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Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa
Stricto Sensu em Gerontologia
Trabalho de Conclusão de Curso
OFICINAS DE ESTIMULAÇÃO COGNITIVA EM IDOSOS
ANALFABETOS COM TRANSTORNO COGNITIVO LEVE.
Brasília - DF
2010
Autora: Izabel Borges dos Santos
Orientadora: Dra. Lucy Gomes Vianna
IZABEL BORGES DOS SANTOS
OFICINAS DE ESTIMULAÇÃO COGNITIVA EM IDOSOS ANALFABETOS COM
TRANSTORNO COGNITIVO LEVE.
Dissertação submetida ao Programa de Pós-
Graduação Stricto Sensu em Gerontologia da
Universidade Católica de Brasília, como
requisito parcial para obtenção do Título de
Mestre em Gerontologia.
Orientadora: Dra. Lucy Gomes Vianna.
Brasília
2010
Ficha elaborada pela Biblioteca da Universidade Católica de Brasília - UCB
S237o Santos, Izabel Borges
Oficinas de estimulação cognitiva em idosos analfabetos com Transtorno
Cognitivo Leve / Izabel Borges Santos. – 2010.
148 f. ; 30 cm
Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília,
2010. Orientação: Lucy Gomes Vianna
1. Idosos – Analfabetismo. 2. Cognição. 3. Memória. I. Vianna, Lucy
Gomes, orient. II.Título.
CDU 613.98
Dissertação de autoria de Izabel Borges dos Santos, intitulada “Oficinas de estimulação
cognitiva em idosos analfabetos com Transtorno Cognitivo Leve”, apresentada como
requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Gerontologia da Universidade Católica
de Brasília, em 24 de Junho de 2010, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo
assinada:
____________________________________________________
Profª Dra. Lucy Gomes Vianna
Orientador
Universidade Católica de Brasília - UCB
____________________________________________________
Prof º Dr. Vicente de Paula Faleiros
Universidade Católica de Brasília - UCB
____________________________________________________
Prof º Dra. Claudia Cristina Fukuda
Universidade Católica de Brasília - UCB
____________________________________________________
Prof º Dra. Carmen Jansen Cardenas
Suplente
Universidade Católica de Brasília - UCB
Brasília
2010
Dedicatória
A minha querida mãe Olga, hoje com 84 anos
e com tanta lucidez resgata da memória fatos e
vivência dos seus onze filhos e nos faz viver
momentos do nosso inconsciente que então
não sabíamos existir.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus... que está sempre ao meu lado dando-me força e iluminando-me. Agradecer
neste momento é entender a dádiva de Deus. É uma forma de consolidar a importância das
relações construídas ao longo de uma história de vida, onde muitas pessoas me foram
presenteadas, fazendo parte de uma construção. São seres preciosos que na minha vivência e
memória permanecerão.
A todo o corpo docente do programa de Pós Graduação em Gerontologia da Universidade
Católica de Brasília, que compartilhou o seu saber. A meus colegas de mestrado, pelos
momentos inesquecíveis que dividimos angústias, alegrias e crescimento.
A todos idosos desta pesquisa, participantes dos grupos que se comprometeram com a
construção de um trabalho, que sempre estiveram disponíveis e mais que isto, felizes por
estarem colaborando.
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal que me proporcionou a liberação parcial de minha
carga horária de trabalho, dando-me oportunidade de crescer como profissional e ser um
agente na transformação junto aos outros profissionais e na atuação politizada e direcionada
em prol da população idosa.
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Ao meu esposo, Laudival Mizael e aos filhos Fernando e Vinícius, que como fonte de vida
estão sempre ao meu lado, mostrando a cada instante, que o amor não se acaba com o passar
dos anos ou da distância... gloriosamente se multiplica.
A meus queridos pais, Adelaudio (†) e Olga, por serem exemplos de força, dignidade e
honestidade e o forte elo intergeracional.
A querida orientadora Prof. Dra. Lucy Gomes, que com muito carisma, respeito e firmeza
soube direcionar e estimular o prosseguimento de cada fase da dissertação.
Por fim, as minhas amigas Neuza Matos, Maria Sueli e Márcia Araújo. “Quem tem um amigo
tem um tesouro” (Saint Exupery). De fato, minha vida é privilegiada com tesouros diferentes
e especialmente preciosos. Neuza, que me incentivou e de maneira incondicional me ajudou
em todas as etapas desta caminhada e através das nossas vivências fez brilhar o meu olhar na
velhice. Sueli, fiel, companheira, um exemplo de perseverança. Márcia, sempre humana e
sensível ao próximo.
“ Que rosto lindo eu vi hoje, rugoso,
Tão fascinante qual o duma criança!
Continha o mesmo brilho radioso
(...) É como se o amanhã unisse o dia d' ontem
É como se o amanhã fosse a nossa essência!
(...) Pois, uma ruga é prêmio incontestável.”
Eugênio de S. Vicente
RESUMO
SANTOS, Izabel Borges. Oficinas de estimulação cognitiva em idosos analfabetos com
Transtorno Cognitivo Leve. 2010. 148 p. Dissertação de Mestrado em Gerontologia pela
Universidade Católica de Brasília, Brasília - Distrito Federal, 2010.
Introdução: As oficinas de Estimulação Cognitiva para idosos analfabetos com Transtorno
Cognitivo Leve é tema pouco explorado no Brasil. Objetivos: Analisar o desempenho
cognitivo de indivíduos idosos analfabetos com diagnóstico de Transtorno Cognitivo Leve
(TCL) antes e após a realização de Oficinas de Jogos e Brincadeiras de Estimulação
Cognitiva, adaptadas para uso em indivíduos analfabetos; determinar o perfil sócio-
econômico-demógraficos desses idosos; verificar a percepção dos idosos sobre sua memória e
identificar os benefícios e contribuições das Oficinas na percepção dos idosos. Material e
Método: Trata-se de pesquisa social quantiqualitativa, utilizando o método de pesquisa-ação
A amostra foi composta por 63 idosos (≥ 60anos) analfabetos com TCL, sendo 22 no Grupo
Experimental (GE), que participaram das 10 Oficinas de Estimulação Cognitiva; Grupo
Controle 1 (GC1), com 21 idosos, que tiveram 10 palestras sobre a saúde; e Grupo Controle
2 (GC2), com 20 idosos, nos quais não foi aplicada intervenção alguma. Foram feitos os
seguintes testes: Miniexame do Estado Mental (MEEM), Memória de Lista de Palavras
(MLP), Fluência Verbal (FV) e Teste Computadorizado de Atenção Visual (TCA). A análise
dos dados foi do programa SPSS, Skewness, teste qui quadrado e método de Bardin.
Resultados: Os idosos estudados tinham idade média de 72,8 ± 7,16 anos, sendo 92% do
sexo feminino, do lar, viúvos ou casados, sem aposentadoria própria e com renda média de
um salário mínimo. 82% dos idosos relataram piora da memória ao longo do último ano,
havendo uma mudança significativa de sua percepção de forma positiva após participação nas
dez oficinas e palestras (GE e GC1, respectivamente). Nos três grupos, os comentários dos
idosos sobre sua memória no pré-teste foram feitos de forma simples e pessimista. No pós-
teste, os participantes dos GC1 e GC2 mantiveram os mesmos esquecimentos, enquanto os do
GE se destacaram nas categorias: melhora na cognição, socialização/integração, mudança nas
atividades de vida diária e satisfação com as oficinas. Os idosos do GE obtiveram maior
escore no MEEM, significativamente maior que os do GC2. Os idosos do GE obtiveram
significativamente maiores escores no item atenção e cálculo do MEEM, no teste de MLP e
no teste FV. No TCA, não surgiu diferença significativa entre os três grupos. Conclusão: As
Oficinas oferecidas tiveram destaque na melhoria da cognição, da percepção positiva da
memória e da funcionalidade do idoso em tarefas simples; geraram aprendizagem,
socialização e integração, assim como diversão e satisfação. Intervir com oficinas ou palestras
educativas em saúde obteve-se o mesmo efeito no MEEM. As oficinas foram eficazes na
melhora da memória verbal de longo prazo e fluência verbal. Há necessidade de pesquisas a
fim de mensurar o tempo de permanência dos benefícios encontrados.
Palavras chaves: Idoso analfabeto. Transtorno cognitivo Leve. Estimulação cognitiva.
ABSTRACT
SANTOS, Izabel Borges. Cognitive stimulation Workshops for elderly illiterate people
with Mild Cognitive Impairment. 2010. 148 p. Dissertation in Gerontology from the Catholic
University of Brasilia, Brasilia - Distrito Federal, 2010.
Introduction: The cognitive performance of elderly illiterate people with Mild Cognitive Impairment and
stimulation Workshops is a subject little explored in Brazil. The objectives of this study were: To analyze the
cognitive performance of elderly illiterate people with Mild Cognitive Impairment (MCI) before and after
Workshops of adapted Cognitive Stimulation Games, determine the socio-economic-demographic profile, verify
the perception of the elderly about their own memory and identify the benefits and contributions of the
workshops on the perception of the elderly. Material and Methodology: quantitative and qualitative social
research, using the action research methodology. The sample consisted of an Experimental Group (EG) n = 22
with 10 workshops, a Control Group 1 (CG1), n = 21 with lectures and a Control Group 2 (CG2), n = 20 without
intervention. Tests: Mini-Mental State Examination (MMSE), Word List Memory task (WLM), Verbal Fluency
(VF) and Computerized Visual Attention Test (CVAT). The analysis through SPSS, Skewness, chi square and
method of Bardin Results: The 63 elderly were mostly young old (average age 72.8 ± 7,16 years old), female
92%, housewife, widowed or married, without their own retirement and with an average income of a minimum
wage. The 82% elderly reported worsening of memory over a year and their perception changed positively after
participating in the ten workshops and lectures (EG and CG1). Before the test, the elderly comments about their
memory were simple and pessimistic. After the test, CG1 and CG2 maintained the same forgetfulness but EG
stood out from the others in the following categories: improvement in cognition, socialization/integration,
changes in the daily life activities and satisfaction with the workshops. The EG had a higher score on the
MMSE, but was only significantly better than CG2. EG excelled in the item Attention and Calculation, from the
MMSE, in the WLM and in the VF. In the CVAT there was no significant difference. Conclusion: These
workshops were important in improving cognition, positive perception of the memory and the
elderly skills in simple tasks; they generated learning, socialization and integration, fun and
satisfaction. The same effect on the MMSE was obtained with the intervention of workshops and educational
lectures on health. The workshops were effective in improving long-term verbal memory and verbal fluency. The
mnemonic difficulty persists in the EG and there is the necessity of carrying out further research in order to
measure how long these benefits will continue.
Keyword: Elderly Illiterate. Mild cognitive impairment. Cognitive stimulation.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Distribuição dos 63 idosos analfabetos com TCL na UMT-DF, estudados nos
três grupos, de acordo com a faixa etária..............................................................
60
Tabela 2 - Distribuição dos 63 idosos analfabetos com TCL estudados na UMT-DF, nos
três grupos, de acordo com o estado civil..............................................................
62
Tabela 3 - Distribuição dos 63 idosos analfabetos estudados com TCL na UMT-DF, de
acordo com a renda econômica.............................................................................
63
Tabela 4 - Distribuição dos 63 idosos analfabetos com TCL estudados na UMT-DF, de
acordo com aposentadoria, pensão e BPC.............................................................
64
Tabela 5 - Distribuição dos 63 idosos analfabetos com TCL estudados na UMT-DF, de
acordo com a profissão/ocupação..........................................................................
66
Tabela 6 - Relação intergrupos nas respostas à pergunta “Como está sua memória hoje?”
nos pré e pós-testes, em 63 idosos analfabetos com TCL, UMT-DF....................
75
Tabela 7 - Relação intergrupos nas respostas à pergunta “Você acredita que sua memória
é pior do que a dos outros?” nos pré e pós- testes, em 63 idosos analfabetos
com TCL, UMT-DF..............................................................................................
76
Tabela 8 - Análise dos itens do MEEM, pré e pós-testes, nos 63 idosos analfabetos com
TCL dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF.....................................................................
89
Tabela 9 - Análise das etapas do Teste de Memória de Lista de Palavras, nos pré e pós-
testes, nos 63 Idosos analfabetos com TCL dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF........
92
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Distribuição dos 63 idosos analfabetos com TCL na UMT-DF, de acordo
com a moradia e o arranjo familiar................................................................... 67
Gráfico 2 - Respostas à pergunta “Como está sua memória hoje?”, no pré e pós oficinas
de 22 idosos analfabetos com TCL do GE, UMT-DF...................................... 69
Gráfico 3 - Respostas à pergunta “Você acredita que sua memória é pior do que a dos
outros?” no pré e pós oficinas de 22 idosos analfabetos com TCL do GE,
UMT-DF........................................................................................................... 70
Gráfico 4 - Respostas à pergunta “Como está sua memória hoje?” no pré e pós palestras
de 21 idosos analfabetos com TCL do GC1, UMT-DF.................................... 71
Gráfico 5 - Respostas à pergunta “Você acredita que sua memória é pior do que a dos
outros?” no pré e pós palestras de 21 idosos analfabetos com TCL do GC1,
UMT-DF........................................................................................................... 72
Gráfico 6 - Respostas à pergunta “Como está sua memória hoje?” no período
correspondente aos pré e pós-testes, em 20 idosos analfabetos com TCL do
GC2, UMT-DF.................................................................................................. 73
Gráfico 7 - Respostas à pergunta “Você acredita que sua memória é pior do que a dos
outros?” no período correspondente aos pré e pós-testes, em 20 idosos
analfabetos com TCL do GC2, UMT-DF......................................................... 74
Gráfico 8 - Escore geral do MEEM, pré e pós testes, nos GE, GC 1 e GC2, nos 63
idosos analfabetos com TCL, UMT-DF.......................................................... 88
Gráfico 9 - Escore geral da Memória de Lista de Palavras, nos pré e pós-testes, nos 63
idosos analfabetos com TCL dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF.......................... 91
Gráfico 10 - Escore geral da Fluência Verbal, nos pré e pós-testes, em 63 idosos
analfabetos com TCL dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF................................... 94
Gráfico 11 - Variabilidade do tempo de reação visual (milissegundos), nos pré e pós-
testes, nos 63 idosos analfabetos com TCL nos GE, GC1 e GC2, UMT-DF... 96
Gráfico 12 - Percentual de acertivas emitidas nos pré e pós-testes, nos 63 idosos
analfabetos com TCL dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF..................................... 96
Gráfico 13 - Percentual de Falsos Alarmes emitidas nos pré e pós-testes, nos 63 idosos
analfabetos com TCL dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF..................................... 97
Gráfico 14 - Tempo médio de reação aos estímulos visuais pré e pós-testes, nos 63 idosos
analfabetos com TCL dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF..................................... 98
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Resumo dos agrupamentos das categorias e subcategorias. Grupo
Experimental....................................................................................................... 77
Quadro 2 - Resumo dos agrupamentos das categorias e subcategorias. Grupo Controle 1.. 77
Quadro 3 - Resumo dos agrupamentos das categorias e subcategorias. Grupo Controle 2..
77
Quadro 4 - Categorização dos comentários dos idosos analfabetos com TCL no GE sobre
seu estado mnemônico após as Oficinas de Estimulação Cognitiva, UMT-DF. 78
Quadro 5 - Categorização dos comentários dos idosos analfabetos com TCL no GC1
sobre seu estado mnemônico após as palestras, UMT-DF.................................. 81
Quadro 6 - Categorização dos comentários dos idosos analfabetos com TCL no GC2
sobre seu estado mnemônico após o período correspondente ao das Oficinas
de Estimulação Cognitiva e palestras, UMT-DF................................................ 82
LISTA DE SIGLAS
AVDIs - Atividades Instrumentais de Vida Diária
AVDs - Atividades de vida diária
BCSB - Brief Cognitive Screening Battery
DA - Doença de Alzheimer
DCC - Declínio da Capacidade Cognitiva
EDG - Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage
FV - Teste de Fluência Verbal
GC1 - Grupo Controle 1
GC2 - Grupo Controle 2
GE - Grupo Experimental
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INAF - Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional
IQCODE - Informant Questionnaire of Cognitive Decline in the Elderly
MEEM - Miniexame do Estado Mental
NEUROPSI - Bateria Neuropsicológica Abreviada
QPAF - Questionário Pfeffer de Avaliação Funcional
TCA - Teste Computadorizado da Atenção Visual
TCL - Transtorno Cognitivo Leve
TCM - Teste Computadorizado da Memória
TEVA - Testes de Variáveis de Atenção Visual
TRD - Teste do Desenho do Relógio
UMT-DF - Unidade Mista de Taguatinga - Distrito Federal
UNESCO - United Nations Educational Scientific and Culture Organization
UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 15
1.1 JUSTIFICATIVA................................................................................................. 17
1.2 OBJETIVOS......................................................................................................... 20
1.2.1 Objetivo geral....................................................................................................... 20
1.2.2 Objetivos específicos............................................................................................ 20
1.3 HIPÓTESE............................................................................................................ 21
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................... 22
2.1 ENVELHECIMENTO E ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS RELACIONADAS
À COGNIÇÃO...................................................................................................... 22
2.2 ANALFABETISMO NA VELHICE: UMA REALIDADE NO BRASIL........... 27
2.3 TRANSTORNO COGNITIVO LEVE.................................................................. 30
2.4 FUNCIONAMENTO DA MEMÓRIA NO IDOSO............................................. 32
2.5 ESTIMULAÇÃO COGNITIVA E SUA REPERCUSSÃO NA VELHICE......... 37
2.6 TESTES DE AVALIAÇÃO COGNITIVA........................................................... 40
2.6.1 Miniexame do Estado Mental (MEEM)............................................................. 42
2.6.2 Teste de Memória de Lista de Palavras............................................................. 43
2.6.3 Teste de Memória de Figuras .......................................................... 43
2.6.4 Teste de Fluência Verbal..................................................................................... 44
2.6.5 Teste do Desenho do Relógio (TRD)................................................................... 45
2.6.6 Escala de Katz: Atividades de Vida Diária (AVDs).......................................... 45
2.6.7 Atividades Instrumentis de Vida Diária (AIVDs)............................................. 46
2.6.8 Teste Computadorizado da Memória (TCM) e Teste Computadorizado da
Atenção Visual (TCA).......................................................................................... 46
2.6.9 Questionário PFEFFER de Avaliação Funcional (QPAF)............................... 47
2.6.10 Informant Questionnaire of Cognitive Decline in the Elderly (IQCODE)..... 48
3 MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................... 49
3.1 TIPO DE PESQUISA............................................................................................ 49
3.2 CUIDADOS ÉTICOS........................................................................................... 50
3.3 PARTICIPANTES ................................................................................................ 50
3.4 LOCAL DAS OFICINAS, PALESTRAS E DOS TESTES................................. 52
3.5 OFICINAS............................................................................................................. 52
3.6 PALESTRAS......................................................................................................... 56
3.7 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS.................................................... 56
3.8 ANÁLISE DOS DADOS...................................................................................... 58
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO DOS
RESULTADOS.................................................................................................... 59
4.1
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS SÓCIO-ECONÔMICO-
DEMOGRÁFICOS................................................................................................ 59
4.1.1 Histórico da Unidade Mista de Taguatinga – Distrito Federal........................ 59
4.1.2 Caracterização da amostra.................................................................................. 59
4.1.3 Faixa etária........................................................................................................... 60
4.1.4 Faixa sexo.............................................................................................................. 61
4.1.5 Estado civil............................................................................................................ 61
4.1.6 Renda econômica.................................................................................................. 62
4.1.7 Aposentadorias, pensões e benefício da prestação continuada........................ 63
4.1.8 Profissão/ocupação............................................................................................... 64
4.1.9 Moradia e arranjo familiar................................................................................. 66
4.2 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO QUANTO A PERCEPÇÃO DA
MEMÓRIA............................................................................................................ 68
4.2.1 Grupo Experimental............................................................................................ 68
4.2.2 Grupo Controle 1................................................................................................. 71
4.2.3 Grupo Controle 2............................................................................... 73
4.2.4 Análise geral da percepção da memória atual e em relação à memória dos
outros.................................................................................................................... 75
4.3 COMENTÁRIO DOS IDOSOS SOBRE SEU ESTADO MNEMÔNICO PRÉ
E PÓS OFICINAS................................................................................................. 77
4.4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS TESTES APLICADOS........................... 88
4.4.1 Miniexame do Estado Mental (MEEM)............................................................ 88
4.4.2 Memória de Lista de Palavras............................................................................ 90
4.4.3 Fluência Verbal.................................................................................................... 93
4.4.4 Teste Computadorizado de Atenção Visual...................................................... 95
5 CONCLUSÕES................................................................................................... 100
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................. 103
APÊNDICE.......................................................................................................... 118
APÊNDICE A - Cronograma de Atividades das Oficinas de Estimulação
Cognitiva através de Jogos e Brincadeiras Adaptadas para Idosos Analfabetos... 118
APÊNDICE B - Cronograma das Palestras de Educação em Saúde para Idosos
Analfabetos - Grupo Controle 1............................................................................. 119
APÊNDICE C - Estratégias de Estimulação Cognitiva para Idosos Analfabetos-
Tarefa de Casa - Grupo Experimental.................................................................. 120
APÊNDICE D - Comentários dos Idosos sobre Estado Mnemônico - Grupo
Experimental, Controle 1 e 2................................................................................. 121
APÊNDICE E - Oficinas de Jogos e Brincadeiras Adaptadas para Idosos
Analfabetos............................................................................................................ 130
ANEXOS............................................................................................................... 144
ANEXO I - Aprovação do Comitê de Ética da FEPECS....................................... 144
ANEXO II - Cronograma de Atividades da Pesquisa............................................ 145
ANEXO III - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido................................. 146
ANEXO IV - Roteiro de Entrevista....................................................................... 148
15
1 INTRODUÇÃO
O processo de envelhecimento é fase marcada por mudanças profundas que podem
culminar em doenças e incapacidades de naturezas diversas. Sabe-se hoje que certos déficits
de memória fazem parte do envelhecimento saudável (YASSUDA et al., 2006).
Na velhice, frequentemente ocorrem alterações em diferentes áreas da cognição,
envolvendo atenção, percepção, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e
linguagem. Indivíduos com idade igual ou acima de 60 anos geralmente se queixam de
dificuldades com a memória e outras habilidades cognitivas, especialmente quando comparam
seu desempenho atual com o apresentado no passado. Além das dificuldades em armazenar
informações e resgatá-las, referem ainda prejuízo ocupacional e social. Diante dessas
alterações decorrentes da idade, ocorre autoabandono, perda da autoestima, isolamento da
sociedade e mesmo do ambiente familiar (SOUZA; CHAVES, 2005; AVILA; BOTTINO,
2006).
Há interesse crescente em manter e até aumentar a capacidade cerebral dos idosos,
proporcionando estratégias concretas para mantê-los aptos e flexíveis (LAWRENCE, 2000).
Independente da relevante preocupação com o possível progresso do declínio cognitivo
fisiológico para a demência, as queixas subjetivas que os idosos apresentam a respeito de seu
desempenho mnemônico são reais e devem ser acolhidas.
Atualmente, o idoso tem dificuldade para se adaptar às exigências do mundo moderno.
Isso se deve, em parte, à deficiência educacional dessa geração, que viveu uma época na qual
freqüentar a escola era privilégio de poucos. Por esse motivo, ocorre alto índice de
analfabetismo nesse grupo etário, atingindo 5,1 milhões no Brasil. Existe ainda o
analfabetismo funcional, que abarca os indivíduos com menos de 4 anos de estudo. Segundo
IBGE (2000), 59,4% dos idosos responsáveis pelos domicílios no Brasil são analfabetos
funcionais (IBGE, 2000).
Para responder aos objetivos desta pesquisa, na presente dissertação foi realizada
revisão bibliográfica dos seguintes temas: primeiro foi abordado o envelhecimento e as
alterações fisiológicas relacionadas à cognição nessa etapa da vida, ressaltando-se a
repercussão do declínio cognitivo sobre a capacidade funcional global do idoso. A seguir
evidenciaram-se as definições de analfabetismo atualmente vigentes no Brasil, revisando-se
situação e progressão da alfabetização dos idosos. Após, apresentaram-se os aspectos
conceituais do Transtorno Cognitivo Leve (TCL) e as dificuldades de sua caracterização e
diagnóstico, bem como sua diferenciação com o declínio da cognição natural do
16
envelhecimento. Posteriormente, distinguiram-se os modelos de memória, bem como o
funcionamento e a combinação de subsistemas relatados por diversos autores. Na sequência,
destacou-se a estimulação cognitiva como estratégia de ativação das funções cognitivas e
prevenção de declínios cognitivos, bem como a melhora na qualidade de vida. Por último,
abordou-se os instrumentos de avaliação cognitiva/funcional que colaboram na avaliação
ampla do idoso, usados em ambientes especializados e de atenção à saúde do idoso, tanto em
pesquisas nacionais quanto internacionais.
Esta pesquisa teve como objetivo principal analisar o desempenho cognitivo de idosos
analfabetos com TCL antes e após a realização de Oficinas de Jogos e Brincadeiras de
Estimulação Cognitiva Adaptadas, por meio de instrumentos de avaliação cognitiva. Outro
aspecto importante evidenciado foi a autopercepção dos idosos sobre sua memória, bem como
a percepção das contribuições das oficinas. O estudo foi realizado na Unidade Mista de
Taguatinga (UMT-DF), da Secretaria do Estado de Saúde do Distrito Federal, que dispõe de
serviço de referência para o atendimento de atenção à saúde do idoso e conta com equipe
multidisciplinar.
17
1.1 JUSTIFICATIVA
Nas últimas décadas, observou-se nítido envelhecimento demográfico e, como
consequência dessa transição, envelhecimento da população mundial (SIQUEIRA, 2002).
Esse fenômeno já é observado há algum tempo nos países desenvolvidos, mas ocorre agora de
modo acelerado nos países em desenvolvimento, incluindo o Brasil. É caracterizado,
principalmente, pelos declínios das taxas de fecundidade e de mortalidade nas idades
avançadas tendo, como consequência direta, mudança na estrutura etária da população
(PEREIRA, 1995; HIGGS, 1997; CARVALHO; GARCIA, 2003).
Diversos estudos epidemiológicos fazem projeções que apontam para o aumento
crescente e contínuo do número de idosos no Brasil. Atualmente são 15 milhões de indivíduos
com 60 anos ou mais (8,6% da população) sendo que, em 2025 serão aproximadamente 34
milhões nessa faixa etária (dos quais 10,6% corresponderão a idosos com 80 anos e mais), o
que colocará o Brasil na sexta posição com maior número de idosos no mundo (IBGE, 2000;
SCHOUERI, 2000; SOUZA; CHAVES, 2005). Essa alteração demográfica deve-se também
às atuais conquistas médico-tecnológicas que têm possibilitado a prevenção e cura de doenças
que antes eram consideradas fatais (SOUZA; CHAVES, 2005).
Além do aumento no número de idosos, também há aumento da expectativa de vida,
que atualmente é de 68,6 anos, sendo 2,5 anos a mais do que no início da década de 90.
Estima-se que em 2020, a expectativa de vida no Brasil será de 70,3 anos (IBGE, 2000).
No Brasil, as mulheres vivem, em média, oito anos a mais do que os homens. As
diferenças de expectativa de vida entre os gêneros levaram, como consequência, ao fato de
que em 1991, as mulheres correspondiam a 54% da população de idosos, enquanto em 2000
passaram a 55,1%. Portanto, em 2000, para cada 100 mulheres idosas havia 81,6 homens
idosos (IBGE, 2000).
Envelhecer é, portanto, processo natural que caracteriza etapa da vida do homem,
ocorrendo com mudanças físicas, psicológicas e sociais que acometem de forma particular
cada indivíduo com sobrevida prolongada. É a fase na qual, ponderando sobre a própria
existência, o indivíduo idoso conclui que alcançou objetivos, mas que também sofreu perdas,
entre as quais a saúde, que se destaca como um dos aspectos mais afetados (MENDES et al.,
2005).
Como resultado desse processo, observa-se que ao longo do avanço cronológico, o
corpo humano está submetido a situações de sobrecarga funcional prolongada, podendo não
18
reagir de modo adaptativo, levando ao desenvolvimento de processos patológicos agudos e
predominantemente crônicos. As alterações fisiológicas que provêm do envelhecimento
orgânico predispõem ao surgimento de doenças crônico-degenerativas, as quais podem
comprometer a capacidade funcional. Além disso, perdas neuronais podem iniciar processos
demenciais que dificultam o autocuidado e geram perda da autonomia e da independência
(SCHOUERI, 2000).
Os idosos apresentam mais problemas de saúde do que a população geral. Mais da
metade dos idosos apresenta algum problema de saúde (53,3%), sendo 23,1% deles
portadores de doenças crônicas (IBGE, 2000). Com o envelhecimento, são observadas
alterações orgânicas e funcionais, decorrentes de mudanças nos mecanismos de homeostase
que são controlados pelos sistemas imunológico, endócrino e nervoso, podendo levar a
déficits leves em pessoas que envelhecem normalmente. Há indivíduos que experienciam
menor declínio cognitivo que outros, sendo que essas diferenças individuais aumentam com o
avançar da idade. Mudanças radicais na habilidade mental da pessoa idosa podem indicar
comprometimento importante de sua saúde (KAWAS, 2003).
A função cognitiva é marcada por diferenças individuais consideráveis, podendo a
perda da eficiência cognitiva ser frequentemente compensada. Uma das manifestações mais
frequentes desse declínio são as alterações relacionadas com a memória (FERRARI, 1997).
A literatura sugere que no envelhecimento saudável existe a possibilidade de compensação,
pelo menos parcial, dos déficits cognitivos (BACKMAN, 1989; BALTES; BALTES, 1990;
DUNLOSKY; HERTZOG, 1998). Segundo Yassuda (2006), pesquisas sobre intervenções
cognitivas apontam para os treinos da cognição e da memória, que podem aumentar as
habilidades cognitivas de idosos normais. Assim, o idoso saudável é capaz de aproximar seu
desempenho atual do seu desempenho máximo possível, por apresentar plasticidade cognitiva.
Com o aumento da idade, existe tendência de ocorrerem declínios cognitivos e
funcionais, condicionando diminuição da interação social e nas atividades físicas e de lazer,
com conseqüente decréscimo na qualidade de vida e na expectativa de vida ativa dos idosos.
Por isso, a implementação de programas de treino cognitivo é relevante tanto para a melhora
e/ou manutenção das funções cognitivas quanto para manter boa qualidade de vida nos idosos
(GALLO; SCHOEN; JONES, 2000).
Frente a isso, postula-se a aplicação do exercício de memória através de sua
estimulação/motivação, como método terapêutico na recuperação e/ou manutenção da função
neural associada à cognição (SOUZA; CHAVES, 2005). Acevedo (2007) reforça que os
19
treinos têm como objetivo maximizar as funções cognitivas e prevenir futuros declínios
cognitivos. Intervenções cognitivas podem contribuir para a funcionalidade cognitiva do
idoso, melhorando a qualidade de vida e o bem-estar psicológico (IRIGARAY, 2009).
Justifica-se, portanto, realização de oficinas de Estimulação Cognitiva através de jogos
e brincadeiras adaptados para idosos analfabetos com diagnóstico de Transtorno Cognitivo
Leve, verificando-se o seu desempenho cognitivo antes e após a realização dessas oficinas.
Esta pesquisa foi realizada mediante atuação prática e multiprofissional em unidade de
referência de atendimento à saúde do idoso, vislumbrando contribuir e disponibilizar
assistência diferenciada na área da cognição, bem como melhoria na qualidade de vida dos
idosos, de suas famílias e da sociedade.
Há necessidade de estudos específicos que beneficiem a população idosa analfabeta,
tendo em vista as peculiaridades dessa parcela da população, muitas vezes esquecida dentro
do contexto geral. Portanto, o presente estudo contribuirá com informações para a
compreensão dessa problemática e a tomada de novas direções referentes ao atendimento
desse segmento social e usuário da UMT-DF. Trata-se de tema importante, que merece
aprofundamento principalmente por parte dos profissionais da área de saúde que trabalham
diretamente com essa clientela.
20
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo geral
Analisar o desempenho cognitivo de indivíduos idosos analfabetos com diagnóstico de
TCL antes e após a realização de Oficinas de Jogos e Brincadeiras de Estimulação Cognitiva,
adaptadas para uso em indivíduos analfabetos.
1.2.2 Objetivos específicos
1. Determinar o perfil sócio-econômico-demográfico dos idosos analfabetos estudados.
2. Verificar a autopercepção dos idosos analfabetos sobre sua memória antes e após as
intervenções aplicadas.
3. Identificar a contribuição das Oficinas de Estimulação Cognitiva na percepção dos
idosos analfabetos.
4. Verificar o impacto das oficinas na estimulação cognitiva de idosos analfabetos
através dos testes de avaliação cognitiva.
21
1.3 HIPÓTESE
As estratégias da Estimulação Cognitiva, através de jogos e brincadeiras adaptados
para indivíduos idosos analfabetos, trabalham atenção, percepção, raciocínio, juízo,
imaginação, pensamento, linguagem e memória, levando a melhoria da cognição, detectável
nos testes de avaliação cognitiva e na auto-percepção desses idosos analfabetos.
22
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 ENVELHECIMENTO E ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS RELACIONADAS À
COGNIÇÃO
Reconhecendo-se a relevância da temática idoso, nos dias atuais parte-se para o
resgate histórico das discussões acerca do envelhecimento, bem como das alterações
fisiológicas, dando-se ênfase às alterações cognitivas.
O envelhecimento e a busca da longevidade são preocupações que se destacaram em
toda a história da humanidade. Na última década esse tema mereceu maior ênfase, seja por
aumento da população de idosos seja pela redução gradativa da capacidade funcional desse
grupo etário, o que traz para a sociedade a questão da inserção social desse segmento
(PEIXOTO, 1998; PAPALÉO NETTO, 2007).
As concepções sobre velhice vêm sendo construídas ao longo do desenvolvimento da
humanidade. Uma das primeiras representações gráficas do envelhecer, segundo Leme (2001,
p. 9), veio do Egito: “o hieróglifo que significa velho ou envelhecer, dos anos 2800-2700 a.C.,
que representa uma imagem humana deitada, com ideograma representativo de fraqueza
muscular e de perda óssea”.
