S-Fasciculo Gêneros Textuais

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  • 8/19/2019 S-Fasciculo Gêneros Textuais

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    Gláucia Maria dos Santos Jorge

    PRÁTICA DE LEITURA EPRODUÇÃO DE TEXTO

    Ouro Preto/MG, 2007

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    J821p Jorge, Gláucia Maria dos Santos.

      Prática de leitura e produção de texto / Gláucia Maria dos Santos

    Jorge. - Ouro Preto : UFOP/CEAD, 2007.

      87p., il.

      ISBN: 978-85-98601-08-3

      1. Educação - Estudo e ensino. 2. Prática de leitura. 3. Produção

    de Texto. I. Universidade Federal de Ouro Preto Centro de Educação

    Aberta e a Distância. II. Título.

      CDU: 658.3

    PRESIDENTE DA REPÚBLICALuiz Inácio Lula da Silva

    MINISTRO DA EDUCAÇÃOFernando Haddad

    REITOR DA UFOPJoão Luiz Martins

    VICE-REITOR DA UFOPAntenor Rodrigues Barbosa Junior 

    DIRETOR DO CEADJaime Antônio Sardi

    VICE-DIRETORA DO CEADMarger da Conceição Ventura Viana

    COORDENAÇÃO DA UAB/UFOPTania Rossi Garbin

    Gláucia Maria dos Santos Jorge

    COORDENAÇÃO DO CURSO DEADMINISTRAÇÃO A DISTÂNCIA

    Jaime Antônio Schefer Sardi

    COORDENAÇÃO ADMINISTRATIVA DO CEADIracilene Carvalho Ferreira

    REVISORASElinor de Oliveira Carvalho e

    Maria Teresa Guimarães

    CAPA E LAYOUTDanilo França do Nascimento

    DIAGRAMAÇÃOAlexandre Pereira Vasconcellos

    Catalogação: Sisbin/UFOP

    Copyright © 2007. Todos os direitos desta edição pertencem ao Centro de Educação Aberta e

    a Distância da Universidade Federal de Ouro Preto (CEAD/UFOP). Reprodução permitida desde

    que citada a fonte.

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    SUMÁRIO

    CAPÍTULO 1 - Resumo 7

    CAPÍTULO 2 - Resenha 25

    CAPÍTULO 3 - Artigo 49

    CAPÍTULO 4 - Projeto de Pesquisa 65

    CAPÍTULO 5 - Organização de um Seminário Acadêmico 87

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     APRESENTAÇÃO

    APRESENTAÇÃO

    Prezado aluno,

    Este fascículo foi produzido com o objetivo de auxiliá-lo no caminho a ser trilhado paraa produção de textos acadêmicos. Não temos a pretensão de esgotar o assunto que talabordagem merece, mas, por outro lado, procuramos oferecer-lhe um ponto de partidapara a produção desse tipo de texto.

     Alertamos para a necessidade de você sempre buscar outras fontes de consulta. Paratanto, deve fazer uso da biblioteca, de sites especializados na Internet e de outras fontes

    a que tiver acesso.

    No capítulo I, abordamos aspectos relacionados à produção do resumo, em diversostextos acadêmicos.

    No capítulo II, abordamos o gênero resenha, explicando em que difere do resumo eos possíveis caminhos a ser percorridos para a produção eciente de uma resenhaacadêmica.

    No capítulo III, abordamos aspectos que envolvem a produção do artigo acadêmico

    (cientíco), como, por exemplo, os elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais.

    No capítulo IV, abordamos os passos que antecedem a elaboração de um projeto depesquisa. Incentivamos, por exemplo, a criação dos diários de leitura – impressosou virtuais. Não é nossa pretensão ensinar a construir um projeto de pesquisa. Essaabordagem

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    ca reservada à disciplina Metodologia de Pesquisa. Sendo assim, se você quiser elaborara versão denitiva de um projeto de pesquisa, tem de consultar outras fontes.

    No capítulo V, fazemos uma breve exposição sobre formas de organização de umseminário acadêmico. Abordamos, pois, mesmo de maneira sucinta, os procedimentosmetodológicos correspondentes.

     Após o capítuloV, você encontra sugestões de livros que podem ser consultados naelaboração de um texto acadêmico.

    Esperamos, enm, que você faça um bom uso deste fascículo. Lembramos que aabordagem do conteúdo e as atividades não se esgotam nesta versão impressa. Elasserão exploradas, também, no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) do seu curso degraduação.

