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Síndrome femoro-patelar Vol 22 I Nº 2 I Ano 20 (2012) I Revista da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação REVIEW ARTICLE ARTIGO DE REVISÃO 53 Introdução: O Síndrome Femoro-Patelar (SFP), apesar de ser um diagnóstico comum na prática clínica, nomeadamente em adolescentes e adultos jovens, continua a ser uma entidade controversa com múltiplas causas, uma apresentação clínica variável e diversos métodos de tratamento possíveis. A definição de SFP não é consensual na literatura. As dificuldades na sua definição prendem-se com a multiplicidade de sintomas referidos à articulação femoro-patelar, com diferentes níveis de dor e incapacidade associados, e às incertezas quanto à etiologia do SFP. 1 Para esta dificuldade de definição contribuem ainda a inexistência de testes de diagnóstico e de imagem específicos para esta patologia. 2 Os consensos na Resumo O Síndrome Femoro-Patelar (SFP) é um dos diagnósticos mais desafiantes no que se refere à patologia do joelho. É definido como uma dor difusa retro ou peripatelar tipicamente desencadeada ou agravada pela subida e descida de escadas, agachamentos ou períodos prolongados na posição sentada. Apesar de ser um diagnóstico comum na prática clínica, esta continua a ser uma entidade clínica controversa e não consensual na literatura, no que se refere à sua etiologia, diagnóstico e tratamento. A biomecânica articular femoro-patelar é complexa e dependente da função do quadricípite e do conjunto de estabilizadores articulares estáticos e dinâmicos. A etiologia da dor femoro-patelar é multifactorial, englobando uma combinação de variáveis como (i) anomalias ósseas e/ou alterações biomecânicas do membro inferior; (ii) disfunção muscular e de tecidos moles, e (iii) sobresolicitação. O diagnóstico correcto requer um conhecimento aprofundado da anatomia, biomecânica e comportamento funcional da articulação femoro-patelar. O tratamento conservador é o tratamento de eleição, na maioria dos casos, com bons resultados, apenas com uma pequena proporção de doentes requerendo tratamento cirúrgico. Neste artigo discute-se a patofisiologia, diagnóstico e tratamento do SFP. Palavras-chave : Síndrome da Dor Patelofemoral. (1) Interna de Medicina Física e de Reabilitação do Hospital de São João, Porto, Portugal (2) Interna de Medicina Física e de Reabilitação do Hospital Central do Funchal, Funchal, Portugal (3) Assistente Hospitalar de Medicina Física e de Reabilitação do Hospital de São João, Porto, Portugal (4) Assistente Hospitalar Graduado de Medicina Física e de Reabilitação do Hospital de São João, Porto, Portugal E-mail: [email protected] Data de receção - Janeiro/2012 Data de aprovação para publicação - Novembro/2012 Síndrome Femoro-Patelar Patellofemoral Syndrome Vanessa Roque (1) I Joana Macedo (2) I Afonso Rocha (3) I João Barroso (4) Abstract Patellofemoral syndrome (PFS) is one of the most challenging knee pathologies. It is defined as localised retropatellar or peripatellar pain, typically provoked by ascending or descending stairs, squatting and sitting with flexed knees for prolonged periods of time. It is an extremely common diagnosis. However, obtaining an accurate diagnosis and outlining appropriate treatment are often challenging. Consensus is lacking in the literature regarding the etiology and treatment of the syndrome. The patellofemoral joint is complex and dependent on quadriceps function as well as on static and dynamic restraints. The etiology of patellofemoral pain is multifactorial with proposed causes including (i) bony abnormalities and/or malalignment of the lower extremity and/or the patella; (ii) muscular imbalance of the lower extremity; and (iii) overuse. Accurate diagnosis requires specific knowledge of the anatomy, biomechanics, and functional behavior of the patellofemoral joint. Most patients are successfully treated by conservative means with the rare few requiring surgical intervention. This article discusses the pathophysiology, diagnosis, and management of PFP. Keywords : Patellofemoral Pain Syndrome.

