2009; sob o título: “Captação, Tratamento e Reúso da Água do

Rio Sarapuí em Processos Industriais, Utilizando a Técnica de Separação por

Osmose Inversa”.

18

INTRODUÇÃO

O Brasil detém cerca de 12% das reservas de água doce do planeta, de

acordo com o site Brasil das Águas. Esta visão de abundância, aliada à grande

dimensão continental do país, favoreceu o desenvolvimento de uma consciência de

inesgotabilidade, isto é, um consumo distante dos princípios de sustentabilidade e

sem preocupação com a escassez. A oferta gratuita de recursos naturais e a crença

de sua capacidade ilimitada de recuperação frente às ações exploratórias

contribuíram para essa postura descomprometida com a proteção e o equilíbrio

ecológico. Cotidianamente, diversos são os exemplos de desperdício e

despreocupação. Mesmo em regiões brasileiras, onde as reservas hídricas

geralmente atendem às necessidades de uso, em algumas épocas do ano são

relativamente comuns os períodos de escassez, em atividades produtivas, devido às

condições climáticas adversas e/ou aumento de demanda em atividades produtivas,

como o caso da cultura do arroz, no verão, no Sul do Brasil. Buscando equilibrar as

necessidades para o abastecimento das populações e para a atividade produtiva

industrial e agrícola e, ainda, minimizar as conseqüências sociais da seca,

estratégias de racionalização e de racionamento são estabelecidas. Esta situação

gera um nítido conflito entre os usuários e os usos da água. A solução para este tipo

de conflito está na gestão deste recurso, que inicia-se pela racionalização de

consumo, acrescida do estabelecimento de estratégias de reúso, tanto nas práticas

agrícolas quanto nas atividades cotidianas residenciais, comerciais e industriais.

A primeira fonte de energia industrial foi a roda d'água; o primeiro meio de

escoamento da produção industrial foram as vias navegáveis. É por isso que, desde

seus primórdios, as fábricas se instalam às margens dos rios. Essa relação de

dependência do setor industrial com os recursos hídricos persiste até hoje. A

quantidade e a qualidade da água em uma região determinam sua vocação, ou não,

para um parque industrial.

Como sabemos, a água é um recurso natural não renovável, que precisa ser

preservado para garantir que as gerações futuras tenham acesso a este recurso

essencial para a vida. O reaproveitamento de água, principalmente de fontes

consideradas poluídas ou geradas em processos industriais, faz com que a água

potável de abastecimento, tratada, fornecida pelas Companhias de Abastecimento

Urbano, seja preservada e disponibilizada para a população.

19

Segundo Campanili (2008), o setor industrial é responsável por cerca de 25%

do consumo de água no mundo (e 18% da água consumida no Brasil), e ainda

carrega o fardo de ser o maior responsável pela poluição dos mananciais, já que

seus resíduos, diferentemente do esgoto doméstico, em muitos casos, contêm

substâncias químicas persistentes e difíceis de serem depuradas naturalmente ou

tratadas depois de atingirem os corpos d'água. Por outro lado, é o setor que produz

a maior renda por volume de água utilizada e o maior responsável pelo consumo de

água nos países desenvolvidos. No Brasil, o maior volume de água ainda é utilizado

na irrigação.

De acordo com Agência Brasil (2006), a agropecuária no Brasil responde por

69% do volume de água retirado dos mananciais. O abastecimento doméstico e a

atividade industrial são, na seqüência, os maiores usuários, com 21% e 18%,

respectivamente, de volume utilizado (dados de 2002).

Vale destacar que a irrigação é atividade responsável pelas maiores vazões

de retirada de água de fontes hidrográficas, com exceção das regiões hidrográficas

Amazônica, Atlântico Nordeste Ocidental, Atlântico Leste, Atlântico Sudeste e

Paraná, em que predomina o uso urbano. Quando se considera as vazões de

consumo de água, observa-se também o amplo predomínio da irrigação em relação

às outras demandas.

Na verdade, cerca de 46% das vazões de retirada no país são destinadas à

irrigação, como mostra a Figura 1. Para o abastecimento urbano são reservados

26%, 18% para indústria, 7% para dessedentação animal e apenas 3% para

abastecimento rural.

Em relação às vazões efetivamente consumidas, 69% são destinadas à

irrigação, como mostra o Figura 2. O abastecimento urbano representa 11%, o

abastecimento animal 11%, o industrial 7% e o abastecimento rural 2%.

A industrialização brasileira começou no início do século passado, sem

nenhuma preocupação com a quantidade de água captada ou com os efluentes.

Essa postura, aliada à intensa urbanização que se seguiu, propiciada em boa parte

pela presença das indústrias, resultou em altos índices de poluição. Em algumas

bacias hidrográficas, a água se tornou imprópria até para o uso industrial, obrigando

muitas fábricas a implantar sistemas de tratamento da água captada para poder

utilizá-la.

20

Figura 1 - Vazões de retirada para os diferentes usos no Brasil (Agência

Brasil, 2006)

Figura 2 - Vazões de consumo para os diferentes usos no Brasil (Agência

Brasil, 2006).

A implementação de técnicas específicas para otimização do uso da água na

indústria pode resultar em importantes benefícios econômicos e ambientais

associados às reduções do consumo de água e energia e na geração de águas

residuais e seu respectivo tratamento. A racionalização deste recurso é amplamente

discutida atualmente e encontra-se aliada à melhoria da imagem da indústria,

Animal; 7%

Rural; 3%

Industrial; 18%

Urbano; 26%

Irrigação; 46%

Animal; 11%

Rural; 2%

Industrial; 7%

Urbano; 11%

Irrigação; 69%

21

contribuindo, também, para atender aos requisitos relacionados a normas

internacionais de gestão, como a ISO 14.000 e o Programa Atuação Responsável.

A busca por sistemas alternativos de produção de água industrial é de

extrema importância para a otimização da utilização de recursos hídricos e contribui

para a minimização do risco de escassez para a população.

Vale ressaltar que a utilização de sistemas alternativos para o abastecimento

industrial deve ser gerida de forma a não comprometer a eficiência dos processos

industriais e conseqüentemente no desenvolvimento sócio-econômico local.

Neste estudo será avaliada a aplicação de técnicas avançadas para

tratamento de água captada em fonte superficial degradada, visando a apresentar

uma alternativa sustentável de abastecimento de água de processo, em substituição

à água potável, fornecida pela rede pública de abastecimento.

A Unidade Industrial em estudo foi instalada em 1958, no município de Belford

Roxo, no Estado do Rio de Janeiro, ocupando uma área aproximada de 2 milhões

de metros quadrados, de acordo com registros de engenharia da empresa. Além de

fabricar produtos químicos de alta importância, gera diversos empregos e possui um

elevado faturamento que propicia o desenvolvimento do Estado e do Município. Esta

Unidade Industrial, também chamada de Complexo Industrial, pertence à empresa

Bayer S.A.

Desde 1997, existe neste Complexo Industrial uma área chamada de Parque

Industrial, onde estão instaladas outras indústrias dentro do Complexo já em

operação e dotado da mais completa infra-estrutura. Basicamente, o Complexo

Industrial da Bayer em Belford Roxo possui fábricas da Bayer S.A., dos segmentos

de saúde animal, defensivos agrícolas e espumas de poliuretano; e outras fábricas

de empresas dos segmentos de gases industriais, embalagens plásticas,

tratamentos de resíduos e operação logística instaladas no Parque Industrial.

De acordo com dados informados pela Bayer S.A., todas estas unidades

produtivas utilizam-se, no total de cerca de 72.000 m3/mês de água de processo e

geram cerca de 40.000 m3/mês de efluentes industriais, que juntamente com os

esgotos sanitários do Complexo Industrial são enviados para a Estação de

Tratamento de Despejos Industriais, instalada no mesmo Complexo Industrial.

Toda água (industrial e potável) consumida no Complexo Industrial Belford

Roxo sempre foi obtida da Companhia de Águas e Esgotos da Cidade do Rio de

Janeiro (CEDAE). A Unidade Central de Energias recebia a água por meio de dutos,

22

armazenava em tanques e distribuía para o Complexo Industrial por meio de rede de

tubulações. Outras alternativas para abastecimento de água foram instaladas, como

a perfuração de poços artesianos, porém, estes se tornaram inviáveis, pois

demandavam altos custos de manutenção e, principalmente, baixa vazão de

captação. Com base neste cenário e diante da necessidade de se obter uma

alternativa sustentável para o fornecimento de água industrial, foi iniciado um projeto

para construção de uma estação de captação e tratamento da água do Rio Sarapuí,

adjacente ao Complexo Industrial, com o objetivo de produzir toda a água industrial

para uso em processos e combate a emergências do Complexo Industrial em Belford

Roxo. Além de ser uma garantia para fornecimento contínuo deste importante

insumo, haveria uma redução significativa em custos e ainda uma contribuição

social, pois deixar-se-ia de consumir água tratada do abastecimento público, que

estava sendo utilizada em processo industrial, tornando-a disponível para a

população.

Uma das etapas deste estudo é identificar a qualidade da água a ser captada,

considerando que a fonte de água superficial apresenta grave degradação

decorrente do lançamento de despejos de efluentes e esgoto sem tratamento. Após

esta avaliação, foi possível identificar o sistema de tratamento mais adequado,

capaz de enquadrar esta água aos parâmetros necessários para o processo

industrial.

Outro importante aspecto está relacionado com a legislação aplicável, que

impacta diretamente o projeto, considerando aspectos de licenciamento para

captação de despejo em corpos hídricos e até aspectos operacionais, como a Lei

Estadual n°3239, de 02 de agosto de 1999, sancionad a pelo Governador do Estado

do Rio de Janeiro, que instituiu a Política Estadual de Recursos Hídricos, e

menciona em seu Art. 22, § 2o, “a outorga para fins industriais somente será

concedida se a captação em cursos de água se fizer à jusante do ponto de

lançamento dos efluentes líquidos da própria instalação”. Aspectos como este,

quando ignorados, podem resultar em atrasos e aumento de custos não previstos. A

Figura 3 mostra a localização da Unidade Industrial em estudo e o Rio Sarapuí, com

a população em suas margens.

Após as etapas de caracterização da fonte de água, identificação da melhor

técnica de tratamento e implementação do sistema, foi realizado o monitoramento do

processo. A conseqüência desejada com a produção de água, é reduzir o consumo

23

de água potável, fornecida pela rede pública de abastecimento, diminuindo custos e

aumentando a eficiência e sustentabilidade do fornecimento de água industrial.

Figura 3 – Complexo Industrial onde a unidade em estudo está instalada (a) e Rio

Sarapuí (b) (Google, 2008)

Para se dimensionar o sistema de tratamento ideal, alguns parâmetros

precisam ser levados em consideração, entre eles, basicamente:

• a vazão da água;

• o período de operação diária;

• a procedência da água bruta (captada);

• a utilização da água tratada (de processo);

• a análise da água bruta;

• produtos químicos disponíveis;

• área disponível, qualificações;

• utilidades (ar comprimido, vapor d’água, energia elétrica, etc.);

• qualificação de mão-de-obra.

Esses dados são importantes por duas razões. Primeiro, porque,

conhecendo-se a vazão de água e o período de operação diária, pode-se

dimensionar o sistema de tratamento. Em segundo lugar, porque, com a

a b

b

24

caracterização da água bruta e a utilização pretendida para a água tratada, será

definido o tipo de tratamento ou combinação de tecnologias, necessários para se

obter o produto dentro dos padrões requeridos para a sua utilização.

A água bruta fornecida ao sistema em estudo é proveniente de um rio com

poluição predominantemente orgânica, característica de corpo hídrico de regiões

onde há grande densidade demográfica, especialmente nas margens de cursos

d’água proporcionalmente pequenos. Também há influências do desenvolvimento

industrial e certamente há interesse prático em distinguir os tipos de poluição, se

natural ou artificial da sua origem.

Toda a poluição orgânica seja originada por produtos fisiológicos, ou de

origem industrial bioassimilável, apresenta o mesmo tipo de conseqüências

ambientais. Entretanto, a primeira em geral, apresenta reações microbiológicas,

enquanto que a segunda possui componentes bioquímicos, tais como detergentes e

produtos tóxicos. Do ponto de vista puramente ambiental, porém, pode-se considerar

a poluição orgânica como um fenômeno único e uniforme em seus efeitos bióticos

aquáticos, distinta de outros tipos de poluição.

Um rio que passa por uma região urbana média, com uma variedade de

indústrias já implantadas, pode apresentar uma variada carga de contaminantes

biológicos e químicos (orgânicos e inorgânicos). Os biológicos são seres vivos, como

os bacilos coliformes, entre os quais se destacam os coliformes fecais, bactérias

transmissoras de endemias, como o tétano, tifo e muitas outras, e organismos na

forma de vírus. Outros contaminantes químicos têm origem orgânica, tais como

fenóis, os defensivos agrícolas; ou inorgânica, tais como resíduos de mercuriais,

fosforados, cianetos e vários outros, inclusive de uso já proibido pela legislação.

O objetivo principal do presente estudo é analisar a aplicação de técnicas

avançadas para tratamento de água captada em fonte superficial degradada,

visando a implementar uma alternativa sustentável de abastecimento de água de

processo, em substituição à água potável, fornecida pela rede pública de

abastecimento. Entre os objetivos específicos, estão a aaracterização da fonte de

água captada (rio Sarapuí), o monitoramento das variáveis do sistema de tratamento

instalado (tratamento convencional interligado a sistema de osmose inversa) e a

obtenção de água tratada enquadrada nos parâmetros físico-químicos definidos e,

principalmente, na vazão capaz de suprir 100% da demanda de água de processo.

25

1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este Capítulo apresenta a revisão bibliográfica pertinente ao tema em estudo.

Inicialmente será apresentado um breve histórico sobre os processos de separação

por membranas e algumas definições, a técnica de osmose inversa, suas variáveis

críticas e aplicações na indústria. Em seguida, será descrita a aplicação desta

técnica no tratamento de águas residuárias, abrangendo o pré-tratamento dessas

águas antes do seu envio para as membranas de osmose e consumo industrial.

1.1 Histórico e Definições

O conceito de tratamento por osmose inversa iniciou-se por Loeb e Sourirajan

nos anos 60, através do desenvolvimento de membranas assimétricas de acetato de

celulose, pelo conceito da inversão de fase, o que contribuiu significativamente para

o desenvolvimento industrial dos processos de separação por membranas (PSM),

que surgiram como uma nova classe de processos, em adição aos classicamente

conhecidos como: destilação, filtração, absorção, centrifugação, extração por

solvente, entre outros. Outro fator importante na área de membranas foi o

desenvolvimento de membranas compósitas constituídas de um filme de espessura

muito fina (de até 1µm), integrado a uma estrutura porosa que atua, basicamente,

como suporte mecânico. As novas membranas de acetato de celulose assimétricas

proporcionavam alta permeabilidade sem comprometer a seletividade. Esta evolução

favoreceu a expansão do uso das membranas no tratamento de água em escala

comercial e em sistemas de controle da poluição (TAKUJI et al., 2007).

Existem diversas vantagens apresentadas pelos PSM (NOBREGA et al.,

2006):

- São processos energeticamente favoráveis, pois a separação ocorre sem

mudança de fase, na grande maioria dos processos.

- Proporcionam seletividade na separação de compostos e aumentam a

eficiência de processos híbridos, quando combinados às técnicas clássicas.

- Normalmente os PSM são operados em temperatura ambiente e, por isso,

são mais eficientes em processos envolvendo substâncias termolábeis.

- Os PSM são operacionalmente simples e de fácil projeção para utilização

em maiores escalas.

26

Nóbrega (2006) afirma que a aplicação industrial dos PSM é relativamente

recente, principalmente levando-se em conta que fenômenos envolvendo

membranas vêm sendo estudados há mais de um século, por volta de 1748, em

estudos de um abade francês de nome Nollet.

Basicamente, a definição de membranas consiste em um filme fino, sólido,

que separa duas fases, assumindo a função de barreira seletiva para separação dos

componentes dessas fases, restringindo total ou parcialmente a passagem de uma

ou várias espécies químicas presentes, quando aplicada uma força externa.

As forças externas aplicadas para impulsionar as fases podem ser gradientes

de potencial elétrico, de pressão ou ainda de concentração. A corrente de entrada

impulsionada para a membrana é dividida em duas fases na saída: permeado e

concentrado (ou rejeito). É importante ressaltar que não ocorre transformação

química ou biológica dos componentes durante os PSM (SCHNEIDER, 2001).

A seletividade de uma membrana ocorre de acordo com o tipo de material que

a constitui e pela morfologia apresentada. As membranas podem ser constituídas de

materiais sintéticos poliméricos, com características químicas e físicas variadas, ou

inorgânicos que apresentam vida útil maior, porém, possuem custo mais elevado.

