41
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica Resistência a antibióticos carbapenêmicos em enterobactérias mediada pela impermeabilidade de membrana externa Camila Vieira Martins Trabalho de Conclusão do Curso de Farmácia-Bioquímica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Orientador: Nilton Lincopan São Paulo 2017

Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica

Resistência a antibióticos carbapenêmicos em enterobactérias

mediada pela impermeabilidade de membrana externa

Camila Vieira Martins

Trabalho de Conclusão do Curso de

Farmácia-Bioquímica da Faculdade de

Ciências Farmacêuticas da Universidade de

São Paulo.

Orientador: Nilton Lincopan

São Paulo

2017

Page 2: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, José Carlos e Magda, que durante toda minha vida me incentivaram

e apoiaram nos estudos. Agradeço por terem tornado possível esses últimos anos,

por terem vibrado com cada conquista minha na faculdade, e em especial, pelo amor

e carinho incondicional.

Às minhas irmãs e amigos, pelo carinho, amizade, ajuda e companheirismo durante

esses anos de graduação.

Aos colegas de laboratório, pela ajuda, apoio e ensino, de modo a tornar o ambiente

de trabalho um local agradável.

Aos funcionários da graduação da FCF, pela orientação e ajuda.

À Professora Dra. Elsa Mamizuka e à Dra. Mónica Pavez, pela oportunidade de

desenvolver esse projeto, pela paciência, atenção e pelos ensinamentos sempre

passados de forma dedicada.

Ao meu orientador, Professor Dr. Nilton Lincopan, que de maneira extremamente

atenciosa me ajudou na elaboração do presente projeto. Agradeço à dedicação e

disposição com que me passa seu conhecimento.

Page 3: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS ....................................................................................... 4

RESUMO .................................................................................................................... 5

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 6

1.1 Carbapenêmicos ..................................................................................................... 6

1.2 Mecanismos de resistência aos carbapenêmicos ......................................... 8

1.2.1 Impermeabilidade de membrana .................................................................... 8

1.2.2 Beta-lactamases .................................................................................................. 9

2 OBJETIVOS ...................................................................................................... 12

2.1 Objetivo geral......................................................................................................... 12

2.2 Objetivos específicos .......................................................................................... 12

3 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................. 12

3.1 Isolados bacterianos ........................................................................................... 12

3.2 Condições de cultura........................................................................................... 13

3.3 Análises do perfil de porinas no grupo CR ................................................... 13

3.3.1 Extração de porinas da membrana externa ............................................... 13

3.3.2 Análise das porinas de membrana externa ............................................... 14

3.4 Análise fenotípica do grupo CS ........................................................................ 14

3.5 Indução da resistência por exposição ao imipenem .................................. 14

3.6 Concentração inibitória mínima (CIM) ............................................................ 15

3.6.1 CIM por diluição em ágar ................................................................................ 15

3.6.2 CIM por microdiluição em caldo ................................................................... 16

3.7 Análise dos resultados ....................................................................................... 16

4 RESULTADOS .................................................................................................. 16

4.1 Grupo CR ................................................................................................................ 16

4.2 Grupo CS................................................................................................................. 18

4.3 Caracterização fenotípica dos isolados após indução com antibiótico imipenem ........................................................................................................................... 18

5 DISCUSSÃO ..................................................................................................... 20

5.1 A resistência aos carbapenêmicos em enterobactérias de importância clínica pode ser mediada por diferentes mecanismos que atuam em conjunto. ............................................................................................................................ 20

5.2 A deleção da porina de 36-kDa em enterobactérias pode estar associada a CIM do imipenem ≥ 0,5 ug/mL. ............................................................. 21

Page 4: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

5.3 A exposição ao imipenem em enterobactérias sensíveis carregando ESBL ou AmpC pode induzir a deleção da porina de 36-kDa. ............................ 22

5.4 A redução da permeabilidade induzida por imipenem também afeta a susceptibilidade das enterobactérias ao meropenem e ertapenem. ................ 23

6 CONCLUSÃO .................................................................................................... 24

7 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................. 26

8 ANEXO .............................................................................................................. 30

Page 5: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

LISTA DE ABREVIATURAS

AmpC Beta-lactamase do tipo AmpC

BKC-1 Brazilian Klebsiella carbapenemase-1

CIM Concentração inibitória mínima

CLSI Instituto de Padrões Clínicos e Laboratoriais

EDTA Ácido etilenodiamino tetracético

ESBL Beta-lactamase de espectro ampliado

kDa Quilodalton

KPC Klebsiella pneumoniae carbapenemase

LB Caldo Luria Bertani

MH Caldo Mueller Hinton

OMP Proteína da membrana externa

OmpC Porina de membrana externa tipo C

OmpF Porina de membrana externa tipo F

PBPs Proteínas ligadoras de penicilina

PBS Tampão de fosfato de sódio

PCR Reação de cadeia da polimerase

PMSF Fenil metil sulfonil fluoreto

rpm Rotações por minuto

SDS-PAGE Dodecil-sulfato de sódio (SDS) de poliacrilamida

Page 6: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

RESUMO

MARTINS, C.V. Resistência a antibióticos carbapenêmicos em enterobactérias mediada pela impermeabilidade de membrana externa. Trabalho de Conclusão de Curso de Farmácia-Bioquímica – Faculdade de Ciências Farmacêuticas – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.

Palavras-chave: carbapenêmicos, resistência, porinas, membrana externa

INTRODUÇÃO: Devido à disseminação de enterobactérias multirresistentes

envolvidas nas infecções relacionadas à assistência à saúde, a medicina tem

recorrido cada vez mais ao uso dos antibióticos carbapenêmicos, o que tem gerado

significativo aumento na resistência bacteriana ao mesmo. Um dos mecanismos

para tal resistência é mediado pela redução de permeabilidade da membrana

externa decorrente da deleção de porinas, que segundo estudos, estaria relacionada

com a presença de beta-lactamases. OBJETIVOS: O presente trabalho teve como

objetivo avaliar a influência da presença das beta-lactamases ESBL e AmpC no

desenvolvimento da resistência por deleção das porinas de 35-kDa e 36-kDa em

enterobactérias expostas ao imipenem. MATERIAL E MÉTODO: 45 isolados foram

separados em resistentes e sensíveis aos carbapenêmicos. Em uma fase inicial

todos os isolados tiveram seu perfil de porinas analisado por eletroforese SDS-

PAGE. Posteriormente, as cepas sensíveis (produtoras e não produtoras de beta-

lactamases) foram submetidas a sucessivas passagens em meio de cultura

contendo imipenem em concentrações subinibitórias (CIM/2) e tiveram seu perfil de

porinas e sensibilidade reanalisados. RESULTADOS: no grupo resistente, 62,5%

das cepas apresentaram alteração de porina associada com presença de beta-

lactamase. Já no grupo sensível, apenas cepas produtoras de beta-lactamases

tiveram alteração no seu perfil de porinas, passando para um perfil de resistência ao

imipenem. Duas cepas sensíveis, produtoras de AmpC, passaram a ser resistentes

ao imipenem após a exposição, porém não apresentaram modificação no perfil de

porinas da membrana externa. CONCLUSÃO: A exposição de enterobactérias

produtoras de beta-lactamases ao imipenem pode influenciar o desenvolvimento de

resistência aos carbapenêmicos por deleção da porina de 36-kDa. No entanto,

outros mecanismos podem atuar em conjunto no estabelecimento da resistência.

Page 7: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

6

1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas as bactérias Gram-negativas têm adquirido um papel

importante na etiologia das infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS),

constituindo um problema para a saúde pública devido a sua prevalência e índices

de morbimortalidade associados, muitas vezes associados à virulência e/ou

resistência aos agentes antibacterianos comercialmente disponíveis. De fato, a

antibioticoterapia tem sofrido um colapso decorrente de novos e abrangentes

mecanismos de resistência que podem ser adquiridos e disseminados nas diferentes

espécies de enterobactérias de importância médico-hospitalar (THOMSON &

BONOMO, 2005).

No tratamento de infecções hospitalares, os antibióticos carbapenêmicos

(ertapenem, imipenem, meropenem) têm se consagrado como uma das últimas

alternativas terapêuticas. Recentemente, os índices de resistência aos

carbapenêmicos em bactérias Gram-negativas de interesse médico têm aumentado

de forma proporcional ao seu uso (NETO et al., 2007). Com o aparecimento de

bactérias Gram-negativas produtoras de beta-lactamases de amplo espectro

(ESBL), o tratamento com imipenem passou a ser a terapia de escolha,

consequentemente o uso exacerbado deste antibiótico contribuiu com a emergência

de resistência aos carbapenêmicos. Esta resistência tem sido associada com

mecanismos enzimáticos e impermeabilidade da membrana, sendo que a

impermeabilidade associada à bomba de efluxo contribui para um perfil de múltipla

resistência para antibióticos estruturalmente não relacionados como quinolonas,

cloranfenicol e tetraciclina (BORNET et al., 2003).

1.1 Carbapenêmicos

Na categoria dos antibióticos beta-lactâmicos estão inclusas as penicilinas

(amoxicilina, ampicilina), as cefalosporinas (cefalotina, cefotaxima, ceftriaxona,

ceftazidima), os monobactâmicos (aztreonam), e os carbapenêmicos. Esta classe de

antibióticos possui em comum o anel beta-lactâmico, o qual determina o mecanismo

de ação, o mesmo é formado por três átomos de carbono e um de nitrogênio.

Page 8: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

7

Estruturalmente, os carbapenêmicos se diferenciam pela presença de um anel

pirrólico fundido ao anel beta-lactâmico (Figura 1).

Figura 1: estrutura química dos carbapenêmicos (PAPP-WALLACE et al., 2011)

Beta-lactâmicos inibem a síntese da parede celular, bloqueando a atividade

das transpeptidases (PBPs, proteins binding penicillin), enzimas responsáveis pela

ligação das subunidades de peptideoglicano. Estes antibióticos se ligam

covalentemente às PBPs (SUAREZ & GUDIOL, 2009), como resultado final há

formação de células deficientes com parede osmoticamente frágeis, o que leva a lise

das mesmas (atividade bactericida). Assim, a inibição da síntese da parede mediada

por beta-lactâmicos, requer de uma fase de crescimento exponencial.

Os carbapenêmicos atingem seu alvo, em bactérias Gram-negativas,

atravessando a membrana externa através de canais iônicos denominados porinas.