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Sndromefemoro-patelarVol22 I N2 I Ano20(2012) I RevistadaSociedadePortuguesadeMedicinaFsicaedeReabilitaoREVIEWARTICLE ARTIGODEREVISO53Introduo:OSndromeFemoro-Patelar(SFP),apesardeserumdiagnsticocomumnaprticaclnica,nomeadamenteemadolescenteseadultosjovens,continuaaserumaentidadecontroversacommltiplascausas,umaapresentaoclnicavarivelediversosmtodosdetratamentopossveis.AdefiniodeSFPnoconsensualnaliteratura.Asdificuldadesnasuadefinioprendem-secomamultiplicidadedesintomasreferidosarticulaofemoro-patelar,comdiferentes nveis de dor e incapacidade associados, e sincertezasquantoetiologiadoSFP.1Paraestadificuldadededefiniocontribuemaindaainexistnciadetestesdediagnsticoedeimagemespecficosparaestapatologia.2OsconsensosnaResumoO Sndrome Femoro-Patelar (SFP) um dos diagnsticos mais desafiantes no que se refere patologia do joelho.definidocomoumadordifusaretroouperipatelartipicamentedesencadeadaouagravadapelasubidaedescida de escadas, agachamentos ou perodos prolongados na posio sentada. Apesar de ser um diagnsticocomum na prtica clnica, esta continua a ser uma entidade clnica controversa e no consensual na literatura, noquesereferesuaetiologia,diagnsticoetratamento.Abiomecnicaarticularfemoro-patelarcomplexaedependentedafunodoquadricpiteedoconjuntodeestabilizadoresarticularesestticosedinmicos.Aetiologia da dor femoro-patelar multifactorial, englobando uma combinao de variveis como (i) anomaliasssease/oualteraesbiomecnicasdomembroinferior;(ii)disfunomuscularedetecidosmoles,e(iii)sobresolicitao.Odiagnsticocorrectorequerumconhecimentoaprofundadodaanatomia,biomecnicaecomportamento funcional da articulao femoro-patelar. O tratamento conservador o tratamento de eleio,namaioriadoscasos,combonsresultados,apenascomumapequenaproporodedoentesrequerendotratamento cirrgico. Neste artigo discute-se a patofisiologia, diagnstico e tratamento do SFP.Palavras-chave: Sndrome da Dor Patelofemoral.(1) Interna de Medicina Fsica e de Reabilitao do Hospital de So Joo, Porto, Portugal(2) Interna de Medicina Fsica e de Reabilitao do Hospital Central do Funchal, Funchal, Portugal(3) Assistente Hospitalar de Medicina Fsica e de Reabilitao do Hospital de So Joo, Porto, Portugal(4) Assistente Hospitalar Graduado de Medicina Fsica e de Reabilitao do Hospital de So Joo, Porto, PortugalE-mail: [email protected] Data de receo - Janeiro/2012Data de aprovao para publicao - Novembro/2012Sndrome Femoro-PatelarPatellofemoral SyndromeVanessa Roque(1)I Joana Macedo(2)I Afonso Rocha(3)I Joo Barroso(4)AbstractPatellofemoralsyndrome(PFS)isoneofthemostchallengingkneepathologies.Itisdefinedaslocalisedretropatellar or peripatellar pain, typically provoked by ascending or descending stairs, squatting and sitting withflexed knees for prolonged periods of time. It is an extremely common diagnosis. However, obtaining an accuratediagnosisandoutliningappropriatetreatmentareoftenchallenging.Consensusislackingintheliteratureregarding the etiology and treatment of the syndrome. The patellofemoral joint is complex and dependent onquadricepsfunctionaswellasonstaticanddynamicrestraints.Theetiologyofpatellofemoralpainismultifactorial with proposed causes including (i) bony abnormalities and/or malalignment of the lower extremityand/or the patella; (ii) muscular imbalance of the lower extremity; and (iii) overuse. Accurate diagnosis requiresspecificknowledgeoftheanatomy,biomechanics,andfunctionalbehaviorofthepatellofemoraljoint.Mostpatientsaresuccessfullytreatedbyconservativemeanswiththerarefewrequiringsurgicalintervention.Thisarticle discusses the pathophysiology, diagnosis, and management of PFP.Keywords:Patellofemoral Pain Syndrome.literaturapermanecemescassosnoqueserefereacritriosdediagnsticosprecisos.VriostermostmsidoutilizadosindiscriminadamentecomosinnimosdoSFP,nomeadamentegonalgiaanterior,condromalcia patelar, condropatia e dor patelar, estesreferem-semuitasvezesmaisasintomasdoqueadiagnsticosclarosebemdefinidos.OSFPactualmentedefinidocomoumadordifusaretroouperipatelartipicamentedesencadeadaouagravadapelasubidaedescidadeescadas,agachamentosouperodosprolongadosnaposiosentada.Mas,a3designaodeSFPdeveseraplicadaapenasnoscasosdegonalgiaanteriorcrnicasemoutracausaidentificvel,nomeadamentepatologiaintra-articular,tendinitee/oubursiteperipatelar,tenoperiostitesdeinserodotendorotuliano(doenadeSinding-Larsen-Johanson,sndromedeOsgoodSchlatter),leses meniscais ou ligamentares.1,4,5A etiologia da dorfemoro-patelarmultifactorial,englobandoumacombinao de variveis como (i) anomalias sseas e/oualteraesbiomecnicasdomembroinferior;(ii)disfunomuscularedetecidosmoles,e(iii)traumatismosesobresolicitao.Odiagnsticocorrectorequerumconhecimentoaprofundadodaanatomia, biomecnica e comportamento funcional daarticulaofemoro-patelar.3Umahistriacuidadosaeoexamefsicocomplementadospelosexamesdeimagemsoessenciaisnodiagnsticodefinitivoeplaneamentodotratamentomaisadequado.2Otratamentoconservadorotratamentodeeleionamaioriadoscasos,combonsresultados,apenascomumapequenaproporodedoentesrequerendotratamento cirrgico. 