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    Universidade de So PauloEscola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz

    Caractersticas quantitativas e qualitativas da protena do leiteproduzido na regio Sudeste

    Luiz Carlos Roma Jnior

    Tese apresentada para obteno do ttulo de Doutorem Agronomia. rea de concentrao: CinciaAnimal e Pastagens

    Piracicaba2008

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    Luiz Carlos Roma JniorEngenheiro Agrnomo

    Caractersticas quantitativas e qualitativas da protena do leite produzido naregio Sudeste

    Orientador:Prof. Dr. PAULO FERNANDO MACHADO

    Tese apresentada para obteno do ttulo deDoutor em Agronomia. rea de concentrao:Cincia Animal e Pastagens

    Piracicaba2008

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    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    DIVISO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAOESALQ/USP

    Roma Jnior, Luiz CarlosCaractersticas quantitativas e qualitativas da protena do leite produzido na

    regio Sudeste / Luiz Carlos Roma Jnior - - Piracicaba, 2008.148 p. il.

    Tese (Doutorado) - - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 2008.Bibliografia.

    1. Adulterao de alimentos 2. Leitequalidade 3. Protenas 4. Qualidadedos alimentos 5. Sazonalidade I. Ttulo

    CDD 637.1

    Permitida acpia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte O autor

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    Aos meus pais, Luiz Carlos e Maria ngela,

    pelos momentos inesquecveis de apoio,pacincia, compreenso nesta minha caminhada

    pessoal e profissional.

    minha irm Julie,

    presena constante e muito importante naminha vida.

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    AGRADECIMENTOS

    Agradecer o momento mais sublime que existe na vida do ser humano. Assim,aqui vai meu agradecimento todos que colaboraram com este trabalho.

    Deus, pois sem ele no teria colhido nenhum fruto nesta minha caminhada

    pessoal e profissional.

    Ao meu orientador Prof Dr. Paulo Fernando Machado, pelo exemplo de

    profissional e confiana em minha trajetria;

    Pesquisadora Dra. Maria da Graa Pinheiro, mais que colega de trabalho, pelo

    apoio constante ao meu lado em todos os momentos;

    Aos professores Cludio Maluf Haddad e Flvio Augusto Portela dos Santos,

    pela amizade, confiana e por acreditarem na minha capacidade de trabalho, durante

    os estgios de docncia;

    Ao setor de Pesquisa & Desenvolvimento da Clnica (Csar, Jos, Teodoro,

    Viviane, Augusto, Ana Beatriz, Daiane, Cntia), pela colaborao e apoio incondicional

    ao desenvolvimento do meu experimento. Em especial para a Carol, Talita, Carlos

    (Zaguero) e Paula (Dori), no s pela ajuda profissional mas tambm pelo grande lao

    de amizade to importante em muitos momentos,

    Ao Laboratrio da Clnica do Leite pelo timo relacionamento e ajuda constante.Em especial para Cinara, Cristiane, Fabiana, Vitor Hugo, Ana Maria e Laerte.

    Aos meus amigos da ps-graduao, principalmente Mrio (companheiro de

    altas horas), Vanessa, Liana(grupinho de bioqumica e estatstica). Agradeo tambm

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    ao Clube do Boco de Joo Pessoa (Llian, Millor e Flvia) pelos momentos de risadas

    constantes.

    Aos meus amigos de todas as horas de Piracicaba (Adriana, Felipe gacho,mais do que companheiros), de muito tempo (Adriano Uoli, Anna Ceclia, Alessandra,

    Glauco, Maurcio, Eduardo, Fernando Japinha, Rodrigo Armrio, Luciane) e ao

    Alexandre (amigo, dentista e agora irmo), pelo companheirismo e compreenso;

    s secretrias do departamento de Zootecnia, Creide e Vera, e tambm para a

    secretria da ps graduao Giovana, por me agentarem por tanto tempo e ainda com

    pacincia;

    Jeanne, Carlos, Elimar e Lorian, em nome da Danone Ltda, pela ajuda na

    coleta e desenvolvimento do trabalho;

    Aos meus novos colegas de trabalho da APTA Ribeiro Preto, porm, j grandes

    conhecidos, Cludia Paz, Eduardo Suguino, Mrcia Saladini;

    Aos meus amigos Jos, Lea e Ana Helosa, pelas horas de apoio e

    descontrao, junto ou no com os cavalos;

    FAPESP pelo auxlio a pesquisa concedido;

    Ao CNPq pela concesso da bolsa de ps-graduao.

    E a todos que tenham contribudo direta e indiretamente com este trabalho.

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    A vida generosa e, a cada sala que se vive,

    descobre-se tantas outras portas.

    E a vida enriquece quem se arrisca a abrir novas portas.

    Iami Tiba

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    SUMRIO

    LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................... 11

    LISTA DE TABELAS ...................................................................................................... 15

    RESUMO........................................................................................................................ 17

    ABSTRACT .................................................................................................................... 19

    1

    INTRODUO ......................................................................................................... 21

    2

    REVISO BIBLIOGRFICA ..................................................................................... 25

    2.1

    Setor lcteo .............................................................................................................. 25

    2.2

    Qualidade do leite .................................................................................................... 25

    2.3

    Pagamento por qualidade ........................................................................................ 26

    2.4

    Protena do leite ....................................................................................................... 28

    2.4.1

    Quantidade de protena ................................................................................... 30

    2.4.2

    Adulterao do teor de protena ....................................................................... 32

    2.4.3

    Qualidade da protena ...................................................................................... 34

    Referncias .................................................................................................................... 40

    3 VARIAO DO TEOR DE PROTENA E OUTROS COMPONENTES DO LEITE E

    SUA RELAO COM PROGRAMA DE PAGAMENTO POR QUALIDADE ............ 45

    Resumo .......................................................................................................................... 45

    Abstract .......................................................................................................................... 45

    3.1

    Introduo ................................................................................................................ 46

    3.2

    Material e Mtodos .................................................................................................. 47

    3.3

    Resultados e Discusso........................................................................................... 49

    3.4

    Concluses .............................................................................................................. 55

    Referncias .................................................................................................................... 56

    4

    AVALIAO DA ESTABILIDADE TRMICA DA PROTENA DO LEITE

    PRODUZIDO NA REGIO SUDESTE ..................................................................... 61

    Resumo .......................................................................................................................... 61

    Abstract .......................................................................................................................... 61

    4.1 Introduo ................................................................................................................ 62

    4.2

    Material e Mtodos .................................................................................................. 64

    4.3 Resultados e Discusso........................................................................................... 73

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    4.4 Concluses ............................................................................................................ 108

    Referncias .................................................................................................................. 108

    5

    MTODOS PARA IDENTIFICAO DE FRAUDES UTILIZADAS PARA

    AUMENTAR O TEOR DE PROTENA DO LEITE ................................................. 115

    Resumo ....................................................................................................................... 115

    Abstract........................................................................................................................ 115

    5.1

    Introduo ............................................................................................................. 116

    5.2

    Material e Mtodos ................................................................................................ 118

    5.3

    Resultados e Discusso ........................................................................................ 122

    5.4

    Concluses ............................................................................................................ 144

    Referncias .................................................................................................................. 145

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Representao esquemtica do procedimento de classificao das amostras

    (Estvel, Instvel, Protena Instvel) para o experimento ....................................... 65

    Figura 2 - Escala utilizada para determinao da estabilidade do leite atravs da prova

    do lcool (1 ausncia de precipitao; 2 precipitao leve; 3 precipitao

    mdia; 4precipitao intensa; 5precipitao muito intensa) ............................ 66

    Figura 3 - Equipamento utilizado para anlise da composio do leite - Clnica do Leite/

    ESALQ/USP ............................................................................................................ 67

    Figura 4 - Equipamento utilizado na contagem de clulas somticas das amostras do

    experimento - Clnica do Leite/ESALQ/USP ........................................................... 68

    Figura 5 - Vista dos animais momento antes da ordenha de uma das propriedades

    participantes do experimento .................................................................................. 71

    Figura 6 - Realizao do controle leiteiro para o experimento ....................................... 71

    Figura 7 - Distribuio das propriedades participantes do projeto na Regio Sudeste .. 74

    Figura 8 - Distribuio geogrfica das propriedades participantes relacionadas com o

    problema de Protena Instvel ................................................................................ 78

    Figura 9 - Distribuio das propriedades em funo do nmero de amostras

    classificadas com Protena Instvel. ....................................................................... 81

    Figura 10 - Distribuio das propriedades em funo da ocorrncia consecutiva de

    Protena Instvel ..................................................................................................... 82

    Figura 11 - Distribuio das propriedades participantes da Fase 3 do projeto ............... 83

