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REVISTA Órgão oficial da ANO XIII • #58 • AGOSTO|SETEMBRO|OUTUBRO|2012 Congresso Gaúcho promove ciência e intercâmbio de ideias PÁGINA 5 SBOT-RS discute condições de trabalho no II Fórum de Defesa Profissional PÁGINAS 6 E 7 No Ponto de Vista, especialistas falam sobre Artrodese e Laminectomia PÁGINA 12 Dr. Carlos Schwartsmann recebe título de Cidadão Emérito de Porto Alegre PÁGINAS 8 E 9 Jomar de Souza, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte; Félix Drumon, presidente da Confederação Sulamericana de Medicina do Esporte; Beto Grill, ortopedista e vice-governador do RS; e Paulo Ricardo Piccoli Rocha, ex-presidente da SBOT-RS

Revista SBOT-RS n.58

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Revista SBOT-RS n.58 - Publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia = Regional do Rio Grande do Sul

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Page 1: Revista SBOT-RS n.58

REVISTA

Órgão oficial da

ANO XIII • #58 • AGOSTO|SETEMBRO|OUTUBRO|2012

Congresso Gaúcho promove ciência e intercâmbio de ideias

PÁGINA 5

SBOT-RS discute condições de trabalho no II Fórum de Defesa Profissional

PÁGINAS 6 E 7

No Ponto de Vista, especialistas falam sobre Artrodese e Laminectomia

PÁGINA 12

Dr. Carlos Schwartsmann recebe título de Cidadão Emérito de Porto Alegre

PÁGINAS 8 E 9

Jomar de Souza, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte; Félix Drumon, presidente da Confederação Sulamericana de Medicina do Esporte; Beto Grill, ortopedista e vice-governador do RS; e Paulo Ricardo Piccoli Rocha, ex-presidente da SBOT-RS

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NOTA DE ESCLARECIMENTO

Informamos aos ortopedistas que a SBOT-RS arcou com todas

as despesas referentes à edição e distribuição deste número da

revista da instituição. O contrato de patrocínio que vinha custeando

a publicação até a edição anterior foi cancelado à revelia da direção

da entidade.

Informamos ainda que estamos trabalhando na busca de patrocínios

e também providenciando um novo contrato com os Correios.

DR. ALExANDRE guEDES MARCOLLAPRESIdENTE dA SBOT-RS

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PHG Studio

REVISTA

Órgão oficial da

PALAVRA do PRESidENtE

É com muito orgulho e disposição que assumo a presidência da re-gional gaúcha da SBOT, junto com a nova direção. Continuaremos o trabalho que vinha sendo feito pela administração anterior, esti-mulando a participação dos colegas e também buscando inovações.

O Congresso Gaúcho de Ortopedia e Traumatologia, realizado em Porto Alegre, de 10 a 12 de maio 2012, contou com a participação de mais de 450 ortopedistas e fechou com sucesso a gestão anterior.

Iniciamos a organização do XVIII Congresso Sul Brasileiro de Orto-pedia e Traumatologia, que será promovido em Gramado, nos dias 20 a 22 de junho de 2013, cujo cronograma está sendo cumprido. As regionais de Santa Catarina e do Paraná estão participando ati-vamente.

O próximo Congresso Gaúcho de Ortopedia e Traumatologia ocor-rerá na cidade de Caxias do Sul, em 2014. Os colegas da Serra já têm a organização em andamento, com data e local reservados.

Agora, no dia 31 de agosto, teremos o Fórum Nacional de Defesa Profissional, evento organizado pela SBOT e que será realizado pela SBOT-RS, na AMRIGS. Inclusive, informo que, pela sua relevância, o tema defesa profissional será contemplado em todos os eventos promovidos pela SBOT-RS.

Estamos iniciando uma nova fase da nossa revista da SBOT, o ór-gão oficial de divulgação da entidade, que volta a ser editada em Porto Alegre, com novos projetos editorial, gráfico e comercial. To-dos os contratos referentes à revista serão com a SBOT-RS. Passa-mos a contar com um conselho editorial e desejamos divulgar as realizações dos colegas de todo o Estado, tanto dos serviços de residência quanto dos que não fazem parte desse tipo de atividade.

Realizaremos ainda ajustes que dependem de Assembleia Geral Extraordinária, que será convocada a seu tempo.

Essas são as nossas metas e contamos com todos para alcançá-las.Boa leitura!

Honrados e bem dispostos

DR. ALExANDRE guEDES MARCOLLA

DIRETORIA 2012/2014

PRESIDENTEAlexandre Guedes Marcolla

VICE-PRESIDENTEAry da Silva Ungaretti Neto

PRIMEIRO-SECRETáRIOCarlos Guilherme Weissheimer Berwanger

SEguNDO-SECRETáRIOMarcos Paulo de Souza

PRIMEIRO-TESOuREIROCarlos Eduardo Valiente Ferreira

SEguNDO-TESOuREIRORafael duvelius Ott

PRIMEIRO DIRETOR CIENTíFICOAntero Camisa Junior

SEguNDO DIRETOR CIENTíFICOLuciano Storch Keiserman

TERCEIRO DIRETOR CIENTíFICOSergio Roberto Canarim danesi

DIRETOR DE DEFESA PROFISSIONALdouglas Carpes

DIRETOR DE DIVuLgAçãOPaulo Ricardo Piccoli Rocha

Conselho Editorial da Revista da SBOT-RSdr. Osvaldo André Serafini

dr. Alexandre Guedes Marcolladr. Francisco Consoli Karam

dr. Antero Camisa Juniordr. Carlos Francisco Jungblut

Publicação dirigida aos ortopedistas brasileiros.

EDITOR

Osvaldo André Serafini

EDIçãO

Vitrine de Notícias

JORNALISTA RESPONSáVEL

Paula Oliveira de Sá MTb 8575

IMAgEM DA CAPA

Fotos Rocha

EDITORA-ExECuTIVA

Jornalista dóris Fialcoff MTb 8324

IMPRESSãO Sônia david Multicomunicação

TIRAgEM 2 mil exemplares

OS ARTIgOS ASSINADOS NãO REPRESENTAM,

NECESSARIAMENTE, A POSIçãO DA DIRETORIA DA ENTIDADE.

