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1 PRÉ-FABRICAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DE ÁREAS DE URBANIZAÇÃO INFORMAL: EXPERIÊNCIA DE LELÉ EM SALVADOR 1 PREFAB ARCHITECTURE AND THE TRANSFORMATION OF NON-FORMAL URBAN AREAS: THE WORK OF LELÉ IN SALVADOR Sergio Kopinski Ekerman Faculdade de Arquitetura, UFBA [email protected] Resumo O artigo analisa a transformação de áreas urbanizadas informalmente através de intervenções ligadas ao tema da pré- fabricação e industrialização, a partir da leitura da obra de Lelé em Salvador, patrimônio moderno material e imaterial da cidade. Equipamentos de assistência primária em saneamento básico, escolas, creches, passarelas de pedestre e outros equipamentos fazem parte do conjunto de contribuições de Lelé ao desenvolvimento urbanístico da cidade nos anos 80. O trabalho também aborda a situação da DESAL – Companhia de Desenvolvimento Urbano de Salvador, herdeira dos arquivos da RENURB e FAEC. Projetos recentes, tais quais as propostas do arquiteto para habitação social no âmbito do programa governamental "Minha Casa, Minha Vida", também farão parte da análise em pauta, visando compreender o papel de processos construtivos industrializados e novas tecnologias sociais no âmbito do combate ao déficit habitacional brasileiro. Palavras-chave: Lelé. Pré-fabricação. Favelas Abstract The article analyses the transformation of non-formal urban areas through prefab and industrialized construction processes regarding the work of architect Lelé in Salvador, modern architectural heritage of the city. Basic sanitation infrastructure, schools, daycares, pedestrian crosswalks, among others, are part of Lelé’s contributions to Salvador’s urban development in the 80’s. The work also deals with the situation of DESAL (Urban Development Company), heir of Lelé’s documents and files from this period. Recent design work, such as his proposals for social housing within Minha Casa, Minha Vida program are also part of the proposed analysis, attempting to understand the role of industrialized constructive processes and new social technologies on the verge of Brazilian housing deficit. Keywords: Lelé. Prefabrication. Favelas 1 INTRODUÇÃO O legado do arquiteto João Filgueiras Lima em Salvador é extenso e profícuo, com obras que vão desde residências unifamiliares a complexas unidades de saúde, passando pela arquitetura religiosa e a construção de prédios públicos, dentre outros. Uma das faces mais importantes deste conjunto é aquela voltada para intervenções em áreas pobres, muitas vezes de urbanização informal, abordando temas tais quais saneamento básico, educação, atenção à criança e mobilidade urbana sendo, portanto, responsável por um impacto significativo na transformação de zonas do gênero a partir do final dos anos setenta e durante a década de 80 em Salvador (EKERMAN, 2005). O trabalho em questão avalia alguma das experiências realizadas por Lelé em Salvador através da Companhia de Renovação Urbana de Salvador (RENURB), da Fábrica de Equipamentos Comunitários (FAEC) e a proposta de Lelé para as edificações do Minha Casa, Minha Vida, em Salvador, nunca realizadas. 1 EKERMAN, Sergio K. Pré-fabricação e transformação de áreas de urbanização informal: experiência de Lelé em Salvador. In: 11° SEMINÁRIO NACIONAL DO DOCOMOMO BRASIL. Anais... Recife: DOCOMOMO_BR, 2016. p. 1-7.

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PRÉ-FABRICAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DE ÁREAS DE URBANIZAÇÃO

INFORMAL: EXPERIÊNCIA DE LELÉ EM SALVADOR1

PREFAB ARCHITECTURE AND THE TRANSFORMATION OF NON-FORMAL URBAN AREAS: THE WORK OF LELÉ IN SALVADOR

Sergio Kopinski Ekerman Faculdade de Arquitetura, UFBA [email protected]

Resumo O artigo analisa a transformação de áreas urbanizadas informalmente através de intervenções ligadas ao tema da pré-fabricação e industrialização, a partir da leitura da obra de Lelé em Salvador, patrimônio moderno material e imaterial da cidade. Equipamentos de assistência primária em saneamento básico, escolas, creches, passarelas de pedestre e outros equipamentos fazem parte do conjunto de contribuições de Lelé ao desenvolvimento urbanístico da cidade nos anos 80. O trabalho também aborda a situação da DESAL – Companhia de Desenvolvimento Urbano de Salvador, herdeira dos arquivos da RENURB e FAEC. Projetos recentes, tais quais as propostas do arquiteto para habitação social no âmbito do programa governamental "Minha Casa, Minha Vida", também farão parte da análise em pauta, visando compreender o papel de processos construtivos industrializados e novas tecnologias sociais no âmbito do combate ao déficit habitacional brasileiro.

