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RODOLFO CEMIM DA SILVA

RODOLFO CEMIM DA SILVA - frispit.com.br · Antonio Luiz Perottoni, Rodolfo Cemin da Silva, Vinicius Viera. Texto ... Oliveira. Layout Fernando Antônio Baumgartner Bandeira, Caio

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EDITORIAL

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Pouca idade e muito talento: essa é a premissa da Revista Singulares, uma produção de acadêmicos da disciplina de Mídia Impressa 2012 dos cursos de Comunicação Social da Universi-dade de Caxias do Sul, que procurou revelar histórias ímpares de cidadãos caxienses. Navegando por várias fases da vida, procurou-se não apenas expor estes talentos, como também comprovar que os jovens e as crianças de hoje não só sabem o que querem, como também vão atrás de seus sonhos. Pode-se observar que o talento já vem desde a infância e se evidencia ainda mais na vida adulta, porém, nem todos conseguem seguir fazendo o que gostam, talvez por medo, preconceito, receio da sociedade ou falta de apoio. Por outro lado, os que têm a coragem de seguir esse caminho se tornam profissionais bem sucedidos e felizes consigo mesmos. Esta produção reúne depoimentos de estudantes e de quem já está consagrado no mercado, como Caroline Dall’Agnol, que faz do curso de Jornalismo um ca-minho para realizar as suas utopias, e o radialista Agenor Rodrigues que, em entrevista, revisa a própria trajetória de persistência e realizações. Não perca esse retrato de pessoas que, como o próprio nome da publi-cação já define, são Singulares.

ReitorIsidoro Zorzi

Vice-ReitorJosé Carlos Köeche

Pró-Reitor AcadêmicoEvaldo Antonio Kuiava

Diretora do Centro de Ciêcias da ComunicaçãoMarliva Vanti Gonçalves

Professora da Disciplina Mídia ImpressaAlessandra Rech

FotoAntonio Luiz Perottoni, Rodolfo

Cemin da Silva, Vinicius Viera.

TextoLiliane Cioato, Keli Bernardi, Natália Susin Cechinato, Pedro Guerra, Bárbara Armino,

Jassa Lopes Gazzana, Maurício Fontana Rodrigues, Luiz de Paula Junior, Ediane Almeida

Oliveira.

LayoutFernando Antônio Baumgartner Bandeira, Caio Busetti Oliveira, Vinícius Goin, Maryleen Kathelin Horstmann.

CoordenaçãoFernando Buffon

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E ali logo em frente,Por Jassa Lopes Gazzana

Antes de ingressarmos na vida adulta, passamos por um período repleto de sonhos, incertezas e, também, certezas. Com o passar dos anos, nossas opiniões amadu-recem e muito do que pensávamos se esvai na linha do tempo. O Sin-gulares entrevistou três crianças: Felipe Lopes Gazzana, de 9 anos, Gabriel de Moura, 10 anos, Ana Carolina Ghiotti, 11 anos, e a ado-lescente, de 13 anos, Sthéfani Pinto Varela, a fim de entender seus de-sejos, temores e esperanças. Há muito tempo sabemos que só existe uma solução para a maioria das problemáticas sociais. Indife-rentemente da idade, todos os en-trevistados tiveram a mesma res-posta para a pergunta: “O que você faz, hoje, para melhorar o futuro? “estudo”. Todos deixaram seu reca-do para os adultos.

“Todas as crianças são artistas. O pro-blema é como permanecer um artista quando você crescer.”(Pablo Picasso)

“Parem de brigar e prestem atenção no trânsito para não causar acidentes.” Aos nove anos, como a maio-ria dos brasileirinhos, Felipe já usa as redes sociais e a Internet para se comunicar com seus amigos e jo-gar em plataformas de multijoga-dores. Diverte-se jogando futebol e “play”. Semanalmente, sua escola incentiva os alunos a escolher um livro na biblioteca. Seus preferidos são os de aventura. Felipe vê na professora do 4o ano, sua inspira-ção. Como profissão, está em dúvi-da entre ser pizzaiolo ou advogado. Para ele, no mundo adulto é cha-to... “Ser demitido, saber que al-guém morreu, pagar o parquíme-tro e pagar contas”. E o que ele está ansioso para fazer quando chegar à fase adulta é: “Poder andar de moto, fazer o que quiser, trabalhar para aprender coisas e para ganhar dinheiro”.