Para os gregos antigos, conforme Araújo e Carvalho (2005), a vida humana se
relaciona com o binômio matéria e energia. Cada pessoa possuía uma quantidade limitada de
matéria e calor, para ser usada durante toda a vida. Com o passar dos anos, a matéria e o calor
iam se dissipando. A velhice, portanto, era vista como a dissipação do calor até a total
diminuição da reserva calorífica, ocorrendo então a morte.
Durante a idade média e até o século XVIII, os idosos eram pouco numerosos. A vida
era muito árdua e aqueles que sobreviviam tinham que contar com a solidariedade da família
ou com a caridade pública de senhores feudais e da igreja (ALBUQUERQUE, 2005). Nesse
sentido, Mascaro (2004) comenta que a vida dos idosos continuou difícil no início do
capitalismo e no século XIX durante a Revolução Industrial. O destino dos mesmos era
depositado nas mãos das famílias que podiam tratá-los com benevolência, como também
esquecê-los, abandonando-os em hospitais e asilos.
Já o século XX, no entanto, foi marcado por grandes avanços na ciência do
envelhecimento. Em parte devido ao crescente aumento do número de idosos, mas
23
principalmente aos conhecimentos adquiridos por meio de estudos que se desenvolveram
desde os pioneiros Metchnikoff e Nascher, em 1903 e em 1909, respectivamente,
estabeleceram-se os fundamentos da gerontologia, estudo da velhice, e da geriatria (FREITAS
et al., 2002). Segundo essa mesma autora, até o aparecimento do trabalho de Warren, na
década de 30, a Gerontologia estava restrita aos aspectos biológicos do envelhecimento e da
velhice, sendo mérito dessa pesquisadora delinear os primórdios da avaliação
multidimensional e a importância da interdisciplinaridade.
Nas últimas décadas, de acordo com Camarano (2002), o crescimento da população
idosa foi consequente a dois processos: alta fecundidade no passado, observada nas décadas
de 50 e 60 e redução da mortalidade na população idosa.
O envelhecimento para Spirduso (2005) é concebido como uma experiência
individual, tanto no aspecto de subjetividade como na perspectiva dos sistemas fisiológicos,
com índices de envelhecimento e compensação diferentes. Este processo é marcado por
conjunto de traços morfológicos, orgânicos e funcionais, agravados pelas doenças que
acometem os idosos. A diferenciação entre o fisiológico e o patológico é difícil, pois esses
fenômenos guardam estreita relação (CARVALHO FILHO, 1997; JACOB FILHO; SOUZA,
2000).
Segundo Vieira e Glashan (1996), as modificações que ocorrem nos diversos sistemas
levam à redução da reserva funcional, que compromete a homeostasia e, consequentemente, a
capacidade de adaptação às modificações do meio. Esses autores ressaltam, ainda, a
necessidade de se conhecerem as principais alterações observadas no idoso, a fim de fazermos
a distinção dos efeitos da senescência ou alterações da senilidade.
Canineu (1997) declarou ser o sistema nervoso o centro regulador e ferramenta
indispensável para a manutenção da homeostase com o envelhecimento. Há alterações
anatômicas e químicas no encéfalo e medula, como diminuição do volume celular. Essa perda
é maior no córtex e menor no tronco cerebral, em que se localizam os centros reguladores da
homeostase.
A deficiência do sistema nervoso é demonstrada por meio da falta de tolerância às
modificações de temperatura, com produção de hipotermia ou hipertermia, além da
diminuição da sensibilidade de receptores responsáveis pelo controle da pressão arterial,
receptores cutâneos e quimiorreceptores. Essa diminuição da condução dos estímulos é, em
parte, ocasionada por menor liberação dos neurotransmissores (OLIVEIRA; FURTADO,
1999).
24
É preciso considerar a diminuição da reserva funcional dos indivíduos idosos, que
somada aos anos de exposição a inúmeros fatores de risco, os tornam mais vulneráveis a
doenças. Eles são geralmente portadores de múltiplas enfermidades crônicas e incapacitantes
e, por isso, consumidores de grande parte dos recursos orçamentários destinados à saúde
(LOPES, 2002; PAPALÉO, 2002; KAWAS, 2003).
Assim, a capacidade funcional surge como novo paradigma relevante para o idoso. A
saúde, dentro dessa nova perspectiva, passa a ser resultado da interação das dimensões física,
mental, independência na vida diária, integração social, suporte familiar e independência
econômica, podendo, qualquer dessas funções, afetarem a capacidade funcional do idoso
(RAMOS, 2002; BRASIL, 2007).
Pesquisas atuais têm enfocado a memória, a atenção e os sistemas perceptivos, na
tentativa de compreender os diferentes transtornos observados na clínica geriátrica. Os
avanços neuroanatômicos e as medidas neuropsicológicas têm relacionado os sistemas
neuronais e as funções cognitivo-comportamentais. A plasticidade cognitiva e neuronal estão
presentes no curso de vida do adulto, havendo sua redução associada à idade (ABREU;
TAMAI, 2006).
Segundo Baltes e Baltes (1990), o envelhecimento deve ser interpretado, de forma
global, como associação entre ganhos e perdas, seguindo critério de otimização seletiva com
compensação, mostrando a existência de plasticidade na velhice. Em conformidade com este
referencial, Stern (2002) defende a idéia de que o indivíduo tem potencial cognitivo
modificável, referindo-se à reserva cognitiva ou à habilidade do indivíduo para aperfeiçoar ou
maximizar o seu desempenho através da ativação de mecanismos compensatórios.
O cérebro pode sofrer mudanças em sua organização apresentada como
neuroplasticidade, principalmente na localização de informações específicas, em decorrência
de vários fatores, dentre eles, a aprendizagem. A neurogênese refere-se à formação de novos
neurônios, o que parece ocorrer durante toda a vida. Não são todas as áreas do cérebro que são
beneficiadas com o nascimento de novas células, mas o hipocampo tem essa capacidade, que
é a região fundamental para a memória. A neuroplasticidade e a neurogênese contribuem para
que o organismo se adapte às mudanças. Dessa forma, a aprendizagem em qualquer momento
da vida contribui para essas duas funções (GUIMARÃES, 2007).
A percepção, como conhecimento de uma informação do ambiente ou meio, é a base
da cognição. Seu processamento é rápido e se dá pelos sentidos (visão, audição, tato, olfato e
propriocepção). As experiências individuais passadas têm grande influência sobre a
percepção. A cognição é a capacidade de adquirir e de usar informação com a finalidade de
25
adaptar-se às demandas do meio ambiente. As funções cognitivas podem ser distintamente
divididas em: atenção, orientação, memória, organização visuomotora, raciocínio, funções
executivas, planejamento e solução de problemas. A capacidade de adquirir uma informação
envolve habilidades para processar essa informação ou a capacidade para entender, organizar
e integrar as informações novas com experiências anteriores (LEZAK, 1995; VIEIRA, 2002;
ABREU; TAMAI, 2006).
Abreu e Tamai (2006) enfatizam ainda que a disfunção cognitiva (funcionamento
anormal ou prejudicado) pode afetar a capacidade funcional em todas as esferas da vida, seja
social, interpessoal, lazer, trabalho e atividades da vida diária. Neri (2006) reforça que o
declínio cognitivo é associado ao desconforto pessoal, perda da autonomia e aumento dos
custos sociais, apontando para a manutenção da cognição como indicador de qualidade de
vida na velhice e da longevidade.
Lopes e Bottino (2002) e Ventura e Bottino (2002) afirmam que o envelhecimento
acarreta declínio cognitivo normal que se pode apresentar desde a meia-idade, mas que é
comum depois dos 70 anos. O déficit ou diminuição de habilidades cognitivas em indivíduos
idosos, de acordo com La Rue (1992), exibe grande variabilidade individual no ritmo e
dimensão do seu declínio, especialmente em função de fatores não intrinsecamente
dependentes da idade cronológica.
É igualmente consensual a noção de que o envelhecimento cognitivo normal é
influenciado por processos de natureza genético-biológica e sócio-cultural. O primeiro
determina declínio funcional sensorial e diminuição na velocidade de processamento da
informação, ambos associados a alterações neurológicas típicas do envelhecimento. O
segundo determina desenvolvimento e manutenção das capacidades dependentes da
experiência, podendo ter ação compensatória em relação às perdas do envelhecimento
biológico (BALTES, 1993 apud NERI, 2006). Dessa forma, o processo de envelhecimento
compreende modificações e perdas evolutivas, sendo essas transformações pautadas
geneticamente para cada espécie. Seu ritmo, duração e efeitos comportam diferenças
individuais e grupais, relacionando-se com os eventos de natureza genético-biológico, sócio-
histórico e psicológico (NERI, 2001; SILVA, 2005).
Horn e Cattell (1966, apud NERI, 2006) propuseram o modelo bifatorial de
inteligência fluida e inteligência cristalizada, que fundamenta o raciocínio da maior parte das
pesquisas sobre o desenvolvimento intelectual ao longo da vida. A inteligência fluida reflete
as capacidades mentais primárias: raciocínio, memória, orientação espacial e velocidade
perceptual. Essas capacidades declinam com a idade, em função das mudanças neurológicas e
26
sensoriais típicas do envelhecimento, as quais afetam a velocidade do processamento da
informação. A inteligência cristalizada relaciona-se com experiências, dependendo da
influência da cultura e não diminui com a idade, a menos que ocorra declínio substancial nas
capacidades fluidas. Sua interação com capacidades e processos básicos aperfeiçoa
capacidades mentais, tais como, compreensão verbal, fluência verbal e raciocínio geral.
Nos últimos 50 anos, o estudo do envelhecimento cognitivo humano progrediu
expressivamente, sabendo-se hoje que certos déficits de memória fazem parte do
envelhecimento saudável (YASSUDA et al., 2006). Entretanto, a literatura sugere que no
envelhecimento saudável a capacidade de reserva cognitiva pode ser mobilizada e até mesmo
melhorada por meio do treinamento (BACKMAN, 1989; BALTES, 1990; DUNSLOSKY;
HERTZOG, 1998).
O envelhecimento normal, e inclusive o cognitivo, é um processo de mudanças que
comportam diferenças individuais, gerando uma etapa vital e pautada no reconhecimento de
que o transcurso do tempo produz efeitos no indivíduo, que entra numa fase diferente das
vividas anteriormente, possuindo, ainda, uma realidade própria e diferenciada, mas não menos
importante.
27
2.2 ANALFABETISMO NA VELHICE: UMA REALIDADE NO BRASIL
O analfabetismo no Brasil é realidade que acompanha o envelhecimento populacional.
O crescente número de idosos, especialmente de mulheres em contexto domiciliar, vem
seguido de aumento do nível de escolaridade em diversos Estados do Brasil. O homem idoso
continua sendo mais alfabetizado que a mulher idosa. O conceito de analfabetismo torna-se
relevante à medida que o analfabetismo funcional está presente entre os idosos com algum
nível de escolaridade (IBGE, 2000).
A população de idosos representa contingente de quase 15 milhões de pessoas com 60
anos ou mais de idade (8,6% da população brasileira), sendo que as mulheres constituem a
maioria. Cerca de 8,9 milhões (62,4%) dos idosos são responsáveis por domicílios e têm, em
média, 69 anos de idade, tendo estes em média 3,4 anos de estudo (IBGE, 2000).
Segundo dados do IBGE (1995; 1996), comentados por Garrido e Menezes (2002),
45,6% das mulheres idosas eram viúvas, enquanto 79,1% dos homens idosos eram casados.
Nesses anos, 37% dos idosos se declararam analfabetos, havendo entre esses um excesso de
mulheres e de moradores em áreas rurais. Em 1999, cerca de 65% dos idosos eram os
responsáveis pela família e mais de 1/3 ainda se encontrava no mercado de trabalho, e quase
12% viviam sozinhos, havendo proporção maior de mulheres que homens nessa situação.
Camarano (2004) confirma que foram observados avanços nos níveis educacionais da
população brasileira entre 1940 e 2000, aumentando a proporção de pessoas alfabetizadas,
bem como o número médio de anos de estudo. A proporção de idosos alfabetizados teve
aumento significativo entre as mulheres. Quanto aos homens, o aumento foi de 59% e, entre
as mulheres, de 146%. Em 1940, 74,2% da população idosa feminina eram analfabetas e, em
2000, essa fração caiu para aproximadamente 1/3. Apesar de os ganhos no período terem sido
mais significativos entre as mulheres, são os homens idosos que se encontram em melhores
condições de alfabetização, sendo essa proporção de 68,9%, enquanto entre as mulheres é de
63,45%.
Diante desse quadro, ainda reportando a Camarano (2004), há referência que com
relação ao gênero, os homens continuam sendo, proporcionalmente, mais alfabetizados do que
as mulheres, já que até os anos 60 tinham mais acesso à escola do que as mulheres. No caso
dos idosos responsáveis pelo domicílio, os índices também melhoraram no período de 1991 a
28
2000, com aumentos significativos tanto na proporção de alfabetizados como no nível de
escolaridade.
Na última década houve aumento significativo no percentual de idosos alfabetizados
no país. Em 1991, 55,8% dos idosos declararam saber ler e escrever pelo menos um bilhete
simples, enquanto em 2000 esse percentual passou para 64,8%, o que representa um
crescimento de 16,1% no período. Os dados fazem parte do Perfil dos Idosos Responsáveis
pelos Domicílios no Brasil, do IBGE (2000), mostrando que, apesar dos avanços, ainda
existem 5,1 milhões de idosos analfabetos no Brasil.
Os anos de escolaridade estão diretamente relacionados ao conceito de analfabetismo.
Existem basicamente três definições de analfabetismo em uso no Brasil, comentados por
Amorim (2007): o da UNESCO, do IBGE e do INAF. Segundo definição da United Nations
Educational Scientific and Cultura Organization (UNESCO), é analfabeta a pessoa incapaz
de ler e escrever e analfabeta funcional aquela que é incapaz de utilizar suas habilidades de
leitura e de escrita nas necessidades práticas diárias de seu contexto social. Para o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são analfabetas funcionais as pessoas com
menos de quatro anos de educação formal. Com base em seu levantamento, e considerando
que quatro anos de escolaridade não assegura o alfabetismo funcional, o Indicador Nacional
de Alfabetismo Funcional (INAF) classificou os sujeitos em quatro níveis quanto ao grau de
alfabetização: analfabeto, aquele que não consegue realizar tarefas simples que envolvem
decodificação de palavras e frases; alfabetizado nível rudimentar, o que consegue ler títulos
ou frases, localizando uma informação bem explícita; alfabetizado nível básico, o que
consegue ler um texto curto, localizando uma informação explícita ou que exija uma pequena
inferência; e o alfabetizado nível pleno, aquele que consegue ler textos mais longos, localizar
e relacionar mais de uma informação, comparar vários textos e identificar fontes.
Percebe-se que as definições de analfabetismo atualmente vigentes atendem a
propósitos essencialmente sócio-econômicos, não levando em conta a grande heterogeneidade
de perfis de desempenho cognitivo evidenciada por estudos com populações analfabetas
(AMORIM, 2007).
Quanto ao número de anos de estudo dos idosos responsáveis pelo domicílio, o Censo
do IBGE (2000) revelou ainda média muito baixa, apenas de 3,4 anos (3,5 anos para os
homens e 3,1 anos para as mulheres). Comparando-se com o ano de 1991, houve aumento
nessa média em ambos os gêneros, mas o crescimento relativo nas mulheres foi maior do que
nos homens, sendo de 29,2% e de 25,0%, respectivamente. Niterói, no Rio de Janeiro, e
Águas de São Pedro, em São Paulo, têm a maior média de anos de estudo em idosos no país,
29
sendo de 8,2 e 7,3 anos, respectivamente, enquanto Novo Santo Antônio e Barra D´Alcântara,
ambos no Piauí, têm a menor média, com 0,2 anos.
Entre os estados brasileiros, a média de anos de estudos dos idosos responsáveis por
domicílios é bastante diferenciada: varia de 6,0 anos no Distrito Federal a 1,5 anos no
Maranhão. Já em algumas capitais, essa média é muito superior. Em Florianópolis, por
exemplo, os idosos responsáveis pelos domicílios têm, em média, 7,2 anos de estudo,
enquanto em Rio Branco essa média é de 2,7. Dado curioso é que nas Unidades da Federação
do Nordeste e do Norte, nas quais a população rural tem maior expressão, a média de anos de
estudo nas capitais é bastante superior. No estado do Maranhão, a escolaridade média dos
idosos é bastante inferior à média encontrada na capital São Luís, sendo de 1,5 e 4,7 anos,
respectivamente (IBGE, 2000).
Segundo o IBGE (2000), quanto ao analfabetismo funcional, 59,4% dos idosos
responsáveis pelo domicílio tinham, no máximo, 3 anos de estudo, resultado este influenciado
pela alta proporção de responsáveis com 75 anos ou mais de idade, sendo analfabetos ou
analfabetos funcionais. Destes, 67,4% foram considerados analfabetos funcionais, sendo que
53,3% dos idosos no grupo de 60 a 64 anos tinham até 3 anos de estudos, Ainda assim, houve
significativa melhora no período intercensitário, provavelmente resultado dos programas
federais de alfabetização de adultos implementados nas últimas duas décadas.
Entre os estados brasileiros, o Maranhão lidera com a maior proporção de analfabetos
funcionais (82,7%), enquanto o Rio de Janeiro tem a menor proporção (38,1%). Nos
municípios próximos das capitais verifica-se a mesma tendência das Unidades da Federação,
ou seja, nas áreas geográficas mais desenvolvidas os níveis educacionais dos idosos são
melhores. Apesar dos avanços, a proporção de idosos com escolaridade mais alta ainda é
pequena. Em 1991, 2,4% dos idosos tinham de 5 a 7 anos de estudo, enquanto em 2000, essa
proporção passou para 4,2%. Para aqueles que concluíram pelo menos o ensino médio, a
proporção passou de 7,5% para 10,5%, com aumento de 40% (IBGE, 2000).
A situação de analfabetismo pode, por si só, ser considerada fator limitante para a
sobrevivência e para a qualidade de vida. As diferenças no nível de alfabetização entre os
gêneros refletem a organização social do começo do século, que bloqueou o acesso à escola
aos mais pobres e às mulheres. O amplo acesso aos meios de alfabetização, além da questão
de cidadania, poderia propiciar maior receptividade, por parte desses idosos, aos programas de
educação em saúde e, também, proteção contra as disfunções cognitivas que os afetam com
frequência (VERAS, 1994; TELAROLLI, 1996; FELICIANO et al., 2004).
30
2.3 TRANSTORNO COGNITIVO LEVE
O envelhecimento da população é fenômeno mundial que tem efeito direto nos
sistemas de saúde pública. Uma das principais consequências do crescimento deste segmento
é o aumento da prevalência das demências, especialmente da Doença de Alzheimer
(HAMDAN; BUENO, 2005).
Canineu e Bastos (2002) referem que privilegiar o envelhecimento bem-sucedido
requer também avaliar e antecipar os fatores de risco para o declínio cognitivo, bem como
diagnosticar precocemente desvios que possam resultar em patologias na velhice. Inteligência
produtiva, hábitos bem organizados de trabalho e modo de vida sadio minimizam as
deficiências progressivas do envelhecimento.
É comum o aparecimento de queixas relacionadas às alterações da memória, podendo
ser causadas por múltiplas situações como: estresse, ansiedade, depressão ou até demências.
Geralmente, pessoas acima de 60 anos têm dificuldades com a memória e outras habilidades
cognitivas (VENTURA; BOTTINO, 2002).
Ávila e Bottino (2006) afirmam que, com o envelhecimento frequentemente ocorrem
alterações em diferentes áreas da cognição, dependentes dos processos fisiológicos que se
alteram com a idade. O declínio cognitivo tem início e progressão variáveis, relacionando-se
aos fatores educacionais, de saúde, bem como ao nível intelectual global e a capacidades
mentais específicas do indivíduo.
Nos aspectos conceituais e na tentativa de apresentar atualização sobre o Declínio da
Capacidade Cognitiva (DCC), Charchat-Fichman (2005) apontou para o fato de que, ao longo
das últimas décadas têm sido formuladas diferentes definições para caracterizar o DCC
durante o envelhecimento. As primeiras definições propostas objetivavam caracterizar o DCC
dentro dos limites de processo fisiológico desta fase. Posteriormente, surgiram outros
sistemas de classificação diagnóstica, como o Transtorno Cognitivo Leve (TCL) para
identificar indivíduos com maior risco de desenvolver formas específicas de demência.
A importância do conceito subjacente ao termo TCL pôde ser avaliada por meio de
estudos nos quais foi observada incidência aumentada de demência após o diagnóstico de
TCL (RUBIN et al., 1989; FLICKER et al., 1991; MASUR et al., 1994).
O TCL é definido como o estado transitório entre o envelhecimento normal e a
demência, refletindo situação clínica na qual a pessoa apresenta queixas de memória e
evidências de alterações cognitivas que resultam em dificuldade para recordar nomes, número
31
de telefones e objetos guardados, porém não satisfazendo os critérios para possível ou
provável Doença de Alzheimer (ZAINAGHI, 2006).
Segundo Gomes e Koszuoski (2005), para ser caracterizado como TCL o indivíduo
deve preencher os seguintes critérios: ter queixa de memória confirmada por informante ou
familiar, ter funções cognitivas gerais preservadas e manter as atividades de vida diária. O
diagnóstico de TCL é tarefa complexa e ainda não bem sistematizada na população de idosos.
Os quadros leves são frequentes, passando muitas vezes despercebidos, havendo necessidade
de distinguir entre manifestações iniciais da doença e modificações associadas com o
processo normal do envelhecimento (ENGELHARDT et al., 1998).
Para Petersen et al. (2001), uma das dificuldades no diagnóstico de TCL reside na
constatação de que nem todas as pessoas identificadas irão desenvolver demência. Alguns
desses indivíduos irão ter deterioração cognitiva progressiva, até a provável ou possível
Doença de Alzheimer, enquanto outros permanecerão estáveis.
As alterações cognitivas podem comprometer o bem-estar bio-psico-social do
indivíduo idoso, impedindo a continuidade de sua vida social de forma participativa, assim
como as interações com os familiares em particular e com a sociedade em geral. A
Associação Americana de Psicologia e a Academia Americana de Neurologia recomendaram
que pessoas com TCL devem ser identificadas e monitoradas quanto à progressão para
desenvolver Doença de Alzheimer (HAMDAN; BUENO, 2005).
Os indivíduos identificados com TCL poderão ser beneficiados por tratamentos em
estágio anterior à manifestação plena da demência. Para isso, se faz necessário a escolha de
instrumentos de sensibilidade comprovada, auxiliados por longos períodos de observação
clínica, uma vez que os padrões de declínio cognitivo podem variar entre os indivíduos e,
também, por relatos do próprio paciente e de informantes (PETERSEN et al., 2001).
32
2.4 FUNCIONAMENTO DA MEMÓRIA NO IDOSO
A memória desperta o interesse e a imaginação do homem desde a antiguidade.
Contudo, os primeiros estudos científicos sobre o tema foram realizados há pouco mais de um
século (DALMAZ; ALEXANDRE NETTO, 2004). Filósofos têm especulado sobre a
memória por mais de 2000 anos, desde que Sócrates propôs que os seres humanos tinham
conhecimento inato sobre o mundo (ÁVILA, 2003).
Hoje, com os avanços das ciências biomédicas, se adquire razoável conhecimento
acerca dos mecanismos da formação da memória (SOUZA, 1996). Essa incrível habilidade do
homem em adquirir, reter e usar informações ou conhecimentos sobre si e o mundo, faz com
que a memória seja uma das mais importantes funções cognitivas (TOMAZ, 1993).
Segundo Ferrari (1997) e Yassuda e Canineu (2005), o envelhecimento traz mudanças
cognitivas, sendo mais frequentes dificuldades com o aprendizado e a memória. Nesse
período da vida, há um declínio maior para novos aprendizados e resolução de problemas.
Também com o avançar da idade, há diminuição da habilidade de memorização, recordação,
de adquirir e reter novos conhecimentos e informações.
A memória é a base para o desenvolvimento da linguagem, do reconhecimento das
pessoas e dos objetos vistos todos os dias, para que o homem saiba quem é e tenha
consciência da continuidade da própria vida. Sem a memória, a cada dia, ou mesmo a cada
momento, estaríamos começando uma nova etapa, sem podermos nos valer do que
aprendemos anteriormente (YASSUDA, 2002).
Salthouse (1991) e Xavier (1993) concordam que a memória não corresponde a um
único sistema, mas é composta por sistemas em interação, formados por três etapas (ou fases)
do processamento da informação, diferenciando-se entre si somente em sua nomenclatura.
São elas: codificação (ou registro da informação), retenção (ou armazenagem) e recuperação
(ou resgate). Elas estão presentes em todos os sistemas de memória, estreitamente ligadas e
com influências mútuas. Com a idade avançada, o processo de codificação das informações
torna-se mais lento e dispendioso.
Codificação trata-se da condução de informação ao cérebro, ou seja, de colocá-la na
memória. Esta etapa depende da percepção dos cinco sentidos (audição, tato, paladar, olfato e
visão) e da atenção, que por sua vez é considerada mecanismo de filtragem limitador da
quantidade de dados adquiridos ou armazenados na memória. Cabe ressaltar que os fatores
33
como fadiga, ansiedade e preocupação podem interferir neste processo (ATKINSON et al.,
1995; LASCA 2003).
Armazenagem consiste na conservação do conhecimento, mantendo a informação na
memória. Esta etapa é reforçada pela repetição ou pela associação.
Resgate refere-se ao acesso à informação armazenada, tendo função de relembrar os
dados arquivados e podendo sofrer interferência de ações ocorridas entre o momento da
entrada de informação e o da recordação, que por sua vez, poderá ser influenciada por fatores
internos como humor, motivação, necessidade e interesse, bem como externos, como local,
ambiente e pessoas presentes (COLOM, R; FLORES MENDOZA, 2001).
No século XX surgiram modelos teóricos importantes sobre a memória. Entretanto, o
mais influente é o estilo do processamento por níveis, proposto por Atkinson-Shiffrin (1968),
no qual o modelo estrutural sugere a existência de três sistemas de armazenamento de
informações: Memória Sensorial, Memória de Curto Prazo e Memória de Longo Prazo.
Sternberg (2000) relata que estes modelos são hipotéticos e não estruturas fisiológicas
reais, servindo somente como modelo mental para compreender o funcionamento da
memória. Diversos autores, dentre eles Ferrari (1997) e Bueno e Oliveira (2004), adotaram a
estrutura de processamento em série, no qual a diferença entre os tipos encontra-se nas regiões
encefálicas, no tempo de armazenamento e duração de cada processo após a aquisição da
informação. Portanto, a memória não envolve sistema único, mas combinação complexa de
subsistemas.
Memória Sensorial é o primeiro sistema responsável pelo processo inicial da
informação advinda dos sentidos e sua codificação, retendo temporariamente as informações.
Memória de Curto Prazo é o segundo processo, denominada também de memória para fatos
recentes, recebendo as informações já codificadas pelo mecanismo anterior e permanecendo
por alguns segundos ou minutos para que estas sejam utilizadas, descartadas ou mesmo
organizadas. E por último, Memória de Longo Prazo possui tempo e capacidade de
armazenamento ilimitada, consistindo em trazer informações retrógradas e pessoais (LÉGER
et al., 1989; STOPPE JUNIOR, A; LOUZÃ NETO, 1999).
Memória Sensorial corresponde ao registro inicial que fazemos da enorme quantidade
de informações capitadas por nossos sentidos. Esse registro pode ser visual, auditivo, tátil,
olfativo, gustativo e proprioceptivo. Como sua duração de armazenamento é curta, em torno
de um a cinco segundos, a informação precisa receber atenção ou interpretação a ser
transferida do armazenamento sensorial para a Memória de Curto Prazo sob a forma de
imagens, palavras ou números, ou será esquecida (BADDELEY, 1992; PINTO, 2003).
34
Memória de Curto Prazo tem capacidade limitada, sendo que seu tamanho é
determinado pela quantidade de itens que ela armazena durante o período de quinze segundos
a seis horas. É descrita como o centro da consciência humana, pois abriga os pensamentos e
as informações, que depois poderão ser ou não ser armazenados numa memória mais estável
ou permanente (Memória de Longo Prazo). O esquecimento recorrente dos fatos, nesse
período, explica-se devido à duração de tempo ser curta ou então, a atenção ter sido pouca,
visto esta ser primordial para maior retenção desses conhecimentos (STUART-HAMILTON,
2002; IZQUIERDO; BEVILAQUA; CAMMAROTA, 2006).
Segundo Neri (2001), a Memória de Curto Prazo é ainda subdividida em Memória
Primária e Memória Operacional, sendo em ambas as informações armazenadas por
aproximadamente vinte segundos. A diferença entre elas está na maneira como o material é
processado. A Memória Primária tem capacidade de manutenção de poucos itens e contém as
informações recebidas que serão usadas imediatamente, como, por exemplo, reter um número
de telefone que será usado a seguir. Essa memória tem capacidade limitada, mas pode ser
alargada no tempo e durar alguns minutos, sendo que essa extensão recebe o nome de
Memória Operacional (DER LINDER et al., 1998; DAMASCENO, 1999).
Memória Operacional trata-se do arquivamento temporário da informação para o
desempenho de diversidade de tarefas cognitivas essenciais, como aprendizagem, raciocínio e
compreensão. Dessa forma, um objeto ou uma informação pode ser representada pela
Memória Primária e posteriormente sustentada pela Memória Operacional (BADDELEY,
2000). Porém, Engle et al. (1999) reforçaram que, como sua duração é curta, será descartada
ou transformada em Memória de Longo Prazo, caso haja cargas afetivas ou múltiplas
repetições e associações que ajudem a fixar. Memória Operacional é afetada pelo
envelhecimento natural, sendo que a velocidade de processamento diminui com a idade (DER
LINDER et al., 1994; HERTZOG et al., 2003).
Memória de Longo Prazo é a capacidade que se tem de manter informações graváveis
por longos períodos de tempo. Essa memória tem como função três categorias de
informações: armazenamento, recuperação e esquecimento, que necessitam da seletividade e
priorização dos dados, ou seja, do mecanismo da atenção. Esse tipo de memória tem se
mostrado bastante estável e menos atingida na velhice (HELENE; XAVIER, 2003).
O armazenamento da Memória de Longo Prazo afeta o indivíduo em suas percepções
perante o mundo e o influencia na tomada de decisões. A recuperação, como readquirir
informação depois de décadas, assim como os limites da sua capacidade são desconhecidos. O
esquecimento é, portanto, um processo fisiológico importante que ocorre continuamente,
35
filtrando aspectos irrelevantes ou estocando-os de modo que fiquem acessíveis em sua forma
original (HAMDAN, 2003).
Estudos de dissociação envolvendo pacientes neurológicos levaram Squire e Zola -
Morgan (1991) e Squire (1992) a proporem distinção de sistemas de memória, segundo o
conteúdo a ser processado, diferenciando em Memória Implícita (não – declarativa) e
Memória Explícita (declarativa), ambas consideradas como subdivisões da Memória de
Longa Duração. Memória Implícita é revelada quando a experiência prévia facilita o
desempenho numa tarefa que não requer a evocação consciente ou intencional daquela
experiência. Esse tipo de conhecimento inclui habilidades perceptuais motoras, cognitivas e
hábitos (como andar de bicicleta, nadar e digitar) (SCHACTER, 1987).
Memória Explícita refere-se às informações que podem ser trazidas a consciência por
meio de recordações verbais ou imagens visuais. Ocorre quando a evocação é reconhecida e o
indivíduo tem acesso consciente ao conteúdo da informação, como a memória para fatos,
imagens, a lembrança de experiência passada ou a recordação do próprio nome (SCHACTER,
1987).
De acordo com Douglas e Spencer (2006), emoção, humor e motivação podem
influenciar o quê e o quanto é lembrado. Cabe ressaltar que a Memória Explícita é mais
sensível aos efeitos do envelhecimento do que a memorização realizada inconscientemente,
ou seja, memória implícita (YASSUDA, 2005).
Acredita-se que há dois subsistemas na Memória Explícita: Memória Episódica
(memória autobiográfica) e a Memória Semântica. Memória Episódica é composta de
lembranças que o sujeito possui acerca de si próprio e de sua vida, sendo responsável pelo
armazenamento e recuperação de informações pessoais, a exemplo: recordações de
experiências íntimas e eventos associados há um tempo e/ou lugar em particular, como
lembranças da própria formatura, de um filme ou de um rosto (EICH et al., 1994;
GAZZANIGA et al., 2002).
Memória Semântica é uma das modalidades mnésicas que aparentam ser mais
resistentes aos efeitos do envelhecimento biológico. Ela registra informações verbais, como
nomes de pessoas ou lugares, descrições de acontecimentos, conhecimentos gerais e de
linguagem como vocabulários, significados e normas semânticas e sintáticas ou de idiomas
(GREEN, 2000; BRUCKI, 2004).
O cérebro é estrutura em permanente construção, assim como as memórias do
indivíduo, compreendida como conjunto de habilidades que possuem funcionamento
36
cooperativo de diferentes modos do sistema nervoso central, porém sendo independentes,
proporcionando sensação de memória única (XAVIER, 1996; NERI; YASSUDA, 2004).
De modo geral, as pesquisas demonstram que o envelhecimento da memória
compreende declínio e estabilidade. Alguns subsistemas, como Memória Semântica e
Memória Implícita, apresentam-se estáveis até idades mais avançadas, enquanto outros, como
a Memória Operacional e a Memória Episódica, são afetados mais precocemente e
intensamente pelo envelhecimento cerebral. Alguns indivíduos apresentam declínio cognitivo
expressivo, enquanto outros podem apresentar declínios insignificantes (CARVALHO, 2006).
37
2.5 ESTIMULAÇÃO COGNITIVA E SUA REPERCUSSÃO NA VELHICE
É notório que durante o processo de envelhecimento normal, algumas capacidades
cognitivas diminuem naturalmente com a idade. O termo cognição apresenta diferentes
variações conforme caracterização de diversos autores. Abreu e Tamai (2006) referem a
cognição como capacidade de adquirir e de usar informações com a finalidade de adaptar-se
às demandas do meio ambiente. As funções cognitivas podem ser distintamente divididas em:
atenção, orientação, memória, organização visuo-motora, raciocínio, funções executivas,
planejamento e solução de problemas. A capacidade de adquirir uma informação envolve
habilidades para processar essa informação ou a capacidade para entender, organizar e
integrar as informações novas com experiências anteriores.