Palavras-chave: Lelé. Pré-fabricação. Favelas

Abstract The article analyses the transformation of non-formal urban areas through prefab and industrialized construction processes regarding the work of architect Lelé in Salvador, modern architectural heritage of the city. Basic sanitation infrastructure, schools, daycares, pedestrian crosswalks, among others, are part of Lelé’s contributions to Salvador’s urban development in the 80’s. The work also deals with the situation of DESAL (Urban Development Company), heir of Lelé’s documents and files from this period. Recent design work, such as his proposals for social housing within Minha Casa, Minha Vida program are also part of the proposed analysis, attempting to understand the role of industrialized constructive processes and new social technologies on the verge of Brazilian housing deficit.

Keywords: Lelé. Prefabrication. Favelas

1 INTRODUÇÃO

O legado do arquiteto João Filgueiras Lima em Salvador é extenso e profícuo, com obras que vão desde residências unifamiliares a complexas unidades de saúde, passando pela arquitetura religiosa e a construção de prédios públicos, dentre outros.

Uma das faces mais importantes deste conjunto é aquela voltada para intervenções em áreas pobres, muitas vezes de urbanização informal, abordando temas tais quais saneamento básico, educação, atenção à criança e mobilidade urbana sendo, portanto, responsável por um impacto significativo na transformação de zonas do gênero a partir do final dos anos setenta e durante a década de 80 em Salvador (EKERMAN, 2005).

O trabalho em questão avalia alguma das experiências realizadas por Lelé em Salvador através da Companhia de Renovação Urbana de Salvador (RENURB), da Fábrica de Equipamentos Comunitários (FAEC) e a proposta de Lelé para as edificações do Minha Casa, Minha Vida, em Salvador, nunca realizadas.

1 EKERMAN, Sergio K. Pré-fabricação e transformação de áreas de urbanização informal: experiência de Lelé em Salvador.

In: 11° SEMINÁRIO NACIONAL DO DOCOMOMO BRASIL. Anais... Recife: DOCOMOMO_BR, 2016. p. 1-7.

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Finalmente, falaremos a respeito da Companhia de Desenvolvimento Urbano de Salvador (DESAL), depositária do espólio e arquivos da RENURB e FAEC, um parque industrial que vem sofrendo com pouco investimento dos governos municipais recentes, apesar de importante espaço para desenvolvimento tecnológico da construção em Salvador, realidade que vivenciamos em recentes visitas e pesquisa de campo.

2 RENURB 2.1. Implantação e importância

Lelé iniciou em 1979 experiências importantes com a Companhia de Renovação Urbana de Salvador (RENURB), fazendo uma leitura sensível da geografia da cidade ao projetar pensando em suas encostas e vales, ocupados de forma irregular. Visando suplantar os desafios técnicos da execução de obras em áreas de difícil acesso, seus projetos utilizaram-se da tecnologia da argamassa armada para permitir o emprego de uma mão de obra com treinamento básico, muitas vezes com pessoal da própria comunidade envolvida, iniciando muito antes do Estatuto das Cidades (2001) experiências também pioneiras no campo da participação social. Embora inicialmente pensada pelo então prefeito Mário Kertész para implantar o projeto de Transportes Urbanos de Salvador (TRANSCOL), foi no campo do saneamento básico e do mobiliário urbano que a RENURB destacou sua atuação, ao concentrar-se no desenho de canais de drenagem que pudessem resolver problemas de alagamentos nos fundos de vale, de forma complementar a sistemas de contenção de encosta e micro-drenagem, com escadarias drenantes que também abordavam a questão da acessibilidade a áreas complexas.

Leves e eficientes, as peças permitiam uma produção rápida e de boa qualidade de acabamento e execução, trazendo consigo um rastro de civilidade e da presença da Prefeitura Municipal na requalificação de áreas inóspitas, antes ocupadas pelo lixo e sujeitas a alagamentos e desmoronamentos.

A RENURB Soteropolitana foi "a primeira fábrica brasileira destinada à produção industrial de componentes de argamassa armada" (LIMA, 2012, p.47) e teve suas atividades iniciais supervisionadas pelo engenheiro romeno2 Frederico Schiel, professor da Escola de Engenharia de São Carlos/USP, e à época o maior especialista no tema em atividade no Brasil. Vale lembrar que, embora a argamassa armada seja uma tecnologia criada pelo engenheiro francês Joseph Louis Lambot (1814-1887) em meados do século XIX, foi o engenheiro italiano Pier Luigi Nervi (1891-1979) um dos seus maiores desenvolvedores e Lelé o seu maior divulgador em solo nacional.

