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Outubro 2015

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presente edição deste outubro missionário apre-senta várias novidades. Enquanto se fala de umaIgreja em saída, na exortação apostólica A Alegriado Evangelho, o papa Francisco arma com vee-mência que é “na doação que a vida se fortalece

e se enfraquece no comodismo e no isolamento. Defato, os que mais desfrutam da vida são os que deixama segurança da margem e se apaixonam pela missão decomunicar vida aos demais” (EG 10).

No presente ano, o Dia Mundial das Missões, a sercelebrado no próximo dia 18 de outubro, reforça umavez mais, o sendo missionário de toda a ação eclesial.A data foi instuída pelo papa Pio XI, em 1926, como diade oração, promoção, divulgação e ofertas em favor daevangelização de todos os povos. A inspiração principalvem do mandato de Jesus para anunciar a Boa Nova

entre todas as nações.O papa Francisco escreveu uma mensagem para oDia Mundial das Missões deste ano tendo o Ano daVida Religiosa como pano de fundo. Francisco, em suamensagem, lembra a todos os bazados, principalmenteaos religiosos e às religiosas, que são chamados a tes-temunhar o Senhor Jesus proclamando a fé recebidacomo um presente.

O Ponce lembra ainda a celebração do quinqua-gésimo aniversário do Decreto Conciliar Ad Gentes quetem ajudado a despertar um forte impulso missionárionos Instutos de Vida Consagrada. Para muitas Con-

gregações religiosas, principalmente as de vida ava, oanseio missionário surgido no Concílio Vacano II, semdúvida, se concrezou com uma abertura extraordináriapara a missão Ad Gentes. Missão esta acompanhada peloacolhimento aos irmãos e irmãs provenientes de terrase culturas encontradas na evangelização, de modo quehoje se pode falar de uma interculturalidade difundidana Vida Consagrada. O papa Francisco lembra aos religio-sos que há uma ligação entre a consagração e a Missão.Frisa ainda que a dimensão missionária entendida comonatureza da Igreja é intrínseca a todas as formas de vida

consagrada. A Missão é ter paixão por Jesus Cristo e, aomesmo tempo, paixão pelas pessoas.Por sua vez, a Igreja no Brasil, na Campanha Mis-

sionária deste ano nos propõe como tema: “Missão éservir”. E como lema: “Quem quiser ser o primeiro, sejao servo de todos” (Mc 10, 44). A sabedoria evangélicainspira o lema da Campanha e nos lembra que, em meioà tentação do poder, da honra e do presgio, a Missão docristão é serviço, abnegação, é doação. O amor serviçalao próximo está no centro da mensagem cristã. Quemnos ensina isso é o próprio Jesus Cristo, o Filho de Deusenviado para servir.

SUMÁRIOOUTUBRO 2015/08

 OPINIÃO -------------------------------------------------04  Solidariedade a partir da Criação  Paulo Mzé

 JUVENTUDE ---------------------------------------------05  Espiritualidade do seguimento  Guilherme Cavalli

 

PRÓ-VOCAÇÕES ---------------------------------------06

 

Partamos já!  Geoffrey Boriga

 INFÂNCIA MISSIONÁRIA ------------------------------07  Metodologia da IAM hoje - Parte 2  André Luiz de Negreiros

  VOLTA AO MUNDO ------------------------------------08  Notícias do Mundo  ACI / BBC/Catholic / Herald

 ESPIRITUALIDADE ---------------------------------------10  Ser Servo do Senhor  Tomaz Hughes

 TESTEMUNHO ------------------------------------------12  Uma tenda aberta a todos

Giorgio Marengo

 

FORMAÇÃO MISSIONÁRIA --------------------------14

 

Missão é servir  Jaime Carlos Patias

 FÉ EM AÇÃO -------------------------------------------16  Cidadania corre riscos  Nei Alberto Pies

 FAMÍLIA CONSOLATA ---------------------------------17 

A arte de acolher  Francesco Pavese

  ÁFRICA ---------------------------------------------------22  Conceito de família  Isaack Mdindile

  ÁSIA ------------------------------------------------------23  Igreja reconciliadora e pacifcadora  Mário de Carli

 

DESTAQUE DO MÊS -----------------------------------24

 

Rostos da imigração no BrasilJudinei Vanzeto

 MISSÃO EM CONTEXTO -----------------------------26  "Wamarëkt poma": nos tomaram consigo  Corrado Dalmonego

 BÍBLIA ----------------------------------------------------29 

Missionário e servidor  Boris A. Nef Ulloa

 ENTREVISTA ---------------------------------------------30  A nova Missão em Luanda  Joaquim Gonçalves

  ATUALIDADE ---------------------------------------------32  Isso que vimos e ouvimos  Claudio Cobalchini

 

 VOLTA AO BRASIL --------------------------------------34

  Adital / CNBB / Folha de São Paulo / IHU

E D I T O R I A L

EU VIM PARA SERVIR

1. Por uma Igreja em saída. Abramos nosso coração para

sermos discípulos missionários.Foto: Cleber Pires

A

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 Ano XLII - Nº 08 Outubro 2015

Rua Dom Domingos de Silos, 110

02526-030 - São Paulo

Fone/Fax: (11) 2238.4595Site: www.revistamissoes.org.br 

E-mail: [email protected] 

Redação

Diretor: Paulo Mzé

Editora: Maria Emerenciana Raia

Equipe de Redação: Rosa Clara Fran-zoi, Joseph Mampia, Stephen Ngari,Isaack Mdindile, Geoffrey Boriga e Car-los R. Marques

Colaboradores: André L. de Ne-greiros, Boris A. Nef Ulloa, FrancescoPavese, Marcus E. de Oliveira, Nei A.Pies, Edson L. Sampel, Mário de Carli, Joseph Onyango Oye, Joaquim Ferreira

Gonçalves, e Jaime C. Patias

 Agências:  Adita l, Asia News, CIMI,CNBB, Ecclesia, Fides, POM, Misna e Vaticano

Diagramação e Arte: Cleber P. Pires

 Jornalista responsável:Maria Emerenciana Raia (MTB 17532)

 Administração: Luiz Andriolo

Sociedade responsável: Instituto Missões Consolata(CNPJ 60.915.477/0001-29)

Impressão: Gráfca Serrano

Fone: (11) 2201.4449

Colaboração anual: R$ 65,00BRADESCO - AG: 545-2 CC: 38163-2

Instituto Missões Consolata

(a publicação anual de Missões é de 10 números)

MISSÕES é produzida pelosMissionários e Missionárias da Consolata

Fone: (11) 2238.4599 - São Paulo/SP  (11) 2231.0500 - São Paulo/SP  (95) 3224.4109 - Boa Vista/RR 

Membro da PREMLA (Federação de

Imprensa Missionária Latino-Americana).

ISSN 2176-5995

história de 100 anos deevangelização da MissãoMaturuca, em Roraima,remonta ao ano de 1915,quando o padre Inácio,

 jesuíta, foi chamado pelo tuxaua(líder indígena) Arbath para dar

catequese aos Macuxi. Depois depadre Inácio, chegou à região opadre Alquino e ainda os domini-canos, até que em 1948, os mis-sionários da Consolata assumiramo trabalho e estão presentes atéhoje no estado.

 Comemorando es-ses 100 anos de pre-sença da Igreja, o povocelebrou uma grandefesta que teve início

no dia 10 de setembrocom procissão, pales-tras e celebrações. Noquarto dia, o bispo deRoraima, dom RoquePaloschi, recém-eleitopresidente do CIMI, esteve presentee celebrou a Eucarisa junto a umagrande assembleia.

Foram recordadas as grandeslutas, os sofrimentos, as tribula-

ções, perseguições e angúsas,mas, também as grandes conquistasdos Povos Indígenas, suas vitórias ealegrias. A decisão de 26 de abril de1977 de proibir a bebida alcoólicana comunidade ajudou em duasgrandes conquistas: a demarcaçãoe homologação da Terra IndígenaRaposa Serra do Sol e a visita dopresidente da República, Lula, quefoi ao Centro Maturuca em 2010.

Outras avidades foram rea-

lizadas este ano na região, como

o primeiro júri popular, ou seja,o primeiro julgamento dentro deuma terra indígena na história doBrasil, no dia 23 de abril, na Ter-ra Indígena Raposa Serra do Sol,especificamente na Região dasSerras - Centro Regional Matu-ruca; a primeira Assembleia paradiscussão do regimento da Terra

Indígena Raposa Serra do Sol, queaconteceu entre os dias 29 e 30 de junho; uma semana missionária empreparação à festa dos 100 anosde evangelização, que aconteceuentre os dias 24 e 30 de agosto econgregou 11 padres que trabalham

na diocese de Roraima e muitasirmãs, além de jovens, catequistase lideranças. Foram formadas 12equipes que visitaram mais de 50comunidades entre 72 da região; e

nalmente, a visita do presidentedo Supremo Tribunal Federal, queaconteceu no dia 4 de setembro,ao Centro Maturuca.

Os Povos Indígenas da regiãoagradecem aos missionários quetrabalharam e aos que ainda tra-balham e vivem com eles. Eles sedoaram e connuam se doando,comungando de suas lutas, de suasalegrias e tristezas.

Philip Njoroge, imc, é missionário em Roraima.

Tudo começou há

100 anos...

OUTUBRO 2015 MISSÕES   3

de Philip Njoroge

A

   A   R   Q   U   I   V   O

   I   M   C

Missionários celebrando 100 anos de evangelização.

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Solidariedadea partir da Criação

az alguns meses que o papa Francisco publicou

a carta encíclica Laudato Si’  sobre o cuidadoda casa comum. Sua repercussão ainda é es-tonteante em muitos ambientes, e não só nosmeios eclesiais.

A encíclica remete-nos a pensar na ecologia enten-dida como a arte das relações. Portanto, a ecologia émais que o meio ambiente,ela se estende às relaçõesentre todos os seres quecompõem o universo. O devirecológico é o da harmoniada singularidade de cada

ser e de todos os seres en-tre si: Trata-se da utopia daharmonia cósmica, marcadapela relação entre todos osseres através do respeito, dodiálogo, da complementari-dade, da interdependência,da comunhão total.

A encíclica do papa tem aver com a ecologia, à medidaque também faz uma críca explícita sobre o sonho

da riqueza ser construído como solução úlma paraos problemas econômicos. Portanto, se olhássemosa natureza como nossa casa, pleroma ou extensãodo corpo de Deus, com certeza teríamos uma atudemais reverencial a esses bens criados para nossa feli-cidade e não para a ganância de alguns poucos. Pois,a criação é, toda ela sacramento divino, coroado peloser humano, imagem e semelhança de Deus.

Concepção de casaO termo ecologia nos remete à concepção de casa.

A imagem da casa fala por si mesma. O cosmos é o

lugar de todos os seres da natureza, é o lugar onde

F

de Paulo Mzé

as relações são calorosas, onde as interações mútuassão estabelecidas a parr de laços de humanidade e,portanto, de igualdade. Nada existe por si mesmo,mas graças a relações interdependentes que anulamtoda prepotência.

Nos evangelhos aparece frequentemente o ter-mo casa, com muitos conteúdos semâncos: lar,família, nação, povo, templo, santuário. Na maioriados textos bíblicos como no de Mc 2, 1-11 a casaaparece como ponto de chegada de um movimento.

O uso deste termo está carregado de signicado.Na realidade, é usado como gura de realidadescomunitárias, mais ainda, como gura do reino de

 jusça e de paz.A abordagem ecológica da Laudato Si’ coinci-

de com o surgimento de um “novo paradigma”.que considera a realidadede forma holísca, isto é,como um todo compostode diversidades organica-mente inter-relacionados einterdependentes. Este todo

se encontraria carregado deuma energia que dinamizainteiramente e estabeleceàs diversidades uma comple-mentaridade fundamental. Aavidade holísca-ecológicaque deriva desse paradigmacomporta uma negação doantropocentrismo.

Em nossos dias percebe-mos que quase sempre o social está inmamente

ligado ao ecológico. Pois, a exploração do homempelo homem gera a exploração da natureza e, conse-quentemente, a sua devastação. Por isso, entendemosque quase sempre a injusça social leva à injusça evice-versa. Porque quando não se tem mais respeitopelo seu semelhante, não se tem mais respeito portudo aquilo que compõe o seu ambiente.

Lendo a encíclica do papa Francisco Laudato Si´, sobre o cuidado da casa comum, fazemos votos deque a pobreza não connue sendo o nosso maiorproblema ambiental.

Paulo Mzé, imc, é diretor da revista Missões.

OPINIÃO

Quando não se tem mais respeitopelo seu semelhante, não se tem

mais respeito por tudo aquilo quecompõe o seu ambiente.

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ara ser discípulo missionário do Nazareno épreciso assumir o seu projeto e se dispor arealizá-lo como povo peregrino. O processode seguimento que se realiza após a escutae o encontro com o próprio Mestre, necessa-

riamente implica em assumir o projeto de Deus comoresposta às urgências do mundo, conforme arma oDecreto Ad Gentes. “Como Cristo, por sua Encarnação

ligou-se às condições sociais e culturais dosseres humanos com quem conviveu; assimtambém deve a Igreja inserir-se nas sociedades,para que a todas possa oferecer o mistérioda salvação e a vida trazida por Deus” (AG,10). Na, verdade, a Igreja e a sociedade fazemparte da mesma realidade.

As juventudes, por serem agentes e des-natárias dos novos desaos da evangelização,são especialistas em compreender a realidadee dar respostas aos seus problemas. Por isso,é imprescindível que os jovens alimentem

um seguimento a Jesus por meio de umaespiritualidade encarnada, para não correr orisco de fugir da realidade. Isso normalmen-te acontece quando os jovens seguem umaespiritualidade inmista, desprovida de qualquerpresença proféca e evangélica, chegando a umaespiritualidade sem Jesus.

Projeto de vidaDentre as várias guras de Jesus no imaginário

religioso, algumas são apenas caricaturas. Para não

haver equívocos, é preciso se perguntar: quem éaquele que desejo seguir? Como viveu? Com quemandou? Invesgar a vida daquele que desejamostomar como exemplo é buscar caracteríscas e açõesreais para imitá-lo. Em Jesus, podemos compreendero projeto que Deus tem para seus lhos e lhas. Issoé fundamental para que as juventudes não busquemum Jesus distorcido de sua missão, com poder, glória,status ou modismo. Quando zermos um encontrocom Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem,carne e espírito, humano e divino, estaremos maisatentos às causas da humanidade, conforme Seu olhar

e Sua sensibilidade. Nesse sendo, ser sensível às

PTexto e foto de Guilherme Cavalli questões de jusça e paz é comprovar o seguimento

a Jesus. Isso acontece quando o jovem esver cientede que seu basmo é compromisso e por isso, sua

 juventude deve ser doada na missão, deve ser vidapelas vidas, a exemplo dos márres. “O seguimentode Jesus é fruto de uma fascinação que respondeao desejo de realização humana, ao desejo de vidaplena. O discípulo é alguém apaixonado por Cristo,a quem reconhece como Mestre, que o conduz eacompanha” (DA, 277).

