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PARÂMETROS CITOGENÉTICOS DE ESPÉCIES COMERCIAIS DE ... · Galindo Blaha e Liliane de Lima Gurgel pelas críticas ... descontraídos nas aulas de Biologia Celular ... São Pedro

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  • PARMETROS CITOGENTICOS DE ESPCIES COMERCIAIS DE CARANGIDAE

    (PERCIFORMES), COM VISTAS A SUA EMPREGABILIDADE NA CONSERVAO

    BIOLGICA E PISCICULTURA MARINHA

    UEDSON PEREIRA JACOBINA

    Tese de doutorado apresentada ao Programa

    de Ps Graduao Rede Nordeste de

    Biotecnologia (RENORBIO), como parte dos

    requisitos para obteno do Ttulo de Doutor

    em Biotecnologia

    Orientador- Dr. Wagner Franco Molina

    NATAL-RN

    2012

  • Seo de Informao e Referncia

    Catalogao da Publicao na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede

    Jacobina, Uedson Pereira Parmetros citogenticos de espcies comerciais de carangidae (perciformes), com vistas a sua

    empregabilidade na conservao biolgica / Uedson Pereira Jacobina. Natal, RN, 2012.

    150 f. : il.

    Orientador: Wagner Franco Molina.

    Tese (Doutorado) Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Rede Nordeste de Biotecnologia.

    1. Piscicultura Marinha Tese. 2. Marcadores Cromossnicos Tese. 3. Software Lekin Tese. I.

    Molina, Wagner Franco. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Ttulo.

    RN/UF/BCZM CDU 639.2.04

  • Dedico este trabalho a meu pai Ldio

    Jacobina Vieira Santos

  • Nem tudo que se enfrenta pode

    ser modificado, mas nada pode ser

    modificado at que seja enfrentado. A

    tradio a personalidade dos imbecis.

    Albert Einstein

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo a Universidade Federal do Rio Grande do Norte e ao programa Rede Nordeste de

    Biotecnologia (RENORBIO) pela oportunidade de realizar este trabalho.

    Ao meu orientador Professor Dr. Wagner Franco Molina, pelo apoio e confiana depositada

    em mim, que foram fundamentais para a realizao deste trabalho e oportunidade de

    trabalhar com grupo, objeto de estudo, fantstico, os Carangdeos.

    Aos professores Dr Luiz Antonio Carlos Bertollo, Marcelo de Bello Cioffi e Marcelo Vicari

    pela amizade, parceria e dicas na melhoria deste trabalho.

    Aos Professores Dr. Darlio Teixeira, Carlos Blaha e Paulo Srgio Marinho pelas crticas e

    sugestes para a melhoria do trabalho.

    Aos Professores Dr. Orlando Moreira-Filho, Vitor de Oliveira Lunardi, Carlos Alfredo

    Galindo Blaha e Liliane de Lima Gurgel pelas crticas essenciais e fundamentais na

    melhoria desse trabalho.

    Ao Conselho Nacional de Pesquisa (CNPQ) pela bolsa de pesquisa concebida em 2009.

    Ao Conselho de Aperfeioamento Superior pela bolsa REUNI concebida de 2010 a 2012,

    fundamental na minha permanncia e continuidade deste trabalho em Natal.

    As Professoras Kattia Scortecci e Adriana Ucha pelos ensinamentos, dicas e bate papos

    descontrados nas aulas de Biologia Celular fundamentais para o meu aprendizado e

    amadurecimento como um futuro docente.

    A minha famlia, os irmos Wilton, Wendell e Jos Welton e principalmente minha me

    Beatriz Alencar Jacobina por todo amor e carinho e confiana depositada em mim.

    Ao grande amigo Pablo Martinez pela convivncia, parceria nos trabalhos e claro parceiro

    das melhores baladas em Natal, e por compartilhar os momentos difceis.

    Aos grandes amigos Layse, Calado, Washington, Valdir, Silvio e Valrio pelo apoio e por

    tornarem esta convivncia mais descontrada e bem mais feliz em minha estadia de quatro

    anos em Natal.

  • Aos amigos de Guamar Layse, Kelly, Carol, Pedro, Calado, Acarilton, rico, Ira, Gustavo,

    Diogo, Felipe, Daniel, Aline, Lucas e Lo pela amizade, apoio, compreenso e por tornar a

    convincia mais fcil nos dias de labuta em Guamabeach.

    Ao amigo Garcia Jnior pelo apoio e suporte na identificao das espcies.

    Aos colegas do laboratrio de Gentica de Recursos Marinhos Gideo, Rodrigo Pantera,

    Eurico, Allysson, Amanda, George, Clvis e Paulo por participarem direta ou indiretamente

    na realizao deste trabalho.

    Em geral gostaria de agradecer a todas as pessoas que de certa forma contriburam na

    realizao deste trabalho.

  • Resumo

    Entre os peixes marinhos, as famlias Carangidae e Rachycentridae se apresentam

    como grupos de grande importncia comercial pela pesca e potencial para piscicultura

    marinha. Entretanto, bases genticas que possam alicerar o futuro cultivo destas

    espcies, sobretudo seus aspectos citogenticos so incipientes. Os padres

    cromossmicos tm fornecido dados bsicos para a prospeco de processos

    biotecnolgicos de manipulao cromossmica voltados ao melhoramento gentico, como

    a induo a poliploidia, ginognese e andrognese, assim como obteno de estoques

    monossexo e hibridizaes interespecficas. Neste trabalho apresentado um amplo

    levantamento citogentico em 10 espcies, sendo sete da famlia Carangidae e de

    Rachycentron canadum, espcie monotpica da famlia Rachycentridae. A caracterizao

    citogentica clssica e mapeamento in situ de sequncias multignicas foram empregadas.

    Adicionalmente em espcies do gnero Selene e em morftipos de Caranx lugubris foram

    realizadas comparaes atravs de morfometria geomtrica. Em geral, as espcies

    exibiram um marcante conservadorismo cromossmico numrico (2n=48). Apesar de

    apresentar, em grande parte, frmulas cariotpicas diferenciadas, conservam diversas

    caractersticas cromossmicas tpicas da Ordem Perciformes, como elevado nmero de

    elementos monobraquiais, stios Ag-RONs/ DNAr 18S simples e heterocromatina reduzida,

    preferencialmente centromrica. Os principais mecanismos envolvidos na diversificao

    cariotpica so as inverses pericntricas, com ao secundria de fuses cntricas. Alm

    do mapeamento fsico e detalhamento cromossmico para as espcies so apresentados e

    discutidos padres de variabilidade intra e diversificao interespecficas, com

    identificao de marcadores citotaxonmicos. Este conjunto dos dados propicia um

    melhor conhecimento dos padres carioevolutivos destes grupos e condies para o

    desenvolvimento de protocolos biotecnolgicos baseados na manipulao cromossmica

    para estas espcies Atlnticas.

  • Abstract

    Worldwide, families Carangidae and Rachycentridae represent one of the groups

    most important commercial fish, used for food, and great potential for marine aquaculture.

    However, the genetic bases that can underpin the future cultivation of these species,

    cytogenetic between these aspects are very weak. The chromosomal patterns have

    provided basic data for the exploration of biotechnological processes aimed at handling

    chromosomal genetic improvement, such as induction of polyploidy, androgenesis and

    ginogenesis, as well as obtaining monosex stocks and interspecific hybridizations. This

    paper presents a comprehensive cytogenetic survey in 10 species, seven of the family

    Carangidae and the monotypic family Rachycentridae. Classical cytogenetic analysis and in

    situ mapping of multigene sequences were employed, and additionally for the genus Selene

    and morphotypes of Caranx lugubris, comparisons were made using geometric

    morphometrics. In general, conservative species exhibit a marked chromosome number

    (2n=48). Although present in large part, different karyotypic form, retain many

    characteristics typical of chromosomal Order Perciformes, the high number of elements

    monobrachyal, Ag-NORs/18S rDNA sites and heterochromatin simply reduced, preferably

    centromeric. The main mechanisms involved in karyotypic diversification are the

    pericentric inversions, with secondary action of centric fusions. In addition to physical

    mapping and chromosome detail for the species are presented and discussed patterns of

    intra-and interspecific diversity, cytotaxonomic markers. This data set provides a better

    understanding of these patterns caryoevolutyonary groups and conditions for the

    development of protocols based on Biotechnology for chromosomal manipulation Atlantic

    these species.

  • Lista de Figuras e Tabelas

    Introduo

    Figura-1. Relaes filogenticas baseadas em dados morfolgicos (Gushiken, 1988) para

    Carangoidei (a) e de tribos da famlia Carangidae (adaptado de Reed et al., 2002) a partir de

    sequncias Cit B (b). Pag-18

    Tabela-1. Dados citogenticos da famlia Carangidae. Pag-19

    Captulo 2

    Figura 1. Caritipos de Rachycentron canadum. Colorao convencional (a) destacando os stios Ag-

    NORs no par cromossmico no. 2; (b) bandamento C, destacando as RONs como regies

    heterocromticas CMA3+/DAPI- ; (c) bandas de replicao, evidenciando os stios de rDNA 18S (par

    2) e 5S (pares 3 e 13) como de replicao inicial; (d) double-FISH com sondas de DNAr 18S (rosa) e

    5S (verde), evidenciando a localizao dos stios de DNAr 18S no par no. 2 e dos stios de DNAr 5S

    nos pares 3 e 13; (e) FISH com seqncias (TTAGGG)n evidenciando a localizao de stios

    telomricos nos cromossomos (laranja). Barra = 5 m. Pag-69

    Figura 2. Idiograma representativo do complemento cromossmico de Rachycentron canadum,

    exibindo o mapeamento citogentico das sequncias ribossomais, Ag-RONs, regies

    heterocromticas e bandas de replicao dos cromossomos. Pag-70

    Captulo 3

    Figura 1. Caritipos das espcies Trachinotus goodei (a, d, g), Trachinotus carolinus (b, e, h) e

