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{1 [EDIçãO 11 | JUNHO 2014] www.psicobela.com.br [EDIçãO 11 | JUNHO 2014] www.psicobela.com.br Mira Graçano EM SUA MELHOR MATÉRIA na poltrona Mira Graçano NOVIDADE ! Bela Estante Amor de Mãe, de mãe moderna. Amor de Mãe, de mãe moderna.

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Navegamos no mês de junho, em que celebramos o amor, tempo em que a natureza se recolhe aconchegando-se no outono. E já é metade do ano, e a vida vai seguindo, e para que siga de forma agradável, menos sofrida e mais desenvolvida, vale dedicarmos atenção ao fundamental e sublime exercício do amor, do amor de mãe. Papel que fundamenta muitos outros.

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Mira GraçanoEM SUA MElhOR MATÉRIA

na poltrona

Mira Graçano NOVIDADE !

BelaEstante

Amor de Mãe,de mãe moderna.Amor de Mãe,de mãe moderna.

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TRA-0009-12 AN LIGHT 21x27,7.indd 1 3/28/12 9:02 AM

Navegamos no mês de junho, em que celebramos o amor, tempo em que a natureza se recolhe aconchegando-se no outono. E já é metade do ano, e a vida vai seguindo, e para que siga de forma agradável, menos sofrida e mais desenvolvida, vale dedicarmos atenção ao fundamental e sublime exercício do amor, do amor de mãe. Papel que fundamenta muitos outros.

O tempo que passa com pressa carrega desafios e os deposita em nossas mãos. É com você mamãe....e agora?

Quando carregamos nossos bebês no útero as promessas de vida futura são suficientes para colorir nossa face e iluminar nossos sonhos. Mas quando chegam, trazem além da alegria o desafio de nos tornarmos mães. Mães suficientemente boas, nem excepcionais, nem infalíveis, nem mãe com superpoderes.

Temos um filho uma filha, ou filhos e filhas. Isso muda inexoravelmente nosso destino. Aumentam nossos papéis e não nos tira nenhum outro. Ainda somos mulheres, filhas, profissionais, esposas, irmãs, amigas...

Como podemos dar conta de tudo, como encontrar alternativas funcionais, saudáveis. Como conduzir

editorial

Maria MartaCRP 08/07401

nossos rebentos a tornarem-se pessoas de valor e seguirem uma trilha de sucesso?!

Dividir, compartilhar as alegrias e agruras desse papel e de outros da vida de uma mulher faz toda a diferença. Por isso essa edição nasceu para isso: refletir, dividir e apoiar a mulher em seu importante papel de mãe.

Na crônica de Luciana Chemim, o amor e a dor se fundem numa HOMENAGEM ao menino Bernardo.

Nossos colaboradores dão ricas e úteis dicas para o dia-a-dia e nossa capa brinda o mês com a presença da competente profissional e dedicada mãe Mira Graçano, que abre o coração e nos conta sua maneira de ser mãe e profissional, duas atribuições inseparáveis da mulher moderna!

E estamos estreando nossa “Bela Estante”, com sugestões de leitura relacionadas ao tema pra enriquecer seu repertório comportamental.

Aproveite porque tudo que aqui está foi pensado pra você!

Um beijo,

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nestaedição

nº 11 { junho 2

014 }

Na Poltrona

[exp

edie

nte] Direcão geral: Psicóloga Maria Marta Ferreira

[CRP 08/07401] Projeto editorial: Clecyo de Sousa [clecyo.com]Sistema web: Projetual

Psicobela é marca registrada na República Federativa do Brasil, através do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e do Instituto Nacional da Propriedade Industrial - INPI. | ® 2013 – Todos os direitos são reservados.

Novos rumos, e novas relações de uma mãe...7Maria Marta

Amor em período integral11

Luciana Chemim

Mira Graçano

Famílias atuais22Joice

Goveia

Receitas práticas que as crianças adoram!25Michele

Chibior

Um ponto de equilíbrio34Roberte Metring

A Fé no amor31Jeanine

Rolim

Rua Dom Alberto Gonçalves, 66 | Mercês - Curitiba/PR(41) 3015-8818 | (41) 9186-1464

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Como saber se seu filho está “viciado” em internet?28Marcos Meier

psicobela.com.br @mariamartaferreirapsicobela.saudeemocional [email protected]

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espiritual

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Amor de Mãe,de mãe moderna.Amor de Mãe,de mãe moderna.

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Encontros com ricas trocas para discutir o amor durante o ano todo.

Nicole Gulin, Maria Marta Ferreira, Mira Graçano, Ana Maria Camargo e Thais de Amorim Yaniki.

Acompanhe nas redes sociais e no site www.anacamargo.com.br

a programação mensal e conheça mais sobre este empolgante projeto.

Mensalmente você tem um bate papo na companhia dos autores da Agenda 12X12.

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Novos rumos, e novas relações de uma mãe...

Se as mães são modernas é porque os tempos também são.

Se no passado uma mulher sofria demasiadamente com a

ideia de separação, visto ficar “mal vista” na sociedade, em

dias atuais essa é uma realidade bastante comum.

Maria MartaRElAcIONAMENTO

A cada dia as famílias se organizam em novas estruturas e vale dizer que isso não significa que a instituição família está fadada ao fracasso. Continua sendo fundamental. No entanto novos arranjos se formam e podem funcionar muito bem, desde que haja diálogo, compreensão, e respeito.

A base disso inicia-se no compromisso de superar as dores individuais sofridas na relação com o pai de seus filhos. Isso vale também para os pais, mas como essa edição é dedicada as mães sublinhemos a relação da ex esposa, sempre mãe, com o ex- esposo, sempre pai.

Infelizmente as histórias de separação nem sempre são finalizadas de forma amistosa e civilizada. Temos exemplos de situações lamentáveis, que podem até não ganhar o status de alienação parental que é quando o genitor induz e conduz a criança a um afastamento de um dos pais, mas passa bem perto.

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Às mães que cuidam de suas crianças em grande parte do tempo é necessário gerar uma rotina, um relacionamento, constantemente incentivado ao respeito e admiração com o ex marido e sempre pai da sua criança. É fato que há pais que estão longe de cumprir um papel adequado como pai, mas até esses precisam que suas imagens sejam preservadas e a relação incentivada. Isso exige muito esforço da mãe, mas vale a pena. Mais tarde seus filhos saberão por conta própria o pai que eles têm e que façam eles mesmos seu julgamento. Essa tarefa não cabe às mães.

Acordos claros de como proceder em determinadas situações facilitam a relação e confere estabilidade emocional a criança, um direito básico dela.

Outro cuidado especial está nas relações amorosas que a mãe vai viver após a separação. Mãe e filhos compõem uma estrutura familiar que precisa ser preservada. Assim, é importante que ao viver seus relacionamentos seja cuidadosa com a criança no sentido de não gerar expectativas, sentimentos de culpa ou competição entre o pai da criança e o namorado. E caso a criança tenha um pai ausente, vale incentivar a relação da criança com o parceiro, mas forçar uma relação paternal deve estar fora de cogitação.