Seu uso massivo foi consolidado devido sua estabilidade a hidrolise pela maioria das

beta-lactamases clinicamente importantes, incluindo as ESBLs, porém, nos últimos

anos seu uso tem sido comprometido pelo aparecimento e rápida disseminação das

carbapenemases, enzimas que hidrolisam quase todos os tipos de beta-lactâmicos

(QUEENAN & BUSH, 2007). Clinicamente, carbapenêmicos são utilizados em

infecções intra-abdominais complicadas, pneumonias nosocomiais e comunitárias,

infecções de pele, meningites, sepse, e em casos de febre neutropênica (RODLOFF

et al., 2006). O imipenem (primeiro dos carbapenêmicos a ser introduzido na prática

médica) e o meropenem são fármacos de escolha empregados na terapia de casos

de infecções hospitalares (ZHANEL et al., 2007).

Page 9: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

8

1.2 Mecanismos de resistência aos carbapenêmicos

A resistência aos carbapenêmicos é decorrente de eventos genéticos

adquiridos ou intrínsecos que resultam em (TSAI et al., 2015):

Hidrolise do antibiótico por meio de enzimas carbapenemases do tipo

serina ou metalo-beta-lactamases;

Perda da afinidade do alvo pelo antibiótico por alterações das PBPs;

Limitação do acesso intracelular da droga através da alteração da

permeabilidade da sua membrana externa, mediada pela deleção de

porinas e/ou pela superexpressão de bombas de efluxo.

Figura 2: Mecanismos de resistência aos carbapenêmicos. 1. carbapenemases. 2. bomba de efluxo.

3. deleção de porinas. 4. alteração das PBPs. (TAFUR, 2008)

1.2.1 Impermeabilidade de membrana

A parede celular bacteriana é uma barreia efetiva e semipermeável a

substâncias presentes no ambiente. Nos microrganismos Gram-negativos, essa

parede é composta por duas diferentes membranas separadas pelo espaço

periplasmático, onde se localiza o peptideoglicano. A membrana interna é similar à

membrana citoplasmática de Gram-positivas, formada por bicamada de fosfolipídeos

e proteínas. No entanto, a membrana externa é atípica, uma vez que contém

bicamada assimétrica composta internamente por camada de fosfolipídeos, porinas

e lipoproteína ancorada ao peptideoglicano e externamente por lipopolissacarídeo

Page 10: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

9

(LPS) (MARTÍNEZ, 2008). As porinas de membrana externa (OMPs) são proteínas

triméricas que formam canais aquosos que permitem a difusão passiva de pequenas

moléculas hidrofílicas, como ferro e nutrientes, para o interior da célula. Os

antibióticos, por sua vez, para atingir seu alvo também necessitam ultrapassar a

barreira da membrana celular externa, e no caso dos antimicrobianos β-lactâmicos,

em isolados de K. pneumoniae e de E. cloacae, as vias utilizadas são as porinas

denominadas OmpK35 (de 35-kDa) e OmpK36 (de 36-kDa) (FERNÁNDEZ &

HANCOCK, 2012).

Essas porinas possuem uma alta similaridade entre si (60-70%), porém

diferem na seletividade e condições de expressão. OmpK35 (homóloga OmpF em E.

coli e OmpK41 em S. marcescens) e OmpK36 (homóloga OmpC em E. coli e

OmpK42 em S. marcescens) são as porinas mais abundantes em enterobactérias,

com maior seletividade para moléculas catiônicas e regulação menos específica,

influenciando na osmolaridade, pH, temperatura e nutrientes (COWAN et al., 1992).

Estudos clínicos têm demonstrado que a resistência a antimicrobianos está

relacionada com modificações no perfil das OMPs. Tratamentos com antibióticos

têm levado à diminuição da expressão de OMPs ou a substituições de aminoácidos

que afetam o tamanho do poro ou o potencial elétrico do poro, o que restringe a

entrada do antibiótico, diminuindo assim sua concentração intracelular (PAGES et

al., 2008; GARCÍA et al., 2010). Relatos descrevem que este mecanismo de

resistência estaria acoplado à presença de certas beta-lactamases de tipo ESBL e

AmpC. De fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados

produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após o tratamento do paciente com

antibióticos carbapenêmicos. (ELLIOTT et al., 2006).

1.2.2 Beta-lactamases

A produção de enzimas beta-lactamases, também tem sido relatada como um

importante mecanismo de resistência aos antibióticos beta-lactâmicos. Essas

enzimas hidrolisam o anel beta-lactâmico, e retiram assim, a capacidade desses

Page 11: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

10

antibióticos de inibir a síntese da parede celular bacteriana (WILLIAMS, 1999).

Essas enzimas seguem duas classificações:

Classificação de Ambler, com base na estrutura molecular e na

homologia da sequência de aminoácidos resultando em quatro

grandes grupos, A- ESBL, penicilases e carbapenemases de tipo

serina, B- Metalo-beta-lactamase, C- AmpC ou cefalosporinases, D-

Oxacilinases (AMBLER, 1980).

Classificação de Bush, onde se relaciona o perfil dos substratos e dos

inibidores com a sua estrutura molecular resultando em quatro grupos

com vários subgrupos (BUSH et al., 1995)

Tanto as beta-lactamases ESBL, quanto as AmpC são classificadas como

serino-beta-lactamases, enzimas que possuem no seu centro ativo um resíduo

serina. Estas acilam os beta-lactâmicos e quebram a ligação amida do anel devido

ao ataque nucleofílico do grupo -OH da serina com o grupo C do anel. Desta reação,

forma-se um intermediário acil-enzima, ocorrendo desacilação (Figura 3).

Figura 3: Mecanismo de ação da inativação de beta-lactâmicos por beta-lactamases com

serina no seu centro ativo (SILVA & LINCOPAN, 2012)

As beta-lactamases de amplo espectro (ESBL) são enzimas capazes de

hidrolisar a maioria dos antibióticos beta-lactâmicos com exceção das cefamicinas,

carbapenêmicos e os inibidores de beta-lactamases; como o ácido clavulânico,

sulbactam ou tazobactam (BUSH, 2001). A maioria das ESBL pertence à classe

molecular A de Ambler e são agrupadas e denominadas de acordo com a sua

similaridade com enzimas precursoras. São derivadas na maior parte das enzimas

SHV (sulfidril variável) e TEM (Temoniera). Entretanto, mais de 500 enzimas com

Page 12: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

11

fenótipo de ESBL já foram caracterizadas (http://www.lahey.org/), sendo as do tipo

CTX-M, BES, GES, VEB descritas no Brasil (OLIVEIRA et al., 2009; KHAN et al.,

2010, SILVA & LINCOPAN, 2012). Tais enzimas são de grande incidência em

ambientes hospitalares, porém, atualmente é de conhecimento que o uso de

antimicrobianos na agropecuária contribui com a seleção de cepas produtoras de

ESBL, as quais podem disseminar-se para a comunidade por meio de produtos

contaminados, assim como pelo contato direto (SILVA & LINCOPAN, 2012).

Quando as ESBL são comparadas com as enzimas tipo AmpC, a principal

diferença é que essas hidrolisam cefamicinas. As enzimas do tipo AmpC pertencem

ao grupo 1 de Bush e à classe molecular C de Ambler, são resistentes aos

inibidores de beta-lactamases, porém, são inativadas por oxacilinas e inibidas de

forma reversível pelo ácido fenil borônico (BAVUVOIS, 2007). AmpCs podem ser de

origem plasmidial (pAmpC) ou cromossômica, sendo a enzima CMY a mais

detectada mundialmente, apesar de existirem outros tipos, como CMY, MIR, MOX,

FOX, DHA, ACT e ACC (ROCHA et al., 2016).

As carbapenemases são as beta-lactamases mais versáteis, devido à sua

ampla atividade hidrolítica a maioria dos antibióticos beta-lactâmicos, inclusive aos

carbapenêmicos, além de que apresentam uma fraca inibição por inibidores de beta-

lactamases comercialmente disponíveis. A grande maioria pertence a duas classes,

a das serino-carbapenemases (sendo a KPC de maior importância) e a das metalo-

β-lactamases (enzimas que requerem Zn+2 no sítio ativo e assim podem ser inibidas

por agentes quelantes como o EDTA) (GULMEZ et al., 2008). No Brasil, o primeiro

relato de KPC ocorreu no ano de 2009, em que foi descrita a detecção da enzima

em K. pneumoniae de quatro pacientes do Recife. Posteriormente, a produção de

KPC em enterobactérias passou a ser disseminada por todo o país (SAMPAIO &

GALES, 2016). Frente ao aumento do número de casos, em 2010 a ANVISA

publicou a Nota Técnica N°1/2010 com medidas para identificação, prevenção e

controle de infecções relacionadas à assistência à saúde por microrganismos

multirresistentes.

Page 13: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

12

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Analisar a presença das porinas de membrana externa (OmpK35 e OmpK36)

em enterobactérias produtoras e não produtoras de beta-lactamases (ESBL, AmpC),

e avaliar a relação entre a expressão das porinas e o perfil de resistência aos

carbapenêmicos.

2.2 Objetivos específicos

Avaliar a deleção de porinas em cepas resistentes aos carbapenêmicos e

produtoras de beta-lactamases do tipo ESBL e AmpC.

Avaliar a influência da deleção de porinas na alteração da concentração

inibitória mínima aos carbapenêmicos, após a exposição de cepas sensíveis a

concentrações (CIM/2) de imipenem.

Avaliar a contribuição das beta-lactamases de tipo ESBL e AmpC no

desenvolvimento da resistência aos carbapenêmicos mediada pela deleção de

porinas em cepas sensíveis.

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Isolados bacterianos

Foram utilizados no presente estudo, 45 isolados de enterobactérias, obtidos

de diversos materiais clínicos (hemocultura, urina, cateter, entre outros), coletados

entre os anos 2003 e 2009, provenientes de três centros hospitalares da cidade de

São Paulo. As cepas ficaram separadas em dois principais grupos, um formado por

aquelas resistentes (Tabela 1) e outro pelas sensíveis (Tabela 2) aos

carbapenêmicos. No grupo carbapenem-resistente (CR) a ausência de

carbapenemases foi confirmada em estudos prévios do grupo de pesquisa, por

métodos fenotípicos e PCR.

A disposição dos isolados nos grupos resistente e sensível foi realizada com

base em resultado de antibiograma e valor da CIM para os carbapenêmicos,

determinado por diluição em ágar. Testes fenotípicos e PCR permitiram a

identificação das beta-lactamases. O grupo de isolados sensíveis (CS) foi

Page 14: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

13

subdividido em 3 subgrupos: subgrupo CS-S (não produtor de beta-lactamase);

subgrupo CS-A (produtor da beta-lactamase AmpC); subgrupo CS-E (produtor da

beta-lactamase ESBL).