    Trachinotus falcatus (c, f, i). Colorao convencional (a, b, c) destacando os pares portadores de

    stios Ag-RONs; bandamento C (d, e, f); em destaque os pares organizadores nucleolares sob

    colorao por CMA3+/DAPI-. Dupla colorao em FISH com sondas de 18S DNAr (verde) e 5S DNAr

    (vermelho) (f, g, h). Barra = 5 m. Pag-78

    Figura 2. rvore filogentica de parcimnia em algumas espcies da tribo Trachinotini (a),

    adaptado de Reed et al. (2002). As relaes moleculares confrontam com uma frmula

    cromossmica das espcies de Trachinotus analisadas. Abaixo, uma representao esquematica de

    uma nova possibilidade de acrocentrizao (b) e condio derivada de stios de DNAr mltiplos

    exclusivo em T. goodei (c). Em destque stios DNAr 18 e 5S em T. Falcatus. Pag-80

    Captulo 4

    Figura 1. Caritipos das espcies Selene brownii, S setapinnis e S. vomer. (a) Colorao convencional

    destacando os stios Ag-RONs no par cromossmico no. 1; (b) bandamento C destacando a regio da

    RON com colorao CMA3+/DAPI-; (c) dupla-colorao em FISH com sondas de 18S DNAr (verde) e

    5S (vermelho) evidenciando a localizao dos stios de 18S DNAr no primeiro par e 5S DNAr no 9

    par nos caritipos; (d) FISH com sondas (TTAGGG)n mostrando os stios telomricos nos

    cromossomos. Barra = 5 m. Pag-90

    Tabela 1. Distncia de Mahalanobis entre as espcies de Carangidae (diagonal inferior) e valores de

    P com testes de permutao de (1000x) (diagonal superior).Pag-90

    Figura 2. Variveis cannicas e projeo da forma do corpo e mensuraes de O. palometa

    (estrelas pretas), C. lugubris (crculos brancos) S. brownii (quadrados pretos), S. setapinnis (estrelas

  • brancas), S. vomer (crculos brancos). Abaixo, forma esquemtica comparando entre espcies as

    formas. Pag.-91

    Captulo 5

    Figura 1. Posio geogrfica no Atlntico e detalhe do Arquiplago So Pedro e So Paulo, ponto

    de coleta dos morftipos de C. lugubris. Pag-98

    Figura 2. Representao esquemtica dos pontos anatmicos dos 12 landmarks (a) definidos para

    as anlises morfomtricas em C. lugubris; (1) extremidade do focinho; (2) depresso do perfil

    frontal acima do focinho; (3) insero da primeira nadadeira dorsal (4) insero do segundo

    ponto de vista dorsal, (5) ltimo raio dorsal, (6) fim da nadaeira anal, (7) insero da anal, (8)

    insero nadadeira anal; (9) base final da nadadeira plvica, (10) insero da nadadeira peitoral,

    (11 e 12) extremidades anterior e posterior do olho. Pag-105

    Figura 3. Dendrograma de similaridade morfolgica, obtido atravs de agrupamento UPGMA, para

    espcies de Caranx e Carangoides. Os morftipos de C. lugubris apresentam-se similares entre si,

    mas discriminados de espcies morfologicamente mais prximas como C. hippos e C. latus. Um

    segundo cluster agrupa C. crysos e C. bartholomaei de corpo alongado. Pag-106

    Figura 4. Caritipos dos morftipos I (esquerda) e II (direita) de C. lugubris presentes no ASPSP.

    Colorao por Giemsa, com destaque para o par no. 1 portador de stios Ag-RON (a). Bandamento C

    (b). Colorao com DAPI/CMA3, exibindo stios GC-ricos dispersos nas regies centromricas e

    telomricas da maioria dos pares cromossmicos (c). Double-FISH evidenciando o mapeamento dos

    stios 18S DNAr (vermelho) e 5S DNAr (verde). Pag-107

    Tabela 1. Espcimes utilizados nas anlises das sequncias de DNA ribossomal 16S, nmero de

    acesso no GenBank e seus nmeros de depsito na coleo ictiolgica da UFRN. Pag-108

    Tabela 2. Valores mersticos dos elementos seriais nos dois morftipos de C. lugubris e em outras

    espcies de Carangidae dos gneros Caranx e Carangoides, com ocorrncia no Atlntico. a

    Honebrink (2000); b Smith-Vaniz & Carpenter (2007). Atlantico L. Atlantico Leste; Atlantico O.

    Atlantico Oriental. Pag-108

    Captulo 6

    Figura1. Caritipos de Carangoides bartholomaei (a), Caranx latus (b) e Caranx lugubris (c), sob

    colorao convencional. Abaixo respectivamente os padres de distribuio da heterocromatina

    para cada espcie. Em destaque, os pares organizadores nucleolares (par 1). Sobreposio

    CMA/DAPI nas trs espcies analisadas (g,h e i). Mapeamento cromossmico por dual-color FISH de

    sondas DNAr 18S (verde) e 5S (vermelho) em Carangoides bartholomaei (j), Caranx latus (k) e

    Caranx lugubris (l). Barra = 5m. Pag-128

  • Sumrio

    1-Introduo

    1.1- Aquicultura, aspectos citogenticos e biodiversidade- Pag-14

    1.2- Relaes filogenticas das famlias Carangidae e Rachycentridae com vistas

    piscicultura marinha. Pag-16

    2- Objetivos

    3-Material e Mtodos

    3.1-Material. Pag-21

    3.2-Mtodos. Pag-21

    3.2.3- Preparaes cromossmicas. Pag-21

    3.2.4-Identificao de padres heterocromticos (bandamento C). Pag-22

    3.2.5- Deteco de Regies Organizadoras de Nuclolos (Ag-RONs). Pag-22

    3.2.6- Fluorocromos GC- e AT-especficos (CMA3 e DAPI). Pag-22

    3.2.7- Hibridao fluorescente in s itu (FISH)Sondas 18S e 5S . Pag-23

    3.2.8- Microfotografias e captura de imagens. Pag-24

    3.2.9- Anlises Morfomtricas. Pag-25

    4- Referncias. Pag-26

    Resultados e Discusso

    Captulo 1

    Protocolos citogenticos e perspectivas biotecnolgicas voltadas piscicultura marinha.

    Pag- 31

    Captulo 2

    Mapeamento cromossmico de seqncias repetitivas em Rachycentron canadum

    (Perciformes, Rachycentridae). Implicaes para evoluo cariotpica e perspectivas para

    fins biotecnolgicos. Pag- 65

    Captulo 3

    Perfil discriminatrio de sitios de DNAr e possivel tendncia de acrocentrizao no gnero

    Trachinotus. Pag -74

    Captulo 4

    Peixes-Galo do Atlntico: Independncia dos padres de diferenciao cariotpica e

    morfolgica. Pag-86

  • Captulo 5

    Ocorrncia de dois morftipos de Caranx lugubris, (Carangidae) no Arquiplago So Pedro

    e So Paulo, meso Atlntico. Pag- 95

    Captulo 6

    Mapeamento de genes 18S e 5S em espcies pelgicas dos gneros Caranx e Carangoides

    (Carangidae).Pag-122

    Consideraes finais. Pag-137

  • 1

    1- INTRODUO

    1.1- Aquicultura, aspectos citogenticos e biodiversidade

    Entre as diferentes reas da aquicultura, a piscicultura corresponde atividade de

    maior volume em termos de produo mundial, sobretudo a desenvolvida em guas

    continentais. Por outro lado, embora a piscicultura marinha venha se desenvolvendo de

    forma crescente e em escala global, no geral ainda enfrenta algumas limitaes ao seu

    pleno desenvolvimento, como questes sociais e ambientais e o baixo conhecimento da

    biodiversidade de algumas regies, do ciclo de vida de espcies e dos seus aspectos

    genticos podem ser elencados como empecilhos ao seu pleno desenvolvimento

    (Hutchings, 2001; Dulvy et al., 2003).

    No Brasil, a aquicultura tem se desenvolvido muito modestamente quando

    comparada com outros pases do mundo, frente s expressivas potencialidades da

    biodiversidade e condies ambientais do pas. Os grandes problemas enfrentados surgem

    da falta de organizao do sistema de transferncia de tecnologia, a carncia de pesquisa

    aplicada, do ordenamento e desenvolvimento, bem como da distribuio dos produtos

    pesqueiros (Castagnolli, 1996). Embora em mdio prazo, esta atividade venha a ser o setor

    que mais oferecer possibilidades de aumento da produo de pescado, so necessrios

    estudos que possibilitem a formulao de um programa de desenvolvimento para esta

    rea, levando-se em conta as particularidades das diferentes regies brasileiras (Camargo

    & Pouey, 2005).

    Um passo importante para o sucesso das atividades comerciais da piscicultura

    recai na exata compreenso, pelo setor produtivo, das diferenas e perspectivas genticas

    que envolvem as populaes naturais e estoques cativos de reprodutores. Populaes

    naturais normalmente representam um repositrio de ampla base gentica da espcie,

    modelado sob a ao da seleo natural, sua manuteno fonte permanente de

    germoplasma a ser utilizado para fins de melhoramento gentico. Estoques cativos de

    reprodutores, por outro lado, constituem quase sempre uma amostra gentica limitada,

    composto por pequeno nmero de exemplares comparado s populaes naturais, nem

    sempre representativa do pool gnico das populaes ou espcie e completamente

    dependente do manejo e dos cruzamentos envolvidos para a sua perpetuao.

    A gentica aplicada piscicultura abrange quatro principais reas que esto

    intimamente interligadas, so elas: a manipulao gentica; manejo gentico,

    monitoramento gentico e a conservao gentica. Nas ultimas trs dcadas, estas

  • 2

    abordagens comearam a contribuir nos programas de criao de peixes, das quais uma

    das mais utilizadas a investigao e aplicaes das informaes cromossmicas (Hussain,

    1996; Pandian & Koteeswaran, 1998; Arai, 2001).

    Dados cromossmicos relacionados ao melhoramento gentico de peixes

    cultivados tm sido foco de discusses e revises durante a ltima dcada (Hulata, 2001).