É necessário construir uma relação suficientemente satisfatória

com o pai da sua criança, especialmente porque ela precisa e merece sentir-se

protegida e amada. Pais maduros que conseguem lidar com suas dores e não projetar na vida do outro suas

insatisfações, conseguem esse equilíbrio.

Sim, pode ser que essa mãe não tenha escolhido a separação, que ainda ame seu ex e sofra com o fato do casamento ter terminado. Isso pode se agravar ainda mais, quando há uma terceira pessoa, ou seja o ex está num novo relacionamento.

Nada disso é fácil, mas precisamos lembrar que somos adultos e podemos suportar nossas dores e curar nossas feridas. Buscar ajuda, se revisitar, se reeditar e seguir em frente.

Pode ser se dedicando ao trabalho com força total, pode ser se permitindo um novo relacionamento, o importante é que nossos filhos precisam de pais emocionalmente saudáveis, adequados e felizes de preferência.

É necessário construir uma relação suficientemente satisfatória com o pai da sua criança, especialmente porque ela precisa e merece sentir-se protegida e amada. Pais maduros que conseguem lidar com suas dores e não projetar na vida do outro suas insatisfações, conseguem esse equilíbrio.

Pode não ser fácil, e não é. Pode ainda haver raiva e decepção que precisam ser digeridas, trabalhadas. Mas a separação não implica necessariamente um trauma para uma criança, ao contrário quando os pais não conseguem uma convivência saudável é mais prudente a separação que a permanência na relação.

No entanto a permanência da união das pessoas da relação como pai e mãe é fundamental e vitalícia. O respeito, a educação no trato com o ex e sua nova parceira é importante. Não somos donos de ninguém e as pessoas tem o direito de refazerem suas vidas.

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{Maria Marta}Psicóloga [CRP 08/07401][email protected]

Há casos de separação em que a mãe vivia um relacionamento heterossexual e passa a relacionar-se após a separação com pessoas do mesmo sexo, assumindo uma relação homoafetiva. Nesses casos o processo deve ser o mesmo que ocorre em qualquer relacionamento, e respeito e diálogo extras para evitar preconceitos.

É preciso critérios, e a criança deve ser apresentada a relações que já estão estabelecidas, para que haja a oportunidade de gerar uma relação de amizade e confiança com a pessoa que passa a fazer parte da vida da mãe. Uma criança emocionalmente saudável, segura, consegue separar bem os papéis, e reservar a cada pessoa um espaço no seu afeto.

Uma criança que é acolhida, valorizada e respeitada pelos pais e também pelos atuais parceiros dos pais, encontram uma condição favorável para seu desenvolvimento, com demonstração de afeto, com diálogo e regras claras a serem adotadas para uma boa convivência.

O amor que uniu um casal, que o fez gerar filhos pode mudar de forma, mas não deve jamais abandonar os frutos dessa relação, mesmo que ela termine.

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Confira mais um lançamento da Kapok

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designArte em metais

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Amor em período integral

Dias desses li um texto que veiculou na net acerca das mães

que trabalham fora e das mães que abriram mão de seus sonhos

profissionais para se dedicarem inteiramente à criação dos filhos.

A autora, uma médica e pesquisadora americana, buscava demonstrar, através de cartas endereçadas à mãe que trabalha fora e à mãe em tempo integral, que ambas fazem o melhor que podem, dentro de suas realidades distintas, para criarem seus pequenos de modo que se sintam amados, protegidos e, mais tarde, seguros pra enfrentar o mundo para além de seus portões.

Achei o texto fantástico porque já estive nos dois lugares.

Já ocupei o lugar da “mãe em tempo integral” nos primeiros anos de vida do meu filho e, confesso, me senti privilegiada por poder participar de cada momento novo, das primeiras palavras, dos

pROfISSIONAlLuciana Chemim

primeiros passos, de suas primeiras descobertas e aventuras. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, eu não estava de “férias”. Apenas estava me dedicando exclusivamente àquela criaturinha linda de olhos azuis que se entregava, diuturnamente, aos meus cuidados. Não havia salário, décimo terceiro, adicional noturno, hora extra, descanso remunerado, promoção ou mesmo reconhecimento social ou familiar. Mas isso não importava. Era bom estar lá, uma pena que eu não pudesse permanecer naquele lugar pra sempre.

Quando decidi também cuidar da minha carreira não o fiz apenas por vocação, nem tão somente por necessidade, mas o fiz também por amor.

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BelaEstante

Em Onde Estão as Moedas, o autor procura instigar o leitor à reflexão e à mudança sobre o processo de assumir sua origem, seu legado familiar e de encontrar, por meio disso, seu lugar no mundo. O texto busca celebrar a vida sem subtrair seu realismo e sua crueza, visando se distanciar de uma psicologia positiva artificial e falar a linguagem da reconciliação e da paz, mostrar o poder do amor e o caminho para integrar e superar as feridas da vida.

Autor: Joan Garriga Bacardi

Editora: Saberes Editora

Desligue isso e vá estudar! – Orientações práticas para os pais.

Do conceituado psicólogo, professor e palestrante Marcos Meier, nasceu de uma compilação de pedidos de ajuda que o autor recebeu de pais e mães ao longo de sua carreira. Baseado em experiências reais, este livro é um poderoso guia prático para melhorar o comportamento de seus filhos e ajudá-lo a ser um pai ou mãe melhor.

Com respostas baseadas na Psicologia e nos princípios da Educação, Marcos Meier oferece orientações de como lidar com cada uma dessas questões e trata também de assuntos atuais relacionados ao uso excessivo da internet, à chegada de um novo irmãozinho, à dificuldade de adaptação em uma nova escola, hiperatividade e bullying.

De forma simples, prática, sensível e sobretudo eficaz, Desligue isso e vá estudar! auxiliará os pais a atuarem com firmeza diante dessas adversidades, estabelecendo limites a seus filhos e criando hábitos saudáveis.

Autor: Marcos Meier

Editora: Fundamento

´A Auto-Estima do seu Filho´ é o resultado da dupla experiência da autora, como profissional e como mãe. A chave da felicidade, da solução possível dos conflitos diários, é a autoconfiança. Um sólido modelo de autoconfiança supõe a ação dos pais, implica

o meio familiar que eles constróem em torno da relação que os une. O livro procura proporcionar orientações práticas, indicações

e sugestões para uma educação melhor e mais valiosas no seio da família, no sentido de criar condições, ao longo de suas vidas, o

melhor de si mesmos.

Autor: Dorothy Briggs

Editora: Martins Fontes12}

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Conciliar as duas missões, mãe e profissional, não é tarefa das mais

fáceis, é verdade. Tampouco consigo separá-las.