    Figura 12 - Distribuio das propriedades classificadas de acordo com a ocorrncia de

    Protena Instvel em funo do grupo gentico ...................................................... 85

    Figura 13 - Distribuio das propriedades classificadas de acordo com a ocorrncia de

    Protena Instvel em funo do tipo de sistema de produo ................................. 86

    Figura 14 - Distribuio das propriedades classificadas de acordo com a ocorrncia de

    Protena Instvel em funo da pastagem encontrada ........................................... 87

    Figura 15 - Distribuio das propriedades classificadas de acordo com a ocorrncia de

    Protena Instvel em funo do tipo de volumoso oferecido aos animais ............... 88

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    Figura 16 - Distribuio das propriedades classificadas de acordo com a ocorrncia de

    Protena Instvel em funo gramnea oferecida picada aos animais .................... 89

    Figura 17 - Distribuio das propriedades classificadas de acordo com a ocorrncia de

    Protena Instvel em funo do tipo de silagem oferecida aos animais ................. 89

    Figura 18 - Distribuio das propriedades classificadas de acordo com a ocorrncia de

    Protena Instvel em funo da origem do concentrado oferecido aos animais ..... 90

    Figura 19 - Ingredientes utilizados no concentrado oferecido aos animais nas

    propriedades classificadas de acordo com a ocorrncia de Protena Instvel ....... 91

    Figura 20 - Distribuio das propriedades classificadas de acordo com a ocorrncia de

    Protena Instvel em funo da origem do concentrado oferecido aos animais ..... 91

    Figura 21 - Distribuio das propriedades classificadas de acordo com a ocorrncia deProtena Instvel em funo do sistema de ordenha utilizado ................................ 92

    Figura 22 Distribuio das propriedades em funo da porcentagem de animais

    relacionados com Protena Instvel no leite produzido........................................... 94

    Figura 23 Distribuio das propriedades estudadas em funo da porcentagem de

    leite relacionado com Protena Instvel no tanque de expanso ............................ 95

    Figura 24 - Curva de distribuio dos animais em funo do estgio de lactao para os

    grupos avaliados..................................................................................................... 98

    Figura 25 - Curva de distribuio dos animais em funo do escore de condio

    corporal para os grupos avaliados .......................................................................... 99

    Figura 26 - Valores mdios do teor de gordura (%) de acordo com as classes de estgio

    de lactao para os grupos avaliados .................................................................. 100

    Figura 27 - Relao entre teor de gordura, classes de estgio de lactao e escore de

    condio corporal dos grupos avaliados ............................................................... 102

    Figura 28 - Distribuio dos animais nas classes de relao gordura:protena para os

    grupos avaliados................................................................................................... 102

    Figura 29 - Distribuio dos animais nas classes de nitrognio urico no leite para os

    grupos avaliados................................................................................................... 103

    Figura 30 - Distribuio das variveis estudadas de acordo com os componentes

    principais identificados .......................................................................................... 106

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    13

    Figura 31 - Produtos utilizados no processo de fraude do leite (A- Soro de leite; B -

    Urina Bovina); CUria Pecuria) ....................................................................... 118

    Figura 32 - Equipamentos automticos para anlise de leite - Clnica do Leite -

    ESALQ/USP .......................................................................................................... 120

    Figura 33 - Potencimetro digital utilizado para aferio do pH e acidez titulvel das

    amostras do experimento ...................................................................................... 121

    Figura 34 - Fluxograma do preparo dos tratamentos e das anlises realizadas no

    experimento .......................................................................................................... 122

    Figura 35 - Distribuio dos resultados de protena do leite para as diferentes doses de

    soro de leite nos diferentes tempos de armazenamento ....................................... 126

    Figura 36 - Distribuio dos resultados de lactose para as diferentes doses de soro deleite nos diferentes tempos de armazenamento .................................................... 127

    Figura 37 - Distribuio da contagem de clulas somticas para as diferentes doses de

    soro de leite nos diferentes tempos de armazenamento ....................................... 128

    Figura 38 - Distribuio dos resultados de pH das amostras de leite para as diferentes

    doses de soro de leite nos diferentes tempos de armazenamento ....................... 128

    Figura 39 - Distribuio dos resultados de protena do leite para as diferentes doses de

    urina bovina nos diferentes tempos de armazenamento ....................................... 132

    Figura 40 - Distribuio dos resultados de gordura do leite para as diferentes doses de

    urina bovina nos diferentes tempos de armazenamento ....................................... 133

    Figura 41 - Distribuio dos resultados de extrato seco desengordurado para as

    diferentes doses de urina bovina nos diferentes tempos de armazenamento....... 134

    Figura 42 - Distribuio dos resultados de lactose para as diferentes doses de urina

    bovina nos diferentes tempos de armazenamento ................................................ 134

    Figura 43 - Distribuio dos resultados de pH do leite para as diferentes doses de urina

    bovina nos diferentes tempos de armazenamento ................................................ 135

    Figura 44 - Distribuio da contagem bacteriana total para as diferentes doses de uria

    pecuria nos diferentes tempos de armazenamento ............................................ 136

    Figura 45 - Distribuio da contagem de clulas somticas para as diferentes doses de

    uria pecuria nos diferentes tempos de armazenamento.................................... 137

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    Figura 46 - Distribuio da protena do leite para as diferentes doses de uria pecuria

    nos diferentes tempos de armazenamento ........................................................... 138

    Figura 47 - Distribuio da gordura do leite para as diferentes doses de uria pecuria

    nos diferentes tempos de armazenamento ........................................................... 139

    Figura 48 - Distribuio do teor de extrato seco desengordurado para as diferentes

    doses de uria pecuria nos diferentes tempos de armazenamento.................... 140

    Figura 49 - Distribuio do teor de lactose as diferentes doses de uria pecuria nos

    diferentes tempos de armazenamento ................................................................. 141

    Figura 50 - Distribuio do teor de nitrognio urico no leite para as diferentes doses de

    uria pecuria nos diferentes tempos de armazenamento ................................... 142

    Figura 51 - Distribuio dos resultados de pH do leite para as diferentes doses de uriapecuria nos diferentes tempos de armazenamento ............................................ 143

    Figura 52 - Distribuio dos resultados de acidez titulvel do leite para as diferentes

    doses de uria pecuria nos diferentes tempos de armazenamento.................... 144

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Mdia do teor de protena para diferenas raas .......................................... 31

    Tabela 2 - Classificao das amostras em funo do resultado das anlises realizadas................................................................................................................................ 40

    Tabela 3 - Tabelas de valores de bonificao/penalizao em funo dos parmetros de

    qualidade do leite, como gordura, protena, contagem de clulas somticas e

    contagem bacteriana total (BANDEIRA, 2004) ....................................................... 49

    Tabela 4 - Valores mensais mdias para gordura, protena, contagem de clulas

    somticas e contagem bacteriana total das amostras analisadas .......................... 50

    Tabela 5 - Valores mdios para gordura, protena, contagem de clulas somticas econtagem bacteriana total das amostras analisadas por poca do ano .................. 51

    Tabela 6 - Valores mdios dos aspectos climticos estudados para o perodo

    experimental ............................................................................................................ 52

    Tabela 7 - Porcentagem mdia de Bonificao ou Penalizao pela qualidade de leite e

    os respectivos valores econmicos apresentados durante os meses do perodo

    experimental ............................................................................................................ 53

    Tabela 8 - Porcentagem mdia de Bonificao ou Penalizao pela qualidade de leite

    apresentada durante as pocas do ano avaliadas .................................................. 54

    Tabela 9 - Produo mdia diria e nmero de propriedades participantes do

    experimento por Estado .......................................................................................... 73

    Tabela 10 - Nmero de amostras analisadas e ocorrncia de Protena Instvel

    relacionadas com volume e valor monetrio ao longo de um ano .......................... 75

    Tabela 11 - Variao do nmero de amostras de leite classificadas como Protena

    Instvel ao longo dos meses ................................................................................... 76

    Tabela 12 - Distribuio dos casos de Protena Instvel por grupo de produo de leite................................................................................................................................ 77

    Tabela 13 - Comparao da composio do leite normal em relao ao leite com

    Protena Instvel ..................................................................................................... 79

    Tabela 14 - Coeficiente de correlao de Pearson (r) entre as semanas avaliadas para

    a ocorrncia do problema de Protena Instvel ....................................................... 82

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    Tabela 15 - Coeficiente de Correlao de Pearson e Nvel de significncia para cada

    caracterstica das propriedades avaliadas em relao a ocorrncia de Protena

    Instvel ................................................................................................................... 84

    Tabela 16 - Quantificao de casos e volume de leite identificado com Protena Instvelnas propriedades participantes do projeto .............................................................. 93