Em função das aplicações a que se destinam, as membranas podem apresentar

diferentes morfologias, havendo, basicamente, duas categorias: densas e porosas .

Tanto as densas quanto as porosas podem variar sua estrutura morfológica ao longo

de sua estrutura, podendo ser subdivididas em isotrópicas (simétricas) e

anisotrópicas (assimétricas) (NOBREGA et al., 2006). A Figura 4 apresenta as

morfologias mais comuns observadas em membranas comerciais.

Os processos comerciais de separação com membrana utilizam como força-

motriz o gradiente de potencial químico e/ou gradiente de potencial elétrico. Como

os processos com membranas são, em sua grande maioria, atérmicos, o gradiente

de potencial químico pode ser expresso, apenas, em termos do gradiente de

pressão e de concentração (ou pressão parcial). A morfologia da membrana define,

também, os princípios em que se baseiam sua capacidade seletiva (NOBREGA et

al., 2006).

27

Figura 4 – Representação esquemática de corte transversais dos tipos de

morfologias das membranas (NOBREGA et al., 2006).

Em membranas porosas, a seletividade está diretamente associada com a

relação entre o tamanho das espécies presentes e o tamanho dos poros da

membrana. No caso de processos que utilizam membranas densas, integrais ou

compostas, a seletividade está relacionada com a afinidade das espécies presentes

com o material que constitui a membrana e da difusão através do filme polimérico,

como é o caso da osmose inversa (NOBREGA et al., 2006).

1.2 Tipos de Processos de Separação por Membranas

Em função da natureza, do tipo de soluto e da presença ou não de partículas

em suspensão, membranas com diferentes tamanhos e distribuição de poros ou

mesmo densas, são empregadas caracterizando os processos conhecidos como

microfiltração (MF), ultrafiltração (UF), osmose inversa (OI), diálise (DI), eletrodiálise

(ED), permeação de gases (PG) e pervaporação (PV), entre outros. A literatura

especializada utiliza, também, o termo hiperfiltração (HP) como uma alternativa para

a osmose inversa. A nanofiltração (NF) é um nome de utilização mais recente, e

define um processo com membranas capaz de efetuar separações de moléculas de

massa molar média (entre 500 e 2000 Dalton), situando-se entre o limite superior da

ultrafiltração e o limite inferior da osmose inversa. Trata-se, portanto, de um

28

processo que utiliza uma membrana “fechada” de ultrafiltração ou uma membrana

“aberta” de osmose inversa (NOBREGA et al., 2006).

Os processos descritos anteriormente utilizam meios filtrantes com

porosidade cada vez menores e podem ser considerados como complementares aos

processos clássicos de filtração. Membranas com poros mais fechados

proporcionam maior resistência à transferência de massa, sendo necessário

aumento na pressão de operação para que seja possível obter fluxos permeados

com a eficiência desejada em processos comerciais. Os processos de MF, UF, NF e

OI admitem, nesta ordem, poros cada vez menores, sendo que para a OI, considera-

se que não existam poros na superfície da membrana (NOBREGA et al., 2006).

As Figura 5 e 6 apresentam as principais características dos PSM que

utilizam a diferença de pressão como força-motriz, as faixas de tamanho de poros

das membranas utilizadas, bem como, a título de ilustração as dimensões e

exemplos de algumas espécies típicas, presentes em correntes industriais. Na

Tabela 1 constam mais exemplos de espécies retidas de acordo com os PSM e suas

dimensões e características.

Figura 5 – Principais características dos PSM que utilizam diferença de pressão

como força-motriz (NOBREGA et al., 2006).

29

Figura 6 – Faixa de porosidade de membranas de MF, UF, NF e OI (NOBREGA et

al., 2006).

Tabela 1 – Espécies retidas em OI, NF UF e MF (NOBREGA et al., 2006).

Pocessos aplicáveis Espécie Massa

Molar (Da) Tamanho

(nm) OI NF UF MF Leveduras e fungos 103-106 X

Células bacterianas 300-104 X X

Colóides 100-103 X X

Vírus 30-300 X X

Proteínas 104-106 2-10 X

Polissacarídeos 103-106 2-10 X X

Enzimas 103-106 2-5 X X

Açúcares simples 200-500 0,8-1,0 X X

Orgânicos 100-500 0,4-0,8 X X

Íons inorgânicos 10-100 0,2-0,4 X

30

1.3 Descrição dos Processos de Separação por Membra nas que Utilizam

Gradiente de Pressão como Força-motriz

1.3.1 Microfiltração

Utiliza membranas porosas com poros entre 0,1 e 10 µm (100 e 10000 nm) e

é considerado o PSM mais próximo do processo clássico de filtração. É indicada

para a retenção de emulsões e materiais em suspensão, onde, normalmente,

partículas suspensas e colóides são rejeitados, enquanto macromoléculas e sólidos

dissolvidos passam através da membrana, ou seja, o solvente e materiais e todo o

material solubilizado. As pressões empregadas como força-motriz são pequenas e

dificilmente ultrapassam 3 bar (NOBREGA et al., 2006).

Um dos maiores campos de aplicação da MF é a esterilização, principalmente

na indústria farmacêutica e na biotecnologia, uma vez que o processo opera em

temperatura ambiente, adequada para substâncias termolábeis. A clarificação de

vinhos, cervejas e sucos vêm se constituindo outro grande campo de aplicação da

MF. Como aplicação mais recente, a MF passou a ser utilizada na purificação de

águas superficiais visando à produção de água potável. Industrialmente a MF

também pode ser utilizada para a purificação de águas e efluentes (NOBREGA et

al., 2006).

1.3.2 Ultrafiltração

A ultrafiltração é usada na purificação e fracionamento de soluções contendo

macromoléculas, apresentando poros na faixa de 1 a 100 nm, portanto, mais

fechadas que as membranas de microfiltração. Soluções contendo solutos numa

ampla faixa molar (103 – 106 Dalton) podem ser tratadas por este processo. Como os

poros das membranas de UF são menores, uma força-motriz maior é necessária

para obter fluxos permeados elevados o suficiente para que o processo possa ser

utilizado industrialmente. Por este motivo as diferenças de pressão através da

membrana variam na faixa de 2 a 10 bar (NOBREGA et al., 2006)

Os itens rejeitados pela membrana de UF incluem colóides, proteínas,

contaminantes microbiológicos e macromoléculas.

31

As principais aplicações da UF são a clarificação, concentração de solutos e

fracionamento de solutos. A separação é eficiente quando existe uma diferença de

pelo menos 10 vezes no tamanho das espécies envolvidas. A UF é largamente

utilizada na indústria de alimentos, bebidas e laticínios, assim como em aplicações

na biotecnologia e na área médica.

1.3.3 Nanofiltração

A nanofiltração utiliza membranas especiais, na qual as partículas rejeitadas

situam-se na faixa de 1 nm, o que dá origem ao nome da técnica, nanofiltração.

Neste processo, moléculas orgânicas com elevado peso molecular são rejeitadas e

as taxas de rejeição de sais dissolvidos constituídos por íons divalentes estão entre

90 e 98%. As aplicações mais comuns abrangem remoção de cor e de compostos

orgânicos de águas superficiais, remoção de dureza de águas tratadas e redução de

sólidos totais dissolvidos, principalmente em aplicações no tratamento de efluentes

industriais (FONSECA, 2006).

1.3.4 Osmose Inversa

Segundo Fonseca (2006), a osmose inversa é a última fase dos processos de

filtração disponíveis, onde a membrana atua como barreira a todos os sais

dissolvidos e moléculas inorgânicas com peso molecular acima de 100 Da. Para

Nobrega et al. (2006), este é um processo utilizado quando se deseja reter solutos

de baixa massa molar, tais como sais inorgânicos ou pequenas moléculas orgânicas

como glicose. Por este motivo as membranas de OI devem ser mais fechadas,

apresentando, portanto, uma maior resistência à permeação e, pressões de

operação mais elevadas. O termo “osmose inversa” deve-se ao fato de que neste

tipo de processo o fluxo permeado é no sentido inverso do fluxo osmótico normal.

Em português também é utilizado o termo “Osmose Reversa”.

O sucesso da utilização da osmose inversa em larga escala, em processos de

dessanilização e tratamento de efluentes urbanos, levou muitas indústrias a

considerar esta técnica como um meio de redução da poluição e custos. A aplicação

industrial da OI é economicamente atrativa porque tanto a água permeada como o

concentrado podem ser reutilizados (SANTOYO et al, 2003).

32

1.3.4.1 Osmose, Equilíbrio Osmótico e Osmose Invers a

Quando uma membrana semipermeável (permeável somente ao solvente)

separa uma solução de um determinado soluto do solvente puro, ou de uma solução

de menor concentração, haverá um fluxo de solvente no sentido solvente puro para

a solução, ou da solução diluída para a solução concentrada (Figura 7). Isso ocorre

porque a presença do soluto ocasiona uma queda no potencial químico do solvente

na solução, provocando um gradiente de potencial químico entre os dois lados da

membrana (NOBREGA et al., 2006).

O fluxo de solvente continua neste sentido até que o equilíbrio seja

estabelecido. Em se tratando de solvente puro, este equilíbrio jamais pode ser

atingido por igualdade de concentração, uma vez que a membrana é impermeável

ao soluto. No entanto, à medida que o solvente passa para a solução aumenta a

pressão no lado da solução. Desta forma, pode-se chegar a uma situação onde a

queda do potencial químico do solvente devido à presença do soluto é equivalente

ao aumento de potencial químico devido ao aumento de pressão do sistema. Nesta

situação não haverá mais força-motriz para o transporte do solvente no sentido do

solvente puro para a solução ou da solução diluída para a solução concentrada.

Considera-se, então, que o equilíbrio osmótico foi atingido. Caso haja solvente puro

em um dos lados da membrana, a diferença de pressão entre as duas soluções,

∆π (Figura 7, item b), representará a pressão osmótica da solução.

Ao se aplicar pelo lado da solução mais concentrada uma diferença de

pressão entre as duas soluções, ∆P > ∆π, o potencial químico do solvente na

solução concentrada será maior do que o potencial químico do solvente puro ou do

solvente na solução mais diluída. A conseqüência é uma inversão no sentido do

fluxo osmótico, ou seja, o solvente escoa do lado da solução concentrada para o

lado do solvente puro (Figura 7, item c).

33

Figura 7 – O processo de osmose e a osmose inversa (Nobrega et al., 2006).

A aplicação da OI vem sendo largamente ampliada graças ao

desenvolvimento de novas gerações de membranas, resistentes à faixas de pH mais

amplas, a altas temperaturas, além de proporcionarem fluxos permeados maiores. A

OI tem como aplicação mais comum a dessalinização de águas salobras e do mar.

Adicionalmente, também é empregada no tratamento de águas e efluentes variados,

na obtenção de água ultrapura, no tratamento de águas duras, na indústria

alimentícia e farmacêutica e em laboratórios, entre muitas outras aplicações. A OI

também pode ser usada em processos híbridos de separação, onde opera em

conjunto com outras técnicas como ultrafiltração, pervaporação, destilação, oxidação

e outros processos clássicos, sendo que estas combinações são mais eficientes do

que cada uma dessas técnicas isoladamente.

Santoyo et al (2003) afirmam que tratamentos por OI reduzem altos teores de

sais dissolvidos, porém, possuem fortes limitações em relação à remoção de

compostos orgânicos de efluentes químicos industriais. Esses autores afirmam ainda

que pouco se conhece sobre os efeitos da OI na remoção de compostos orgânicos

de baixo peso molecular e que, todavia, alguns estudos mostraram que a rejeição

pode ser muito lenta, dependendo do peso molecular, polaridade, estrutura da

molécula e propriedades físico-químicas da membrana. Geralmente, compostos

orgânicos de baixo peso molecular devem ser oxidados a produtos facilmente

ionizáveis (ex.: ácidos carboxílicos) se a intenção é tratá-los com a tecnologia de OI.

34

1.4 Materiais que Constituem as Membranas

De forma resumida, a maioria das membranas pode ser constituída de

qualquer material que permita a síntese de filmes com pemeabilidade controlada.

Em menor escala, também há membranas de materiais não porosos. Porém, nem

todo material apresenta viabilidade de custos para ser produzido em escala

comercial. As membranas sintéticas comerciais são produzidas a partir de duas

classes distintas de material: os orgânicos, em sua maioria polímeros, e os

inorgânicos, como metais e cerâmicas. Normalmente as membranas de natureza

orgânica apresentam menor custo de produção do que as inorgânicas. No entanto,

estas últimas apresentam uma maior vida útil e permitem limpezas mais eficientes. A

Tabela 2 apresenta uma comparação entre membranas orgânicas e inorgânicas

(SCHNEIDER, 1999).

Tabela 2 – Comparação entre membranas orgânicas e inorgânicas

(SCHNEIDER, 1999).

Propriedade Membrana Inorgânica Membrana Orgânica

Aplicação MF, UF

MF, UF, NF, OI

Resistência térmica Cerâmicas <250°C

Carvão/grafite <180°C Aço <400°C

Acetato de celulose <40°C

Poli(sulfona) <90°C Aramida <45°C

Poli(acrilonitrila) <60°C Poli(propileno) <70°C

Faixa de pH

0-14 Maioria dos polímeros: 2-12 Acetado de celulose: 4,5-6,5

Resistência mecânica

Boa Média a ruim, necessitam de suporte

Tolerância a materiais oxidantes Boa

Depende do polímero, tempo de contato e concentração do oxidante (a marioria dos

polímeros não resiste a ação de oxidantes)

Compactação Não

Sim

Vida útil estimada 10 anos 5 anos

35

A seguir são apresentados alguns dos materiais mais empregados no preparo

de membranas comerciais:

Poliméricos:

- acetato de celulose;

- poliamida;

- poliacrilamida;

- polipropileno;

- polisulfona;

- poli(éter sulfona);

- poliacrilonitrila;

- poli(éter imida);

- policarbonato;

- poli(álcool vinílico); *

- poli(dimetil siloxano); *

- poliuretano; *

* polímeros para filme denso de membranas compostas.

Não poliméricos:

- cerâmicas;

- carbono;

- óxidos metálicos;

- metais.

As membranas poliméricas podem ser isotrópicas (simétricas), ou

anisotrópicas (assimétricas), de acordo com a sua estrutura. As primeiras possuem

propriedades estruturais constantes em toda a espessura da membrana, enquanto

nas anisotrópicas essas propriedades variam ao longo do filme (SCHNEIDER,

2001).

Os polímeros são uma classe de materiais extremamente versáteis (plásticos,

fibras, elastômeros, etc.), obtidos por síntese (polimerização de monômeros) ou por

extração de produtos naturais. Os polímeros orgânicos são mais empregados em

membranas. Os sistemas poliméricos são formados de macromoléculas (usualmente

com massa molar acima de 20.000 Da) com apreciáveis forças intermoleculares

36

(garantem coesão, facilidade de formar filmes auto-suportáveis e boas propriedades

mecânicas).

Segundo Schneider (2001), as membranas simétricas são de primeira

geração, com poros regulares, quase cilíndricos, que atravessam toda a espessura

da membrana. As assimétricas são consideradas de segunda geração,

caracterizadas por um gradiente de porosidade interno, gerado pelo controle das

condições de polimerização. Com o desenvolvimento tecnológico, surgiram as

membranas de terceira geração, que são compostas. Neste tipo, a membrana

filtrante é depositada na forma de um filme fino sobre a estrutura de um suporte, que

geralmente é uma membrana assimétrica.

Segundo Santoyo et al. (2003), em todos os processos com membranas, o pH

da solução afeta a ionização dos constituintes dissolvidos e, conseqüentemente sua

rejeição. Quanto maior a carga retida por um constituinte, maior o nível de rejeição.

A larga variedade de membranas comerciais disponíveis favorece a possibilidade de

encontrar uma membrana com rejeição resistente para a maioria das aplicações,

porém, o sucesso não pode ser garantido, já que podem ocorrer interferências entre

solutos de efluentes complexos, entre outras variáveis.

1.5 Fabricação de Membranas e Tipos de Módulos de P ermeação

Diversas técnicas podem ser usadas para a obtenção de membranas

microporosas ou densas. A Figura 8 apresenta as principais técnicas utilizadas no

preparo de membranas microporosas, a faixa de tamanho de poros e a principal

aplicação da membrana obtida. Para membranas densas ou membranas compostas

com filme denso, a Figura 9 esquematiza as técnicas mais utilizadas (NOBREGA et

al., 2006).

Figura 8 – Principais técnicas de fabricação de membranas microporosas

(NOBREGA et al., 2006).

37

Figura 9 – Principais técnicas de fabricação de membranas densas e compostas

com pele densa (NOBREGA et al., 2006).

1.5.1 Módulos Preparados a partir de Membranas Inte grais de Geometria

Plana.