Em entrevista realizada a Chango Cordiviola e Susana Olmos, parcialmente publicada na Revista Architecture D’aujourd’hui (Vol. 369, Jul-Ago 2013), Lelé relembra:

Ai aconteceu o seguinte: tinha um arquiteto que trabalhava comigo... o pai dele tinha trabalhado com Nervi e conhecia profundamente argamassa armada, foi a São Carlos, como professor, e ai eu comecei a me interessar, eu estudava muito Nervi. Eu estudava muito, naquela época a gente estudava profundamente esses grandes arquitetos, me interessava muito, até a Lina Bardi me deu um livro autografado pelo Nervi, que eu tenho. Mas comecei a me interessar pela argamassa armada e fui lá a São Carlos, visitar o Schiel (Frederico Schiel), ele era, puxa, vamos fazer o saneamento básico... Quem começou a trabalhar com argamassa armada foi o Schiel. Eu trouxe ele para aqui, Salvador, para nos ajudar, e nos fizemos saneamento básico, fizemos escadarias drenantes,

2 Graduado em engenharia pela Escola de Engenharia de Viena (1924), Escola de Engenharia em Dresden (1932) e Escola dos Oficiais Técnicos da Reserva do Exército romeno em Bucareste, recebendo o grau de tenente. Trabalhou como engenheiro em Paris de 1948 a 1950. De origem romena, naturalizou-se brasileiro em 1954. Ingressou como Professor Catedrático, ocupando a cadeira nº 6 “Materiais de Construção”, em 1955 na Escola de Engenharia de São Carlos, onde mais tarde tornou-se chefe do Departamento de Estruturas e Arquitetura. Aposentou-se na EESC em 1975. Em 1976, foi homenageado com o título de Professor Emérito. Faleceu em 16 de maio de 2000.

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essas coisas todas.... Chegamos até a pensar já em diversificar um pouco a produção de argamassa (CORDIVIOLA; OLMOS, 2013, p.06).

Em suma, o trabalho de Lelé e Schiel na área do saneamento básico e da assistência primária a populações pobres consiste na primeira experiência brasileira de industrialização de elementos em argamassa armada, além da qual prosseguiram outras, também muito importantes.

Aspectos tecnológicos importantes, tais quais a cura cuidadosa das peças em sistema de imersão, foram objeto de pesquisa desde estes estágios iniciais até as últimas experiências no Centro Tecnológico da Rede Sarah (CTRS). Entre a RENURB e o CTRS, Lelé conseguiu reduzir o tempo de cura das peças de 4 dias para 4 horas, utilizando água aquecida e outros processos, o que demonstra o caráter seminal da experiência nos anos 80.

2.2. Canais de Drenagem

Os canais de drenagem eram compostos por peças leves, cujo peso não ultrapassava 100kg, justamente para que pudessem ser montados sem a utilização de maquinário pesado e estivessem adaptados às péssimas condições dos terrenos encontrados, o que poderia dificultar a execução de fundações in loco.

Segundo Lelé, “a escavação, primeira etapa da obra in loco, sempre que possível atingia o nível primitivo das fundações das casas, alcançando profundidade que podia chegar a 3 metros, tornando necessário o escoramento das construções até a operação de reaterro” (LIMA, 2012, p. 51).

As peças de travamento e prumada no bordo do canal funcionavam também como trilhos para equipamentos rolantes de limpeza e manutenção dos canais e eram utilizadas como base para peças “ponte”, podendo também funcionar como travamento de peças suporte das estruturas das casas mais prejudicadas do ponto de vista da estabilidade.

Em Salvador destacam-se canais realizados ao longo do vale do Rio Camurujipe e localidades às margens da BR-324, ainda em estado razoável.

Fig. 1 - Construção de canal no vale do Rio Camarujipe, Salvador

Fonte: LIMA, 2012

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2.3. Escadarias Drenantes

Junto aos canais de maior porte, que tinham praticamente 3.0x3.0m de seção transversal, o sistema também era composto por canais de menor calibre e pelas conhecidas “escadarias drenantes”. As escadarias, de 1.50m de largura, eram compostas por peças de piso planas para as áreas de patamar e circulação horizontal, além de degraus que, por sua vez, encaixavam-se em calhas de seção “U” de diferentes larguras, a depender da demanda técnica. As calhas também se dividiam em dois tipos, para as áreas de degraus e para as áreas planas, apresentando furos laterais para captação das águas que também eram utilizados pelos operários para transporte das peças.

