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POSTAL 1156 - 5 FEV 2016

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• LEIA O POSTAL DESTA SEMANA! • (Sexta-feira 05/02) nas bancas com o jornal PÚBLICO • ON-LINE a informação à distância de um clique em www.postal.pt • • No Facebook em www.facebook.com/postaldoalgarve • EM DESTAQUE NESTA EDIÇÃO: > Fagar enterra contentores do lixo de Faro em todo o concelho > Loulé e Moncarapacho desafiam algarvios para a brincadeira > Variante do Troto abre ao trânsito em breve > Ministro diz que resposta ao problema da saúde é “inadiável” > Governo confirma electrificação da linha do Algarve • NESTA EDIÇÃO COM O CADERNO CULTURAL CULTURA.SUL • • LEIA E PARTILHE A INFORMAÇÃO INDISPENSÁVEL SOBRE O ALGARVE •

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Page 1: POSTAL 1156 - 5 FEV 2016
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Fagar aposta em subtainers mais modernos

Ô A empresa municipal fa-rense aposta na instalação de contentores enterrados (subtai-ners) mais modernos na subs-tituição dos contentores de superfície e mesmo dos subtai-ners mais antigos.Os novos equipamentos têm melhor isolamento de odores e permitem um melhor controlo dos líquidos libertados pelos li-xos domésticos, evitando assim dois problemas que afectam a salubridade e saúde pública da cidade e melhorando qualitati-vamente a contentorização dos lixos para recolha.

EM FOCO

2 | 5 de Fevereiro de 2016

Fagar revoluciona contentorização de lixo em FaroProjecto previsto para a zona central da cidade é alargado a todas as zonas urbanas das freguesias do concelho

Ricardo [email protected]

A FAGAR VAI SUBSTITUIR TO-DOS os contentores de lixo de superfície das áreas urbanas do concelho de Faro por sub-tainers (contentores enterra-dos de grande capacidade).

O projecto abrange todos os contentores de lixo indi-ferenciado de toda a cidade de Faro e ainda os situados nas zonas urbanas das três freguesias do concelho fora do perímetro da cidade.

Trata-se de uma extensão do projecto já anteriormente aprovado de substituição de contentores por subtainers na área do centro da cidade de Faro - que abrangia todo o perímetro urbano abaixo da primeira circular da ci-dade (constituída pelas ruas Aboim Ascensão, Cândido Guerreiro e José de Matos) e ainda as avenidas Calouste Gulbenkian e 5 de Outubro - e que ganha agora uma di-mensão muito mais relevan-te e global.

A intervenção promete revolucionar por completo o aspecto da cidade e zonas urbanas das freguesias reti-rando o impacto visual asso-ciado aos tradicionais con-tentores de superfície.

OS NÚMEROS E AS DATAS DO PROJECTO A empresa munici-pal responsável pelo abasteci-mento de água, saneamento, limpeza e recolha de resíduos sólidos urbanos do concelho de Faro, que inicialmente pre-via substituir 250 contentores, vai agora substituir cerca de mil contentores.

O programa, dividido em duas fases, já colocou o pri-meiro conjunto de subtainers (na Rua da Alfândega) e avan-ça de imediato com a subs-tituição dos subtainers mais

antigos da cidade.“Vamos inicialmente proceder

à substituição dos subtainers mais antigos da cidade, alguns com capacidade de utilização já muito reduzida, uma vez que neste caso trata-se apenas de substituir os conjuntos en-terrados, enquanto se criam as condições técnicas para avançar com as escavações necessárias à instalação dos novos subtainers”, referiu Paulo Gouveia da Costa em declarações ao POSTAL.

“Até ao início de Abril con-tamos avançar com a imple-mentação dos novos subtai-ners. Neste caso, o trabalho de preparação é moroso, uma vez que a localização tem de ser cuidadosamente escolhida por forma a evitar o conflito com as inúmeras infra-estruturas enterradas no subsolo da cida-de, pertencentes às empresa de energia, gás e telecomunicações, e também as nossas próprias condutas e colectores”, precisa o responsável da Fagar, escla-recendo que os trabalhos em toda a zona abaixo da primeira circular e nas duas principais avenidas da cidade deverão fi-car concluídos até ao fim do terceiro trimestre do ano.

Na segunda fase, que avan-çará no terceiro trimestre do ano, a Fagar substituirá então os contentores das zonas a nor-te da primeira circular e zonas urbanas das freguesias.

A duração previsível de cada uma das duas fases previstas para a contentorização será de um ano, após o respectivo início.

FAGAR APROVEITA AO MÁXIMO FUNDOS DISPONÍVEIS NO JES-SICA Recorde-se que a FAGAR tinha visto aprovado no pro-jecto inicial um financiamento de meio milhão de euros, valor que graças à estratégia da em-presa de acompanhamento permanente dos fundos dispo-níveis nas ferramentas de apoio

ao investimento do Estado e da União Europeia passa agora para 1,8 milhões de euros.

Este projecto resulta assim de uma candidatura realizada pela empresa ao Fundo Jessi-ca, uma ferramenta financei-ra de requalificação urbana, em que a empresa municipal liderada por Paulo Gouveia

da Costa conseguiu maximi-zar exponencialmente o apro-veitamento dos fundos ainda disponíveis.

AUTARQUIA ESTÁ A TENTAR QUE A ALGAR ACOMPANHE A RENO-VAÇÃO NOS CONTENTORES DE LIXO PARA RECICLAGEM O au-tarca farense quer que a Al-

gar, responsável pela recolha de resíduos para reciclagem e valorização, acompanhe este esforço da autarquia. “Estamos a tentar que pelo menos nas zonas de maior impacto visual a Algar avan-ce também para a instalação de subtainers, um trabalho que temos vindo a desenvol-

ver com a empresa e que es-peramos possa acompanhar o investimento feito pela Fagar”, referiu Rogério Ba-calhau ao POSTAL.

O presidente da Câmara sublinha que “o projecto da Fagar trará uma significativa melhoria das condições de acondicionamento dos resí-duos sólidos urbanos indife-renciados na cidade”.

“Temos noção é que mes-mo na deposição de lixo as pessoas são mais cuidadosas nos contentores enterrados do que nos de superfície onde se acumulam muitos resíduos à volta das zonas de deposição” esclarece o autarca.

“No que toca à limpeza geral e à qualidade ambien-tal e visual este é um passo significativo que a cidade dá e constitui uma impor-tante mais-valia para Faro, que agora se estende não só à zona do centro da cidade, mas a todo o concelho”, refe-re o presidente da autarquia.

GANHOS EM SAÚDE PÚBLICA, EFICIÊNCIA E POUPANÇA Pau-lo Gouveia da Costa realça aquilo que considera “deter-minante para a cidade e para os farenses” neste projecto, “a melhoria da qualidade ambiental da cidade, com a eliminação de odores e es-corrências, quer pelo fim dos contentores de superfície em espaço urbano, quer pela efi-ciência dos novos subtainers a instalar” e “uma assinalá-vel mais-valia em termos de condições de saúde pública, eliminando a exposição dos resíduos”.

Para a Fagar “há também ganhos de eficiência na ges-tão dos circuitos de lavagem, recolha, e manutenção, com redução nas emissões de car-bono”, remata o responsável.

FOTOS: D.R.

Ô Paulo Gouveia da Costa considera o projecto determinante para a melhoria da qualidade ambiental da cidade

D.R.

Ô Os novos subtainers a instalar em Faro

RICARDO CLARO

Rua de Santo António, n.º 68 - 5º Esq. 8000 - 283 FaroTelef.: 289 820 850 ¦ Fax: 289 878 342

[email protected] ¦ www.advogados.com.pt

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Page 3: POSTAL 1156 - 5 FEV 2016

5 de Fevereiro de 2016 | 3

REGIÃO

Governo confirma electrificação da linha do AlgarveMinistro não se compromete com ligação ferroviária ao aeroporto

Ricardo [email protected]

O MINISTRO DO PLANEAMEN-TO E DAS INFRA-ESTRUTURAS

confirmou, em sede de audição na Comissão Parlamentar Co-missão de Economia, Inovação e Obras Públicas (na Assembleia da República), que a electrifica-ção da linha ferroviária do Algar-ve - actualmente apenas electri-ficada entre Tunes e Faro, troço onde circula o Alfa Pendular - é um projecto para avançar.

A confirmação da obra de electrificação da totalidade dos 140 quilómetros do eixo ferrovi-ário foi dada a questões coloca-das a Pedro Marques pelo depu-tado do PSD eleito pelo Algarve Cristóvão Norte.

O ministro não se referiu no entanto a outro projecto, o da li-gação ferroviária do Aeroporto de Faro à cidade de Faro, que a par da electrificação integrava o plano estratégico de transportes e infra-estruturas (PETI 3+) apre-sentado pelo anterior Governo de Passos Coelho.

Da mesma forma ficou por saber, nas respostas genéricas que o titular do Governo deu às questões dos deputados, se a data prevista para arranque das obras de electrificação (ainda este ano) é para cumprir ou não.

O QUE ESTAVA PREVISTO PARA A LINHA DO ALGARVE De acordo com o PETI 3+, estava prevista a electrificação integral da linha do Algarve, actualmente apenas electrificada entre Tunes e Faro,

e a construção de um ramal de ligação ao Aeroporto de Faro.

O presidente da Refer, em Agosto de 2015, anunciava no Algarve a intenção de investi-mento de 120 milhões de euros na modernização da linha ferro-viária da região, incluindo estas duas obras.

Os trabalhos de electrificação da linha “devem iniciar-se em 2016”, dizia então Rui Loureiro, “estando a sua conclusão previs-ta para 2019, enquanto a obra para a ligação da capital algarvia ao aeroporto se deve iniciar em 2017, estimando-se a sua conclu-são em 2021”.

Recorde-se que no âmbito do PETI 3+ estavam destinados para os trabalhos de electrificação e construção do ramal do aeropor-to 55 milhões de euros.

MINISTRO VAGO NAS RESPOS-TAS E DURO NAS CRÍTICAS AO ANTERIOR GOVERNO À excep-ção da electrificação da linha

do Algarve as respostas do mi-nistro Pedro Marques foram genéricas, não se comprome-tendo com obras concretas, antes preferindo sublinhar “o compromisso do Governo com o investimento na ferrovia” e o trabalho no sentido de “maxi-

mizar o aproveitamento” dos fundos europeus nesta matéria e dando nota, repetidas vezes, daquilo que considera ter sido a actuação do anterior Governo que “planificou e fez versões op-timizadas dos planos”, mas que de projectos e obra “fez zero”.

Ô O deputado Cristóvão Norte questinou o ministro do Planeamento

D.R.

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CAMPO DE REGATAS DE VILAMOURA

Torneio Internacional de Vela do Carnaval reúne mais de 400 atletas

O 42º TORNEIO INTERNACIO-NAL DE VELA DO CARNAVAL decorre entre este sábado e se-gunda-feira no Campo de Rega-tas de Vilamoura.

Está confirmada a presença em Vilamoura de mais de 400 velejadores repartidos pelas classes Optimist, 420 (PAN), La-ser (Prova de Selecção) Radial,

Laser 4.7, Laser Std, Snipe e Dart, vindos dos mais prestigiados clubes nacionais, da Croácia, do Reino Unido, da Alemanha, da Irlanda, de Espanha, da Letónia, da Rússia, da Holanda, além de velejadores do Peru, do Brasil e dos Estados Unidos da América.

Trata-se de uma das mais pres-tigiadas regatas que se disputam

em Portugal, este ano com o ali-ciante de em Junho o CIMAV ser anfitrião do Campeonato do Mundo de Optimist.

O 42º Torneio Internacional de Vela do Carnaval, organiza-do pelo Clube Internacional da Marina de Vilamoura, faz parte do Programa de Animação de Carnaval no concelho de Loulé.

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V. R. S

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Linha do Sul (Lisboa) Troço a electrificar Troço electrificado

Linha do Algarve:

Ô Torneio inicia-se no sábado

D.R.

Variante do Troto avança a todo o vapor pág. 5

Cartório Notarial em LouléNotária

Manuela Semedo TenazinhaCerti�co, para efeitos de publicação, nos termos do disposto no artigo cem número um do Código do Notariado, que foi exarada hoje, neste Cartório, no livro número du-zentos e treze, de notas para escrituras diversas, de folhas sessenta e nove, a folhas setenta, verso, uma escritura de Justi�cação, em que FRANCISCO AUGUSTO GON-ÇALVES, natural da freguesia do Ameixial, concelho de Loulé e mulher MARIA CUS-TÓDIA DA SILVA GONÇALVES, natural da freguesia de Cachopo, concelho de Tavira, casados sob o regime da comunhão geral de bens, residentes na Avenida Parque das Cidades, Vivenda Azenha, Goncinha, freguesia de São Clemente, concelho de Loulé, contribuintes �scais números 183 245 440 e 212 817 990, declararam:

Que são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem, do seguinte prédio:

Rústico, situado em Horta dos Marmeleiros, Mealha, Cachopo, freguesia de Ca-chopo, concelho de Tavira, composto por terra de cultura, com a área de duzentos e trinta metros quadrados, confrontando do norte com José Rodrigues, do sul com caminho público, nascente com José Francisco da Palma e do poente com António Manuel, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 20 160, em nome da herança de Joaquina Gonçalves, com o valor patrimonial tributário de 3,90 euros, a que atri-buem igual valor, omisso na Conservatória do Registo Predial de Loulé, conforme se infere da certidão de vinte e um de dezembro de dois mil e quinze com o número de requisição número seis mil quinhentos e oitenta e sete, emitida pela Conservatória do Registo Predial de Tavira respeitante à requisição treze mil oitocentos e sessenta e oito da Conservatória do Registo Predial de Loulé, de dezassete de dezembro de dois mil e quinze, que arquivo.

Que adquiriram o prédio acima identi�cado, em data imprecisa, mas que sabem ter sido no mês de dezembro de mil novecentos e noventa e cinco, por compra efetuada por contrato meramente verbal e nunca reduzido a escritura pública, feita aos her-deiros da mencionada Joaquina Gonçalves, designadamente, Maria Celeste Martins Guerreiro e marido António Rodrigues Luísa, casados sob o regime da comunhão geral de bens, residentes em Corte João Marques; Maria José Martins e marido António Joaquim Francisco, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, resi-dente em Faro; Maria da Conceição Martins Guerreiro, e marido Eduardo Gago Guer-reiro, sob o regime da comunhão de adquiridos, residentes em Faro; Maria Fernanda Gonçalves e marido Manuel António Gonçalves, sob o regime da comunhão geral de bens, residentes no sítio das Mestras, e a Manuel Francisco Gonçalves e mulher Maria Afonso Gonçalves, sob o regime da comunhão de adquiridos, residentes no sitio de Tromelgo, Martinlongo, Alcoutim.

Que desde a referida data, portanto há mais de vinte anos, sempre têm vindo a usufruir o dito prédio, cuidando-o e cultivando-o, no gozo pleno das utilidades por ele proporcionadas, com ânimo de que exercita direito próprio, sendo reconhecidos como seus donos, por toda a gente, fazendo-o de boa fé por ignorar lesar direito alheio, paci�camente porque sem violência, contínua e publicamente, à vista e com conhecimento de toda a gente e sem oposição de ninguém.

Que dadas as enunciadas características de tal posse, adquiriram o referido prédio por usucapião, título este que, por natureza, não é susceptível de ser comprovado pelos meios normais

Cartório Notarial em Loulé, da Manuela Maria Palma Nobre Semedo Tenazinha, seis de Janeiro de dois mil e dezasseis

A Notaria,

Manuela Maria Palma Nobre Semedo Tenazinha

Registada sob o nº. PA 29/2016

Factura nº N 27/2016

(POSTAL do ALGARVE, nº 1156, de 5 de Fevereiro de 2016)

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REGIÃO

4 | 5 de Fevereiro de 2016

Olhão inaugura skate park com muita animaçãoObra custou cerca de 60 mil euros e veio concretizar um sonho antigo da população

D. R.

Ô Campeonato nacional de skate e concertos musicais marcaram a inauguração da infra-estrutura

OLHÃO PASSOU A CONTAR desde o passado sábado com um novo skate park. A infra-es-trutura foi inaugurada por An-tónio Miguel Pina, presidente da câmara olhanense, num dia em que houve muita animação, incluindo um campeonato na-cional da modalidade e concer-tos musicais.

“Majestoso”, assim se chama o novo Skate Park de Olhão, numa homenagem ao carril da linha do comboio, situado ao lado da actual estrutura e ali também re-presentado, já que serviu duran-te muitos anos para os melhores skaters olhanenses praticaram e através do qual conseguiram “grandes feitos na modalidade”.