As concepções de módulos mais empregadas têm sido (NOBREGA et al.,

2006): módulo placa-e-quadro e módulo espiral.

1.5.1.1 Módulo Placa-e-Quadro

Este é o sistema de módulo de membranas mais simples, largamente

utilizado em processos de diálise, ultrafiltração, osmose inversa e nanofiltração

(SCHNEIDER, 2001). O projeto é similar ao de filtros convencionais, onde as

membranas estão dispostas paralelamente, por intermédio de separadores e

suportes. Este tipo de módulo tem custo de fabricação elevado e possui uma relação

baixa entre a área de permeação e o volume do módulo (400 – 600 m2/m3). São

utilizados em quase todos os PSM para aplicações em pequena e média escalas

(NOBREGA et al., 2006). A Figura 10 ilustra este tipo de módulo.

38

Figura 10 – Módulo Placa-e-Quadro com detalhe da disposição da membrana (à

esquerda) (Nobrega et al., 2006).

1.5.1.2 Módulo Espiral

Schneider (2001) e Nobrega et al (2006) afirmam que o módulo espiral é

amplamente empregado nos processos de osmose inversa, além de nanofiltração,

permeação de gases e pervaporação.

O módulo das membranas espirais consiste em um conjunto de tubos de

pressão, constituídos de PVC ou aço inoxidável, e de cartuchos de membranas

espirais inseridos no interior destes tubos. Cada cartucho possui um conjunto de

membranas e espaçadores enrolados em volta de um tubo central, coletor do

permeado. Os canais de alimentação são delimitados por membranas dos dois

lados, sendo que o canal de concentrado é mantido aberto por espaçadores no

formato de telas. A superfície por onde escoa o permeado é colocada em contato

com um segundo espaçador formado por um tecido fino poroso, cuja função é

manter aberto o canal de água filtrada, vedado em três lados por linhas de cola. O

lado aberto é inserido dentro do tubo coletor localizado no centro do elemento

(SCHNEIDER, 2001).

Nobrega et al (2006) relatam que o custo de fabricação do módulo é baixo e

apresenta uma relação entre a área de permeação e volume do módulo mais

elevado (800 – 1000 m2/m3) e que as condições de escoamento do lado permeado

são inferiores a do módulo quadro-e-placa e dependem fortemente do tipo de

espaçador para a alimentação.

39

As Figuras 11, 12 e 13 ilustram o módulo espiral e seus detalhes de

disposição.

Figura 11 – Módulo espiral utilizando membranas planas (Nobrega et al., 2006).

Figura 12 – Detalhe de um módulo espiral completo (Fonseca, 2006).

40

Figura 13 – Detalhe da disposição de canais de alimentação e filtrado em elementos

espirais (FONSECA, 2006).

1.5.2 Módulos Preparados a partir de Membranas Inte grais de Geometria

Cilíndrica.

1.5.2.1 Módulo Fibra Oca e Capilar

A diferenciação entre fibras e capilares é baseada no diâmetro, onde

considera-se fibra quando o diâmetro externos for inferior a 0,5 mm, e capilar

quando o diâmetro externo estiver na faixa de 0,5 a 3,0 mm.

Nobrega et al (2006) relatam que a principal vantagem desta geometria é o

fato das fibras dispensarem um suporte, o que reduz o custo de produção do

módulo. A relação entre área e volume é elevada e depende do diâmetro da fibra ou

capilar. Membranas capilares possuem, normalmente, relação área/volume entre

800 e 1200 m2/m3, enquanto para as fibras ocas esta relação está em torno de

10.000 m2/m3. Fonseca (2006) afirma que o módulo fibra oca tem larga aplicação na

obtenção de água de processo em escala industrial, utilizando-se o processo de

osmose inversa. A Figura 14 apresenta o esquema dos módulos de fibra oca e

capilar.

41

Figura 14 – Módulos com membranas na forma de fibras ocas e capilares

(NOBREGA et al., 2006).

1.5.2.2 Módulo Tubular

De acordo com Fonseca (2001), praticamente todas as membranas

inorgânicas são acondicionadas em módulos tubulares. Sua desvantagem é a baixa

área de membrana por volume do módulo, o que é um fator impeditivo à sua

aplicação no tratamento de efluentes em escala comercial.

Nobrega et al (2006) detalham que o módulo preparado a partir de

membranas tubulares é similar ao de fibras ocas e capilares. Entretanto, o custo

torna-se elevado, devido à necessidade de utilização de um suporte para fornecer

resistência mecânica e à baixa relação entre a área de permeação e volume de

equipamento (20 – 30 m2/m3). A Figura 15 mostra o esquema de escoamento e

permeação de membranas tubulares e a Figura 16 ilustra membranas tubulares de

cerâmica.

42

Figura 15 – Esquema de escoamento e permeação de membranas tubulares

(NOBREGA et al., 2006).

Figura 16 – Ilustração de membranas tubulares de cerâmica.

43

1.6 Pré-tratamentos em Processos com Membranas

Vários fatores determinam a eficiência de sistemas que operam processos

com membranas, especialmente a osmose inversa. Entre eles, destacam-se a

caracterização físico-química e microbiológica da corrente aquosa que alimenta o

sistema, a especificação e o dimensionamento do pré-tratamento.

Uma avaliação adequada e precisa da água a ser tratada é de extrema

importância para a indicação do pré-tratamento mais adequado, que garantirá a

operação contínua do sistema, sem gastos excessivos com manutenção e correções

para enquadramento da especificação da água desejada.

“A caracterização da água é parte integrante de um sistema de OI e seu pré-

tratamento”, afirma Tharan (2005). Durante o projeto de um sistema que utiliza

membranas, é importante conhecer, pelo menos, os seguintes parâmetros da água a

ser tratada:

- dureza;

- pH;

- sólidos totais dissolvidos;

- faixas de temperatura.

Uma análise mais detalhada deve incluir todos os cátions, ânions,

alcalinidade, bicarbonatos, sílica, bário, dureza total, cloreto, ferro e manganês,

sulfato, clorato e turbidez (THARAN, 2005).

O pré-tratamento apropriado deve apresentar uma boa relação custo-

benefício e garantir a qualidade desejada da água que alimentará o sistema com

membranas.

O intertravamento do sistema de pré-tratamento com o sistema de

membranas também é muito importante, pois garante a proteção das membranas

em caso de desvios ou mal funcionamento das etapas anteriores. Em outras

palavras, se ocorrem desvios em relação à qualidade da água do sistema de pré-

tratamento, todo o sistema para, evitando o envio de água saturada para as

membranas.

44

1.6.1 Desempenho de Sistemas de Pré-tratamento Inte grados a Sistemas

com Membranas

Nederlof et al. (2000) compararam quatro combinações de sistemas de

membranas integrados a pré-tratamentos, com o objetivo de controlar a presença de

microrganismos, partículas, sais, colóides, compostos químicos sintéticos, entre

outros, em processos de tratamento de águas superficiais e avaliar a ocorrência de

fouling (entupimento) nas membranas. Foram selecionados quatro configurações de

sistemas integrados, conforme mostra a Figura 17.

O estudo demonstrou que os diferentes pré-tratamentos são eficientes no

controle de entupimento em membranas de NF e OI, reduzindo a freqüência de

limpeza de 1 a 8 vezes por ano e que a escolha do sistema integrado mais

adequado dependerá do tipo de água que abastecerá o sistema com membranas e

das circunstâncias da região, como possibilidade de passagem de sedimentos

durante a sucção do afluente. O sistema 2, com aplicação de filtração em banco (tipo

de filtração convencional) seguido de nanofiltração apresentou uma alta freqüência

de limpeza e um excesso de entupimento irreversível, enquanto o sistema 4, com

pré-tratamento mais elaborado, apresentou resultados satisfatórios, com freqüência

de limpeza de uma vez ao ano e pré-tratamento eficiente para a água que abastece

as membranas.

Figura 17 – Esquema dos sistemas de pré-tratamento integrados a processos

com membranas (NEDERLOF et al, 2000)

45

Nederlof et al. (2000) afirmaram ainda que sistemas adicionais de pré-

tratamento elevam inevitavelmente os custos de operação dos sistemas integrados.

Porém, estes custos podem ser pequenos se levarmos em consideração uma maior

estabilidade do sistema, menor freqüência de limpezas e maior vida útil das

membranas, que têm alto custo de reposição.

Santoyo et al. (2003) realizaram experimentos com quatro tipos diferentes de

membranas de poliamida, com o objetivo de testar seu potencial de reduzir

concentrações de poluentes em efluentes industriais contendo acrilonitrila e outras

três espécies inorgânicas (sulfato, amônia e cianeto) em processo de separação por

OI. Foram preparadas soluções de um efluente sintético contendo concentrações

conhecidas dos contaminantes em estudo, e diferentes valores de pH, para observar

a influência deste parâmetro no processo.

Um alto valor de pH na solução que alimenta as membranas é um fator

altamente limitante para a seleção da membrana. A maioria das membranas

comerciais são operadas apenas com faixas reduzidas de pH e a disponibilidade de

membranas para tratamento de soluções com pH alto é pequena.

O estudo apontou que não é possível obter um alto percentual de remoção de

todos os contaminantes presentes em uma única etapa de operação. São

necessários processos integrados para remoção dos contaminantes, considerando,

principalmente a variação do pH. No caso da amônia e cianeto, o percentual de

remoção se mostrou diretamente relacionado com o pH do afluente do sistema.

1.6.2 Pré-tratamentos de Sistemas com Membranas Apl icados em

Produção de Água Industrial

O processamento de água para uso industrial é aplicado em inúmeras áreas,

tais como: resfriamento, rinsagem e produção de produtos químicos, boilers,

combate à incêndios, etc. Em indústrias químicas, normalmente há uma área central,

responsável pelo fornecimento de água de acordo com a qualidade necessária para

o uso pretendido.

Estas unidades de fornecimento de água utilizam, cada vez mais, águas

superficiais de rios e reservas, ao invés de águas subterrâneas na produção de água

potável ou industrial. Clever et al. (2000) afirmam que os motivos para este fato são

46

os altos custos para captação de águas subterrâneas, relacionados a impostos e

manutenção de poços e a disponibilidade de novas tecnologias de tratamento, que

viabilizam um tratamento de baixo custo e alta qualidade, como os processos com

membranas.

Clever et al. (2000) consideraram que um sistema convencional para

tratamento de águas superficiais para produção de água industrial consiste em

várias etapas de pré-tratamento, aplicando filtração por telas, ozonização,

coagulação e floculação, sedimentação, filtração com areia e desinfecção, quando

aplicável. Cada etapa deste processo deve ser rigorosamente controlada para que

se obtenha um desempenho otimizado e fornecimento contínuo da água tratada.

Quando viável, a utilização de apenas UF como pré-tratamento para um sistema de

OI, apresenta as seguintes vantagens:

- Qualidade de água altamente pura, independentemente da qualidade da

água captada.

- Facilidade de automação da planta industrial e projeto simplificado.

- Não são adicionados produtos químicos, além daqueles utilizados na

limpeza das membranas.

Diante da complexidade dos sistemas convencionais, que operam com várias

etapas de pré-tratamento e com adição de produtos químicos, Clever et al. (2000)

realizaram testes em escala piloto, utilizando como alternativa aos processos

convencionais, apenas membranas de UF como pré-tratamento para águas que

alimentam processos de OI. O sistema foi instalado em uma planta de tratamento

que fornecia água para um parque industrial na Alemanha, captando água bruta em

um rio. Os resultados mostraram que este tipo de sistema proporcionou redução no

consumo de energia, quando comparado aos sistemas convencionais de vários

estágios e que é possível obter alto grau de pureza da água, sem constantes

interrupções no processo.

É importante considerar que as condições da água captada podem variar de

acordo com as condições geográficas e físico-químicas da fonte de captação. No

caso de rios, deve-se avaliar os tipos de efluentes lançados pelas indústrias e

centros urbanos que os utilizam como corpo receptor de efluentes desde sua

nascente, pois quaisquer desvios nestes efluentes podem impactar na qualidade da

água do rio e, consequentemente, na operação de sistemas de pré-tratamento que

utilizam apenas membranas. Como exemplo, pode-se citar a obrigatoriedade de as

47

indústrias que possuem unidades de captação de água de rio para tratamento e uso

instalarem o ponto de captação a jusante (após) o ponto de lançamento de efluentes

tratados. Esta obrigatoriedade é regulamentada pelas autoridades competentes e,

desta forma, qualquer desvio em relação ao efluente lançado no corpo receptor será

captado em seguida e direcionado para a unidade de tratamento de água. Se não

houver um monitoramento efetivo da água de entrada, pode ocorrer parada do

sistema e dano a equipamentos, gerando custos de manutenção e em processos.

A aplicação de técnicas avançadas de processos com membranas para

tratamento de água está sendo cada vez mais discutida quando consideramos

aspectos econômicos e ambientais na produção de água para uso industrial. De

acordo com estudos de Cuda et al. (2006), o tratamento de água de rios por

tecnologia de OI é combinado com UF em instalações mais atuais, em substituição

aos processos de clarificação e filtração com areia. Adicionalmente, a aplicação de

pré-tratamentos em sistemas com membranas, seguidos de OI para purificação e

reúso de efluentes secundários tratados, vem sendo instalados para suprir demanda

de água tratada em estações de energia na Austrália.

Cuda et al (2006) estudaram a aplicação de OI na produção de água tratada

para boilers e sistemas de refrigeração, a partir de água salobra, realizando,

também, uma breve comparação com o processo de troca iônica. Para o

dimensionamento de um sistema de pré-tratamento, é necessário analisar e

considerar o tipo de água captada. Normalmente, águas superficiais são utilizadas

para grandes vazões e para vazões menores utiliza-se água de poços ou outras

fontes.

Comparando os métodos de troca iônica e OI para os processos de

dessanilização, considera-se, geralmente:

- custos de investimento;

- custos operacionais (energia elétrica, produtos químicos e operadores);

- impacto ambiental da tecnologia proposta.

Os custos de investimento para pré-tratamento são praticamente idênticos

para ambos os métodos, o que também pode ser dito sobre os custos operacionais.

Quando o critério para escolha da melhor técnica de dessanilização é o volume a ser

tratado e a salinidade, a OI se apresenta como melhor opção para grandes

capacidades e altos níveis de sólidos dissolvidos e a troca iônica para capacidades

menores. Sistemas de OI ainda são mais caros para tratamento de água em

48

pequena ou larga escala, porém, o custo total de operação é menor que o custo de

produtos químicos utilizados em sistemas de troca iônica (CUDA et al, 2006).

Cuda et al (2006) concluíram que a OI é uma tecnologia muito promissora na

produção de água para boilers. Sua aplicação permite redução de custos

operacionais e introdução de um alto nível de automação do processo de tratamento

de água. A OI melhora, ainda, aspectos ambientais relacionados com a redução da

salinidade de efluentes. É necessário avaliar a capacidade de fornecimento

requerida, a salinidade da água captada e os requisitos da água a ser fornecida para

a escolha entre a técnica de OI e outras como troca iônica, para produção de água

desmineralizada. A OI provavelmente estará cada vez mais inserida em processos

industriais como desmineralização de água, em combinação com outras técnicas e

sistemas de pré-tratamento.

1.7 Principais Fatores Causadores de Redução de Efi ciência em

Sistemas com Membranas

A aplicação de membranas como tecnologia para a produção de água

proporcionou uma grande evolução desde os anos 80, principalmente na indústria

de dessalinização. Algumas vantagens das membranas, conforme citado

anteriormente, são o baixo consumo de energia, processos simples e de fácil

dimensionamento. Por outro lado, as desvantagens incluem o fenômeno de

polarização da concentração, entupimento e obstruções (fouling), e limitação da vida

útil da membrana (KOO et al. 2001).

Um sistema típico para tratamento de efluentes consiste em tratamentos

primário, secundário e terciário. O efluente resultante possui baixa turbidez e pode

sofrer desinfecção para ser descartado. Por outro lado, este processo não reduz o

nível de sólidos dissolvidos e a água geralmente não é adequada para reúso.

Quando o efluente terciário, proveniente de um processo convencional de

tratamento é direcionado para um sistema de membranas, é comum ter-se diversos

tipos de incrustações por deposição (fouling) ou precipitação (scaling). A passagem

da água é prejudicada e a freqüência de limpeza das membranas torna-se elevada

(cerca de 2 vezes por semana), o que encurta a vida útil das membranas e eleva os

custos operacionais do sistema (BARTELS, 2006).

49

Nederlof et al (2000) mencionam que antes da implementação de um sistema

integrado de tratamento, é necessário controlar a ocorrência de fouling. Um sistema

de pré-tratamento pode restringir a ocorrência de fouling. O desafio não é anular

completamente esta ocorrência e sim controlá-la por meio de pré-tratamentos e

limpezas. Os tipos de fouling mais representativos são os seguintes: coloidal ou

particulado, orgânico, biológico (ou biofouling) e scaling.