O menino considera a violên-cia dentro e fora das escolas, e os maus-tratos aos animais os maiores problemas no mundo.

“Ter mais bondade e união no mundo.”O amor foi escolhido, quase por unanimidade entre os entrevista-dos, como o sentimento mais im-portante atualmente. Gabriel diz que o amor é: “Quando uma pessoa gosta das outras pes-soas, sem preconceitos”. O estudante de 10 anos, que cursa o 5º ano, tem fascínio sobre tudo que envolve ufologia e astronomia e, no futuro, quer poder fazer disso sua profissão. Ele também diz que a violência no mundo precisa aca-bar, assim como o uso de drogas.

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a esperar pela gente, o futuro está...

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“Pensar mais antes de julgar o próximo, porque sempre jul-gam pelas aparências. Todos merecem uma segunda chance.”

A futura bióloga Ana se inspi-ra no aventureiro Richard Rasmus-sen, do programa televisivo que leva seu nome. Ela compartilha com o apresentador a paixão pelos animais e o dever de protegê-los. O modelo antigo de família conta-va com o pai, como o provedor do sustento, a mãe, responsável pela educação das crianças, e muitos fi-lhos. Ao longo da história esse pa-drão sofreu muitas alterações. Essa realidade já se reflete nos depoi-mentos dos entrevistados. Ao ser questionada sobre que tipo de fa-mília planeja ter, Ana respondeu:

“Me casar e ter uma casa com bastante espaço, com muitos animais e apenas um filho”. A estudante do 6º ano tam-bém acredita que a violência e a dependência química são guer-ras que precisamos vencer. Mas, usando o sentimento já citado an-tes, o amor, podemos conseguir a vitória? Ana é objetiva: “Ten-do o amor, se consegue a paz”.

“...a vida não é só um jogui-nho. Então tem que ter respei-to, amor e companheirismo, sempre.”

“O estudo, a busca da verdade e da beleza são domí-nios em que nos é consentido sermos crianças por toda a vida.” (Albert Einstein)

Sthéfani, do 8º ano, é repre-sentante de turma, e tem o dever de ajudar a manter a paz dentro da sala de aula. Usa a Internet para fa-zer amigos que tenham gostos pa-recidos com os dela, como a afei-ção pelas histórias do personagem Sherlock Holmes. Embalada pela sede de justiça do investigador, a adolescente pretende ser advoga-da. Espelha-se na irmã mais velha que, como ela mesma diz: “É in-teligente, boa aluna e sempre dá seu máximo para conseguir o que quer”. No mundo adulto ela não gosta quando o trabalho ocupa a maior parte do tempo e não sobra espaço para a família e os amigos. O que mais deseja para essa fase é o poder de controlar suas escolhas. Sobre o tipo de família que Sthéfani espera

ter, ela diz que não sabe ao certo, pois muda de ideia continuamente, e teme o convívio permanente com outra pessoa. Porém, pensa em ter dois filhos. Na fase em que o dese-jo de namorar é a maior ambição entre as adolescentes, a estudante destoa de suas colegas e prefere dar valor as amizades e focar sua aten-ção nos estudos. Ela considera a amizade o sentimento mais impor-

tante do mundo. E sobre os adultos complementa: “As pessoas têm que ter mais responsabilidade, amar mais as pessoas, tentar se comu-nicar melhor com os outros. Ver o que estão fazendo de errado com os seus amigos e com seus filhos, tentar preservar ao máximo tudo o que têm”.

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Saúde e corpo em dia “A paixão pela academia e a bus-ca por um corpo perfeito fizeram com que eu me tornasse um jovem empresário de Caxias do Sul nessa área. Sou estudante de Administra-ção de empresas e sempre sonhei em poder administrar o meu pró-prio negócio. Fui bastante cautelo-so e refleti bastante antes de abrir minha empresa, pesquisei sobre o futuro do mercado, em que preten-dia investir, o público que desejava atingir e estratégias de marketing.

Como o próprio nome já define, suplementar significa adicionar, complementar.  Os suplementos alimentares , ramo do meu negó-cio, são utilizados com o objetivo de adicionar nutrientes à dieta, buscando melhores resultados. São indicados para atletas e pesso-as que precisam de mais calorias, proteínas e vitaminas, que prati-cam atividades físicas diariamente e que devido ao treino pesado, ou até para alcançar resultados dese-jáveis, necessitam consumir um número maior de nutrientes. Mas é necessário cautela, pois o uso excessivo ou de maneira incorre-ta pode ocasionar danos à saúde.