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    PRIMEIRO CAPÍTULO

    Resumo

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    Prática de Leiturae Produção deTextoResumoPágina 8

    Neste capítulo, vamos falar acerca do gênero textual denominadoresumo. Você já deve ter produzido ou lido resumos de diferentes tiposde textos, nas mais diversas situações. Sendo assim, antes de ler asconcepções de resumo que apresentamos a seguir, responda:

    CONCEPÇÕES

    Para SEVERINO (2002:131), resumo é um trabalho de extração deidéias de um texto. O referido autor argumenta ainda que o resumo

    é uma síntese de idéias e não das palavras do texto. Nesse sentido,é importante que o produtor do resumo se mantenha el às idéias doautor do texto sintetizado. SERVO (2002:148) ressalta que o resumonão é a expressão daquilo que o aluno entendeu do texto lido. Portantoum resumo tecnicamente correto apresenta o que há de essencial notexto e deve obedecer à seqüência das idéias.

    FRANÇA (2004:80-81) dene o resumo assim:

    a apresentação concisa e seletiva de um texto, ressaltando de forma

    clara e sintética a natureza do trabalho, seus resultados e conclusõesmais importantes, seu valor e originalidade. É importante para osinvestigadores, sobretudo por auxiliar na seleção de leituras.

    De acordo com a mesma autora, o resumo deve ser redigido demaneira clara e objetiva. Com base nas orientações da ABNT, armaque deve limitar-se a um parágrafo e incluir palavras representativasdo assunto que está sendo tratado. O verbo deve ser utilizado na vozativa e na terceira pessoa do singular. As palavras-chave, que sãoaquelas que remetem ao assunto abordado no texto, devem vir logo

    após o resumo. Exemplo:

    CURY, Carlos Roberto Jamil. Ensino religioso na escola pública: oretorno de uma polêmica recorrente. Rev. rãs. Educ., set./dez. 2004,no.27, p.183-191. ISSN 1413-2478.

    ATIVIDADE 1.

    O que é um resumo para você?

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    Prática de Leiturae Produção deTextoResumoPágina 9

    Resumo

    O texto objetiva reetir sobre a rumorosa questão que envolve oensino religioso em escolas públicas. Esse ensino religioso, ainda

    que facultativo, vem revelando-se problemático em Estados laicos, perante o particularismo e a diversidade dos credos religiosos. Cadavez que tal proposta compareceu à cena dos projetos educacionais,veio carregada de uma discussão intensa em torno de sua presençae factibilidade em um país laico e multicultural. No caso do Brasil, oconjunto de princípios, fundamentos e objetivos constitucionais, porsi só, garante amplas condições para que, com a toda a liberdadee respeitadas todas as opções, as igrejas, os cultos, os sistemaslosóco-transcendentais possam, legitimamente, recrutar éis, mantercrentes, manifestar convicções, ensinar seus princípios, fundamentos

    e objetivos e estimular práticas em seus próprios ambientes e locais. Além disso, hoje mais do que ontem, as igrejas dispõem de meios decomunicação de massa, em especial as redes de televisão ou programasreligiosos em canais de difusão, para o ensinamento de seus princípios.Palavras-chave: ensino religioso; laicidade; religião.

    Você observou que a primeira frase do resumo explicita o tema/assuntoprincipal abordado no texto a ser resumido? Essa é uma regra básica aser considerada na elaboração desse tipo de texto, ou seja, a primeirafrase deve explicitar, de maneira objetiva, o tema/assunto principal

    abordado no texto a ser resumido.

    No que se refere à extensão do resumo, FRANÇA (2004) salienta:

    • de 50 a 100 palavras, para notas e comunicaçõesbreves;• de 100 a 250 palavras para artigos de periódicos e trabalhosde conclusão de cursos;• de 150 a 500 palavras para os trabalhos acadêmicos(dissertação de mestrado e tese de doutorado) e relatórios

    técnicos.

    Observação: A extensão do resumo está, muitas vezes, condicionadaà capacidade de síntese de quem o produz ou mesmo à solicitaçãodos professores. Entretanto há situações que devem ser evitadas naelaboração do resumo, como mais de um parágrafo e uso de símbolos,fórmulas, equações ou diagramas desnecessários. Pode haver, porém,

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    Prática de Leiturae Produção deTextoResumoPágina 10

    um texto extenso, cujo resumo demanda a elaboração de mais de umparágrafo. Nesse caso, o importante é ser sintético e objetivo.

    ATIVIDADE 2.

    Leia os dois textos que se seguem e responda: Qualdeles pode ser considerado um resumo acadêmico?Explique as razões da sua escolha.

    Texto 1

    MULLER, Fernanda. Infâncias nas vozes das crianças: culturasinfantis, trabalho e resistência. Educ. Soc., maio/ago. 2006, vol.27,no.95, p.553-573. ISSN 0101-7330.