É este o sentimento que me move, dentro e fora de casa.

É esse o sentimento que me impulsiona a deixar o aconchego do meu lar para atender o próximo, seja ele um aluno, seja um cliente que precisa de um Habeas Corpus para não ter cerceada sua liberdade de ir e vir ou uma mãe que precisa acionar o judiciário para receber pensão alimentícia de seus filhos.

Conciliar as duas missões, mãe e profissional, não é tarefa das mais fáceis, é verdade. Tampouco consigo separá-las.

Carrego meu filho comigo todas as manhãs, mesmo depois de deixá-lo na escola. Sigo com ele em meu coração apertado pensando numa maneira de participar mais de suas atividades.

Às vezes, entre uma audiência e outra, consigo surpreendê-lo em suas aulinhas de futsal. Quando isso acontece, vejo o melhor dos sorrisos e ainda sou presenteada com o gol mais bonito.

Outras vezes, carrego o trabalho pra casa e o coloco para participar. Sentamos os dois, um de cada lado da mesa, cada um com sua atividade.

Ainda que nenhum dos dois esteja fazendo guerrinhas de almofadas ou sessão cinema com pipoca, procuro fazer com que esse momento também seja de parceria, de afeto, de cumplicidade.

Mas a verdade é que a danada da culpa me acompanha diariamente, ainda que cada escolha minha na carreira priorize a qualidade de vida do meu filho.

E imagino que seja assim com toda mãe que trabalha fora.

Quando termina o primeiro turno, você chega em casa, joga a bolsa num canto e os sapatos no outro, abre a geladeira e pensa no cardápio para o jantar, supervisiona o banho, dá uma conferida nas tarefas, arruma o uniforme escolar para o dia seguinte, brinca de banco imobiliário, gato mia ou jogo da vida, verifica se os dentes estão bem escovados, faz oração e conta histórias até que eles adormeçam.

Então, toma um banho relaxante, se espicha na cama com um bom livro, um romance de preferência e, com um sorriso franco, agradece a Deus pelo dia que passou, pelo trabalho que te permite contribuir para um mundo mais humano e por ter sido agraciada com o maior amor desse mundo.

Porque, afinal, ainda que não se esteja 24 horas por dia fisicamente presente na vida dos filhos, o fato é que toda mãe é amor em tempo integral.

Toda mãe se desdobra em 10, em 100, em 1000 para ser a melhor do mundo, ao menos aos olhos deles e diz a si mesma, inconscientemente e como um mantra, uma frase lindamente cantada por Oswaldo Montenegro: “que meus pecados sejam perdoados, porque metade de mim é amor, e a outra metade, também”.

{LUCiaNa CHEMiM}Advogada e [email protected]

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MiraGraçano

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É fácil ver a Mira, há sempre uma câmera voltada para ela. Microfone a postos, inteligência tinindo e um sorriso capaz de abrir portas de aço. Mas, para “ver a Mira”, mulher, mãe, é preciso mais ouvidos do que olhos e encontrar nessa competente jornalista, uma mãe zelosa e intensamente comprometida com a educação do “seu Thi”.Com apaixonada dedicação ao trabalho, temos a grata satisfação de acompanhá-la em diferentes frentes da comunicação paranaense. Mas sendo o mês do amor, elegemos o amor de mãe para celebrar, por isto esta entrevista não é para falar da profissional Mira Graçano. Está em pauta o seu papel de mãe. Ela que com aguçada competência abre a alma de seus entrevistados no programa Gente.com, hoje Mira, abre a sua alma pra gente.

POR {CLECYO DE SOUSa}

NA pOlTRONA

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Psicobela Digital – Mira, em que momento a maternidade chegou para você, e o que fez com você?

Mira graçano – Eu fiquei grávida quando já estava com a carreira consolidada, aos 34 anos. Mas a demora não foi intencional. Eu não conseguia engravidar e já estava começando um tratamento quando recebi a boa notícia. É claro que a maternidade chegou com um turbilhão de boas emoções. Há anos eu sonhava com o menino Thiago.. queria um menino... e finalmente ele estava a caminho. A maternidade tem um poder de transformação absoluto. A vida passa a ter outro sentido, outros valores. Já ouvi uma frase que vou repetir: não fui eu quem deu à luz, e sim o filho trouxe nova luz para a vida.

PD – A modernidade e a intensa produção de informação geram expectativas altas e pressiona pais e mães quanto ao seu melhor desempenho. Como você ajusta a sua medida de tudo isso e aplica na educação do seu filho?

PD – Essa pressão assusta mas não podemos nos deixar influenciar tanto por ela. Na questão de educação e disciplina , sigo o que creio que Deus tem para nós e o que recebi da minha família. Filho tem que ter disciplina, respeitar limites, saber valorizar as conquistas, sem achar que tudo é fácil. Não gosto de consumismo e uso o diálogo sempre, para tudo. Mas quando há desrespeito, aí não tem conversa. Para isso existem os combinados .. perdas e ganhos. E tento ter sabedoria para disciplinar com amor. Meu filho precisa saber que não aprovo determinada atitude, mas que o amo apesar

de qualquer erro. Neste mês, por exemplo, ele manobrou o carro sem minha permissão ( aos 14 anos ). Provocou um acidente, obviamente, sofreu as consequências.

PD – Você é uma profissional atuante, requisitada e apaixonadamente dedicada ao trabalho. Situação presente na realidade de muitas mães modernas. Embora essa condição seja constante, ainda impera um convite à culpa, que acompanha e divide muitas mulheres, profissionais e mães. Como você tem lidado com essa questão?

3- Na minha infância eu não tinha mãe por perto o tempo todo. Ela ficou viuva com 32 anos e seis filhos. Teve que sair para trabalhar. Então eu lido bem com essa questão. Eu coloquei meu filho numa escola integral para que ele tenha atividades e amigos enquanto estivermos distantes. À noite e finais de semana estamos sempre juntos. Confesso que a correria do trabalho não me causa sentimento de culpa. Não posso dizer o mesmo de outras situações, como por exemplo um segundo casamento conflituoso que causou sofrimento

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Essa questão da educação/guarda compartilha-da tem que ser feita com base em muito acordo. Acredito que a criança não pode ter dois padrões de educação e de valores. O que não pode na casa do pai, tem que valer para a casa da mãe. Caso contrário, não funciona.

também para ele. Neste caso sim, tive que lidar e tratar o sentimento de culpa. Mas amadurecemos com a dor e hoje estamos bem.

PD – Como é a Mira filha?

MG – A Mira filha é uma mineira carregada de saudades!! Minha família mora a mil kms, no interior de Minas Gerais. Eu trato minha mãe por um apelido carinhoso e tenho uma gratidão enorme por tudo que ela fez por mim. Afinal, com seis filhos e viuva, ela não podia financiar meus estudos. Pagava a república onde eu morava com sacolas de verduras e frutas!! É uma mulher linda... admirável!! Sempre será!!

