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Curso de Administração Pedro Henrique Fantinelli Florão QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO UM ESTUDO SOBRE A PERCEPÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO DA MEDICINA OCUPACIONAL DO GRUPO PRÓ-SALUTE Caxias do Sul, Novembro de 2015

Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

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Page 1: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

Curso de Administração

Pedro Henrique Fantinelli Florão

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO – UM ESTUDO SOBRE A

PERCEPÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO DA

MEDICINA OCUPACIONAL DO GRUPO PRÓ-SALUTE

Caxias do Sul, Novembro de 2015

Page 2: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

Pedro Henrique Fantinelli Florão

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO – UM ESTUDO SOBRE A

PERCEPÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO DA

MEDICINA OCUPACIONAL DO GRUPO PRÓ-SALUTE

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado à Faculdade da Serra Gaúcha

– FSG como parte das exigências do Curso

de Administração para obtenção do título

de bacharel.

Prof. Me. Adm. Fabio Teodoro Tolfo Ribas

Caxias do Sul

2015

Page 3: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

Pedro Henrique Fantinelli Florão

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO – UM ESTUDO SOBRE A

PERCEPÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO DA

MEDICINA OCUPACIONAL DO GRUPO PRÓ-SALUTE

Trabalho apresentado e aprovado pela Banca Examinadora

em (dia) de (mês) de (ano).

______________________________________________

Nome e Titulação

______________________________________________

Nome e Titulação

______________________________________________

Nome e Titulação

Page 4: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha mãe, à equipe do

restaurante “Massas Da Nona”, aos meus

fiadores, às minhas amiga, Gabriella Lorusso,

Francisca de Sales Perini e Ana Caroline

Barboza, ao professor Horácio Francisco

Rodriguez Fleitas, e a todos os que

acreditaram, apostaram e conspiraram ao meu

favor quando eu não fui capaz de confiar em

mim mesmo, nem reunir forças para continuar.

Não teria chegado aqui sem vocês, pelo resto

de meus dias, terei uma grande e impagável

dívida moral com vocês.

Page 5: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu orientador, Fabio Teodoro

Tolfo Ribas, pelo apoio que me prestou

durante a elaboração deste trabalho. Agradeço

também ao corpo docente da FSG, do período

de 2011/1 à 2015/2. Mais do que professores,

foram grandes amigos. Um agradecimento

especial à equipe da medicina do trabalho do

Fátima, e sua gerente, Cilce Fernandes por

colaborar com a execução desta pesquisa.

Page 6: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

RESUMO

A qualidade de vida no trabalho é um assunto que vem tornando-se cada vez mais importante

para as organizações no mundo moderno. O presente trabalho buscou identificar a percepção

de qualidade de vida dos funcionários da medicina do trabalho do grupo Pró Salute. Como

principais referências científicas sobre este assunto foram citados, Afzal et al (2012,

Fernandes (1996), Pardee (1990), Pérez-Ramos (1990), Pedroso, Pilatti e Silva, (2010) e

Neto, Pires e Sciarpa (2007). Foi utilizado uma abordagem qualitativa e quantitativa com a

aplicação do questionário WHOQOL-BREF, desenvolvido pela OMS (Organização Mundial

da Saúde). Os dados estatísticos levantados por meio do questionário fechado foram

complementados de forma qualitativa por uma observação participante aberta. Os resultados

apontam para a existência de uma percepção positiva por parte dos funcionários acerca de sua

qualidade do trabalho. O domínio com melhor avaliação foi o domínio social Fica

possibilitado à administração do objeto de estudo, a partir deste trabalho, gerir este importante

aspecto do dia-a-dia das atividades profissionais dos colaboradores.

Palavras-Chave: Qualidade de Vida no Trabalho. Gestão de Pessoas. Recursos Humanos.

Page 7: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

ABSTRACT

Quality of working life is a subject that is becoming increasingly important to organizations in

the modern world. This project sought to identify the perception of quality of working life of

the employees of the occupational medicine of the Pró Salute group. The main scientific

references used about this topic were Afzal et al (2012), Fernandes (1996), Pardee (1990),

Pérez-Ramos (1990), Predoso, Pilatti and Silva, (2010) and Neto, Pires and Sciarpa (2007). A

joint quantitative-qualitative approach was employed, with the application of the WHOQOL-

BREF questionnaire, developed by the WHO (World Health Organization). The statistic data

obtained through use of the questionnaire was complemented qualitatively by an open

participant observation. The results point to the existence of a good perception by the

employees of their quality of working life. The domain with the best evaluation was the social

domain. It is now possible for the object of study’s administration to manage this important

aspect of the employee’s day-to-day professional activities.

Keywords: Quality of Working Life. Human Resources Management. Human Resources.

Page 8: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Critérios e subcritérios do Modelo de Walton........................................................26

Quadro 2: Perfil Sócio cultural.................................................................................................35

Quadro 3: Estado Civil dos Respondentes................................................................................35

Quadro 4: Escolaridade dos Respondentes...............................................................................36

Quadro 5: Análise Geral dos Resultados Obtidos por Domínio...............................................37

Quadro 6: Resultados do Domínio das Relações Sociais.........................................................38

Quadro 7: Percepção Geral da Qualidade de Vida dos Respondentes......................................39

Quadro 8: Resultados do Domínio Psicológico........................................................................40

Quadro 9: Dados do Domínio Físico........................................................................................43

Quadro 10: Perguntas e Pontuações do Domínio Ambiental....................................................46

Page 9: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

9

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

OMS – Organização Mundial da Saúde

PCMSO – Programa de Controle Médico da Saúde Ocupacional

PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

QVT – Qualidade de Vida no Trabalho

RH – Recursos Humanos

WHOQOL – World Health Organization Quality of Life

Page 10: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

10

SUMÁRIO

1INTRODUÇÃO......................................................................................................................11

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICOS.......................................................................................13

2.1 A História da Gestão de Pessoas.........................................................................................13

2.2 A História da Gestão de Pessoas no Brasil.........................................................................14

2.3 A História da QVT..............................................................................................................15

2.4 Teorias Motivacionais.........................................................................................................17

2.4.1 Teoria das Necessidades de Maslow................................................................................18

2.4.2 Teoria de Dois Fatores de Herzberg.................................................................................19

2.4.3 Teoria das Necessidades Sociais de McClelland.............................................................21

2.5 Conceito de Qualidade de Vida no Trabalho......................................................................23

2.6 Modelos de QVT.................................................................................................................24

2.6.1 Modelo de Walton (1973)................................................................................................24

2.6.2 Modelo de Hackman e Oldhan (1974).............................................................................26

2.6.3 Modelo de Westley (1979)...............................................................................................27

2.6.4 Modelo de Nadler e Lawler (1983)..................................................................................27

2.6.5 Modelo de Eda Fernandes (1996)....................................................................................28

2.6.6 Abordagem Biopsicossocial e Organizacional (1996).....................................................29

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS..........................................................................31

3.1 Métodos de Pesquisa...........................................................................................................31

3.2 Delimitação da população ou do objeto de estudo e amostragem......................................32

3.3Técnicas de coleta de dados.................................................................................................32

3.4 Técnicas de Análise de dados.............................................................................................33

4 ANÁLISE DOS DADOS ...................................................................................................... .34

4.1 Perfil Predominande da Amostra........................................................................................34 4.2 Questionário WHOQOL e Análise Geral dos Resultados Obtidos.....................................35

4.2.1. Domínio das Relações Sociais........................................................................................36

4.2.2 Domínio da Percepção Geral...........................................................................................38

4.2.3 Domínio Psicológico........................................................................................................49

4.2.4 Domínio Físico.................................................................................................................42

4.2.5 Domínio Ambiental..........................................................................................................45

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................53

REFERÊNCIAS........................................................................................................................55

APÊNDICE A – Questionário para Determinação do Perfil Sociocultural da Amostra..........59

ANEXO A – Questionário WHOQOL-BREF (ADAPTADO)................................................60

Page 11: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

11

1 INTRODUÇÃO

As mudanças no panorama organizacional advindas de fatores de instabilidade como a

globalização, a disseminação da tecnologia, e as mudanças socioculturais ocorridas com a

revolução industrial, e inclusive com o advento da era da informação, tem colocado cada vez

mais ênfase no capital intelectual da empresa como uma forma de obter-se alavancagem,

inovação e vantagem competitiva. Este capital intelectual, contudo, possui necessidades que

devem ser atendidas pela organização, afim de em um primeiro momento reter esta capital, e

em seguida, fazer com que este agregue valor a empresa.

Apesar das organizações terem mostrado maiores preocupações acerca do que fazem

para o seu funcionário, em termos de qualidade de vida, muitas ainda tem ignorado o impacto

que a satisfação do colaborador com a qualidade de vida no trabalho tem na performance

deste, e no resultado final. É justificável então que as corporações do mundo pós-industrial

venham a demonstrar uma maior preocupação no que tange as variáveis intangíveis que

afetam o capital intelectual, de forma a possibilitar que o sistema organizacional consiga atrair

e reter o capital humano necessário conforme suas necessidades. Em um segundo momento, a

gestão destes aspectos, como a exemplo da qualidade de vida no trabalho, possibilita que a

organização tenha condições de buscar alavancagem e competitividade em fatores internos,

não ficando à deriva, dependendo então das mudanças dos fatores externos.

É clara a importância da qualidade de vida no trabalho, dessa forma o problema de

pesquisa é: qual percepção de qualidade de vida no trabalho, dos funcionários da medicina

ocupacional do grupo Pró Salute? O presente trabalho tem como objetivo geral identificar a

percepção de qualidade de vida do trabalho dos funcionários da medicina ocupacional do

grupo Pró Salute. Para operacionalizar este trabalho, ocorre a divisão deste em objetivos

específicos, sendo o primeiro destes a delimitação do perfil sociocultural dos funcionários do

sistema organizacional em estudo, justifica-se este objetivo devido ao fato de, conforme

literatura científica atualmente disponível, a geração correspondente a cada qual empregado

pertence, possui vieses diferentes quanto à qualidade de vida no trabalho e fatores que possam

vir a impactar a mesma.

Em sequência, devido ao fato de departamento de RH (Recursos Humanos) do sistema

organizacional escolhido não realizar mensurações de qualidade de vida no trabalho, será

realizada então uma pesquisa de QVT (Qualidade de Vida no Trabalho), a ser

operacionalizada através de um questionário fechado. Afim de validar os dados quantitativos

Page 12: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

12

obtidos pelo questionário, será utilizada de uma observação participante de modo à colher

dados qualitativos que ofereçam subsídios para ratificar ou retificar à pesquisa quantitativa,

conferindo maior precisão ao resultado desta.

A empresa que será estudado neste trabalho, teve a sua origem em 1988, fundado pelo

Dr. Virvi Ramos, que além de fundar a prestadora de planos de saúde Fátima, fundou

inclusive o Hospital Virvi Ramos e a Faculdade Fátima, todos integrantes do mesmo grupo. O

surgimento deste grupo organizacional, bem como o braço de negócio de medicina

ocupacional teve por sua justificativa uma necessidade mercadológica, explicitada pelos

empresários de Caxias do Sul e região.

Atualmente, a gestão do grupo é realizada pela diretoria, junto à matriz, os braços de

negócio são empresas separadas, contudo, cada um é de propriedade de algum integrante da

família, desta forma então, a empresa possui certa característica familiar, porém a alta cúpula

tem demonstrando-se preocupada com a profissionalização de sua administração, evidenciada

pela contratação de profissionais para assumir posições de gestão. O braço de negócio

estudado, a medicina ocupacional do Fátima, possui um gerente que se reporta diretamente à

diretoria, tendo autonomia para administrar este negócio.

Todas as tarefas administrativas como comercial, pós vendas, RH, contabilidade,

suprimentos, e TI, estão centralizados na matriz do grupo, deixando então a organização livre

para que possa a concentrar-se em seu core business1 que seria a prestação de serviços de

medicina do trabalho. Atualmente, esta realiza não apenas exames médicos ocupacionais, mas

também elaboração de programas de prevenção de riscos ambientais, programas de controle

médico da saúde ocupacional, e recentemente, um programa de gestão de afastamentos.

Quanto à estrutura deste trabalho, na primeira parte, é apresentada a fundamentação

teórica deste trabalho, onde serão apresentados algumas das principais abordagens sobre

qualidade de vida no trabalho. A segunda consistirá nos procedimentos metodológicos, , as

delimitações do objeto de estudo e as técnicas de coleta e análise de dados. Na terceira parte,

são analisados os dados levantados, e por fim, nas considerações finais, comenta-se o

resultado do estudo realizado.

1 Core Business: Negócio principal. Tradução do autor.

Page 13: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

13

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nos subtítulos abaixo, encontra-se o embasamento científico deste trabalho, conforme

literatura disponível sobre o tema e assuntos relacionados. Inicia-se com uma abordagem

histórica da gestão de pessoas e sua evolução. Explora-se também as teorias motivacionais de

Abraham Maslow, Frederick Herzberg e David McClelland. Em seguida, conceitua-se o que é

qualidade de vida no trabalho e quais os principais modelos de qualidade de vida no trabalho

disponíveis na literatura acadêmico-científica.

2.1 A História da Gestão de Pessoas

Fischer (2002) denomina que a gestão de pessoas tem como principal fonte o

surgimento das teorias organizacionais e o desenvolvimento das organizações empresariais

nos Estados Unidos. A origem da gestão de pessoas pode ser atribuída à criação do

departamento de pessoal, pela empresa NCR Company na década de 1890. A criação deste

departamento na época teve com o seu principal objetivo possibilitar aos gestores da empresa

que fizessem o que modernamente é conhecido como recrutamento e seleção de pessoal. O

papel destes departamentos de pessoal na época era puramente operacional, buscando apenas

o melhoramento dos processos técnicos relativos ao capital humano da empresa, dessa forma

este possuía uma visão mecanicista, onde buscava apenas o aumento da eficiência dos

processos, a redução de custos. Em 1930, os experimentos conduzidos por Elton Mayo,

anunciavam o inicio de uma nova fase para a administração de recursos humanos, uma vez

que este autor acabou por misturar a psicologia e administração, criando então a escola das

relações humanas, rompendo com a filosofia Taylorista em vigor.