Embora muito engenhoso, o sistema sofreu com a falta de manutenção e com a constante ligação de esgoto domiciliar às calhas, criando outros problemas de saneamento e higiene não previstos anteriormente.

O trabalho “Avaliação dos Sistemas de Escadaria e Rampas Drenantes Implantadas Em Assentamentos Espontâneos na Cidade do Salvador – Bahia, de autoria do Engenheiro Lúcio Sérgio Garcia Mangieri analisa detalhadamente os problemas relativos ao sistema, tanto do ponto de vista da execução como da manutenção e de seu funcionamento hidráulico, concluindo que o maior problema foi, de fato, a falta de enfrentamento de um processo educacional e infra-estrutural mais amplo por parte dos entes públicos para a população. Lúcio levanta que:

O projeto das escadarias drenantes contemplava também medidas de cunho social. A fase de implantação contava com assistentes sociais, buscando desenvolver ações de educação sócio- ambiental. Além disso, o arquiteto João Filgueiras Lima idealizou um tipo de carrinho que subia as escadarias impulsionado pela força humana. A intenção era treinar pessoas da comunidade que, mediante pagamento mensal, seriam responsáveis por coletar diariamente os resíduos sólidos domiciliares gerados, evitando que fossem jogados na própria escadaria. A falta de recursos, a descontinuidade administrativa, dentre outros fatores, impossibilitou que esta etapa fosse executada (MANGIERI, 2012, p.14, 15).

Muitas das escadarias, neste sentido, hoje já não funcionam mais, inclusive os primeiros exemplares implantados na área do Nordeste de Amaralina. Nem por isso perderam sua importância como elemento de transformação e acessibilidade em muitas áreas carentes da cidade.

2.4. Contenções de Encosta

No caso das contenções de encosta, chama também atenção a beleza do desenho das peças e, portanto, das fôrmas metálicas utilizadas para sua confecção. As peças variavam em altura (50 a 250cm), com largura de 30cm, tendo tipologia reta ou em cantoneira “L”, que tomava partido se sua forma para melhorar a absorção do empuxo do terreno na base engastada.

Mais adiante, já no final dos anos 80, Lelé desenvolveria um outro sistema de peças de argamassa armada de desenho losangular e de funcionamento intertravado, associados a grampeamento no solo (arrimo de terra armada) novamente apurando excelente nível técnico e resultado estético com resultados comprovados na contenção de patamares da ordem de 3.0m de altura, conforme executado no campus do CTRS anos depois.

Em qualquer hipótese, ambas as soluções ensejavam uma implantação das contenções em patamares, uma realidade contrastante com a absurda cultura de obras nas técnicas de “concreto projetado” ou “solo grampeado” que criam paredões enormes e hoje vêm se realizando em centenas de encostas da cidade, numa patética disputa entre a prefeitura municipal e o governo estadual pela influência eleitoral em áreas carentes. As obras foram amplamente divulgadas pela imprensa de Salvador e pela publicidade oficial durante o ano de 2015, quando chuvas torrenciais deixaram saldo de deslizamentos, desalojados e mortos.

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Vemos aqui, neste caso, mais um abandono de ideias importantes e de grande qualidade urbanística e arquitetônica na esteira da descontinuidade da administração pública e da dependência de questões econômicas diversas, ao lado de uma realidade ainda carente do desenvolvimento tecnológico preconizado pelas experiências de Lelé desde então.

A RENURB encerrou suas atividades em 1982, com a demissão do prefeito Mario Kertész, que era então indicado por Antônio Carlos Magalhães e foi por ele mesmo afastado após desentendimentos acumulados e problemas políticos.

3 FAEC

3.1 Uma Fábrica de Cidades

Restauradas as condições político-administrativas favoráveis a seu trabalho, Lelé retornou a Salvador para um projeto mais abrangente que o primeiro. A Fábrica de Equipamentos Comunitários (FAEC) ou “fábrica de cidades” (RISÉRIO, 2010) esteve em atividade entre 1985 e 1989 e deixou importantes marcas na cidade, atuando em diversos bairros através de um catálogo extenso de elementos urbanos. Escolas, creches, passarelas, pontos de ônibus, sanitários públicos, bancos de diversos modelos e projetos singulares, tais como a prefeitura de Salvador, são só alguns exemplos de suas realizações. Outra contribuição importante da FAEC foi a sua colaboração com o projeto de revitalização do Centro Histórico, comandado por Lina Bo Bardi, e que produziu paradigmáticos exemplos de intervenção em pré-existência, tais quais a Casa do Benin e a Ladeira da Misericórdia.