1Articulao femoro-patelar anatomia ebiomecnica:Aarticulaofemoro-patelarestabelece-seentreasuperfciearticulardartulaeapatelardofmur,sendo estabilizada por um conjunto de estruturas quesedividememestabilizadoresdinmicoseestticos.3Osretinculosmedialelateral,aconfiguraoespacialdartulaedatrcleafemoralformamosestabilizadorespassivosdartula.Osestabilizadoresdinmicosincluemosmsculosdapatadegansoesemi-membranoso (rotao interna da tbia), o bicpitefemoral(rotaoexternadatbia),oquadricpitefemoralcomassuasquatrocabeasvastomedial(VM)(tracomedialdapatela);vastolateral(VL)(tracolateraldapatela);vastointermdioerectofemoral (traco superior e lateral da patela). A poroinferiordoVMformaumpequenogrupodefibrasmuscularescomumaorientaooblquadistintavastomedialoblquo(VMO)responsvelpelaproduo de uma fora dinmica medial e pela tracomedial da rtula.7Etiologia e factores predisponentes:Vrios factores foram j implicados na etiologia do SFP.Aetiologiapermaneceaindaincerta,tendosidoidentificadostrsgrandesfactorespredisponentes:anomaliassseas;maualinhamentodomembroinferioredesequilbriosmsculo-tendinososedetecidos moles periarticulares.1. Anomalias sseasNojoelhoemextensocompletaartulaencontra-senuma posio superior relativamente trclea femoral.medidaqueaflexodojoelhoiniciadaaporodistaldartulaentraemcontactocomocndilofemorallateral,entreos10e20deflexo.Seguidamente,artuladescreveumacurvaemSduranteoseucontactocomatrcleafemoral,articulando-se com o fmur no sentido distal-proximal medida que a flexo aumenta dos 30 aos 90. A partirdos120ocontactoentreartulaeofmurdiminuto,permanecendoapenasafacetamaisproximalemcontactocomofmur.3,8Aconfiguraosseadoscndilosfemorais,commaiorproeminnciadolateral,eformaemVdartulasodoisfactoreschavenamanutenodartulacentradanatrclea.Diferentes graus de displasia da trclea femoral podemcomprometeraeficciadesteestabilizadorestticocontribuindoparaumamaiorinstabilidadedaarticulaofemoro-patelar.Aassimetriadasfacetasrotulianastambmcontribuiparaumadiminuiodacongruncia rotuliana. O ratio normal da faceta lateralpara a medial de 3:2, ou seja, a faceta lateral maioremaisoblquacorrespondendoaocndilofemorallateral maior e mais largo.62. Mau Alinhamento do Membro InferiorO incorrecto alinhamento do membro inferior temsidoconsideradoumfactordeterminantenodesenvolvimentodoSFP.3Desviossignificativosnoalinhamentorotulianosecundriosaanteversofemoral, joelho valgo, toro tibial externa e pronaosubtalarexcessivapodemcontribuirparaoaparecimento de dor femoro-patelar por aumentaremapressodecontactoentreartulaeafacetroclearlateral.6Oestudodejoelhoscadavricospermitiuconcluir que a anteverso femoral leva a um aumentoda presso de contacto entre a rtula e a face troclearlateraloque,teoricamentepodedesencadearasintomatologiafemoro-patelar.4AmediodonguloQutilizadanaprticaclnicacomoindicadordeumpossveldesalinhamentodomembroinferior.Muitosautores consideram que um ngulo Q superior a 15-20 um factor de risco para o desenvolvimento de SFP porcondicionarumdesviolateralnoalinhamentodartula,noentanto,apenasalgunspacientescomSFPSndromefemoro-patelarRevistadaSociedadePortuguesadeMedicinaFsicaedeReabilitao I Vol22 I N2 I Ano20(2012)ARTIGODEREVISO REVIEWARTICLE54apresentam um ngulo Q superior ao normal e muitaspessoascomngulosQaumentadosnoapresentamqualquersintomatologia.3,4Conclui-seportantoque,ongulo Q apenas um de mltiplos factores etiolgicosque condicionam o aparecimento do SFP.43.DesequilbriosMsculo-TendinososedeTecidosMoles PeriarticularesOequilbrioestabelecidoentreascabeasmedialelateraldoquadricpiteumdosfactoresanatmicosmaisimportantesnaestabilizaodinmicadartula.Forasdinmicaslateraissoproduzidaspelovastolateral, bicpite femoral, glteos e tensor da fscia lata,atravsdasuainseronabandaileo-tibialenoretinculolateral.Ovastomedialresponsvelpelaproduo de um vector de fora com direco medial,sendoovastomedialoblquo(VMO)consideradooprincipalestabilizadormedialdartula.Emsituaesde fraqueza ou atraso de activao do VMO, as foraslaterais que actuam sobre a rtula superam as mediais,o que resulta num aumento da sua mobilidade lateral .Contudo, ainda que a fora necessria para subluxar