Os dados levantados por Fischer (2002) são corroborados por Carvalheiro (2011), que

em seu relatório de estágio curricular afirma que a administração de pessoal até a década de

1940 tinha um viés industrial, sendo marcada pela preocupação única dos aspectos técnicos e

legais, não indo além das práticas de recrutamento, regulação dos salários dos trabalhadores e

das relações com os sindicatos trabalhistas. Os departamentos de pessoal na época então não

se assemelham em nada com o atual cenário da administração de recursos humanos, visto que

neste momento histórico a principal preocupação acerca do capital humano das organizações

era para com a resolução de problemas imediatos, sendo desconhecida qualquer atuação

estratégica dessa área, e muito menos de quaisquer fundamentos teóricos.

Page 14: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

14

Conforme Carvalheiro (2011), a mudança desse padrão de relações industriais, de

visão mecanicista começou na década de 1960. Neste momento, começaram a surgir

preocupações dentro dos departamentos de pessoal acerca do desenvolvimento do capital

humano. Nesse período, o até então departamento de pessoal viria também a ser responsável

pelos sistemas de recompensa em vigor nas organizações, e surgiriam também métodos de

seleção de pessoal. Começar-se-ia a construir inclusive os alicerces da avaliação de

desempenho, bem como preocupações acerca de necessidades futuras de pessoal. A gestão de

recursos humanos como a conhecemos hoje, passaria a surgir apenas em 1980 graças ao

fenômeno da globalização, bem como a inovação tecnológica cada vez mais rápida. As

grandes corporações da época vislumbravam então que o capital humano da empresa era um

recurso inestimável, e que a gestão deste recurso deveria ser levada em conta na visão

estratégica geral.

2.2 A História da Gestão de Pessoas no Brasil

Kops, Silva e Romero (2013) denominam um panorama de como se dava a gestão de

pessoas no Brasil, do momento do surgimento desta no exterior e como se ela se dava no

território nacional. Conforme os autores supramencionados, a população brasileira

concentrava-se na zona rural, até meados da década de 1930, conforme tendência mundial.

Caracterizava-se esta época pela inexistência de qualquer forma propriamente dita de “Gestão

de pessoas” no país, sendo que até então havia os departamentos de pessoal e departamentos

de relações industriais. Os imigrantes europeus, trouxeram em sua bagagem, muito além de

seus pertences e hábitos, outras coisas, sendo possível creditar a chegada destes pela criação

das centrais sindicais.

Contudo, essa época foi marcada pela ausência de uma legislação trabalhista, que

surgiria apenas em 1930, com o governo de Getúlio Vargas e a criação da consolidação das

leis do trabalho, e futuramente, a consolidação das leis de previdência social. Limongi-França

(2003) discorre que no Brasil, as legislações trabalhistas tiveram surgimento tardio, com a

primeira legislação deste campo surgindo em 1919. Esta versava sobre infortúnios de

trabalho, e foi a primeira lei que versava sobre este assunto, muito apesar de haverem

tentativas com objetivos similares, desde pelo menos 1904.

Subsequentemente, Kops, Silva e Romero (2013) classificam que o período entre 1930

a 1950 foi onde começou a surgimento das relações trabalhistas no país, sob o governo de

Getúlio Vargas e o “Estado Novo”. A regulamentação das relações trabalhistas, bem como

Page 15: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

15

avanços na área de previdência social, começaram a moldar o que, segundo Limongi-França

(2003) acabaria por transformar-se em um complexo sistema de leis e decretos, podendo este

ser considerado um dos mais avançados no mundo. Nesta época, ficaram assegurados também

o direito dos operários realizarem greves, conforme a constituição de 1946, surgiam inclusive

nesta época as seções de pessoal, que não passavam de órgãos que geriam as relações legais

entre empresa e empregado, as ações disciplinares para com os empregados, e as sanções que

eram ministradas ao empregado.

Entre 1950 à 1964, ocorreria então a profissionalização dos setores de pessoal dentro

das organizações. De 1964 a 1978, o golpe militar ocorrido em 1964, bem como conjunturas

socioeconômicas nacionais, e fatores externos como a crise do petróleo no início da década de

1970, fariam com que os setores de RH das organizações da época passassem a preocupar-se

com o treinamento, recrutamento e desenvolvimento do seu capital humano, surgiam

inclusive as primeiras preocupações quanto à salários e benefícios. Kops, Silva e Romero

(2013) citam inclusive, que em decorrência do “Milagre brasileiro” na década de 1970, o

profissional que atuava junto a área de recursos humanos, bem como a profissão de

administrador, começavam a ser valorizados no Brasil.

O período compreendido pelas décadas de 1980 e 1990, segundo Kops, Silva e

Romero (2013), foi um período novamente conturbado quanto à relação entre trabalhador e

empresa, devido a conjuntura sócio-político-econômica do país na época e o abandono do

Estado de seu papel de promotor do bem-estar social. A utilização de fenômenos como

downsizing2 para a redução de custos, afetou diretamente o trabalhador. Apesar dos

acontecimentos, ocorreram nestas décadas, a mesmo modo que a evolução estrangeira da

gestão de pessoas, o surgimento de novos modelos de gestão, e pela primeira vez na história

brasileira, as organizações percebiam a importância estratégica dos seus empregados,

passando estes então a denominar-se colaboradores.

2.3 A História da Qualidade de Vida no Trabalho.

Segundos Vasconcelos (2001), o surgimento da QVT no século XX pode ser creditado

a diversos autores. O primeiro pontapé, contudo foi dado na década de 1920 por Elton Mayo e

sua famosa experiência de Hawthorne. Mayo ficaria então conhecido por criar neste momento

a escola das relações humanas, que contradizia os princípios de administração Tayloristas em

2 Prática de redução do quadro de pessoal da organização afim desta ter uma estrutura mais enxuta.

Page 16: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

16

vigor até essa época. Diferentemente dos autores que até então pregavam o pensamento

mecanicista de Frederick Winslow Taylor, cujo principal objetivo era a melhora da eficiência

dos processos produtivos, Mayo e sua teoria das relações humanas colocava uma ênfase maior

no empregado, embora tivesse uma visão um tanto romântica.

Neto, Pires e Sciarpa (2007), citam inclusive que as primeiras pesquisa de qualidade

de vida no trabalho surgiriam então na década de 1930, e contrariavam os princípios

Tayloristas. Ao passo que o trabalho de Taylor focava o processo, e, inclusive, demonstrava

certa preocupação quanto à ergonomia e a organização do posto de trabalho do operário, estes

não demonstravam preocupação alguma para com o bem estar do operário.

O trabalho de Abraham Maslow na década de 1950, junto com a pesquisa de Frederick

Herzberg em 1960, deram nova força à QVT. Surgia então a escola comportamental. Em seu

trabalho, Vergara (1999) pontua que o trabalho e Maslow, gravitava em torno das

necessidades humanas, surgindo então a “Pirâmide das Necessidades de Maslow”, que

elencava as necessidades do ser humano, em primárias e secundárias. Essa ferramenta

classifica as necessidades primárias como sendo necessidades fisiológicas e de segurança,

sendo a sua satisfação imprescindível para que o indivíduo possa satisfazer suas necessidades

secundárias, que seriam as necessidades sociais, de estima e de auto realização.

Já em 1960, Frederick Herzberg, ao invés de Maslow, que levantou a relação entre as

diversas necessidades e a motivação do ser, concentrou-se na questão da satisfação do

indivíduo para a criação de sua teoria. Indrani e Devi (2014), argumenta que foi precisamente

nesta época o termo QVT ganhou importância, como forma de medir os efeitos do trabalho

quanto à saúde o bem-estar geral do funcionário. Vergara (1999 p.45), corrobora esta

afirmação ao dizer que “Um bom salário pode não ser garantia de satisfação no trabalho, por

exemplo. Se ausentes, os fatore higiênicos causam insatisfação.”

Neto, Pires e Sciarpa (2007) elucidam que ao final da década de 1970 houve o inicio

de uma nova fase na preocupação da qualidade de vida no trabalho. Sobretudo, nesse

momento, a QVT começou a ser vista como uma das formas de possível enfrentamento para

com as questões que qualidade total e produtividade. Isso é consequência da admiração, dos

ocidentais, do modelo japonês de administração, que teve influência de Demming e Juran.

Este modelo de gestão oriental veio a popularizar-se no mundo ocidental na década de

1970, com a crise do petróleo e a mudança de foco da administração, que até então,

preocupava-se com a eficiência do processo produtivo, ignorando quase que por completo o

elemento humano. Dentre as novidades trazidas pelos nipônicos, podemos destacar o ciclo de

controle de qualidade, que logo chamou atenção das organizações ocidentais, dando-lhe uma

Page 17: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

17

nova ferramenta para enfrentar o problema da qualidade. Esse fascínio para com o modelo

oriental de administração resultou em uma maior participação do funcionário no processo

decisório à partir da década de 1980. No Brasil, contudo, o interesse sobre o assunto da QVT

e suas ramificações é recente, segundo Neto, Pires e Sciarpa (2007).

2.4 Teorias Motivacionais

Maximiano (2000) discorre que a motivação pode ser explicada como sendo um

propulsor quando considerado o desempenho e esforço de uma pessoa sob uma situação

normal, e em seguida, adicionados outros fatores que influenciem essa pessoa nesta

determinada situação. Assim, a motivação pode ser tanto um fator externo, como por

exemplo, uma recompensa monetária advinda do bom desempenho em uma tarefa, como um

fator interno como a realização de uma meta pessoal. Contudo, a motivação pode ser negativa,

nesse caso, a desmotivação, quando algum fator seja este externo, ou interno, vem a reduzir o

desempenho da pessoa em uma determinada tarefa.

Paschoal e Tamayo (2003), contudo argumentam que apesar do interesse das

organizações e da disponibilidade de literatura que demonstra a relação entre motivação,

satisfação com o trabalho e produtividade, o grande desafio das organizações quando criando

maneiras de motivar o funcionário é de conseguir conciliar os interesses da organização com

os interesses e objetivos individuais dos funcionários. Um reflexo de um funcionário

motivado é visto da forma mais inequívoca em um aumento da produtividade por este, bem

como da qualidade geral do trabalho realizado pelo colaborador.

A longo prazo, é possível notar outros impactos da motivação ou desmotivação no

funcionário, além do aumento ou redução de produtividade, respectivamente. Funcionários

mais motivados tendem a ser mais leais à organização, e empresas que possuam funcionários

adequadamente motivados geralmente possuem índices de rotatividade e absenteísmo mais

baixos que outras que não gerem de forma adequada a motivação de seu capital humano.

Schneider e Zalesny (1982) nos dizem que as teorias motivacionais baseadas em necessidades

lidam com a motivação como sendo um subproduto de necessidades não-satisfeitas, que

acabam sendo “gatilhos” responsáveis por causar um certo comportamento.

Schneider e Zalesny (1982) falam que essa capacidade da necessidade de criar ou

ativar um determinado comportamento é derivada de uma certa tensão ou desequilíbrio

consequente da não-satisfação de algo. Por conseguinte, é possível argumentar que a

demonstração de certos comportamentos por indivíduos advém de uma ação exploratória

Page 18: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

18

deste, que busca o comportamento mais adequado para satisfazer uma necessidade, reduzindo

então a tensão psicológica e devolvendo o equilíbrio ao ser.

Seguindo esta linha de raciocínio proposta por Schneider e Zalesny (1982), é possível

argumentar então que a motivação é derivada da interação de fatores intrínsecos ao indivíduo

e dos fatores do ambiente externo à este. Pérez-Ramos (1990) complementa ao dizer que as

teorias motivacionais de conteúdo pressupõe que a responsabilidade pelo surgimento de

determinada conduta pode ser atribuída à fatores situacionais. Dentro das teorias

motivacionais de conteúdo, podem ser citados os segundos autores como colaborações

importantes neste campos: Maslow e sua teoria das necessidades; McClelland e sua teoria da

realização social; Herzeberg e a teoria doas fatores. Estas teorias viriam mais tarde a tornar-se

a base do conceito de QVT.

2.4.1 Teoria das Necessidades de Maslow

A teoria criada por Maslow argumenta que todo o indivíduo tem necessidades que

devem ser satisfeitas, contudo, este fala que existe uma hierarquia das necessidades à serem

realizadas. Dessa forma, o autor separa as necessidades em duas categorias, chamadas de

necessidades primarias e secundárias. Maximiano (2000) fala que as necessidades primárias

correspondem as necessidades de primeira ordem, as quais todo o ser deve satisfazer para em

um primeiro momento garantir a perpetuação de sua existência, e para em um segundo

momento ser capaz de buscar a satisfação das suas necessidades secundárias. O autor

inclusive, cita que exemplos destas necessidades seriam alimentação, abrigo e segurança, indo

de encontro então para com a teoria econômica, que define estas como o fenômeno chamado

de “consumo autônomo”.

A ideia de Maximiano (2000) que diz que as necessidades primárias devem ser

satisfeitas é corroborada por Pérez-Ramos (1990) que dizem que as necessidades mais baixas

na hierarquia terão maior influência sobre o comportamento do indivíduo enquanto não forem

satisfeitas, impedindo que o ser busque a satisfação das necessidades de maior hierarquia.

Contudo, o mesmo autor fala que o criador desta teoria, Maslow, admite a existência

de variações quanto à importância de cada tipo de necessidade, variando conforme o contexto

onde situa-se o indivíduo. Assim, diferentes indivíduos tem necessidades que variam de grau,

importância e intensidade, e apesar do que fora anteriormente mencionado, existe a

possibilidade de manifestação de necessidades de ordem mais alta na hierarquia, sem que

necessidades em um grau mais baixo, como necessidades fisiológicas, tenham sido satisfeitas.

Page 19: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

19

Pérez-Ramos (1990) enumera inclusive, os tipos de necessidades: fisiológicas, segurança,

sociais, estima e auto realização.

Pérez-Ramos (1990) comenta que o trabalho de Maslow serviria para a criação de

novos modelos teóricos, que viriam a influenciar outros cientistas comportamentais em seus

trabalhos, como McClelland e Herzberg, por exemplo. O modelo de Maslow inclusive,

possibilitou que as organizações estruturassem programas de desenvolvimento na área de

capital humano tendo como base destes as necessidades de seus colaboradores, bem como um

profundo conhecimento da organização das capacidades de cada um.