    Este artigo apresenta uma pesquisa realizada em uma turma deEducação Infantil, na cidade de São Leopoldo (RS) - a Turma de Pré. As categorias culturas infantis, trabalho e resistência foram captadasa partir das vozes das crianças, entendidas neste estudo comomanifestações que não se restringem aos relatos orais, através de umestudo de inspiração etnográca.

    Palavras-chave: Infâncias; Educação infantil; Culturas infantis;Trabalho; Resistência.

    Texto 2 Drama.............................................................Bugsy BARRY LEVINSONDistribuidora:  Sony; Quanto: R$35, em média.

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    Favorito para o Oscar de 1992, com o maior número de indicações(11), “Bugsy” levou só dois. Nas categorias principais, perdeu para “Osilêncio dos inocentes”. Apesar de ser a gura ideal para interpretarBem Siegel, gângster que construiu um hotel-cassino no deserto

    (a pedra fundamental de Lãs Vegas), Beatty conou seu projetoao medíocre Barry Levinson. Nesse DVD duplo, interessante é odocumentário que traz divertida conversa entre Beatty, Levinson e oroteirista James Toback. (PEDRO BUTCHER)

    Folha de São Paulo, 04/02/07, Ilustrada. (adaptação)

    Se você respondeu que apenas o Texto 1 pode ser considerado resumoacadêmico, acertou.

    MULLER, Fernanda. Infânciasnas vozes das crianças:culturas infantis, trabalho eresistência. Educ. Soc., maio/ago. 2006, vol.27, no.95, p.553-573. ISSN 0101-7330.

    Este artigo apresenta umapesquisa realizada em umaturma de Educação Infantil,na cidade de São Leopoldo

    (RS) - a Turma de Pré. Ascategorias culturas infantis,trabalho e resistência foramcaptadas a partir das vozesdas crianças, entendidas nesteestudo como manifestações quenão se restringem aos relatosorais, através de um estudo deinspiração etnográca.

    Palavras-chave: Infâncias;Educação infantil; Culturasinfantis; Trabalho; Resistência.

    Há a indicação da referênciabibliográca de acordo com asnormas da ABNT.

     A primeira frase do resumoexplicita, de maneira objetiva,o tema/assunto principal a serabordado no texto resumido.

    O produtor do resumo se

    manteve el às idéias do autor enão apresentou suas opiniões oucríticas em relação ao texto lido.

    Há indicação de palavras-chave

    ATIVIDADE 3.

    Responda: Por que o texto 2 não pode ser consideradoresumo?

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    Prática de Leiturae Produção deTextoResumoPágina 12

    Observação:  Você deve ter levantado algumas hipótesessobre as razões de o texto 2 não ser considerado resumo.

    Vamos ver se elas coincidem com as razões que nosconduziram a essa armação. O texto 2 apresenta informaçõesselecionadas e resumidas de um outro texto; foi produzido parauma a seção de determinado jornal e apresenta críticas emrelação ao lme “Bugsy”, favorito para o Oscar em 1992, queestá sendo lançado em DVD. O autor expressa sua opiniãoacerca do lme, mas não faz, em momento algum, remissãoao conteúdo do roteiro do lme. Enm, a forma, o suporte decirculação e os ns para os quais o texto 2 foi produzido nãotêm relação com o gênero acadêmico resumo.

    PRODUÇÃO DO RESUMO ACADÊMICO

    Conforme foi assinalado anteriormente, o resumo acadêmico possuiespecicidades que o diferem dos demais tipos de resumo que circulamem suportes não-acadêmicos. Quando você lê no jornal o resumo deum lme ou de um livro, por exemplo, deve perceber que foi produzidocom determinados objetivos, que podem ir de informar o leitor sobre

    o conteúdo desses bens culturais a incentivá-lo a assistir ao lme,comprar o livro ou DVD. Na produção desses resumos, é evidentea preocupação não só com o suporte em que ele irá circular comotambém com o leitor que pretende atingir. Se o resumo for publicadoem caderno destinado a crianças e jovens, pode adotar uma linguagemmais próxima desses destinatários. Se for destinado a um leitor adulto,talvez apresente um léxico mais complexo, por exemplo.

     Ao produzir um texto acadêmico, é preciso observar também essesdetalhes: quem será o leitor do texto? (o professor? os colegas de

    sala?) Em que tipo de suporte ele irá circular? (jornal da faculdade?mural? site especializado da Internet?). Enm, é preciso atentar paraa situação de produção acadêmica. Nesse sentido, lembramos queo texto deve obedecer a determinados critérios que regem a suaprodução no contexto acadêmico.

