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PROFESSOR: CEZAR AUGUSTO P. DOS SANTOS [email protected] FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL 1

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PR O FES SO R : C EZ A R A U G U STO P. D O S S A N TO Sce z ar sa nt os1 9 7 5@h o t ma i l . co m

FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL1

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PLANO DE AULA2

TEMA: O contexto político e econômico da gestação da economia cafeeira;

Pontos: Razões do avanço da cafeicultura na pauta de exportação

brasileira;

A crise no sistema escravista e seu impacto sobre a cafeicultura;

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Somente no correr do século XVIII é que o café adquiriu importância nos mercados internacionais, tornando-se então o principal alimento de luxo nos países do Ocidente. E é isto que estimulou largamente sua cultura nas colônias tropicais da América e Ásia.

O Brasil entrou muito tarde para a lista dos grandes produtores de café – início do século XIX. Por que?

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É no contexto de grandes dificuldades para a economia brasileira que o café começa a surgir como nova fonte de riqueza para o país. Já nos anos 1830 esse produto se firma como principal elemento da pauta de exportação do país e sua progressão é firme;

Num país sem técnica própria e no qual praticamente não se formava capitais que pudessem ser desviados para novas atividades, a única saída que oferecia o século XIX para o crescimento era qual? RICARDO;

Desenvolvimento com base em mercado interno só se torna possível quando?

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Por que as possibilidades de que as exportações tradicionais do Brasil voltassem a recuperar o dinamismo necessário para que o país entrasse em nova etapa de desenvolvimento eram remotas a partir da década de 1820? Açúcar & Algodão.

Na primeira década da independência do Brasil, o café já contribuía com 18% do valor das exportações do país, colocando-se em terceiro lugar depois do açúcar e do algodão. E nas duas décadas seguintes passou para primeiro lugar, representando mais de 40% do valor das nossas exportações.

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O rápido progresso da economia cafeeira é tanto mais de admirar que o café, ao contrário da produção dos outros gêneros clássicos do Brasil, oferece particulares dificuldades:

- O café, em confronto com a cana-de-açúcar, é uma planta delicada;

-É muito sensível tanto às geadas como ao calor e insolação excessivos; - Requer de outro lado chuvas regulares e bem distribuídas, e é muito exigente com relação à qualidade do solo;

- Outra dificuldade da lavoura cafeeira é que a planta somente começa a produzir ao cabo de 4 a 5 anos de crescimento; - É um longo prazo de espera

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Ao transformar-se o café em produto de exportação, o desenvolvimento de sua produção se concentrou na região montanhosa próxima da capital do país. Por que?

Mão – de - obra;Proximidade do

Porto;Transporte;

A primeira fase da expansão cafeeira se realizou com base num aproveitamento de recursos preexistentes e subutilizados.

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Mas, se a disponibilidade de recursos é pré-requisito, ela, por si só, não permite compreender, do lado da oferta, o nascimento da economia cafeeira. Por que motivos?*

Por que a empresa cafeeira surgiu como latifúndio escravista?**

O primeiro grande cenário da lavoura cafeeira no Brasil foi o vale do rio Paraíba - cujas condições naturais eram esplêndidas.

Altitude que oscila entre 300 e 900 m mantém a temperatura, embora em latitude tropical, dentro dos limites ideais para a planta, e regulariza as precipitações. Região muito acidentada, não lhe faltam encostas bem protegidas contra o vento (fator importante numa planta arbustiva de grande porte como o cafeeiro) e convenientemente expostas.

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Em meados do séc. XIX reunia-se no vale do Paraíba a maior parcela da riqueza brasileira. Subindo pelo rio, os cafezais invadiam e ocupavam largamente a parte oriental da província de São Paulo. Tomaram-lhe também a vertente setentrional, estendendo-se pela região fronteiriça de Minas Gerais.

Comercialmente, orientava-se para o Rio de Janeiro, que era o porto de escoamento do produto, e por isso seu centro financeiro e controlador. Pouco depois da metade do século XIX, esta área representava o setor mais rico e progressista do país, concentrando a maior parcela de suas atividades econômicas.