    Estudos cariotpicos tm fornecido informaes bsicas sobre o nmero, tamanho e

    morfologia dos cromossomos (Khan et al., 2000), que tem ajudado na compreenso dos

    mecanismos evolutivos dos grupos investigados. O conhecimento sobre padres

    cromossmicas das espcies fornecem dados bsicos para a padronizao dos processos

    de manipulao cromossmica voltados ao melhoramento gentico. Entre estes a induo

    da poliploidia, ginognese e andrognese, assim como obteno de estoques monossexo e

    hibridizaes interespecficas (Wu et al., 1988; Diter et al., 1993). Estas tcnicas genticas

    tm sido amplamente aplicadas em conjuno com o cultivo de espcies aqucolas no

    mundo (Arai, 2001; Beardmore et al., 2001; Jankun et al., 2007).

    Das 13.000 espcies de peixes marinhos descritos, apenas 2% dessas espcies

    foram estudadas sob o ponto de vista citogentico (Brum, 1996). A citogentica representa

    uma importante rea dos estudos genticos e o Brasil um dos maiores expoentes. A

    caracterizao citogentica de populaes e espcies possibilita a identificao de

    polimorfismos, diferenas populacionais sutis e espcies crpticas (Mantovani et al., 2000;

    Porto-Foresti, 2006; Molina et al., 2008; Cioffi et al., 2009), que podem ser utilizadas para

    o manejo adequado, monitoramento, conservao e a explorao racional dos estoques

    pesqueiros.

    Os peixes marinhos, comparativamente aos de gua doce apresentam, em geral

    uma pequena diversidade no nmero de cromossomos (Brum, 1996). Diferente dos

    ambientes continentais, os ambientes marinhos apresentam barreiras fsicas em menor

    nmero ou efetividade, o que minimiza o isolamento geogrfico (Lacson, 1992). Essa

    condio entre os Perciformes, maior grupo de peixes marinhos, poderia minimizar a

    diversificao cariotpica e favorecer um mais amplo compartilhamento entre os grupos

    do caritipo basal composto por 48 cromossomos acrocntricos (Ohno, 1970, White, 1973,

    Brum, 1996, entre outros). De fato, nesta Ordem, este caritipo encontrado

    freqentemente em muitas famlias, tais como Carangidae (Murofushi & Yosida, 1979),

    Haemulidae (Aciolly, 2008), Pomacanthidae (Affonso et al., 2000), Pomacentridae (Molina

    & Galetti, 2002), dentre outros.

  • 3

    Os estudos citogenticos em peixes marinhos neotropicais tm crescido de forma

    expressiva, sobretudo em Perciformes (Arajo et al., 2010; Jacobina et al., 2011; Motta-

    Neto et al., 2011; Aciolly et al., 2012; dentre outros), apesar de ainda reduzidos frente a

    dimenso deste grupo. Em funo da costa brasileira (Atlntico Ocidental) apresentar uma

    vasta diversidade ictiofaunstica, dados citogenticos das espcies so ainda reduzidos,

    com ausncia de informaes sobre os padres cromossmicos de diversas famlias. Neste

    aspecto, as anlises citogenticas em peixes tornam-se especialmente interessantes

    porque eles constituem um grupo particular dentre os vertebrados pelo nmero de

    espcies, diversidade de formas, comportamento e habitats e pela posio central que

    ocupam na evoluo animal (Ohno, 1970). O aprimoramento de tcnicas citogenticas

    clssicas e moleculares vem crescentemente permitindo acesso a regies especficas dos

    cromossomos. O maior acesso estrutura dos cromossomos aumenta o poder

    discriminatrio, entre caritipos aparentemente similares, e revelam mecanismos de

    rearranjos insuspeitos (Ozouf-Costaz et al., 1991), bem como so teis na identificao de

    homeologias.

    1.2 -Relaes filogenticas das famlias Carangidae e Rachycentridae com

    vistas piscicultura marinha

    No ambiente marinho, Perciformes constitui a ordem dominante, caracterizada

    como a maior e mais diversificada dentre os telesteos. Neste grupo a subordem Percoidei

    a mais representativa, com 79 famlias, 549 gneros e 3.176 espcies (Nelson, 2006).

    Nesta Ordem, a superfamlia Carangoidei representa um dos poucos grupos monofilticos,

    constitudo pelas famlias Nematistiidae, Coryphaenidae, Rachycentridae, Echeneidae e

    Carangidae (Johnson, 1993). Algumas caractersticas morfolgicas sugerem que

    Carangidae, Coryphaenidae, Rachycentridae e Echeneidae formam um grupo

    monofiltico (Johnson, 1984), onde Rachycentridae e Echeneidae formam um grupo

    monofiltico, tendo Coryphaenidae como grupo-irmo do clado de Nematistiidae e

    Carangidae (O'Toole, 2002). Em nmero de espcies Rachycentridae e Nemastiidae so

    formadas apenas por uma nica espcie, Coryphaenidae por duas, Echeneidae por oito

    (Smith-Vaniz et al., 1999; O'Toole, 2002; Collette, 2003), enquanto que Carangidae, mais

    diversificada, abrange 32 gneros e 140 espcies (Smith-Vaniz, 2002).

    Em todo o mundo, as famlias Carangidae e Rachycentridae representam um dos

    mais importantes grupos de peixes comerciais usados para fins alimentares (Smith-Vaniz

    1999). Na famlia Rachycentridae, a espcie monotpica Rachycentron canadum (Cobia),

    de ampla distribuio, vivendo em guas tropicais em todo o mundo, sendo importante

  • 4

    economicamente e muito bem considerado como um candidato ideal para a aquicultura

    eno cenrio mundial. Estes fatores tm estimulado a realizao de pesquisas com esta

    espcie nos Estados Unidos, Mxico, Porto Rico, Austrlia, Vietnam, China e Taiwan (FAO,

    2006). No Brasil, algumas regies vm tentando buscar solues para o fortalecimento

    econmico com bases na aquicultura e vem incentivando polticas de desenvolvimento da

    piscicultura marinha atravs de diagnsticos e definies de organismos a serem

    cultivados. Atualmente, diversos rgos pblicos vm estudando a implantao no pas de

    cultivos desta espcie, Rachycentron canadum, o beijupir, espcie que vem mostrando

    grande potencial para a piscicultura marinha devido sua elevada taxa de crescimento

    pode alcanar 6 kg em um ano de cultivo, ao alto valor comercial e a qualidade da carne

    (Carvalho Filho, 1999; Domingues et al., 2007). J os membros da famlia Carangidae,

    representam cerca de 5% dos desembarques anuais de peixes sseos marinhos em todo

    mundo. Entretanto, informaes sobre a distribuio e abundncia da maioria dos

    carangdeos insuficiente para determinar a viabilidade de explorao ou maior

    explorao das espcies (Nakamura, 1980; Honebrink, 2000). Esta reduo de estoques,

    alto valor econmico e caractersticas biolgicas vem aumentando as pesquisas e o

    emprego de algumas destas espcies, constituintes desta familia na piscicultura marinha.

    Carangidae um grupo diverso, constitudo por espcies conhecidas popularmente

    como xarus, pmpanos, galos, entre outros. Suas relaes taxonmicas so pouco claras e

    uma quantidade considervel de mudanas de nomenclatura vem ocorrendo (Laroche et

    al. 1984, Gunn 1990, Honebrink 2000). Dados morfolgicos permitem definir quatro

    tribos, sendo elas Trachinotini, Scomberoidini, Naucratini e Carangini. Nestas tribos foram

    reconhecidas provisoriamente algumas subfamlias como Trachinotinae, formada pelos

    gneros Lichia e Trachinotus, Scomberoidinae, composta por pelos gneros Oligoplites,

    Parona e Scomberoides, Naucratinae composta pelos gneros Compogramma, Elagatis,

    Naucrates, Seriola e Seriolina e Caranginae, a mais diversificada, formada por 96 espcies,

    distribudas em 22 gneros (Smith-Vaniz 1984). Outras filogenias baseadas em

    caractersticas morfolgicas foram tambm propostas para Carangidae (Gushiken,

    1988). Hipteses filogenticas a partir de sequncias do gene mitocondrial Citocromo b,

    revelam suporte para o monofiletismo das subfamlias Caranginae, Naucratinae e

    Trachinotinae (Figura, 1), embora a monofilia da tribo Scomberoidini tenha se mostrado

    questionvel (Reed et al., 2002).

  • 5

    Figura 1. Relaes filogenticas baseadas em dados morfolgicos (Gushiken, 1988) para

    Carangoidei (a) e de tribos da famlia Carangidae (b) a partir de sequncias Cit b (adaptado de Reed

    et al., 2002).

    No que diz respeito aos representantes de Carangidae utilizadas na produo,

    vrias espcies, como Pseudocaranx dentex e Trachinotus carolinus tm sido

    extensivamente cultivadas em tanques-rede no Japo (Heilman & Spieler, 1999; Ogawa,

    1992;). Neste pas a espcie Seriola quinqueradiata j vem sendo cultivada desde 1927, em

    gaiolas no mar, a partir da captura de juvenis selvagens (Nakada, 2002). Outras espcies

    de Seriola, como S. dumerili, tambm apresentam alto potencial para aquicultura, em

    virtude de seu crescimento rpido e alto valor comercial (Mazzola et al., 2000). Mais

    recentemente, o cultivo de S. lalandi tem sido implementado comercialmente na Austrlia

    e Nova Zelndia, onde dependente de juvenis criados (Poortenaar et al. 2001). No gnero

    Caranx, C. melampygus, espcie cujas populaes tem sofrido os efeitos da pesca intensiva

    (Shomura, 1987; Friedlander & Dalzell 2004) tem atrado ateno para fins de cultivo.

    Do total das cerca de 140 espcies que compem a famlia Carangidae, 25 espcies

    (17,8%), de 10 gneros, j dispe de alguma informao citogentica (Tabela 1). No

    entanto, a maioria destes estudos est relacionada s espcies do mar Mediterrneo

    (Caputo et al., 1996; Sola et al., 2007; Chai et al., 2009).