SBOT-RSAv. Ipiranga, 5311/102 – CEP 90610-001Porto Alegre/RS – 51 [email protected] – www.sbotrs.net.br

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PALAVRA do Ex-PRESidENtE

FotoS RocHA

A diretoria da SBOT-RS, gestão 2010-2012, encerra o seu trabalho com a certeza de missão cumprida. Quando recebemos a responsabilidade de dar segui-mento ao que vinha sendo realizado brilhantemente pelas gestões anteriores, eu sabia que tínhamos ca-pacidade, competência e lisura de caráter suficiente para executar com altivez os objetivos traçados. Para que obtivéssemos sucesso, formei uma diretoria com ortopedistas desprovidos de vaidades pessoais, ape-nas preocupados com o crescimento científico e as atuais aflições da nossa especialidade na luta por dig-nidade profissional. Lutamos por melhor remunera-ção e local de trabalho, e procuramos resgatar o res-peito aos ortopedistas nas relações com o SUS e as operadoras dos planos de saúde.

Obviamente, cometemos enganos e, algumas vezes, não conseguimos atingir os nossos objetivos. Mas ga-ranto que não faltaram luta e empenho. As críticas sempre foram aceitas e entendidas como uma ma-neira de os colegas tentarem ajudar para que pudés-

O final de uma bela jornada

DR. PAuLO RICARDO PICCOLI ROCHA

dando continuidade ao programa de interiorização que a SBOT-RS tem rea -lizado há alguns anos, no dia 30 de junho a entidade promoveu um encontro em Caxias do Sul, na associação médica local. O evento foi organizado pelo dr. Rogério Rachele Winkler e teve participação efetiva dos ortopedistas da região. Nessas oportunidades, que ocorrem a cada dois meses, são oferecidas palestras de traumatologia e ortopedia, e nesta edição foram ministradas pe-los ortopedistas Carlos Jungblut, Marcos Paulo de Souza e Carlos Berwanger. Quem esteve presente teve a oportunidade de participar também de um workshop com materiais para cirurgia ortopédica Sythes. Aproveitando este encontro na Serra Gaúcha, no dia anterior, 29 de junho, também foi realizado o Fórum de defesa Profissional, com a presença do presidente da Comissão de defesa Profissional da SBOT nacional, dr. Robson de Azevedo. Também prestigiaram a atividade o novo presidente da SBOT-RS, dr. Alexandre Guedes Marcolla, o diretor de divulgação, dr. Paulo Ricardo Piccoli Rocha e o presidente da Co-missão de defesa Profissional da entidade, dr. Osvaldo André Serafini.

semos aperfeiçoar e crescer. Os elogios, que feliz-mente foram muitos, ao mesmo tempo em que nos envaideciam também aumentavam a nossa respon-sabilidade de seguir melhorando.

Tenho certeza absoluta que a nova diretoria seguirá protegendo e lutando pela dignidade da Ortopedia. Saímos do palco e passamos agora para a plateia, o que, às vezes, parece difícil, mas um movimento bas-tante necessário para a manutenção do respeito à pluralidade das ideias e ao ideal democrático. Os que nos sucedem, nós sabemos, podem e devem realizar melhor os sonhos que idealizamos. deseja-mos aos colegas muito sucesso, e os lembramos de que sempre podem contar com os amigos da ges-tão da SBOT-RS 2010-2012. Aos meus parceiros de diretoria, comitês de especialidades e a todos que de várias maneiras colaboraram com as realizações destes inesquecíveis dois anos da minha presidên-cia, um sincero e emocionado muito obrigado, e um fraterno abraço!

Programa de interiorização

visita Caxias do Sul

Ortopedistas da Serra participaram do encontro promovido pela SBOT-RS em Caxias

PAuLo RicARdo PiccoLi RocHA

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dEFESA PRoFiSSioNAL

SBot-RS realiza segunda edição do Fórum de defesa Profissional

No dia 31 de agosto, a SBOT-RS promoverá o 2º Fórum de Defesa Profissional. O evento ocorrerá na AMRIGS, às 20h, e tem como ob-jetivo oportunizar aos ortopedis-tas gaúchos um espaço de discus-são, sempre visando à melhoria das condições de trabalho e uma re-muneração mais condizente. “A SBOT nacional realiza anualmente o Fórum de defesa Profissional, e estimulo que isso aconteça em to-dos os estados do País, por inter-médio das regionais”, esclarece o presidente da Comissão de defesa Profissional da SBOT nacional, Rob-son Azevedo.

No encontro haverá um amplo debate envolvendo todos os par-ticipantes, com as presenças do dr. Isaías Levi, representante do

CRM; dr. Osvaldo André Serafini, da Comissão de defesa Profissio-nal da SBOT-RS; e dr. Jorge Utaliz, da Comissão Nacional de Honorá-rios Médicos, da AMRIGS. Também serão convidados representantes da Unimed, do IPE, do SUS, da AMRIGS, do Cremers e do Simers. A presença dessas instituições é fundamental para que possam ser debatidos assuntos que envolvem o reajuste dos honorários médicos pagos tanto pelos planos de saúde quanto pelo SUS, melhorias nas condições de trabalho e de aten-dimento, a qualidade dos materiais utilizados nos procedimentos e a crise nas emergências. Outro tema a ser abordado será a implantação da Classificação Brasileira Hierar-quizada de Procedimentos Médi-

cos (CBHPM). Segundo Azevedo, embora a tabela exista desde 2003, ainda não está sendo praticada por todos os planos de saúde. “Esta-mos orientando que os colegas co-loquem a CBHPM na pauta das ne-gociações com as operadoras”, afirma o dirigente. “Reforço o con-vite para que os colegas do Rio Grande do Sul realmente compa-reçam, prestigiem o debate, pois somente com a união de todos será possível avançar nessas questões de melhoria da remuneração e das condições de trabalho.”