Hoje trabalho com uma vasta gama de produtos, e posso ofe-recer aos meus clientes um valor bem reduzido se comparado aos praticados pelo mercado atual. A empresa também possui um grande diferencial que é o bom atendimento: prezamos muito a satisfação dos nossos clientes.Procuramos sempre nos atu-alizar para poder trazer o que há de melhor aos nossos clien-tes na linha de suplementação”.

Robson Gabrieli, 25 anosProprietário da Serra Suplementos

Por Kely Bernardi e Liliane Cioato

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Jovem empreendedorPor Ediane Almeida Oliveira

‘’Abrir um negócio não é fácil. Mesmo sabendo das dificuldades que poderia encontrar, ser admi-nistrador de algo onde há muita burocracia envolvida, não é tarefa simples.Sempre quis ter algo meu e procu-rei trabalhar em vários lugares di-ferentes, fazendo coisas diferentes (dentro da Publicidade) antes de

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tomar essa atitude.Hoje em dia está mais fácil e até na moda abrir empresa. Porém, vejo que muitas pessoas estão indo por esse caminho por não querer mais ser empregado ou algo do tipo. Na minha opinião, deveria ser o con-trário. Deveríamos buscar abrir um negócio quando acharmos a oportunidade e sabermos cada vez mais coisas sobre o lugar onde ire-mos pisar.

as pessoas que trabalham direta-mente ou indiretamente contigo devem ser pessoas que queiram isso também. E terceiro, claro, o trabalho em si. Faço várias coisas na Mocker, nas bandas que toco e também em outros projetos como o programa “Rock Me Up” da Rá-dio Sonora FM. Mas se isso for motivo para todo dia querer mais, não importa mais nada.’’

A Mocker Comunicação co-meçou em fevereiro desse ano. Apesar de ser uma agência muito nova, já conseguimos aqui mostrar trabalho para empresas importan-tes e também fazer projetos bem legais com muitas delas. Busca-mos sempre estudar as pessoas, os comportamentos em diferentes plataformas. Já que a comunicação

fui contra por onde passei). Posso afirmar que trabalho bem mais, mas prefiro assim. O trabalho fica melhor. O meu objetivo sempre foi acor-dar todo dia e ficar a fim de ir pro trabalho. E isso implica em muita coisa. Primeiro, que o ambiente deve ser o melhor pra poder de-senvolver as atividades. Segundo,

é feita por pessoas e para pessoas, achamos aqui o mais importante entender quem fala e quem recebe a informação. E não apenas sermos fissurados por novas ferramentas. Minha rotina mudou bastante, pois não tenho mais horário de-finido para começar e terminar o trabalho. Na verdade, estou sempre trabalhando, mas de uma maneira que não sinta mais aquela obriga-ção de bater ponto (o que sempre

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Seguindo os passosPor Natalia Susin Cechinato Isabel estuda Design de Moda na Universidade de Caxias do Sul e está ligada ao mundo fashion desde os 11 anos de idade, quan-do surgiu o interesse por aprender sobre o assunto.Ela se inspira em Coco Chanel, como uma boa apre-ciadora de moda, e pontua que o ícone não tem influência somente no fashionismo, mas também no comportamento feminino. A estudante diz que admira muito o trabalho de equipes como a WGSN, que é o site de conteúdo de moda mais completo que exis-te atualmente e também fala sobre equipes que fazem estudos apro-fundados do comportamento da sociedade, aliados a informações de moda, como é o caso da Trend Union. A futura designer tem uma aparente paixão pelos bastidores do mundo da moda e acredita no sucesso de jovens talentos como Tavi Gevinson, que tem apenas 13

anos e em pouco tempo ela já exer-ce influência como crítica de moda em seu blog e dona de um estilo no mínimo diferente das meninas de sua idade.Isabel ainda ressalta “Acho que hoje isso já não é mais tão difícil, uma vez que o acesso à internet é muito fácil e qualquer pessoa pode criar sua própria pá-gina.” Bem decidida sobre seu futuro,quando perguntada sobre ícones menores de 25 anos, Isa-bel vai direto ao ponto e fala so-bre Chiara Ferragni, que arrecada seguidores do estilo no blog The Blonde Salad. Essa jovem tem ape-nas 24 anos e já tem até sua pró-pria marca de sapatos, que vendeu mais de 2.000 pares em sua tercei-ra coleção.O site passa o tradicio-nal ‘look do dia’, além de ter uma ótima fotografia e informações mais aprofundadas sobre moda em alguns posts.Chiara é italiana e estuda Direito, criou o blog com

a intenção de “recomendar o que usar e sempre prestar atenção aos detalhes”como ela mesma diz em sua aprensentação na página.Entre as marcas que a garota já colabo-rou estão Dior,Hugo Boss, Louis Vuitton, Lancôme, entre tantos ou-tros nomes importantes.