Bem elucidada por Yassuda (2006), a funcionalidade cognitiva de idosos está
relacionada à sua saúde e à sua qualidade de vida, bem como, é fator primordial no
envelhecimento ativo e longevidade. O bom funcionamento cognitivo é importante para
autonomia e para capacidade de autocuidado dos idosos, influenciando as decisões a respeito
da possibilidade do idoso continuar a viver com segurança e independência (OMS, 2005).
A cognição é, portanto, mais do que simplesmente aquisição de conhecimentos e,
consequentemente, melhor adaptação ao meio; é, também, mecanismo de conversão do que é
captado para o nosso modo de ser interno. É o processo pelo qual o ser humano interage com
os seus semelhantes e com o meio em que vive, sem perder sua identidade (LEZAK, 1995).
Para Vieira (2002), cognição é o termo empregado para descrever toda a esfera do
funcionamento mental. Esse domínio implica habilidades de sentir, pensar, perceber, lembrar,
raciocinar, formar estruturas complexas de pensamento e capacidade de produzir respostas às
solicitações e estímulos externos.
Santiago (2007) destacou que há forte influência da escolaridade (analfabetismo) no
desempenho cognitivo. A educação pode contribuir na aquisição da reserva cognitiva,
havendo sugestão de que exposição à estimulação cognitiva mais intensa e complexa pode
estar associada com maiores conexões sináptica (ABISQUETA-GOMES, 1999).
Segundo Dunlosky (1998), há declínio nas funções cognitivas, como memória,
atenção e funções executivas, mesmo em idosos não acometidos por doenças. Entretanto, para
a Organização Mundial de Saúde (2005), muitas vezes o declínio cognitivo é ocasionado por
desuso, doenças, fatores comportamentais, psicológicos e sociais, mais do que por
envelhecimento em si, podendo essas perdas ser compensadas por ganhos em sabedoria, em
38
conhecimento e em experiência. Estudos mostram que, no envelhecimento saudável, existe a
possibilidade de compensação de declínios cognitivos (BALTES; BALTES, 1990;
DUNLOSKY; HERTZOG, 1998).
Yassuda et al. (2006) mencionaram que os programas de treino cognitivo diferem em
relação à duração, às estratégias e à metodologia empregada, encontrando-se na literatura
grande diversidade em relação aos seus efeitos, à sua generalização para as tarefas não
treinadas e à manutenção dos resultados a longo prazo. Em conformidade com estes dados,
Carvalho (2006) referiu que o treino da memória no envelhecimento saudável e suas
implicações para o bem-estar do idoso constituem tema praticamente inexplorado dentro da
perspectiva científica no Brasil. Como sugere a literatura, o treino de memória pode promover
mudanças no funcionamento cognitivo em idosos e colaborar para manter sua funcionalidade
e independência (SOUZA e CHAVES, 2005; ALMEIDA, 2007).
As intervenções cognitivas são compostas por diferentes tipos de programas de treino,
que apresentam efeitos variáveis e amplos no funcionamento cognitivo de idosos, mesmo em
idades avançadas (NERI, 2006).
Acevedo (2007) reforçou que esses treinos têm como objetivo maximizar as funções
cognitivas e prevenir futuros declínios cognitivos. O engajamento em atividades de
estimulação cognitiva e em estilo de vida ativa socialmente tem efeito positivo na cognição e
na possibilidade de prevenir declínios cognitivos e demência na velhice.
As oficinas de estimulação da cognição para idosos são importantes. Segundo
Zimerman (2000), estimular consiste em instigar, ativar, animar e encorajar. Estimulação é
um dos melhores meios para minimizar os efeitos negativos do envelhecimento, levando os
indivíduos idosos a viver com melhor qualidade de vida. Os jogos e as brincadeiras permitem
criar meios de manter a mente, as emoções, a comunicação e os relacionamentos em
atividade.
Yassuda et al. (2006), com o objetivo de verificar os efeitos de programa de treino de
memória episódica em 69 idosos saudáveis após quatro sessões, encontraram efeitos modestos
desse treino. No pós-teste, os idosos do grupo experimental apresentaram melhor desempenho
na recordação de texto e maior uso de estratégias de memória.
Souza e Chaves (2005), analisando o efeito da estimulação da memória sobre o
desempenho no Mini Exame do Estado Mental (MEEM) em 46 idosos saudáveis brasileiros,
em treino de memória de oito sessões, observaram que a maioria dos participantes apresentou
aumento significativo nos escores do MEEM após os treinos. Outros estudos também
realizados no Brasil por Lasca (2003) e Carvalho (2006), encontraram melhora no
39
desempenho dos idosos em tarefas de memória. Carvalho (2006) mostrou que o treino
promoveu melhora na memória episódica e maior uso da estratégia treinada, indicando que
idosos não acometidos por doenças podem-se beneficiar desse tipo de intervenção. O estudo
de Lasca (2003) objetivava avaliar os efeitos de um programa de treino de memória que
consistia em instruções sobre como categorizar duas listas de supermercado. Os participantes
foram avaliados no pré e pós-teste, sendo esse realizado sete dias após o pré-teste.
Evidenciaram que o treino promoveu modesta melhoria nas habilidades de memória, embora
sem diferença estatisticamente significativa.
Irigaray (2009), objetivando verificar os efeitos de programa de treino de atenção,
memória e funções executivas na qualidade de vida e no bem-estar psicológico de idosos,
encontrou diferenças significativas entre os grupos no pré e pós-teste, em relação ao
funcionamento cognitivo, à qualidade de vida e ao bem-estar psicológico. O grupo
experimental recebeu doze sessões de treino, envolvendo informações sobre atenção,
memória, funções executivas, envelhecimento, instrução e prática de exercícios. Após o
treino, os idosos apresentaram melhor desempenho cognitivo, melhor percepção da qualidade
de vida e maiores índices de bem-estar psicológico. O autor concluiu que intervenções
cognitivas podem contribuir para a melhora da qualidade de vida e do bem-estar psicológico
de idosos.
O estímulo para um bom funcionamento mental, físico e social configura-se como
princípio para a promoção da saúde de idosos. As oficinas para treinamento de memória são
estratégias importantes, uma vez que queixas de memória são frequentes neste grupo etário.
Atividades mentais funcionam como fator de proteção no declínio cognitivo e algumas
estratégias de memorização têm-se mostrado eficazes para melhorar a memória (ALMEIDA,
2007).
Frente a isso, postula-se a aplicação do exercício da memória através de sua
estimulação/motivação, como método terapêutico na recuperação e/ou manutenção da função
neural associada à cognição (SOUZA; CHAVES, 2005).
Segundo Freire (2000), a velhice não implica necessariamente em doença e em
afastamento, possuindo o idoso potencial para mudanças e reservas inexploradas. Quanto
mais os idosos forem atuantes e estiverem integrados em seu meio social, menos ônus trarão à
família e aos serviços de saúde. De maneira geral, os idosos têm importantes reservas para seu
desenvolvimento, que podem ser ativadas por aprendizagem, exercícios ou treinamento. Em
boas condições médicas e ambientais, muitos idosos continuam a ter potencial para
desempenho em altos níveis e para adquirir conhecimentos teóricos e práticos.
40
2.6 TESTES DE AVALIAÇÃO COGNITIVA
Ao longo da vida mudanças ocorrem no cérebro, exercendo papel importante na
cognição do idoso, frequentemente alterando sua funcionalidade. A avaliação
neuropsicológica tem fornecido uma expressiva contribuição, sendo utilizada como auxílio na
identificação de padrões de envelhecimento cognitivo normal e patológico (YASSUDA,
2006; SANTIAGO, 2007).
Segundo Brasil (2007), o grupo dos mais idosos, muito idosos ou idosos em velhice
avançada (idade igual ou superior a 80 anos) vem aumentando de forma acelerada,
constituindo o seguimento populacional que mais cresce nos últimos tempos. É neste contexto
que a denominada avaliação funcional torna-se essencial para estabelecimento de diagnóstico,
prognóstico e julgamento clínico adequados sobre os tratamentos e cuidados necessários as
pessoas idosas.
Avaliação funcional busca verificar em que nível as doenças e agravos impedem o
desempenho das atividades de vida diária (AVDs) das pessoas idosas, permitindo o
desenvolvimento de planejamento assistencial adequado. Portanto, capacidade funcional,
independência e autonomia da pessoa idosa surgem como novo paradigma de saúde, proposto
pela Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (BRASIL, 2007).
De acordo com Lourenço e Veras (2006), as avaliações geriátricas associadas às
informações obtidas na história clínica e no exame físico tradicionais juntamente com aquelas
produzidas por conjunto de instrumentos específicos, permitem detectar incapacidades,
planejar cuidados prolongados, avaliar gravidade da doença e progresso do paciente. Entre os
instrumentos de avaliação destacam-se aqueles que ajuízam o idoso do ponto de vista
cognitivo, sendo usados tanto em ambientes especializados quanto em outros ambientes de
atenção à saúde do idoso.
A maioria dos instrumentos de avaliação cognitiva disponíveis atualmente foi
desenvolvida e validada em populações com nível escolar médio e alto. Sua utilização em
sujeitos analfabetos ou de baixa escolaridade chamou atenção para a necessidade de se fazer
ajustes que permitissem interpretação correta dos seus resultados. No entanto, o processo de
adaptação desses testes para estas populações pode interferir com sua confiabilidade e
validade (NITRINI et al., 2005a; AMORIM, 2007). Apesar desse fato ser conhecido e aceito,
não se dispõe atualmente de testes desenvolvidos especificamente para analfabetos.
41
A partir desse quadro, Santiago (2007) estudou em idosos saudáveis, a contribuição
das variáveis de idade, escolaridade e gênero no desempenho cognitivo por meio do MEEM
(FOLSTEIN et al., 1975) e da Bateria Neuropsicológica Abreviada (NEUROPSI). Este último
instrumento foi traduzido e adaptado no Brasil por Abrisqueta-Gomes (1999), permitindo
fazer diagnóstico inicial ou preditivo das alterações cognitivas em populações com diferentes
graus de escolaridade, incluindo analfabetos. O autor observou que não foram encontradas
diferenças significativas nos resultados de ambos os testes, no que se refere à variável idade,
mas houve diminuição da pontuação com o aumento da idade (idosos 80 anos ou mais). A
variável escolaridade apresentou diferenças significativas, sendo que o grupo de analfabetos
apresentou pontuação baixa comparando-se com os demais grupos.
Amorim (2007) relatou que estudos utilizando neuroimagem estrutural e funcional
sugerem que a alfabetização modifica a arquitetura cerebral da cognição e, que indivíduos
alfabetizados ativam número maior de áreas corticais do que os analfabetos durante a
realização de algumas tarefas padronizadas. Dentro desse contexto, esse autor sugeriu que o
desenvolvimento e a validação de bateria de testes neuropsicológicos para avaliação cognitiva
nessa população podem contribuir para melhor compreensão da arquitetura cerebral da
cognição, uma vez que as funções cognitivas podem ser avaliadas sem a necessidade de se
recorrer às habilidades associadas ao uso da linguagem escrita e à educação formal.
Nos serviços de atenção à saúde da pessoa idosa, segundo Brasil (2007), vários são os
instrumentos existentes que colaboram com a avaliação ampla do idoso. Dentre os
instrumentos de avaliação funcional usualmente utilizados destaca-se a Escala de Katz
(KATZ et al., 1963), planejada para medir a habilidade da pessoa em desempenhar suas
Atividades de Vida Diárias (AVDs) de forma independente. Outro instrumento utilizado é a
escala de Lawton e Brody (1969), que avalia as Atividades Instrumentais de Vida Diária
(AVDIs), considerada mais complexa e relacionada à capacidade de vida comunitária.
Quanto à avaliação cognitiva, Brasil (2007), sugeriu na primeira avaliação a realização
de teste rápido que consiste em solicitar à pessoa idosa que repita o nome de três objetos e,
após três minutos, os repita novamente, observando-se, assim, a necessidade de apreciação
mais profunda. Então é utilizado o MEEM. Como complementação, pode-se utilizar o Teste
do Desenho do Relógio (PAGANINI-HILL et al., 2001), o Teste de Fluência Verbal por
Categoria Semântica de Isaacs e Kennie (1973) e o Questionário Pfeffer de Avaliação
Funcional (QPAF) (PFEFFER et al, 1982).
Serão abordados a seguir os instrumentos de avaliação cognitiva usados
frequentemente em pesquisas na área da cognição, bem como na prática de Unidades Básicas
42
de Saúde e especialidades a nível nacional, desenvolvidos por equipes multiprofissionais de
saúde que atendem à população idosa.
2.6.1 Miniexame do Estado Mental
O MEEM (FOLSTEIN et al,1975) é um dos instrumentos mais empregado e estudado
em todo mundo na avaliação do estado cognitivo. É usado isoladamente ou incorporado a
instrumentos mais amplos, permitindo rastrear a presença ou não de comprometimento
cognitivo, avaliando a função cognitiva e rastreando quadros demenciais (ALMEIDA, 1998;
LAKS, 2003). Como instrumento clínico, pode ser utilizado na detecção de perdas cognitivas,
no seguimento evolutivo de doenças e no monitoramento de resposta ao tratamento
ministrado. Já como instrumento de pesquisa, tem sido largamente empregado em estudos
epidemiológicos populacionais, fazendo parte integrante de várias baterias neuropsicológicas
(BRUCKI et al., 2003).
No Brasil, devido às heterogeneidades educacionais e culturais da população, este
instrumento faz parte das condutas para diagnóstico da Doença de Alzheimer, publicada em
consenso elaborado por Nitrini et al. (2005a). Foi validado no Brasil por Bertolucci et al.
(1994), os quais observaram que o escore total do MEEM dependia do nível educacional.
Propuseram, assim, a utilização de pontos de corte de acordo com a escolaridade para o
diagnóstico genérico de declínio cognitivo. Os pontos de corte sugeridos foram: 13 para
analfabetos, 18 para escolaridade menor que oito anos e 26 para escolaridade de oito anos ou
mais.
O MEEM é composto pelos seguintes subitens: orientação, memória imediata, atenção
e cálculo, evocação e linguagem. É composto de 30 questões categóricas Escores muito
baixos no MEEM associados aos outros testes de função cognitiva sugerem encaminhamento
para avaliação neuropsicológica específica (BRUCKI, 2003; BRASIL, 2007).
43
2.6.2 Teste de Memória de Lista de Palavras
Criado por Atkinson e Shiffrin (1971) e nesse teste a memória verbal de longo prazo é
testada com listas de palavras apresentadas uma a uma, para repetição imediata e evolução
tardia. São apresentadas, separadamente, dez palavras não relacionadas, para serem lidas em
voz alta pelo examinando (ou examinador, caso a leitura esteja prejudicada), ao ritmo de uma
palavra a cada dois segundos. Ao término da leitura é solicitado ao indivíduo que evoque o
maior número possível de palavras, no tempo máximo de noventa segundos. O comando é
repetido por mais duas vezes, com as palavras em ordem diferente. A pontuação é obtida com
a soma das palavras evocadas nas três tentativas, com escore máximo de trinta pontos
(VIEIRA; KOENIG, 2002). Em pessoas normais, é esperada uma melhora nas tentativas
sucessivas. É importante sempre apresentar um fator de distração (material não verbal) e, para
seleção das palavras, devem ser evitadas associações semânticas ou fonêmicas (MACHADO,
2006).
2.6.3 Teste de Memória de Figuras
A memória verbal pode também ser testada alternativamente por meio de Testes de
Memória de Figuras, nos quais estas devem ser reconhecidas entre série de outras figuras
distratoras. Um dos testes mais conhecidos nessa categoria é o de Memória de Figuras de
Escala de Memória de Wechsler que segundo Machado (2006) no Brasil foi proposta a versão
da Brief Cognitive Screenig Battery (BCSB), que apresenta dez figuras para avaliação da
percepção visual, da nomeação, das memórias incidental, imediata e tardia, além de posterior
reconhecimento dessas figuras junto a outras dez.
As dez figuras são apresentadas para que seja feita a identificação e nomeação. Logo
após, para testar a memória incidental é feita a pergunta: que figuras eu acabei de lhe mostrar?
A seguir, para testar a memória imediata são mostradas novamente (máximo de 30 segundos),
solicitando que procure memorizar as figuras. A pergunta é feita novamente. Para testar a
memória de longo prazo (recordação tardia) são mostradas pela terceira vez as figuras,
solicitando-se sua memorização e informando que será feita pergunta posteriormente. Na
etapa do reconhecimento é dito: aqui estão as dez figuras que eu lhe mostrei hoje e outras
44
novas; quero que você me diga quais você já tinha visto há alguns minutos. O escore máximo
desse teste é de 10 pontos. A memória de figuras do BCSB é mais adequada para avaliação da
memória de longo prazo em sujeitos de baixa escolaridade do que a lista de palavras
(NITRINI et al., 2004; MACHADO, 2006).
2.6.4 Teste de Fluência Verbal
Este teste foi validado por Isaacs e Kennie (1973). Segundo Nitrini (2005a), dentre os
testes de avaliação do funcionamento executivo, os mais investigados em nosso meio foram
os testes do desenho do relógio (TDR) e o de fluência verbal (FV). O teste de FV tem como
vantagem a sua brevidade e a disponibilidade de notas de corte definidas em função da
escolaridade.
O teste de FV mais empregado em estudos brasileiros é o de categoria semântica
(animais/minuto). Correlaciona-se com nomeação, solução de problemas, sequenciamento,
vários aspectos da memória operacional, da capacidade de organização e da autoregulação
(MACHADO, 2006; OLANDI, 2007). Avalia a capacidade de busca e recuperação de dados
estabelecidos na memória de longo prazo, ou seja, na memória explícita. Esse instrumento
pode ser utilizado nas categorias frutas, animais ou lista de supermercado. Solicita-se à pessoa
que diga o maior número possível de itens da categoria durante espaço definido de tempo,
geralmente, de sessenta segundos. Um minuto é contado e o escore corresponde ao número de
respostas corretas obtidas nesse período, não sendo pontuadas palavras repetidas,
redundâncias e flexões de gênero (BRUCKI et al., 1997). De acordo com Bertolucci (1998) e
Nitrini et al. (2005a), para esta categoria semântica, idosos normais com escolaridade de oito
anos ou mais são capazes de evocar pelo menos treze animais, enquanto idosos normais com
menos de oito anos de escolaridade e analfabetos evocam pelo menos nove animais.
É importante verificar como a pessoa idosa utilizou o tempo disponível para a
execução da tarefa. Pacientes com demência, além de produzirem escores baixos, tendem a
interromper a geração de palavras após 20 segundos, enquanto pacientes deprimidos podem
apresentar escores baixos, mas tendem a gerar palavras durante todo o minuto (BRASIL,
2007).
Brucki et al. (1997) em estudo avaliando 336 indivíduos sem demência e 65 com
comprometimento cognitivo, determinaram níveis de corte de 9 para indivíduos analfabetos e
45
com até 8 anos de escolaridade e escore de 13 para indivíduos com alta escolaridade Não
observaram diferenças de desempenho em função da idade, mas sim da escolaridade. O teste
de FV também foi utilizado em outros estudos, que também demonstraram o valor do mesmo
no diagnóstico de demência (CHARCHAT-FICHMAN, 2003; ABRISQUETA-GOMES;
CANALI; VIEIRA, 2004).
2.6.5 Teste do Desenho do Relógio (TRD)
Reflete o funcionamento frontal e temporo-parietal, avaliando as habilidades
visuoespaciais e construcionais, devido a um estímulo, no caso um comando verbal. É teste de
fácil aplicação, válido no rastreamente de pessoas com lesões cerebais. Independe da
linguagem verbal e, por esta razão, é considerada uma prova não-verbal. A grande limitação
do TDR diz respeito à forte influência da baixa escolaridade sobre seu desempenho (NITRINI
et al., 1994; 2004; OKAMOTO, 2001)
No teste, solicita-se ao indivíduo que faça o desenho espontâneo de um mostrador de
relógio com todos os números e com os ponteiros mostrando horário previamente
estabelecido. A tarefa tende a ser mais complexa e abstrata, visto sua natureza integradora
com funções auditivas, motoras e utilização de memória (BRUCKI et al., 2003; BRASIL,
2007; OLIANI et al., 2007).
2.6.6 Escala de Katz: Atividades de Vida Diária (AVDs)
Proposta por Katz et al. (1963), é instrumento que objetiva avaliar as pessoas idosas no
desempenho das AVDs. Por meio da utilização de formulário padrão, avalia seis funções:
higiene corporal e banho, vestir as roupas, ir ao banheiro, locomoção e transferência,
continência e alimentação, classificando as pessoas idosas como independentes e
dependentes. Para Brasil (2007), seu resultado é fornecido por letras que representam o
número de atividades que o indivíduo é capaz de realizar sozinho, sendo: letra A para
nenhuma perda, B para uma perda, até G que indica perda nas seis AVDs, que indica
dependência total do cuidador.
46
Segundo Katz et al. (1963), há uma regressão ordenada como parte do processo
fisiológico do envelhecimento, no qual as perdas funcionais ocorrem das funções mais
complexas para as mais básicas, sendo estas retidas por mais tempo. Essa escala mostra-se útil
para evidenciar a dinâmica da instalação da incapacidade no processo do envelhecimento,
bem como estabelecer diagnósticos, avaliar demandas assistenciais e determinar efetividade
de tratamentos (BRASIL, 2007).
2.6.7 Atividades Instrumentais de Vida Diária (AVDIs)
Proposta por Lawton e Brody (1969) para avaliar as AIVD, é considerada mais
complexa, sendo a independência para o desempenho diretamente relacionada com a
capacidade de vida comunitária independente. As capacidades são designadas como: utilizar
meios de transporte, manejar medicamentos, realizar compras, realizar tarefas leves e pesadas,
utilizar o telefone, preparar refeições e cuidar das próprias finanças. As pessoas idosas são
classificadas como independentes ou dependentes no desempenho de cada uma dessas
funções (BRASIL, 2007).
2.6.8 Teste Computadorizado da Memória e Teste Computadorizado da Atenção Visual
O Teste Computadorizado da Memória (TCM) avalia a memória e o Teste
Computadorizado da Atenção Visual (TCA) avalia objetivamente a atenção a estímulos
visuais. O TCM avalia a memória recente a estímulos verbais e visuo-espaciais, a memória
remota e a orientação temporal e espacial. O TCA avalia a atenção visual central, a
impulsividade motora, o tempo de reação visual e a variabilidade do tempo de reação visual
(SCHMIDT; MANHÃES, 2001).
Segundo Cabral et al. (2005), a prevalência das queixas cognitivas e a consequente
necessidade de avaliação da população que envelhece, reforçam a necessidade da utilização
de um novo arsenal objetivo de avaliação neuropsicológica computadorizado de simples
aplicação e normatizado para os padrões sociais e culturais do nosso meio. Tais instrumentos
auxiliam o diagnóstico de disfunções cognitivas que, precocemente observadas, poderão
47
trazer intervenções terapêuticas que melhorem a qualidade de vida dos pacientes. O TCA, por
ser independente da escolaridade e por avaliar módulos cognitivos dos quais nem o paciente
nem o médico têm consciência objetiva, mas que ativam as mesmas regiões cerebrais
precocemente afetadas pelo TCL e fase pré-clínica da Doença de Alzheimer pode-se tornar
um instrumento de utilização objetiva para identificação do TCL no futuro.
Testes de Variáveis de Atenção Visual (TEVA), que utiliza programa
computadorizado, permite registro do tempo de reação, alvos corretamente detectados e a
proporção de falsos alarmes que podem avaliar atenção a estímulos visuais (CÓDOVA;
BRAVIN.; BARROS, 2005) . Nesse teste, o examinado deve manter na memória as imagens
alvo/não-alvo e responder o mais rápido possível sempre que o estímulo alvo for apresentado.
Este teste não depende de bases da linguagem ou da habilidade do examinado para orientar-se
espacialmente e o mesmo deve ser instruído a inibir respostas para não-alvos. Segundo estes
autores, o programa TEVA é instrumento que permite explorar, rápida e facilmente, diferentes
combinações de variáveis e parâmetros ao longo das seções experimentais.
2.6.9 Questionário PFEFFER de Avaliação Funcional
O questionário de Atividades Funcionais (QPAF) foi publicado por Pfeffer et al.
(1982), sendo composta de 11 questões aplicadas ao acompanhante ou ao cuidador da pessoa
idosa, discorrendo sobre a capacidade deste em desempenhar determinadas funções. O seu
objetivo é verificar a severidade de declínio cognitivo, por meio da avaliação da
funcionalidade e conseqüentemente da assistência requerida. Ainda considerando o viés
produzido pela baixa escolaridade nos resultados do MEEM, parece ser adequada a
associação com o QPAF para se obter a confirmação do declínio cognitivo acompanhado de
limitações funcionais, sugerindo a presença de demência ou de outros transtornos associados.
As respostas seguem o seguinte padrão: sim é capaz (0); nunca o fez, mas poderia fazer agora
(0); com alguma dificuldade, mas faz (1); nunca fez e teria dificuldade agora (1); necessita de
ajuda (2); não é capaz (3). A pontuação máxima é de 33 pontos, sendo que a pontuação de
seis ou menos sugere maior dependência. Quanto mais elevado o escore, maior a
dependência. A combinação do MEEM com o QPAF proporciona maior especificidade para
medida de declinio cognitivo grave (BRASIL, 2007).
48
2.6.10 Informant Questionnaire of Cognitive Decline in the Elderly
Apresentado por Jorm et al. (1989), o Informant Questionnaire of Cognitive Decline in
the Elderly (IQCODE) é instrumento que avalia o declínio cognitivo através de entrevista
com um cuidador ou alguma pessoa próxima ao paciente. Esta entrevista compreende 26
questões, nas quais o informante avalia o desempenho atual do paciente em diferentes
situações da vida diária comparado ao desempenho observado há 10 anos. O informante deve
quantificar o desempenho como: muito melhor, melhor, sem mudanças significativas, pior ou
muito pior. Os escores variam de 26 a 130 pontos, e o questionário demora cerca de 10
minutos para ser aplicado. Mostra-se eficaz quando aplicado em conjunto com teste cognitivo,
como o MEEM. O IQCODE é uma das escalas de avaliação funcional mais usada, mostrando
bons resultados na detecção de casos de demência, inclusive nos casos leves
(BUSTAMANTE, 2003).
49
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 TIPO DE PESQUISA
Trata-se de pesquisa social quantiqualitativa, direcionada de acordo com o método
pesquisa ação (BARBIER, 1985; GOLDENBERG, 1997; HAGUETTTE, 2000;
THIOLLENT, 2000).
A pesquisa social permite interação entre pesquisador e pesquisados, que não se limita
às entrevistas e conversas informais, mas aponta para a compreensão da fala dos sujeitos em
sua ação (DESLANDES, 1994). A evidência qualitativa é usada para captar dados
psicológicos que são reprimidos ou não facilmente articulados como atitudes, motivos ou
pressupostos, mas precisa da participação do pesquisador na realidade dos sujeitos. O foco da
pesquisa está na dinâmica de transformação de uma situação atual numa outra situação
desejada (HAGUETTE, 2000).
A abordagem quantitativa tem como campo de práticas e objetivos a compreensão dos
dados, dos indicadores e das tendências observadas na realidade, classificando e
transformando-os em variáveis interpretativas (DESLANDES, 1994).
Segundo Goldenberg (1997), a integração da pesquisa quantitativa e qualitativa
permite ao pesquisador um cruzamento de suas conclusões de modo a ter maior confiança que
seus dados não são produto de um procedimento específico ou de alguma situação particular.
A pesquisa-ação inclui a observação participante, que é a infiltração do pesquisador no
ambiente ou meio a ser investigado, podendo ele ser influenciado pelo contexto vivenciado,
resumindo-se como relação direta do pesquisador com os pesquisados (DESLANDES et al.,
1994). É uma atividade de compreensão e de explicação da práxis (ação e reflexão) dos
grupos sociais por eles próprios, com ou sem especialistas em ciências humanas e sociais,
com a finalidade de melhorar essa práxis (BARBIER, 1985). É voltada para a descrição de
situações concretas e para a intervenção ou a ação orientada em função da resolução de
problemas efetivamente detectados na coletividade considerada, não deixando de ser forma de
experimentação em situação real, na qual os pesquisadores intervêm conscientemente
(THIOLLENT, 2000). Os participantes desempenham papel ativo, modificando o meio,
comentando, dando sugestões e decidindo, permitindo que a questão central da pesquisa seja a
dinâmica de transformação de uma situação atual numa outra situação desejada.
50
Esse método de pesquisa tem dois objetivos: o prático, que é contribuir para o melhor
equacionamento possível do problema; e o de conhecimento teórico, que é obter informações
que seriam de difícil acesso por meio de outros procedimentos (THIOLLENT, 2000).
3.2 CUIDADOS ÉTICOS
O projeto de pesquisa seguiu as orientações do Comitê em Ética da Fundação de
Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (FEPECS), sendo aprovado mediante parecer n°
080/09 em 11 de Maio de 2009 (Anexo I). Teve como base a resolução do Conselho Nacional
de Saúde (CNS) nº 196/96, que fornece as diretrizes da pesquisa envolvendo seres humanos
no Brasil. Esta pesquisa seguiu o Cronograma de Atividades da Pesquisa mostrado no Anexo
II.
Antes da coleta dos dados, foi solicitada assinatura do Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido (Anexo III), em duas vias, uma destinada aos idosos participantes e a outra
retida para o projeto. Durante a realização das oficinas foi esclarecido que o idoso usufruía da
liberdade de recusar-se a participar ou retirar seu Termo de Consentimento, em qualquer fase
da pesquisa, sem penalização alguma ou prejuízo à sua pessoa. Foi informado, ainda, que
durante toda a pesquisa seus nomes seriam mantidos em sigilo. Houve uma triagem para
confirmar se os idosos selecionados preenchiam os pré-requisitos da pesquisa.
Ao final da pesquisa, os resultados serão apresentados oralmente para os idosos
participantes das oficinas e para toda equipe de profissionais de saúde da UMT-DF, a fim de
contribuir para a continuidade, reflexão ou mudanças no atendimento referente ao idoso, e em
especial à estimulação cognitiva.
3.3 PARTICIPANTES
Participaram da pesquisa o total de 63 idosos, sendo 22 idosos do Grupo Experimental
(GE), 21 idosos do Grupo Controle 1 (GC1) e 20 idosos do Grupo Controle 2 (GC2).
51
Inicialmente, os pacientes foram consultados por médico Clínico Geral ou Geriatra da
UMT-DF, que detectaram aqueles com diagnóstico de TCL, seguindo os critérios de Petersen
et al. (2001):
1- queixa da memória por parte do indivíduo e preferencialmente confirmada por um
informante;
2- comprometimento objetivo da memória diagnosticado através de testes;
3- funções cognitivas gerais normais;
4- atividades funcionais (sócio-ocupacionais) intactas;
5- ausência de demência.
Conforme rotina da UMT, os nomes dos idosos são inseridos em uma lista de acordo
com a ordem de encaminhamento dos médicos. Baseado na ordem dessa lista, ou seja, do
atendimento no serviço, foram formados três grupos: os primeiros 25 idosos fizeram parte do
GE, os próximos 25 idosos compuseram o GC 1 e, na seqüência, os próximos 25 idosos
formaram o GC 2, tendo como total 75 idosos.
Chamou-se de GE aquele formado por 25 idosos que compareceram às Oficinas de
Jogos e Brincadeiras de Estimulação da Cognitiva Adaptada para idosos analfabetos, sendo
realizado entrevista (Anexo IV) e os testes pré e pós-oficinas. Chamou-se de GC 1, o
constituído de 25 idosos para os quais foram oferecidas dez palestras referentes a temas gerais
sobre o cuidado com a saúde na velhice, sendo também aplicado entrevista e testes pré e pós
palestras. Chamou-se GC 2, o constituído por 25 idosos que não receberam tipo algum de
estimulação, sendo também aplicado entrevista e os pré e pós-testes. Nos dois Grupos
Controles foram realizados testes pré e pós, sendo mantido o mesmo período de tempo na
realização dos testes (2 meses e meio), idêntico ao GE.
Na formação dos três grupos seguiram-se como critérios de inclusão:
sujeitos com idade igual ou superior a 60 anos;
analfabetos;
diagnóstico de TCL;
acompanhados por médico Clínico Geral ou Geriatra da UMT-DF;
concordar e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Os critérios de exclusão dos sujeitos foram:
diagnóstico de demência (possível/provável doença de Alzheimer, Parkinson e
outras demências);
acompanhamento psiquiátrico;
52
uso de medicação controlada que traga prejuízo à cognição e interfira nas
respostas dos instrumentos de coleta de dados;
indivíduos que não tiverem assiduidade igual ou superior a 70% nas oficinas;
portador de depressão e/ou usar medicações antidepressivas.
Para cumprimento deste último requisito do critério de exclusão foi aplicada a Escala
de Depressão Geriátrica de Yesavage e Brink (1983).
Na primeira oficina, todos os participantes foram orientados para que informassem à
pesquisadora, caso iniciassem qualquer nova medicação, a fim de excluir possível
interferência desta no processo cognitivo durante realização das oficinas.
3.4 LOCAL DAS OFICINAS, PALESTRAS E TESTES
No GE, as Oficinas de Estimulação Cognitiva Adaptadas para idosos analfabetos
foram realizadas em sala ampla (40 m2), bem iluminada e arejada na UMT-DF. No GC 1,
para realização das palestras, foi utilizado o auditório da UMT-DF. Os testes de avaliação
cognitiva, pré e pós, e as entrevistas nos três grupos foram feitos em sala de consultório da
UMT-DF, sendo aplicados pela pesquisadora.
3.5 OFICINAS
A oficina é a forma prática de se fazer algo, é a prática da vivência, da dinâmica de
grupo ou técnica de grupo (MIRANDA, 1996; 2000; MILITÃO, 2000). De acordo com Matos
(2006), toda atividade que se envolve com um grupo (reuniões, workshops, grupos de
trabalho, entre outros), objetivando integrar, desinibir, “quebrar o gelo”, divertir, aprender,
promover conhecimento, incitar à aprendizagem, competir e aquecer, pode ser denominada
dinâmica de grupo, vivências e técnicas de grupo.