Confira a seguir um artigo sobre o assunto do Dr. Osvaldo André Serafini, da Comissão de Defesa Profissional da SBOT-RS.

Defesa Profissional

O Comitê de defesa Profissional da SBOT-RS tem pro-curado estimular o debate a respeito das normas que regu-lamentam todos os planos de saúde do País. Vários colegas, por infindáveis motivos, nunca acessaram ou leram os arti-gos que dispõem sobre planos ou cooperativas. Então, no intuito de colaborar, vou mencionar aqui os mais importan-tes, pois, infelizmente, estes mesmos planos intervêm irre-gularmente nas relações entre médicos e pacientes. Essas informações também são esclarecedoras aos pacientes, para que possam exigir seus direitos frente aos abusos e nega-tivas desses convênios.

Em 24 de agosto de 2001, foi editada a Medida Provisó- ria nº 2177-44, que alterou a lei nº 9656 de 03 de junho de 1998, que dispõe sobre os planos privados de assistência à saúde, assinado pelo então presidente Fernando Henri-que Cardoso.Art. 1º Submetem-se às disposições desta Lei as pessoas jurídicas de direito privado que operam planos de assistên-cia à saúde (...), as seguintes definições:I – Plano Privado de Assistência à Saúde: prestação conti-nuada de serviços ou cobertura de custos assistenciais a preço pré ou pós-estabelecido, por prazo indeterminado, com a finalidade de garantir, sem limite financeiro, a assis-tência à saúde, pela faculdade de acesso e atendimento por profissionais ou serviços de saúde, livremente escolhidos,

integrantes ou não de rede credenciada, contratada ou re-ferenciada, visando à assistência médica, hospitalar e odon-tológica, a ser paga integral ou parcialmente as expensas da operadora contratada, mediante reembolso ou pagamento direto ao prestador, por conta e ordem do consumidor;II – Operadora de Plano de Assistência à Saúde: pessoa jurídica constituída sob a modalidade de sociedade civil ou comercial, cooperativa ou entidade de autogestão, que opere produto, serviço ou contrato de que trata o inciso I deste artigo;III – Carteira: o conjunto de contratos de cobertura de custos assistenciais ou de serviços de assistência à saúde em qual-quer das modalidades de que tratam o inciso I e o 1º deste artigo, com todos os direitos e obrigações nele contidos.

Como vocês todos sabem, desde o Fórum de 2010, a SBOT-RS tem sugerido que os colegas não se credenciem a planos de saúde e não trabalhem pelas tabelas ultrajantes destes convênios, mas sim cobrem seus honorários profis-sionais, dando recibos aos pacientes, para que estes pos-sam ser reembolsados pelas suas operadoras de saúde.

Os interessados em ler com mais detalhes esta Medida Provisória, podem acessá-la por este link: www.planalto.gov.br/ccivil_03/mpv/2177-44.htm.

Para finalizar, em nome da diretoria, gostaria de convidar a todos para o 2º Fórum de defesa Profissional da SBOT-RS, que acontecerá no dia 31 de agosto, na AMRIGS, tendo como pauta principal Unimed/SUS/IPE.

Até lá!

POR DR. OSVALDO ANDRé SERAFINI

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com ressonância magnética mostrando disco contido e discografia provocativa positiva, são onde reside atu-almente a maior controvérsia no que diz respeito à con-duta quando o tratamento conservador não traz alívio aos sintomas.

Baseado nos estudos multicêntricos randomizados do grupo sueco de estudo da dor lombar nos anos de 2001 e 2002, a artrodese é, até hoje, considerada o “gold standard” para esta situação, preferencialmente a artrodese circunferencial, conforme conclusão do mesmo grupo de estudo, com nível de evidência A1.

dependendo das circunstâncias de cada caso e da experiência de cada cirurgião, várias técnicas de artro-dese podem ser empregadas, tais como a artrodese póstero-lateral – com fixação pedicular (PLIF), a artro-dese por via anterior (ALIF), a artrodese pela aborda-gem extremo-lateral (XLIF) e a artrodese circuferencial trans-foraminal (TLIF).

Optamos hoje pela artrodese circunferencial (360 graus) minimamente invasiva, por abordagem paraver-tebral transmuscular por técnica “mini-open”, sem re-alizar a desinserção da musculatura paravertebral. Esta escolha permite a preservação da inervação desta mus-culatura, menos dor no pós-operatório, uma recupera-ção mais rápida, possibilitando alta hospitalar entre o segundo e terceiro dia de pós-operatório.

A colocação dos espaçadores inter-somáticos (ca-ges) com enxerto ósseo é realizado pelo acesso trans- foraminal unilateral, abordando o lado sintomático. Esta artrodese circunferencial permite melhores índices de fusão óssea, como verificamos nos últimos 15 anos, ba-seada na experiência de diversos autores.

Não há nenhuma evidência médica convincente para dar suporte ao uso rotineiro da fusão lombar por oca-sião da discectomia primária por qualquer técnica na hérnia de disco lombar. Existe uma conflitante evidên-cia médica classe III nesta circunstância. Por outro lado, o definitivo aumento de custo associado ao elevado número de complicações no procedimento da artro-dese, mesmo por técnicas minimamente invasivas, torna a conduta ainda mais contra indicada.

Ela é recomendada somente quando o paciente tem histórico de dor lombar pré-existente e quadro de cia-talgia aguda por hérnia de disco, difícil de ser resolvida com o tratamento conservador medicamentoso e fisio-terápico, e demonstra, por meio de exame de imagem, alterações degenerativas e facetariais associadas. dessa forma, se indica o tratamento cirúrgico da discectomia com artrodese.

Quando há evidente instabilidade pré-operatória, seja clínica, com manifestação de dor lombar pré- existente, como radiológica, avaliada pelo aumento da variação angular do disco e/ou pela translação aumen-tada no estudo funcional, nestes casos há benefício em indicar a artrodese associada.

Porém, sabe-se que a incidência dessa instabilidade é muito baixa, não ultrapassando de 5 a 10% dos casos de hérnia de disco. Nos pacientes que apresentam dor lombar pregressa ao quadro agudo e que são atletas ou trabalhadores braçais existe maior indicação de ar-trodese.

