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Este projeto cujo tema é “Proposta de destinação sustentável para latas de piche provenientes da construção civil”, teve como objeto de estudo um resíduo da construção civil para o qual não é dada a devida atenção, (principalmente pelo fato de ser um resíduo de alta periculosidade): a “lata de piche”, que é um resíduo contaminado com material betuminoso utilizado como impermeabilizante.
Citation preview
FACULDADE SENAI DE TECNOLOGIA AMBIENTAL
VINCIUS DE SOUZA SILVA
PROPOSTA DE DESTINAO SUSTENTVEL PARA LATAS DE PICHE
PROVENIENTES DA CONSTRUO CIVIL
SO BERNARDO DO CAMPO
2013
VINCIUS DE SOUZA SILVA
PROPOSTA DE DESTINAO SUSTENTVEL PARA LATAS DE PICHE
PROVENIENTES DA CONSTRUO CIVIL
Monografia apresentada Faculdade SENAI de Tecnologia Ambiental, dentro do Curso Superior de Tecnologia em Processos Ambientais SBC, como requisito da disciplina Projetos Ambientais, sob a Orientao do Prof Dr. Fernando Codelo Nascimento; Coorientao do Prof MSc Antonio Donizetti Giuliano e Coordenao Geral do Prof. Dr. Fernando Codelo Nascimento
SO BERNARDO DO CAMPO
2013
DEDICATRIA
Primeiramente dedico este trabalho a Deus, que tm sido meu amparo todos os dias
e tm me dado sade e fora para superar as dificuldades ao longo do caminho.
Aos meus pais, Jos Carlos e Marisa, e ao meu irmo Gabriel que sempre torceram
e me apoiaram para que este momento chegasse, me dando tudo que eu precisei e
tudo que eles puderam me dar.
AGRADECIMENTOS
Agradeo ao Prof. Dr. Fernando Codelo Nascimento pela orientao, dedicao e
pelo suporte necessrio para a realizao deste projeto.
Agradeo ao Prof. MSc Antonio Donizetti Giuliano, por sua valiosa ajuda e por
compartilhar o seu conhecimento com este trabalho.
A todos os Professores que pela dedicao, sabedoria e experincia que nos foram
passados nos ltimos trs anos, e que sempre me animaram e compartilharam toda
sua trajetria profissional e pessoal.
A todas aquelas pessoas que fazem parte da minha vida e que, direta ou
indiretamente, contriburam para que este trabalho fosse realizado.
RESUMO
A presente pesquisa, cujo tema Proposta de destinao sustentvel para latas de
piche provenientes da construo civil, teve por objetivo propor uma destinao
adequada para as latas de piche utilizadas no setor da construo civil, e as
vantagens desta proposta. O objeto de estudo utilizado foi a lata de piche, resduo
de construo e demolio - RCD. O objeto foi escolhido devido ao grande potencial
poluidor que possui; possveis impactos ambientais que podem ser causados pela
disposio irregular; a contribuio para a sustentabilidade nos processos de
construo civil, minimizao dos impactos ao meio ambiente, alm de ser tambm
um projeto inovador.
A metodologia utilizada foi o estudo de campo. Os principais resultados obtidos na
pesquisa foram as possibilidades do fabricante realizar a logstica reversa do
resduo, e o co-processamento deste resduo em fornos de cimento. Levando em
considerao que atualmente o resduo destinado inadequadamente como entulho
de RCD, a cu aberto, conclui-se portanto que o projeto contribui para o meio
ambiente propondo uma alternativa sustentvel, pois o resduo pode ser reutilizado
como matria prima na indstria cimenteira, sem que afete a qualidade final do
produto, auxiliando no atendimento da resoluo CONAMA n307:2002, que
estabelece diretrizes, critrios e procedimentos para os resduos da construo civil.
Palavras-chave: Lata de piche. Resduo de construo e demolio.
Sustentabilidade.
ABSTRACT
This study, which theme is "Proposal of sustainability destination for pitchs tin can
proceeding from civil construction", had the objective to propose an appropriate
destination for pitchs tin can used in the civil construction, and show the advantages
of this proposal. The object of the study was the construction and demolition waste,
"pitchs tin can". This object was chosen because its residue has a high potential
polluter besides the irregular disposal can cause impacts. This proposal can
contribute to sustainability, because minimizes the impact that the civil construction
sector offers to the environment besides that is an innovative project.
The methodology used was the field study. The main results obtained in the research
were the possibilities for the manufacturer to perform the reverse logistics of waste,
and this waste co-processing in cement kilns. Considering that currently the residue
is inadequately designed as rubble, therefore we can conclude that the project
contributes a lot to the environment, as well as the residue can be reused as a raw
material in the cement industry, without affecting the quality of the final product, and
thus assisting in the care of the CONAMA Resolution 307:2002, which establishes
guidelines, criteria and procedures for construction waste.
Keywords: Pitchs tin can. Construction and demolition waste. Sustainability
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Vazadouro a cu aberto no morro do Bumba, Niteri..............................19
FIGURA 2 Vazadouro a cu aberto no estado do Maranho....................................27
FIGURA 3 Aterro sanitrio classe II A.......................................................................28
FIGURA 4 Processo de co-processamento...............................................................32
FIGURA 5 Vista parcial de uma Unidade de Dessoro Trmica..............................33
FIGURA 6 Obra de construo de um estdio de futebol..........................................35
FIGURA 7 Evoluo do mercado imobilirio no ABCDM...........................................37
FIGURA 8 Construo da Arena Pernambuco..........................................................40
FIGURA 9 Construo do Hospital de Clnicas em So Bernardo do Campo...........41
FIGURA 10 Resduos da construo civil..................................................................44
FIGURA 11 Pisos de cermica dispostos inadequadamente....................................45
FIGURA 12 Caamba de entulho...............................................................................50
FIGURA 13 Amostra de alcatro de hulha.................................................................52
FIGURA 14 Pequena amostra de petrleo................................................................53
FIGURA 15 Piche.......................................................................................................54
FIGURA 16 Destilao fracionada do petrleo..........................................................57
FIGURA 17 Pitch lake (Lago de Piche), em Trinidad e Tobago.................................59
FIGURA 18 Fauna do rio Bambu impactada pelo gs sulfdrico................................62
FIGURA 19 Caminho com piche pega fogo na rodovia...........................................65
FIGURA 20 Tonis de piche abandonados e lagoa prxima.....................................65
FIGURA 21 Arroio Barraco contaminado por piche.................................................66
FIGURA 22 Gato sendo retirado de lata de piche...................................................67
FIGURA 23 Embalagem de impermeabilizante betuminoso......................................68
FIGURA 24 Embalagem de 3,6 litros de impermeabilizante betuminoso..................69
FIGURA 25 Celular Samsung Galaxy Ace.................................................................70
FIGURA 26 Grfico de utilizao de impermeabilizante betuminoso........................76
FIGURA 27 Grfico das principais aplicaes do material........................................77
FIGURA 28 Embalagens de impermeabilizante.........................................................78
FIGURA 29 Tipo de embalagem................................................................................79
FIGURA 30 Destinao das embalagens de impermeabilizante...............................80
FIGURA 31 EPIs disponibilizados.............................................................................81
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Quantidade diria (t/dia) de resduos slidos (domiciliares e/ou pblicos)
e coletados e/ou recebidos, por unidade de destino
final.............................................................................................................................25
TABELA 2 Evoluo do lanamento de imveis na regio do ABCDM.................35
TABELA 3 Comparativo de lanamentos entre os municpios e os anos de 2010 e
2011............................................................................................................................37
TABELA 4 Total de resduos de construo e demolio - RCD coletados pelos
municpios (milhes de toneladas/ano)......................................................................47
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 Classificao dos resduos slidos quanto periculosidade.................21
QUADRO 2 Classificao dos resduos slidos quanto origem..............................22
QUADRO 3 Classificao dos resduos slidos quanto biodegradabilidade..........24
QUADRO 4 Classificao dos materiais de construo conforme a origem.............42
QUADRO 5 Classificao dos materiais de construo conforme a funo.............43
QUADRO 6 Classificao dos resduos da construo civil......................................46
QUADRO 7 Diferenas da classificao dos RCD pela NBR 15113:2004 para a
resoluo CONAMA n 307/02...................................................................................47
QUADRO 8 Classificao primria dos resduos da construo civil........................49
QUADRO 9 Composio do piche.............................................................................55
QUADRO 10 Principais propriedades do piche.........................................................58
QUADRO 11 Toxicologia do piche.............................................................................61
QUADRO 12 Toxidade do gs sulfdrico....................................................................63
QUADRO 13 Ecotoxidade..........................................................................................64
QUADRO 14 Equipamentos.......................................................................................70
QUADRO 15 Softwares..............................................................................................71
QUADRO 16 Diferena entre empreiteira e construtora............................................72
QUADRO 17 Resultados da aplicao do questionrio.............................................75
QUADRO 18 Destinaes para a lata de piche.........................................................83
LISTA DE SIGLAS
ABCDM Santo Andr, So Bernardo, So Caetano, Diadema e Mau;
ABCP Associao Brasileira de Cimentos Portland;
ABDI Agncia Brasileira de Desenvolvimento Industrial;
ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas;
ABRECON Associao Brasileira para Reciclagem de Resduos da Construo
Civil e Demolio;
ABRELPE Associao Brasileira de Empresas de Limpeza Pblica e Resduos
Especiais;
ACIGABC Associao dos Construtores, Imobilirias e Administradoras do Grande
ABC;
ANDA Agncia de Notcias de Direitos de Animais;
APIPA Associao Piauiense de Proteo e Amor aos Animais;
ASTM American Society for Testing and Materials;
CETRIC Central de Tratamento de Resduos Slidos Industriais;
CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente;
EPI Equipamento de Proteo Individual;
FISPQ Ficha de Informao de Segurana de Produtos Qumicos;
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica;
LEED Leadership in Energy & Environmental Design;
NBR Norma Brasileira;
PIB Produto Interno Bruto;
PNRS Poltica Nacional de Resduos Slidos;
PNSB Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico;
RCD Resduos de Construo e Demolio;
RFB Receita Federal do Brasil;
USGBC United States Green Building Council.