    Tabela 17 - Comparao das porcentagens de nmero de amostras e volume de leite

    identificados com Protena Instvel para os grupos estudados .............................. 94

    Tabela 18 - Comparao da composio do leite em funo da classificao das

    amostras de tanque de expanso das 12 propriedades estudadas ....................... 95

    Tabela 19 - Comparao da composio do leite em funo da classificao das

    amostras individuais dos animais estudados .......................................................... 96

    Tabela 20 - Valores da Odds Ratio, Intervalo de Confiana de 95% e probabilidade de

    ocorrncia estimada pelo mtodo de regresso logstica multivariada segunda as

    variveis categorizadas .......................................................................................... 97

    Tabela 21 - Matriz de correlao da anlise de componentes principais para o estudo

    da ocorrncia de Protena Instvel ....................................................................... 104

    Tabela 22 - Descrio dos autovalores para os componentes principais utilizados na

    anlise da ocorrncia de Protena Instvel ........................................................... 105

    Tabela 23 - Descrio dos componentes principais utilizados para a anlise da

    ocorrncia de Protena Instvel ............................................................................ 105

    Tabela 24 - Descrio dos tratamentos do experimento ............................................. 119

    Tabela 25 - Mdias e desvios-padro das variveis para os dias de anlise das

    amostras adicionadas com soro de leite ............................................................... 123

    Tabela 26 - Mdias e desvios-padro das variveis para as diferentes doses de soro de

    leite adicionadas s amostras .............................................................................. 124

    Tabela 27 - Mdias e desvios-padro das variveis para os dias de anlise dasamostras preparadas com adio de urina bovina ............................................... 129

    Tabela 28 - Mdias e desvios-padro das variveis para as diferentes doses de urina

    bovina adicionadas s amostras........................................................................... 131

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    RESUMO

    Caractersticas quantitativas e qualitativas da protena do leite produzido na

    Regio Sudeste

    A maior valorizao da protena dentre todos os constituintes do leite foi o focodo presente estudo. Foi abordado a variao e fraude no teor de protena e tambm oaspecto de qualidade da protena produzida em propriedades leiteiras. Todos osexperimentos foram realizados durante o perodo de outubro de 2005 a julho de 2007,em propriedades leiteiras da regio sudeste, bem como, ensaios laboratoriais paraestudo de fraudes em Piracicaba, SP. A variao do teor protena e outroscomponentes do leite, foi acompanhada pela avaliao das condies climticasencontrando influncia significativa sobre a qualidade do leite. Com isso pde ser

    observado que a poca de outono destacou-se como mais vantajosa para produo deleite, atingindo bonificao de at 8,5% dentro de um programa de pagamento porqualidade. Sendo que, a contagem de clulas somticas foi o item que mais colaboroucom a penalizao dos produtores. Assim, o efeito da contagem de clulas somticas eda poca do ano, deveriam ser contemplados dentro das tabelas de pagamento porqualidade. O segundo aspecto estudado foi a qualidade da protena, maisespecificamente Protena Instvel. A Protena Instvel seria o leite com coagulao naprova do lcool, sem relao alguma com acidez elevada, mastite ou alta contagembacteriana. Para este estudo, foram acompanhadas propriedades leiteiras para aquantificao do problema de protena instvel e a identificao dos fatoresrelacionados com sua ocorrncia. Como resultado, foi identificada uma ocorrncia de

    7% do volume total de leite produzido ao longo de um ano, com concentrao maiordos casos no perodo de incio de outono e final de inverno. Como fatores ligados aocorrncia, identificou-se o estgio de lactao avanado e diminuio do escore decondio corporal dos animais. Esta relao dos fatores est ligada quedasignificativa da lactose no leite explicado pelo baixo teor energtico da dieta, ou baixoconsumo de matria seca. Como ltimo aspecto estudado, a influncia da fraude noteor de protena sobre a qualidade do leite e a deteco atravs de equipamentosautomatizados. Foram utilizados como agentes de fraude: soro de leite, urina bovina euria pecuria. Todos os tipos de fraude alteraram significativamente a qualidade doleite. Estas alteraes podem ser detectadas atravs dos equipamentos automatizadospara anlise do leite. Com isso, a deteco da fraude por estes equipamentos

    possvel atravs de anlise conjunta de alguns componentes do leite. A abrangncia dopresente estudo nos trs aspectos expostos, contribui com a importncia da busca porqualidade da matria-prima dentro dos programas de pagamento, principalmente para ocomponente protena.

    Palavras-chave: Qualidade do leite; Sazonalidade; Estabilidade trmica; Adulterao

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    ABSTRACT

    Quantitative and qualitative characteristics of milk protein produced in Southeast

    region

    A higher valorization of the protein amongst all the milk components is the focusof the present study. The variation and the adulteration in the protein content have beenstudied as much as the aspect of quality of the protein produced in milk facilities. All theexperiments have been carried through during the period between October 2005 andJuly 2007, at dairy properties in the Brazilian Southeastern region, and the laboratorialassays for study of adulterations have been performed in Piracicaba, SP. The variationof the content protein and other components of milk was followed by the evaluation ofthe climatic conditions and it has been considered as of a significant influence in the milk

    quality. Thus, it could be observed that the autumn season has been considered themost advantageous one for milk production reaching an additional benefit of up to 8,5%of a program for payment related to quality. The somatic cells count has been the itemthat has influenced the most with the penalization of the producers. Thus, the effect ofthe somatic cells count and the season should be contemplated when analyzing thetables of payment related to quality. The second studied aspect there is the proteinquality, more specifically the Unstable Protein. The Unstable Protein should be the milkwith coagulation in the test of the alcohol, without any relations concerning elevatedacidity, mastitis or high bacterial count. For this study, milk farms have been observedfor the quantification of the Unstable Protein problem and the identification of the factorsrelated to its occurrence. As a result, an occurrence of 7% of the total volume of the

    produced milk throughout one year has been identified, with higher concentration of thecases in the months of the beginning of autumn and of the end of winter. As relatedfactors to the occurrence, it has been identified the advanced period of lactation andreduction of the score of the corporal condition of the animals. This relation of the factorsis linked to the lactose decreasing in the milk which is explained by the low energycontent into the nourishment or low consumption of dry substance. As the last studiedaspect was the influence of the adulteration in the protein content on the quality of milkand its detection through computerized equipment. As adulteration agents the followingitems have been considered: whey milk, bovine urine and urea. All kinds of adulterationhave significantly modified the quality of milk. These alterations can be detected throughthe computerized equipment for milk analysis. Thus, the detection of the adulteration

    through this equipment is possible through the joint analysis of some of the milkcomponents. The comprehension of the present study in the three observed aspectscontributes to the research importance for quality of the raw material in the paymentprograms, mainly for the component protein.

    Keywords: Milk quality; Seasonability; Thermal stability; Adulteration

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    1 INTRODUO

    Desde a domesticao do gado, h cerca de 6000 anos, snscritos atestam o

    fato de que o leite j era considerado um importante constituinte alimentar(ROSENTHAL, 1991). Este hbito de consumir leite, prevalece at os dias de hoje e

    adquiriu o perfil da civilizao moderna que o beneficiou e criou um grande nmero de

    produtos lcteos.

    Em decorrncia deste aumento da diversidade de produtos lcteos encontrados

    no mercado, a competitividade uma preocupao constante na indstria atualmente.

    Isto pode ser explicado pelo fato dos produtos serem concebidos com preo final j pr-

    estabelecido pelo mercado, sortido de inmeros produtos e inmeras fontes. Este efeitoglobalizado no poderia ser diferente em relao indstria de laticnios atravs da

    adaptao desde a coleta do leite at diante da remunerao do produtor por sua

    qualificao. Esta preocupao no diferente no Brasil (OLIVEIRA; REIS, 2004).

    Como a remunerao est baseada na quantidade do componente no leite, o

    aspecto de quantidade passa a ser um item importante para o produtor. Dentre todos os

    componentes presentes nas tabelas para pagamento por qualidade, o teor de protena

    do leite um dos mais importantes pela sua relao direta com rendimento industrial

    (VAN BOEKEL, 1993 apud VIOTTO; CUNHA, 2006). Alm disso, a legislao nacional

    em vigor exige uma padronizao com valor mnimo de protena para este ser

    comercializado de 2,9% (BRASIL, 2002).