Com concepção da empresa olhanense Park & Ride, a obra custou pouco mais de 60 mil euros, “muito menos do que os 400 mil que estavam previstos no projecto inicial”, fez questão de referir o autarca olhanense durante a inauguração. “Com pouco dinheiro fizemos uma

estrutura de qualidade, que mui-to nos honra. Apesar de não ter uma grande dimensão, tem tudo o que é essencial para a prática

da modalidade. É um dos me-lhores skate parks do país”, des-tacou o edil.

“Agora os jovens skaters do

concelho, e não só, têm aqui um local onde praticar e já não será necessário andarem de ska-

te noutras zonas da cidade. Este espaço é vosso. Usem-no da me-lhor forma!”, apelou o presiden-te da autarquia aos praticantes, garantindo: “Queremos trazer provas nacionais para este par-que”.

VÁRIAS DEZENAS DE PRATICAN-TES DISPUTARAM CAMPEONATO NACIONAL Aliás, o primeiro dia do Skate Park de Olhão, locali-zado perto do porto de pesca e da zona industrial da cidade, começou em grande com um campeonato nacional, dividi-do em duas categorias: Sub 16 e Open, o que permitiu trazer à cidade cubista várias dezenas de praticantes da modalidade.

O prémio principal ficou em casa, a provar que Olhão é uma terra de skaters. Nuno Relógio foi o grande vencedor do Open, mostrando o talento conquis-tado através de muitos anos de prática. Na mesma categoria, Pedro Roseiro, de Cascais, foi o

segundo classificado, e Rúben Gamito, de Santo André, con-quistou o terceiro lugar. Este foi também o vencedor do prémio de melhor manobra (Best Tri-ck). Na categoria de Sub16, o vencedor foi William (Loulé), seguindo-se em segundo lugar Tomás Murta (Olhão) e em ter-ceiro Diogo Bonança (Olhão).

Centenas de pessoas aplau-diram os skaters que com-petiram e outros que foram apenas experimentar o novo espaço dedicado à modalida-de, que teve na sua génese as influências piscatórias da ci-dade através de formas, obs-táculos e rampas desenhados, com diferentes graus de difi-culdade, não tendo faltado a música com os Contra Corren-te e os Íris, exposições e outras actividades associadas.

Conforme as palavras da câ-mara olhanense “o sonho de muitos anos está finalmente concretizado”.

Carnaval de Moncarapacho promete alegria e diversão com entrada grátis pág. 6

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APOIO A RESIDENTES NO CONCELHO

Alcoutim atribui cartão social a 70 famílias carenciadas

A CÂMARA DE ALCOUTIM VAI ATRIBUIR o Cartão Social do Município a sete dezenas de agregados familiares, que be-neficiarão, ao longo deste ano, de um conjunto de regalias em vigor.

A medida insere-se numa “política social centrada na me-lhoria das condições de vida da população, em especial dos agregados familiares que se en-contram em situação de maior vulnerabilidade social, e na criação de instrumentos que possam diminuir carências e ajudar a inverter dinâmicas de exclusão social”, explica a autar-quia alcouteneja

De acordo com o previsto no regulamento do cartão so-cial em vigor, “a atribuição do mesmo confere aos respectivos titulares o direito a serem apoia-dos pelo Município de Alcoutim na aquisição de bens e serviços em que este seja fornecedor, de-signadamente através da redu-

ção em 50% do pagamento das taxas, tarifas, preços e licenças, devidas pelo utente”. Confere ainda o direito “a usufruírem da aplicação do tarifário social nos serviços de abastecimento de água, saneamento de água residuais e gestão de resíduos urbanos”.

O apoio está aberto a todos os residentes no concelho que há pelo menos um ano estejam re-censeados numa das freguesias

e que comprovadamente pos-suam um rendimento abaixo de uma capitação anualmente fixada para o efeito.

O cartão é válido por um ano, renovável por igual pe-ríodo a requerimento do in-teressado. As candidaturas decorrem no Gabinete de Acção Social, Saúde e Edu-cação da Câmara Municipal, durante os meses de Novem-bro e Dezembro.

Ô Osvaldo Gonçalves, presidente da Câmara de Alcoutim

D. R.

MUNICIPIO DE TAVIRAAviso

2º ADITAMENTO DO ALVARÁ DE LOTEAMENTO N.º 3/1990

Nos termos do n.º 2 do artigo 78º do Decreto-Lei n.º 555/99, de 16 de Dezembro, republicado pelo Decreto-Lei n.º 136/2014, de 9 de Setembro, torna-se público que a Câmara Municipal de Tavira, emitiu a 15 de Dezembro de 2015, o 2º aditamento do alvará de loteamento n.º 3/1990, cuja alteração foi requerida por Matconciv – Materiais e Construção Civil, Lda., pessoa coletiva número 500 974 110, com sede na Avenida Dr. Eduardo Mansinho, n.º 30 - B, na União das freguesias de Santa Maria e Santiago, em Tavira.

São licenciadas através deste aditamento as especi�cações ao alvará de loteamento que incidem sobre alguns lotes da urbanização “Quinta do Carmo”, em Vale de Caranguejo, na União das freguesias de Santa Maria e Santiago, neste Muni-cípio, no seguinte ponto:

Junção dos lotes 93, 94, 95 e 96, passando a ter um lote com a numeração 93/94/95/96, com área total de 884m². Com esta alteração o n.º total de lotes no loteamento passam de 107 para 104.

A alteração do Alvará foi aprovada por despacho do Sr. Vereador do Urbanismo, Inovação e Empreendedorismo de 09/12/2015 e enquadra-se no estabelecido no nº 8 do artigo 27º do Decreto-Lei n.º 555/99 de 16 de Dezembro, republi-cado pelo Decreto-Lei n.º 136/2014 de 09 de Setembro.

Paços do Concelho, 18 Dezembro de 2015

O Vereador do Urbanismo, Inovação e Empreendedorismo,

João Pedro Rodrigues

(POSTAL do ALGARVE, nº 1156, de 5 de Fevereiro de 2016)

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REGIÃO

5 de Fevereiro de 2016 | 5

Variante do Troto avança a todo o vaporRotas do Algarve Litoral e Infraestruturas de Portugal não se comprometem com datas

Ricardo [email protected]

A VARIANTE DO TROTO EM LOULÉ vai fazer a ligação da zona das Quatro-estradas de Loulé com a zona do Estádio do Algarve e será assim um novo segmento da EN 125 em substituição do actual que liga a zona de Vale da Venda às Quatro-estradas de Loulé incluindo a variante a Almancil.

A obra avança desde meados de Janeiro a todo o vapor com os trabalhos a decorrerem em toda a extensão do novo troço e em particular nos nós de Al-mancil e do Estádio Algarve,

mas a Infraestruturas de Por-tugal, dona da obra, e a Rotas do Algarve Litoral, subconces-sionária, não avançam datas para a conclusão das mesmas.

OBRAS PARA DURAR MAIS MÊS E MEIO Ao POSTAL um enge-nheiro ligado a projectos de estradas antecipa que “no estado em que a obra se encontra é previsível que um mês e meio permitam concluir os trabalhos para a abertura do troço em condi-ções de segurança da varian-te, ficando depois por termi-nar apenas pormenores”.

INFRAESTRUTURAS DE PORTU-GAL E ROTAS DO ALGARVE LI-TORAL SEM DATAS ‘FECHAM-SE EM COPAS’ As entidades com-petentes para esclarecerem a questão da data de abertura da variante, após contactos feitos pelo POSTAL, ‘fecham--se em copas’ quando as obras avançam sem que o novo contrato de concessão tenha ainda o visto do Tribu-nal de Contas e sem que haja um cronograma definido para os trabalhos resultan-te do novo enquadramento contratual da concessão da Rotas do Algarve Litoral.

AS ALTERAÇÕES AO TRÂNSITO APÓS A ABERTURA DA VARIAN-TE Através da nova variante quem circula das Quatro-

-estradas de Quarteira em direcção a Faro e ao sota-vento deixará de percorrer

a variante a Almancil e a EN 125 entre São Lourenço e São João da Venda e passa-rá a seguir um percurso em que três quilómetros após a rotunda debaixo da variante Loulé - Quarteira (conheci-da por rotunda milionária) a EN 125 passará em passa-gem inferior sob a variante a Almancil, seguindo quase em linha recta por 2,7 qui-lómetros até ao novo nó do Estádio do Algarve que dará acesso a Faro e a Loulé (neste

caso através de uma inversão de marcha no actual nó do Es-tádio do Algarve).

Em sentido oposto, o trânsi-to oriundo do sotavento e de Faro com destino às Quatro-es-tradas de Loulé seguirá quase até ao nó de Faro / Aeroporto da A22, onde entrará no novo nó do Estádio Algarve na va-riante em construção. Já quem venha de Loulé terá de utilizar o actual nó do Estádio Algarve para inverter a marcha e po-der depois entrar na variante do Troto (ver mapa).

A nova variante do Troto encurta a actual distância percorrida na EN 125 de 4,3 quilómetros para apenas 2,7 quilómetros e retira ao trânsito o confronto com as dificuldades de atraves-samento das zonas de São

Lourenço e Vale da Venda, onde a EN 125 se cruza com áreas muito complicadas de cruzamentos e tráfego denso devido aos inúmeros estabe-lecimentos comerciais exis-tentes junto à estrada.

Já os comerciantes destas zonas deverão perder a parte de leão dos seus clientes de passagem já que estas altera-ções de trânsito terão eleva-do efeito potencial no trân-sito na antiga EN 125 entre Almancil e Vale da Venda.

Ô A passagem inferior da variante do Troto sob a actual variante a Almancil na EN 125

FOTO E INFOGRAFIA: RICARDO CLARO

Câmara Municipal de TaviraEdital nº. 4/2016

Jorge Manuel do Nascimento Botelho

Presidente da Câmara Municipal de Tavira

TORNA PÚBLICO, que em reunião ordinária de Câmara Municipal, realizada no dia 26 de janeiro de 2016, foram tomadas as seguintes deliberações:

1. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 4/2016/CM, referente a Atribuição de apoio em espécie ao Grupo Desportivo de Vale Caranguejo;

2. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 5/2016/CM, referente a Atribuição de apoio no âmbito de trata-mento de toxicodependência;

3. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 6/2016/CM, referente ao Acordo de colaboração para a organiza-ção da Semana da Ria Formosa;

4. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 7/2016/CM, referente a Ocupação de habitação sem título - Rua Tenente Coronel Melo Antunes, n.º 5, 1.º Direito;

5. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 8/2016/CM, referente a Revisão do Plano Diretor Municipal de Tavira;

6. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 9/2016/CM, referente a Alteração do Plano de Pormenor da Área Industrial de Santa Margarida;

7. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 10/2016/CM, referente ao Projeto de alteração ao Regulamento de Trânsito e Estacionamento do concelho de Tavira.

Para constar e produzir efeitos legais se publica o pre-sente Edital e outros de igual teor que vão ser a�xados nos lugares de costume.

Paços do Concelho, 26 de janeiro do ano 2016

O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL,

Jorge Manuel Nascimento Botelho

(POSTAL do ALGARVE, nº 1156, de 5 de Fevereiro de 2016)

Loulé sai à rua para brincar ao Carnaval pág. 7

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Ô No mapa a cinzento a EN 125 actual e a preto a nova variante do Troto

‘rotunda milionária’ inferior à variante Loulé / Quarteira

Nó da A22 Faro / Aeroporto

Estádio Algarve

Page 6: POSTAL 1156 - 5 FEV 2016

6 | 5 de Feveriro de 2016

Carnaval de Moncarapacho promete alegria e diversão com entrada grátisPelas ruas da vila vão desfilar 20 carros alegóricos

Ô O Carnaval mais antigo do Algarve conta atrair mais de dez mil pessoas por dia

MONCARAPACHO VOLTA A RE-CEBER o seu Desfile de Carna-val no próximo domingo e na terça-feira. No corso vão des-filar cerca de 20 carros alegó-ricos, que, com mais de 500 foliões, animam a vila e as inúmeras pessoas que todos os anos ocorrem ao evento e têm contribuído para cimen-tar as tradições deste cortejo secular.

O desfile começa às 15 ho-ras e até às 18 vai percorrer um circuito compreendido entre a Praça Major João Xa-vier de Castanheda e a Rua Prior Simas (rua do Correio). Tal como nos anos anteriores, “este ano o Carnaval de Mon-

carapacho deverá ter uma as-sistência de mais de dez mil pessoas por dia”, avança a organização.

Com mais de 100 anos, o Carnaval de Moncarapacho é o mais antigo do Algarve, comemorando 117 anos em 2016, contabilizando mais sete anos do que o Carnaval de Loulé. Uma história que começou em 1899 com es-tudantinas de origem espa-nhola, que mascaradas per-corriam as ruas da aldeia no Domingo Gordo e no Dia de Entrudo. O primeiro carro or-namentado surgiu em 1913, aumentando o número nos anos seguintes. Em 1923, um

maiano após a travessia aérea entre Lisboa e o Rio de Janei-ro, desfilou um carro alegó-rico representando um avião, simbolizando o glorioso feito.

A organização está a car-go da União das Freguesias de Moncarapacho e Fuseta e conta com o apoio da Fesni-ma (Câmara de Olhão) e da população da freguesia que constrói os carros alegóricos, transmitindo assim um signi-ficado popular e de envolvên-cia local ao evento.

As entradas são livres para brincar ao Carnaval pelas ruas da vila num percurso onde a imaginação e os risos têm tam-bém entrada livre.

REGIÃO

D.R.

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Ministro diz que resposta ao problema da Sáude ‘é inadiável’ pág. 8

Page 7: POSTAL 1156 - 5 FEV 2016

5 de Fevereiro de 2016 | 7

REGIÃO

Loulé sai à rua para brincar ao CarnavalMuita folia e diversão sem fim por apenas dois euros

Ricardo [email protected]

LOULÉ VAI RECEBER, NOS PRÓ-XIMOS DIAS 6, 7 E 9 DE FEVE-REIRO, um dos mais antigos corsos carnavalescos do país, num desfile de três dias que este ano terá como tema “O Grande Naufrágio”, em que os piratas serão os grandes protagonistas. Assim, pelas 15 horas, na Avenida José da Costa Mealha, 14 carros ale-góricos desfilarão, numa sá-tira política verdadeiramente imperdível, onde as escolas de samba, os grupos de animação em representação de algumas colectividades do concelho, cabeçudos, gigantones, entre outros, levam ao “sambódro-mo louletano” cerca de 700 figurantes.

SÁTIRA POLÍTICA As figuras da política e do desporto e os casos que marcam a actualidade são os protagonistas dos des-files fruto do trabalho e da grande inspiração dos cria-tivos do Carnaval louletano. A fantasia e a imaginação dessa equipa levarão os foli-ões ao mundo da pirataria, onde personagens de todos os quadrantes políticos to-marão de assalto esta festa popular. O Capitão Antó-nio “Gancho” Costa surge ao leme de um barco pirata cor-de-rosa, de espada em punho, tal como o Capitão Pedro “Gancho” Passos Co-elho, que durante quatro anos foi o terror dos mares, e agora se encontra à deriva.

Em embarcações de di-mensões mais reduzidas surgem mais dois piratas que darão apoio ao Capitão António “Gancho” Costa. São eles Jerónimo de Sousa e Catarina Martins que, de olhos bem abertos, fitam o horizonte, muito atentos a tudo o que se passa nas águas lusas.

Já no barco presidencial, o Capitão Marcelo Rebelo de Sousa, é acompanhado no mar por Maria de Belém, uma das suas opositoras nes-ta corrida a Belém, pelo ac-

tual Presidente da República, Cavaco Silva, e pelos ex-Che-fes de Estado, Jorge Sampaio e Mário Soares, todos den-tro de barris que bóiam nas águas eleitorais.

SÁTIRA DESPORTIVA No despor-to, o “rei” Cristiano Ronaldo, uma presença assídua deste Carnaval, volta a estar em destaque no corso algarvio. No carro da Bola de Ouro da FIFA, que é liderado por Lionel Messi, o português, acompanhado pela mãe e pela ex-namorada Irina Shayk, continua bem po-sicionado para a conquis-ta da quarta Bola de Ouro, embora a não tenha ganho como gostariam os seus fãs. Ainda no mundo futebolísti-co, o seleccionador Fernando Santos vai de limusine, com direito a champanhe e mala Chanel, até França, onde Por-tugal participa este ano no Europeu de Futebol.