SUMRIO
INTRODUO .......................................................................................................... 15
CAPTULO 1 RESDUOS SLIDOS ..................................................................... 17
1.1. Conceito ............................................................................................................ 17
1.2. Etimologia ......................................................................................................... 18
1.3. Histrico ............................................................................................................ 18
1.4. Tipos ................................................................................................................. 19
1.4.1. Periculosidade ........................................................................................................................ 19
1.4.2. Origem ..................................................................................................................................... 20
1.4.3. Composio qumica ............................................................................................................. 23
1.4.4. Biodegradabilidade ................................................................................................................ 23
1.4.5. Caracterstica fsica ............................................................................................................... 24
1.5. Destinaes ...................................................................................................... 24
1.5.1. Vazadouro a cu aberto (Lixo) .......................................................................................... 25
1.5.2. Vazadouro em rea alagada ou alagvel .......................................................................... 26
1.5.3. Aterro controlado ................................................................................................................... 27
1.5.4. Aterro sanitrio ....................................................................................................................... 27
1.5.5. Compostagem ........................................................................................................................ 28
1.5.6. Triagem de resduos reciclveis .......................................................................................... 28
1.5.7. Incinerao ............................................................................................................................. 29
1.5.8. Outros ...................................................................................................................................... 30
1.5.8.1. Co-processamento .............................................................................................................. 30
1.5.8.2. Aterro industrial ................................................................................................................... 31
1.5.8.3. Dessoro trmica .............................................................................................................. 32
CAPTULO 2 CONSTRUO CIVIL ..................................................................... 34
2.1. Conceito ............................................................................................................ 34
13
2.2. Etimologia ......................................................................................................... 34
2.3. Histrico ............................................................................................................ 35
2.4. Tipos de construo civil ................................................................................... 38
2.4.1. Construo pesada ............................................................................................................... 38
2.4.2. Edificao ............................................................................................................................... 39
2.5. Materiais ........................................................................................................... 40
2.5.1. Classificao dos materiais .................................................................................................. 41
2.6. Resduos ........................................................................................................... 42
2.6.1. Classificao .......................................................................................................................... 44
2.7. Sustentabilidade ............................................................................................... 49
CAPTULO 3 PICHE .............................................................................................. 51
3.1. Conceito ............................................................................................................ 51
3.2. Etimologia ......................................................................................................... 52
3.3. Histrico ............................................................................................................ 53
3.4. Composio ...................................................................................................... 54
3.5. Processo de fabricao .................................................................................... 55
3.6. Propriedades..................................................................................................... 56
3.7. Aplicaes ........................................................................................................ 58
3.8. Toxicologia ........................................................................................................ 60
3.9. Impactos ambientais ......................................................................................... 63
CAPTULO 4 MATERIAIS E MTODOS ............................................................... 67
4.1. Materiais ........................................................................................................... 67
4.2. Mtodo .............................................................................................................. 70
CAPTULO 5 ANLISE, DISCUSSO DOS RESULTADOS E PROPOSTAS ..... 74
5.1. Resultados da aplicao do questionrio ......................................................... 74
5.1.1. Utiliza algum material betuminoso como impermeabilizante?........................................ 74
14
5.1.2. Qual a aplicao do material impermeabilizante na obra? ............................................. 75
5.1.3. Qual o volume/peso das embalagens do material betuminoso utilizado pela
empresa? ............................................................................................................................................. 77
5.1.4. Qual o tipo de embalagem utilizado? ................................................................................. 77
5.1.5. Qual a destinao/tratamento do resduo contaminado com o material betuminoso
aps o uso pela empresa? ................................................................................................................ 78
5.1.6. Voc tem conhecimento dos riscos que o material betuminoso oferece ao meio
ambiente? Se sim, quais so estes riscos? ................................................................................... 79
5.1.7. Voc tem conhecimento dos riscos que o material betuminoso oferece sade? Se
sim, quais so estes riscos? ............................................................................................................. 80
5.2. Caracterizao do resduo ................................................................................ 81
5.3. Propostas .......................................................................................................... 81
CONCLUSES ......................................................................................................... 85
REFERNCIAS ......................................................................................................... 86
APNDICE A ............................................................................................................ 97
15
INTRODUO
Este projeto cujo tema Proposta de destinao sustentvel para latas de piche
provenientes da construo civil, teve como objeto de estudo um resduo da
construo civil para o qual no dada a devida ateno, (principalmente pelo fato
de ser um resduo de alta periculosidade): a lata de piche, que um resduo
contaminado com material betuminoso utilizado como impermeabilizante. O objeto
em questo encontra-se delimitado geograficamente na cidade de So Bernardo do
Campo, no estado de So Paulo. Temporalmente considera o perodo de abril at
setembro de 2013.
Dentre os principais motivos que justificaram a realizao dessa pesquisa citam-se
que: foi um projeto inovador, trouxe benefcios ao meio ambiente, pois contribuiu
para a sustentabilidade, porque este resduo impacta drasticamente o meio
ambiente. O estudo ora apresentado relevante devido a inexistncia de destinao
definida para este resduo, que impacta drasticamente o meio ambiente. Objetivou-
se com essa pesquisa propor uma destinao sustentavelmente adequada para as
latas de piche utilizadas no setor da construo civil.
Para o desenvolvimento do estudo problematizou-se quais as possveis destinaes
para a lata de piche usada? Como soluo para o problema apresentado adotou-se
como hiptese o co-processamento do resduo. A metodologia adotada foi o estudo
de campo, pois foi levantado o que feito hoje com o resduo.
Artigos, teses, dissertaes, monografias, fotografias, vdeos, normas, requisitos
legais, amostras, foram alguns dos instrumentos de pesquisa utilizados nesse
projeto.
Entre os principais referenciais utilizados que serviram para o embasamento terico
da pesquisa encontram-se: Nascimento (2012), Oliveira (2006), NBR 10.004:2004,
NBR 15.113:2004, Lei Federal n 12.305:2010 (Poltica Nacional de Resduos
Slidos), Lei Estadual de So Paulo n12.300:2006 (Poltica Estadual de Resduos
Slidos), Resoluo do CONAMA 307:2002, entre outros.
A pesquisa encontra-se dividida em cinco captulos. O primeiro captulo abordou os
resduos slidos. J o segundo a construo civil. E o terceiro o piche. Os materiais
16
e mtodos foram os assuntos tratados no quarto captulo. E no captulo final foi
realizada anlise, discusso dos resultados e propostas.
17
CAPTULO 1 RESDUOS SLIDOS
1.1. Conceito
Resduos Slidos, vulgarmente conhecidos como lixo, so todos os restos slidos ou
semi-slidos das atividades humanas, que embora possam no apresentar utilidade
para a atividade de onde foram gerados, podem virar insumos para outras
atividades.
Segundo a Poltica Nacional de Resduos Slidos - PNRS, Lei n 12.305/2010
resduo slido definido como:
Material, substncia, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinao final se procede, se prope proceder ou se est obrigado a proceder, nos estados slido ou semisslido, bem como gases contidos em recipientes e lquidos cujas particularidades tornem invivel o seu lanamento na rede pblica de esgotos ou em corpos dgua, ou exijam para isso solues tcnica ou economicamente inviveis em face da melhor tecnologia disponvel.
A Poltica Estadual de Resduos Slidos de So Paulo, Lei n12.300/2006 conceitua
os resduos slidos como: Os materiais decorrentes de atividades humanas em
sociedade, e que se apresentam nos estados slido ou semi-slido, como lquidos
no passveis de tratamento como efluentes, ou ainda os gases contidos.
J para a NBR 10004:2004, esses podem ser conceituados como:
Resduos nos estados slido e semi-slido, que resultam de atividades de origem industrial, domstica, hospitalar, comercial, agrcola, de servios e de varrio. Ficam includos nesta definio os lodos provenientes de sistemas de tratamento de gua, aqueles gerados em equipamentos e instalaes de controle de poluio, bem como determinados lquidos cujas particularidades tornem invivel o seu lanamento na rede pblica de esgotos ou corpos de gua, ou exijam para isso solues tcnica e economicamente inviveis em face melhor tecnologia disponvel.
De acordo com Melhoramentos (2009) um dos significados de resduo o que resta,
e outro remanescente. E ainda de acordo com o mesmo referencial slido o que
tem forma prpria (contrape-se a lquido e gasoso) e o que consistente.
18
1.2. Etimologia
Segundo Michaelis (2009) resduo vem do latim residuu que significa: que resta;
restante, remanescente. E ainda conforme o mesmo referencial slido tambm vem
do latim solidu que significa: firme, completo, inteiro.
1.3. Histrico
A partir do momento em que os homens deixaram de ser nmades e comearam a
se estabelecer em determinados locais, preferindo se fixar novas situaes em
relao aos resduos slidos produzidos pela atividade humana foram criadas pela
alterao introduzida em seus hbitos de vida (PHILIPPI JNIOR, 1979, apud
NAGASHIMA et al., 2011)
O conceito de "lixo" pode ser considerado como uma inveno humana, pois em processos naturais no existe lixo. As substncias produzidas pelos seres vivos e que so inteis ou prejudiciais para o organismo, tais como as fezes e urina dos animais, ou o oxignio produzido pelas plantas verdes como subproduto da fotossntese, assim como os restos de organismos mortos so, em condies naturais, reciclados pelos decompositores. Por outro lado, os produtos resultantes de processos geolgicos como a eroso, podem tambm, a um escala de tempo geolgico, transformar-se em rochas sedimentares. (FRANCO, 2000, apud BEQUIMAM, et al.,s.d)
Na Figura 1 observa-se resduos dispostos inadequadamente no Morro do Bumba,
na cidade de Niteri no estado do Rio de Janeiro.