    Juntamente com a quantidade, a qualidade dos componentes do leite

    fundamental para a indstria de laticnios, em virtude da exigncia de tratamentos

    trmicos relacionados com aspectos de sade pblica (patgenos potenciais) e de

    conservao (microorganismos deteriorantes e enzimas), podendo ocasionar,

    entretanto, alteraes qumicas que afetam o produto final. Portanto, dentre ascaractersticas de qualidade da matria prima, a indstria deve selecionar a estabilidade

    trmica quando seu objetivo a elaborao de produtos que sofram tratamentos

    trmicos intensos e/ou prolongados. Diante disso, a relao da qualidade da protena

    em termos de estabilidade trmica torna-se de fundamental importncia para a indstria

    atingir avanos no rendimento industrial. Esta importncia no pode ser somente

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    relacionada com a exigncia da indstria, mas tambm pela exigncia da Normativa 51

    (BRASIL, 2002) quanto exigncia da realizao da prova de estabilidade ao lcool

    (72%).

    Dentre os problemas de estabilidade trmica, muitos esto relacionados comleite que apresenta elevada acidez devido contagem bacteriana total. Mas tambm

    existe problema relacionado com a protena, denominado Protena Instvel,

    caracterizado por leite com pH e acidez titulvel dentro dos padres considerados

    normais, baixa contagem bacteriana e contagem de clulas somticas, contudo

    apresenta coagulao visvel na prova do lcool. A ocorrncia deste problema ainda

    desconhecida em decorrncia da complexidade dos fatores envolvidos na estabilidade

    trmica do leite, criando o desafio de gerar conhecimento em busca de medidas decontrole e/ou preventivas.

    No entanto, a busca por um leite de melhor qualidade e com alto teor de protena

    ressurge alguns problemas j antigos na cadeia lctea, como o caso de fraudes.

    Atualmente, com os programas de pagamento por qualidade, estas fraudes no esto

    relacionadas somente com aspectos de volume, atravs da adio de gua (BEHMER,

    1999), mas tambm com a alterao do teor dos componentes do leite, em especfico o

    teor de protena. Para a preveno da ocorrncia deste problema, existe a necessidade

    de mtodos rpidos e precisos para a deteco, com isso surge a oportunidade de

    avaliar o uso de equipamentos automatizados, utilizados para avaliao da composio

    do leite para esta deteco.

    Diante dos aspectos abordados relacionados com protena do leite, o objetivo

    geral do presente estudo foi o diagnstico da protena no leite produzido e enviado s

    indstrias de laticnio do Estado de Minas Gerais, Rio de Janeiro e So Paulo. Os

    objetivos especficos foram:

    a) Avaliar o efeito da poca do ano sobre a protena e outros componentes doleite dentro de um programa de pagamento por qualidade;

    b) Quantificar a ocorrncia do problema denominado Protena Instvel no leite

    produzido na regio Sudeste ao longo de um ano;

    c) Verificar a relao entre a ocorrncia de Protena Instvel com caractersticas

    da qualidade do leite e das propriedades leiteiras;

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    d) Anlise do fenmeno atravs de caractersticas zootcnicas das

    propriedades, identificando as causas do problema de Protena Instvel;

    e) Determinar mtodos para deteco de fraude no teor de protena do leite.

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    2 REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 Setor lcteo

    O leite considerado um alimento perfeito da natureza e apresenta composiorica em protenas, vitaminas, gordura, carboidratos e minerais (principalmente clcio),

    alimento importante sade do homem, sendo indicado para todas as idades; as

    restries ao seu uso so limitadas a casos excepcionais (OLIVEIRA et al., 1999).

    A produo de leite no Brasil tem aumentado aproximadamente 4% ao ano na

    mdia dos ltimos 10 anos, registrando em 2003, o total de 21 bilhes de litros

    produzidos, segundo FNP (2004). Deve-se destacar que 65% da produo destinada

    elaborao de produtos industrializados (FONSECA, 1997).Na atualidade, a questo da "qualidade e segurana" dos produtos alimentcios,

    tem recebido maior ateno por parte das autoridades, indstria, profissionais do setor,

    produtores e consumidores de modo geral. Devido a esta questo, principalmente

    relacionado por parte das indstrias e produtores de alimentos foi lanado o Programa

    Nacional de Qualidade do Leite (PNQL), resoluo 56, para melhoria na qualidade do

    leite produzido no Brasil (COLDEBELLA et al., 2002).

    Diante disso, a legislao brasileira, que trata especificamente do leite e seus

    derivados, passou por recente processo de modernizao para acompanhar as

    tendncias mundiais e trazer melhorias para o setor nacional como um todo,

    estabelecendo novos padres legais da qualidade mnima do leite comercializado no

    Brasil (BRANDO, 2000).

    Diante do exposto, Brando (2000) discursa sobre a necessidade de busca de

    informaes e meios suficientes para que todos os envolvidos na cadeia de produo

    estejam a par das variveis do problema e, saibam como proceder para garantir leite

    dentro dos padres de qualidade necessrios para manter as caractersticas do seu altopadro nutricional.

    2.2 Qualidade do leite

    Por definio do RIISPOA (2004), o leite um produto obtido da ordenha

    completa e ininterrupta, em condies de higiene, de vacas leiteiras sadias, bem

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    alimentadas e em repouso. O leite de outros animais deve denominar-se segundo a

    espcie da qual procede. A classificao qumica do leite pode ser estratificada em

    mais de 50 compostos qumicos de importncia variada, que desafia a indstria de

    laticnios.A necessidade de implementar medidas para melhorar a qualidade do leite no

    pas motivou a elaborao do PNQL, iniciativa do Ministrio da Agricultura, Pecuria e

    Abastecimento com apoio de rgos de ensino e pesquisa, o qual suscitou uma srie

    de discusses entre as entidades representativas da indstria e produtores, conduzindo

    a uma proposta amplamente debatida e com o apoio dos diferentes elos da cadeia

    produtiva lctea. A proposta mais objetiva at o momento foi publicao da Instruo

    Normativa 51/2002 (BRASIL, 2002), na qual se definiram regulamentos tcnicos para aproduo, identidade e qualidade dos diversos tipos de leite, bem como as condies

    para sua refrigerao na propriedade rural e transporte a granel at a indstria. A

    Instruo Normativa determina que a qualidade do leite de cada propriedade rural seja

    acompanhada atravs de anlises laboratoriais para que se identifiquem os problemas

    na origem, ao contrrio do que se faz hoje, quando a qualidade da matria-prima

    inspecionada no recebimento do leite pela indstria e pouco se pode fazer para corrigir

    as falhas (DRR, 2004).

    Um grande avano dos novos regulamentos tcnicos que a fiscalizao da

    matriaprima vai passar a ser feita na propriedade rural e no mais na plataforma de

    recepo da indstria. Isso vai permitir que os problemas sejam identificados na origem

    e, atravs do programa de incentivo e penalidade, os produtores passaram a adotar as

    medidas corretivas necessrias (DRR, 2004).

    2.3 Pagamento por qualidade

    A determinao de um leite com qualidade pode ser definida em termos de suaintegridade, ou seja, livre da adio de substncias e/ou remoo de componentes; de

    sua composio qumica e caractersticas fsicas; e de sua deteriorao microbiolgica

    e presena de patgenos (DRR, 2004). Monardes (1998) ainda destaca que a

    qualidade do leite tambm est relacionada a caractersticas organolpticas (odor,

    sabor, aspecto).

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    Com a demanda da populao, que tem procurado se alimentar mais de leite

    fluido e derivados, e a necessidade da indstria, em reduzir suas perdas com matria-

    prima de m qualidade, tem aumentado a exigncia para que o leite cru tenha um

    elevado padro de qualidade j na sua origem. Assim, as indstrias de grande porte, noincio da dcada de 90, passaram a estabelecer novos requisitos para o recebimento do

    leite, vinculando a remunerao ao produtor justamente com a qualidade da matria-

    prima, com intuito de instituir de forma progressiva o pagamento diferenciado do

    produto de acordo com sua qualidade.

    Existem iniciativas governamentais visando padronizar e melhorar a qualidade do

    leite, como a implantao de normas nacionais de padres de qualidade do leite,

    determinadas pelo Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite, do Ministrioda Agricultura, Pecuria e Abastecimento (RIBEIRO et al., 2000) que compem a

    Instruo Normativa 51 j em vigor (BRASIL, 2002).

    Segundo Philpot (1998), o objetivo principal dos programas de qualidade de leite

    deveria ser o de assegurar que as qualidades nutricionais, sabor e aparncia originais

    do leite tenham sido preservados e que microrganismos nocivos ou adulterantes no

    estejam presentes.