Também o Zé Povinho, fi-gura incontornável da sátira, é chamado a tripular um car-ro rumo ao “Tour de France”.

HOMENAGEM AO PROFESSOR JOSÉ BAPTISTA Em jeito de ho-menagem, o desfile conta tam-bém com uma carro dedica-do ao Professor José Baptista, artista plástico que durante anos colaborou na organi-zação deste Carnaval. Dese-

nhador, ilustrador, designer gráfico, José Baptista foi uma figura incontornável da vida artística louletana e da histó-ria deste corso.

Estas são apenas algumas das sátiras que quem visitar Loulé nestes dias poderá as-sistir. A folia, animação, boa disposição e qualidade artís-tica estão garantidas.

ESCOLAS DE SAMBA As escolas de samba serão outros dos pon-tos de animação deste corso e, este ano, estarão presentes a Es-cola de Samba “Vai quem quer” de Estarreja (dia 6), Escola de Samba “Tribal” (dia 6), a Escola de Samba “Independentes da Vila” (dia 6), a Escola de Samba Paraíso Tropical de Penafirme da Mata (dias 7 e 9), a Escola de Samba Vila Régia (dias 7 e 9) e a Escola de Samba “Os Cariocas” (dias 7 e 9).

CARNAVAL DE LOULÉ, SEMPRE SOLIDÁRIO A criação do “Car-naval Civilizado” em Loulé data de 1906 e teve como principal mentor José da Costa Guerrei-ro. O primeiro Carnaval de Lou-lé saldou-se num êxito e ficou marcado pela realização de um Bodo aos pobres já que a recei-ta desta festa foi aplicada na sua totalidade para satisfazer pessoas necessitadas. As com-ponentes artísticas e festivas, aliadas aos fins de beneficência, sempre nortearam os festejos

do Carnaval de Loulé.Em 1977, o evento profissio-

nalizou-se e passou a ser orga-nizado pela autarquia, que, re-editando a tradição inventada por José da Costa Guerreiro, foi introduzindo-lhe diversos me-lhoramentos, nomeadamente a temática dos corsos, a cons-trução de carros alegóricos de grandes dimensões, os grupos de foliões, os artistas convida-dos e os bailes. Com o tempo, o Carnaval de Loulé constituiu--se num cartaz turístico da re-gião do Algarve, e em particu-lar de Loulé, atraindo milhares de turistas.

No ano em que o Carnaval de Loulé assinala 110 anos de existência, a Câmara de Loulé

volta a associar este corso a cau-sas solidárias já que as receitas arrecadadas com a bilheteira serão atribuídas a instituições e a projectos sociais. “Essa é uma tradição que foi retomada, que se prende com o espírito que es-teve presente na primeira edição do Carnaval de Loulé, em 1906, quando as receitas reverteram para o chamado ‘Bodo aos Po-bres’. Hoje, uma parte signifi-cativa da receita é destinada às várias IPSS do concelho que colaboram com a Câmara na implementação das políticas sociais que neste momento estão muito presentes”, frisou Vítor Aleixo.

As entradas para o Carnaval de Loulé custam dois euros. Ô Figuras da política e do desporto são os grandes protagonistas dos desfiles

D.R.

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Page 8: POSTAL 1156 - 5 FEV 2016

8 | 5 de Fevereiro de 2016

Ministro diz que resposta ao problema da Saúde ‘é inadiável’Resposta dada ao deputado Luís Graça anuncia análise ao SNS regional até ao fim do primeiro trimestre

Ô Deputado Luís Graça pediu esclarecimentos sobre Saúde no Algarve

Ricardo [email protected]

NA ÓPTICA DE ADALBERTO CAMPOS, ministro da Saúde do Goveno de António Costa, “o Algarve é um problema sério do Serviço Nacional de Saúde (SNS)” e “deveria ter uma resposta qualifica-da aos doentes a um nível quase polivalente”.

As afirmações decorreram das questões colocadas pelo deputado do PS eleito pelo círculo do Algarve, Luís Gra-ça, no âmbito da Comissão de Saúde, numa audição so-licitada pelo PCP acerca da situação que levou à morte recente de um doente de neurocirurgia no Hospital de São José.

O deputado quis saber se o Ministério da Saúde esta-va disponível para realizar uma “avaliação séria e inde-pendente” das decisões to-madas no âmbito do Centro Hospitalar do Algarve e do seu impacto nos serviços de Saúde na região, bem como se o Governo estaria dispo-nível para tomar medidas de discriminação positiva para responder à dificulda-de de contratação de médi-cos para o Algarve.

O parlamentar questio-nou ainda o ministro sobre a disponibilidade do execu-tivo para reavaliar o modelo de referenciação dos doen-tes do Algarve para as uni-dades centrais de referência em Lisboa.

MINISTRO DA SAÚDE DIZ QUE O ALGARVE “É UM PROBLE-MA” Adalberto Campos não foi parco nas palavras e, depois de classificar a si-tuação algarvia como um “problema”, afirmou “não ser razoável que doentes que têm boas condições [em potência] para serem bem tratados no Algarve tenham de ser transferidos para Lisboa”.

Uma clara referência às si-tuações vividas pelos doentes do Algarve nas especialidades de ortopedia e oftalmologia, onde são sistematicamente transferidos para Santa Maria e São José quando os hospitais regionais já foram capazes de tratar as situações que hoje são referenciadas para Lisboa.

Para o ministro, que esclare-ceu o deputado do PS na pas-sada semana, o “Algarve preci-sa de uma análise estratégica”, adiantando que os serviços “a estão a fazer” e que a mesma

“estará concluída até ao final do primeiro trimestre”.

REVISÃO DA CRIAÇÃO DO CHA É UMA POSSIBILIDADE “Temos que perceber porque é que a região [o Algarve] é um problema tão difícil de re-solver do ponto de vista pú-blico [das políticas públicas de Saúde]”, rematou o mi-nistro, que não deixou de fora a possibilidade de uma revisão global da criação do Centro Hospitalar do Algar-ve (CHA), uma matéria em que os deputados socialistas e a federação regional do PS têm sido fortemente críti-cos desde que se fundiram as instituições hospitalares do Algarve, os hospitais de Faro e de Portimão.

O ministro avançou ainda-para a data de conclusão da análise “a tomada das medi-das de muito curto prazo e de médio e longo prazo que se justifiquem”.

REGIÃO

D.R.

NOTARIADO PORTUGUÊS

JOAQUIM AUGUSTO LUCAS DA SILVA

NOTÁRIO em TAVIRACerti�co:

Que no dia 02-02-2016, a folhas 66, do livro de notas para escrituras diversas número 181–A, deste Cartório, foi lavrada uma escritura de JUSTIFICAÇÃO, na qual, JOSÉ MANUEL SILVESTRE FAUSTINO, NIF 168.479.192, natural da freguesia de Ameixial, concelho de Loulé e mulher MARIA GRACIETE LOUREN-ÇO, NIF 216.285.640, natural da freguesia de Cachopo, concelho de Tavira, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, residentes em Mealha, Cai-xa Postal 939-Z, Cachopo, Tavira, declararam: Que, com exclusão de outrem, são donos e legítimos possuidores do prédio rústico, composto por terra de pastagem, cultura, oliveiras e laranjeiras, com a área de mil seiscentos e trinta metros quadrados, que confronta do norte, nascente e poente com Manuel Correia Pereira e do sul com ribeirinho, sito em Rocha Fureda ou Rocha Furada – Alcarias – Pedro Guerreiro – Cachopo, freguesia de Cachopo, concelho de Tavira, inscrito na matriz sob o artigo 20.030, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira. Que adquiriram o prédio em data imprecisa do ano de mil novecentos e oitenta, por compra verbal e nunca reduzida a escritura pública, feita a Joaquim Rosa e mulher Maria Inácia, residentes que foram no dito sitio de Mealha. Que adquiriram o prédio por usucapião.

Tavira, em 02 de Fevereiro de 2016

A funcionária por delegação de poderes;

Ana Margarida Silvestre Francisco – Inscrita na O.N. sob o n.º 87/3

Conta registada sob o nº. PAO134/2016 Factura nº. 0137

(POSTAL do ALGARVE, nº 1156, de 5 de Fevereiro de 2016)

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Comarca de FaroTavira - Inst. Local - Sec. Comp. Gen. - J1

Palácio da Justiça - Rua Dr. Silvestre Falcão, 10 - 8800-412 Tavira

Telef: 281 320 970 Fax: 281 093 519 Mail: [email protected]

Processo: 236/15.0T8TVRReferência: 100145631Partes: Requerente: Francisco José Viegas da Trindade LopesRequerido: Maria Leocádia da Silva Viegas LopesInterdição / Inabilitação

ANÚNCIOFaz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Interdição/Inabilitação em que é requerido Maria Leocádia da Silva Viegas Lopes, com residência em domicílio em Rua 1º de Maio, Nº. 27, 8800-116 SANTA CATARINA DA FONTE DO BISPO - TAVIRA, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.

Tavira, 25-01-2016

A Juiz de Direito,

Dra. Teresa Mendes Lopes

O O�cial de Justiça,

Álvaro Ribeiro

(POSTAL do ALGARVE, nº 1156, de 5 de Fevereiro de 2016)

PARQUE ‘ROCHA PRIME’ FUNCIONA 24 HORAS POR DIA

Praia da Rocha tem mais 288 lugares de estacionamento cobertosA EMARP ABRIU recentemente o parque de estacionamento coberto e subterrâneo “Rocha Prime”, que funciona diaria-mente, durante 24 horas por dia, tendo a capacidade para 288 veículos distribuídos por quatro pisos.

Localizado no novo edifício habitacional com a mesma de-signação, na Rua D. Martinho Castelo Branco, em plena Praia da Rocha, este parque de esta-

cionamento pretende ser mais uma resposta na oferta de es-tacionamento, encontrando-se dotado de dois elevadores de acesso a pensar nos utentes com mobilidade reduzida e lugares gratuitos para os utentes que se movam de bicicleta.

Com um tarifário que va-ria em função de uma época, alta (Abril, Maio, Junho, Julho, Agosto e Setembro) e baixa (Outubro, Novembro, Dezem-

bro, Janeiro, Fevereiro e Março), o parque de estacionamento “Rocha Prime” possui ainda um regime diversificado de avenças para automóveis ligeiros, qua-driciclos, motociclos, triciclos e ciclomotores, adequado às necessidades dos turistas, resi-dentes e igualmente dos traba-lhadores que diariamente pro-curam estacionamento nesta zona da cidade.

Para os turistas existem à dis-

posição avenças de 3, 7 ou 15 dias. A pensar nos residentes e trabalhadores criaram-se aven-ças nas modalidades de diurna (das 8 às 20 horas), nocturna (das 20 às 8 horas, e 24 horas ao sábado, domingo e feriados) e 24h/dia, todas em regime opcio-nal mensal, trimestral, semestral ou anual.

O regulamento e informações podem ser consultados no local em www.emarp.pt.

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Comarca de FaroTavira - Inst. Local - Sec. Comp. Gen. - J1

Palácio da Justiça - Rua Dr. Silvestre Falcão, 10 - 8800-412 Tavira

Telef: 281 320 970 Fax: 281 093 519 Mail: [email protected]

Processo: 25/16.4T8TVRReferência: 100104019Partes: Incapaz: Maria Manuela Fernandes Sera�m e outro(s)...Requerido: Maria Manuela Fernandes Sera�mInterdição / Inabilitação

ANÚNCIOFaz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Interdição/Inabilitação em que é requerido Maria Manuela Fernandes Sera�m, com residência em domicílio: Sítio da Asseca Cx 260–Z, Santa Maria, 8800-000 Tavira, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.

Tavira, 21-01-2016

O Juiz de Direito,

Dr(a). Rogério da Silva e Sousa

O O�cial de Justiça,

Álvaro Ribeiro

(POSTAL do ALGARVE, nº 1156, de 5 de Fevereiro de 2016)

Page 9: POSTAL 1156 - 5 FEV 2016

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AGRADECIMENTOA sua querida família cumpre o doloroso dever de agradecer reconhecidamente a todas as pessoas que assistiram ao funeral do seu ente querido, realizado no dia 21 de Janeiro, para o Cemitério de Tavira, bem como a todos os amigos que manifestaram o seu pesar e solidariedade. Agradecem também a todos que rezaram Missa do 7º Dia, pelo seu eterno descanso, dia 28 de Janeiro, quinta--feira, pelas 8.45 horas, na Igreja de Santiago em Tavira.

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Page 10: POSTAL 1156 - 5 FEV 2016

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AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer for-ma, lhes manifestaram o seu pesar.

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MARIA DE FÁTIMA DA CONCEIÇÃO

EMÍDIO GRAÇA 26-04-1952 / 31-01-2016

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MARIA DE FÁTIMA DA CONCEIÇÃO

SÃO SEBASTIÃO DA PEDREIRA - LISBOASANTA MARIA E SANTIAGO – TAVIRA

ARMANDO SOARES DE SOUSA

02-07-1936 / 29-01-2016

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MARIA SERAFINA DA CRUZ13-02-1933 / 23-01-2016

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CLARINDA DAS DORES ALMEIDA01-01-1910 / 15-01-2016

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SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO – TAVIRA

JOSÉ DOMINGUES 11-05-1933 / 22-01-2016

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JOSÉ DOMINGUES

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ISIDORA DOMINGAS GONÇALVES25-12-1933 / 25-01-2016

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer for-ma, lhes manifestaram o seu pesar.

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SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO – TAVIRA

JOAQUIM MENDES MOLINA04-10-1951 / 30-01-2016

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer for-ma, lhes manifestaram o seu pesar.

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Page 11: POSTAL 1156 - 5 FEV 2016

OPINIÃO

Sobe

& d

esce Subtainers em Faro

A contentorização subterrânea de lixo indiferenciado em todo o concelho de Faro é uma óptima notícia sob todos os pontos de vista, uma evolução que já tardava a ver-se na capital de distrito (Ler pág. 2).

Subtainers em Faro

A contentorização subterrânea de lixo indiferenciado em todo o concelho de

Obras variante do Troto

As obras finais para a conclusão da variante do Troto estão a decorrer, mas ninguém dos responsáveis pela obra se atreve a fazer prognósticos em obras que decorrem sem cronograma certo ou assegurado (Ler pág. 5).

As empresas de base tecno-lógica, geradoras de criação de valor a partir da introdução de produtos inovadores no merca-do, são cada vez mais resultantes de um ecossistema empreende-dor que facilita a transferência da tecnologia e de empreendedo-res qualificados com capacida-de para fazer a comercialização bem-sucedida dessa tecnologia. Nesse contexto, a economia portuguesa tem beneficiado do acréscimo recente da interação de instituições, universidades e empresas. No mercado tecno-

lógico destacam-se as empresas resultantes de spin-offs gerados numa organização-mãe. O que é um spin-off? Quais os tipos de spin-offs mais frequentes? Em que sectores de atividade há mais spin-offs? Neste artigo va-mos abordar estas questões.

Define-se spin-off como o pro-cesso de criação de uma empre-sa a partir de outras entidades existentes, que através do apoio destas, adquire independência e viabilidade própria. Na econo-mia há sobretudo dois tipos de spin-offs: (1) os académicos ou universitários, gerados a partir de universidades; (2) os empre-sariais criados a partir de outras empresas existentes. A criação de um spin-off é um dos principais mecanismos de transferência de tecnologia da instituição originá-ria para uma nova empresa.

Um spin-off universitário é uma empresa fundada por pro-fessor, funcionário ou estudante,

tendo este deixado a universida-de para iniciar a empresa ou ten-do começado a empresa quando ainda estava ligado à universida-de, desenvolvendo-se a nova em-presa em torno de uma ideia tec-nológica desenvolvida dentro da universidade (Smilor et al.,1990). Neste caso a universidade assu-me um papel fundamental na proteção da tecnologia, no seu licenciamento e no acesso a fon-tes de financiamento através da sua ampla rede de contactos, muitas vezes secundada por Or-

ganismos de Transferência de Tecnologia que funcionam no interface universidade-empresa e facilitam a criação do spin-off. A comercialização da tecnologia, angariação de financiamento e processo de internacionalização são da responsabilidade dos em-preendedores.