O fouling é ocasionado quando partículas em suspensão presentes na água

de alimentação são depositadas nas superfícies das membranas. As partículas mais

comuns são bactérias, seguidas de alumínio, ferro e sílica (PAUL, 1996). O fouling é

o problema mais comum em sistemas de separação por membranas (KOO et al,

2001). Este fenômeno reduz o fluxo do permeado. O fouling bacteriano normalmente

não causa aumento na condutividade do permeado. Outras partículas podem causar

aumento gradual da condutividade. Partículas afiadas podem até causar fissuras nas

membranas e gerar danos irreversíveis (PAUL, 1996).

A maioria dos compostos biológicos e de sílica que causam fouling podem ser

removidos por uma solução de detergente com pH elevado. O pH máximo e as

soluções de limpeza normalmente são especificados pelos fabricantes das

membranas (PAUL, 1996).

Sílica é muito abundante na natureza, estando presente em águas naturais na

proporção de 20 a 60 ppm, mas em alguns locais, como no México, o teor de sílica

em águas naturais pode ultrapassar 100 ppm. Sílica ou dióxido de silício (SiO2), tem

sido estudada por muitos pesquisadores nas últimas décadas, sendo que ainda há

muito a conhecer, principalmente em relação à sua polimerização na água, na

presença de íons polivalentes.

Koo et al (2001) estudaram o efeito do cálcio e do magnésio na polimerização

da sílica. A sílica é fracamente ionizada e geralmente se apresenta como ácido (orto)

silícico não-dissociado (H4SiO4) em águas com pH próximo de 8.0. A constante de

dissociação (pKa) para o primeiro estágio da dissociação é de aproximadamente 9,7,

o que indica que neste pH a sílica ioniza-se em 50% e o restante fica como ácido

(orto) silícico não-dissociado. Foi verificado que o aumento da concentração de

cálcio e magnésio aumenta a polimerização da sílica, o que significa que

aumentando a dureza total da solução ocorre o mesmo.

Assim como o grau de ionização, a solubilidade da sílica aumenta conforme

aumente o pH. Diversos estudos mencionam que a solubilidade da sílica não

50

dissociada (não ionizada) na água está entre 120 a 150 ppm a 25°C e pH abaixo de

8.0. A solubilidade da sílica é fortemente afetada por parâmetros como temperatura,

pH e presença de sais (KOO et al, 2001).

A presença de sílica na solução que alimenta o sistema tem dificultado

bastante a produção de água potável em indústrias de dessalinização. Isto se deve

ao fato de que é extremamente difícil remover a sílica da água de alimentação e

ainda mais difícil quando se deposita em camada na superfície da membrana. O uso

de soluções de limpeza traz o risco de danificar as membranas, sendo que estas

soluções de limpeza ainda precisam ter sua eficácia melhor investigada. Ainda não

há inibidores específicos para a prevenção de fouling.

51

2. METODOLOGIA

Neste capítulo será feita a descrição da unidade industrial em estudo, dos

métodos analíticos utilizados no monitoramento e das pesquisas realizadas.

O estudo foi realizado na Estação de Captação e Tratamento de Água do Rio

Sarapuí, localizada no Complexo Industrial da empresa Bayer S.A., em Belford Roxo

- RJ. Esta estação é responsável pelo fornecimento da água utilizada nos processos

das fábricas deste Complexo.

As informações referentes ao processo em estudo, incluindo especificações

de equipamentos e faixas ideais dos parâmetros físico-químicos para a água

produzida foram estabelecidos e fornecidos pela Bayer S.A., de acordo com a

disponibilidade e acesso viabilizados pela empresa.

As pesquisas realizadas foram realizadas em caráter documental e

bibliográfico, além da pesquisa de campo que envolveu monitoramento analítico e

observação do processo.

A pesquisa documental e bibliográfica foi realizada com base na obtenção de

informações em sítios da rede mundial de computadores (internet), congressos,

artigos, publicações, dissertações e teses. O objetivo foi obter informações sobre os

PSM, onde a osmose inversa é a técnica-foco. Nas pesquisas analíticas e de campo

foi avaliado o enquadramento dos resultados obtidos com as faixas-padrão

desejadas, além de comparações com estudos de processos similares na literatura.

2.1 Descrição do Processo Analisado e Área de Estud o

2.1.1 Complexo Industrial da Bayer S.A. em Belford Roxo

De acordo com informações fornecidas pela Bayer, a empresa iniciou suas

operações no Brasil há mais de um século, em 1896, e inaugurou seu maior

complexo industrial da América Latina em 1958, no município de Belford Roxo, no

Rio de Janeiro, ocupando uma área aproximada de 2 milhões de metros quadrados.

Além de fabricar produtos químicos de alta importância, gera diversos empregos e

possui um elevado faturamento que propicia o desenvolvimento do Estado e do

Município.

52

Basicamente, o Complexo Belford Roxo é dividido em: Fábricas Bayer,

Parque Industrial e Área de Tratamento de Resíduos.

Atualmente os negócios da empresa estão focados em três áreas:

Bayer HealthCare e Bayer Schering Pharma: Saúde Humana e Animal.

Bayer CropScience: Defensivos Agrícolas.

Bayer MaterialScience: Materiais Inovadores (polímeros).

Em Belford Roxo são produzidos polímeros, defensivos agrícolas e produtos

de saúde animal. Há outras fábricas no Brasil, focadas na área de saúde humana e

animal, como em Porto Alegre, onde há uma fábrica de vacinas contra febre aftosa e

em São Paulo, onde fica toda a produção de medicamentos e produtos de saúde

humana, como Aspirina e anticoncepcionais. A sede administrativa da empresa

também fica em São Paulo. A Figura 18 mostra a configuração atual do Complexo

Industrial Belford Roxo.

Figura 18 – Lay-out do Complexo Industrial da Bayer em Belford Roxo

53

2.1.1.1 Produção de Polímeros

A divisão Bayer MaterialScience é uma das maiores produtoras de polímeros

de alta performance do mundo.

No Complexo Industrial, a produção de polímeros está concentrada em 3

fábricas: Anilina, MDI (metileno difenildiisocianato) e PU-M (poliuretanos multi-

propósitos).

A fábrica Anilina subdivide-se em anilina, nitrobenzeno e hidrogênio e seu

principal objetivo é produzir a anilina a partir da nitração do benzeno e fornecê-la

para a fábrica MDI. Na fábrica MDI, a anilina é reagida com formaldeído para

produzir MDA (4,4 diaminodifenilmetano), que é reagido com gás fosgênio (COCl2),

para a obtenção do MDI. Na fábrica PU-M os processos consistem em reações de

mistura, que operam em bateladas, diferentemente das duas fábricas anteriores que

operam com síntese em regime contínuo. São produzidos poliéteres, formulações,

isocianatos modificados, vernizes de poliuretanos e blends.

2.1.1.2 Produção de Defensivos Agrícolas

A divisão Bayer CropScience é responsável pela fabricação dos defensivos

agrícolas e produtos veterinários da Bayer, sendo as principais formulações à base

de organofosforados. A maioria dos seus produtos finais é obtida através da mistura

de seus princípios ativos e coadjuvantes, por meio de reatores de mistura.

Nesta unidade são produzidas diversas formulações das linhas de produtos

agrícolas classificadas em inseticidas, fungicidas e herbicidas. Os princípios ativos

desses produtos podem ser classificados em vários grupos químicos, como os

fosforados, carbamatos, triazóis, piretróides, entre outros.

2.1.1.3 Unidade de Produção e Fornecimento de Energ ias

A Unidade Central de Energias é responsável por produzir e fornecer todas as

energias sejam elas, mecânicas ou elétricas para todas as fábricas e instalações

existentes no Complexo Industrial, incluindo as empresas instaladas no Parque

Industrial.

54

A Unidade Industrial analisada neste estudo está relacionada a esta Central

de Energias e é responsável pela produção de água industrial.

As energias mecânicas podem ser detalhadas da seguinte forma:

- Distribuição de água potável e industrial (área foco).

- Produção e distribuição de água desmineralizada e água de caldeira.

- Produção e distribuição de vapor de 40 bar.

- Produção e distribuição de ar de serviço e ar de instrumento.

- Produção e distribuição de água gelada.

- Distribuição de sistema de refrigeração de amônia (NH3).

2.1.2 Estação de Captação e Tratamento de Água do R io Sarapuí

Toda água (industrial e potável) consumida no Complexo Industrial Belford

Roxo sempre foi obtida da Companhia de Águas e Esgotos da Cidade do Rio de

Janeiro (CEDAE). A Unidade Central de Energias recebia a água por meio de dutos,

armazenava em tanques e distribuía para o Complexo Industrial por meio de rede de

tubulações. Outras alternativas de fornecimento foram realizadas, como a perfuração

de poços artesianos, porém, estes se tornaram inviáveis, pois demandavam altos

custos de manutenção, um complexo e demorado processo de outorga e baixão

vazão de captação. Desde então, a empresa iniciou um projeto para construção de

uma estação de captação e tratamento da água do Rio Sarapuí, com o objetivo de

produzir toda a água industrial para uso em processo e emergências do Complexo

Industrial da Bayer em Belford Roxo. Além de ser uma garantia para fornecimento

contínuo deste importante insumo, haveria uma redução significativa em custos e

ainda uma contribuição social, pois deixaria de consumir água potável, tornando-a

disponível para a população.

De acordo com a Lei Estadual n°3239, que institui a Política Estadual de

Recursos Hídricos, em seu Art. 22, § 2o, “a outorga para fins industriais somente

será concedida se a captação em cursos de água se fizer a jusante do ponto de

lançamento dos efluentes líquidos da própria instalação”. Com base nesta

necessidade, o ponto de captação de água do Rio Sarapuí foi construído a jusante

do lançamento dos efluentes tratados na ETDI do Complexo Industrial.

55

A captação é constituída de tomada de água em estação elevatória, por meio

de duas bombas operando alternadamente, com capacidade nominal de 200 m³/h

cada, direcionando para tubulação de aço carbono com 500 mm de diâmetro, que se

estende até o meio do rio. A água captada é direcionada para sistema de

gradeamento, para que seja realizada a separação de detritos presentes no Rio. Em

seguida, a água é direcionada para uma estação elevatória, que a bombeia para o

sistema de tratamento (estação) por meio de tubulação subterrânea de 500 mm de

diâmetro, por um trecho de aproximadamente 650 m. O bombeamento é feito por

duas bombas centrífugas, com capacidade máxima para 200 m3/h, cada.

A Figura 19 mostra os locais de captação e a localização da estação de

tratamento da água captada no Rio Sarapuí.

Figura 19 – Ponto de captação e localização da Estação de Tratamento de Água do Rio Sarapuí.

A água bruta bombeada da estação elevatória passa, primeiramente, por

uma peneira estática para a remoção do material em suspensão, e em seguida

56

escoa por meio de calha tipo Parshal1 para indicação da vazão de água captada. Na

entrada desta calha é adicionado dióxido de cloro (ClO2), produzido no local em um

gerador automático. Neste gerador, apresentado na Figura 20, reduz-se clorato de

sódio estabilizado com peróxido de hidrogênio (solução de “Purate”) em ácido

sulfúrico diluído, para produção do dióxido de cloro (Equação 1), que irá oxidar a

matéria orgânica presente na água, além de realizar desinfecção por oxidação

destrutiva.

Equação 1 – Reação de obtenção do dióxido de cloro.

Figura 20 – Gerador de dióxido de cloro.

Figura 20 – Gerador de dióxido de cloro e reação.

Após a remoção de sólidos e oxidação da matéria orgânica, a água é

bombeada para duas cisternas de 75 m3/cada, para homogeneização por meio de

injeção de ar (Figura 21).

1 dispositivo de medição de vazão na forma de um canal aberto com dimensões padronizadas. A água é forçada por uma garganta relativamente estreita, sendo que o nível da água à montante da garganta é o indicativo da vazão a ser medida, independendemente do nível da água à jusante de tal garganta.

57

Figura 21 – Cisternas.

Da cisterna, a água é bombeada para o tratamento físico-químico

convencional. A primeira etapa consiste em coagulação e floculação, com adição de

floculante policloreto de alumínio (PAC), auxiliar de coagulação polieletrólito aniônico

e hidróxido de sódio para ajuste de pH. No primeiro tanque, a água é submetida a

agitação mecânica a 1046 rpm, de modo a favorecer a dispersão do coagulante e

ajuste do pH. O PAC forma um precipitado floculento de hidróxido de alumínio, que

absorve os materiais dissolvidos e coloidais, envolvendo, também, as partículas em

suspensão. Inicialmente, cal hidratada era adicionada para neutralizar a acidez do

PAC e auxiliar na obtenção da faixa de pH adequada à floculação. Posteriormente a

cal foi substituída por hidróxido de sódio, para evitar a formação de incrustações no

sistema. Em seguida, a água verte para as câmaras de floculação, dotadas de

agitação mecânica com gradientes de velocidade decrescentes e ajustáveis (44, 36

e 22 rpm), de modo a favorecer a aglomeração dos flocos já formados. O coagulante

é adicionado no segundo compartimento, com o objetivo de acelerar a floculação e

melhorar as condições de decantação. O tempo de residência aproximado é de 45

minutos. Os tanques de floculação e coagulação estão representados na Figura 22.

58

Figura 22 – Tanques de floculação e coagulação.

A saída dos tanques de coagulação e floculação é direcionada para os

tanques de decantação lamelar (Figura 23), para que as partículas suspensas

decantem e sejam separadas (tempo de residência em torno de 55 minutos). A água

clarificada é enviada para filtros de areia e os sedimentos (lodo) são transferidos

para adensadores (Figura 24). O lodo adensado é desaguado em filtro-prensa

(Figura 25), para remoção de água por processo mecânico de filtração, e o resíduo

resultante deste processo é encaminhado para destinação final em aterro industrial

classe I. O lodo obtido possui umidade residual típica de 60% em massa.

Figura 23 – Decantador lamelar.

59

Figura 24 – Adensadores de lodo (material decantado).

Figura 25 – Filtro prensa.

A etapa de filtração consiste na passagem da água em filtro de areia, que

retém partículas em suspensão remanescentes, que conferem cor e turbidez à água

clarificada. O leito filtrante é constituído de três camadas: areia grossa, areia fina e

antracito e a passagem da água é feita por gravidade. Periodicamente é realizada a

lavagem do leito, para remoção de saturação. Neste procedimento os filtros são

60

soprados com ar e lavados em contra-corrente por inversão de fluxo. A retrolavagem

consiste no bombeamento de água filtrada com vazão suficiente para provocar a

expansão do leito e, assim, arrastar as impurezas retidas, permitindo, com isso, que

o filtro entre novamente em operação. O volume médio descartado da água de

retrolavagem é de 130 m3/dia.

Antes de entrar na unidade de osmose inversa, a água ainda passa por

outro processo de filtração, que é constituído por uma série de filtros do tipo

cartucho, com elementos filtrantes de polipropileno rígido, com tamanho de 0,06 x

1,0 m e diâmetro médio de poro de 1 µm. As Figuras 26 e 27 mostram as duas

etapas de filtração.

Figura 26 – Filtro de areia.

Figura 27 – Filtros tipo cartucho.

61

Nesta etapa do processo a água deve estar dentro da especificação

necessária para ser enviada para os módulos de osmose inversa.

Finalmente a água obtida do processo de filtração é encaminhada para o

sistema de osmose inversa, que consiste em um conjunto de membranas semi-

permeáveis de poliamida, fabricadas pela empresa GE, de acordo com as

especificações da Tabela 3. Neste processo, são removidos sais dissolvidos

(parâmetro salinidade), contaminantes orgânicos e bactérias. Na água de

alimentação dos módulos de osmose, são adicionados anti-incrustrante, para

minimizar a deposição de sais de cálcio e bário na superfície das membranas e

metabissulfito de sódio, para remover residual de cloro livre e biocida.

O sistema de osmose está configurado com dois conjuntos de doze vasos

dispostos em paralelo. Cada vaso possui seis módulos com membranas em espiral

em série.

Na Figura 28 é apresentado um esquema com o arranjo de um conjunto de

doze vasos, operando em três estágios em série.

Tabela 3 – Especificações do elemento de membrana

Especificações do elemento de membrana

Proteção externa Plástico reforçado com fibra de vidro

Rejeição iônica típica (TDS) 99,0 a 99,4%

Vazão nominal de permeado a 225 psi (15,5 bar) 21.198 lpd a 23.848 lpd

Intervalo típico da temperatura da água de alimentação 10 a 29 oC

Intervalo máximo de temperatura 0 a 40 oC

Intervalo de pH 3,0 a 11,0

Tolerância a cloro < 0,01 ppm

Área útil da membrana 32,5 m²

62

Figura 28 – Operação dos módulos de osmose.