PD – Comum, são mães divorciadas terem a guarda dos filhos? Com mais tempo dedicado ao trabalho e menos presença em casa, qual a sua opinião sobre como compartilhar não apenas a guarda, mas a educação, os impasses do cotidiano na educação deles, com os pais?

MG – Essa questão da educação/guarda compartilhada tem que ser feita com base em muito acordo. Acredito que a criança não pode ter dois padrões de educação e de valores. O que não pode na casa do pai, tem que valer para a casa da mãe. Caso contrário, não funciona. Eu defendo a ideia de que os casais passem por cima de qualquer rixa e diferença em favor dos filhos. Não precisamos transferir para eles as opiniões negativas que tenhamos do pai ou da mãe quando nos separamos. O pai do meu filho optou por outro relacionamento logo que ele nasceu. Foi terrível, mas sempre mantivemos um bom relacionamento. Hoje somos muitos amigos e o Thiago fica feliz. Isso é mais importante para mim do que guardar mágoas.

PD – Imagine uma situação em que você flagre seu filho falando a seu respeito, com um amigo, um familiar. O que você gostaria de ouvir a seu respeito vindo dele?

MG – Se eu flagrasse uma conversa, gostaria de ouví-lo dizer que me admira como mãe. Ele sabe que muitas vezes “pego pesado” . Mas, em off, ele já admitiu que se sente cuidado, protegido. Enfim, gostaria de ouví-lo dizer que se sente um filho Fo

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amado. Já seria o suficiente para eu saber que estou acertando mais do que errando. O mundo aqui fora é pesado. Em casa eles precisam sentir um ambiente de aconchego e amor, por mais que o dia-a-dia não seja fácil para ninguém.

PD – A tecnologia facilita nossa vida, e conecta a gente e nossos filhos a uma rede infinita de possibilidades favoráveis ou não. Você é mãe de um adolescente, qual seu conselho, ou “fórmula” que tem funcionado para capturar a atenção e convívio com seu filho nessa fase. Encontrou? Então conta pra gente, estamos todos “desesperados” precisando saber (rsrs)?

MG – Tecnologia é uma praga, no bom sentido (rsrs). Se deixarmos, eles querem ficar conectados o tempo todo. É uma luta diária estabelecer os tempos, os limites.. enfim. Se eu disser que

é tranquilo, estaria mentindo. Tentei impedir o videogame na chácara e não consegui. Felizmente lá não temos internet e o sinal do celular é péssimo. Dessa forma, conseguimos preservar o convívio em familia. Quem souber de alguma fórmula, me avise que estou afoita para descobrir!!!

PD – Pode compartilhar um momento difícil que atravessou como mãe e também um dos mais felizes?

MG – O momento mais difícil foi logo que meu filho nasceu e eu estava sozinha, longe da família. Felizmente nós conseguimos o apoio de uma cuidadora que veio de Minas e até hoje mora conosco. É o xodó do Thiago. Tenho até ciúmes da Nené!! E os momentos felizes são muitos...amei todas as apresentações na escola, os poemas que ele deixava na minha cabeceira, os gols no

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Bom, a pessoa mais importante nessa trajetória como mãe e pro-fissional , sem sombra de dúvida, é Deus. Nada teria sido possível sem Ele.

campeonato de futebol e amo quando ele faz sobremesas e tenho que ficar fechada na sala esperando a surpresa. Todos momentos simples e apaixonantes!

PD – Muitas vezes conciliar os papéis de mãe e mulher (fora todos os outros) é extremamente desafiador. Infelizmente muitas mães encontram bastantes dificuldades em conciliá-los. O que pensa dessa situação?

MG – Quando é difícil conciliar os papéis temos que buscar parcerias. Foi o que eu fiz e deu muito certo. Essa parceria pode ser com a família, amigos, cuidadoras, enfim... temos que nos virar. Importante é saber dosar e não delegar a outros o papel que é nosso.

PD – As mulheres em suas múltiplas funções são uma espécie de polvo. Apesar das muitas habilidades, é imprescindível contar com o apoio de entes queridos ou profissionais capazes, para tornar possível o exercício competente de tantas funções. Diga o que quiser e para quem quiser sobre aqueles que têm sido importante em sua trajetória como mãe, mulher e profissional.

MG – Bom, a pessoa mais importante nessa trajetória como mãe e profissional , sem sombra de dúvida, é Deus. Nada teria sido possível sem Ele. Como diz um verso bíblico, “toda boa dádiva, vem do alto”. Ele nos capacita, nos corrige com amor e nunca desiste de nós. Isso é fôlego de vida!!

PD – Encontramos em sua página no facebook a frase: O caminho do justo é como luz da aurora. Brilha mais e mais... até ser dia perfeito (Prov.4:18). Poderia nos contar o que essa frase significa para você?

MG – Essa frase significa muito para mim. Sou uma pessoa de fé. Erro como qualquer outra, mas tenho procurado conhecer o propósito do Senhor para a minha vida. É neste sentido que o caminho do justo é como a luz da aurora. Vai brilhanto mais e mais, até ser dia perfeito. O dia só é perfeito quando conseguimos cumprir esse propósito. A missão é diária... a busca é diária. E nenhuma conquista se compara a entrar no centro da vontade de Deus. Posso dizer isso com a experiência de quem já errou... sofreu o dano e hoje quer alcançar a luz da aurora.

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essencialPra VOCÊ

Esporte – Não é meu forte. Ninguém é perfeito

Uma pessoa – Thiago Graçano (filho)

Música – Diversas.. depende do momento.

Uma flor – Margaridas, são exibidas, mesmo em terra seca.

Um filme – Não consigo escolher um só.

Estação do ano – Primavera

Prato preferido – Nhoque da minha mãe.

Um lugar perfeito –O fundo do mar em Fernando de Noronha

Pior pesadelo – Não me lembro

Lazer – Chácara com amigos e cavalgadas em São Luiz do Purunã

Um sonho – Envelhecer com saúde.

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Famílias atuais

As expectativas de sucesso e felicidade, estilo de vida, exigências

de maior profissionalização entre outras mudanças sociais e tecnológicas tiveram grande impacto nas possibilidades de

estrutura familiar. Joice GoveiaEMOcIONAl

Nos últimos trinta anos as mulheres tem buscado cada vez mais espaço de igualdade em condições de trabalho quanto os homens, o que em muitas famílias alterou a premissa do homem/pai ser o único ou principal provedor econômico. Soma-se ainda que as relações amorosas não durem para sempre (e não se forçam para tal) e, em consequência, divórcios e recasamentos já são vistos com maior naturalidade aumentando a complexidade dos vínculos relacionais.