“Não sei de onde veio essa vontade, mas com o pas-sar dos anos fui aprendendo como funciona o mundo da moda, principalmente os bas-tidores e hoje não me imagi-no fazendo outra coisa.”

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Seguindo os passosRhaysa é uma jovem promissora: aos 19 anos, já participa de duas bandas, toca violão, teclado, e tem um ídolo que, além de referência, é a sua cara.

Por Pedro Guerra

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A acadêmica do curso de Jor-nalismo da Universidade de Ca-xias do Sul, Rhaysa Santos, 19 anos, sempre gostou de cantar, mas nunca pensou que pudesse levar a brincadeira um pouco mais a sé-rio. Porém, quando tinha apenas 14 anos de idade e começou a fazer aulas de violão, o seu professor co-mentou que ela tinha uma voz com grande potencial, e foi então que Rhaysa descobriu que cantar esta-ria nos seus planos para o futuro. Desde a descoberta dessa pai-xão, a maneira que a futura jorna-lista-cantora consegue se expressar melhor é através dos acordes to-cados em seu violão, ou das notas reproduzidas em seu teclado, ins-trumentos que ela já domina. – Tenho ainda planos para apren-der a tocar baixo – , conta. E o ta-lento de Rhaysa não para por aí: ela também compõe. Com algumas le-tras em mãos, a garota sonha em um dia conseguir gravá-las e tam-bém estudar música fora do Brasil, com o objetivo de conhecer ainda mais a área que tanto lhe atrai. Foi também na escola de músi-ca que um outro desafio começou: junto com alguns amigos que tam-bém fazem aula, eles formam uma ‘banda-de-ocasião’, que entra em cena quando recebe convites ou encontra shows de talentos como o que foi realizado recentemente pe-los cursos de Comunicação Social da UCS. Não temos a obrigação de ser sempre uma banda, tocamos quan-

do aparece a oportunidade, e faze-mos porque é o que realmente gos-tamos – , explica. Em paralelo, Rhaysa cumpre o papel de vocalista da banda Miss Take, formada exclusivamente por meninas, substituindo a vocalista titular, que viaja em intercâmbio. – Estamos mudando um pouco o repertório e ensaiando frequen-temente. Está sendo uma ótima experiência como aprendizado – afirma. Grande parte de todo esse so-nho musical da futura comunica-dora cresce na mesma intensidade que a paixão pelo seu ídolo maior. Assim como Rhaysa, Taylor Swift começou muito jovem, aprenden-do a tocar violão quando um técni-co foi até a sua casa para consertar

o seu computador e acabou ensi-nando a ela alguns acordes. Nos dias que se seguiram, a atual supe-restrela escreveu as suas primeiras músicas, e desde então mantém o mesmo foco: falar de sua vida amorosa. E foi assim que ela che-gou ao reconhecimento mundial, se tornando a nova queridinha dos Estados Unidos. Agora, aos 22 anos, Taylor aca-ba de lançar o seu quarto álbum de estúdio, intitulado Red, que ven-deu mais de 1,2 milhão de cópias apenas na primeira semana, repe-tindo o sucesso de seu antecessor, Speak Now, que também vendeu mais de 1 milhão nos sete primei-ros dias. Com esse recorde, Swift se tornou a primeira cantora da his-tória a conseguir tal feito.

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Posso e devo agir Como o impeachment do presidente Collor transformou uma geração.

Por Bárbara Armino

Em tempos em que as no-vas gerações são cada vez mais caracterizadas por seu comodis-mo frente às decisões, as gerações mais antigas dão exemplo no que-sito reivindicação. A época era outra e os problemas também, enquanto te-mos leis aprovadas como o “Ficha Limpa”, antigamente o que havia

na época era um menino de 13, aparentemente igual a todos os ou-tros da idade, porém um dos mi-lhares que pintaram seus rostos e saíram às ruas protestando contra a corrupção praticada pelo então presidente Fernando Collor de Melo.