Os casos de ruptura interna de disco com evidente dor discogênica, comprovada clinicamente, predomí-nio de dor lombar, pouca ou nenhuma dor radicular, e

Hérnia de Disco: Tratamento Cirúrgico Quando realizar discectomia + artrodese?

PoNto dE ViStAPoNto dE ViStA

DR. SERgIO HENNEMANN | cREMERS 5162GESTOR dO INSTITUTO dE ORTOPEdIA E TRAUMATOLOGIA E CHEFE dO SERVIçO dA COLUNA dO HOSPITAL MãE dE dEUS

Paciente com Hérnia de Disco Extrusa em L5-S1, com história de Ciatalgia há três meses, sem alívio com tratamento medicamentoso/fisioterápico e com dor lombar prévia de repetição há um ano. Realizada discectomia associada à artrodese circunferencial

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Hérnia de Disco: Tratamento Cirúrgico Quando realizar discectomia + artrodese?

PoNto dE ViStAPoNto dE ViStA

PROF. DR. AFRANE SERDEIRA | cREMERS 4507MESTRE EM ORTOPEdIA E TRAUMATOLOGIA PELA UNIFESP/ESCOLA PAULISTA dE MEdICINA. dOUTOR EM ORTOPEdIA E TRAUMATOLOGIA – UNIFESP/EPM UNIFESP/ESCOLA PAULISTA dE MEdICINA

HéRniA DE DiSCOO tratamento da lombalgia, com ou sem ciatalgia, se-cundária aos transtornos degenerativos é conservador e envolve todo um arsenal terapêutico de medidas. Al-gumas cientificamente de comprovada utilidade e ou-tras ainda sem evidências, mas também utilizadas na prática médica. O tratamento cirúrgico deve ser consi-derado frente ao fracasso das medidas conservadoras instituídas num prazo razoável. A indicação desta mo-dalidade de tratamento também está fundamentada na intensidade do quadro álgico e na incapacidade labora-tiva, mas o principal fator preditivo para resultados clí-nicos satisfatórios no pós-operatório fundamenta-se nos exames físicos ortopédico e neurológico, e nos estudos por imagens (RNM e CT).

A patologia que determina maior indicação de tra-tamentos cruentos ou minimamente invasivos em nível da coluna vertebral é sem duvida a hérnia discal. desde a clássica descrição de Mixter e Barr (1934), o procedi-mento de discectomia simples tem sido utilizado nesta patologia com índices variáveis de resultados satisfa-tórios conforme a metodologia empregada e autores (70% a 90% dos casos). Relativamente poucas modifi-cações técnicas e poucos avanços foram incorporados desde então: uso de eletrocautérios para corte e he-mostasia, iluminação e magnificação (lupas e micros-cópios) e menor remoção das lâminas (laminectomia) para acesso. Por outro lado, após a clássica descrição da técnica de artrodese de coluna em 1911 (Hibbs & Al-bee) ocorreram dramáticas modificações. Nos últimos 20 anos foram incorporadas modernas técnicas de ins-trumentação para estabilização do nível afetado, re-constituição da altura do disco com “cages” ou de subs-tituição da sua função (próteses discais) que revolucio-naram o tratamento cirúrgico, os seus resultados, cus-tos e as complicações.

Na prática, duas modalidades terapêuticas são reali- zadas com frequência: discectomia simples e discecto- mia associada à instrumentação dita ”360 graus” que in corpora fixação vertebral posterior com parafusos e an terior (inter-somática) com espaçadores para artro-dese do nível comprometido. As duas técnicas e os seus objetivos são completamente distintos, tornando difícil uma estreita comparação pura e simples dos resulta-dos, embora haja inúmeras e contínuas tentativas cien-tíficas para fazê-lo.

As técnicas são distintas porque a primeira (discec-tomia simples) busca apenas a descompressão simples para alívio da ciatalgia, e a segunda, além da descom-

pressão, busca a fusão vertebral. Um dos argumentos para tamanha discrepância na magnitude e complexi-dade do segundo procedimento é a busca pela preven-ção da degeneração discal nos níveis adjacentes ao com-prometido e por evitar o significativo índice de recidivas da hérnia discal (5% a 15 %).

Acredita-se que restaurando o equilíbrio da coluna no plano sagital, descomprimindo e estabilizando seg-mentos instáveis, o resultado seria superior. São supo-sições passíveis de comprovação científica, mas inúme-ras questões permanecem sem resposta adequada, ape-sar de todo esforço da comunidade científica mundial para obtenção de evidencias confiáveis. Talvez não exista supremacia de uma técnica sobre a outra e sim indica-ções distintas. Se por um lado a comparação dos resul-tados clínicos obtidos pelas duas técnicas no pós-ope-ratório é muito complexa, é fácil avaliar diferenças no que tange aos seguintes fatores: tamanho da incisão, volume de sangramento, riscos, índice de complicações, custos, tempo cirúrgico transoperatório, internação e incapacidade ao trabalho. Como o próprio nome define, a discectomia simples é um procedimento menos com-plexo sob todos os aspectos referidos e com alto índice de resultados clínicos satisfatórios (bons a excelentes).

Entendemos que a busca pela indicação cirúrgica precisa estar baseada não somente em evidências, mas também na experiência pessoal do cirurgião. Há que se considerar não somente os achados do exame físico, das imagens, da sintomatologia, da situação clínica do pa-ciente, da sua vontade e dos seus objetivos etc. O tipo de comunidade em que o médico exerce a sua atividade, a estrutura técnica da qual dispõe para o atendimento são também fundamentais para a indicação adequada a cada caso em particular.

Acreditamos que a descompressão associada à ar-trodese é fundamental nas situações clínicas de franca degeneração facetária com estenose foraminal ou do canal raquídeo associados à hérnia discal, bem como na dor discogênica por degeneração severa, hérnia recidi-vante, instabilidade pós-laminectomia ou inter-segmen-tar por outras causas, e na espondilolistese e descom-pensação no plano sagital.