Antes do fornecimento da água industrial tratada (chamada de AGI) ao

Complexo Industrial, é feita a correção do pH do permeado com hidróxido de sódio

dosado na linha, que deve estar entre 6,5 e 9,0 e cloração com hipoclorito de sódio,

visando a manter cloro livre residual na faixa de 0,5 a 1,2 ppm. O objetivo de se

manter este cloro livre residual é garantir a desinfecção da água.

O rejeito salino do sistema de osmose inversa é descartado para a rede de

drenagem pluvial existente, em um ponto de descarte localizado a montante do

ponto de captação da água bruta. Este rejeito contém, basicamente, a salinidade

presente na água bruta captada e a vazão estimada é de aproximadamente 50 m3/h.

As membranas de OI são periodicamente regeneradas, por meio de

manobras operacionais, em meio básico, com EDTA e em meio ácido, para remoção

de resíduos orgânicos e inorgânicos depositados na superfície. O efluente gerado

neste processo é encaminhado para tratamento da ETDI que trata o efluente do

Complexo Industrial.

O projeto tem capacidade para fornecer até 80.000 m3 por mês de água

industrial.

A Figura 29 representa os módulos de membranas de osmose inversa e a

Figura 30 mostra o fluxograma resumido de todo o processo em estudo.

63

Figura 29 – Banco de membranas do sistema de tratamento por OI.

Figura 30 – Fluxograma do processo em estudo.

64

2.1.3 Rio Sarapuí

O Complexo Industrial de Belford Roxo está localizado na Região Hidrográfica

V, da Baía de Guanabara (SERLA, 2008) e na sub-bacia do Rio Sarapuí – Rio

Iguaçu.

A Baía de Guanabara possui uma superfície de aproximadamente 381 km2,

comportando um volume de água de 3 bilhões de metros cúbicos, circundado por um

perímetro de 131 km.

A Bacia Hidrográfica da Baía Guanabara compreende uma superfície de

4.081 km2, apresentando topografia diversificada, sendo constituída por planícies,

das quais se destaca uma grande depressão denominada Baixada Fluminense;

pelas colinas e maciços costeiros e pelas escarpas da Serra do Mar.

Esta bacia hidrográfica abarca os maiores centros urbanos e concentra mais

de 70 % da população fluminense, bem como a maioria das indústrias de maior

porte. Ela engloba a porção territorial mais desenvolvida do Estado e grande parte

da região metropolitana, estando nela contidos 16 municípios, sendo 10

integralmente e 6 parcialmente. No primeiro grupo incluem-se os municípios de

Duque de Caxias, Mesquita, São João de Meriti, Belford Roxo, Nilópolis, São

Gonçalo, Magé, Guapimirim, Itaboraí e Tanguá e no segundo os municípios do Rio

de Janeiro, Niterói, Nova Iguaçu, Cachoeiras de Macacu, Rio Bonito e Petrópolis. A

bacia hidrográfica é composta de 50 rios e riachos, sendo os principais os Rios

Macacu, Iguaçu, Estrela e Sarapuí (SEMADS, 2001).

O Rio Sarapuí é o corpo receptor dos efluentes líquidos do Complexo

Industrial Belford Roxo, ele nasce na serra de Bangu, corta os municípios de Nova

Iguaçu, Mesquita, Belford Roxo, Nilópolis, São João de Meriti e Duque de Caxias e

deságua na Baía de Guanabara. Faz divisa com o Município de São João de Meriti,

no trecho adjacente ao Complexo Industrial da Bayer. Este rio possui comprimento

de aproximadamente 20 km, sendo retificado em vários pontos. A distância entre as

margens é superior ao do rio da Pavuna, com média de 10 metros (quase 40 metros

na sua foz). Pode-se dizer que o rio se apresenta, principalmente a partir de seu

médio curso, quase que totalmente “morto”, com ausência de peixes e algas e

grande presença de esgoto. Sua aparência próximo à foz lembra um pântano, com

águas correndo lentamente, de perfil viscoso.

65

2.2 Análises das Variáveis do Estudo

A periodicidade do monitoramento realizado e os parâmetros analisados em

cada amostra dependem da etapa do processo correspondente. Algumas análises

foram realizadas por técnicos do laboratório na própria unidade em estudo, e outras

em laboratório externo.

Entende-se por AGI, Água Industrial, que é a água obtida no final do processo

e enviada para o processo industrial. AGB é a Água Bruta, captada no Rio Sarapuí.

Os parâmetros mais relevantes para o estudo estão relacionados à AGI, AGB

e módulos de osmose inversa. Na Tabela 4, constam os pontos de amostragem,

com periodicidade de monitoramento e parâmetros analisados. A periodicidade foi

estabelecida com base em dados históricos de processos similares, onde os

parâmetros mais críticos são avaliados com maior freqüência.

O estudo das variáveis foi realizado no período de janeiro de 2007 a

dezembro de 2008.

Tabela 4 – Monitoramento realizado no processo

Tipo de amostra Periodicidade Parâmetros analisados

AGI diária Cor, turbidez, condutividade, pH e cloro livre

AGI semanal Amônia

AGI mensal Ferro, manganês, alumínio, dureza total, cálcio, magnésio, alcalinidade, cloreto,

sulfato, sólidos totais dissolvidos e sílica

AGB diária Cor, turbidez, condutividade, pH, e DQO

Entrada da Osmose Inversa

diária Cor, turbidez, condutividade, pH e cloro livre

Rejeito condutividade, pH e DQO

Foram definidos os parâmetros desejados na AGI, para utilização no processo

industrial. Estes parâmetros foram estabelecidos com base na especificação

necessária para os processos em que a água será utilizada, ou seja, não foram

66

obtidos em legislação ou normas técnicas. Na tabela 5 constam os valores

desejados na água produzida.

Tabela 5 – Faixa padrão desejada para a água produzida

Parâmetro Periodicidade Faixa padrão

Cloro residual livre Diária 0,5 a 1,20 ppm

Amônia Semanal 0,5 mg/L

Ferro Mensal 0,05 mg/L

Manganês Mensal 0,05 mg/L

Aluminio Mensal 0,06 mg/L

Dureza Total Mensal 50 ppm CaCO3

Calcio Mensal 40 mg/L

Magnésio Mensal 2 mg/L

Alcalinidade Mensal 100 mg/L CaCO3

Cloreto Mensal 200 mg/L

Sulfato Mensal 150 mg/L

Sólidos totais dissolvidos Mensal 500 mg/L

Sílica Mensal 2 mg/L

Cor Diária 5 ppm Pt.Co.

Turbidez Diária 1 UNT

pH Diária 6.5 – 8.5

Condutividade Diária 300 ms/cm

Em relação ao desempenho do sistema de osmose 1, foram monitorados dois

importantes parâmetros:

Percentual de rejeição: monitora a eficiência das membranas em separar os

contaminantes da água bruta de alimentação e é calculado pela diferença entre a

condutividade de entrada e saída do banco de osmose. Este parâmetro indica se a

separação das impurezas presentes na água de alimentação está sendo realizada

satisfatoriamente. A água obtida na saída do banco de osmose (permeado) deve

67

obter condutividade próxima de zero, enquanto a condutividade do rejeito salino

(concentrado) deve ser consideravelmente maior que a condutividade da água de

entrada.

Percentual de recuperação de água tratada: o cálculo utilizado para este

acompanhamento baseia-se na comparação dos valores medidos para a vazão de

alimentação e a vazão do permeado, ou seja, quanto de água tratada se produz em

função do volume de água bruta de alimentação do sistema (equação abaixo).

Quanto maior o percentual de recuperação, maior a quantidade de água permeada

e, conseqüentemente, melhor o rendimento da osmose inversa.

Equação 2 – Cálculo do percentual de recuperação.

2.3 Métodos Analíticos

Para as análises físico-químicas foram coletadas amostras simples, que são

amostras coletadas em um único instante.

A Tabela 6 lista os parâmetros analisados por meio de método colorimétrico e

as descrições dos procedimentos estão nos itens seguintes. Neste método foram

utilizados kits com sachês de reagentes em quantidades específicas, fabricados pela

empresa HACH Company World Headquarters. O equipamento utilizado para a

leitura das cubetas de vidro de 25 mL é o colorímetro modelo HACH-DR/890. Antes

da leitura da amostra o equipamento foi zerado com o branco.

Os reagentes são fornecidos em pillows, que são embalagens metálicas com

uma quantidade específica do reagente em pó, para a quantidade de amostra pré-

determinada no método. Os nomes dos reagentes e respectivos códigos referem-se

aos nomes comerciais do fabricante.

68

Tabela 6 – Relação de parâmetros analisados em método colorimétrico.

Parâmetro

analisado

Reagentes utilizados

Fabricante “HACH” Equipamentos

Faixa de leitura e unidade

Cloro livre - Reagente de cloro livre dietil-p-fenilenediamina

cód. 2105569

Colorímetro

HACH-DR/890

0 – 0,5

mg/L

Ferro - Reagente ferro de ferrozine cód. 230424 Colorímetro

HACH-DR/890

0 – 13

mg/L

Manganês

- Ácido ascórbico cód. 1457799

- Reagente de cianeto alcalino cód. 2122332

- Solução de indicador PAN 0,1% cód. 2122432

Colorímetro

HACH-DR/890

0 – 0,7

mg/L

Alumínio

- Ácido ascórbico cód. 1457799

- Reagente alumínio AluVer 3 cód. 1429099

- Reagente 3 alvejante cód. 1429449

Colorímetro

HACH-DR/890

0 – 80

mg/L

Dureza total

- Solução indicadora de cálcio e magnésio cód.

2241832

- Solução alcalina para teste de calcio e magnésio

cód. 2241732

- Solução EDTA 1M cód. 2241926

- Solução EGTA cód. 2229726

Colorímetro

HACH-DR/890

0 – 4,0

mg/L

Sulfato - Reagente 4 de sulfato Sulfa Ver Cód. 2106769 Colorímetro

HACH-DR/890

0 – 70

mg/L

Sílica

- Reagente de Molibdato cód. 2107369

- Reagente F aminoácido cód. 2254069

- Ácido cítrico cód. 2106269

Colorímetro

HACH-DR/890

0 – 75

mg/L

Amônia - Reagente de salicilato de amônia cód 2395266

- Reagente de cianurato de amônia cód. 2395466

Colorímetro

HACH-DR/890

0 – 2,5

mg/L

Cor - Água deionizada usada como branco Colorímetro

HACH-DR/890

0 – 500

mg/L

Turbidez - Água deionizada usada como branco Colorímetro

HACH-DR/890

0 – 1000

FAU

DQO - Solução para DQO cód 2125815

Colorímetro

HACH-DR/890

Bloco Digestor

Policontrol

0 – 150

mg/L

69

2.3.1 Determinação de Cloro Livre

Adicionou-se 10 mL de amostra em duas cubetas de vidro e em seguida

adicionou-se o conteúdo de um pillow com reagente de cloro livre dietil-p-

fenilenediamina em uma das cubetas.

Agitou-se até dissolução total. Uma coloração rósea aparece em caso de

presença de cloro.

Adicionou-se água destilada em ambas as cubetas até completar volume de

25 mL. Após homogeneização o equipamento foi zerado com o branco, para a

leitura amostra.

2.3.2 Determinação de Ferro

Foram adicionados 25 mL de amostra em cada uma das duas cubetas de

vidro. Uma delas foi utilizada para o branco e a outra, após adição do pillow com o

reagente ferro de ferrozine e homogeneização por 5 minutos, foi utilizada para a

leitura da amostra no equipamento.

2.3.3 Determinação de Manganês

Foram adicionados 10 mL de amostra em cada uma das duas cubetas de

vidro. Uma delas foi utilizada para o branco e na outra foi adicionado o conteúdo do

pillow de ácido ascórbico, seguido de agitação.

Foram adicionadas 15 gotas de reagente de cianeto alcalino, agitou-se e

adicionou-se 21 gotas de solução de indicador PAN 0,1%.

Uma coloração alaranjada é formada pela presença de manganês. Após 2

minutos de agitação zerou-se com o branco, realizando a leitura da amostra em

seguida.

70

2.3.4 Determinação de Alumínio

Programação do equipamento: número 1.

Em uma proveta de 50 mL foram adicionados 50 mL de amostra.

Foi adicionado o conteúdo de um pillow de ácido ascórbico, seguido de

agitação e adição do conteúdo de um pillow de reagente alumínio AluVer 3. Após

homogeneização forma-se uma coloração vermelho alaranjada pela presença de

alumínio na amostra.

Após 3 minutos, foram colocados 25 mL da amostra em cada uma das duas

cubetas de vidro. Em uma delas foi adicionado o conteúdo do pillow com o reagente

3 alvejante e a outra foi considerada o branco.

Após aguardar 15 minutos para a reação, o equipamento foi zerado com o

branco para a leitura da amostra.

2.3.5 Determinação de Dureza Total

Programação do equipamento: número 30.

Em uma proveta com 100 mL de amostra foram adicionados 1 mL de solução

indicadora para cálcio e magnésio e 1 mL de solução alcalina para teste de cálcio e

magnésio. Após agitação foram transferidos 10 mL da amostra para cada uma das

três cubetas de vidro.

Na primeira cubeta foi adicionada uma gota de solução EDTA 1M, seguida de

agitação. Esta é a amostra usada para o primeiro branco.

Na segunda cubeta foi adicionada uma gota de solução EGTA. Após

agitação, o equipamento foi zerado com o branco e, em seguida, foi realizada a

leitura desta segunda cubeta, obtendo-se o resultado de dureza de magnésio.

Sem retirar a segunda cubeta do equipamento, mudou-se para a

programação 29, zerou-se e procedeu-se a leitura da terceira cubeta, obtendo-se o

resultado de dureza de cálcio.

A dureza total é a soma dos resultados de dureza de magnésio e cálcio.

71

2.3.6 Determinação de Sulfato

Foram adicionados 10 mL de amostra em cada uma das duas cubetas de

vidro. Uma delas foi utilizada para o branco e a outra, após adição do pillow com o

reagente 4 de sulfato SulfaVer e homogeneização por 5 minutos, foi utilizada para a

leitura da amostra no equipamento.

2.3.7 Determinação de Sílica

Foram adicionados 10 mL de amostra em cada uma das duas cubetas de

vidro. Uma delas foi separada como branco e na outra foi adicionado o conteúdo do

pillow com o reagente de molibdato, seguido de homogeneização. Adicionou-se o

conteúdo do pillow com o reagente F aminoácido, agitou-se e, após 10 minutos

adicionou-se o conteúdo do pillow de ácido cítrico.

Após 2 minutos de homogeneização, o equipamento foi zerado com o branco,

para a realização da leitura da amostra.

2.3.8 Determinação de Amônia

Foram adicionados 2 mL de água deionizada em uma cubeta de vidro que foi

utilizada como branco.

Em outra cubeta foram adicionados 2 mL de amostra, seguidos da adição dos

conteúdos dos pillows dos reagentes salicilato de amônia e cianurato de amônia.

Uma coloração esverdeada é verificada pela presença de amônia.

Após homogeneização aguardou-se 20 minutos para zerar o equipamento

com o branco e realizar a leitura da amostra.

72

2.3.9 Determinação de Turbidez e Cor

Foram utilizadas duas cubetas de vidro. Uma delas foi utilizada como branco,

contendo 10 mL de água deionizada. Na outra foi realizada a leitura direta com 10

mL de amostra, sem adição de reagentes.

A análise de turbidez avalia a eficiência da remoção do material em

suspensão, pois este parâmetro é um indicador da presença de materiais sólidos

em suspensão na água.

A leitura obtida no equipamento citado na Tabela 6 é expressa em FAU

(Unidade de Atenuação da Formazina), que é um método sugerido pelo manual da

HACH.

2.3.10 Determinação de Cloreto

Titulação volumétrica com solução padronizada de nitrato de prata 0,02 mol/L

da Teclab, na presença de cromato de potássio como indicador (solução a 5%).

O ponto final da titulação foi identificado pela coloração vermelha, resultante

da formação de cromato de prata depois de toda a precipitação do cloreto de prata,

pois, o cromato de prata é mais solúvel que o cloreto de prata.

O volume gasto na titulação multiplicado pelo fator de correção 14,1,

corresponde ao resultado em mg/L.

2.3.11 Determinação do Teor de Sólidos (Sólidos Tot ais Dissolvidos)

Um papel de filtro Whatman foi levado à estufa (103+/-2°C) p or duas horas e

em seguida levado para resfriamento em dessecador (30 min – 1 hora) para

posterior pesagem (P1).

Foi realizada a filtração de 250 mL de amostra com o mesmo papel de filtro,

utilizando-se uma bomba de vácuo, acoplada a um kitassato e funil de porcelana.

O papel de filtro utilizado na filtração da amostra foi levado à estufa (103+/-

2°C) por mais 2 horas, resfriado em dessecador (30 min a 1 hora) e pesado (P2).