2.4.2 Teoria dos Dois Fatores de Herzberg

A teoria de Herzberg, também conhecida como teoria dos dois fatores, o autor

demonstra uma preocupação em um primeiro momento com os fatores de higiene do local de

trabalho, ou seja, com a questão do ambiente e da segurança deste. Este autor concentra sua

teoria na fontes de motivação que sejam de alguma forma relevantes para a conclusão das

tarefas dentro de um ambiente de trabalho. Pardee (1990) nos diz que a conclusão dos estudos

realizados por Herzberg vem a propor que a satisfação ou insatisfação com o trabalho é

oriunda de fatores motivacionais e o que o autor chamou de “fatores de higiene.” Inclusive,

Pardee (1990) nos argumenta que o criador desta teoria, utiliza o termo “higiene” da forma

literal, no que seria uma forma de remover riscos do ambiente.

Limongi-França (2003) vai de encontro da teoria de Herzberg ao nos sinalizar que no

Brasil existe uma preocupação legal com a questão dos riscos, sendo exigência legal que toda

pessoa jurídica deve possuir um Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), cujo

objetivo é atenuar ou remover por completo riscos à saúde ocupacional do funcionário em seu

local de trabalho. Inclusive, a obrigatoriedade de um Programa de Controle Médico de Saúde

Ocupacional (PCMSO), que visa à controlar à saúde ocupacional do funcionário por meio de

exames médicos periódicos, inibindo então o surgimento de moléstias que tenham origem

diretamente relacionadas ao exercício da atividade profissional.

Pardee (1990) elucida inclusive que esta preocupação com a higiene do local de

trabalho não pode gerar por si só a motivação do funcionário, e que caso seja utilizada para

tentar motivar o funcionário, pode gerar efeitos adversos à longo prazo. Um ambiente que

possa vir à ser considerado higiênico não poderá fazer com que um indivíduo vá além de

contentar-se em trabalhar em um ambiente que possua pouca ou nenhuma insatisfação,

podendo então a higiene apenas impedir que o funcionário fique insatisfeito com o seu

Page 20: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

20

trabalho. As higienes inclusive, diferentemente dos fatores motivadores, são de mais fácil

controle, mensuração e manipulação, por serem tangíveis, não tendo a mesma carga de

subjetividade do que os fatores motivacionais, e inclusive, por serem exteriores ao indivíduo,

logo, independentes deste. É possível citar dentro destes atores a administração da

organização, a supervisão, relações interpessoais com os colegas de trabalho e superiores, a

vida pessoal do indivíduo, as condições do ambiente de trabalho.

Amoako e Dartey-Baah (2011) elucidam que a teoria de Herzberg argumenta que a

motivação do funcionário é advinda do desafio inerente a realização de uma tarefa que

demonstra ser desafiadora frente às capacidades do indivíduo, mas é no entanto, proveitosa,

ao possibilitar que este indivíduo possa vir a ser “dono” do seu próprio trabalho, crescer

dentro da organização. Dessa forma, a abordagem do modelo “higiene-motivação” ganha um

viés meritocrático, pois a ascensão do funcionário dentro da organização depende dos

esforços deste, e o seu crescimento interno vem a causar então satisfação com o seu trabalho

e, por sua vez, motivação.

Amoako e Dartey-Baah (2011) argumenta que os fatores motivacionais propostos por

Herzberg baseiam-se no conteúdo do trabalho realizado pelo indivíduo, sendo então o oposto

dos fatores de higiene, que são extrínsecos ao ser e a tarefa. Dessa forma, estes fatores são

carregados de um alto nível de subjetividade, possuindo uma grande inconsistência de um

indivíduo para o outro, pois cada ser esta inserindo dentro de um contexto diferente,

impossibilitando uma determinação precisa sobre o que seriam estes fatores. Contudo,

Amoako e Dartey-Baah (2011) elucidam que estes fatores não resultam de incentivos que,

podem ser entendidos como “uma cenoura amarrada a um graveto”, como a possibilidade de

um aumento salarial, mas sim que estes fatores são intrínsecos à necessidade fisiológica de

crescimento e reconhecimento do ser humano.

Apesar disto, Amoako e Dartey-Baah (2011) dizem inclusive que a inexistência destes

fatores não pode vir a causar grandes insatisfações quanto ao trabalho, mas que a presença

destes é responsável pelo um aumento na performance geral dos empregados, resultado de

uma maior motivação. Dentro destes fatores, encontramos os fatores psicológicos e sociais

como reconhecimento, crescimento, a natureza do próprio trabalho o realizado pelo

funcionário e a possibilidade de crescimento pessoal.

Stello (2011) fala que conforme segundo a teoria de Herzberg, o oposto da satisfação

não seria a insatisfação mas sim a ausência de satisfação. Da mesma forma que o oposto da

insatisfação não é a satisfação mas sim a ausência de insatisfações. Portanto, uma

preocupação da organização com a manutenção dos fatores de higiene impedem ou

Page 21: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

21

minimizam o surgimento de insatisfação no local de trabalho, enquanto que para atingir os

resultados almejados, as empresas devem preocupar-se com a fomentação de fatores

motivacionais, dos quais a existência poderá causar o surgimento de melhoras na

produtividade e performance nas organizações.

2.4.3 Teoria das Necessidades Sociais de McClelland

Pardee (1990) diz que a Teoria das Necessidades Sociais de McCelland propõe que

existe uma relação entre as necessidades de um ser, a intensidade desta necessidade, e o

ambiente em que esta pessoa está inserida. Dessa forma, o comportamento de um indivíduo é

afetado pelas suas necessidades, bem como a sua intensidade, causando então que o indivíduo

adote um certo comportamento que venha a satisfazer uma necessidade específica. É

interessante notar o forte vínculo entre esta teoria e os conceitos de aprendizado, pois é

argumentado que, como as necessidades são “aprendidas”, o comportamento que satisfaz essa

necessidade também é aprendido, e consequentemente, tende a ocorrer mais frequentemente.

Pardee (1990) cita inclusive que em seu trabalho, McClelland conseguiu enumerar

fatores que refletem uma alta necessidade de “realização”, sendo estes o fato de o indivíduo

gostar de situações em que este é responsável por encontrar a solução para um problema. De

poder escolher seus próprios objetivos e tomar riscos calculados, e de receber feedback sobre

o quão bem está realizando sua atividade. Dessa forma, é possível argumentar que a teoria de

McClelland se sobrepõe às necessidades secundárias de socialização, auto realização e estima,

conforme enumeradas por Maslow.

A teoria de McClelland então teria três pilares principais, que seriam as necessidades

de poder, realização e afiliação, sendo então que as pessoas possuem uma ou combinações

destas que acabam “motivando” um indivíduo para que adote um certo comportamento. Em

seu estudo acerca da motivação de estudantes do ensino fundamental, que estavam

matriculados em um programa de educação sobre agricultura, no estado americano da

Georgia, Anderson e Rohs (2001) nos dizem que conforme a teoria de McClelland, estudantes

que possuíam uma grande necessidade de realização não gostavam de atividades que eram

muito fáceis ou muito difíceis.

Anderson e Rohs (2001), citam inclusive que aqueles que possuem uma maior

necessidade de afiliação preocupavam-se com as experiências positivas advindas de uma

relação amistosa, demonstrando inclusive, certo receio quanto a problemas futuros nesta

relação. Estes indivíduos inclusive demonstraram maior aptidão a trabalhar em grupo,

Page 22: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

22

buscando resolver conflitos de forma pacífica, serem admirados pelos outros, e projetar uma

imagem favorável de si mesmos. Por ultimo, pessoas que possuam uma maior necessidade de

poder gastam mais tempo pensando e planejando formas para adquirir e por fim exercer poder

e a autoridade advindas deste. Esses indivíduos, tem maior propensão a assumir posições de

liderança, bem como persuadir outros e ganhar discussões.

Yu (1996) alega que a aplicabilidade da teoria das necessidades sociais contudo, é

limitada, e justifica essa afirmação ao apontar que primeiramente, o trabalho de McCelland

estaria carregado de um forte viés ocidental. Este discorre inclusive que apesar de o próprio

criador desta teoria reconhecer a importância das estruturas e contextos sociais dos objetos de

estudo, o autor falhou em ativamente pesquisar e mensurar as relações entre estas variáveis.

Dessa forma, a teoria das necessidades sociais teria sua aplicação limitada dentro de um

contexto intracultural.

A pesquisa realizada por Anderson e Rohs (2001) evidenciou que como um todo, os

estudantes demonstraram ter maiores necessidades de realização do que de afiliação, e

menores necessidades de poder, contudo, no geral, nenhum dos estudantes foi motivado de

forma significativa por necessidades de realização, poder ou afiliação, conforme indicara o

trabalho de McClelland. É importante destacar que no mesmo estudo, foi indicado que

estudantes do sexo feminino tinham maiores necessidades de poder do que estudantes do sexo

masculino, porém não havendo diferença significativa em suas necessidades de realização. É

interessante notar que esta pesquisa corrobora as afirmações de Yu (1996), ao indicar que não

houve diferença nas necessidades de poder, realização ou afiliação de estudantes quando

agrupados por série, mas demonstrando que estudantes em séries mais elevadas possuíam

necessidades de poder maiores.

Dentro dos resultados deste mesmo estudo podemos destacar inclusive que estudantes

que residiam em áreas urbanizadas e os que residiam em áreas rurais não demonstraram

diferenças acerca das necessidades de realização e afiliação, porém Anderson e Rohs (2001)

citam que J. P. Turner, em sua tese de doutorado, identificou que estudantes residentes em

área rurais, tinham maiores necessidades de poder. Nota-se inclusive que quando agrupados

por sua classificação étnica, não foram detectadas diferenças significativas acerca das

necessidades de afiliação. Porém, estudantes de etnia afro-americana possuíam necessidades

de poder e realização maiores do que estudantes de outros grupos étnicos, Turner também

identificou que estudantes de descendência caucasiana tinham maiores necessidades de

afiliação.

Page 23: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

23

2.5 Conceito de QVT.

Findlay, Kallerberg e Warhurst (2013) falam que a qualidade de vida no trabalho não

depende apenas de variáveis estoque, como consideradas anteriormente, sendo o melhor

exemplo disto, o salário do funcionário. Estes argumentam, em seu trabalho “The Challenge

of Job Quality” que a QVT depende de outros fatores, contudo, elucidam que existem dúvidas

quanto a definição desta como algo objetivo, ou como um constructo mais subjetivo,

dependendo então da relação de cada indivíduo com o contexto em que está inserido.

Não obstante, estes autores colocam também que em uma revisão bibliográfica dos

artigos publicados sobre o assunto chega-se a um consenso acerca dos elementos chave da

qualidade de um trabalho. Abaixo estão enumerados os princípios que conferem “qualidade” a

um trabalho, conforme Findlay, Kalleberg e Warhurst (2013):

a) O indivíduo dever ser capaz de utilizar e desenvolver suas habilidades;

b) O trabalho deve ser desafiador perante as habilidades do indivíduo;

c) O trabalho deve oferecer ao funcionário a possibilidade de geri-lo;

d) O ambiente de trabalho deve possibilitar que o funcionário possa compartilhar

sua opinião, e participar do processo decisório.

Findlay, Kalleberg e Warhurst (2013) discorrem inclusive que a questão de qualidade

do trabalho pode ser entendida em quatro partes. Primeiramente, a qualidade do trabalho não

é um conceito engessado, mas sim, multifacetado. Segundamente, este segue a regra da teoria

dos sistemas, que nos diz que sistemas complexos influenciam sistemas mais simples, por

conseguinte, a qualidade do trabalho sofre influência de fatores internos e externos. Por

terceiro, o estudo da qualidade do trabalho deve ser entendido como um empreendimento

multidisciplinar. Por ultimo, este conceito não pode ser desvencilhado da subjetividade do

indivíduo, uma vez que este está sujeito ao viés do trabalhador, bem como o contexto em que

este trabalho está inserido.

A obra de Rodrigues (1994) cita que Walton em 1973 argumenta que a qualidade de

vida no trabalho foi uma das formas de chamar atenção ao aspecto humano do trabalho, que

era até então ignorado devido ao pensamento da época que era tomado de um viés capitalista

e mecanicista, preocupando-se apenas em aumentar os ganhos através de um processo cada

vez mais eficiente e com cada vez mais avanços tecnológicos. Este autor enumera inclusive,

oito dimensões que iriam servir de base para outros estudo envolvendo o tema. Os fatores

Page 24: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

24

enumerados por Walton em seu trabalho compreendem uma esfera de variáveis

biopsicossociais.

Afzal et al (2012. p1. Tradução nossa) enumera que “Embora a QVT tenha varias

facetas em comum com a satisfação do trabalho, ela coloca ênfase maior na relação entre o

trabalho e o nível de satisfação geral com a vida de um indivíduo.” Estes mesmos autores

citam inclusive que na base de uma maior produtividade, bem como maior eficácia dentro de

um sistema organizacional qualquer, deve haver um padrão satisfatório de qualidade de vida

no trabalho. No seu trabalho, estes pontuam que a liderança seria um dos importantes fatores a

serem considerados quanto à QVT, citando ainda que diversos estudos teóricos e empíricos

demonstram a influência da liderança para com outras variáveis organizacionais.

Dentre os autores nacionais que falam sobre o tema, Limongi-França (1997) refere-se

à qualidade de vida no trabalho como algo que compreende a totalidade do sistema

organizacional e os indivíduos dentro destes sistemas. Segundo a autora, isto seria

denominado então de “enfoque biopsicossocial”. Nesta mesma linha de raciocínio proposta

pela autora, a QVT pode ser definida como sendo resultante das melhorias advindas da

implantação de inovações gerenciais, tecnológicas e ambientais. A qualidade de vida no

trabalho pode ser então conceituada como a qualidade de vida em geral de um indivíduo em

suas dimensões biopsicossociais observadas pela ótica da teoria organizacional.

2.6 Modelos de Qualidade de Vida no Trabalho

Nessa seção serão apresentados os modelos de qualidade de vida no trabalho

encontrados na literatura acadêmico-científica pesquisada.

2.6.1 Modelo de Walton (1973)

Chiavenatto (1999) evidencia que o modelo de QVT proposto por Richard Walton

possui oito categorias Os fatores citados por Walton, cobrem principalmente as dimensões

psicológicas e sociais do indivíduo, limitando-se, a um nível biológico, com as condições do

ambiente de trabalho do funcionário, sendo que este deve ser um local que não venha a

prejudicar a integridade física deste, seja por meio de riscos de acidentes de trabalho ou

condições nocivas.