Avaliando os inúmeros artigos prós e contras dispo-níveis na literatura, facilmente rebatíveis, optamos por oferecer nosso parecer fundamentado em, respectiva-mente, 45 e 32 anos de vivência profissional, e não em trabalhos que podem ser tanto tendenciosos como con-vincentes na dependência de autores, metodologia, amos-tragens, comunidade etc.

PROF. DR. ERASMO ZARDO | cREMERS 10910MESTRE EM NEUROCIêNCIAS PELA PUCRS E dOUTOR EM TRAUMATOLOGIA E ORTOPEdIA PELA UNIFESP/EPM

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EM PAutA

oitava edição do congresso Gaúcho reúne cerca de 450 ortopedistas

de 10 a 12 de maio de 2012, a SBOT-RS promoveu o VIII Congresso Gaúcho de Ortopedia e Traumatologia, juntamente com o XI Congresso Sudamericano de Medicina Del Desporte e o XXIV Con-gresso Brasileiro de Medicina do Exer-cício e Esporte. Aproximadamente 1 mil médicos da América do Sul e do Brasil prestigiaram os eventos realizados na PUCRS, em Porto Alegre, sendo que destes cerca de 450 eram ortopedistas. “Essa oportunidade, unindo as duas es-pecialidades, valorizou o evento e per-mitiu o crescimento científico de todos os participantes, que puderam usufruir do conjunto de atividades oferecidas”, avalia o ex-presidente da SBOT-RS, Paulo Ricardo Piccoli Rocha. “Agradecemos a todos que prestigiaram o nosso tra-dicional encontro no Congresso Gaú-cho, chefes de serviços, preceptores, re sidentes e ortopedistas de todas as querências, inclusive o vice-governador do Rio Grande do Sul, o médico ortope- dista Beto Grill, que abrilhantou a aber-tura dos congressos.“

durante os três dias, além de assis-tir palestras e participar de workshops de variados temas, os congressistas ti-veram a oportunidade de visitar mais de 30 estandes, onde empresas expu-seram seus produtos e serviços. “Essas ocasiões oportunizam uma aproxima-ção entre os profissionais da saúde e fornecedores especializados, o que pos-sibilita uma melhor compreensão dos itens oferecidos e uma atualização so-bre o que há de mais recente no merca- do”, avalia o atual presidente da SBOT-RS, Alexandre Guedes Marcolla.

Eleição de diretoriano encerramento do Congresso Gaúcho, no dia 12 de maio, foi realizada a Assembleia Geral da SBOT-RS. na ocasião, foi eleita a nova diretoria da entidade para o exercício 2012-2014, cujo pleito teve chapa única. Logo após a votação, houve a posse oficial da nova direção, composta pelos seguintes integrantes:Presidente: Alexandre Guedes MarcollaVice-Presidente: Ary da Silva Ungaretti netoPrimeiro-Secretário: Carlos Guilherme Weissheimer BerwangerSegundo-Secretário: Marcos Paulo de SouzaPrimeiro-tesoureiro: Carlos Eduardo Valiente FerreiraSegundo-tesoureiro: Rafael Duvelius OttPrimeiro diretor científico: Antero Camisa JuniorSegundo diretor científico: Luciano Storch Keisermanterceiro diretor científico: Sergio Roberto Canarim Danesidiretor de defesa Profissional: Douglas Carpesdiretor de divulgação: Paulo Ricardo Piccoli Rocha

Dr. Paulo Ricardo Piccoli Rocha, então presidente da SBOT-RS, na cerimônia de abertura do Congresso

Dr. Luiz Roberto Stigler Marcyk Dr. Alexandre Guedes Marcola

Dr. Eduardo De Rose

FotoS RocHA

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EM PAutA

Confraternização IIA recepção dos congressistas foi em alto estilo. Na noite de sexta-feira, 11 de maio, todos foram convidados para uma grande festa na Sogipa. O local foi especialmente decorado pela Acontece Eventos, que montou um imenso lounge onde os convidados puderam saborear deliciosos quitutes e drinks. Embalados pela banda Sunset Riders, todos dançaram ao som de hits dos anos 70 e 80. “Eventos como esses congressos também cumprem o papel de aproximar os colegas, que têm a oportunidade de confraternizar, colocar a conversa em dia, além fazer exce-lentes contatos profissionais”, comenta o novo presidente da SBOT-RS, Alexandre Guedes Marcolla.

Especialistas interagiram com grupos de todo o País

Plateia lotada de uma das palestras Workshop do Dr. Geraldo Schuch sobre joelho

Mais de 30 empresas expuseram no Congresso

Confraternização IO CTG 35 foi o local escolhido pela SBOT-RS para dar as boas-vindas aos diretores das instituições nacionais e sul- americanas, para mostrar, na noite de 10 de maio, um pouco das tradições gaúchas. durante o jantar, saboreando um belo churrasco e outros pratos tí-picos da culinária local, os colegas as-sistiram a uma apresentação do grupo Arte Show dança. Todos ficaram en-cantados com o talento dos artistas e a qualidade das apresentações. A SBOT-RS agradece à OSTHEON, que patrocinou o encontro festivo. Momento de confraternização no CTG 35

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FiQuE PoR dENtRo

Curso Preparatório para o TEOTno dia 21 de julho aconteceu, no auditório da SBOT-RS, a aula sobre Ombro do Curso Preparatório para o TEOT. Confira as datas e os temas dos próximos encontros:

25 de agosto (sábado)das 9h às 13h – TUMORES

29 de setembro (sábado)das 9h às 13h – QUADRiL

27 de outubro (sábado)das 9h às 13h – inFAnTiL

24 de novembro (sábado)das 9h às 13h – SiMULADO (Hotel Continental, em Porto Alegre)

Congresso Gaúcho de 2014Os preparativos para o IX Con-

gresso Gaúcho de Ortopedia e Trau-matologia, que acontecerá em Ca-xias do Sul, de 24 a 26 de abril de em 2014, estão em pleno desen-volvimento. Segundo o dr. Márcio Rangel Valin, um dos responsáveis pela organização, os especialistas da Serra Gaúcha estão muito hon-rados por sediar o evento. Apro-veitando que será o ano da Copa

do Mundo no Brasil, a programa-ção de palestras trará novidades no diagnóstico e tratamento da traumatologia desportiva. A SBOT--RS é composta por cerca de 700 membros, e a troca de experiên-cias, atua lização e apresentação de novas evidências ortopédicas é uma busca constante da enti-dade para a valorização da produ-ção científica regional.