Todo cristão que deseja seguir Jesus “se alimentade uma verdadeira paixão por Ele, de uma amizadesingular, (...) de uma compenetração inmíssima,comunhão mesmo”, arma dom Pedro Casaldáliga.Quando as juventudes realmente comungam comJesus, se tornam um perigo, pois Deus se fez carnepara incomodar, desinstalar e pôr m à opressão,

dando dignidade ao seu povo. Para desempenhar suamissão, a Igreja e em especial as juventudes em suavitalidade, devem perscrutar os sinais dos tempos einterpretá-los à luz do Evangelho. Assim poderão darrespostas de maneira mais adequada a cada tempo econtexto, “às eternas perguntas dos seres humanosacerca do sendo da vida presente-futuro”. Para isso,“é necessário conhecer e entender o mundo em quevivemos, as suas esperanças e aspirações” para ser-mos discípulos seguidores de Jesus e assumirmos oseu projeto de vida hoje (cf. GS, 4).

Guilherme Cavalli é Secretário Nacional da Pontifícia Obra da Propagação da Fé.

JUVENTUDE

O seguimento à pessoa de Jesus exige uma inserção

social, como sinal deuma espiritualidade

contextualizada.

Espiritualidadedo seguimento

Intercâmbio da Juventude Missionária do Centro-Oeste, Varjeão, Brasília, DF.

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http://slidepdf.com/reader/full/outubro-2015-568e076f5d9e9 6/36Dezembro 2013 -OUTUBRO 2015 MISSÕES6

PRÓ-VOCAÇÕES

de por todo o mundo, anunciai a Boa Nova atoda a criatura”, este é o mandato de Jesus. Osmissionários da Consolata querem recordar a

todos os bazados sua vocação missionária.Para anunciar Jesus são precisos pés paracaminhar, mãos para construir. São precisos homense mulheres que se entreguem à causa missionária.Você está fazendo sua parte?

Jesus insistentemente nos recorda, “assim comoo Pai me enviou, também Eu vos envio. Recebei oEspírito Santo!” (Jo 20, 21). A missão da Igreja con-

nua a missão de Cristo com todo o poder que o PaiLhe deu. Jesus enviou seus discípulos, que levaramo Evangelho a todos os cantos da terra. E a missãoconnua. Por isso, é com urgência que todos nós,bazados, devemos responder com toda disponi-

bilidade a este apelo missionário. Vamos parr já!

"I

de Geoffrey Boriga

Medo do diferenteQuando temos que parr para longe e viver em

situações diceis, há sempre o medo do diferente.Por outro lado, há uma alegria de perceber o quantonos enche o coração doar a vida, acolher a novidadecomo um dom, enriquecer-nos com as outras cul-turas. Mesmo em situações diceis, é melhor quecar acomodado. É importante lembrar que quemvai a uma missão não retorna empobrecido e sim,enriquecido humana e espiritualmente.

O papa Francisco também insiste nessa saída mis-

sionária: “el ao modelo do Mestre, é vital que hojea Igreja saia para anunciar o Evangelho a todos, emtodos os lugares e em todas as ocasiões, sem demora,sem repugnâncias e sem medo. A alegria é para todoo povo. Ninguém pode car excluído” (Evangelii Gau-dium, 23). Acolhamos este convite para colaborar naconstrução do Reino de Deus aqui e agora, para quetoda a humanidade experimente a felicidade eterna.

A cada um de nós, resta responder às seguintesperguntas fundamentais: como, quando, com queme onde parcipar da ação missionária?Feliz mês das Missões!  

Geoffrey Boriga, imc, é seminarista queniano em São Paulo, SP.

Partamos já!O mês missionário de

outubro nos impulsione aseguir Jesus mais de perto.

Acampamento da Juventude Missionária, RS.

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a edição de setembro, publicamos a primeiraparte de sugestões de roteiros para o trabalhoda Infância e Adolescência Missionária comgrupos. Nesta edição, damos connuidade,com as sugestões das outras três semanas.

Segunda semana:

espiritualidade missionáriaQuando os/as adolescentes do grupo colocaremem comum o que pesquisaram na Bíblia e em outrostextos, saberemos o que Deus pensa sobre essa rea-lidade. E os(as) adolescentes da IAM serão ajudadosa “senr como Jesus sena”. Esta é a espiritualidademissionária.

Aconselha-se que neste encontro haja uma meiahora de deserto, no qual cada membro do grupo,em silêncio, tentará interiorizar o pensamento e osenmento de Deus.

Provavelmente, o painel irá se enriquecer de

citações bíblicas, e, nossa vida cristã, fortalecer-se econcrezar-se. O encontro, mais uma vez, deixará aosmembros do grupo duas tarefas: primeira: comunicar(anunciar) - com a vida, primeiro, e depois tambémcom a palavra - em casa, aos colegas, no catecismoe na escola, as coisas aprendidas e experimentadas;segunda: cada adolescente procurará apontar umcompromisso, uma ação que o grupo possa realizar,para que a realidade se torne mais semelhante aoprojeto de Deus.

Terceira semana:compromisso missionárioAs propostas pensadas durante a semana pelos

integrantes do grupo são colocadas em comum ediscudas. Será escolhida aquela que - dentro daspossibilidades do grupo - alcançar mais de pertoos(as) missionários(as) que trabalham em terrasdistantes, os povos de outros connentes e culturas,as situações mais urgentes e precárias.

O grupo não recusará os apelos que lhe vêm darealidade local, sobretudo daqueles que ninguématende, mas sem esquecer que o seu carisma espe-

cíco é a dimensão além-fronteiras.

Metodologiada IAM hoje  Pa r te  2

INFÂNCIA MISSIONÁRIA

Nde André Luiz de Negreiros Poderá ser mui-

to proveitoso, nes-te sentido, acom-panhar a vida dosmissionários(as),lendo suas revistas,convidando os/asque passam pela pró-pria região a visitaro grupo, mantendo

correspondênciacom algum deles(as).O encontro termina-rá com duas tarefas:primeira: realizar ocompromisso decidi-do no grupo; segun-da: cada membro dogrupo pensa numamaneira para envol-ver outras pessoasna caminhada feita.

Quarta semana:vida de grupo(testemunhomissionário)

É um encontrofestivo, aberto atodos, sobretudoa quem nunca éfestejado, nunca élembrado, nunca é

chamado a parci-par. São colocadasem comum as propostas pensadas durante a semana.A mais apoiada é escolhida e organizada. Desta vez, oencontro termina com três tarefas: primeira: preparare realizar a celebração combinada; segunda: escolhero tema a ser trabalhado nas próximas Quatro ÁreasIntegradas; terceira: juntar informações e subsídiospara formar o quadro da realidade do novo tema aser estudado, pensado, modicado e celebrado naspróximas etapas.

André Luiz de Negreiros é Secretário Nacional da Pontifícia Obra da IAM.

3ª Jornada da IAM, Umuarama, PR.

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   O   L   T   A

   A   O   M

   U   N   D   O

Fontes: ACI, BBC/Catholic, Herald.

Para o arcebispo, a situação é trágica: “que-rem atropelar os direitos humanos: invademas casas, cometem roubos, os tratam comoanimais na fronteira”. A medida ocorre emmeio à grande crise econômica que assolao País. A inação venezuelana, que no anopassado foi de 62%, pode chegar a 200% aom deste ano.

Vaticano Aborto e nulidade matrimonial

O papa Francisco anunciou no dia 1º desetembro que vai permir aos padres cató-licos dar o perdão a mulheres arrependidasque tenham feito aborto, assim como aosmédicos que o realizaram. A declaração foifeita em carta detalhando as medidas queconcederá no próximo ano do Jubileu daMisericórdia. Foram anunciadas ainda no

dia 8 de setembro, as principais mudançasdedicadas pelo papa em relação aos pro-cessos de nulidade matrimonial. O objevodo Ponce não é favorecer a nulidade dosmatrimônios, mas a rapidez dos processos,simplicando-os a m de que, por causa deatrasos no julgamento, o coração dos éisque aguardam o esclarecimento sobre seuestado “não seja longamente oprimido pelastrevas da dúvida”. As alterações constam nosdois documentos Mis Iudex Dominus Iesus’(Senhor Jesus, meigo juiz), para o Código de

Direito Canônico, e Mis et Misericors Iesus( Jesus, meigo e misericordioso), para o Códigodos Cânones das Igrejas Orientais.

TurquiaMenino morto aviva comoção

A morte de 12 pessoas na Turquia, simbo-lizada na imagem do corpo de Aylan Kurdi,de três anos, à beira do mar, escancaroua tragédia dos milhares de refugiados quetentam chegar à Europa. Feita no dia 2 de

setembro, numa praia de Bodrum, a foto foidivulgada pela agência turca de nocias DHA.As 12 pessoas foram idencadas como síriosque estavam em dois barcos que naufragaramcom 23 pessoas em direção à ilha grega deKos. As imagens espalharam-se pelas redessociais e ganharam repercussão no momentoem que a Europa discute como lidar com oque considera o maior uxo de refugiadosdesde a Segunda Guerra Mundial.

FrançaCalais: lugar de violência e morte

O bispo de Troyes, dom Marc Stenger, disseno dia 3 de agosto, que “quando um túnel

sob o mar que liga dois países se torna umlugar de tensão, violência e morte, é hora deacordarmos”. Calais é uma cidade portuárialocalizada no ponto em que o Canal da Manchaé mais estreito e, desde 1994, ca próximaao túnel que liga a França e a Inglaterra porbaixo do canal. A cidade possui milhares deimigrantes ilegais acampados, que desejamcruzar o canal para viver no Reino Unido. Asautoridades francesas esmam o número deimigrantes no acampamento, conhecido como“a selva”, em 3 mil pessoas. Os imigrantes

chegam à França pela Itália, muitas vezesapós terem cruzado o Mar Mediterrâneopara fugir da guerra e da miséria, de paísescomo Eritreia, Paquistão, Síria, Irã e Sudão,entre outros.

VenezuelaDeportação em massa

O arcebispo de Coro, na Venezuela, domRoberto Lückert, disse que as ações do atualgoverno venezuelano constuem um “atro-

pelamento dos direitos humanos” e umabarbaridade. Após o ferimento de três sol-dados venezuelanos - atacados, segundo ogoverno, por paramilitares colombianos -, opresidente Nicolás Maduro decretou estadode emergência e pediu o fechamento dasfronteiras com a Colômbia em seis municípiosdo estado de Táchira. Porém, o governo nãose limitou a fechar fronteiras: mais de milcolombianos que viviam na região foramdeportados e 2,4 mil casas foram revistadaspela Operação Libertação do Povo (OLP), das

quais 600 foram marcadas para demolição.

OUTUBRO 2015 MISSÕES8

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projeto Ad Gentes é um convite a fortalecero nosso espírito missionário. A Ásia em geralé reconhecida, como uma área onde as reli-giões desempenham um papel importante na

vida do povo. É também o berço de muitasoutras tradições espirituais com diferentes graus deritual estruturado e ensinos formais. Recentemente,

INTENÇÃO MISSIONÁRIA

de Joseph Onyango Oiye

O

Para que, com espírito missionário,as comunidades cristãs do

continente asiático anunciem oEvangelho a todos aqueles queainda não o conhecem.

o connente tem sido redescoberto como a novafronteira da Igreja.

Na Ásia, os católicos são mais de 130 milhões,

estando o seu número em crescimento, em face deanos anteriores e há cada vez mais padres a seremordenados, ao contrário do que se vericam emoutros connentes.

Neste connente se percebe um espírito religiosoprofundo, demonstrado pelo fato que foi o berço dasmaiores religiões mundiais: judaísmo, hinduísmo,budismo, confucionismo, xintoísmo, islamismo etc.

Atualmente, o grande desao da vida missionáriana Ásia é o fato de cada religião tentar elaborar seuconteúdo por si. E os nossos missionários e éis

estão fora disso? Não! A Igreja também se encontranesse desao, dando foco mais para cuidar de suasestruturas já estabelecidas do que propriamente da

missão Ad Gentes. Encontram-se tambémcertas perseguições por parte dos funda-mentalistas destruindo as igrejas e escolascristãs. Através da Igreja, percebe-se ostrabalhos nas periferias como a opçãopelos pobres, trabalhos com educação,higiene, jusça e paz, e diálogo inter--religioso.

Igreja a serviçoÉ evidente que os asiácos respeitam

e esmam a Igreja pelo serviço generosoque ela presta em escolas, hospitais, or-fanatos, com portadores de deciênciae idosos, centros para marginalizados,projetos de desenvolvimento etc.

É através dessa atude que o papaconvida os cristãos asiácos à Missão

 Ad Gentes. Que tal levar aos connentesessa riqueza de religiosidade e apoio ma-

terial exibida pelos asiácos e parlharas alegrias e as esperanças, as tristezase ansiedades com todo mundo?

Essa intenção é uma oportunidadeexcelente para conduzir a Igreja na Ásia auma maior compreensão e parlha com asculturas e religiões em outros connentes.É assumindo os aspectos posivos dastradições asiácas que a Igreja crescerá,até tornar-se parte integrante da vida eidendade do povo em todo o mundo.

Joseph Onyango Oiye, imc, é seminarista queniano em Brasília, DF.Missa de ordenação diaconal de jovem lipino em Hong Kong.

   Á   L   V   A   R   O

   P   A   C   H   E   C   O

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ESPIRITUALIDADE

de Tomaz Hughes

Evangelho de Marcos de-monstra que os discípulosnunca conseguiram enten-der Jesus. No capítulo 8,versículo 21 encontramos

o desabafo do Mestre diante dosDoze, “vocês ainda não compre-endem!” Como era possível queo grupo mais ínmo de Jesus nãoconseguisse entendê-Lo? Não erapor falta de amor à Ele, nem por faltade boa vontade ou de inteligência.Marcos abre e fecha o trecho onderevela a missão de Jesus e o queé necessário para segui-Lo (Mc8, 22-10, 52) com as histórias decura de dois cegos. Começa com

a do cego de Betsaida (Mc 8, 22-26) e termina com a do cego deJericó, Barmeu (Mc 10, 46-52).Parece indicar que os discípulos

O

Ser Servo

do Senhoreram incapazes de reconhecer averdade sobre Jesus, porque eram“cegados”. Eram “cegados” pelaideologia religiosa vigente, que es-perava um Messias “Filho de Davi”com expectava de triunfalismo,poder e glória, enquanto Jesus seentendia como “Servo do Senhor”,

na humildade, fraqueza humanae solidariedade. Aqui encontra-mos a chave para entendermos aidendade e missão de Jesus, e,portanto a nossa.