A diversidade e complexidade dos elementos a serem construídos transformaram a FAEC numa fábrica mais completa que as anteriores. Além do núcleo produtor das peças de argamassa armada, houve necessidade de criar um setor de metalurgia, responsável não só pelas fôrmas dos elementos de ferro-cimento, mas também pela estrutura de alguns edifícios e passarelas, tornando este um experimento pioneiro na utilização conjunta de aço e argamassa armada.

A FAEC funcionou no terreno onde hoje está construído o Salvador Shopping 3, junto ao Hospital Sarah, uma área de aproximadamente 70.000,00 m2, ampliando de maneira significativa a capacidade de atuação da Prefeitura de Salvador em sua área urbana, se comparada a RENURB.

3.2. As Escolas e Creches

Uma das maiores contribuições da FAEC à cidade de Salvador foi a construção de cerca de setenta edifícios educacionais de argamassa armada, entre escolas e creches.

Após o fim da RENURB Lelé foi convidado pelo professor Edgar Graeff a realizar importante experiência em Abadiânia, Goiás, de onde resultou o projeto da Escola Transitória Rural e cuja base serviu para o desenvolvimento das experiências em Salvador e, posteriormente, no Rio de Janeiro. A cartilha da escola em Abadiânia é uma lição de obra e arquitetura, exemplar gracioso do trabalho de um arquiteto ímpar.

Além da qualidade construtiva e arquitetônica, marcada pelas amplas varandas e os painéis de Athos Bulcão, (apesar de alguns problemas acústicos), as escolas caracterizavam-se pela velocidade de execução, levando para áreas muito pobres uma intervenção eficaz e representante da chegada do poder público. Lelé colocava que “Havia casos em que a Eliana Kertész, que era secretária da Educação, chegava lá e dizia: ‘Daqui a sessenta dias temos de ter aqui uma escola para 2 mil pessoas’, e dali a sessenta dias a escola estava lá, onde antes não havia nada” (RISÉRIO, 2010, p. 42).

3 As questões fundiárias ligadas ao tema não são objeto desta pesquisa, mas a referida transformação também é exemplo da vitória de pressões de cunho econômico e das descontinuidades de administração em Salvador em detrimento da obra pública de Lelé.

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A construção destes edifícios era também um exercício de urbanização integrada, dentro do sistema e dos elementos da FAEC, significando uma conexão com pontos de transporte público, escadarias, e mobiliário urbano em geral. O sistema pré-fabricado também permitia flexibilidade dimensional e estrutural, usualmente em prédios de dois pavimentos, para que respondessem à necessidade de um maior número de salas no âmbito de terrenos reduzidos. Tais características podem ser observadas nos exemplares construídos nos bairros de Pituaçú, Beirú ,Plataforma, Pernambués, Vale das Pedrinhas, dentre outras.

As creches, usualmente de um pavimento, caracterizavam-se pela presença da cobertura formada por abóbadas que, uma vez mais, significaram pesquisa e avanço tecnológico no exercício da fôrma em argamassa armada.

O telhado modulado era montado de forma a criar um colchão de ar nas abóbadas, melhorando o isolamento térmico do edifício. Os desenhos de execução da fôrma eram de grande sofisticação, estudados exaustivamente, uma vez que exigiam comportamento adequado tanto na concretagem da peça quanto no momento da desforma. É bastante surpreendente, portanto, a delicadeza do desenho das peças atingida já nesta fase, ao final dos anos 80, onde podemos perceber um trabalho fino no desenho da geometria, das bordas e acabamentos das peças.

Em entrevista realizada com o arquiteto José Fernando Minho, colaborador de Lelé por mais de trinta anos, são muito evidentes os esforços e a constante pesquisa evolutiva em temas como o grampeamento das fôrmas, por exemplo, algo que deveria ser eficiente nas várias fases do processo.

Algumas das escolas já não existem mais e outras estão em vias de demolição, anunciadas pelo atual secretário de Educação do Município, Guilherme Bellintani, em junho de 2015. Em artigo publicado no portal Vitruvius, Bellintani afirma que “A absoluta falta de manutenção, uma grande irresponsabilidade no trato do patrimônio público, tornou irrecuperáveis muitas dessas escolas projetadas por Lelé” (BELLINTANI, 2015).

Os painéis de argamassa armada, alguns com dois centímetros de espessura, são realmente muito vulneráveis ao ambiente salitroso de Salvador. Sem uma política constante de manutenção e de substituição de peças, torna-se inviável a subsistência dos edifícios.