A SBOT-RS está organizando o XVIII Congresso Sulbrasileiro de Ortopedia e Traumatologia (Sul-bra), que ocorrerá de 20 a 22 de junho de 2013, no Hotel Serrano, em Gramado. durante o evento também acontecerá a Jornada da Regional Sul da Sociedade Brasi-leira do Joelho.

Serão abordados temas da atua- lidade na área da Ortopedia e Trau-matologia, com convidados inter-nacionais, além de aspectos liga-dos à defesa profissional. Os orto-pedistas terão a oportunidade de participar com trabalhos nas ca-

SBOT-RS inicia os preparativos para o Sulbra 2013

tegorias: temas-livres, pôsteres e pôsteres eletrônicos. Serão pre-miados os três melhores de temas livres e de pôsteres. A comissão julgadora será formada pelo dr. Luciano Kaisermann, dr. Antero Camisa Junior e dr. Sérgio danesi.

No próximo dia 4 de agosto, o presidente da SBOT-RS, dr. Alexan- dre Guedes Marcolla, se reunirá, em Gramado, com os presidentes das re gionais de Santa Catarina e Para- ná para definir os rumos do Sulbra 2013. Na ocasião, os dirigentes dis- cu tirão o formato do evento e fa-rão o planejamento para as próxi-mas reuniões de organização. Além disso, será uma oportunidade para que os colegas catarinenses e para- naenses conheçam um pouco das belezas da Serra Gaúcha. Em breve, as inscrições serão divulgadas pelo site www.sbotrs.net.br.

Luiz

cH

AV

ES

Ortopedista gaúcho integra a AACPDMO ortopedista Lauro Machado neto recebeu convite para integrar, a partir de outubro deste ano, o Comitê da Academia Americana de Paralisia Cerebral (AACPDM). Muito feliz, ele compartilhou a novidade no seu blog http://drlauromachadoneto.blogspot.com.br/. Para mais informações sobre o trabalho desenvolvido pela AACPDM visite o site www.aacpdm.org.

AN

A P

AiM

Catedral de Caxias do Sul

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FiQuE PoR dENtRo

Em junho de 2012, o Dr. Geraldo Schuck concluiu a parte americana do Patellofemoral Fellowship, prêmio conquis-tado junto à iSAKOS (International Society of Arthroscopy, Knee Surgery and Orthopaedic Sports Medicine) e patro-cinado pela Patellofemoral Foundation. Segundo o ortope-dista, entre o que teve a oportunidade de abordar de uma forma especial durante a especialização estão os procedi-mentos de alongamento e reconstrução do retináculo la-teral da Patela e as técnicas de reconstrução do Ligamento Patelo-femoral Medial (LPFM), bem como os estudos rela-tivos à isometria LFPM. “Percebi que alguns cirurgiões es-tão mais preocupados com a inserção femoral, enquanto

Relatos de viagem do Patellofemoral Fellowship

clínicas de ortopedia e convênios: uma relação complicada

As clínicas de Ortopedia em Porto Alegre vivenciam um drama em relação aos valores repassa-dos pelos convênios. de acordo com o ortopedista e traumatolo-gista Artur Koch, os honorários pagos estão muito defasados e des virtuados. “A inflação que não existe nos dados oficiais é sentida na remarcação de preços, no au-mento da folha de pagamento de funcionários, de tributos e outras exigências trabalhistas”, destaca um dos diretores da Clínica de Or-topedia Santo Antonio, que este ano completa 42 anos de atuação na Capital.

Para o ortopedista, as nego-ciações são fictícias e só existem nas entrelinhas. “O que se ouve é que se ’vocês não quiserem tra-balhar com estes valores encon-traremos outros profissionais que irão trabalhar. É aceitar ou largar’”, conta Koch.

Hoje o cenário é preocupante para as Clínicas de Ortopedia. A Unimed, por exemplo, esta implan-tando a Validação Biométrica para SAdT, exames e medicamentos. Isso significa que, após o atendi-

mento na emergência, o paciente retorna à recepção, onde deve ser feito todo o faturamento daquele atendimento. Para o ortopedista, a cooperativa está repassando para os prestadores um encargo muito pesado: a contratação de maior número de funcionários fa-turistas, além de causar uma maior espera do paciente/conveniado no local de atendimento. A partir da nova prática, a fatura que era realizada sem a presença do pa-ciente, agora ocorre de forma pre-sencial. O que interfere na agili-dade do atendimento e um acú-mulo de pacientes nas recepções das clínicas, sendo necessário, in-clusive, readequar a área física.

PRESEnTE E FUTURONo cadastro do Sindicato de Hos-pitais e Clínicas existem 55 clíni-cas registradas na Capital. Con-forme a lei da oferta e da procura há um visível índice de saturação de mercado. Em contrapartida, a tecnologia na setor médico está em contínua evolução e aprimo-ramento. “Os profissionais da área que não se adequarem irão ver o

cavalo passar encilhado”, avisa Koch. Como avanços, ele destaca a radiologia digital, outros exames de imagem, como ecografia, den-sitometria óssea, ressonância nu-clear magnética, além de novos produtos usados para a imobili-zação de membros nos casos de atendimento traumatológico.

Segundo o ortopedista, na clí-nica em que atua a maior de-manda ainda são os traumas cau-sados nas extremidades dos membros: contusões/fraturas de dedos das mãos e pés. “As dores localizadas na coluna vertebral, nos ombros e joelhos, e traumas esportivos completam a lista de acordo com a nossa maior pre-valência”, completa.