3.2 Condições de cultura

As cepas foram semeadas em ágar MacConkey e incubadas por 24 h em

estufa controlada a 37°C. As colônias foram semeadas em 3 mL de caldo MH

(Muller-Hinton) e incubadas a 37°C por 24 h sob agitação constante em shaker

rotativo a 150 rpm. Ao resultado dessa semeadura foram acrescentados 20% de

glicerol para o congelamento.

3.3 Análises do perfil de porinas no grupo CR

Os 24 isolados que compõem o grupo resistente tiveram seu perfil de porinas

analisado por verificação da presença das duas principais porinas de membrana

externa (35-kDA e 36-kDa) por eletroforese SDS-PAGE.

3.3.1 Extração de porinas da membrana externa

Células bacterianas crescidas em fase estacionária foram coletadas por

centrifugação a 5.000 rpm por 15 minutos e lavadas com 10mM de tampão de

fosfato de sódio (PBS), pH 7,0. O pellet foi ressuspenso com o mesmo tampão

acrescido de 1mM de fenil metil sulfonil fluoreto (PMSF) e as células foram rompidas

com o auxílio de sonicador, utilizando 3 pulsos de 1 minuto cada um, com intervalos

de 1 minuto de resfriamento entre cada pulso para preservação das proteínas.

Restos celulares foram removidos por meio de centrifugação a 4.300 rpm durante 15

minutos e o resultado do sobrenadante foi submetido a ultra centrifugação a 30.000

rpm durante 120 minutos a 4°C para que fossem coletadas as frações de

membrana. O sobrenadante dessa centrifugação foi descartado e o pellet resultante

ressuspenso em 150 L de solução tampão PBS 10mM, pH 7,0, acrescido de PMSF

na concentração final de 1mM. 100 L do volume final do lisado foi tratado com 800

L de solução de sarcosil a 2% por 20 minutos à temperatura ambiente. A

membrana externa foi obtida por meio de centrifugação a 15.000 rpm durante 60

minutos a 4ºC. O sobrenadante foi descartado e o pellet ressuspenso em 50 L de

solução tampão PBS 10mM, pH 7,0 acrescido de 1mM de PMSF e mantido sob

Page 15: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

14

refrigeração (4ºC) durante 24 horas para solubilização. Posteriormente, foi estocado

a -20ºC(ACHTMAN et al., 1983; FUNG-TOMC et al., 1995).

3.3.2 Análise das porinas de membrana externa

A análise das proteínas de membrana externa foi realizada por meio de

eletroforese SDS-PAGE. O material obtido foi preparado de acordo com a

metodologia descrita por Laemmli para análise de proteínas em SDS-PAGE

(LAEMMLI, 1970).

Como controle foi utilizada a cepa ATCC de Escherichia coli K12, conhecida

previamente como sensível ao imipenem. As amostras e o padrão de peso

molecular foram aplicados no gel concentrado a 12% em volumes de 10 L por poço

e submetidos à eletroforese a fim de se obter a separação das proteínas para

verificar a presença ou ausência de proteína que possui peso molecular de 35 e 36

KDa. Após a eletroforese, o gel foi corado por Coomassie blue.

3.4 Análise fenotípica do grupo CS

Os 21 isolados do grupo CS também tiveram seu perfil de porinas analisado

por eletroforese SDS-PAGE, em uma etapa inicial chamada “zero”. Em seguida,

todas as cepas desse grupo foram induzidas à resistência através da exposição a

concentrações subinibitórias de imipenem.

Cada cepa foi exposta a 5 - 6 passagens de crescimento (Tabela 3 – 4) em

meio de cultura contendo o antibiótico imipenem e tiveram seu perfil de porinas e

CIM aos carbapenêmicos analisados após cada passagem.

3.5 Indução da resistência por exposição ao imipenem

Os isolados, em uma concentração de 1x107 UFC/mL, foram semeados em

60 mL de caldo LB acrescido do antibiótico imipenem em uma concentração

correspondente à CIM/2 da passagem anterior. Após uma incubação overnigth, 50

mL do inóculo foi utilizado para extração das OMPs. A partir deste mesmo inóculo foi

determinada a CIM para os carbapenêmicos. Assim, para as passagens posteriores,

a obtenção de culturas puras foi obtida pelo re-isolamento em placas contendo ágar

Page 16: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

15

MacConkey acrescido com a imipenem na concentração CIM/2 obtido na passagem

prévia (NOTO et al., 2008).

3.6 Concentração inibitória mínima (CIM)

A CIM foi realizada por microdiluição em caldo Muller-Hinton (Tabela 4) e ágar

diluição (Tabela 1 - 2) segundo as normas do CLSI para os antibióticos

carbapenêmicos (CLSI, 2012).

3.6.1 CIM por diluição em ágar

Os carbapenêmicos foram testados em uma faixa de concentração entre 0,03

– 512 µg/mL. As diluições seriadas foram realizadas a partir de uma solução estoque

em tubos contendo 19 mL de ágar Mueller-Hinton (Merck, Darmstad- Alemanha)

previamente esterilizados e estabilizados a uma temperatura entre 45º a 50ºC. Uma

vez estabilizados, 1 mL da solução do antimicrobiano com concentração 20 vezes

superior para cada diluição testada foi adicionado aos 19 mL de ágar Mueller-Hinton.

Após homogeneização, o conteúdo foi depositado em placas de Petri estéreis de 90

x 15 mm.

Para cada isolado, 10 µL de cultura crescida overnight foram cultivados em 2

mL de caldo Mueller-Hinton (DIFCO, Lawrence, KS. USA) e incubadas a 37º C

durante duas a três horas para atingir uma turbidez equivalente a 0,5 na escala de

MacFarland na fase de crescimento exponencial da bactéria, a qual foi confirmada

no espectrofotômetro Spectronic 20 (ThermoSpectronic, Rochester, NY, USA) a uma

absorbância entre 0,08 e 0,1 em um comprimento de onda de λ 625 nm. Este

método de crescimento foi utilizado para todos os testes fenotípicos.

Para o teste de diluição em ágar, a suspensão bacteriana já atingida com

turbidez equivalente ao 0,5 da escala de Mcfarland foi diluída em caldo Mueller-

Hinton estéril na proporção 1:10, resultando em um inóculo de aproximadamente

107UFC/mL. A seguir, 300 µL dessa suspensão foram transferidos para o inoculador

de Steers. Desse modo, 1 a 3 µL de cada isolado foram inoculados simultaneamente

em ágar Mueller-Hinton com uma concentração bacteriana final de 104 UFC/mL

(CLSI 2012) e as placas incubadas por 18 a 20 horas. A CIM foi definida como a

menor concentração de cada antimicrobiano capaz de inibir o crescimento

Page 17: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

16

bacteriano e foram interpretadas de acordo com os critérios de sensibilidade

estabelecidos pela CLSI para a família Enterobacteriaceae (CLSI 2012).

3.6.2 CIM por microdiluição em caldo

O método de microdiluição foi utilizado para os antibióticos carbapenêmicos

após cada etapa de indução com imipenem.

Os agentes antimicrobianos foram testados numa faixa de concentração de

0,015 – 128 µg/mL. As diluições seriadas foram realizadas em cada placa a partir de

uma solução inicial de 2 mL (128 µg/mL) utilizando um volume de 100 µL para cada

diluição.

Os isolados foram crescidos a 37ºC overnigth em caldo Muller-Hinton. A partir

desse cultivo foi atingida uma turbidez equivalente a 0,5 na escala de MacFarland e

confirmada no espectrofotômetro Spectronic 20 (ThermoSpectronic, Rochester, NY,

USA) a uma absorbância entre 0,08 e 0,1 em um comprimento de onda de λ 625

nm. A suspensão bacteriana já atingida foi diluída 1:10 em caldo Muller-Hinton

estéril, resultando em um inóculo de aproximadamente 107UFC/mL. 5 uL de essa

suspensão foram depositados em cada um dos poços para obter assim um inóculo

final de 104 UFC/mL (CLSI 2012).

3.7 Análise dos resultados

A análise dos resultados foi feita de forma descritiva. Os valores referência de

resistência aos carbapenêmicos seguiram as normas da CLSI (http://clsi.org/wp-

content/uploads/sites/14/2013/11/ORWG-CRE-Laboratory-Role-5.30.16.pdf).

4 RESULTADOS

4.1 Grupo CR

A tabela 1 é composta dos isolados resistentes aos carbapenêmicos com

seus respectivos perfis de susceptibilidade obtidos através de antibiograma e análise

da CIM, a mesma também apresenta a presença de beta-lactamases de cada

isolado, a qual foi determinada, previamente, por testes fenotípicos (disco

Page 18: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

17

combinado cefotaxima e cefotaxima associadas ao ácido clavulânico) e confirmados

por PCR utilizando primers para gene específico de ESBL e/ou AmpC.

O perfil de porinas foi obtido a partir da extração das porinas e posterior

análise por eletroforese SDS-PAGE (Figura 4).

Figura 4- Gel de SDS-PAGE de amostras de extratos de proteínas de membrana externa de três isolados de E. aerogenes (cepas C-6, C-52, C7-1) e um isolado de E. coli (cepa K-12). Cepas de E. aerogenes CR, apresentaram deleção de porina de 36-kDa, quando comparado com cepa de E. coli CS. Tabela 1: Antibiograma, concentração inibitória mínima (CIM) para os carbapenêmicos (μg/mL),

identificação de beta-lactamases, e perfil de porinas do grupo CR.

Page 19: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

18

4.2 Grupo CS

A tabela 2 é composta de isolados sensíveis aos carbapenêmicos alocados

em cada subgrupo. São apresentados os perfis de susceptibilidade obtidos através

de antibiograma e análise da CIM, assim como o perfil de porinas dessas cepas

antes da passagem em meio contendo imipenem (passagem zero).

Tabela 2: Antibiograma, concentração inibitória mínima (CIM, µg/mL), e perfil de porinas do grupo

CS.

4.3 Caracterização fenotípica dos isolados após indução com antibiótico

imipenem

Na tabela 3 são apresentados os resultados obtidos na análise SDS-PAGE para

verificação da presença ou ausência das porinas de 35-kDa e 36-kDa ao final de

cada passagem da exposição ao imipenem.

Page 20: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

19

Tabela 3: Análise da presença ou ausência de porinas de 35- e 36-kDa no grupo CS antes e após a

exposição ao imipenen (passagem 0 – 6).