    O resumo acadêmico não tem a função de promover o consumo de

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    Prática de Leiturae Produção deTextoResumoPágina 13

    livros, lmes ou outros bens culturais. Conforme destaca MACHADO(2004:62), o objetivo deve ser o de fornecer as informações centraismínimas acerca do texto lido. Essa autora destaca que, antes de lerou produzir um resumo (ou qualquer outro tipo de texto), é preciso ter

    consciência de que:

    • a antecipação do conteúdo do texto pode facilitar a leitura;

    • o texto é escrito tendo em vista um leitor potencial;

    • o texto é determinado pela época e local em que foi escrito;

    • o texto possui um autor que teve um objetivo para escrevê-lo;

    • o texto é produzido tendo em vista o veículo em que irá circular.

    Para antecipar o conteúdo do texto, você pode, no caso do resumo deum artigo, por exemplo, ler a orelha ou o prefácio do livro, ou ainda seperguntar a respeito do que sabe sobre o assunto tratado no artigo. Quantoao leitor potencial, você deve ter em mente que esse leitor é, geralmente,o professor, colegas e até mesmo pesquisadores interessados notema/assunto. Se o texto possui um autor, que teve um objetivo paraescrevê-lo, quais seriam os seus objetivos ao escrever o resumo?

     Ao produzir um resumo, é necessário preocupar-se com a unidade dotexto a ser produzido. Ele deve apresentar coerência e coesão. Issosignica que se deve ter o cuidado de estabelecer ligação entre aspartes do resumo e que as idéias apresentadas devem ser coerentescom o texto resumido.

    ORGANIZADORES TEXTUAIS DE COERÊNCIA E COESÃO

     Apresentamos, a seguir, alguns organizadores textuais relacionadosà coerência e coesão textual que são mais recorrentes no resumo.

    Esses organizadores têm a função de conduzir o leitor no seu percursode leitura. Para tanto, é preciso muito cuidado com o estabelecimentode relações entre as idéias apresentadas, os parágrafos e as frases.Fique atento a esses elementos e passe a observar a utilização delesnos resumos que você lê ou produz.

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    Prática de Leiturae Produção deTextoResumoPágina 14

    Verbos1

    Idéia expressa pelos verbos ExemplosOrganização das idéias do texto. Dene, demarca, classica, enu-

    mera, argumenta, relaciona...

     Ação do autor em relação ao lei-tor.

    Incita, busca, leva a, instiga...

    Posicionamento do autor emrelação à sua crença na verdadedaquilo que é dito.

     Arma, nega, acredita, duvida,declara, é céptico...

    Indicação do conteúdo geral. Aborda, trata de,

    Indicação de relevância de umaidéia do texto.

    Enfatiza, ressalta, salienta, evi-dencia...

     Alguns elementos de coesão e suas funções

    Idéia expressa pelo elemento decoesão

    Exemplos

    Prioridade, relevância Inicialmente, primeiramente, emprimeiro lugar, principalmente,sobretudo...

    Tempo; duração; ordem;anterioridade ou posteridade

    Logo, imediatamente,anteriormente, eventualmente,ocasionalmente,simultaneamente, logo que,apenas, enquanto....

    Semelhança, comparação,conformidade

    Igualmente, assim também, domesmo modo, tal qual, tantoquanto, assim como...

    Condição, hipótese Se, eventualmente, caso...

     Adição ou continuação Por outro lado, como também,além disso, não apenas, mastambém, não só...

    1 - Quadro adaptado de MACHADO, Anna Rachel (coord.). Leitura e produ-- Quadro adaptado de MACHADO, Anna Rachel (coord.). Leitura e produ-

    ção de textos técnicos e acadêmicos: resumo. SP: Parábola Editorial, 2004.SP: Parábola Editorial, 2004.

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    Dúvida Talvez, provavelmente,possivelmente...

    Certeza ou ênfase Por certo, certamente, sem

    dúvida, inquestionavelmente,inegavelmente, decerto...

    Esclarecimento, explicação,constatação, conrmação ouilustração

    Por exemplo, isto é, de fato, comefeito, ou seja...

    Propósito, intenção, nalidade A m de, com o m de, com analidade de, com o objetivo de,na intenção de...

    Resumo, retomada ou conclusão Portanto, em síntese, enm,em resumo, pois (quando entrevírgulas), dessa maneira, dessemodo, logo, já que, como, umavez que, isso posto, porque,devido a, pelo fato de, pois...

    Relação de causa econseqüência ou justicativa

    Por conseqüência, com efeito,por isso, em virtude de, de

    fato, porque, porquanto, comoresultado, assim sendo, assim,portanto...

    Ressalva, contraste entreidéias, argumentos opostos ourestrição, adição de idéias.

    Não só, mas, também, todavia,exceto, embora, apesar de,todavia, mas, contudo, porém...