FIGURA 1 Vazadouro a cu aberto no Morro do Bumba, Niteri
Fonte: RESGALA; NASCIMENTO, 1977
19
Este vazadouro a cu aberto, popularmente conhecido como lixo, esteve ativo de
1970 a 1986. possvel observar na Figura 1, resduos slidos dispostos de forma
inadequada, e observam-se tambm os agora conhecidos como catadores de lixo ao
redor, e a presena de animais como urubus. E mesmo com a desativao do local
a populao foi construindo casas de alvenaria no local. Segundo Cudri (2010), em
abril de 2010 o gs metano proveniente deste lixo causou uma exploso que
soterrou diversas residncias da comunidade do local.
Segundo o Instituto Ethos (2012), o debate sobre a destinao dos resduos foi
ganhando adeptos a partir da dcada de 1980 e se tornou uma das grandes
preocupaes socioambientais no encerramento do sculo XX.
1.4. Tipos
Os resduos slidos podem ser classificados de acordo com a periculosidade,
origem, composio qumica, biodegradabilidade e caracterstica fsica.
(NASCIMENTO, 2012)
1.4.1. Periculosidade
De acordo com a NBR 10004:2004, periculosidade a:
Caracterstica apresentada por um resduo que, em funo de suas propriedades fsicas, qumicas ou infectocontagiosas, pode apresentar:
a) risco sade pblica, provocando mortalidade, incidncia de doenas ou acentuando seus ndices; b) riscos ao meio ambiente, quando o resduo for gerenciado de forma inadequada.
Portanto, entende-se periculosidade como uma caracterstica que pode apresentar
perigo, para um ambiente, seja aqutico, terrestre ou areo, ou ainda apresentar
algum tipo de perigo sade, podendo provocar doenas ou at mortalidade.
Essa classificao definida pela ABNT na norma NBR 10004:2004 apresentada no
Quadro 1.
20
QUADRO 1 - Classificao dos resduos slidos quanto periculosidade
Classe Descrio Figura de exemplo
Classe I (Perigosos)
So aqueles que por suas caractersticas podem apresentar riscos para a sociedade ou para o meio ambiente. So considerados perigosos tambm os que apresentem uma das seguintes caractersticas: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e/ou patogenicidade. Na norma esto definidos os critrios que devem ser observados em ensaios de laboratrio para a determinao destes itens. Os resduos que recebem esta classificao requerem cuidados especiais de destinao.
Pilhas, baterias e lmpadas
Fonte: SILVA, 2013
Classe II - No
Perigosos
No apresentam nenhuma das caractersticas da Classe I acima, podem ainda ser classificados em dois subtipos, conforme linhas abaixo.
Madeira
Fonte: SILVA, 2013
Classe II A No Inertes
So aqueles que no se enquadram no item anterior, Classe I, nem no prximo item, Classe II B. Geralmente apresenta alguma dessas caractersticas: biodegradabilidade, combustibilidade e solubilidade em gua.
Papelo
Fonte: SILVA, 2013
Classe II B - Inertes
Quando submetidos ao contato com gua destilada ou desionizada, temperatura ambiente, no tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentraes superiores aos padres de potabilidade da gua, com exceo da cor, turbidez, dureza e sabor.
Isopor
Fonte: SILVA, 2013
Fonte: Adaptado da NBR 10004:2004
1.4.2. Origem
Nesta classificao os resduos so separados de acordo com o setor e/ou atividade
em que so gerados, podendo variar em at 11 (onze) tipos. Essa classificao foi
definida pela Poltica Nacional de Resduos Slidos (2010) conforme o Quadro 2.
21
QUADRO 2 - Classificao dos resduos slidos quanto origem
Origem Definio Figura de exemplo
Resduos Domiciliares Originrios de atividades domsticas em residncias urbanas.
Lixo residencial
Fonte: SILVA, 2013
Resduos de Limpeza Urbana
Originrios da varrio, limpeza de logradouros e vias pblicas e outros servios de limpeza urbana.
Lixo de varrio
Fonte: SILVA, 2013
Resduos Slidos Urbanos
Resduos Domiciliares e Resduos de Limpeza Urbana.
Resduos domiciliares
Fonte: SILVA, 2013
Resduos de Estabelecimentos
Comerciais e Prestadores de
Servio
Originrios em atividades comerciais e/ou prestao de servios, incluindo os Resduos de Limpeza Urbana, Resduos dos Servios Pblicos de Saneamento Bsico, Resduos de Servio de Sade, Resduos da Construo Civil e Resduos de Servios de Transportes.
Caixas de papelo
Fonte: SILVA, 2013
Resduos dos Servios Pblicos de Saneamento Bsico
Gerados em atividades de saneamento bsico incluindo os Resduos Slidos Urbanos.
Meio frio
Fonte: SILVA, 2013
Resduos Industriais Gerados nos processos produtivos e
instalaes industriais.
Resduos industriais
Fonte: SILVA, 2013
Continua
22
Continuao do QUADRO 2 - Classificao dos resduos slidos quanto origem
Origem Definio Figura de exemplo
Resduos de Servio de Sade
Gerados nos servios de sade, conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos rgos do Sisnama
1 e
do SNVS2.
Caixas de remdio
Fonte: SILVA, 2013
Resduos da Construo Civil
Gerados nas construes, reformas, reparos e demolies de obras de construo civil, includos os resultantes da preparao e escavao de terrenos para obras civis.
Caamba com entulho
Fonte: SILVA, 2013
Resduos Agrossilvopastoris
Gerados nas atividades agropecurias e silviculturais, includos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades.
Restos de galinhas mortas
Fonte: JACUPE NOTCIAS, 2013
Resduos de Servios de Transportes
Originrios de portos, aeroportos, terminais alfandegrios, rodovirios e ferrovirios e passagens de fronteira.
Pneus
Fonte: SILVA, 2013
Resduos de Minerao
Gerados na atividade de pesquisa, extrao ou beneficiamento de minrios.
Resduos de uma pedreira
Fonte: BELTRO, 2013
Fonte: Adaptado da Poltica Nacional de Resduos Slidos - PNRS, 2010
1 Sisnama: Sistema Nacional do Meio Ambiente
2 SNVS: Sistema Nacional de Vigilncia Sanitria
23
1.4.3. Composio qumica
Segundo Nascimento (2012), os resduos tambm podem ser classificados de
acordo com a sua composio qumica em orgnicos e inorgnicos. Ainda de acordo
com o mesmo referencial, orgnicos so os resduos compostos de cadeia
carbnica, como por exemplo, madeira, papel, papelo, resto de alimentos, podas
de rvores, entre outros. Os inorgnicos so os demais, ou seja, os que no so
formados por cadeia carbnica, como por exemplo, vidro e metal entre outros.
1.4.4. Biodegradabilidade
A biodegradabilidade a caracterstica de algumas substncias qumicas poderem
ser usadas como substratos por microrganismos, que as empregam para produzir
energia por respirao celular e criar outras substncias como aminocidos, novos
tecidos e novos organismos. (FORNASARI, BENVINDO, 2008).
O Quadro 3 mostra as seguintes classes de acordo com a biodegradabilidade.
QUADRO 3 - Classificao dos resduos slidos quanto biodegradabilidade
Classificao Descrio Figura
Facilmente degradvel
Resduos formados por cadeias carbnicas simples
Resto de alimentos
Fonte: SILVA, 2013
Pouco degradvel
Resduos formados por cadeias carbnicas com complexidade baixa
Papel de jornal
Fonte: SILVA, 2013
Continua
24
Continuao do QUADRO 3 - Classificao dos resduos slidos quanto biodegradabilidade
Classificao Descrio Figura
Dificilmente degradvel
Resduos formados por cadeias carbnicas com alta complexidade
Couro
Fonte: SILVA, 2013
No degradvel
Resduos no formados por cadeias carbnicas (inorgnicos)
Porcelana
Fonte: SILVA, 2013
Fonte: Adaptado de Nascimento, 2012
1.4.5. Caracterstica fsica
Segundo Nascimento (2012), os resduos tambm podem ser classificados de
acordo com a sua caracterstica fsica em secos ou midos. Ainda segundo o
mesmo referencial, secos so os resduos com baixo teor de umidade (at
aproximadamente 5%), como os plsticos, papis, metais, vidros, dentre outros. E
resduos midos so aqueles com o teor de umidade maior que 5%, como frutas,
legumes, verduras, alimentos em geral, entre outros.
1.5. Destinaes
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE, 2008) afirma na Pesquisa
Nacional de Saneamento Bsico - PNSB que so coletadas 259.547 t/dia de
resduos slidos (domiciliares e/ou pblicos) no Brasil. A Tabela 1 a seguir apresenta
a distribuio da destinao nacional destes resduos.
25
TABELA 1 - Quantidade diria (t/dia) de resduos slidos (domiciliares e/ou pblicos)
e coletados e/ou recebidos, por unidade de destino final
Unidade de destino final dos resduos slidos coletados e/ou recebidos
Lixo
Vazadouro em reas
alagadas ou alagveis
Aterro controlado
Aterro sanitrio
Compostagem Triagem de
resduos reciclveis
Incinerao Outra
Qtde de resduos
45.710 46 40.695 167.636 1.635 3.122 67 636
Fonte: Adaptado do IBGE, 2008
Observa-se na Tabela 1, que o aterro sanitrio a forma de destinao
predominante para os resduos slidos (domiciliares e pblicos) no Brasil, pois
representa cerca de 64,6% dos resduos coletados e/ou recebidos. E em segundo
lugar vm os lixes, que segundo a Lei n 12.305:2010, a Poltica Nacional de
Resduos Slidos - PNRS devem ser extintos at agosto de 2014. Visto que esta
pesquisa realizada pelo IBGE referente ao ano de 2008, e a Poltica Nacional dos
Resduos Slidos foi instituda em 2010, no possvel observar os impactos da
Poltica Nacional. O aterro controlado figura na terceira colocao na quantidade de
resduos recebidos e/ou coletados, seguido por unidade de triagem de resduos
reciclveis e compostagem.
1.5.1. Vazadouro a cu aberto (Lixo)
O IBGE (2008) descreve vazadouro a cu aberto (ou lixo) como local utilizado para
disposio do lixo, em bruto, sobre o terreno, sem qualquer cuidado ou tcnica
especial. O vazadouro a cu aberto caracteriza-se pela falta de medidas de proteo
ao meio ambiente ou sade pblica.