No entanto, considerando que os arquivos da FAEC e parte do seu espólio estão presentes na DESAL, (Companhia de Desenvolvimento Urbano de Salvador), sobre a qual falaremos adiante, cremos que existem condições de salvaguarda de alguns exemplares, e, porque não, de reprodução dos edifícios a partir de estudos mais aprofundados, trabalho que vem sendo encampado por colegas da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia.

Fig. 2 - Escola construída pela FAEC em Paripe, Salvador

Fonte: Arquivo Lelé/CTRS – Foto: Celso Brando

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3.3. Passarelas

Outro elemento transformador das áreas carentes de Salvador idealizado por Lelé durante o trabalho na FAEC, as passarelas de pedestre estão dentre as poucas experiências que evoluíram gradativamente e tiveram solução de continuidade até os dias atuais, transformando-se numa marca registrada da paisagem de Salvador e, posteriormente, de outras cidades brasileiras.

Sua engenhosidade consiste na síntese arquitetônica e urbanística que representa, aglutinando características singulares em vários temas: solução estrutural, flexibilidade, funcionalidade, desenho, facilidade de construção e integração urbana, reputado por Lelé como “o projeto que tive mais alegria de fazer” (CORDIVIOLA; OLMOS, 2013, p.17).

A primeira passarela foi inaugurada em junho de 1987, na Avenida Paralela e nos dezoito meses subsequentes mais oito unidades (CAMPOS, 2012), consolidando rapidamente sua presença, vez que se planejava a implantação de um VLT que seria alimentado pelas passarelas, por sua vez conectadas a áreas densas da cidades. Neste sentido, destacam-se os exemplares da Avenida Bonocô e Antônio Carlos Magalhães, por exemplo.

Segundo Marcio Campos,

A arquitetura do novo transporte de massas, ao mesmo tempo em que buscava reafirmar o desenho das avenidas de vale, ousava acrescentar outra dimensão ao seu uso, transcendendo a linearidade dos percursos de tráfego motorizado ali existentes. É diante deste peculiar desenvolvimento que as passarelas projetadas por Lelé (...) são responsáveis por consolidar uma rede de conexões dentro do espaço urbano (CAMPOS, 2012, p.75).

No caso das áreas de urbanização informal, desde os anos 50 presentes nas encostas de Salvador, a construção das passarelas significou, portanto, integração entre duas margens opostas e também com os vales, onde está presente a rede de transporte público. A transposição de cotas e um acesso mais direto às comunidades são transformadores e símbolo de civilidade, tanto quanto as escolas, creches e o sistema de saneamento básico.

Neste sentido, o sistema pré-fabricado pensado por Lelé permitia realizar a obra de forma rápida e eficiente, evitando transtornos de longo prazo ao tráfego nas vias existentes e nas áreas de chegada, também criando condições para um aproveitamento modular da estrutura e para a criação de uma cobertura singular. A requerida reprodutibilidade era também alcançada com qualidade. Mesmo em exemplares mais recentes, executados sem o desenho direto de Lelé e, algumas vezes, sem a maestria por ele conferida à implantação das pontes, está muito preservada a linguagem e os aspectos gerais do projeto, graça ao processo industrial implantado e mantido até hoje pela DESAL.

Embora relativamente preservadas enquanto política pública na cidade, as passarelas vêm sofrendo com as obras do metrô de Salvador. Construído sobre linhas elevadas ou de superfície na Avenida Bonocô (linha 1, inaugurada em 2015) e na Avenida Antônio Carlos Magalhães e Avenida Paralela (linha 2, em obras), o metrô não se conecta ao sistema de passarelas, criando, na verdade, conflitos físicos e sobreposições entre os elevados destinados aos trens, as novas estações e as passarelas anteriormente instaladas. O resultado é difícil de crer e um verdadeiro despropósito.

As “vítimas” mais recentes foram as passarelas na área da estação rodoviária, de onde foi sumariamente retirada a antes colorida estação de transbordo do Iguatemi.

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Fig. 3 - Passarela de conexão entre a Avenida Bonocô (vale) e comunidades nas encostas adjacentes.

Fonte: Foto do autor

4 MINHA CASA, MINHA VIDA

Já em 2010, Lelé engajou-se na criação do Instituto Brasileiro da Tecnologia do Habitat (IBTH), após a desarticulação do CTRS em função de entraves políticos e burocráticos que o impediram de seguir com trabalhos diferentes da manutenção da Rede Sarah.