    Um painel mais extenso de marcadores cromossmicos obtidos pela aplicao de

    mtodos citogenticos mais resolutivos torna-se necessrio para representantes

    Atlnticos da famlia Carangidae. Estes dados possibilitaro analisar a evoluo

    cromossmica, bem como a presena de marcadores populacionais ou interespecficos,

    subsidiando seu emprego em prticas de manejo e explorao adequada dos estoques

    pesqueiros. Anlises citogenticas aprofundadas envolvendo um nmero maior de

    gneros e espcies permitiria um primeiro cenrio dos aspectos citogenticos destas

    a b

  • 6

    famlias Carangidae e Rachycentridae no litoral brasileiro e suporte para seu uso futuro no

    melhoramento gentico e desenvolvimento da piscicultura marinha no Brasil.

    Tabela 1. Dados citogenticos da famlia Carangidae.

    a acrocntrico; st subtelocnrico; m metacntrico; sm submetacntrico, NF=Nmero Fundamental

    Espcies 2n NF m/sm st/a Referncias

    Alectis ciliaris 48 48 - 48 Murofushi & Yosida, 1979

    Atropus atropos 48 - - - Das et al., 1980

    Carangoides armatus 48 - - - Das et al., 1980

    Carangoides equula 48 48 - 48 Murofushi & Yoshida, 1979

    Caranx equula 48 48 - 48 Murofushi & Yoshida, 1979

    C. crysos 46 48 2m/sm 44 Netto, 1997

    C. sansun 48 50 - 46a/2st Patro & Prasad, 1979

    C. sexfasciatus 48 48 - 48 Murofushi & Yosida, 1979

    Chloroscombrus chrysurus

    48 48 - 48 Pauls, 1993; Netto, 1997

    Selene setapinnis 46 48 2m/sm 44 Netto, 1997

    Selene vomer 48 50 - 46a/2st Rodrigues et al., 2007

    Seriola dumerili 48 50 2sm 46a Vitturi et al., 1986

    Seriola dumerili 47 50 1m/2sm 44a Vitturi et al., 1986

    Seriola dumerili 48 52 2sm 44a/2st Sola et al., 1997

    S. quinqueradiata 48 50 2sm 44a/2st4

    6 Ida et al., 1978

    Seriola nigrofasciata 48 48 - 48 Tripathy & Das, 1988

    Trachinotus carolinus 48 56 8m/sm 40 Rodrigues et al., 2007

    T. falcatus 48 58 10m/sm 38 Rodrigues et al., 2007

    T. goodei 48 52 4m/sm 44a Rodrigues et al., 2007

    Trachurus japonicus 48 66 18 30 Murofushi & Yosida, 1979

    T. mediterraneus 48 58 10 38 Vasil'ev, 1980

    T. mediterraneus 48 70 4m/4sm 26a/14st Caputo et al., 1996

    T. trachurus 48 50 2m 46a Caputo et al., 1996

    Selar malam 48 50 2sm 46 Choudhury et al. (1993)

    Selar kalla 56 56 - - Choudhury et al. (1993)

    http://www.fishbase.com/Eschmeyer/GeneraSummary.cfm?ID=Trachinotushttp://www.fishbase.com/Eschmeyer/EschPiscesSummary.cfm?ID=1011http://filaman.ifm-geomar.de/Genetics/FishGeneticsSummary.cfm?GenusName=Trachurus&SpeciesName=mediterraneus&id=1278&autoctr=1001##
  • 7

    2- OBJETIVOS

    2.1- Objetivo Geral

    O presente trabalho objetivou estabelecer os padres cromossmicos das espcies

    Atlnticas de importncia comercial que compe a famlia Carangidae, atravs de tcnicas

    citogenticas convencionais e hibridao in situ, que subsidiaro uma melhor

    compreenso da taxonomia do grupo, da distribuio espacial da variabilidade gentica,

    dos aspectos evolutivos dos cromossomos da famlia, conservao da biodiversidade,

    manejo adequado dos recursos naturais e determinao de marcadores citotaxonmicos

    visando seu uso futuro no estabelecimento de plantis reprodutores para cultivo.

    2.2- Objetivos Especficos

    1. Determinao da macroestrutura cariotpica das espcies que compe a famlia

    Carangidae, no litoral brasileiro, definindo suas tendncias evolutivas e

    mecanismos de mudana;

    2. Estabelecimento dos padres cromossmicos estruturais das espcies de

    Carangidae pelo uso de bandamentos cromossmicos para identificao das

    regies organizadoras de nuclolos e da heterocromatina constitutiva e pelo

    emprego de fluorocromos base-especficos (DAPI / CMA3);

    3. Mapeamento cromossmico dos genes ribossomais 18S e 5S por meio de

    hibridao in situ com sondas fluorescentes (FISH);

    4. Caracterizao dos padres cromatnicos de Carangidae, revelados atravs do

    emprego de endonucleases de restrio e bandas de replicao pela incorporao

    in vivo e in vitro do anlogo de base BrdU;

    5. Diagnstico citogentico das espcies de Carangidae propiciando sua utilizao na

    manejo da pesca e consolidao da piscicultura marinha de espcies com potencial

    para cultivo.

  • 8

    3- MATERIAL E MTODOS

    3.1-Material

    O material analisado foi coletado em diversos pontos ao longo da costa do Rio

    Grande do Norte, Nordeste do Brasil, assim como no Arquiplago de So Pedro e So Paulo

    (0055.1'N 02920.7'W) e Atol das Rocas (35136 S, 33495 W) sobretudo em regies

    reconhecidamente prioritrias em funo da biodiversidade existente, variedade de

    habitats e explorao pesqueira. As coletas foram realizadas usando diferentes apetrechos

    de pesca, direcionados para o ambiente a ser estudado e/ou particularidades de cada

    grupo taxonmico a fim de obter maior variedade de espcies.

    Os espcimes coletados foram acondicionados em sacos plsticos com adio de

    oxignio puro, at a sua chegada e acomodao em tanques, nas dependncias do

    laboratrio de Gentica de Recursos Marinhos da Universidade Federal do Rio Grande do

    Norte para posterior desenvolvimento das prticas citogenticas. Todos os espcimes

    utilizados foram fixados em formol por 5 dias e transferidos para lcool etlico 85% para

    futura identificao, armazenamento e depsito de exemplares testemunhos em colees

    ictiolgicas e museus na Universidade Federal do Rio Grande do Norte e em outras

    instituies de pesquisa qualificadas. Identificaes das espcies foram obtidas atravs de

    consulta a um taxonomista de grupos marinhos.

    3.2- Mtodos

    3.2.1-Preparaes cromossmicas

    Aps estimulao da diviso celular por meio da inoculao de agentes

    mitognicos nos indivduos por 24-48 horas (Molina, 2001), os animais foram sacrificados

    para retirada dos tecidos adequados s anlises citogenticas. Cromossomos mitticos

    foram obtidos a partir de clulas do rim anterior, segundo a tcnica direta de air-drying

    (Bertollo et al., 1978). Alternativamente, procedimentos in vitro, utilizando meio de

    cultura RPMI contendo fragmentos de tecido renal (Gold et al., 1996).

    A partir da suspenso celular obtida pelos procedimentos acima descritos, foi

    realizada a caracterizao cariotpica dos espcimes com uso de colorao convencional.

    Aps preparao de lminas coradas com Giemsa 5% em tampo fosfato (pH 6,8), foram

    selecionadas as melhores metfases para definio do nmero diplide e confeco do

    caritipo dos animais analisados. Os cromossomos foram classificados morfologicamente

    de acordo com Levan et al. (1964) e organizados no caritipo em ordem decrescente de

    tamanho.

  • 9

    3.2.2-Identificao de padres heterocromticos (bandamento C)

    A heterocromatina constitutiva foi evidenciada pelo bandamento C (Sumner,

    1972), com algumas adaptaes de acordo com o material em estudo. As lminas foram

    tratadas com uma soluo de HCl 0,2 N, temperatura ambiente, durante 13 minutos e, a

    seguir, submergidas numa soluo de hidrxido de brio 5%, temperatura ambiente,

    por 1 minuto. Logo aps, as lminas foram lavadas em soluo de HCl 0,2N e incubadas

    numa soluo salina 2xSSC, aquecida a 60C, por 30 minutos. Os cromossomos foram

    corados com uma soluo do Giemsa 5%, em tampo fosfato pH 6,8 durante 8 minutos.

    Aps cada um dos passos acima, as lminas forma lavadas com gua destilada e secas ao

    ar.

    3.2.3-Deteco de Regies Organizadoras de Nuclolos (Ag-RONs)

    Para a deteco das regies organizadoras de nuclolos (RONs) ativas, ser

    utilizado o procedimento descrito por Howell & Black (1980), empregando nitrato de

    prata (AgNO3). As lminas foram tratadas com uma mistura contendo 2 partes de uma

    soluo aquosa de gelatina 2% (acrescida de cido frmico 1% na proporo de 1ml para

    cada 100ml de soluo) e 4 partes de uma soluo de nitrato de prata 50%. O material foi

    recoberto com lamnula e incubado em estufa a 60 C, por aproximadamente 5 minutos. A

    lamnula foi ento retirada com um jato de gua destilada e os cromossomos corados com

    Giemsa 5% em tampo fosfato (pH 6,8) por cerca de 30 segundos. Aps esse perodo, as

    lminas foram lavadas em gua corrente e secas ao ar.

    3.2.4-Colorao com Fluorocromos GC- e AT-especficos (CMA3 e DAPI)

    A dupla colorao por fluorocromos base-especficos (CMA3 e DAPI) seguiu a

    metodologia descrita por Barros-e-Silva & Guerra (2009). Preparaes cromossmicas

    foram submetidas, a seguir, em formamida 70%/2xSSC a 70C por 2 minutos.