Diversas pesagens são realizadas até obter-se variação desprezível.

Após a determinação dos pesos, o Teor de Resíduo Não Filtrável Total

(RNFT) foi calculado de acordo com a equação 3.

73

Equação 3 – Cálculo do Teor de Resíduo Não Filtrável Total (RNFT).

P1 = massa (g) do papel de filtro seco antes da filtração;

P2 = massa (g) do papel de filtro seco após filtração da amostra;

V = volume, em mL, da amostra utilizada no ensaio.

2.3.12 Determinação de Condutividade

Esta análise visa a determinar a quantidade de íons dissolvidos na água, os

quais conduzem a corrente elétrica.

A leitura de condutividade é realizada em um condutivímetro portátil DM - 3,

fabricante Digimed, que realiza leitura na faixa de 0 a 20.000 µS/cm.

2.3.13 Determinação de Alcalinidade

As análises de alcalinidade foram realizadas em laboratório externo, que

utilizou o método Standard Methods 2320 B como referência.

2.3.14 Determinação de DQO

Esta análise foi realizada para determinar a quantidade de oxigênio

necessária para oxidar quimicamente a matéria orgânica.

O digestor foi selecionado para a temperatura de 150ºC e o marcador de

tempo para 2 horas. A temperatura do equipamento aumenta gradativamente até

estabilizar em 150ºC.

Em um tubo de vidro que já contém a solução de DQO, pipetou-se 2 mL de

água destilada. Este é o branco.

Seguiu-se o mesmo procedimento para as amostras a serem analisadas, ou

seja, 2 mL da amostra para dois outros tubos com solução de DQO.

Os três tubos foram colocados no reator, já com a temperatura estabilizada

em 150ºC, durante duas horas para que ocorresse a digestão.

74

Após a digestão, zerou-se com o branco, realizando-se a leitura das

amostras no colorímetro.

75

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste tópico serão mostrados os resultados do monitoramento analítico

realizado na unidade em estudo durante 24 meses, iniciado em janeiro de 2007, até

dezembro de 2008. Foram analisados parâmetros físico-químicos referentes a água

de alimentação do sistema, chamada de água bruta (AGB), a água de alimentação

do sistema de osmose inversa e a água obtida no final do processo, chamada de

água industrial (AGI).

3.1 Caracterização da água captada no Rio Sarapuí

Antes de se dimensionar um sistema de captação e tratamento de água, é

extremamente importante conhecer a qualidade da água que abastecerá este

sistema e suas variações em função de condições adversas, como chuvas,

correntes contribuintes etc.

Em fevereiro de 2005, foi realizada uma amostragem da água do rio Sarapuí,

com o objetivo de conhecer a qualidade da água de alimentação da Estação de

Tratamento, para que o sistema de pré-tratamento pudesse ser projetado e a água

direcionada para os módulos de osmose inversa estivesse enquadrada nos padrões

requeridos. Esta é a fonte de água bruta, chamada de AGB, que abastece o sistema

em estudo.

A amostragem foi realizada durante 5 dias consecutivos e os resultados

obtidos encontram-se na Tabela 7. Foi realizado comparativo de alguns resultados

obtidos no rio Sarapuí com os limites estabelecidos na Resolução CONAMA no 357

para águas de classe 1, que podem ser usadas em recreação de contato primário,

irrigação e abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado.

Nesta tabela também constam alguns dos parâmetros relevantes que serão

monitorados na água produzida pelo sistema e os respectivos limites desejados para

o processo industrial.

Os elevados teores de coliformes fecais quando comparados a valores de

fontes consideradas impróprias para recreação e contato, mostram que a qualidade

da água do rio Sarapuí encontra-se bastante degradada, o que pode ser causado

pelo despejo de esgoto sanitário. A Resolução CONAMA no 274, Art 2º, inciso 4º,

letra b, determina como imprópria a fonte de água que apresentar valor superior a

76

2.500 UFC/100 mL de amostra. O resultado encontrado na amostra analisada no rio

Sarapuí apresentou 3,1x106 UFC/100 mL conforme Tabela 7.

Tabela 7 – Média dos resultados de análise da água do Rio Sarapuí, em fevereiro de

2005, comparados com a Resolução CONAMA no 357 e especificação requerida para os

processos industriais.

Parâmetro Resultado médio Sarapuí

Limite Res. 357 Classe 1

Padrão Água Industrial

Alcalinidade Total (mg/L) 124 - 100

Aluminio total (mg/L) 0,88 0,1 0,06

Amônia (mg/L) 15 - 0,5

Bário Total (mg/L) 0,11 0,70 -

Calcio total (mg/L) 20 - 40

Cloreto (mg/L) 157 250 200

Coliformes Fecais (UFC/100 mL) 3,1 x 106 - ausência

Coliformes Totais (UFC/100 mL) 2,3 x 107 - -

Condutividade (µS/cm) 894 - 300

Cor (ppm Pt.Co.) 30 nível natural 5

DQO (mg/L) 91 - -

Dureza de Carbonato (mg/L) 68,9 - -

Dureza EDTA (mg/L) 61,2 - -

Ferro solúvel (mg/L) 1,2 0,3 0,05

Fosfato total (mg/L) 2,2 - 6

Manganês total (mg/L) 0,32 0,1 0,05

Mg (mg/L) 2,86 - 2

Nitrato (mg/L) < 2 10 50

Nitrito (mg/L) 0,1 1,0 -

Nitrogênio Kjeldahl Total (mg/L) 21,0 - -

pH 7,68 6 - 9 6.5 – 8.5

Potássio Total (mg/L) 17 - -

Sílica reativa (mg/L) 20 - -

Sódio Total (mg/L) 160 - -

Sól. Suspensos Totais (mg/L) 49 - -

Sólidos Sedimentáveis (mL/L) 0,7 - -

Sólidos Totais Dissolvidos (mg/L) 395 500 -

Sulfato (mg/L) 110 250 150

Surfactantes Aniônicos (MBAS) (mg/L) 2,0 - -

Temperatura (oC) 26,0 - -

Turbidez (UNT) 33 40 1

Zinco Total (mg/L) 0,03 0,18 -

SEMADS (2001) menciona que o lançamento de esgotos in natura agrava a

situação ecológica e sanitária dos rios e córregos. Existem zonas urbanas onde os

rios e córregos deixam de cumprir suas múltiplas funções e usos e passam a ser

77

somente receptor de dejetos. A população ribeirinha, que lança seus esgotos

diretamente nas águas, sofre com o mau cheiro e com o perigo de doenças de

veiculação hídrica. Essas águas não podem ser aproveitadas para abastecimento,

pois o contato torna-se um risco à saúde pública. Com isso, verifica-se que a

primeira etapa para a recuperação de rios e córregos, é sanear e tratar os efluentes

antes de lançá-los. As inúmeras “fontes” de esgotos devem ser coletadas, tratadas e

depois lançadas corretamente aos cursos d’água.

Os resultados médios obtidos na caracterização da água do rio Sarapuí,

apresentados na Tabela 7, demonstram desvios em relação aos limites

estabelecidos para o uso humano e também para o uso em processos industriais.

Desta forma, para que seja possível a captação e utilização da água do rio Sarapuí,

é necessária a implantação de um processo de tratamento capaz de remover os

contaminantes presentes.

3.2 Resultados do Monitoramento da Água Bruta (AGB)

Os resultados do monitoramento da água bruta no período de janeiro de 2007

a dezembro de 2008 encontram-se nas figuras 31, 33, 34, 35 e 36 para os

parâmetros: condutividade, DQO, cor, turbidez e pH, respectivamente. No Apêndice

A são apresentados os dados utilizados para a construção desses gráficos.

Na Figura 31, observa-se um aumento dos resultados de condutividade no

período de agosto a outubro de 2007, que pode estar relacionado com a menor

incidência de chuvas nesta época do ano, de acordo com dados históricos do

Ministério da Ciência e Tecnologia sobre a precipitação pluviométrica no Estado do

Rio de Janeiro (Figura 32). A mesma tendência foi observada no mesmo período de

2008, porém, com valores menos acentuados. A condutividade da água captada

tende a diminuir quando ocorrem chuvas fortes.

As curvas dos resultados de condutividade, DQO, cor e turbidez foram

semelhantes, demonstrando resultados mais elevados em períodos de baixa vazão

do rio e diminuição em períodos de chuvas fortes. Este fato pode estar associado ao

efeito de diluição causado pela variação acentuada na vazão do rio.

78

Figura 31 – Resultados de condutividade da água bruta.

Figura 32 – Dados históricos de precipitação pluviométrica no Estado do Rio de

Janeiro em 2007 (Ministério da Ciência e Tecnologia, 2009).

As curvas dos resultados de DQO, cor e turbidez podem ser observadas nas

Figuras 33, 34 e 35. As variações para estes parâmetros não são consideradas

significativas para o processo.

Conforme mostra a Figura 36, o parâmetro pH ficou na faixa da neutralidade,

pois não há contaminantes presentes na água em concentração suficiente para

causar variações. Esta faixa de pH já é favorável para o sistema de tratamento em

estudo instalado.

500

700

900

1100

1300

1500

1700

1900

jan/0

7fe

v/07

mar

/07

abr/0

7

mai/

07

jun/0

7jul

/07

ago/0

7

set/0

7

out/0

7

nov/0

7

dez/0

7

jan/0

8fe

v/08

mar

/08

abr/0

8

mai/

08

jun/0

8jul

/08

ago/0

8

set/0

8

out/0

8

nov/0

8

dez/0

8

Con

dutiv

idad

e m

s/cm

114,0105,3 103,3

137,4

85,6 80,4

56,4 50,5

87,1 88,295,2

169,0

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

140,0

160,0

180,0

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

2007

prec

ipita

ção

pluv

iom

étric

a (m

m)

79

Figura 33 – Resultados de DQO da água bruta

Figura 34 – Resultados de cor da água bruta

Figura 35 – Resultados de turbidez da água bruta

400

500

600

700

800

900

1000

1100

1200

jan/0

7fe

v/07

mar

/07

abr/0

7

mai/

07

jun/0

7jul

/07

ago/

07

set/0

7

out/0

7

nov/

07

dez/

07

jan/0

8fe

v/08

mar

/08

abr/0

8

mai/

08

jun/0

8jul

/08

ago/

08

set/0

8

out/0

8

nov/

08

dez/

08

Cor

(pp

m P

t.Co.

)

50

70

90

110

130

150

170

jan/0

7fe

v/07

mar

/07

abr/0

7

mai/

07

jun/0

7jul

/07

ago/0

7

set/0

7

out/0

7

nov/0

7

dez/0

7

jan/0

8fe

v/08

mar

/08

abr/0

8

mai/

08

jun/0

8jul

/08

ago/0

8

set/0

8

out/0

8

nov/0

8

dez/0

8

DQ

O (

mg/

L)

50

60

70

80

90

100

110

120

130

140

150

jan/0

7

fev/0

7

mar/0

7

abr/0

7

mai/

07

jun/0

7jul

/07

ago/0

7

set/0

7

out/0

7

nov/

07

dez/

07

jan/0

8

fev/0

8

mar

/08

abr/0

8

mai/0

8

jun/0

8jul

/08

ago/0

8

set/0

8

out/0

8

nov/

08

dez/

08

Turb

idez

(UN

T)

80

Figura 36 – Resultados de pH da água bruta

Antes de ser direcionada para as cisternas, a AGB apresentou, em alguns

períodos, elevada formação de espuma ao passar pela peneira estática, sendo

necessária a utilização de anti-espumante para atenuar este efeito. Esta espuma

pode ser gerada pela presença de tensoativos, provenientes de despejos de esgotos

de residências e postos de lavagem que utilizam sabões e detergentes.

3.3 Resultados do Sistema de Osmose Inversa

Foram monitorados vazões, pressões e parâmetros físico-químicos nos

conjuntos de módulos de osmose inversa 1 e 2, em alta e baixa pressão. No

Apêndice B são apresentados os valores das médias mensais deste monitoramento

específico para o sistema de osmose 1.

O percentual de recuperação é um parâmetro importante a ser acompanhado,

pois está relacionado com o rendimento das células de osmose. As Figuras 37 e 38

mostram as vazões medidas e o respectivo percentual de recuperação de água.

Considerando todo o período monitorado, o percentual de recuperação médio obtido

foi de 68%. Madaeni et al. (2009) obtiveram 45% de recuperação em uma planta

piloto de osmose inversa interligada a um sistema de pré-tratamento convencional,

com o objetivo de tratar o efluente gerado em um complexo industrial petroquímico.

Comparativamente observa-se que o resultado obtido pelo sistema em estudo para a

recuperação foi altamente satisfatório.

6,0

6,5

7,0

7,5

8,0

8,5

9,0

jan/0

7

fev/0

7

mar/0

7

abr/0

7

mai/

07

jun/0

7jul

/07

ago/

07

set/0

7

out/0

7

nov/

07

dez/

07

jan/0

8

fev/0

8

mar/0

8

abr/0

8

mai/

08

jun/0

8jul

/08

ago/

08

set/0

8

out/0

8

nov/

08

dez/

08

pH

81

Figura 37 - Medição da vazão para alimentação, concentrado e permeado do

sistema de osmose 1.

Figura 38 - Percentual de recuperação do sistema de osmose 1.

O monitoramento da variação da pressão entre os estágios do sistema de

osmose indica a necessidade de regeneração e é considerado um parâmetro

importante para o rendimento do processo. De acordo com instruções fornecidas

pelo fabricante da membrana, uma variação acima de 60 psi indica a necessidade

de regeneração, porém, como medida preventiva de processo, foi realizada uma

regeneração mensal, independentemente da variação da pressão. Nas Figuras 39,

40 e 41, constam os registros das pressões e respectivas variações.

As definições para as medições de pressão são as seguintes:

Pressão primária: pressão na entrada do 1º estágio.

Pressão secundária: pressão na entrada do 2º estágio.

Pressão terciária: pressão na entrada do 3º estágio.

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

jan/07

fev/07

mar/07abr/0

7

mai/07

jun/07

jul/07

ago/0

7se

t/07out/0

7

nov/07

dez/07jan/0

8fev

/08

mar/08

abr/0

8

mai/08jun

/08jul/0

8

ago/08se

t/08ou

t/08

nov/0

8

dez/0

8

Vaz

ão (

m³/

h)

Vazão de Alimentação

Vazão de Concentrado

Vazão de Permeado

60,0

62,0

64,0

66,0

68,0

70,0

72,0

74,0

jan/07

fev/07

mar/07

abr/0

7

mai/07

jun/07

jul/07

ago/0

7se

t/07

out/0

7

nov/0

7

dez/0

7jan

/08fev

/08

mar/08

abr/08

mai/08

jun/08

jul/08

ago/0

8se

t/08

out/0

8

nov/0

8

dez/08

Rec

uper

ação

(%

)

82

Pressão final: pressão na saída do 3º estágio.

Queda de pressão do 1º estágio: diferença entre pressão primária e

secundária.

Queda de pressão do 2º estágio: diferença entre pressão secundária e

terciária.

Queda de pressão do 3º estágio: diferença entre pressão terciária e pressão

final.

Queda de pressão na osmose: diferença entre pressão primária e pressão

final.

Observando a variação de pressão entre os estágios é possível identificar se

em algum dos estágios há membranas saturadas ou obstruídas. Cada sistema de

osmose possui uma única bomba centrífuga que bombeia a água para os estágios a

uma vazão máxima de 90,8 m³/h. Na Figura 41 há uma variação significativa na

pressão do conjunto de osmose, entre outubro de 2007 e fevereiro de 2008. Na

Figura 40, onde as variações estão detalhadas por estágios, é possível identificar

que esta variação foi causada entre o primeiro e segundo estágios, onde há uma

curva semelhante no mesmo período.

Figura 39 - Pressão dos estágios no sistema de osmose 1

50

80

110

140

170

200

230

260

290

jan/07

fev/07

mar/07

abr/0

7

mai/07

jun/07

jul/07

ago/0

7se

t/07

out/0

7

nov/0

7

dez/07

jan/08

fev/08

mar/08

abr/0

8

mai/08

jun/08

jul/08

ago/0

8se

t/08

out/0

8

nov/0

8

dez/0

8

Pre

ssão

(ps

i) Pressão Primária

Pressão Secundária

Pressão Terciária

Pressão Final

83

Figura 40 - Variação de pressão entre os estágios no sistema de osmose 1.

Figura 41 - Variação de pressão no sistema de osmose 1.

Em 18 de outubro de 2007 foi realizada a troca de todas as membranas dos

bancos de osmose inversa, causando uma variação na curva de pressão da Figura

41. As especificações das membranas anteriores e das que foram substituídas não

estavam acessíveis para que pudessem ser analisadas.