artulalateralmentediminuasubstancialmentecomainibiodoVMO,adisfuno,porsis,doVMOnocausasubluxaolateralpatelarnumjoelhonormal.2Anomaliasdostecidosmolesperi-articularespodemtambmafectarabiomecnicafemoro-patelar.1,4,6Retracesmsculo-tendinosasdoquadricpite,isquiotibiais,bandailiotibialeretinculosperi-patelares contribuem para um aumento da presso decontactoentreartulalateraleatrcleafemoralepara o desvio lateral da rtula. Apresentao clnica:OsintomamaiscomumnosdoentescomSFPador.Trata-senormalmentedeumagonalgiaanterior,peripatelar ou retro-patelar, difusa e mal localizada. Deinicioinsidioso,pode,noentanto,serprecipitadaporum traumatismo. A dor pode ser uni ou bilateral eagravadapelasubidaedescidadeescadas,agachamentosouperodosprolongadosnaposiosentada.5,6,9,10Algunsdoentespodemreferirsensaesdeinstabiliade.NoSFPasqueixasdeinstabilidadepodemresultardeumacontracoineficazdoquadricpiteporinibioreflexasecundriador,noentanto, esta deve ser cuidadosamente distinguida dainstabilidadeporsub-luxaoouluxaodartulaoulesodeestruturasligamentaresdojoelho.Emgeralestoausentessinaisinflamatriosrelevantes,nomeadamente derrame articular3,6Exame fsico:Osachadosnoexameobjectivosonamaioriadoscasos subtis e apresentam uma baixa correlao com asintomatologia.Osignificadopatolgicodeeventuaisalteraesdabiomecnicaedoalinhamentodosmembrosinferiorescontroverso,decorrendodadificuldadeemdefinircomexactidooscritriosdenormalidade.2,6,8Aindaassim,oexamefsicosistemtico, com avaliao do doente em ortostatismo,na posio de sentado, em decbito ventral e dorsal eduranteamarcha,fundamentalparaodiagnsticocorrecto e na programao das opes teraputicas.1. Exame em Ortostatismoa. Alinhamento EstticoOalinhamentoanatmicodapelveemembrosinferiores pode desempenhar um papel crucial no SFP.Destemododevepesquisar-sedemodosistemticoapresenadesinaissugestivosdeanteversofemoral,desviosdojoelhonoplanofrontal(valgo,varo)esagital(recurvatum,dficedeextenso),rotaoexternadatbiaealinhamentodaarticulaotbio-trsicaedoretropemcarga.OnguloQdeveserdeterminado.6, 8-10b. Alinhamento DinmicoOalinhamentodinmicoconsistenaavaliaodarelaoentreasestruturasanatmicasduranteomovimentoarticularepode,nocasodaarticulaofmoro-patelar,sertestadosolicitandoaodoentequesubaedesalentamenteumdegrauoufaaumagachamento com apoio unipodal. O examinador deveestaratentopresenadequalquermovimentoanormaldartuladuranteoseutrajectonatrcleafemoral,rotaodotroncoe/ouperdadecontroloplvico.Oconceitodedesalinhamentodinmicodesenvolveu-senasequnciadaobservaodeumpadro comum e tpico nos doentes com SFP de quedadapelvecontra-lateral,aduoerotaointernadaanca,rotaoexternadatbiaepronaosubtalarexcessivaduranteadescidadeumdegrauouagachamentocomapoiounipodal.Esteconceitocorroboraanoodequeumdesalinhamentodinmicodocomponentefemoral,resultantedafraquezadosmsculosabdutoresdaancaerotadoresexternos,podecontribuirparaasintomatologiaemalguns doentes com SFP. 2. Exame SentadoApresenadeumartulaaltaoubaixadeveserpesquisada.Artulaaltamaisfrequentenosexofeminino e normalmente acompanha-se de recurvatumdo joelho. A rtula baixa mais rara e, na maioria dosSndromefemoro-patelarVol22 I N2 I Ano20(2012) I RevistadaSociedadePortuguesadeMedicinaFsicaedeReabilitaoREVIEWARTICLE ARTIGODEREVISO55casos,umacomplicaodareconstruodoligamentocruzadoanterior.Oposicionamentodotendopatelartambmdevesercuidadosamenteobservado.6a. Trajectria PatelarOalinhamentopatelardinmicoumamedidadeinstabilidade e, portanto, durante a avaliao objectivadevesolicitar-seaodoenteque,mantendoaposiosentada, proceda extenso activa completa do joelhopartindo de uma flexo de 90. Um movimento sbitode deslocamento lateral da rtula nos ltimos graus deextensodojoelho,designadoporsinalJ,consideradoanormalecausadoporumconjuntoexcessivo de foras laterais que actuam sobre a rtula,indiciandoumainstabilidadepatelo-femoral2,6Assuascausassodesconhecidas,alteraesdemorfologiassea,disfunodovastomedialoblquooudesequilbriosanveldostecidosmolesperipatelaresso possveis etiologias.3. Exame em Decbito DorsalDismetriasdosmembrosinferioresdevemserdetectadas nesta fase do exame. Diferenas superioresa 1.0 cm podem ter repercusses a nvel da articulaofemoro-patelar.Ojoelhodeveserexaminadoepalpado para deteco de edema, sendo o achado maisfrequentenoSPFumasinoviteligeira.Artulaeostecidosmolesperirotulianosdevemserseguidamentepalpados para identificar pontos dolorosos. comum odoente queixar-se de dor a nvel do retinculo lateral,uma vez, que esta uma zona sujeita a stress crnico erecorrente.2,6,9a. Teste da Compresso