Os spin-offs empresariais são outra forma de criar novas em-presas para explorar comercial-mente conhecimento, tecnologia ou resultados de investigação de-senvolvida em empresa existen-

te. Este tipo de spin-off pode ser amigável se incentivado pela em-presa-mãe que em processo de reestruturação estimula os seus antigos colaboradores a consti-tuir uma nova empresa, poden-do mesmo adquirir uma posição na eventualidade desta se trans-formar num sucesso ou ter uma forma mais concorrencial sendo vista como uma oportunidade para os empregados que dese-jem pôr em prática ideias mal aceites pelos anteriores empre-gadores.

De acordo com estudos re-centes, a maioria das empresas geradas através de spin-offs ope-ram nos seguintes setores de atividade: tecnologias de infor-mação e comunicação, software, digital media, energia, ambiente, biotecnologia, ciências da saúde, microeletrónica, robótica, agro-alimentar, engenharia. Áreas de negócio onde Portugal tem mas-sa crítica e pode fazer a diferença.

5 de Fevereiro de 2016 | 11

FICHA TÉCNICA

Sede: Rua Dr. Silvestre Falcão, n.º 13 C - 8800-412 Tavira - Algarve Tel: 281 320 900 | Fax: 281 320 909 E-mail: [email protected]: www.postal.pt

Director: Henrique Dias(CP 3259).

Editor: Ricardo Claro (CP 9238). Redacção: Cristina Mendonça (CP 3258), Humberto Ricardo (CP 388).Design: Profissional Gráfica. Colaboradores fotográficos: José A. N. Encarnação “MIRA” Colaboradores: Beja Santos (defe-sa do consumidor), Nelson Pires (CO76). Departamento Comercial, Publicidade e Assinaturas: Anabela Gonçalves, José Francisco.Propriedade do título: Henrique Manuel Dias Freire ( mais de 5% do capital social)Edição: Postal do Algarve - Publicações e Editores, Lda. Contribuinte nº 502 597 917. Depósito Legal: nº 20779/88. Registo do Título (dgcs): ERC nº 111 613. Impressão: Naveprinter Distribuição: Banca - Logista, à sexta-feira com o Público/VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT.Estatuto editorial: disponível em http://www.postal.pt/quem--somos/Membro: APCT - Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação; API - Associação Portuguesa de Imprensa.

Tiragem desta edição:7.582 exemplares

Dos spin-offs universitários aos empre-sariais: empreendedorismo em acção

E-mail da redacção:

[email protected]

Esta é uma iniciativa das Bibliotecas Paula Nogueira do Agrupamento de Escolas Professor Paula Nogueira (Olhão) em parceria com a Casa da Juventude de Olhão e o POSTAL, que semanalmente divulga os problemas e as soluções deste jogo. Várias escolas do Algarve já aderiram à iniciativa: AE Professor Paula Nogueira (Olhão) / AE da Sé (Faro) / AE D. Afonso III (Faro) / AE Dr. Alberto Iria (Olhão) / Colégio Bernardette Romeira (Olhão) / AE Dr. João Lúcio (Fuseta) / AE de Estoi (Faro) / AE Joaquim Magalhães (Faro) / AE do Montenegro (Faro) / AE de Castro Marim (Vila Real de St. António) / AE Professora Diamantina Negrão / (Albufeira) / Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas (Mega Agrupamento de São Brás de Alportel) / Escola Secundária João de Deus (Faro) / Agrupamento de Escolas D. Paio Peres Correia (Tavira) / Casa da Juventude (Olhão) / Postal do Algarve. Convidamos todas as escolas e bibliotecas, interessadas em aderir ao Jogo da Língua Portuguesa e receber os materiais para o mesmo, a contactar: [email protected] ou [email protected].

>> SOLUÇÃO da edição passada

>> SOLUÇÃO

Dinis CaetanoEconomista

Enquanto dou palestras nas escolas aproveito para, simul-taneamente, ir inquirindo os miúdos para tentar perceber qual é a melhor maneira de lhes explicar a importância de entenderem bem que rumo profissional devem tomar.

Por vezes há coisas que vou percebendo enquanto lhes falo:

- Vocês já repararam como

os adultos se apresentam? - pergunto.

Eles ficam calados, à espera da resposta.

- Para se apresentarem, nor-malmente os adultos dão um aperto de mão; dizem o primei-ro e último nome e, por fim, re-matam com a profissão.

Quando chego a esta parte já eles estão de atenção presa e o

silêncio é rei. - As crianças e jovens apre-

sentam-se só com o nome, não é? Não que o teu nome defina quem tu és, ele apenas te dá a individualidade. Mas a profissão que temos, se for a certa para nós, reflecte ne-cessariamente quem somos…

Depois explico que eles não têm que escolher uma

profissão.Têm sim que perceber qual

é a profissão que os fará felizes. Explico que mais importante

do que a questão “O que que-ro ser?”, são as questões “Quem sou?” e “Quem quero ser?”

Porque, sim: o que fazemos define-nos. Mais: a maneira como o fazemos, revela em quem nos soubemos tornar…

Quem és?

Ana Amorim Dias - [email protected]

; A – A Maria adora cozinhar no micro-ondas. � B – A Maria adora cozinhar no microondas. � C – A Maria adora cosinhar no micro-ondas. � D – A Maria adora cuzinhar no micro-ondas.

� A – Decidi ajudar os sem abrigo! � B – Dicidi ajudar os sem abrigo! � C – Decidi ajudar os sem-abrigo! � D – Decedi ajudar os sem-abrigo!

>> ASSINALE A FRASE CORRETA

Dinis Caetano

Page 12: POSTAL 1156 - 5 FEV 2016

D.R.

PUBPUB

Alcoutim prepara fim-de-semana de desporto motorizadoConcelho possui condições ímpares para provas de todo-o-terrenoO CONCELHO ALCOUTIM vai ser palco, nos próximos dias 27 e 28, de dois eventos desportivos de todo-o-terreno, a prova de resistência “4 Horas TT Pereiro - Alcoutim” e o “Desafio Cross Country Alcoutim”.

O II Encontro 4 Horas de Re-sistência Pereiro/Alcoutim é, à semelhança do ano passado, uma prova de resistência de quatro horas para moto, reali-zada num circuito de aproxima-damente seis quilómetros em redor da barragem do Pereiro, que conta receber a presença das maiores figuras nacionais da modalidade, Hélder Rodri-gues, Ruben Faria, Paulo Gon-çalves, António Maio, Luís Tei-xeira e muitos outros que vão

proporcionar momentos de grande beleza competitiva ao público presente, num percur-so de grande espectacularidade, com visibilidade quase total a partir de um só ponto.

A prova pode ser composta por equipas de um ou dois pilo-tos e uma ou duas motos, exis-tindo apenas duas classes: Classe 1 – 1 Piloto uma Moto e Classe 2 – 2 Pilotos e 1 ou 2 Motos.

ESTE ANO A ORGANIZAÇÃO CRIOU O DE SAF IO CROSS COUNTRY ALCOUTIM Este ano, a organização criou mais um evento, o Desafio Cross Coun-try Alcoutim, que consiste em realizar um percurso com cerca de 160 kms, dividido em duas

voltas de 80 kms, com o auxílio de um road book. No final dos primeiros 80 kms está prevista uma neutralização de 30 mi-nutos onde é possível assistir e abastecer.

Uma alternativa aos passeios todo-o-terreno, uma oportuni-dade de treino de navegação para os habituais pilotos de Cross Country, onde os parti-cipantes percorrem caminhos secundários, corta fogos e ou-tros de muito pouca utilização diária. A utilização deste tipo de percurso, obriga a velocidades baixas e a uma navegação exi-gente. A organização define o percurso como “entre um per-curso de enduro, sem as tria-leiras, e um percurso baja, com

muito poucos estradões, acessí-vel a todos.”

Segundo a organização, “tra-ta-se de um momento único para passar um fim-de-semana completo na prática ou a assistir

aos desportos motorizados no concelho de Alcoutim, local que proporciona condições ímpares para eventos desta natureza”.

A organização conta com anos de experiência na orga-

nização de provas de todo-o--terreno e terá a colaboração do conterrâneo Orlando Romana, conhecido organizador.

Na procura da promoção do evento e das potencialidades da região, a câmara alcoutene-ja investiu na contratação da empresa A2 Comunicação, es-pecialista na área de desportos motorizados, para garantir a cobertura mediática do evento e sua divulgação.

Mais informações e ins-crições através dos seguin-tes contactos: 963 808 713 / 964 472 576, página web http://www.alcoutimtt.blo-gspot.pt/, página Facebook 4 horas TT / Desafio Cross Country – Alcoutim.

Ô Prova de resistência espera receber grandes nomes da modalidade

últimaTiragem desta edição:7.582 exemplares

O POSTAL regressa no dia 19 de Fevereiro

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Page 13: POSTAL 1156 - 5 FEV 2016

www.issuu.com/postaldoalgarve7.582 EXEMPLARES

Mensalmente com o POSTAL

em conjuntocom o PÚBLICO

FEVEREIRO2016n.º 89

RIC

ARD

O C

LARO

Os Cristos Mortos do Algarve

como nunca antes vistos

p. 10

Museu Municipal de Faro:Realidade e desafios

p. 5

D.R.

Gestão cultural local: A Casa do Povo de Santo Estevão

p. 3

D.R.

Missão Cultura:

O ‘ribat’ da Arrifana: um ‘lugar’ de destaque

p. 2

Letras e Leituras:

Brooklyn, de Colm Tóibín: um registo poético da simplicidade

D.R.

p. 4

D.R.

Espaço AGECAL:

Encontros à sexta na ALFA

p. 7

Espaço ALFA:D.R.

Page 14: POSTAL 1156 - 5 FEV 2016

05.02.2016 2 Cultura.Sul

AGENDAR

O ‘ribat’ da Arrifana – um ‘lugar’ de destaque

A visita oficial do Ministro da Cultura, João Soares, ao ‘ribat’ da Arrifana (Aljezur), no passa-do dia 1 de fevereiro, veio subli-nhar o reconhecimento oficial deste sítio, já anteriormente consagrado pela classificação como Monumento Nacional, atribuída pelo Decreto n.º 25/2013, de 25-07-2013.

Situado nas arribas da Costa Vicentina, num local conhe-cido como Ponta da Atalaia, numa paisagem de deslum-brante beleza, o sítio encerra uma fabulosa história, que as escavações arqueológicas, ali conduzidas pelo casal de ar-queólogos Rosa e Mário Va-rela Gomes, da Universidade Nova de Lisboa, desde os anos noventa do passado século XX, têm vindo a descobrir. Trata-se de um antigo e arruinado mos-teiro-fortaleza muçulmano, ha-bitado por uma comunidade de monges guerreiros, fundado pelo mestre sufi Ibn Qasi, por volta do ano 1130 da era cris-tã. As escavações arqueológicas identificaram até agora diver-sos momentos de construção e a presença das ruínas de um

numeroso conjunto de celas--mesquita (com o respetivo ni-cho do ‘mihrab’ voltado para Meca), de uma escola corânica (‘madrasa’) e do cemitério da comunidade muçulmana (‘al--maqbara’, com algumas das sepulturas assinaladas com inscrições fúnebres).

As referências históricas e as estruturas e materiais exu-mados (com diversos estudos e abundante documentação já produzida) apontam para uma ocupação do local até ao começo da segunda metade do século XII, pouco após a morte do seu fundador. Esta ocorreu, de acordo com a documenta-ção histórica, em 1151, às mãos de alguns dos seus próprios apaniguados, motivada pela oposição de Ibn Qasi aos pode-rosos impérios muçulmanos e à sua aliança estratégica com o rei português, Afonso Henriques. O que é uma assinalável memória e referência.

O local apresenta uma extra-ordinária relevância para a his-tória do período islâmico em Portugal, sendo o único local com vestígios materiais conhe-cidos de um ‘ribat’ muçulmano em território nacional, e um dos raros cujos vestígios materiais se conservam em toda a Península Ibérica – embora a ocorrência de topónimos como Arrábida

(um derivado de ‘ribat’) ou Za-vial (um derivado de ‘zawia’) permita vislumbrar outras pre-

existências de lugares santos deste mesmo género.

Em 2013, a Aga Khan Trust for

Culture apresentou ao Governo Português uma proposta para desenvolvimento de um Proje-to Cultural e Patrimonial para o ‘ribat’ da Arrifana, projeto esse a integrar no ‘Aga Khan Historic Cities Programme’ e que permi-tirá trazer para o Algarve um sig-nificativo investimento na área da Cultura por parte de uma entidade internacionalmente reconhecida pelo seu contribu-to efetivo para o desenvolvimen-to integrado das comunidades e para uma cultura de paz. Para que tal projeto se concretize, será ainda necessário resolver ques-tões de titularidade dos terre-nos e aspetos relativos ao uso dos mesmos, restringido pela classificação como Monumento Nacional, pela inclusão parcial em domínio público marítimo, e pela situação em pleno Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. Também nes-te âmbito, a visita do Ministro da Cultura se revestiu de uma enorme importância, permitin-do ativar o diálogo entre o atual proprietário, a Aga Khan Trust for Culture, a Câmara Municipal de Aljezur e a entidade de tutela dos Bens Culturais, representada pela Direção Regional de Cultura do Algarve.

Direção Regionalde Cultura do Algarve

Um bollycao não é uma sardinha V3

Não sei bem porquê mas acho que já estava à espera desta con-versa acerca da exploração de petróleo.

Sabemos o que isto nos pode trazer de dissabores, sobretudo pelo turismo e ambiente. Mas,

é bom que comecemos por al-guns pontos chave acerca do petróleo e desta discussão toda, visto que toda a gente se esque-ce de ser gente e se torna Enge-nheiro, ou tem um primo que uma vez viu uma plataforma numa revista.

Nós não percebemos nada de petróleo! - Este ponto é fundamental, visto estarmos à espera de uma resolução política para o problema, de alguém que não percebe nada do assunto.

Não é por seres vegan, vesti-res a roupa da tua avó, teres ido

à Arrifana uma vez e teres apre-ciado a natureza, que agora fi-cas um profissional do drilling subaquático.

Houve uma sessão de esclare-cimento na Universidade. Entre gente importante que se senta na fila da frente de perna cruza-da e olhar de quem se importa, aparecem sempre esses mamí-feros com cartazes, megafones, uma pão de forma que o papá comprou e restaurou (altamen-te poluente mas dá estilo!), um cão e cheiro a terra molhada; acabados de vir da Quinta do Lago, atrasados porque tiveram

na reunião de direção do clube de golfe.

Depois, há os do café que di-zem que isto é bom porque esta-mos na miséria, sem saber quan-to é que lucramos. Como disse um no outro dia: “vamos ter o gasóleo mais barato”. Estamos portanto a falar de gente que, certamente, venderia um órgão do corpo, para pagar o resto do carro, e que pensou que, com a montagem de aerogeradores e a percentagem de produção de energia por fontes renováveis, fosse baixar a fatura da luz.

Há o intelectual que leu o Ex-

presso, no sábado, e ainda está a decidir que lado tomar, mas está à espera do jantar de sexta para ir para o restaurante levan-tar a questão e impressionar as damas com palavreado técnico que nunca mais acaba.

O que é certo é que ainda ninguém ouviu quem vai furar e fazer a prospeção. Estamos a tra-tar do assunto, tipo encontro às cegas, ou pior! Estamos a enco-mendar uma noiva Tailandesa, só baseados na foto de perfil do site de casamentos.

Por mim, nem preciso saber mais. Brocas fora!

Editorial Missão Cultura

Direção Regionalde Cultura do Algarve

Juventude, artes e ideias

“REGENERAÇÃO”Até 9 ABR | Centro Cultural de LagosExposição de pintura de Clotilde. Entre 1964 e 1975, como artista plástica, executou várias obras em ce-râmica para várias instituições. Expõe regularmente desde 1984

“MÚSICA NAS IGREJAS”6 FEV | 18.00 | Ermida de São Sebastião - TaviraO pianista e compositor Luís Conceição vai interpre-tar obras da sua autoria, bem como de Bach, Beetho-ven e Chopin.

FOTO: DRCALG/R. PARREIRA

O ministro da Cultura, João Soares, no ‘ribat’ da Arrifana, com o presidente da Câmara de Aljezur,

José Amarelinho, o proprietário, Peter Vogel, e o representante da Aga Khan Development Network

em Portugal, Nazim Ahmad

Desta vez é o Museu de Loulé que se candidata à Rede Portu-guesa de Museus, uma classifica-ção que em muito orgulhará não só os louletanos como todos os algarvios e que - elogios à parte - podemos ter quase como certa, sendo resultado de um trabalho coordenado por Dália Paulo, cujos créditos na área, sobeja-mente conhecidos, asseguram uma candidatura certeira no objectivo.