Além disso, vivemos numa era individualista de “seja você mesmo”, na qual as crenças sobre

relacionamentos estão em transformação. Casar não é mais a única maneira de encontrar segurança social e financeira, tampouco é visto como forma exclusiva de ser feliz numa relação. Ao contrário, muitos jovens são encorajados a investir em suas carreiras em primeiro lugar para assumir um compromisso sério apenas quando se consideram em condições de se organizar como adultos. Na mesma proporção, com o aumento do envolvimento com educação especializada e trabalho, cada vez mais ter filhos se torna uma escolha ao invés de consequência natural indiscutível.

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Em essência, “ter filhos” e “papel de pai e mãe” são circunstâncias distintas. Se a sociedade se tornou mais complexa, igualmente aconteceu com a maternidade e paternidade. Antes era fato que a mulher ao se tornar mãe abandonava seus planos pessoais para cuidar e educar os filhos; se tornava mais recatada e com menos ambição pessoal.

Os homens deveriam se tornar provedores ainda mais estáveis suprindo as necessidades materiais da família e carregavam o estigma de “não saber cuidar das crianças”, em geral sendo mais distantes dos filhos. Grosso modo, mulheres dentro de casa e homens fora. Também era fato que apenas um casal heterossexual, com filhos, de classe média e que seguissem a filosofia religiosa dominante fossem dentro de um padrão “correto”. Qualquer opção fora desta premissa “deveria” buscar atendê-la.

Hoje se vê a liberdade da mulher em não ser apenas mãe, mas manter-se ativa profissionalmente e cuidando de si mesma. Ao mesmo tempo, o homem que participa das tarefas cotidianas e educação de seus filhos é muito bem visto. Num ideal, o casal pode distribuir melhor entre si as responsabilidades sobre os filhos aproveitando as facilidades de cada um. Para algumas famílias, por exemplo, o pai tem maior paciência e habilidade

Em meio a tantas possibilidades não é viável determinar um perfil único da

“mãe atual” ou do “pai atual”.

para preparo de refeições e acompanhar atividades escolares, enquanto a mãe tem um papel mais autoritário e organizador.

Também se tornou mais frequente um casal manejar a rotina com filhos de relações anteriores, com ou sem filhos em comum. Existem casos nos quais a família mora próximo a outros familiares contando com a participação ativa de avôs nos cuidados com as crianças. E de qualquer forma, para que os pais possam trabalhar fora alguém precisa atender à criança, o que impulsionou a inserção da criança em creches e escolas cada vez mais cedo. Isto cria uma maior rede de pais (e padrastos, madrastas) e cuidadores, permitindo aos pais manterem planos e rotinas individuais de trabalho e contato social.

Em meio a tantas possibilidades não é viável determinar um perfil único da “mãe atual” ou do “pai atual”. O que se observa é um aumento na liberdade e desafios impostos por esta escolha. Não há transformação maior na vida de uma pessoa como ter filhos, o eixo de responsabilidade biopsicossocial muda, se cria uma estrutura familiar e um vínculo de responsabilidade e pertencimento.

A mãe atual, antes de tudo é mulher. O que não parece mudar, no entanto, é o amor e a doação necessários e exigidos para ser mãe.

{JOiCE GOVEia}Psicóloga [CRP 08/1141][email protected]: [41] 3023-9372 – [41] 9925-8561

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Como essa edição é dedicada às mamães modernas e muitas delas não são muito versadas na arte culinária, pedimos para nutricionista Michele Chibior sugerir receitas gostosas, saudáveis e práticas que mesmo mamães com agenda cheia podem fazer e aproveitar junto com seus pimpolhos. Bom apetite!

PIPOCA DE MICROONDAS SAUDÁVEL

Pipoca é um alimento muito rico em fibras, que fazem muito bem a saúde, como regular o trânsito intestinal, melhorar a saúde cardiovascular e auxiliam no controle do colesterol. Para ficar mais interessante, o ideal é fazer a pipoca sem óleo e sal! Ou usar pouquíssimo sal!

Em um recipiente alto que possa ir ao microondas, coloque 5 colheres (sopa) de milho para pipoca, 5 colheres (sopa) de água. Misture bem, tampe com filme plástico e faça 4 furinhos para sair o vapor. Leve ao micro-ondas em potência máxima. O ideal é que o recipiente seja de vidro para que o papel filme fixe-se ao recipiente.

Leve ao microondas em potência alta, por 6 minutos. Somente depois de 4 minutos as pipocas começam a estourar. Quando o intervalo entre um estouro e outro começar a ficar mais longo, pare o microondas para não queimar as pipocas já estouradas.

Receitas práticas que as crianças adoram!

Michele Chibior

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PIPOCA EM PACOTE DE PÃO

Bem parecida com a outra receita, coloque o milho para pipoca em um pacote de pão, dobre a abertura, e coloque no micro-ondas. Tenha o mesmo cuidado que na outra receita. Vai parando o micro-ondas para verificar como está o milho, até que você saiba quanto tempo leva no seu microondas.

Misture todos os ingredientes com a mão. Modele-os em formato circular ou em formas divertidas.

Você pode congelar e sempre ter à mão uma opção saudável. Para servir, prefira assá-los.

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HAMBÚRGUER CASEIRO

Hambúrguer é uma receita deliciosa! O problema é quando são industrializados e cheios de conservantes, aromatizantes, realçadores de sabor e outros ingredientes que nem precisam estar ali!

Segue receita: 500g de carne moída; 4 colheres de sopa de aveia; 1 cenoura ralada; 3 dentes de alho picado; 1 ovo; sal a gosto; cheiro verde a gosto.

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MILK SHAKE DE MIRTILOS

Mirtilo é uma fruta pouco consumida. Riquíssima em nutrientes, também comumente conhecida como blueberry e vendida na forma congelada. Fornece vitaminas A, C, E e minerais como potássio, cobre, ferro e zinco.

Doce e deliciosa, essa é uma das bebidas mais saudáveis para a saúde de seu filho. Para ter mirtilos o ano todo, na época, compre em quantidade e congele.

Ingredientes: 25g de amêndoas deixadas de molho em água de véspera e depois escorridas; 250g de mirtilos; 1 banana pequena; 150 ml de leite.

Bata todos os ingredientes no liquidificador até ficar homogêneo. Rende 4 porções.

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{MiCHELE CHibiOr}Nutricionista da Nutritiba - Nutrição e Coaching para Emagrecimento.

GELATINA DE ROMÃ

A criançada adora gelatina! O problema é que aquelas de caixinha vêm cheio de corantes, aromatizantes e companhia, nada de natural!!! Segue uma receita natural com suco de romã, excelente para combater os danos causados pelos raios solares.

Ingredientes: 1 e ½ xícara de água

500 ml de suco de romã (tem uma marca de suco de romã em caixinha sem aditivos!!!)