As Oficinas de Estimulação Cognitiva através de jogos e brincadeiras adaptados para
idosos fazem parte do Programa de Terapias Alternativas da UMT-DF e são realizadas desde
2006. Há quatro anos essas Oficinas são desenvolvidas com método específico voltado para
idosos com TCL sendo, no estudo atual, adaptadas para realização com idosos analfabetos.
53
As atividades foram oferecidas ao grupo uma vez por semana, com duração de duas
horas cada oficina, em calendário pré-estabelecido através de Cronograma de Atividades das
Oficinas de Estimulação Cognitiva através de Jogos e Brincadeiras Adaptadas para Idosos
Analfabetos (Apêndice A).
As oficinas foram compostas por dez encontros de estimulação cognitiva através de
jogos e brincadeiras adaptados para idosos analfabetos, estrategicamente divididos em dois
módulos (I e II): Oficinas de Estimulação da Memória de Longo Prazo e Oficinas de
Estimulação da Memória de Curto Prazo. Essa divisão justifica-se devido à maior facilidade
que os idosos têm de recordar acontecimentos distantes (Memória de Longo Prazo) em
relação aos recentes (Memória de Curto Prazo), sendo ainda forma de estimular o
aprendizado, deixando o idoso mais confiante e motivado para prosseguir até o término das
oficinas. No segundo momento, feita a estimulação da Memória de Curto Prazo, pois o idoso
tem dificuldade de guardar informações ou fatos recentes, apresentando maior grau de
complexidade para o mesmo. A Memória de Curto Prazo é o armazenamento temporário de
acontecimentos e itens percebidos no passado imediato (STUART-HAMILTON, 2002).
A finalidade dessa divisão também foi permitir aos idosos ter acesso a número
considerável de atividades e a diferentes tipos de jogos e brincadeiras. A primeira oficina foi
composta por jogos de apresentação e integração, com a intenção de integrar a pesquisadora
ao grupo. Na última oficina utilizaram-se jogos de finalização, que fornecem oportunidade
para avaliação do conjunto de oficinas. A descrição das Oficinas de Jogos e Brincadeira
Adaptadas para Idosos Analfabetos está no Apêndice E.
As alterações fisiológicas do envelhecimento podem influenciar a realização de
determinadas atividades, pois as mudanças físicas no idoso podem exigir adaptação de
posições e mudanças nos tipos de atividade (de individual para coletiva) e no tamanho dos
objetos utilizados, assim como a retirada de determinadas atividades por risco de perda do
equilíbrio e conseqüentes quedas. No estudo atual, essas alterações foram consideradas na
hora de adaptar os jogos e as brincadeiras para os idosos.
A falta de escolaridade foi considerada em todas as oficinas, sendo evitados e/ou
adaptados os jogos e as brincadeiras que dependem diretamente de leitura, interpretação do
texto e realização de cálculos. Porém, não foi menosprezado o fato dos indivíduos idosos
analfabetos poderem contar histórias através de jogos interativos de leitura e histórias
contadas, que dependem da experiência de vida de cada idoso e não do seu nível de
escolaridade.
54
Na execução das oficinas houve participação de profissionais da saúde (enfermeira,
assistente social e técnico de enfermagem), todos lotados na UMT-DF. Estes profissionais
fizeram o papel de facilitadores das oficinas. Houve também a participação de um profissional
que realizou as gravações, fotografias e filmagens.
A pesquisadora participou de forma ativa na escolha e adaptação dos jogos e
brincadeiras para idosos analfabetos e vivenciou todas as oficinas, exercendo observação
participativa no cenário, fazendo a reflexão sobre as atividades realizadas e seus significados
após cada oficina.
Os idosos participaram de forma efetiva durante todas as oficinas. No início de cada
uma, foi recordado o tema dos encontros anteriores, através de cartazes ilustrativos e
perguntas direcionadas de forma geral e livre aos mesmos, podendo se expressar e se
ajudarem mutuamente no resgate das lembranças. Realizada também apresentação teórica
durante dez minutos, sobre o tema relacionado à oficina do dia.
Ao final de cada encontro foi proposta uma Estratégia de Estimulação Cognitiva para
Idosos Analfabetos - Tarefa de Casa, em forma de exercício, para ser executada no domicílio
diariamente, a fim de proporcionar contínua estimulação cognitiva durante aquela semana
(Apêndice C).
Cada oficina foi composta por quatro tipos de jogos e/ou brincadeiras específicas
voltadas ao tema da oficina. Entretanto, o último jogo e/ou brincadeira de cada encontro foi
utilizado como plano de contingência, caso houvesse tempo livre, desmotivação ou qualquer
outra intercorrência que ocasionasse a necessidade de substituição ou acréscimo de atividade.
Seguem-se os títulos e objetivos de cada uma das Oficinas, que estão detalhadas no
Anexo E
1ª Oficina.
Apresentação e Integração
Objetiva promover socialização e ambientação do grupo.
2ª Oficina.
Memorização por Associação
Tem como finalidade associar a sonorização aos seus respectivos objetos, seres.
3ª Oficina.
Memorização por Repetição e Aprendizagem
Aplica a visualização de desenhos através do método de repetição, a fim de ajudar maior
memorização.
55
4ª Oficina.
Recuperação e Lembrança por Associação (Evocação da Memória):
Utiliza brincadeiras cantadas, pretendendo estimular a integração através das músicas e a
recordação de fatos e acontecimentos do passado, relacionando cantigas a movimentos.
5ª Oficina.
Percepção, Sensibilidade e Atenção.
Exercita a estimulação da cognição através dos órgãos do sentido, da visão e do tato.
6ª Oficina.
Jogos Interativos de Leitura.
Brinca com a leitura do facilitador e realiza gestos corporais para exercitar o potencial criativo
e a agilidade de raciocínio.
7ª Oficina.
Criatividade e Raciocínio.
Utiliza histórias contadas, para incentivar a construção de histórias para memorização de
figuras. Resgata o potencial da memória coletiva montando histórias, exercitando a
criatividade e raciocínio, e também objetivando a aquisição de autonomia nas atividades de
vida diária.
8ª e 9ª Oficinas.
Jogos e Brincadeiras Sensoriais
Estimula a memória sensorial através dos cinco sentidos e da cooperação mútua.
10ª Oficina.
Jogos e Brincadeiras de Finalização e Confraternização.
Apresenta aprendizagens diversas aos membros do grupo, tanto no sentido da cognição como
da percepção do outro, proporcionando espírito de coletividade.
Para promover a adesão e a presença nas Oficinas, foram feitos pela pesquisadora
contatos telefônicos com os idosos do GE um dia antes de cada Oficina, para lembrá-los e
motivá-los a participar. Após a finalização de cada encontro, foi oferecido lanche organizado
pelos facilitadores e também trazido de forma espontânea pelos idosos.
56
3.6 PALESTRAS
Para o GC1 foram promovidas dez palestras de Educação em Saúde para Idosos
Analfabetos, efetuadas por equipe multiprofissional, incluindo enfermeira, assistente social,
nutricionista e fisioterapeuta da UMT-DF. O cronograma das palestras está no Apêndice B.
As dez palestras foram:
1ª Palestra: Nutrição e envelhecimento. Constipação e hidratação - Nutricionista
2ª Palestra: Vacinação no idoso: verdades e mitos – Enfermeira
3ª Palestra: Cuidados na hipertensão arterial e diabetes - Enfermeira
4ª Palestra: Estatuto do idoso: direitos e deveres - Assistente Social
5ª Palestra: Alteração do comportamento no idoso - Enfermeira
6ª Palestra: Alterações do sono no idoso - Enfermeira
7ª Palestra: Prevenção de quedas nos idosos: a casa segura - Fisioterapeuta
8ª Palestra: Uso de medicamentos nos idosos: orientação do seu uso e receitas nos
idosos - Enfermeira
9ª Palestra: Cuidados com a pele e higiene oral - Enfermeira
10ª Palestra: Longevidade e confraternização - Enfermeira
Para promover adesão e presença nas atividades do GC1 foram feitos contatos
telefônicos, pela pesquisadora, da mesma maneira como com o GE, um dia antes de cada
palestra. Após a finalização de cada encontro, também era oferecido um lanche organizado
pelos facilitadores e trazido de forma espontânea pelos idosos, conforme feito no GE.
3.7 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
Inicialmente aplicou-se o roteiro de Entrevista Semiestruturada (Anexo IV) com
levantamento de informações gerais, com dados sócio-econômico-demográficos. Além desses
dados, foram acrescentadas três perguntas objetivas sobre a memória do idoso: Como estava
sua memória há 1ano em relação à sua memória atual? Como está sua memória hoje?
Comente (parte subjetiva). Você acredita que sua memória é pior do que a dos outros? A
terceira pergunta foi retirada da Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage e Brink (1983).
57
As duas últimas perguntas foram aplicadas em dois momentos, pré e pós-oficinas, excluindo-
se a primeira pergunta do momento pós-oficinas e pós-palestras.
Os dados sócio-econômico-demográficos coletados com esse instrumento foram:
identificação (nome, endereço, gênero, estado civil, profissão/ocupação, aposentadoria,
pensão, renda, grau de instrução, data de nascimento, se reside só ou acompanhado (reside
com quem? reside com quantas pessoas?). Os idosos também foram questionados sobre:
medicações usadas e de uso controlado; acompanhamento psiquiátrico e diagnóstico de
possível/provável Alzheimer, Parkinson ou outras demências.
Os instrumentos de Avaliação Cognitiva e de Memória, realizados imediatamente
antes da primeira e após a última oficina de Estimulação Cognitiva no GE e nos dois GC
foram: Miniexame do Estado Mental (FOLSTEIN; FOLSTEIN e MCHUGH, 1975), Teste de
Memória de Lista de Palavras (ATKINSON; SHIFFRIN, 1971), Teste de Fluência Verbal
(ISAACS; KENNIE, 1973) e o Teste Computadorizado de Atenção Visual (SCHMIDT;
MANHÃES, 2001) através do programa de Testes de Variáveis de Atenção Visual
(CÓRDOVA; BRAVIN; BARROS, 2005).
O Miniexame do Estado Mental (Folstein, Folstein e Mchugh, 1975) foi utilizado na
pesquisa atual por ser instrumento empregado para rastrear a presença ou não de
comprometimento cognitivo, avaliando orientação, memória imediata, atenção e cálculo,
evocação, linguagem e capacidade construtiva visual. Foi validado no Brasil por Bertolucci et
al (1994) e utilizado mundialmente em pesquisas e em serviços de saúde, o que reflete sua
significância.
O Teste de Memória de Lista de Palavras (ATKINSON; SHIFFRIN, 1971) foi
selecionado por ser instrumento que avalia a Memória Verbal de Longo Prazo. Houve a
necessidade de adaptar este teste, utilizando-se figuras que representavam as palavras, devido
ao fato dos participantes serem analfabetos. Isto também foi feito por Nitrini et al. (1994),
quando testaram a memória verbal tardia, sendo as palavras apresentadas como figuras para
permitir o exame de indivíduos analfabetos e para avaliar a percepção visual.
O Teste de Fluência Verbal (ISAACS; KENNIE, 1973) foi utilizado para avaliação da
capacidade de busca e recuperação de dados estabelecidos na Memória de Longo Prazo, do
processamento das funções executivas, através da capacidade de organizar o pensamento e
estratégias utilizadas para a busca de palavras. No estudo atual, foi escolhida a categoria
animal/minuto devido à facilidade e familiaridade que os idosos possuem com nomes dos
bichos e por ter sido recomendado pelo Departamento Científico da Academia Brasileira de
58
Neurologia (NITRINI et al., 2005). Foi estabelecido como ponto de corte o número 9, visto
serem todos idosos analfabetos (BRUCKI et al., 1997).
O Teste Computadorizado da Atenção Visual (SCHMIDT; MANHÃES, 2001) foi
escolhido por avaliar objetivamente a atenção a estímulos visuais e não depender do cuidador,
da percepção do paciente e do médico, assim como não sofrer influência da escolaridade
(CABRAL et al., 2005; ZERBINI et al., 2009).
3.8 ANÁLISE DOS DADOS
Na análise dos dados, foi feita comparação das percepções dos idosos sobre sua
memória. Compondo o roteiro de entrevista, as perguntas objetivas e a parte subjetiva foram
efetuadas no pré e pós para os três grupos. Realizou-se o confrontamento do desempenho
cognitivo pré e pós, através dos testes do MEEM, Memória de Lista de Palavras, Fluência
Verbal e Teste Computadorizado de Atenção Visual.
Para realizar as análises, os dados foram importados para planilha do programa
estatístico Statistical Package for Social Science para Windows (SPSS 10.0).
Inicialmente, foram realizadas as análises descritivas para caracterização da amostra e
a avaliação da normalidade através da Skewness. Os dados foram representados por média,
desvio padrão e frequência absoluta e relativa.
O teste qui quadrado (x²) foi utilizado para determinar a percepção dos idosos sobre
sua própria memória antes e após a realização das oficinas. O nível de significância adotado
foi de p ≤ 0,05.
Para analisar o desempenho cognitivo dos idosos analfabetos com diagnóstico de
Transtorno Cognitivo Leve antes e após a realização de Oficinas de Jogos e Brincadeiras de
Estimulação Cognitiva Adaptadas utilizou-se a Split-plot ANOVA (3x2) e o teste post hoc
Bonferroni. Para tanto, adotou-se como variáveis independentes os grupos (GE, GC1 e GC2)
e os momentos (pré e pós avaliação), e como variáveis dependentes o MEEM, Memória de
Lista de Palavras, Fluência Verbal, e Teste Computadorizado de Atenção Visual.
No que se refere à análise dos dados dos comentários sobre a percepção da memória
atual dos idosos, obtidos por meio de entrevistas, no item comente sobre sua memória
utilizou-se a análise de conteúdo temática de Bardin (2009), cujo objetivo é compreender o
sentido das comunicações e suas significações explícitas e/ou ocultas e que visam também
descrever o conteúdo de um texto a fim de se inferir as mensagens coletadas.
59
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
4.1 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS SÓCIO-ECONÔMICO-
DEMOGRÁFICOS
4.1.1 Histórico da Unidade Mista de Taguatinga - Distrito Federal
Na década de 80, os postos de atendimento do Instituto Nacional de Assistência
Médica da Previdência social (INAMPS), sofreram reformulações na suas políticas de
atendimento transferindo para as Secretarias de Estado de Saúde o gerenciamento dos
mesmos.
No Distrito Federal, pode-se afirmar que o processo aconteceu em várias etapas. Os
postos de atendimento locais adaptaram-se aos programas e serviços da Secretaria de Saúde
do Distrito Federal. O antigo Pronto Atendimento Médico (PAM) - Taguatinga, situada na
Região Administrativa n° III, foi denominado de Policlínica - Taguatinga. Em sua trajetória,
presta serviços de grande relevância à comunidade desta cidade, bem como a população das
cidades adjacentes de Ceilândia, Samambaia, Recanto das Emas, Brazlândia e cidades do
Entorno.
Atualmente, a Unidade Mista de Taguatinga (UMT), ainda conhecida na comunidade
como Policlínica, faz parte da rede de prestação de serviços público de saúde, e busca
consolidar a efetivação do Sistema Único de Saúde (SUS), com prestação de serviços de
atenção secundária. Seguindo a política local de saúde, a UMT, desenvolve diversos
programas, dentre eles, o Programa de Atenção a Saúde do Idoso, sendo referência de
atendimento em Geriatria e Gerontologia.
4.1.2 Caracterização da amostra
A pesquisa foi realizada na UMT-DF, no período de Agosto a Dezembro de 2009.
Inicialmente a amostra foi composta por 75 idosos analfabetos, sendo excluídos 12 idosos,
60
totalizando no final 63 idosos. No GE, 1 idoso foi ao óbito e 2 não compareceram com a
frequência exigida de 70%; no GC1, 4 idosos foram excluídos por frequência inferior à
exigida nas palestras; e no GC2, 5 idosos foram excluídos por não realizarem os pós-testes.
Na primeira parte das entrevistas constam identificação e dados sócio-econômico-
demográficos da amostra estudada (Anexo IV). Esta, composta por 63 idosos analfabetos,
teve 58 (92%) do sexo feminino, com idade média de 72,86 ± 7,16 anos, subdivididos em três
grupos: a) GE, composto por 22 idosos, 86% do sexo feminino e idade média de 72,77 ± 6,72
anos; b) GC1, com 21 idosos, 95% do sexo feminino e idade média de 73,57 ± 7,77 anos; e c)
GC2, com 20 idosos, 95% do sexo feminino e idade média de 72,20 ± 7,28 anos.
4.1.3 Faixa etária
Quanto à faixa etária, não houve diferença significante entre os três grupos
[X2(4)=1,063; p=0,9], sendo amostra homogênea. A maioria (78%) encontra-se abaixo de 80
anos, ou seja, são idosos jovens. Os idosos velhos constituíram 22% da amostra. Negreiros
(2003, p.18) e Camarano (2004, p.28) citam que é comum dividir esse segmento populacional
em dois subgrupos etários: os idosos jovens de 60 a 79 anos e os idosos velhos de 80 anos ou
mais. No estudo atual, trata-se, portanto, de grupo constituído na sua maioria de idosos jovens
(Tabela 1).
Tabela 1. Distribuição dos 63 idosos analfabetos com TCL na UMT-DF, estudados nos três
grupos, de acordo com a faixa etária.
Idade por
década
GE
Nº (%)
GC1
Nº (%)
GC2
Nº (%)
Total idoso (%)
60 – 69 anos 8 (36,4) 6 (28,6) 8 (40) 22 (34,9)
70 – 79 anos 10 (45,5) 9 (42,9) 8 (40) 27 (42,9)
80 – 89 anos 4 (18,2) 6 ( 28,6) 4 (20) 14 (22,2)
Nº total 22 (100) 21 (100) 20 (100) 63 (100)
61
4.1.4 Sexo
No presente estudo, a feminização foi predominante, com o total de 92% da amostra
do sexo feminino. Nas outras atividades de grupo desenvolvidas na UMT-DF (automassagem,
dança sênior, oficinas de atividades manuais, grupos de educação em saúde e grupos de
terapia comunitária), observou-se também maior participação de mulheres idosas. Os idosos
que participam das Oficinas de Estimulação Cognitiva, como a da pesquisa atual, são
majoritariamente mulheres.
Berquó (1999) e Guarrido e Menezes (2002) corroboram esses dados, justificando-os
por haver maior exposição masculina a fatores de risco como, alcoolismo, tabagismo,
acidentes automobilísticos e violência, além da maior atenção que as mulheres dedicam à sua
saúde, levando à sua maior longevidade.
Para Camarano (2004, pg.43), muitas das causas de óbito na velhice estão relacionadas
diretamente com a circulação dos idosos por espaços públicos, tornando-os mais suscetíveis e
vulneráveis a acidentes e expondo-os aos riscos da violência urbana. Para esta autora, o
envelhecimento é também uma questão de gênero e, considerando a população idosa como
um todo, observa-se que 55% dela são formados por mulheres. Quando dividida em
subgrupos de idade, a diferença entre essas proporções aumenta principalmente entre os mais
idosos.
4.1.5 Estado civil
Quanto à situação conjugal dos indivíduos idosos não houve diferença significante
entre os três grupos [X2(4)=8,81; p=0,07]. Foi preponderante a presença de viúvos com 49,2%
(31 idosos), sendo apenas um deles do sexo masculino. Os casados perfizeram 38,1% (24
idosos) e outros (solteiros e divorciados) com 12,7% (8 idosos). Segundo Camarano (2002;
2003), este fato deve-se a dois fatores: maior longevidade das mulheres e recasamento dos
homens, justificado pelo fato das mulheres se dedicarem mais à família e não se preocuparem
em constituir novo casamento, ao contrário dos homens que tendem a formar novos
relacionamentos (Tabela 2).
62
Tabela 2. Distribuição dos 63 idosos analfabetos com TCL estudados na UMT-DF, nos três
grupos, de acordo com o estado civil.
Estado civil GE
Nº (%)
GC1
Nº (%)
GC2
Nº (%)
Amostra total
Nº (%)
Casado 11 (50) 4 (19) 9 (45) 24 (38,1)
Viúvo 8 (36,4) 12 (57,1) 11 (55) 31 (49,2)
Outros 3 (13,6) 5 (23,8) - 8(12,7)
Total 22 (100) 21 (100) 20 (100) 63 (100)
4.1.6 Renda econômica
Na pesquisa atual, a renda econômica foi semelhante nos três grupos, ou seja, não
houve diferença significante [X2(4)=2,67; p=0,61]. As rendas que se destacaram entre os
idosos foram de um salário mínimo, evidenciada em 74,6% deles (47 idosos) e de 15,9% (10
idosos), naqueles que não tinham renda alguma. A renda média foi de 0,97, isto é, menos de
um salário mínimo (Tabela 3). Tal achado deve-se ao fato do serviço de referência em saúde
do idoso da UMT-DF oferecer atendimento público pelo Sistema Único de Saúde (SUS),
abrangendo população de poder aquisitivo variado, predominando aquela com baixa renda.
A importância de se analisar o rendimento dos idosos está no fato do mesmo contribuir
com uma parcela importante de sua renda na renda das famílias onde o idoso está inserido, o
que tem um peso importante (CAMARANO, 2004, p.65).
Segundo Camarano (2004, p.69), os idosos são responsáveis por uma contribuição
importante na renda de suas famílias, contribuição que tem crescido ao longo do tempo. Em
1980, a contribuição do rendimento do idoso na renda de sua família foi de 46,6%, passando
para 58,5% em 2000. Essa contribuição foi diferenciada segundo a posição do idoso na
família, se chefe ou não.
O nível de renda deve ser considerado um fator de associação com a cognição, uma
vez que quanto menor nível de renda, menor tempo de escolaridade, o que pode ter uma
implicação diretamente proporcional na capacidade cognitiva, constatado por Lourenço e
Veras (2006), que observaram que dos 303 idosos com mais de 65 anos submetidos ao
MEEM, 26,9% tinham renda menor que um salário mínimo, sendo 37,2% classificados com
demência e 30,4% com transtorno cognitivo.
63
Tabela 3. Distribuição dos 63 idosos analfabetos estudados com TCL na UMT-DF, de acordo
com a renda econômica.
Renda econômica GE
Nº (%)
GC1
Nº (%)
GC2
Nº (%)
Amostra total
Nº (%)
Sem renda 3 (13,6) 2 (9,5) 5 (25) 10 (15,9)
Até 1 salário mínimo 17 (77,3) 16 (76,2) 11 (70) 47 (74,6)
De 2 a 3 salários mínimos 2 (9,1) 3 (14,3) 1 (5) 6 (9,5)
Total 22 (100) 21 (100) 20 (100) 63 (100)
Média de renda 0,95 ± 0,49 1,14 ± 0,79 0,80 ± 0,52 0,97 ± 0,62
4.1.7 Aposentadorias, pensões e benefícios da prestação continuada
No estudo atual, com relação as aposentadorias e pensões, não houve diferença
significante entre os três grupos estudados [X²(6)=5,06; p=0,54], sendo grupos homogêneos.
A aposentadoria foi citada por 36,5% (23) dos idosos, sendo que os que não eram aposentados
corresponderam a 15,9% (10 idosos). Ao somar o número de idosos que recebiam pensão dos
cônjuges falecidos com o dos idosos que recebiam benefício da prestação continuada (BPC)
totalizou-se 47,8% (30 idosos), valor que superou as aposentadorias por tempo de
serviço/idade. No caso das mulheres, a aposentadoria não seria dela própria, mas um
benefício indireto do marido, o que significa que a mesma não estava inserida no mercado de
trabalho, não tendo renda própria (Tabela 4). As aposentadorias e pensões desempenham
papel importante na renda dos idosos e, em especial, da mulher idosa (CAMARANO, 2004,
p.71).
O BPC é um direito garantido pela Constituição Federal de 1988 e consiste no
pagamento de 01 (um) salário mínimo mensal a pessoas com 65 anos de idade ou mais e a
pessoas com deficiência incapacitante para a vida independente e para o trabalho. Em ambos
os casos, a renda per capita familiar deve ser inferior a ¼ do salário mínimo. O BPC também
encontra amparo legal na Lei 10.741, de 1º de outubro de 2003, que instituiu o Estatuto do
Idoso.
O grupo populacional idoso é considerado grupo vulnerável, alvo, portanto, de
políticas públicas específicas. Do ponto de vista do Estado, três políticas específicas são
64
requeridas para lidar com essa questão: política de renda (previdência social ou assistência
social), cuidado de longa permanência e política de saúde (CAMARANO, 2004, p.139).
Novas leis e diversas medidas práticas foram empreendidas pelo Estado visando
proteger a população idosa contra a discriminação, a violência e as dificuldades econômicas.
A Política Nacional do Idoso, de 1994, e o Estatuto do Idoso, de 2003, são alguns exemplos
dessas medidas legais (CAMARANO, 2004, p. 224).
Tabela 4. Distribuição dos 63 idosos analfabetos com TCL estudados na UMT-DF, de acordo
com aposentadoria, pensão e BPC.
Aposentadoria, Pensão, BPC GE
Nº (%)
GC1
Nº (%)
GC2
Nº (%)
Amostra total
Nº (%)
Aposentado 10 (45,5) 7 (33,3) 6 (30) 23 (36,5)
Não aposentado 3 (13,6) 2 (9,5) 5 (25) 10 (15,9)
Pensão do cônjuge 3 (13,6) 7 (33,3) 6 (30) 16 (25,4)
BPC 6 (27,3) 5 (23,8) 3 (15) 14 (22,2)
Total 22 (100) 21 (100) 20 (100) 63 (100)
4.1.8 Profissão / ocupação
Quanto a profissão/ocupação não houve diferença significante entre os três grupos
[X2(2)=0,95; p=0,64]. Dos 63 idosos participantes, os dados referem-se ao exercício anterior à
aposentadoria, e que atualmente estão ativos dentro da família, sendo em sua maioria
trabalhadores do lar, totalizando 82,5% (52 idosos) e 17,5 (11 idosos) como outras
(autônomo, comerciário, diarista, lavrador e serviços gerais). As mulheres predominaram na
amostra estudada e, em sua história sócio-econômico-cultural, no passado era vista como
dona de casa e cuidadora do lar, renunciando ou mesmo nem cogitando ter sua participação
no mercado de trabalho. Na diferenciação de gênero, o homem era visto como patrono da
família e provedor do sustento e a mulher como cuidadora da família e das atividades
domésticas, desempenhando ocupação de trabalhadora do lar sem remuneração. As mulheres
da pesquisa atual fazem parte desse grupo que, em sua maioria, vivenciaram tais condições:
não trabalharam fora, não têm aposentadoria própria e recebem pensões do marido ou BPC
(Tabela 5).
65
Contrariando o achado da pesquisa atual, a participação do idoso no mercado de
trabalho brasileiro vem aumentando mesmo após a aposentadoria. A contribuição da renda do
trabalho pode significar rendimentos mais elevados, além de autonomia física e maior
integração social (PACHECO; SANTOS, 2004). O indivíduo idoso, segundo Camarano
(2004, p.11), participa do mercado de trabalho até em idades avançadas mesmo em condição
de aposentado.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (2005), nos países desenvolvidos os
trabalhadores com 60 anos ou mais de idade continuam a participar da força de trabalho,
sendo bastante ativos no setor de trabalho informal, embora isto não seja reconhecido nas
estatísticas de mercado de trabalho. A contribuição não remunerada das pessoas idosas em
casa (cuidar dos netos ou de pessoas doentes) permite que os jovens das famílias tenham
atividades remuneradas. Também, em todos os países, as atividades voluntárias dos idosos
dão importante contribuição social e econômica para a sociedade. Portanto, o idoso ocupa,
cada vez mais, papel de destaque na sociedade brasileira.
A inatividade potencial atribuída aos indivíduos idosos é observada
predominantemente entre as mulheres, como na amostra pesquisada, tornando-as mais
vulneráveis por apresentarem menor autonomia e proporção mais elevada sem rendimentos
próprios. Camarano (2004, p. 54) acredita que parte dessa dependência, no caso da falta de
renda, esteja mais associada ao baixo status social no passado do que à própria idade.
Para estas mulheres, é mais fácil associar o envelhecimento com a inatividade, mas
não necessariamente com a dependência econômica. Isso se deve também ao efeito de coorte
à menor participação na atividade econômica das mulheres idosas no passado. Nestas, o
casamento foi condição importante para seu bem-estar econômico em sua última fase da vida
(CAMARANO, 2004, p.72).
Tabela 5. Distribuição dos 63 idosos analfabetos com TCL estudados na UMT-DF, de acordo
com a profissão/ocupação.
Profissão/Ocupação GE
Nº (%)
GC1
Nº (%)
GC2
N (%)
Amostra total
Nº (%)
Do lar 19 (86,4) 16 (76,2) 17 (85) 52 (82,5)
Outras 3 (13,6) 5 (23,8) 3 (15) 11 (17,5)
Total 22 (100) 21 (100) 20 (100) 63 (100 )
66
4.1.9 Moradia e arranjo familiar
Quanto à moradia e ao arranjo familiar, não houve diferença significativa entre os três
grupos [X2(2)=0,88; p=0,64]. O Gráfico 1 mostra que no GE, 9% moravam sozinhos e 91%
acompanhados e a média de pessoas na casa foi 2,15 ± 1,09. No GC1, 19% moravam
sozinhos e 81% acompanhados e a média de pessoas na casa foi de 2,65 ± 1,77. No GC2 esses
dados foram 15% e 85% respectivamente e a média de pessoas foi de 2,18 ± 1,78.
Dentre os acompanhantes, havia variada composição familiar. Moravam com os
idosos: cônjuges, filhos, netos, sobrinhos, irmãos, e/ou noras. Os idosos, em relação ao seu
estado civil, eram em sua maioria viúvos ou casados, o que explica esses arranjos familiares.
Associa-se também a esse fato, a dependência econômica dos familiares em relação ao idoso,
que embora receba uma renda mínima, essa contribui para o sustento da família como um
todo.
As viúvas optam por morarem com outros parentes, deixam de viver só e em contra
partida contribuem com sua renda dentro do novo arranjo familiar. A mulher idosa, sendo
mais dependente que o homem, provavelmente, venha mais frequentemente a morar em casa
de outros parentes, mas no Brasil 13% dos idosos vivem sozinhos (CAMARANO, 2004, p.
54). Este é dado que contrasta com os observados nos países do hemisfério norte, nos quais
parcela significativa dessa população vive sozinha (VERAS, 1994; TOBIANSKY et al.,
1995).
A família é vista como a fonte de apoio informal mais direta para a população idosa.
Em muitos países, aparece como a única alternativa de apoio. Isso tem-se verificado tanto
pela coresidência como pela transferência de bens e recursos financeiros. Os membros da
família se ajudam na busca do alcance do bem-estar coletivo, constituindo um espaço de
conflito cooperativo, onde se cruzam as diferenças por gênero e intergeracionais. Daí surge
gama variada de arranjos familiares e a coresidência de pais idosos e filhos que aparece como
estratégia familiar utilizada para beneficiar tanto as gerações mais novas quanto as mais
velhas (CAMARANO, 2004, p.137).
67
Gráfico1. Distribuição dos 63 idosos analfabetos com TCL na UMT-DF, de acordo com a
moradia e o arranjo familiar.
9%
91%
19%
81%
15%
85%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Experimental Controle 1 Controle 2
Sozinha Acompanhada
68
4.2 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO QUANTO À PERCEPÇÃO DA MEMÓRIA
A segunda parte da entrevista retrata a percepção do idoso sobre sua memória através
de três perguntas. A primeira pergunta foi efetuada apenas no pré-teste e as duas outras no pré
e pós-testes (Anexo IV).
No pré-teste, a primeira pergunta foi: Como estava sua memória há 1 ano em relação à
sua memória atual? No GE, 82% relataram que a memória estava melhor que a atual, 9% pior
e 9% inalterada; no GC1, 81% relataram que a memória estava melhor que a atual, 9,5% pior
e 9,5% inalterada; e no GC2, 85% relataram que a memória estava melhor que a atual, 5%
pior e 10% inalterada.
A maioria dos idosos (82%) teve a percepção de que sua memória estava melhor há
um ano em relação à atual, ou seja, houve piora da memória perceptível pelos idosos ao longo
de um ano. Esse dado faz repensar a necessidade de aplicação dos testes cognitivos
anualmente. O tempo de um ano é suficiente para que ocorram alterações cognitivas
importantes para essa fase da vida, perceptíveis pelo idoso e provavelmente já sensíveis aos
testes. A avaliação anual favoreceria a identificação precoce de grupo de risco mais elevado
para o desenvolvimento da demência e mesmo a identificação de fases iniciais da demência.
Segundo Ventura e Bottino (2002), idosos acima de 60 anos têm dificuldades com a
memória e outras habilidades cognitivas, sendo comum o aparecimento de queixas
relacionadas às alterações da memória, podendo também ser causadas por vários fatores, tais
como: estresse, ansiedade, depressão ou até demências.
As duas perguntas seguintes (Como está sua memória hoje? Comente. Você acredita
que sua memória é pior do que a dos outros?) foram feitas no pré e pós-teste nos três grupos
de idosos. Os dados encontrados em cada grupo, comparando-se as respostas do pré e do pós-
teste e a relação intergrupo estão apresentados a seguir.
4.2.1 Grupo Experimental
Ao comparar a percepção da memória atual no pré e pós-oficinas, encontrou-se
diferença significativa [x²(6)=14,14; p=0,03], observando-se que a maioria (63%) relatou que
no pré-teste sua memória era regular, passando no pós-teste a ser percebida como boa (68%).
69
Verificou-se que 73% dos idosos tiveram uma percepção positiva da sua memória (bom e
excelente) após a realização das oficinas de estimulação cognitiva e 41% dos idosos mudaram
de opinião, saindo de ruim ou regular para bom (Gráfico 2).
Gráfico 2. Respostas à pergunta “Como está sua memória hoje?”, no pré e pós-oficinas de 22
idosos analfabetos com TCL do GE, UMT-DF.
5%0
63%
27% 27%
68%
5% 5%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Ruim Regular Bom Excelente
Pré Pós
Um dos critérios de diagnóstico de TCL sugerido por Petersen et al. (2001) é a queixa
de memória informada pelo paciente ou preferencialmente confirmada por um informante.
Sendo o idoso a pessoa que fornece essa informação para seu familiar, e/ou para o médico, ele
pode modificar a informação e possivelmente alterar seu „ diagnóstico. Na pesquisa atual,
portanto, os idosos modificaram sua resposta quanto à percepção de sua memória atual,
deixando de ter uma percepção negativa da memória, modificando da resposta inicial ruim ou
regular para a resposta final referida como boa.