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Declínio da área do Vale do Ribeira.

Outra região veio á substituir aquela área tão próspera e agora fadada ao aniquilamento. É o oeste da província de São Paulo, centralizando-se em Campinas e estendendo-se numa faixa daí para o norte até Ribeirão Preto.

Região fisicamente bem distinta da primeira com uma topografia em geral unida e apenas ondulada.

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Resulta daí uma concentração maior da riqueza e densidade econômica mais elevada.

E não é só. A dessemelhança topográfica das duas áreas teve outras conseqüências econômicas importantes. Embora plantados com o mesmo descuido, os cafezais da nova região sofriam menos da ação dos agentes naturais. A declividade menor do terreno oferece certa proteção ao solo que conserva assim mais longamente suas qualidades.

Topografia, comunicações e transportes. Nova orientação geográfica.

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É de Campinas que partiu a expansão cafeeira que se alastrou pelo oeste paulista. Um fato sobretudo orientou a princípio a marcha: é a ocorrência dos solos de terra roxa.

Nesta região se formou o núcleo produtor do melhor e mais abundante café brasileiro. O “café de Ribeirão Preto” (centro da região), que se tornou mundialmente famoso.

Em matéria de organização, a lavoura cafeeira seguiu os moldes tradicionais e clássicos da agricultura do país, que eram quais mesmos?

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O segundo e principalmente o terceiro quarto do século XIX são a fase de gestação da economia cafeeira.

A empresa cafeeira permite a utilização intensiva da mão-de-obra escrava, e nisto se assemelha à açucareira. Qual a diferença econômica entre as duas, principalmente em suas fases iniciais?

Somente uma forte alta nos preços da mão-de-obra poderia interromper o crescimento da economia cafeeira, no caso de haver abundância de terras. Em sua gestação tinha este problema?

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A etapa de gestação da economia cafeeira é também a de formação de uma nova classe empresária.

Esta nova classe dirigente formou-se numa luta que se estende em uma frente ampla: aquisição de terras, recrutamento de mão-de-obra, organização e direção da produção, transporte interno, comercialização nos portos, contatos oficiais, interferência na política financeira e econômica.

Desde cedo eles compreenderam a enorme importância que podia ter o governo como instrumento de ação econômica.

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Mas não é o fato de que hajam controlado o governo o que singulariza os barões do café. O que é?

As crescentes exportações de café permitiram não somente restaurar o balanço das contas externas do país, tão comprometidas na fase anterior, mas restaurá-lo em nível nitidamente superior a tudo quanto o Brasil conhecera no passado.

Concluída sua etapa de gestação, a economia cafeeira encontrava-se em condições de auto financiar sua extraordinária expansão subseqüente; estavam formados os quadros da nova classe dirigente que lideraria a grande expansão cafeeira. Restava por resolver, entretanto, o problema da mão-de-obra.

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A ECONOMIA CAFEEIRA PÓS 185016

O desenvolvimento da economia mercantil-escravista estava sujeito a 3 condições fundamentais:

A disponibilidade de trabalho escravo a preços

lucrativos

Existência de terras em que a produção pudesse ser rentável

Condições de realização , relativamente autônomas,

pois dependem, também, do comportamento das

economias importadoras

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A ECONOMIA CAFEEIRA PÓS 185017

Nos anos que se seguiram ao fim do tráfico negreiro a lavoura logo se ressentiu da falta de braços, e o problema se agravava de ano para ano.

Estava-se com a progressão da cultura do café num período de franca expansão das forças produtivas, e o simples crescimento vegetativo da população trabalhadora não lhe podia atender às necessidades crescentes.

Desvio de escravos para as regiões mais prósperas em prejuízo das outras – Barão de Cotegipe.