Além do enriquecimento do valor do museu e do seu espólio do ponto de vista do reconheci-mento da respectiva qualidade, esta classificação é mais um pas-so, significativo diga-se, a cami-nho de maiores facilidades no acesso a fundos destinados ao investimento no seu desenvol-vimento e da consolidação do projecto de reestruturação que se encetou com a chegada de Dá-lia Paulo aos comandos da área cultural na autarquia.

Ganhamos todos e ganha Loulé num trabalho que é mais uma prova do muito que se vem fazendo nos mais variados níveis da acção em prol da cultura na região.

Este caminho que investe sa-ber e esforço na valorização do potencial endógeno da coisa cul-tural da região é um trilho que se faz caminhando também na área da economia, onde o sector cultural pesa cada vez mais e pro-mete não deixar de crescer.

O Algarve está assim uma vez mais de parabéns por mais uma iniciativa e valor que decerto não deixará de se tornar realidade de-pois de passar pelo crivo das ins-tâncias competentes.

A bem da cultura, obrigado a todos os que trabalharam em prol de mais esta aposta .

Mais um museu a caminho da Rede Portuguesa de Museus

Ricardo [email protected]

João Pedro Baptista MúsicoJoão Pedro Baptista

Page 15: POSTAL 1156 - 5 FEV 2016

05.02.2016  3Cultura.Sul

O ‘ribat’ da Arrifana – um ‘lugar’ de destaque

Espaço AGECAL

Santo Estevão é uma aldeia rural situ-ada no barrocal do concelho de Tavira.

Este artigo pretende refletir a impor-tância da gestão cultural de âmbito local e dar a conhecer a experiência do CPSE.

A CPSE é uma associação sem fins lu-crativos, equiparada a IPSS desde 2001, de âmbito local, que tem como missão sensibilizar a população para as diversas manifestações culturais (expressões ar-tísticas, desporto, património material ou imaterial, etc.) e para o ambiente. As instalações da instituição e a posição central que ocupa na aldeia como no território circundante, riquíssimo do ponto de vista ambiental, contribuem para o desenvolvimento cultural da comunidade. A gestão cultural com-

bina actividades sociais, artísticas e organizacionais.

A gestão cultural permite a facilitação e a organização das atividades culturais. O gestor cultural é “aquele que permite que a arte aconteça”. Considero que os gestores culturais são aqueles que jun-tam o público e os artistas.

No que respeita à programação, gran-de parte é resultante de propostas que nos chegam. As propostas são apresen-tadas e seguidamente, verificamos se têm viabilidade. Funciona assim na mú-sica quase a 100%, nas artes visuais a si-tuação é diferente mas surgem também convites para projetos autossustentáveis.

A música é a área artística com maior relevo e a que mais público capta.

A música ao vivo atrai muito público à CPSE de todo o Sotavento e em fun-ção disso também as propostas artísticas são muito diferenciadas na forma e no género. A programação é diferenciada, tanto programamos projectos locais como nacionais e ate internacionais. Por aqui já passaram desde Beatriz Portugal e Carlos Barretto no Jazz, Cus-tódio Castelo na guitarra portuguesa, Pedro Joia, Viviane, Olivetreedance, Ro-ckabillyo, Bunny Ranch, Canhões de Guerra, Kalu dos Xutos & Pontapes no

rock, B Fachada, Frankie Chavez, Virgem Suta, Manuel João Vieira, JP Simões, UXU KALHUS, Marenostrum, UM, Toques do Caramulo, Sebastião Antunes, Omiri e Charanga na música tradicional portu-guesa, Carlos Mendes na música ligeira portuguesa ou Danae e os novos criou-los, Tcheka e Couple Coffee, Tulipa Ruiz, Edu Miranda e Dani Black no âmbito da lusofonia. Também já foram apresen-

tados projectos na área do teatro com Vítor Correia, a Companhia A Gorda, Ao Luar Teatro ou os Improváveis.

Além dos projectos de nível nacional mais conhecidos, mantemos as tradi-ções associadas à comunidade e aos seus ciclos festivos, o Festival/Encontro de Charolas no ano novo, os bailes tradi-cionais de carnaval ou os Santos Popula-res. Esta programação, porventura, será

aquela que mais público local consegue alcançar.

Na programação é fundamental a parceria. A CPSE realiza parcerias com promotores e outras entidades de âm-bito cultural. As parcerias têm dois ti-pos de retorno: o financeiro, porque se conseguem projectos a custos susten-táveis, e a garantia de continuidade, avanço e alargamento dos programas desenvolvidos.

O financiamento da programação faz-se através dos apoios do Município e da Junta de Freguesia, contudo, não são suficientes, pelo que potenciamos as coproduções, gestão de bilheteiras e o pequeno bar que cobre despesas de produção…

Num mundo cada vez mais global, o local é o mais próximo do cidadão, o lugar onde as pessoas se encontram, se sentem em Casa, e se dá a satisfação das suas necessidades culturais. É no local que se dão os processos culturais mais importantes, a convivência e a cidadania cultural. O local não significa perder a capacidade de conhecimento global, de refletir, e com gestores profissionais con-cretizar programas que são do interesse do público e que permitem o desenvol-vimento cultural das comunidades.

Gestão cultural local: A Casa do Povo de Santo Estevão (CPSE) - Tavira

José BarradasGestor cultural;Presidente da Direcção do CPSE e membro da Direcção da AGECALwww.cpse.pt

José Barradas

D.R.

A música ao vivo atrai muito público à instituição

Grande ecrã

Cineclube de Faro Programação: cineclubefaro.blogspot.pt

TEATRO MUN. DE FARO I 21.30 HORAS 16 FEV | AS MIL E UMA NOITES - VOL II,O DESOLADO, Miguel Gomes23 FEV | AS MIL E UMA NOITES - VOL III, O ENCANTADO, Miguel Gomes

IPDJ I 21.30 HORAS9 FEV | LISBON REVISITED, Edgar Pêra (ANTE-ESTREIA NACIONAL)

A TELA AO SÓCIOS: “A 7ª ARTE DO CAMA-LEÃO - DAVID BOWIE (1947-2016)” | SEDE DO CCF I 21H30 I ENTRADA LIVRE11 FEV | FOME DE VIVER, Tony Scott18 FEV | LOST HIGHWAY - ESTRADA PER-DIDA, David Lynch25 FEV | FELIZ NATAL, MR.LAWRENCE, Nagisa Ôshima

Cineclube de TaviraProgramação: www.cineclubetavira.com281 971 546 | [email protected]

SESSÕES REGULARES | CINE-TEATRO AN-TÓNIO PINHEIRO | 21.30 HORAS

11 FEV | MIA MADRE (MINHA MÃE), Nan-ni Moretti – Itália 2015 (105’) M/12

SÁB 13 FEV | FOXFIRE (RAPOSAS DE FOGO), Laurent Cantet – França/Canadá 2012 (143’) M/14

18 FEV | O LOBO ATRÁS DA PORTA, Fer-nando Coimbra – Brasil 2013 (101’) M/16

25 FEV | THE MUSIC NEVER STOPPED (A MÚSICA NUNCA ACABOU), Jim Kohlberg – E.U.A. 2011 (105’) M/12

Cineclube de Faro faz 60 anosEis-nos chegados a 2016, ano

em que o Cineclube de Faro (CCF) perfaz 60 primaveras. Não é coisa pouca. São seis décadas a exibir filmes que, de outra forma, não chegariam aos espectadores. A primeira sessão aconteceu dia 6 de Abril de 1956 e, desde en-tão, sem qualquer interrupção de actividade.

Clássicos, europeus e portu-gueses, escolhidos a dedo e pre-miados nos mais conceituados festivais mundiais. É este o nosso forte. Tudo aquilo que se destina a contrariar as dificuldades que existem na oferta de cinema ac-tual, tão ancorada em blockbusters estéreis, e desfasados da verdadei-ra essência da 7ª arte.

Nos próximos meses, o CCF está a preparar um programa de cinema variado, bem como uma série de eventos com persona-lidades e instituições ligadas ao mundo da cultura e do cinema e, como não podia deixar de ser, à história do CCF.

Somos hoje uma das institui-ções cinéfilas mais antigas do

país, onde um bilhete não custa mais do que quatro euros. As nos-sas sessões de terça-feira à noite, no IPDJ de Faro, fazem já parte da programação cultural farense, e a nossa bilheteira continua a ter uma procura fiel e eclética.

Nos Cineclubes, por mais dís-pares que sejam as suas realida-des e história, o ânimo e âmbito são os mesmos: ajudar a criar a ci-

nefilia. Ver Cinema de qualidade, pensar sobre Cinema e aprender com o Cinema. Nos Cineclubes gosta-se de Cinema e gosta-se de dar a gostar de Cinema. É esta a nossa proposta cultural.

E quando indagados sobre se preferimos película ou digital, res-pondemos: sala de cinema! Pois é aí que reside a magia.

Cineclube de Faro

Cineclube de Faro comemora seis décadas

FOTOS: D.R.

Page 16: POSTAL 1156 - 5 FEV 2016

05.02.2016 4 Cultura.Sul

Letras e Leituras

Brooklyn, de Colm Tóibín – Um registo poético da simplicidade

Colm Tóibín nasceu em 1955 numa cidade no sudeste da Ir-landa, em Enniscorthy. Este au-tor é um dos mais conceituados ficcionistas de língua inglesa, além de ensaísta, jornalista da área da cultura e crítico literá-rio, em publicações de prestígio como The London Review of Books e The New York Review of Books. Publicou cerca de vinte títulos, entre ficção e ensaio, sendo que o primeiro romance a ser tradu-zido em Portugal foi A História da Noite (Bizâncio), seguido de O Navio farol de Blackwater (Dom Quixote), que esteve entre os finalistas do Prémio Booker em 1999. Estes dois títulos terão contribuído para que Colm Tói-bín passasse a ser apelidado ou catalogado como autor de lite-ratura gay.

Foi, todavia, O Mestre que lhe trouxe reconhecimento in-ternacional. Considera-se, nor-malmente, este livro como uma biografia ficcionada de Henry Ja-mes (autor de Retrato de uma Senhora, entre outros clássicos), se bem que, na verdade, O Mes-tre cubra apenas um dado perí-odo da vida do autor, dando-nos a conhecer o homem por trás do nome, com as suas inseguranças e anseios. Esta obra esteve entre os finalistas do Booker em 2004 mas mais uma vez não venceu. Contudo, ganhou o Dublin IM-PAC, um prémio que apesar de pouco conhecido, é dos mais conceituados, reservado a obras editadas em língua inglesa, e que consiste numa quantia que ron-da os 110 mil euros.

Brooklyn é um dos livros mais lidos do autor e, a propó-sito do lançamento do filme com o mesmo nome, e nome-ado para os Óscares - um filme belíssimo e comovente sem raiar o melodramático e o xa-roposo -, a Bertrand reeditou o livro originalmente publicado em 2009, agora com nova capa, alusiva ao filme. O livro estreou a 14 de Janeiro, com realização de John Crowley e argumento

do escritor inglês Nick Hornby. Brooklyn foi finalista do Man

Booker Prize e ganhou finalmen-te o prémio Costa, outro prémio aparentemente desconhecido, mas por uma razão válida, pois originalmente o prémio Costa Book tinha a designação de Whi-tbread Book Awards, criado em 1971, destinado exclusivamen-te a autores radicados nas ilhas do Reino Unido e da Irlanda, e patrocinados desde 2006 pela cadeia de lojas de café muito popular aí, Costa Coffee, uma subsidiária da Whitbread, o que motivou a mudança de nome do prémio. Uma das grandes surpresas foi Brooklyn ter sido eleito na categoria de melhor ro-mance em detrimento de outro grande livro, Wolf Hall, de Hilla-ry Mantel.

A protagonista da história é a jovem Eilis Lacey que, à seme-lhança do autor, vive em Ennis-corthy durante a década de 50. Esta jovem não parece ter gran-des aspirações, sentindo-se con-fortável com a vida simples que leva. O próprio meio em que Eilis vive não dá espaço a grandes so-nhos ou desejos, pois é um local com poucas ofertas de trabalho ou mesmo de casamento. Eilis trabalha assim numa mercea-ria, com uma patroa que é bas-tante insuportável, e partilha a casa com a mãe e a irmã mais velha Rose, com quem tem uma relação de grande afinidade, pois o pai já faleceu e os irmãos emi-graram para Inglaterra em bus-ca de melhores oportunidades. Rose trabalha num escritório e é ela quem basicamente susten-

ta a família. E, preocupada com o futuro da irmã, no sentido de providenciar-lhe uma vida com horizontes, encontra uma solu-ção para o seu dilema quando acidentalmente trava amizade no clube de golf com um padre que vive na América e está tem-porariamente de visita à cida-de. É particularmente relevante atentar como o amor de Rose para com a irmã mais nova, e a sua decisão em “empurrá-la” para fora do ninho, significa, por outro lado, a anulação de qualquer possibilidade de mu-dança em relação à sua própria vida, pois ela opta por ficar e continuar a apoiar a mãe. O pa-dre, um velho amigo de família, disponibiliza-se a ajudar Rose e encontra um trabalho para Ei-lis. Rapidamente, Eilis dá por si a atravessar o Atlântico, para ser depois acolhida na casa de uma

senhora irlandesa que aluga quartos a diversas outras rapa-rigas que partilham o mesmo destino de Eilis. A jovem começa a trabalhar num relativamente prestigiado armazém de lojas, e apesar de no início parecer vogar através dos dias com alguma re-signação, pois a personagem é quase sempre bastante passiva, a sua contenção sofre um abalo quando começa a receber cartas da irmã e é assolada pelas sau-dades de casa. E porque o ócio é inimigo da alma, Eilis começa, depois, a estudar à noite, para poder trabalhar como contabilis-ta ou guarda-livros, à semelhan ça d e Rose. A jovem que antes não mostrava ter grandes pers-pectivas de futuro e que parecia ver-se arrastada como uma folha ao vento, seguindo passivamente aquilo que os outros delineavam para ela (o que não invalida que

fosse por simplesmente confiar nas decisões dos outros, feitas por amor, sentindo-se grata), vê-se agora cada vez mais adap-tada à América e a procurar criar raízes. É também, mais ou me-nos por essa altura, que apesar de parecer relativamente indife-rente aos esforços das suas com-panheiras de casa em encontrar um namorado, Eilis conhece um jovem italiano – outra das gran-des diásporas no Novo Mundo – por quem, gradualmente, se deixa envolver numa relação amorosa que nasce, sobretudo, como uma amizade. A palavra amor aliás surge muito poucas vezes ao longo do livro, o que contribuiu para a sobriedade narrativa a que nos referíamos antes. Contudo, notícias trági-cas vêm interromper este idílio em que Eilis começa a deixar--se mergulhar, à medida que sentia como sendo cada vez mais definitivo o não-retorno à Irlanda, e a jovem é obriga-da a voltar a casa onde se verá, subitamente, confrontada com uma escolha, pois, por ironia do destino, encontra na sua terra natal as mesmas oportunida-des que antes lhe faltavam e que terão contribuído para a sua emigração - uma possibili-dade de casamento e um futuro profissional. A trama parece fe-char-se assim de forma circular.

Este romance é de leitura fácil, mas nem por isso superficial, e a história é tão simples e line-ar que pode até causar alguma estranheza o sucesso do livro, pois que a escrita deste autor, considerado um dos expoen-tes da literatura irlandesa, é extremamente contida, des-pojada de qualquer vaidade ou de ornamentação. Alguém escreveu que a escrita de Colm Tóibín constitui uma elegia às vidas banais, mas a vida de Eilis não é tão banal assim, pois este é também um relato de como, mesmo quando mudamos de continente, e perdemos todas as nossas referências, acaba-mos sempre por nos conse-guir adaptar a uma nova vida. Brooklyn é ainda um cuidado retrato histórico no feminino de toda uma diáspora, fruto da geração de 50 ou, aliás, de sucessivas gerações que parti-ram em busca de novas opor-tunidades, não só a partir da Irlanda como inclusivamente de Portugal.

A Bertrand publicou ainda, em anos anteriores, uma co-lectânea de contos intitulada Mães e Filhos e o pequeno ro-mance O testamento de Ma-ria, adaptado a partir do guião que o autor escreveu para a Broadway, um monólogo pro-tagonizado por Fiona Shaw.

Paulo SerraInvestigador da UAlgassociado ao CLEPUL

FOTOS: D.R.