Baseado nesta possibilidade de mudança na percepção da memória pelo próprio idoso
é questionável o diagnóstico de TCL nesses idosos, levando-se em conta a dificuldade de
diferenciação de TCL e declínio natural do envelhecimento. Questiona-se se o idoso, ao
participar das oficinas, percebeu que tinha apenas uma dificuldade natural do envelhecimento
(autopercepção), devido ao seu estilo de vida, inatividade física e mental, bem como à falta de
estimulação cognitiva e de memória. Portanto, a partir do momento no qual o idoso obteve
informações sobre o funcionamento de sua memória e as formas de estimulá-la, foi
estabelecido a mudança na sua percepção.
70
Estima-se que 30% dos idosos com mais de 65 anos têm algum prejuízo cognitivo,
sem o diagnóstico de demência (HOWIESON et al., 1997). Estes autores reforçam que as
queixas de memória são muito frequentes entre os idosos e que os médicos, no entanto,
deparam-se com dificuldades diagnósticas na distinção entre as queixas normais do
envelhecimento e os estágios iniciais de demência. Enfatizam que, à medida que a população
geral envelhece, cresce a necessidade do desenvolvimento de instrumentos sensíveis para
avaliação do declínio cognitivo. Embora pacientes portadores TCL apresentem maior chance
de desenvolver a demência de Alzheimer (DA), distinção entre TCL e envelhecimento normal
permanece questão controversa em Neuropsiquiatria.
Segundo Petersen et al. (2001), o TCL do tipo amnésico refere-se à zona de transição
entre o envelhecimento normal e os estágios muito iniciais da DA, sendo a taxa de conversão
para DA de aproximadamente 10% a 15% ao ano, representando subgrupo com risco elevado
de desenvolver a doença.
Ao comparar a percepção da memória dos participantes do GE em relação a segunda
pergunta, “Você acredita que sua memória é pior do que a dos outros?”, no pré e pós-ficinas,
a análise demonstrou diferença significativa [x²(1)=6,45; p=0,01], observando-se que no pré-
teste 41% dos idosos relataram que sua memória era pior do que a dos outros e no pós-teste
somente 23% deles fizeram esse mesmo relato (Gráfico 3).
Gráfico 3. Respostas à pergunta “Você acredita que sua memória é pior do que a dos outros?”
no pré e pós-oficinas de 22 idosos analfabetos com TCL do GE, UMT-DF.
41%
23%
59%
77%
0%
20%
40%
60%
80%
Sim Não
Pré Pós
Quando essa pergunta foi repetida no pós-oficinas, houve uma mudança de opinião,
sendo a resposta substituída com percepção positiva própria em relação à memória dos outros.
71
As oficinas, portanto, contribuíram para reduzir a percepção negativa do idoso sobre sua
própria memória em relação à memória dos outros. Essa mudança de pensamento pode ter
sido influenciada tanto pela participação e convivência em grupo, quanto pela aquisição de
aprendizado sobre sua própria memória durante a abordagem teórica e atividades práticas nas
oficinas.
A convivência com outros idosos na mesma situação (analfabetos e com TCL) pode
tê-los feito perceber que são capazes de aprender e exercitar a memória e, consequentemente,
modificar a visão de que sua memória não é pior do que a de outras pessoas.
Paiva (2000, p.53) comenta que os jogos permitem a troca de papéis, o aprendizado de
se colocar no lugar do outro, e de ver a mesma situação sob novos ângulos. No caso dos
idosos, estas são atividades importantes, visto ser grupo que assume papéis específicos, que
continua em fase de aprendizado e que pode experimentar novas situações e novos conceitos.
4.2.2 Grupo Controle 1
Ao comparar a percepção da memória atual pré e pós palestras, demonstrou-se
diferença significativa [x²(6)=16,21; p=0,01], observando-se que no pré-teste 5% dos idosos
relataram que sua memória era ruim e no pós-teste passou a ser percebida como regular
(Gráfico 4).
Gráfico 4. Respostas à pergunta “Como está sua memória hoje?” no pré e pós- palestras de 21
idosos analfabetos com TCL do GC1, UMT-DF.
5%0
71% 76%
19% 19%
5% 5%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Ruim Regular Bom Excelente
Pré Pós
72
Ao comparar a percepção da memória em relação aos outros, no pré e pós palestras,
surgiu diferença significativa [x²(1)=13,67; p=0,01], observando-se que no pré-teste 43% dos
idosos relataram que sua memória era pior do que a dos outros, enquanto no pós-teste esta
resposta foi dada por 38% deles (Gráfico 5).
Gráfico 5. Respostas à pergunta “Você acredita que sua memória é pior do que a dos outros?”
no pré e pós-palestras de 21 idosos analfabetos com TCL do GC1, UMT-DF.
43%38%
57% 62%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
sim não
Pré Pós
Esta diferença significativa na percepção da memória atual, de ruim para regular, e a
redução da percepção negativa do idoso sobre sua própria memória em relação à memória dos
outros não era esperada pela pesquisadora, visto que as palestras não tinham relação com a
estimulação cognitiva ou de memória, abordando temas sobre a saúde e a velhice. No entanto,
esse resultado evidencia o provável benefício da socialização e integração entre pessoas
idosas na visão positiva com relação à sua própria memória.
Ressalta-se a importância dos grupos controles em pesquisas dessa natureza, pois viés
é gerado ao se trabalhar com pessoas em grupos, visto ser inevitável o benefício da
socialização e integração. Segundo Pereira (1995), o viés de confundimento corresponde ao
erro sistemático que ocorre quando os resultados de uma associação entre dois fatores podem
ser imputados, totais ou parcialmente a um terceiro fator não levado em consideração.
73
4.2.3 Grupo Controle 2
Ao comparar a percepção da memória atual no mesmo período de tempo quando
aplicados os pré e pós-testes no GE e no GC1, demonstrou-se diferença significativa no GC2
[x²(6)=36,94; p=0,01], observando-se que no pré-teste 45% dos idosos relataram que sua
memória era regular, diminuindo para 40% este grau de percepção no pós-teste, enquanto a
percepção da memória como ruim aumentou de 20% para 25% nos pré e pós-teste,
respectivamente, evidenciando uma piora na percepção (Gráfico 6).
Gráfico 6. Respostas à pergunta “Como está sua memória hoje?” no período correspondente
aos pré e pós-testes, em 20 idosos analfabetos com TCL do GC2, UMT-DF.
20% 25%
45%40%
35% 35%
0% 0%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Ruim Regular Bom Excelente
Pré Pós
Ao comparar a percepção da memória em relação aos outros pré e pós-testes
demonstrou-se diferença significativa [x²(1)=12,92; p=0,01], observando-se que no pré-teste
50% dos idosos relataram que sua memória era pior do que a dos outros, tendo este grau de
percepção se reduzido para 45% no pós-teste (Gráfico 7).
Observou-se que o GC2 teve o maior percentual de ruim em relação aos demais
grupos, ou seja, visão pessimista. Esse fato pode ser justificado por esses idosos não terem
sido chamados para compor o grupo experimental desde o início, embora tenham sido
informados que posteriormente fariam parte das oficinas, sendo os próximos a participarem
da prática. Exaltar o “ruim” por alguns gerou viés na pesquisa. A alternativa para que não
ocorresse tal viés seria a omissão da informação quanto a posição dos idosos nos grupos.
74
Gráfico 7. Respostas à pergunta “Você acredita que sua memória é pior do que a dos
outros?” no período correspondente aos pré e pós-testes, em 20 idosos analfabetos com TCL
do GC2, UMT-DF.
50%45%
50% 55%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
sim não
Pré Pós
O GC2 não sofreu tipo algum de intervenção, apresentando mudança significativa na
percepção de sua memória atual, que passou de regular para ruim, ou seja, o tempo de espera
pode ter exercido influência negativa nesta percepção (Gráfico 6). No entanto, quando
perguntado se sua memória era pior do que a dos outros, houve também mudança
significativa na resposta, mas desta vez com uma percepção positiva de sua memória em
relação a dos outros (Gráfico 7).
A literatura mostra que a percepção subjetiva não corresponde necessariamente ao
comprometimento objetivo da função e, isoladamente, não consegue predizer o
desenvolvimento de demência. Os estudos que sustentam esta posição mostram que a queixa
subjetiva reflete o estado afetivo dos indivíduos e não necessariamente o declínio cognitivo
(SCHMAND, et al., 1996; JORM, et al.,1997)
O idoso ao melhorar seu estado afetivo pode, portanto, modificar a informação sobre a
percepção de sua memória, o que foi constatado nesta pesquisa, no qual o idoso melhorou a
percepção de sua memória em relação à memória dos outros em curto espaço de tempo.
Mediante este contexto, as informações de queixas subjetivas no atendimento dos
idosos nas Unidades de Saúde, e dos dados referidos pelos idosos da pesquisa atual,
evidenciam a importância da realização de investigação cuidadosa, bem como a utilização de
testes neuropsicológicos que auxiliem na determinação de evidências de declínios cognitivos
fisiológicos relacionados ao envelhecimento, assim como, nos diagnósticos das demências, as
quais devem ser detectadas e tratadas precocemente.
75
4.2.4 Análise geral da percepção da memória atual e em relação à memória dos outros
Nos três grupos pesquisados houve mudança de resposta quanto à memória atual ser
ruim, regular e bom, exceto quanto a ser excelente. Todos os resultados foram significativos
no próprio grupo. Ao se comparar intergrupos quanto ao estado da memória atual, a
percepção dos idosos mudou de forma positiva após sua participação nas oficinas e palestras
(GE e GC1), o que não ocorreu com o GC2 (sem intervenção) no qual predominou a
percepção negativa dessa memória (Tabela 6).
O GE teve 41% de aumento na resposta bom do pós-teste, o que consequentemente
reduziu a frequência de resposta de ruim e regular. O GC1 teve 5% de aumento na emissão de
resposta regular, diminuindo a frequência de resposta ruim. O GC2 aumentou a resposta ruim,
diminuindo a frequência de resposta regular, ou seja, houve aumento da percepção negativa
da memória atual nesse grupo.
Tabela 6. Relação intergrupos nas respostas à pergunta “Como está sua memória hoje?” nos
pré e pós-testes, em 63 idosos analfabetos com TCL, UMT-DF.
Grupos Relação Pré-teste Pós-teste Mudança de resposta
GE Bom 27% 68% 41% Percepção positiva
GC1 Regular 71% 76% 5% Percepção positiva
GC2 Ruim 20% 25% 5% Percepção negativa
Na Tabela 7 todos os resultados foram e positivos no próprio grupo. Na comparação
intergrupos, houve mudança de resposta no GE em relação aos GC1 e GC2, aumentando em
18% a resposta de que a memória não era pior do que a dos outros. O GC2 também teve
percepção positiva de sua memória em relação à dos outros, o que não era esperado visto não
ter sido executada nenhuma intervenção.
76
Tabela 7. Relação intergrupos nas respostas à pergunta “Você acredita que sua memória é pior
do que a dos outros?” nos pré e pós- testes, em 63 idosos analfabetos com TCL, UMT-DF.
Grupos Relação Pré-teste Pós-teste Mudança de resposta
GE Sim 41% 23% 18% Percepção positiva
GC1 Sim 43% 38% 5% Percepção positiva
GC2 Sim 50% 45% 5% Percepção positiva
Na comparação intergrupos, os GE e GC1 tiveram mudança de resposta de forma
positiva relacionada à memória atual e à memória pior do que a dos outros. No entanto, no
GE, com a intervenção das oficinas houve mudança significativa nas respostas em relação aos
demais grupos.
A socialização e integração entre os idosos foram importantes e podem ter
influenciado ambos os grupos nessa resposta positiva da percepção da memória. Esse suposto
viés (socialização/integração) foi retirado quando se trabalhou os GC1 e GC2, mostrando que
houve efetiva intervenção das Oficinas de Estimulação Cognitiva no GE, demonstrado com o
aumento de 41% dos idosos que mudaram positivamente sua opinião de percepção da
memória atual de ruim e regular para boa e aumento em 18% na resposta de que a memória
não era pior do que a dos outros.
77
4.3 COMENTÁRIOS DOS IDOSOS SOBRE SEU ESTADO MNEMÔNICO PRÉ E PÓS
OFICINAS.
Na realização dos pré e pós-testes, foi solicitado a cada um dos idosos que respondesse
como está sua memória hoje e fizessem um breve comentário sobre sua memória.
Analisando-se os comentários dos idosos sobre seu estado mnemônico no pós-teste,
agruparam-se os relatos em categorias, subcategorias, expressões definidoras e verbalizações,
utilizando exemplos. Tal proposição destinou-se à compreensão das comunicações,
significações das falas e entendimento das vivências dos idosos desta pesquisa (Apêndice D).
Seguem-se os quadros-resumo (1, 2, 3) dos agrupamentos e os quadros (4, 5, 6)
detalhados, referentes a cada um dos grupos (GE, GC1 e GC2), com a categorização dos
comentários dos idosos conforme o método utilizado (BARDIN, 2009).
Quadro 1. Resumo dos agrupamentos das categorias e subcategorias. Grupo Experimental.
CATEGORIAS SUBCATEGORIAS
1) Melhora na cognição
Memória
Atenção
Pensamento e raciocínio
2) Socialização e integração Convivência grupo
Redução da solidão
Comunicação
3) Mudança nas atividades de vida diária e
instrumental
Atividades domésticas
Atividade de vida social
4) Satisfação com as oficinas Melhora do Humor
Contentamento
Quadro 2. Resumo dos agrupamentos das categorias e subcategorias. Grupo Controle 1.
CATEGORIAS SUBCATEGORIAS
1) Relatos dos mesmos esquecimentos Dificuldade de lembrar
Esquecimentos das atividades da vida diária
2) Socialização e integração Conhecer novas pessoas
Participar de atividades na comunidade
3) Satisfação com as palestras Cuidar melhor da saúde.
Quadro 3. Resumo dos agrupamentos das categorias e subcategorias. Grupo Controle 2.
CATEGORIA SUBCATEGORIAS
1) Relatos dos mesmos esquecimentos Desorientação no tempo e no espaço
Esquecimentos das atividades da vida diária
78
Quadro 4. Categorização dos comentários dos idosos analfabetos com TCL no GE sobre seu
estado mnemônico após as Oficinas de Estimulação Cognitiva, UMT-DF.
CATEGORIAS SUBCATEGORIAS Expressões definidoras Verbalizações (Exemplos)
1) Melhora na
Cognição
1) Memória
Melhorar um pouco o
esquecimento;
Orientação no tempo e
espaço;
Lembrar o que quer
fazer ou pegar;
Facilidade de lembrar e
memorizar.
NPS - Melhorei um pouco a memória, pelo
menos as panelas não estão queimando
mais. Aprendi algumas coisas que não
sabia, como, memorizar certas coisas que
quero. Eu ainda não lembro tudo na hora,
mas aos poucos vou lembrando...
2) Atenção
Segurança no que faz;
Mais atenção nos
afazeres diários.
ARS - Melhorei no esquecimento e presto
mais atenção nas coisas que vou fazer.
Senti uma melhora boa. Antes ia pegar
uma coisa na geladeira e não sabia o que
era. Agora já vou pegar e sei o que quero.
Comprar as coisas no mercado ia duas a
três vezes, mas hoje lembro tudo que quero
comprar. Acho que melhorei a parte do
esquecimento e estou com mais atenção
nos afazeres...
3) Pensamento e
Raciocínio
Pensar antes de fazer;
Refletir antes de
executar uma atividade.
ARSS - Melhorei um pouco da memória.
Agora coloco as coisas no lugar e sei onde
coloquei. Sempre que vou falar eu consigo
lembrar o que quero falar. Estou
raciocinando e pensando mais...
CLR - Estou sentindo a memória bem
melhor. Estou lembrando com mais
facilidade. Acho que melhorei, pois estou
esquecendo menos o que ia pegar. Se eu
esqueço um objeto num lugar, eu paro ali
um pouquinho, fecho os olhos e fico
pensando o que ia pegar.
79
CATEGORIAS SUBCATEGORIAS Expressões definidoras Verbalizações (Exemplos)
2) Socialização
e Integração
1) Convivência
em grupo
Conhecimento de novas
pessoas;
Perspectiva de mudanças
no futuro;
Diversão e alegria de ter
participado;
Interação social.
ASM -...Estou pensando em estudar, fazer
alfabetização. As oficinas foram muito
boas. Conheci pessoas boas, vocês me
ajudaram muito. Se fosse para fazer de
novo, faria. Diverti e me soltei mais em
falar e participar das atividades.
2) Redução da
solidão
Ficar só em casa;
Estar junto e ter ajuda e
carinho dos
profissionais;
Fazer amigos;
Estar no meio de outras
pessoas;
Saudades.
JAO -...Senti muito bem no grupo. Gostei
de conviver com pessoas diferentes e das
brincadeiras. Foi muito divertido e
animado. Diferente de tudo que tinha
participado. Gostei demais do grupo, do
jeito de vocês e o carinho com a gente.
CLR -...Senti muito bem em participar das
oficinas. Arrumei amigos e fiquei mais
alegre na vida. Eu vivia muito fechada,
sozinha. Eu me soltei mais. Gostei de estar
com vocês e com os amigos. Agente se
distrai tanto que esquece os problemas.
3) Comunicação
Ficar mais a vontade,
mais solta para falar e
expressar;
Lembrar o que quer
falar;
Desinibição;
Menos tímida.
MJA -... Sou muito tímida, não sou de
conversar muito. Agora participo em grupo
e não tenho receio de falar e perguntar.
PCM -... Soltei mais para falar. Antes
ficava sempre calada achando que eu ia
falar e os outros iriam rir de mim. Agora
tenho mais confiança em mim para
conversar.
ESC - ...Estou mais comunicativo com as
pessoas porque era muito tímido em
conversar. Fiquei mais a vontade em falar
e expressar.
80
CATEGORIAS SUBCATEGORIAS Expressões definidoras Verbalizações (Exemplos)
3) Mudança nas
Atividades de
Vida Diária e
Instrumental
1) Atividades
domésticas
Colocar algo no lugar
ou pegar;
Não deixar queimar
panelas e derramar leite;
Não deixar torneira e
fogo ligados;
Tomar remédios;
Guardar dinheiro.
MJA - Melhorou. Meu cérebro estava
muito ruim. Acho que melhorou a minha
memória. Antes as panelas queimavam
que era uma beleza. Agora quando coloco
no fogo, eu lembro...
ESC - Estou lembrando mais das coisas.
Agora estou mais atento em tomar os
remédios. Antes era minha mulher que me
lembrava. Melhorei em lembrar o lugar
onde coloquei as coisas...
2) Atividades de
vida social
Compras no
supermercado;
Pagar contas;
Sair de casa sozinha.
MSM - ...Hoje vou ao banco e resolvo as
contas sozinha. Faço tudo direitinho.
Organizo minhas contas. Antes não fazia
isto. Perdia o dinheiro ou colocava num
lugar e não sabia onde. Eu me perdia, não
podia andar sozinha. Agora já ando só.
Ajudou-me muito, foi uma benção, uma
transformação na minha vida...
4) Satisfação
com as Oficinas
1) Melhora do
Humor
Feliz;
Alegria;
Animada;
Sentir-se bem.
GMM-...Achei muito bom participar. Ave
Maria! Eu adorei. Coisa melhor do
mundo, eu só acho ruim porque acabou,
mas se fosse para eu vir todo dia eu viria.
Antes não saía de casa. Hoje saio e vejo
coisas diferentes. Conheci muitas pessoas.
PFC- ..Foi ótimo participar, senti muito
bem no grupo. Estou mais feliz, pois
conheci pessoas novas, fiz amizades e
estou mais calma. Antes ficava só em
casa.
2) Contentamento
Esquecer os problemas;
Distração;
Participação;
Diversão;
Gostar muito.
LBS - ...Gostei muito de ter participado
das oficinas. Foi muito saudável. Aprendi
várias coisas e estou mais animada.
MLP -...Os ensinamentos das oficinas
valeram. Gostei muito e me diverti muito.
Foi muito alegre e bom estar com outras
pessoas conversando e brincando.
Conheci pessoas diferentes e fiz
amizades. Foi ótimo.
81
Quadro 5. Categorização dos comentários dos idosos analfabetos com TCL no GC1 sobre seu
estado mnemônico após as palestras, UMT-DF.
CATEGORIAS SUBCATEGORIAS Expressões definidoras Verbalizações (Exemplos)
1) Relatos dos
mesmos
Esquecimentos
1) Dificuldade de
lembrar
Memória quase do
mesmo jeito;
Memória igual.
Pouca melhora da
memória.
JUO - A minha memória está quase do
mesmo jeito. Continuo esquecendo muito.
GS - Minha memória continua igual.
VTC - Após as palestras achei que minha
memória melhorou um pouquinho.
2) Esquecimentos
das atividades da
vida diária
Esquecimento dos
objetos (onde guardou
ou o que pegar);
Afazeres de casa.
Esquecer de tomar
remédio.
APG - Estou muito esquecida. Tenho
dificuldade de lembrar onde coloco as coisas
e o que vou fazer. Esqueço quase tudo.
AAL - Minha memória continua igual.
Penso que guardei algo num lugar e está em
outro lugar. Acho que fiz uma coisa e
quando vou verificar ainda não fiz...
DLS - Minha memória está variada. Às
vezes não me lembro do que quero lembrar.
Fico com dúvida se já tomei o remédio ou
não...
2) Socialização
e Integração
1) Conhecer
novas pessoas
Entrosamento.
MMA -...Gostei muito das palestras.
Ensinou sobre saúde e aprendi a tomar meus
remédios. Agente fica mais entrosada e a
vontade com outras pessoas. Fiquei mais
animada.
2) Participar de
atividades na
comunidade
Incentivo.
TNS - ...Melhorei meu animo e estou com
mais vontade de participar das atividades.
Fiquei mais incentivada.
GTM - ...Fiquei mais animada na vida.
Estou sabendo enfrentar melhor os
problemas. Fiquei mais interessada de estar
participando das atividades na comunidade.
3) Satisfação
com as
Palestras
1) Cuidar melhor
da saúde
Aprender a cuidar da
saúde;
Ensinamento sobre a
saúde;
Alerta para saúde.
RSP - ...Foi bom participar das palestras e
algum ensinamento serviu para mim. Fiquei
mais alerta com a saúde.
FBCN - ...As palestras me ensinaram a
cuidar melhor da saúde. Conheci outras
pessoas e fiquei mais incentivada a
participar e cuidar de minha saúde.
82
Quadro 6. Categorização dos comentários dos idosos analfabetos com TCL no GC2 sobre seu
estado mnemônico após o período correspondente ao das Oficinas de Estimulação Cognitiva e
palestras, UMT-DF.
CATEGORIAS SUBCATEGORIAS Expressões definidoras Verbalizações (Exemplos)
1) Relatos dos
mesmos
Esquecimentos
1) Desorientação
no tempo e no
espaço
Se perder;
Não reconhecer lugares.
MGM - Estou bastante esquecida, que até
me prejudica. Quando estou de ônibus
desconheço o lugar onde descer, tenho que
pedir ajuda. Continuo esquecendo muito.
Minha memória está fraca.
JML - Boa. Às vezes coloco as coisas no
lugar e tenho que pensar muito para saber
onde. Se for num lugar sozinha fico variada
e me perco. Esqueço nome de pessoas e de
dar recados.
FMO - A minha memória continua do
mesmo jeito. Estou muito esquecida. Agora
já me perdi na rua.
2) Esquecimentos
das atividades da
vida diária
Esquecer o que foi
pegar e onde colocou
objetos;
Esquecer nomes e
recados;
Deixar fogo e lâmpadas
ligadas;
Esquecer de tomar os
remédios.
EAC - ...Às vezes passo da hora de
alimentar. Vou guardar os objetos e esqueço
onde colocar. As pessoas falam um assunto
e em pouco tempo não me lembro o que foi
falado.
CM - Tem dia que minha memória está pior.
As lembranças fogem muito da minha idéia.
Esqueço de tomar meus remédios ou não sei
se já tomei. Às vezes vou fazer alguma coisa
e não consigo lembrar o que...
IAA - Esqueço de tudo. Estou na cozinha
fazendo o almoço e vou até a geladeira e não
sei o que vou pegar. Fico tempo para
lembrar.
FAS -...Se retirar um objeto do lugar, não
sei onde coloquei. Esqueço o que vou pegar;
a torneira e fogo ligados.
83
Os comentários dos idosos pré-oficinas, dos três grupos, foram realizados de forma
simplista, usando poucas expressões e apresentado uma visão prévia de maneira pessimista
em relação à percepção de sua memória.
No GC1, ficou evidente no pós-teste a manutenção dos mesmos esquecimentos,
principalmente quanto à dificuldade de lembrar e os esquecimentos nas AVDs. Exalta-se aqui
a abordagem de satisfação com as palestras, por meio da subcategoria cuidar melhor da saúde
e a ênfase dada à socialização, através do conhecimento de novas pessoas e à motivação de
participar de atividades na comunidade.
No GC2, no pós-teste não foi evidenciado melhora na área da cognição, sendo
destacado os mesmos esquecimentos, mencionados pelos idosos através da desorientação no
tempo e no espaço e esquecimentos nas AVDs. Restringiu-se aos mesmos vocabulários, de
forma resumida e com poucas palavras.
No GE pós-teste, porém, após as Oficinas de Estimulação Cognitiva, os idosos
transformaram suas suposições iniciais em prática vivenciada, baseada no que sentiram,
resignificando sua percepção mnemônica de forma positiva, mais expressiva e detalhada, com
mais palavras, acrescentando adjetivos, relembrando e utilizando-se de exemplos da vida
prática, apontando as melhoras e analisando de forma clara a percepção sobre sua memória.
De acordo com a hipótese da pesquisa atual, as estratégias de Estimulação Cognitiva
através de jogos e brincadeiras adaptados para idosos analfabetos, trabalham atenção,
percepção, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento, linguagem e memória, possibilitando
melhoria cognitiva em idosos analfabetos com TCL. Esta hipótese concretizou-se ocorrendo
melhoria na cognição no GE. As Oficinas ajudaram os idosos participantes, mas
provavelmente não resolveram definitivamente os distúrbios mnemônicos, visto haver
necessidade de processo longo e continuado de estimulação em vários aspectos da cognição
para que se mantenha os benefícios deste tipo de treinamento (YASSUDA, et al., 2006;
BALL, et al. 2002).
O GE sobressaiu-se em relação aos GC1 e GC2, com referência de percepções
positivas da memória em vários aspectos. Na análise deste grupo, observou-se após leitura e
releitura, o agrupamento de idéias e relatos em quatro categorias, havendo melhora na
cognição, socialização/integração, mudança nas AVDs/instrumental e satisfação com as
Oficinas.
84
Nas habilidades cognitivas, como memória, atenção, pensamento e raciocínio, o idoso
no GC conseguiu perceber que obteve mudanças positivas, reforçando a melhora destes
aspectos, evidenciada nas expressões de facilidade para lembrar, memorizar, segurança nos
afazeres e atividades. Constatou-se também, através dos repetidos relatos dos idosos
referentes ao pensamento e raciocínio, a melhora percebida no dia-a-dia referente ao pensar e
ao refletir antes de executar determinada tarefa ou AVDs.
No entanto, apesar destes idosos no GE referirem melhora na cognição, quanto às
subcategorias memória, atenção, pensamento e raciocínio, a dificuldade mnemônica ainda
persistiu, através dos relatos de que a memória melhorou um pouco, ou seja, as dificuldades
ainda persistiram. Destaca-se aqui lacuna deixada na pesquisa atual quanto à necessidade de
mensurar o tempo no qual perduram os benefícios adquiridos com as Oficinas de Estimulação
Cognitiva para idosos analfabetos. Sugere-se que sejam refeitos os testes a longo prazo, como
seis meses e um ano após o término da Oficinas.
A falta de memória não é uma característica só da velhice. A memória não envelhece,
segundo Lima (2000) e Leme (2001), o que ocorre frequentemente é que ela passa a ser
menos exigida, piorando pela falta do uso. Para mantê-la, deve-se exercitá-la, assim como é
importante fazer exercícios físicos e manter-se ativo, ocupado. Deve-se exercitar a memória,
as relações, as trocas de afeto, passear, ir a festas, enfim, movimentar e mobilizar o corpo, os
olhos, a boca, a mente e a afetividade, atividades estas que foram proporcionadas no GE.
Outro destaque nos comentários dos idosos foi quanto aos benefícios da socialização e
integração com outras pessoas, tendo a oportunidade de sair de casa e participar em atividades
de grupo. Os idosos tiveram abertura, não só de ouvir, mas principalmente de se comunicar,
falar e expressar o que sentem, de se mostrarem desinibidos e mais à vontade dentro do grupo
e no convívio social. Demonstraram expressivamente a redução da solidão e a importância em
suas vidas de fazerem novas amizades. Essas afirmações fundamentam o exposto do
historiador Vygotsky, citado por Dytz e Cristo (1995) que afirmaram ser a atividade lúdica
uma forma de se livrar de pressões da realidade, como a vida só em casa. Cabral (1992, p.14)
concorda e afirma que o lúdico não é simplesmente um divertimento, sendo o jogo um
encaminhamento para o trabalho físico e para a educação dos sentimentos.
Como afirma Zimerman (2000, p.138), toda pessoa, independente de idade e de
condição social, tem uma necessidade vital de ser reconhecida como sendo alguém que é
aceito, respeitado, valorizado e querido pelas pessoas com as quais convive. Essa necessidade
de reconhecimento é mais notória ainda em pessoas idosas devido ao fato de elas estarem,
85
muitas vezes, com sua auto-estima fragilizada. Ao longo dos anos, devido às perdas que
acontecem e causam sofrimento, as pessoas se fecham e precisam reconfigurar o estilo de vida
social, o que nem sempre é fácil.
A ênfase na socialização e na integração geraram relatos expressivos, uma vez que os
idosos identificaram nesses encontros um ambiente favorável ao convívio social, interação e
lazer, com perspectiva de mudanças no futuro, criando incentivo e motivação para vivência
mais feliz e participativa. Assim, o ganho pessoal e social da participação nas Oficinas foi
percebido de forma clara e importante.
Na pesquisa atual, durante as Oficinas evidenciou-se a satisfação com a qual os idosos
falam de fatos acontecidos no passado, principalmente, relembra canções, músicas, jogos e
brincadeiras da infância. Zimerman (2000, p.142) cita que foi no passado, afinal, que eles
estruturaram sua personalidade e marcaram sua vida. Nessa época a vida era mais intensa,
tudo lhes era permitido, sendo fase de conquistas, de construção de relacionamentos.
Entretanto, deve-se também trabalhar com o presente. Junto com o passado, o presente poderá
fazer com que esses idosos analfabetos sintam-se mais ajustados e com mais condições de
encontrar satisfação.
De Gáspari e Schwartz (2005), em pesquisa realizada com 19 idosos, relataram que os
mesmos, ao serem indagados sobre a importância de participar de um Programa de Ação
Educativa voltado para idosos, responderam afirmativamente. Das alegações afirmativas
figuram, entre outros, registros como o de que nele aprenderam várias coisas, sentiram-se
importantes, valorizados, incentivados e animados. Além disso, afirmaram que nele puderam
fazer novas amizades e conhecer mais pessoas. Além de se divertirem, de se distraírem e de se
sentirem bem, acreditam ser este um jeito novo de aprender a viver e que, mesmo depois de
velhos sempre estão abertos a aprender alguma coisa. Tais afirmações corroboram Giubilei
(1993), que afirmou ter o indivíduo idoso a possibilidade de educar-se de forma continuada.
No GE, os relatos mostraram que os idosos puderam vivenciar, na prática de seu
ambiente cotidiano, mudanças nas atitudes durante as AVDs e AIVDs. Essas mudanças foram
geradas, provavelmente, pelo apropriamento de conhecimentos teóricos e práticos sobre o
funcionamento de sua cognição, especialmente memória e atenção. Esses conhecimentos
podem provocar mudança na prática diária, tais como, não deixar as panelas queimar, não
esquecer fogo e lâmpadas ligadas, saber o que quer fazer ou pegar, pagar as contas e fazer
compras no supermercado, entre outras.
O enunciado acima, em estudo realizado nos Estados Unidos, Ball et al., (2002)
avaliaram efetividade e durabilidade de três intervenções cognitivas distintas (treino de
86
memória, treino de argumentação e treino de velocidade de processamento) sobre o
desempenho cognitivo e AIVDs de idosos saudáveis. Participaram desse estudo 2832 idosos,
com idade entre 65 e 94 anos. Cada grupo de intervenção recebeu dez sessões de treino,
realizadas em pequenos grupos, com duração de 60 a 75 minutos cada, em período de cinco a
seis semanas. Os resultados confirmaram a efetividade e a durabilidade das intervenções
cognitivas no aumento das habilidades cognitivas e no desempenho das AIVDs. Os efeitos do
treino foram equivalentes à quantidade de declínio esperado em idosos sem demência no
intervalo de 7 a 14 anos. Estes autores concluíram que intervenções cognitivas ajudam idosos
saudáveis a melhorar o desempenho em habilidades cognitivas específicas nas quais foram
treinados. Além disso, sugeriram que essas intervenções têm o potencial de reverter declínios
cognitivos relacionados à idade. Esses achados evidenciaram que o treino de argumentação
mostrou-se associado ao menor declínio funcional de idosos nas AIVDs. Os grupos
experimentais (treino de memória, treino de argumentação e treino de velocidade de
processamento), comparados ao grupo controle, apresentaram aumento nas habilidades
cognitivas, que permaneceu por cinco anos após a intervenção.
Na pesquisa atual, os idosos estudados foram unânimes no relato de satisfação com as
Oficinas de Estimulação Cognitiva Todos eles expressaram frases de contentamento,
evidenciando melhora no estado de humor e emitiram expressões sentimentais, declaradas
como felicidade, alegria, bem estar e animação. Outro aspecto percebido pelos idosos foi o
despertar da diversão como parte integrante desta fase de suas vidas. Era esperado que
houvesse benefícios gerados pelas Oficinas, visto terem sido utilizados jogos e brincadeiras
que geram, além da aprendizagem e da socialização, satisfação mostrada durante as Oficinas
através de gargalhadas, risos e sorrisos que eram constantes durante a execução das mesmas.