1 xícara (chá) de suco de laranja

2 colheres de sobremesa de ágar-ágar

1 xícara de uvas sem caroço cortadas ao meio

Açúcar demerara a gosto

Em uma panela coloque a água, o suco de romã, o suco de laranja, o ágar-ágar e o açúcar demerara. Mexa até dissolver o açúcar e o ágar-ágar. Em seguida, leve ao fogo para levantar fervura, mexendo de vez em quando. Cozinhe por 5 minutos. Coloque as uvas em um recipiente e complete com a mistura. Leve à geladeira por 3 horas e sirva.

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Marcos Meier

SOcIAl

Quando volta da escola é a mesma coisa? As notas nas provas abaixaram? Quando vocês resolvem sair, ele só concorda se puder levar o tablet? Ele passa mais tempo no quarto do que fazendo qualquer outra coisa?

Se a resposta for “sim” a algumas dessas perguntas, o problema pode ser grave.

Como saber se seu filho está “viciado” em

internet?

A coisa mais importante do mundo para seu filho é estar online? Quando ele acorda, já liga o tablet ou o notebook? Enquanto se arruma pra escola, já verifica se recebeu alguma mensagem?

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Você já prejudicou um relacionamento, seu trabalho, seus estudos ou perdeu oportunidades de trabalho por causa do uso de internet?

O tema da dependência de internet vem sendo estudado por grandes pesquisadores no mundo todo e tem como uma das maiores autoridades mundiais, a Dra Kimberly Yung. Ela propõe um questionário para avaliar a possibilidade da dependência. Se seu filho se encaixar em cinco dos itens abaixo, ele deve ser encaminhado à um terapeuta especializado para realizar um diagnóstico mais preciso, bem como iniciar o tratamento terapêutico adequado para estes casos. Pergunte ao seu filho:

a) Você se sente preocupado com a internet de forma a pensar no que fez na sessão anterior e já está pensando no que fará na próxima vez que se conectar?

b) Você sente necessidade crescente de se conectar à internet a fim de satisfazer esse seu desejo?

c) Você sente que seus esforços para parar, diminuir ou controlar o uso de internet foram infrutíferos?

d) Você se sente inquieto, mal-humorado, deprimido ou irritado quando tenta diminuir ou parar o uso da Internet?

e) Você fica online mais tempo do que tinha previsto ao se conectar?

f) Você já prejudicou um relacionamento, seu trabalho, seus estudos ou perdeu oportunidades de trabalho por causa do uso de internet?

g) Você já mentiu para familiares, terapeuta ou outras pessoas para esconder o uso excessivo de internet?

h) Você usa a internet como forma de escapar de problemas ou de aliviar sentimentos de impotência, culpa, ansiedade ou depressão?

(Tradução livre a partir do site da doutora Young: (http://netaddiction.com)

Existem outros sintomas que você pode verificar se estão ocorrendo e que não precisam da resposta dele, basta observar: sono demasiado durante o dia, Irritabilidade, falta de paciência, mau humor constante quando está longe do computador, ríspido nas respostas quando lhe perguntam sobre o excesso de uso de internet, dificuldade de socializar-se em festas familiares, não gosta de sair de casa para nada, baixa no rendimento escolar,

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A terapia na TV. Você nunca aprendeu e se divertiu tanto!

www.falecommaria.com

{MarCOS MEiEr}Psicólogo, educador, escritor e palestrante. Livros e outras informações no site www.meiererolim.com.br

não estuda adequadamente nem faz as pesquisas escolares, ou tarefas de casa. Esforça-se apenas o necessário para não ter que frequentar recuperação de estudos na escola ou aulas de reforço além do horário. Ou seja, cuida para não ter obrigações que o impeçam de ficar no computador. Se você pedir a ele que desligue o computador, isso será transformado em briga e descontrole emocional.

Se você concluir que seu filho já está dependente de internet, procure a orientação de terapeutas que possam ajudar a você e à ele. Não menospreze os sintomas, eles indicam que pode haver problemas sérios.

Cuide apenas para não demonizar a internet ou o computador. Não dá mais pra ficar sem, mas dá para usar com sabedoria.

Esse texto foi adaptado do livro “Desligue isso e vá estudar – orientações praticas para os pais” da Editora Fundamento. Se você quiser aprofundar mais essas questões, incluindo orientações para resolver problemas que ocorrem com quase todas as famílias, essa obra vai te ajudar.

Ao vivo todas as quintas, às 15h30 na TV Evangelizar – CANAL 16,NET – CANAL 13. Reprises aos sábados às 9h30 e segundas às 22h30.

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Começamos dando um nome, uma família, uma casa, uma identidade. E, nesse pacotão de “coisas que você é”, não poucas vezes, damos também a ele uma religião, um caminho espiritual a ser seguido, uma fé.

Comum nos perguntarmos se esse é o certo ou o errado. Somos tão cartesianos! Quem disse que em matéria de filhos acertaremos sempre? Fazemos o que julgamos ser bom a eles, tal qual nos tenha sido. E não obstante, repetimos muito do que fizeram a nós, salvas as ressignificações, as releituras, as aprendizagens que os anos nos trouxeram e que, graças a Deus, nos fazem mudar!

Nada nesse mundo vem tão pronto. Um filho então, ah que criaturinha mais inacabada, na verdade apenas começada ali bem dentro da barriga da mãe. Mas então quando nasce, nós, os supostamente adultos da relação, logo nos dedicamos ao tal “acabamento”...

Jeanine Rolim

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A fé no amor

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Muitos batizam ainda bebê os filhos, outros preferem dar a eles o direito de escolher a sua própria fé, quando a maturidade lhes permitir. Melhor esse ou aquele caminho, não importa. Apenas aos pais e seus filhos cabe tal grau de cumplicidade, é outorgada tamanha autoridade e, oxalá em muitos casos, apenas a eles é possível a liberdade. Liberdade de dizer aos já não tão pequenos rebentos sobre a sua própria escolha do caminho espiritual a seguir, sem medos, sem amarras. Mas com a leveza de declarar aquilo em que acredita e porque acredita, sem imputar ao outro aquilo em que deve acreditar.

É profundo demais, é puro demais. Não é tão simples como definir a escola em que eles estudariam quando tinham 6 anos. Já não moram na barriga da mãe ou sob as asas do pai. Hoje eles pensam, sentem, percebem, acreditam (ou não). A nós, os tais adultos, cabe a sabedoria do mostrar em e com amor aquilo que nos traz a paz ao coração e docemente convidá-los a, conosco, crer. Exigir jamais. Não seria um gesto de quem ama, e a fé nada é sem o amor.

Ame-os também com a dádiva da liberdade e isso certamente lhes será por testemunhal da legitimidade da sua fé. Talvez naqueles dias de dor, eles corram a você como um referencial de alguém que sabe a Quem clamar. Mas talvez não. E aí, o seu amor encobrirá as diferenças.

