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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA PRO-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMAÇÃO INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA - CNPq/UEFS Relatório Final de Atividades DIAGNÓSTICO DO POTENCIAL AGROAMBIENTAL DO TERRITÓRIO DE IDENTIDADE PORTAL DO SERTÃO Bolsista – Tayná Freitas Brandão Graduanda do curso de Engenharia Civil /UEFS [email protected] Orientadora – Rosângela Leal Santos Profª Assistente da UEFS [email protected] AGOSTO / 2009

Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

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Page 1: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

PRO-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMAÇÃO INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO

CIENTÍFICA - CNPq/UEFS

Relatório Final de Atividades

DIAGNÓSTICO DO POTENCIAL AGROAMBIENTAL DO TERRITÓRIO DE

IDENTIDADE PORTAL DO SERTÃO

Bolsista – Tayná Freitas Brandão Graduanda do curso de Engenharia Civil /UEFS

[email protected]

Orientadora – Rosângela Leal Santos Profª Assistente da UEFS

[email protected]

AGOSTO / 2009

Page 2: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA -

CNPq/UEFS

DIAGNÓSTICO DO POTENCIAL AGROAMBIENTAL DO TERRITÓRIO DE

IDENTIDADE PORTAL DO SERTÃO

Relatório final sobre as atividades desenvolvidas como bolsista do PIBIC apresentado à

coordenação do Programa, como parte dos requisitos exigidos na Resolução Normativa

do CNPq RN - 006/96.

Tayná Freitas Brandão - bolsista

Rosângela Leal Santos - Orientadora

PIBIC/CNPQ

Feira de Santana (BA), 10 de Agosto de 2009.

Page 3: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

SUMÁRIO

1.0 INTRODUÇÃO 2

2.0 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

7

3.0 REVISÃO DE LITERATURA 8

3.1 Geoprocessamento na análise ambiental 8

3.2 Análise integrada da Paisagem 9

3.3 Conceito de Aptidão Agrícola 11

3.4 Sistema de aptidão agrícola das terras 12

3.5 Funções dos Sistemas de Informações Geográficas no auxílio a análise

integrada da paisagem e classificação do solo 13

3.6 Levantamento do potencial de uso agrícola do solo 13

3.7 Meios para obter o levantamento do potencial de uso do solo 14

3.8 Condições agrícolas das terras 15

3.9 Estrutura do sistema de aptidão agrícola das terras 15

3.10 Classificação de solos 16

3.11 Conceitos centrais do zoneamento 17

3.12 Os Objetivos do Zoneamento 17

3.13 Zoneamento agroecológico básico (ZAB)

21

4.0 METODOLOGIA 28

4.1 Classificações Técnicas 28

5.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO 29

5.1 Integração e análise das informações 30

6.0 CONCLUSÃO 37

7.0 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 38

Page 4: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Considerações gerais sobre a vegetação no Nordeste 5

Figura 02: Território de Identidade Portal do Sertão.

6

Figura 03: Localização do Território de Identidade Portal do Sertão na Bahia

7

Figura 04: Componentes de um Sistema de Informação Geográfica. 9

Figura 05: Macrorrelações entre os indicadores ambientais condicionantes do Ordenamento Ecológico – paisagístico. 18

Figura 06: Sistema global – Inter-relações entre as ofertas dos sistemas ecológicos e as demandas do Sistema Social

19

Figura 07: Zoneamento como ferramenta de políticas e ações de planejamento para o desenvolvimento sustentado e melhoramento da qualidade de vida. 22

Figura 08: Principais componentes da análise estrutural das paisagens 24

Figura 09: Esquema básico de interpretação da estrutura e qualidade ambiental de paisagens naturais e artificializadas.

25

Figura 10: Ecodinâmica: Principais indicadores usados na análise de interações condiocionantes do regime de umidade das paisagens.

26

Figura 11: Estratégia Metodológica do processo de Ordenamento Ecológico – Paisagístico do Território

27

Figura 12a: Composição Geomorfológica do Portal do Sertão 30

Figura 12b: Tipos de Solos e Hidrografia do Portal do Sertão 30

Figura 13a: Classificação das Rochas que compõem o Portal do Sertão 31

Figura 13b: Composição geológica do Portal do Sertão 31

Figura 14: Composição vegetal do Território de Identidade Portal do Sertão 32

Figura 15a: Potencial do Solo do Território Portal do Sertão. 34

Figura 15b: Aptidão Agrícola do Solo do Território Portal do Sertão considerando os níveis de Manejo A = Aptidão de Média a Alta, B= Aptidão baixa a Média e C= de Restrita a Nula.

34

Page 5: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

LISTA DE TABELAS Tabela 1: Fatores de limitação e atributos diagnósticos. 17

Tabela 2 – Composição da dinâmica dos solos do Território de Identidade Portal do Sertão

33

Page 6: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

APRESENTAÇÃO

O presente relatório apresenta às atividades desenvolvidas no período vigente da

bolsa PIBIC/CNPQ iniciado em Agosto de 2008 , a partir do plano de trabalho

intitulado “Diagnóstico do potencial agroambiental do território de identidade Portal do

Sertão”, vinculado ao projeto de pesquisa: Variações climáticas e flutuações da

produção agrícola nos municípios baianos (1970/2006).

Assim, o objetivo desta pesquisa é caracterizar o potencial agroambiental do

território de identidade do Portal do Sertão, necessitando desta forma, analisar os

padrões fisiográficos com apoio de geotecnologias.

De acordo com CÂMARA (2003. p.10), o termo Geoprocessamento denota a

disciplina do conhecimento que utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o

tratamento da informação geográfica e que vem influenciando de maneira crescente as

áreas de Geografia, Geologia, Biologia, Engenharia, dentre outras. Nesse contexto,

torna-se necessário inserir novas formas de análise do espaço geográfico, pois as

geotecnologias representam um potencial de maior aproveitamento e complexidade nas

análises dos dados, gerando uma maior gama de informações e de resultados mais

precisos.

Os mapas historicamente têm sido utilizados como fonte primária de

informação, sendo um instrumento visual da percepção humana e um meio para obter o

registro e a análise da paisagem. Neste contexto, a utilização de Sistemas de

Informações Geográficas (SIG) é essencial para a obtenção de informações relacionadas

às características estruturais da paisagem.

Tem-se, então, o SIG como uma ferramenta de apoio que possibilita o

processamento e análise de informações espaciais, oferecendo subsídios para o

desenvolvimento de estudos mais precisos.

A partir deste levantamento das características fisiográficas da área, é possível

realizar um estudo mais aprofundado, a fim de avaliar a aptidão agrícola deste território,

o que corresponde à etapa final da pesquisa. A classificação da avaliação da aptidão

agrícola é uma importante ferramenta, pois oferece a possibilidade de subsidiar

trabalhos sobre planejamento agroambiental e gerenciamentos ambientais.

Page 7: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

Estudos como estes se tornam importantes pela necessidade de metodologias

que forneçam subsídios para o planejamento e tomada de decisões mais precisas e

adequadas, utilizando um componente ambiental neste processo.

1.0 INTRODUÇÃO

A humanidade atravessa um momento histórico em função das disparidades

sócio-econômicas, confrontando problemas relacionados com a pobreza, fome, doenças,

analfabetismo e com a degradação ambiental. Na perspectiva moderna de gestão do

território, toda ação de planejamento, ordenação ou monitoramento do espaço deve

incluir a análise dos diferentes componentes do ambiente, incluindo o meio físico-

biótico, a ocupação humana, e seu inter-relacionamento (Medeiros & Câmara, 2001).

O uso inapropriado da terra conduz à exploração ineficiente e à degradação dos

recursos naturais, à pobreza e outros problemas sociais. É neste risco de degradação que

se encontra a raiz da necessidade da avaliação e do planejamento do uso da terra. A

terra é a fonte primordial de riqueza e a base sobre a qual muitas civilizações foram

construídas e/ou destruídas, em função da degradação causada pela sobrecarga dos

recursos naturais (BEEK et al., 1996).

Neste contexto, o sensoriamento remoto e o geoprocessamento constituem-se

em técnicas de grande utilidade, permitindo em curto intervalo de tempo a obtenção de

uma grande quantidade de informações a respeito de registros de uso da terra (Santos et

al., 1981).

Page 8: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

O Diagnóstico Agroambiental é um instrumento técnico voltado para o

planejamento ambiental, proporcionando parâmetros e referências para uma reavaliação

permanente do processo de planejamento, principalmente dos setores agrícola, mineral,

dentre outros. Com base em estudos realizados através de levantamentos setoriais e/ou

integrado dos recursos naturais e do meio ambiente, utilizando técnicas de

sensoriamento remoto aéreo e orbital e geoprocessamento, adotam-se procedimentos

metodológicos capazes de conduzir à delimitação de unidades geoambientais, em

consonância com proposições geossistêmicas. Além de serem dimensionadas as

unidades geo-ambientais, incluem-se os municípios que nelas se enquadram,

discriminando seu potencial e limitações de uso dos recursos naturais; as condições

ecodinâmicas e a vulnerabilidade, como também o uso compatível visando sua

sustentabilidade.

Nesta visão, estudos de avaliação do potencial de uso das terras assumem papel

importante, pois além de orientar um planejamento agroambiental adequado, pode

oferecer subsídios para avaliação de riscos de impactos negativos, contribuindo assim

para um melhor aproveitamento do solo. Neste estudo é fundamental uma análise

geodinâmica da paisagem para definir suas potencialidades e planejar as diversas

formas de usos mais adequados para cada área.

Depois dos inúmeros erros cometidos no desenvolvimento regional dos países

em vias de desenvolvimento, tem surgido grande preocupação para controlar, ou

amenizar, a continuidade do processo de degradação ambiental devido à gestão

inadequada na exploração dos recursos naturais.