O BatismoOs evangelhos sinóticos, ou

seja, os de Marcos, Mateus e Lucas,iniciam a vida pública de Jesus como seu basmo por João. Mateusdiz que “do céu veio uma voz: Este

é o meu Filho amado, que muitome agrada”. Estas palavras nosremetem a Is 42, 1: “meu bemamado que me aprouve escolher”.

Isaías apresenta o Servo que nãolevanta a voz (42, 2), nem vacila,nem é quebrantado (42, 4). O textohebraico usa um termo que signi-ca “servo” e não “lho” (‘ebed )e a tradução grega da Septuagintausa o termo grego  pais às vezespara traduzir “servo”, mas também

“lho”. Mateus une em Jesus duasguras profécas - a do Filho dadescendência real davídica e a doServo de Javé. Assim prevê que omessianismo de Jesus implica avocação do Servo, e rejeita pre-tensões triunfalistas. O Basmoé para Jesus o assumir público dasua missão como Servo.

Na nossa cultura, existe umarejeição diante do termo “servo”,devida à história de escravidão. Mas

para um judeu piedoso do primeiroséculo, esse tulo não teria nadade rejeição mas seria entendidocomo do mais alto louvor. O ou-vinte recordaria muitos trechosda Escritura, especialmente o quechamamos “Os Quatro Cantos doServo de Javé” do profeta Deutero--Isaías. Esses textos se encontramem Is 42, 1-9; 49, 1-9ª; 50, 5-11;52,13 e 53,12. Os primeiros cris-

tãos releram esses textos à luz davida, paixão, morte e ressurreiçãode Jesus, dando-lhes “pleno cum-primento”, ou seja, achando nelesum sendo mais profundo quandolidos à luz do mistério de Jesus,o verdadeiro “Servo do Senhor”.Para que entendamos melhor asatudes, ações e ensinamentosde Jesus, torna-se imprescindívelconhecer e aprofundar esses tex-tos vetero-testamentários. Como

discípulos-missionários/as de Jesus,

Fixemos os olhosem Jesus, oServo do Senhor,“luz para asnações” e sejamosseus discípulos

missionários.

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humilhado; as muldões que o

oprimiram se quesonam se naverdade ele não era o Justo deDeus; o profeta mesmo pede queo Senhor aceite e recompense talgenerosidade do Servo e tornefecundo tal sofrimento e Deusgarante que o seu Servo atrairápara si muldões humanas e lhesdispensará jusça. Os primeiroscristãos facilmente idencavam agura desse Servo Sofredor com a

gura de Jesus e os relatos da paixãoenfazam diversos elementos quepodemos encontrar nesse textodo tempo do exílio na Babilônia.Jesus se tornou o Servo Sofredorpor excelência, trazendo a reden-ção à humanidade, solidário coma raça humana, especialmente ossofridos e humilhados, e nuncaperdendo a sua conança na açãodo Senhor Deus.

Foi assumindo a forma do Servo

Sofredor, com a sua espiritualidadee missão, que Jesus nos mostrou ocaminho. Assim deve ser o nossocaminho hoje, a não ser que quei-ramos trair a nossa idendade emissão. Não caiamos na cilada deinventar um Jesus insosso e alie-nado, tão em voga hoje. Fixemosos olhos em Jesus, o Servo doSenhor, “luz para as nações” “semaparência nem beleza” “esmagado

por nosso crimes” mas através decuja delidade à missão “por suasferidas veio a cura para nós”. Nãoesqueçamos que, se buscarmosessa delidade e esse caminhodo Servo, seremos “O meu Servoem quem me compraz” (cf Mc 1,11). Digamos e vivenciemos comMaria “Eis a Serva, o Servo, doSenhor”!

Tomaz Hughes, SVD, é missionário irlandês do Verbo

Divino, morando em Curitiba, PR.

“não quebrará a cana que já estárachada, nem apagará o pavio queestá para se apagar” (Is 42, 3). ODocumento de Aparecida relem-bra a todos os cristãos que: “odiscípulo missionário há de ser umhomem ou uma mulher que tornavisível o amor misericordioso do

Pai, especialmente para os pobrese pecadores” (nº 147).

“Faço de você uma Luz para as nações...” (Is 49, 6) 

O segundo Cânco descreve ascaracteríscas da missão profécado Servo, que recebe a missão deunir os povos de todas as nações.“Faça de você uma luz para as

nações, para que a minha salvaçãochegue até os conns da terra” (Is49, 6). Mateus relê essa missãodo Servo, e faz com que o próprioSenhor Jesus a passe adiante aosseus discípulos(as), à Igreja (Mt28, 19-20).

“O Senhor Javé abriumeus ouvidos e não fzresistência nem recuei”.

(Is 50, 5) O terceiro Canto enfaza que

quem sempre toma a iniciavaé o Senhor: “O Senhor me deu acapacidade de falar como discí-pulo, para que eu saiba ajudar osdesanimados com uma palavra decoragem. Toda manhã ele faz meusouvidos car atentos para que possaouvir como discípulo” (Is 50, 1-2).A vida de Jesus mostra que ele tem

essa atude de aprender do Pai, enão faz resistência, o que é, paranós, um grande desao.

“Eram as nossas doençasque ele carregava, nossasdores que ele levava”.(Is 53, 4) 

O quarto Canto é importantena celebração da Sexta-feira Santa.A estrutura do canto é clara: Deusanuncia a exaltação do seu Servo

achamos neles muitas frases quenos ajudam a entender melhor anossa idendade, espiritualidade

e missão hoje, como seguidores eseguidoras d’Ele que era o Servodo Senhor por excelência.

“Não quebrará a cana que

está rachada....” (Is 42, 3) 

O primeiro Canto lembra que foiDeus que chamou o Servo e o sus-tenta sempre, com o seu Espírito.Urge relermos esses versículos à luz

da nossa vivência cristã. Devemoster certeza de que Deus chamoucada um de nós e nos tornou osseus servos e servas amados, ape-sar das nossas quedas. Tambémo texto enfaza que o dom do Es-pírito não é para uma consolaçãopessoal, mas em função da missão,a serviço do povo, “Ele não gritaránem clamará, nem fará ouvir a suavoz na praça” (Is 42, 2). O Servoserá sempre presença compassiva,

misericordiosa e animadora, pois

Deus chamou cadaum de nós e nostornou seus servos eservas amados.

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TESTEMUNHO

egundo dados recentesdas Nações Unidas (2012) ,53% dos cidadãos da Mon-gólia declaram-se budis-

tas, enquanto que 38%se declaram não seguidores denenhuma religião. O restante, 5%são muçulmanos, 2% seguem o xa-manismo e 2% são cristãos. Entrea minoria cristã, só um pequenogrupo participa da Igreja CatólicaRomana, menos de um milheiro deindivíduos entre uma populaçãode 3,2 milhões. Não obstante,eu (padre Giorgio) represento

um grupo que estatisticamenteconta só 0,02% num país onde amaioria é budista.

Este ano, foi para mim umagrande honra estar presente emBodhgaya, um dos mais sagradoslugares da tradição budista, paraseguir o quinto Encontro Budista--Cristão, com representantes dosdiferentes países asiácos. EsseEncontro, único no seu gênero,só foi possível graças ao trabalho

incansável do Poncio Concílio

de Giorgio Marengo

S para o Diálogo Inter-religioso eo comitê local em Bodhgaya, noestado de Bohar, Índia. Foram doisdias intensos, (12 e 13 de fevereiro),somente para nos ouvir uns aosoutros, parlhando experiências,empenhando-nos na realização

de uma efetiva colaboração aovoltarmos para os nossos respec-vos países.

Poucos, mas bonsPor quanto nos diz respeito,

não obstante os números insig-nificantes, a nossa experiêncianas terras de Gengis Khan, temprofundas raízes históricas: naMongólia as relações entre bu-distas e cristãos sempre tiveram

as mais fortes ligações. A cristan-

dade nestoriana, (o nestorianis-mo é uma doutrina que recusaa natureza humana e divina deCristo, afirmando a total separa-ção uma da outra) - na Mongóliaesteve presente já no século VIIIe acostumou-se a coexistir com atradição budista proveniente doTibete. No cenário multiético e

multirreligioso do grande impériomongol, o governo dos Khan des-de o seu nascimento foi sempreparticularmente tolerante comas religiões praticadas nos seusterritórios. Por isso, em nossoempenho atual para promovero diálogo e a compreensão recí-proca, podemos fazer referênciaa uma história positiva de intera-ção pacífica, e compartilhar estaexperiência na Ásia e no restante

do mundo.

Depois do comunismoDepois das mudanças medie-

vais, sustentadas também poriniciativas diplomáticas entreos pontífices romanos e os im-peradores mongóis, as mútuasrelações se reduziram, até qua-se desaparecer, por causa dadiminuição dos cristãos, muito

isolados de suas lideranças e aconcorrência e crescimento dobudismo que aos poucos foi setornando a religião do estado.O “reencontrar-se” de budistase cristãos nos tempos mais mo-dernos, aconteceu num momentocrítico da história do país, numperíodo marcado por muitaslágrimas. Quando os primeirosmissionários tiveram o visto deentrada, no início dos anos 1990,

a Mongólia estava recuperando-se

Os católicos na Mongóliasão uma pequena minoria.

Mas, o diálogo com obudismo majoritário éfundamental. Reexõesde um missionário da

Consolata depois de umencontro inter-religiosocristão-budista na Índia.

Uma tenda

aberta a todos   F   O   T   O   S  :   A   R   Q   U   I   V   O

   P   E   S   S   O   A   L

Padre Giorgio Marengo (centro) entre lideranças religiosas de outras denominações.

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lentamente, depois dos 70 anosde regime comunista, duranteos quais o budismo sofrera du-ras perseguições com milharesde monges condenados à mortee forçados a abandonar o seucredo, considerado um perigosoobstáculo para a sociedade ateia,

importada da União Soviética.A rápida mudança do siste-

ma comunista, contra uma frágildemocracia, realizava-se numcontexto de pobreza difusa. Foibem clara a chamada da Igrejapara se envolver nas iniciativasda promoção social. Missionárioscristãos de várias denominaçõescomeçaram a realizar projetos dedesenvolvimento humano dos

mais variados tipos: da simplesinserção nas áreas pobres para

ajudar a população, a programasem larga escala na área da edu-cação e saúde. O Vaticano foio primeiro a ser formalmenteconvidado a estabelecer relaçõesdiplomáticas com a Mongólia.

Assim a Igreja Católica, diferen-temente de outros grupos cris-tãos, está até hoje presente nopaís de modo oficial. Nestes 23anos de presença legal, a IgrejaCatólica sempre teve um papelpreponderante na promoção dosdireitos humanos e na luta totaldas consequências da pobreza edo subdesenvolvimento. Onde aslágrimas caem em abundânciano rosto das pessoas, a Igreja se

apressa a agir, porque se identi-

fica com estes que sofrem com omesmo Cristo; assim, as ações decaridade tornam-se uma respostanatural e não um subterfúgio paraconseguir adeptos. Como cristãos,num país budista, partilhamosnossas experiências espirituais enossos bens materiais, porque nós

acreditamos firmemente que, “afraternidade enxuga as lágrimas”.Também podemos lembrar aquiuma lista de iniciativas da Igre-

 ja: os Centros de Acolhida parapessoas abandonadas das peri-ferias da capital; muitas escolasinfantis, projetos de atendimentoàs crianças carentes; projetosde recuperação da agricultura;uma clínica para atendimento

aos desorientados; um centrocultural de nível superior, com

experiências práticas. Sim, até ohorizonte cultural do desenvolvi-mento, constantemente marcou oempenho da Igreja para um cres-cimento harmonioso dos nossosvalores comuns, sobre os quais é

construída uma sociedade justae pacífica.

Plantar a própria tendaComo hóspedes e peregrinos

das esplêndidas estepes da Ásiacentral, plantamos, humildemen-te, a nossa tenda no meio do povo,tentando aprender dele a sabe-doria de vida, aquela sabedoriaque todo grupo humano desen-volve de acordo com as próprias

tradições. A tenda tradicional dos

mongóis, na qual a nossa Igrejatodos os dias se recolhe pararezar, na província de Uvurkhan-gai, é aberta a todos; seja ele ouela movido pela curiosidade, oupor um desejo profundo de seencontrar com Aquele que aquinos trouxe. Apreciamos muito

os valores humanos morais eespirituais, típicos do budismoe que modelaram toda a Ásia,como também os corações dosmongóis: o senso da sacralidade,a profundidade, a seriedade, amoderação, o ascetismo, a ab-negação. Acreditamos que estenível de experiência religiosa temum potencial imenso de mútuoenriquecimento; só pelo fato de

acolhermos o desafio de sentar juntos e condividir os nossostesouros. No in-tuito de dar umcunho concreto aeste compromis-so para o diálogointer-religioso ea pesquisa cultu-ral, estamos pla-nejando de abrirlogo um Centro

específico desti-nado a esta ati-vidade. O localescolhido, é elemesmo, altamen-

te simbólico:Kharkhorin (tambémconhecido como Karakoroum), aantiga capital do império mongol,onde no XIII século, budistas,cristãos, muçulmanos e xamanis-tas viviam juntos e tinham seus

respectivos lugares de culto. Noinício do terceiro milênio, junta-mente com a antiga tradição deharmonia entre as experiênciasreligiosas que distinguiram a his-tória dos mongóis, esperamosestar contribuindo no crescimentodo respeito e apreciação, tambémde outras entidades, trabalhandopara o bem comum da sociedademongol.

Giorgio Marengo, imc, é missionário na Mongólia.

Religiosos expressam a sua crença em encontro cristão-budista.

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FORMAÇÃO MISSIONÁRIA

mês de outubro, paraa Igreja, é o período noqual são intensicadas asiniciavas de animação ecooperação em prol das

Missões em todo o mundo. Os ob- jevos são sensibilizar, despertarvocações missionárias, bem comorealizar a Coleta no Dia Mundial

das Missões, penúlmo domingode outubro (este ano dias17 e 18).