Segundo Nascimento (2012) no lixo no h nenhum controle em relao aos tipos
de resduos depositados quanto ao local de disposio. Portanto, resduos
domiciliares e comerciais de baixa periculosidade so depositados juntamente com
os industriais e hospitalares, de alto poder poluidor. E ainda segundo o mesmo
autor, nos lixes pode haver outros problemas, como por exemplo, a presena de
animais, a presena de catadores, alm de riscos de incndios causados pelos
26
gases gerados pela decomposio dos resduos. Concluindo ento, ainda segundo
Nascimento (2012), lixo a disposio inadequada de resduos slidos. A Figura 2
apresenta um vazadouro a cu aberto em funcionamento.
FIGURA 2 Vazadouro a cu aberto no estado do Maranho
Fonte: apud ROLNIK, 2012
Na Figura 2 possvel observar uma rea em que foram despejados grande
quantidade de resduos de diversas classificaes. Segundo Rolnik (2012) este lixo
situa-se na cidade de Santa Luzia, no interior do Estado do Maranho. Nesta
imagem fica evidente os problemas e perigos de um Lixo. Observa-se tambm a
grande quantidade de urubus, e ao fundo da imagem um conjunto habitacional que
segundo Rolnik (2012), do programa Minha Casa Minha Vida.
1.5.2. Vazadouro em rea alagada ou alagvel
A melhor definio encontrada para vazadouro em rea alagada ou alagvel foi
descrita pelo IBGE (2008), atravs da Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico
2008, que conceitua vazadouro em rea alagada como a disposio final do lixo
pelo seu lanamento, em bruto, em corpos de gua.
27
1.5.3. Aterro controlado
No que se refere ao aterro controlado o IBGE (2008), define como local utilizado
para despejo do lixo coletado, em bruto, sendo que os resduos so cobertos,
diariamente (aps a jornada de trabalho), com uma camada de terra, de modo a
minimizar riscos sade pblica, e os impactos ambientais.
1.5.4. Aterro sanitrio
Segundo o IBGE (2008), aterro sanitrio a destinao final dos resduos slidos
urbanos que atravs de sua adequada disposio no solo, sob controle tcnico e
operacional, de modo que nem os resduos, nem seus efluentes lquidos e gasosos,
venham a causar danos sade pblica e/ou ao meio ambiente. Para tanto, o aterro
sanitrio dever ser localizado, projetado, instalado, operado e monitorado em
conformidade com a legislao ambiental vigente.
Na Figura 3 observa-se um aterro sanitrio classe II A em operao.
FIGURA 3 - Aterro Sanitrio Classe II A
Fonte: CORRA, 2012
Os caminhes ao chegarem ao aterro so pesados, e em seguida seguem para o
local onde o resduo ser desposto, conforme a NBR 10004:2004. Na Figura 3
28
possvel observar caminhes levando resduos at um aterro de Classe II A, e
dispondo-os. Observa-se tambm na mesma Figura 3, a utilizao de
retroescavadeiras para organizar a disposio dos resduos, formando pilhas de at
6 metros de altura.
1.5.5. Compostagem
Segundo o IBGE (2008) unidade de compostagem :
[...] o conjunto das instalaes, dotadas ou no de equipamentos eletromecnicos, destinadas ao processamento de resduos orgnicos facilmente biodegradveis, provenientes de poda de rvores e gramados, bem como da coleta diferenciada junto a centrais de abastecimento, mercados, estabelecimentos de venda a varejo de legumes e frutas, ou sacoles, supermercados e outros locais em que esse tipo de resduo gerado em maiores quantidades de modo a transform-los em composto orgnico, como fertilizante e condicionador de solos.
1.5.6. Triagem de resduos reciclveis
Conforme a IBGE (2008) unidade de triagem de resduos reciclveis :
[...] o conjunto de instalaes, dotadas ou no de equipamentos eletromecnicos, onde so executados os trabalhos de: separao, por classes e/ou por tipos de resduos reciclveis resultantes da coleta seletiva; acondicionamento, usualmente em fardos aps prensagem, quando a granel; e estocagem, para posterior comercializao.
Ainda conforme o mesmo referencial usina de reciclagem a instalao apropriada
para separao e recuperao de materiais usados e descartados presentes no lixo
e que podem ser transformados e reutilizados.
De acordo com a resoluo CONAMA n275/01 a triagem realizada de acordo com
o material do resduo, podendo ser papel/papelo, plstico, vidro, metal, madeira,
resduos perigosos, resduos radioativos, resduos orgnicos, resduos ambulatoriais
e de servio de sade e resduos gerais no reciclveis ou misturados, ou
contaminados no passveis de separao.
29
1.5.7. Incinerao
O IBGE (2008) conceitua incinerao como: o processo de reduo trmica da
massa (geralmente, em at 70%) e do volume (usualmente, em at 90%) de
resduos, por meio de combusto controlada a temperaturas elevadas, efetuada em
incinerador.
Ainda conforme o mesmo referencial incinerador um:
Equipamento, ou conjunto de equipamentos e dispositivos eletromecnicos, destinado combusto controlada de resduos a temperaturas elevadas, usualmente variveis de 800C a 1200C, e necessariamente dotado de sistemas de reteno de materiais particulados e de tratamento trmico de gases poluentes. Os incineradores so, quase sempre, parte integrante de uma instalao complexa de tratamento de resduos, sujeita a licenciamento ambiental prvio e especfico pelo rgo competente; no devem ser confundidos com os fornos improvisados de qualquer tipo, normalmente construdos, ou adquiridos e instalados pelas prefeituras, com a finalidade de queima simples, ou descontrolada, de resduos de servios de sade. (IBGE, 2010).
Nesta tecnologia ocorre a decomposio trmica via oxidao alta temperatura da
parcela orgnica dos resduos, transformando-a em uma fase gasosa e outra slida,
reduzindo o volume, o peso e as caractersticas de periculosidade dos resduos.
(ESSENCIS SOLUES AMBIENTAIS, 2013)
E ainda conforme Essencis Solues Ambientais (2013) so resduos passveis de
incinerao:
a) Resduos slidos, pastosos, lquidos e gasosos;
b) Resduos orgnicos clorados e no-clorados (borra de tinta, agrodefensivos,
borras oleosas, farmacuticos, resduos de laboratrio, resinas, entre outros);
c) Resduos inorgnicos contaminados com leo, gua contaminada com
solventes, entre outros;
d) Resduos ambulatoriais (grupo B)3.
3 Resduos ambulatoriais grupo B: conforme o Anexo I da resoluo n 358 do Conselho Nacional do
Meio Ambiente CONAMA de 29 de abril de 2005, so: resduos contendo substncias qumicas que podem apresentar risco sade pblica ou ao meio ambiente, dependendo de suas caractersticas de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade.
30
1.5.8. Outros
Ainda possvel abordar outras maneiras de disposio de resduos que no
constam na Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico do IBGE (2008).
1.5.8.1. Co-processamento
Segundo a Associao Brasileira de Cimento Portland - ABCP (2013) o co-
processamento foi: amplamente empregado na Europa, Estados Unidos e Japo h
quase 40 anos, o co-processamento utilizado no Brasil desde o incio da dcada
de 1990.
Esta tecnologia consiste na destruio trmica de resduos em fornos de cimento,
sendo uma tecnologia sustentvel, pois os resduos podem ser aproveitados
energeticamente ou usado como matria prima na indstria cimenteira sem afetar a
qualidade do produto final. Desta forma, poupa recursos naturais usados como fonte
energtica. (ESSENCIS SOLUES AMBIENTAIS, 2013).
Conforme o mesmo referencial:
O co-processamento uma soluo aplicvel a uma ampla gama de resduos lquidos, slidos e pastosos originados em atividades industriais como petroqumica, qumica, montadoras, autopeas, eletroeletrnica, siderurgia, metalurgia, metal-mecnica, celulose e papel.
Conforme a ABCP (2013) os seguintes resduos podem ser utilizados no co-
processamento: substncias oleosas, equipamentos de proteo individual - EPIs
contaminados, produtos fotogrficos, lodos de esgoto, pneus inservveis, solventes
usados, embalagens de produtos qumicos como tintas, corantes e vernizes, entre
outros. Segundo a resoluo CONAMA 264/1999 proibida a destinao via co-
processamento de resduos domiciliares brutos, os resduos da sade, os
radioativos, explosivos, organoclados, agrotxicos e afins.
31
Aps o processo de blendagem4 dos resduos, ocorre, em alta temperatura, a
destruio trmica, com alto tempo de residncia dos gases, proporcionando a
destruio total dos resduos. (CETRIC5, 2013).
A Figura 4 ilustra como funciona o processo de co-processamento.
FIGURA 4 - Processo de co-processamento
Fonte: Votorantim Cimentos, 2013
Observa-se na Figura 4 que a utilizao de resduos inservveis no co-
processamento, alm de oferecer uma alternativa sustentvel de destinao a estes
resduos, diminui a extrao de matrias-primas.
1.5.8.2. Aterro industrial
Segundo a Oca Ambiental (2013) aterro industrial :
[...] um local adequado para destinao final de resduos slidos produzidos por indstrias. A instalao de um aterro industrial tem por objetivo diminuir os impactos ambientais decorrentes das atividades industriais. O aterro
4 Blendagem: segundo a prpria CETRIC (2013), a mistura de resduos com o objetivo de
homogeneizar os diversos resduos que sero utilizados, garantindo, assim, melhor desempenho operacional e qualidade do produto fabricado.
5 CETRIC: Central de Tratamento de Resduos Slidos Industriais
32
industrial dever conter basicamente em sua estrutura fsica: a impermeabilizao das trincheiras, o tratamento de efluentes, o tratamento dos gases, a drenagem de guas pluviais e os barraces de reciclagem, armazenagem e manuteno.
O aterro Industrial classificado como classe l, IIa e llb, de acordo com o tipo de
resduo para o qual ele foi licenciado a receber.