Nesses paises, entre eles o Brasi1, cresce a consciência de que não deve existir

conflito entre as necessidades do desenvolvimento sócio econômico e a conservação das

qualidades ecológicas dos sistemas onde acontece a ação do homem.

Não obstante, a análise do estado atual dos recursos ambientais e a baixa

qualidade de vida de grandes setores da população indicam que a ocupação e uso das

terras continua sendo extremamente agressivo, tendo comprometido as possibilidades

de melhoramento e recuperação de sistemas ecológicos que são essenciais para o

desenvolvimento e sustentação da qualidade de vida regional.

O ecossistema do portal do sertão, como geralmente acontece nas zonas

intertropicais, são altamente sensíveis às ações e derivações antropogênicas;

adicionalmente, esses ecossistemas possuem uma fraca flexibilidade para se recuperar

ou regenerar, através de mecanismos naturais. A falta de providencias, ambientais no

Page 9: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

estado da Bahia tem provocado, local e areolarmente, lesionamentos intensos e

irreversíveis na maioria das paisagens ocupadas pelas Atividades de mineração, agrícola

e florestal. A desperenização de mananciais, a savanização de paisagens florestais, a

desertificação de paisagens edáficas de textura arenosa; a degradação da qualidade

forrageira da caatinga são exemplos que se repetem incessantemente no espaço do

portal do sertão nordestino.

O Estado da Bahia constitui um exemplo brasileiro de ocupação desordenada e

predatória de seus ecossistemas. Os sinais de degradação, em níveis e dimensões

distintas, estão associados a inúmeros fatores. Especialmente se destacam: a ausência de

planos e diretrizes, tanto federais como estaduais, para incorporar modelos e tecnologias

agrícolas que dêem sustentabilidade ecológica e econômica ao uso dos diferentes

sistemas naturais; a consolidação regional de estilo de desenvolvimento que são

incompatíveis com as qualidades e sensibilidade dos recursos naturais locais e as

expectativas de vida da população; os desmatamentos e desbravamentos incontrolados

de florestas e caatingas; a desordem no processo de urbanização; a falta de ordenamento

e de controles nas atividades de mineração; a ausência de políticas adequadas para

preservação de áreas indígenas e de conservação da natureza.

É sabido que o desenvolvimento rural determina atividades sócio-econômicas

que demandam a transformação de paisagens naturais em paisagens culturais e que essa

alteração paisagística implica em um conjunto de degradações ecológicas, devido à

artificialização da paisagem natural e a perda da diversidade biológica do sistema

ecológico.

Apesar da artificialização resultante do desenvolvimento agrícola ser inevitável,

existem numerosas alternativas de ocupação harmônica das paisagens naturais, as quais

estão baseadas em modalidades de desenvolvimento que protegem a dimensão das

variáveis ecológicas e a oferta ambiental das paisagens produtivas.

Nesse sentido é necessário apreciar e salientar que o dimensionamento dos

aspectos ecológicos define a chave do sucesso do processo de produção agropecuária e

florestal a médio e longo prazo. Essa chave começa a dar seus frutos na hora em que a

comunidade reconhece que a variabilidade espacial de um país ou região confere à

sociedade a possibilidade de ordenar suas paisagens em função de sua diversidade

ecológica e suas vocações, para serem ocupadas por atividades produtivas e

sustentáveis, bem como identificar e delimitar áreas pouco alteradas com fins de

conservação permanente dos recursos naturais.

Page 10: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

A região semi-árida do Nordeste brasileiro definida segundo critérios climáticos

e fito-ecológicos, inclui a porção centro sul do Piauí, a quase totalidade dos Estados do

Ceará e Rio Grande do Norte e a parte compreendida pelos sertões da Paraíba,

Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, estando situada entre a faixa úmida da Zona da

Mata e Agreste, a leste e a região dos cerrados da Bahia, Piauí e Maranhão, a oeste.

O semi-árido, que abrange cerca de 57% do espaço nordestino, do ponto de vista

edáfo-vegetativo é caracterizado pela ocorrência de solos rasos assentados sobre o

substrato cristalino, cobertos predominantemente pela vegetação caducifoliar das

caatingas, com raros enclaves de vegetação do tipo mata úmida nas serras e ocorrência

esporádica de matas ciliares nas faixas aluvionares ao longo dos rios.

As condições climáticas na região semi-árida são caracterizadas por

temperaturas elevadas, baixas amplitudes térmicas, forte insolação, elevadas taxas de

evaporação e especialmente pela escassez e irregularidade acentuada na distribuiçào das

chuvas, tanto no tempo quanto no espaço.

Em termos fitogeográficos, destacam-se ocorrências de amplas superfícies

aplainadas, estas são, em geral, cobertas por caatingas, formação vegetal onde

predominam arbustos de folhas decíduas com bosques de arbustos espinhosos e

cactáceas sendo uma região de savana estépica (caatinga do sertão semi-árido); áreas de

tensão ecológica; áreas de formações pioneira com influências marinhas e flúvio-

marinhas; região de floresta ombrófila densa; região de floresta ombrófila aberta

(faciação de floresta ombrófila densa). (Figura 01)

Nas amplas várzeas de solos aluviais, situados nos baixos cursos dos rios que

deságuam na costa, proliferam densos carnaubais. Nos espaços vazios existentes

praticam-se lavouras de subsistência, enquanto nos tabuleiros cria-se gado bovino.

domínio das depressões intermontanas e interplanálticas semi-áridas e vegetação com

espécies xerófitas (adaptadas a climas áridos e semi-áridos).

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Figura 01: Considerações gerais sobre a vegetação no Nordeste

Page 12: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

Diante desses aspectos, tem-se o sistema de informações geográficas (SIG)

como uma ferramenta de apoio que possibilita o processamento e análise de

informações espaciais, oferecendo subsídios para o desenvolvimento de estudos mais

precisos. Os SIG’s em conjunto com o Sensoriamento Remoto podem ser usados para

acessar variáveis espaciais e temporais, proporcionando melhor integração e

organização dos dados, avaliação e prognóstico de problemas com auxílio de modelos

matemáticos de simulação (Petersen et al., 1991). A utilização do SIG nesta pesquisa

possibilitará a elaboração de um diagnóstico do potencial agroambiental do território de

identidade do Portal do Sertão a partir de dois níveis de manejo (níveis A e B). Este

território de identidade é formado pelos seguintes municípios: Feira de Santana, São

Gonçalo dos Campos, Conceição de Feira, Santo Estevão, Ipecaetá, Antônio Cardoso,

Anguera, Tanquinho, Santa Bárbara, Santanópolis, Coração de Maria, Amélia

Rodrigues, Teodoro Sampaio, Terra Nova, Conceição do Jacuípe, Irará, Água Fria

(Figura 02).

Figura 02: Território de Identidade Portal do Sertão.

Page 13: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

Finalmente, vale ressaltar que a compreensão das funções dos diversos

ecossistemas naturais e sua dinâmica, além de possibilitar interpretações ecológicas das

qualidades, limitações e potencialidades energéticas dos recursos naturais renováveis,

gera conhecimentos centrais para dimensionar e introduzir adequadamente as variáveis

ambientais no processo de ocupação e/ou reordenamento da ocupação do território,

possibilitando um melhor desenvolvimento econômico-social e eliminando, ou

reduzindo; os efeitos da crise.

Em função disso, é necessário um ordenamento espacial das paisagens que

propicie seu uso eficiente, permanente e sustentado.

Esse ordenamento ecológico-paisagístico do meio rural e biológico, denominado

convencionalmente Zoneamento Agroecológico, exige caracterizar a diversidade de

paisagens e suas limitações físicas e biológicas, como também a sensibilidade dos

diferentes ecossistemas frente ao impacto da tecnologia e, mais especialmente, aquelas

tecnologias que modificam negativamente a oferta dos recursos naturais renováveis.

O modelo de Zoneamento interpreta a necessidade social de melhorar as relações

do homem com a natureza e baseia sua estratégia de avaliação integrada das paisagens

no objetivo de direcionamento de usos ecologicamente adequados dos recursos naturais

renováveis. Em decorrência disso, suas orientações têm como finalidade central facilitar

a identificação e elaboração de políticas, planos e ações que sustentem a dimensão

ambiental no desenvolvimento dos sistemas ecológicos do Território Portal do Sertão.

2.0 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO O território de identidade Portal do Sertão está localizado na Bahia, região

nordeste do Brasil, entre as coordenadas 11 graus 40’ S e 39 graus e 40’ W e 12 graus e

40’ sul e 38 graus e 20’ W (Figura 03). Este território constitui a bacia hidrográfica do

Paraguassu à oeste, à leste, bacia do Recôncavo Norte, e à noroeste corresponde a bacia

de Inhambupe.

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Figura 03: Localização do Território de Identidade Portal do Sertão na Bahia Fonte: IBGE

O território de identidade Portal do Sertão é composto pelos seguintes

municípios que fazem parte da região administrativa do Paraguaçu: Feira de Santana,

São Gonçalo dos Campos, Conceição de Feira, Santo Estevão, Ipecaetá, Antônio

Cardoso, Anguera, Tanquinho, Santa Bárbara, Santanópolis, Coração de Maria, Amélia

Rodrigues, Teodoro Sampaio, Terra Nova, Conceição do Jacuípe, Irará, Água Fria

(Figura 02).

Segundo dados do Censo 2000, a população total do Território de Identidade

Portal do Sertão corresponde a 788.143 habitantes. Considerando os dados dos Censos

Agropecuários de 2006 nos 17 municípios que compõem o Território de Identidade

Portal do Sertão, a área cultivada com lavouras ocupa 48,110 hectares e as pastagens

ocupam aproximadamente 212,774 hectares, não foi observada a silvicultura. Isto

demonstra a prevalência de pecuária sobre as áreas cultivadas, fato que demonstra a

inexistência de um planejamento e zoneamento de aptidão adequado na região.