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eram os protestos do povo e as tentativas de mudança por parte de pessoas que, ainda que não ti-vessem nomes conhecidos, tinham vozes e uniam-nas na luta contra as injustiças do país. Foi nesse cenário que Ed-gar José Dallegrave passou sua adolescência. O homem, hoje de 33 anos, estudante de História,

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Posso e devo agir2ingulare5: O que o levou a fazer parte dos caras-pintadas?

Edgar: O que me levou a protestar foi que eu fazia parte de um grupo de amigos que sempre discutiam política, eu ainda não votava, mas sentíamos que poderíamos mu-dar as coisas. Meu pai fora militar na época do Regime Militar e ele sempre me contava como o gover-no dominava a mente da popula-ção, ele disse que a democracia era o povo havia conquistado e ele disse que eu deveria estar sempre pronto para defender essa conquis-ta.

2ingulare5: O que você pensava so-bre as manifestações?

Edgar: Como ainda era alguém muito jovem, não sei se tinha mui-ta capacidade de compreender tudo, mas do meu ponto de vista na época, eu me sentia traído, pois não compreendia como alguém com o carisma e o discurso do en-tão presidente Collor podia ser tão corrupto e lesar o povo que colo-cou nele a esperança, como ele po-dia desviar dinheiro e fazer acor-dos ilegais!

2ingulare5: O que você pensa so-bre o comodismo dos jovens da época em que estamos vivendo?

Edgar: Acredito que a juventude hoje tem tanta capacidade de luta quanto qualquer outra geração, basta crer nisso. O comodismo dessa geração se deve a muitos fa-tores, hoje a juventude brasileira é “órfã de uma utopia”. O Brasil se torna um país cada vez mais rico e é isso que nossos governantes res-saltam, mas carecemos de muitos bens sociais como segurança, saú-de, educação, saneamento básico, etc. A juventude parece correr

“anestesiadamente” em direção do progresso financeiro, e é ensinada a não lutar pelo resto, é uma cor-rida muito egoísta e não comuni-tária. Meu pai ensinou-me a lutar pelos meus direitos e de meus se-melhantes, mas a geração de hoje parece se preocupar apenas com “suas coisas”, ganhar o quanto pu-der e gastar, sem se preocupar com a condição dos outros ao redor.

2ingulare5: Qual o conselho que você deixa aos jovens hoje?

Edgar: Na democracia, o povo é que tem o poder, nós é que coloca-mos ou retiramos os governantes. Precisamos ser mais cuidadosos com a política, quando as pessoas de bem não querem saber de po-lítica, os maus tomam esse lugar! Precisamos de jovens que estudem melhor a política e exijam mais transparência, a prestação de con-tas de nossos governantes.

2ingulare5: Quais foram as mu-danças que ocorreram na sua vida a partir da experiência de ser um

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cara-pintada?

Edgar: Naquela época aprendi que posso e devo agir. Durante muitos anos de minha vida fui filiado a um partido político, o PC do B, me envolvi muito em política estu-dantil em Grêmios e no Diretório Acadêmico de minha faculdade. Hoje, mesmo fora de um partido, sempre procuro me inteirar do que acontece na política e gosto de conversar sobre isso nas rodas de conversa.

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Jornalismo político Estudante engajada.Por Luiz de Paula Jr.

Caroline Dall’ Agnol vive a máxima de Eduardo Galeano: “A utopia precisa

existir para se conti-nuar caminhando”

RODRIGO ONZI

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Jornalismo político Desde sua mocidade, Ca-roline Dall’Agnol se interessa e luta em prol de interesses coletivos, tem esperança em uma sociedade igualitária (socialista). Realizou o curso “Fé, Política e Trabalho”, no ano passado, oferecido pela Dio-cese de Caxias do Sul em parceria com a Unisinos e Cáritas Caxias. Se interessa por organizações so-ciais e voltadas para suas questões, principalmente no âmbito do tra-balho voluntário. Afirma que sem-pre encontrou dificuldades para se engajar nesse meio político-social, porém sempre tentou se agrupar de algum modo. Culpa a falta de tempo pela baixa participação dos estudantes nos movimentos estu-dantis. Seu lema é baseado na ci-tação de Eduardo Galeano que diz que “a utopia é um fator essencial para se continuar caminhando”, ou seja, sonhos são necessários.