Pedroso, Pilatti e Silva (2010) em seu trabalho, discorrem que apesar de Walton ter

desenvolvido um modelo teórico, este não desenvolveu uma ferramenta de avaliação, sendo

Page 25: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

25

que outros autores viriam depois a criar os diversos instrumentos de avaliação que podem ser

encontrados na literatura disponível sobre o tema. Estes autores inclusive mencionam que o

modelo criado por Walton ganhou popularidade no Brasil graças a tradução para o idioma

português feita por Eda Fernandes, sendo que hoje este é um dos modelos mais utilizados para

a realização de pesquisas de QVT no país.

Fernandes (1996) enumera em seu trabalho as oito dimensões do modelo teórico

proposto por Walton, conforme quadro abaixo:

1. Compensação justa e adequada Equidade interna e externa

Justiça na Compensação

Proporcionalidade entre os salários

Partilha dos ganhos de

produtividade

2. Condições de trabalho Jornada de trabalho razoável

Ambiente físico seguro e saudável

Ausência de insalubridade

3. Uso e desenvolvimento de

capacidades

Autonomia

Qualidades Múltiplas

Informação sobre o processo total de

trabalho

Autocontrole relativo

4. Oportunidade de crescimento e

segurança

Possibilidade de carreira

Crescimento Pessoal

Perspectivas de avanço salarial

Segurança de emprego

5. Integração social na organização Ausência de preconceitos

Igualdade

Mobilidade

Relacionamento

Senso Comunitário

6. Constitucionalismo Direitos de proteção do trabalhador

Liberdade de Expressão

Direitos Trabalhistas

Tratamento Imparcial

Privacidade Pessoal

7. O trabalho e o espaço total de

vida

Papel balanceado no trabalho

Poucas mudanças geográficas

Tempo para lazer de família

Estabilidade de horários

8. Relevância social do trabalho na

vida

Imagem da empresa

Responsabilidade social da empresa

Responsabilidade pelos produtos

Práticas de emprego

Quadro 1: Critérios e subcritérios do modelo de Walton

Fonte: Fernandes (1996)

Page 26: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

26

Em uma pesquisa onde o modelo de Walton foi utilizado para avaliar a qualidade de

vida em uma organização militar, Campos e Silva (2006), utilizaram uma análise de

multivariáveis, e conforme o que os autores esperavam, houve grande correlação estatística

entre estas, que foi de acordo com a hierarquia das necessidades criada por Maslow. Pedroso,

Pilatti e Silva (2010) contudo ressaltam que apesar de abordar questões econômicas, sociais,

jurídicas e psicológicas, o modelo proposto por Richard Walton estaria incompleto, visto que

neste, os aspectos físicos e biológicos não foram explorados da mesma forma que os aspectos

socioeconômicos, jurídicos e psicológicos.

2.6.2 Modelo de Hackmann e Oldhan (1974)

O trabalho de Hackman e Oldham teve como principal objetivo mensurar a motivação

do funcionário advinda da execução do trabalho. Os autores criaram o que viria a ser

dominado “Potencial Motivador do Trabalho”, parte integrante do instrumento Job Diagnostic

Survey, conforme discorrem Pedroso, Pilatti e Silva (2010). Neto, Pires e Sciarpa (2007) nos

dizem em seu trabalho que este modelo então parte do pressuposto que as características

particulares de cada tarefa realizada pelo indivíduo tem o potencial para criar um certo estado

psicológico no funcionário, do qual podem ser advindas consequências positivas tanto para

com o indivíduo quanto para a empresa. Dessa forma, o indivíduo que vir a adentrar um

destes estados psicológicos, os quais são altamente individualizados, perceberá um aumento

em sua qualidade de vida no trabalho.

A partir destas informações, é possível afirmar que o modelo proposto por ambos os

autores tem como foco uma abordagem psicossocial da QVT, renegando aspectos

econômicos, biológicos e jurídicos da organização e do trabalho em si. É importante pontuar

que conforme Neto, Pires e Sciarpa (2007), os estados psicológicos propostos pelos autores

desse modelo alteram-se conforme as dimensões da tarefa desempenhada pelo funcionário,

dessa forma, sendo altamente subjetivos e propensos a mudança, interferindo então

diretamente na satisfação do funcionário e na sua motivação interna para com o seu trabalho,

uma vez que este considera as possibilidades de crescimento, segurança do trabalho, a

supervisão, a possibilidade de ser compreendido, e o contexto social onde o indivíduo está

inserido.

Goel et al (2012) discorre que a teoria criada por Hackman e Oldham ressalta

inclusive a importância do crescimento psicológico do indivíduo como sendo um fator crítico

Page 27: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

27

na QVT. Como necessidades para que o indivíduo consiga efetuar esse crescimento, foram

identificadas as seguintes: Variedade de habilidades, identidade da tarefa, significado da

tarefa, autonomia, feedback intrínseco e extrínseco. Por conseguinte, torna-se imprescindível

que o funcionário consiga realizar essas necessidades em sua plenitude para ser capaz de obter

uma boa percepção de qualidade de vida no trabalho.

2.6.3 Modelo de Westley (1979)

Segundo Rodrigues (2007), no que tange a qualidade de vida no trabalho, podem ser

citados quatro obstáculos, sendo estes da ordem sociológica, psicológica, política e

econômica. Dentro da variável sociológica é possível citar a falta de engajamento do

empregado e a desorganização da empresa, essa dimensão busca então sanar estas questões.

Dentro da dimensão psicológica temos o fenômeno da alienação do funcionário, dessa forma,

Westley dizia que para combatermos este fenômenos devemos enriquecer a tarefa, dar um

significado a esta. Dentro da esfera política, há à questão da centralização do poder, que pode

vir a causar insegurança no funcionário quanto ao seu trabalho, para solucionar isso, os

funcionários devem ser capazes de participar das decisões da organização. Dentro dos

problemas de ordem econômica, podem ser citados a injustiça, responsável por criar um

sentimento de remuneração inadequada. Para solucionar isso, é possível utilizar-se da

participação nos lucros da empresa.

Fernandes (1996) elucida que o modelo de Westley explora as relações entre estes

quatro problemas típicos da era industrial e qual a influência que estes possuem sobre o

trabalho dos funcionários, inclusive, este modelo faz uma retrospectiva desde o século XIX

até o fim da década de 1970. Essa retrospectiva teve então como principal objetivo

demonstrar qual a relevância destes problemas e suas relações com o trabalho, e em seguida

identificar os agentes causadores destes problemas afim de poder oferecer soluções para saná-

los. Embora tenha sua abordagem limitada a essas quatro variáveis, é possível argumentar que

Westley implica que a qualidade de vida é algo binário em sua natureza, sendo que esta existe

ou não existe, não havendo meio-termo quanto a esse assunto.

2.6.4 Modelo de Nadler e Lawler (1983)

Chiavenato (1999) discorre sobre o modelo de Nadler e Lawler e nos diz que este tem

como principal base, quatro fatores. Os fatores citados por Chiavenato (1999) seriam a

Page 28: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

28

melhora das condições físicas e psicológicas do local de trabalho; a melhora dos processos e

sistemas de recompensa da organização, de forma a influenciar positivamente o clima; a

reorganização do trabalho com a utilização de grupos autônomos e o aumento das tarefas; e a

inclusão dos trabalhadores dos escalões mais baixos no processo decisório da organização.

Esses fatores implicariam então que o indivíduo viesse a sentir-se como uma parte integrante

da organização, muito além de apenas do vínculo empregatício. Assim, isso sobrepõe a

percepção vigente na época de que o empregado não deveria envolver-se no processo

decisório, e ser apenas um mero executor de uma atividade.

Silva, Pedroso e Pilatti (2010) elucidam que Nadler e Lawler observaram que até

então, os gestores da época não consideravam a QVT como sendo algo útil, mas sim um

modismo passageiro. Dessa forma, Nadler e Lawler defenderam a criação e definição de um

conceito claro de QVT, onde este deveria abordar o que é QVT, quais resultados podem ser

obtidos com sua utilização e quais as condições e benefícios necessários para a utilização

desse conceito de forma a produzir resultados positivos.

Enquanto isso, Fernandes (1996) nos fala que um dos aspectos mais valorizados do

trabalho de Nadler e Lawler foi o resgate cronológico dos modelos de QVT, em que os

autores realizaram um levantamento histórico dos modelos de QVT e suas abordagens em

suas respectivas épocas. Dessa forma, os autores abordam as concepções de qualidade de vida

no trabalho, desde a época onde essa era entendida como uma variável (1959-1972), uma

abordagem (1969-1974), um método (1972-1975), um movimento (1975-1980), uma solução

para todas as chagas organizacionais (1979-1982) e por fim, a visão de futuro que se tinha da

QVT na época, que a considerava como uma moda passageira, que não teria motivo para ser

aplicada dentro da organização.

2.6.5. Modelo de Eda Fernandes (1996)

O modelo de QVT proposto por Eda Fernandes tem como base o trabalho de Richard

Walton e o modelo proposto por Westley. O principal objetivo deste modelo, denominado

“Auditoria Operacional de Recursos Humanos” vai além de simplesmente buscar a

mensuração dos níveis de QVT, preocupando-se inclusive com análise das informações

levantadas afim de propor melhorias para a QVT dos funcionários, conforme Santos (2012).

Dentro deste modelo, Fernandes (1996) diz que a QVT pode ser entendida como a gestão dos

aspectos que afetam o equilíbrio do clima organizacional que acaba por interferir não apenas a

produtividade da organização como um todo, mas também do bem-estar do profissional que

Page 29: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

29

atua nesta organização. Para isso, pontua que os fatores a serem geridos são os fatores físicos,

tecnológicos e psicossociais.

Santos (2012) denomina que o trabalho de Fernandes fala sobre a existência de quatro

grupos de fatores para a QVT, sendo estes os fatores econômicos, políticos, psicossociais e

logísticos. Dentro dos fatores econômicos encontramos a preocupação com a remuneração do

capital humano da organização, buscando uma remuneração adequada para este,

considerando-se as habilidades, experiência do indivíduo, e inclusive, a equidade salarial

deste para com os outros membros da organização e profissionais que atuam na mesma área.

Dentro dos fatores políticos, encontram-se as normas da organização e os direitos desta para

com o seu funcionário ou vice-versa. No que tange a fatores psicossociais, são abordadas as

questões de autoestima, auto realização dos colaboradores, bem como fatores relacionados a

estes como o crescimento e desenvolvimento.

Dentro dos fatores logísticos propostos por Fernandes, Santos (2012) elucida que estes

seriam os aspectos relacionados ao ambiente de trabalho onde o funcionário exerce a sua

atividade, preocupando-se então com as questões de saúde e segurança, equipamento e

materiais. A mesma autora pontua inclusive que a aplicação deste modelo depende da

realização de seis fases, são elas: preparação, sensibilização, planejamento, execução,

apresentação de relatório apreciativo e o plano de ação.

2.6.6 Abordagem Biopsicossocial e Organizacional (1996)

Brito et al (2011) falam que a abordagem proposta por Limongi-França tem como

objetivo analisar o indivíduo e suas potencialidades dentro das dimensões biopsicossociais

deste, ou seja, os fatores biológicos, psicológicos e sociais que afetam a vida deste ser.

Contudo, dentro desta visão do ser, Pinto (2013) em sua dissertação de mestrado elucida que a

abordagem biopsicossocial e organizacional (BPSO-96) proposta por Limongi-França tem

quatro elementos chave, onde além das dimensões biológicas, psicológicas e sociais, inclui-se

a dimensão organizacional. A dimensão organizacional desta abordagem teria então como

foco as características específicas da organização e do ambiente organizacional a serem

estudados, bem como os fatores que compõe a relação entre empregados e empresa.

Pinto (2013) e Brito et al (2011) pontuam que a dimensão biológica dentro desta

abordagem tem como definição os aspectos físicos do indivíduo, sejam estes adquiridos pelo

ser humano no ato de sua concepção ou através de sua vida, dentro de um contexto

organizacional, os aspectos biológicos poderiam ser relacionados às questões de saúde

Page 30: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

30

ocupacional, segurança do trabalho e ergonomia. No que tange a aspectos psicológicos, Brito

et al (2011) pontuam que dentro destes fatores, são analisados os fatores cognitivos do ser

humano que dão origem ao seu processo afeto-emotivo e de raciocínio, sendo importante

ressaltar que as relações destes fatores são diretamente responsáveis pela visão de mundo do

indivíduo, bem como pela formação da personalidade deste e os vieses que este acabara por

adquirir, no que tange a sua percepção sobre à vida.

Arellano (2008), explicita que a dimensão social do modelo BPSO-96 visualiza o ser

humano em sua condição sócio-econômico-cultural, e inclusive as questões mais subjetivas,

fruto dos vieses criados pelo indivíduo ao longo de sua vivência, como crenças, valores. Esta

dimensão inclusive, preocupa-se com a posição em que o ser humano está inserido dentro de

determinado contexto social, seja este a organização na qual trabalho ou algum outro grupo do

qual faz parte. É importante destacar que o ambiente e a localização geográfica onde o

indivíduo encontra-se presentemente inserido, são também partes desta dimensão.

Com base nestes fatores, é possível argumentar a importância da QVT, visto que as

inter-relações entre estes fatores dentro da organização acabam por moldar as relações entre o

indivíduo e o trabalho, sendo imprescindível então a preocupação das organizações para com

QVT, de forma a criar um ambiente de trabalho equilibrado, que propicie condições para que

o indivíduo possa vir desenvolver-se dentro da organização e simultaneamente contribuir para

com os objetivos desta com um aumento da performance de seu trabalho, conforme Brito et al

(2011).

Page 31: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

31

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O presente estudo adotou um procedimento metodológico que possibilitou com que

fossem atingidas as metas fixadas durante a criação deste projeto. Dentro deste capitulo, são

descritos os procedimentos metodológicos utilizados para a realização deste trabalho,

explicitando então a classificação da pesquisa quanto ao tipo e abordagem, delimitação da

população e amostra do estudo, método de obtenção de dados, e técnicas utilizadas para a

análise dos dados levantados.