3.0 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Geoprocessamento na análise ambiental

O geoprocessamento atualmente se configura como uma ferramenta primordial

para as etapas de levantamento e processamento de informações relacionadas a questões

ambientais, através de programas específicos que possibilitam interpolações ou

Page 15: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

sobreposições de dados levantados ou já existentes. Este processo pode gerar de forma

rápida e eficiente uma série de novas informações relevantes que são imprescindíveis

para o estudo ambiental de uma determinada área.

De acordo com Xavier da Silva (2001) apud Caldas (2006), geoprocessamento

pode ser definido como um conjunto de procedimentos computacionais que, operando

sobre bases de dados georreferenciados existentes e originados do sensoriamento

remoto, da cartografia digital ou de qualquer outra fonte, executa classificações e outras

transformações dirigidas à elucidação e análise da organização do espaço geográfico.

Entretanto o geoprocessamento é um conjunto de ferramentas e técnicas usadas para

interpretar, analisar e compreender o espaço em diferentes perspectivas. Em síntese, a

grande contribuição do geoprocessamento é a possibilidade de integração das

informações ambientais, fornecendo uma visão sobre os diversos componentes do

ambiente.

Neste contexto, um Sistema de Informações Geográficas (SIG) consiste num

ambiente de armazenamento, tratamento e análise de dados, aplicação de modelos e

processamento de séries temporais, onde é possível visualizar cenários passados, atuais

e simular cenários futuros. Os SIG’s possibilitam superar as dificuldades que existem

nos estudos em grandes escalas, proporcionando a manipulação integrada de conjuntos

de diferentes dados (JOHNSON, 1990 apud Caldas, 2006).

Um SIG tem sua estrutura constituída por “dados”, “informações” e

"conhecimento". Os dados são conjuntos de valores que podem ser numéricos,

alfabéticos e gráficos. “Informação” é um termo usado para designar ou sugerir

atributos sobre um conjunto de dados. O “conhecimento” só se efetiva quando se

constrói uma “imagem” do objeto. Estas imagens sempre vão ser partes do sujeito e

parte do objeto (FERREIRA, 2004).

Os procedimentos são semelhantes à construção de um banco de dados similar

(Dbase, Acces ou Oracle), onde a definição da estrutura do banco precede a entrada dos

dados. Na seqüência define-se um referencial geográfico que permitirá delimitar uma

região de observação das entidades geográficas que o comporão. A figura 04 a seguir

fornece a noção da estrutura de um sistema geográfico de informação.

Page 16: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

Figura 04: Componentes de um Sistema de Informação Geográfica. Fonte: MEDEIROS, 2000 in FERREIRA, 2004.

3.2 Análise integrada da Paisagem

Desde o sucesso da Teoria Geral dos Sistemas, de Bertanlanffy, no início dos

anos 1950 do século XX, a análise sistêmica extravasara todas as disciplinas. O trabalho

de Jean Tricart (1965), com a sua classificação ecodinâmica dos meios ambientes, já

assinala o aparecimento da teoria sistêmica na Geografia.

Tricart (1977) define um sistema como um conjunto de fenômenos que se

processam mediante fluxos de matéria e energia. Esses fluxos originam relações de

dependência mútua entre os fenômenos. Surge daí uma entidade global nova, mas

dinâmica. Para o autor, esse conceito permite adotar uma atitude dialética entre a

necessidade da análise e a necessidade de uma visão de conjunto, capaz de ensejar uma

atuação eficaz sobre esse meio ambiente. Através da análise de um sistema,

reconhecem-se conceitualmente as suas partes interativas, o que torna possível captar a

rede interativa sem ter de separá-las. “O conceito de sistema é, atualmente, o melhor

instrumento lógico de que dispomos para estudar os problemas do meio ambiente”

(TRICART, 1977).

A polissemia da noção de paisagem apresenta a possibilidade de leitura da

expressão da interação sistemas naturais-sociais através da abordagem sistêmica. Essa

proposta desempenha um papel epistemológico, prático e de grande importância na

análise da construção da paisagem.

O fato da análise integrada da paisagem considerar a dimensão natural e social

dos sistemas paisagísticos possibilita avaliar como acontece a interação sociedade-

ambiente nos diferentes espaços.

Page 17: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

Neste estudo apresentou-se o resultado da aplicação da análise integrada da

paisagem por meio do método de análise geossístêmico para a elaboração de um

diagnóstico do potencial agroambiental do território de identidade do Portal do Sertão.

A pesquisa teve por objetivo de compreender os processos que conformam o espaço

rural da Região socioeconômica de Feira de Santana e as diferenciações do quadro

social-ambiental de seus municípios “rurais”. Neste contexto, a análise da paisagem

teve como finalidade identificar os possíveis conflitos entre ambiente e sociedade.

O território do Portal do Sertão é marcado pela heterogeneidade social,

econômica e físico-natural. Os municípios que o compõem apresentam dinâmicas

diferenciadas no espaço rural quanto às políticas públicas; sistemas produtivos;

condicionantes ambientais e história de ocupação.

Os pesquisadores chamam atenção para questões de ordem metodológica.

Consideram básica a determinação da escala tempo-espacial no estudo da paisagem para

a construção da abordagem geossistêmica, condição já apresentada por Bertrand (1968).

Monteiro ressalta a importância da ação dos elementos e do jogo de fatores em

diferentes escalas. Como é o caso da ação humana que ocorre das escalas inferiores para

as superiores, e a definição do geossistema nas escalas intermediárias.

Reforçando a necessidade de coerência entre a problemática da pesquisa e a base

metodológica, Monteiro afirma: “A hipótese de trabalho visa esclarecer sobre o ‘núcleo’

(área de interesse) e seu ambiente na montagem de um sistema aberto, dinâmico,

intercambiante com o seu entorno” (2001, p. 89).

Dada a notabilidade em considerar a escala no estudo da paisagem e na sua

compartimentalização em unidades, o autor descreve a relevância da etapa de

sobreposição dos mapas básicos como uma visão no plano horizontal daquilo que se

revela verticalmente no transecto — enfatiza articulação dos fatos socioeconômicos —

a antropização do geossistema, pela compreensão daquilo que substância concretamente

na paisagem (geossistema) como os usos (agrícolas) edificações (urbano, industrial,

tecnológica) e derivações importantes no sítio (represas, aterros, grandes

desmatamentos, etc., etc.). Se estas são coisas que se concretizam no sistema há forças

poderosas de dinamização processual que entram na causalidade socioeconômica

(fluxos de capitais, de inovações, etc). (MONTEIRO, 2001, p. 89).

Este instrumento de análise integrada possibilita o estudo da dinâmica da

paisagem dentro de um espaço geográfico, dos processos específicos de relação

sociedade meio-ambiente.

Page 18: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

3.3 Conceito de Aptidão Agrícola

Numa linguagem simplificada, o termo aptidão refere-se a habilidade. Aptidão

agrícola refere-se a habilidade do solo para determinadas atividades agrícolas, o que se

pode cultivar, proteger, etc.

Para Ramalho Filho & Beek (1994), um mapa de aptidão agrícola revela

interpretações realizadas no solo, classificando áreas para diversas culturas, sob

diferentes condições de manejo e viabilidade de melhoramento, através de tecnologias.

A classificação é um processo interpretativo e seu caráter é efêmero. É um guia para a

obtenção do máximo de benefícios das terras e é como uma orientação de como devem

ser utilizados seus recursos.

Considera três níveis de manejo: A, B e C. O nível de manejo A representa uma

atividade primitiva de utilização, onde envolve trabalhos braçais e baixo nível técnico

cultural. O nível de manejo B é pouco desenvolvido, podendo ser braçal com

envolvimento de tração animal. Pode ser utilizada tração motorizada quando se almeja

desbravar e preparar o solo. O nível C é o que representa o elevado nível tecnológico e

qualificado.

3.4 Sistema de aptidão agrícola das terras

O processo de deterioração e degradação ambiental tem despertado grande

interesse entre estudiosos, uma vez que essa questão afeta diretamente a condição de

vida na Terra. Todavia, a aceleração de atividades humanas predatórias em determinada

região vem acontecendo com significativa velocidade, ocasionando prejuízos diversos

aos seres vivos e aos recursos naturais, sendo, em parte, provocado pelo não

planejamento das atividades no espaço agroambiental.

Para realizar estudos neste campo, foram elaborados métodos como o sistema de

aptidão agrícola das terras (RAMALHO FILHO E BEEK, 1995), o qual começou a ser

difundido no Brasil a partir da década de sessenta (BENNEMA, et al., 1964), com o

principal objetivo de classificar o potencial das terras no contexto da agricultura

tropical. O sistema considera a possibilidade de reduzir as limitações do solo a partir da

adoção de técnicas e de capital, segundo graus de viabilidade compatíveis com o nível

de manejo.

Na atual versão, o sistema de avaliação de aptidão agrícola permite a estimativa

das qualidades do ecossistema a partir de cinco parâmetros - nutrientes, água, oxigênio,

Page 19: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

mecanização e erosão – e as terras são classificadas em quatro classes de aptidão (boa,

regular, restrita e inapta), segundo três níveis de manejo – nível tecnológico baixo (nível

A), nível tecnológico médio (nível B) e nível tecnológico alto (nível C) - e quatro tipos

de utilização - lavoura, pastagem plantada, silvicultura e pastagem natural (RAMALHO

FILHO E BEEK, 1995).

De acordo com CURI et al., (1993) apud PEREIRA, (2002) a aptidão agrícola

pode ser compreendida como a adaptabilidade da terra para um tipo específico de

utilização agrícola das terras, partindo de um ou mais níveis de manejo.

O sistema de aptidão agrícola pode ser considerado como um importante

instrumento metodológico de avaliação das terras, em virtude das possibilidades que

oferece e proporcionar o estudo em diferentes tipos de manejo (A, B e C). Como

desvantagem deste método, como afirma PEREIRA (2002), destaca-se que este sistema

não foi trabalhado suficientemente junto aos usuários.