    PARTES DO RESUMO

    ATIVIDADE 4.

    • Para que serve o resumo?• Quais podem ser os objetivos do autor de umresumo?• Quais são as partes que o resumo deve ter?

     Antes de começar a produzir um resumo, é necessário que você faça

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    Prática de Leiturae Produção deTextoResumoPágina 16

    uma leitura atenta do texto a ser resumido. Nessa leitura, você deveprocurar localizar informações que permitam a descobrir o assuntoprincipal abordado, o objetivo, a forma como as idéias se articulam eas conclusões que são apresentas pelo autor.

    ATIVIDADE 5.

    Consulte um livro ou artigo que aborde um assuntodo seu interesse. Leia o artigo (ou capítulo de livro) elocalize:a) o assunto;b) o objetivo;c) a tese que o autor sustenta e a que ele rejeita;d) os elementos de coesão usados na articulação entre

    as idéias;e) as conclusões do autor em relação ao tema/assunto abordado.

    Observação: Se for possível, faça essa tarefa em dupla.Você e um colega podem ler o mesmo texto e depoiscomparar as respostas e marcações de cada um devocês.

    Para fazer a Atividade 5, você pode organizar suas respostas numquadro, como o que se segue:

     Assunto abordado no texto

    Objetivo do textoTese que o autor sustenta

    Tese que o autor rejeita

     As conclusões do autor do textoem relação ao tema/assuntoabordado.

    Elementos de coesão usados naarticulação das idéias (Veriqueos verbos e os organizadorestextuais usados para introduzira tese defendida pelo autor, asconclusões e os argumentos.)

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    Prática de Leiturae Produção deTextoResumoPágina 17

    Depois de ler o texto a ser resumido e localizar os aspectos citadosno quadro acima, você está pronto para iniciar a produção escrita doresumo. Conforme salientamos anteriormente, é preciso considerarsempre os objetivos do resumo e os interlocutores. Assim, é necessário

    sempre observar se o resumo produzido está claro e conciso para oleitor. É importante ainda que apresente delidade ao texto original,ou seja, nele não se insere a crítica ou o que se pensa em relação aoconteúdo do texto resumido. As citações, quando necessárias, devemestar entre aspas e com indicação da página, para facilitar o retornoao texto original.

    ATIVIDADE 6.

    Uma vez lido o texto e marcadas as partes citadas na Atividade5, você já tem condições de escrever seu resumo. Comofazer para organizar as idéias assinaladas na elaboraçãodo resumo? Quais as partes que devem compor o resumo?Responda a essas questões antes de prosseguir a leitura.

    Se você pesquisar em livros ou sites especializados que procuramdar subsídios ao leitor, para a produção de textos acadêmicos, vaiobservar que pode haver alguma variação quanto às partes de umresumo. São recorrentes, por exemplo, armações de que o resumoapresenta as seguintes partes:

    • Introdução: assunto abordado no texto; objetivo do texto;

    • Desenvolvimento: teses ou argumentos sustentados e/ou rejeitadospelo autor do texto;

    • Conclusões: posição do autor do texto em relação ao tema/assuntoabordado.

    É preciso observar, entretanto, que é a leitura cuidadosa do texto a ser

    resumido que permite a identicação dos elementos que podem serusados nas partes citadas acima. Muitas vezes, dependendo do texto,essas partes não existem ou não são facilmente identicáveis. Sendoassim, são as informações contidas no texto que permitem organizar,de maneira coesa e concisa, as idéias apresentadas por determinadoautor.Você vai ler, a seguir, resumos que foram produzidos em diferentes

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    Prática de Leiturae Produção deTextoResumoPágina 18

    situações de produção. Procure ler e identicar neles os aspectosindicados no quadro da Atividade 5.

    Resumo 1

    Miguel, Antonio, GARNICA, Antonio Vicente Maraoti, Igliori, SoniaBarbosa Camargo et al. A educação matemática: breve histórico,ações implementadas e questões sobre sua disciplinarização. Rev.Bras. Educ., set./dez. 2004, no.27, p.70-93. ISSN 1413-2478.Este trabalho foi elaborado em tópicos autônomos para discutir aconguração da educação matemática como área de pesquisa e, num panorama histórico, expõe e analisa como têm sido implementados,efetivamente, esforços para sua consolidação no Brasil. A partirda apresentação de alguns elementos relativos à emergência e à

    organização da pesquisa em educação matemática no panoramainternacional (D’Ambrósio), ele passa a esboçar as motivações eestrangulamentos que levaram à criação de um grupo de trabalhoespecíco sobre educação matemática na ANPEd (Igliori). Miguel eGarnica, por m, discutem, sob referenciais distintos, a disciplinarizaçãoda educação matemática. São, em resumo, quatro olhares e vozesque, ora em na sintonia, ora em contraponto, surgem ncados noespaço que os autores desejam, com seus discursos, ver consolidado:a educação matemática.