Dê a seu filho uma semente de fé. Ajude-o a regá-la, cultivá-la e a cuidar dela até que uma árvore surja. Depois disso, ele poderá meditar à sombra dela, descansar, fazer ali sua morada ou simplesmente deixa-la ali. Essa decisão só cabe a ele, mas se a decisão for pela moradia, é melhor que a árvore exista. E foi você quem a “iniciou”.

Dê a seu filho uma semente de fé. Ajude-o a regá-la, cultivá-la e a cuidar dela até que uma árvore surja. Depois

disso, ele poderá meditar à sombra dela, descansar, fazer ali sua morada

ou simplesmente deixa-la ali.

{JEaNiNE rOLiM }Palestrante e escritorawww.meiererolim.com.br

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Um ponto de equilíbrio

Roberte Metring

fINANcEIRO

A revolução industrial, com a inserção de máquinas de produtividade acentuada, começou a gerar mais produtos do que se consumia, portanto, houve uma inversão no processo, ou seja, agora, com uma quantidade maior de produtos, e para não ocorrer destes ficarem estocados e das máquinas ficarem ociosas (já que isso geraria custos e diminuiria a quantidade de dinheiro no bolso dos industriais), era necessário formar consumidores, de preferência vorazes.

Desconsiderando as questões temporais mais elaboradas, tivemos mais ou menos à mesma época, o desenvolvimento de investigadores, que mais tarde passaram a ser chamados de profissionais do marketing, que começaram a elaborar protocolos de pesquisas muito eficientes, buscando informações sobre as necessidades e desejos das pessoas, e, com estas informações, informar às indústrias sobre os produtos a serem desenvolvidos, que mais tarde seriam apresentados (na verdade “jogados na cara”) aos consumidores, por várias vias de propagandismo.

Até o advento da revolução industrial as pessoas produziam

o que necessitavam para sua sobrevivência, sustento, economia

ou tributos (sim, isso é antigo).

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Assim passamos a receber, quase que diariamente a principio, e de minuto em minuto no presente, propagandas de produtos e serviços que nem supúnhamos serem necessários, e começamos a pensar em como é que vivemos sem a presença desses em nossas vidas. Claro, estou falando na posição de alguém que, por questões etárias, pôde acompanhar um pouco desse processo revolucionário de onde o ser humano saiu da condição de um produtor para suprir suas necessidades, para um sujeito cheio de necessidades necessitando de tudo o quanto puder ser produzido.

No entanto, a camada mais jovem da sociedade já não está consciente de como o processo foi realizado, e vem nascendo já envolvido por um caprichoso serviço de implantação de necessidades emergentes (sim, emergentes, todo dia precisam de alguma coisa nova para sobreviver), principalmente nos grandes centros, e em menor proporção, em lugares interioranos, porém, não mais isentos de tal ardiloso mecanismo.

Os pais mais jovens e as crianças atuais estão cada vez mais necessitadas de coisas que nem supunham ser necessárias. Pais e mães precisam trabalhar cada vez mais para suprir os gastos básicos, e os gastos de marketing. Desta forma, cada vez sobra menos tempo para suas crianças, o que vem acompanhado de sentimento de culpa porque os

mecanismos de compensação afetiva não estão sendo utilizados adequadamente, necessitando de outro mecanismo de compensação, agora com matéria concreta, através de objetos e de serviços complementares, tais como shoppings, salas de games, games, celulares, tablets, e todo tipo de parafernália eletrônica, viagens (na maioria das vezes para lugares mercantilizados previamente) etc.

Num mundo mecanicista, e cada vez mais perigoso (criminalidade, sequestros, etc), o aparecimento da tecnologia resolveu alguns problemas, pois podemos ficar em casa presos a algum instrumento, ou fechados em algum lugar “seguro”, como um shopping, por exemplo, verdadeiro paraíso do marketing e do consumo. Dessa forma se esvaziaram os parques, as praças, os passeios, as brincadeiras nas árvores, nos matos, na praia, e assim por diante, e a galinha passa a ser um pedaço de carne que nasce na prateleira do supermercado. E, ao mesmo tempo que nos sentimos úteis por poder “dar” do melhor e mais atual brinquedinho, também nos afastamos afetivamente, pois na maioria das vezes os “brinquedinhos” afastam a socialização, fazendo com que pais e filhos não consigam mais interagir em igualdade de condições, e não raro, fazendo com que as próprias crianças e adolescentes não se permitam mais a aproximação física real, vivendo num mundo virtual perigoso, e cada vez mais carregado pelo marketing do belo e do novo, e, na sequência a pressão para a aquisição, seja em famílias abastadas ou com poucos recursos (conheço pais e mães que se submetem a verdadeiras torturas sociais e psicológicas para dar conta de atender a demanda fútil de seus filhos para não

Os pais mais jovens e as crianças atuais estão cada

vez mais necessitadas de coisas que nem supunham ser

necessárias.

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causarem “traumas” ou não verem seus queridos entristecidos).

O que fazer então para que esse irreversível processo não se torne uma patologia familiar?

É preciso um pouco de filosofia, de pensamento, de critica, de filtragem. É necessário que os mais velhos entendam definitivamente que a vida humana é feita de afeto contato e problemas a serem resolvidos. Que as modernidades comercializáveis não são e não serão substitutivos dos processos afetivos mais básicos. É necessário que com maturidade possamos decidir o que é

necessário e essencial, do que é supérfluo e fútil.

Sem dúvida, a modernidade nos dá muito mais do que necessitamos, mas ao mesmo tempo, nos permite coisas antes jamais pensadas. Cabe agora perceber quem é que domina quem: eu domino a modernidade ou ela me domina? Qual é meu papel frente ao consumismo e frente àqueles que dependem de mim para serem educados?

As demandas (infantis ou não, já que todos temos uma criança interior) existem e continuarão existindo de forma cada vez mais voraz, isso é tão certo quanto a presença do oxigênio no planeta. É irreversível o papel do marketing incentivando o consumo, apresentando sempre novidades (o cérebro adora novidades e eles sabem disso melhor

que ninguém; todos temos uma criança interior, e eles sabem disso como ninguém; nossas crianças - reais ou interiorizadas - estão ávidas por emoções e prazer, e eles sabem disso como ninguém).

Precisamos, para manter um equilíbrio psíquico e emocional, passar pela peneira todas as oportunidades de consumo. Devemos saber bem qual o objetivo daquilo a que nos propusemos a adquirir, qual a finalidade básica, e tudo o que não tiver uma finalidade útil, dignificante, que incentive à maturação, que estimule a troca pelo simples trocar, que tome o lugar do contato afetivo direto, deve ser pensado bem mais de uma vez antes de ser adquirido ou oferecido, ou simplesmente cedido, já que na maioria das vezes a solicitação já vem pronta, partindo daquele ser já permeado por um efetivo programa de implantação de necessidades (na maioria das vezes, irreais).