A fim de elaborar uma síntese acerca do potencial agrícola das terras do Brasil,

RAMALHO FILHO e PEREIRA (1996), utilizaram o sistema de avaliação da aptidão

agrícola das terras, considerados os três níveis de manejo (níveis A, B e C). Foi

verificado que no Brasil há um imenso potencial agrícola das terras brasileiras, ou seja,

o país possui cerca de 5,55 milhões de Km2 aptos para lavouras, 964.334 Km2 indicados

para pastagem plantada e 941.296 Km2 para silvicultura e/ou pastagem natural.

3.5 Funções dos Sistemas de Informações Geográficas no auxílio a análise

integrada da paisagem e classificação do solo

Segundo Silva (1999), os SIG’s têm em comum a capacidade de desempenhar

eficazmente operações de supeposição, que praticamente regem a funcionalidade dos

mesmos. As funções dos SIG’s podem ser divididas, basicamente, em consulta,

reclassificação, análises de proximidade e contiguidade, modelos digitais de elevação,

operações algébricas cumulativas e operações algébricas não cumulativas. Esta última, a

implementada na presente pesquisa.

Através de modelos lógicos, mapas observacionais (Mapa de Aptidão Agrícola e

Uso e Ocupação) e mapas analíticos (Mapa de Uso e Cobertura proveniente da

classificação da imagem de satélite), foram cruzados, resultando num produto integrado,

denominado de Mapa de Adequação.

Esta função, pertencente a chamada de análise algébrica não cumulativa ou

análise lógica, compreendeu o uso da simultaneidade booleana. A lógica booleana

Page 20: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

baseia-se em estabelecer limites determinados a partir de informações consideradas

falsas, atributo 0 (zero) e verdadeiras, atributo 1 (um). A análise utiliza os seguintes

operadores: <NOT>, <AND>,<OR> e <XOR>, onde o preenchimento hachurado

(sólido cinza escuro) refere-se ao atributo verdadeiro.

O operador <AND> é utilizado quando, ao sobrepor dois mapas (por exemplo,

mapa A e mapa B), quer considerar verdadeira os atributos dos mapas que ocupem a

mesma posição geo-referenciada, ou seja classes que ocupem o mesmo lugar no espaço.

Desta forma, pode-se decompor como verdadeiro novos atributos, que no caso da

pesquisa, considerou-se as classes adequadas, inadequadas e aceitáveis de uso a partir

da eleição de todas as possibilidades de cruzamento entre uso e aptidão.

3.6 Levantamento do potencial de uso agrícola do solo

O uso adequado do solo é o primeiro passo em direção a uma agricultura

sustentável. Para isso, deve-se empregar os solos de acordo com a sua capacidade de

sustentação e produtividade econômica, com a sua adaptabilidade para fins diversos.

As principais exigências para se estabelecer o potencial de uso de um solo

decorrem de um conjunto de interpretações do próprio solo e do meio onde ele se

desenvolve (Ranzani, 1969). Tais interpretações pressupõem a disponibilidade de certo

número de informações preexistentes, que têm que ser fornecidas por levantamentos

apropriados da área de trabalho, como por exemplo, os levantamentos pedológicos.

Para que a informação contida nos levantamentos seja mais bem utilizada é

necessário, a partir destes, compor mapas interpretativos a partir de classificações

técnicas. Os sistemas de classificações técnicas para fins de levantamento do potencial

de uso do solo mais conhecidos e utilizados no Brasil são o de “aptidão agrícola”

(Ramalho Filho et al., 1995) e o de “capacidade de uso”, originalmente desenvolvido

nos EUA e adaptado às condições brasileiras (Lepsch et al., 1983).

3.7 Meios para obter o levantamento do potencial de uso do solo

Para efetuar o levantamento do potencial de uso dos solos no Brasil, podem ser

utilizados dois sistemas de classificação técnica: o sistema de aptidão agrícola das terras

(Ramalho Filho et al., 1995) e o sistema de capacidade de uso das terras, originalmente

desenvolvido nos EUA e adaptado às condições brasileiras (Lepsch et al., 1983).

O sistema de avaliação da aptidão agrícola das terras foi descrito por Ramalho

Filho et al. (1995) e elaborado com base em experiências brasileiras para interpretação

Page 21: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

de levantamentos de solos e no esquema geral proposto pela FAO (1976). É um método

apropriado para avaliar a aptidão agrícola de grandes extensões de terras, devendo

sofrer reajustamentos no caso de ser aplicado individualmente a pequenas glebas de

agricultores. Ele tem sido largamente utilizado no Brasil para interpretação de

levantamentos de solos exploratórios e de reconhecimento, elaborados pela EMBRAPA,

com objetivo de atender a demandas regionais e estaduais sobre o potencial de uso dos

solos para fins de planejamento de uso das terras.

O sistema de classificação de terras em capacidade de uso foi elaborado para

atender a planejamentos de práticas de conservação do solo, embora considere fatores

outros além daqueles de interesse exclusivo às práticas de controle à erosão. Esse

sistema apresenta limitações para estudos de âmbito regional, pois as separações das

classes do sistema requerem detalhes não encontrados nos mapas de solos de escalas

menores que 1:100.000. Daí que, sendo o mapa por nós utilizado na escala 1:1.000.000,

esse trabalho constitui-se apenas na aplicação de uma metodologia e na visão geral das

possibilidades de aplicação desta técnica. Além disso, as disparidades regionais de

emprego de tecnologia agrícola e capital, tão comuns no Brasil, e que fazem com que a

aptidão agrícola deva ser julgada em face de diferentes níveis de manejo, limitam o

emprego do sistema de capacidade de uso, porque este pressupõe, basicamente, manejo

moderadamente alto.

3.8 Condições agrícolas das terras

Para a análise das condições agrícolas das terras, toma-se hipoteticamente como

referência um solo que não apresente problemas de fertilidade, deficiência de água e

oxigênio, não seja suscetível à erosão e nem ofereça impedimentos à mecanização.

Como normalmente as condições das terras fogem a um ou vários desses aspectos,

estabeleceram-se diferentes graus de limitação dessa variação.

Os cinco fatores tomados para avaliar as condições agrícolas das terras são:

• Deficiência de fertilidade

• Deficiência de água

• Excesso de água ou deficiência de oxigênio

• Suscetibilidade à erosão

• Impedimentos à mecanização

Page 22: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

3.9 Estrutura do sistema de aptidão agrícola das terras

Depois de diagnosticados os fatores de limitação dos solos, pode-se iniciar à

classificação da aptidão agrícola, propriamente. Para isto, é necessário conhecer a

estrutura do sistema. Um detalhamento dessa estrutura é apresentado a seguir.

Níveis de manejo considerados

São considerados três níveis de manejo, visando diagnosticar o comportamento

das terras em diferentes níveis tecnológicos. Sua indicação é feita através das letras A, B

e C, que podem aparecer na simbologia da classificação escritas de diferentes formas,

segundo as classes de aptidão que apresentem as terras, em cada um dos níveis

adotados.

O nível de manejo A (primitivo) é baseado em práticas agrícolas que refletem

um baixo nível técnico-cultural. Não há aplicação de capital, o trabalho é braçal e pode-

se utilizar alguma mecanização com base em tração animal com implementos agrícolas

simples.

O nível de manejo B (pouco desenvolvido) é baseado em práticas agrícolas que

refletem um nível tecnológico médio. Modesta aplicação de capital e de resultados de

pesquisa, incluem calagem e adubação com NPK, tratamentos fitossanitários simples,

alguma mecanização com base em tração animal ou na motorizada, apenas para

desbravamento e preparo inicial do solo.

O nível de manejo C (desenvolvido) é baseado em práticas agrícolas que refletem um

alto nível tecnológico. Aplicação intensiva de capital e de resultados de pesquisa, a

motomecanização está presente nas diversas fases da operação agrícola.

Os níveis B e C envolvem melhoramentos tecnológicos em diferentes

modalidades, contudo não levam em conta a irrigação na avaliação da aptidão agrícola.

As terras consideradas passíveis de melhoramento parcial ou total, mediante a

aplicação de fertilizantes e corretivos, ou o emprego de técnicas como drenagem,

controle à erosão, proteção contra inundação, remoção de pedras, etc., são classificadas

de acordo com as limitações persistentes, tendo em vista os níveis de manejo

considerados. No caso do nível de manejo A, a classificação é feita de acordo com as

condições naturais da terra, uma vez que este nível não prevê técnicas de melhoramento.

3.10 Classificação de solos

Page 23: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

A metodologia utilizada seguiu o sistema de avaliação da aptidão agrícola das

(Ramalho-Filho e Beek, 1995), com modificações a partir da proposta de incorporação

de atributos diagnósticos e estabelecimento de “tabela de critérios” para todos os

atributos considerados na avaliação, conforme Pereira (2002).

Os atributos diagnósticos avaliados foram: nutrientes, alumínio, fósforo, água,

oxigênio, erosão, mecanização, índice climático, profundidade efetiva, erodibilidade do

solo (fator K), rochosidade e/ou pedregosidade (Tabela 1). Para a avaliação, utilizou-se

“tabelas de critérios” preestabelecidas (contendo os graus delimitação parametrizados e

descrição para cada atributo), com base na bibliografia disponível. Todos os atributos

foram avaliados, de acordo com cinco graus de limitação: 0 = nulo; 1 = ligeiro; 2 =

moderado; 3 = forte; 4 = muito forte.

A parametrização dos atributos diagnóstico contribuiu para maior

aprimoramento no processo de avaliação, com redução de subjetividade e aumento do

caráter quantitativo do método (Tabela 1).

Tabela 1: Fatores de limitação e atributos diagnósticos.