    Resumo 2 

    Crítica metodológica, investigação social e enquete operária, porMichel J. M. Thiollent. 5ª ed. São Paulo, Ed. Polis, 1987. 270 p.(Coleção Teoria e História, 6).

    O objetivo deste livro, conforme colocação do autor, é apresentartextos que incentivem a discussão metodológica nas Ciências Sociais.Para realizar esse intento inicia por uma apresentação de caráterdidático das principais técnicas de pesquisa e um resumo de certas

    denições de caráter técnico. No segundo capítulo discute, a partirdas concepções de Pierre Bordieu, a questão da neutralidade emCiências Sociais. Nesse capítulo apresenta uma crítica contundentetanto aos procedimentos usuais em “pesquisas empiricistas” como aoembasamento teórico e ideológico de algumas experiências dessetipo de pesquisa notadamente em enquetes eleitorais. Continuandoa crítica à abordagem “empiricista” no capítulo III discute-se o

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     processo de entrevista não diretiva como alternativa de instrumentode pesquisa sociológica reconhecendo problemas epistemológicosque envolvem a relação sociologia e psicologia. No IV capítulo a“Enquete Operária” é apresentada como alternativa metodológica e

    denida como “... questionário, ou de modo geral, questionamento,no contexto da investigação social ligada à prática política da classeoperária”. Ainda que propondo, de maneira polêmica e militante,a associação da pesquisa à ação política, o autor reconhece oslimites dessa proposta para algumas questões metodológicas.

    Fabíola Zioni Comes Departamento de Prática de SaúdePública — FSP/USP 

    (http://www.scielo.br/pdf/rsp/v24n3/12.pdf. Acesso em 09/03/07)

    Resumo 3MILL, Daniel. Educação a distância e trabalho docentevirtual: sobre tecnologia, espaços, tempos, gênero ecoletividade na Idade Mídia. Belo Horizonte: FAE/UFMG.2006. 248p. Tese (Doutorado em Educação) — Faculdadede Educação, Universidade Federal de Minas Gerais.Orientação: Fernando Fidalgo.

      Os tempos e espaços escolares constituem fatores fundamentais

     para a compreensão do processo de trabalho pedagógico. Isso implicareexão sobre a lógica espaço-temporal que orienta a organizaçãodo trabalho escolar. Sendo os espaços e os tempos da educação tãorelevantes, há muito a ser pensado entre o espaço da secular salade aula (historicamente compreendida como lugar privilegiado parao ensino-aprendizagem e para a atuação docente) e os emergentesambientes virtuais de aprendizagem (ambiente para ensino-aprendizagem simulado telemática). Também há muito por entenderentre os fragmentados tempos educacionais em momentos paraa aula, para o recreio, para a disciplina de história, de matemática

    etc., até os exíveis tempos da educação na Idade Mídia. Acontemporaneidade carece de reexões em torno dos quatro fatoresbásicos do processo educacional: docência, aprendizagem, gestão emediação tecno-pedagógica, isto é, carece-se de análises em tornodos docentes, dos alunos, dos gestores e das tecnologias que fazem amediação do ensino-aprendizagem. Este trabalho pretendeu contribuirespecicamente com o primeiro fator: a docência. De forma mais direta

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    ou não, os outros três fatores foram tangenciados, especialmente osmeios (tecnologias) de trabalho do docente da educação a distânciamediada pela telemática (tecnologias de informação e comunicação). Assim, os questionamentos norteadores da pesquisa foram: Que

    transformações podem ser observadas no trabalho do educador quandoos processos pedagógicos são estabelecidos por meio de tecnologiasvirtuais? Como as mudanças nos tempos e espaços introduzidos pelos processos pedagógicos virtuais podem inuenciar o trabalho docente?São implicações de que natureza? Essas questões nasceram doseguinte pressuposto: O processo de trabalho na educação a distânciavirtual parecia estabelecer novos tempos e espaços para o trabalhadordocente e esse redimensionamento espaço-temporal estaria afetandonão somente o cotidiano ou a prática pedagógica dos educadores,mas também sua natureza como categoria de trabalhador. A partir

    dessas inquietações, foi proposta esta investigação tendo comoobjetivo geral analisar as implicações sofridas pelo trabalho docenteem decorrência das mudanças espaço-temporais introduzidas pelos processos pedagógicos virtuais. Em torno desse objetivo, foramestudadas várias categorias de análise, como: espaço-tempo,tecnologia, trabalho docente, gênero, educação a distância, coletivo detrabalho, lazer, produção e reprodução, entre outras. Foi estabelecidaa seguinte hipótese para o estudo: As novas formas de experimentaro tempo e o espaço da Idade Mídia, no âmbito do trabalho, se dão a partir de processos de trabalho intensicados e relações de trabalho

     precarizadas. Como resultado, esta tese apresentou: a) uma análisegeral sobre o padrão de organização que a educação a distância temtomado no Brasil, em que se destacou a gura do tutor virtual na estruturaorganizacional: Quem é o trabalhador da educação a distância virtual?