Missão é servir. Este éo tema da Campanha Mis-sionária de 2015. Com isso,destacamos a essência damensagem de Jesus. Eleveio “para servir” (cf. Mc10, 45). Diante da tentaçãodo poder, Jesus dá umagrande lição: “quem quiser

ser o primeiro, seja o ser-vo de todos” (Mc 10, 44).Essa sabedoria é o lema daCampanha e nos lembraque, diante da tentaçãodo poder e do presgio, amissão do cristão é serviço,entrega e doação. Com aCampanha Missionária,somos convidados a alar-gar os horizontes do nosso

serviço até os conns domundo.O papa Francisco, em

sua exortação Apostólica,A Alegria do Evangelho,retoma o Documento deAparecida: “na doação, avida se fortalece; e se enfraqueceno comodismo e no isolamento. Defato, os que mais desfrutam da vidasão os que deixam a segurança damargem e se apaixonam pela missão

de comunicar vida aos demais” (EG

O

de Jaime Carlos Patiasnos convida a rezar e a reer sobrea nossa missão no mundo.

A cooperação missionáriaA Missão é de Deus, pela qual

somos chamados a colaborar. Osbazados receberam “a missão deanunciar o Reino de Cristo e de Deus”e “de estabelecê-lo em todos ospovos” (LG 5). Não podemos fugirdessa responsabilidade. Assim, “to-das as Igrejas parculares, todas asInstuições e Associações eclesiais e

cada cristão membro da Igreja têmo dever de colaborar paraque a mensagem do Senhorse difunda e chegue até osconns da terra” (CMi 1).

Ao cumprir o mandado deJesus, nem todos os cristãosdeixam a sua terra para servirnas missões além-fronteiras.Em nossas comunidades, naIgreja local, são apenas algunsos missionários e missionárias

que partem. Porém, todaa comunidade tem o deverde parcipar avamente naMissão universal.

A cooperação missioná-ria promove a parcipaçãodo Povo de Deus na Missãouniversal. A Missão por suanatureza é sempre um ser-viço de parlha, comunhãoe solidariedade. Essa par-

cipação se realiza de trêsformas: 1) pela oração, sacri-cio e testemunho de vida,que acompanham os passosdos missionários e das missio-nárias, mundo afora; 2) pormeio da ajuda material aos

projetos missionários: “Deus amaquem dá com alegria” (2Cor 9, 7);e principalmente, 3) colocando-seà disposição para servir na missão

 Ad Gentes. Sem missionários e mis-

sionárias não há Missão.

10). O papa insiste ainda em umaIgreja “em saída”, com as portas

abertas e despojada.Somos todos chamados e marca-

dos para viver a missão de “iluminar,abençoar, vivicar, levantar, curar elibertar” (EG 273).

Mês missionárioO mês missionário tem sua ori-

gem no Dia Mundial das Missões(penúlmo domingo do mês deoutubro, este ano, dia 18). A data foi

instuída pelo papa Pio XI em 1926,

como um dia de oração e ofertas emfavor da evangelização dos povos.A inspiração vem do mandado deJesus para anunciar a Boa Novaentre todas as nações. Além das

ofertas, a Campanha Missionária

OUTUBRO 2015 MISSÕES14

Missão é servir

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Oração da CampanhaPai de innita bondade,que enviaste Jesus Cristo para servir,ilumina, com o teu Espírito, a Igrejadiscípula missionária

para testemunhar o Evangelho aparr das periferias e,com a proteção de Maria servidora,manifestar o teu Reino em todo omundo. Amém.

CartazRetrata várias situações nas quais

os missionários e missionárias vi-

vem a missão de servir. Os cenáriosdestacam uma Igreja em saída, comas portas abertas para servir emdiferentes realidades e contextosde missão em todo o mundo. Asimagens lembram também que aMissão não tem fronteiras. As coresrepresentam os cinco connentes eque toda a comunidade tem o deverde cooperar com a missão universal.A cruz é sinal da idendade dosdiscípulos missionários de Cristo, o

lho de Deus enviado para servir.

NovenaO livrinho da Novena Mis-sionária contém 60 páginas

de conteúdo. Para cada dia,o roteiro apresenta: 1) breveleitura da realidade; 2) teste-munhos missionários; 3) ilumi-nação desde a Palavra de Deus;4) reexões; 5) orações; e 6)convite ao compromisso. Osobjevos são criar comunhão,rezar, reer e incenvar para ocompromisso, tendo presenteos diversos aspectos da missão.A Novena pode ser feita pelosgrupos de reexão, grupos derua, nas casas de família, nascomunidades ou escolas.

Orações dos féisAs orações dos éis para os

quatro domingos de outubroencontram-se na versão PDF.Além disso, serão inseridas emalguns Folhetos Litúrgicos. Osroteiros incluem um comentárioinicial e a Oração da Campanha.As orações podem ser projetadasem aparelho mulmídia paraque a comunidade, reunida emcelebração, acompanhe e rezeem sintonia com a temáca daCampanha Missionária.

Marcadores de páginaEste ano foram confeccionadas seis versões de marcadores de página

com a Oração da Campanha Missionária e as imagens de Santa Teresinha doMenino Jesus, São Francisco Xavier, Nossa Senhora Aparecida, Dom OscarRomero, Charles de Foucauld e o cartaz da Campanha com o papa Francisco.

Envelopes para a ColetaO envelope deve ser ulizado exclu-

sivamente para a Coleta do Dia Mun-dial das Missões, feita no penúlmodomingo do mês de outubro (este ano,dias 17 e 18). As ofertas devem serintegralmente enviadas às POM queas repassam ao Fundo Universal deSolidariedade para apoiar centenasde projetos em todo o mundo e quebeneciam milhares de pessoas.

As Poncias Obras Missionárias(POM) têm a responsabilidade deorganizar, todos os anos, a Campa-nha Missionária, na qual colaboram

a CNBB por meio da Comissão paraa Ação Missionária e CooperaçãoIntereclesial, a Comissão para aAmazônia e outros organismos que

Apresentação dos subsídioscompõem o Conselho MissionárioNacional (Comina). Todos os itensda Campanha já foram enviados às276 dioceses e prelazias do Brasil

para serem distribuídos entre asparóquias e comunidades.

Os subsídios são: o cartaz com otema e o lema; o livrinho da novena

missionária; a mensagem do papapara o Dia Mundial das Missões;uma oração missionária; um DVDcom testemunhos missionários para

cada dia da novena; orações doséis para os quatro domingos deoutubro; envelopes para a coletado Dia Mundial das Missões e mar-

cadores de páginas, com aoração missionária. Parauma Campanha bem suce-dida é importante vericarse o material chegou à dio-cese e se foi distribuído nasparóquias e comunidades.

Além disso, os materiaisestão disponíveis na inter-net, pela página das POM(pom.org.br), para baixar emulplicar livremente.

Jaime Carlos Patias, imc, é secretário

nacional da Pontifícia União Missionária.

www.pom.org.br OUTUBRO 2015 MISSÕES   15

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FÉ EM AÇÃO

contagiante colher e senr a energia que ins-pira a vida de nossa gente brasileira. Vivemosum momento histórico em que a realidade sesobrepõe às nossas losoas, intencionalidadesou utopias. Das ruelas, dos becos e das esquinas

das cidades de nosso país, dos nossos rincões, emanauma energia capaz de gerar novos desdobramentosque orientam a políca. Basta ir ao encontro de nos-sa gente para perceber uma revolução silenciosa deatudes e consciências, impregnadas de um desejocada vez maior de que todos sejam tratados como

gente. Porém, esta cidadania corre riscos no atualmomento histórico.

Ainda são muito insucientes as oportunidadesde vida, de trabalho, de educação, cultura e de lazerque foram conquistas do povo brasileiro. O nossopovo ainda sofre demais com as carências de vida ede oportunidades. No entanto, vive concretamentea melhoria de suas condições de comer, vesr-se,estudar, trabalhar e morar melhor. E, a parr destascondições, projeta um futuro melhor e sonha commuito mais oportunidades.

Por muito tempo, utopia era profecia, promessa,discurso de mudança para a vida das pessoas. Nin-guém sabia como engajar as mentes e os coraçõespara a construção de um novo tempo de mudanças.Deste modo, a utopia era operada apenas na dimen-são políca. As utopias estavam presas a um discursopolíco-ideológico e esperava-se que este discurso fossecapaz de impulsionar, por si só, grandes mudanças.Não só as grandes mudanças não aconteceram comoo próprio discurso utópico perdeu seu sendo e valorpara os nossos tempos. Mas pequenas - signicavasmudanças - deram ao povo brasileiro o impulso que

ele precisava para, por sua conta, construir um silen-

É

de Nei Alberto Pies cioso e importante processo de transformação de suaapaa em cidadania.

Não ao retrocessoO povo segura, hoje, silenciosamente, conquistas

como uma casa, faculdade dos lhos, o emprego,comida de mais qualidade, a poupança, o carro, umtrator, uma máquina. Mas não faz festa porque é umpovo sábio e porque vivemos num tempo em que asconquistas correm sérios riscos. O alerta já está dadoe vivemos com medo de um sinal vermelho! Ao invésde ampliar e consolidar conquistas sociais, este é ummomento em que precisamos lutar para que o Brasilnão retroceda. Este é que deveria ser o autênco sen-

mento de quem vai às ruas para protestar e reclamarmudanças de rumos da economia e da políca!

O desao dos sindicatos, das cooperavas de pro-dução e de crédito, das associações do comércio eindústria, de todas as organizações dos trabalhadoresé lutar para que os rumos da economia se deem semperda de direitos e conquistas de cidadania. Experi-mentamos, nos úlmos anos, uma cidadania avae não podemos descuidar para que que em nossalembrança como “cidadania de ocasião”.

O Brasil fez a revolução da cidadania pelo viés do

consumo. Agora, precisa emancipar a cidadania peloviés da consciência e pela garana dos direitos fun-damentais, que somente serão efevados pela luta eorganização e com a união de todos os que acreditamque o desenvolvimento de uma nação se mede pelaqualidade de vida social de sua população.

Sou um omista do Brasil por conta de seu povo,mas temo que interesses difusos e interesseiros dealguns coloquem em risco as conquistas da maioria.Luto e insisto, teimosamente, que a cidadania sejavencedora.

Nei Alberto Pies, professor, escritor e ativista em direitos humanos.

“A vida é uma eterna utopia detentarmos ser bem mais do que

simplesmente existir”.(Canuto Diógenes)

Cidadania

corre riscos

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de Francesco Pavese

llamano nha uma extra-ordinária habilidade deacolher e acompanhar aspessoas em sua vida cristã.

Era um “pastor” sempredisponível, atento e sábio. Esteseu modo de ser era quase umaarte, que exercitava em duas di-reções: recebia as pessoas queo procuravam no Santuário daConsolata, no confessionário, nasacrisa, na sala de espera, emseu escritório; em outras ocasiões,quando necessário, ia até mesmoem horas incômodas e com tempoinclemente, atender as pessoas em

suas próprias casas.O registro de um testemunho

de seu empregado: “toda manhã,Allamano passava horas no confes-sionário, tanto que eu, que deviaservir-lhe o café da manhã, cavanervoso, porque muitas vezes, às9h30 ele ainda permanecia noconfessionário. Até a tarde, eraprocurado por muitos, sacerdotesou leigos, os quais vinham procurar

por ele para se confessar, ou paraouvir seus conselhos. Recordo queuma vez um senhor descendo deseu quarto, todo contente, medisse: “Eu vim aqui com o peitocarregadíssimo de sofrimentos,mas agora saio feliz e contente”.Parecia que Allamano, sem querer,atraía as pessoas. E não recusavaninguém. Dele disse um missio-nário: “era suciente que fossechamado, seja no ambão ou ao

confessionário, para que imediata-

A

acertava as coisas. Mas precisava

senr com qual mbre ele pro-nunciava as palavras, vendo seugesto simples, mas resoluto e umatendimento de mestre, semblantelímpido e penetrante que alcançavao ínmo do coração”.

Allamano era, sem dúvida, umporto seguro de referência paratodos: bispos, sacerdotes, leigose, de modo parcular, para seusmissionários e missionárias.

Francesco Pavese, imc, é missionário na Itália.

mente descesse e se formava umala, atendendo em seu quarto.Nao se lamentava nunca por serimportunado ou chamado”. Nãosem razão, Allamano foi denidocomo“o homem do conselho”.

Porto seguroAssim, um sacerdote recorda asvisitas a Allamano: “andando emseu escritório, ele acolhia com umsorriso angelical, rava o barreteda cabeça, fazia a pessoa sentar--se próxima a ele, escutava com amáxima paciência e entendia derepente a questão, aconselhavaesauridamente, deixava um bompensamento, e acompanhava a pes-soa até a porta”. O cardeal Valfrè di

Bonzo, falando dele, armou: “atéeu, bispo e cardeal, vou conversarcom ele para receber conselhosnas coisas mais diceis do meuministério episcopal”. E quandoAllamano morreu, o arcebispo deTurim, o cardeal Giuseppe Gam-ba, que conversava com ele sobrequestões da diocese, exclamou:“agora nao temos ninguém emTurim para pedirmos conselhos”.

Falando da arte de Allamanode se tornar próximo das pessoas,nao é possível omir o seu modode acolher singularmente os mis-sionários e as missionárias. Ele osrecebia sempre com carinho, sejana Casa Geral, quando se reuniampara encontros de formação, sejano Santuário da Consolata. Ummissionário testemunhou: “nun-ca ouvimos dizer, em cerca de 30anos, que alguém não vesse sido

recebido. Com poucas palavras,

A arte de

acolher 

7/17/2019 Outubro 2015

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Eu te batizo...de Rosa Clara Franzoi

s dias passam, a guerra con-nua e nenhum sinal de queas coisas melhorem... IrmãIrene Stefani dedica-se decorpo e alma aos doentes.

Ela sofre muito vendo aquela tristesituação. Ela diz, de si para si: “queDeus tenha compaixão, e que estetamanho sofrimento ao menos lhes

mereça um prêmio maior no céu”.Enquanto oferece a assistência

mais carinhosa que pode, anuncia--lhes Jesus explicando-lhes, queEle é o único Salvador. Com todocuidado vai, prepara-os ao encontrocom Deus, pelo Basmo. Jesus disseaos seus apóstolos: “Ide, anunciai

o meu evangelho a todos. Quemcrer e for bazado, será salvo” (Mc16, 15-16). Ela estava ali para isto.Para poder ajudá-los mais e melhor,põe-se a estudar o Kiswahili, a línguamais difundida na África Oriental.

Prepara um livrinho de catequesenas várias falas e, lentamente, compaciência, persistência, teimosia

e obsnação, ensina-lhes peque-nas orações; como, “Jesus, eu teamo, salva-me! Jesus, eu creio quemorreste na cruz para me salvar...”Ela sabe que é somente Jesus quepode chegar àqueles corações tãoprovados e sofridos.

A cada manhã, na missa, nahora da consagração, olhando para

a hóstia, irmã Irene repete, emKiswahili, a língua dos mais pobres,aos quais ela foi enviada: ”Jesus, eute amo. Ofereço-me víma congo,por todos eles”.