3.11 Conceitos centrais do zoneamento

Zonear é um conceito geográfico que significa desagregar um espaço em zonas

ou áreas específicas. O modelo de todo zoneamento que interpreta qualidades

ecológicas de um território depende dos objetivos e da natureza dos indicadores e

interações utilizadas durante a análise.

Este ordenamento ecológico paisagístico, Zoneamento Agroecológico, é o

resultado geográfico da análise integrada dos atributos biológicos e físicos das

diferentes paisagens (geoformas, clima, solos, vegetação, sistemas de drenagem

Page 24: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

superficial, etc.) e diversos sistemas de ocupação, caracterizados como as alternativas

ecológicas mais eficientes para o desenvolvimento rural e dos recursos biológicos

silvestres da região.

Na Figura 05 podem ser apreciadas as macro relações entre os indicadores

ambientais que condicionam os resultados do Zoneamento Agroecológico.

O conceito de eficiência tem um fundamento ecológico-econômico. Trata-se de

uma modalidade de aproveitamento dos recursos naturais renováveis, baseada na

produção permanente e sustentada de biomassa.

Até recentemente, predominou a tendência de estudar as paisagens como

cenários estáticos. Em decorrência disso, o conjunto de indicadores utilizados nas

interpretações tinham um alcance muito limitado para retratar os problemas ambientais

gerados pela inconsistência ecológica no uso e manejo dos recursos naturais renováveis.

3.12 Os Objetivos do Zoneamento

O Zoneamento Agroecológico é a expressão cartográfica de um ordenamento do

meio rural e florestal, que relaciona os sistemas naturais e os modificados pelo homem

com as melhores alternativas ecológico-econômicas de estruturação e uso das paisagens

produtivas.

Figura 05: Macrorrelações entre os indicadores ambientais condicionantes do Ordenamento Ecológico – paisagístico.

Page 25: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

Os principais objetivos do Zoneamento Agroecológico são os seguintes:

• Introduzir o dimensionamento da dinâmica ambiental na caracterização e

avaliação dos sistemas naturais e alterados pelo homem, e facilitar a

incorporação dessa dimensão nos planos, programas, projetos e ações resultantes

do planejamento das atividades agrárias e florestais;

• Identificar sistemas agroecológicos de ocupação que mitiguem a conduta de

destruição extensiva da cobertura vegetal, o esgotamento e degradação constante

dos recursos naturais renováveis e o desaproveitamento da integralidaqe de

recursos disponíveis nas paisagens, oferecendo novos critérios para a

organização agrária e florestal, buscando compatibilizar, através da organização

rural e sócio-cultural decorrente, os componentes teonológicos de manejo da

produção, com a idéia de manutenção das ofertas ambientais que o zoneamento

permite explicitar;

• Instrumentalizar as bases para uma política agrária e florestaJ que oriente a

gradual transformação dos sistemas de ocupação atual em modelos eco-

sustentados de produção visando à conservação dos mecanismos ecológicos e o

melhoramento da qualidade de vida;

• Contribuir para o “Ordenamento Territorial”, através de um componente de

máxima hierarquia espacial nesse ordenamento, visto que o desenvolvimento

rural e florestal tem tendência a ocupar grande parte da superfície terrestre.

O Sistema Global

Nos sistemas ecológicos morfodinamicamente estáveis, existe uma ordem e

interrelações dinâmicas que controlam essa ordem ou geram evoluções harmônicas na

organização pedológica e biológica do sistema.

Além de sua relação com outros homens e os componentes físicos dos

ecossistemas (clima, solo, rochas, relevo, etc.), o homem vive em relação mais ou

menos íntima e mais ou menos simbiótica com plantas e animais, integrando um

sistema complexo de interligações mútuas com todos os componentes dos ecossistemas.

Em outras palavras, as sociedades humanas se integram com os sistemas ecológicos

num sistema global que caracteriza a natureza como uma unidade inquebrantável.

Page 26: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

O enfoque metodológico usado na análise territorial interpreta inter-relações

entre as ofertas dos sistemas ecológicos naturais e/ou modificados pelo homem e as

demandas da sociedade e das atividades que ela desenvolve nas paisagens produtivas

(Figura 06).

Figura 06: Sistema global – Inter-relações entre as ofertas dos sistemas ecológicos e as demandas do Sistema Social

A Dinâmica das Paisagens Nos textos precedentes. consideramos repetidamente a importância da dinâmica

no funcionamento e organização das paisagens; também esclarecemos nossa

familiarização com as inter-dependências entre a morfogênese e a pedogênese, no

sentido em que Ehrart (1967), Bertrand (1968) e Tricart & Kilian (1982) discutem as

relações entre esses dois aspectos da dinâmica das paisagens.

Nas paisagens que São geodinamicamente estáveis, a estabilidade da superfície

morfo-pedológica está condicionada pelas características intrínsecas do regime

climático e, principalmente, pela estrutura e tipologia da formação vegetal. Em

condições naturais, a constância da formação vegetal. Em condições naturais, a

constância da formação vegetal está frequentemente associada à constância climática,

sendo que essa cobertura vegetal desempenha funções de controle e estabilização

geomórfica frente às ações dos agentes climáticos da morfodinâmica.

Page 27: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

Nas paisagens morfodinamicamente pacíficas, a dinâmica da água e a dinâmica

dos fluxos de energia Solar e calórica desempenham um papel central na biodinâmica e

pedodinâmica do sistema.

Quando os efeitos geodinâmicos são apreciáveis, embora relativamente

tranqüilos, com ritmos pouco agressivos, meios quase estáveis na linguagem de Tricart,

a morfodinâmica integra-se com a pedogênese e a biodinâmica num ritmo global de

mudanças mais ou menos graduais, cujos progressos e interações são difíceis de se

estudar integralmente.

Portanto, para analisar um específico tipo de dinãmica, independentemente da

morfodinâmica, temos que estabelecer a hipótese de estabilização da superfície morfo-

pedológica. Esse requisito resulta do fato que a estabilidade morfogenética condiciona a

compreensão da pedogênese e da sucessão vegetal.

O fato das plantas e animais viverem embaixo e acima da superfície

morfopedológica, modifica dinamicamente o meio subaéreo (qualidades atmosféricas da

paisagem) e o meio subterrâneo (qualidades edáficas da paisagem), determinando que a

superfície morfopedológica, além de outros níveis de percepção ou interpretação da

superfície geomórfica, sejam insuficientes para explicar o conjunto de sucessos,

dinâmicas e diversidade de interações entre componentes físicos e biológicos das

paisagens.

Evidentemente, aparece de novo a estrutura da vegetação como uma condição

exigente de um alto nível hierárquico - não inferior ao assinalado - para poder

compreender a organização, funções e grau de estabilidade das paisagens. As

interrelações da vegetação com os outros componentes da paisagem, através da

superfície morfopedológica, a atmosfera e o solo, permite definir uma entidade

conceitual e globalizante que denominamos unidade morfo-fito-pedológica.

A unidade morfo-fito-pedológica ocupa um setor da superfície terrestre,

coincidentemente com a localização e dimensão da "paisagem" que o nível de

percepção dos estudos permite identificar. A idéia de unidade morfo-fito-pedológica

possibilita conceituar o objeto do estudo integrado das paisagens e a historicidade do

desenvolvimento, organização, estruturação e assentamento de processos que

caracterizam a dinâmica do sistema ecológico.

3.13 Zoneamento agroecológico básico (ZAB)

Page 28: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

O ZAB expressa o nível de conhecimentos científicos e tecnológicos disponíveis

para compreender as relações entre a dinâmica dos ecossistemas e modalidades de

ocupação das paisagens que permitem desenvolver equilíbrios dinâmicos entre a oferta

ambiental e a aplicação de tecnologia. Além de outros aspectos, implícitos na descrição

dos objetivos, o ZAB permite identificar usos atuais inadequados, orientar

adequadamente a pesquisa, extensão rural e modelos de desenvolvimento de paisagens

produtivas, regionalizar ou subregionalizar os territórios para facilitar. o

dimensionamento ambient8c1 nas políticas de desenvolvimento rural,etc. Tudo isso

requer um novo estilo de planejamento e administração ambiental, baseado na filosofia

do desenvolvimento sustentado (Figura 07).

Consequentemente, a primeira fase metodológica do zoneamento consiste em

compreender os grandes sistemas naturais que ocorrem no território e analisar suas

dependências ou interdependências com sistemas extraterritoriais.

Posteriormente, se analisa e define uma estratégia global de uso, manejo e

conservação ambiental a nível de ecorregião. Essa estratégia condiciona a orientação

dos tipos e alternativas regionais de uso que, a nível de paisagem e unidades de

paisagem, interpreta posteriormente o processo de zoneamento.

As unidades cartográficas do mapa de Geomorfologia do Projeto

RADAMBRASIL, as quais, teoricamente, deveriam constituir nosso referencial na

delimitação das paisagens, compreendem, às vezes, duas ou mais unidades de

mapeamento de solos. Isso acontece apesar da interpretação pedológica nas imagens de

radar ser uma interpretação de inferências baseadas na percepção de geoformas

Page 29: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

Figura 07: Zoneamento como ferramenta de políticas e ações de planejamento para o desenvolvimento sustentado e melhoramento da qualidade de vida.

Em segundo lugar, as paisagens conceituadas nas unidades de mapeamento são

apreciadas em termos morfo-fito-pedológicos e interpretadas num sentido estrutural,

considerando para isso os aspectos de maior expressividade ambiental da Geologia,

Geomorfologia, Uso Atual das Terras, Vegetação e Solos (Estrutura geológica,

litofágica, geoformas, fitofisionomias, classe de solos, sistema de drenagem externo,

etc). Os mecanismos anteriores de análise integrada das paisagens geram uma base de

conhecimento de numerosas interações dos sistemas ecológicos. Logo, o processo de

zoneamento aprofunda aquelas interações que explicam todos os aspectos da

ecodinâmica, principalmente os aspectos ecodinâmicos relacionados com o regime

hídrico do sistema (Figuras 8, 9 e 10).