Quanto ao absolutamente supérfluo, àquilo que serve só como instrumento de status, poder ou barganha, deixe na prateleira até que você tenha um bom motivo para adquiri-lo, presenteá-lo, e assim por diante. As prateleiras estão cheias deles, principalmente em épocas festivas, e, se você olhar bem, provavelmente fora dessas épocas em suas casas, é só olhar nos armários.

Tudo tem um ponto de equilíbrio, descubra o seu, e eduque àqueles que estão ao seu lado a serem consumidores conscientes, a serem dominadores da novidade e da tecnologia, e não escravos, a serem seres humanos felizes por poderem usufruir de um momento histórico tão rico, e não a serem engolidos e dizimados por ele.

Saúde e paz.

{rObErtE MEtriNG }CRP 08/8758www.psicologoroberte.com.br

Precisamos, para manter um equilíbrio psíquico e emocional,

passar pela peneira todas as oportunidades de consumo.

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Relutei muito pra escrever sobre isso. Gosto de temas leves. Gosto de sentir a alma flutuar. Gosto de ouvir o coração batendo quando começo a teclar.

Mas, o que me chamou ao papel hoje não tem nada de romântico e final feliz.

O que me fez deixar os livros de mestrado de lado é o que me desconcentra, me desconcerta, me tira o sono e me dilacera o coração desde o dia em que soube da história de Bernardo.

O pensamento dói. Sobra indignação, tristeza, revolta e me faltam palavras.

Não sei e, se tudo correr conforme as leis da natureza, benza Deus, nunca saberei a dor de perder um filho.

Não gosto sequer de pensar na possibilidade, ainda que todos os dias os noticiários escritos ou falados nos apontem fatalidades, acidentes e tragédias que aceleram nosso batimento cardíaco e nos fazem nos colocar no lugar do outro.

Mas a questão é que não sabemos o que é o lugar do outro. Não nessas circunstâncias.

No caso do menino Bernardo, assumi a condição de mãe adotiva, e imagino que não fui a única a

Um lar para BernardoLuciana Chemim

sentir a dor dessa perda, como se efetivamente tivessem me arrancado um filho dos braços.

Chorei pelo menino órfão de pai e mãe.

Chorei por pensar que ele poderia ter vivido uma vida feliz em sua curta passagem pela terra. Chorei pela impotência dos vizinhos, amigos, familiares, autoridades e anônimos que nada puderam fazer para impedir um fim tão cruel.

Queria ter atravessado o caminho de Bernardo Boldrini.

Queria ter lhe dado todos os abraços que ele suplicava pelo bairro.

Mas, Bernardo não me conheceu. Como não conheceu nada da vida. Não conheceu a magia dos Natais em família, nem a alegria de comemorar a aprovação no vestibular, a emoção do primeiro amor, o baile de formatura, o batimento cardíaco descompassado ao ver entrar na Igreja a mulher da sua vida.

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Homenagem

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Bernardo não teve tempo de curar suas dores emocionais sendo um bom pai para seus filhos e assim poder se libertar de todo círculo de ódio, ciúme e desamor que rondaram sua pequena existência.

Não teve tempo de sair daquela história doente e fazer a dele ser diferente.

Bernardo apenas quis. Sonhou com a família do vizinho, com quem partilhou os almoços, as brincadeiras, o afeto e o tempo que lhe foram roubados.

Bernardo quis um pai a quem chamar de herói, especialmente quando sua mãe virou uma estrelinha no céu.

Bernardo quis correr. Quis sonhar. Quis jogar futebol com os amigos da escola. Quis ver seu pai apitando o jogo e se gabando para os amigos de ter o melhor artilheiro do time como filho. Quis ver na plateia a irmãzinha sorrindo enquanto ele apresenta seu primeiro solo de guitarra. Quis pegar a maior onda nas praias de Santa Catarina. Quis conhecer o mundo de mochila nas costas. Quis namorar a menina mais linda da escola.

Bernardo quis um uniforme escolar novo. Quis ganhar uma camisa com o nome do Neymar nas costas. Quis fazer sessão cinema na sala e espalhar pipoca pelo sofá. Quis andar de bicicleta, fazer guerrinha de lama e de travesseiro.

Bernardo quis a mão de seu pai no meio da noite quando acordou sobressaltado por um pesadelo. Quis ir para parques de diversão e se lambuzar de sorvetes.

Quis sentar no tapete do quarto e desenhar para sua irmãzinha. Quis desesperadamente acordar e saltar para o colo de sua mãe, sabendo que lá encontraria o afeto que lhe foi renegado pelo pai.

Não consigo entender. E estou certa de que Bernardo, em sua tenra idade, talvez também não conseguisse. Podia não compreender o incompreensível, mas sabia-se rejeitado, humilhado, colocado pra escanteio no jardim da casa que um dia chamou de lar.

Bernardo não pediu socorro. Pediu afeto. Suplicou por uma família. Mendigou a atenção daquele que deveria ser seu herói, seu melhor exemplo.

O que me feriu a alma foi que esse “pai” ouviu os apelos do filho, teve a oportunidade de mudar a história do Bernardo, ainda que escolhe-se abandoná-lo para que este pudesse ser feliz com outra família ou mesmo tentasse a sorte numa instituição de acolhimento.

Bernardo não teve essa chance.

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Acreditou na bondade daquela que, na ausência prematura de sua mãe, deveria afagar-lhe os cabelos enquanto assistia cartoon na sala de TV.

Ainda não consigo dormir direito.

Tenho um filho com a mesma idade de Bernardo e não consigo sequer pensar na possibilidade de perdê-lo.

Há dores dilacerantes, mas essa é impensável, indizível, intraduzível. O coração rasga o peito. Os olhos sangram. A vida sobrevive.

Mas o que eu não consigo entender mesmo é o que leva um pai ou uma mãe a anular um filho por um novo romance.

Não entendo e também não aceito.

Não acredito que haja amor quando uma criança precisa ser excluída para que o casal viva em harmonia.

Diga-se de passagem, é uma heresia escrever a palavra amor pra falar sobre uma história como essa.

Não sei que fins terão os autores dessa brutalidade.

Não há pena que apague os anos de desprezo que Bernardo viveu.

Não há prisão que restabeleça a consciência de um “pai” que aniquilou o próprio filho para atender aos caprichos de uma mulher.

Não há sentença que devolva o que nunca se teve.

São infelizes que agora se enclausuram em si mesmos.

Acabarão engolidos por seus egos, atormentados pela memória de tudo que fizeram, enganados pelas mentiras que contaram e sufocados pelas lembranças de tudo que poderia ter sido e não foi.

Voe, Bernardo.

Agora você está livre para ser o que quiser.

Está livre para amar e ser amado.

Para receber todos os abraços que lhes foram negados.

Para deitar no colo de sua mãe e ter a certeza de que você sempre teve um lar.

Um lar que ficava do portão da sua casa pra fora.

{LUCiaNa CHEMiM}Advogada e [email protected]

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