    Posteriormente, as lminas foram banhadas por duas vezes em 2xSSC temperatura

    ambiente por 2 minutos em cada banho. As lminas foram ento transferidas para uma

    bateria de lcool 70%, 85% e 100%, por 2 minutos em cada banho. Aps secagem, foram

    adicionados 80l de cromomicina A3 em cada lmina, permanecendo 30 minutos em

    cmara escura na geladeira. Aps este perodo, as lminas foram banhadas em trs vezes

    em PBS 1x, dois minutos em cada banho e imediatamente montadas com 80 l de soluo

    de DAPI/Antifading (0,2 g/ml).

  • 10

    3.2.5-Hibridao fluorescente in situ (FISH) Sondas 18S e 5S

    A hibridao in situ fluorescente (FISH) foi realizada de acordo com a metodologia

    descrita por Pinkel et al. (1986) com algumas modificaes. As sondas foram marcadas

    por nick translation (BioNick Labeling System Invitrogen) de acordo com as instrues

    do fabricante. A soluo de hibridao consistiriu de 200 l de formamida 50%, 80 l de

    sulfato dextrano 50%, 40 l de 20xSSC, 80 l de gua q.s.p., perfazendo um volume total de

    400 l, sendo adicionado 1,5 g de sonda (DNA marcado com biotina). Em seguida, a

    soluo de hibridao foi transferida para um banho fervente, durante 10 minutos, para

    desnaturao do DNA e, imediatamente aps, para um recipiente com gelo, impedindo a

    renaturao por choque trmico. As lminas, contendo as preparaes cromossmicas,

    foram lavadas com tampo PBS 1x por 5 minutos temperatura ambiente, sob agitao e

    posteriormente desidratadas em srie alcolica (70%, 85% e 100%). Em seguida, foram

    colocadas em RNAse (100 g/ml) por 1 hora e 30 minutos, em cmara mida a 37 C. Aps

    este perodo as lminas foram lavadas em solues salinas. O material foi desidratado em

    uma srie alcolica, 5 minutos em cada banho, e tratado com formamida 70%/2xSSC a 70

    C, por 5 minutos, para desnaturao dos cromossomos. Uma nova desidratao em srie

    alcolica foi feita. Foram aplicados sobre a lmina, 50 l da soluo de hibridao

    contendo a sonda desnaturada, permanecendo overnight a 37o C em cmara mida.

    Transcorrido esse tempo, as lmina foram lavadas em soluo de formamida 50%/2xSSC a

    42o C por 10 minutos, trs vezes em 0,1xSSC a 60C, 5 minutos em cada lavagem, e em

    soluo Tween 20 (0,05%/2xSSC), sob agitao, por 5 minutos. Foi feito um tratamento

    com 90 l de NFDM 5% (non fat dry milk leite em p desnatado) em 4xSSC, por 15

    minutos temperatura ambiente. A deteco da sonda foi feita, colocando-se sobre as

    lminas, 70 l de FITC (fluorescena isotil cianato-avidina conjugada) a 0,25 g/l, por 30

    minutos, em cmara mida, com trs lavagens sucessivas com Tween 20, durante 5

    minutos em cada lavagem. O sinal de hibridao foi amplificado com cerca de 70 l de anti-

    avidina biotina-conjugada, por 30 minutos, com trs lavagens adicionais com Tween 20,

    durante 5 minutos em cada lavagem. Este ciclo e o tratamento com FITC sero repetidos

    mais uma vez. Finalmente, a lmina ser desidratada em srie alcolica (70%, 85% e

    100%), durante 5 minutos em cada banho. Os sinais de hibridao sero detectados com

    avidina-FITC e os cromossomos contra-corados com iodeto de propdio (50 g/ml) ou

    DAPI (0,2 g/ml).

  • 11

    3.2.6-Microfotografias e captura de imagens

    As preparaes cromossmicas convencionais foram analisadas e fotografadas em

    microscpio ptico. As preparaes de FISH e de fluorocromos base-especficos foram

    analisadas em fotomicroscpio de epifluorescncia Olympus BX50, equipado com sistema

    digital de captura de imagens.

  • 12

    3.3-Analises Morfomtricas

    Para as analises morfomtricas, fotografias sob escala foram obtidas do lado

    esquerdo de cada exemplar com uma cmera digital Sony H10 (8,1 megapixels) acoplada a

    um trip. Todos os exemplares tiveram o sexo definido por exame macroscpico das

    gnadas. Utilizou-se e software TPSDig2 utilizado para localizar os landmarks e as

    coordenadas X e Y que foram sobrepostas atravs do software CoordGen, utilizando

    anlises Procruster (Rohlf & Slice, 1990). Anlises de componentes principais e variveis

    cannicas tambm foram utilizadas para discernir diferenas na morfologia dentro e entre

    os grupos de estudo (populaes, espcies, regies de coleta), considerando-se anlise de

    significncia de MANOVA quando forem analisados mais de um grupo. Ambos os testes

    foram realizados com o software PCAGen e CVAGen respectivamente. A partir da mdia de

    distribuio das espcies no grfico de variveis cannicas, foram realizadas matrizes de

    deformaes, para comparao de diferenas morfolgicas (Rohlf & Slice, 1990). Todas as

    anlises foram realizadas no software MorphoJ 1.02 (Klingenberg, 2008).

  • 13

    4- Referncias

    Accioly, I.V., Bertollo, L.A.C., Costa G.W.W.F., Jacobina, U.P & Molina, W.F. 2012. Chromosomal population structuring in Carangids (Perciformes) between northeastern and southeastern of Brazil coast. African Journal of Marine Science. In press.

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  • Capitulo 1

    PROTOCOLOS CITOGENTICOS E PERSPECTIVAS BIOTECNOLGICAS VOLTADAS PISCICULTURA MARINHA

    Molina, W.F & Jacobina, U.P

  • 1

    PROTOCOLOS CITOGENTICOS E PERSPECTIVAS BIOTECNOLGICAS VOLTADAS PISCICULTURA MARINHA-UMA REVISO

    Wagner Franco Molina & Uedson Pereira Jacobina Introduo

    O conhecimento dos aspectos da biodiversidade nos ecossistemas

    marinhos sensivelmente menor em relao ao ambiente terrestre. Apenas 10%

    da investigao sobre a biodiversidade global tm sido dedicado a estes

    ecossistemas (Hendriks et al., 2006). Isto particularmente preocupante em face

    s mudanas globais decorrentes da sobreexplorao de recursos naturais e as

    alteraes climticas. Estas alteraes vm causando efeitos impactantes em vrios

    ecossistemas importantes ao ambiente marinho, incluindo regies estuarinas e de

    recifes de corais (Pauly et al., 2002; Hughes et al., 2003) gerando efeitos variados

    sobre as populaes de peixes (Hendriks, et al., 2006). Atrelado a questes

    ambientais a reduo dos estoques pesqueiros naturais est intrinsecamente e

    perigosamente relacionada segurana alimentar e ao bem estar social mundial

    (Camargo & Pouey, 2005; Jiang, 2010). Neste aspecto, a produo pesqueira

    alcanou seu potencial mximo de extrao, sendo incapaz de atender a demanda

    mundial de forma sustentvel. Um tero das reservas mundiais de peixes est

    esgotado ou em fase de recuperao e necessitam de ser reconstitudas (FAO,

    2006). Estima-se caso o ritmo de explorao da pesca extrativa marinha se

    mantenha, que haja um colapso global das atividades de pesca comercial at 2048

    (Geraque, 2006). Os setores da pesca e aquacultura representam meio de

    subsistncia para 540 milhes de pessoas. Alm disto, dependncia deste insumo

    constatada pelo consumo histrico alcanado em 2010, contabilizando em mdia

    de 17 quilos de pescado por pessoa, ou 15% da dieta mdia de protenas de origem

    animal para trs bilhes de pessoas (FAO, 2010). Assim, senso comum que a

    aquacultura representa a nica alternativa futura vivel manuteno do consumo

    de protena animal de origem aqutica.

  • 2

    Atualmente, a produo da piscicultura marinha est concentrada

    principalmente no salmo do Atlntico (Salmo salar) a espcie cuja produo teve

    a maior expanso nos ltimos anos. Outras espcies que tambm tiveram aumento

    significativo de produo foram o robalo europeu (Dicentrarchus labrax) e o pargo

    (Sparus aurata) (Alarcon & Alvares, 1999; Zanuy, 2001).

    Um passo importante para o sucesso desta atividade recai na exata

    compreenso, pelo setor produtivo, das diferenas e perspectivas genticas que

    envolvem as populaes naturais e estoques cativos de reprodutores. Populaes

    naturais normalmente representam um repositrio de ampla base gentica da

    espcie, modelado sob ao da seleo natural, sua manuteno fonte

    permanente de germoplasma a ser utilizado para fins de melhoramento gentico.

    Estoques cativos de reprodutores, por outro lado, constituem quase sempre uma

    amostra gentica limitada nem sempre representativo do pool gnico das

    populaes ou espcies e completamente dependente do manejo e dos

    cruzamentos envolvidos para a sua perpetuao.

    Desde meados da dcada de 80, abordagens genticas passaram a

    contribuir nos programas de criao de peixes com o emprego de tcnicas clssicas

    e modernas, levando a um crescimento vertiginoso entre outras abordagens, da

    investigao e aplicaes das informaes cromossmicas (Hussain, 1996; Arai,

    1997a,b; Pandian & Koteeswaran, 1998; Jacobina et al., 2011). De fato, os

    conhecimentos sobre o cromossomo e marcadores de DNA esto cada vez mais

    incorporados aquicultura de forma prtica eficiente. Neste sentido, o

    desenvolvimento de tecnologias de manipulao cromossmica, identificao de

    sexo cromossmico, criopreservao de gametas, transgnicos e o mapeamento

    gentico, abordagens apoiadas no melhor conhecimento dos cromossomos das

    espcies e relacionadas ao melhoramento gentico de peixes cultivados, tm sido

    foco de discusses e revises durante a ltima dcada (Hulata, 2001).

    A piscicultura marinha vem se desenvolvendo de forma crescente em escala

    global, contudo em geral enfrenta algumas limitaes ao seu pleno

    desenvolvimento, fatores como baixo conhecimento sobre a biodiversidade de

    algumas regies, conhecimento limitado sobre o ciclo de vida de espcies, questes

    sociais e ambientais e reduzido conhecimento sobre aspectos genticos das

  • 3

    espcies podem se colocar como empecilhos ao seu pleno desenvolvimento

    (Hutchings, 2001; Dulvy et al., 2003).