Para o setor nos próximos anos, Koch vislumbra presenciar um an-tigo sonho: o de ver as clínicas de pronto-atendimento unidas, for-mando uma organização centra-lizadora, uma holding, mantendo, porém, suas características indi-viduais societárias. “A união daria uma maior representatividade nas negociações com os convênios”, conclui.

outros com a inserção patelar”, destaca. Ele também relata que ainda não há um consenso em relação às artroplastias femoro-patelares. “Temos modelos e técnicas diferentes no que se refere a estas cirurgias, o que mostra ainda in-certezas a respeito da melhor escolha”, comenta Schuck. Outra contribuição que o especialista ressalta é a forma como diferenciar as queixas dos pacientes relativas às cri-ses de artrite ou de instabilidade e as melhores opções de tratamento. “Entender a biologia e a homeostase dos teci-dos, além da sua capacidade de adaptação, é um campo fértil a ser estudado quando se pensa em distúrbios da ar-ticulação femoropatelar”, conclui o ortopedista.

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ENtREViStA

dr. carlos Roberto Schwartsmann, cidadão de Porto AlegreGaúcho, 62 anos, sendo 40 dedicados à medicina, o Dr. Carlos Schwarstmann é um profissional reconhecido e respeitado no País e exterior. no final de junho deste ano, recebeu o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre. A homenagem, proposta pelo vereador José ismael Heinen (DEM), foi aprovada por unanimidade e consagrada no Plenário Otávio Rocha, do Legislativo da Capital. Ao exaltar a distinção conferida, Heinen afirmou que esse é um prêmio simbólico dado pela Câmara aos grandes indivíduos que se destacam por realizarem um trabalho social importante para Porto Alegre. Chefe do Serviço de Ortopedia e Traumatologia da Santa Casa, Schwartsmann realizou mais de 15 mil procedimentos cirúrgicos, principalmente em pacientes do SUS, e é membro titular da SBOT, professor titular de Ortopedia e Traumatologia na Faculdade de Ciências Médicas de Porto Alegre, e integra o corpo editorial da Revista Brasileira de Ortopedia.

Como o senhor define a distinção recebida?Essa honraria foi o reconhecimento mais importante da minha vida. Ser igualado a pessoas notáveis como dilma Rousseff, Paulo Brossard, Iberê Camargo, além de outras grandes personalidades, é um grande privi-légio. É um momento de reflexão e balanço de vida.

Qual o papel transformador do médico na sociedade?Aplicar os regimes da profissão para o bem, nunca para causar o mal. Te-nho orgulho de ter feito parte do SUS e ajudado na sua consolidação como um sistema de saúde eficaz, de ter operado milhares de pessoas e de ter alimentado a esperança.

O que mais lhe marcou nesses 29 anos de atuação na Santa Casa?Poder atuar com autonomia e ter a chance de exercer a minha profissão com intensidade e dignidade ao lado de grandes profissionais e gestores. Sou um homem de sorte. Consegui evoluir com a especialidade. Uma especialidade que cresceu muito. Hoje no serviço são 120 médicos, sendo que a Ortopedia é responsá-vel por 63% dos atendimentos no bloco. Quando me formei, em 1973, não ultrapassava 2%.

A que se deve esse aumento?Ao fato de a população estar vivendo mais e de ter crescido o número de vítimas de acidentes, tendo, portanto, uma maior incidência de fraturas. Es-

tra das ruins e maus motoristas criam uma demanda interminável. Para su-prir essa necessidade crescente, está prevista até antes da Copa a cons-trução de um hospital exclusivo para a Ortopedia no Complexo da Santa Casa. Atualmente, há falta de leitos em todos os hospitais. Porto Alegre é a única cidade do mundo que per-deu sete hospitais em dez anos. O número de clínicas do setor também diminuiu. Hoje só temos três hospi-tais na Capital que disponibilizam atendimento 24 horas. As questões trabalhistas limitaram a atuação do profissional. Não há mais interesse do Governo Federal em abrir outras vagas para especialistas a fim de su-prir essa carência.

Em sua opinião a saúde piorou?Nunca foi tão ruim como hoje. Con-seguiram distanciar o médico do pa-ciente. Existem pessoas esperando anos por uma cirurgia. Elas estão nas mãos dos convênios, tornaram-se códigos de barra. A concepção do SUS no princípio era fantástica. Hoje, com a perda do foco político na saúde, essa relação se esgotou. Na Santa Casa, por exemplo, a cada R$ 100,00 gastos com o paciente, o SUS devolve R$ 61,00. Ou seja, no final do ano, o Hospital fica com um dé-ficit de 40 a 50 milhões de reais, que precisa ser suprido com os atendi-mentos particulares e convênios para fechar essa conta.

O senhor esteve à frente da SBOT-RS na gestão 1996/1997. Qual o seu desejo em relação à próxima administração?A SBOT se desenvolveu muito no as-pecto científico. Hoje, ela precisa de um caráter mais político para defen-der os direitos dos profissionais. É necessário buscar um posiciona-mento forte e de entendimento em relação aos convênios e aos direitos dos profissionais.

Dr. Schwartsmann se emociona ao receber a homenagem

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oRtoPEdiStA SEM jALEco

Rubens Millman quer trabalhar por Porto Alegre também como vereadorPorto-alegrense, o médico or-topedista Rubens Millman de-cidiu, aos 48 anos, ampliar a sua contribuição para a socie-dade. Com larga experiência profissional, principalmente em hospitais da Capital e na Clínica Moinhos de Vento, ele lançou- se candidato a vereador. “A ideia surgiu após anos de trabalho junto à população que neces-sita se socorrer do SUS e, prin-cipalmente, por observar uma insatisfação geral dos médicos em relação às condições de tra-balho, à remuneração, aos pla-nos de saúde e, fundamental-mente, à desvalorização que a categoria vem sofrendo”, jus-tifica Millman. Segundo ele, to-dos os dias nos ambientes em que circula se depara com al-gum assunto relacionado à si-tuação crítica do acesso à saúde. “Enfrenta-se a falta de leitos, a má remuneração dos profissio-nais, o número insuficiente de médicos para atender a de-manda, e ainda o surgimento de novas faculdades de medi-cina sem a devida competência para formar com qualidade”, avalia o candidato, finalizando: “Acredito ter chegado a hora de nos mobilizarmos, e não fi -car mos de braços cruzados, re-clamando da política e fechando os olhos. Temos uma classe dife- renciada, que pode brigar e ter representantes para defen dê-la. Gostaria de contar com os co-legas e amigos para conquistar esta meta de me tornar verea-dor, mas também desejo deixar claro que pretendo fazer polí-tica, e não ser um político. Con-tinuarei sendo o colega médico, traumato-ortopedista.”