A Tabela 4 apresenta os valores da CIM (µg/mL) para cada carbapenêmico antes e

após a exposição ao imipenen (passagem 0 – 6). Em destaque, isolados que

atingiram uma mudança da CIM para o valor interpretativo de resistência (≥ 2 µg/mL

para imipenem e meropenem e ≥1 µg/mL para ertapenem).

Tabela 4: CIM (µg/mL) para cada carbapenêmico antes e após a exposição ao imipenen (passagem

0 – 6).

Page 21: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

20

5 DISCUSSÃO

5.1 A resistência aos carbapenêmicos em enterobactérias de importância

clínica pode ser mediada por diferentes mecanismos que atuam em

conjunto.

Como critério de seleção para os isolados do grupo CR foi estabelecido que os

mesmos fossem produtores de pelo menos uma beta-lactamase do tipo ESBL ou

AmpC, a fim de se observar o fenômeno de perda de porina em cepas CR

produtoras de tais enzimas. A beta-lactamase do tipo ESBL estava presente em

83,3% dos isolados CR, enquanto a do tipo AmpC em 45,8%, sendo que 29,2% dos

isolados apresentou ambas beta-lactamases simultaneamente. A ausência de uma

das porinas foi observada em 15 dos 24 isolados, ou seja, 62,5%, sendo que em

todos a porina perdida foi a porina de 36-kDa. A presença de ambas as porinas nos

outros 37,5% sugere a atuação de outros mecanismos de resistência aos beta-

lactâmicos, como por exemplo, superexpressão de bombas de efluxo e/ou alteração

das PBPs (TSAI et al., 2015).

Para suportar a participação da impermeabilidade por deleção de porinas

como mecanismo de resistência único, este grupo de isolados CR foi

exclusivamente formado por cepas não produtoras de carbapenemases prevalentes,

as quais foram selecionadas com base em resultados do Teste de Hodge Modificado

e pelo uso do inibidor EDTA ou ácido fenil borônico. No entanto, esses métodos não

são 100% confiáveis, podendo o Teste de Hodge gerar resultado falso positivo em

enterobactérias produtoras de ESBL ou AmpC (BARTH et al., 2012). Assim, a

confirmação de carbapenemase nos isolados que geraram dúvidas foi feita através

de PCR para genes codificadores de carbapenemases prevalentes. Neste ponto,

uma limitação poderia ser a não inclusão de genes descritos recentemente. De fato,

Nicolette e colaboradores, no ano de 2015, caracterizaram uma nova

carbapenemase da classe A de Ambler (BKC-1) em três cepas de K. pneumoniae

provenientes de dois hospitais de São Paulo, tendo as mesmas sido isoladas no ano

de 2008. Uma vez que, o gene para tal carbapenemase não foi testado durante a

seleção do grupo resistente, é possível que os altos valores da CIM de imipenem

para as cepas de K. pneumoniae C15-1, C-40, C15-2, C-5, e para a cepa C-6 de E.

Page 22: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

21

aerogenes (cepas com nível de resistência característico da hidrólise do antibiótico),

sejam conseqüência da presença da BKC-1.

5.2 A deleção da porina de 36-kDa em enterobactérias pode estar associada a

CIM do imipenem ≥ 0,5 ug/mL.

O grupo CS foi composto por 21 cepas sensíveis aos carbapenêmicos

imipenem, meropenem e ertapenem. Observando os resultados da triagem realizada

na “passagem 0” (Tabela 2), temos que o subgrupo CS-S, formado por 6 isolados,

possui CIM variando entre 0,06 e 0,125 µg/mL para o imipenem, entre 0,03 e 0,06

µg/mL para meropenem e entre 0,015 e 0,03 µg/mL para ertapenem. O perfil

fenotípico de OMPs mostrou a presença das duas porinas OmpK35 e OmpK36 em

todos os isolados (Tabela 2), assim como o relatado em 2012 por Shakib, que em

seu estudo com K. pneumoniae, não detectou perda de porina em nenhum dos 30

isolados não produtores de beta-lactamases analisados. No entanto, já na

“passagem 0”, observamos nos isolados sensíveis produtores de beta-lactamases,

deleção de uma das porinas. No subgrupo CS-E, 1 das 7 cepas não possuía a

porina de 36-kDa, enquanto que no subgrupo A isso ocorreu em 3 das 8 cepas.

Dentre esses 4 isolados, as cepas E-24, A-7 e A-4 apresentaram CIM de 0,5 µg/mL

para imipenem e a cepa A-38 de 1 µg/mL.

Uma vez que, segundo os critérios estabelecidos pela CLSI (2016), cepas

com valor de CIM ≤ 1 µg/mL são sensíveis ao imipenem, seria importante considerar

que a deleção da porina de 36-kDa pode ser evidenciada quando um isolado

apresenta CIM ≥ 0,5 µg/mL, o que hipotetiza que na pratica clínica, isolados com

CIM ≥ 0,5 µg/mL chegaram a ser resistentes a este antibiótico depois de uma terapia

prolongada. No futuro, maiores estudos deverão ser realizados para validar esta

hipótese, o que poderia inferir em mudanças no break-point, atualmente

estabelecidos para definir sensibilidade e resistência.

Por tratar-se de isolados clínicos, supomos que o possível tratamento ao qual

os pacientes já vinham sendo submetidos no ambiente hospitalar tenha iniciado uma

indução na perda de porina. Sendo assim, tais bactérias já estariam sofrendo

redução da susceptibilidade, de forma que a deleção da porina estaria associada a

CIM de 0,5 µg/mL para o imipenem.

Page 23: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

22

5.3 A exposição ao imipenem em enterobactérias sensíveis carregando ESBL

ou AmpC pode induzir a deleção da porina de 36-kDa.

Com finalidade conclusiva, as tabela 3 e 4 foram analisadas simultaneamente.

O subgrupo CS-S, não produtor de beta-lactamases, passou por 5 passagens de

tratamento. Até a passagem final não houve nenhuma alteração no perfil de

permeabilidade das cepas, tendo todas permanecido com ambas as porinas. Esses

resultados concordam com os já descritos na literatura, em que a perda de uma das

porinas normalmente está associada com a presença de uma beta-lactamase.

Quanto às alterações no perfil de susceptibilidade, duas cepas tiveram variações

mais significativas para o imipenem. A cepa S16-2 teve um aumento de 4 CIMs, com

sua CIM alterada de 0,06 para 1 µg/mL, valor limite de sensibilidade, enquanto a

CIM para o isolado S-7 aumentou em 5 vezes, passando de 0,06 para 2 µg/mL e

assim terminando o tratamento com um perfil de resistência intermediária. Esses

resultados sugerem que o mecanismo pelo qual essas cepas diminuem a

susceptibilidade pode estar relacionado a outro mecanismo como superexpressão

de bomba de efluxo (TSAI et al., 2015).

No grupo produtor de ESBL a cepa E-24, que já iniciou a passagem sem uma

das porinas, teve sua CIM elevada de 0,5 para 2 µg/mL, alcançando um perfil

intermediário de resistência ao imipenem. Duas cepas perderam uma de suas

porinas durante a exposição ao imipenem e tiveram alteração da CIM. Com relação

a isto, o isolado E-3 atingiu nível intermediário de resistência, com CIM de 2 µg/mL e

perda da porina na passagem 6. O isolado E-1 apresentou CIM final de 4 µg/mL,

passando a ser classificado como resistente segundo as normas da CLSI (2016), o

mesmo perdeu sua porina na passagem 2, quando sua CIM atingiu 0,5 µg/mL, o que

reforça a hipótese apresentada acima, de que a redução da permeabilidade em

cepas produtoras de beta-lactamases sob pressão seletiva já ocorre em valores de

CIM ≥ 0,5 µg/mL para o imipenem.

No subgrupo produtor de AmpC, das 3 cepas que já iniciaram o tratamento

com ausência de uma das porinas 2 tiveram sua CIM elevada para valor

intermediário de resistência. A cepa A-7 iniciou a passagem com CIM de 0,5 µg/mL

e a A-38 com 1 µg/mL, ambas atingiram valor de 2 µg/mL na passagem 6. A terceira

Page 24: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

23

cepa que iniciou o tratamento com ausência de uma das porinas foi a A-4, a mesma

teve sua CIM elevada em 4 vezes, com valor de 16 µg/mL na etapa final, o que a

caracteriza como resistente ao imipenem. Nesse grupo não houve perda de porina

nos demais isolados durante o tratamento.

Dentre os isolados produtores de beta-lactamases, 3 tiveram alteração do seu

perfil de susceptibilidade, porém sem redução da permeabilidade por perda de

porina, permanecendo com ambas até o fim do tratamento. A cepa E-23 apresentou

perfil intermediário de resistência na etapa 6, com CIM de 2 µg/mL; as cepas A-17 e

A-26 tiveram CIM de 4 µg/mL na etapa final, tendo ambas assim passado para um

perfil de resistência. Esses isolados ficam dessa forma caracterizados

semelhantemente aos do grupo CR que apresentavam ambas as porinas. Para

novos estudos essas 3 cepas poderiam ser adicionadas às outras 9 do grupo

resistente a fim de se analisar quais outros mecanismos poderiam estar envolvidos,

como superexpressão de bombas de efluxo ou alteração das PBPs.

Comparando-se o subgrupo produtor de beta-lactamases (CS-A e CS-E) com

o subgrupo não produtor (CS-S) observa-se que a alteração da permeabilidade da

membrana externa só ocorreu no subgrupo CS-A/CS-E, indo em acordo com o já

descrito por outros pesquisadores. Porém nosso estudo não foi conclusivo quanto

qual das beta-lactamases, ESBL ou AmpC, poderia estar mais envolvida na deleção

ou modificação das porinas. Em todos os casos, no entanto, que houve modificação

da permeabilidade, tanto do grupo resistente como do selecionado, isso ocorreu por

alteração da porina de 36-kDa, cuja deleção se mostra mais relacionada à

resistência ao imipenem. Em fevereiro de 2017, Dalmolin e colaboradores relatam

que em seu estudo realizado com isolados coletados entre 2013 e 2014 no Brasil,

não observou influência significante no desenvolvimento da resistência em cepas de

K. pneumoniae com perda da porina de 35-kDa. Outros estudos têm mostrado que

poucos são os casos de isolados clínicos produtores de beta-lactamases em que se

observa a deleção de ambas as porinas (SHAKIB et al., 2012).

5.4 A redução da permeabilidade induzida por imipenem também afeta a

susceptibilidade das enterobactérias ao meropenem e ertapenem.