'Brooklyn' valeu a Colm Tóibín o prémio literário Costa Book

Escritor foi finalista do Man Booker Prize

senhora irlandesa que aluga quartos a diversas outras rapa-rigas que partilham o mesmo destino de Eilis. A jovem começa a trabalhar num relativamente prestigiado armazém de lojas, e

'Brooklyn' valeu a Colm Tóibín o prémio literário Costa Book

Page 17: POSTAL 1156 - 5 FEV 2016

05.02.2016  5Cultura.Sul

Panorâmica

Museu Municipal de Faro: realidade e desafios

Aberto nas actuais instalações desde 1973, depois de estar instalado na Igreja do Convento de Santo António dos Ca-puchos até 1971, o Museu Municipal de Faro é herdeiro do Museu Archeológico e Lapidar Infante D. Henrique e é a mos-tra por excelência do património, da his-tória e da cultura do concelho de Faro.

É no antigo Convento da Nossa Se-nhora da Assunção, em plena cidade velha, que se dá a conhecer muito do que é a herança histórica e patrimo-nial deixada às actuais gerações pelos povos que durante centenas e centenas de anos foram sucessivamente habitan-do as terras hoje compreendidas pelos limites geográficos do concelho.

À frente de um espólio de milhares de peças está, desde há cerca de quatro anos Marco Lopes, que aposta em fazer evoluir um museu que muito tem mos-trado da identidade colectiva farense aos próprios farenses, aos portugueses em geral e aos turistas.

Muito do que hoje se pode ver no museu municipal é ainda fruto do tra-balho realizado sob a direcção de Dália Paulo, mas apesar de muitas das expo-sições estarem patentes há vários anos o museu já tem novidades que valem bem uma visita.

Uma das apostas de Marco Lopes foi a de dar dignidade expositiva acrescida à peça conhecida por ser o ex-libris do museu, o mosaico do Deus Oceano.

O mosaico do Deus Oceano, uma peça de destaquenuma sala renovada

Descoberto em 1926 entre as Ruas Infante D. Henrique e Ventura Coelho, no centro da cidade perto da Estação da CP, o mosaico do Deus Oceano foi reen-terrado e só em 1976 redescoberto para ser transferido para o museu..

Datada de finais do século II ou inícios do III d. C., o painel de grandes dimen-sões esteve exposto numa sala que “não correspondia em termos de condições à dignidade da peça”, refere Marco Lopes.

Agora, depois de uma intervenção to-talmente suportada por mecenas, criou--se um enquadramento e um discurso expositivo que constituem uma mais--valia para o visitante e para a compre-ensão do conjunto de peças ali exposto.

“Conseguimos um apoio integral de mecenas numa aposta pessoal minha que teve como resultado um projecto da equipa do museu cujo empenho mereceu uma apreciação positiva dos mecenas privados”.

O percurso criado em torno do mo-saico permite actualmente ao visitante contornar a peça com um perspectiva de visão descendente, ao mesmo tempo que pode ler informação de enquadra-mento em painéis ao longo do percurso.

Mosaico propostopara Tesouro Nacional

Outra das apostas do museu está na classificação do Mosaico de Deus Ocea-no como tesouro nacional, um processo já iniciado e que conta com o parecer favorável - já emitido - da Direcção-Geral do Património Cultural.

“Será o primeiro caso de uma classifi-cação como tesouro nacional atribuída na região do Algarve”, destaca o respon-sável do museu farense, que esclarece que de momento se “aguarda o pare-cer do conselho consultivo para que o ministro da Cultura possa finalmente despachar” no sentido da classificação do mosaico com a mais alta categoria da classificação nacional de património.

Faro ganhará assim, mantenha-se o

bom percurso desta empreitada, o pri-meiro exemplo de tesouro nacional do Algarve, o que potenciará sem dúvida a importância do museu municipal e do património do concelho em termos regionais e nacionais.

As reservas:um património ‘escondido’

São milhares as peças que o mu-seu de Faro tem em reserva, longe do olhar do público, e que muitos se per-guntam porque não vêem a luz do dia em exposições.

No percurso que leva as peças das reservas até uma sala de exposição há pequenos grandes pormenores que fa-zem com que muitas peças demorem muito tempo até poderem ser expostas ou mesmo nunca o venham a ser.

“Não se trata de não querer mostrar as peças”, clarifica Marco Lopes, “trata-se antes de perceber que a museologia tem nos dias de hoje de ter em atenção que a exposição de peças pelo simples acto de expor não faz grande sentido”.

“As peças para poderem ser expostas têm antes de ser estudadas a fundo e res-tauradas em condições que permitam a sua mostra ao público. Estamos a fazer esse estudo - que muitas vezes é muito demorado - e trabalhamos no serviço de conservação e restauro afincadamente para que as peças possam ser expostas em exposições estruturadas, com um discurso museológico adequado e que respeite os critérios de qualidade e cre-dibilidade que queremos todos que o museu tenha”, diz o director do museu.

“Muitas das peças em reserva inte-gram exposições temporárias que va-mos realizando, temos actualmente no museu regional (também sob a alçada da Câmara de Faro) uma exposição de-dicada ao acordeão e à tradição musical de Bordeira, uma verdadeira mostra de património imaterial do concelho que abrimos ao público em Janeiro”, recor-da Marco Lopes, que dá outro exemplo de sucesso com a exposição dedicada aos 125 anos da chegada do Comboio a Faro, “bastava ler o livro de visitas da ex-posição para ter noção dos testemunhos emocionados de visitantes que recorda-ram com aquela mostra momentos da História do concelho e da sua história pessoal”.

A aposta passa, afirma o responsável museológico, “por cumprir aquele que é o papel primordial deste museu, pre-servar e dar a conhecer o património, a história e a cultura do concelho de Faro”, mais do que trazer a Faro exposi-ções importadas, “e por explorar todo o potencial cultural e educativo de cada exposição”.

O serviço educativo,uma aposta continuada

O serviço educativo do museu mu-nicipal é considerado um sucesso, mas para Marco Lopes “há que continuar a melhorar e estender o serviço a todos os espaços museológicos da responsabili-dade do município”.

“Com a abertura do Centro Interpre-

tativo do Arco da Vila passámos agora a ter mais uma área de serviço educativo a somar ao museu municipal que tem cerca de cinco mil visitas anuais oriun-das das escolas e do museu regional que recebe deste segmento cerca de 1.500 visitantes ano”, refere o director do mu-seu, que programa integrar no serviço educativo a Galeria Trem, actualmente dinamizada através de um novo proto-colo entre a autarquia e o curso de Artes Visuais da Universidade do Algarve, de onde resultou a actual exposição “Arte: um assunto de mulheres”.

As exposições permanentes

Numa visita ao museu municipal podem ainda ver-se as exposições per-manentes “Caminhos do Algarve Ro-mano”, “Sala Islâmica”, “Pintura Anti-ga dos séculos XVI a XIX” e “O Algarve Encantado na obra de Carlos Porfírio”.

Nesta área o director do museu gos-tava particularmente de poder reno-var a “Sala Islâmica”, “criando, com o que temos em reservas, um ambiente de uma casa da época” e dando maior dignidade e significado a este período da História do concelho.

Na exposição de pintura antiga, a aposta passaria pela melhor ilumina-ção da área de exposição, um tema em estudo com a área de conservação e restauro para que se possa tornar uma realidade.

Mas estas são intervenções de me-nor monta, as de grande dimensão que poderiam ou deveriam ser feitas dependem de tempo de preparação e de financiamento adequado de mece-nas e da autarquia.

Os desafios de futuro

A par da melhoria das exposições já existentes, o museu de Faro quer enca-rar como desafio de futuro a melhoria das condições de acolhimento dos visi-tantes, por exemplo criando condições de acesso ao primeiro andar do museu para pessoas com mobilidade reduzida, o que actualmente é impossível.

Na área de restauro, o museu man-tém o esforço de conservação e restauro das peças em reserva ao mesmo tempo que desenvolve um trabalho muitas ve-zes tão pouco visível de manutenção do património do concelho, nomeadamen-te ao nível das igrejas e respectivos retá-bulos e estruturas e vai mesmo este ano sair do concelho de Faro para apoiar a Câmara de São Brás de Alportel na re-cuperação do jazigo do poeta Bernardo de Passos.

Na calha estão também uma expo-sição dedicada ao Barroco, feita em parceria entre o museu municipal e o Museu de Belas-Artes de Sevilha, e uma exposição dedicada ao azulejo baseada na colecção de azulejos do Almirante Ramalho Ortigão de que o museu é proprietário e que já integrou a mostra “O Brilho das Cidades” na Gulbenkian.

Ricardo ClaroJornalista / [email protected]

Ricardo Claro

A sala do Mosaico do Deus Oceano, resultado do trabalho do museu apoiado pelo mecenato

FOTOS: RICARDO CLARO

O director do Museu Municipal de Faro, Marco Lopes

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05.02.2016 6 Cultura.Sul

Artes visuais

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“UM OLHAR SOBRE A OBRA DE PICASSO”Até 20 FEV | Galeria de Arte da Praça do Mar- QuarteiraExposição partilha o olhar de João Pedro Tavares sobre Picasso, uma reinterpretação muito pessoal e que nos confronta com o maior pintor do século XX

“A TRADIÇÃO DO ACORDEÃO EM BORDEIRA”Até 6 JAN 2017 | Museu Regional do Algarve- FaroExposição apresenta vários bordeirenses que dedi- vários bordeirenses que dedi-bordeirenses que dedi-caram a sua vida à arte de tocar o acordeão, reco-nhecidos a nível nacional e internacional

A fotografia pode ser considerada uma forma de arte visual, tal como é a pintura?

Fotografia “Big-bang” e foto-pintura “Universos paralelos”, de Saul de Jesus (1988 e 2007)

A fotografia surgida no sé-culo XIX não era considerada uma forma de arte visual. Foi no âmbito do movimento fu-turista, a partir do início do século XX, que a fotografia se desenvolveu como expres-são artística. António Tavares (2009), ao abordar “A foto-grafia artística e o seu lugar na arte contemporânea”, considera que foi em Itália, no âmbito da corrente Futurista, que os fotógrafos começaram a integrar o movimento nas suas criações.

Os futuristas foram um grupo de artistas italianos que trabalharam entre 1909 e 1916, rejeitando o moralis-mo e o passado e abraçando tudo o que tinha a ver com as inovações tecnológicas e a re-presentação do movimento, da energia e da velocidade.

Em termos de fotografia, é de salientar que esta procura da captação do movimento já havia sido trabalhada pelo fotógrafo inglês Eadweard Muybridge, o qual se tornou conhecido pela invenção do zoopraxiscópio, dispositivo para projetar os retratos de movimento, e por ter conse-guido tirar, em 1877, a pri-meira fotografia que permitiu provar que quando um cavalo galopa consegue ter simulta-neamente todos os cascos no ar, após ter sido contratado por Stanford. Para tal desen-volveu uma forma que permi-tia a captação instantânea de imagens, utilizando fora da câmara um disparador elétri-co criado por John Isaacs. No

ano seguinte, utilizou várias câmaras estereoscópicas para conseguir fotografar o galo-pe de um cavalo numa curta distância, ocorrendo o dispa-ro das câmaras em cada mi-lésimo de segundo. Com esta série de fotos, intituladas “O cavalo em movimento” (“The horse in motion”), conseguiu mostrar que as pernas dos cavalos não ficam completa-mente estendidas, ao contrá-rio daquilo que os desenhos da época procuravam sugerir.

A publicação das fotos ti-radas por Muybridge na re-vista “La Nature”, despertou a curiosidade do fisiologista Marey, o qual passou a consi-derar a possibilidade de uti-lizar o mesmo método para registar os movimentos de voo de pássaros. Mas tendo também em conta os métodos da fotografia astronómica uti-lizados pelo astrónomo Jans-sen, que havia desenvolvido o “revólver fotográfico astro-nómico” (1874), Marey desen-volveu o seu próprio método cronofotográfico a começar pela criação do seu “fuzil cro-nofotográfico”, em 1882, con-seguindo utilizar uma única câmara para obter múltiplas imagens. A continuação da investigação levou-o a rapi-damente conseguir produzir uma única placa com muitas partes do movimento nela re-presentadas, em vez de foto-grafias isoladas de cada parte do movimento produzidas na placa móvel, conseguindo uti-lizar este método na captação do voo de pássaros em 1883. Em 1886, a utilização deste método com três câmaras em simultâneo veio a permitir--lhe elaborar uma representa-ção tridimencional do voo na forma de uma escultura, ini-cialmente produzida em cera e posteriormente em bronze, contando com a colabora-ção de um artista. De acordo com Marta Braun (1983), o que Marey procurava era “ver o invisível”, sendo o interesse

do seu trabalho sobretudo “a gravação do que o olho não conseguia captar, e não a re-produção do que ele normal-mente percebe”. O método gráfico de Marey e seu proces-so cronofotográfico abriram ao século XX as possibilidades teóricas dos usos de aparelhos hoje bastante comuns como o eletrocardiograma ou o ele-troencefalograma, bem como a teorização necessária para a concretização da invenção de Louis Lumière, o Cinema-tógrafo, em 1895.

A exploração da dimensão movimento pelo futurismo contribuiu para o reconhe-cimento da fotografia como arte. Assim, alguns fotógrafos começaram a enfatizar a com-ponente artística das fotos, fazendo fotos ligeiramente desfocadas, ou aproveitando o efeito do movimento dos objetos fotografadas. Um dos fotógrafos que mais se desta-cou neste âmbito foi Jacques Lartigue, o qual começou a fo-tografar a partir dos 8 anos, em 1902, tendo constituído um diário com fotografias e

textos breves durante toda a vida, até 1986. A exposição “Um mundo flutuante”, de-dicada à apresentação do seu trabalho, foi realizada em 2011, na Caixa Forum Madrid.

De acordo com Barthes (1984), a verdadeira alma da fotografia está em interpretar a realidade e não em copiá-la. Fazer fotografia não é apenas clicar no disparador. Tem de haver sensibilidade estéti-ca, registando um momento único, singular, em que o fo-tógrafo recria o mundo exter-no. Conforme refere Tavares (2009), “a máquina fotográ-fica permitiu, ao longo dos tempos e desde a sua inven-ção, que o fotógrafo se fos-se libertando do carácter de mero captador de uma dada realidade, de um dado objec-to. Por todo o século XX a fo-tografia envereda por campos onde a sensibilidade artística se revela”. Neste seu artigo, Tavares destaca o contributo de Henri Cartier-Bresson para o desenvolvimento da compo-nente artística na fotografia, afirmando o seguinte: “foi o

criador da expressão e con-ceito de “fotografia de autor” (…) Cartier-Bresson, com os seus trabalhos, prova que o resultado da arte fotográfica não estava na máquina, mas sim no olho do fotógrafo que, de forma subjetiva, percepcio-na um determinado momen-to e o captura”.

Desta forma, a fotogra-fia pode permitir criar uma imagem cuja realidade ob-jetiva que retrata é difícil de identificar, permitindo à ima-gem que surge na fotografia passar a ter uma identidade e um sentido próprio. Exem-plificamos com uma foto que tirámos em 1988, intitulada “Big-bang”, em relação à qual, até ao momento nunca nin-guém que tenha observado esta fotografia tenha conse-guido identificar a partir de que realidade foi produzida. A foto havia sido tirada a uma Árvore de Natal com luzes, utilizando tripé e disparador de cabo, com uma exposição de dois segundos, durante os quais ocorreu uma apro-ximação utilizando uma ob-

jectiva 60-300mm. Com esta foto procurámos representar a explosão inicial do universo e remeter o público para uma reflexão acerca das origens do universo, pois no mesmo ano havíamos realizado um traba-lho teórico sobre “A criação do universo: onde acaba Deus e começa o Big-Bang?”. Pro-curámos retomar essa ideia, em 2007, produzindo o tra-balho “Universos paralelos”, mas introduzindo a ideia de buraco negro que permitiria a passagem de um universo para outro.

Esta perspetiva da criação de imagens que adquirem uma identidade própria tam-bém está claramente presen-te na fotografia “Phantom” (fantasma, em inglês), da autoria do fotógrafo austra-liano Peter Lik, o qual criou uma imagem cuja realidade objetiva que retrata é difícil de identificar, permitindo à imagem que surge na foto-grafia passar a ter uma iden-tidade e um sentido próprio. “Phantom” foi fotografada a preto e branco no interior Antelope Canyon, no estado do Arizona (EUA). O nome da fotografia deve-se à forma humana “fantasmagórica” criada pelo efeito da luz ao incidir na poeira do interior do Canyon. Esta é a fotografia mais cara da história, ao ser vendida por 6,5 milhões de dólares (mais de 5,2 milhões de euros). Conforme referido pelo próprio, “o propósito de todas as minhas fotografias é capturar o poder da natureza e transmiti-lo de uma forma que inspire alguém e faça a pessoa conectar-se com a imagem”.