3.1 Métodos de Pesquisa

O presente estudo tomou uma abordagem quali-quanti. Caracteriza-se a abordagem

quantitativa como sendo uma abordagem que é essencialmente classificada pela utilização e

ferramentas estatísticas para a coleta de dados e no seu tratamento, conforme Raupp e Beuren

(2004). Dentro desta linha de raciocínio, a pesquisa quantitativa não sofre com a subjetividade

dos dados obtidos através de uma pesquisa com abordagem qualitativa, sendo então possível

argumentar que a pesquisa quantitativa busca a objetividade para a mensuração dos dados e

resultados levantados.

Devido ao pequeno tamanho da amostra pesquisada, justifica-se também a utilização

de uma abordagem qualitativa afim de complementar os dados estatísticos levantados pelas

ferramentas escolhidas. Discorre Roesch (1999) que uma abordagem qualitativa geralmente

precede o teste de hipóteses feitas pelo pesquisador, sendo que a utilização de uma abordagem

qualitativa é apropriada para uma pesquisa que esteja ainda em fase exploratória. Isto posto, a

pesquisa qualitativa diverge da pesquisa quantitativa ao municionar o pesquisador de uma

grande quantidade de dados sem filtrar a subjetividade destes, possibilitando então um maior

aprofundamento dos dados coletados através de inferências que talvez não fossem possíveis

através do método estatístico.

Seguindo a presente linha de raciocínio, o atual trabalho classificou-se então como um

trabalho descritivo. Justifica-se a classificação deste trabalho como sendo descritivo pelo fato

que busca descrever as características de certo fenômeno ou população, conforme Vergara

(2000). Dentro desta linha de raciocínio, uma pesquisa descritiva não busca elucidar quais os

nexos causais de determinado fenômeno, porém esta poder vir a ser capaz de correlacionar

determinados resultados a determinado grupo.

Page 32: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

32

Por conseguinte, este projeto foi classificado como sendo um estudo de caso. Yin

(2005) explicita que o estudo de caso tem como razão por trás de seu surgimento uma

necessidade de contribuir com o conhecimento aliada a uma necessidade de compreender um

determinado fenômeno, seja este social, individual, organizacional, ou de outra espécie. É

interessante notar que este tipo de método segue o paradigma fenomenológico, onde Roesch

(2006) argumenta que não existe objetividade no mundo e na realidade percebida pelo

indivíduo, visto que estes são construídos de forma social, e por fim, tem dentro de sua carga

de significado, certa subjetividade, visto que não estão imunes dos vieses criados pelos

homens.

3.2 Delimitação da População e Amostragem

Este trabalho tem como população os funcionários da medicina do trabalho do grupo

Pró-Salute, que possui 50 funcionários. Contudo, devido à possibilidade criação de ruído por

parte da população, foram excluídos da amostra os engenheiros de segurança do trabalho e os

médicos coordenadores de PCMSO, pois não necessitam fazer-se fisicamente presentes dentro

do ambiente estudado para desempenhar suas tarefas. Dessa forma, este estudo utilizará a

técnica de amostragem não-probabilística com 33 respondentes, sendo estes os funcionários

que trabalham nos setores de fonoaudiologia, enfermagem, administração, recepção e

inclusive, os médicos examinadores. Roesch (2006) conceitua que o principal objetivo dentro

da amostragem é a divisão de uma população em um fragmento que seja significativo do

ponto de vista das áreas de interesse da pesquisa.

3.3 Técnicas de Coleta de Dados

Para a coleta de dados desta pesquisa, foi aplicado um questionário, devido à

classificação da abordagem deste estudo sendo quantitativa. O questionário, explica Roesch

(2006, p. 142) “é o instrumento mais utilizado em pesquisa quantitativa, principalmente em

pesquisas de grande escala, como as que se propõe a levantar a opinião política da população

ou a preferência do consumidor”. Para obter os dados necessários à realização desta pesquisa,

foi utilizado um questionário fechado (APÊNDICE A) afim de definir o perfil sociocultural

dos respondentes, em seguida sendo utilizada então uma versão adaptada do WHOQOL-Bref

(ANEXO A), traduzido e validado por uma equipe de pesquisadores da UFRGS, como cita o

Grupo WHOQOL (1998). A estruturação da escala do instrumento de coleta de dados

Page 33: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

33

escolhido possibilitou que os participantes da pesquisa atribuam uma nota de 1 a 5 conforme o

nível de concordância para com as questões deste, conforme a escala Likert.

No que tange ao aspecto qualitativo da pesquisa, utilizou-se a observação participante

de forma aberta, visto que pesquisador faz parte do quadro funcional do objeto de estudo, bem

como comunicou a este intenção de sua pesquisa. Roesch (1999) pontua que em uma

observação participante aberta, existe uma aceitação do pesquisador por parte dos pesquisados

e estes inclusive estão cientes das ações do pesquisador. Contudo, este tipo de pesquisa sofre

pelo fato de o pesquisador necessitar obter a confiança dos pesquisados, além de é claro

muitas vezes precisar tomar parte nas atividades desempenhadas no dia-a-dia dos

pesquisados, causando então certa interferência nos dados coletados.

3.4 Técnicas de Análise de Dados

Por tratar-se de uma pesquisa quantitativa, os dados levantados por este estudo foram

submetidos a uma análise estatística, visto que estes serão quantificáveis e livres de

subjetividade. Roesch (2007) elucida que dentro de uma pesquisa quantitativa, ocorre a

submissão dos dados coletados à uma análise estatística, sendo que em caso de o pesquisador

lidar com uma quantidade pequena de dados, a utilização de uma planilha eletrônica é

utilizada para a análise e organização dos dados. Portanto, para esta pesquisa, será empregado

o software Microsoft Excel, para a tabulação dos dados levantados, com base na frequência

das respostas.

No que tange à análise dos dados qualitativos coletados por meio da observação

participante aberta, aplicou-se a análise de conteúdo. Roesch (1999) argumenta que a análise

de dados é similar à certas formas de análise quantitativas, visto que este tipo de análise

também tem como objetivo descobrir com qual frequência ocorre um determinado fenômeno

bem como enumerar quais as relações entre os fenômenos.

Page 34: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

34

4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

Neste capitulo serão apresentados e analisados os dados coletados através da aplicação

do questionário para determinação do perfil sociocultural, bem como do questionário

WHOQOL. Foram aplicados 33 questionários, dos quais 29 foram devolvidos ao pesquisador.

4.1 Perfil Predominante da Amostra

Conforme o quadro 2 abaixo, é possível afirmar que predominantemente os

respondentes são do sexo feminino, correspondendo a 26 ou 89,65% da amostra. A idade

média dos profissionais pesquisados foi de 34 anos, e o tempo médio de empresa de 4,9 anos.

PERFIL SÓCIO CULTURAL

Sexo Masculino 3

Feminino 26

Idade Média 34 ANOS

Tempo Médio de Empresa (Anos) 4,9 ANOS Quadro 2: Perfil Sócio Cultural

Fonte: Dados da Pesquisa (2015).

No que tange ao estado civil dos respondentes, 51,72% responderam estar atualmente

casados ou em união estável, 31,03% afirmam ser solteiros e 13,79% separados/divorciados,

conforme o quadro 3 abaixo.

ESTADO CIVIL FREQUÊNCIA FREQ. RELATIVA

União Estável / Casado 15 51,72%

Solteiro 9 31,03%

Separado 4 13,79%

Outros 1 3,44%

Viúvo 0 0%

Quadro 3: Estado Civil dos Respondentes.

Fonte: Dados da Pesquisa (2015).

Dentro da definição do perfil sociocultural, destaca-se o alto grau de qualificação dos

profissionais da organização pesquisada, com 31,03% dos respondentes afirmando ser pós-

graduados, 24,13% graduados, e 20,68% possuírem o ensino superior incompleto. Somando-

Page 35: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

35

se essas frequências, observa-se que 75,84% dos respondentes buscaram ou ainda buscam um

maior nível de instrução formal.

ESCOLARIDADE FREQUENCIA FREQ. RELATIVA

Pós-graduado 9 31,03%

Ens. Superior Completo 7 24,13%

Ens. Médio / Técnico Completo 6 20,68%

Ens. Superior Incompleto 6 20,68%

Ens. Fund. Completo 1 3,44%

Quadro 4: Escolaridade dos Respondentes

Fonte: Dados da Pesquisa (2015).

Através da análise do perfil sociocultural da amostra, fica explicitado que o

profissional que atua dentro da empresa é um profissional jovem, com alto nível de instrução

formal, predominantemente do sexo feminino, que já possui ou tem intenção de constituir um

núcleo familiar, em virtude do seu estado civil.

4.2 Questionário WHOQOL e Análise Geral dos Resultados Obtidos

Para a coleta de dados deste trabalho foi utilizado o questionário WHOQOL em sua

versão abreviada, com algumas adaptações feitas pelo autor. Conforme quadro 4 abaixo,

afirma-se que os funcionários possuem um nível de qualidade de vida no trabalho regular à

bom, sendo a média geral dentre todas os domínios do questionário de 3,75 e o desvio padrão

deste, de 0,29. Cabe salientar que o domínio social foi o domínio mais bem avaliado pelos

respondentes, obtendo uma média de 4,14 enquanto que o domínio físico obteve a menor

pontuação, com uma média de 3,47 e, inclusive, obtendo o maior desvio padrão, de 1,27.

Page 36: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

36

ANÁLISE GERAL DO QUESTIONÁRIO

DOMÍNIO MÉDIA DESVIO PADRÃO

Social 4,14 0,10

Percepção Geral 3,96 0,05

Psicológico 3,7 0,67

Ambiental 3,49 0,39

Físico 3,47 1,27

Média geral do

questionário

3,75 0,29

Quadro 5: Análise Geral do Resultados Obtidos por Domínio.

Fonte: Dados da Pesquisa (2015)

Os dados levantados acima demonstram um variação de 0,57 entre a pontuação média

mais alta e a mais baixa. A diferença entre o desvio padrão mais alto e mais baixo é maior,

com 1,23. Contudo, observa-se que no geral, os resultados obtidos demonstraram baixa

variabilidade, com os quatro melhores resultados não obtendo diferenças maiores do que 0,26

em suas médias. Pode afirmar-se então que os dados levantados através do questionário são

consistentes com o cenário real de onde foram extraídos. Abaixo serão analisados

individualmente os domínios do questionário.

4.2.1 Domínio das Relações Sociais

O quarto domínio do questionário avalia o componente das relações sociais dos

respondentes. Destaca-se que este foi o domínio mais bem avaliado pelos participantes da

pesquisa, com uma média de 4,14 e que foi o segundo domínio com menor variabilidade nas

respostas, sendo o desvio padrão de 0,10. Abaixo no quadro 8, são apresentadas as perguntas

e os resultados individualizados de cada uma destas.

Page 37: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

37

DOMÍNIO DAS RELAÇÕES SOCIAIS

PERGUNTA MÉDIA DESVIO

PADRÃO

Q17 - Quão satisfeito você está com o apoio que

você recebe de seus amigos? 4,21 0,77

Q16 - Quão satisfeito você está com suas relações

pessoais? (Amigos, parentes, conhecidos, colegas)? 4,07 0,6

Média Geral do Domínio 4,14 0,10

Quadro 6: Resultados do Domínio das Relações Sociais

Fonte: Dados da Pesquisa (2015).

Dentro deste domínio encontram-se às perguntas de número 16 e 17 do questionário

aplicado à amostra. Destaca-se a uniformidade dos resultados, sendo a décima sétima questão

a mais bem avaliada neste domínio, com uma média 4,21 e a décima sexta questão obtendo

uma média de 4,07. A diferença dentre as médias destas questões foi de 0,14. O desvios

padrão das perguntas 16 e 17 são respectivamente de 0,6 e 0,77. A proximidade dos

resultados de ambas as questões evidenciam que os respondentes da pesquisa acreditam em

geral que as variáveis da ordem social verificadas, podem ser classificadas como boas.

Conforme dados levantados pela observação dos respondentes em seu ambiente de

trabalho, verifica-se que é considerado um comportamento normal destes partilharem sobre

detalhes de suas vidas sociais fora da organização, frequentemente comentando sobre

atividades que realizaram com familiares e/ou amigos. Percebe-se que dentro destas

conversas, há pouca manifestação de experiências ou emoções negativas.

Já dentro das interações sociais observadas no ambiente de trabalho, destaca-se que as

relações não são tomadas de um aspecto estritamente profissional, predominando um clima

amigável. Isso é ratificado pelo costume dos pesquisados de realizarem festinhas de

aniversário no local de trabalho, reunindo quantias em dinheiro afim de presentear o

aniversariante. Dentre outros fenômenos observáveis, os funcionários do setor administrativo

também tem realizado rodas de chimarrão, e combinado entre si para que cada um traga

algum prato para que os integrantes do setor realizem lanches durante o horário de trabalho.

A satisfação das necessidades sociais dos respondentes é um aspecto importante para a

obtenção de um nível elevado de qualidade de vida no trabalho, conforme teoriza Pérez-

Ramos (1990) ao pontuar que o trabalho de Abraham Maslow prevê a existência de

necessidades sociais. Tal preocupação também é ratificada por Pardee (1990) ao discorrer que

Page 38: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

38

o trabalho de McClelland apontar a existência de uma necessidade de afiliação quando

observados individualmente os componentes de determinado grupo.

Dentro dos modelos de QVT, destaca-se que virtualmente todos os modelos

pesquisados neste trabalho demonstram que as relações sociais de um indivíduo são

importantes para a qualidade de vida no ambiente de trabalho deste, assim como pontua

Fernandes (1996) sobre a esfera da “integração social na organização” no quadro 1, dos

critérios e subcritérios do modelo de Walton. Já no modelo de Hackmann e Oldhan, os autores

Pedroso, Pilatti e Silva (2010) indicam que dentro deste modelo a condição psicológica do

trabalho varia conforme a interação com os aspectos de seu ambiente e o contexto social em

que encontra-se.

4.2.2 Domínio da Percepção Geral

Esta categoria visa buscar informações acerca da percepção geral dos envolvidos

acerca de sua qualidade de vida. A média desta categoria foi de 3,96. Conforme o quadro 5

abaixo, na primeira pergunta, que buscava aferir a percepção geral dos respondentes acerca de

sua qualidade de vida, a média foi 4, com um desvio padrão de 0,6. Conclui-se então que os

respondentes acreditam possuir uma boa qualidade de vida.