Nas paisagens previamente classificadas como aptas para desenvolvimentos

agrícolas e/ou aproveitamento com rendimento sustentado da vegetação e/ou fauna

silvestre (paisagens relativamente estáveis desde um ponto de vista geodinâmico), gera-

se uma nova seqüência de interpretações que passa pelos conceitos de superfície morfo-

pedológica e de unidades morfo-fito-pedológicas, sendo que nessas últimas analisamos

uma estrutura físico-biológica e um conjunto de processos ou dinâmicas que explicam

Page 30: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

as qualidades, grau de estabilidade e alternativas de ocupação dos sistemas ecológico-

paisagísticos da área estudada.

Nesse sentido, vale dizer que o zoneamento orienta a aplicação de manejos

adequados para conservar a qualidade ecológica de sistemas paisagísticos que

apresentem condições equiproblemáticas em relação ao seu uso, manejo e conservação

ambiental e nortear a classificação da aptidão agrícola da região em questão.

Os aspectos metodológicos anteriormente discutidos foram esquematizados na

Figura 11. O modelo pode ser facilmente aplicado em outras regiões ou estados

brasileiros, já que todo o país possui os tipos de informações básicas usadas neste

zoneamento.

Page 31: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

Figura 08: Principais componentes da análise estrutural das paisagens

Page 32: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

Figura 09: Esquema básico de interpretação da estrutura e qualidade ambiental de paisagens naturais e artificializadas.

Page 33: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

Figura 10: Ecodinâmica: Principais indicadores usados na análise de interações condiocionantes do regime de umidade das paisagens.

Page 34: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

Figura 11: Estratégia Metodológica do processo de Ordenamento Ecológico – Paisagístico do Território

Page 35: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

4.0 METODOLOGIA

Primeiramente realizou-se uma análise dos padrões fisiográficos do território de

identidade Portal do Sertão, sendo que entre os padrões considerados estão: tipos de

solos, formações vegetais naturais, relevo, hidrologia e climatologia da respectiva área

de estudo.

Para tanto, realiza-se uma análise a partir de material cartográfico e pesquisa

bibliográfica, apoiando-se no uso do geoprocessamento. Após isso, realiza-se uma

pesquisa sobre a temática e construção do referencial teórico da pesquisa, destacando o

geoprocessamento na análise ambiental e uma discussão sobre o sistema de aptidão

agrícola das terras.

Dentro deste contexto, sabemos que o principal elemento para a elaboração de

um diagnóstico agroambiental é o solo, suas propriedades e interralações com os demais

elementos. Os solos podem apresentar diferentes formas de classificação, de acordo

com o objetivo do trabalho e resultados os quais se deseja. A partir daí podemos

identificar algumas classificações técnicas utilizadas para a elaboração de um

diagnóstico agroambiental.

4.1 Classificações Técnicas

Classificação técnica ou interpretativa consiste da previsão do comportamento

dos solos sob manejos específicos e sob certas condições ambientais (STEELE, 1967

apud PRADO, 1991). É, normalmente, baseada em interpretação de estudos básicos

(levantamentos taxonômicos) de solos (BRASIL,1973; CAMARGO et al., 1987;

EMBRAPA, 1999). Trabalhos executados pela FUNCEME cobriram as três principais

classificações interpretativas, que são:

• Capacidade de Uso do Solo

Este sistema foi desenvolvido, originalmente, pelo Serviço Nacional de Conservação do

Solo dos Estados Unidos. Relaciona-se, estreitamente, com aspectos de conservação de

solos, onde as potencialidades, destes, são analisadas, com maior ênfase, em suas

limitações. Considera que o nível de manejo deve ser médio ou alto e é recomendado

para locais que possuem levantamento pedológico detalhado ou semi-detalhado

(PRADO, 1996).

Page 36: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

• Aptidão Agrícola das Terras

Este sistema, desenvolvido por RAMALHO FILHO et al. (1978), tem a

finalidade de fornecer a aptidão agrícola das terras, fundamentada no seu melhor uso.

São considerados três níveis de manejo e quatro classes de aptidão. É recomendado para

locais onde se necessita de um planejamento agrícola regional e trabalhos de

zoneamento agrícola. É indicado para locais que possuam estudos de solos em níveis

generalizados, de reconhecimento ou exploratório (PRADO, 1991).

RAMALHO FILHO & PEREIRA (1996), enfatiza não apenas a importância

como também a necessidade de estudos sobre a avaliação da aptidão das terras, pois,

segundo estes autores, este é um instrumento imprescindível para elaboração de

zoneamento evitando-se a sub ou sobreutilização dos ecossistemas.

Na avaliação da aptidão agrícola, procura-se diagnosticar o comportamento das

terras para lavouras, nos sistemas de manejo A (baixo nível tecnológico), B (nível

tecnológico médio) e C (nível tecnológico alto); para pastagem plantada e/ou

silvicultura, no sistema de manejo B; e para pastagem natural, no sistema de manejo A.

As terras sem aptidão para o uso agrícola são classificadas como de preservação da flora

e fauna. Ressalva-se que quando a metodologia faz esse destaque, deixa explícito de que

estas áreas possuem extrema fragilidade/limitação de uso, prestando-se somente a esse

tipo de uso, que é o preservacionista. Não há impedimento, todavia, que outras áreas de

elevado potencial, possam ser destinada também a este tipo de uso.

5.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A avaliação da aptidão agrícola baseia-se na comparação das condições

oferecidas pelas terras, com as exigências de diversos tipos de usos. Trata-se, portanto,

de um processo interpretativo que considera informações sobre características de meio

ambiente, de atributos do solo e da viabilidade de melhoramento de qualidades básicas

das terras.

Assim, o seu desenho metodológico compreende três etapas, seguindo as

sugestões de PEREIRA (2002) em relação com o preconizado por (RAMALHO FILHO

& BEEK, 1995): a) levantamento de dados e preparação de mapas básicos (solo, relevo,

clima, uso da terra); b) avaliação das terras com base na elaboração de uma tabela da

composição e características dos solos do Território de Identidade Portal do Sertão; c)

Page 37: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

elaboração do mapa final de aptidão agrícola das terras de acordo com os diferentes

níveis de manejo e do potencial agrícola das terras.

5.1 Integração e análise das informações

No contexto da dinâmica ambiental do território de identidade Portal do Sertão,

quanto à geomorfologia é possível perceber a predominância na região oeste deste

território de depressões periféricas e interplanálticas e planalto pré-litorâneo (Figura

12a), onde ocorre também a presença pedimentos funcionais, associados a intensos

processos de erosão e intemperismo pretéritos, e serras como a Serra de São José. Essas

formações correspondem à área de maior predominância de solos planossolos háplicos,

enquanto que a região leste deste território apresenta solos do tipo argissolos vermelho-

amarelo distrófico, e formação geomorfológica da bacia sedimentar Recôncavo-Tucano.

Contudo, a predominância neste território é de solos argissolos vermelho-amarelo

distrófico e planossolo háplico eutrófico solódico (Figura 12b).

Quanto à hidrografia deste território, observa-se a presença de rios intermitentes

e permanentes, como Rio Toco no município de Tanquinho e Pedra do Cavalo

localizado ao Sul do território, respectivamente (Figura 12b).

30 0 30 Kilometers

N

GeomorfologiaPortal do Sertão

Bacia Sedimentar Recôncavo-TucanoDepressões Periféricas e InterplanálticasPlanalto Pré-Litorâneo

12°30' 12°30'12°20' 12°20'12°10' 12°10'12°00' 12°00'11°50' 11°50'39°30'

39°30'

39°20'

39°20'

39°10'

39°10'

39°00'

39°00'

38°50'

38°50'

38°40'

38°40'

38°30'

38°30'-39

-39-12 -12

30 0 30 Kilomete

N

Solos e Hidrografia

12°30'12°20'12°10'12°00'11°50'39°30'

39°30'

39°20'

39°20'

39°10'

39°10'

39°00'

39°00'

38°50'

38°50'

38°40'

38°40'

38°30'

38°30'-39-39

-12Portal do Sertão

ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico - PVAdARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Eutrófico - PVAeCHERNOSSOLO HÁPLICO - MXoLATOSSOLO AMARELO Distrófico - LAdLATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico - LVAdNEOSSOLO QUARTZARÊNICO - RQNEOSSOLOS LITÓLICOS Eutróficos - RLePLANOSSOLO HÁPLICO Eutrófico solódico - SXenVERTISSOLOS - V

Figura 12a: Composição Geomorfológica do Portal do Sertão

Figura 12b: Tipos de Solos e Hidrografia do Portal do Sertão

Fonte: IBGE

Page 38: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

O território de identidade Portal do Sertão possui uma formação geológica

marcada pela principalmente pela presença de rochas sedimentares e metamórficas,

destacando-se a presença principalmente de gnaisses granuliticos e arenitos (Figura 13a

e 13b).