1.5.8.3. Dessoro trmica
Essencis Solues Ambientais (2013) define dessoro trmica como:
[...] um processo que tem o objetivo de tratar solos contaminados com hidrocarbonetos tais como gasolina, leo diesel, leo combustvel, querosene, entre outros. Reduzindo ou eliminando sua concentrao a nveis que permitam a disposio do solo em seu local de origem ou em uma nova utilizao.
uma tecnologia de recuperao em favor da sustentabilidade, que usa energia trmica para separar fisicamente compostos volteis do solo visando a descontaminao para a reutilizao.
Observa-se na Figura 5 a vista parcial de uma Unidade de Dessoro Trmica com
capacidade de tratar 25 toneladas por hora, e que opera 55 horas por semana.
Portanto tem capacidade de tratar 1.375 toneladas de solo contaminado por
semana.
FIGURA 5 - Vista parcial de uma Unidade de Dessoro Trmica
Fonte: CORRA, 2012
33
Na Figura 5 observa-se o local onde o solo contaminado depositado, chegando
esteira pelo qual transportado e levado at o forno rotativo com o objetivo de
descontaminar o solo de hidrocarbonetos6, o forno rotativo no aparece nesta vista
parcial da Unidade de Dessoro Trmica, porm possvel observar no canto
inferior direito da ilustrao uma poro de terra tratada e descontaminada.
Ao final do processo de dessoro trmica, o solo pode ter uma concentrao de at
5% de contaminante, porm perde muitos nutrientes, tornando o solo infrtil.
(CAMARGO FILHO, 2012)
No Captulo 1 apresentou-se o conceito, etimologia, histrico dos resduos slidos.
Estudaram-se tambm os diversos tipos de resduos de acordo com sua
periculosidade, origem, composio qumica, biodegradabilidade e caracterstica
fsica e foram apresentados diversos exemplos de cada tipo. Encerrou-se o captulo
com a pesquisa de como os resduos so destinados, e conceituou-se cada um
dessas formas de destinaes.
O Captulo 2 trar o conceito de construo civil, e a sua etimologia e histrico, alm
dos resduos gerados neste setor, e a sustentabilidade aplicada nesta rea.
6 Hidrocarbonetos: segundo Feltre (1983) so compostos orgnicos formados exclusivamente por
carbono e hidrognio.
34
CAPTULO 2 CONSTRUO CIVIL
2.1. Conceito
Segundo a Receita Federal do Brasil (2009) no artigo n 322 da Instruo Normativa
n 971, obra de construo civil : a construo, demolio, reforma, ampliao de
edificao ou qualquer outra benfeitoria agregada ao solo ou ao subsolo.
Na Figura 6 tm-se um exemplo de obra de construo.
FIGURA 6 - Obra de construo de um estdio de futebol
Fonte: UOL, 2012
A Figura 6 apresenta as obras da Arena So Paulo, como um exemplo de uma obra
de construo civil. Segundo Ohata e Ducroquet (2011) a rea construda ser de
148.620 m. possvel observar na figura alguns tratores e caminhes e muitos
operrios trabalhando no levantamento de alicerces, e para isso fazendo o uso de
muitos andaimes.
2.2. Etimologia
Segundo Michaelis (2009) construo vem do latim constructione. E civil tambm
vem do latim civile.
35
2.3. Histrico
A construo civil deu seus primeiros passos no Brasil, ainda no perodo colonial,
com a construo de fortificaes e igrejas. Em 1549, durante o Governo Geral,
foram construdos os muros ao redor da cidade de Salvador, capital brasileira na
poca. Porm a criao de escolas voltadas para a Engenharia Civil s ocorreu, em
1810, com o estabelecimento da Famlia Real ao Brasil (SILVA, 2013).
Segundo Santos (2010):
Na dcada de 1940, a construo civil teve seu auge no governo do ento presidente do Brasil, Getlio Vargas Dorneles, e este setor foi considerado uns dos mais avanados da poca. O Brasil era detentor importante da tecnologia do concreto armado. A partir da dcada de 1950 definiu-se a forma de trabalho por hierarquia. Na dcada de 1970 durante o regime militar predominou grande financiamento no setor visando diminuir o dficit de moradia. E as construtoras passaram somente a construir os prdios.
J conforme Ayanna et al. (2011):
Na dcada de 1980 comearam a diminuir os financiamentos e as construtoras voltam a comercializar suas unidades. Na dcada 1990 observam a melhor qualidade no produto final e as construtoras comeam a qualificar a mo de obra e com isso o produto final fica com uma qualidade melhor.
Em 2000 mais intensa a preocupao e preservar para com o meio ambiente e temos maiores informaes sobre os impactos causados pelo entulho da construo civil e com isso vrias empresas comeam a se preocupar com polticas pblicas para reduzir este impacto o que observado pela reciclagem destes entulhos.
A Tabela 2 a seguir apresenta a evoluo do nmero de lanamento de imveis na
regio do ABCDM (regio do estado de So Paulo que engloba as cidades de Santo
Andr, So Bernardo do Campo, So Caetano do Sul, Diadema e Mau), por
trimestres dos anos de 2007 a 2011.
36
TABELA 2 - Evoluo do lanamento de imveis na regio do ABCDM
2007 2008 2009 2010 2011
1 Trimestre 1894 1750 706 2189 1589
2 Trimestre 1970 1965 835 1641 2602
3 Trimestre 836 4461 1716 2294 2528
4 Trimestre 2179 943 1662 2763 2289
Total 6879 9919 4919 8887 9008
Fonte: Adaptado de ASSOCIAO DOS CONSTRUTORES, IMOBILIRIAS E
ADMINISTRADORAS DO GRANDE ABC - ACIGABC, 2012
Apesar de que a Tabela 2 no apresenta o nmero exato de obras de construo no
grande ABCDM, pois os dados desta Tabela representam somente as obras de
construo referentes aos imveis lanados, possvel ter-se uma base da evoluo
do setor na regio, pois os lanamentos de imveis representam uma parte das
obras na regio.
A Figura 7 seguinte ilustra a Tabela 2 para melhor observao da evoluo do
lanamento de imveis na regio.
FIGURA 7 - Evoluo do mercado imobilirio no ABCDM
Fonte: Adaptado de ACIGABC, 2012
Segundo a empresa Indicador7 (2011) no perodo de 2004 a 2008 a taxa mdia de
crescimento do PIB do pas foi de 4,8%. No mesmo espao de tempo, a construo
7 A Indicador uma empresa de consultoria empresarial de Belo Horizonte, que prope solues
especficas aos seus clientes, baseando-se em um estudo sistmico da empresa.
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
2007 2008 2009 2010 2011
1 Trimestre 2 Trimestre 3 Trimestre 4 Trimestre
37
civil cresceu em uma taxa mdia de 5,1%, acima da taxa da economia nacional.
Porm possvel observar na Figura 7 que o setor da construo civil, assim como
todos os outros setores, sofreu os impactos da crise econmica mundial do ano de
2009, pois o grfico deixa claro que o setor comeou a sentir os efeitos da crise no
ltimo trimestre do ano de 2008, onde apresentou o menor ndice do perodo nestes
cinco anos, e em seguida comparando o primeiro e segundo trimestre de 2009 com
os dos demais anos tambm foi obtido o menor ndice. Somente no terceiro trimestre
de 2009 que o setor comeou a esboar uma reao, mas mesmo assim apresentou
ndice abaixo dos outros anos, com exceo somente de 2007.
Com exceo somente do primeiro trimestre, os ndices de 2011 apresentaram uma
evoluo quando comparados aos ndices de 2007, e quando comparados os
ndices anuais a evoluo de 31%, e a tendncia que o nmero de lanamentos
de imveis no ABCDM continue a evoluir.
Trata-se de um setor de grande importncia para o desenvolvimento econmico e social do Pas, destacando-se pela quantidade de atividades que intervm em seu ciclo de produo, gerando consumo de bens e servios de outros setores, alm do fato de absorver grande parte da mo-de-obra brasileira no especializada do Pas. Nos ltimos quatro anos, o segmento de edificaes, em particular, vem passando por uma significativa transformao, saindo de um longo perodo com poucos investimentos, para um cenrio de crescimento com a disponibilidade de recursos em abundncia, com grandes obras em andamento e fortes investimentos imobilirios. (AGNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL ABDI, 2009)
Na Tabela 3 apresentado um comparativo dos lanamentos de imveis em cada
municpio do ABCDM nos anos de 2010 e 2011.
TABELA 3 - Comparativo de lanamentos entre os municpios e os anos de 2010 e 2011
2010 % 2011 %
Santo Andr 2904 32,68% 1475 16,37%
So Bernardo 2854 32,11% 3811 42,31%
So Caetano 1306 14,70% 1739 19,30%
Diadema 1823 20,51% 887 9,85%
Mau 0 0% 1096 12,17%
Total 8887 100% 9008 100%
Fonte: Adaptado de ACIGABC, 2012
38
Observa-se na Tabela 3 que o setor imobilirio tm obtido um crescimento
considervel no municpio de So Bernardo do Campo, pois do ano de 2010 para o
de 2011 obteve um crescimento de 33,53% no nmero de lanamentos de imveis.
E tambm possvel observar na Tabela 3 que So Bernardo do Campo lanou, em
2011, cerca de 42,31% das unidades totais da regio. Porm importante ressaltar
que este ndice no representa o panorama completo do setor da construo civil na
cidade, pois s foram levados em considerao nesta pesquisa realizada pela
ACIGABC os lanamentos de unidades verticais, ou seja, de apartamentos.
Observa-se tambm na Tabela 3 que o ndice de Mau em 2011 foi de 1096 imveis
lanados, e em 2010 o ndice foi igual a zero. Partindo destes dados conclui-se que
no ano de 2010 no foram apurados dados no municpio de Mau.
2.4. Tipos de construo civil
Este subcaptulo aborda sobre os tipos de construo, que segundo Ribeiro (2013) o
setor da construo civil dividido em duas atividades bsicas com caractersticas
distintas. So elas: construo pesada e edificao.