Renascer em CristoHá também doentes e feridos

que se restabelecem e ela muito sealegra: “Deus premiou a tua fé”. Ospoucos momentos livres, irmã Ireneos transcorre na capela, diante deJesus no sacrário: “Aqui eu descanso- condencia à irmã Crisna - falo

com Ele dos doentes, peço-lhe pelasalvação deles”. Ela diz a Jesus queestá disposta a carregar sobre si um

pouco daquele sofrimento. E Jesus,parece ter ouvido aquela oração. Portrês semanas, sofrerá de uma forteconjunvite que a força a afastar-sedo hospital para não transmi-la aospacientes. Depois de alguns dias dedescanso, volta ao trabalho aindacom os olhos vermelhos; porém,isto não lhe impede de connuarconsolando os seus pacientes eministrando-lhes a catequese.

Em dezembro de 1916 começoua se difundir epidemias de todopo. Por várias semanas, morriamde 30 a 40 pessoas por dia. Ostrês missionários, com os médicose enfermeiros multiplicam suasenergias de maneira heróica. IrmãIrene ausenta-se somente para asrefeições, depois das quais, cor-re no meio dos seus assistidos,para cuidar que os enfermeiroscarreguem para a fossa comum os

moribundos que ainda respiram.Passa dias e noites junto deles, paraconfortá-los, preparando-os parao encontro denivo com Deus.Quando percebe que a hora fatalse aproxima e eles dão algum sinalde que querem ir com Deus, elaapressa-se a derramar sobre suacabeça a água do ‘renascer emCristo’: “Eu te bazo em nome doPai, do Filho e do Espírito Santo...”

Um dos médicos comenta: “Estanão é uma mulher comum... é acaridade em pessoa!”.

Rosa Clara Franzoi, MC, é Animadora Missionária em

São Paulo, SP.

O

QUER SER MISSIONÁRIO?TEL.: (11) 2232.2383

E-mail: [email protected]

QUER SER MISSIONÁRIA?TEL.: (11) 2231.0500

E-mail: [email protected]

   A   R   Q   U   I   V   O

   I   M   C

Irmã Serana, contemporânea de irmã Irene, entre os quenianos, 1915.

OUTUBRO 2015 MISSÕES18

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o caminho de formaçãopara a vida religiosa há umperíodo muito importantechamado Noviciado, umtempo privilegiado para

o discernimento, tendo em vista aconsagração para a Missão e parauma primeira síntese pessoal detodos os elementos da formação, avolta do núcleo essencial da iden-dade do missionário. Esse tempo de

graça é vivenciado pelos candidatoslano-americanos à missionários daConsolata na Argenna, no Novicia-do Lano-americano Nossa Senhorade Guadalupe.

Somos dois jovens, Leandro eSandrio, provenientes de São Pauloe Minas Gerais e já estamos há cincoanos fazendo um caminho formavo

 junto aos missionários da Conso-lata. Em Curiba, Paraná, Brasil,zemos os estudos propedêucos e

de losoa, e logo após o término,no início deste ano chegamos aBuenos Aires para estar mais pertodo Carisma e da espiritualidade da

Tempo de graça

Consolação e esperança

de Leandro Baseggio e Sandrio Cândido

de Orestes Asprino e Dalgi Vivan

N

família religiosa aqual pertencemos.

Não estamos

sozinhos nessacaminhada. Come-çando pelo mestre,Jorge Pratolongo,proveniente da Ar-gentina, tambémestão presentesdois italianos, Re-nato Maizza e PadreMateus Pozzo. Osoutros noviços são três: Carlos

Andrés Erazo Giraldo e Oscar Her-nandez, ambos de Colômbia, elesviveram uma bonita experiênciacom os indígenas em Sucumbíos,no Equador, no ano passado. ElmerPelaez vem de México e tem a par-cularidade de ser o primeiro noviçomexicano na história do Instuto.É uma comunidade pluricultural,o que nos propicia a vivência dainterculturalidade.

Essa é a nossa primeira experiên-

cia fora do país, em uma igrejabem diferente do modelo ao qualestávamos acostumados. Pasto-ralmente aqui nos dedicamos a

acompanhar uma capela inserida

em um bairro onde a maioria é deimigrantes paraguaios, realizandovisitas às casas, animação com ascrianças e jovens da catequese, en-tre outras coisas. Também estamosem uma paróquia, onde ajudamosna animação.Muchas gracias, queDios los Bendiga, nosotros dese-amos que el mes misionero sealleno de encuentros y bendiciones

 para ustedes. Que nuestra MadreConsolata, la madre de Lujan los

acompañe. 

Leandro Baseggio e Sandrio Cândido, imc, são noviços

brasileiros da Consolata na Argentina.

primeira vista, o ato deconsolar pode parecerpassivo e inconsequente.Consolar é estar ao lado,ouvir, pacificar, solidari-

zar-se, tranquilizar... Mas, conso-lar não é só isto. Este é o primei-ro momento da Consolação. Elaimplica, primeiro, a solidariedade(“Eles não tem mais vinho” - Jo 2,3), depois, aponta saídas para a

causam cada vez mais sofrimento

ao ser humano, às famílias.Pensando nisso, nós, LeigosMissionários da Consolata daComunidade de São Paulo, de-cidimos apresentar-nos comovoluntários na Fazenda da Espe-rança, uma instituição católica,de iluminação franciscana, queatende e acolhe dependentes detodas as drogas. Quase sempre,os governos apenas os desintoxi-cam e os devolvem à sociedade.

Algumas instituições de caráter

Àsituação de sofrimento (“Façam

o que Ele mandar” - Jo 2, 5). As-sim, iluminados pelo carisma daConsolação do Bem-aventuradoJosé Allamano, cumpre-nos nãosó estar ao lado, mas, também,caminhar juntos para uma saída.

Basta um rápido olhar sobrenossa realidade atual para iden-carmos aqueles que são os excluí-dos, marginalizados, os “leprosos”do mundo contemporâneo. Alémdo terrorismo, o avanço do abuso

das drogas, entre outras coisas,

   A   R   Q   U   I   V   O

   P   E   S   S   O   A   L

OUTUBRO 2015 MISSÕES   19

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religioso fazem uma propostaconsequente: acolhem e pro-põem um caminho de retornoao sentido da vida, à integraçãodo eu à sociedade. A Fazenda da

Esperança se propõe a fazer isso,baseada em três pilares: trabalho,convivência e espiritualidade. Nósestamos na unidade de Iguape,

São Paulo, como voluntários, nasaulas de catequese, na formação,nas celebrações, na secretaria,com atendimento individual aosacolhidos e às suas famílias.

Retornando das cerimôniasde beatificação de irmã IreneStefani, a Niyatha, no Quênia,fomos convidados a partilhar

esta experiência com os internosda Fazenda. Foi um momentode muita reflexão para eles, quetiveram também a oportunidadede conhecer um pouco da música

e dos costumes dos quenianos.

Orestes Asprino e Dalgi Vivan são Leigos Missionários

da Consolata - LMC, da Comunidade São Paulo.

   A   R   Q   U   I   V   O

   L   M   C

Orestes e Dalgi falando sobre irmã Irene Stefani na Fazenda da Esperança.

OUTUBRO 2015 MISSÕES20

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#

7/17/2019 Outubro 2015

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MISSÕES RESPONDE

OUTUBRO 2015 MISSÕES   21

m muitos atos litúrgicos celebrados na BasílicaNacional, em Aparecida, SP, não só na santamissa, costuma-se referir a Maria, genitora deJesus, com o belo cognome “Mãe Aparecida”, emvirtude da devoção tributada a Nossa Senhora

Aparecida. Nada obstante, ulmamente, naquelesantuário, quase nunca se pronuncia o nome próprioda mãe de Deus: Maria(forma aportuguesada

do aramaico Myriam).O epíteto “Mãe

Aparecida” é decer-to bonito e carinho-so. Sem embargo, doponto de vista pastorale catequéco, cuidoser importante voltara vociferar o vocavo“Maria”, sem deixar delado a afável expres-

são “Mãe Aparecida”.Por exemplo, pode-sepregar ao povo destemodo: “Irmãos, a MãeAparecida, Santa Maria, sempre intercede por nós!Conemos nela!”

Muitos dos devotos de Maria Sanssima são pessoasbem simples. Não poucos acreditam que “Aparecida”seja um nome próprio, como “Crisna” ou “Fábio”,e não o parcípio passado do verbo “aparecer”. Ésabido que uma imagem de santa Maria “apareceu”aos pescadores no Rio Paraíba, no vale do mesmo

nome; por isso, Nossa Senhora “Aparecida”. Bem, na

E

de Edson Luiz Sampel

verdade, “Aparecida” já virou mesmo o nome própriode enorme número de mulheres brasileiras, nalgunscasos em honra da mãe de Deus (“Maria Aparecida”).Eu conheci uma Jaqueline Aparecida.

Mãe de Deus

Outro problema pastoral sério diz respeito ao fatode que boa parcela do povo não sabe que Nossa Se-nhora de Fáma, Nossa Senhora de Lourdes e NossaSenhora Aparecida são a mesma pessoa. Mais umarazão para deixar as coisas claras e enaltecer sempreo nome da deípara: Maria. Ensina a Bíblia Sagrada (Is43, 1) que Deus chama cada um de nós pelo nossonome próprio: Edson, Raimundo, Darcy etc. Peloprenome, Deus chamou a Virgem de Nazaré, atravésdo arcanjo Gabriel: “Não tenhas medo, Maria! En-

contraste graça juntode Deus”. (Lc 1, 30)

Escreveu Raimun-do Jordão: “A virtu-de e a excelência donome Maria são tãograndes que, apenaspronunciado, o céusorri, alegra-se a ter-ra e os anjos exultamde prazer”. Todos osmembros da Igreja,leigos e clérigos, são

convidados a haurir nahiperdulia (nome doculto que se tributaa Maria Sanssima) a

fonte inexaurível de sancação. Neste sendo, ocânon 1186 recomenda a devoção especial e lialdos éis à mãe de Jesus, porque como ensinou SãoJoão Paulo II, “a devoção a Nossa Senhora é parteessencial dos deveres de um cristão”.

Edson Luiz Sampel é doutor em Direito Canônico pela 

Pontifícia Universidade Lateranense, de Roma e membro

da União dos Juristas Católicos de São Paulo (Ujucasp).

Boa parcela do povo não sabeque Nossa Senhora recebe

vários nomes, mas é uma só.

MÃE APARECIDA?MAS, QUAL É MESMO

TEU NOME?

   D   I   V   U   L

   G   A   Ç   Ã   O

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http://slidepdf.com/reader/full/outubro-2015-568e076f5d9e9 22/36OUTUBRO 2015 MISSÕES22

de Isaack Mdindile

ão há separação entre família e matrimônioem muitas tribos africanas. A fecundidade

é o bem mais precioso das famílias (bonum prolis), por isso, às vezes a poligamia é uma dasopções. E o matrimônio é feito em degraus,

primeiro o consenmento dos cônjuges, isso podeincluir relação sexual, apresentação aoclã e a consumação, que é entendidasó com o nascimento do primeiro lhoou lha.

Geralmente, existem dois pos defamília; patrilinear (o rastreamentoda descendência na linha masculina)e matrilinear (o rastreamento da des-

cendência na linha feminina). Ambosconsideram que a geração dos lhos étornar memória viva dos antepassadose é o futuro da linhagem.

O matrimônio é um patrimônio co-mum, social, antropológico, ou seja, éa biosoa e biosfera humana, antes deser canônico e sacramental. Deve serdefendido a qualquer custo, e deve serpreparado seriamente. A Igreja precisareconhecer (ecclesia discens) e redenir

claramente sua postura diante de outrasformas de matrimônio em determina-das culturas. A Igreja na África precisa de uma novateologia do matrimônio que não despreze e nemnegue os valores tradicionais.

As questões graves, que devem preocupar a Igreja,as instuições e os governos sobre as famílias sãoviolência nos lares contra as mulheres, a luta da iden-dade dos africanos que se sentem separados dassuas tradições depois da conversão ao crisanismo,crise de paternidade, pobreza e falta de liderançaéca tanto nas esferas governamentais como tam-

bém na Igreja.

Igreja samaritanaSob o espírito do Evangelho, a Igreja pode ilumi-

nar e converter as culturas machistas, acabar com oassassinato dos albinos e a mulação genital. Semsombra de dúvida, o que é mais importante para ateologia africana agora são as questões sociais, comoeconomia (terra, trabalho e teto), saúde, educação,do que a pressão nas questões como homossexuali-dade, contracepção, aborto ou esmulantes sexuais.

Oxalá, que a voz da Igreja africana seja ouvida eanunciada, de modo especial no próximo Sínodo daFamília. Precisamos profetas não de gavetas, mas juntoao povo. Sim, profetas que sejam capazes de ser mãe

e pai. A Igreja da África deve acabar com a opacidadedo clero ou pastores. Queremos a Igreja samaritana,que ceifa antes de anunciar. O binômio: evangelizaçãoe promoção humana têm que ter em conta o fato da

interculturalidade e inter-religiosidade, criando umaponte entre a revelação explícita e a implícita.

O mundo ‘bantu’ deve resgatar a holísca (ho-lon) compreensão e integração das coisas, onde omatrimônio tem a ver com o mundo invisível dosantepassados, onde a pobreza e a degradação am-biental são partes da mesma moeda. Todos somosparte de forças vitais no ecossistema global, comofala o papa Francisco na encíclica Laudato Si. 

Isaack Mdindile, imc, é seminarista tanzaniano em São Paulo, SP.

Na África, o conceito de família éampliado, pois inclui as crianças,

pais, avós, tios, irmãos e irmãs,além de membros falecidos, ou os

que estão ainda por nascer.

N

Conceito de família

   A   R   L   E   I   P   I   V   E   T   T   A

   /   I   M   C

Família moçambicana em Massinga, Tete.

7/17/2019 Outubro 2015

http://slidepdf.com/reader/full/outubro-2015-568e076f5d9e9 23/36

   A   R   Q   U   I   V   O

   C   S   J

OUTUBRO 2015 MISSÕES   23

O Timor Leste surge como umaIgreja de vida e esperança no

continente asiático.

“um grande apoio espiritual, humano e material aopovo morense, e contribuiu de forma decisiva parao processo de libertação do país”.