RotulianoDorcomcompressorotulianatambmcomumnoscasosdeSFP.Comojoelhoemextensocompleta,oexaminadorcomprimeartulaenquantoestamovidasuperioreinferiormenteaolongodatrcleafemoral.Otestepositivosedesencadeardor,oqueocorrenagrandemaioriadosdoentescomSFP,noentanto, este teste considerado inespecfico.2b. Glide TestEstetestepermiteavaliaroposicionamentoealinhamentoestticopatelar.Consistenadeterminaodadistnciaentreopontomdiodartulaeoscndilos femorais com o joelho flectido a 20. O pontomdiodartuladeterminadovisualmentepeloexaminadoreadistnciaentreessepontoecadaumdoscndilosfemoraismedida.Artuladeveencontra-se equidistante dos cndilos medial e lateral.NosdoentescomSFPcomumverificar-seumdeslocamentorotulianolaterale,porconseguinte,uma distncia rtula-cndilo lateral inferior distnciartula-cndilomedial.6Umdeslocamentolateralde5mmdartulapoderepresentarumadiminuiodecerca de 50% na tenso desenvolvida pelo VMO.2,6,8c. Bscula RotulianaEste teste compara a altura do bordo medial com a dobordolateral,sendoconsideradonormalquandoosdois bordos rotulianos se encontram ao mesmo nvel noplano frontal. Com o joelho em extenso completa ou flexo de 15 eo quadricpite relaxado, o examinador palpa os bordoslateral e medial da rtula e procede sua elevao quedevesersimtrica(cercade5mmdemovimentosoconsideradosnormais).Otesteconsideradopositivoparabscularotulianalateralseobordolateralforelevado a uma altura inferior ao medial. Uma bscularotulianalateralexcessiva,nomeadamenteporretracodoretinculolateral,podecondicionaramobilidademedialeaumentarasforasdecompresso entre a faceta rotuliana lateral e a trclealateral.2,8(Fig. 1)d. Mobilidade RotulianaOtestedemobilidaderotulianamedeamobilidademdio-lateral passiva da rtula partindo da sua posioderepouso,comojoelhoflectidoentre20e30eoquadricpiterelaxado.ArtuladivididaemquatroquadranteslongitudinaiseoexaminadormobilizaaSndromefemoro-patelarRevistadaSociedadePortuguesadeMedicinaFsicaedeReabilitao I Vol22 I N2 I Ano20(2012)ARTIGODEREVISO REVIEWARTICLE56Figura 1: Exemplos de orientao rotuliana - orientao normal (A); glide test positivo (B); bscula rotuliana lateral(C); glide test positivo e bscula rotuliana lateral (D).rtula medial e lateralmente com o indicador e polegarpara determinar o grau de mobilidade e a eficcia dasestruturasestabilizadoras.Odeslocamentolateraldetrsquadrantessugereumarestriomedialincompetente.Odeslocamentodequatroquadrantesdefine uma rtula sub-luxada. O deslocamento medialdeapenasumquadrantesugereumaretracodoretinculo lateral e, normalmente, correlaciona-se comumtestedebscularotulianalateralpositivo.Odeslocamentomedialdetrsouquatroquadrantesreflecteumquadrodehipermobilidadeeosdoentesapresentamoutrossinaisdehiperlaxidezligamentar.Durante o exame da mobilidade patelar o examinadordeveestaratentoasinaisdeapreensoporpartedodoentequesomuitosugestivosdeinstabilidaderotuliana.2,5,6,8(Fig. 2)e. Restante Exame do JoelhoAestabilidadeligamentardeambososjoelhosdevesercuidadosamentepesquisada,especialmenteseexistirhistriadetraumatismosprvios.Deveigualmente ser pesquisada possvel patologia meniscalconcomitante(testedeMcMurray).Asamplitudesarticularesdojoelhoeforamusculardosprincipaisgruposmuscularesqueactuamaonveldestaarticulaodevemsergraduadoscompreciso.Causasde dor referida ao joelho devem ser excludas,peloque,oexamecompletodaancaetornozeloimprescindvel.2,6,84. Exame em Decbito LateralEmdecbitolateralcomojoelhoflectidoa20,oretinculo lateral pode ser mais facilmente examinado.Mobilizando passivamente a rtula na direco medialpossveldetectarapresenaderetracoanveldoretinculolateral.Adificuldadenamobilizaodartulae,porconseguinte,daexposiodocndilofemorallateralsugereumaretracoanveldoretinculolateral.Aindanestaposio,deveserrealizado o teste de Ober e a fora muscular do glteomdio deve ser testada.6,85. Exame em Decbito VentralEstaposiopermiteumaanlisemaisdetalhadaquantoaoalinhamentodopedacadeiamuscularposterior,assimcomodaflexibilidadeeforamuscular.116. Observao e Anlise da MarchaAobservaoeanlisedamarchadodoentesoumdosaspectosfundamentaisdoexameobjectivo.Deveserprestadaparticularatenoaoalinhamentodosmembrosinferioresetroncoduranteamarcha,cadncia da marcha, ataque ao solo e estabilidade.4,8Exames auxiliares de diagnstico:OdiagnsticodeSFPmaioritariamenteclnico,dependendodahistriaclnicaeexamefsicododoente. Os exames de imagem so apenas auxiliares dediagnstico e, muitas vezes, apresentam m correlaocom a