Page 25: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

24

Ao fim do tratamento, observa-se que no grupo CS, os 6 isolados com

ausência da porina Ompk36 apresentaram CIM acima dos valores de resistência

tanto para o ertapenem como para o meropenem, com exceção dos isolados E-3 e

A-38 que se mantiveram sensíveis ao meropenem. Em 2008, Martínez descreve que

a perda de ambas as porinas, OmpK35 e OmpK36, em K. pneumoniae produtora de

ESBL diminui a susceptibilidade aos carbapenêmicos, porém particularmente ao

ertapenem. Um ano depois, em 2009, dois isolados de K. pneumoniae resistentes a

carbapenêmicos foram coletados de pacientes de um hospital na China. Uma das

cepas era produtora de ESBL, enquanto a outra continha genes tanto de ESBL

como de AmpC. Ambas produziam OmpK36 estruturalmente deficientes, resistência

estabelecida ao ertapenem, e susceptibilidade reduzida ao imipenem e meropenem

(WANG et al., 2009). Em nosso estudo, observou-se maior aumento na CIM para o

ertapenem nos isolados do grupo CS com ausência da OmpK36, tendo a cepa E-24

atingido CIM de 128 µg/mL e as cepas A-7 e A-4 de 64 µg/mL. Isso sugere que a

passagem do ertapenem para o interior da bactéria ocorre principalmente pela

porina OmpK36 e que dentre os carbapenêmicos é o mais afetado pela deleção da

mesma.

Dentre a limitações do presente estudo podemos citar o número reduzido de

isolados analisados, assim como, a falta de uma completa caracterização de todas

as beta-lactamases (ESBL, AmpC, carbapenemases) até agora descritas. Assim,

nossas conclusões são baseadas em observações dignas de serem confirmadas por

investigações adicionais.

Esse estudo também contribuiu com o trabalho de nosso grupo de pesquisa,

o qual foi publicado em 2016 (ANEXO).

6 CONCLUSÃO

1. A redução da permeabilidade da membrana externa por deleção da porina (36-

kDa) em cepas produtoras de beta-lactamases (não carbapenemases) pode

influênciar o desenvolvimento de resistência aos antibióticos carbapenêmicos.

2. A exposição ao imipenem em enterobactérias sensíveis carregando ESBL ou

AmpC pode induzir a deleção da porina OmpK36.

Page 26: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

25

3. Esta deleção da porina de 36-kDa em enterobactérias pode estar associada a

CIM do imipenem ≥ 0,5 µg/mL.

4. A deleção da porina de 36-kDa pode ser responsável pela resistência ao

imipenem e ertapenem, sendo este último o mais afetado dentre os

carbapenêmicos.

Page 27: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

26

7 BIBLIOGRAFIA

ACHTMAN M, MERCER A, KUSECEK B, POHL A, HEUZENROEDER M,

AARONSON W, SUTTON A, SILVER RP. Six widespread bacterial clones among

Escherichia coli K1 isolates. Infect Immun. Jan;39(1):315-35, 1983.

AFONSO LUÍS BARTH, VANESSA BLEY RIBEIRO. Teste de Hodge modificado na

detecção de KPC:um procedimento a ser aperfeiçoado ou esquecido? Rev

Epidemiol Control Infect, Jan/Mar;2(1):26, 2012

AMBLER RP. The structure of beta-lactamases. Philos Trans R SocLond B Biol

Sci. May;16;289(1036):321-31, 1980.

BAVUVOIS C, WOUTERS J. Crystal Structures of Class C β-lactamases:

Mechanistic Implications anserspectives in Drug Design. In: BONOMO R,

TOLMASKY M. Enzyme-Mediated Resistance to Aniibotics: Mechanisms,

Dissemination, and Prospects for Inibition. Washington D.C, ASM Press, p 145-

161, 2007.

BORNET C, CHOLLET R, MALLÉA M, CHEVALIER J, DAVIN-REGLI A, PAGES JM,

BOLLET C. Imipenem and expression of multidrg efflux pump in

Enterobacteraerogenes. BiochemicalandBiophysicalResearch Communications.

31: 985-990, 2003.

BUSH K, JACOBY GA, MEDEIROS AA. A functional classification scheme for beta-

lactamases and its correlation with molecular structure. Antimicrob Agents

Chemother. Jun;39(6):1211-33, 1995.

COWAN S. W. et al. Crystal structures explain functional properties of two E. coli

porins. Nature. Aug v. 358, n. 6389, p. 727-33, 1992.

DALMOLIN TV, BIANCHINI BV, ROSSI GG, RAMOS AC, GALES AC, TRINDADE

PA, CAMPOS M. Detection and analysis of different interactions between resistance

mechanisms and carbapenems in clinical isolates of Klebsiella pneumonia. Brazilian

Journal of Microbiology. Feb. 2017.

ELLIOTT E, BRINK A, VAN GREUNE J, ELS Z, WOODFORD N, TURTON J,

WARNER M, LIVERMORE D. In-vivo development ofertapenem resistance in a case

of pneumonia caused by klebsiellapneumoniae with an extended-spectrum β-

lactamase. Clin.Infect. Dis. 42,PP. e95-e98, 2006.

FERNANDEZ L, HANCOCK RE. Adaptive and mutational resistance: role of porins

and efflux pumps in drug resistance. Clin Microbiol Rev 25: 661–681, 2012.

Page 28: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

27

FUNG-TOMC JC, GRADESLKI E, KOLEK B, MINASSIAN B, PUCCI M, KESSLER

RE, BONNER DP. Activity of Carbapenem BMS-181139 against Pseudomonas

aeruginosaIs Not Dependent on Porin Protein D2. Antimicrob.AgentsChemother.

39:386-393, 1995.

GARCÍA, CS, GÁNDARA, MP, GARCÍA, FJC. Betalactamasas de espectro

extendido em enterobacterias distintas de Escherichia coli y Klebsiella.

Enfermedades Infecciosas y Microbiologia Clinica. 28(1):12-18, 2010.

GULMEZ D, WOODFORD N, PALEPOU MF, MUSHTAQ S, METAN G,

YAKUPOGULLARI Y, KOCAGOZ S, UZUN O, HASCELIK G, LIVERMORE DM.

Carbapenem-resistant Escherichia coli and Klebsiella pneumonia isolates from

Turkey with OXA-48-like carbapenemases and outer membrane protein loss. Int J

Antimicrob Agents. Jun;31(6):523-6, 2008.

KHAN E, SCHNEIDERS T, ZAFAR A, AZIZ E, PAREKH A, HASSAN R. Emergence

of CTX-M group 1 ESBL producing Klebsiella pneumoniae from tertiary care in

Karachi, Pakistan. J Infect Dev Ctries. 4(8):472-476, 2010.

LAEMMLI UK.Cleavage of Structural Proteins during the Assembly of the Head of

Bacteriophage T4. Nature. 227: 680, 1970.

NETO, V.A., NICODEMO, A.C., VASCONCELLOS, H. Antibióticos na prática

Médica. Editorial Sarver, 6ª Edicion. S.P. Brasil, 2007.

NOTO, M. J.; FOX, P. M.; ARCHER, G. L. Spontaneous deletion of the methicillin

resistance determinant, mecA, partially compensates for the fitness cost associated

with high-level vancomycin resistance in Staphylococcus aureus. Antimicrob

Agents Chemother, Apr. v. 52, n. 4, p. 1221-9, 2008.

OLIVEIRA CF, FORNO NLFD, ALVES IA, HORTA JÁ, RIEGER A, ALVES SH.

Prevalência das famílias TEM, SHV e CTX-M de beta-lactamases de espectro

estendido em Escherichia coli e Klebsiella spp no Hospital universitário de Santa

Maria, Estado do Rio Grande do Sul. Rev da Soc Bras de Med Tropical. 42

(5):556-560, 2009.

PAGÈS JM, JAMES CE, WINTERHALTER M. The porin and the permeating

antibiotic: a selective diffusion barrier in Gram-negative bacteria. Nat Rev Microbiol.

Dec;6(12):893-903, 2008.

PAPP-WALLACE, K. M., et al. Carbapenems: Past, Present, and Future.

Antimicrobial Agents and Chemotherapy. 55, pp. 4943-4960, 2011.

PAVEZ M, NEVES P, DROPA M, MATTE M H, GRINBAUM R, DE ARAUJO MR,

MAMIZUKA E, LINCOPAN N. Emergence of carbapenem-resistant Escherichia coli

Page 29: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

28

producing CMY-2-type AmpCbeta-lactamase in Brazil. J Med Microbiol, 57: 1590-

1592, 2008.

QUEENAM AM, BUSH K. Carbapenemases: the versatile beta-lactamases.

ClinMicrobiol Rev. Jul;20(3):440-58, 2007.

ROCHA D.A., CAMPOS J.C., PASSADORE L.F., ET AL.Frequency of plasmid-

mediated AmpC beta-lactamases in Escherichia coli isolates from urine samples in

Sao Paulo, Brazil. Microb Drug Resist. 22 (4), pp. 321–327, 2016.

RODLOFF AC, GOLDSTEIN EJ, TORRES A. Two decades of imipenem therapy. J

Antimicrob Chemother. Nov; 58(5):916-29, 2006.

SAMPAIO JL, GALES AC. Antimicrobial resistance in Enterobacteriaceae in Brazil:

focus on β-lactams and polymyxins. Brazilian Journal of Microbiology. Dec v.47, p

31-37, 2016.

SHAKIB P, GHAFOURIAN S, ZOLFAGHARY MR, HUSHMANDFAR R, RANJBAR R,

SADEGHIFARD N. Prevalence of OmpK35 and OmpK36 porin expression in beta-

lactamase and non-betalactamase- producing Klebsiella pneumoniae. Biologics :

Targets & Therapy. 6:1-4. doi:10.2147/BTT.S27582, 2012.

SILVA, K. C. D. E LINCOPAN, N. Epidemiologia das betalactamases de espectro

estendido no Brasil: impacto clínico e implicações para o agronegócio. Jornal

Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, 48, pp. 91-99, 2012.

SUAREZ, C. E GUDIOL, F. Beta-lactam antibiotics. Enfermedades Infecciosas Y

Microbiologia Clinica, 27, pp. 116-129, 2009.

TAFUR JD, TORRES JA, VILLEGAS MV. Mechanisms of antibiotic resistance in

Gram negative bacteria. Infect. Jul/Sep vol.12 no.3 Bogotá, 2008.

THOMSON JM, BONOMO RA. The threat of antibiotic resistance in Gram-negative

pathogenic bacteria: ß-lactams in peril! Currentopinion in Microbiol. Oct;8(5): 518-

24, 2005.