2.4.1. Construo pesada
Englobam vias de transporte (pontes, viadutos, tneis, estradas entre outros), obras
hidrulicas de saneamento, de irrigao/drenagem, de gerao e transmisso de
energia eltrica, de sistemas de comunicaes e de infraestrutura de forma geral
(RIBEIRO, 2013).
A Figura 8 a seguir representa este tipo de construo no nordeste do pas, no
estado de Pernambuco.
39
FIGURA 8 - Construo da Arena Pernambuco
Fonte: UOL, 2013
A Figura 8 uma imagem da Arena Pernambuco em fevereiro de 2013, quando as
obras j estavam sendo finalizadas, pois segundo o governo estadual de
Pernambuco a obra nesta imagem estava 90% concluda. O estdio foi inaugurado
em maio de 2013, e segundo o UOL (2013) a rea construda do estdio de 128
mil m.
2.4.2. Edificao
Engloba obras habitacionais, comerciais, industriais, obras do tipo social (escolas,
creches e hospitais) e obras destinadas a atividades culturais, esportivas e de laser
(RIBEIRO, 2013).
A Figura 9 a seguir representa este tipo de construo, no municpio de So
Bernardo do Campo, no estado de So Paulo.
40
FIGURA 9 - Construo do Hospital de Clnicas em So Bernardo do Campo
Fonte: MAGO, 2012
A Figura 9 apresenta o Hospital de Clnicas durante construo no bairro Alvarenga,
na cidade de So Bernardo do Campo. A rea total do hospital ser de 36 mil m. A
fotografia foi tirada em aproximadamente julho de 2012, data esta que o hospital j
deveria ter sido inaugurado, pois segundo Oliveira (2013) o prazo de inaugurao
do local estava previsto para o primeiro semestre de 2012, mas at agora
[12/04/2013] essa entrega no aconteceu.
2.5. Materiais
Os materiais de construo so aqueles da fase de locao e infraestrutura da obra
at a fase de acabamento, passando desde um simples prego at os mais
conhecidos materiais, como o cimento (HAGEMANN, 2011). Para Silva (1985, apud
HAGEMANN, 2011), o responsvel tcnico, responsvel pela escolha dos materiais
que ser utilizado, deve analisar os materiais de acordo com seguintes aspectos:
a) Condies tcnicas: O material deve possuir propriedades que o tornem adequado ao uso que se pretende fazer dele. Entre essas propriedades esto a resistncia, a trabalhabilidade, a durabilidade, a higiene e a segurana. b) Condies econmicas: O material deve satisfazer as necessidades de sua aplicao com um custo reduzido no s de aquisio, mas de aplicao e de manuteno, visto que muitas obras precisam de servios de
41
manuteno depois de concludas e que da manuteno depende a durabilidade da construo. c) Condies estticas: O material utilizado deve proporcionar uma aparncia agradvel e conforto ao ambiente onde for aplicado.
2.5.1. Classificao dos materiais
Os materiais de construo podem ser classificados de acordo com diferentes
critrios. Entre os critrios apresentados por Silva (1985, apud HAGEMANN, 2011),
podemos destacar como principais a classificao quanto origem (modo de
obteno) e funo.
2.5.1.1. Origem
Uma das principais maneiras de classificar os materiais da construo civil, segundo
Hagemann (2011), em relao origem dos materiais, ou seja, do modo de
obteno. O Quadro 4 apresenta como podem ser classificados os materiais de
construo a partir deste critrio.
QUADRO 4 - Classificao dos materiais de construo conforme a origem
Classe Definio Figura
Naturais
So aqueles encontrados na natureza, prontos para serem utilizados. Em alguns casos precisam de tratamentos simplificados como uma lavagem ou uma reduo de tamanho para serem utilizados. Como exemplo desse tipo de material, temos a areia, a pedra e a madeira.
Areia
Fonte: SILVA, 2013
Artificiais So os materiais obtidos por processos industriais. Como exemplo, podem-se citar os tijolos, as telhas e o ao.
Telhas
Fonte: SILVA, 2013
Combinados So os materiais obtidos pela combinao entre materiais naturais e artificiais. Concretos e argamassas so exemplos desse tipo de material.
Blocos de concreto
Fonte: SILVA, 2013
Fonte: Adaptado de HAGEMANN, 2011
42
2.5.1.2. Funo
Quanto funo onde forem empregados, os materiais de construo podem ser
classificados como mostra o Quadro 5.
QUADRO 5 - Classificao dos materiais de construo conforme a funo
Classe Definio Figura
Materiais de
vedao
So aqueles que no tm funo estrutural, servindo para isolar e fechar os ambientes nos quais so empregados, como os tijolos de vedao e os vidros.
Vidro
Fonte: SILVA, 2013
Materiais de
proteo
So utilizados para proteger e aumentar a durabilidade e a vida til da edificao. Nessa categoria podemos citar as tintas e os produtos de impermeabilizao.
Tintas
Fonte: SILVA, 2013
Materiais com
funo estrutural
So aqueles que suportam as cargas e demais esforos atuantes na estrutura. A madeira, o ao e o concreto so exemplos de materiais utilizados para esse fim.
Concreto
Fonte: SILVA, 2013
Fonte: Adaptado de HANGEMANN, 2011
2.6. Resduos
A construo civil considerada a maior geradora de resduos de todos os setores
produtivos e grande consumidora de recursos naturais. (JOAQUIM, 2011)
43
Segundo a ABNT NBR 15113:20048, resduos de construo civil so:
Resduos provenientes de construes, reformas, reparos e demolies de obras de construo civil, e os resultantes da preparao e da escavao de terrenos, tais como tijolos, blocos cermicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfltico, vidros, plsticos, tubulaes, fiao eltrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, calia ou metralha.
E conforme a Poltica Nacional de Resduos Slidos (2010), resduos da construo
civil so: os gerados nas construes, reformas, reparos e demolies de obras de
construo civil, includos os resultantes da preparao e escavao de terrenos
para obras civis.
A Figura 10 a seguir ilustra alguns resduos da construo civil.
FIGURA 10 - Resduos da construo civil
Fonte: ABRECON, 2013
8 ABNT NBR 15113:2004 - Resduos slidos da construo civil e resduos inertes - Aterros -
Diretrizes para projeto, implantao e operao
44
E na Figura 11 resduos da construo civil dispostos inadequadamente.
FIGURA 11 - Pisos de cermica dispostos inadequadamente
Fonte: SILVA, 2013
2.6.1. Classificao
Os resduos de construo e demolio - RCD podem ser classificados de acordo
com a norma tcnica ABNT NBR 15113:2004 que est em conformidade com a
resoluo CONAMA n 307/02, porm esta resoluo foi alterada por outras
resolues9, e a NBR 15113:2004 no contempla estas alteraes.
A classificao de acordo com a resoluo CONAMA n 307/02 e as suas alteraes
apresentada no Quadro 6 a seguir.
9 Resoluo CONAMA n 307/2002 alterada pelas Resolues 348, de 2004, n 431, de 2011, e n
448, de 2012.
45
QUADRO 6 - Classificao dos resduos da construo civil
Classificao Caractersticas
Classe A
Resduos reutilizveis ou reciclveis como agregados, tais como:
a) de construo, demolio, reformas e reparos de pavimentao e de outras
obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
b) de construo, demolio, reformas e reparos de edificaes: componentes
cermicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento, entre outros),
argamassa e concreto;
c) de processo de fabricao e/ou demolio de peas pr-moldadas em
concreto (blocos, tubos, meios fios, entre outros) produzidas nos canteiros de
obras.
Classe B So os resduos reciclveis para outras destinaes, tais como: plsticos, papel,
papelo, metais, vidros, madeiras e gesso.
Classe C
So os resduos para os quais no foram desenvolvidas tecnologias ou
aplicaes economicamente viveis que permitam a sua reciclagem ou
recuperao.
Classe D
So resduos perigosos oriundos do processo de construo, tais como tintas,
solventes, leos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais sade
oriundos de demolies, reformas e reparos de clnicas radiolgicas, instalaes
industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que
contenham amianto ou outros produtos nocivos sade.
Fonte: Adaptado da Resoluo CONAMA n 307/02 e das suas alteraes.
De acordo com o que se pode notar no Quadro 6, nem todo tipo de resduo
proveniente da construo civil reaproveitvel, ou tem tecnologia disponvel para
tal. Os resduos para reciclagem ou reaproveitamento so aqueles que se
enquadram como Classe A e B.
O Quadro 7 a seguir mostra quais so as diferenas da classificao dos resduos
conforme a NBR 15113:2004 para a resoluo do CONAMA que est em vigor.
46
QUADRO 7 - Diferenas da classificao dos RCD pela NBR 15113:2004 para a resoluo CONAMA n307/02
Classificao Caractersticas (conforme a NBR 15113:2004) Diferenas
Classe A
Resduos reutilizveis ou reciclveis como agregados,
tais como:
a) de construo, demolio, reformas e reparos de
pavimentao e de outras obras de infraestrutura,
inclusive solos provenientes de terraplanagem;
b) de construo, demolio, reformas e reparos de
edificaes: componentes cermicos (tijolos, blocos,
telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e
concreto;
c) de processo de fabricao e/ou demolio de peas
pr-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios fios etc.)
produzidas nos canteiros de obras.
-
Classe B
So os resduos reciclveis para outras destinaes, tais
como: plsticos, papel, papelo, metais, vidros, madeiras
e outros.
A NBR 15113:2004 no classifica o gesso como resduo classe B.
Classe C
So os resduos para os quais no foram desenvolvidas
tecnologias ou aplicaes economicamente viveis que
permitam a sua reciclagem ou recuperao, tais como os
produtos oriundos do gesso.
A NBR 15113:2004 classifica o gesso e os produtos oriundos deste como resduo classe C.
Classe D
Resduos perigosos oriundos do processo de construo,
tais como tintas, solventes, leos e outros, ou aqueles
contaminados oriundos de demolies, reformas e
reparos de clnicas radiolgicas, instalaes industriais e
outros.