    Diante da importncia da aplicao das informaes e protocolos genticos

    na aquicultura marinha, aqui apresentada uma breve reviso sobre os principais

    empregos e perspectivas do estudo dos cromossomos relacionados piscicultura

    marinha.

    Identificao da biodiversidade de espcies e estoques

    A citogentica representa o ramo da gentica relativo ao estudo dos

    cromossomos quanto a seus aspectos morfolgicos e funcionais, sua variao e

    evoluo. Nas ltimas dcadas, a citogentica vem se destacando por uma

    abordagem eficiente na caracterizao de grupos naturais, utilizando dados

    cariotpicos para identificao de espcies (citotaxonomia) e na elaborao de

    padres de relacionamento e ou filogenias (citossistemtica). A grande maioria das

    espcies cariotipicamente nica, diferindo de outras em relao ao nmero e a

    morfologia cromossmica e/ou em relao a caractersticas estruturais dos seus

    cromossomos (Dias & Giuliano-Caetano, 2002).

    Cerca de 3.425 espcies e sub-espcies j tm algum nvel de informao

    cromossmica conhecida (Arai, 2011). Estes dados tm se mostrado uma

    ferramenta auxiliar na taxonomia, uma vez que os mtodos tradicionais de

    classificao de espcies com a utilizao de anlises de caracteres morfolgicos

    esto sujeitos a uma maior variao geogrfica ou ambiental (Bertollo et al., 1978).

    Caracteres cromossmicos vm sendo progressivamente utilizados com sucesso na

    identificao de espcies crpticas (Bertollo et al., 1978; Moreira-Filho et al., 1991),

    assim como nas relaes entre espcies (Brum & Galetti, 1997). No que diz

    respeito aos estudos em peixes, ela tm fornecido importantes subsdios para o

    melhor entendimento das relaes evolutivas entre espcies e populaes.

    A identificao da biodiversidade uma etapa fundamental para medidas

    de conservao dos recursos pesqueiros ameaados alm de contribuir para seu

    uso sustentvel e manejo. Caractersticas cromossmicas tm sido relacionadas

    entre os mais poderosos marcadores genticos na identificao taxonmica de

    unidades evolutivas significativas (Moritz et al., 1996).

  • 4

    Estudos citogenticos na regio Neotropical tm mostrado algumas

    unidades taxonomicas evolutivas como no caso da espcie nominal Hoplias

    malabaricus que possui sete cittipos em diverge quanto ao nmero diploide de

    2n=39 a 42 cromossmos, com ocorrcia de sistema de cromossomos sexuais

    simples ou mltiplo, assim como, ausncia destes (Bertollo, et al., 2000). Alguns

    cittipos mostram ampla distribuio geogrfica, enquanto outros parecem ser

    endmicos a determinadas bacias hidrogrficas. Situaes de simpatria e sintopia

    entre cittipos, sem a deteco de espcimes com frmulas cromossmicas

    hbridas, j foram constatadas em vrias localidades, o que refora a diferenciao

    existente nesse grupo, sugerindo a inexistncia de fluxo gnico entre os cittipos

    (Ferreira et al., 1989; Scavone et al., 1994; Lemos et al., 2002; Pazza & Jlio Jr.,

    2003; Born & Bertollo, 2006). Diferenas quanto ao nmero diplide tambm

    foram detectadas em Synbranchus marmoratus em que o nmero diplide varia de

    2n=42 a 2n=46, assim como a presena de tipos diferenciais de hemoglobina tipo I

    (2n=44 a 46) e tipo II (2n=42) (Nakamoto et al., 1986; Torres, 2000). Uma alta

    variabilidade na frmula cariotpica tem sido identificada na espcie Astyanax

    scabripinnis, que tambm mostra marcada diferenciao relacionada quantidade

    e variabilidade de blocos heterocromticos e stios Ag-RONs (Moreira-Filho &

    Bertollo, 1991; Mizoguchi et al., 1998; Mantovani et al., 2000).

    Neste sentido, estudos citogenticos se mostram teis a diferentes

    propsitos na caracterizao de populaes e espcies, seja na identificao de

    polimorfismos (Mantovani et al., 2000; Porto-Foresti, 2007; Molina & Galetti,

    2008), diferenas populacionais sutis (Cioffi et al., 2009), na deteco de espcies

    crpticas (Moreira-Filho et al., 1991; Aguilar & Galetti, 2008; Vicari et al., 2008). De

    forma aplicada, estes dados possibilitam o monitoramento e manejo adequado,

    visando conservao e a explorao racional dos estoques pesqueiros.

    As informaes cariotpicas ainda so incipientes em espcies de peixes

    marinhos, que representam uma das grandes fronteiras a serem ultrapassadas

    para expanso da piscicultura comercial em alguns pases. Grande parte dos

    estudos disponveis tem focado na determinao dos aspectos da macroestrutura

    cariotpica de variados grupos, entre eles alguns de grande importncia para a

    aquicultura (e.g. Jacobina et al., 2011). Desta forma, tm sido identificados

    marcadores citotaxonmicos, sistemas de cromossomos sexuais, cromossomos Bs

  • 5

    (supranumerrios) e os mecanismos evolutivos envolvidos na sua diferenciao

    (Brum, 199; Molina, 2007; Martinez et al., 2009, entre outros).

    Tcnicas clssicas de caracterizao cromossmica (colorao convencional,

    Ag-RONs, bandamento C) vem sendo empregadas na maior parte dos estudos

    citogenticos em vertebrados, assim como em peixes. Estes conhecimentos,

    embora apresentem limitaes, tem disponibilizado um conhecimento aplicvel a

    vrios fins biotecnolgicos, destacando-se a manipulao cromossmica e a

    obteno de linhagens poliplides, ginogenticas, androgenticas e deteco de

    hbridos interespecficos (Komen & Thogard, 2007; Piferrer et al., 2011).

    Devido possibilidade de variao mesmo entre espcies prximas, as

    regies organizadoras nucleolares (RONs) esto entre os marcadores

    citotaxonmicos mais empregados. As RONs so regies do DNA responsveis pela

    transcrio do RNA ribossmico, frequentemente exibem padres particulares aos

    diferentes grupos de peixes, podendo variar no nmero, localizao, intensidade

    de colorao e tamanho, com diferenas inter-individuais dentro de uma mesma

    espcie ou mesmo em mosaico, entre clulas de um mesmo indivduo (Morelli,

    1998). Variaes numricas inter ou intra-individuais no tamanho, localizao e no

    nmero j foram descritas em vrios gneros. Em alguns grupos, a presena destes

    stios em apenas um par de cromossomos a condio mais frequente. Este padro

    j foi observado tanto em famlias dulccolas como Prochilodontidae (Pauls &

    Bertollo, 1990), Anostomidae (Galetti et al., 1984), Parodontidae (Moreira-Filho et

    al., 1985), assim como em espcies marinhas das famlias Carangidae (Caputo,

    1996), Mugilidae (Sola, 2007), Lutjanidae (Rocha & Molina, 2008), Apogonidae

    (Arajo et al., 2009), entre outras. Em outros peixes ocorrem NORs mltiplas ou

    simples, como Astyanax (Morelli, 1981; Moreira-Filho, 1989; Paganelli, 1990),

    Hoplias (Born & Bertollo 2000; Vicari et al., 2003), ou preferencialmente mltiplas

    como em Salmo (Martnez et al., 2009).

    Um padro muitas vezes distintivo entre os caritipos dos peixes reside na

    distribuio e qualificao da heterocromatina. Regies heterocromticas

    compreendem DNA repetitivo, identificados preliminarmente pelo bandamento C

    ou por fluorocromos base-especficos. Os caritipos de muitas espcies de

    Perciformes tem mostrado uma distribuio da heterocromatina principalmente

    nas regies centromricas e terminal (Molina, 2007). Contudo, outros grupos

  • 6

    filogenticos como Characiformes, podem apresentar grandes segmentos

    heterocromticos em posio intersticial como em Astyanax (Mantovani et al.,

    2000).

    Fluorocromos base-especficos vm sendo empregadas acessoriamente

    para qualificar as regies cromossmicas heterocromticas em peixes. Em peixes,

    as RONs com poucas excees, apresentam-se como regies de intensa

    fluorescncia quando submetidos fluorocromos GC-especficos (Schweizer,

    1980). Por outro lado, o DAPI (4'-6-diamidino-2-phenylindole) forma complexos

    fluorescentes com o DNA, mostrando especificidade por regies ricas em bases AT.

    Segmentos heterocromticos ricos em bases AT so menos frequentes em peixes

    podendo, contudo, serem encontrados em algumas espcies (Amemiya & Gold,

    1986). Estes e outros mtodos vm permitindo a identificao da estrutura,

    organizao molecular, o mapeamento de genes especficos, at o comportamento

    dos cromossomos nas diferentes fases do ciclo celular.

    Mapeamento cromossmico - Hibridao in situ Deteco de seqncias repetitivas e telomricas

    Os DNAs satlites representam uma importante poro do genoma

    eucarioto composta por diferentes classes de DNA repetitivos, no codificadora e

    organizada em tandem, com unidades de cerca de 100-300 pares de bases

    (Sumner, 1990; Epplen & Epplen-Haupt, 2002), que podem estar dispersas no

    genoma, ou organizadas em matrizes em tandem (Charlesworth et al., 1994;

    Koehler et al., 1997).