TSAI, Y.-L., WANG, M.-C., HSUEH, P.-R., LIU, M.-C., HU, R.-M., WU, Y.-J., & LIAW,

S.-J. Overexpression of an Outer Membrane Protein Associated with Decreased

Susceptibility to Carbapenems in Proteus mirabilis. PLoS ONE, 10(3), e0120395,

2015.

WANG XD, CAI JC, ZHOU HW, ZHANG R, CHEN GX Reduced susceptibility to

carbapenems in Klebsiella pneumoniae clinical isolates associated with plasmid-

mediated β-lactamase production and OmpK36 porin deficiency. J Med Microbiol

58:1196–1202, 2009.

Page 30: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

29

WILLIAMS, J.D. β-lactamases and β-lactamase inhibitors. Inter. J. Antimicrob.

Agents, 12: 3-7, 1999.

ZHANEL GG, WIEBER R, DILAY L, THOMSON K, RUBINSTEIN E, HOBAN DJ,

NOREDDIN AM, KARLOWSKY JA. Comparative review of the carbapenems. Drugs.

67(7):1027-52, 2007.

Page 31: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

30

8 ANEXO

1. Introduction

Carbapenems have long been considered as an effective therapeutic alternative against cephalosporin-

resistant enterobacteria. Nevertheless, resistance to carbapenem antibiotics by the Enterobacteriaceae family has

steadily increased in recent years in different regions of the world [1,2]. Moreover, therapy with imipenem, one

of the main carbapenem drugs in clinical use, has contributed to an adaptive response through a mechanism

associated with membrane impermeability, such as increased expression of efflux pumps and decreased

synthesis of porins [3].

The impermeability-related multidrug-resistant (MDR) profile avoids establishment of active concentrations of

antibiotics within the bacterial cell, albeit because of efflux pumps and/or porin loss [4]. Membrane permeability

in enterobacteria is mainly modulated by the major 35 kDa and 36 kDa porins, encoded by omp35-like and

omp36-like genes, respectively. There are several reports of porin-mediated resistance in clinical isolates of

enterobacteria, mainly affecting susceptibility to β-lactams [5–7]. Carbapenem resistance by in vivo selection of

mutants lacking porins in AmpC-and extended-spectrum β-lactamase (ESBL)-producing isolates has been

Page 32: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

31

reported in patients after treatment with carbapenems or cephalosporins [8–10]. In 2009, Doumith et al identified

a high prevalence of mutations in coding regions of porins, such as substitutions and deletions leading to

premature stop codons and interruptions by the presence of insertion sequences, leading to carbapenem

resistance [11]. Nevertheless, decreased expression of porins in isolates without functional mutations remains

unexplained. In this way, regulatory mechanisms of multidrug resistance and repressors of porins, such as MarA

and OmpR, respectively, could also affect susceptibility to these antibiotics [12].

Efflux pumps represent an active protection mechanism against toxic compounds and have been largely

related to resistance to several antibiotics. The role of efflux pumps in multidrug resistance in enterobacteria is

well known owing to the low selectivity of the pumps [4].

Although this mechanism has not been well associated in enterobacteria with β-lactam antibiotic resistance,

the use of imipenem has been demonstrated to induce the expression of the efflux pump AcrAB–TolC in

Enterobacter sp. [13,14]. Moreover, the regulator MarA plays a role in the expression of efflux pumps,

demonstrating that it is a key modulator of membrane permeability [15].

Although membrane impermeability is related to several mechanisms, the molecular processes involved in the

establishment of impermeability in clinical isolates are poorly understood [11,16]. We evaluated the

establishment of membrane impermeability in Enterobacteriaceae clinical isolates exposed to imipenem in order

to report the molecular behavior of bacteria, with a special focus on the role of genes that modulate the

expression of porins and efflux pumps. This study attempted to understand the possible molecular mechanism of

therapeutic failures related to an adaptive response to imipenem exposure.

2. Materials and methods

2.1. Bacterial isolates

From 125 Enterobacteriaceae clinical isolates collected between 2005 and 2009 in three hospitals of São Paulo,

Brazil, 22 strains were selected for imipenem induction according to susceptibility profile and molecular typing

in order to exclude isolates that were clonally related. The susceptibility profile of the isolates was determined by

performing antibiogram, minimum inhibitory concentration (MIC) determination, and screening of the ESBL,

AmpC and carbapenemase β-lactamases by double disk diffusion tests with disks containing clavulanic acid,

boronic acid and ethylene diamine tetra-acetic acid (EDTA), respectively [17–19]. Molecular typing was

performed by pulsed-field gel electrophoresis (PFGE) and enterobacterial repetitive intergenic consensus PCR

(ERIC-PCR) [20,21]. Subsequently, unrelated strains were grouped into: (i) multisensitive group, defined by

isolates with reported resistance to up to two antibiotic classes; (ii) ESBL-producing group; and (iii) AmpC-

producing group.

2.2. Susceptibility testing

MICs were determined by broth microdilution for the following antibiotics: imipenem; meropenem;

ertapenem; ceftazidime; cefotaxime; cefepime; tetracycline; chloramphenicol; cefoxitin; gentamicin;

ciprofloxacin; tigecycline; and polymyxin B. Briefly, bacteria were suspended in Muller–Hinton broth to 1/10

the turbidity of a 0.5 McFarland standard and then 5 μL was inoculated directly onto 100 μL of antibiotic-

containing Muller–Hinton broth. After 16– 20 h of incubation, MICs were interpreted according to Clinical and

Laboratory Standards Institute (CLSI) recommendations [22]. MICs were also determined using β-lactamases

and effux pump inhibitors [clavulanic acid 4 μg/mL, boronic acid 400 μg/mL, EDTA 320 μg/mL and carbonyl

cyanide m-chlorophenyl hydrazone (CCCP) 100 μM]. Escherichia coli strain ATCC 25,922 was used as the

quality control strain [23].

2.3. β-lactamase screening

β-Lactamase genes were detected by PCR amplification using primers designed in Primer3 software

(http://biotools.umassmed.edu/bioapps/primer3_www.cgi). The primer sequences are described in Table 1.

Page 33: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

32

2.4. Real-time reverse transcription PCR (RT-PCR) studies

Total RNA was isolated from cultures in exponential growth during imipenem induction using the QIAGEN

RNeasy® protocol (QIAGEN Biotechnology Brazil Ltda, São Paulo, Brazil). Quantification and purity of RNA

were evaluated by spectrophotometry at 260 nm and 280 nm using a NanoDrop™ Spectrophotometer (Thermo

Fisher Scientific Inc., Waltham, MA). RNA samples were treated with DNase (Ambion, Austin, TX) according

to the manufacturer’s protocol and were further reverse transcribed using the SuperScript™ II Reverse

Transcriptase (Invitrogen, Carlsbad, CA) as specified by the manufacturer. Quantitative PCR was performed on

a StepOnePlus™ System (Applied Biosystems, Carlsbad, CA) and each sample was assayed in technical

duplicate using Fast SYBR® Green PCR Master Mix (Applied Biosystems). The primer sequences of genes

acrA, omp35-like, omp36-like, ompR, sdeR and marA and the house-keeping gene gapA are described in Table 2.

PCR cycling conditions consisted of 95 °C for 10 min, and 40 cycles of 95 °C for 15 s and 60 °C for 1 min.

Dissociation curves were run to confirm the specificity of all PCR amplicons. Relative mRNA expression was

calculated using the comparative Ct method using the formula 2–ΔΔCt and non-induced isolates as a calibrator.

Page 34: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

33

2.5. Imipenem induction

Selected isolates were grown in the presence of imipenem at subinhibitory concentrations of 0.5 × MIC.

Briefly, 1 × 107 CFU were cultured in 60 mL of Luria–Bertani medium containing specific concentrations of

imipenem at 37 °C. After 6 h, 10 mL was taken to evaluate the growth rate by measuring the optical density at

625 nm and to perform total RNA extraction. The remaining 50 mL was cultured overnight to determine the

MIC of carbapenems and for the extraction of outer membrane proteins. Isolates were exposed six consecutive

times to imipenem at 0.5 × MIC according to the value obtained after the last exposure previously described.

2.6. Statistical analysis

Statistical analysis was performed using GraphPad Prism (GraphPad Software Inc., La Jolla, CA). The influence

of imipenem exposure on the profile of mRNA expression was evaluated by one-way analysis of variance

(ANOVA) test for paired samples followed by Tukey’s test. The association observed between the expression of

transcriptional factors studied and the mRNA profile of multidrug resistance determinants was evaluated by one-

way ANOVA for in-dependent samples followed by Tukey’s test. The level of significance was set at P < 0.05.

3. Results

3.1. Phenotypic characterisation of the isolates

Six non-clonally related isolates were selected in the multisensitive group, which showed some resistance

only to tetracycline and aminoglycosides (33% each; data not shown). The carbapenems had low MIC values (up

to 0.125 μg/mL for imipenem, 0.03 μg/mL for meropenem and 0.03 μg/mL for ertapenem).

Another seven non-clonally related isolates carrying β-lactamase genes comprised the ESBL-producer group.

All isolates were resis-tant to penicillins, cephalosporins and chloramphenicol, and also had a high prevalence of

resistance to sulfa and quinolone drugs (86% each; data not shown). Carbapenems MIC values were higher than

the multisensitive group, although they were considered susceptible (up to 1 μg/mL for imipenem, 0.5 μg/mL for

meropenem and 0.25 μg/mL for ertapenem). Interestingly, identification of ESBL genes indicated that all seven

isolates carried genes encoding enzymes of the CTX-M-2 group and TEM-like. Moreover, the pres-ence of

SHV-like and CTX-M-25 was also observed (Table 3).

AmpC-producing isolates were composed of nine isolates, all of which were resistant to cefoxitin,

cephalosporin and ESBL inhibitors. Resistance to other antibiotics was characterized by resistance to

chloramphenicol, fluoroquinolones, tetracycline, trimethoprim/ sulfamethoxazole and aminoglycosides (57%,

65%, 33%, 33% and 22%, respectively; data not shown). All nine isolates were susceptible to carbapenems with

MIC values up to 1 μg/mL for imipenem, 0.25 μg/ mL for meropenem and 0.5 μg/mL for ertapenem (Table 3).

Identification of β-lactamases revealed the presence of ESBL-producing CTX-M-2 group, CTX-M-1 group and

TEM-like. Moreover, one isolate carried the plasmid AmpC MIR/ACT (Table 3).