    Em contrapartida, com a iniciativa do governo atravs do Programa de Melhoria

    da Qualidade do Leite, algumas indstrias iniciaram a implantao de programas de

    pagamento por qualidade, como instrumento para incentivar o produtor a buscar pela

    melhoria de seu produto e, indiretamente, para obter melhor rendimento industrial. Alm

    do pagamento de bonificaes pelo leite de alta qualidade, podem ser utilizadas

    penalizaes para o leite de baixa qualidade. Esses programas tm sido ferramentas

    poderosas para motivar os produtores a melhorar a qualidade do leite cru. Em geral, os

    incentivos por qualidade variam entre as indstrias ou cooperativas, mas a contagem

    de clulas somticas, a contagem total de bactrias, a ausncia de resduos deantibiticos e outros inibidores, e a ausncia de fraude por adio de substncias

    externas so os principais contemplados para aferir a qualidade do leite.

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    2.4 Protena do leite

    O leite um sistema coloidal constitudo por uma soluo aquosa de lactose

    (5%), sais (0,7%) e muitos outros elementos em estado de dissoluo, onde seencontra a frao nitrogenada representada principalmente pelas protenas (3,2%) em

    suspenso (AMIOT, 1991). As protenas do leite podem ser classificadas em dois

    grandes grupos: as casenas e as protenas do soro. A casena pode ser definida como

    a frao da protena do leite que sofre precipitao em pH=4,6 a 20C; enquanto que o

    restante das protenas do leite que no sofrem precipitao chamado coletivamente

    de protenas do soro (SWAISGOOD, 1993; FARRELL et al., 2004).

    A casena sintetizada nas clulas epiteliais da glndula mamria, consistindode 4 principais variantes genticas: s1-, s-2, e - casena. Este grupo de protenas

    compe aproximadamente 80% do total de protenas do leite, o que determina uma

    concentrao mdia de 24-34 mg/mL (SWAISGOOD, 1993; FARRELL et al., 2004), que

    o principal determinante do rendimento na fabricao de queijos (EMMONS et al.,

    2003). As concentraes das diversas fraes de casena do leite s1-, s-2, e -

    casena so de, aproximadamente, 12-15, 3-4, 9-11, e 3-4 mg/mL, respectivamente

    (SWAISGOOD, 1993; FARRELL et al., 2004).

    Dentre as quatro principais protenas do soro, duas so sintetizadas na glndula

    mamria (-lactoalbumina e a -lactolbumina), enquanto que as outras duas so de

    origem do sangue (albumina srica e imunoglubulinas). Outras protenas do soro

    incluem a lactoferrina, transferrina e enzimas (plasmina, lipase lipoprotica, fosfatase

    alcalina). No leite integral, a -lactoalbumina a protena do soro presente em maior

    concentrao (2-4 mg/mL), seguida pela -lactalbumina (1-1,5 mg/mL), enquanto que a

    albumina srica e as imunoglobulinas apresentam, respectivamente, as seguintes

    concentraes: 0,1-0,4 e 0,6-1,0 mg/mL (SWAISGOOD, 1993; FARRELL et al., 2004).O leite apresenta, alm das protenas e peptdeos, uma frao de compostos

    nitrogenados no-protecos (NNP), que pode perfazer aproximadamente 5% do total de

    nitrognio do leite, de acordo com Waltra e Jenness (1984). Estes compostos so

    principalmente de origem do sangue, incluindo principalmente substncias como a

    uria, a creatina e a creatinina. De acordo com DePeters e Cant (1992), a maior

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    proporo do NNP nitrognio no forma de uria (48%), a qual entra livremente na

    glndula mamria por difuso para equilibrar sua concentrao com a do plasma

    sangneo.

    Dentre os componentes do leite, a protena o de maior foco atualmente. Estaimportncia pode ser explicada pela relao direta de teor de protena e rendimento

    industrial, principalmente em aplicaes que visem a concentrar este componente,

    como na fabricao de queijos. Sendo que, o rendimento industrial est vinculado ao

    ponto de vista econmico das empresas pela melhor qualidade do produto e a gerao

    de maior variedade de produtos lcteos. Com isso, a indstria passou a maior

    valorizao do teor de protena, influenciando diretamente nos programa de pagamento

    por qualidade de alguns pases, como Holanda, Frana, Austrlia, Nova Zelndia eCanad. Nestes pases o valor de protena igual ou at o dobro do valor dos demais

    componentes (SANTOS; FONSECA, 2007). Nos Estados Unidos, a mdia dos valores

    do ano de 2003 apontou US$ 3,22/kg de protena e US$ 2,80/kg de gordura (USDA,

    2004), indicando que o kg de protena vale 15% a mais do que o kg de gordura.

    O benefcio para as indstrias com relao a mudana na composio do leite,

    principalmente no teor de protena, bem significativo. De acordo com Santos e

    Fonseca (2007) o aumento em 0,1% de protena pode significar em aumento de at 5

    toneladas de leite em p ou 1 tonelada de queijo.

    Diante desta busca por protena pelas indstrias, a cadeia agroindustrial do leite

    mudou radicalmente em todos os seus componentes. O produtor busca produo de

    leite com maior teor de protena, at o consumidor final na busca por produtos com

    menor teor de gordura, porm com alto valor biolgico, sendo que o leite fonte de

    protena (SANTOS; FONSECA, 2007).

    Esta mudana pode ser vista beneficamente atravs da melhoria do leite

    produzido, do produtor melhor remunerado pelo seu produto de melhor qualidade, pelosprodutos finais aos consumidores de melhor qualidade. Porm existe tambm a

    preocupao com um problema j antigo nas propriedades leiteiras: a fraude. Fraude

    esta relacionada diretamente com o teor de componentes, e no mais relacionada

    apenas com volume. Com este cenrio pela busca de protena no leite, esta no deve

    estar fundamentada somente no aumento do teor, mas tambm em termos de

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    qualidade e isentos de fraudes, para evitar prejuzos para a cadeia agroindustrial

    (VIOTTO; CUNHA, 2006).

    2.4.1 Quantidade de protenaO teor de protena no leite importante devido aos programas de pagamento por

    qualidade. Mas atualmente, alm da preocupao com tais programas, existe tambm a

    iniciativa do governo em atingir padres mnimos de qualidade do leite para possibilitar

    aumento nas exportaes e questo de sade pblica. Esta iniciativa est relacionada

    com a Instruo Normativa 51/2002, que prope padres para produo de leite e

    dentre estes, existe o valor de protena mnimo (2,9%), para o leite ser passvel de

    comercializao (BRASIL, 2002).Com isso, os produtores preocupam-se no s com a economia diante dos

    programas de pagamento por qualidade, mas tambm com a questo legal, perante a

    legislao em vigor. Assim, a busca pelo aumento do teor de protena tem sido

    crescente e incentivada, visto pelo aumento do nmero de pesquisas na rea.

    As mudanas no teor de protena podem ser conseguidas numa magnitude bem

    inferior s alteraes possveis no teor de gordura, por uma srie de fatores (SUTTON,

    1989). Estes fatores podem ser citados desde ambientais at algumas caractersticas

    de manejo dos animais.

    Gentica e Ambiente

    A influncia da gentica sobre o teor de protena no leite bem demonstrada por

    resultados de pesquisas comparando diferentes raas. Na Tabela 1 pode ser observada

    a variao do teor de protena dentro da faixa de valores mdios de 3,16 a 3,73%,

    conforme apresentado por Looper et al. (2005). Mas mesmo com este apelo forte para

    a gentica, cerca de 55% da variabilidade do teor decorre da gentica, o restante estrelacionado como ambiente (SANTOS; FONSECA, 2007). Assim sendo, existe grande

    influncia do ambiente apresentando variao de seu teor ao longo do ano (TEIXEIRA

    et al., 2003; LOOPER et al., 2005). Esta variao ao longo do ano apresenta os teores

    mais baixos nos meses de vero, comprovando o efeito de estresse trmico sobre o

    teor de protena do leite. Porm, alm do efeito direto nos animais atravs do estresse

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    trmico principalmente, ainda existe o efeito indireto do ambiente sobre as pastagens,

    afetando o teor de protena no leite.

    Tabela 1 - Mdia do teor de protena para diferenas raas

    Raa Protena Bruta (%)

    Ayrshire 3,31

    Guernsey 3,47

    Holands 3,16

    Jersey 3,73

    Pardo Suo 3,52

    Fonte: Looper et al. (2005)

    Nvel de produo, estgio de lactao e idade da vaca

    O teor de protena no leite (%) negativamente relacionado com produo de

    leite. Entretanto a produo de protena (kg/litro) aumenta conforme aumenta a

    produo de leite (LOOPER et al., 2005). Assim como existe a relao com o nvel de

    produo, tambm existe a influncia do estgio de lactao sobre o teor de protena.