PERCEPÇÃO GERAL DE QUALIDADE DE VIDA

PERGUNTA MÉDIA DESVIO

PADRÃO

Q2 - Quão satisfeito você está com a sua saúde? 4 0,6

Q1 - Como você avalia sua qualidade de vida? 3,93 0,46

Média Geral do Domínio 3,96 0,05

Quadro 7: Percepção Geral de Qualidade de Vida dos Respondentes.

Fonte: Dados da Pesquisa (2015).

Na segunda pergunta, onde os respondentes foram indagados a respeito da sua

satisfação com a sua saúde, a média foi 3,93 com um desvio padrão de 0,46. Esses dados

apontam que em geral, os participantes desta pesquisa demonstram estar atualmente

satisfeitos com a sua saúde. No que tange à qualidade de vida do trabalho, o estudo conduzido

por Afzal et al (2012), identificou que é necessário que se configure um padrão satisfatório de

qualidade de vida no trabalho se a organização almeja melhorar a sua produtividade e sua

eficácia como um todo.

Page 39: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

39

4.2.3 Domínio Psicológico

O terceiro domínio do questionário busca avaliar as variáveis de ordem psicológica de

cada um dos respondentes. A média geral desta categoria foi de 3,7 com um desvio padrão de

0,67. Identifica-se assim que no que tange à variáveis da ordem psicológica que venham a

influenciar a percepção de qualidade de vida no trabalho, que os dados obtidos apontam para

uma classificação que varia entre regular e satisfatória. No quadro abaixo são apresentadas as

perguntas e suas respectivas média.

DOMÍNIO PSICOLÓGICO

PERGUNTA MÉDIA DESVIO

PADRÃO

Q13 - Você é capaz de aceitar sua aparência

física?

4,21 0,82

Q11 - Em que medida você acha que a sua vida

tem sentido?

4,07 1,28

Q14 - O quão satisfeito você está consigo

mesmo?

4 0,96

Q12 - O quanto você consegue se concentrar? 3,86 1,09

Q10 - O quanto você aproveita a vida? 3,69 0,66

Q15 - Com que frequência você tem

sentimentos negativos tais como mau humor,

desespero, ansiedade, depressão?

2,38 0,82

Média Geral do Domínio 3,7 0,67

Quadro 8: Resultados do Domínio Psicológico

Fonte: Dados da Pesquisa (2015)

A pergunta 13 levanta junto aos respondentes a capacidade destes de aceitar a sua

aparência física, esta questão obteve a maior média dentro do domínio, com 4,21 e um desvio

padrão de 0,82. Dentro destas circunstâncias, os respondentes afirmam serem capazes de

aceitar a sua aparência física, acreditando que esta possa ser tanto boa, quanto regular.

Na questão 11 foi indagado aos respondentes sobre a sua opinião acerca de suas vidas

terem ou não algum sentido. Esta categoria obteve a segunda maior média dentro do domínio,

com 4,07 e o maior desvio padrão dentro do domínio, com 1,28. Estes dados apontam que em

Page 40: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

40

geral, os participantes da pesquisa demonstram-se convencidos que suas vidas possuem

sentido, com um ou outro caso particular concordando plenamente com isto ou ainda, nem

concordando nem discordando.

A terceira maior média foi verificada junto à pergunta de número 14, em que avalia-se

a autoestima dos respondentes ao perguntar a eles sobre a sua satisfação com a sua pessoa no

estado em que esta encontra-se hoje. A média nesta questão foi de 4 e o desvio padrão de

0,96. Por conseguinte, conclui-se que os respondentes em geral estão satisfeitos consigo

mesmos, havendo casos específicos onde estes concordaram plenamente com a questão, ou

nem concordaram ou discordaram.

Na questão 12, verificou-se a capacidade dos respondentes de concentrar-se. A média

da questão gravitou em torno de 3,86 com um desvio padrão de 1,09 que foi o segundo maior

desvio padrão dentro do domínio psicológico. Os participantes da pesquisa demonstraram

nesta questão que, em geral, são capazes de se concentrar, todavia, o desvio padrão indica que

em casos específicos, os respondentes possuem certa dificuldade para concentrar-se, ou ainda,

possuem grande facilidade para isto.

Segundo a observação realizada na organização pesquisada, verifica-se que em geral,

os respondentes são capazes de concentra-se de forma satisfatória, contudo, a gama de objetos

ou situações que possam vir a causar a distração destes é considerável, em especial na

recepção do ambiente analisado devido ao fluxo de pessoas entrando e saindo do recinto

quase que constantemente e, os colaboradores que laboram neste ambiente serem

responsáveis por atender telefonemas quase que constantemente.

A décima pergunta verifica junto aos respondentes a hipótese de que estes são capazes

de aproveitar a vida. A média foi de 3,69 a segunda média mais baixa dentro do domínio

porém esta questão foi a que obteve menor variabilidade nas respostas, obtendo um desvio

padrão de 0,66. Com base nestes dados levantados, os respondentes pontuam que são capazes

de aproveitar a vida talvez até satisfatoriamente, mas que em geral, não discordam nem

concordam com esta pergunta.

No geral, observa-se que os respondentes desta pesquisa parecem aproveitar a vida.

Nas conversas informais dentro do ambiente de trabalho, estes frequentemente conversam

sobre seus planos para o futuro, atividades que realizam ou gostariam de realizar, bem como

de atividades já realizadas. Nestas situações, destaca-se que muitos parecem traçar objetivos

para si, sejam estes de ordem econômica, através da aquisição de um bem ou serviço.

Objetivos de ordem social, através de atividades que envolvam seu núcleo familiar, de

amizades ou ainda os profissionais pesquisados neste trabalho, como, por exemplo, chá de

Page 41: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

41

bebê de colegas gestantes. No geral, os fenômenos observados parecem ratificar a conclusão

obtida através da leitura dos dados quantitativos.

A décima quinta questão verifica a frequência com que os respondentes experimentam

sentimentos negativos. Esta questão obteve a menor média dentro das variáveis de ordem

psicológica, com 2,38 porém, demonstrando certa estabilidade quanto às respostas, conforme

o desvio padrão de 0,82. O resultado baixo nesta questão evidência que em geral, os

respondentes afirmam que dificilmente experimentam sentimentos negativos durante o

desempenho de suas atividades diárias. Não obstante, o desvio padrão aponta que em casos

específicos, há respondentes que afirmam não experimentarem estes tipos de sentimentos,

bem como estes sentimentos estarem regularmente presentes na vida de outros.

Apesar da dificuldade de detectar com precisão os sentimentos dos respondentes, bem

como de filtrar a subjetividade característica destes, a observação realizada corrobora os

dados levantados através do questionário aplicado. No geral, o clima organizacional dentro do

ambiente estudado é leve, e os indivíduos dentro deste ambiente dificilmente demonstram

sentimentos negativos, salvo em casos específicos que poderiam ser atribuídos à um certo

nível de stress advindo do exercício da atividade profissional. Não descarta-se a possibilidade

destes fenômenos acontecerem fora do ambiente deste estudo, como por exemplo conflitos

entre os respondentes e seus respectivos círculos sociais, o acontecimento de fenômenos que

causem grande desgaste psicoemocional, como falecimento de entes familiares, ou ainda

outros fenômenos que possam vir a afetar significativamente o equilíbrio psicoemocional dos

respondentes.

A literatura acadêmico-científica pesquisada, revela diversas instâncias onde a

dimensão psicológica de um indivíduo vem a afetar a sua qualidade de vida no trabalho.

Destaca-se Goel et al (2012) em que este elucida que o trabalho de Hackman e Oldham

pontua que o crescimento psicológico do indivíduo é um aspecto importante à qualidade de

vida no trabalho. Neto, Pires e Sciarpa (2007) pontuam que no trabalho de Hackman e

Oldham, os estados psicológicos dos funcionários alteram-se conforme a tarefa

desempenhada, tornando a experiência e os fenômenos psicoemocionais de cada funcionário,

algo exclusivo à este, ratificando então a existência de casos específicos que fogem do padrão,

conforme dados levantados pela análise qualitativa deste trabalho.

Chiavenatto (1999) elabora que o modelo de QVT proposto por Nadler e Lawler, uma

das dimensões da qualidade de vida no trabalho seria a melhora das dimensões psicológicas

do local de trabalho, sendo isto corroborado por Fernandes (1996) ao argumentar que a

Page 42: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

42

qualidade de vida do trabalho seria a gestão dos fatores que afetam o equilíbrio do clima

organizacional, cuja percepção se dá principalmente através de aspectos psicológicos.

4.2.4 Domínio Físico

Nesta categoria do questionário, os funcionários responderam perguntas sobre

aspectos de natureza física, em geral, relacionados à integridade de sua saúde física. A média

geral da pontuação desta categoria foi de 3,47, com um desvio padrão de 1,27. Portanto, é

possível afirmar que os respondentes em geral, consideram bom o estado de sua saúde física.

No quadro 6 abaixo, são apresentadas as perguntas e suas respectivas pontuações médias.

DOMÍNIO FÍSICO

PERGUNTA MÉDIA DESVIO

PADRÃO

Q6 - Quão bem você é capaz de se locomover? 4,79 0,41

Q9 - Quão satisfeito você está com sua

capacidade para o trabalho?

4,21 0,68

Q8 - Quão satisfeito você está com a sua

capacidade de desempenhar as atividades do

seu dia-a-dia?

4,17 0,71

Q5 - Você tem energia suficiente para o seu

dia-a-dia?

4 0,80

Q7 - Quão satisfeito você está com o seu sono? 3,83 1,04

Q3 - Em que medida você acha que a sua dor

(física) impede você de fazer o que precisa?

1,76 1,02

Q4 - O quanto você precisa de algum

tratamento médico para levar a sua vida diária?

1,55 1,12

Média Geral do Domínio 3,47 1,27

Quadro 9: Dados do Domínio Físico.

Fonte: Dados da Pesquisa (2015).

A pergunta 6 buscou descobrir a satisfação dos respondentes com a sua capacidade de

deambular normalmente, essa pergunta obteve a maior pontuação dentro deste domínio, com

4,79 e um desvio padrão de 0,41 evidenciando então que os funcionários são capazes de

Page 43: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

43

deambular sem quaisquer impedimentos à isso. Não são observáveis quaisquer dificuldades

dos respondentes quanto à sua capacidade de deambulação.

As questões 8 e 9 identificam a percepção do funcionário acerca de sua capacidade

para realização das tarefas habitualmente exercidas fora e dentro de seu âmbito profissional,

respectivamente. As médias foram de 4,17 e 4,21 respectivamente, com desvios padrões de

0,71 e 0,66 respectivamente. Por consequência da similaridade de ambas as perguntas, bem

como das pontuações, está explicitado o fato de que os respondentes estão bem satisfeitos

com sua capacidade para exercer suas atividades habituais, sejam estas dentro ou fora da

esfera profissional.

Os fenômenos observáveis pertinentes à questão 8 demonstram que não há indícios

claros de que os respondentes sejam incapazes de realizar suas atividades habituais no âmbito

profissional, com a exceção de casos isolados. Quanto à questão 9, as informações coletadas

através da observação vêm principalmente de relatos orais feitos pelos funcionários

pesquisados, sobre atividades que tem realizado fora do âmbito profissional, seja esta antes ou

após o horário de trabalho.

A questão 5 verificou junto aos respondentes à hipótese de que estes possuiriam

energia suficiente para exercer suas atividades habituais durante o decorrer de um dia. Com

uma pontuação satisfatória de 4 e um desvio padrão de 0,80 afirma-se que estes possuem a

energia necessária para realizar as suas atividades diárias. É observável junto à amostra em

seu ambiente de trabalho evidências que corroboram os dados levantados nesta questão.

Dificilmente os respondentes tem reclamado de cansaço excessivo ou de terem tarefas em

demasia. Contudo, a ocorrência de casos específicos não é descartada, visto que o gozo de

férias, ou afastamento das atividades profissionais, implica que a carga de trabalho deste

funcionário venha ser dividia por dois ou mais respondentes e, em casos específicos, possa ser

atribuída à um único respondente.

No geral, os respondentes do questionário demonstram possuir energia para realizar as

atividades do dia-a-dia, verifica-se isso através de informações também compartilhadas pelos

próprios onde alguns dos funcionários pesquisados afirmam frequentar academias ou outros

estabelecimentos com fins parecidos em horário após o expediente de trabalho.

Na questão 7, os respondentes avaliam a qualidade de seu sono, sendo a média da

questão de 3,83 com um desvio padrão de 1,04. Estes dados afirmam que a amostra do

questionário possui em geral uma qualidade de sono regular, porém com uma certa

variabilidade, sendo então possível afirmar que alguns dos funcionários não conseguem

Page 44: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

44

quantidade ou qualidade suficiente de sono à cada noite, enquanto outros satisfazem

plenamente esta necessidade.

Observa-se que neste domínio as questões 3 e 4 do questionário receberam uma

pontuação baixíssima na escala likert, respectivamente 1,76 e 1,55 e um desvio padrão de

1,02 e 1,12. Todavia, a questão 3 indagou ao respondente sobre a existência de algum

impedimento de ordem física (dor) para a realização de suas atividades, desta forma então

uma pontuação mais baixa indica que os respondentes em geral afirmam que não há

impedimento físico significativo.

A pergunta 4 verificou junto aos respondentes se estes possuíam a necessidade de

algum tratamento médico para serem capazes de exercer as suas atividades no dia-a-dia.

Observa-se que a pontuação e o desvio padrão desta questão indicam que em geral, os

respondentes não precisam de tratamentos médicos para exercer às suas vidas diariamente.

Dentro do ambiente organizacional estudado neste trabalho, observa-se que são

raríssimos os casos em que os respondentes tem abertamente reclamado de estar sentido dor,

ratificando então dados levantados através da aplicação da ferramenta de coleta de dados

utilizada neste estudo. O mesmo ocorre acerca da necessidade de alguma forma de tratamento

médico, seja este dado através de alguma forma de terapia ou algum tratamento

medicamentoso. Ressalta-se e ratifica-se então que a ocorrência destes fenômenos é específica

a poucos indivíduos dentro do ambiente pesquisado.