A NBR 15113:2004 no classifica como resduo classe D os resduos prejudiciais sade, telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto.
Fonte: Adaptado da NBR 15113:2004
Embora o gesso tenha sido reclassificado como resduo classe B pela resoluo
CONAMA 307/02 e as suas alteraes, este ainda necessita ser depositado em
recipiente prprio, no sendo permitido a sua mistura com os demais resduos
Classe B, muito menos com os das outras classes. (CABRAL, MOREIRA, 2011)
Nesta pesquisa foi levada em considerao as classificaes definidas pela
resoluo CONAMA n 330/02 por ser mais atual, j que a NBR 15113 de 2004, e
a ltima alterao da resoluo CONAMA n 330/02 ocorreu em 2012.
47
Segundo a Associao Brasileira de Empresas de Limpeza Pblica e Resduos
Especiais ABRELPE (2013) atravs da publicao do documento: Panorama dos
Resduos Slidos no Brasil 2012 os municpios brasileiros coletaram mais de 35
milhes de toneladas de Resduos de Construo e Demolio RCD em 2012, ou
seja, um aumento de 5,3% em relao ao ano de 2011. A quantidade total desses
resduos bem maior, pois a pesquisa abrange somente os resduos coletados
pelos municpios, ou seja, aqueles lanados em logradouros pblicos e os gerados
em obras sob a sua responsabilidade.
Na Tabela 4 observa-se o ndice de Resduos de Construo e Demolio RCD
coletado por ano e por regio geogrfica do Brasil.
TABELA 4 - Total de resduos de construo e demolio RCD, coletados pelos municpios (milhes de toneladas/ano)
2010 2011 2012 Evoluo
2010-2011 2011-2012
NORTE 1.098 1.218 1.279 10,9% 5%
NORDESTE 5.614 6.129 6.531 9,2% 6,6%
CENTRO-OESTE
3.596 3.816 4.003 6,1% 4,9%
SUDESTE 16.094 17.415 18.439 8,2% 5,9%
SUL 4.598 4.666 4.771 1,5% 2,3%
TOTAL 30.998 33.244 35.022 7,2% 5,3%
Fonte: ABRELPE (2011, 2012)
Na Tabela 4 possvel observar que a maior concentrao de RCD coletados pelos
municpios brasileiros so na regio sudeste e nordeste. Com isso conclui-se que
estas regies so as que tem maior concentrao de obras de construo civil do
Brasil, devido ao grande investimento e crescimento da regio nordeste, e ao fato de
as maiores metrpoles brasileiras, como So Paulo, Belo Horizonte e Rio de
Janeiro, situarem-se na regio sudeste.
No Quadro 8, possvel identificar, de acordo com cada tipo de resduo que compe
o entulho, suas caractersticas fsicas e qumicas, alm de seus potenciais de
degradabilidade, classificao de acordo com a NBR 10004:2004 e de acordo com a
resoluo CONAMA n307/02 e as suas alteraes.
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QUADRO 8 - Classificao primria dos resduos da construo civil
Resduo Caracterstica
Fsica Caracterstica
Qumica Potencial de
degradabilidade NBR
1004:2004 CONAMA n307/02
Alvenaria Seco Inorgnico No degradvel Classe II B Classe A
Argamassa Seco Inorgnico No degradvel Classe II B Classe A
Cermica Seco Inorgnico No degradvel Classe II B Classe A
Concreto Seco Inorgnico No degradvel Classe II B Classe A
Solo Seco Inorgnico No degradvel Classe II A Classe A
Madeira Seco Orgnico Dificilmente degradvel
Classe II A Classe B
Gesso Seco Inorgnico No degradvel Classe II B Classe B
Embalagens metlicas de
produtos qumicos
Seco Inorgnico No degradvel Classe I Classe D
Fonte: Adaptado de OLIVEIRA (2006)
No Quadro 8 foram analisadas as principais caractersticas dos resduos para
realizar o levantamento. importante conhecer estas caractersticas dos materiais
para dar a disposio mais adequada.
E como possvel observar, a maioria dos resduos da construo civil no se
degradam na natureza, inclusive as embalagens metlicas de produtos qumicos,
que onde a lata de piche enquadrada. Fato este que contribui para a
significncia deste projeto.
Segundo Oliveira (2006), na maioria das vezes, o entulho retirado da obra e
disposto clandestinamente em locais como terrenos baldios, margens de rios e de
ruas. E ainda conforme o mesmo referencial: percebe-se a degradao da
qualidade de vida urbana em aspectos como transportes, enchentes, poluio visual,
proliferao de vetores de doenas, entre outros.
Na Figura 12 possvel observar uma caamba de entulho na rua, na cidade de So
Bernardo do Campo.
49
FIGURA 12 - Caamba de entulho
Fonte: SILVA, 2013
Porm, na Resoluo CONAMA n 307/02 fica estabelecido que todas as pessoas,
jurdicas ou fsicas, so responsveis pelo resduo que geram. A resoluo define
responsabilidades e prazos para que as prefeituras e construtoras elaborem,
aprovem e coloquem em prtica planos de gerenciamento integrado, que incluam
coleta, triagem, armazenamento, transporte e destinao final do resduo de
construo civil.
2.7. Sustentabilidade
Construir sustentavelmente significa reduzir o impacto ambiental, diminuir o
retrabalho e desperdcio, garantir a qualidade do produto com conforto para o
usurio final, favorecer a reduo do consumo de energia e gua, contratao de
mo de obra e uso de materiais produzidos formalmente, reduzir, reciclar e reutilizar
os materiais (LEITE, 2011).
Segundo Barros (2009), um empreendimento sustentvel deve ser: ecologicamente
correto, economicamente vivel, socialmente justo e culturalmente aceito.
50
Ainda conforme o mesmo referencial, na fase de projeto tem de ser levado em
considerao: a eficincia energtica, aproveitamento da luz e ventilao natural,
uso racional e reaproveitamento da gua e uso de materiais certificados, reciclados
e de menor impacto. E na fase de construo, um fator importante o
gerenciamento dos resduos gerados na obra, separando-os e visando
primeiramente, reutilizar os resduos, ou ento recicla-los, ou ento se no houver
alternativa, tratar ou dar a destinao mais adequada ao resduo.
Ao se falar em sustentabilidade na construo civil, a certificao LEED (Leadership
in Energy & Environmental Design) que foi desenvolvida pelo USGBC (U.S. Green
Building Council) lembrada, instituio que busca a promover edifcios
sustentveis e lucrativos, bem como lugares saudveis para se viver e trabalhar.
(LEITE, 2011)
E de acordo com o mesmo referencial, Leite (2011):
O sistema LEED baseado num programa de adeso voluntaria e visa avaliar o desempenho ambiental de um empreendimento. Leva em considerao o ciclo de vida e pode ser aplicado em qualquer tipo de empreendimento. O selo uma confirmao de que os critrios de desempenho em termos de energia, gua, reduo de emisso de CO2, qualidade do interior dos ambientes, uso de recursos naturais e impactos ambientais foram atendidos satisfatoriamente.
No Captulo 2 apresentou-se o conceito, etimologia, histrico da construo civil.
Outro tema abordado foi a classificao dos resduos deste setor segundo requisitos
legais, e os principais resduos. E foi estudado tambm o conceito de
sustentabilidade dentro da construo civil.
O Captulo 3 trar o conceito de piche, e a sua etimologia e histrico, alm da
composio, principais propriedades, os processos de fabricao, principais
aplicaes, toxicologia, os impactos ambientais e a classificao do resduo: lata de
piche.
51
CAPTULO 3 PICHE
3.1. Conceito
De acordo com Melhoramentos (2009) o conceito de piche, que tambm pode ser
chamado de betume, : massa preta viscosa, produto da destilao de alcatro. J
o dicionrio Michaelis (2009) conceitua o piche como: resduo da destilao
fracionada de diversos alcatres, principalmente do de hulha e como massa preta
viscosa que se usa na construo de estradas, ou para impermeabilizao de
papeles ou outros materiais semelhantes; tambm empregada na fabricao de
materiais isolantes.
Na Figura 13 ilustrada uma amostra de alcatro de hulha que o mais conhecido
e comercializado.
FIGURA 13 - Amostra de alcatro de hulha
Fonte: TUNHEIM, 2006
52
Porm, o piche no pode ser obtido somente atravs da destilao de alcatro, mais
tambm pode ser obtido atravs da destilao do petrleo. (DUTRA, ANDRADE,
CASTRO, 2008)
E a Figura 14 ilustra uma pequena amostra de petrleo na mo de um homem.
FIGURA 14 - Pequena amostra de petrleo
Fonte: BURGIERMAN, 2008
3.2. Etimologia
Segundo Michaelis (2009) vem do ingls pitch que significa: piche, breu; resina de
pinheiro.
Na Figura 15 possvel observar uma pequena amostra do piche.
53
FIGURA 15 - Piche
Fonte: THOMPSON, 2010
3.3. Histrico
Antigamente os egpcios faziam o uso de piche na construo de pirmides e
conservao de mmias. Os gregos e romanos embebiam lanas incendirias com
betume, para atacar as muralhas inimigas. Aps o declnio do Imprio Romano, os
rabes tambm o empregaram com a mesma finalidade (CANUTO, 2002).
Muito antes da descoberta do Novo Mundo, os indgenas das Amricas do Norte e
Sul, serviam-se do petrleo ou de alguns de seus derivados naturais para inmeras
aplicaes, entre elas a pavimentao das estradas do imprio inca (SERVIO DE
RELAES PBLICAS DA PETROBRS, 1975 apud CNEO, 2013).
Na Bblia, Deus manda No construir uma arca, e tambm que revista-a de piche
por dentro e por fora (Gnesis 6:14). E o piche foi usado na tentativa frustrada de
construo da torre de Babel: Eles usavam tijolos em vez de pedras, e piche em
54
lugar de argamassa (Gnesis 11:3), e segundo a da Bblia de Estudo Almeida: O
tijolo e o betume (ou asfalto) [piche] eram os materiais de construo tpicos da
Mesopotmia.