O Instituto tinha por objetivo criar uma nova fábrica de edifícios e ser um polo educacional, trabalhando com certa autonomia em encomendas para o Estado4. Tinha como uma de suas motivações iniciais os estudos feitos por Lelé para habitação de interesse social no âmbito do Programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), que acabaram por enfrentar uma série de obstáculos burocráticos e econômicos, até serem definitivamente arquivados, em 2012. Os projetos, um no bairro de Pernambués (terreno em aclive) e um em Cajazeiras (terreno plano), deveriam funcionar como protótipos para a implementação de uma nova lógica na produção de arquitetura e urbanismo dentro do programa Minha Casa, Minha Vida, trabalhando sobre a industrialização para produção de habitação de interesse social em áreas de urbanização informal. Segundo Lelé:

Nunca houve nesse processo de industrialização do Sarah uma oportunidade da gente atingir uma economia de escala como, por exemplo, foi proposto para o Minha casa, Minha vida. Ali, eu acho, nós tínhamos uma proposta que se fosse adotada ia atingir uma economia de escala bem razoável, podíamos chegar à metade dos custos com uma qualidade muitíssimo melhor, inclusive de conforto.

Mas essa oportunidade de economia de escala, eu nunca tive em arquitetura, mesmo com a pré-fabricação pesada ela por si só não dá essa oportunidade, e eu acho que para atingir e desenvolver uma economia de escala, tem que ser realmente um programa que justifique, para a habitação" (CORDIVIOLA; OLMOS, 2013, p.62).

O projeto de Lelé é também marcante do ponto de vista urbanístico, uma vez que atua sobre terrenos urbanos próximos aos grandes centros, construindo ao lado das habitações equipamentos de lazer, acessibilidade e de apoio às famílias moradoras (creches, escolas,etc), respeitando inclusive uma capacidade (limitada) de ampliação das unidades por autoconstrução.

4 O IBTH conseguiu realizar apenas uma obras da Fundação Darcy Ribeiro, na UnB em Brasília e da primeira fase da nova sede do Tribunal Regional do Trabalho no Centro Administrativo de Salvador.

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Isto significa estar próximo à transformação de áreas de urbanização informal, utilizando mão de obra da própria comunidade, dentro da proposta de instalação de uma mini usina (24.0x8.0m) de argamassa armada, na qual seriam fabricadas as peças da obra em questão. A partir desta premissa, Lelé apresentava também um pensamento evolutivo do papel social de suas fábricas, buscando introduzir nestas experiências o caráter educacional que tanto o motivava.

Fig. 4 – Proposta de mini usina de argamassa armada

Fonte: Arquivo Lelé

5 A DESAL E SEU ARQUIVO

A Companhia de Desenvolvimento Urbano de Salvador - DESAL é uma Empresa de economia mista, criada pela Lei Municipal nº 4343/91 de 23 de julho de 1991, conforme informações constantes em seu site institucional, ou seja, no processo de extinção da Fábrica de Cidades. Situada às margens da BR-324, em ponto estratégico e importante da rodovia, que liga Salvador a Feira de Santana, a empresa possui um terreno de 20.000m2 e uma importante capacidade industrial instalada.

Herdeira das experiências realizadas por Lelé, entre 1979 e 1989, a DESAL é guardiã das tecnologias desenvolvidas em Salvador pela RENURB e pela FAEC e, ainda hoje, a principal responsável pela execução das novas passarelas de pedestres, por exemplo.

A partir deste lastro, a Companhia tem clara vocação para trabalho sobre o desenho urbano de Salvador, auxiliando num planejamento mais aprofundado para intervenções em larga escala, estabelecendo continuidade de ações ao longo de diferentes administrações, bem como parâmetros de qualidade de construção e execução. A manutenção de praças e equipamentos públicos através de elementos pré-fabricados desenvolvidos pela prefeitura pode responder a demandas específicas com qualidade e eficiência e maior controle dos cronogramas.

Não devemos ignorar o potencial educativo instalado, capaz de formar mão de obra especializada em diferentes setores da indústria da construção (pré-fabricados de concreto, metalurgia e serralheria, marcenaria, dentre outros), sendo patente sua capacidade de atuar na manutenção dos elementos projetados por Lelé.

Além disso, possibilidades de desenvolvimento tecnológico no âmbito da Prefeitura Municipal de Salvador, capaz de obter patentes e lucros financeiros em caso de comercialização de sua produção

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para outras cidades, permitiriam obter razoável grau de sustentabilidade financeira, inclusive a partir do desenvolvimento de pesquisas na área de fabricação digital e afins.