    Um exemplo seria uma vaca Holandesa, na primeira semana de lactao com nvel de

    protena cerca de 4%, sofre declnio para cerca de 3% pela sexta semana e volta

    aumentar no final da lactao (SANTOS; FONSECA, 2007). Bem como a idade da vaca

    tambm sofre influncia sobre o teor de protena, apresentando vacas multparas com

    menos teor que as primparas, no entanto produzem maior quantidade de protena, em

    decorrncia do maior volume de produo. De acordo com o DHIA (Dairy Herd

    Improvement Association) baseado em seu banco de dados existe a diminuio de 0,02

    a 0,05% por lactao (LOOPER et al., 2005).

    Sanidade

    Muitas so as doenas que afetam os componentes do leite, mas a de maior

    importncia sobre o teor de protena a mastite. A ocorrncia de mastite acarreta na

    reduo do teor de protena, interferindo diretamente sobre o rendimento industrial

    (VIOTTO; CUNHA, 2006). Leite de vacas com elevada contagem de clulas somticas

    (maior que 500.000 cls/mL) apresentam maior tempo de coagulao e formao de

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    massa fraca em comparao com leite de vacas com baixa contagem (LOOPER et al.,

    2005).

    Nutrio

    A nutrio pode afetar a quantidade e/ou porcentagem de protena no leite. Este

    potencial de alterao bem mais restrito que a influncia da dieta sobre o teor de

    gordura. A faixa de alterao do teor de protena pela dieta pode ser citada entre 0,1 a

    0,2 unidades percentuais. Porm, uma das vantagens da tentativa de aumento do teor

    de protena no leite atravs da nutrio, que este aumento geralmente

    acompanhado pelo aumento do volume de produo (SANTOS; FONSECA, 2007). O

    que de ser levado em considerao para o aumento do teor de protena o aumento doconsumo de matria seca e a otimizao da produo de protena microbiana.

    Outros pontos relacionados com nutrio so: uso de gordura na dieta e relao

    concentrado-volumoso. A adio de gordura na dieta geralmente reduz de 0,1 a 0,2

    pontos percentuais para cada quilo de gordura. J a relao concentrado-volumoso

    est relacionada com a fermentao ruminal. Como o aumento da proporo de

    concentrado nas dietas, provocando aumento da produo de leite, porm em dietas

    com excesso de concentrado, pode existir reduo no teor de protena devido

    diminuio do crescimento bacteriano em decorrncia de acidose ruminal (SANTOS;

    FONSECA, 2007).

    2.4.2 Adulterao do teor de protena

    Medeiros et al. (2001) relatam sobre a tendncia atual de aumento no consumo

    de protena do leite em detrimento ao consumo de gordura do leite. Esta tendncia tem

    influenciado os sistemas de pagamento do leite aos produtores de alguns pases como

    Holanda, Frana, Austrlia, Nova Zelndia e Canad (IBARRA, 2004), onde o teor deprotena e gordura contabilizam, cerca de 55 e 45% do preo total recebido pelos

    produtores, respectivamente (WILLIANS; JACHINK, 1991).

    Com isso, a autenticidade dos alimentos tornou-se mais um objetivo a ser

    alcanado, assim como a busca pela qualidade. Por isso, cada vez mais importante

    detectar a introduo no mercado de produtos fraudulentamente rotulados e de

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    qualidade inferior, quer por razes econmicas, quer por razes de sade pblica

    (VELOSO et al., 2002).

    Por definio, fraude a adio ou subtrao parcial ou total de qualquer

    substncia na composio original do produto. A fraude pode ser caracterizada tantopela adio de uma matria qualquer que no exista no produto, como pela subtrao

    de um dos seus elementos, em condies tais que o produto perca suas caractersticas

    normais. As fraudes mais generalizadas so: a adio de gua ao leite, desnate parcial

    ou adio de leite desnatado e, ainda, a adio de gua e leite desnatado

    conjuntamente (BEHMER, 1999). Outros mtodos de fraude, tambm podem ser

    considerados como a adio de urina ao leite e de estabilizantes, todos visando obter

    lucro ilcito.Segundo Brando (IDEC, 2003), a fraude com o soro de leite o tipo mais

    comum. O soro usado pelos laticnios como ingrediente na fabricao de bebidas

    lcteas. Seu valor protico equivale a cerca de um quarto ao do leite e o preo, mais

    baixo. O autor afirma que o leite pode ficar com um sabor aguado. Para o consumidor,

    porm, a diferena entre o leite puro e o fraudado imperceptvel quando o grau de

    adio de soro no ultrapassa 20%.

    Outros tipos de fraude tambm foram citados na literatura, Guan et al. (2005)

    destacaram que existe a adulterao de leite fresco com leite reconstitudo ou a venda

    de leite reconstitudo como o produto fresco. Mabrook et al. (2006) relataram que a

    adio de gua ao leite uma prtica comum realizada por fazendeiros em algumas

    partes do mundo. Segundo Paradkar et al. (2001) o leite sinttico (uma combinao de

    uria, sal de sdio, bicarbonato de sdio, sacarose, leo vegetal, detergente e gua)

    imita muito bem as caractersticas fsico-qumicas do leite e tambm tem sido uma

    forma de adulterar produtos lcteos.

    Atravs do levantamento de estudos a respeito de fraudes, eram encontradosamplamente casos de fraudes por volume ou prolongamento da vida til do produto

    (PIRES, 2006). Recentemente, estas fraudes continuam, porm alm dos fatores

    apresentados, outros casos surgem com grande importncia, o caso das fraudes de

    adulterao da composio do leite.

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    No existem relatos em literatura com relao a fraudes no teor de protena do

    leite com uria e urina bovina, no entanto, muitos laticnios j possuem conhecimento

    destas fraudes. Estes dois produtos, uria e urina bovina, tornam-se importantes

    substncias de fraude do leite, por conterem nitrognio, resultando assim no aumentodo teor de protena detectvel no leite, pelo aumento da concentrao de nitrognio.

    Outro ponto que merece destaque pelo fcil acesso dos produtores a estes produtos.

    A urina facilmente coletada dos animais e a uria comumente encontrada nas

    propriedades por ser utilizada diretamente na dieta de bovinos.

    Desta forma, prticas de adulterao criam competio desleal, que podem gerar

    impacto negativo na economia local ou mesmo internacional (GUAN et al., 2005). Alm

    disso, estas fraudes comprometem caractersticas organolpticas e, s vezes, o valornutritivo dos alimentos, prticas sempre prejudiciais aos consumidores e prpria

    indstria, j que no se pode fabricar derivados a partir de leite fraudado (S, 2004).

    2.4.3 Qualidade da protena

    O leite de alta qualidade caracterizado como um produto livre de agentes

    patognicos e outros contaminantes, com reduzida contaminao microbiana, sabor

    agradvel, adequada composio e baixa contagem de clulas somticas. Santos

    (2004) ressaltou os principais aspectos no microbiolgicos que afetam a qualidade do

    leite, com enfoque principal para alteraes da protena do leite e sua estabilidade.

    Dentro da qualidade, existe o termo estabilidade trmica, que pode ser definido

    como o tempo necessrio para ocorrer coagulao visvel do leite, em determinado pH

    e temperatura. Esta estabilidade est diretamente relacionada com a capacidade de o

    leite resistir coagulao pelo calor e, portanto, ao seu processamento (SILVA, 2003).

    A ocorrncia do leite com instabilidade da protena, diagnosticada pela prova do

    lcool, um problema encontrado em vrias regies do Brasil. Esta situao tem sidoencontrada mesmo em leite que no apresenta elevada acidez e que no seja originado

    de vacas com mastite. A ocorrncia do leite com instabilidade da protena resulta em

    matria-prima com caractersticas inadequadas para produo de derivados lcteos,

    representando prejuzos para toda cadeia lctea (SANTOS, 2005).

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    Em algumas situaes, cooperativas e laticnios freqentemente encontram leite

    que no passa na prova do lcool a 72% (resultados positivos), ainda que o leite

    apresente baixa CBT (contagem bactria total), baixa CCS (contagem de clulas

    somticas), pH normal e slidos totais dentro da faixa de normalidade. A grandepreocupao das indstrias, neste caso, que o leite que no passa nesta prova

    (coagulao positiva na prova) poderia ter problemas de estabilidade durante o

    processamento trmico para a produo de derivados lcteos (SANTOS, 2005).

    A precipitao do leite na prova do lcool resulta muitas vezes, na rejeio por

    parte da indstria com prejuzo para os produtores, pois a prova do lcool muito

    empregada nas indstrias de laticnios como um teste para aceitao ou rejeio do

    leite no momento de recepo na plataforma da indstria ou mesmo na captao doleite na fazenda (SANTOS, 2004).