Nas Figuras 42 e 43 são obtidos os resultados do monitoramento da

condutividade e percentual de rejeição. Nota-se que houve um aumento no

percentual de rejeição com a troca das membranas, em outubro de 2007.

O sistema de pré-tratamento instalado antes do sistema de osmose foi

importante para o enquadramento da água nos parâmetros desejados e obter um

bom rendimento das membranas. Sistemas similares, como o analisado por Madaeni

et al. (2009) mostram que a oscilação na água de alimentação do sistema de

membranas influenciam no tempo de regeneração das mesmas, ou seja, a

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

jan/07

fev/07

mar/07

abr/0

7

mai/07

jun/07

jul/07

ago/0

7se

t/07ou

t/07

nov/0

7

dez/0

7jan

/08fev

/08

mar/08

abr/0

8

mai/08

jun/08

jul/08

ago/0

8se

t/08ou

t/08

nov/0

8

dez/0

8Var

iaçã

o da

pre

ssão

ent

re o

s va

sos

(psi

)

Queda de Pressão no 1o Estágio

Queda de Pressão no 2o Estágio

Queda de Pressão no 3o Estágio

50

70

90

110

130

150

170

jan/07

fev/07

mar/07

abr/07

mai/07

jun/07

jul/07

ago/0

7se

t/07

out/0

7

nov/0

7

dez/0

7jan

/08fev

/08

mar/08

abr/0

8

mai/08

jun/08

jul/08

ago/0

8se

t/08

out/0

8

nov/0

8

dez/0

8

Var

iaçã

o da

pre

ssão

na

osm

ose

(psi

)

84

incidência de incrustações dependerá da qualidade da água de alimentação na

osmose. Por isso é fundamental haver o pré-tratamento convencional da água.

Figura 42 - Condutividade no sistema de osmose 1

Figura 43 - Percentual de rejeição do sistema de osmose 1.

3.4 Resultados da Água Industrial (AGI)

A água industrial é a água que é obtida no final do processo em estudo, e que

será fornecida para os processos industriais. O enquadramento desta água nos

parâmetros definidos pelo processo é extremamente importante, já que esta água

substitui a água fornecida pelo serviço público de abastecimento. Diversos

parâmetros físico-químicos foram monitorados e limites foram estabelecidos pela

indústria, como parâmetros de qualidade da água industrial. No Apêndice C constam

os valores dos resultados do monitoramento da água industrial e os limites

estabelecidos pela indústria.

0,0

1000,0

2000,0

3000,0

4000,0

5000,0

6000,0

7000,0

8000,0

jan/07fev/0

7

mar/07

abr/07

mai/07jun/07

jul/07

ago/07se

t/07out/0

7

nov/07

dez/07jan/08

fev/08

mar/08

abr/08

mai/08jun/08

jul/08

ago/08se

t/08out/0

8

nov/08

dez/08

Con

dutiv

idad

e (u

S/c

m)

Condutividade da Alimentação

Condutividade do Concentrado

Condutividade do Permeado

90,091,0

92,093,094,095,0

96,097,098,0

99,0100,0

jan/07fev/0

7

mar/07

abr/07

mai/07

jun/07jul/0

7

ago/07

set/0

7out/0

7

nov/07

dez/07

jan/08fev/0

8

mar/08

abr/08

mai/08

jun/08jul/0

8

ago/08

set/0

8out/0

8

nov/08

dez/08

Rej

eiçã

o (

%)

85

Comparando a média dos valores da AGI obtidos no Apêndice C, com a

média dos valores obtidos na Tabela 7 (análise da água do Rio Sarapuí), pode-se

avaliar o percentual de remoção dos poluentes, após todo o processo de tratamento.

O resultado é apresentado na Tabela 8 e representa a eficiência do sistema de

tratamento estudado. Este comparativo também pode ser observado nas Figuras 55

a 58.

Tabela 8 – Comparativo dos resultados da caracterização da água captada no

rio Sarapuí e o valor médio obtido no monitoramento dos últimos 12 meses.

Parâmetros Unidade Faixa padrão

Resultado rio Sarapuí

(média)

Resultados últimos 12 meses AGI

(média)

% removido

Alcalinidade Total mg/L CaCO3 100 124 10,28 91,7

Alumínio mg/L 0,06 0,88 0,02 97,7

Amônia mg/L 0,5 15 0,22 98,6

Cálcio mg/L 40 20 1,3 93,4

Cloreto mg/L 200 157 9,8 93,8

Coliformes Fecais UFC/100 mL 0 3,1x106 0 100,0

Coliformes Totais UFC/100 mL 0 2,3x107 0 100,0

Condutividade µS/cm 300 894 54 94,0

Cor uH 0 30 0 100,0

Dureza mg/L CaCO3 50 68,9 3 95,6

Magnésio mg/L 2 2,86 0,05 98,3

Ferro Solúvel mg/L 0,05 1,2 0,02 98,4

Manganês Total mg/L 0,05 0,32 0,02 93,7

Sílica mg/L 2 20 0,85 95,8

Sulfato mg/L 150 110 1,1 99,0

O processo removeu em média mais de 90% do teor de todos os poluentes

encontrados na água captada, que foram rejeitados pela membrana e concentrados

no efluente descartado chamado rejeito salino, deixando a água produzida

enquadrada em todos os parâmetros. Madaeni et al. (2009), registraram rejeição em

torno de 98% para os parâmetros DQO, dureza, turbidez, sólidos dissolvidos,

amônia e sulfato em uma planta piloto com vazão média de 1m³/h de água

86

produzida. Estes resultados são similares ao alcançado no sistema em estudo,

considerando estes parâmetros, que possui vazão média de 76 m³/h.

Dos parâmetros monitorados, apenas a amônia (Figura 46) excedeu o limite

determinado para a AGI, no período de março a agosto, sendo que não houve

alteração significativa na água bruta de abastecimento, nem no processo instalado

durante este período que justificasse este desvio. Este fato pode ser causado pela

similaridade da molécula de amônia com a molécula da água, facilitando a

permeabilidade na membrana. Os limites de cada parâmetro foram estabelecidos

com base no processo industrial em que a água será usada. As Figuras 44 até 54

mostram as variações nos resultados durante todo o período monitorado (24 meses)

e a faixa limite estabelecida. As Figuras 55 a 58 mostram comparações entre os

resultados da AGB e AGI

Os piores resultados foram obtidos entre os meses de fevereiro e maio de

2007. Após os meses de agosto e outubro do mesmo ano, houve melhora dos

resultados, que permaneceram estáveis e em níveis ótimos até o final do período

monitorado. A melhora nos resultados pode ser atribuída a dois fatores importantes:

a substituição do decantador, em março de 2007, por um maior, o que proporcionou

maior tempo de residência do efluente e melhor qualidade da água que alimenta o

sistema de osmose inversa. Com isso também foi possível aumentar a vazão de

água. Outro fator foi a substituição das membranas, em outubro de 2007.

Figura 44 – Resultados de alcalinidade na AGI

-1,0

19,0

39,0

59,0

79,0

99,0

jan/0

7fe

v/07

mar

/07

abr/0

7

mai/

07

jun/0

7jul

/07

ago/0

7

set/0

7

out/0

7

nov/0

7

dez/0

7

jan/0

8fe

v/08

mar

/08

abr/0

8

mai/

08

jun/0

8jul

/08

ago/0

8

set/0

8

out/0

8

nov/0

8

dez/0

8

Alc

alin

idad

e (m

g/L)

87

Figura 45 – Resultados de alumínio, ferro solúvel e manganês total na AGI

Figura 46 – Resultados de amônia na AGI

Figura 47 – Resultados de cálcio na AGI

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

0,12

jan/0

7

mar

/07

mai/

07jul

/07

set/0

7

nov/0

7

jan/0

8

mar

/08

mai/

08jul

/08

set/0

8

nov/0

8

Al/F

e/M

n (m

g/L) Aluminio

Ferro

Manganês

Limite Al

Limite Fe e Mn

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

0,90

1,00

jan/0

7fe

v/07

mar/0

7

abr/0

7

mai/

07

jun/0

7jul

/07

ago/

07

set/0

7

out/0

7

nov/

07

dez/

07

jan/0

8

fev/0

8

mar/0

8

abr/0

8

mai/

08

jun/0

8jul

/08

ago/0

8

set/0

8

out/0

8

nov/

08

dez/

08

Am

ônia

(mg/

L)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

jan/0

7

fev/0

7

mar

/07

abr/0

7

mai/

07

jun/0

7jul

/07

ago/

07

set/0

7

out/0

7

nov/

07

dez/

07

jan/0

8

fev/0

8

mar

/08

abr/0

8

mai/

08

jun/0

8jul

/08

ago/

08

set/0

8

out/0

8

nov/

08

dez/

08

Cál

cio

(mg/

L)

88

Figura 48 – Resultados de cloreto na AGI

Figura 49 – Resultados de cloro residual livre na AGI

Figura 50 – Resultados de dureza total na AGI

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

140,0

160,0

180,0

200,0

jan/0

7

fev/0

7

mar

/07

abr/0

7

mai/07

jun/0

7jul

/07

ago/

07

set/0

7

out/0

7

nov/

07

dez/

07

jan/0

8

fev/0

8

mar

/08

abr/0

8

mai/08

jun/0

8jul

/08

ago/

08

set/0

8

out/0

8

nov/0

8

dez/0

8

Clo

reto

(mg/

L)

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1,40

1,60

1,80

2,00

jan/0

7

fev/0

7

mar

/07

abr/0

7

mai/

07

jun/0

7jul

/07

ago/

07

set/0

7

out/0

7

nov/

07

dez/

07

jan/0

8

fev/0

8

mar

/08

abr/0

8

mai/

08

jun/0

8jul

/08

ago/

08

set/0

8

out/0

8

nov/

08

dez/

08

Clo

ro r

esid

ual l

ivre

(ppm

)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

45,0

50,0

jan/0

7

fev/0

7

mar

/07

abr/0

7

mai/0

7

jun/0

7jul

/07

ago/

07

set/0

7

out/0

7

nov/0

7

dez/

07

jan/0

8

fev/0

8

mar

/08

abr/0

8

mai/

08

jun/0

8jul

/08

ago/0

8

set/0

8

out/0

8

nov/

08

dez/

08

Dur

eza

tota

l (pp

m)

89

Figura 51 – Resultados de magnésio na AGI

Figura 52 – Resultados de sulfato na AGI

Figura 53 – Resultados de pH na AGI

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1,40

1,60

1,80

2,00

jan/0

7fe

v/07

mar

/07

abr/0

7

mai/

07

jun/0

7jul

/07

ago/

07

set/0

7

out/0

7

nov/0

7

dez/

07

jan/0

8fe

v/08

mar

/08

abr/0

8

mai/

08

jun/0

8jul

/08

ago/0

8

set/0

8

out/0

8

nov/

08

dez/

08

Mag

nési

o (m

g/L)

0

20

40

60

80

100

120

140

jan/0

7

fev/0

7

mar

/07

abr/0

7

mai/

07

jun/0

7jul

/07

ago/

07

set/0

7

out/0

7

nov/

07

dez/

07

jan/0

8

fev/0

8

mar

/08

abr/0

8

mai/

08

jun/0

8jul

/08

ago/

08

set/0

8

out/0

8

nov/

08

dez/

08

Sul

fato

(mg/

L)

6,00

6,50

7,00

7,50

8,00

8,50

9,00

jan/0

7fe

v/07

mar

/07

abr/0

7

mai/0

7

jun/0

7jul

/07

ago/0

7

set/0

7

out/0

7

nov/

07

dez/0

7

jan/0

8fe

v/08

mar/0

8

abr/0

8

mai/0

8

jun/0

8jul

/08

ago/0

8

set/0

8

out/0

8

nov/

08

dez/0

8

pH

90

Figura 54 – Resultados de condutividade na AGI

Figura 55 – Comparativo dos resultados de condutividade

Figura 56– Comparativo dos resultados de cor na AGB e AGI

0

50

100

150

200

250

300

jan/0

7

fev/0

7

mar/0

7

abr/0

7

mai/

07

jun/0

7jul

/07

ago/

07

set/0

7

out/0

7

nov/

07

dez/

07

jan/0

8

fev/0

8

mar/0

8

abr/0

8

mai/

08

jun/0

8jul

/08

ago/

08

set/0

8

out/0

8

nov/

08

dez/

08

Con

dutiv

idad

e (m

S/c

m)

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

jan/0

7

mar

/07

mai/

07jul

/07

set/0

7

nov/

07

jan/0

8

mar

/08

mai/

08jul

/08

set/0

8

nov/

08

Con

dutiv

idad

e A

GB

/ A

GI /

Re

jeito

(uS

/cm

)

Condutividade AGB

Condutividade AGI

Condutividade rejeito

-10

190

390

590

790

990

1190

jan/0

7

mar

/07

mai/

07jul

/07

set/0

7

nov/

07

jan/0

8

mar

/08

mai/

08jul

/08

set/0

8

nov/

08

Cor

AG

B /

AG

I (pp

m)

Cor AGB

Cor AGI

91

Figura 57 – Comparativo dos resultados de turbidez na AGB e AGI

Figura 58 – Comparativo dos resultados de DQO na AGB e AGI

3.5 Comparativos das vazões

Com o objetivo de avaliar a eficiência do sistema de tratamento, foi

monitorado o volume de água produzido pela unidade em estudo. As variáveis

registradas foram: água captada no rio Sarapuí, que alimenta o sistema (AGB), água

de processo produzida pela estação para suprir os processos do complexo industrial

e água efetivamente consumida nos processos do complexo industrial, que podem

receber água do sistema público de abastecimento, caso a estação não produza a

quantidade total necessária. A Tabela 9 contém os valores registrados, que mostram

que o desempenho do sistema no início do monitoramento esteve abaixo do

desejado, ou seja, a produção de água industrial e a confiabilidade do sistema foram

-1

49

99

149

199

jan/0

7

mar

/07

mai/

07jul

/07

set/0

7

nov/0

7

jan/0

8

mar

/08

mai/

08jul

/08

set/0

8

nov/0

8

Turb

idez

AG

B /

AG

I (U

NT)

Turbidez AGB

Turbidez AGI

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

jan/0

7

mar

/07

mai/

07jul

/07

set/0

7

nov/0

7

jan/0

8

mar

/08

mai/

08jul

/08

set/0

8

nov/0

8

DQ

O A

GB

/ A

GI (

mg/

L)

DQO AGB

DQO AGI

92

baixas. No final do monitoramento foi possível produzir 100% da água de processo,

diminuindo variações, pois diversos ajustes no processo estavam implementados

(membranas, tanques, captação, etc.). As Figuras 59 e 60 mostram os valores

registrados.

Tabela 9 – Valores registrados para as vazões de água.

Mês/ano Água captada

no rio (m3)

Água produzida pela estação

(m3)

Água de processo

consumida no complexo

(m3)

% de água de processo usada no complexo industrial,

suprida pela ETA

jan/07 72.720 30.297 98.075 31

fev/07 76.320 28.366 63.125 45

mar/07 121.680 39.391 68.641 57

abr/07 125.280 62.662 73.359 85

mai/07 111.216 59.367 78.518 76

jun/07 116.568 61.641 73.688 84

jul/07 118.833 63.037 70.966 89

ago/07 111.529 59.474 76.685 78

set/07 119.191 63.932 71.844 89

out/07 101.973 49.832 77.766 64

nov/07 116.303 58.850 64.998 91

dez/07 117.427 49.287 59.708 83

jan/08 90.398 39.859 79.659 50

fev/08 101.823 53.673 70.373 76

mar/08 112.297 56.210 70.071 80

abr/08 105.672 52.317 73.946 71

mai/08 119.393 66.667 71.947 93

jun/08 114.635 64.311 69.627 92

jul/08 91.390 46.231 69.155 67

ago/08 79.691 44.880 72.015 62

set/08 112.949 65.373 69.931 93

out/08 114.838 66.896 64.259 104

nov/08 116.992 66.690 75.615 88

dez/08 114.701 63.683 61.300 104

MEDIA07 109.087 52.178 73.114 73

MEDIA08 106.232 57.233 70.658 82

93

Figura 59 – Registro das vazões de água.

Figura 60 – Percentual da água suprida em relação à demanda necessária.

Considerando a média nos resultados de DQO da AGB, que foi de 106 mg/l e

a média do volume de água captado no rio Sarapuí, de 106.232 m3, concluímos que

cerca de 11.260 kg de carga orgânica são retirados do rio por mês, o que representa

um aspecto ambiental positivo em uma corrente contaminada e com alto teor de

material orgânico.

Em relação aos aspectos econômicos do sistema em estudo, foi possível

reduzir em cerca de 50% o custo da água em relação à água comprada

anteriormente da rede pública de abastecimento, ou seja, uma economia anual de

R$2,95 milhões, considerando o valor aproximado de R$7,00/m³ pago pela água da

rede pública de abastecimento e um consumo mensal de 70.000 m³. O investimento

realizado, em torno de R$ 6 milhões, pode ser recuperado em pouco mais de 2

anos.