Gremistas venceram o Grenal dos Ossos

depois de três edições do tradicional Grenal dos Ossos, o time do Grêmio deu uma virada e venceu o do inter pelo placar de 4 X 3. Essa façanha aconteceu no dia 12 de maio, à tar de, no estádio da PUCRS, após o encerramento do Congresso Gaúcho de Ortopedia e Traumatologia. “Esses jo-gos são esperados com muita ansiedade por todos nós, ortopedistas gaúchos, que queremos mostrar as habilidades futebolísticas”, brinca o ex-presidente da SBOT-RS, Paulo Ricardo Piccoli Rocha. “É sempre uma grande confraterniza-ção, quando podemos encontrar velhos amigos. As discussões mais acaloradas no campo, terminam em muitos abraços e risadas ao final da partida.” O Grenal dos Ossos de 2012 teve o patrocínio da IMACT.

Os dois times posando juntos para a clássica foto do futebol

desde criança, o ortopedista Rafael duvelius Ott, de Porto Alegre, sempre esteve envolvido em várias atividades físicas. “Eu gosto de esportes, fazem com que eu me sinta bem, estão na minha alma”, revela o médico, especiali-zado em pé e em tornozelo. “Para mim eles são tão necessários quanto esco-var os dentes.”

Apesar de esta paixão antiga ser bem generosa, pois está relacionada às práticas esportivas em geral, a preferência de Ott está nas modalidades aquá-ticas. O surf e windsurf são os carros-chefes, e como ele também adora viajar, está sempre buscando lugares exóticos e litorâneos. Encantado com as bele-zas naturais de Santa Catarina, tem uma casa em Ibiraquera, para onde foge sempre que pode. E, com um grupo de amigos também desportistas tem ido para praias de países como Costa Rica e Nicarágua. “Nesses lugares, além dos preços atraentes, a temperatura é de 30º o ano todo, assim como a da água do mar, e o povo é muito receptivo”, comenta, mostrando, em seu computa-dor, o resultado do seu outro hobbie: a fotografia. Ott tem um acervo impres-sionante de imagens registradas em suas viagens, a maioria contemplando paisagens naturais de tirar o fôlego e, claro, esportes aquáticos.

A vida de esportista amador de Rafael Ott

Dr. Rafael Ott praticando windsurf em ibiraquera, Santa Catarina

imagem captada por Rafaell Ott na praia de Popyo, na nicarágua, em 2011

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Quarenta anos dedicados ao ensino médico na Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo colocam o dr. Gaston En-dres na vanguarda da história da Ortopedia no município. Natural de São Pedro do Sul, região cen-tral do Estado, fez a sua formação na Universidade Federal de Santa Maria, onde concluiu o curso em 1967. Especializou-se em Ortope-dia e Traumatologia na Santa Casa de São Paulo. Em 1970 escolheu Passo Fundo para consolidar a sua trajetória e fundou, ao lado do tam- bém ortopedista Carlos Roberto Vargas Leal, o Pronto Socorro de Fraturas – clínica pioneira no tra-tamento de patologias osteoarti-culares no norte do Rio Grande do Sul. Antes os serviços de trau-matologia e ortopedia eram ofe-recidos nos poucos hospitais exis-tentes. Com a instalação do Plan-tão 24 horas, serviço de urgência e raio-X a população passou a ser atendida de forma integral.

PRoFiSSioNAL dEStAQuE

dr. GAStoN ENdRES

Responsável pelos avanços da área e pela formação de centenas de profissionais, a atuação do mé-dico foi decisiva para a criação da primeira residência médica em Or-topedia e Traumatologia no inte-rior do sul do Brasil, consolidando a região como o terceiro maior polo médico do sul do País. “A Or-topedia me permitiu ousar e des-bravar um mundo de possibilida-des e desafios”, revela Endres. “Quando viemos para Passo Fun- do, eu e meus colegas acreditá-vamos poder fazer o melhor pela população. Tivemos o privilégio de acompanhar o ambiente de progresso e de receber profissio-nais altamente qualificados, que buscaram especialização em vá-rias partes do mundo e regressa-ram para tornar o Hospital Orto-pédico, que hoje reúne 23 espe-cialistas em seus subgrupos, em uma instituição respeitada e de referência nacional.”

dr. Gaston foi jubilado ao com-

pletar 70 anos, em 2011, e conti-nua a transmitir seus ensinamen-tos como preceptor da Residên-cia Médica do Hospital Ortopé-dico, além de dar continuidade às atividades clínicas e cirúrgicas no Hospital São Vicente de Paulo, Hospital Ortopédico e Hospital da Cidade. Incansável, ainda re-serva tempo para dedicar-se ao aprimoramento das técnicas. É titular da Academia Passo-Fun-dense de Medicina, sócio-funda-dor da Unimed\Planalto Médio e membro titular da Sociedade Bra-sileira de Medicina e Cirurgia do Pé e Tornozelo.

Recentemente, também rece-beu uma marcante homenagem dos residentes, que deram o seu nome à biblioteca do Hospital Ortopédico. “Isso me emociona e estimula ainda mais”, comenta Endres, cuja vida é dedicada à Ortopedia, aos avanços científi-cos e à humanização da saúde na sua região.

Biblioteca do Hospital Ortopédico de Passo Fundo recebe o nome do ortopedista Gaston Endres (o segundo na foto, a partir da esquerda)

AcERVo HoSPitAL oRtoPédico dE PASSo FuNdo

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SAVE tHE dAtE

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