De Gáspari e Schwartz (2005) e Schwartz (2003; 2004) dão suporte aos achados da
presente dissertação no que diz respeito à oportunidade de ressignificação do ser idoso. Esses
autores comentam que Programas de Convivência para idosos investem na possibilidade de
que o idoso possa ressignificar emocionalmente seu lazer nesta etapa da vida, podendo
reverter atitudes cristalizadas, valores, comportamentos e/ou condutas que exterioriza. O
parâmetro apenas de suas opções e preferências pessoais se modifica e deixa fluir a
espontaneidade, a alegria, o prazer de viver.
Bruner (1972/1976) postula o brincar como atividade que deve facilitar a
aprendizagem e/ou a prática de comportamentos específicos. Quanto ao aprendizado, vários
autores relatam que o mito de que o idoso não aprende está relacionado ao preconceito social
87
contra essa faixa etária, à baixa-estima do idoso e à falta de estimulação mental (LEME, 2001;
STUART-HAMILTON, 2002; SIQUEIRA, 2002).
Segundo Matos (2006), o elemento lúdico das Oficinas de Jogos e Brincadeiras que
lhe é inerente, redefine os níveis qualitativos existenciais. Planejar vivências lúdicas
significativas e intervir a partir do lúdico sinaliza a (re) humanização do homem e da própria
educação. Estas alterações percebidas pelos idosos representam forte indício de que tais
experiências podem ser capazes de ressignificar, não apenas as vivências no âmbito do lazer,
mas, inclusive, proporcionar um novo dimensionamento em todos os aspectos da vida em
geral.
A satisfação gerada nas Oficinas de Jogos e Brincadeiras de Estimulação Cognitiva
pode estar também relacionada com fatos do passado dos idosos, pois estas os fizeram
relembrar situações vividas. O idoso traz uma bagagem da infância, a vivência da juventude e
da fase adulta, que acrescidas de suas experiências na velhice geram uma riqueza de valores
incalculáveis.
Zimerman (2000, p.140) cita que fazer o idoso viver um pouco suas lembranças é
estimulá-lo a recordar satisfações que teve no passado. Recordar vivências passadas é
importante, pois a melhor maneira de não esquecer é lembrar, ou seja, quanto mais lembrar
mais, o idoso vai vivenciar os fatos, melhor vai elaborá-los e, em consequência, melhor vai se
sentir, mesmo que não saiba explicar o motivo. A autora op. cit. (2000, p.135) comenta que
ainda que o idoso não tenha um longo futuro pela frente, a motivação e o estímulo significam
viver bem e intensamente no presente, ter satisfação com a vida que leva agora, deixando um
modelo de idoso feliz para os que um dia também serão idosos. Um importante estímulo é o
convívio com os filhos, os netos, os amigos, os alunos e os colegas.
As pessoas idosas, segundo vários autores, têm procurado nos Grupos de Convivência
os valores coletivos e a interação social que, entre outros, lhes foram subtraídos (SANTOS
FILHO, 1999; SANTOS, 2003; VITAL, 2005). Tal constatação, como no caso da pesquisa
atual, revela que a sensibilidade de percepção e compreensão dos desejos e necessidades
produzidas por este grupo social específico, que é o idoso inserido nos meios familiar, social e
cultural, torna-se importante por meio do desenvolvimento e disponibilização na rede de
saúde de estratégias de Estimulação Cognitiva adaptadas para idosos e ainda mais, idosos
analfabetos. Portanto, urge necessidade de se discutir a Estimulação Cognitiva para idosos
como um dos espaços de vivência e qualidade de vida, objetivando ações e a construção de
uma cultura desejada voltada para esta parcela da população.
88
4.4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS TESTES APLICADOS
4.4.1 Miniexame do Estado Mental
A análise dos escores obtidos no MEEM, na interação grupos e momentos,
demonstrou efeito significativo [F(2,60)=4,09; p=0,02]. A análise entre os grupos demonstrou
que no pré-teste não houve diferença significativa entre os três grupos, enquanto no pós-teste
observou-se que o GE apresentou resultados significativamente maiores que o GC2 (22,81 ±
3,20 e 20,21 ± 2,28, respectivamente), o que não ocorreu comparando-se com o GC1 (20,90 ±
3,13). Também não houve diferença significativa entre os GC1 e GC2 (Gráfico 8).
A análise intragrupo demonstrou que no GE houve melhora significativa do pré (20,68
± 2,66) para o pós-teste (22,81 ± 3,20). No GC1 também houve melhora significativa do pré
(19,43 ± 3,52) para o pós-teste (20,90 ± 3,13). Entretanto, no GC2 não surgiu diferença
significativa entre pré e o pós-teste (Gráfico 8).
Gráfico 8. Escore geral do MEEM, pré e pós-testes, nos GE, GC 1 e GC2, nos 63
idosos analfabetos com TCL, UMT-DF.
20,68
22,82
19,4320,90
19,8420,21
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
Experimental Controle 1 Controle 2Pré Pós
Médias
Resumindo-se, no pré-teste os três grupos não apresentaram diferença significativa
entre si. No pós-teste, o GE apresentou resultado significativamente maior do que o GC2, não
havendo diferença em relação ao GC1. Tanto no GE quanto no GC1 surgiu diferença
89
significativa do pós-teste em relação ao pré-teste, ou seja, houve melhora nos escores finais
do MEEM.
Não ocorreu, conforme o esperado, que o GE apresentasse diferença significativa em
relação aos outros dois grupos controles. O GE teve maior escore no MEEM do que GC1 e
GC2, entretanto sem diferença significativa do GE em relação ao GC1. Mesmo o GC1 não
tendo recebido intervenções específicas para cognição como o GE, ambos obtiveram melhora
dos escores totais do MEEM, talvez por influência da socialização e da integração, ou mesmo,
pelo fato de saírem de casa e participarem de palestras sobre orientações à saúde.
No estudo atual, portanto, intervir com Oficinas de Estimulação Cognitiva adaptadas
para idosos analfabetos com TCL ou com palestras educativas em saúde, teve o mesmo efeito
no aumento do escore final do MEEM.
Na Tabela 8 encontram-se os resultados de cada item do MEEM (orientação, memória
imediata, atenção e cálculo, evocação e linguagem), a fim de se visualizar fidedignamente o
desempenho dos idosos em cada item do instrumento, identificando-se em quais itens ocorreu
melhora do desempenho cognitivo.
Tabela 8. Análise dos itens do MEEM, pré e pós-testes, nos 63 idosos analfabetos com TCL
dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF.
Itens Experimental Controle 1 Controle 2 Valor F Valor p
Orientação Pré 8,55 ± 1,50 8,19 ± 1,91 8,30 ± 1,45
0,83 0,44 Pós 9,00 ± 1,57 8,62 ± 1,69 8,35 ± 1,42
Memória
imediata
Pré 2,95 ± 0,21 2,90 ± 0,30 3,00 ± 0,00 0,23 0,80
Pós 3,00 ± 0,00 2,95 ± 0,21 3,00 ± 0,00
Atenção e
Cálculo
Pré 0,50 ± 0,91 0,67 ± 1,11 0,30 ± 0,47 4,54 0,02
Pós 1,13 ± 1,64 0,61 ± 0,92 0,35 ± 0,49
Evocação Pré 1,64 ± 1,14 1,29 ± 0,90 1,50 ± 0,95
0,84 0,44 Pós 2,27 ± 0,77 1,86 ± 0,96 1,70 ± 0,73
Linguagem Pré 7,09 ± 0,87 6,38 ± 1,16 6,65 ± 1,09
0,84 0,44 Pós 7,36 ± 0,79 6,86 ± 0,91 6,80 ± 1,24
A análise não demonstrou efeito significativo na interação grupos e momentos nos
itens orientação, memória imediata, evocação e linguagem (p>0,05). No entanto, no item
90
atenção e cálculo, surgiu efeito significativo nessa interação. A análise intragrupo demonstrou
que no GE houve melhora significativa do pré (0,50 ± 0,91) para o pós-testes (1,13 ± 1,64,
enquanto nos GC1 e GC2 não surgiu esta mesma diferença.
Correia (2008) avaliou o nível de cognição de 80 mulheres idosas com idade entre a
7ª e 9ª décadas que referiam alterações da memória, utilizando o MEEM, em dois serviços
públicos na cidade de São Luís (MA). O autor verificou a associação do nível de cognição
com as variáveis sócio-demográficas dessa população. O MEEM foi aplicado
ambulatorialmente, sendo os pacientes classificados como com ou sem transtorno cognitivo.
Com a aplicação do MEEM, verificaram que 31,2% eram portadores de transtorno cognitivo,
sendo que 71,4% deles tinham idade entre 81 e 85 anos. O transtorno cognitivo estava
presente em 65% das pacientes com nível educacional inferior a sete anos. Em relação ao
nível de renda e cognição, observou que 30,4% das pacientes que apresentavam nível de
renda menor que um a dois salários mínimos apresentavam transtorno cognitivo. Este autor
evidenciou que os dados sócio-demográficos tiveram relação com a presença do transtorno
cognitivo ocorrendo preponderantemente nos pacientes na 8ª década.
No presente estudo, toda a amostra foi composta por idosos analfabetos com TCL,
sendo 78% deles idosos jovens, isto é, na faixa etária entre 60 e 79 anos. Isto pode ter
ocorrido pelo fato da UMT-DF ser Centro de Referência em Atenção ao Idoso e por atuação
multiprofissional eficaz, feita na Unidade de Geriatria, com diagnóstico mais precoce dos
casos com TCL. A falta de escolaridade e nível de renda foram fatores que se destacaram no
estudo atual, podendo estar diretamente relacionados com o TCL e com o desempenho no
MEEM, o que também foi demonstrado por Correia (2008). O resultado do estudo atual é
compatível com os de Petersen et al (1999) e Bertolucci (2000), que demonstraram pior
desempenho no MEEM nos pacientes com queixas cognitivas. Segundo Herrera et al. (1998),
há equivalência entre nível de renda e nível de cognição, evidenciando que quanto mais baixo
o nível sócio-econômico menores são os escores apresentados nos testes cognitivos, com
maior prevalência da síndrome demencial.
4.4.2 Memória de Lista de Palavras
Demonstrou-se efeito significativo na interação grupos e momentos [F(2,60)=6,05;
p=0,004]. A análise entre grupos não demonstrou diferença significativa entre os três grupos
no pré e no pós-testes (Gráfico 9).
91
A análise intragrupo demonstrou que no GE houve melhora significativa na memória
verbal de longo prazo do pré-teste para o pós-teste (19,55 ± 4,50 e 22,82 ± 3,43,
respectivamente). No GC 1 não surgiu diferença significativa entre o pré e o pós-teste,
enquanto no GC2 houve diferença significativa entre o pré e o pós-teste, observando-se
também melhora dos escores (20,85 ± 4,34 e 22,20 ± 2,67, respectivamente) (Gráfico 9).
Gráfico 9. Escore geral da Memória de Lista de Palavras, nos pré e pós-testes, nos 63 idosos
analfabetos com TCL dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF.
19,55
22,82
20,48 20,90 20,8522,20
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
Experimental Controle 1 Controle 2
Pré Pós
Médias
Resumindo, a análise do escore geral do teste de Memória de Lista de Palavras, cujo
valor máximo é de 30 pontos, não mostrou diferença significativa entre os grupos. Na análise
intragrupo, essa significância apareceu nos GE e GC2, sendo que ambos tiveram melhora no
escore do pré para o pós-teste. Este resultado é de difícil explicação, podendo o próprio
instrumento ter gerado esse viés. A reaplicação do teste no GC2 poderia ter gerado o viés da
assimilação do teste, o que faria com que obtivesse melhores resultados. Entretanto, o mesmo
não ocorreu com GC1, que seguiu os mesmos critérios, exceto quanto ao fato de seus
participantes assistirem palestras.
A Tabela 9 mostra efeito significativo na interação grupos e momentos em todas as
etapas do teste de Memória de Lista de Palavras (p≤0,05). Quanto à evocação imediata, a
análise entre grupos não demonstrou diferença significativa entre os três grupos no pré e no
pós-teste. A análise intragrupo demonstrou que no GE houve melhora significativa do pré
para o pós-teste (5,18 ± 2,08 e 6,45 ± 1,53, respectivamente). Nos GC1 e GC2 não surgiu
diferença significativa entre esses dois momentos.
92
Tabela 9. Análise das etapas do Teste de Memória de Lista de Palavras, nos pré e pós-testes,
nos 63 Idosos analfabetos com TCL dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF.
Etapas Experimental Controle 1 Controle 2 Valor F Valor p
Evocação
imediata
Pré 5,18 ± 2,08 5,57 ± 1,86 6,60 ± 3,05 3,30 0,04
Pós 6,45 ± 1,53 5,76 ± 1,26 6,10 ± 0,96
Evocação
posterior
Pré 6,81 ± 1,50 7,05 ± 1,83 7, 53 ± 1,54 2,97 0,05
Pós 7,64 ± 1,26 7,10 ± 1,64 7,58 ± 1,30
Reconhecimento Pré 7,55 ± 1,37 7,86 ± 1,80 8,15 ± 0,99
7,58 0,001 Pós 8,77 ± 1,19 8,05 ± 1,71 8,45 ± 1,05
Quanto à evocação posterior, a análise entre grupos não demonstrou diferença
significativa entre os três grupos no pré e no pós-teste. A análise intragrupo demonstrou que
no GE surgiu melhora significativa do pré para o pós-teste (6,81 ± 1,50 e 7,64 ± 1,26,
respectivamente). Nos GC1 e GC2 não houve diferença significativa entre os testes realizados
nesses dois momentos.
Quanto ao reconhecimento, a análise entre grupos não demonstrou diferença
significativa entre os três grupos no pré e no pós-testes. A análise intragrupo demonstrou que
no GE houve melhora significativa do pré para o pós-teste (7,55 ± 1,37 e 8,77 ± 1,19,
respectivamente). Nos GC1 e GC2 não houve diferença significativa entre os testes realizados
nesses dois momentos.
Portanto, na análise de cada etapa do teste de Memória de Lista de Palavras não surgiu
diferença significativa entre os grupos. Porém, na análise intragrupo encontrou-se diferença
significativa nas três etapas do teste. O GE apresentou melhora significativa no resultado do
pré para o pós-teste quanto a todas as etapas do teste de Memória de Lista de Palavras
(evocação imediata, evocação posterior e reconhecimento), não se encontrando diferenças
significativas nos dois grupos controles.
Dois estudos realizados na Universidade Estadual de Campinas também encontraram
melhora no desempenho de indivíduos idosos em tarefas de memória após seu treino. No
primeiro, Carvalho (2006) avaliou os efeitos do treino de memória episódica em 57 idosos
saudáveis com escolaridade entre 4 e 8 anos, sem indícios de depressão e de demência. Os
participantes foram divididos em GE (n=31) e GC (n=26). O GE recebeu cinco sessões de
treino de memória episódica, nas quais os participantes foram instruídos a categorizar listas de
supermercado e listas de figuras. Esse treino promoveu melhora no desempenho da memória
93
episódica e maior uso da estratégia treinada, indicando que os idosos não acometidos por
doenças podem-se beneficiar desse tipo de intervenção.
No segundo estudo, Lasca (2003) avaliou os efeitos de um programa de treino de
memória em 39 idosas, sem déficit cognitivo e depressão, avaliadas com o MEEM e com a
Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage (1983). As mulheres idosas foram divididas em
GE e GC, sendo pareadas por idade e escolaridade. Todas as participantes foram avaliadas no
pré e pós-teste, sendo este realizado sete dias após o pré-teste. Na mesma sessão em que foi
aplicado o pré-teste, foi realizado o treino de memória, que consistia em instruções sobre
como categorizar duas listas de supermercado e as vantagens dessa técnica. Os resultados
evidenciaram que o treino promoveu modesta melhoria nas habilidades de memória, embora
sem diferença significativa. A autora concluiu que os limitados efeitos do treino podem ter
sido decorrentes do treino unifatorial, que ensinou somente uma técnica em um curto período
de tempo.
Os resultados da pesquisa atual referentes ao teste de Memória de Lista de Palavras
corroboram os destes dois estudos acima descritos. Pode-se concluir que os treinos
proporcionam melhoria no desempenho de memória e que o tempo de treinamento é fator
importante que influencia esses resultados. Evidenciou-se no estudo atual, que o GE
apresentou significativamente melhores resultados do pré para o pós-teste em todas as etapas,
não ocorrendo o mesmo nos dois GC.
4.4.3 Fluência Verbal
Demonstrou-se efeito significativo na interação grupos e momentos [F(2,60)=12,73;
p=0,001]. A análise entre grupos demonstrou que no pré-teste não surgiu diferença
significativa entre os três grupos, observando-se, entretanto, no pós-teste o GE (12,27 ± 2,83)
apresentou resultados significativamente melhores que GC1 (10,19 ±3,06) e GC2 (9,00 ±
1,97), mostrando eficácia da intervenção realizada para melhorar a fluência (Gráfico 10).
Análise intragrupo demonstrou que no GE houve melhora significativa da fluência
verbal do pré para o pós-teste ((10,31 ± 2,59 e 12,27 ± 2,83, respectivamente). No GC1 não
apareceu diferença significativa entre o pré e o pós-teste, enquanto no GC2 houve diferença
significativa entre pré e o pós-teste, observando-se redução da fluência verbal (10,31 ± 2,59 e
9,00 ± 1,97, respectivamente) (Gráfico 10).
94
Gráfico 10. Escore geral da Fluência Verbal, nos pré e pós-testes, em 63 idosos
analfabetos com TCL dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF.
10,31
12,27
9,2910,19
10,80
9,00
0,00
3,00
6,00
9,00
12,00
15,00
Experimental Controle 1 Controle 2
Pré Pós
Médias
Resumindo, a análise intragrupo demonstrou que o GE apresentou diferença
significativa do pré para o pós-teste, aumentando a fluência verbal. No GC1 não houve
diferença entre o pré e pós-teste, enquanto no GC2 surgiu diferença significativa entre o pré e
o pós-teste, com redução da fluência verbal, ou seja, com piora na resposta no segundo
momento de aplicação do teste.
Brucki et al. (1997) avaliaram o desempenho na fluência verbal de 336 indivíduos sem
queixas neurológicas ou psiquiátricas, através do MEEM e da Fluência Verbal na categoria
animais, verificando a influência da idade e escolaridade no seu resultado. Para comparação e
verificação dos níveis de corte, foram examinados 65 indivíduos com perda cognitiva. Na
população normal, a média obtida foi de 13,84 animais/min. Segundo a escolaridade, os
resultados foram: 11,92 em analfabetos, 12,82 naqueles com até 4 anos incompletos, 13,45
nos de 4 a 8 anos incompletos, 15,88 nos com 8 ou mais anos de escolaridade, com diferença
significante entre eles (p=0,0001). Segundo os grupos etários, as médias foram: 13,79
naqueles com idade inferior a 65 anos e 13,92 naqueles com idade igual ou superior a 65 anos
(sem diferença significativa). Os autores determinaram para esses grupos dois níveis de corte:
9 para indivíduos com até 8 anos de escolaridade e 13 para o grupo de alta escolaridade.
Concluíram que não houve diferença de desempenho relacionado à idade, enquanto
isto ocorreu em relação à escolaridade. Assim, em nosso meio devem ser utilizados níveis
diferenciados de corte no teste de fluência verbal, considerando-se os efeitos da escolaridade
sobre o desempenho do teste.
95
No presente estudo, no teste de Fluência Verbal foi utilizado como referência o ponto
de corte 9. Os escores dos três grupos no pré-teste ficaram abaixo da média de 11,92 para
indivíduos analfabetos, encontrado por Brucki et al (1997). No entanto, após as Oficinas de
Estimulação Cognitiva para idosos analfabetos, o GE obteve resultados significativamente
maiores do que o GC1 e GC2 (12,27 ± 2,83, 10,19 ±3,06 e 9,00 ± 1,97, respectivamente).
Assim, ficou evidenciado que a intervenção foi eficaz para melhorar a Fluência Verbal, assim
como a importância de ser utilizados pontos de corte diferentes para níveis variados de
escolaridade.
Corroborando estes dados, Rodrigues et al. (2008) verificando a aprendizagem verbal
em indivíduos normais submetidos ao teste de Fluência Verbal Semântica e Fonológica,
considerando idade, nível de escolaridade e gênero, concluíram que a aprendizagem verbal
ocorreu com maior frequência nos adultos do que nos idosos. Entretanto, comparando os
grupos não foram encontradas diferenças significativas em relação ao número total de
palavras geradas por minuto. No entanto, foi observado decréscimo na produção de palavras
com o aumento da idade e com a diminuição do nível de escolaridade.
Sendo a amostra da pesquisa atual constituída de idosos jovens, com média de 72,86 anos,
o GE beneficiou-se com as Oficinas de Estimulação Cognitiva, com aumento significativo na
fluência verbal.
4.4.4 Teste Computadorizado de Atenção Visual
Quanto à análise do tempo, não se demonstrou efeito significativo na interação grupos
e momentos [F(2,60)=0,67; p=0,51]. Também não houve diferença significativa entre os
momentos pré e pós-teste (p=0,36), indicando que não houve alteração significativa da
concentração do pré para o pós-teste nos três grupos (Gráfico 11).
96
Gráfico 11. Variabilidade do tempo de reação visual (milissegundos), nos pré e pós-testes, nos
63 idosos analfabetos com TCL nos GE, GC1 e GC2, UMT-DF.
67,2869,74
66,9068,28 67,76 67,06
40,00
45,00
50,00
55,00
60,00
65,00
70,00
75,00
Experimental Controle 1 Controle 2
Milisssegundos
Pré Pós
Quanto à análise dos acertos, não se demonstrou efeito significativo na interação
grupos e momentos [F(2,60)=1,06; p=0,35], demonstrando que o percentual de respostas
emitidas não apresentou diferença significativa do pré para o pós-teste entre os três grupos
(Gráfico 12).
Gráfico 12. Percentual de acertivas emitidas nos pré e pós-testes, nos 63 idosos analfabetos
com TCL dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF.
94,7398,18 95,71 96,10
94,2597,55
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
100,00
Experimental Controle 1 Controle 2
%
Pré Pós
97
Quanto à análise do Falso Alarme, não foi demonstrado efeito significativo na
interação grupos e momentos [F(2,60)=1,84; p=0,17]. Também não surgiu diferença
significativa entre os momentos pré e pós-teste (p=0,06), indicando que não houve diferença
significativa no percentual de impulsividade de respostas incorretas, isto é, falsos alarmes do
pré para o pós-teste entre os três grupos (Gráfico 13).
Gráfico 13. Percentual de Falsos Alarmes emitidas nos pré e pós-testes, nos 63 idosos
analfabetos com TCL dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF.
0,011
0,0020,007
0,002 0,004 0,005
0,000
0,020
0,040
0,060
0,080
0,100
Experimental Controle 1 Controle 2
%
Pré Pós
Quanto ao tempo médio de reação, mostra-se no Gráfico 14 efeito significativo na
interação grupos e momentos [F(2,60)=6,45; p=0,003]. A análise entre grupos não
demonstrou diferença significativa entre os três grupos no pré e no pós-teste. A análise
intragrupo demonstrou que no GE não surgiu diferença significativa entre os dois momentos
de aplicação dos testes. No GC1 houve redução significativa do pré para o pós-teste (420,81
± 75,21 e 391,81 ± 55,79, respectivamente), mostrando melhora na velocidade de reação
motora aos estímulos visuais. Entretanto, no GC2 houve aumento significativo do pré (397,15
± 55,02) para o pós-teste (397,15 ± 55,02 e 433,80 ± 76,95, respectivamente), indicando piora
no tempo médio de reação.
98
Gráfico 14. Tempo médio de reação aos estímulos visuais pré e pós-testes, nos 63 idosos
analfabetos com TCL dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF.
Concluindo, no Teste Computadorizado de Atenção Visual (TCA) não surgiu melhora
significativa quanto à variabilidade do tempo de reação visual, percentual de acertos das
respostas emitidas e do percentual de respostas incorretas (falsos alarmes) nos três grupos
estudados. No entanto, o tempo médio de reação aos estímulos visuais foi significativamente
menor no GC1 e significativamente maior no GC2, não tendo se alterado no GE, o que não
era esperado para este grupo.
Cabral et al. (2005) fizeram breve revisão de estudos brasileiros recentes sobre
sensibilidade e especificidade para o diagnóstico do TCL utilizando três instrumentos usados
na clínica neuropsiquiátrica. A amostra consistiu de 104 indivíduos com idade superior a 65
anos. O grupo portador de TCL (n=49) e os controles (n=55) foram submetidos ao MEEM e a
testes computadorizados de memória e atenção (TCM e TCA), especialmente desenvolvidos
para a população brasileira. Constataram que o MEEM e o TCM dependiam do nível
educacional da população estudada. Análises mostraram que tanto o MEEM como o TCA
apresentam limitações para diferenciar os portadores de TCL dos controles normais,
reforçando a importância do uso dos testes computadorizados para diagnóstico do TCL.
Os autores op cit. referem que, à medida que a população geral envelhece, cresce a
necessidade do desenvolvimento de instrumentos sensíveis para avaliação do declínio
cognitivo. Embora pacientes portadores de TCL apresentem maior chance de desenvolver a
99
doença de Alzheimer, a distinção entre TCL e envelhecimento normal permanece questão
controversa, podendo os testes computadorizados ser instrumentos valiosos nestes
diagnósticos.
Evidenciando o enunciado acima, Zerbini et al. (2009) desenvolveram estudo para
avaliar dois testes neuropsicológicos, comparando sua acurácia diagnóstica na identificação
de portadores de TCL. Para este fim, enfocaram o MEEM e o Teste Computadorizado de
Atenção Visual. Os indivíduos que compuseram a amostra foram selecionados em Centro de
Convivência do estado do Espírito Santo, Brasil, sendo divididos em dois grupos
homogêneos: grupo 1, composto por idosos que acusaram queixas de memória (grupo TCL);
e grupo 2, com idosos que não possuíam queixas de alterações da memória (grupo controle).
As características sócio-demográficas dos dois grupos contemplaram os parâmetros gênero,
faixa etária e escolaridade. Os dados obtidos demonstram que em ambos os instrumentos de
rastreio, TCA e MEEM, os pacientes portadores de TCL apresentaram desempenho inferior
ao grupo controle. Nenhum dos instrumentos apresentou efeito da idade, porém a escolaridade
apresentou forte influência no MEEM, fato que não ocorreu no TCA. Este estudo, portanto,
mostrou o efeito da escolaridade no desempenho do MEEM mas não do TCA, sendo este um
importante instrumento para aplicação em idosos analfabetos.
No caso do presente estudo, de forma geral não houve melhora significativa no TCA
do pré para o pós-teste, exceto quanto ao tempo médio de reação aos estímulos visuais, no
qual o GC1 foi significativamente melhor, o GC2 foi significativamente pior e o GE não
sofreu alteração. Este resultado demonstra a necessidade de outros estudos com testes
computadorizados com as variáveis de escolaridade, idade e transtornos cognitivos na
avaliação do nível de atenção dos idosos.
100
5. CONCLUSÃO
No presente estudo, verificou-se que as Oficinas de Jogos e Brincadeiras adaptados
para idosos analfabetos melhoraram a cognição, socialização/integração, mudança nas
AIVDs, sendo de fundamental importância para a funcionalidade do idoso. Estes resultados
são relevantes, pois demonstram que esse tipo de intervenções contribui para a promoção da
saúde, autonomia e melhoria da qualidade de vida dos idosos.
Na pesquisa atual, os idosos analfabetos quando questionados sobre como estava sua
memória há um (1) ano em relação à atual, 82% relataram que houve piora da mesma ao
longo do ano. Reforça-se, assim, a importância da reaplicação de testes cognitivos
anualmente, favorecendo a identificação precoce de grupos de risco elevado para
desenvolvimento de demências.
Quanto se interrogou sobre o estado da memória atual e se achavam que a memória
estava pior do que a dos outros, a percepção dos idosos mudou de forma positiva após sua
participação nas dez oficinas e palestras (GE e GC1, respectivamente), o que não ocorreu no
GC2 (sem intervenção), no qual houve aumento da percepção negativa quanto a estas
questões. No GE, as respostas mudaram significativamente de forma positiva em relação aos
dois grupos controles.
Quanto aos comentários dos idosos sobre a auto-percepção de sua memória, no pré-
teste os relatos dos participantes dos três grupos foram feitos de forma simples e pessimista.
No pós-teste, os dois GCs mantiveram os mesmos esquecimentos, sendo que no GC1 (com
palestras) foi dada ênfase à socialização e à motivação para participar de atividades na
comunidade. O GE sobressaiu-se em relação aos demais GCs, destacando-se em quatro
categorias: melhora na cognição, socialização/integração, mudança nas AIVDs e unânime
satisfação com as oficinas. Nas habilidades cognitivas, como memória, atenção, pensamento e
raciocínio, os idosos do GE perceberam que obtiveram mudanças positivas, evidenciadas nas
expressões de facilidade de lembrar e memorizar, e na segurança nos afazeres e atividades.
Assim, a socialização e a integração entre os idosos poderiam ter influenciado os
grupos na resposta positiva de percepção da memória. Esse suposto viés foi retirado quando
se analisou os 2 GCs (com palestras e sem intervenção), mostrando que houve efetiva
intervenção das Oficinas de Estimulação Cognitiva na percepção positiva da memória do GE.
Ressalta-se, portanto, a importância de GCs em estudos dessa natureza.
101
No presente estudo, verificou-se que as intervenções através de jogos e brincadeiras
adaptados para idosos analfabetos estimulam a cognição e são importantes para a
funcionalidade do idoso em tarefas simples, como lembrar-se de tomar os remédios, não
deixar panelas queimar, não esquecer fogo e lâmpadas ligadas, saber o que quer fazer ou
pegar, pagar contas e fazer compras, atitudes estas que melhoram sua prática diária,
contribuem para a independência e diminuem o risco de institucionalização. Essas mudanças
foram geradas, provavelmente, pelo apropriamento de conhecimentos teóricos e práticos
sobre o funcionamento de sua cognição, especialmente memória e atenção.
O ganho pessoal e social com as oficinas foi percebido de forma clara pelos idosos. A
ênfase na socialização e na integração gerou relatos expressivos da criação de um ambiente
favorável ao convívio social, interação e lazer, perspectivas de mudanças no futuro, incentivo
e motivação para uma vivência mais feliz e participativa. Os jogos e as brincadeiras foram
instrumentos sociais que geraram a interação entre os idosos, que por sua vez proporcionou
melhora na cognição dos mesmos.
Outro aspecto percebido pelos idosos foi o despertar do lazer como parte integrante
desta fase da vida e a satisfação com a lembrança do passado, através de canções e jogos. A
utilização de jogos e brincadeiras geraram, além da aprendizagem e socialização, satisfação,
bom humor e alegria, marcados durante as oficinas com a presença de gargalhadas, risos e
sorrisos. Destaca-se, portanto, a importância em se trabalhar memória de longo prazo nessas
Oficinas.
Quanto à análise do MEEM, o GE apresentou maiores escores no pós-teste, com
resultados significativamente maiores do que o GC2, não ocorrendo o mesmo em relação ao
GC1. No GE e no GC1 houve melhora significativa no escore final do MEEM, do pré para o
pós-teste. Na análise separada de cada item do MEEM, constatou-se que no GE houve
melhora significativa do nível de atenção e cálculo. Fazendo-se correlação com o Teste de
Atenção Visual (TCA), não houve melhora significativa da atenção em nenhum dos sub-itens
deste teste nos três grupos estudados, exceto o tempo de reação que foi significativamente
menor no GC1 e significativamente maior no GC2, não se tendo alterado no GE. No estudo
atual, portanto, intervir em idosos analfabetos com TCL com Oficinas de Estimulação
Cognitiva adaptadas para os mesmos ou com palestras educativas em saúde, teve o mesmo
efeito em relação ao aumento do escore final do MEEM.
Quanto ao escore no teste de Memória de Lista de Palavras, a análise intragrupo
mostrou diferença significativa no GE e no GC2, sendo que em ambos surgiu melhora do pré
102
para o pós-teste. O possível viés da assimilação do teste não explica o fato de GC2 ter obtido
melhores resultados, pois o mesmo não ocorreu no GC1. O GE apresentou melhora
significativa no resultado do pré para o pós-teste em todas as etapas, o que não ocorreu nos
GCs. Assim, recomenda-se o uso do teste de Memória de Figuras no estudo com idosos
analfabetos com TCL.
A análise da Fluência Verbal mostrou resultado significativamente melhor no GE do
pré para o pós-teste em relação aos GCs, mostrando a eficácia dessas Oficinas para melhoria
da fluência. No GC1 não surgiu diferença significativa, enquanto no GC2 houve diferença
significativa do pré para o pós-teste, no entanto, apresentando piora da fluência verbal.
As intervenções com treinos cognitivos para idosos saudáveis, bem como a
reabilitação cognitiva para idosos portadores de comprometimento cognitivo, compreendem
temas pouco estudados, mas que merecem aprofundamento por parte dos profissionais da área
de saúde que trabalham diretamente com essa clientela.
A funcionalidade cognitiva do idoso está relacionada à sua saúde e qualidade de vida,
sendo notória a importância e a necessidade de disponibilização e utilização de Oficinas de
Estimulação Cognitiva para idosos analfabetos na saúde pública, visto a grande quantidade de
analfabetos em nossa população. Atender esta necessidade é fato primordial, devendo
abranger idosos analfabetos ou escolarizados, saudáveis ou com transtornos cognitivos,
constituindo serviços de assistência diferenciada na área da cognição.
O presente estudo revelou resultados significativos por meio dos instrumentos de
avaliação cognitiva, indicando que as intervenções e uso de estratégias adaptadas para esta
faixa etária podem estar relacionados aos ganhos de desempenho gerados nos testes. É
relevante a utilização de testes de avaliação cognitiva e funcional nos atendimentos de atenção
à saúde aos idosos, a fim de se detectarem precocemente os declínios cognitivos e, mesmo, se
identificar demência em fase inicial.
Essa pesquisa teve o uso concomitante de testes quantitativos com métodos
qualitativos que favoreceram e mostraram resultados semelhantes com relação a melhora da
cognição de idosos analfabetos após participação de oficinas de estimulação cognitiva.
Essa pesquisa confirma a importância da estimulação cognitiva e destaca a lacuna
deixada quanto à necessidade de realização de posteriores pesquisas, a fim de mensurar o
tempo no qual perduram os benefícios adquiridos, como seis meses ou um ano, após a
realização das Oficinas de Estimulação Cognitiva para idosos analfabetos.