Seu sonho é que um dia não haja tantas desigualdades sociais oriundas do capitalismo, mas é realista ao afirmar:- Pode ser que seja só um sonho.Atualmente, é estudante de Jorna-lismo em ritmo de formação na Universidade de Caxias do Sul e se diz feliz ao afirma que sua futu-ra profissão será uma ferramenta para “mudar o mundo”. Trabalha como repórter na UCS TV e atua como secretária do DCE (Dire-tório Central dos Estudantes) na Universidade de Caxias do Sul.

Caroline afirma que, ape-sar do ciclo de formação do indi-víduo poder enfrentar problemas desde casa, o Estado é um dos cul-pados por não oferecer os direitos do cidadão como manda a Consti-tuição.

Declara-se adepta ao socia-lismo democrático, apesar de nun-ca ter havido esse sistema político em nenhum lugar do planeta, pois nem mesmo o estado de bem- es-tar social vigente em alguns países da Europa se saiu ileso da “corrup-ção”.

- Gostaria de ter participado mais das ações do DCE, porém, por es-tar em época de monografia, não foi possível. - Foi necessário deixar o movi-mento e lado - frisa.

Quando criança e adoles-cente, Caroline foi eleita represen-tante de classe por anos a fio, ou seja, já assumia um espírito de li-derança desde então.

Considera-se uma pessoa comunicativa, interessada pelo comportamento humano em todas as áreas. Foi convidada a participar do DCE devido ao seu interesse político e social visto por todos que a conhecem.

É católica por formação, porém, acredita que o comporta-mento do indivíduo não deve serligado ao conservadorismo de nenhuma espécie, pois a forma-ção social é da maior relevância.

“Já entrevistei secretários políticos, porém, não houve

debate”.

- Converso com todos, não impor-ta o lugar ou a ocasião -, diz Carol, como assim é chamada pelos ami-gos e colegas.

Caroline prioriza em sua vida a futura profissão de jornalis-ta e, em segundo lugar, uma carrei-ra política. - Pretendo aproveitar ao máximo de minha profissão antes de qual-quer outra atuação - , diz Carol.

“As pessoas devem fazer o que gostam, independentemente da possível ascensão

financeira.”

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‘‘Ando há 11 anos de skate na modalidade street Comecei a pra-ticar o esporte com 13 anos. No início, meus pais, assim como eu, não levavam tão a sério, pois não tínhamos ideia de que eu conse-guiria chegar até aqui, mas minha mãe sempre me apoiou, sempre esteve ao meu lado, me ajudan-do quando precisava ir para os campeonatos fora da cidade ou a comprar peças para o skate. Antes de começar a andar eu jo-gava futebol, depois que conheci o skate fui abandonando os outros esportes. Comecei a participar de competições com 15 anos, fui me dedicando cada vez mais, fazen-do com que ele não fosse somente um hobby e sim a minha profissão.

Meu primeiro patrocínio foi de uma loja aqui de Caxias do Sul, que não existe mais. Hoje conto com o patrocínio da loja Hip, também aqui da cidade, graças a ela surgi-ram outras marcas como patroci-nadores, de outros lugares como Novo Hamburgo, São Paulo, Esteio, que atualmente me dão o suporte para que eu possa me manter e con-tinuar me dedicando só ao skate. No início não havia muitos cam-peonatos aqui na cidade, mas hoje, com a Associação dos Skatistas Ca-xienses, todo ano é feito um evento para divulgar e incentivar o esporte. Eu fui campeão gaúcho do ano passado e o prêmio foi uma via-jem a Barcelona – viajei para lá em agosto desse ano, quando tive a oportunidade de filmar e fotografar em vários locais que até então eu só via em vídeos.

O skate é a minha vida e eu espero continuar a praticar o es-porte por muito tempo. Acredito que quem tem algum preconceito quanto aos skatistas deveria re-servar um pouco do seu tempo para conhecer melhor o esporte, afinal, com todo esporte existe certo preconceito, mas nada que, conhecendo, não possa mudar.’’