3.4. Composio
O Quadro 9 a seguir destaca a composio do piche comercializado por 4 (quatro)
fabricantes diferentes, e foi elaborado a partir das Fichas de Informao de
Segurana de Produtos Qumicos (FISPQs), destes quatro fabricantes.
QUADRO 9 - Composio do piche
Fabricante A Fabricante B Fabricante C Fabricante D
Natu
reza
qum
ica
Alcatro de hulha
Hidrocarbonetos Hidrocarbonetos Hidrocarbonetos
Tip
o d
e
pro
duto
Preparado - Preparado Preparado
Sin
n
imo
Tinta base de alcatro de hulha
Betume diludo com querosene. Asfalto diludo de petrleo
Asfalto diludo de petrleo - CM30, betume diludo com
querosene
Betume diludo com
hidrocarbonetos alifticos
Com
pone
nte
s
princip
ais
Alcatro de hulha (100%)
Hidrocarbonetos saturados (varivel),
hidrocarbonetos aromticos (varivel),
resinas (varivel), asfaltenos (varivel) e
querosene 40 a 60% v/v como solvente.
Hidrocarbonetos saturados (varivel); hidrocarbonetos
aromticos (varivel); resinas (varivel); asfaltenos (varivel);
querosene (CAS 8008-20-6) (40 - 60 %), como solvente
Hidrocarbonetos saturados (varivel);
resinas (varivel); alifticos
Fonte: Adaptado das FISPQs dos fabricantes, 2013
Observa-se que na maioria dos piches estudados a natureza qumica do produto so
os hidrocarbonetos, e predominantemente o produto preparado, e os seus
componentes principais predominantes nos 4 (quatro) produtos pesquisados so:
hidrocarbonetos saturados, aromticos e resinas.
55
3.5. Processo de fabricao
Segundo Dutra, Andrade e Castro (2008), o piche de alcatro de hulha gerado nas
coquerias das usinas siderrgicas, a partir do carvo mineral, pelo processo de
destilao. No entanto, segundo Souza, Castro e Dutra (2011), problemas
ambientais incentivaram o desenvolvimento de produtos a partir de matrias-primas
provenientes do processamento de petrleo. E de acordo com Dutra, Andrade e
Castro (2008), o piche de petrleo produzido a partir da destilao de um leo
decantado, resultante do craqueamento cataltico do petrleo pesado.
Este leo decantado, tambm conhecido como resduo aromtico, usualmente
reprocessado nas unidades de refino para a produo de coque ou utilizado como
diluente de leo combustvel. Ele apresenta elevado teor de aromticos, com BMCI10
superior a 120 (SOUZA, CASTRO, DUTRA, 2011).
Ainda segundo Souza, Castro, Dutra (2011):
Na destilao de um leo decantado a temperaturas de at 470C, observam-se mecanismos concorrentes de reao dos constituintes da carga, incluindo: craqueamento trmico, reticulao, polimerizao, policondensao e oxidao. Estas reaes acarretam o aumento da massa molecular mdia dos constituintes do piche de petrleo produzido, e, consequentemente, contribuem para as propriedades fsico-qumicas diferenciadas do produto.
Na Figura 16 mostrado um esquema que representa o processo de destilao
fracionada e os produtos que so obtidos atravs desta tcnica.
10
BMCI (Bureau of Mines Correlation Index) Segundo Azevedo, Binotto e Oliveira (2002) BMCI o ndice calculado a partir da densidade e viscosidade do leo, e este ndice que caracteriza a aromaticidade de um leo.
56
FIGURA 16 - Destilao fracionada do petrleo
Fonte: Adaptado de MOTA, 2013
A Figura 16 apresenta o processo para a produo dos diferentes produtos da
destilao do petrleo. O petrleo colocado em um forno, fornalha ou caldeira, e
ligado a uma torre de destilao que possui vrios nveis, tambm chamados de
pratos ou bandejas. Conforme vai aumentando a altura da torre, a temperatura de
cada bandeja vai diminuindo. O petrleo aquecido at a sua ebulio, ento os
vapores dos compostos vo subindo pela torre. Os hidrocarbonetos com molculas
maiores permanecem lquidos na base da torre. Os mais leves so vaporizados e
vo subindo pela coluna at atingirem nveis de temperaturas menores que o seu
ponto de ebulio, e assim se condensam e saem da coluna.
3.6. Propriedades
O Quadro 10 a seguir ilustra as principais propriedades do piche, e foi elaborado a
partir das FISPQs de quatro fabricantes do resduo.
57
QUADRO 10 - Principais propriedades do piche
Propriedade Fabricante A Fabricante B Fabricante C Fabricante D
Estado Fsico Lquido Lquido
(temperatura ambiente)
Lquido (temperatura
ambiente)
Lquido (temperatura
ambiente)
Cor Preta Marrom escuro a
preto Marrom escuro Marrom escuro
Odor Caracterstico Caracterstico Caracterstico Caracterstico
pH No aplicvel
Caracterstica no significativa para as propriedades fsico-qumicas deste produto.
- -
Ponto de fulgor 60 C Mnimo 38 C
(vaso fechado) Maior que 38 C (vaso fechado)
27 C (vaso fechado)
Densidade 1,18 g/mL Relativa 0,93 a
20/4 C - -
Solubilidade Aguarrs
Na gua: Insolvel.
Em solventes orgnicos: solvel em clorofrmio,
ter, cetona, dissulfeto de
carbono.
Na gua: Insolvel. Em solventes
orgnicos: solvel em clorofrmio, ter, acetona, dissulfeto
de carbono.
Na gua: Insolvel. Em solventes
orgnicos: solvel em clorofrmio, ter, acetona, dissulfeto de
carbono.
Ponto de fuso/
congelamento -
27 C (vaso fechado)
- -
Ponto de Ebulio inicial
- 25 C - -
Faixa de temp. de ebulio
- 25 a 93 C - -
Viscosidade - 45 Cst @ 60 C; Mtodo: ASTM D2170 (MB826)
45 Cst @ 60 C; Mtodo: ASTM D2170 (MB826)
380 Cst @ 60 C; Mtodo: ASTM
D2170 (MB 826)
Fonte: Adaptado das FISPQs dos fabricantes, 2013
Conforme observado no Quadro 10 h algumas propriedades do piche que so
predominantes independente do fabricante. Como por exemplo, o estado fsico que
sempre lquido na temperatura ambiente; a cor que escura, podendo variar do
marrom ao preto; o odor em todos os casos caracterstico; o piche insolvel na
gua, porm solvel em alguns solventes como o ter, clorofrmio, aguarrs, cetona
e dissulfeto de carbono.
58
Na Figura 17 a seguir possvel observar um lago natural de piche situado na regio
de San Fernado, em Trinidad e Tobago.
FIGURA 17 - Pitch lake (lago de piche), em Trinidad e Tobago
Fonte: BISELLI, 2011
Observa-se na Figura 17 que o piche realmente possui uma colorao escura, que
varia de marrom at preto, o aspecto viscoso. De acordo com a figura em questo,
o material est to espesso que possvel ficar de p neste lago. O lago possui
cerca de 400.000 m de superfcie e 80 metros de profundidade, onde h certas
reas em que o piche est mais lquido. Estima-se que esta reserva natural possui
cerca de 6 milhes de toneladas de piche, e que vem sendo muito explorada, porm
clculos feitos indicam que, se manter o ritmo da explorao, sero precisos 400
anos para esgotar o lago.
3.7. Aplicaes
Segundo Dutra, Andrade e Castro (2008) o piche matria prima rica em carbono e
essencial para a produo de uma srie de materiais. Ele tem sido usado:
a) Como impregnante para a fabricao de eletrodos de grafite (com aplicao na fabricao de ao);
59
b) Como aglutinantes para a fabricao de pasta de eletrodos Soderberg (utilizados na fabricao do alumnio);
c) Na produo de coque para a indstria siderrgica e de alumnio;
d) Na produo de grafites especiais largamente empregados da indstria biomdica;
e) Nos reatores nucleares;
f) Para a produo de fibras de carbono de alto mdulo de Young (alta rigidez) e de fibras de carbono de baixo custo.
De acordo com os fabricantes do material, o piche tambm pode ser utilizado na
pintura e impermeabilizao de madeiras, concretos e metais; devido ao seu alto
poder bactericida e fungicida, proporcionando proteo contra chuva e sol, evitando
a infiltrao de gua, portanto dentre as principais aplicaes do piche, destacam-se
a utilizao:
a. Como protetor de muros e paredes externas, impermeabilizando e isolando as
mesmas da umidade e da chuva;
b. Na pintura de barrancos e taludes, ajudando na conteno dos mesmos,
evitando assim o deslizamento da terra;
c. Na impermeabilizao e proteo de calhas e similares, evitando o
enferrujamento das mesmas;
d. Na pintura e impermeabilizao da parte inferior dos moures de cerca,
protegendo-os contra a umidade natural do solo;
e. Na pintura e impermeabilizao de madeiras em geral, tais como: cercas,
barraces, celeiros, tapumes, estacas, dormentes, postes, galpes, entre outros;
f. Na pintura e impermeabilizao de barcos, canoas, entre outros;
g. Na pintura interna e/ou externa de manilhas cermicas.
Conforme Nascimento (2013) o material tambm pode ser utilizado em metais,
tubulaes enterradas e plataformas martimas.
Porm o uso em pavimentao um dos mais importantes entre todos e um dos
mais antigos tambm. Na maioria dos pases do mundo, a pavimentao asfltica
a principal forma de revestimento. No Brasil, cerca de 95% das estradas
60
pavimentadas so de revestimento asfltico, alm de ser tambm utilizado em
grande parte das ruas (BERNUCCI et al., 2006).
3.8. Toxicologia
Segundo Antunes (2013) toxidade aguda aquela produzida por uma nica dose,
seja por via oral, dermal ou pela inalao dos vapores ainda de acordo com o
mesmo referencial toxidade crnica aquela que resulta da exposio contnua a
um defensivo, sendo que este no pode causar no causa toxicidade aguda por
apresentar-se em baixas c