Armar que o Timor Leste é um dos países maiscatólicos do mundo, vale dizer que a obra da evange-lização nunca termina. É preciso recomeçar, renovare inventar novos métodos e novos modelos. Por isso,há um invesmento de forças na reevangelizaçãodas famílias, dos jovens e dos leigos. De fato, háuma preocupação constante da Igreja no campo da

evangelização. Os dois seminários interdiocesanostêm 120 seminaristas maiores e 250 seminaristasmenores, é sinal posivo que surpreende a todos.Signica que o núcleo central da evangelização angeo coração das famílias que crescem e se conservam àluz da fé. Signica também que a Igreja promove umaobra de formação e uma nova tomada de consciência,para que cada um possa viver a fé na vida codiana.Hoje, a Igreja se empenha na reevangelização pelas

rádios católicas, pela educação escolar e o apos-tolado na prisão, reeducando os jovens infratorespara a sua reinserção na família e na sociedade. AIgreja morense tem seus márres: um sacerdoteitaliano salesiano, algumas religiosas canossianas,três missionários jesuítas portugueses e um alemão,este úlmo assassinado em 1999. É uma Igreja jovemque emergiu em meio aos sofrimentos do seu povo,teve sua missão exercida na unicação do país e napacicação da população. Hoje ela é cheia de vida eesperança.

Mário de Carli, imc, é missionário em Monte Santo, Bahia.

Timor Leste é um país do connente asiácolocalizado a leste da Ilha Timor. Tem cercade 1,2 milhão de habitantes. Apresenta uma

rica diversidade étnico-cultural com mais de30 línguas. O seu quadro religioso é este:catolicismo (90%), islamismo (4%), protestansmo(3%), hinduísmo (0,5%), além do budismo e das re-ligiões tradicionais, com cerca de 2,5%. No dia 14 deabril de 2002, Xanana Gusmão foi eleito o primeiropresidente da República Democráca do Timor Leste.É uma nação muito jovem: 75% da população têmmenos de 30 anos. Formada por crianças vindas dosconitos dos sofrimentos das guerras, caminhou lon-gamente num processo dicil e doloroso para obtera reconciliação nacional e a paz.

A presença da IgrejaA presença da Igreja concrezou-se a parr de mea-

dos do século XVIII e solidicou-se a parr de 1952,quando exisam 60.000 católicos numa populaçãode 460.000 pessoas. Treze anos mais tarde, em 1972,nha aumentado 21%, chegando perto dos 197.000cristãos. A evangelização se deu dentro dos muitoscontextos culturais e religiosos e foi construída numainteração entre o catolicismo com as religiões tradi-cionais. Estas sempre perderam espaços em favor da

fé católica. Os primeiros missionários que chegaramviviam em palhotas, viajavam a pé, ou a cavalo, ounas barcaças. Entravam em contato com a autoridadetradicional pedindo licença para se estabelecer. Ob-da a autorização, levantavam a capela ou igreja (debambu e colmo), a escola, e ensinavam a doutrina aopovo. Assim foi feito durante muito tempo.

A nova evangelizaçãoNo dia 15 de agosto deste ano, a Igreja celebrou

seus 500 anos de evangelização. O primeiro-ministrode Timor Leste, Rui Maria de Araújo, reconheceu que

a Igreja Católica durante estes cinco séculos forneceu

de Mário de Carli

O

Igreja reconciliadora e

pacifcadora

Ir. Elenice Buoro, das Irmãs de São José, em missão no Timor Leste.

7/17/2019 Outubro 2015

http://slidepdf.com/reader/full/outubro-2015-568e076f5d9e9 24/36OUTUBRO 2015 MISSÕES24

o dia 21 de abril de 1500Pedro Álvares Cabralchegou ao novo territó-rio que, mais tarde, couconhecido por Brasil. Esse

território era habitado por indíge-nas milenares. Os colonizadoresportugueses se zeram donos dasterras e as dividiram em capitaniashereditárias. Trouxeram africanosde modo forçado como escravospara gerar sustento e renda aosproprietários das capitanias.

A Coroa Portuguesa, pela CartaRégia de 9 de agosto de 1747, eli-minou as Capitanias Hereditárias,

passando a posse das terras parasua jurisdição, dando início à imi-gração de açorianos, sobretudo,para a regiões de Santa Catarinae Rio Grande do Sul.

Com a vinda da Coroa Portu-

de Judinei Vanzeto

N

DESTAQUE DO MÊS

Rostos da

imigração no BrasilAs principais razões para essaimigração foram: a Revolução In-dustrial do século XIX que exigiamão de obra qualicada e geroudiculdade aos artesãos e agricul-tura familiar. As novas máquinasagrícolas expulsaram milharesde camponeses europeus para

outros países; o avanço da me-dicina possibilitou qualidade devida e crescimento populacional;o processo de constituição daAlemanha e Itália pela unicaçãoterritorial trouxe desequilíbrios naadministração, impostos para ogoverno e novas classes de funcio-nários públicos; e as duas guerrasmundiais e os conitos no OrienteMédio fomentaram a saída de

grande número de população dospaíses envolvidos.

O Brasil nesse período era atra-vo para os imigrantes por doismovos: substuição da mão de

obra escrava nos cafezais e canaviais

guesa para o Brasil em 1808, opaís passou a acolher imigrantesde diferentes nacionalidades. Che-garam ingleses, suíços, franceses,poloneses, russos-ucranianos, tur-cos, libaneses, austríacos e lituanos.Também vieram os chineses e ale-mães. Inicialmente os alemães se

instalaram na Bahia. Mas, a parr de1827, houve progressiva migraçãopara o Rio Grande do Sul e SantaCatarina. De 1835 em diante ositalianos marcaram presença no Suldo país, bem como em São Paulo.

Periodização da imigraçãoA entrada imigratória para o

Brasil de 1870 a 1959 passou a serconstante. Durante esse tempo, o

rosto da imigração foi europeia:italianos, alemães, portugueses,espanhóis, poloneses, russos eholandeses. Também vieram imi-grantes asiácos: japoneses, sírio-

-turco-libaneses e chineses.

Desde o descobrimento, oBrasil acolheu estrangeirosde diversas nacionalidades,

compondo ummosaico nacional

de etnias

e culturas.

   D   I   V   U   L   G   A   Ç   Ã

   O

Imigrantes posando para fotograa no pátio central da Hospedaria dos Imigrantes, 1890, São Paulo, SP.

7/17/2019 Outubro 2015

http://slidepdf.com/reader/full/outubro-2015-568e076f5d9e9 25/36OUTUBRO 2015 MISSÕES   25

com rostos europeus e latino--americanos conhecidos. Os eu-ropeus vieram ao Brasil afetadospela crise nanceira do capitalismoespeculavo norte-americano, oque provocou desemprego, es-tagnação econômica, descontrolenanceiro e aumento da dívidaexterna. Os lano-americanos ecaribenhos foram movados pelo

lento crescimento econômico, aprecária modernização da infra-estrutura, delicada distribuiçãode renda, desastres naturais eimpacto negavo do narcotráco.

No nal da década de 1980 en-trou em vigor no Brasil o EstatutoAutoritário do Estrangeiro (Lei6.815/80), que clareou a posturade acolhimento de migrantes,refugiados e deslocados. Coma Constuição Federal de 1988

o destaque em relação aos es-

da região Sudeste e a connuaçãoda colonização pelo desmatamentoem fronteiras agrícolas do Sul.

No final da Primeira GuerraMundial (1914-1918), o Brasil bus-cava mão de obra qualicada devidoao invesmento do capitalismourbano e as novas leis trabalhis-

tas (1932) regulamentadas pelopresidente Getúlio Vargas. Apósa Segunda Guerra Mundial (1939-1945) a indústria automobilísca,química, farmacêuca, siderúrgicae de transporte cresceram no Brasile faltava qualicação de trabalha-dores. Também no pós SegundaGuerra houve exibilização daspolícas migratórias implantadaspelo regime de cotas em 1934 e

reforçada pela Constituição de1937, para acolher refugiados edeslocados do conito mundial.

De 1960 a 1999 o uxo imi-gratório de europeus e asiácosdiminuiu no Brasil, mas cresceu odos uruguaios, argennos, chilenos,paraguaios, peruanos, bolivianos,equatorianos, coreanos, angolanos,moçambicanos e egípcios.

Entre os movos da imigraçãoencontram-se a luta entre as ideo-

logias comunista e capitalista (Rús-sia e Estados Unidos), pois muitosnão concordavam com o sistemaimposto. A Guerra na Coreia (1950-1953) provocou divisões e deslo-camento populacional. As razõesde acolhimento de imigrantes peloBrasil se deram pela necessidadede mão de obra qualificada nodesejo de crescimento econômi-co e por uma opção de desno

para fugir de ditaduras de paíseslano-americanos. Na pós-ditaduramilitar, o Brasil iniciou polícas deAcordos de Cooperação bilateraise mullaterais com países africa-nos, sobretudo, com os de línguaportuguesa. Com isso muitos es-tudantes vieram ao Brasil atravésde programas universitários.

Rostos da imigração hojeEm pleno século XXI, a imigra-

ção no Brasil connua crescendo

trangeiros é baseado nos direitoshumanos.

A parr de 1994 o Brasil ade-riu à Declaração de Cartagena,comprometendo-se a realizaralterações constitucionais paraincorporar princípios das Conven-ções, Protocolos e Estatuto dosRefugiados. Essa adesão se deucom a Lei 9.474/97, que reforça

o direito de qualquer cidadão es-trangeiro refugiado receber umProtocolo para fazer Carteira deTrabalho, CPF, abertura de contabancária, ingresso no mercado detrabalho e circular livremente atésua avaliação pelo Comitê Nacionalpara os Refugiados (CONARE).  

Sugestão de site:

www.cibaimigracoes.com.br

Judinei Vanzeto é jornalista em Porto Alegre, RS.

Acolhimento em Porto AlegrePierre Richard Aine, 36 anos, haiano. “Che-

guei a Porto Alegre em maio de 2014 e em julhodo mesmo ano consegui visto de permanênciano Brasil até 2019. Deixei minha esposa no Hai

e dois lhos. Já faz um ano que estou empregadonum shopping, como auxiliar de cozinha. Atravésda acolhida dos padres scalabrinianos da ParóquiaPompeia, do Centro de Porto Alegre, ve ajuda nadocumentação e indicação para o trabalho. Estourecebendo aulas de português”.

Padre João Marcos Cimadon, scalabriniano,natural de Campos Novos (SC), Coordenador daPastoral da Mobilidade Humana do Regional Sul3, conta sua experiência junto aos imigrantes.

“Sinto-me feliz e realizado ao prestar um serviçode acolhida a estes nossos irmãos. Oferecemosnossa acolhida independente da nacionalidadee da religião. O importante é receber o ser hu-mano com dignidade e alegria para que possa senr que a Igrejae a Pastoral são a casa deles. Dar-lhes um apoio e segurançaneste momento da vida sofrida e dicil. Oferecemos, além daacolhida, apoio na documentação, roupas, aula de português,auxílio psicológico, direcionamento para emprego e apoio na fé.Também mantemos junto ao Poder Público, um diálogo próximoem benecio dos estrangeiros”.

7/17/2019 Outubro 2015

http://slidepdf.com/reader/full/outubro-2015-568e076f5d9e9 26/36

az muito tempo, quan-do nós, Yanomami,não conhecíamos osbrancos, quando eu eracriança de cerca de 10

anos, os padres - após ter pensadobem - subiram o rio Catrimani,até à Missão. [...] conheceramos Yanomami, se tornaram seusamigos. [...] foram suas liderançasque os enviaram”. Com estas pala-

vras, Davi Kopenawa, liderança examã Yanomami, inicia seu relatode uma história, construída nosúlmos 50 anos, pelo entrelaça-mento de fatos pessoais e vidas:é a história da Missão Catrimani.

Presença estávelUm aspecto fundamental, que

caracterizou a “nova evangeliza-ção”, pensada pelos missionários

da Consolata que, na metade osanos 60, em Boa Vista, se reuniamna Comissão Pró-Índio da Prela-zia de Roraima, e que ainda hojeconstui um aspecto relevante daMissão Catrimani é a permanência.

Em 1965, poucos missionáriosdefenderam uma ideia de Missãoque, como alternava à práca dadesobriga (a visita esporádica paraa administração dos Sacramentos),possibilitasse a maior proximidade

com o povo Yanomami. Iniciou-se

"F

de Corrado Dalmonego

comunidades indígenas. Nestecontexto, a presença estável daMissão Catrimani, se demonstrasempre signicava.

Esta presença diferente não pas-sou despercebida aos olhos dosYanomami. Eles constataram a dife-rença entre os brancos que subiamos rios da região para explorar osrecursos da oresta e os missio-

nários que solicitaram ajuda paraabrir uma curta pista de pouso naqual pudessem aterrissar pequenosaviões, construir uma casa cobertade palha, culvar um campo, apren-der a língua, curar doentes duranteepidemias, permanecer para cuidare defender dos inimigos.

Missão como diálogoSobre esta proximidade se cons-

truiu a missão. Apesar das rela-

ções poderem ser marcadas por

Missionários daConsolata comemoram

50 anos vivendo aMissão no diálogo

com os Yanomami,em Roraima.

uma Missão baseada na convivên-cia com as comunidades, que per-misse a aprendizagem da línguae do modo de vida deste povo daoresta: uma presença respeitosade sua cultura, que não pretendiaimpor roupas sobre seus corpos,ritmos à sua marcha ou fardos edoutrinas sobre seus espíritos.

Hoje, connuando as agressões

do passado, os Povos Indígenas sãoexpropriados de suas terras e força-dos, por projetos mascarados pelaideologia do “desenvolvimento”, apovoar as periferias das cidades.Coincidentemente, as organiza-ções indigenistas e missionáriassão obrigadas – pela escassez derecursos e de pessoal disposto acondições de vida menos confortá-veis – a concentrar suas presençasnos centros urbanos, limitando-se

a realizar ações pontuais junto às

Padre Ricardo Silvestri e índígenas isolados, Rio Apiaú, 1953.

OUTUBRO 2015 MISSÕES26

MISSÃO EM CONTEXTO

“Wamarëk ł  poma”:

nos tomaram consigo

7/17/2019 Outubro 2015

http://slidepdf.com/reader/full/outubro-2015-568e076f5d9e9 27/36

mútuos equívocos, estabeleceu-seum diálogo construído na prácae no encontro de horizontes. Ocaminho da missão foi percorridocom esforços dos dois lados. Nãosendo a imposição de um programa

 já denido, congurou-se como atrilha que o Senhor traçou, e ao lon-

go da qual somosguiados pelo Es-pírito, prestandoatenção, abrindoos olhos e entran-do - quando aco-lhidos - em ummundo diferentecom atudes deparlha: randoos sapatos para

caminhar porveredas desco-nhecidas - entreespinhos, áreasalagadas e cipo-ais - para encon-trar o rumo queDeus indica, nahistória destepovo; aprenden-do outra língua- que os Yanoma-

mi nos ensinam,com grande disponibilidade e ale-gria - para poder escutar os apelose tentar balbuciar alguma resposta;tentando conhecer - conduzidospor nossos guias - oresta, rios,serras e todos os seres que a po-voam, pois este é o mundo emque vivem nossos irmãos e por-que toda mensagem - incluindo“A Boa Nocia que vem do Alto”

- apenas tem sendo se diz algoa partir do mundo conhecido;apreciando alimentos diversos,pois é consumindo juntos umacuia de mingau de banana, umpedaço de beiju assado na brasa euma porção de carne moqueada,que se constrói a familiaridade ea conança; sabendo deitar narede, carregando-a nas costaspara acompanhar as pessoas noslongos deslocamentos e atando-a,

outra vez, entre duas árvores, ou

em uma nova casa comunitária,onde os Yanomami se reúnem paracelebrar, chorar um falecido oudiscur as decisões tomadas longedaí, por estranhos que ameaçamsuas vidas e a sobrevivência daoresta.