Hoje vinculada à Secretaria de Manutenção da Cidade (SEMAN), a DESAL vem, no entanto, perdendo capacidade de inov(ação) por conta do comprometimento com obras de cunho convencional e, nem de perto, utilizadoras de seu potencial tecnológico e know-how instalado, também representado por administradores, mestres e operários formados nas fábricas originais. Sua gradativa perda de importância cria preocupações quanto a seu destino próximo, que pode selar o sepultamento definitivo de muitas das experiências acima mencionadas e cuja importância transcende ao mérito da obra de Lelé.

A biblioteca do órgão possui um arquivo relativamente organizado, mas em condições precárias de consulta e pesquisa, o que dificulta a disseminação do conhecimento ali depositado. Focando em obras importantes dos períodos RENURB-FAEC, procuraremos investigar e nos aprofundar no caráter tecnológico deste acervo durante a pesquisa de doutorado ora em curso, buscando criar laços com possíveis processos de registro, proteção e perpetuação deste patrimônio moderno material e imaterial de Salvador.

Fig. 5 – Arquivo DESAL

Fonte: Foto do Autor

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Fig. 6 – Prancha do detalhamento da fôrma de cobertura das creches – FAEC, Arquivo DESAL

Fonte: Foto do Autor

6 CONCLUSÕES

Embora tenha importância paradigmática no campo da arquitetura e urbanismo em Salvador, a obra de Lelé enfrenta dificuldades de perpetuação e proteção, seja por seu caráter técnico, seja pelo que representa em termos de não adequação ao sistema político-econômico que rege a vida das cidades brasileiras. Dentro de uma aglomeração urbana que tem tecido informal em mais de 50% do território ocupado, as experiências de Lelé na RENURB e na FAEC representaram uma investigação valiosa de transformação inteligente e integradora de favelas, estabelecendo parâmetros de trabalho participativo e de envolvimento da comunidade. Trinta anos antes das experiências recentes e comemoradas em Medellín e Rio de Janeiro, os equipamentos de saneamento, escolas, creches e passarelas levaram às áreas de urbanização informal de Salvador arquitetura de grande qualidade, reafirmando o caráter visionário do trabalho de Lelé. Através das fábricas e de processos industrializados, as intervenções beneficiaram várias regiões da cidade e um número importante de pessoas, em um período de tempo reduzido (sete anos, se somados os dois interstícios), com qualidade e eficiência. Das propostas do Minha Casa, Minha Vida, extraímos a renovação da crença em processos de pré-fabricação como solução possível para o enfrentamento do déficit habitacional brasileiro.

Na esteira da proteção do patrimônio de João Filgueiras Lima em Salvador está também a perpetuação das ideias para transformação de uma cidade marcada pelo agravamento de suas condições de infraestrutura e da ocupação predatória do espaço urbano nos últimos anos. Entendemos o abandono destas experiências como um retrocesso inaceitável, sobretudo pelo potencial ainda instalado em parques industriais como aqueles da DESAL e do CTRS, heranças importantes do trabalho de Lelé.

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AGRADECIMENTOS

À DESAL, na figura de Jarilson Paim, pelo apoio até agora concedido.

REFERÊNCIAS

BELLINTANI, Guilherme. A demolição das escolas de Lelé em Salvador. O poder público e a incúria da falta de manutenção. Drops, São Paulo, ano 15, n. 093.04, Vitruvius, jun. 2015 <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/15.093/5576>.

CAMPOS, Marcio. Sistema e Adaptação: as passarelas projetadas por Lelé para Salvador. In: RISSELADA, Max;

LATORRACA, Giancarlo (Org.). A Arquitetura de Lelé: fábrica e invenção. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo: Museu da Casa Brasileira, 2010, p. 73-93.

CORDIVIOLA, Chango; OLMOS, Susana. Entrevista a Lelé. : L`Architecture d`aujourd`hui. Vol 396, p.54-61. Paris,

Julho-Agosto 2013. EKERMAN, Sergio K. Um quebra-cabeça chamado Lelé. In: Arquitextos, São Paulo, 06.064, Vitruvius, set 2005.

Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.064/423> Acesso em: 2013-11-06

LIMA, João Filgueiras. Arquitetura: uma experiência na área de saúde. São Paulo: Romano Guerra Editora, 2012. 336 p.

MANGIERI, Lúcio Sérgio Garcia. Avaliação dos Sistemas de Escadaria e Rampas Drenantes Implantadas Em

Assentamentos Espontâneos na Cidade do Salvador – Bahia. Dissertação de mestrado apresentada à Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia. Salvador, 2012

RISÉRIO, Antônio. Um mestre da precisão e da delicadeza estética e social. In:RISSELADA, Max; LATORRACA,

Giancarlo (Org.). A Arquitetura de Lelé: fábrica e invenção. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo: Museu da Casa Brasileira, 2010, p. 31-46.