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118
APÊNDICE
Apêndice A - Cronograma de atividades das oficinas de estimulação cognitiva através de
jogos e brincadeiras adaptadas para idosos analfabetos. UMT-SES-DF
Grupo Experimental
Atividades:
Encontros Observação: antes de cada Oficina destina-se 10 minutos de teoria
sobre o tema abordado na oficina.
Módulo I Oficinas de Estimulação da Memória de Longo Prazo.
1ª Oficina Apresentação e Integração - Jogos Dinâmicos.
2ª Oficina Memorização por Associação.
3ª Oficina Memorização por Repetição e Aprendizagem.
4ª Oficina Recuperação e lembrança por associação - Brincadeiras Cantadas.
Módulo II Oficinas de Estimulação da Memória de Curto Prazo.
5ª Oficina Percepção, Sensibilidade e Atenção.
6ª Oficina Agilidade de raciocínio - Jogos Interativos de Leituras.
7ª Oficina Criatividade e Raciocínio - Histórias Contadas.
8ª Oficina Estimulação da Memória Sensorial - Jogos e Brincadeiras Sensoriais -
Parte I.
9ª Oficina Estimulação da Memória Sensorial - Jogos e Brincadeiras Sensoriais -
Parte II.
10ª Oficina
Jogos e Brincadeiras de Finalização.
Confraternização.
Agendamento para aplicação dos pós-testes de avaliação cognitiva.
Agenda Aplicação dos Instrumentos de Avaliação Cognitiva.
119
Apêndice B - Cronograma das palestras de educação em saúde para idosos analfabetos.
UMT- SES - DF
Grupo Controle 1
Palestra Temas Responsável
1ª Nutrição e Envelhecimento / Constipação e Hidratação Enfermeiro
2ª Vacinação no idoso: Verdades e Mitos Enfermeiro
3ª Cuidados na Hipertensão Arterial e Diabetes Enfermeiro
4ª Estatuto do Idoso: Direitos e Deveres Assistente Social
5ª Alteração do Comportamento no idoso Enfermeiro
6ª Alteração do Sono no Idoso Enfermeiro
7ª Prevenção de Queda para Idosos: A Casa Segura Fisioterapeuta
8ª Uso de Medicamentos: Orientação do uso de medicação e
receitas dos idosos Enfermeiro
9ª Cuidados com a pele e Higiene Oral Enfermeiro
10ª Longevidade e Confraternização Enfermeiro
Local: Auditório da Unidade Mista Taguatinga-DF
Dia da Semana: Quinta feira
Horário: 9 horas
120
Apêndice C - Estratégias de estimulação cognitiva para idosos analfabetos - tarefas de
casa. UMT- SES- DF
Grupo Experimental
Tarefas
1ª Procurar o significado do nome. O familiar deverá ajudar o idoso a procurar o
significado do nome.
2ª Leitura diária. O familiar deverá ler para o idoso uma história, reportagem, trecho de
um livro, mensagem ou leituras da preferência do idoso.
3ª Adquirir (fornecido na oficina) jogo de dominó ou “resta um” e brincar com netos,
pessoas da família ou amigos.
4ª
Trabalho manual: adquirir uma tela desenhada e com linhas grossas coloridas fazer
uma pequena almofada ou adquirir uma tela de pintura e tinta guache para criar uma
pintura.
5ª Montar um quebra cabeça fornecido na oficina. Tentar montar antes de olhar na figura.
6ª Relembrar juntamente com a família e amigos os ditados populares para falar no grupo.
7ª Inventar na memória uma história com as figuras fornecidas na oficina. Após, lembrar-
se da história; falar quais são as figuras.
8ª
Fazer atividades de forma diferente com partes diferentes do corpo: acender a luz com
cotovelos; abrir maçanetas com cotovelo; abrir porta com chave e de olhos fechados;
coçar as costas com quina do portal; coçar com o pé; comer de olhos fechados e
descobrir qual o alimento; comer com a mão canhota; pentear o cabelo com mão
canhota e outros.
9ª
Trazer frutas ou alimentos solicitados, pensando em um fato engraçado usando os
órgãos dos sentidos.
Discutir com a família: Se percebeu alguma mudança; a importância de participar das
oficinas; como se sentiu no grupo.
121
Apêndice D - Comentário dos idosos sobre seu estado mnemônico pré e pós-oficinas
Grupo Experimental
Nome Comentário: como está sua memória hoje?
Pré-oficinas Pós-oficinas
ARS Esqueço o que as pessoas falam
para mim e não lembro o nome
das pessoas. Esqueço o fogo
ligado. Vou ao mercado e não sei
o que quero comprar.
Melhorei no esquecimento e presto mais atenção nas coisas que vou
fazer. Senti uma melhora boa. Antes ia pegar uma coisa na geladeira e
não sabia o que era. Agora já vou pegar e sei o que quero. Comprar as
coisas no mercado ia duas a três vezes, mas hoje lembro tudo que
quero comprar. Acho que melhorei a parte do esquecimento e estou
com mais atenção nos afazeres. Senti muita alegria nas oficinas e
como vocês são carinhosas com a gente. Eu achei muito bom e
divertido. Aprendi outras atividades e conheci pessoas e consegui
fazer amizades.
ARSS Coloco os objetos no lugar e não
sei onde. Vou falar uma coisa e
esqueço o que ia falar. O meu
pensamento se perde.
Melhorei um pouco da memória. Agora coloco as coisas no lugar e sei
onde coloquei. Sempre que vou falar eu consigo lembrar o que quero
falar. Estou raciocinando e pensando mais. Fiquei muito feliz e gostei
de participar do grupo.
ASM Esqueço de dar recados e onde
coloco as coisas e o que vou
fazer.
Acho que melhorou. Estou me lembrando sempre das coisas. Estou
com mais facilidade de lembrar o que vou fazer. Não deixo mais as
panelas queimarem e o leite derramar. Estou mais atenta no que vou
fazer. Minha memória melhorou bastante depois das oficinas. Estou
pensando em estudar, fazer alfabetização. As oficinas foram muito
boas. Conheci pessoas boas, vocês me ajudaram muito. Se fosse para
fazer de novo, faria. Diverti e me soltei mais em falar e participar das
atividades.
CLR Esqueço vários eventos: as
consultas marcadas, dar recados,
o fogo ligado; o que vou pegar,
tendo que voltar para tentar
lembrar.
Estou sentindo a memória bem melhor. Estou lembrando com mais
facilidade. Acho que melhorei, pois estou esquecendo menos o que ia
pegar. Se eu esqueço um objeto num lugar, eu paro ali um pouquinho,
fecho os olhos e fico pensando o que ia pegar. Estou mais atenta nos
afazeres. Senti muito bem em participar das oficinas. Arrumei amigos
e fiquei mais alegre na vida. Eu vivia muito fechada, sozinha. Eu me
soltei mais. Gostei de estar com vocês e com os amigos. Agente se
distrai tanto que esquece os problemas.
ESC Esqueço o que vou fazer, de
tomar os remédios e as consultar
marcadas.
Estou lembrando mais das coisas. Agora estou mais atento em tomar
os remédios. Antes era minha mulher que me lembrava. Melhorei em
lembrar o lugar onde coloquei as coisas. Estou mais comunicativo
com as pessoas porque era muito tímido em conversar. Fiquei mais a
vontade em falar e expressar.
122
GBS Esqueço o nome das pessoas,
esqueço de fechar a torneira,
lâmpada ligada. Esqueço o que ia
fazer.
Acho que estou melhor da memória. Estou mais atento para fazer as
atividades. Conheci muitas pessoas. Fico sonhando para vir para
oficinas.
GMM Sou esquecida. Esqueço muitas
coisas: dar recados, onde coloco
objetos, o que vou fazer.
Acho que Regular. Melhorei um pouco. Minha cabeça era perturbada.
Estou mais atenta e lembrando melhor das coisas. Achei muito bom
participar. Ave Maria! Eu adorei. Coisa melhor do mundo, eu só acho
ruim porque acabou, mas se fosse para eu vir todo dia eu viria. Antes
não saía de casa. Hoje saio e vejo muitas coisas diferentes. Conheci
muitas pessoas.
IFO Esqueço das datas. Quando vou
fazer as coisas esqueço o que
estava fazendo. Esqueço sempre
o que vou comprar.
Melhorei a cabeça. Tinha hora que não sabia de nada que ia fazer.
Esquecia muito das coisas. Depois que participei do grupo melhorei e
esqueço menos as coisas. Antes dava duas a três viagens no
supermercado para comprar. Hoje tenho mais facilidade de lembrar o
que quero comprar. As oficinas me ajudaram muito, alem do que
conheci novas pessoas, fiz amizades.
JAO Sou esquecida. Esqueço de tudo,
até de comer. Esqueço os óculos
em qualquer lugar e fico
procurando.
Está melhor, mas ainda sou esquecida, pois não se acaba de vez o
esquecimento. Fiquei mais ligada e atenta com as coisas, lembrando
melhor. Coloco as coisas no lugar, retorno, olho novamente e fico
com a lembrança na cabeça. Eu fiquei bem orientada no dia. Senti
muito bem no grupo. Gostei de conviver com pessoas diferentes e das
brincadeiras. Foi muito divertido e animado. Diferente de tudo que
tinha participado. Gostei demais do grupo, do jeito de vocês e o
carinho com a gente.
JCS Esqueço sempre onde coloco as
coisas e tenho dificuldade de
lembrar. As panelas queimam
demais.
Adorei participar das oficinas. Senti melhora só de estar no meio dos
outros eu senti feliz. Quando ia falar uma coisa minha cabeça trancava
e agora está bem melhor. A memória melhorou um pouco. Vou fazer
as coisas e presto atenção no que estou fazendo. Já estou aprendendo
jogar o dominó.
JPB Esqueço tudo. Esqueço até o
nome dos filhos. Esqueço onde
coloquei os objetos, lâmpada
ligada, torneira ligada e até o
chuveiro ligado.
Acho que melhorei um pouco meu esquecimento. Estou com a cabeça
mais firme. Não estou esquecendo do jeito que estava. Faço as coisas
com mais certeza. Lembro com mais facilidade. Senti muito bem no
grupo. Gostei muito do trabalho feito e do pessoal.
LBO Sempre esqueço alguma coisa
que saio para comprar. Coloco as
coisas em um lugar e não sei
onde.
A minha memória está quase do mesmo jeito. Não sei onde coloquei
as coisas, mas depois penso e lembro onde está. Mas estou mais
atento. Foi bom participar e foi a primeira vez que participei de um
grupo assim.
LBS Estou bem esquecida. Às vezes
coloco as coisas no lugar e
Minha memória está bem melhor. Estou menos esquecida. Sempre
esquecia o que ia fazer ou pegar e guardava o dinheiro num lugar e
123
esqueço onde coloquei. Guardo o
dinheiro e depois fico
procurando.
não sabia onde. Hoje isto melhorou muito. Estou mais atenta em tudo.
Gostei muito de ter participado das oficinas. Foi muito saudável.
Aprendi várias coisas e estou mais animada.
LRS Esqueço até os dias, o nome das
pessoas, o que estou fazendo e
onde coloco os objetos.
Está melhor. Achei que melhorei. Fiquei mais feliz e animada. Estou
mais atenta para fazer as coisas. Conheci muitas pessoas novas. Foi
muito bom ficar com vocês.
MJA Esqueço tudo: o que as pessoas
falam, nome e fisionomia das
pessoas. Esqueço as panelas no
fogo.
Meu cérebro estava muito ruim. Acho que melhorou a minha
memória. Antes as panelas queimavam que era uma beleza. Agora
quando coloco no fogo, eu lembro. Achei importante participar das
oficinas. O meu raciocínio estava muito ruim e melhorou bastante. As
oficinas me ajudaram muito a lembrar das coisas. Estou mais atenta
para fazer as atividades de casa. Foi bom ter participado das oficinas.
Gostei muito das brincadeiras. Fiquei mais desinibida, pois sou muito
tímida, não sou de conversar muito. Agora participo em grupo e não
tenho receio de falar e perguntar.
MLB Se colocar a panela no fogo,
queima. Coloco os objetos em
um lugar e não lembro onde. Vou
procurar e é um custo saber onde
está.
Melhorei um pouco a memória, estava muito esquecida. Estou mais
concentrada em fazer as atividades do dia-a-dia. Estou mais atenta.
Estava muito triste e depois que entrei no grupo melhorei bastante.
Aqui agente se diverte, conhece muita gente.
MLP Esqueço demais as coisas: as
panelas queimando, o que estava
fazendo, de tomar os remédios,
onde coloquei o dinheiro, onde
guardo as coisas. Estou perdendo
aos poucos a memória.
Melhorei minha memória. Estou me sentindo outra, não esqueço mais
das coisas e saio sozinha. Estou mais atenta com as coisas, presto
mais atenção. Lembro melhor o quero lembrar. Os ensinamentos das
oficinas valeram. Gostei muito e me diverti muito. Foi muito alegre e
bom estar com outras pessoas conversando e brincando.Conheci
pessoas diferentes e fiz amizades. Foi ótimo.
MSF Não sei onde guardo as coisas e
esqueço o que vou pegar.
Queimo a alimentação e deixo as
torneiras e lâmpadas ligadas.
Acho que melhorou a minha memória e estou com mais facilidade
para lembrar, pois tenho problema de esquecimento. Às vezes eu tinha
que sair do lugar e voltar duas ou três vezes para saber o que eu tinha
que buscar; agora eu me lembro das coisas e na mesma hora eu sei
onde está. Estou prestando mais atenção no que vou fazer. Nunca
mais deixei a torneia ligada. Minha cabeça mudou muito, pois sou
uma pessoa sozinha e aqui eu me achei no meio de muitos amigos,
principalmente vocês que tratam agente com amor e carinho, que
muitas vezes agente quer este carinho e não tem. E aqui eu me
encontrei.
MSM Esqueço quase praticamente de
tudo. Não sei onde coloquei o
dinheiro, fico procurando e às
vezes vou achar dias depois. Isto
A minha memória está boa. Estou feliz e contente. Hoje vou ao banco
e resolvo minhas contas sozinha. Faço tudo direitinho. Hoje organizo
minhas contas. Antes não fazia isto. Perdia o dinheiro ou colocava
num lugar e não sabia onde. Eu me perdia, não podia andar sozinha.
124
acontece com outras coisas
também. Esqueço o fogo ligado.
Agora já ando só. Ajudou-me muito, foi uma benção, uma
transformação na minha vida. Gostei de ter participado. No começo
me senti acanhada, depois fui me soltando, sentindo mais a vontade
dentro do grupo. Eu senti que estou bem melhor. Agradeço a todas
vocês. Eu peguei uma amizade melhor do mundo, estou me sentindo
uma pessoa transformada.
NPS Acho que estou muito esquecida.
Coloco água para fazer o café e
esqueço, ferve até secar. Estou
fazendo alguma coisa e esqueço o
que estava fazendo
Acho que melhorei. Eu achei muito bom para mim porque fico sempre
sozinha. Melhorei um pouco a memória, pelo menos as panelas não
estão queimando mais. Aprendi algumas coisas que não sabia, como,
memorizar certas coisas que quero. Eu ainda não lembro de tudo na
hora, mas aos poucos vou lembrando. Começo a fazer uma coisa e
agora penso no que vou fazer já pensando no que aprendi e não fico
misturando muito as coisas. Isto para mim foi muito bom, me fez
muito bem, sem falar no contato e que conheci pessoas diferentes. Foi
uma maravilha, e falando em vocês não tenho nem palavras; não
imaginava que as pessoas que cuidam são tão legais.
PCM Sempre esqueço as coisas:
esqueço de tomar a medicação, o
arroz queimando. Não posso
fazer duas atividades ao mesmo
tempo pois esqueço o que estava
fazendo.
Acho que melhorei. Achei ótimo. Muita coisa mudou na minha vida.
Parei de deixar as panelas queimar, deixei de ir ao fogão e voltar para
geladeira várias vezes para lembrar as coisas que queria pegar. Agente
fica mais esperta. Estou pensando mais para fazer as coisas. Acordava
a noite e ficava lembrando das oficinas. Soltei mais para falar. Antes
ficava sempre calada achando que eu ia falar e os outros iriam rir de
mim. Agora tenho mais confiança em mim para conversar. Achei
muito bom ter participado das oficinas e estar aqui com vocês, mas
estou até sentida em ter acabado.
PFC Às vezes estou com uma coisa na
mão e fico a procurar. Vou pegar
as coisas esqueço o que ia pegar.
Esqueço de tomar os remédios, o
dia das consultas e até o nome
das pessoas. De vez em quando
me dá um branco.
Melhorou o esquecimento. Tinha uma perturbação na cabeça. Antes
ficava pensando se já tinha tomado o remédio. Hoje eu não esqueço
de tomar. Estou com mais facilidade de lembrar e presto mais atenção
no que vou fazer. Foi ótimo participar e senti muito bem no grupo.
Estou mais feliz, pois conheci pessoas novas, fiz amizades e estou
mais calma. Antes ficava só em casa.
TGJ Esqueço as panelas no fogo
queimando, onde coloquei os
objetos e dos lugares.
Minha memória melhorou um pouquinho. Estou mais atenta em fazer
as atividades. Eu gostei muito. Foi muito bom participar das oficinas,
só que vou ficar com saudades.
125
Apêndice D - Comentário dos idosos sobre seu estado mnemônico pré e pós-palestras
Grupo Controle 1
Nome Comentário: como está sua memória hoje?
Pré-oficinas Pós-oficinas
AAL Esqueço onde coloco os objetos.
Tenho muito esquecimento e
dificuldade de lembrar. Vou
pegar uma coisa e não sei o que
é ou onde coloquei.
Minha memória continua igual. Penso que guardei algo num lugar e
está em outro lugar. Acho que fiz uma coisa e quando vou verificar
ainda não fiz. As palestras foram muito boas. Serviram para eu cuidar
mais da minha saúde.
APG Sempre esqueço muitas coisas.
Coloco os alimentos no fogo e
esqueço. Esqueço ate almoçar e
tomar banho
Estou muito esquecida. Tenho dificuldade de lembrar onde coloco as
coisas e o que vou fazer. Esqueço de quase tudo.
BRS Coloco os objetos no lugar e não
sei onde. Estou muito esquecida.
Minha memória melhorou um pouco. Melhorei o esquecimento de
onde guardo as coisas. Aprendi algo novo nas palestras e vai ser bom
para minha saúde.
DLS Coloco as coisas no lugar e não
lembro. Esqueço também de
tomar remédio.
Minha memória está variada. Às vezes não me lembro do que quero
lembrar. Fico com dúvida se já tomei o remédio ou não. Gostei das
palestras. Fiquei sabendo coisas importantes sobre a saúde dos idosos.
FBCN A minha memória é fraca para
lembrar das coisas.
Sou esquecida demais. Esqueço onde coloquei as coisas e nome de
pessoas conhecidas. As palestras me ensinaram a cuidar melhor da
saúde. Conheci outras pessoas e fiquei mais incentivada a participar e
cuidar de minha saúde.
GS Vou pegar as coisas e esqueço o
que queria. Tenho que voltar
para depois de muito custo
lembrar.
Minha memória continua do mesmo jeito.
GTM Esqueço onde coloquei as coisas
e fico procurando.
Gostei muito das palestras, pois aprendi sobre alimentação e o cuidado
com a saúde. Fiquei mais animada na vida. Estou sabendo enfrentar
melhor os problemas. Fiquei mais interessada de estar participando
das atividades na comunidade.
HP Esqueço quando vou fazer as
coisas; não sei o que ia fazer.
Esqueço a torneira e o fogão
ligados.
Acho que minha memória está igual antes, mas melhorei um pouco de
ter participado das palestras e aprendi varias coisas sobre minha saúde.
ICC Estou muito esquecida. Às vezes
esqueço até o fogão ligado.
Foi muito bom ter participado das palestras, pois ocupou espaço na
minha vida. Mexeu muito comigo, pois aprendi assuntos sobre minha
126
Esqueço também meu endereço.
Coloco as coisas em algum lugar
e não sei onde.
saúde. Foi especial.
JAB Sou muito alerto e não esqueço
das coisas
A memória melhorou na lembrança. Foi muito bom participar das
palestras, pois me alertou para cuidar melhor da saúde. Sempre vale
alguma coisa participar.
JFX Mas, esqueço de fazer as coisas
na hora certa ou de tomar meus
remédios. Esqueço onde
coloquei os objetos e deixo as
panelas queimar.
Acho que minha memória está melhor. Estou mais tranqüila. Recordo
muitas coisas que estava esquecendo, mas quando lembro já passou da
hora.
JUO Hoje não sei fazer nada que fazia
antes (corte e costura). Não é a
mesma coisa. Tenho dificuldade
de lembrar das coisas. Esqueço
onde coloco os objetos.
A minha memória está quase do mesmo jeito. Continua esquecendo
muito. As palestras deram muitas explicações de saúde e aprendi
alguma coisa. Fiquei mais animada de participar das atividades.
MJM Desde nova esqueço muito das
coisas.
Para mim, participar das palestras melhorou em tudo. Estou mais
alegre e estou cuidando melhor da saúde. Agente estando em casa só
pensa o que não presta. Nas palestras me senti muito melhor. Vocês
estão fazendo para ajudar a gente e com isto a gente esquece os
sofrimentos. Está sendo de muita valia.
MJO Estou muito esquecida. Guardo
os objetos no lugar e não sei
onde coloquei. Sempre esqueço
o que vou fazer
Naquele tempo que vinha para cá minha memória estava pior e agora
melhorou um pouco, mas ainda estou esquecida. Quando fico nervosa
esqueço mais ainda.
MMA Minha memória não está boa.
Estou conversando e esqueço o
que estava falando. Esqueço
onde coloco as coisas. Esqueço a
comida no fogo e quando vejo já
queimou.
Tenho dificuldade de lembrar das coisas e acontecimentos e sempre
me dá um branco. Gostei muito das palestras. Ensinou sobre saúde e
aprendi a tomar meus remédios. Agente fica mais entrosada e a
vontade com outras pessoas. Fiquei mais animada.
OLS Esqueço o que as pessoas falam
para mim. Sempre esqueço de
dar os recados. Coloco as coisas
no lugar e não acho
As palestras foram muito boas. Ajudou para cuidar melhor da minha
saúde. Fiquei mais alerta.
RNS Estou muito esquecida. Esqueço
onde coloco as coisas, lâmpada
ligada, ferro ligado.
Minha memória de vez em quando falha. Sou muito ruim para saber
onde coloquei as coisas. Achei boas as explicações das palestras.
Aprendi muitas coisas da saúde e a me cuidar melhor.
RSP Esqueço de tudo. Vou fazer uma
coisa e não sei o que. Esqueço a
Para mim a memória está do mesmo jeito. Estou esquecida passando
das medidas. Foi bom participar das palestras e algum ensinamento
127
torneira e o fogão ligado.
Esqueço de tomar os remédios.
serviu para mim. Fiquei mais alerta com a saúde.
TNS Minha memória está muito
prejudicada. Coloco as coisas no
lugar e não sei onde. Vou pegar
uma coisa na geladeira e não sei
o que eu queria. E Assim são as
outras coisas.
Acho que minha cabeça está mais aberta e estou lembrando um
pouquinho melhor das coisas. Melhorei meu animo e estou com mais
vontade de participar das atividades. Fiquei mais incentivada.
VTC Esqueço das minhas obrigações,
até de tomar os remédios.
Sempre esqueço onde coloco as
coisas.
Após as palestras achei que minha memória melhorou um pouquinho.
Serviu para eu ter mais cuidado com a saúde, controlar a pressão, a
alimentação. Foi ótimo. Agente fica mais alerta e agora até saio
sozinha.
MRS Acho que está boa, mas estou
muito esquecida das coisas.
Esqueço fogo ligado, torneira
ligada, lâmpada ligada. Esqueço
sempre o que vou fazer. Queimo
muito as panelas.
Acho que melhorou após as palestras. Antes só ficava em casa e vindo
para cá a gente conversa com outras pessoas. Então não precisa de
remédio! Fiquei maravilhada.
128
Apêndice D - Comentário dos idosos sobre seu estado mnemônico pré e pós-testes
Grupo Controle 2
Nome Comentário: como está sua memória hoje?
Pré-oficinas Pós-oficinas
AJC Coloco uma coisa no e não sei
onde coloquei. Esqueço a
torneira e lâmpadas ligadas e o
fogo acesso.
Deixo sempre as panelas queimar. Em poucos minutos já esqueci o
que estava fazendo. Quando lembro passou da hora.
CM Esqueço de tudo: o que vou fazer
ou comprar. Esqueço torneira e
lâmpada ligada e até fogo aceso.
Tem dia que minha memória está pior. As lembranças fogem muito da
minha idéia. Esqueço de tomar meus remédios ou não sei se já tomei.
Às vezes vou fazer alguma coisa e não consigo lembrar o que.
EAC Vou guardar os objetos e
esqueço onde colocar. As
pessoas falam um assunto e em
pouco tempo não me lembro o
que foi falado.
Acho que melhorei um pouquinho. Agora estou pensando mais para
lembrar, mas continuo esquecida. Às vezes passo da hora de alimentar.
EPC Guardo um determinado objeto e
não sei onde coloquei. Minha
comida queima sempre. Estou
muito esquecida com afazeres.
Guardo uma coisa no lugar e não sei onde. Fico doidinha até
encontrar.
FAS Se retirar um objeto do lugar,
não sei onde coloquei. Esqueço o
que vou pegar.
Muitas coisas eu esqueço, mesmo o nome de pessoas conhecidas. Para
fazer uma coisa tenho que prestar bem atenção, porque senão me perco
no que estava fazendo.
FMO
Esqueço de dar os recados, onde
coloquei os objetos.
A minha memória continua do mesmo jeito. Estou muito esquecida.
Agora já me perdi na rua.
IAA Esqueço quase tudo. Vou fazer
uma atividade e esqueço o que ia
fazer.
Esqueço de tudo. Estou na cozinha fazendo o almoço e vou até a
geladeira e não sei o que vou pegar. Fico tempo para lembrar.
JAB Cada ano que passa a memória
diminui. Esqueço onde coloquei
as coisas, os óculos, o nome das
pessoas.
Minha memória continua do mesmo jeito. Coloco uma coisa no lugar
e esqueço onde coloquei e depois de muito pensar é que consigo
lembrar. Para dar recado é difícil, pois sai de repente da idéia.
JML Estou um pouco esquecida.
Coloco as coisas no lugar e não
me lembro. Esqueço o fogo
ligado.
Às vezes coloco as coisas no lugar e tenho que pensar muito para
saber onde. Se for num lugar sozinha fico variada e me perco. Esqueço
nome de pessoas e de dar recados.
JMSO Esqueço de tudo. Coloco objetos
no lugar e não sei onde está.
Continuo esquecida do mesmo modo.
129
JRC É difícil lembrar as coisas.
Tenho que fazer na hora, senão
depois esqueço.
Esqueço quase tudo. Muitas vezes estou com uma coisa na mão e
estou procurando. Esqueço torneira e lâmpada ligadas.
LRC Esqueço das coisas que vou
fazer e onde coloquei os abjetos.
Esqueço também o nome de
pessoas conhecidas.
Minha memória continua regular. Estou esquecendo as mesmas coisas.
Vou fazer um serviço e não lembro o que é.
MBS Estou bem esquecida. Esqueço onde coloco as coisas, mas depois de esforçar consigo
lembrar.
MGD Minha memória está esquecida.
Deixo o leite derramar, as
panelas queimarem e fico tensa
para não esquecer quando tenho
um compromisso.
Melhorei um pouquinho do esquecimento. Estou prestando mais
atenção nas coisas que estou fazendo.
MGN Estou muito esquecida, que até
me prejudica. Quando estou de
ônibus desconheço o lugar onde
descer, tenho que pedir ajuda.
Continuo esquecendo muito. Minha memória está fraca. Esqueço de
desligar o fogão, as lâmpadas, onde coloquei os objetos. Sempre me
dá um branco.
MLC Estou bastante esquecida.
Quando guardo uma coisa no
lugar, custo lembrar e encontrar.
Esqueço torneira e fogo ligados.
Continua igual antes, mas já estive mais esquecida. Para descer do
ônibus não sabia onde, tendo que alguém me falar. Recado eu não dou
um sequer e nome de pessoas não lembro mesmo.
MSB Pego as coisas e não sei onde
coloquei. Queimo as panelas.
Desoriento-me dentro do ônibus.
Coloco as coisas no lugar e não acho mais. Coloco as panelas no fogo
e quando vejo já queimou. Esqueço de dar recados, as datas das
consultas e de tomar remédios.
MSM Esqueço o que vou fazer ou
pegar. Quando vou pegar um
objeto termino por pegar outro.
Tenho dificuldade de lembrar os acontecimentos que passam hoje.
Vou falar um assunto e esqueço o que queria falar e só com tempo que
vou lembrar.
MVS Esqueço de tomar remédios na
hora; às vezes não sei se tomei.
Esqueço onde coloquei as coisas.
Sempre esqueço alguma coisa. Tenho lapsos de memória. Esqueço o
que vou pegar e depois de muito pensar consigo lembrar.
RCS Esqueço de quase tudo que estou
fazendo. Esqueço sombrinha,
chaves onde vou; panelas no
fogo e; torneiras ligadas.
Tenho que colocar as coisas onde posso ver, porque senão esqueço
onde está. Esqueço de fazer as atividades de casa.
130
Apêndice E - Oficinas de jogos e brincadeiras adaptadas para idosos analfabetos.
UMT- SES-DF
Módulo I: Oficina de Estimulação da Memória de Longo Prazo.
1ª Oficina - Apresentação e Integração - Jogos Dinâmicos.
Atividade Teórica: Dicas para Melhorar a Memória: Uso e desuso dos neurônios.
Jogos e
Brincadeiras Descrição da Atividade Adaptações e Sugestões
BALÃO DOS
PARTICIPANTES -
BERKENBROCK,
2003, p. 27.
1. Balão dos Participantes.
Objetivo: apresentação do grupo e integração.
Desenvolvimento: Entregar um balão com
um bilhete (figura) dentro, encher e brincar de
mantê-lo no ar. Todos os balões com a ajuda
de todos devem ser mantidos no ar, sem cair
no chão. Após um minuto nessa brincadeira,
ao comando do facilitador, cada pessoa
escolhe um balão para segurar. Estoura o
balão pega o bilhete (figura) de dentro do
balão e tenta achar a pessoa que tem a frase
que se completa (figura idêntica). Ficar em
duplas para se conhecerem.
1) Acrescentar aos objetivos: o
equilíbrio e coordenação motora, pois
para manter um balão no ar trabalham-
se esses pontos.
2) Colocar pares de figuras idênticas
nos balões e não bilhetes escritos,
devido ao fator analfabetismo.
3) Mudança no nome: Segura o balão.
Por ser mais fácil de associar o nome a
atividade.
APRESENTAÇÃO
QUE É FOGO –
BERKENBROCK,
2003, p. 20.
2. Apresentação que é fogo.
Objetivo: Apresentação e integração.
Desenvolvimento: Sentados dois a dois terão
um tempo de 1 a 2 minutos para se
apresentarem. Após a conversa, cada pessoa
vai apresentar o seu vizinho, dizendo os dados
que conseguiu na conversa, mas fará isso
riscando um palito de fósforo antes de
começar a falar e terá o tempo que o palito
estiver aceso para falar; se o palito apagar
deve passar a vez para o próximo fazer a
apresentação do outro colega do grupo.
1) Acrescentar aos objetivos: limitar o
tempo de apresentação e treino da
atenção.
2) Deixar as cadeiras já posicionadas
dois a dois facilitando a localização.
3) Quando o palito de fósforo terminar
de queimar ou se apagar fará com que o
idoso passe a vez da apresentação. O
idoso treina a atenção para conseguir ao
mesmo tempo falar e vigiar o palito.
Deve-se optar para uso de palitos
longos evitando queimar o dedo.
4) A dupla de idosos podem se ajudar
mutuamente.
131
A TEIA DO
ENVOLVIMENTO –
MIRANDA, 2000, p.
23.
3. A teia do Envolvimento.
Objetivo: Apresentação e integração.
Desenvolvimento: Distribua os participantes
espalhados e imóveis por todo o espaço
(sentados em círculo). Apanhe o rolo de
barbante, amarre a ponta em seu dedo
indicador (enrolar na mão) e apresente-se ao
grupo. Escolha uma pessoa e, avisando-a para
segurar, arremesse cuidadosamente para ela o
rolo de barbante. Peça, agora, para que dê uma
volta com o barbante no dedo indicador
(enrolar na mão) e faça o mesmo que você, ou
seja, que se apresente (relembre brincadeiras
de infância). Até que o último jogador faça
sua apresentação. Peça para que todos
visualizem o emaranhado que o barbante
provocou e sugira que verifiquem a forma
criada. Por Fim, peça para que o último
jogador desenlace o fio de seu dedo,
arremesse o rolo ao jogador anterior a ele, isto
é, ao que tem o laço anterior ao dele, e
apresente o colega (relembre uma cantiga que
gostava e gosta). Caso não consiga relembrar
com fidelidade, é permitido qualquer tipo de
ajuda por parte dos colegas.
1) Acrescentar ao objetivo: estimulação
cognitiva. Treina a memória de longa
duração quando é pedido para relembrar
brincadeiras infância e cantiga que
gostava ou gosta.
2) Mudança do nome: para brincadeira
de tear ou brincadeira do tecelão; a teia
formada pelo barbante lembra a
profissão do tecelão e tear.
3) Colocados em cadeiras, sentados em
círculo. É fisicamente cansativo para
um grupo grande ficar esperando todos
relembrarem alguma brincadeira ou
cantiga em pé.
4) Segurar o barbante enrolando na mão
e não no dedo; fica mais firme e evita
apertar muito o dedo.
5) Fazer movimentos, dançar e cantar
com o grupo todo envolvido no
barbante favorece a motivação.
Plano de Contingência O NOME ESCONDIDO - MIRANDA, 2000,
p. 51.
Não utilizado.
132
2ª Oficina - Memória por Associação.
Atividade Teórica: Codificar, Armazenar e Recuperar. Pegar a informação e levá-la para a
memória. Só pode trazer da memória algo que memorizou. Associar a informação à outra que já
existe.