Nota: Algumas das re-flexões apresentadas neste

artigo encontram-se no livro “Construção de um percurso multidisciplinar, integrativo

e de síntese nas Artes Visu-ais”, de Saul Neves de Jesus

([email protected])

Saul Neves de JesusProfessor catedrático da UAlg;Pós-doutorado em Artes Visuais pela Universidade de Évora

FOTOS: D.R.

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Momento

«Palavras Cruzadas de Café»Foto de Ana Omelete

Espaço ALFA

A ALFA – Associação Livre Fotógrafos do Algarve pos-sui um percurso significativo na promoção, dinamização e divulgação das mais variadas vertentes da fotografia. Desde a sua criação, em 2008, tem-se afirmado como uma referência na região cuja ambição, para o triénio 2016-2018, consequen-te de uma renovação dos seus corpos sociais, se amplia ao âmbito nacional e internacio-nal. Para além de exposições, workshops, passeios e de inú-meras outras atividades, a ofer-ta regular de cursos de fotogra-fia de diversos níveis, a par de outros mais especializados, re-vela o compromisso assumido, e sempre renovado, da ALFA. O

compromisso de tratar a ima-gem fotográfica como uma área de oportunidades quer a nível profissional, quer em ter-mos de expressão artística ou de realização pessoal.

Sem descurar os momentos para conhecer pessoas e luga-res, partilhar experiências, e crescer para e com a fotogra-fia, em 2016 a ALFA renova as suas abordagens. Deste modo, deu-se início em janeiro a en-contros que propõem tratar a fotografia num plano menos técnico e um pouco mais te-órico. Podemos chamar-lhes tertúlias, serões ou convívios. Pelo menos uma vez por mês, e durante todo o ano, em am-biente caloroso e informal, falamos do que representa a imagem fotográfica nos dias e nas nossas vidas de hoje. A sede da ALFA abre-se à co-munidade e ao intercâmbio com outras entidades. Basta estar atento ao nosso sitio na Internet em www.alfa.pt e às permanentes atualizações do programa de atividades. Fica o convite!

Encontros à sexta na ALFA

Dário AgostinhoMembro da ALFA

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05.02.2016 8 Cultura.Sul

Os (outros) públicos da Cultura: novos caminhos para maior diversidade e inclusão

FOTO: VASCO CÉLIO

Inspirado no incontornável romance de Proust, este título remete para um desafio que é muito caro aos programado-res culturais nos dias de hoje: a dificuldade de captação de públicos, nomeadamente dos segmentos jovem e jo-vem adulto (compreendendo, grosso modo, um arco etário dos 16/18 aos 30/35 anos) para actividades desenvolvi-das no âmbito das artes per-formativas e visuais – isto es-pecialmente fora das grandes metrópoles onde já existe, em geral, uma intensa e diversifi-cada oferta, rotinas culturais mais enraizadas e um univer-so mais alargado de potenciais destinatários.

Sabemos que quer os di-álogos interdisciplinares, as linguagens digitais e outras abordagens com incidência tecnológica e a própria na-tureza inclassificável, experi-mental e inusitada de muitas das manifestações artísticas contemporâneas de um lado, quer as tendências de inspira-ção revivalista e de questiona-mento/reinvenção da tradição/cânone do outro, quer ainda os projectos culturais colabo-rativos/participativos assentes em desafios criativos lançados à comunidade constituem, sem dúvida, três tipos de in-gredientes que exercem uma forte atractividade junto das camadas mais jovens.

Também existe a consciên-cia de que esse público-alvo é complexo e heterogéneo do ponto de vista dos perfis, gostos e motivações que o compõem, estando muita ve-zes compartimentado em seg-mentos/minorias (flutuantes, mutáveis) associados a dada(s) área(s), estilo(s), moda(s) ou personalidade(s) artísticos (por exemplo, os adeptos do cinema, os seguidores do he-avy metal, os entusiastas dos formatos mais herméticos e conceptuais, os fãs da coreó-grafa x ou y, etc.) e/ou em ati-tudes de cariz mais individual e idiossincrático, não necessa-

riamente alinhadas com um colectivo(s) mais ou menos expressivo(s).

No caso do Algarve exis-te uma realidade, à partida minoritária, que tem vindo, paulatinamente, a ganhar um espaço crescente no seu panorama cultural, a qual engloba galerias de arte, co-lectivos artísticos, grupos in-formais tertuliantes e outras estruturas privadas como, sobretudo, bares, quintas de turismo rural e tapas & wine houses, que desenvolvem, com maior ou menor regularidade e consistência, actividades em torno das artes plásticas/visuais, música, performance, literatura, etc., e que apostam, muitas vezes, em conteúdos, formatos e estratégias que muitas entidades públicas não privilegiam – isto ainda que já se note igualmente, em vários casos, uma colaboração/parceria, que se desejaria mais habitual e ambiciosa, entre es-tas e esses agentes. Parece-nos fundamental o papel desses “pequenos” actores da cena cultural enquanto focos de criatividade, experimentação, intervenção-reflexão, agluti-nação e difusão/promoção, os quais investem mais em nichos de público/minorias (captando também, aqui e ali, por arrasto, franjas de desti-natários mais generalistas) e funcionam como precioso e urgente contrapeso (questio-nando, ousando, arriscando)

da oferta dominante propor-cionada pelos equipamentos culturais públicos.

Quando se olha para as pro-postas culturais emanadas das câmaras municipais da região a oferta cultural que aposta em segmentos específicos de público e que privilegia for-matos não massificados tem, no cômputo geral, um carác-ter ainda residual (há excep-ções, obviamente). Essa dis-crepância é igualmente visível na questão da menor aposta (mais visível nuns concelhos do que noutros) em determi-nadas áreas artísticas como a dança contemporânea, a per-formance ou o cinema, isto quando comparadas com o campo da música ou mesmo do teatro, que continuam a ser claramente hegemónicos.

Não obstante este quadro geral, deixamos dois exemplos (outros haveria) de realidades urbanas/cidades que, não obs-tante também apresentarem, como é natural e legítimo, ou-tro tipo de ofertas, têm vindo igualmente a afirmar-se de for-ma gradual – o tempo e a resi-liência são, nestes casos, fun-damentais – no que concerne ao florescimento de projectos e dinâmicas culturais minori-tários/alternativos, emanados de estruturas associativas e ou-tros privados, que procuram ir ao encontro de velhos e novos públicos (esquecidos, perdi-dos, dispersos): Lagos e Faro.

Em Lagos destacamos a es-

trutura de criação e difusão artística transdisciplinar ca-saBranca, fundada pela dupla Ana Borralho & João Galante e Mónica Samões em 2006, e que aposta em projectos de pesquisa, formação e criação que potenciam o desenvolvi-mento e circulação do pen-samento artístico. Esta estru-tura organiza o Festival Verão Azul (desde 2011), porventu-ra exemplo único na região de um evento anual, em formato de festival, que aposta clara e inequivocamente, como foco principal (e não como compo-nente residual ou secundária, de que existem vários exemplos), na criação contemporânea, no ex-perimentalismo e na multidis-ciplinaridade, e cuja edição de 2015 se alargou, pela primeira vez, a Faro e Loulé. Ainda em Lagos, uma alusão inevitável ao LAC – Laboratório de Ac-tividades Criativas, formado em 1995 e sediado na antiga cadeia da cidade, o qual tem--se dedicado continuamente à promoção da criatividade em vários quadrantes artísticos e em especial à área da forma-ção, implementando ainda em 2008 um programa de re-sidências artísticas (PRALAC) e, mais recentemente, em 2011, a 1.ª edição do ARTUR – Artistas Unidos em Residência (projec-to de arte urbana).

Faro: observa-se, aos poucos, que a cidade tem vindo a (re)potenciar-se e reinventar-se culturalmente devido quer à

dinâmica e criativa massa crí-tica que efectivamente nela existe em várias áreas, quer também muito como res-posta positiva e alternativa à crise e, assim, à visível maior dificuldade da autarquia em apoiar financeiramente e não só os agentes e projectos lo-cais, nomeadamente de cariz associativo, o que acabou por fazer com que a própria cida-de espreitasse mais para o seu potencial interno, para o que realmente tem dentro de casa.

O DeVIR/CAPa, por exemplo, tem desenvolvido um longo e consistente trabalho de forma-ção, programação e difusão das artes performativas desde 1994, destacando-se também o seu programa de residências de criação iniciado em 2001. Uma alusão também a vários projectos culturais ancorados em organizações associativas e edifícios “históricos” da ci-dade, que fundem passado e futuro e valorizam/divulgam os criativos da região e outras propostas diferenciadoras, juntando em seu redor novos públicos muito por acção dos seus renovados mentores e dos seus respectivos círculos de amizade e redes de envol-vimento e influência sociais: Sociedade Recreativa Artística Farense, Club Farense, Palácio do Tenente (revitalizado des-de 2013) ou Ginásio Club de Faro (relançado em 2015). Na área da música e da difusão de uma oferta fora do mains-

tream, também é inevitável a referência a entidades como, entre outras, a Associação Re-creativa e Cultural de Músicos (ARCM, fundada em 1990), a Associação Grémio das Músi-cas (desde 2001) e a Associa-ção Filarmónica de Faro (sur-gida em 1982), que têm tido um papel muito importante na área da formação e educa-ção artísticas, mormente junto dos mais jovens.

Uma palavra, por fim, para três projectos farenses que também insistem numa in-tervenção cultural fora dos grandes circuitos e tendências massificados, procurando cap-tar e formar novos públicos: a ArQuente, que tem apresenta-do, desde 2003, um relevante e questionador trabalho na linha de um teatro mais per-formativo (e não clássico) que dialoga com a dança, a foto-grafia e o vídeo, mas também apostando em boas surpresas da nova música portuguesa (de que são exemplo os seus “Concertos ao entardecer”) e ainda noutros formatos li-gados à literatura; a Policro-mia, fundada em 2001 e que em 2015 se fixou no Mercado Municipal de Faro (onde tem a sua sede/atelier e uma gale-ria de arte, a Farpa Lab), cujo colectivo de artistas se foca so-bretudo na difusão das artes visuais apresentando propos-tas verdadeiramente desassos-segadoras e inquietantes; e a Tertúlia Algarvia (surgida em 2013) enquanto projecto ou-sado, neste caso empresarial, que tem promovido a cultura do Algarve cruzando tradição e contemporaneidade, e que, nesse âmbito, tem desenvol-vido inúmeras parcerias com outros agentes da região.

O escritor Henry David Thoreau dizia que se um ho-mem marcha com um passo diferente do dos seus com-panheiros é porque ouve outro tambor. Serão quase sempre esses “tambores” inquietantes, incómodos e inesperados, diferentes da marcha generalizada, auto-matizada e consensual, que poderão atrair esses outros públicos “perdidos” para os palcos da Cultura. Porque o que importa mesmo, para quem cria e/ou programa, é esse comprometimento com a defesa da singularidade e a persistência “violenta”, “mes-mo que” por vezes utópica, nessa direcção.

Em busca do público 'perdido'Sala de leitura

Paulo PiresProgramador culturalno Município de Louléhttp://escrytos.blogspot.pt

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05.02.2016  9Cultura.Sul

O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N

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“ANDANÇAS & CANTORIAS”11 FEV | 18.30 | Teatro das Figuras - FaroAfonso Dias e Teresa da Silva apresentam um espectá-culo de música tradicional portuguesa, que pretende contribuir para a divulgação da genuína música de raiz tradicional

“VIAGENS, EPIFANIA DA COR”Até 27 FEV | Galeria do Convento do EspíritoSanto - LouléGuilherme Parente remete-nos para um universo do maravilhoso e da utopia onde a cor é a própria viagem, numa dualidade entre a realidade e a imaginação

Fevereiro

Pedro [email protected]

Prunus Dulcis

Escreveu Mário Claúdio: «soletremos sempre a palavra azul. apegados à terra. até que floresçam as amendoeiras(...)»

Pouco tem chovido, mas finalmente começa a despontar a flor branca, levemente rosada na ‘prunus dulcis’- árvore de pequeno porte, que se expandiu pela bacia do mediterrâneo, cultivada devido à importância do seu fruto - a amêndoa. Encontra-se sobretudo no barrocal, mas também no litoral algarvio, fazendo assim jus à bonita len-da do rei árabe, que mandou plantar amendoei-ras em redor do palácio, para que a princesa, ao ver os campos brancos (em flor) não suspirasse mais pelo rigor dos invernos (de neve) do norte europeu.

Para Além do Branco

Não há uma razão melhor que as outras para nos conduzir até à sede do Ciipc em Santa Rita. Mas ver os deslumbrantes trabalhos de Filipe da Palma ao vivo – fora da rede social facebook – é sem a menor dúvida uma grande razão para to-mar a EN 125 a caminho de V. R. Stº António. A exposição de fotografia «Para Além do Branco», inaugurou a 4 de fevereiro e pode ser visitada até

15 de março, no horário 9-13 / 14-17.

Viviane«Entre Amigos», será o primeiro concerto

de Viviane, enquanto ‘Artista Figuras’ (teatro municipal) 2016. Neste concerto, Viviane irá fazer uma retrospetiva do início da sua carrei-ra, apresentando uma viagem musical através dos grupos e projetos em que participou: Entre Aspas, Camaleão Azul e ainda Linha da Frente.  A acompanhá-la nesta viagem estarão vários ami-gos convidados: a primeira e a segunda formação dos Entre Aspas, a formação do projeto Camaleão Azul, e nomes destacados do atual panorama musi-cal algarvio como Gaijas, Nome, Ludo, Mundopar-do, Funkarmónica, Diogo Piçarra, Tércio Nanook e ainda os DJ's Lord Vegan, Gijoe e Helena Isabel. A seguir ao concerto de 26 de março terá lugar uma “After Party” no foyer do Teatro das Figuras.

De Marim

Dispostos na concisa açoteia do chalé de Marim soletramos a gramática desdobrável da inconstância juvenil, de fazer vibrar as peque-ninas ilhas, emergindo, brancas, silenciosas, com o farol de santa maria aos olhos e o louco sonhar de João Lúcio nas mãos.

Ensaiamos desde logo o que é simples, pere-ne, remoto ou devir. Inferimos em coisas como o viver de agora, o abarbar da perfeição em si-lêncio de água, o complanar do amor puro e eterno, aspergido mesmo se platónico.

Arriscamos depreender que as dicotomias do sul são de toda a parte e nunca se antagonizam, mas antes completam os ciclos de luz, calor, sol, serra, nascente, vida -- sombra, brisa, noite, mar, poente, morte…

Fernando Cabrita

Depois do êxito que foi a sua conferência «Portugal, Espanha e os Sefarditas» no Con-sulado Geral de Portugal em Sevilha, em que desenvolveu os temas da intolerância, da per-seguição e do exílio, que já havia apresentado no brilhante livro bilingue de poesia «Lejos de Sefarad/Longe de Sefarad», - o escritor algarvio Fernando Cabrita foi o poeta português con-vidado oficialmente pela direção do evento a participar no Festival internacional de Poesia de Marraquexe em abril de 2016, sob o signo «Criatividade… Liberdade e Paz». E é assim… a cena literária algarvia a expandir-se.