020.00040.00060.00080.000

100.000120.000140.000

jan/07

fev/07

mar/07abr/0

7

mai/07

jun/07

jul/07

ago/07se

t/07out/0

7

nov/07

dez/07jan

/08fev/0

8

mar/08abr/0

8

mai/08

jun/08

jul/08

ago/08se

t/08out/0

8

nov/08

dez/08

Água captada no rio Água produzida pela estação Água de processo consumida no complexo

3145

57

8576

8489

7889

64

9183

50

76 8071

93 92

67 62

93104

88

104

0

20

40

60

80

100

120

jan /07fev/0

7

mar/07

abr/07

mai/07jun/07

ju l/07

ago/07

set/0

7out/0

7nov/0

7dez/07

jan /08fev/08

mar/08

abr/08

mai/08jun /08

jul/08

ago/08

set/08

out/08

nov/08dez/08

94

4. CONCLUSÕES

Os resultados físico-químicos obtidos na caracterização da água do Rio

Sarapuí, decorrentes de amostragem realizada antes do início do projeto são

informações importantes para o dimensionamento da estação de tratamento da água

e na escolha da tecnologia utilizada, porém, foi possível constatar que a presença

excessiva de detritos e objetos (lixo) presentes no rio prejudicaram a operação

contínua do sistema, pela obstrução causada no ponto de captação. Foi necessário

alterar o ponto de captação e realizar manutenções para evitar novas paradas do

sistema.

Outro importante fator é o impacto causado pela oscilação do índice

pluviométrico, ou seja, durante chuvas torrenciais a água captada pode apresentar

maior diluição dos parâmetros e em épocas de baixo nível do rio, há possibilidade de

captar sedimentos (considerando que o rio encontrava-se assoreado neste ponto).

Em relação ao percentual de remoção alcançado pelo sistema em estudo, foi

possível obter remoção acima de 90% quando comparamos os resultados analíticos

da água captada e da água produzida com outros estudos. A maioria dos

parâmetros obteve remoção entre 95 e 100%. Diante destes resultados concluímos

que o sistema aplicado mostrou-se bastante eficiente para produzir água de

processo de acordo com os parâmetros estabelecidos.

O percentual de recuperação, em torno de 68%, é considerado altamente

satisfatório quando comparado a estudos em plantas pilotos similares.

Depois de realizados os ajustes no processo, principalmente no ponto de

captação, nas membranas e no aumento do tempo de residência do tanque de

decantação, foi possível aumentar a produtividade do sistema, chegando a fornecer

100% da água de processo utilizada pelos processos industriais nos últimos meses

do monitoramento. Do ponto de vista sócio ambiental, após instalação deste

sistema, deixou-se de consumir cerca de 70.000 m³ de água potável por mês da

rede pública, que pode ser fornecido para a população. Considerando resultados de

DQO presente na água do rio Sarapuí, são retiradas cerca de 11 toneladas de carga

orgânica por mês do rio.

Diante dos resultados obtidos, fica evidente a eficiência do sistema analisado,

que obteve resultados positivos nos parâmetros da água produzida, produtividade

adequada à necessidade dos processos, redução nos custos para aquisição de

95

água de processo e ainda ganhos sócio-ambientais consideráveis. Conclui-se que,

atualmente, a utilização da osmose inversa integrada a sistemas convencionais de

pré-tratamento para a produção de água em escala industrial é totalmente viável,

representando uma alternativa sustentável e econômica e ambientalmente eficiente.

96

5. SUGESTÕES DE ESTUDOS FUTUROS

Este estudo pode ser aprofundado utilizando-se outros tipos de água de

alimentação, com diferentes tipos e graus de contaminação, para avaliar a

possibilidade de reaproveitamento de outras correntes aquosas. Desta forma, além

de uma planta capaz de produzir água de processo de forma sustentável, o

Complexo Industrial contaria com uma alternativa para a destinação de outros

efluentes. O rejeito salino gerado, poderia ainda ser direcionado para a ETDI

existente, caso este venha a concentrar contaminantes em valores acima de

descarte desejados.

Outra alternativa é avaliar a combinação de outras técnicas de pré-

tratamento, que podem melhorar a confiabilidade e/ou estabilidade do sistema,

aumentando a vazão produzida.

Para o Complexo Industrial sugere-se avaliar o reaproveitamento do efluente

final tratado na ETDI, que atualmente é direcionado para o rio Sarapuí. Desta forma

haveria mais uma alternativa para a obtenção de água processo, além dos ganhos

ambientais.

97

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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102

APÊNDICE A - Resultados do Monitoramento da Água Bruta – AGB (período janeiro 2007 a dezembro 2008)

Parâmetro jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07 jun/07 jul/07 ago/07 set/07 out/07 nov/07 dez/07

Condutividade AGB 866 830 1364 1270 1174 1258 1276 1571 1892 1809 1323 1075

Cor AGB 753 762 854 752 646 779 752 948 1049 861 788 795

pH AGB 7,11 7,23 7,24 7,31 7,34 7,18 7,35 7,28 7,23 7,34 7,32 7,30

Turbidez AGB 102 101 114 91 81 97 95 115 130 106 105 102

DQO 95 89 106 113 79 105 98 136 156 128 110 94

Parâmetro jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 Média 07-08

Condutividade AGB 1017 1069 950 842 1153 1037 1114 1170 1068 1013 1054 766 1165

Cor AGB 791 586 648 565 667 695 796 800 804 746 648 684 757

pH AGB 7,60 7,33 7,39 7,72 7,47 7,49 7,47 7,43 7,54 7,53 7,44 7,38 7,38

Turbidez AGB 98 78 87 75 96 100 106 114 111 103 89 94 100

DQO 107 78 88 90 89 105 142 134 116 110 87 98 106

103

APÊNDICE B - Resultados do Monitoramento do Banco de Osmose 1 (período janeiro 2007 a dezembro 2008)

Unidades jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07 jun/07 jul/07 ago/07 set/07 out/07 nov/07 dez/07

Vazão de Alimentação m3/h 84,2 85,2 78,8 80,3 79,9 78,0 77,9 77,9 76,0 73,8 75,9 71,4

Vazão de Concentrado m3/h 24,0 24,8 24,5 24,9 25,5 25,7 25,5 25,7 25,4 24,2 26,3 25,3

Vazão de Permeado m3/h 60,1 60,5 54,4 55,5 54,1 52,4 53,9 52,3 50,8 49,5 49,3 46,0

Recuperação % 71,4 70,9 69,0 69,0 67,7 67,2 69,1 67,1 66,8 67,0 71,4 70,9

Pressão Primária psi 263,0 230,4 217,2 236,0 253,7 262,3 239,7 232,8 255,3 229,0 267,1 260,2

Pressão Secundária psi 238,2 212,0 202,8 217,6 228,8 237,0 218,8 212,8 231,3 205,5 212,0 193,7

Pressão Terciária psi 214,3 187,0 180,0 190,5 202,0 213,2 190,2 187,3 200,7 171,7 167,3 153,5

Pressão Final psi 118,9 131,3 127,4 151,5 161,5 170,8 133,5 125,5 135,5 113,0 102,4 93,9

Pressão Permeado psi 14,3 14,1 16,4 21,2 20,0 19,7 19,9 19,4 18,9 13,4 5,0 0,3

Pressão Concentrado psi 15,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,7 0,7 0,0 0,0 1,9 15,2 15,5

Queda de Pressão no 1o Estágio psi 24,8 18,3 14,4 18,4 24,8 25,3 20,8 20,0 24,0 23,5 55,2 66,5

Queda de Pressão no 2o Estágio psi 23,9 25,0 22,8 27,1 26,8 23,8 28,7 25,5 30,7 33,8 44,7 40,2

Queda de Pressão no 3o Estágio psi 95,4 55,7 52,6 39,0 40,5 42,3 56,7 61,8 65,2 58,7 64,8 59,7

Queda de Pressão na Osmose psi 144,1 99,1 89,8 84,5 92,2 91,5 106,2 107,3 119,8 116,0 164,7 166,3

Condutividade da Alimentação mS/cm 1161,4 951,1 1494,9 1479,6 1266,6 1476,2 1587,2 2041,5 2486,0 2295,9 1719,7 1363,6

Condutividade do Concentrado mS/cm 4806,1 3510,9 5451,9 4564,7 4514,8 4825,9 5141,8 6255,0 7389,9 7113,3 5116,1 3967,6

Condutividade do Permeado mS/cm 34,3 49,3 75,4 64,3 57,0 85,9 101,4 126,7 149,9 155,6 38,5 39,6

Rejeição % 97,0 94,7 94,9 95,7 95,4 94,4 93,6 93,7 93,9 93,4 97,7 97,1

104

Unidades jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08

Vazão de Alimentação m3/h 69,3 74,3 74,4 76,1 80,9 78,7 75,8 83,7 84,5 85,1 83,9 84,9

Vazão de Concentrado m3/h 25,0 25,1 25,6 25,7 24,4 24,3 23,9 24,8 25,1 25,3 25,0 25,1

Vazão de Permeado m3/h 45,3 48,4 50,6 51,1 55,8 54,6 52,0 58,7 59,5 59,9 58,9 59,7

Recuperação % 65,3 65,0 69,1 67,3 69,0 69,4 68,6 70,1 70,4 70,4 70,1 70,3

Pressão Primária psi 257,1 249,6 236,0 241,1 280,5 285,5 290,4 266,7 232,0 236,9 244,7 243,0

Pressão Secundária psi 186,0 199,8 198,5 200,2 232,6 237,3 245,2 220,7 189,5 193,2 201,0 201,0

Pressão Terciária psi 142,3 148,0 145,2 150,0 183,9 193,8 199,6 183,0 159,0 158,1 157,9 160,5

Pressão Final psi 80,2 82,1 71,5 80,6 118,2 130,0 137,7 116,0 94,7 92,7 94,5 89,0

Pressão Permeado psi 14,0 19,8 19,7 19,5 22,2 22,3 21,9 21,0 21,2 19,8 20,4 20,0

Pressão Concentrado psi 4,1 0,0 0,0 1,5 1,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Queda de Pressão no 1o Estágio psi 71,1 49,8 37,4 40,9 47,9 48,2 45,2 46,0 42,5 43,7 43,7 42,0

Queda de Pressão no 2o Estágio psi 43,7 51,8 53,4 50,2 48,7 43,5 45,6 37,7 30,5 35,2 43,1 40,5

Queda de Pressão no 3o Estágio psi 62,1 65,9 73,7 69,4 65,6 63,8 61,9 67,0 64,3 65,3 63,4 71,5

Queda de Pressão na Osmose psi 176,9 167,5 164,5 160,5 162,3 155,5 152,7 150,7 137,3 144,2 150,2 154,0

Condutividade da Alimentação mS/cm 1298,2 1370,8 1149,7 990,7 1280,9 1260,0 1418,7 1438,7 1304,4 1223,9 1245,1 1207,8

Condutividade do Concentrado mS/cm 3444,8 4255,8 3784,6 2574,2 4319,3 4073,3 4850,7 5084,2 4689,9 4381,3 4465,4 4319,1

Condutividade do Permeado mS/cm 34,4 22,3 21,3 18,5 22,9 26,1 32,8 25,8 20,3 19,6 19,1 20,2

Rejeição % 97,3 98,2 98,1 98,1 98,2 97,9 97,7 98,2 98,5 98,4 98,5 98,3

105

APÊNDICE C - Resultados do Monitoramento da Água Industrial – AGI (período janeiro 2007 a dezembro 2008)

Parâmetro Faixa padrão jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07 jun/07 jul/07 ago/07 set/07 out/07 nov/07 dez/07

Alcalinidade 100 mg/l CaCO 3 25,1 73,5 64,7 62,2 31,0 24,3 33,8 18,6 17,7 29,2 11,4 14,2

Aluminio 0,06 mg/l 0,02 0,04 0,05 0,05 0,02 0,02 0,01 0,02 0,02 0,03 0,02 0,02

Amônia 0,5 mg/l 0,29 0,29 0,75 0,63 0,79 0,54 0,43 0,53 0,42 0,34 0,30 0,27

Calcio 40 mg/l 2,0 5,0 10,0 12,0 8,0 6,0 9,0 6,0 5,0 8,0 2,0 1,8

Cloretos 200 mg/l 42,3 112,8 148,6 169,2 100,5 59,2 50,8 43,2 45,1 47,9 25,3 4,1

Cloro residual livre 0.5 a 1.20 ppm 0,70 0,62 0,60 0,64 0,61 0,62 0,59 0,56 0,56 0,64 0,65 0,63

Condutividade AGI 300 ms/cm 132 156 196 151 127 218 181 194 228 172 67 62

Cor AGI 5 ppm Pt.Co. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Dureza Total 50 ppm CaCO 3 0,4 0,5 8,0 15,0 6,0 8,0 7,2 6,2 7,0 8,5 4,0 3,0

Ferro 0,05 mg/l 0,01 0,02 0,03 0,04 0,02 0,01 0,02 0,02 0,03 0,03 0,02 0,01

Manganês 0,05 mg/l 0,00 0,00 0,01 0,03 0,03 0,03 0,01 0,01 0,02 0,02 0,02 0,01

Magnésio 2 mg/l 0,04 0,04 0,04 0,06 0,04 0,07 0,20 0,04 0,09 0,21 0,13 0,04

pH AGI 6.5 – 8.5 7,13 7,11 6,92 6,97 6,99 6,88 6,75 6,69 7,15 6,91 6,93 6,75

Sílica 2 mg/l - - - - - - - - - - - -

Sulfatos 150 mg/l 0 1 2 2 0 3 4 2 2 3 2 1

Turbidez AGI 1 UNT 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Fosfato 6 mg/l 0,01 0,02 0,09 0,01 0,01 0,02 0,03 0,03 0,02 0,05 0,01 0,03

Nitrato 50 mg/l 2,0 2,0 2,0 4,5 2,0 2,0 2,0 2,0 2,6 2,1 2,0 2,0

Bicarbonatos 180 mg/l 25,1 73,5 64,7 62,2 31 24,3 - - - - - -

Coliformes fecais e totais ausência ausente ausente ausente ausente ausente ausente - - - - - -

106

Parâmetro Faixa padrão jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 Média 2008

Alcalinidade 100 mg/l CaCO 3 14,5 6,6 10,1 7,9 10,5 9,1 12,0 11,2 11,4 9,4 11,2 9,5 10,28

Aluminio 0,06 mg/l 0,02 0,02 0,03 0,03 0,03 0,03 0,01 0,01 0,04 0,01 0,02 0,02 0,02

Amônia 0,5 mg/l 0,26 0,21 0,24 0,22 0,30 0,25 0,33 0,29 0,08 0,08 0,20 0,23 0,22

Calcio 40 mg/l 2,0 2,2 2,4 2,2 2,5 1,0 0,9 0,7 0,6 0,2 0,1 0,2 1,3

Cloreto 200 mg/l 15,5 11,2 12,7 11,2 12,7 9,9 5,6 14,0 5,6 6,5 2,8 9,1 9,8

Cloro residual livre 0.5 a 1.20 ppm 0,70 0,61 0,64 0,65 0,62 0,69 0,66 0,63 0,76 0,82 0,80 0,80 0,70

Condutividade AGI 300 ms/cm 65 52 48 45 50 51 61 56 57 58 55 47 54

Cor AGI 5 ppm Pt.Co. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Dureza Total 50 ppm CaCO 3 3,0 4,0 5,0 4,0 5,0 3,0 2,1 2,5 2,4 1,2 1,6 2,4 3,0

Ferro 0,05 mg/l 0,03 0,02 0,03 0,02 0,03 0,03 0,02 0,02 0,01 0,02 0,01 0,02 0,02

Manganês 0,05 mg/l 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,03 0,03 0,03 0,02 0,01 0,02 0,03 0,02

Magnésio 2 mg/l 0,09 0,04 0,04 0,05 0,04 0,04 0,04 0,05 0,04 0,04 0,04 0,04 0,05

pH AGI 6.5 – 8.5 6,80 6,63 6,73 6,75 6,68 6,64 6,65 6,68 6,63 6,72 6,63 6,60 6,68

Sílica 2 mg/l 0,9 0,8 0,9 0,7 1 0,6 1,1 1 0,3 1,2 0,8 0,9 0,85

Sulfatos 150 mg/l 1 1 2 1 1 0,5 1 1 1 1,3 1,1 1 1,1

Turbidez AGI 1 UNT 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -

Fosfato 6 mg/l - - - - - - - - - - - - -

Nitrato 50 mg/l - - - - - - - - - - - - -

Bicarbonatos 180 mg/l - - - - - - - - - - - - -

Coliformes fecais e totais ausência - - - - - - - - - - - - -

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