Jogos e
Brincadeiras Descrição da Atividade Adaptações e Sugestões
PASSEIO DA
MEMÓRIA -
ANTUNES, 2002.
1. Passeio da Memória.
Objetivo: Exercitar a memória de longa
duração.
1.1 Viveiros de Pássaros: “Fui ao viveiro de
pássaros”.
Desenvolvimento: Sentados em circulo cada
participante falará o nome de um pássaro e o
próximo falará outro e assim por diante, sem
repetir o nome dos pássaros já falados.
1.2. Zoológico: Fui ao zoológico.
Desenvolvimento: Cada participante falará o
nome de um animal que começa pela letra A,
B, C, D; que tenha: pêlo, pena, coro, pesado,
alto, que pula, que rasteja. O comando é dado
pelo facilitador.
1.3. Feira: Fui à Feira.
Desenvolvimento: Uma pessoa começa
falando que foi a feira e comprou uma fruta ou
objeto, fazendo um gesto ou movimento
representando a fruta ou objeto que comprou.
Depois passa para o seguinte, que repete o que
a primeira pessoa fez e fala também o que
comprou, criando também um gesto. Assim
vai passando por todos os participantes.
1) Acrescentar aos objetivos: atenção e
concentração. A brincadeira exige atenção
na fala do outro.
2) Passar a vez do participante caso não se
lembre naquele momento, mas voltar a
sua vez depois, para que proporcione
tempo para pensar e evocar.
3) Mudar os critérios da ordem alfabética
para características dos animais devido a
não escolaridade dos idosos.
4) Os movimentos e os locais de cada
participante, bem como as repetições
facilitam a armazenagem da informação e
a utilização para o dia-a-dia do idoso.
5) Divisão do grupo único em dois grupos
menores, facilitando a memorização com
menor número de itens.
Plano de Contingência
O ENCONTRO DOS BICHOS – BROTTO,
1997, p. 103.
Não utilizado.
133
3ª Oficina - Memória por Repetição e Aprendizagem.
Atividade Teórica: A repetição leva a memorização e aprendizagem: repetição em intervalos
menores e várias vezes. Considerar a informação importante; prestar atenção; colocar sentimento;
exercitar diariamente; falar sobre o assunto.
Jogos e
Brincadeiras Descrição da Atividade Adaptações e Sugestões
CONQUISTE SEU
LUGAR - FRITZEN,
1987, p. 33.
1. Conquiste seu lugar.
Objetivo: integração, percepção e
competição.
Desenvolvimento: O coordenador fica no
centro do círculo e diz ao grupo: “a
relatividade da História, das posições sociais,
da sorte e da fortuna, tudo exige espírito
esportivo, aceitação humilde, confiança em si.
Quando a roda do destino e suas reviravoltas
desalojem você, não perca tempo com
queixumes. Procure um novo lugar, apanhe a
primeira oportunidade e esteja pronto para
outra”. O coordenador emite uma ordem:
“troque de lugar todos que estiverem de
óculos”, as pessoas que tem relação com o
comando trocam de lugar, sendo que alguém
sobrará, pois o coordenador sentará em um
lugar. A pessoa que ficar sem cadeira ficará
no centro do círculo e dará uma ordem de
trocar de lugar, assim sucessivamente. Se
alguém trocar de lugar sem que a ordem lhe
diga respeito, sairá do grupo, e será retirada
uma cadeira. A graça consiste no tipo de
ordem, por exemplo: “troque de lugar quem
não é homem; quem não é bonito; quem não é
novo; quem tem dente furado; etc.”.
2. Conquiste seu lugar: Segue-se a técnica
anterior usando dinheiro sem valor.
1) Acrescentar ao objetivo: atenção e
cálculo e criatividade. Estimula o idoso
associar o comando às características que
tem à disposição.
2) Distribuir dinheiro de brinquedo. Cada
participante deve observar a nota que
recebeu: o seu valor, o animal ou outras
características da nota. O comando é dado
para trocar de lugar quem tem uma onça,
tartaruga, papagaio e outras características
no dinheiro, e assim segue o jogo. O idoso
que ficar sem o lugar é que dará o
comando.
3) Introduzir valores numéricos. E por fim
o comando é dado para trocar de lugar
quem tem o valor de dois, dez, vinte, ou
outros valores somados em reais. Apesar
do grupo não saber ler e escrever, muitos
conhecem o valor das notas. Relacionar o
animal da nota com seu valor; Incentivar
o idoso a fazer pequenas contas
mentalmente. Estimular o idoso que está
comandando a criar combinações
diferentes.
JOGO DA MEMÓRIA
- ZIMERMAN, 2000. p.
180.
3. Jogo da Memória.
Objetivo: Treino da memória.
Desenvolvimento: Viram-se as cartas de
figuras aos pares, misturadas, deixando as
figuras escondidas. A pessoa vira as cartas de
duas a duas e tenta achar os pares iguais. Se
1) Acrescentar ao objetivo: integração,
competição e cooperação. O jogo será
feito com todos os idosos podendo se
ajudar, mas respeitando a vez do outro.
2) Adaptação de cartazes grandes com
134
virar as cartas com figuras diferentes, vira
novamente o fundo da carta e procuram
desvirar mais duas cartas, até achar todas as
figuras iguais, tendo a participação de todos
do grupo.
desenhos diferentes e repetidos aos pares
e numerados no verso, em um total de 12
pares de cartazes, para que os idosos
visualizem melhor a figura e estimule o
uso de números.
Plano de Contingência
VIAJANDO PELO MUNDO - REVERBEL,
1987, p. 40.
Não utilizado.
4ª Oficina - Recuperação e Lembrança por Associação: Brincadeiras Cantadas.
Atividade Teórica. Recuperar a informação recriando a situação presente no momento vivido
naquele tempo. Meios de facilitar a recuperação de informações: retornar ao lugar; recriar uma
situação; agir como antes e reviver a situação; lembrar dos detalhes da situação, da música, das
pessoas, das conversas.
Jogos e
Brincadeiras Descrição da Atividade Adaptações e Sugestões
CANTIGAS DE RODA
COM GESTOS –
MILITÃO, 2001, p. 22 e
23, p. 53 e 54.
1. “Se és Feliz”.
2. “Fui a Nova York”.
Objetivo: Estimular a memória de longo
prazo e integração.
Desenvolvimento: As brincadeiras cantadas
são feitas em círculo. Depois cada membro do
grupo vai cantar uma música que usa gestos
ou não, podendo ser cantigas de roda ou
músicas religiosas. A facilitadora ensina ou
relembra duas ou mais canções com gestos.
Pode começar exemplificando: “Fui à Nova
York” e “Se és Feliz”. Conduzir o idoso por
meio da música, associar movimentos, como:
assobios, levantar os braços, bater os pés,
bater as mãos, dar uma rodadinha. Cantar e
fazer movimentos ao mesmo tempo
3) Dança Sênior: Segue-se a técnica anterior
usando uma dança sênior.
1) Acrescentar ao objetivo: Coordenação
de movimento e resgate de informação e
harmonia.
2) Motivar o grupo a brincar com a
música. Associar uma informação ou
situação secundária a outra já consolidada.
3). Dança Sênior: “Como é bom te ver e te
encontrar”. Treinar com os idosos a
dança, incentivando movimento, ritmo e
harmonia do grupo.
Plano de Contingência A ESTRELA: EQUILÍBRIO COLETIVO –
APDH, 1966, p. 99
Não utilizado.
135
Módulo II: Oficinas de Estimulação da Memória de Curto Prazo.
5ª Oficina - Percepção, Sensibilidade e Atenção.
Atividade Teórica: Estimular a atenção através de atividades como dominó, resta um, quebra-
cabeça e outros jogos. Eliminar fatores de distração.
Jogos e
Brincadeiras Descrição da Atividade Adaptações e Sugestões
DINÂMICA DA VIDA
- BARRETO, 2003, p.
105.
1. Dinâmica da Vida.
Objetivo: Estimular o autoconhecimento e o
conhecimento mútuo do grupo; melhorar o
relacionamento intergrupal; exercitar o ouvir e
o falar.
Desenvolvimento: Pedir ao grupo que façam
um círculo, sentando-se em colchonetes. Cada
um deles receberá um balão com uma frase no
seu interior. Posteriormente encherão os
balões e jogarão “Escravos de Jó”. Ao término
o idoso estourará o balão e resgatará o papel
que estava em seu interior. O participante
deverá refletir por 10 minutos, em seguida
algum integrante iniciará o relato das frases e
de sua reflexão sobre ela. Finalizando com
uma discussão sobre a experiência vivida.
1) Acrescentar ao objetivo: treino da
coordenação motora, percepção e
sensibilidade. O idoso treina esses
objetivos quando tem que combinar
movimento com ritmo da música, quanto
estoura os balões com os pés e quando faz
movimento com o balão utilizando as
mãos.
2) Proporcionar forma descontraída e
motivadora de aproximar as pessoas
através da identificação de diferenças e
semelhanças.
3) A música “Escravos de Jó” deve ter
movimentos repetidos simples, passar o
balão para o vizinho e no máximo tirar o
balão e colocar de volta, sendo necessário
um primeiro ensaio, pois este já
demonstra ao facilitador como está a
coordenação do grupo e quais
movimentos deve ensinar.
4) No lugar dos colchonetes colocar
cadeiras, dependendo do grau de
dificuldade física e motora do grupo. No
lugar de frases escritas, colocar figuras ou
imagens de revistas para o idoso
comentar.
TELEFONE SEM FIO
COM DESENHO
AMARAL, 2004. p. 48.
2. Telefone Sem Fio com desenho.
Objetivo: Percepção, sensibilização,
criatividade e cooperação.
Desenvolvimento: Em coluna o último
participante de cada fileira deverá fazer um
desenho com o seu dedo nas costas do colega
que está a sua frente. Este passará o mesmo
1) Acrescentar ao objetivo: competição
2) Formar duas ou mais fileiras com no
máximo cinco idosos, pois um número
maior aumentaram muito a quantidade de
erros no desenho final. Pode-se brincar de
competição entre as fileiras e passar mais
de um desenho de cada vez. Revezar a
136
desenho para o próximo da coluna, até chegar
ao primeiro da coluna, que deverá desenhar
em uma folha de papel e apresentá-las aos
colegas.
primeira pessoa da fila, para que outras
tenham a oportunidade de desenhar.
Todos têm a chance de treinar sua
percepção e sensibilidade ao passar para o
papel o desenho sentido nas costas, além
de não responsabilizar uma única pessoa
pelos erros que certamente irá ocorrer.
3) Dispor de fichas com os desenhos que
se pretende passar. Essas fichas devem
conter desenhos de figuras simples, como:
cruz, triângulo, quadrado, círculo e
coração para que o idoso consiga desenhar
nas costas do outro idoso a partir de uma
referência visual e para que possa passar o
desenho sem tirar muitas vezes o dedo das
costas, visto a redução da sensibilidade ao
tato que existe nesta faixa etária.
4) Mostrar o desenho ao último idoso da
fileira, para que esse passe para frente o
desenho que viu. O desenho feito no papel
será recolhido, mostrado e conferido com
o desenho inicial visto pelo último idoso
de cada fileira.
5) Uma terceira brincadeira foi
adaptada com o telefone sem fio. Divisão
dos idosos em dois grupos em forma de
círculo, de mãos dadas, e olhos fechados.
O facilitador passa um gesto através de
sua mão para o idoso da direita, e este por
sua vez transmite o que sentiu ao outro
idoso da sua direita e assim até fechar
com o facilitador. Este deve expressar o
que sentiu e comparar com o gesto inicial
emitido, mostrando para os idosos.
Plano de Contingência RODA CONCÊNTRICA DE GESTOS
FACIAIS – CARVALHO, 2002, p. 43.
Não utilizado.
137
6ª Oficina - Agilidade de Raciocínio: Jogos Interativos de Leituras.
Atividade Teórica: Recuperar a informação através do relaxamento: fechar os olhos, fazer silêncio,
respiração profunda, acalmar e depois lembrar da situação. Fazer uma coisa de cada vez e estar
centrado nos atos que realizam.
Jogos e
Brincadeiras Descrição da Atividade Adaptações e Sugestões
PASSEIO DE
CARRUAGEM -
ANTUNES, 2002. p.
143.
1. Passeio de Carruagem.
Objetivo: Brincar com a leitura e realização
de gestos.
Desenvolvimento: Pedir para o grupo que se
sente em círculo. Falar ao ouvido de cada
componente o nome de um personagem da
história e pedir para que façam um movimento
específico cada vez que ouvirem durante a
leitura o nome do seu personagem. Toda vez
que falar a palavra “carruagem” todos devem
bater palmas uma vez. Toda vez que for
falado o personagem da história (cocheiro,
passageiro magro, menininho, cavalo,
passageira, porta, banco, mola, roda), a pessoa
correspondente ao personagem deve bater
palmas três vezes. O facilitador faz a leitura
da história em voz alta e de forma pausada.
1) Acrescentar ao objetivo: memorização,
atenção, percepção, coordenação e ritmo,
pois treina no idoso essas habilidades.
2) A leitura é feita pelo facilitador, em
primeiro momento sob a forma de treino.
Após, solicitar atenção na leitura feita
para emitir as respostas seguindo os
comandos da mesma. Deixar que os
idosos sorriem de si e dos outros.
MANHÃ DE
PRIMAVERA -
ANTUNES, 2002. p.
158.
2. Manhã de primavera.
Objetivo: brincar com a leitura e realização
de gestos.
Desenvolvimento: Pedir para o grupo que se
sente em círculo. Falar ao ouvido de cada
componente o nome de um personagem da
história e pedir para que façam um movimento
específico cada vez que ouvirem durante a
leitura o nome do seu personagem. Toda vez
que falar a palavra “primavera” todos devem
elevar as mãos. Toda vez que for falado o
personagem da história: gato, cachorro, sabiá,
papagaios, águias, a pessoa correspondente ao
animal deve imitar o barulho do bicho. O
facilitador faz a leitura da história em voz alta
e de forma pausada.
Idem
ROLHA NA CARA –
MIRANDA, 1996, p.45.
3. Rolha na cara.
Objetivo: exercitar o potencial criativo e
1) Acrescentar ao objetivo: contar
histórias, competição, relembrar casos,
138
agilidade de raciocínio.
Desenvilvimento: Embaralha as fichas. Antes
de proferir cada pergunta, anuncie qual o
tempo que terão para discutir e responder em
voz alta. Alerte que este prazo varia de 5 a 20
segundo e que a equipe poderá ajudar. Cada
equipe deverá eleger um porta-voz. Cada
acerto marca no placar um ponto.
ditos populares, “o que é o que é”.
2) Divide os idosos em dois grupos,
sentados e posicionados frente a frente,
numerando-os verbalmente na mesma
quantidade cada grupo. Fazer uma
competição de perguntas e respostas sobre
os ditos populares ou questões do tipo “O
que é, o que é”. Colocar na mesa de
centro um objeto para ser pego pelo idoso
que souber a resposta. Fazer a pergunta e
chamar pelo número. Cada idoso irá
participar pelo menos uma vez. O idoso
que errar recebe no rosto uma marca de
rolha com tinta preta.
3) o grupo que tiver mais marcas no rosto
pagará uma prenda estabelecida pelo
grupo que venceu.
Plano de Contingência
CONTINUANDO A MÚSICA – WEIGEL,
1988, p. 25.
Não utilizado
7ª Oficina - Criatividade e Raciocínio: Histórias Contadas.
Atividade Teórica:Estratégias de memorização por meio de histórias para lembrar algo desejado:
usar os elementos que quer memorizar como parte da história; usar o bom humor; fatos engraçados.
Exercitar a memorização de vários objetos ou fatos importantes através da construção de histórias.
Jogos e
Brincadeiras Descrição da Atividade Adaptações e Sugestões
VAMOS VER O QUE
DÁ - la Paz Asociación
Pro Derechos Humanos
(APDH). 1995. p. 172.
1 Vamos ver o que dá.
Objetivo: integração, criatividade e leitura de
história.
Desenvolvimento: Todos deverão escrever a
primeira frase de uma história ou fato
qualquer, o coordenador que está no centro do
círculo ordena que todos dobrem a parte
escrita e passe a folha para o colega da direita.
Todos deverão escrever a segunda parte da
história, dobrando e passando para a direita ao
comando do coordenador, após passar por
quatro ou cinco pessoas, realiza-se a leitura
1) Acrescentar ao objetivo: Atenção
2) Esta brincadeira foi adaptada em três
etapas, valendo, portanto como três
brincadeiras, devido a continuidade desta
e o tempo exigido:
Primeira: Os idosos em um grande grupo
constroem uma historia inventada. Fazer a
brincadeira oralmente, como uma história
contada. O facilitador começar a
brincadeira contando o inicio de uma
história e o idoso que estiver do seu lado
continua, até que o último do circulo faça
139
dos fatos.
a finalização da história.
Segunda: Dividir o grupo em três grupos
menores com um facilitador em cada
grupo, incentivando a criação de uma
história com a introdução de figuras na
história. No meio da história mostrar
figuras de personagens, animais ou
objetos para serem encaixados na história.
Ao comando do facilitador o próximo
idoso continuará a história. A figura ajuda
o idoso a visualizar o que será acrescido
na história.
Terceira: Deixar que os idosos
posicionem as figuras em ordem
lembrando-se da história construída pelos
mesmos. Todos os idosos participam
contando a história. Para memorizar,
pode-se pedir para que cada idoso repitir a
história desde o início até o final.
Plano de Contingência PASSANDO A MÚSICA - WEIGEL, 1988,
p. 26
Não utilizado.
8ª Oficina - Estimulação da Memória Sensorial: Jogos e Brincadeiras Sensoriais - Parte I.
Atividade Teórica: Recordar nomes de objetos variados através do tato, gosto dos alimentos,
cheiros e barulho. Realizar atividades diferentes utilizando os órgãos dos sentidos.
Jogos e Brincadeiras Descrição da Atividade Adaptações e Sugestões
NO CASTELO DOS
MIL GOSTOS, TOQUES
E CHÁS – ANTUNES,
2002, p. 155 e 156.
1. Castelo dos Mil Gostos.
Objetivo: memória, integração, percepção e
estimulação dos órgãos dos sentidos.
Desenvolvimento: Este jogo exige dos
participantes não apenas identificação de
gostos, percepção pelo tato e cheiros, mas
também precisam usar a memória. Os
participantes são divididos em duas equipes e
todos os integrantes devem ter seus olhos
vendados. Iniciando o jogo, o facilitador
informa-lhes que durante cinco minutos
percorrerão um castelo devendo memorizar os
1) Acrescentar ao objetivo: não houve.
2) Sentados em círculo, o jogo não é de
cunho competitivo, mas um exercício de
memória e percepção;
3) Colocado vendas de TNT nos olhos e
passado para cada idoso objetos para
tacar em diferentes tamanhos; frutas para
comer em vários sabores; cheiros
variados e emitido barulho diferentes.
Após cada etapa desta, foi perguntado
para cada idoso o que foi experimentado
ou vivenciado: o que tocou, o que
140
gostos, tato e cheiros para depois relacioná-los
na ordem em que foram apresentados. Ganha
a equipe que fizer a relação mais correta,
valendo cinco pontos cada som identificado e
dois sua sequencia correta.
comeu, o que cheirou e ouviu.
CORRIDA DAS
AGULHAS –
ANTUNES, 2002, p. 153.
2. Corrida das agulhas.
Objetivo: integração, percepção e
competição.
Desenvolvimento: Ao sinal do coordenador, a
primeira pessoa de cada fileira procura enfiar
a linha na agulha, passando para o vizinho, a
quem cabe tirar a linha da agulha, levantando
bem alto a agulha e a linha separadamente, e
passa para o vizinho, a quem cabe enfiar a
linha novamente, e assim por diante. Será
vencedor o grupo que terminar primeiro a
tarefa de enfiar e desenfiar a linha na agulha.
1) Acrescentar ao objetivo: agilidade.
2) A brincadeira pode ser feita com a
formação de duas ou mais fileiras, com
no máximo 6 componente, pois fica fácil
para o facilitador acompanhar o jogo,
visto que cada componente tem que tirar
a linha da agulha, mostrar e depois
colocar novamente.
3) As agulhas devem ser grandes e linha
mais grossa de cor clara, em quantidade
correspondente ao número de fileira. O
déficit de acuidade visual de muitos
idosos dificulta a brincadeira, mas ao
mesmo tempo estimula a percepção pelo
tato.
DESENROLAR O
PAPEL - PONT GEIS,
2003, p. 111.
3. Desenrolar o papel.
Objetivo: cooperação e percepção.
Desenvolvimento: As pessoas devem estar
sentadas no chão ou na cadeira formando
colunas que vão competir entre si. Entrega ao
primeiro de cada coluna um rolo de papel
higiênico. Este passa por cima da cabeça, e os
demais levantam os braços. Os participantes
devem ir desenrolando o papel, até que sobre
apenas o rolinho de cartolina, que servirá
como prova. A coluna que terminar primeiro
vence.
1) Acrescentar ao objetivo: competição.
2) Formar duas ou mais fileiras, com no
máximo seis componentes. Mais de seis
componentes torna-se muito longa a
fileira e o papel higiênico desenrola
muito rápido.
Plano de Contingência ONDE ESTOU? EM QUE ÉPOCA? –
REVERBEL, 1987, p. 65 e 72.
Não utilizado.
141
9ª Oficina - Estimulação da Memória Sensorial: Jogos e Brincadeiras Sensoriais - Parte II.
Atividade Teórica: Estimular atenção e comunicação verbal e corporal.
Jogos e
Brincadeiras Descrição da Atividade Adaptações e Sugestões
OS NÁUFRAGOS –
MIRANDA, 2000, p.
31.
1. Os Náufragos
Objetivo: cooperação, percepção,
sensibilização, criatividade, resolução de
problemas.
Desenvolvimento: Agrupam-se em duplas e
sentam-se no chão de frente do outro. Narre-
lhes uma história a respeito de um naufrágio
na qual, os dois náufragos encontram uma ilha
solitária. Para sobreviverem precisarão
construir um vasilhame para recolher a água
doce da chuva, para assim garantir mais
alguns dias de sobrevivência. Um da dupla, no
entanto não tem os braços (amarrados para
trás com o barbante) e o outro é cego (venda
nos olhos). Todos usarão a comunicação
verbal e estarão falando ao mesmo tempo.
Terão o tempo de 10 a 15 minutos. Depois de
vedado os olhos e amarrado as mãos é que
será colocado os materiais para a confecção
do vasilhame.
1) Acrescentar ao objetivo: vivencia e
comunicação verbal.
2) no caso do idoso pode-se propor fazer
uma atividade de sua realidade, como
fazer um bolo, uma gelatina ou preparar
um suco. A brincadeira que trabalha com
a vivência cotidiana torna-se motivante e
prazerosa por estar dentro da realidade
vivida pelo idoso.
3) Montar cada grupo com um idoso com
venda nos olhos sentado em frente a mesa.
Três ou quatro idosos ficam do lado de
mãos amarradas. O idoso que estiver de
olhos vendados fará o bolo e os idosos de
mãos amarradas ajudam a fazer o bolo,
orientando verbalmente e sem colocar as
mãos. Pode perguntar antes de iniciar
quem não sabe fazer bolo e esse é que
ficará sentado; os que dizem que sabem,
ficam de mãos amarradas para orientar.
Conta-se a história sobre o naufrágio e ao
final diz que terão que preparar um bolo
para comerem. Ao final o bolo é colocado
para assar e todos experimentam e elegem
o bolo mais gostoso e que será o
vencedor. Todos que sabem ou não fazer
bolo poderão contribuir e se divertir. O
bolo é de verdade pode ser experimentado
no final e servido como lanche.
PAREDÃO
COOPERATIVO –
AMARAL, 2004, p. 51.
2. Paredão Cooperativo
Objetivo: cooperação, integração,
criatividade e expressão corporal.
Desenvolvimento: Formação de duas fileiras,
uma de frente para outra, deixando um
corredor. Os dois primeiros participantes
iniciam. Um dos colegas pega uma bola e
1) Acrescentar ao objetivo: confiança.
2) No caso do idoso pode usar apenas
bolas grandes e médias, ou ainda balões,
pois pode existir uma dificuldade ao
contato físico entre os idosos e bolas
muito pequenas exige uma maior
habilidade dos participantes na percepção
142
coloca contra o corpo do outro colega da
fileira oposta. Este irá rolar a bola pela parede
(formada pelos colegas) apenas com o corpo,
mas se o auxilia das mãos, não a deixando
cair.
do objeto. Pode-se também formar dois
paredões e competirem entre si, ganhando
quem conseguir primeiro levar e trazer a
bola através do paredão humano. A
competição pode estimular o grupo a
cooperar mais para chegar a determinado
objetivo.
Plano de Contingência
BATATA QUENTE DE MEMÓRIA -
PEREIRA, 2004, p. 154.
Não utilizado.
10ª Oficina - Jogos e Brincadeiras de Finalização.
Atividade Teórica: Recordar as estratégias ensinadas.
Jogos e
Brincadeiras Descrição da Atividade Adaptações e Sugestões
O JOGO DO
EMBRULHO –
FRITZEN, 1987, p. 35.
1.O Jogo do Embrulho.
Objetivo: Encerramento de alguma atividade
onde as pessoas conviveram algum tempo.
Desenvolvimento: Sentados em círculo, o
coordenador entrega o embrulho para uma
pessoa do círculo, esse embrulho passa de
uma pessoa para outro ao som de uma música,
quando a música parar, a pessoa que tiver com
o embrulho abre o primeiro papel do
embrulho e vai fazer a tarefa que está escrito,
por exemplo: imitar um animal, ou então,
responder perguntas: como foi o curso, a
oficina, qual o nome do colega do lado, etc.
.
1) Acrescentar ao objetivo: estimular a
auto-estima.
2) O coordenador oferecer o presente
(embrulho) para a pessoa que diz
considerar mais bonita do grupo, que vai
abri e lá estará escrito uma frase que deve
ser lido pelo facilitador: “Parabéns por ser
eleita a pessoa mais bonita do grupo, mais
esse presente você deve entregar para a
pessoa mais dinâmica”. A pessoa mais
bonita entrega para o idoso que a turma
considera mais dinâmica. Essa pessoa
abre um dos papéis do presente que está
escrito. “ O seu dinamismo encanta a
todos, mas esse presente você deve
entregar para a pessoa mais sábia... mais
inteligente... mais alegre.... mais
risonha.... até que no penúltimo embrulho
estará para ser entregue a pessoa mais
amiga. A pessoa mais amiga abrirá o
pacote e estará escrito: “ Parabéns você
foi considerada a pessoa mais amiga do
grupo e como boa amiga dividirá o seu
presente com todos do grupo. A
143
expectativa da abertura do presente pode
estimular a imaginação.
OBJETOS QUE
FALAM –
BERKENBROCK,
2003, p. 130
2. Objetos que falam.
Objetivo: promover avaliação de alguma
atividade onde as pessoas conviveram algum
tempo através da fala, incentivando a
criatividade e diversidade.
Desenvolvimento: A pessoa facilitadora deve
providenciar vários objetos como: chaves,
papel, moeda, outros. É importante que o
número de objetos seja superior ao número de
pessoas. Esses objetos devem ser expostos no
centro da sala de forma desorganizada. A
pessoa deve fazer sua avaliação do encontro,
curso ou treinamento (oficina)... A partir de
algum dos objetos ali presentes. Os
participantes devem primeiro apenas olhar os
objetos. Depois vão ao centro e pega um
objeto para fazer a avaliação do encontro a
partir dele. Dá-se um tempo necessário para
que todos os participantes peguem e retornem
aos seus lugares. Cada um é convidado a dizer
por que escolheu determinado objeto para
ponto de partida da avaliação.
1) Acrescentar ao objetivo:
2) Utilizar as fotografias das atividades
realizadas durante as oficinas. Pode-se
também trazer os objetos que foram
usados durante as oficinas, como: bolas,
fitas, fichas, kit de bolo, agulha com linha,
figuras e outros.
3) Exposição em painéis de todas as
oficinas e distribuição de fotos aos idosos
para que identifiquem e coloquem as
mesmas nos painéis correspondentes às
oficinas.
4) A visualização das atividades feitas por
fotografia ou a visualização de objetos
utilizados por eles mesmos facilitará
recordar e avaliar melhor as oficinas como
um todo.
5) Ao final de toda apreciação os idosos
escolhem as fotos de suas preferências e
levam de recordação.
AVALIAÇÃO E
CONFRATERNI-
ZAÇÃO DO GRUPO
3) Sentados em um grande círculo. Avaliação oral e espontânea pelos idosos
sobre sua participação no grupo, podendo
se expressar sobre a importância de
participar das oficinas; se percebeu
alguma mudança; como se sentiu no
grupo.
145
Anexo II - Cronograma de atividades da pesquisa
Atividades 2009 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Escolha do tema x
Coleta de dados para referencial
teórico x x x x x x x
Elaboração e apresentação do
Projeto para o Comitê de Ética da
FEPECS
x
Apresentação da pesquisa à
banca da UCB - qualificação x
Escolha dos testes e elaboração
do roteiro de entrevista x
Seleção dos jogos e brincadeiras
de estimulação cognitiva x
Primeira aplicação dos testes e
roteiro de entrevista x
Realização das 10 oficinas de
estimulação cognitiva / 10
palestras educativas
x x x
Segunda aplicação dos testes x x
Atividades 2010 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Tabulação dos dados x
Discussão dos resultados x x x
Conclusão e revisão final x
Defesa da dissertação UCB x
Apresentação escrita da Pesquisa
ao Comitê de Ética da FEPECS e
apresentação oral ao grupo
pesquisado e UMT-DF
x
146
Anexo III - Termo de consentimento livre e esclarecido
O (a) Senhor (a) está sendo convidada a participar do projeto: Oficinas de
estimulação Cognitiva em Idosos Analfabetos com Transtorno Cognitivo Leve. O
objetivo é: analisar o desempenho cognitivo de indivíduos idosos analfabetos com
diagnóstico de TCL antes e após a realização de Oficinas de Jogos e Brincadeiras de
Estimulação Cognitiva, adaptadas para uso em indivíduos analfabetos. Os objetivos
específicos são: determinar o perfil sócio-econômico-demográficos dos idosos analfabetos
estudados; verificar a autopercepção dos idosos analfabetos sobre sua memória antes e após as
intervenções aplicadas; identificar a contribuição das oficinas de estimulação cognitiva na
percepção dos idosos analfabetos.
O (a) senhor (a) receberá todos os esclarecimentos necessários antes e no decorrer da
pesquisa e lhe asseguramos que seu nome não aparecerá, sendo mantido o mais rigoroso
sigilo através da omissão total de quaisquer informações que permitam identificá-lo (a).
A sua participação será através de um questionário de coleta de dados por meio de um
roteiro de entrevista e de quatro instrumentos de Avaliação cognitiva: Mini-Exame do Estado
Mental (MEEM), Memória de Lista de Palavras, Fluência Verbal e Teste Computadorizado
de Atenção Visual, que você deverá realizar no setor de Geriatria na data combinada. Não
existe obrigatoriamente, um tempo pré-determinado para responder o questionário, sendo
respeitado o tempo de cada um para respondê-lo. Os testes serão aplicados antes e após a
realização das dez Oficinas de Estimulação Cognitiva adaptadas para Idosos analfabetos do
Programa de Terapias Alternativas da Unidade Mista de Taguatinga (UMT) no período de
Setembro a Dezembro de 2009. A aplicação será feita pela pesquisadora Izabel Borges dos
Santos, mestranda em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília.
Informamos que o Senhor (a) pode se recusar a responder qualquer questão que lhe
traga constrangimento, podendo desistir de participar da pesquisa em qualquer momento sem
nenhum prejuízo para o senhor (a) no seu entendimento.
Os resultados da pesquisa serão divulgados na UMT após a conclusão da pesquisa,
podendo inclusive ser publicado posteriormente. Os dados e materiais utilizados na pesquisa
ficarão sobre a guarda da pesquisadora responsável no setor de Geriatria da UMT do Centro
de Referência em Saúde do Idoso.
147
Se o Senhor (a) tiver qualquer dúvida em relação à pesquisa, por favor, telefone para
pesquisadora Izabel Borges dos Santos na UMT telefone: (61) 3353-8366 ou para orientadora
da pesquisa Lucy Gomes no telefone: (61) 3448-7228, no horário comercial.
Este projeto foi Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da SES/DF. Qualquer
dúvida com relação à assinatura do TCLE ou os direitos do sujeito da pesquisa podem ser
obtidos através do telefone: (61) 3325-4955.
Este documento foi elaborado em duas vias, uma ficará com o pesquisador
responsável e a outra com o sujeito da pesquisa.
______________________________________________
Nome / assinatura:
____________________________________________
Izabel Borges dos Santos
Pesquisadora responsável
Brasília, ___ de __________de _________
148
Anexo IV - Roteiro de entrevista
Parte A – Identificação e dados sócio-econômico-demográficos
Nome:
Endereço: Telefone:
Profissão/Ocupação:
Aposentado: ( ) Sim ( ) Não
Benefícios prestação continuada:
Pensão:
Renda:
Estado Civil:
Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
Grau de instrução:
Data de Nasc.:____/_____/______
Idade:
Mora: 1( )sozinha, 2( ) acompanhada: (quem?_______________), (quantos?_____)
Diagnostico Transtorno Cognitivo Leve dado por geriatria da UMT: ( ) Sim ( ) Não
Faz uso de medicação controlada: ( ) Sim ( ) Não Qual(is):____________________
Faz acompanhamento psiquiátrico? ( ) Sim ( ) Não
Diagnóstico possível/provável: ( ) Alzheimer ( ) Parkinson ( ) Outras Demências
Restrição: ( ) Sim ( ) Não
Parte B – Percepção do Idoso sobre sua Memória
Percepção há 1 ano
Como estava sua memória há 1ano em relação a sua memória atual?
1 Melhor ( ), 2 Pior ( ), 3 Igual ( )
Pré-Testes
1ª) Como está sua memória hoje? 1 Ruim ( ), 2 Regular ( ), 3 Boa ( ), 4 Excelente ( )
Comente:
2ª) Você acredita que sua memória é pior do que a dos outros? 1 Sim ( ), 2 Não ( )
Pós-Testes
1ª) Como está sua memória hoje? 1 Ruim ( ), 2 Regular ( ), 3 Boa ( ), 4 Excelente ( )
Comente:
2ª) Você acredita que sua memória é pior do que a dos outros? 1 Sim ( ), 2 Não ( )