Adília CésarA editora Lua de Marfim sediada na Amadora

tem apostado recentemente em edições de auto-res do Algarve. E já no final de Janeiro anunciou a estreia desta autora de Lagos, residente em Faro, com o livro «o que se ergue do fogo», que abre com o poema: inventário

 a poesia morreu subitamente no pensamentodo poeta condenado a amassar-lhe o corpoe nos olhos que a comem a chorar vejam os poemas de pedra, indigestosno preciso momento em que as palavras mastigadasse tornam herméticas e inúteis, aos gritosdespejadas e reverberadas nas bocas que se crêemdeuses nas alturas, sem paz nesta terra de poetas as palavras transformam-sedispostas nas linhas enroladas de um processo men-taldesorganizado, apenas ecostransumâncias espaciais na interioridadedos sujeitos intervenientessombras do desgosto ingénuo e salitrosolonge do mar sem fim e sem destinosons inconcebíveis e desconexos da agoniaa dobrar o cabo do medo

a esboroar o vento enraivecidocarne virgem de um poema por acabar na morte súbita da poesia, inventariaram-se as pa-lavras afectadas pelas emoções vazantesaquelas palavras que ainda respiram, exauridasrasgadas na sua glóriaas palavras que recusam a passagempelo crivo decisivo do esquecimento, do anonimatoas chagas dos discursos não poéticosdepósitos de vaidades nos corais quebradiçosas palavras que demoram nos arabescos dos dedos o silêncio não se incluiu na lista

sentiu a vergonha de ser réstia, sozinho e inconsolávela perder-se nos confins do mundo e nas mãos do poetao peso da cobardia a amachucar a fina folha de papela enormidade da perda, a imensidão do marconspurcadopelo não-ser, o não-saber, o não-querera dádiva das palavras sobreviventes,dimensionadas talveznum possível poema sobre a morte súbitaou outra morte qualquera morte é sempre morta e perfeitaainda que a poesia não seja coisa viva

no inventárioo silêncio redigiu a seguinte declaração que dedicouà poesia, em modo de epitáfio: “da próxima vez que morreres, suicido-me contigotalvez assim tu percebas que griteide todas as vezes que morreste”

GuadianaÉ agora um rio que já não serve de muro, que

é uma água de ninguém, para ligar as pessoas. Por isso existem obras como «Poesia Jovem do Baixo Guadiana» uma antologia poética bilin-gue, que reúne 13 jovens poetas, portugueses e espanhóis, da nova geração, que reforma a esperança na continuação da cooperação trans-fronteiriça e a certeza num amanhã construí-do de relações interculturais que juntam povos através de textos poéticos.

TodosTodos deveríamos ter tido uma vida mara-

vilhosa e poder cantá-la, sem precisar de nos escondermos ou andarmos a correr nela. Mas a pintar e escrever a poesia desses dias. 

Ou pelo menos ter tido quinze minutos de fama. Só para depois continuarmos a tentar sobreviver às canções e imagens que pareciam ter sido feitas para nós. Mesmo se nunca o são como tínhamos imaginado.

FOTOS: D.R.

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Os Cristos Mortos do Algarve como nunca antes vistos

Impõe-se uma nota preli-minar antes de prosseguir com a redação do texto. O autor deste artigo é tão cúm-plice neste projeto quanto outras pessoas que devem ser aqui mencionadas: Da-niel Santana, historiador de arte na Câmara Munici-pal de Tavira, Jorge Pereira, médico-radiologista, e Fran-cisco Lameira, professor na Universidade do Algarve. A todos estes nomes, cada um no ofício que melhor sabe, cabe uma tarefa que pode vi-rar uma página importante no conhecimento do patri-mónio artístico e religioso algarvio. A constituição do grupo de trabalho, multi-disciplinar na sua formação, demonstra que o olhar sobre o património deixou de ter apenas um ponto de vista. Hoje já não conta apenas ter a história de arte como recurso na observação de uma peça e na elaboração da sua respetiva ficha de in-ventário. Pode ser insuficien-te. Existem outras técnicas e ferramentas, à partida estra-nhas em assuntos ligados ao património, extremamente úteis e valiosas. A radiologia é uma delas e que tem um peso fundamental no suces-so deste empreendimento. Um exame radiológico a um bem cultural pode ser uma verdadeira caixa de surpre-sas. Através dele acedemos a um conjunto de dados sem que a peça tenha de ser sa-crificada na sua integridade física. Ficamos a conhecer detalhes do seu estado de conservação, pormenores da sua técnica construtiva, aspetos de antigas interven-ções de restauro e até carac-terísticas dos materiais usa-dos. Todo este manancial de informação pode ser obtido para os Cristos Mortos ou qualquer outra peça artís-tica.

Mas centremo-nos por agora nos Cristos Mortos e

nas quase quatro dezenas de imagens espalhadas pelo Al-garve. Exceto nos concelhos de São Brás de Alportel e de Vila Real de Santo António segundo o estudo de Francis-co Lameira dedicado à ima-ginária e à talha algarvia. A escolha desta representação da figura de Cristo deve-se desde logo à facilidade de transporte, mas também à sua adaptação sem dificul-dades aos aparelhos radio-lógicos e aos procedimentos dos exames de uma TAC. Por outro lado, estamos perante uma imagem que na maior parte do calendário religio-so se encontra discreta e que apenas na Páscoa ganha pro-tagonismo nas procissões do Enterro do Senhor. Está pois ligada à história, às tradições religiosas e à cultura cristã desta região. São figuras de grande carga simbólica e de enorme dramatismo, como de resto se pretendia dar esse efeito junto dos fiéis, sobretudo numa jornada em que se exigia compaixão e dor. Existem de diferentes tamanhos, umas datadas e de autores conhecidos, ou-tras sem data e de artistas anónimos. Umas mais apri-moradas do ponto de vis-ta estético, outras com um recorte mais modesto. A

maioria em madeira e um caso único em papier machê na Misericórdia de Tavira. Al-gumas articuladas nos om-bros e outras sem qualquer rotação nos seus membros. Prevalece no entanto em to-das elas a figura jacente em corpo inteiro de Cristo na sua dimensão humana, sem

vida, ferido e ensanguentado desde a cabeça até aos pés. Vão estar em cima da mesa diferentes componentes de estudo e entendimento des-tas imagens.

O plano de investigação, que vai guiar a ação des-te grupo de trabalho e que no futuro se espera resul-

tar numa publicação, inclui pontos como a análise da fortuna histórica e estética destas obras, as oficinas de escultura, os mestres e as clientelas, os rituais da qua-resma e as procissões do Senhor Morto (numa clara alusão ao património cul-tural imaterial), o exame ra-diológico, a intervenção de restauro e o catálogo. Um retrato que se estima bastan-te completo e que introduz uma leitura totalmente iné-dita na apreciação do patri-mónio religioso algarvio. Até hoje aquilo que se conhecia dos Cristos Mortos resumia--se ao que a vista nos facul-tava e também a alguma documentação identificada nos arquivos. Com a Radio-logia não nos ficamos ape-nas pela aparência do corpo e pelo estado físico do Cris-to. Conseguimos perceber como foi construído, se está deteriorado no seu interior, se tem mazelas antigas e que materiais lhe dão sustento. Podemos levantar questões e até colocar em causa tudo o que se tinha dado como garantido sobre a data ou o estilo da peça. Mas tudo baseado em factos e provas fidedignas e concretas, sem espaço para grandes especu-lações ou suspeitas. Embora as existam e vão continuar a perseguir, mas o campo de interrogações reduz-se sig-nificativamente com o apoio desta ciência.

Temos pois aqui uma oportunidade de nos dis-tinguirmos e de nos posi-cionarmos enquanto região num lugar cimeiro no estu-do do património cultural. Não é por acaso que toda a região está aqui convocada a dar o seu contributo entre autarquias, museus, paró-quias e diocese. Todos são fundamentais e o Algarve só fica a ganhar com planos inovadores, inéditos e inspi-radores, revelando a sua arte e a sua história num quadro nunca antes visto. Abre-se um novo caminho na inves-tigação do património cultu-ral, no diagnóstico do esta-do de conservação dos bens artísticos e na organização de projetos museológicos. Um exemplo a seguir e que pode criar outras frentes de trabalho.

Marco LopesDiretor do Museu Municipal de Faro

Imagem está ligada à cultura cristã da região

FOTOS: D.R.

A radiologia permite aceder a um conjunto de dados sem sacrificar a peça

Ficha Técnica:

Direcção:GORDAAssociação Sócio-Cultural

Editor: Ricardo Claro

Paginaçãoe gestão de conteúdos:Postal do Algarve

Responsáveis pelas secções:• Artes visuais:

Saul de Jesus• Espaço AGECAL:

Jorge Queiroz• Espaço ALFA:

Raúl Grade Coelho• Espaço ao Património:

Isabel Soares• Da minha biblioteca:

Adriana Nogueira• Grande ecrã:

Cineclube de FaroCineclube de Tavira

• Juventude, artes e ideias: Jady Batista

• Letras e literatura: Paulo Serra• Missão Cultura:

Direcção Regionalde Cultura do Algarve

• Momento:Ana Omelete

• O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N: Pedro Jubilot• Panorâmica:

Ricardo Claro• Sala de leitura:

Paulo Pires• Um olhar sobre o património:

Alexandre Ferreira

Colaboradoresdesta edição:Dário AgostinhoMarco LopesJoão Pedro BaptistaJosé Barradas

Parceiros:Direcção Regional de Cultu-ra do Algarve, FNAC Forum Algarve

e-mail redacção:[email protected]

e-mail publicidade:[email protected]

on-line em: www.postal.pt

e-paper em:www.issuu.com/postaldoalgarve

facebook: Cultura.Sul

Tiragem:7.582 exemplares

Espaço ao Património

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05.02.2016  11Cultura.Sul

Da minha biblioteca

Adriana NogueiraClassicistaProfessora da Univ. do [email protected]

Adriana Nogueira

Em janeiro de 2011, escrevi nesta secção do Cultura.Sul, a propósito de um outro autor (Rogério Silva) e a questão do regional na literatura: «Tudo aconteceu há uns anos, quan-do procurava o último livro de José Carlos Fernandes (insigne autor de banda desenhada que, por acaso, é de Loulé, e de quem hei-de falar neste espaço). A si-tuação foi a seguinte: tinha-me dirigido a uma livraria em Faro, daquelas que pertencem a uma cadeia de livrarias, e perguntei se tinham o referido livro (devia ser um dos volume de A Pior Banda do Mundo). Como a funcionária não estivesse a localizar o autor, eu acrescentei ‘ele até é daqui, de Loulé’. Foi então que ouvi a res-posta mais espantosa: ‘Ah, então não temos. Nós não temos escri-tores regionais’».

Cumpro, então, o prometido, e hoje escrevo sobre o grande José Carlos Fernandes (um au-tor internacional), que viu pu-

blicado, finalmente, o seu livro A Agência de Viagens Lemming. Digo «finalmente», porque a edição já existia em espanhol, mas não em português. Os que tiveram a sorte de acompanhar as tiras que foram saindo, em 2005, no Diá-rio de Notícias podem agora lê-las reunidas num único volume, di-vidido em duas partes: «Dez mil horas de ‘jet lag’» e «A síndrome da classe turística».

José Carlos Fernandes (JCF) – biografias

A biografia de JCF encontra-se em vários sítios na Internet, que nos dizem que é Engenheiro do Ambiente, que foi assistente na Universidade Nova de Lisboa e que recebeu uma Bolsa de Cria-ção Literária do Ministério da Cultura (quando as havia), a par de nomes como Mário de Car-valho, Luísa Costa Gomes, Maria Velho da Costa, José Luís Peixo-to ou Adília Lopes). Todos des-

tacam a sua obra mais conhecida, a série de seis livros intitulada A Pior Banda do Mun-do (edição da Devir), que rece-beu vários prémios (logo desde o início, tendo os dois primeiros volumes, O Quiosque da Utopia e O Museu Nacional do Acessório e do Irrelevante sido considerados o «Melhor Álbum Português» pelo Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora – FIBDA – em 2002 e em 2003).

Mas o autor diverte-se a criar biografias delirantes, misturan-do a sua com a das personagens. Neste A Agência de Viagens Lem-ming, diz-nos que «nasceu em Loulé em 1964 […]. Tinha apenas 13 anos quando, aproveitando uma episódica ida com a família a Ayamonte, para comprar cara-melos, se meteu a caminho por sua conta, arranjando trabalho numa traineira espanhola que se dedicava ao contrabando com o Norte de África. O apresamento da embarcação pelas autorida-des marroquinas valer-lhe-ia alguns dias de prisão, mas não tardou a evadir-se, oculto num

carregamento de estrume de dromedário», fazendo lembrar, pela precocidade da fuga, As Aventuras do Barão Wrangel (De-vir 2003): «terá nascido em 1934 num remoto povoado algarvio, no seio de uma família modesta. Embarcado aos 13 anos, primei-ro num barco de pesca de atum, depois num bacalhoeiro, logo aproveita uma escala na Terra Nova para desertar».

O feitiço de José Carlos Fernandes

Acompanho a obra de JCF há vários anos. Vi um dia, em casa de um amigo de um ami-go (aquelas casas aonde, nor-malmente, não mais voltamos), um desenho seu emoldurado. O dono da casa esclareceu-me sobre o autor e o fascínio que por ele sentia e eu fiquei cheia de vontade de ler e ver mais tra-balhos seus. Por sorte, não muito depois, pude visitar uma expo-sição de pranchas da sua auto-ria, em Loulé, e fiquei encantada. Mas só depois de conhecer o seu

trabalho mais profun-damente é que perce-bi uma crítica lida, algures, num jornal espanhol, que di-zia algo como que a escrita de JCF era ainda melhor do que os seus de-senhos. Não se espantem, pois, os leitores pela abundância de adjetivos neste texto. Não sou só eu que pensa assim. O desafio que JCF faz à nossa cultura é quase vician-te. No Centro Belga de Banda Desenhada, onde a sua obra es-teve em exposição em 2009, dizia o site: «the Belgian Comic Strip Centre is delighted to welcome the superb José Carlos Fernandes into its gallery».

O que vou dizer parece uma contradição, mas há, na simpli-cidade dos desenhos, quase mo-nocórdicos, uma expressividade enorme moldada pelo texto es-crito. A leitura de JCF é um de-safio constante à nossa atenção.

A Agência de Viagens Lemming

Apetecia-me escrever sobre tantos livros de JCF que tenho na minha biblioteca (como o lindíssimo Coração de Arame, Devir, 1997), mas talvez o faça numa próxima vez. Agora vou tentar restringir-me a este últi-mo, que foi um prazer para os sentidos e para a inteligência.

As pranchas são compostas por duas tiras, de duas (às vezes três) vinhetas. As histórias que o agente de viagem conta ao se-nhor Zoloft são todas em tons de laranja. As conversas que os dois têm na agência, têm o fundo deste mesmo tom, mas ambos estão desenhados e pin-tados em tons de azul metálico.

As histórias reúnem duas ou mais pranchas sob nomes que remetem para o assunto que nelas é tratado, com humor e ironia, que aliviam a crítica que é feita ao que nos rodeia e ao

que nem sempre damos conta (como «Hrabal e a reciclagem, de papel», onde se indica uma lista quase infindável de situa-ções em que o papel é usado, p. 85; ou «As novas Pompeias», sobre cidades que se descaracte-rizam, «soterradas pela erupção do progresso», p. 109).

Neste livro, as referências cul-turais nem são das mais com-plicadas (foram pranchas dese-nhadas para sair no verão, onde se esperariam assuntos mais le-ves. Noutros volumes, o autor agradece a autores tão díspares como F. Nietzsche, T. Adorno, H. Melville, Heraclito ou F. Pessoa). O mais delirante aqui são as co-nexões que podemos fazer ao lermos os desenhos (que é para onde os nossos olhos primeiro se viram e têm sempre muito a que prestar atenção), o texto das legendas e o das vinhetas. Todos se completam, todos dão um sentido, mesmo quan-do, por vezes, são antitéticos. Sentimo-nos desafiados pelos nexos que conseguimos fazer entre aquele mundo com no-mes estranhos (como Gibil, Ci-tronovy, Sliz, Gallupi) e o nosso conhecido.

Uma grande vantagem destes livros de José Carlos Fernandes é que podemos voltar a lê-los e encontrar sempre uma coisa que antes nos tinha passado ao lado.

A eterna descoberta.

Autor usa humor e ironia nas histórias

FOTO: D. R.

AGENDAR

“JE SUIS CORDES”6 FEV | 18.00 | Teatro das Figuras - FaroRui Sinel de Cordes traz ao Algarve o seu espectáculo ao estilo de stand-up comedy. Mais uma noite épica de rock’n’roll em forma de comédia

“PINTURA DE CASSIANO LIMA”Até 29 FEV | Galeria Pintor Samora Barros- AlbufeiraO autor é apaixonado por pintura há mais de 20 anos, contando no seu curriculum com várias exposições individuais e colectivas em Portugal e no estrangeiro

A Agência de Viagens Lemming, de José Carlos Fernandes

Professora da Univ. do [email protected]

tacam a sua obra mais conhecida, a série de seis livros intitulada A Pior Banda do Mun

Autor usa humor e ironia nas histórias

trabalho mais profun-damente é que perce-bi uma crítica lida, algures, num jornal espanhol, que di-zia algo como que a escrita de JCF era ainda melhor do

-senhos. Não se

só eu que pensa assim. O desafio que JCF faz à nossa cultura é quase vician-nossa cultura é quase vician-nossa cultura é quase viciante. No Centro Belga de Banda Desenho do autor

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