30 0 30 Kilometers

N

Tipos de RochasPortal do Sertão

12°30' 12°312°20' 12°212°10' 12°112°00' 12°011°50' 11°539°30'

39°30'

39°20'

39°20'

39°10'

39°10'

39°00'

39°00'

38°50'

38°50'

38°40'

38°40'

38°30'

38°30'-39

-39-12 -12

IgneaMetamorficaSedimentar (ou Sedimentos)Sedimentar (ou Sedimentos), Metamorfica

30 0 30 Kilomet

N

GeologiaPortal do Sertão

12°30' 1212°20' 1212°10' 1212°00' 1211°50' 1139°30'

39°30'

39°20'

39°20'

39°10'

39°10'

39°00'

39°00'

38°50'

38°50'

38°40'

38°40'

38°30'

38°30'-39

-39-12 -1

Anfibolito, Migmatito, OrtognaisseAnfibolito, OrtognaisseAreia, ArgilaArenito, Arenito conglomeratico, Argilito ArenosoArenito, Carbonato Cristalino, Folhelho, SilexitoArenito, Conglomerado, FolhelhoArenito, Conglomerado, Folhelho, SiltitoArenito, FolhelhoArenito, Folhelho, Ritmito, Rocha CarbonaticaArenito, Folhelho, SiltitoGnaisseGnaisse granuliticoMonzogranito, Quartzo Monzonito, SienogranitoSedimento Detrito-LateriticoSienito

Figura 13a: Classificação das Rochas que compõem o Portal do Sertão

Figura 13b: Composição geológica do Portal do Sertão

Fonte: IBGE

É possível analisar que a região oeste deste território, onde ocorre a

predominância de planossolos háplicos, corresponde a presença significativa de gaisses

granuliticos, associados à bacia sedimentar Recôncavo-Tucano. A ocorrência de sienitos

é observado apenas na área central do território, correspondendo principalmente aos

municípios de Santanópolis, Feira de Santana e Coração de Maria (Figura 13b).

No que se refere à vegetação que constitui o território em questão, é possível

verificar, a partir da análise do mapa de vegetação (Figura 14), que há presença

significante de uso para a agricultura e pecuária, com presença de caatinga

arbórea/arbustiva, e áreas de reflorestamento no município de Água Fria, localizado à

nordeste do território (BITTENCOURT, 2008).

Page 39: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

30 0 30 Kilometers

N

VegetaçãoPortal do Sertão

12°30' 12°30'12°20' 12°20'12°10' 12°10'12°00' 12°00'11°50' 11°50'

39°30'

39°30'

39°20'

39°20'

39°10'

39°10'

39°00'

39°00'

38°50'

38°50'

38°40'

38°40'

38°30'

38°30'-39

-39-12 -12

Agricultura/PecuáriaCaatinga Arb/ArbustCampo RupestreCerradoCurso D'ÁguaFloresta EstacionalFloresta SecundáriaLago, Açude, RepresaReflorestamentoÁrea Urbana

Figura 14: Composição vegetal do Território de Identidade Portal do Sertão Fonte: IBGE

A identificação das alterações gradativas das condições ambientais, notadamente

em relação a solos e vegetação, é realizada. Além de imagens aéreas e orbitais, o

produto é apoiado nos trabalhos de campo para reconhecimento da verdade terrestre, em

material geocartográfico e bibliográfico existente, bem como em levantamento e análise

dos parâmetros hidroclimáticos.

Também na dinâmica do território de identidade Portal do Sertão, verificou-se a

existência dos seguintes dispostos na Tabela 2.

Page 40: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

Tabela 2 – Composição da dinâmica dos solos do Território de Identidade Portal do Sertão.

Tipos de Solo Textura Relevo Horizonte Profundidade Pedregosidade Rochosidade Drenagem Fertilidade Associações

LAa4 Latossolo amarelo aluminico arg./m.argilosa Plano e s. ondulação A moderado 0 - 32 cm Ausente Ausente boa baixa .+PVd: Tb A Mod. Méd./arg. Ond.

LA1 Latossolo amarelo arg./m.argilosa Plano e s. ondulação A moderado 0 - 20 cm Ausente Ausente boa baixa

LVAd25 Latossolo vermelho-amarelo distrófico argilosa Plano e s. ondulação A moderado 0 - 7 cm Ausente Ausente fortemente média/baixa .+LVAa: A mod. méd./arg. Pl. + Areias Quartzosas álicas e distróficas A fr. pl.

PE27 Luvissolo vermelho-amarelo eutrófico média suave ondulação e ond. A moderado 0 - 40 cm Ausente Ausente boa baixa PVd: Tb A mod. méd. s. ond. E ond. + Pse: Ta A fr. E mod. Aren. E méd./méd. ond.

Pe33 Luvissolo vermelho-amarelo eutrófico média s. ondulação e ond. A moderado 0 - 40 cm Ausente Ausente boa baixa .+ Re: A mod. méd. ond. e f. ond.

E15 Espodossolo média Plano e s. ondulação A fr. e

Moderado 0 - 69 cm Ausente Ausente moderadamente baixa

SXe7 Planossolo háplico eutrófico média/arg. s. ondulação e plano A moderado 0 - 20 cm Ausente Ausente imperfeitamente média/baixa .+Re: A mod. méd. + NC: A mod. méd./arg. + Re: A mod. E fr, méd. e arg. ond.

SXe9 Planossolo háplico eutrófico média/arg. s. ondulação e plano A moderado 0 - 20 cm Ausente Ausente fraca média/baixa aren. E méd. casc./méd. e arg. casc. + NC: A mod. méd./arg. casc. + Re: A mod

SXe15 Planossolo háplico eutrófico média/arg. s. ondulação e plano A moderado 0 - 20 cm Ausente Ausente imperfeitamente média/baixa .+Re: A mod. e fr. méd e arg. + Reed: c/ e s/ frag. A fr. aren. pl. e s.ond.

PVAa16 Argissolo vermelho-amarelo alumínico média/arg. s. ondulação e ond. A moderado 0 - 18 cm Ausente Ausente moderadamente alta ond. + PE: Tb A mod. méd./arg. ond. e f. ond. + LAa: A mod. Arg.

PVAa6 Argissolo vermelho-amarelo alumínico média/arg. s. ondulação e ond. A moderado 0 - 18 cm Ausente Ausente moderadamente alta ond. + Lva: A mod. méd.+ V: A mod.s. ond.

PVAa11 Argissolo vermelho-amarelo alumínico média/arg. s. ondulação e ond. A moderado 0 - 18 cm Ausente Ausente moderadamente alta .+ PVa: tb c/ e s/ frag. A mod. méd./arg. e aren./méd. s. ond. e ond.

PVAa14 Argissolo vermelho-amarelo alumínico média/arg. s. ondulação e ond. A moderado 0 - 18 cm Ausente Ausente moderadamente alta .+PVa: Ta A mod. méd./arg. ond. e s. ond.

PVAa1 Argissolo vermelho-amarelo alumínico média/arg. s. ondulação e ond. A moderado 0 - 18 cm Ausente Ausente moderadamente alta .+V: A mod. e chern. + Cde: Ta A mod. arg. e m. arg. s. ond. e ond.

PVAa10 Argissolo vermelho-amarelo alumínico média/arg. s. ondulação e ond. A moderado 0 - 18 cm Ausente Ausente moderadamente alta Tb A mod. e proem. méd./arg. pl. e s. ond. + LAa: A mod. arg. e m. arg. pl.

PVAd11 Argissolo vermelho-amarelo distrófico média/arg. s. ondulação e ond. A moderado 0 - 50 cm Ausente Ausente moderadamente baixa Tb c/ e s/ frag. A mod. e proem. aren./méd. e méd./arg. pl. e s. ond.

RLe2 Neossolo litólicos eutróficos média Forte ondulado e ond. A moderado 0 - 20 cm Ausente Ausente boa média f. ond. e mont. + PE: Tb A mod. méd./arg. + Ce: tb A mod. arg. e méd. f. ond.

RLe4 Neossolo litólicos eutróficos média Forte ondulado e ond. A moderado 0 - 20 cm Ausente Ausente fortemente média A mod. e chern. méd. e arg. + BV: lit. méd./arg. + PE: Tb A mod. méd./arg

RLe5 Neossolo litólicos eutróficos média Forte ondulado e ond. A moderado 0 - 20 cm Ausente Ausente boa média A fr. e mod. aren. e méd. + REed: A fr. aren. + PVd: Tb A fr. e mod. aren./méd

RLe6 Neossolo litólicos eutróficos média Forte ondulado e ond. A moderado 0 - 20 cm Ausente Ausente boa média f. ond. E mont. + AR: 7 mont. + PE: tb A mod. méd.arg. f. ond. + AR.

V2 Vertissolo média e argilosa Plano e s. ondulação A mod. e fraco 0 - 30 cm Ausente Ausente imperfeitamente alta c/ e s/ carb. A mod. e chern. + PVa: Ta A mod. méd./arg. s. ond.

V3 Vertissolo média e argilosa Plano e s. ondulação A mod. e fraco 0 - 30 cm Ausente Ausente imperfeitamente alta id. s. ond. E ond

PSe3 Planossolo solódico eutrófico média/arg. s. ondulação e plano A moderado 0 - 20 cm Ausente Ausente imperfeitamente média/alta Ta A mod. E fr. méd./arg. + Re: A mod. e fr. méd. + NC: planos. A mod. ond.

BV3 Chernossolo avermelhado média/arg. s. ondulação e ond. A moderado 0 - 25 cm Ausente Ausente moderada a boa alta .+Re: A mod. e chern. méd. e arg. + PSe: Ta A mod. méd./arg. + NC: ond.

BV5 Chernossolo avermelhado média/arg. s. ondulação e ond. A moderado 0 - 25 cm Ausente Ausente moderada a boa alta .+ Re: A mod. e chern. méd. e arg. + PSe: Ta A mod. méd./arg. + NC: a mod.

PE 3 Luvissolo vermelho-amarelo eutrófico média s. ondulação e ond. A moderado 0 - 40 cm Ausente Ausente boa baixa Ta ñ. ab. e ab. A mod. méd./arg. s. ond. e ond. +PSe: Ta a mod. aren./méd.. pl.