3.2. Phenotypic characterisation after imipenem induction

Following imipenem exposure, the phenotypic susceptibility profile to carbapenems changed for 73% of the

induced isolates, increasing their MIC by ≥2 doubling dilutions (Table 3). None of the isolates in the

multisensitive group showed significant changes in the susceptibility profile to meropenem and ertapenem.

However, for imipenem the MICs after induction had a significant increase in two isolates (up to 5 doubling

dilutions). Increased resistance to chloramphenicol and polymyxin B was also observed (MIC dilution ≥2

doubling dilutions).

ESBL- and AmpC-producers had noticeably higher MICs of carbapenems after exposure, mainly for

meropenem (MIC up to 8 μg/ mL for both groups) and ertapenem (MIC up to 128 μg/mL and 64 μg/ mL for

ESBL and AmpC groups, respectively), which represent an increase of up to 11 doubling dilutions in MICs.

However, some isolates did not have the same response and after exposure did not change their MICs (MIC

Page 35: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

34

dilution ≥2 doubling dilutions). The in-crease of imipenem MICs was lower than other carbapenems with an

MIC up to 4 μg/mL and 16 μg/mL for ESBL and AmpC groups, respectively (see Table 3). The efflux pump

inhibitor CCCP suggested active drug efflux in some isolates, decreasing the MIC against tigecycline for three

strains at the end of treatment (data not shown). However, CCCP also exerts other deleterious effect on bacterial

cells such as inhibition of biofilm formation and depolarisation of the membrane, which could also prevent the

antibiotic resistance [26].

3.3. Imipenem induction and expression of multidrug resistance determinants

To examine the effect of imipenem therapy on the emergence of efflux mechanisms, the transcriptional

level of acrA was analysed. A two-fold increase in mRNA expression was observed from the second

antibiotic exposure (P < 0.05), suggesting an active AcrAB– TolC efflux pump (Fig. 1).

omp35-like showed a low basal level of gene expression, which was maintained during all imipenem

inductions. Its homologue in Serratia marcescens (the 41 kDa OmpF [27]) had a tendency to reduce mRNA

expression during induction with imipenem, but this was not statistically significant (Fig. 2A,B).

The porin most related to carbapenem resistance was Omp36-like. Following imipenem induction, this porin had

a decrease in gene expression from the first passage, reaching a reduction of 78% at the fourth passage (Fig. 2B).

On the other hand, the 40 kDa OmpC (the Omp36 homologue in S. marcescens [27]) was not affected by

imipenem induction (Fig. 2D).

The effect of imipenem on gene expression was also evaluated by genus, separately. Although the same trend

to lower omp36 and higher acrA following induction was observed for each species, there was no statistical

significance (P > 0.05; data not shown). It is likely that the small number of isolates of Klebsiella pneumoniae (n

= 6), E. coli (n = 5) and E. cloacae (n = 3) does not support a minimal power to statistical tests.

Page 36: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

35

Page 37: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

36

3.4. Effects of imipenem induction on multidrug resistance regulators

mRNA expression of marA, the main MDR phenotype regulator, was induced by imipenem (P < 0.05).

mRNA levels were increased from the second passage with the antibiotic, reaching >10-fold induction at the

fourth passage (Fig. 3A). The SdeR regulator, which is only described in S. marcescens and has 40% genetic

similarity with MarA, had a gradual increase of mRNA levels following each imipenem exposure (Fig. 3B).

To evaluate the involvement of MarA in the establishment of a multiresistant profile with imipenem as an

inducer, the expression of marA was classified as low, intermediate or high according to the terciles of mRNA

expression (Fig. 3C–E). It was observed that high marA expression levels were associated with higher values of

acrA expression (Fig. 3C), suggesting an association between this regulator and a modulation of efflux pumps.

No significant associations were observed in omp35-like and omp36-like expression according to marA mRNA

levels (Fig. 3D,E).

OmpR, a specific regulator of porins, had a gradually increased expression from the beginning of treatment,

leading to a final significantly higher mRNA expression (Fig. 4A; P < 0.05), demonstrating that this

transcriptional regulator is affected by exposure to imipenem and could participate in the establishment of

membrane impermeability [28].

The correlation of gene expression of porins was analysed ac-cording to ompR mRNA levels grouped in low,

intermediate and high levels. Interestingly, a higher expression of omp35-like in the high ompR expression group

was observed (Fig. 4B; P < 0.05), but there was no correlation with omp36-like (Fig. 4C).

Page 38: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

37

4. Discussion

Enterobacteriaceae are commensal Gram-negative bacteria that adapt easily to antibiotic therapy during treatment of

nosocomial infections. Imipenem remains a powerful antibiotic currently used in clinical practice and it is important to

elucidate its selecting activity and its role in the emergence of multidrug resistance. In this way, some clinical trials have

suggested an association between exposure to imipenem and the development of a MDR profile [1,2].

In this study, we evaluated molecular mechanisms involved in the activation of a MDR profile in clinical isolates of

Enterobacteri-aceae exposed to imipenem in vitro, focusing on modulation of the gene expression of porins, efflux pumps

and multidrug resistance regulators.

The multisensitive group had minor changes in the susceptibility to carbapenems following induction. On the other hand,

ESBL-and AmpC-producers had significant changes in susceptibility for the three studied carbapenems, reaching resistant

MIC values. Following induction, the ESBL group had increased MICs for carbapenems, mainly for ertapenem, which

reached an increase of up to 10 doubling dilutions. Establishment of this resistance may be related to the high prevalence of

CTX-M, since Girlich et al found that CTX-M contributes to decreased sensitivity to ertapenem [29]. Concordantly, Tsai et al

reported that the presence of ESBL and porin loss are related to ertapenem resistance. These authors recommend the use of a

carbapenem antibiotic other than ertapenem in these isolates [30]. Nevertheless, in the current study we showed that

carbapenem resistance increased for all carbapenems when ESBL-producers were induced by our experimental model in

vitro, suggesting a possible treatment failure in patients carrying ESBL-producing isolates if they are treated with imipenem.

Decreased expression of omp36-like was observed in isolates exposed to imipenem. Omp36-like is the main porin related

to membrane impermeability and carbapenem resistance, and porin loss is widely reported in isolates resistant to these

antibiotics [5–7,11]. There is limited information about the adaptive response of bacteria to treatment with imipenem

regarding porin loss, and a few studies focus on the evaluation of patients treated with long therapies of imipenem [31]. An

important extent of our experimental model is that the continuous exposures represent an early stage of induction with

imipenem. The results presented here demon-strate that the immediate defence of bacteria was a significant decrease in the

expression of this antibiotic entrance channel (Omp36-like), showing that as early as the first dose of the treatment,

regulatory mechanisms of the bacteria are activated to adapt to this new hostile environment.

Although low omp36-like expression affects the susceptibility to carbapenems, these results demonstrate that this

mechanism is not enough to explain carbapenem resistance. This is because porin absence was also found in susceptible

strains before imipenem induction.

By studying the expression of omp35-like, low mRNA levels were observed during all inductions without significant

changes in gene expression, showing that imipenem has no effect on this porin, and it has no contribution to the induction of

a carbapenem-resistant profile. Interestingly, a different behavior was observed for the S. marcescens OmpF, which was

slightly induced by the imipenem exposure, suggesting that imipenem may play a role in the establishment of a MDR profile

in this species through ompF modulation.

A low rate of porin loss was observed in this study, suggesting that this mechanism is not an immediate adaptive response,

being likely one of the last stages of adaptation of bacteria against a hostile environment (data not shown). In 2013, Lavigne

et al reported the establishment of resistance in Enterobacter aerogenes from patients treated with imipenem during the 3

months following the initiation of treatment. A change in porin balance (Omp35/Omp36) was observed in isolates with

intermediate susceptibility to imipenem, whereas porin deficiency was reported in isolates that became resistant to imipenem

Page 39: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

38

[32]. In this way, the results of the current study are in agreement with that observed in E. aerogenes, responding to an initial

step of adaptive response to imipenem treatment.

Moreover, it is also likely that post-transcriptional factors play an important role in the establishment of impermeability

affecting protein expression of porins, as suggested by earlier studies where non-coding small RNAs, such as micC and micF,

are pro-posed to regulate porin expression [33]. However, further investigations are necessary to understand the role of post-

transcriptional regulation mediated by small RNAs as a mechanism of porin regulation and in the development of a MDR

profile.

Another determinant related to membrane impermeability and resistance in the Enterobacteriaceae family is increased

expression of efflux pumps such as AcrAB–TolC. The AcrAB–TolC pump is, so far, the main pump related to antibiotic

resistance. However, there is limited information about the role of imipenem on the expression of this efflux pump. An early

study evaluated the activity of the efflux pump in E. aerogenes when exposed to imipenem, re-porting increased efflux

activity [13]. We observed similar behavior in other Enterobacteriaceae species regarding acrA expression, with a significant

increase in gene expression, demonstrating that imipenem also induces changes in efflux pumps. Moreover, the differences in

acrA expression among the clinical isolates suggest the presence of other factors participating in the adaptive response to

imipenem (data not shown).

Previous studies suggest that increased transcriptional activity of the regulator MarA is associated with the activation of

various mechanisms related to a MDR phenotype, such as efflux pumps, outer membrane porins and other minor factors [34].

In S. marcescens strains, we evaluated the expression of a regulatory gene called sdeR, which is not well characterised but is

considered a homologue of marA in this species and also acts as a regulator of multidrug resistance and on the efflux pump

SdeAB [35]. In the current study, the S. marcescens sdeR regulatory gene had similar behavior to that observed for marA in

other Enterobacteriaceae species. Therefore, both transcriptional regulators were highly induced by imipenem.

Regulation of efflux pumps such as AcrAB–TolC by the transcriptional factor MarA has been extensively studied, but

there are a number of others regulators of acrA that exert their function inde-pendent of MarA modulation [36]. The high

correlation found between marA and acrA in the current study suggests that at an early stage in the development of a MDR

profile in response to imipenem, MarA is responsible for the increased expression of the efflux pump AcrAB.

At the initial stage of induction with imipenem, it was possible to observe that the transcriptional factor OmpR had a

quick and aggressive response against the hostile environment generated by the presence of the antibiotic. There are few

reports about porin control systems; however, the current results suggest that modulation of ompR is an immediate adaptive

response against imipenem exposure. In contrast, marA had no correlation with porin expression, showing a minor

contribution in its regulation.