clnica.6,12Asradiografiassimplesdojoelho(antero-posteriorelateralemcargaeaxial),quandoindicadas,soteisparadescartaroutrasetiologiasdedornocompartimentoanteriordojoelho,incluindortulabipartida,fracturasocultas,osteoartroseetumores.Existeumaconstelaodetcnicasdemediodescritas na literatura, o ndice de Blackburne and Peelumdosmaisutilizados,maissimplesemaisreprodutvel.Relacionaamedidadadistnciaentreoplanoquepassanopratotibialeaextremidadeinferior da superfcie articular da rtulacom a medidadocomprimentodasuperfciearticulardartula.AvariaoconsideradanormaldondicedeBlackburneandPeelde0.85-1.09nosexomasculinoe0.70-1.09no sexo feminino. Valores mais altos so sugestivos dertulaaltae,porconseguinte,riscoaumentadodeinstabilidade.2,6(Fig. 3)Sndromefemoro-patelarVol22 I N2 I Ano20(2012) I RevistadaSociedadePortuguesadeMedicinaFsicaedeReabilitaoREVIEWARTICLE ARTIGODEREVISO57Figura 2: Avaliao da mobilidade patelarFigura 3: Avaliao do ndice de Blackburne and PeelO Mtodo de Insall-Salvati calcula a proporo entre amedidadotendorotuliano(T)eamedidadamaiordiagonal da rtula (P). (Fig. 4) Estasmedidasdevemseraproximadamenteiguaiseportantoumaproporosuperiora1,3sugereumartulaemposioalta.OMtododeInsall-Salvati,apesardemuitoutilizado,apresentamreprodutibilidade intra-observador.2,12OMtododeCatoncalculaaalturadartulaatravsdarazoentreadistnciadopontomaisinferiordasuperfciearticulardartulaataolimiteantero-superiordopratotibial(AT)eocomprimentodasuperfciearticulardartula(AP).Umaproporosuperiora1,3sugereumartulaemposioaltaeinferior a 0,6 sugere uma rtula baixa. (Fig. 5)2,12Aincidnciaaxialdeveserrealizadacomojoelhoflectido a 30. Nesta incidncia a posio e orientaodartularelativamentetrcleafemoralpodeseravaliadaeosngulosdoSulcoFemoral,deCongruncia e de Bscula determinados.Ongulodosulcofemoraldefinidopelospontosmaisaltosdoscndilosexternoeinternodofmurepelo ponto mais baixo do sulco (BAC).2,6(Fig. 6)Com o joelho flectido entre 30 e 45 o ngulo do sulcofemoral tem um valor mdio de 138 6. O ngulo dosulco femoral correlaciona-se bem com a instabilidadepatelar, ou seja, ngulos mais rasos esto associados amaior instabilidade.2,6Ongulodecongrunciaumndicedesubluxaomedial/lateraldapatela.onguloformadoentreuma linha de referncia zero (A0 bissectriz do ngulodo sulco femoral) e uma segunda linha que passa pelopice do primeiro ngulo e o ponto mais baixo da cristaarticulardartula(AD)(Fig.6).Ovalormdioconsideradonormaldongulodecongruncia-6com desvio padro de 11.2,6Porfim,ongulodebsculaumndicedebsculamedial/lateral da rtula relativamente ao fmur. Numaarticulaofemoro-patelarnormal,onguloformadopela recta horizontal que passa pelos cndilos femoraise pela recta que passa pela faceta articular externa dartula,deveabrirlateralmente.Pelocontrrio,emdoentescomsubluxaorotulianaestaslinhassoparalelasouonguloabremedialmente(Fig.7).Umngulodebsculaentre0-5consideradonormal;entre 5-10 borderline e superior a 10 patolgico.6Nos casos em que as radiografias simples do joelho nosoconclusivasousoduvidosas,ainvestigaodeveprosseguir recorrendo-se para tal TAC ou RMN. A TACeaRMNpermitemoestudodojoelhoemgrausdeSndromefemoro-patelarRevistadaSociedadePortuguesadeMedicinaFsicaedeReabilitao I Vol22 I N2 I Ano20(2012)ARTIGODEREVISO REVIEWARTICLE58Figura 7: ngulo de BsculaFigura 6: ngulo do Sulco (BAC)Figura 4: Mtodo de Insall-SalvatiFigura 5: Mtodo de Catonflexo inferiores a 30 sem sobreposio de estruturas.ATAC,semelhanadasradiografiasconvencionais,permite a determinao dos ngulos do Sulco Femoral,de Congruncia e de Bscula. A RMN para alm de tilnaavaliaocinemticadojoelhoenadefiniodealteraes da trajectria patelar, particularmente tilno diagnstico de alteraes degenerativas articulares,nomeadamentecartilaginosas.AsvantagensdaRMNrelativamenteTACsoamelhordefinioecaracterizaodostecidosmolesperi-articulareseausncia de radiao.2,6,12Tratamento:OtratamentodeprimeiralinhanoscasosdeSFPotratamentoconservadorqueincluiumprogramadereabilitaoglobalepersonalizado.Osobjectivosdoprogramadereabilitaosoadiminuiodador,fortalecimentomusculardoquadricpite,aumentodaforaeresistnciamusculareoptimizaodobalanodeforasdoVMOeVL,fortalecimentomusculardoabdutoreserotadoresexternosdaanca,melhoriadaflexibilidade,melhoriadabiomecnicadomembroinferiorediminuiodasobrecargafemoro-patelaremelhoriaglobaldafuncionalidadedojoelhoedopadro de marcha. Osucessodotratamentoconservadorvarivelecondicionadopelaetiologiamultifactorialdestaentidadeclnica.Aeficciadosprogramasdereabilitaonamelhoriadasintomatologiamaioracurtoprazo,compioresresultadosrelatadosalongoprazo e recorrncia da sintomatologia, nomeadamentequando a