E5 Espodossolo média Plano e s. ondulação A fr. e

Moderado 0 - 69 cm Ausente Ausente moderadamente baixa

Profundidade referente ao horizonte A

Page 41: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

Segundo o mapeamento de solos obtidos e os atributos característicos (Figuras

12 à 14), as terras do Território de Identidade Portal do Sertão, de acordo com as

especificações expressas no Sistema e Avaliação de Aptidão Agrícola das Terras para

atribuição dos graus dos fatores e limitação, bem como os valores referentes a cada

classe de solo constantes na tabela 2 dos dados analíticos, obtivemos o conseqüente

mapeamento (Figura 15a e 15b):

Em que foram obtidas as seguintes classes para o potencial agrícola observando-

se o comportamento da terra em diferentes níveis de tecnologia. Estes são indicados

pelas letras A, B e C, onde: o Nível de Manejo A (primitivo) – é baseado em práticas

agrícolas que expressam um nível técnico-cultural baixo; o Nível de Manejo B (pouco

desenvolvido) – baseia-se em práticas agrícolas que expressam um nível tecnológico

médio. Há alguma mecanização com base em tração animal ou motorizada, mas apenas

Figura 15a: Potencial do Solo do Território Portal do Sertão. Figura 15b: Aptidão Agrícola do Solo do Território Portal

do Sertão considerando os níveis de Manejo A = Aptidão de Média a Alta, B= Aptidão baixa a Média e C= de Restrita a Nula.

Page 42: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

no preparo inicial do solo e; o Nível de Manejo C (desenvolvido) – pauta-se em

práticas agrícolas que expressam um nível tecnológico alto. Assim:

Para o Município de Água Fria a grande maioria das terras pertencentes à classe

de Potencial Agrícola Média no nível de manejo B, potencial Baixo/Restrito no nível de

manejo C numa pequena porção norte e Potencial Bom no nível de Manejo B.

Observa-se um potencial agrícola bom em uma pequena extensão entre os

municípios de Feira de Santana e Santa Bárbara para um nível de manejo A. De mesmo

modo, houve uma pequena porção entre os municípios de Santo Estevão, Ipecaetá e

Antonio Cardoso, estando mais concentrada neste ultimo, também para um nível de

manejo A.

As áreas cujo potencial agrícola foi classificado como Baixo/Restrito (cor

marrom – Figura 15a) que se estende por todo território dos municípios de Tanquinho,

Santanópolis, Anguera, Santa Bárbara, Ipecaetá e por porções dos municípios de

Antonio Cardoso, Santanópolis e Conceição do Jacuípe todos mostrando a necessidade

de nível de manejo C, desenvolvido com investimento de capital para a produção

agrícola e caracterizando essas terras com limitações fortes para a produção sustentada o

que exige uma maior concentração de insumos e mecanização. Isso revela a sua maior

capacidade pecuária nessas regiões se comparada com sua capacidade agrícola.

Podendo ser utilizado com pastagem plantada, silvicultura ou pastagem natural e até

mesmo áreas propícias para a preservação de suas características naturais de fauna e

flora.

Na porção sudeste do Território Portal do Sertão prevaleceu um potencial

agrícola médio nos municípios Coração de Maria, Terra Nova, São Gonçalo dos

Campos, Conceição da Feira e algumas porções dos municípios de Feira de Santana

(parte leste), Amélia Rodrigues e Conceição do jacuípe apresentaram as mesmas

características para um nível de manejo B (pouco desenvolvido), onde há a necessidade

da adoção de insumos agrícolas.

A partir de uma análise global do resultados, o Território de Identidade Portal do

Sertão mostrou-se com razoável a elevado potencial agrícola em sua região leste, onde

suas terras apresentaram-se com aptidão adequada para o uso com lavouras. Para o uso

com atividades menos intensivas, encontrou –se toda a porção oeste do território sendo

áreas mais indicadas para a pastagem plantada ou natural e práticas de pecuária.

Quando analisado sob a ótica de níveis de manejo distintos (B e C), apresentou-

se com uma configuração bem interessante. No nível de manejo B, as terras com

Page 43: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

potencial bom para lavouras corresponderam apenas a uma porção disposta na região

sul do município de Água Fria, sendo sua grande predominância de terras com potencial

agrícola médio. Essa baixa quantidade de terras na classe boa e elevada de potencial

médio pode ser explicada, em grande parte, pela predominância de solos distróficos

(baixa fertilidade natural) que necessitam de uso intensivo de insumos e tecnologia

(aspectos não prevalecentes no nível de manejo B), a fim de possibilitar o uso agrícola

sustentável.

Por outro lado, no nível de manejo C, teve-se uma grande predominância de

terras na classe de aptidão Baixa/Restrita, equivalente à toda área Noroeste e Sudoeste

do território estudado. Neste nível de manejo, caracterizado pela adoção de tecnologia,

capital e insumos, a maioria das limitações existentes, principalmente àquelas

relacionadas à fertilidade dos solos, pode ser contornada, possibilitando assim um

incremento de áreas possíveis de ser utilizadas no processo produtivo da região. Porém,

a maior parte da área destes solos é utilizada com pecuária extensiva de bovinos de

corte nos locais onde existem pastagens naturais/cultivadas. Nas áreas mais secas (de

caatinga hiperxerófila), predomina a criação extensiva de caprinos, bovinos e ovinos,

feita às custas da própria vegetação natural. Quanto à agricultura, foram constatados

áreas cultivadas pequenas parcelas de culturas de subsistência (milho, feijão e

mandioca, principalmente onde o horizonte A é mais espesso), palma forrageira .

Estas áreas apresentam, como principal limitação ao uso agrícola, a falta d’água

durante o longo período seco. Além disso, suas condições físicas são desfavoráveis,

com problemas de drenagem imperfeita que provoca um excesso de água durante a

época chuvosa. No período seco os solos tornam-se muito duros ou extremamente duros

, usualmente com presença de fendas nos horizontes subsuperficiais. São muito

susceptíveis á erosão, mesmo nas áreas de relevo suave ondulado. Pelo exposto verifica-

se que são solos inaptos para agricultura. São mais indicados para aproveitamento com

pastagens, o que já se verifica nas áreas onde são encontrados atualmente. O

aproveitamento com pastagens poderá ser melhorado com a introdução de forrageiras

que melhor se adaptem às condições desses solos e com a implantação de capineiras e

reserva de forragens para o período seco.

Em algumas áreas dessa região houve a ocorrência de Latossolos que

apresentam-se, na maioria dos casos, com classes de textura argilosa e muito argilosa,

estando relacionadas com fases de relevo plano suave ondulado (tabuleiros). Possuem

fertilidade natural baixa - álico e distrófico -, mas, sendo facilmente mecanizáveis, por

Page 44: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

sua características físicas e pelas fases de relevo onde geralmente são encontrados,

podem melhor ser corrigidos e adubados, prestando-se bem para exploração agrícola,

após o emprego destas práticas de manejo.

6.0 CONCLUSÃO

Sob a ótica agroecológica, a avaliação da aptidão agrícola reveste-se de grande

importância, pois sabe-se que historicamente a ocupação agrícola das terras tem

ocasionado problemas ambientais, decorrentes não só do uso indevido de áreas frágeis,

mas também da sobreutilização de terras (uso do solo acima de sua capacidade

produtiva). Sabe-se que em muitos casos, o uso de uma área não é conduzido de forma

compatível com sua real aptidão agrícola, resultando em problemas de degradação de

agroecossistemas, trazendo junto a perda de competitividade do setor agrícola e

deterioração da qualidade de vida da população (CURI et al., 1992).

LARACH (1990) ressalta que, embora a concepção da metodologia de aptidão

agrícola tenha sido desenvolvida para interpretação de levantamentos generalizados, ela

é suficientemente elástica para permitir reajustamentos, fato que pode ser de grande

utilidade em projetos de desenvolvimento rural sustentável.

O Sistema de Avaliação da Aptidão Agrícola, no Brasil, tem sido utilizado em

favor de diferentes sistemas de produção e da pesquisa agropecuária, oriundos do

chamado processo da modernização da agricultura, e, conseqüentemente, a par da

dimensão social e da realidade genuína da produção agrícola familiar. Existem hoje

circunstâncias ainda mais favoráveis que ensejam, pelo menos no contexto científico, a

sua inclusão no estoque tecnológico agroecológico, fato que concorre para a aceleração

de uma verdadeira transição agroecológica que tantos teorizam mas poucos sentem.

A pesquisa interdisciplinar do uso da terra é um campo relativamente novo,

apesar de que aspectos do uso da terra, particularmente a agricultura, silvicultura e

ecologia, serem estudadas por muitas décadas. Estudos novos têm surgido, propiciando

a integração de resultados de várias disciplinas para um melhor entendimento do que é

uso da terra, o que determina o uso da terra e que consequências futuras, mudanças no

uso da terra podem causar.

A isto se contrapõe o problema de os recursos financeiros governamentais

alocados para levantamentos de solos ou do ambiente são geralmente insuficientes ou

têm sido reduzidos. No futuro, os grandes desafios da pesquisa no campo da avaliação

Page 45: Relatorio final pibic diagnostico agroambiental Tayná Freitas

da terra são a validação dos modelos e sua interligação a sistemas de informações

geográficas e o desenvolvimento de estudos integrados e multidisciplinares para as

questões do uso da terra.

Espera-se que através destes avanços científicos, a avaliação da terra possa

desempenhar um papel chave na adoção de uma postura mais sensível no uso dos

recursos naturais e na preservação ambiental.

O mapa de potencial agrícola e níveis de manejo para aptidão permite

quantificar a diversidade de sistemas ecológicos caracterizados através da analise

integrada das paisagens, e permite estimar as áreas correspondentes aos diferentes

Sistemas Agroecológicos de Ocupação, que são recomendados como melhores

alternativas de uso, manejo e conservação dos recursos naturais renováveis associados a

cada paisagem.

Um aspecto importante no desenvolvimento deste método é o fato de poder ser

apresentado, em mapas de simples entendimento, a classificação da aptidão agrícola das

terras para diversos tipos de utilização, sob os três níveis de manejo considerados. O

sistema de capacidade de uso adotou apenas um nível de manejo tecnologicamente

elevado para diversos tipos de utilização.

7.0 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

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