    b) um mapeamento teórico das muitas e contraditórias teoriassobre as concepções de espaço e tempo, destacando osespaços e tempos de trabalho e especicando os espaços etempos no processo de trabalho virtual num contexto capitalista:Como se conguram os tempos e espaços da Idade Mídia?

    c) uma caracterização do tutor virtual como um teletrabalhador,mostrando alguns aspectos de sedução e perigos desse “novo” modode organização dos trabalhadores da educação: A quais benefícios,riscos e perigos estão sujeitos os teletrabalhadores docentes?

    d) uma análise da relação entre trabalho, tecnologia e gênero, tendo

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    como campo de investigação a educação a distância mediada portecnologias de informação e comunicação: Sendo as tecnologiassexuadas, que diferenciações podem ser observadas entre ostrabalhos masculinos e femininos no âmbito do teletrabalho docente?

    e) um levantamento de perdas e ganhos da realização do trabalho pedagógico por meio da telemática: Em termos trabalhistas e deformação, como os benefícios evidentes no trabalho coletivo daeducação presencial podem ser observados no teletrabalho docente?

    f) uma reexão sobre as possibilidades benécas e malécas doteletrabalho docente: Como os docentes virtuais, no cotidianode trabalho, fazem uso dos seus tempos e espaços?; e, enm

    g) um exercício teórico-prático (proposta metodológica), para alémda temática central da pesquisa (trabalho, tecnologia e educação),sobre as possibilidades de um “novo” emprego para a telemática(Internet) no meio acadêmico-cientíco: Como utilizar a Internetno processo de coleta de dados para pesquisas cientícas?Foram tomados como satisfatórios os resultados obtidos nestainvestigação. Agora, mais do que nunca, percebe-se a necessidadeda realização de estudos sobre os quatro fatores do processoeducacional, incluindo a docência e os meios de trabalho do docente.São necessárias reexões sobre a educação a distância nesses

    tempos de convergência midiática: Quais as implicações desse novocontexto espaço-temporal para a aprendizagem, gestão, docência e para a mediação tecnológica na educação da contemporaneidade? Você deve ter observado que apresentamos três resumos distintos. Oprimeiro introduz um artigo que foi publicado em periódico acadêmico;o segundo é de um livro e o terceiro é de uma tese de doutorado.Observe que os objetivos para a produção desses resumos têm relaçãodireta com a extensão e com a seleção das informações neles contidas.Sendo assim, sempre que pensar nas partes de um resumo, é preciso

    atentar para o fato de que os objetivos para a produção do resumo e ocontexto de circulação é que irão denir, objetivamente, a organização.

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    ATIVIDADE 7.

    Leia novamente os três resumos apresentados

    anteriormente e procure observar a organizaçãotextual de cada um deles. Verique se eles

    apresentam:

    a) cabeçalho;

    b) introdução;

    c) assunto abordado no texto (Verique se está na

    introdução ou no desenvolvimento.);

    d) objetivo do texto (Verique se está na introdução

    ou no desenvolvimento.);

    e) as teses sustentadas ou rejeitadas pelo autor dotexto;

    f) as conclusões do autor do texto em relação ao

    tema/assunto abordado.

    Observe ainda os elementos de coesão (verbos e

    organizadores textuais) utilizados para indicar:

    • prioridade ou relevância;

    • tempo; duração; ordem; anterioridade ou

    posteridade;• semelhança, comparação ou conformidade;

    • condição, hipótese;

    • adição ou continuação;

    • dúvida;

    • certeza ou ênfase;

    • esclarecimento, explicação;

    • propósito, intenção, nalidade;

    • resumo, retomada ou conclusão;

    • relação de causa e conseqüência;

    • ressalva, contraste entre idéias;

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    AVALIAÇÃO DO RESUMO PRODUZIDOVocê deve avaliar o resumo produzido (Atividades 5 e 6), para vericarse atende às especicações de um resumo acadêmico. Se possível,peça a um colega que avalie o seu texto.