Na literatura acadêmico-científica pesquisada para a elaboração deste trabalho está

presente em quase que todos os autores a preocupação acerca dos aspectos físicos dos

funcionários. O trabalho de Pérez-Ramos (1990) sobre a teoria das necessidades de Maslow já

enumera a existência de necessidades fisiológicas, muitas dessas remetendo à condições

físicas dos respondentes como fome, sono, e a integridade física deste. A mesma preocupação

é relatada por Pardee (1990) ao discorrer sobre a teoria dos dois fatores de Herzberg, onde

encontra-se dentro dos fatores higiênicos tudo aquilo que seria pertinente ao bem-estar físico

dos funcionários.

Contido nos modelos de qualidade de vida no trabalho pesquisados, Brito et al (2011)

e Pinto (2013) sinalizam que o modelo proposto por Limongi-França, a abordagem

biopsicossocial e organizacional demonstra uma preocupação com as dimensões

biopsicossociais do funcionário, dessa forma evidenciando que as características físicas de um

funcionário são capazes de afetar a percepção de qualidade de vida no trabalho deste, a

medida que elas interfiram de forma significativa no desempenho da atividade profissional.

Fernandes (1996) ratifica novamente que há preocupação da qualidade de vida no trabalho

Page 45: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

45

para com os aspectos físicos do funcionário ao denominar que deve haver uma gestão dos

fatores físicos. Santos (2012) complementa essa afirmação ao elucidar que no modelo criado

por Eda Fernandes há preocupação com os fatores logísticos, que remetem às questões de

saúde e segurança do trabalho, dentre outras.

4.2.5 Domínio Ambiental

O domínio ambiental do instrumento de coleta de dados tem como objetivo medir qual

a satisfação dos respondentes da pesquisa para com os aspectos do ambiente que os circunda.

Salienta-se que é o maior domínio do instrumento de pesquisa, com 8 perguntas. Este obteve a

segunda pontuação mais baixa dentro de todos os domínios investigados, com uma média de

3,49 e um desvio padrão de 0,39. No quadro 9 abaixo são colocadas as perguntas que

integram este constructo e suas respectivas pontuações.

Page 46: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

46

DOMÍNIO AMBIENTAL

PERGUNTA MÉDIA DESVIO

PADRÃO

Q23 - Quão satisfeito você está com as

condições do local em que você mora?

4,10 0,94

Q21 - Quão disponíveis para você estão as

informações que você precisa no dia-a-dia?

3,66 0,67

Q25 - Quão satisfeito você está com o seu meio

de transporte?

3,65 1,04

Q19 - Quão saudável é seu ambiente físico

(clima, barulho, poluição, atrativos)?

3,58 0,78

Q18 - Quão seguro você se sente em sua vida

diária?

3,58 0,82

Q24 - Quão satisfeito você está com o seu

acesso a serviços de saúde?

3,34 1,04

Q22 - Em que medida você tem oportunidades

de atividade de lazer?

3,24 0,74

Q20 - Você tem dinheiro suficiente para

satisfazer suas necessidades?

2,72 1,31

Média Geral do Domínio 3,49 0,39

Quadro 10: Perguntas e pontuações do domínio ambiental

Fonte: Dados da Pesquisa (2015).

A primeira peculiaridade dentro deste bloco que questões é a variabilidade das

respostas, sendo a média mais baixa neste constructo de 2,72 e a média mais alta de 4,10, bem

como desvios padrão elevados sendo os mais altos 1,31 seguido por 1,04 em duas questões e

em terceiro, 0,94. Isso implica na existência de certos fenômenos e não de casos isolados no

que tange às variáveis examinadas através deste domínio.

A pergunta de número 23 obteve a maior média dentro desta categoria, com 4,10 e um

desvio padrão de 0,94. Quando pesquisado junto aos respondentes acerca das condições de

suas moradias, em geral, estes afirmam estarem satisfeitos com as condições destas. O desvio

padrão indica que há fenômenos específicos juntos à amostra onde o respondente estaria

plenamente satisfeito com as condições de seu domicilio, e em outros, esta seria regular.

Por meio das conversas informais no trabalho, onde os respondentes revelam dados e

peculiaridades sobre suas vidas fora do ambiente profissional, ratifica-se os dados levantados

Page 47: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

47

pela questão acima. Em casos específicos os respondentes demonstraram estarem muito

satisfeitos com as condições de sua atual moradia, além de manifestar intenções de aprimorá-

la ainda mais. Em outro caso específico, o respondente afirma estar satisfeito com a sua atual

moradia, porém ressalta que ainda é necessária a realização de certas etapas para que estar

venha a estar na condição desejada.

Maximiano (2000) conceitua que dentro da pirâmide de necessidades de Maslow,

encontram-se junto das necessidades primárias as necessidades de segurança. Pérez-Ramos

(1990) coaduna com Maximiano (2000) e inclusive afirma que conforme o trabalho de

Maslow, as necessidades primárias ditam os comportamentos adotados por um indivíduo.

Dessa forma, uma moradia de condições inadequadas ou insatisfatórias prejudica a

capacidade dos respondentes de satisfazer essa necessidade plenamente, prejudicando então a

sua percepção geral de qualidade de vida.

A pergunta 21 do questionário mediu junto à amostra se esta acredita deter todas as

informações que necessita cotidianamente para conseguir realizar suas tarefas e atividades

habituais no dia-a-dia. Com a segunda maior média, de 3,66 e o desvio padrão mais baixo da

categoria, de 0,67 é possível argumentar-se que conforme os dados provenientes dos

respondentes do questionário apontam que estes possuem as informações de que necessitam

diariamente.

Dentro do ambiente de trabalho, detecta-se que os fluxos de informações são

adequados para a realização das tarefas. Contudo, é possível observar que nos canais que

tratam com o ambiente extrínseco, há casos onde o respondente não possui toda a informação

ou não tenha certeza sobre esta, não obstante, essas ocorrências são raríssimas.

Fernandes (1996) discorre que no modelo de QVT de Walton, é importante que o

funcionário possua acesso sobre as informações do processo de trabalho geral. Essa afirmação

é corroborada for Findlay, Kalleberg e Warhurst (2013) ao indicarem que o ambiente em que

o funcionário está inserido deve possibilitar que este venha a participar do processo decisório,

bem como compartilhar sua opinião.

A questão 25, última questão do domínio e do instrumento de pesquisa busca

identificar junto à amostra qual a percepção desta acerca do meio de transporte que esta utiliza

para deslocar-se ao trabalho. Esta obteve a terceira maior média, em 3,65 e o segundo maior

desvio padrão, de 1,04 junto com a questão 24. Com base nos dados coletados junto à

amostra, os respondentes pontuam que o meio de transporte utilizado para deslocar-se ao local

de trabalho é adequado, porém, existem casos onde o participante da pesquisa crê que o meio

Page 48: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

48

de transporte que utiliza seria bom, e em outros, que a qualidade do serviço utilizado, não

seria de qualidade adequada.

Conforme Pardee (1990), a teoria dos dois fatores de Herzberg divide as coisas em

fatores satisfacientes e insatisfacientes. Os fatores insatisfacientes, no caso, os fatores

higiênicos, impediriam o surgimento da insatisfação. Verifica-se que a indisponibilidade de

um meio de transporte adequado pode vir à criar insatisfação, caso não seja sanada, visto que

isto pode vir a ser considerado um aspecto higiênico, conforme a teoria de Herzberg.

Verifica-se através da observação dos respondentes que a satisfação deste com o meio

de transporte é no geral, regular. Àqueles que dependem do transporte público tem

manifestado maiores insatisfações nesta questão, visto que estão sujeitos a ocorrência

fenomenológicas fora de seu controle (trânsito, falhas mecânicas no meio de transporte,

paralisações da categoria, etc.), reclamando inclusive da qualidade do serviço prestado,

remetendo muito à questão de atrasos e a disponibilidade do transporte. Os outros

respondentes que possuem transporte próprio, no geral demonstram-se satisfeitos, mas as

maiores insatisfações estão ligadas ao trânsito e a baixa disponibilidade de vagas de

estacionamento.

Na décima nona questão, os participantes da pesquisa responderam sobre as condições

gerais de seu ambiente físico em geral, acerca das propriedades físicas deste como poluição e

clima. Com uma média 3,58 e desvio padrão de 0,78 a amostra argumenta que o ambiente em

que encontra-se inserida é em geral sadio, podendo, de acordo com a percepção de cada

respondente ser muito sadio ou ainda, de certa forma, ser um ambiente de má qualidade.

Ao observar-se o local onde os colaboradores pesquisados desempenham suas

atividades profissionais, conclui se que no geral, este ambiente proporciona aos respondentes

certo conforto. O ambiente demonstra-se limpo e seguro, sem maiores ameaças à integridade

física dos respondentes. Não obstante, as condições climáticas da cidade de Caxias do Sul,

onde situa-se a organização estudada, são insatisfatórias. A grande variabilidade de clima e as

incertezas quanto às mudanças deste, geram insatisfação junto aos respondentes,

frequentemente manifestada através de comentários. Pontua-se inclusive que a piora nas

condições climáticas em geral, proporcionam riscos aos colaboradores pesquisados, ao afetar

à sua saúde, bem como outras esferas de suas vidas cotidianas, como o transporte.

A teoria dos dois fatores de Herzberg, conforme denomina Pardee (1990), preocupa-se

com o aspecto do ambiente em que o colaborador está inserido. Um ambiente sadio impediria

que o homem viesse a tornar-se insatisfeito. Dessa forma, torna-se imprescindível o

cumprimento das normas de segurança e saúde ocupacional, bem como a manutenção por

Page 49: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

49

parte da empresa, de um ambiente de trabalho com condições aceitáveis. Limongi-França

(2003) cita inclusive que a legislação brasileira criou o programa de prevenção de riscos

ambientais e o programa médico de controle da saúde ocupacional como formar de garantir

que as empresas tivessem um padrão mínimo das condições ambientais dentro do posto de

trabalho.

Chiavenatto (1999) argumenta que o modelo de Walton também preocupa-se com a

questão do ambiente profissional onde o homem está inserido, denominando que este deve ser

um local livre de condições adversas que possam ameaçar a integridade física do funcionário,

por meio da ocorrência de acidentes de trabalho, ou ainda no geral, condições que possam

causar a degradação da saúde do funcionário.

A décima oitava pergunta do questionário, e primeira deste constructo verifica junto à

amostra qual a sensação de segurança que esta tem durante o desempenho de suas atividades

diárias. Com uma média de 3,58 e desvio padrão de 0,82 afirma-se que no geral a amostra

acredita estar segura de fenômenos que venham a atentar contra sua integridade, seja esta

física, psicológica ou ainda, patrimonial. Não obstante, o desvio padrão explicita que em

casos específicos, os respondentes não acreditam desfrutar de segurança adequada contra tais

fenômenos, e em outros, os respondentes afirmam sentirem-se muito seguros.

A necessidade de segurança de um indivíduo já é identificada por Pérez-Ramos (1990)

na hierarquia das necessidades proposta por Abraham Maslow. Dentro dos modelos de

qualidade de vida do trabalho, Santos (2012) pontua que o modelo proposto por Eda

Fernandes prevê certa necessidade de segurança, dentro dos fatores logísticos, porém, essa

dimensão seria para com a esfera profissional. Tanto Pardee (1990) quanto Maximiano (2000)

e as teorias propostas por Walton e Maslow, reconhecem a importância de estar garantida a

segurança e integridades do ser, sendo que no caso da predominância de uma sensação de

insegurança, não sendo isso necessariamente real, leva à uma piora do equilíbrio

psicoemocional do indivíduo, interferindo então diretamente com a sua capacidade de

trabalho, produtividade, e nível geral de qualidade da tarefa realizada.

Os dados levantados pela observação ratificam aqueles encontrados através da

aplicação do questionário. Todavia, é observável o fato que no geral, os respondentes

demonstram leve sensação de insegurança no ambiente externo à sua esfera profissional. Em

casos muito específicos, os respondentes tem demonstrado significante sensação de

insegurança, reforçada apenas pelas matérias do noticiário local, e acontecimentos prévios que

atentaram contra a sua integridade física, psicológica ou patrimonial.

Page 50: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

50

Na questão 24 mede-se a satisfação dos respondentes no que tange a seu acesso aos

serviços de saúde. Esta questão obteve média de 3,24 e o segundo maior desvio padrão da

categoria, junto com a questão 25, com um valor de 1,04. Conclui-se através dos dados

coletados que os respondentes da pesquisa acreditam possuir o acesso necessário aos serviços

de saúde, mas porém, outros afirmam ter dificuldades para utilizar-se destes serviços,

enquanto que outros acreditam que possuem acesso mais do que adequado à serviços de saúde

conforme sua eventual necessidade.

Por meio da observação, constata-se que os dados obtidos por meio da ferramenta de

coleta de dados quantitativos escolhida, são precisos. No geral, os respondentes tem

demonstrado não estarem satisfeitos, nem insatisfeitos quanto ao seu acesso à serviços de

saúde. Em ocorrências específicas, observadas pelo pesquisador, os colaboradores

pesquisados neste trabalho demonstraram estar insatisfeitos ou ainda muito satisfeitos com o

seu acesso à serviços de saúde. Ressalta-se no geral, os respondentes não tem manifestado

sinais de que estariam tendo dificuldade para utilizar-se dos serviços de saúde.

Não é necessário explicitar a importância da saúde de um funcionário, dentro da

literatura acadêmica, Brito et al (2011) apontam que na abordagem biopsicossocial criada por

Limongi-França, encontra-se a dimensão biológica, bem como a dimensão psicológica. A

saúde do funcionário depende então de um equilíbrio entre estas esferas.

Dentro da vigésima segunda questão, encontrada neste bloco, mede-se a capacidade

dos participantes da pesquisa de engajar-se em atividades de lazer. Obteve-se a segunda

média mais baixa do constructo, de 3,24 e um desvio padrão de 0,74 que é um dos mais

baixos dentro deste domínio. De forma geral, os respondentes afirmam ser capazes de

engajar-se em atividades de lazer sem maiores dificuldades, porém, o desvio padrão aponta

que há outros respondentes que acreditam não serem capazes de satisfazer plenamente suas

necessidades de lazer. Há inclusive casos específicos onde os participantes afirmam serem

capazes de satisfazer de forma adequada suas necessidades de lazer.

Dados provenientes da observação dos indivíduos inseridos no ambiente pesquisado

ratificam os dados coletados pelo questionário. Através da observação dos respondentes e

suas conversas no local de trabalho, observa-se que muitos tem acesso adequado à

oportunidades de lazer, frequentemente comentando sobre estas durante o horário de

expediente. Há casos específicos onde os respondentes afirmaram terem dificuldades de

usufruir de forma adequada de atividades de lazer, em virtude principalmente de sua(s)

atividade(s) profissional(ais).