Patrik Mazzuchini, 24 anosSkatista na modalidade Street Campeão Gaúcho de 2011

Hobby virou profissãoPor Keli Bernardi & Liliane Cioato

VINÍCIUS VIEIRA

VINÍCIUS VIEIRA

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Artista e artesão “Fiz minha primeira tatuagem aos 14 anos. Sempre gostei de de-senhar e isso me motivou a apren-der a tatuar. Não existe uma idade para começar a praticar, é uma pai-xão. No início eu me tatuava por-que ninguém queria tatuar com alguém que estava aprendendo.

Eu fiz minha primeira tatuagem como profissional aos 18 anos, no começo foi difícil e meus pais só aceitaram a minha profissão quan-do eu consegui me manter e pagar as minhas contas. Tive a oportu-nidade de viajar para me aprimo-rar, um bom tatuador precisa estudar e se atualizar constante-mente. Sempre vai haver precon-ceito conosco, mas se for seguir só o que a sociedade quer, a gente acaba virando um “Michel Teló”.

Um bom tatuador precisa conhe-cer vários tipos de trabalhos, colher informações e criar o seu estilo. Cada um é bom em um desenho di-ferente, por isso é importante bus-car coisas que nos tornem únicos. É difícil explicar o que é a tatua-gem para mim, vivo disso, é o que sei e gosto de fazer. Tenho o prazer imenso de viajar e conhecer coi-sas novas. Os tatuadores são como uma família. Não me considero um artista tatuando, ali sou um ar-tesão. Sou artista quando estou de-senhando e criando meu trabalho.”

Darigo Bonatto - 25 anosTatuador - Super Tattoo

Por Keli Bernardi & Liliane VINÍCIUS VIEIRA

VINÍCIUS VIEIRA

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Agenor Rodrigues é inte-grante de uma das tantas famílias que migraram do interior, no caso dele, da localidade de Barracão (na época Terceiro Distrito de Lagoa Vermelha), buscando traba-lho e melhores condições de vida. Caxias do Sul foi a cidade escolhi-da pelos pais que acreditavam que ali encontrariam trabalho e escola para os filhos. Sexto filho em uma família de nove irmãos, logo cedo precisou arrumar um emprego e, quando atingiu 16 anos, foi traba-lhar em uma fábrica de calçados

e, pouco tempo depois, em uma metalúrgica. Quando metalúrgico pen-sou em trabalhar no rádio e, sem pensar duas vezes foi até a antiga Rádio Independência e, depois de muito “incomodar”, obteve a per-missão para frequentar os estúdios no período da noite e acompanhar os locutores, já famosos e profis-sionais. Foi mais de um ano de muito estudo e observação, desco-brindo, pouco a pouco, as lingua-

gens do rádio, entonação, leitura de textos, mensagens, crônicas, músicas brasileiras, italianas, in-glesas, francesas e alemãs, alguns gêneros que permanecem até hoje e outros que já não figuram mais nas programações das emissoras de rádio. Quando pensou que seria contratado, recebeu a triste notí-cia de que a empresa não poderia contratá-lo porque o quadro de funcionários da emissora já estava completo. A decepção, grande

para um garoto de 16 anos, o fez abandonar a ideia de ser radia-lista e voltar para a metalúrgica, onde trabalhou por mais um ano e meio. Após insistências de amigos para que insistisse na carreira de locutor, Agenor não resistiu e foi até a rádio São Francisco, onde foi aceito como “aprendiz” e começou todo processo novamente. Com a bagagem adquirida no período de Rádio Independência, fez mais um ano de laboratório e quando pen-sou que ia ser contratado para ser

locutor, novamente não foi, mas dessa vez recebeu convite para ser operador de som, permanecendo nessa função por um ano. Esporadicamente, ele fazia a gravação de um texto ou de uma reportagem, sem muito compro-misso, até que recebeu a oportuni-dade de comandar um programa noturno, chamado Show da noite. Simultaneamente, estudava no período da tarde, pois precisa-va ter mais conhecimentos para comunicar e informar melhor aos ouvintes da emissora.

“- Naquele tempo não tinha o curso de Comunicação em Caxias do Sul, mas acredito que o futuro profissional exercitava a função fazendo bem mais laboratório, na comparação com os profissionais de hoje.” Os programas da época, em sua grande maioria, não eram seg-mentados como os de hoje, o que exigia do comunicador uma aten-ção e uma atualização em todos os assuntos, pois o mesmo apre-

Um jovem e um sonhoA história de um garoto que com persitência e fé conquistou seu sonho!