    Unidades de DNAs satlites podem estar presentes de centenas a milhares

    de cpias em um genoma. Diferentes famlias de DNA satlite tm sido isoladas,

    caracterizadas e localizadas em cromossomos de diversas espcies, evidenciando

    uma grande correlao com regies de heterocromatina constitutiva (John, 1988;

    Lohe et al., 1993; Lohe & Hilliker, 1995). Unidades monomricas repetidas so

    comumente detectadas nas regies centromricas e telomricas de alguns ou de

    vrios cromossomos de um determinado organismo, associadas a blocos de

    heterocromatina constitutiva (Tyler-Smith & Willard, 1993). Alm da quantidade e

    da localizao de sequncias especficas de DNA satlite variarem grandemente

    entre espcies distintas, estas muitas vezes mostram-se espcie-especficas, o que

  • 7

    sugere no somente uma origem distinta, como tambm pode ser resultado de um

    processo evolutivo dinmico que leva contnua gerao, amplificao, eliminao

    e substituio de famlias de DNAs satlites (Ugarkovic & Plohl, 2002). Embora

    anlises envolvendo DNA repetitivos venham sendo realizadas em um grande

    nmero de taxa (Singh et al., 1980; Dibartolomeis et al., 1992; Capriglione et al.,

    1994; Rajyashri & Singh, 1995; Subramanian et al., 2003; Li et al., 2005; Krzywinski

    et al., 2005; Bulazel et al., 2006; Navajas-Perez et al., 2006), ainda se conhece muito

    pouco sobre a composio molecular de diferentes tipos de DNAs satlites em

    alguns grupos de vertebrados, como em peixes. Estudos em diferentes espcies de

    peixes telesteos tm demonstrado que repeties de DNA satlite podem ser teis

    em estudos filogenticos (De La Herrn et al., 2001; Saito et al., 2007; Kantek et al.,

    2009), para explicitar as relaes entre complexos de espcies (Mantovani et al.,

    2004; Vicari et al., 2008; Kantek et al., 2009), determinar origens de cromossomos

    supernumerrios (Mestriner et al., 2000; Jesus et al., 2003; Ziegler et al., 2003;

    Artoni et al., 2006) e caracterizar cromossomos sexuais (Matsuda et al., 1997;

    Devlin et al., 2001; Centofante et al., 2002; Vicente et al., 2003; Vicari et al., 2003).

    Um novo e grande salto qualitativo das anlises cromossmicas tem

    ocorrido a partir da disponibilizao das tcnicas de hibridao in situ. Estas

    metodologias que envolvem sequncias alvo e sondas especficas aumentaram a

    resoluo e preciso no mapeamento cromossmico pelo acesso a regies

    especficas dos cromossomos, desde genes de cpia simples a unidades repetitivas

    particulares (Kasahara, 2009). Alm de sequncias relacionadas a regies

    especficas, podem ser obtidas sondas com a inteno de analisar braos

    cromossmicos ou cromossomos inteiros. Diante das possibilidades de uso, os

    procedimentos de FISH abriram maiores perspectivas para a citogentica

    comparativa, tanto voltada para anlises de evoluo cromossmica ou deteco

    de caractersticas cariotpicas aplicadas voltadas produo.

    A ampliao de estudos acerca da composio e distribuio de diferentes

    famlias de DNAs satlites em peixes e outras regies cromossmicas poder

    fornecer maiores contribuies caracterizao gentica de diferentes espcies e

    compreenso da evoluo do genoma dos peixes, com especial foco em domnios

    de heterocromatina.

  • 8

    Sequncias telomricas

    Os telmeros, regies particulares encontradas nas extremidades dos

    cromossomos eucariotos so compostos por repeties da sequncia (TTAGGG)n

    DNA e protenas (Shippen, 1993), com papel importante na estabilizao

    cromossmica prevenindo fuses e degradao (Blackburn & Szostak, 1984). Sua

    estrutura bsica e funo se mostram conservados ao longo da evoluo dos

    vertebrados (Meyne et al., 1990; Chew et al., 2002). Apesar do conservadorismo

    destas regies, o tamanho das sequncias telomricas variam de espcie para

    espcie (Martins et al., 2004).

    A anlise destas regies so especialmente indicadas na visualizao de

    rearranjos de reduo ou aumento cromossmico, sugeridos pela presena de

    sinais ectpicos intersticiais (Reed & Phillips, 1995). Situaes deste tipo j foram

    identificadas em algumas espcies de interesse comercial, como trutas e salmes

    (Abun et al., 1996) e cicldeos, como Oreochromis niloticus (Chew et al., 2002).

    Contudo a no ocorrncia de sequncias telomricas internalizadas em

    cromossomos que sofreram translocao Robertsoniana tem sido descritos para

    algumas espcies de peixes (Molina & Galetti, 2002). Este fato j descrito para

    outros grupos vertebrados no incomum (Meyne et al., 1990) e possivelmente

    decorrente de perdas durante o processo de fuso ou acmulo de mutaes ou

    aquisio de elementos repetitivos gerando ausncia completa da sequncia

    original ou reduo ou ausncia de homologia com as sondas limitando sua

    deteco.

    Marcadores citotaxonmicos e aspectos funcionais DNA ribossomal 18S e 5S

    Estudos sobre genes ribossomais tm ganhado destaque em anlises

    citogenticas ou moleculares em uma ampla variedade de animais e plantas,

    especialmente na caracterizao de espcie e/ou populaes/estoques. Em

    eucariotos superiores, estes genes so organizados em duas famlias multignicas

    distintas de repeties em tandem, compostas por centenas de milhares de cpias.

    Uma classe representada pelo 45S rDNA, unidade transcricional que codifica o

    18S, 5,8S e 28S rRNAs, e um espaador intergnico no transcrito (IGS). Os stios

  • 9

    de DNAr 45S ativos constituem as regies organizadoras de nuclolos (NORs), que

    aparecem como constries secundrias, visveis como cromatina menos

    condensada, nos cromossomos metafsicos. As protenas associadas s NORs

    transcricionalmente ativas so argentoflicas permitindo que estes stios

    cromossmicos sejam detectados por reao prata (Santoro, 2005).

    A outra classe de genes rRNA codificam para o 5S rRNA que consiste de uma

    seqncia altamente conservada de 120pb que separada de cada unidade

    transcricional por um espaador no-transcrito varivel (NTS) (Longe David,

    1980). A seqncia de genes rRNA so bem conservadas, quando se compara entre

    os taxa, enquanto os espaadores no-transcritos mostram grande extenso e

    variao de seqncias, que acredita-se proporcione um dinamismo acentuado

    para os genes rRNA (Galetti & Martins, 2004).

    A tcnica de FISH com sondas para a famlia 45S, em peixes, tem sido

    amplamente empregada para validar polimorfismos de Ag-NORs, resultantes de

    atividade diferencial de transcrio, assim como decorrentes do nmero variavl

    de repeties presentes pelo RNAr.

    Ao contrrio do RNAr 45S, que pode ser identificado pela impregnao com

    a prata, a localizao dos stios de DNAr 5S realizado por hibridao in situ. O

    mapeamento de genes RNAr 5S em diversas espcies de peixes tem evidenciado

    stios comumente localizados em poro intersticial dos cromossomos, como

    observado em espcies de salmondeos e outras famlias (Fujiwara et al., 1998;

    Martins & Galetti, 1999; Vicente et al., 2001).

    Na piscicultura a utilizao destes marcadores cromossmicos se revela

    importante na identificao de hbridos interespecficos como no caso das espcies

    de Piauu (Leporinus macrochepalus) e Piapara (Leporinus elongatus) (Hashimoto,

    2008), assim como verificao de poliploides induzidos artificialmente como em

    alguns ciprinideos, como no caso do Tropidophoxinellus alburnoides (Carmona et

    al.,1997), assim como em salmoniformes na truta arco-ris Salmo gairdneri

    (Refestie et al., 1981) e Rhodeus ocellatus (Ueno & Arimoto, 1982), entre outros.

    Marcadores cromossmicos tm revelado a letalidade entre cruzamentos

    de trutas arco ris (Onchorhynchus mykkis) portadores de polimorfismos nas

    regies organizadoras de nuclolo, uma vez que rearranjos cromossmicos

    envolvendo uma inverso pericntrica ocasionaram uma disfuno na sntese de

  • 10

    protenas e consequentemente letalidade no indivduo portador de tal rearranjo.

    Neste caso, o indivduo portador de dois segmentos nucleolares no mesmo

    cromossomo era uma condio de letalidade (Porto Foresti et al., 2004).

    Aspectos citogenticos de cruzamentos heteroespecficos

    Na piscicultura, dentre as metodologias de manipulao gentica a que mais

    tem sido aplicada a hibridao, que pode envolver o cruzamento entre linhagens

    da mesma espcie (intraespecfica) ou grupos geneticamente diferentes pelo

    cruzamento entre espcies separadas (interespecfica). Esta tcnica de reproduo

    visa alcanar caractersticas especficas desejveis ou melhoramento de uma forma

    geral do desempenho no cultivo. Geralmente, resulta na produo de prole que

    apresenta um desempenho melhor do que a mdia de ambas as espcies parentais,

    conhecido como vigor hbrido ou heterose positiva (Bartley et al., 2001)

    At recentemente, anlises citogenticas tm sido consideradas

    principalmente como uma ferramenta para estudos evolutivos, sendo pouca

    utilizada no manejo e monitoramento de estoques cultivados. Caso as anlises

    convencionais no sejam suficientes para caracterizar um grupo ou indivduo sob

    anlise, a identificao pode ser baseada em outros marcadores cromossmicos

    estruturais derivados de deteco das regies organizadoras de nuclolo, bandas

    de replicao pela incorporao da 5-bromodeoxiuridina (5-BrdU), colorao por

    fluorocromos base-especficos e o mapeamento de sequncias especficas com o

    uso da hibridao in situ fluorescente (FISH) (Ocalewicz et al., 2007; Porto-Foresti

    et al., 2006).