Another adaptive response to antibiotic exposure is the induction of mutations in the genes for porins, efflux pumps and

regulators of impermeability, which could affect the development of high-level carbapenem resistance [11]. In this study, we

did not evaluate mutations as a possible mechanism of the adaptive response of clinical isolates, which could be considered a

limitation of our work. Nevertheless, theses mutations are frequently related with longer time antibiotic exposure compared

with those used in our work (four passages) [37], which was focused on the adaptive mechanisms ob-served at the beginning

of imipenem therapy mainly related to the modulation of gene expression.

5. Conclusions

Imipenem induction is an important factor in the development of resistance to carbapenems and other unrelated

antibiotics, leading to a MDR profile in clinical isolates. Imipenem modulates at an early stage of treatment, the gene

expression of determinants of membrane impermeability. However, the lack of porins is not enough to explain the resistance

to carbapenems in isolates without carbapenemases; therefore, further studies are needed to better understand these

mechanisms.

This work contributes to the understanding of the molecular behavior of clinical isolates in an adaptive response to

imipenem therapy, which is essential to elucidate possible contributions to treatment failure.

Acknowledgments

The authors thank Mario and Rosario Hirata for technical support during execution of the molecular biology experiments.

Funding: This study was supported by grants from Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

[protocol #481372/2011-3] and Dirección de Investigación, Universidad de La Frontera (DIUFRO) [protocol #DI15-0070].

MP and AC were recipients of fellowships from Comisión Nacional de Investigación Científica y Tecnológica (CONICYT),

Chile. CV was the recipient of a fellowship from CNPq, Brazil. LMdA was the recipient of a fellowship from Fundação de

Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Brazil.

Page 40: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

39

References

[1] Orsi GB, García-Fernandez A, Giordano A, Venditti C, Bencardino A, Gianfreda R, et al. Risk factors and clinical

significance of ertapenem-resistant Klebsiella pneumoniae in hospitalised patients. J Hosp Infect 2011;78:54–8.

[2] Patel N, Harrington S, Dihmess A, Woo B, Masoud R, Martis P, et al. Clinical epidemiology of carbapenem-

intermediate or -resistant Enterobacteriaceae. J Antimicrob Chemother 2011;66:1600–8.

[3] Bornet C, Davin-Regli A, Bosi C, Pages JM, Bollet C. Imipenem resistance of Enterobacter aerogenes mediated by

outer membrane permeability. J Clin Microbiol 2000;38:1048–52.

[4] Nikaido H, Pagès JM. Broad-specificity efflux pumps and their role in multidrug resistance of Gram-negative bacteria.

FEMS Microbiol Rev 2012;36:340–63.

[5] Martínez-Martínez L, Hernández-Allés S, Albertí S, Tomás JM, Benedi VJ, Jacoby GA. In vivo selection of porin-

deficient mutants of Klebsiella pneumoniae with increased resistance to cefoxitin and expanded-spectrum-

cephalosporins. Antimicrob Agents Chemother 1996;40:342–8.

[6] Poirel L, Heritier C, Spicq C, Nordmann P. In vivo acquisition of high-level resistance to imipenem in Escherichia coli.

J Clin Microbiol 2004;42:3831–3.

[7] Pavez M, Neves P, Dropa M, Matté MH, Grinbaum RS, Elmor de Araújo MR, et al. Emergence of carbapenem-resistant

Escherichia coli producing CMY-2-type AmpC β-lactamase in Brazil. J Med Microbiol 2008;57:1590–2.

[8] Oteo J, Delgado-Iribarren A, Vega D, Bautista V, Rodríguez MC, Velasco M, et al. Emergence of imipenem resistance

in clinical Escherichia coli during therapy. Int J Antimicrob Agents 2008;32:534–7.

[9] Song W, Suh B, Choi JY, Jeong SH, Jeon EH, Lee YK, et al. In vivo selection of carbapenem-resistant Klebsiella

pneumoniae by OmpK36 loss during meropenem treatment. Diagn Microbiol Infect Dis 2009;65:447–9.

[10] Findlay J, Hamouda A, Dancer SJ, Amyes SG. Rapid acquisition of decreased carbapenem susceptibility in a strain of

Klebsiella pneumoniae arising during meropenem therapy. Clin Microbiol Infect 2012;18:140–6.

[11] Doumith M, Ellington MJ, Livermore DM, Woodford N. Molecular mechanisms disrupting porin expression in

ertapenem-resistant Klebsiella and Enterobacter spp. clinical isolates from the UK. J Antimicrob Chemother

2009;63:659–67.

[12] Hasdemir UO, Chevalier J, Nordmann P, Pagès JM. Detection and prevalence of active drug efflux mechanism in various

multidrug-resistant Klebsiella pneumoniae strains from Turkey. J Clin Microbiol 2004;42:2701–6.

[13] Bornet C, Chollet R, Malláa M, Chevalier J, Davin-Regli A, Pagès JM, et al. Imipenem and expression of multidrug

efflux pump in Enterobacter aerogenes. Biochem Biophys Res Commun 2003;301:985–90.

[14] Yang FC, Yan JJ, Hung KH, Wu JJ. Characterization of ertapenem-resistant Enterobacter cloacae in a Taiwanese

university hospital. J Clin Microbiol 2012;50:223–6.

[15] Bialek-Davenet S, Marcon E, Leflon-Guibout V, Lavigne JP, Bert F, Moreau R, et al. In vitro selection of ramR and

soxR mutants overexpressing efflux systems by fluoroquinolones as well as cefoxitin in Klebsiella pneumoniae.

Antimicrob Agents Chemother 2011;55:2795–802.

[16] Martínez-Martínez L. Extended-spectrum β-lactamases and the permeability barrier. Clin Microbiol Infect

2008;14(Suppl. 1):82–9.

[17] Arakawa Y, Shibata N, Shibayama K, Kurokawa H, Yagi T, Fujiwara H, et al. Convenient test for screening metallo-β-

lactamase-producing Gram-negative bacteria by using thiol compounds. J Clin Microbiol 2000;38:40–3.

[18] Coudron PE. Inhibitor-based methods for detection of plasmid-mediated AmpC β-lactamases in Klebsiella spp.,

Escherichia coli, and Proteus mirabilis. J Clin Microbiol 2005;43:4163–7.

[19] Clinical and Laboratory Standards Institute. Performance standards for antimicrobial disk susceptibility tests, approved

standard. 9th ed. Document M02-A9. Wayne, PA: CLSI; 2012.

[20] Gautom RK. Rapid pulsed-field gel electrophoresis protocol for typing of Escherichia coli O157:H7 and other Gram-

negative organisms in 1 day. J Clin Microbiol 1997;35:2977–80.

[21] Aydin F, Gümüşsoy KS, Atabay HI, Iça T, Abay S. Prevalence and distribution of Arcobacter species in various sources

in Turkey and molecular analysis of isolated strains by ERIC-PCR. J Appl Microbiol 2007;103:27–35.

[22] Clinical and Laboratory Standards Institute. Performance standards for antimicrobial susceptibility testing: twenty-fourth

informational supplement. Document M100-S24. Wayne, PA: CLSI; 2014.

[23] Clinical and Laboratory Standards Institute. Methods for dilution antimicrobial susceptibility tests for bacteria that grow

aerobically; approved standard. 9th ed. Document M07-A9. Wayne, PA: CLSI; 2012.

[24] Balsalobre LC, Dropa M, Lincopan N, Mamizuka EM, Matté GR, Matté MH. Detection of metallo-β-lactamases-

encoding genes in environmental isolates of Aeromonas hydrophila and Aeromonas jandaei. Lett Appl Microbiol

2009;49:142–5.

[25] Gales AC, Tognim MC, Reis AO, Jones RN, Sader HS. Emergence of an IMP-like metallo-enzyme in an Acinetobacter

baumannii clinical strain from a Brazilian teaching hospital. Diagn Microbiol Infect Dis 2003;45:77–9.

[26] Kvist M, Hancock V, Klemm P. Inactivation of efflux pumps abolishes bacterial biofilm formation. Appl Environ

Microbiol 2008;74:7376–82.

[27] Hutsul JA, Worobec E. Molecular characterization of a 40 kDa OmpC-like porin from Serratia marcescens.

Microbiology 1994;140:379–87.

Page 41: Resistência a antibióticos carbapenêmicos em ... final.pdfDe fato, a seleção in vivo de mutantes deficientes de porinas em isolados produtores de AmpC e ESBLs pode ocorrer após

40

[28] Yoshida T, Qin L, Egger LA, Inouye M. Transcription regulation of ompF and ompC by a single transcription factor,

OmpR. J Biol Chem 2006;281:17114–23.

[29] Girlich D, Poirel L, Nordmann P. CTX-M expression and selection of ertapenem resistance in Klebsiella pneumoniae

and Escherichia coli. Antimicrob Agents Chemother 2009;53:832–4.

[30] Tsai YK, Liou CH, Fung CP, Lin JC, Siu LK. Single or in combination antimicrobial resistance mechanisms of

Klebsiella pneumoniae contribute to varied susceptibility to different carbapenems. PLoS ONE 2013;8:e79640.

[31] Chia JH, Su LH, Lee MH, Kuo AJ, Shih NY, Siu LK, et al. Development of high-level carbapenem resistance in

Klebsiella pneumoniae among patients with prolonged hospitalization and carbapenem exposure. Microb Drug Resist

2010;16:317–25.

[32] Lavigne JP, Sotto A, Nicolas-Chanoine MH, Bouziges N, Pagès JM, Davin-Regli A. An adaptive response of

Enterobacter aerogenes to imipenem: regulation of porin balance in clinical isolates. Int J Antimicrob Agents

2013;41:130–6.

[33] Urban JH, Vogel J. Translational control and target recognition by Escherichia coli small RNAs in vivo. Nucleic Acids

Res 2007;35:1018–37.

[34] Piddock LJ. Clinically relevant chromosomally encoded multidrug resistance efflux pumps in bacteria. Clin Microbiol

Rev 2006;19:382–402.

[35] Begic S, Worobec EA. The role of the Serratia marcescens SdeAB multidrug efllux pump and TolC homologue in

fluoroquinolone resistance studied via gene-knockout mutagenesis. Microbiology 2008;154:454–61.

[36] Rosenblum R, Khan E, Gonzalez G, Hasan R, Schneiders T. Genetic regulation of the ramA locus and its expression in

clinical isolates of Klebsiella pneumoniae. Int J Antimicrob Agents 2011;38:39–45.

[37] Adler M, Anjum M, Andersson DI, Sandegren L. Combinations of mutations in envZ, ftsI, mrdA, acrB and acrR can

cause high-level carbapenem resistance in Escherichia coli. J Antimicrob Chemother 2016;71:1188–98.