Por Maurício Fontana Rodrigues

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01020304050607080910111213141516171819202122232425REVISTA SINGULARES - PÁG. 17

sentador preparava a programação musical, também levava as notícias política e econômicas, fazia repor-tagens policiais, esportivas e de eventos sociais, tudo isso com um acesso à informação infinitamen-te menor do que possuímos na atualidade. De lá pra cá, Agenor pas-sou por muitas cidades do Brasil todo, trabalhando em diversas redes de comunicação, entre elas a RBS de Caxias do Sul-RS,a Globo do Rio de Janeiro-RJ e a Gazeta de Vitória-ES, onde teve a opor-tunidade de trabalhar também com televisão. Depois de tantas idas e vindas, no ano de 2012, ele se aposentou com a certeza de ter realizado seus sonhos de juven-tude e, hoje, têm suas atenções voltadas para a área de Assistência Social, na qual possui formação, e acredita que tem bastante trabalho a fazer.

No mundo político, o cenário esta-va em efervescência com a existên-cia de apenas dois partidos, Arena e MDB. A arena era composta por todos os pensamentos da direita e o MDB abrigava os pensamentos de esquerda. Políticos, antigos e jovens, os Diretórios Acadêmicos das universidades e centrais estu-dantis abrigavam a pluralidade do pensamento político, mesmo que escondidos, pois não podiam fazer reuniões abertas. Eram observa-dos constantemente por homens do DOPS, uma organização do exército e a serviço do governo militar, que tinha o papel de de-durar e prender os líderes. Estava começando o movimento para existência de novas agremiações partidárias.

Os veículos de comuni-cação observavam tudo e divul-gavam pouco, pois também eram observados e controlados através de escutas, dentro dos quartos do exército. Tinham o direito de di-vulgar somente o que interessava ao governo e, se fizessem algo fora dos padrões, corriam o risco de perder as concessões. Os proprie-tários das emissoras de rádio e TV e mais os donos dos jornais eram verdadeiros capachos do governo, havendo poucos que se atreviam a enfrentar o poder, pois quando o faziam, normalmente tinham suas edições apreendidas e suas ofici-nas confiscadas ou queimadas. Na área da música, muitos talentos brasileiros foram reprimi-dos e outros tantos tiveram suas composições censuradas. Assim aconteceu com Chico Buarque de Holanda, Geraldo Vandré, Caeta-no Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e outros tantos. Muitos tiveram que sair do país devido à persegui-ção do exército. No teatro, acon-teceu a mesma coisa, com muitos atores sendo presos e tendo suas peças canceladas. Na literatura, vários autores foram presos e seus livros recolhidos das prateleiras das livrarias espalhadas por todo o Brasil. Tudo o que acontecia no centro do país refletia em Caxias do Sul, até porque a cidade, até hoje, sedia o Terceiro Grupo de Artilharia Anti-Aérea e os milita-res estavam atentos a tudo o que acontecia nos veículos de comu-nicação, nos sindicatos e disfar-çados dentro das salas de aula das universidades. Mesmo sob todo esse controle, acontecia em todo o Brasil um movimento pela abertura ampla, total e irrestrita, com o propósito de trazer de volta

ao país os políticos que estavam exilados e pela criação de outras siglas partidárias: a democracia.

Depois de muita movi-mentação do povo brasileiro que pedia pela volta da democracia e muita polêmica no congresso nacional, os militares deram o aval e o General Golbery do Couto e Silva assinou o documento que instituiu a anistia política e a cria-ção de novos partidos. Com isso, O exilado mais famoso do Brasil no momento, Leonel de Moura Brizola, retornou ao país, com o intuito de liderar o PTB, partido que ele pertencia antes do exílio. Como a sigla era forte e Brizola também, o General Golbery, es-tratégicamente entregou para Ivete Vargas, filha de Getúlio, a lideran-ça do partido. Como não houve entendimento com Ivete, Brizola, indignado com ela e com Golbery, criou o PDT. Simultaneamente nasciam o PDS, PSDB e outros partidos. Hoje existem mais de duas dezenas de siglas abrigando as mais diversas ideologias. A partir da anistia e da abertura politica o país passou a respirar, mesmo que com certa restrição, novos ares, com os es-tudantes, compositores, escritores atores, jornalistas e radialistas ten-do mais liberdade de expressão. A população, num aspecto geral, passou a ter mais liberdade, pois deixou de ser perseguida, com os militares deixando de frequentar certos cenários.

Contextualização histórica