    Em estudos realizados por Fisher et al. (2004a) foi encontrada a ocorrncia

    mdia de protena instvel, determinada pela prova conjunta de acidez titulvel, pH e

    prova do lcool, na regio sul do estado do Rio Grande do Sul com valor de 58%, em

    experimento com 9.282 amostras provenientes de tanques resfriadores de leite.

    Como as causas da instabilidade protica do leite na grande maioria das

    situaes a campo so desconhecidas, torna-se difcil a correo atravs de medidas

    de manejo. Para o entendimento da ocorrncia desta protena instvel, a literatura

    mostra diversos fatores que podem estar relacionados com a estabilidade do leite, a

    saber: tempo, temperatura, pH, equilbrio salino, sanidade, caractersticas dos animais,

    nutrio e concentrao de uria (SILVA, 2003). Esta estabilidade trmica, para o caso

    do leite, est relacionada com a protena, que se torna instvel termicamente,

    impossibilitando este de sofrer qualquer tipo de processamento que envolva

    aquecimento.

    Tempo, Temperatura e pH

    A estabilidade trmica do leite o tempo necessrio para originar coagulao

    visvel a uma dada temperatura e um dado pH, correspondendo capacidade do leite

    em resistir coagulao pelo calor, visando sua aptido para o processamento. A

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    estabilidade trmica exerce grande influncia sobre qual destino deve ser dado ao leite

    em funo dos diferentes tratamentos trmicos a serem utilizados (SILVA, 2003).

    O abaixamento do pH do leite ocorre por acidificao, concentrao ou adio de

    sais solveis, ocasionando a solubilizao, particularmente, do fosfato de clcio e adiminuio da estabilidade trmica do leite (SILVA, 2003). O autor cita que em

    temperatura alta, o pH ser muito menor, fundamentalmente em conseqncia da maior

    dissociao da gua, da precipitao do fosfato triclcico e da produo de cido.

    A velocidade de alterao de pH depende tambm do pH inicial e da

    disponibilidade de oxignio, necessrio para a formao de cido a partir da lactose. A

    velocidade da produo de cido durante o aquecimento o fator mais importante da

    coagulao pelo calor, pois o pH de coagulao sempre baixo (SILVA, 2003).

    Sanidade e Equilbrio Salino

    As caractersticas do leite podem ser alteradas pela ocorrncia de doenas,

    sndromes e distrbios metablicos, resultando em um produto de baixa qualidade, que

    muitas vezes pode at ser imprprio para o consumo humano. Em vacas leiteiras,

    especialmente as de alta produo, os transtornos digestivos do rmen e os distrbios

    metablicos ocorrem com freqncia, sendo que a maioria das alteraes metablicas

    acontece de forma subclnica, sem o aparecimento dos sintomas a no ser um

    decrscimo de 10% a 30% na produo de leite (GONZLEZ, 2004). O autor relaciona

    ainda problemas na produo do leite com transtornos ruminais e metablicos. Os

    resultados destes distrbios so as alteraes bioqumicas iniciais que podem ser

    detectadas no leite, de forma que este se configura como boa ferramenta para o

    diagnstico precoce dos problemas. Os principais transtornos metablicos nas vacas

    leiteiras incluem os relacionados ao manejo alimentar, tais como a acidose ruminal,

    laminite, desequilbrios nutricionais e deslocamento de abomaso, alm de distrbiosque envolvem o desequilbrio metablico em funo do balano energtico negativo,

    como a cetose, ou balano mineral negativo, como a hipocalcemia. (MATTOS;

    PEDROSO, 2005).

    O teor de minerais no leite geralmente encontra-se prximo do valor de 1%. As

    alteraes dessa frao podem ter grande influncia na qualidade do leite e afetar seu

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    processamento industrial. Em geral, as vacas com infeco da glndula mamria

    apresentam alta contagem de clulas somticas e conseqentemente alteraes nas

    concentraes de minerais do leite, o que pode afetar significativamente sua qualidade

    e tambm sua estabilidade trmica (MATTOS; PEDROSO, 2005).Norberg et al. (2004) afirmam que a mastite causa elevao nos teores de sdio

    e cloro no leite, o que leva ao aumento de sua condutividade eltrica. Segundo Tallamy

    e Randolph (1970), citados por Santos (2001), a concentrao de sdio no leite com

    alta CCS passa de 60mg/dL, contra 44mg/dL no leite normal. Quanto a CCS passa de

    1.000.000 clulas/mL, a concentrao de sdio pode ser duas vezes superior

    (105mg/dL) do leite com CCS menor do que 100.000 clulas/mL (MATTOS;

    PEDROSO, 2005)Outros minerais que tambm podem sofrer alteraes no leite devido mastite

    so: o clcio e fsforo, que tm papel importante na estabilizao das micelas de

    casena no leite. Em animais com mastite, a concentrao de ambos os minerais no

    leite reduzida. A alta CCS normalmente esta associada reduo de sntese de

    casena. Como a maior parte do clcio do leite encontra-se incorporado s micelas de

    casena, sua concentrao normalmente decresce nessa situao. Em animais com

    mastite, as concentraes de clcio e fsforo no leite so reduzidas de 130 e 38 para

    124 e 32 mg/dL, respectivamente, em relao ao leite normal conforme relatado por

    Tallamy e Randolph (1970), apud Santos (2001).

    Animais e Ambiente

    No incio e no final da lactao, ocorre aumento na concentrao das protenas

    do leite, o que implica numa maior formao de complexo -lactoglobulina/k-casena,

    sendo que este complexo est relacionado com a estabilidade trmica do leite. Outro

    fato interessante, seria com relao s concentraes de clcio e fsforo que tambmse mostram alteradas em funo do estgio de lactao que as vacas se apresentam,

    podendo gerar desequilbrio salino influenciando assim a estabilidade trmica do leite

    (SILVA, 2003).

    De acordo com Tervala et al. (1983, 1985), parece no existir diferena na

    estabilidade do leite em funo da raa do animal. Ponce e Hernandez (2001)

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    relacionam a ocorrncia de problemas de instabilidade trmica do leite com rebanhos

    leiteiros especializados, devido sua alta demanda nutricional.

    Tem sido constatada certa influncia da poca do ano, sendo a alterao

    aparentemente mais freqente nos meses de outono, na mudana de estao deinverno para primavera e tambm relacionada com perodos de seca. Existe relao

    evidente entre a positividade da prova e o perodo de lactao do animal, uma vez que

    ela se constata mais freqentemente no incio e no fim da lactao (BARROS et al.

    1999). Fischer et al. (2004b) apresentaram como resultado do estudo de leite com

    protena instvel a ocorrncia mais freqente nos meses de fevereiro e maro.

    Nutrio e Teor de Uria

    O teor de protena no leite depende do perfil de aminocidos absorvidos pelo

    animal, que reflexo do perfil de aminocidos da protena metabolizvel disponvel no

    intestino delgado. Sabe-se que 50% ou mais da protena metabolizvel so compostos

    pela protena microbiana, considerada a fonte de maior valor biolgico disponvel ao

    ruminante (CHANDLER, 1989). Dessa forma, a maximizao da produo de protena

    microbiana ponto chave para maximizar a sntese de protena do leite com qualidade

    para o processamento deste.

    A variao na composio protica do leite pequena para exercer um efeito

    considervel na estabilidade trmica do leite. Porm o teor natural de uria o fator

    mais importante. Segundo Shalabi e Fox (1982) apud Silva (2003), a uria estabiliza o

    leite ao calor somente na presena de um composto carbonilado, como um acar

    redutor. Porm, na ausncia de uria, estes compostos carbonilados de baixa massa

    molar podem aumentar a estabilidade (SILVA, 2003).

    Ponce (1999) relata a relao da nutrio do animal com a composio do leite,

    sendo assim, passvel de interferncia na estabilidade trmica do leite. Ponce eHernandez (2001) relacionam a ocorrncia de protena instvel no leite com rebanhos

    que sofrem restrio alimentar com baixo consumo de matria seca e alimentao com

    base, principalmente, em cana-de-acar.

    Segundo Silva e Almeida (2004), os minerais contidos na rao no afetam de

    modo considervel a composio salina do leite. A deficincia de clcio e fsforo na

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    rao interfere na produo de leite, mas no altera as suas concentraes no leite; a

    vaca retira esses minerais da reserva ssea para compensar a deficincia de ingesto.

    A suplementao exagerada de clcio e fsforo na rao poder no aumentar a

    concentrao desses minerais no leite. Nutrio deficiente, com forrageiras, podediminuir o teor de citrato no leite, que ocasiona um desequilbrio salino, diminuindo a

    estabilidade trmica deste.