É nesta condivisão que se cons-

truiu e ainda se constrói a Missão.Durante 50 anos, os indígenas eseus aliados enfrentaram desaose tragédias: a invasão de centenasde trabalhadores empregadosna construção da Rodovia Peri-metral Norte (projeto iniciado einterrompido durante a ditaduramilitar), a difusão de epidemiasque dizimaram comunidades in-teiras, a invasão de milhares degarimpeiros, o desmatamento

e a implantação de projetos de

colonização em suas terras. Aindahoje, fazem-se presentes gravesameaças: projetos de mineração,revisão da demarcação das terrasindígenas, projetos aliciadores quedividem as comunidades, desres-peito dos direitos à diversidadesociocultural.

No enfrentamento comum dosdesaos e na parlha do codianose constrói a Missão. Conciliam-seesperanças, sonhos e anseios deum povo com a mensagem queos missionários e missionários

 – frágeis mensageiros – desco-brem junto aos Yanomami: umamensagem que é vida frente aosprojetos de morte.

Corrado Dalmonego, imc, é missionário italiano traba- 

lhando com os indígenas, em Roraima.

Cronologia1929 Uma expedição sobe o rio Catrimani e encontra um grupo de

Yanomami. Dela faz parte o padre benedino Alcuino Mayer.

1948 Os missionários da Consolata chegam a Roraima em substuiçãoaos benedinos.

1953 Primeira viagem do padre Ricardo Silvestri, imc, entre os índiosisolados do rio Apiaú.

1960 Primeira viagem de Bindo Meldolesi, imc, entre os índios dorio Apiaú.

1965 Outubro - os padres Bindo Meldolesi e Giovanni Calleri fundama Missão na ponta esquerda do rio Catrimani.

1966 Março - O primeiro avião Cesna 170 aterissa na pista da Missão,recém-terminada.

1968 Novembro - Massacre da expedição do padre Giovanni Callerientre os índios Waimiri-Atroaris.

1974 Início da construção da Perimetral Norte (BR-210). Primeira in-vasão de trabalhadores e máquinas. Os trabalhos duraram cercade três anos, depois o projeto foi suspenso por falta de verbas.Primeira epidemia de sarampo.

1977 Segunda epidemia de sarampo.

1987 Agosto - os missionários são expulsos da Missão Catrimani.Voltam um ano e meio depois (novembro de 1988).

1989 Março - Os missionários iniciam projeto de etno-alfabezação.Mais de 30 mil garimpeiros invadem a Terra Yanomami.

1992 Maio - Assinado decreto presidencial com a homologação daTerra Indígena Yanomami.

   A   R   Q   U   I   V   O

   I   M   C

OUTUBRO 2015 MISSÕES   27

7/17/2019 Outubro 2015

http://slidepdf.com/reader/full/outubro-2015-568e076f5d9e9 28/36OUTUBRO 2015 MISSÕES28

ia 17 de outubro é, por decisão da Organizaçãodas Nações Unidas, o Dia Internacional deCombate à Pobreza. O projeto é da ONU: até2030, erradicar a pobreza no mundo. O plano

não é apenas acabar com a fome, mas dar atodas as pessoas uma vida digna, com saúde, morariadecente, água tratada, saneamento básico, instrução,trabalho, e meios sustentáveis de subsistência, queincluem também cuidados com a terra e a natureza.Para isso, espera contar com doações de países ricos

e colaboração de universidades e organizações cujaexperiência deve representar grande contribuição.Não se trata de um projeto assistencialista, em-

bora se reconheça que, numa situação emergencial,o assistencialismo seja uma necessidade. O objevoé mesmo o da independência e da inserção. O focosão países da África, mas inclui países da Ásia, daAmérica Lana e do Oriente Médio. O projeto é daONU, mas a missão é de todos.

Cerca de 1,6 bilhão de pessoas vivem abaixo dalinha da pobreza e passam fome. São indivíduos quesobrevivem com menos de US$ 1,25 por dia, menos

de R$ 5,00 no nosso câmbio atual, ou R$ 150,00 por

Dde Carlos Roberto Marques

Dia Internacionalde Combate à Pobreza

mês, para comer, beber, vesr-se e morar. É mais deum quinto da população mundial. Isto se deve, emparte, à escassez de recursos naturais em determi-nadas regiões, e também à má distribuição de renda;esta, sim, a mais condenável.

Injustiça socialUma organização internacional não governa-

mental, a Oxfam, criada por professores e alunos daUniversidade de Oxford, que atua na luta contra apobreza, apurou que as cem pessoas mais ricas do

mundo têm uma renda anual líquida da ordem de 240bilhões de dólares, e apenas um quarto disso bastariapara acabar com a pobreza no mundo, se aplicadoem programas bem direcionados. São apenas 1.826os bilionários no planeta, segundo a revista Forbes.Um mínimo de desapego desses super ricos bastaria

para que o objevo da ONU fosserapidamente alcançado.

Somos hoje pouco mais de 7 bi-lhões de habitantes e estaríamosproduzindo alimentos sucientespara 10 bilhões. Um terço disso é des-

perdiçado. Perde-se no transporte,no armazenamento inadequado, mastambém joga-se fora simplesmentepor que a aparência não atendeaos padrões exigidos e, pior ainda,porque o produtor não conseguiuo preço mínimo desejado. Apenasum quarto do que é desperdiçadoalimentaria cerca de 800 milhõesde famintos.

Pobres sempre teremos entre nós,

mas que sejam por opção, e não por falta de oportu-nidades, até porque é possível ser feliz na pobreza.Quem por ela opta não está abrindo mão do direitoa uma vida digna, nem se condenando à miséria e àfome. Ainda que tudo faça parecer que o projeto daONU é inangível, pensemos no trabalho incansávelde inúmeros missionários e missionárias que derame dão a vida por esse mesmo objevo e o vejamoscomo esperança. Temos 15 anos para acompanhar.Quem viver, verá?

Carlos Roberto Marques é Leigo Missionário da Consolata – LMC,

e membro da equipe de redação.

CIDADANIA

28

“Pobres sempre os tereisentre vós”. (Mt 26, 11)

   O   L   I   S   C   A   R   F   F

Criança refugiada desnutrida em Hospital Medecins Sans no campo de refugiados de Dagahaley, Quênia.

7/17/2019 Outubro 2015

http://slidepdf.com/reader/full/outubro-2015-568e076f5d9e9 29/36OUTUBRO 2015 MISSÕES   29

de Boris A. Nef Ulloa

Missionário e Servidor“Quem quiser ser o

primeiro, seja o servode todos”.w (Mc 10, 44)

BÍBLIA

29

este mês de outubro, mês das Missões, somosexortados a crescer em nossa consciência deque missão é serviço! O(a) missionário(a)é, à luz de Cristo servidor, aquele(a) que se

coloca como servidor(a) de todos(as)! Missãoé, entrega de si mesmo em favor do outro. É dedicartempo ao outro; ocupar tempo para sair de si mesmo,para ir ao encontro, para ser próximo.

Na história da salvação, os missionários, por ex-celência, são o Filho e o Espírito Santo. O Pai, no seuinnito amor, nos enviou seu Filho e nos comunicouo seu Espírito. Aprende-mos, assim, do Filho e doEspírito, como podemosser inseridos e parciparda missão.

Os santos evangelhosnos apresentam inúme-ras páginas, nas quaisencontramos a presençado Filho, Jesus de Nazaré,a serviço dos seus irmãose irmãs. Jesus serve comalegria, generosidadee disponibilidade. Seuserviço se caracterizapor privilegiar os mais

sofridos, os excluídos da sociedade de seu tempo.Jesus de Nazaré não hesitou em ocupar o úlmolugar para encontrar os úlmos, aqueles com quemninguém se importava.

Chamados à conversão!Da mesma forma, também nós, hoje, somos cha-

mados à conversão! É urgente uma conversão pastoralque produza frutos no campo da missão! No campodo anúncio e do testemunho! Somos chamados a abrirnovas fronteiras, a edicar uma “Igreja em saída”; adar passos concretos e verdadeiros para favorecer e

fortalecer comunidades cristãs abertas e sensíveis

aos problemas do ser humano contemporâneo.É urgente promover a ação dos leigos e leigas no

mundo e na sociedade. Missão não é privilegio depresbíteros e/ou religiosos e religosas. Missão é graçapara todo bazado. Nem sempre, temos clareza destaenfermidade eclesial que é clericalismo! Ou pior, ainfanlização de leigos e leigas. Uma Igreja em per-manente estado de missão e de serviço nunca poderáser uma Igreja clericalizada. Pelo contrário, serviçona sociedade signica antes de tudo cristãos leigose leigas, conscientes, corajosos, generosos e dispo-níveis! Leigos e leigas missionários(as) que assumemcom alegria seu lugar no mundo contemporâneo, nos

mais variados campos: social, econômico, políco,religioso etc.Lembremos a armação do papa Francisco: “A

políca é um dos mais sublimes serviços de carida-de”! De fato, colocar-se a serviço da sociedade, doscidadãos (sem disnção) é, antes de tudo, colocar-se aserviço do bem comum! E como precisamos em nosso

país (e no mundo) de polícos(as) que encarnem eassumam sua missão de serviço autênco na buscado bem comum!! Lancemos este apelo, sublinhemosesta exortação do papa! Promovamos líderes cristãos,servidores(as) da humanidade, na busca da jusçae da comunhão e solidariedade entre as pessoas eentre as nações. Precisamos urgente de uma novapolíca que promova a dignidasde plena da vidahumana. Mãos à obra! Missão é servir!!!

Boris A. Nef Ulloa é pároco da Paróquia Imaculada Conceição, Ipiranga, São Paulo,

professor doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana e docente

de Teologia Bíblica na Faculdade de Teologia Nsa. Senhora da Assunção – PUC-SP.

N

   C   R   B   N   A   C   I   O   N   A   L .   O

   R   G .   B

   R

Missionário alimenta crianças em "creche improvisada", Walf Jeremie, Porto Príncipe, capital do Haiti.

7/17/2019 Outubro 2015

http://slidepdf.com/reader/full/outubro-2015-568e076f5d9e9 30/36OUTUBRO 2015 MISSÕES30

abertura de uma comu-

nidade missionária daConsolata em Angola co-memorou seu primeiroaniversário em agosto pas-

sado. Desde o Capítulo Geral de2005 se mannha viva a intençãode semear na Igreja angolana. Oestudo do onde, do quando e docomo demorou alguns anos, atéchegar à decisão nal, assumidapelo Conselho Connental. No

início de agosto de 2014, trêsmissionários jovens - Fredy Go-mez, colombiano, Sylvester Ogutu,queniano e Dani Romero, vene-zuelano - chegaram a Luanda eforam acolhidos pelos missionáriosxaverianos de Yarumal na periferiada capital angolana.

A diocese de Viana que os aco-lheu, está situada em um territóriobastante pequeno, mas com umgrande número de habitantes, a

maioria deslocada do interior e

A

ENTREVISTA

concentrada em habitações pre-cárias. O bispo de Viana entregouaos três missionários o Distrito deKapalanga, em vista de criar uma

nova paróquia dedicada a SantoAgosnho e desmembrada da atualparóquia da Sanssima Trindade.Os três missionários assumiramsete comunidades. Do projetomissionário faz parte o eslo devida comunitária simples, no meiode gente pobre, como tem suge-rido o papa Francisco, no sendode viver “com cheiro de ovelhas”.Para isso é necessário ter a cora-

gem de abraçar a cruz presentenas dores do povo marginalizado,porque para evangelizar não bas-ta contemplar a cruz penduradana parede. O padre Dani fala daexperiência deste primeiro anoam Angola e das expectavas queestão à frente da caminhada.

Padre Dani, quais foram assurpresas mais signicavas que

vocês encontraram e com que

espírito as enfrentaram? 

de Joaquim Gonçalves A abertura em Angola era umsonho dos missionários da Con-solata. Desde nossa chegada, noscolocamos em atude de escuta e

aprendizagem, lembramos as pa-lavras ditas pelo Senhor a Moisés:“ra as sandálias, porque o lugarque pisas é santo”. Vivenciamosmuitas surpresas e experiênciasnesta Igreja angolana que tem500 anos de Evangelização, masé uma Igreja jovem e viva. Muitascrianças e jovens parcipam ava-mente do catecumenato e de todaa vida eclesial. Há muitos jovens

que desejam aprofundar o encon-tro com Jesus numa vida espiritualmais intensa. A diocese de Vianaque nos acolheu foi desmembradahá sete anos da arquidiocese deLuanda. Iniciamos a missão juntoao povo de Deus, sem nenhumaestrutura paroquial funcionando.Nossos encontros semanais co-meçaram debaixo de árvores noterreno reservado para a igreja.Sete comunidades vão constuir

a paróquia de Santo Agosnho.

A nova Missãoem Luanda

Missionário daConsolata há um

ano em Angola,padre Dani Romeroconta a experiênciadeste período e fala

dos desaos futuros.

7/17/2019 Outubro 2015

http://slidepdf.com/reader/full/outubro-2015-568e076f5d9e9 31/36OUTUBRO 2015 MISSÕES   31

O povo angolano vive um fortesendo de fé, tão alegre e feliz naacolhida dos missionários: “temosfome da Palavra de Deus”. Isso nosinterpela a tal ponto que dia a dianos senmos como em casa, numambiente de aspirações grandes demelhoria de vida, porque a nação

agora vive em paz.

Certamente, ao longo deste

ano vocês conseguiram fazer al -gumas opções de eslo de vida e

de ação. Quais são atualmente as prioridades de evangelização parachegar a constuir uma paróquia? 