    Mtodos citogenticos apresentam vrias vantagens em relao a outros

    marcadores genticos. Alm do baixo custo, constituem uma forma precisa de se

    identificar desde nveis de ploidia, procedncia dos complementos

    cromossmicos dos parentais nos produtos resultantes de hibridao

    interespecfica (Toledo-Filho et al., 1994; Ocalewicz et al., 2007). Em alguns casos,

    o nmero diplide e morfologia cromossmica so similares, como no caso dos

    pacus e tambaquis e seus hbridos recprocos. Por outro lado, hbridos triploides

    (3n) provenientes do cruzamento destas espcies so precisamente detectveis

    entre os hbridos interespecficos gerados (Almeida-Toledo et al., 1987). Algumas

  • 11

    vezes as espcies parentais apresentam diferentes composies cariotpicas,

    relacionadas diferenas no nmero diploide, frmula cariotpica e/ou nmero

    fundamental, de tal maneira que, os produtos hbridos podem ser caracterizados

    pela valor diploide intermedirio em relao aos parentais ou diferena

    morfolgica de alguns cromossomos com qualquer das espcies parentais, como

    em Colossoma macropomum e Mylossoma duriventris (Kossowski et al., 1983).

    Quando hbridos e parentais apresentam o mesmo caritipo (similaridade

    numrica e morfolgica), torna-se necessrio o emprego das metodologias de

    bandamento cromossmico para identificao de pares marcadores espcie-

    especficas. O padro heterocromtico dos cromossomos permite a precisa

    identificao dos parentais e dos hbridos obtidos dos cruzamentos entre o pacu

    (Piaractus mesopotamicus) e o tambaqui (Colossoma macropomum) (Almeida-

    Toledo et al., 1987). Resultados prticos similares para identificao de hbridos

    em peixes tem sido obtidos para diferentes espcies de valor econmico, como em

    Cipriniformes carpas (Almeida-Toledo et al., 1995) e Salmoniformes cultivados

    (Kendal et al., 2009 ).

    De fato, a manipulao gentica que consiste na juno de genomas

    evolutivamente diferenciados atravs da hibridao interespecfica induzida de

    grande empregabilidade prtica, os resultados obtidos atravs desta tcnica

    precisam, entretanto, ser parcimoniosamente interpretados, devido s questes de

    segurana ambiental, pelo risco de introgresso de genes exgenos em populaes

    naturais e quanto heterogeneidade dos produtos hbridos (Ryman & Utter, 1987;

    Toledo-Filho et al., 1988). A caracterizao citogentica dos parentais e a

    identificao gentica de estoques hbridos um procedimento bastante

    recomendvel para as estaes de piscicultura que utilizam essas tcnicas no

    melhoramento animal. Apesar dos riscos biosegurana ambiental os resultados

    esperados atravs das hibridao, reforam sua utilizao em algumas condies

    diante da possibilidade de manejo adequado a uma menor explorao dos

    estoques naturais, ou prticas favorveis dos estoques cultivados, produo de

    indivduos com caractersticas qualitativas diferenciadas ao consumo alimentar,

    pesca esportiva e produo de peixes ornamentais.

    Manipulao cromossmica em peixes marinhos Casos e perspectivas

  • 12

    O conhecimento prvio dos padres cromossmicos de uma espcie

    cultivvel abre perspectivas para a implementao e monitoramento de tcnicas

    voltadas produo de peixes. Entre as possibilidades se destaca a manipulao

    cromossmica. Metodologias deste tipo vm sendo empregadas com sucesso em

    diversas espcies de peixes de grande valor econmico (Beardmore et al., 2001;

    Devlin et al., 2002; Zang et al., 2004). A manipulao cromossmica se d pela

    interferncia fsica ou funcional nos cromossomos, durante o ciclo celular, por

    agentes fsicos ou qumicos. Dois objetivos bsicos tm estimulado pesquisas nesta

    rea, o primeiro consiste na manipulao de lotes completos de cromossomos de

    uma espcie, conhecido como poliploidizao, o segundo a obteno de

    indivduos com genoma de apenas um dos parentais, processos conhecidos como

    ginognese (genoma materno preservado) ou andrognese (genoma paterno

    preservado).

    Poliplides podem ser definidos como organismos com um ou mais

    conjuntos de cromossomos adicionais com relao ao nmero mais

    freqentemente encontrados na natureza para uma determinada espcie.

    Poliploidia tem sido envolvido na especiao de animais e principalmente em

    plantas (Mable, 2004; Hegarty & Hiscock, 2007). Nos peixes este mecanismo

    parece ter surgido extensivamente, de forma independente, vrias vezes durante a

    sua evoluo, com maior incidncia nos grupos mais primitivos (Legatt & Iwama,

    2003). Peixes poliplides induzidos artificialmente vm sendo usados na

    aquicultura para alcanar esterilidade ou aumento de produo (Donaldson &

    Devlin, 1996).

    Interaes genticas e epigenticas entre genes redundantes em peixes

    poliplides (Comai, 2005), provavelmente influenciaram o destino da sua

    evoluo, levando extensa diversidade biolgica atual (Le Comber & Smith,

    2004). A poliploidia est relacionada a evoluo de diversos grupos de espcies,

    como alguns ciprindeos e cobitdeos (Ueda & Ojima, 1978; Luskov et al., 2002;

    Vasil'ev et al., 2003; Juchno & Boro, 2006), bem como alguns outros importantes

    na aquicultura como os esturjes e salmondeos (Allendorf & Thorgaard, 1984).

  • 13

    Processos de poliploidizao espontnea, a partir de alteraes meiticas

    ou mitticas, tm sido observados em vrias ordens filogeneticamente distantes

    (Schulz, 1967; Thorgaard & Gall, 1979).

    O conhecimento do caritipo de vrias espcies de interesse comercial,

    possibilitou o monitoramento da manipulao de conjuntos cromossmicos

    durante a induo de alguns processos, como a poliploidizao, ginognese e

    andrognese. Em peixes essa manipulao compreende, basicamente, a adio ou a

    subtrao de um conjunto completo haplide ou diplide, na meiose ou mitose,

    respectivamente. Este grupo de organismos oferece vantagens tcnicas em relao

    aos vertebrados superiores, entre elas, a fecundao externa, prolificidade e

    diferenciao sexual controlvel.

    A poliploidizao consiste na produo de indivduos com nmero igual ou

    superior a trs conjuntos cromossmicos haplides completos.

    Experimentalmente em peixes podem ser produzidos indivduos com diferentes

    nveis de ploidia. Poliploides so encontrados espontaneamente em populaes

    selvagens (Molina et al., 2007). Com indutores apropriados podem ser facilmente

    obtidos em muitas espcies comercialmente importantes de peixes (Piferrer et al.,

    2009).

    Os trabalhos de induo poliploidia esto direcionados para a obteno

    principalmente de indivduos triplides que frequentemente apresentam alto grau

    de esterilidade reprodutiva. Esta condio atribuda presena do terceiro

    conjunto de cromossomos, que provoca a interrupo na meiose I na

    gametognese, resultando em diferentes nveis de supresso do desenvolvimento

    gonadal, que neste caso vai depender da espcie e do sexo (Wang et al., 2002; Nam

    & Kim, 2004; Francescon et al., 2004). A incapacidade de reproduzir triplides tem

    sido considerada uma alternativa para as espcies em que a reproduo deve ser

    controlada, como nos casos de introduo de espcies exticas nos ambientes

    naturais ou com risco de contato com ecossistemas no nativos e em peixes

    transgnicos (Hindar et al., 1991a,b; Youngson et al., 2001).

    Em salmondeos, o efeito da esterilidade desejvel por evitar a degradao

    fsica e susceptibilidade s doenas relacionadas com a maturao sexual. Desta

    forma, possvel a continuidade do crescimento durante o perodo reprodutivo, j

    que a energia para o metabolismo reprodutivo ser canalizada para o crescimento

  • 14

    corpreo. Alm disso, a maturao sexual muitas vezes associado com maior

    incidncia de doenas, ou alteraes nas propriedades organolpticas das partes

    comestveis, como no caso de muitos salmondeos. Estes problemas tem sido

    evitados atravs da induo a poliploidia, particularmente a triploidia (Piferrer et

    al., 2009).

    Todas as estratgias utilizadas na obteno da poliploidia artificial

    envolvem a interferncia na diviso celular durante a meiose ou mitose. A

    produo de indivduos triploides, por exemplo, tem sido alcanada atravs de

    duas estratgias. A primeira consiste na induo da triploidia diretamente nos

    ovos, por tratamento fsico ou qumico, administrado logo aps a fertilizao. O

    segundo caminho atravs da obteno de reprodutores tetraplides e posterior

    cruzamento com indivduos diplides. Em peixes, esta via pouco recomendada,

    pois a sobrevivncia dos indivduos tetraploides bastante reduzida. Comentrios

    adicionais e aplicaes a triploidia podem ser encontrados em alguns trabalhos

    clssicos como os de Arai (2001), Felip et al. (2001), Hulata (2001), Tiwary et al.

    (2004) e Maxime (2008), dentre outros.

    Outro objetivo relacionado com a manipulao cromossmica a produo

    de linhagens monosexo, obtido atravs de ginognese e andrognese.

    Diferentemente da poliploidia, h modos de perpetuao clonal do genoma de um

    dos parentais em peixes, tais como a ginognese. Esta condio rara na natureza

    e requer gametas de outro indivduo para estimular o processo (Schultz, 1980).

    Um exemplo bem estudado de ginognese em meio natural com a espcie

    Poecilia formosa (Schartl et al., 1995), Carassius auratus gibelio (Cherfas, 1981;

    Yamashita et al., 1993) e Oreochromis niloticus (Carrasco et al., 1999).

    A ginognese e andrognese artificial consistem na produo de indivduos

    com apenas a informao gentica materna ou paterna, respectivamente. Na

    ginognese o ovcito fertilizado por um espermatozide que foi geneticamente

    inativado por radiao. Na andrognese o ovcito irradiado e fertilizado com

    espermatozide normal. Em ambos os casos a diploidizao pode ser obtida

    impedindo-se a 1a diviso mittica. Algumas espcies comerciais tm tido bastante

    sucesso na produo de indivduos ginogenticos como, por exemplo, na carpa

    comum, Cyprinus carpio (Komen et al., 1991).

  • 15

    Citogentica e genmica de peixes uma interface

    O mapeamento de genomas tornou-se uma ferramenta poderosa para

    diversos campos de interesse das pesquisas biolgicas, entre eles aqueles voltados

    para