actividade prvia retomada.1,41. Analgesia OcontrolodasintomatologialgicadosdoentescomSFPpodeserconseguidorecorrendo-secrioterapia,nomeadamentenasfasesagudas,e/ouutilizandodemodalidades de electroterapia analgsica como o TENS(TranscutaneousElectricNerveStimulation).Emfasesubagudasoucrnicasautilizaodecalorprofundo,nomeadamentecomultra-sonspodeserumaopo.Concomitantemente,ocontrolodossintomaspodeseradjuvadoporteraputicafarmacolgica,nomeadamente anti-inflamatrios e analgsicos.62. FlexibilizaoAinflexibilidadedostecidosmolesperiarticulares,particularmentedosisquiotibiaisebandaileo-tibialpodecontribuirparaasalteraesdamobilidadeetrajectria rotulianas durante o movimento do joelho.Amobilizaoeosestiramentospassivoseactivosdostecidosmolesperiarticulares,nomeadamenteretinculoslateralemedial,atravsdamobilizaopassivadartula,bandaileo-tibialeisquiotibiaisdevem integrar o programa de reabilitao.63. Fortalecimento muscular a) Fortalecimento Muscular do QuadricpiteArecuperaodaforamuscularefunodomsculoquadricpite,comprovadamente,umfactorcontributivoparaamelhoriadasintomatologianoSFP.Aescolhadotipodefortalecimentomuscularadequadoedosexercciosadequadosacadadoenterequerumconhecimentoaprofundadodabiomecnicadaarticulao femoro-patelar.13i. Fortalecimento do Vasto Medial Oblquo (VMO)OdesequilbriodeforamuscularentreVMO,principal estabilizador medial da rtula, e o VL comumemdoentescomSFP,peloque,ofortalecimento muscular do vasto medial oblquo(VMO)umdosobjectivosdotratamento.Noentanto,orecrutamentoisoladodoVMOnoocorrecomosexercciosquesonormalmenteprescritosnotratamentodoSFP.Estudoselectromiogrficoscomprovaramque,narealidade,aactivaodoVMOnoerasignificativamentemaiordoqueadovastolateralouvastointermdiodurantediferentesexerccios utilizados no programa de reabilitaodo SFP. Estes achados sugerem que a ideia de queerapossvelorecrutamentoindividualizadodoVMO e o seu fortalecimento selectivo irrealistaeoqueocorreumfortalecimentomuscularglobal do quadricpite.6ii. Exerccios Isotnicos em Cadeia Cintica Aberta(CCA) versus Fechada (CCF) e IsomtricosUmarevisodaliteraturapermiteconcluirqueumprogramaadequadodefortalecimentomuscularreduzefectivamenteasintomatologiadosdoentesemelhoraasuafuncionalidade,noentanto,quandocomparadaaeficciadeexerccios em CCA com a de exerccios em CCF, asevidnciasnopermitemdeterminarumamaioreficcia de um tipo de interveno em detrimentodeoutro.DuranteexercciosemCCAaforamuscular, gerada pelo quadricpite, necessriaparaaextensocontroladadojoelho,aumentados90atextensocompleta.Concomitantemente, a rea de contacto femoro-patelardiminuimedidaqueaextensocompleta atingida, aumentado o stress articularanveldaarticulaofemoro-patelar.Poroutrolado, durante exerccios em CCF, a fora musculargeradapeloquadricpitemnimanaextensoSndromefemoro-patelarVol22 I N2 I Ano20(2012) I RevistadaSociedadePortuguesadeMedicinaFsicaedeReabilitaoREVIEWARTICLE ARTIGODEREVISO59completa do joelho e, portanto, o stress articularfemoro-patelarmenornosprimeirosgrausdeflexodojoelho.Noplaneamentodoprogramadereabilitaodevem,portanto,serincludosexerccios em CCF, nomeadamente entre os 0-30deflexo,eCCA,entreos40-90,deformaamaximizarotrabalhomuscular.4,6,13Inicialmente,noscasosdedoracentuadaefraquezamuscularmarcadadoquadricpite,ofortalecimentomuscularpodeseriniciadocomumconjuntodeexercciosisomtricosquedevem,omaisrapidamentepossvelprogredirparaisotnicosemCCFeCCA,umavezqueosexercciosisomtricosnoreproduzemomovimentofuncional do joelho. iii. Estimulao Elctrica Neuro-muscularAestimulaoelctricaneuro-musculardoquadricpite e particularmente do VMO pode serutilizada com o objectivo de potenciar os efeitosdosexercciosdefortalecimentomuscular,noentanto, na literatura, no existe evidncia de umbenefcio adicional, estatisticamente significativo,com a utilizao de estimulao elctrica, quandocomparadacomexercciosdefortalecimentomuscular por si s.13b)FortalecimentoMusculardosAbdutoreseRotadores Externos da AncaOprogramadereabilitaoeespecificamenteoprogramadefortalecimentomuscularnodevedescuraramusculaturaproximaldaanca,umavezqueamelhoriafuncionaldosmsculosproximaismelhoraoalinhamentodinmicodomembro inferior, contribuindo para a diminuioda sintomatologia dolorosa a nvel do joelho.Aactivaodosabdominaisinferiores,dosoblquosedosrotadoresexternosdaancaeprincipalmenteosglteosmximoemdio,diminuiarotaoanteriordapelveeresultanterotaointernadofmurquecontribuiparaumaumento da presso de contacto entre a rtula ea face troclear lateral, o que pode desencadear