Luanda é uma cidade em cons-tante crescimento econômico, mascom uma realidade em que quase

70% da população vive com menosde dois dólares por dia e onde acesta básica para uma semana custa50 dólares. Angola é um dos paísesque apresenta um dos menores ín-dices de desenvolvimento humano(é o 149 em 187 países, segundo osúlmos dados das Nações Unidas).E ainda hoje, 13 anos depois dom da guerra civil que durou 27anos, connua a invesr mais emsegurança do que na educação e

saúde. Luanda é uma das cidadescom o nível de vida mais caro doplaneta. O desenvolvimento eco-nômico concentra muita riquezanas mãos dos ricos. Por isso, cres-ce muito a desigualdade social eeconômica. Os pobres vivem comserviços públicos mínimos de ma-nutenção, de abastecimento deágua, de energia e de coleta delixo. De vez em quando, aparece

um caminhão pipa de água. Háruas em Luanda onde se alugamcasas por 25 mil dólares mensaise em frente a estas, outras semsaneamento básico. Além da faltade infraestrutura, o poder econô-mico ca nas mãos de poucos ea maioria da população vive semcondição de uma vida digna. Opovo sabe o que está acontecendoe repete a frase: “para solucionarqualquer problema se deve pagar

propina”. Ao olharmos toda esta

realidade, a prioridade atual quenós como missionários da Consolataassumimos, é a de promover nestacomunidade paroquial consciênciade que somos paróquia, organizadaem várias comunidades. A outradimensão da prioridade é de caráterproféco. Não podemos car em

silêncio perante os enormes desa-os gerados pelo capital, voltadopara o consumismo e envolvido em

missionário. O nosso povo louva,parcipa, celebra com muita fé,mas não tem parcipação socialava, vivem sem saneamento bá-sico e sem as mínimas condiçõesde higiene e limpeza. Precisamosabraçar um caminho que una a fé àbusca de soluções para os problemas

sociais. Para isso, vislumbramos umaformação humana e cristã integral,que abarque o ser humano em sua

totalidade, promovendo redes deencontro, de parcipação e prota-gonismo. Olhamos com esperançapara a juventude que sonha comum futuro melhor e quer superar assituações onde ainda permanece aviolência. Para isto, procuramos abrirpara os jovens espaços adequadosonde possam desenvolver seus ta-lentos e dons a serviço de Deus e dos

irmãos. Também queremos colocarem marcha o movimento angolanodas mulheres chamado PROMAICA- Promoção da Mulher Angolana naIgreja Católica. Trata-se de um meioecaz para ajudar as nossas mãesnos processos de alfabetização,de educação, promovendo umaautossustentação econômica compequenas cooperavas, de redes desolidariedade e formação na fé.

Joaquim Gonçalves, imc, é missionário em São Paulo, SP.

"O mais clamorosodesao é a dignidade

humana comoprioridade em todo o

nosso agir".

   F   O   T   O   S   A   R   Q   U   I   V   O  :   I   M   C

Padres Fredy Gomez, Sylvester Ogutu e Dani Romero em Luanda, Angola.

processos de corrupção. Queremospromover o modelo de paróquiaque funciona como “comunidade

de comunidades” com dinamismode parlha de solidariedade, tendono horizonte a busca de vida dignapara todos.

Entre esses desafios sociais

quais são os mais clamorosos equais são as possibilidades de

resposta que vocês vislumbramou estão ao seu alcance? 

O mais clamoroso desao é adignidade humana como priori-dade em todo o nosso agir e senr

7/17/2019 Outubro 2015

http://slidepdf.com/reader/full/outubro-2015-568e076f5d9e9 32/36OUTUBRO 2015 MISSÕES32

de Claudio Cobalchini

atos e datas marcantes navida de cada um, lembramoso contexto, circunstâncias;lembramos também as da-

tas importantes vivenciadasna e com a família, a sociedade e acomunidade... Muito mais, caramgravadas em nós, não somenteporque tomamos conhecimento,mas porque esvemos presentese parcipamos... Em muitas pes-soas, os fatos que lhe deixaramalguma cicatriz, causados por umsofrimento e diculdade se so-bressaem sobre os que deixarama serenidade e a alegria...

A Sagrada Escritura nos apre-senta experiências assim,até mesmo detalhando ahora... Junto ao poço deJacó, no encontro com aSamaritana “era quasemeio-dia” (Jo 4, 6). “Já eramais ou menos o meio--dia”(Lc 23, 44); “no 1º.diada semana, bem de ma-drugada..” (Lc 24, 1).

A beatifcaçãoÉ meu desejo, tornar

presente os momentosque marcaram a minhaparcipação nas celebra-ções pela ocasião da be-acação do padre JoséAllamano, fundador daCongregação dos Missio-nários e das Missionáriasda Consolata, fato este

ocorrido justamente há

F

ATUALIDADE

25 anos, em 7 de outubro de 1990,em Roma, Itália.

Foi a minha primeira viagem aopaís, por benevolência do padreSeram Marques, que ao ser anun-ciado o sorteio, daqueles que nãoentraram nos critérios colocados

pelos superiores, caso seu nome

saísse, me cederia o lugar; a ele soue serei grato para sempre!

Vimos missionários e missioná-rias provenientes dos três con-nentes (Europa, África e América),narrando suas alegrias, experiênciase esperanças; centenas de missio-

nários, missionárias, leigos e leigasque bebendo da fonte inesgotávelda sandade, vinham para celebrar;missionários anciãos que expres-savam sua alegria, por ter doadotoda a sua vida, seguindo as orien-tações do Allamano; missionáriosque veram a graça de conhecerpessoalmente o Fundador e teremsidos acolhidos por ele no Semi-nário; missionários e missionáriasque depois de terem doado todas

suas energias sicas na missão, se

Isso que vimos

e ouvimos(Cf. 1 Jo 1,3)

Comemoramos este ano,25 anos da beaticação

de José Allamano,fundador dos missionários

e das missionárias daConsolata. Padre Claudio

Cobalchini esteve em

Roma naquele 7 deoutubro de 1990 e retrataas emoções vividas.

   F   O   T   O   S  :   A   R   Q   U   I   V   O

   M   I   S   S   I   O   N   I   C   O   N   S   O   L   A   T   A

Fotos da beaticação de José Allamano, 7 de outubro de 1990, Roma, Itália.

7/17/2019 Outubro 2015

http://slidepdf.com/reader/full/outubro-2015-568e076f5d9e9 33/36OUTUBRO 2015 MISSÕES   33

encontravam vivendo a mesmamissão na oferta do seu sofrimentoe nas suas limitações; missionáriose missionárias que acompanhandoos formandos, procuravam fazercom que estes internalizassem osprincípios e valores para se tornaremmissionários(as) da Consolata, comoo Allamano queria; missionários emissionárias leigos e leigos e amigosdestes, sendo parte integrante nasavidades apostólicas doando a sua

experiência prossional e meios paraque o Evangelho fosse anunciado;

 jovens das missões onde trabalhamos missionários, querendo ver e“saber” porque os mesmos traba-lham em comunhão entre si, sendoverdadeiros irmãos, como numafamília; querendo senr o que osmissionários manifestam por meioda devoção à Consolata; o saber esenr, o por quê deste amor à Igreja,

o por quê da centralidade na suavida na Eucarisa; o por quê deixamcom alegria, seus pais e familiares,sua terra e se doam sem por limitesaos pobres, aos mais carentes... porquê não estão nos grandes centros,mas nas periferias das cidades.

Mas, também ouvimos a pro-clamação solene do papa decla-rando o Servo de Deus, padre JoséAllamano, como Bem-aventurado;a Praça de São Pedro explodir de

alegria ao vermos a imagem do

33

novo Bem-aventurado sendo des-cerrada; ouvimos soar aos nossosouvidos o ritual da primeira Euca-risa celebrada em honra do novoBem-aventurado na Igreja de SantaMaria Maior, a Igreja Mãe de Romae parlhamos as experiências vivi-das nas avidades missionárias de

tantos, que havendo deixado a suapátria, se encontravam a mais de40 e/ou 50 anos doando a sua vida,no desejo de cumprir a vontade deAllamano, de ir ou estar onde ou-tros não podem ir. Para isso somosmissionários(as).

As origensTudo foi marcante e por isso tra-

zemos conosco, e isto nos anima e

conrma no desejo de doar a vidaaté o nal dos nossos dias. Conhe-cer o Santuáraio da Consolata emTurim, onde o Allamano foi párocoe onde tudo começou... A imagemde Santuário que levava comigo,até então era de algo grandioso,imponente, como o Santuário deAparecida, padroeira do Brasil oude Nossa Senhora de Luján na Ar-genna; o que me fez descobrir,

que não devemos comparar, nemmedir usando meios geométricos,pois as medidas de Deus são tãodiferentes! E assim me deixei envolverpelo ambiente simples e acolhedordo Santuário... E foi justamente alique nós fomos gerados no coraçãodo Allamano. Ao conhecer o lugaronde o Allamano se recolhia aos pésda Consolata, imaginei vê-lo conver-sando amistosa e devotamente com

Ela, o que demonstra sua devoção

e por isso sempre atribuiu a ela otulo de fundadora. Em todos estespormenores, descobrimos como ohumano se torna divino e o divinohumano. E o divino em um ser hu-mano, se aceito e encarnado podetransformá-lo em Santo.

Mas há algo que me deixou

inquieto. Ao conhecer o túmuloonde se encontram os restos mor-tais do Allamano; ao permanecerao lado do mesmo num momentode oração; ao deter-me em tal si-tuação, surgiram perguntas assim:“como pode ainda hoje depois detanto tempo, o espírito e o dina-mismo missionário deste homem,ser capaz de envolver, de ser causade tantas alegrias para os que se

deixaram cavar por seu espíritoe dinamismo missionário e, espe-cialmente ser hoje apresentadocomo modelo de vida e de doaçãona construção do Reino de Deus?O ser humano já não, mas seudinamismo missionário, seu amorà Igreja, a centralidade da sua vidana Eucaristia, seu espirito filialà Consolata, o desejo de que oInstuto fosse uma família, ainda

hoje é procurado, perseguido poraqueles que querem levar digna-mente o nome de missionários emissionárias da Consolata. Ao serproclamado Bem-aventurado, seusprincípios e ensinamentos se tornampresentes, por isso, hoje podemosinvocá-lo dizendo: Bem-aventuradoJosé Allamano, rogai por nós!

Claudio Cobalchini, imc, é missionário em Feira de

Santana, BA.

7/17/2019 Outubro 2015

http://slidepdf.com/reader/full/outubro-2015-568e076f5d9e9 34/36   V

   O   L   T   A

   A   O    B

   R   A   S   I   L

OUTUBRO 2015 MISSÕES34

Gentil (RS) Atentado a lideranças indígenas

Na noite de 1º de agosto, na retoma-da da Terra Indígena Re Kuju, localizadaem Campo do Meio, município de Genl,o vice-cacique Kaingang, Isaías da RosaKaigõ, e a liderança Deivid Kaigõ sofreramum atentado a ros, disparados por dois

homens não idencados. O vice-caciquee o líder trafegavam de carro, em direçãoà comunidade Campo do Meio, quandosofreram emboscada e o carro foi alvejadopor ros. Isaías da Rosa Kaigõ saiu ileso naregião da coluna e Deivid não foi angido.As lideranças da comunidade Kaingang ReKuju comunicaram imediatamente às políciaso atentado, porém, não ocorreu nenhumadiligência, tampouco comparecimento dasautoridades ao local para o levantamento

dos fatos, a apuração dos responsáveispelos disparos e a invesgação dos movos.

Brasília (DF)Marcha das Margaridas

A quinta edição da Marcha das Marga-ridas aconteceu no dia 11 de agosto, emBrasília e contou com a parcipação de27 federações e 11 endades parceiras.Organizada pela Confederação Nacionaldos Trabalhadores na Agricultura (Contag),a marcha teve por objetivo apresentar

uma pauta de reivindicações que atendaàs necessidades das mulheres que viveme trabalham no campo. Entre as principaisreivindicações estavam o m da violênciacontra a mulher e o combate ao uso deagrotóxicos. A Marcha das Margaridas éconsiderada a maior manifestação pelosdireitos das mulheres no mundo.

CNBB e a situação políticaEm entrevista coleva concedida à im-

prensa, no dia 27 de agosto, a CNBB divulgouduas notas: uma sobre a situação polícano Brasil e outra sobre a descriminação douso de drogas. Sobre a situação políca,a endade cricou “o gasto com a dívidapública, o ajuste scal e outras medidaspara retomada do crescimento”, porque“colocam a saúde pública na UTI, comprome-tem a qualidade da educação, inviabilizama segurança pública e inibem importantesconquistas sociais”. Sobre a descriminaliza-ção do uso de drogas, a CNBB armou que

“a não punibilidade do porte de drogas,

tendo como argumento a preservação daliberdade de pessoa, poderá agravar o pro-blema da dependência química, escravidãoque hoje alcança números alarmantes.”Conforme consta na nota, “a liberação doconsumo de drogas facilitará a circulaçãode entorpecentes. Haverá mais produtosà disposição, legalizando uma cadeia de

tráco e comércio, sem estrutura jurídicapara controlá-la”.

STF proíbe doações de empresasEm uma decisão que terá forte impacto

nas disputas eleitorais, o Supremo Tribu-nal Federal proibiu, por 8 votos a 3, queempresas façam doações para pardos ecandidatos. A decisão já terá validade paraas eleições municipais de 2016. Hoje, asempresas são as maiores nanciadores de

polícos e legendas. O entendimento doSupremo deve ser usado pela presidenteDilma Rousse para vetar lei aprovada peloCongresso na semana passada que permitedoações de empresas para pardos até olimite de R$ 20 milhões. Em meio à crisepolíca, Dilma é pressionada por aliados adar aval ao texto. Um possível veto à medidapode complicar ainda mais a relação delacom o Congresso. Uma possível alternavapara a liberação das doações empresariaisseria a aprovação de uma PEC (Proposta

de Emenda à Constuição) para retomar osistema atual. Atualmente, a lei permite adoação de empresas e xa o limite em até2% do faturamento bruto no ano anteriorao da eleição.

Maranhão (MA)Menor número de policiais militares

O Maranhão é o estado que apresenta amenor taxa do país de policiais militares porhabitantes: um PM para cada 881 moradores.

Já a média nacional é de um agente paracada 473 pessoas. Os dados constam daPesquisa de Informações Básicas Estaduaise Municipais do ano passado, divulgada emagosto pelo IBGE. De acordo com outro le-vantamento, o Mapa da Violência de 2015,o Maranhão é também o estado que teveo maior índice de crescimento no númerode mortes com armas de fogo entre 2002e 2012: 331,8%.

Fontes: Adital, CNBB, Folha de São Paulo, IHU.

7/17/2019 Outubro 2015

http://slidepdf.com/reader/full/outubro-2015-568e076f5d9e9 35/36

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