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A ECONOMIA CAFEEIRA PÓS 185018

O que se via até 1850? Elevadíssima taxa negativa de crescimento no número de nascimento de escravos, acompanhada de altas taxas de mortalidade – resultantes ambas da alta taxa de exploração;

A América devora os pretos! (Taunay);

Surgem leis de proteção da saúde física dos escravos, incentivo aos casamentos e defesa da família;

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A ECONOMIA CAFEEIRA PÓS 185019

Para que se acumulasse ou, ao menos mantivesse a produção no mesmo nível, após a interrupção do tráfico internacional, era imprescindível “produzir” escravos internamente – Precisava ou não reduzir a taxa de exploração?

Diminuir-se-iam, coeteris paribus, tanto a taxa de lucro das unidades em operação, quanto as perspectivas do negócio como um todo?

Era preciso uma solução mais ampla e radical. Ela será procurada na imigração européia. Já no auge da campanha contra o tráfico, e na previsão do que brevemente ia acontecer, começara-se a apelar para este recurso.

A corrente imigratória se intensificou depois de 1850;

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A ECONOMIA CAFEEIRA PÓS 185020

Consequência de trabalho escravo e livre nas lavouras de café pós 1850?

Outra circunstância que pela mesma época acentuou os caracteres negativos da escravidão - início da indústria manufatureira no país;

A partir de 1860 a pressão dos acontecimentos já é bastante forte para provocar uma larga tomada de posições: o problema da escravidão, o da sua subsistência, é então aberto e francamente posto em foco;

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A ECONOMIA CAFEEIRA PÓS 185021

A subida internacional de preços do café em 1857 foi providencial para a estrutura econômica brasileira. Por que?

Aumento do preço dos escravos após 1850; interiorização da produção – custo transporte até o Porto de Santos;

A produção cresceu, neste período, consideravelmente.

Em 1868, a produção mundial de café se reduz, sob efeito de fatores naturais, que provocou a subida dos preços internacionais e internos até 1875;

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A ECONOMIA CAFEEIRA PÓS 185022

Na medida em que a produção de café ia adentrando o interior de São Paulo, os custos de transporte iam cada vez se tornando mais substanciais;

Mas, a economia escravista esbarrava, inexoravelmente, na carência de trabalho escravo a preços lucrativos;

Ficamos então com duas opções: ou o preço do escravo subiria a ponto de compensar a criação (qual o risco ?); ou se continuaria com o tráfico interprovincial – expansão de preços;

Introdução da estrada de ferro, maquinização do beneficiamento, preço do escravo subia – fim dos anos 1860;

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1865 Guerra do Paraguai - dificuldades no recrutamento de tropas, e foi-se obrigado a recorrer a escravos, desapropriando-os de seus senhores e concedendo-lhes alforria. Também em muitos lugares foi impossível mobilizar em número suficiente os homens livres, pois isto seria desamparar tais lugares deixando-os à mercê da massa escrava tão temida e perigosa.

o Brasil, embora vitorioso, saía da guerra humilhado, não somente em face dos aliados, mas dos próprios vencidos, com suas tropas de recém-egressos da escravidão.

Fim da escravidão 13 de maio de 1888;

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A ECONOMIA CAFEEIRA PÓS 185024

Na medida em que a produção ia se adentrando no interior de São Paulo, ia aumentando os custos de transporte;

A economia cafeeira esbarrava cada vez mais na carência de trabalhadores escravos a preços lucrativos; Duas hipóteses: ou o preço do escravo subiria até tornar rentável a criação de escravos internamente (risco iminente??), ou se caso continuasse utilizando o tráfico interprovincial se teria um aumento de preços que tornaria não lucrativa a produção.

Apesar da extraordinária economia de trabalho escravo gerada pela introdução da estrada de ferro e maquinária no beneficiamento, os preços dos escravos continuaram subindo. Solução?

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REFERÊNCIAS25

FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. 31. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. 351 p. (Biblioteca universitária. Ciências Sociais ; 23).

PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil contemporâneo: colônia. 23. ed. São Paulo: Brasiliense, 2006. 390 p.

CARDOSO DE MELLO, J.M. O capitalismo tardio: contribuição à revisão crítica da formação e do desenvolvimento da economia brasileira. 1. ed. – São Paulo: Brasiliense, 1982.