Page 51: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

51

Embora não necessariamente relacionada ao trabalho, a capacidade de dedicar tempo

ao lazer, é importante do ponto de vista da qualidade de vida no trabalho. Conforme explicita

Fernandes (1996), dentro dos critérios e subcritérios do modelo de Walton, o capacidade de

um indivíduo de dispender tempo para realização de atividades de lazer, seja este sozinho ou

com a sua família é importante. Ressalta-se que a capacidade de desfrutar de atividades de

lazer, estariam ligadas às necessidades de auto realização de um indivíduo, conforme

explicitadas na hierarquia das necessidades de Maslow, segundo Pérez-Ramos (1990).

A questão que obteve a menor média foi a questão 20, que indaga à respeito das

finanças do respondente, buscando verificar se este acredita que seus recursos financeiros

seriam suficientes para satisfazer suas necessidades. A média de 2,72 e o desvio padrão de

1,31 nesta questão permitem que seja afirmado que em geral, os respondentes não possuem

recursos para satisfazer plenamente todas as suas necessidades sem maiores dificuldades.

Todavia, o desvio padrão aponta que há casos específicos onde os respondentes dispõe

quantidade de recursos suficiente para satisfazer plenamente suas necessidades de forma

adequada, e que a atual condição financeira de outros, os impossibilita de conseguir buscar a

satisfação de suas necessidades de forma quase que absoluta.

Por meio da observação in loco dos respondentes, ratifica-se o dado estatístico obtido

pela abordagem quantitativa deste trabalho. No geral, os colaboradores pesquisados acreditam

que sua remuneração não é totalmente adequada para a sua atual situação socioeconômica.

Verifica-se isso por meio de conversas informais no local de trabalho, onde foram levantadas

situações específicas de alguns respondentes. Quanto aos benefícios oferecidos pela empresa,

o vale alimentação e o vale rancho, muitos dos respondentes que auferem destes benefícios

afirmam que os valores recebidos por meio destes não seriam totalmente adequados, estando

um pouco abaixo do desejado. Também observa-se que em casos específicos, os respondentes

estariam levemente insatisfeitos com a remuneração auferida, quando considerada sua

qualificação profissional, experiência, dentre outros fatores.

Não obstante, alguns dos indivíduos pesquisados estariam satisfeitos, ou ainda, mais

do que satisfeitos com a sua atual remuneração, acreditando que esta seria uma contrapartida

adequada da organização para com os serviços prestados pelo colaborador. Cabe ressaltar que

essas ocorrências são raríssimas, e no geral, os respondentes demonstram-se levemente

insatisfeitos com a sua atual disponibilidade de recursos financeiros, bem como a

contrapartida salarial oferecida pela organização.

A literatura acadêmico-científica pesquisada não deixa dúvidas acerca da importância

do contexto econômico-financeiro dos indivíduos, no que tange à qualidade de vida no

Page 52: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

52

trabalho. Pardee (1990) da como exemplo disso, respectivamente, o fato da teoria criada por

Herzberg denominar o salário como um aspecto higiênico, impedindo o surgimento de

insatisfação. Pérez-Ramos (1990) pontua que o trabalho de Maslow preocupa-se também com

à disponibilidade de recursos de um determinado ser, visto que estas estariam alocadas dentro

das necessidades de segurança, no que entende-se por “necessidades primárias.”.

Quase todos os modelos de qualidade de vida no trabalho pesquisados demonstraram

alguma preocupação com a questão econômica do colaborador, com exceção do modelo de

Hackmann e Oldham, que conforme Pedroso, Pilatti e Silva (2010) renegou os aspectos

econômicos, em favor de uma abordagem com um enfoque psicológico, e do modelo de

Nadler e Lawler, teve um maior enfoque nas questões psicossociais e em um resgate

históricos dos modelos de qualidade de vida no trabalho. Fernandes (1996) diz que o modelo

proposto por Walton preocupa-se com a compensação dos funcionários, devendo observar os

critérios de equidade salarial, justiça, a proporcionalidade dos ganhos e a partilha dos ganhos

advindos da produtividade.

Westley também aborda as variáveis econômicas em seu modelo, como evidência

Rodrigues (2007) ao pontuar que os problemas de ordem econômica podem vir à criar um

sentimento de injustiça quanto à remuneração, consequentemente, aumentando a insatisfação

para com esta. Fernandes (1996) complementa o trabalho de Rodrigues (2007) ao expressar

que o modelo de Westley buscou explorar as relações entre os problemas clássicos da era

industrial.

Santos (2012) pontua que o modelo criado por Eda Fernandes em 1996 também

demonstra preocupação com os fatores econômicos, pontuando que o princípio deste modelo

seria a gestão de aspectos que afetem o equilíbrio do clima organizacional. A preocupação

para com variáveis da ordem econômica evidência então a importância destas para a

qualidade de vida no trabalho do profissional. Por fim, Brito et al (2011) e Arellano (2008)

citam que a dimensão social do modelo de abordagem biopsicossocial e organizacional

preocupam-se com a condição sócio-econômico-cultural do indivíduo, reiterando então a

importância e a influência que a condição econômica de um ser tem em sua vida, bem como

em seu âmbito profissional.

Page 53: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

53

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste trabalho era determinar qual a percepção de qualidade de vida no

trabalho dos funcionários da medicina ocupacional do grupo Pró-Salute. Para isso, foi

levantado o perfil sociocultural dos funcionários através da aplicação de um questionário para

esse fim específico. Em seguida, foram coletados dados quantitativos acerca das dimensões

biopsicossociais dos funcionários através de aplicação de outro questionário. Para corroborar

então os dados quantitativos obtidos, realizou-se uma observação participante aberta.

Conforme dados levantados pela pesquisa, tanto qualitativos quanto quantitativos, os

indícios apontam para a existência de uma percepção boa em relação à qualidade de vida de

trabalho dos funcionários. Evidencia-se isto através da média geral de todos os domínios do

questionário, de 3,75 em uma escala de 1 a 5. Os dados levantados por meio da observação

dos indivíduos dentro do seu ambiente profissional corroboram aqueles levantados pela

ferramenta quantitativa.

É perceptível o impacto positivo que a qualidade de vida do trabalho tem no âmbito

profissional dos indivíduos pesquisados, não são observáveis queixas significativas acerca do

trabalho em si, colegas, chefia, ou outros fatores ligados ao exercício da atividade profissional

de cada respondente. Como consequência disso, e com os dados levantados, percebe-se que

no geral, a qualidade de vida dos funcionários da medicina ocupacional do grupo Pró-Salute,

é boa.

Afzal et al (2012) já evidencia em seu estudo acerca da relação entre a liderança,

qualidade de vida no trabalho e produtividade que uma percepção positiva de qualidade de

vida no trabalho por parte do funcionário de uma determinada organização afetará

positivamente o resultado de seu trabalho, tanto na qualidade final quanto na produtividade

geral do empregado. Neto, Pires e Sciarpa (2007) explicitam também que a qualidade de vida

no trabalho é um fenômeno subjetivo, variando de um indivíduo para o outro, ao pontuarem

em seu estudo que apesar de a qualidade de vida dos funcionários obter resultado que

apontava à insatisfação com o ambiente laboral, vinha a tornar-se satisfatória quando

considerados os vieses, experiências e características indivíduas de cada indivíduo.

Ressalta-se que a questão com a pior avaliação dos respondentes do questionário

remetia diretamente à contrapartida econômica proporcionada pela empresa em virtude da

atividade profissional exercida. Os teóricos pesquisados afirmam a importância da condição

econômica do indivíduo como sendo um importante pilar da qualidade de vida no trabalho,

Page 54: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

54

uma vez que esta virá a afetar as relações entre as dimensões biopsicossociais do indivíduo.

Pardee (1990) enumera que Herzberg e sua teoria dos dois fatores considera o salário como

sendo um fator higiênico, impedindo o surgimento da insatisfação. Fernandes (1996) exalta

ainda mais a importância da esfera econômica no que tange à qualidade de vida no trabalho,

ao explicitar que o modelo de Walton considera que a compensação do funcionário pelo

trabalho realizado deve seguir certos fatores, como equidade tanto com o ambiente externo,

ou seja, o mercado, quanto com o ambiente interno à organização, levando em consideração

também a proporcionalidade entre os salários e a utilização de critérios considerados justos

afim de parametrizar a compensação dos indivíduos.

Não obstante, ressalta-se as limitações deste estudo, em primeiro lugar, o fato de ser

um estudo de caso, logo suas conclusões serem limitadas ao objeto de estudo, não podendo

ser estendidas a outros braços de negócio do grupo, nem à outras organizações. Em segundo

lugar, embora tenha utilizado uma abordagem qualitativa e quantitativa, o presente trabalho

carece de maior profundidade nos dados qualitativos obtidos, sendo sugerível que, no caso de

novo estudo, seja buscado um aprofundamento destes através de entrevistas com os

funcionários, visto que a qualidade de vida no trabalho pode ser considerada um fenômeno

mensurável à nível individual, visto que depende do inter-relacionamento das dimensões

biopsicossociais do indivíduo.

Por fim, destaca-se a importância desta pesquisa ao possibilitar à administração da

empresa que comece a gerir a qualidade de vida no trabalho, que torna-se cada vez mais

importante componente dentro das organizações, visto que comprovadamente afetas níveis de

produtividades, rotatividade, absenteísmo e geração de valor por parte do capital humano.

Page 55: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

55

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Page 59: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

59

Page 60: Qualidade de Vida No Trabalho Um Estudo

60

APÊNDICE A – Questionário para Determinação do Perfil Sócio-Cultural da Amostra

O presente instrumento de pesquisa constitui um dos elementos integrantes para

elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso do curso de Bacharelado em Administração

de Empresas pela Faculdade da Serra Gaúcha. O objetivo deste trabalho é levantar qual a

percepção de qualidade de vida no trabalho dos funcionários da medicina do trabalho do

grupo Pró-Salute.

Solicito vossa colaboração no sentido de responder com precisão e prontidão as

questões elaboradas. Enfatizo que não é necessária a identificação do respondente, e que

as informações prestadas neste questionários são estritamente confidenciais.

Atenciosamente,

Pedro Henrique Fantinelli Florão

QUESTÕES PARA DEFINIÇÃO DO PERFIL SÓCIO-CULTURAL

1) Qual a sua idade? ______ anos

2)

3) Sexo:

1 (__) Masculino 2 (__) Feminino

4) Estado Civil:

1 (__) Solteiro 2 (__) Casado/União Estável

3 (__) Separado/Divorciado 4 (__) Divorciado

5) Escolaridade: 1 (__) Ens. Fundamental Incompleto

2 (__) Ens. Fundamental Completo

3 (__) Ens. Médio/Técnico Incompleto

4 (__) Ens. Médio/Técnico Completo

5 (__) Ens. Superior Incompleto

6 (__) Ens. Superior Completo

7 (__) Pós-graduado

6) Tempo de empresa: ________ (em anos)

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ANEXO A – Questionário WHOQOL-BREF (ADAPTADO)

WHOQOL-BREF

PERCEPÇÃO GERAL DE QUALIDADE DE VIDA

PÉSSIMA RUIM REGULAR BOA ÓTIMA

Q1 - Como você avalia sua qualidade de vida? 1 2 3 4 5

Q2 - Quão satisfeito você está com a sua saúde? 1 2 3 4 5

DOMÍNIO FÍSICO NADA POUCO MAIS OU MENOS MUITO COMPLETAMENTE

Q3 - Em que medida você acha que a sua dor (física) impede você de fazer o que precisa? 1 2 3 4 5

Q4 - O quanto você precisa de algum tratamento médico para levar a sua vida diária? 1 2 3 4 5

Q5 - Você tem energia suficiente para o seu dia-a-dia? 1 2 3 4 5

Q6 - Quão bem você é capaz de se locomover? 1 2 3 4 5

Q7 - Quão satisfeito você está com o seu sono? 1 2 3 4 5

Q8 - Quão satisfeito você está com a sua capacidade de desempenhar as atividades do seu dia-a-dia? 1 2 3 4 5

Q9 - Quão satisfeito você está com sua capacidade para o trabalho? 1 2 3 4 5

DOMÍNIO PSICOLÓGICO NADA POUCO MAIS OU MENOS MUITO COMPLETAMENTE

Q10 - O quanto você aproveita a vida? 1 2 3 4 5

Q11 - Em que medida você acha que a sua vida tem sentido? 1 2 3 4 5

Q12 - O quanto você consegue se concentrar? 1 2 3 4 5

Q13 - Você é capaz de aceitar sua aparência física? 1 2 3 4 5

Q14 - O quão satisfeito você está consigo mesmo? 1 2 3 4 5

Q15 - Com que frequência você tem sentimentos negativos tais como mau humor, desespero, ansiedade, depressão? 1 2 3 4 5

DOMÍNIO DE RELAÇÕES SOCIAIS NADA POUCO MAIS OU MENOS MUITO COMPLETAMENTE

Q16 - Quão satisfeito você está com suas relações pessoais? (amigos, parentes, conhecidos, colegas)? 1 2 3 4 5

Q17 - Quão satisfeito você está com o apoio que você recebe de seus amigos? 1 2 3 4 5

DOMÍNIO AMBIENTAL NADA POUCO MAIS OU MENOS MUITO COMPLETAMENTE

Q18 - Quão seguro você se sente em sua vida diária? 1 2 3 4 5

Q19 - Quão saudável é seu ambiente físico (clima, barulho, poluição, atrativos)? 1 2 3 4 5

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Q20 - Você tem dinheiro suficiente para satisfazer suas necessidades? 1 2 3 4 5

DOMÍNIO AMBIENTAL NADA POUCO MAIS OU MENOS MUITO COMPLETAMENTE

Q21 - Quão disponíveis para você estão as informações que você precisa no dia-a-dia? 1 2 3 4 5

Q22 - Em que medida você tem oportunidades de atividade de lazer? 1 2 3 4 5

Q23 - Quão satisfeito você está com as condições do local em que você mora? 1 2 3 4 5

Q24 - Quão satisfeito você está com o seu acesso a serviços de saúde? 1 2 3 4 5

Q25 - Quão satisfeito você está com o seu meio de transporte? 1 2 3 4 5