    Determinao da Estabilidade da Protena

    A prova do lcool pode ser usada como mtodo rpido para estimar a

    estabilidade das protenas do leite, uma vez que este teste mede indiretamente a

    estabilidade do leite ao tratamento trmico ou pH (na presena de alizarina) (BARROS,2001). Inicialmente, a prova do lcool foi utilizada como estimativa da presena do

    cido ltico oriundo da fermentao de microrganismos mesfilos, mas, atualmente em

    condies de refrigerao do leite na prpria fazenda, o seu uso est relacionado com a

    aptido do leite ao processamento. Nesta prova o lcool atua como desidratante e

    simula condies de aquecimento. So colocados em tubo de ensaio, 2 mL de leite

    mais 2 mL de etanol 72% (v/v), de acordo com a metodologia recomendada pelo

    Ministrio da Agricultura (BRASIL, 1981). Caso haja floculao do leite, pode-se

    suspeitar de leite cido ou com instabilidade da protena. Outros testes que poderiam

    ser usados com objetivos similares seriam: a prova da fervura, a prova do alizarol e a

    prova da acidez titulvel (Dornic).

    Em suma, a prova do lcool pode ser til para estimar a estabilidade do leite

    floculao durante o tratamento trmico, buscando a obteno de produtos mais

    estveis e de melhor rendimento, pois se trata de uma prova muita barata e de simples

    realizao. Adicionalmente, os resultados da prova do lcool podem indicar a

    necessidade de melhoria na alimentao de rebanhos. No entanto, deve-se ressaltarque os resultados desta prova no devem ser utilizados como fator nico para se

    estabelecer o preo do leite, uma vez que os resultados desta prova so afetados por

    diversos fatores, muitos dos quais o produtor no tem controle (SANTOS, 2005).

    Marques et al. (2003) citaram a identificao do problema de protena instvel

    como sendo leite abaixo de 18 D, associado ao aparecimento de precipitao na prova

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    do lcool resultando em leite com instabilidade trmica. Esta identificao foi

    conseguida atravs da anlise conjunta da acidez titulvel e prova do lcool nas

    amostras estudadas.

    De acordo com CENLAC (2004), a determinao da estabilidade trmica do leitee, mais especificamente, da instabilidade trmica da protena feita com base em uma

    bateria de anlises, sendo elas: prova do lcool, acidez titulvel, pH, densidade e

    contagem de clulas somticas. As amostras que apresentavam contagem de clulas

    somticas menor que 1.000.000 cls/mL e/ou densidade maior que 1,0270, eram

    classificadas como: positiva, duvidosa e negativa. Para as provas foram considerados

    resultados positivos quando a amostra apresentou coagulao na prova do lcool,

    quando apresentou acidez titulvel abaixo de 18D e quando o pH foi maior que 6,7. ATabela 2 exemplifica a classificao das amostras com base nos resultados das

    anlises.

    Tabela 2 - Classificao das amostras em funo do resultado das anlises realizadas

    CLASSIFICA OAnlises POSITIVA NEGATIVA DUVIDOSAProva do lcool 78% (coagulao) + + - + - + - -Acidez Titulvel (6,7) - + + + - - - +

    Fonte: CENLAC (2004)

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    3 VARIAO DO TEOR DE PROTENA E OUTROS COMPONENTES DO LEITE ESUA RELAO COM PROGRAMA DE PAGAMENTO POR QUALIDADE

    Resumo

    A variao sazonal da qualidade do leite ao longo do ano conhecida, porm, oefeito desta sobre os programas de pagamento por qualidade tornou-se elementoimportante para os produtores leiteiros. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito davariao da qualidade do leite, atravs do acompanhamento de amostras de leiteprovenientes de tanques refrigeradores. As amostras eram enviadas para o LaboratrioClnica do Leite/ESALQ/USP, de outubro/05 a setembro/06. Foram realizadas anlisesde composio, contagem de clulas somticas (CCS) e contagem bacteriana total. Ascondies climticas foram avaliadas pela temperatura e umidade do ar coletadasatravs de estaes meteorolgicas distribudas em todo o Estado de So Paulo. Comoresultado foram identificados os meses que influenciaram diretamente ou indiretamenteos componentes do leite e assim, a influncia sobre o preo do leite pago dentro de umprograma. A bonificao atingiu valor mdio de 8,5% nos meses de outono. Um dosmais importantes itens relacionados com a penalizao foi a CCS que pode interferir naqualidade dos produtos finais atravs da alterao da proporo de casena/protenasdo soro. Assim o efeito da CCS e da poca do ano devem ser considerados naformulao das tabelas de programas de pagamento.

    Palavras-chave: Sazonalidade; Pagamento por qualidade; Efeitos climticos

    PROTEIN CONTENT AND OTHER MILK COMPONENTS CHANGES RELATED TO

    QUALITY PAYMENT PROGRAM

    Abstract

    The seasonal variation of the milk quality throughout the year is known, howeverthe effect of this within the programs of payment for quality became an importantelement for the milk producers. The objective of this study is to evaluate the effect of thevariation of the milk quality through the observation of milk samples proceeding fromcooling tanks. The samples have been sent for the Clinical Laboratory Clnica doLeite/ESALQ/USP, from October 2005 till September 2006. Analysis of the milkcomposition, somatic cells count (SCC) and total bacterial count have been carried

    through. The climatic conditions have been evaluated by the temperature and the airhumidity gathered through some meteorological stations which are distributedthroughout all the State of So Paulo. After that the months, which have directly orindirectly influenced the milk components and thus which have also influenced the priceof the milk inside of a payment program, have been identified. The bonification reachedan average value of 8,5% in the autumn months. One of the most important itemsrelated to the penalization has been the SCC, which can interfere at the final productquality through the alteration of the ratio casein/serum proteins. Thus the effect of the

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    CCS and the season must be both considered when planning the tables of the paymentprograms.

    Keywords: Seasonability; Payment for milk quality; Environmental effects

    3.1 Introduo

    Considerando o Brasil um pas em desenvolvimento, a produo de leite

    correspondido com esta afirmao com aumento anual de aproximadamente 4 % ao

    ano na mdia dos ltimos 10 anos registrados em 2003, apresentando no ano de 2004

    produo total de 21 bilhes de litros segundo FNP (2004).

    Ao se referir qualidade do leite, deve-se ater principalmente qualidade da

    matria prima que ponto de extrema importncia no processo de insero do Brasil nomercado mundial de lcteos. Essa questo envolve mudana radical nas normas de

    recepo do leite (contagem bacteriana, crioscopia, acidez, clulas somticas, etc.) e

    introduo de normas de origem (refrigerao na propriedade, coleta a granel e

    ordenha mecnica), conforme preconizado no Programa de Melhoria da Qualidade do

    Leite (ALVIM; MARTINS, 2005).

    O termo qualidade do leite atualmente muito utilizado devido importncia e ao

    foco dado valorizao dos componentes do leite na formulao do preo do produto

    pago ao produtor, especialmente para empresas que pretendem ampliar a participao

    no mercado de leite fluido e internacional (ALVARES, 2005).

    A determinao de um leite com qualidade pode ser definida em termos de sua

    integridade, ou seja, livre da adio de substncias e/ou remoo de componentes; de

    sua composio qumica e caractersticas fsicas; e de sua deteriorao microbiolgica

    e presena de patgenos (DRR, 2004). Monardes (1998) ainda destaca que a

    qualidade do leite tambm est relacionada a caractersticas organolpticas (odor,

    sabor, aspecto).

    Existem iniciativas governamentais visando padronizar e melhorar a qualidade do

    leite, como a implantao de normas nacionais de padres de qualidade do leite,

    determinadas pelo Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite, do Ministrio

    da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (RIBEIRO et al., 2000) que compem a

    Instruo Normativa 51 j em vigor (BRASIL, 2002).

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    As indstrias de grande porte, no incio da dcada de 90, passaram a

    estabelecer novos requisitos para o recebimento do leite, vinculando a remunerao ao

    produtor justamente com a qualidade da matria-prima, com intuito de instituir de forma

    progressiva o pagamento diferenciado do produto de acordo com sua qualidade.Em contrapartida, com a iniciativa do governo atravs do Programa Nacional de

    Melhoria da Qualidade do Leite, algumas indstrias iniciaram a implantao de

    programas de pagamento por qualidade, como instrumento para incentivar o produtor a

    buscar pela melhoria de seu produto e, indiretamente, para obter melhor rendimento

    industrial. Alm do pagamento de bonificaes pelo leite de alta qualidade, podem ser

    utilizadas penalizaes para o leite de baixa qualidade. Esses programas tm sido

    ferramentas poderosas para motivar os produtores a melhorar a qualidade do leite cru.Em geral, os incentivos por qualidade variam entre as indstrias ou cooperativas, mas a

    contagem de clulas somticas, a contagem total de bactrias, a ausncia de resduos

    de