asintomatologiafemoro-patelar.4,6,9,13NaliteraturaexistemdiferentesestudospublicadosquedemonstramqueoSFPpodeestarassociadoaalteraesdacinemticamuscularplvica,nomeadamente em mulheres, e no a alteraesestruturaisouarticulares.Afraquezamusculardosabdutoresdaancaerotadoresexternosfoidocumentada em vrias mulheres com SFP. Assim,aperformancedamusculaturaplvicadevesertida em linha de conta na avaliao e tratamentoda disfuno da articulao femoro-patelar.14Noentanto, nos casos em que a anteverso femoral uma deformidade ssea fixa, pouco pode ser feitodepontodevistaconservadoreaintervenocirrgicadeveserponderadaparacorrigiraanomalia.64. Taping patelarAcorrecodoposicionamentopatelarutilizandoastcnicasdetaping deGrelsamereMcConnellumaformadeoptimizaratrajectriademovimentodartulanatrcleafemoraleoseualinhamento.Namaioria dos estudos publicados, o SFP tratado atravsdeumaintervenocombinadade taping eexercciosdefortalecimentomuscular,peloque,difcilavaliaros efeitos do taping por si s. No entanto, parece existirevidnciadebenefciosdestatcnica,nomeadamentenoqueserefereaoinputproprioceptivoecontroloneuromuscular,commelhoriadaactivaoerecrutamentomusculardoquadricpite.4,6,13Existemmesmoestudosquereferemmelhoriasdasqueixaslgicasnaordemdos50%comautilizaodestaassociao de tcnicas teraputicas.65. Ortteses Os doentes com dor patelar podem referir melhoria dadorcomautilizaodeorttesesdinmicasestabilizadoras rotulianas, uma vez que estas limitam absculaeatranslaolateraldapatela,contribuindoparaamelhoriadacinemticadojoelho.Asuautilizaoduranteosprogramasdereabilitaopodeaumentar a eficcia destes ao aumentar o conforto dodoenteduranteaexecuodosexercciospropostos.Existemestudosqueapontamparaumamelhoriadador em 50% dos doentes.6,9,13,15Apesar da variabilidadededesignsecustosdasorttesesdisponveisnomercadosergrande,actualmenteasevidnciasnaliteraturasobreaeficciadestasorttesesnotratamento do SFP permanecem escassas. Assim, a suautilizao deve ser decidida caso-a-caso de acordo comos benefcios mecnicos adquiridos.4,5Apronaoexcessivadop,quersejacompensatriadeumalinhamentoanmalodotroncoemembroinferior, quer seja secundria a patologia intrnseca dopdevesercorrigida.Apronaoexcessivadopaumenta o ngulo Q e, consequentemente, aumenta asforaslateraisqueseexercemsobreapatela.AsSndromefemoro-patelarRevistadaSociedadePortuguesadeMedicinaFsicaedeReabilitao I Vol22 I N2 I Ano20(2012)ARTIGODEREVISO REVIEWARTICLE60ortteses plantares parecem ser eficazes no tratamentodoSFPevriosestudosdemonstrammelhoriasignificativadosdoentescomortetizaoplantar,submetidosaumprogramadeexerccios,quandocomparados a um grupo controlo submetido ao mesmoprogramadeexerccios,massemortetizao.6EmdoentescomSFPepronaoexcessivadop,osestudosparecemcomprovaraeficciadaortetizaona melhoria funcional, dos sintomas e da qualidade devida.4,6,96. Treino de MarchaO treino de marcha essencial no plano de tratamentoglobalparaarecuperaodamarchanormalefuncional.Estudospreliminaressugeremqueareeducaodamarcharecorrendoafeedbackvisualpodecorrigirpadresdemarchaanmalostalcomoaduo e rotao interna da anca e queda da pelve.16 Adiminuiodaaduoerotaointernadaancadiminuiasforasdecompressonafacetalateraldartula. De igual forma, a correco da queda da pelvemelhora o alinhamento do membro inferior e diminuiaforalateralexercidapelabandaileo-tibialsobreapatela.6Concluso:OSFPumaentidadeclnicamuitocomumemultifactorialparaaqualnoexisteconsensonaliteratura no que se refere a etiologia e tratamento. Noentanto, actualmente o tratamento de primeira linha otratamentoconservador,queincluiumprogramaintensivodereabilitao,quedeveabordartodososaspectos biomecnicos do membro inferior, focando-senofortalecimentodosdiferentesgruposmusculares,estiramentoseortetizao.Otratamentocirrgicodeveserreservadoparaosescassoscasosemqueseverifica a persistncia de sintomas aps o programa dereabilitao adequado a personalizado.Sndromefemoro-patelarVol22 I N2 I Ano20(2012) I RevistadaSociedadePortuguesadeMedicinaFsicaedeReabilitaoREVIEWARTICLE ARTIGODEREVISO611. Heintjes E, Berger MY, Bierma-Zeinstra SM, Bernsen RM, VerhaarJA, Koes BW. Exercise therapy for patellofemoral pain syndrome.Cochrane Database Syst Rev. 2008;4. 03472.2. Keller J, Levine W. Evaluation and Imaging of the PatellofemoralJoint. Oper Tech Orthop.2007; 17: 204-10.3. ThomeR,AugustssonJ,KarlssonJ.PatellofemoralPainSyndrome:aReviewofCurrentIssues.SportsMed.1999;28(4):245-62.4. Earl JE, Vetter CS.Patellofemoral Pain. 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