    Conteúdo doresumo

    Sim Não Observações

    Há indicaçãoda referênciado autordo textoresumido? A primeirafrase doseu resumo

    explicita otema/assuntoprincipaladotadono textoresumido?O assuntoabordadono texto foiapresentado

    de maneiraclara eobjetiva?O objetivo doautor do textoresumido foicitado?O resumoapresenta atese que oautor rejeita?O resumoapresentaa tese queo autorsustenta?

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    Sãoapresentadasas conclusõesdo autor do

    texto emrelação aotema/assuntoabordado?Os elementosde coesãousados naarticulação dasidéias estãoempregadoscorretamente? As palavras-chave estãorelacionadascom o tema/assuntoabordadono textoresumido?

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    SEGUNDO CAPÍTULO

    Resenha

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    Neste capítulo, vamos apresentar um gênero textual denominadoresenha. Talvez você já tenha lido ou elaborado resenhas de diferentestipos de textos, nas mais diversas situações de produção. Sendoassim, antes de ler as concepções de resenha que apresentamos a

    seguir, responda:

    ATIVIDADE 1.

    O que é uma resenha para você?Quais são as características da resenha que a diferemdo resumo?

     A resenha, assim como o resumo, apresenta informações resumidas de

    determinado texto. Entretanto, além dessas informações, ela apresentacomentários e avaliações sobre esse texto. Esses comentários eavaliações são feitos pelo autor da resenha. MACHADO (2007:31)salienta:

    ao escrever uma resenha escolar/acadêmica, vocêdeve levar em consideração que estará escrevendopara seu professor que, se indicou a leitura, deveconhecer a obra. Portanto, ele avaliará não só sualeitura da obra, através do resumo que faz parte da

    resenha, mas também sua capacidade de opinar sobreela.

     Assim, ao produzir uma resenha, é preciso considerar quem é o leitorou, em outras palavras, o interlocutor.

    SEVERINO (2002:131) arma que a resenha tem papel muitoimportante na vida de estudantes e acadêmicos. Arma ainda que aresenha pode ser:

    Informativa Quando apenas expõe oconteúdo do texto.Crítica Quando se manifesta sobre

    o valor e o alcance do textoanalisado.

    Crítico-informativa Quando tece comentários sobreo texto analisado.

     Ainda de acordo com esse mesmo autor, a resenha é constituída por

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    várias partes lógico-redacionais, a saber:1. Cabeçalho: apresenta os dados bibliográcos completos da obraresenhada.

    2. Pequena informação sobre o autor da obra resenhada: édesnecessária no caso de autor conhecido.

    3. Exposição sintética do conteúdo do texto: deve ser objetiva,restringindo-se aos pontos principais do texto analisado e, se for ocaso, acompanhando os capítulos ou parte por parte.

    4. Comentário crítico: é uma avaliação que o autor da resenha fazem relação ao texto lido, podendo assinalar aspectos positivos ounegativos desse texto.

     Atualmente se tem discutido bastante acerca do adjetivo críticaassociado à resenha, porque esta tem de apresentar comentárioscríticos. Não pretendemos abordar essa discussão, mas esclarecerque vamos considerar que nela a crítica está implícita.Há vários tipos de resenha cujo objetivo é divulgar objetos de consumocultural, como lmes e livros. Esse tipo de resenha circula em jornais erevistas e tem determinado tipo de leitor previsto e objetivos distintos.Mas a resenha acadêmica, como o próprio nome indica, é um textoque circula em espaços acadêmicos. Portanto difere das que fazem a

    divulgação de bens culturais.

    É importante ressaltar que alguns cuidados éticos devem ser tomadosem relação ao comentário crítico. Os aspectos positivos devem fazerreferência à relevância da obra para um determinado campo de estudos,por exemplo. Os aspectos negativos a ser ressaltados podem evidenciaras lacunas observadas pelo leitor do texto ou mesmo inconsistência ouincoerência teórica apresentadas. As críticas não devem ser dirigidasao autor do texto, mas às suas idéias ou posicionamentos. SEVERINO(2004:132)

    ATIVIDADE 2.

    Leia os dois comentários abaixo e avalie se eles sãoadequados para compor o texto de uma resenha.Justique as razões da adequação ou inadequação.

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    Comentário 1

    “... Acredito que o autor nãotenha condições de discorrersobre o tema “ética e educação”porque, além de não apresentarargumentos convincentes,redige mal o seu texto. Enm,o livro confunde o leitor e nosremete a um autor inseguro einconsistente...”.

    Comentário 2

    “... Na obra encontramosargumentos que se contradizem.Entretanto, percebe-se o esforçodo autor em relacionar essesargumentos aos referenciais

    teóricos adequados. Apesar doreferido esforço, não ca claropara o leitor o posicionamento doautor em relação ao tema sobreo qual ele se dispôs a discorrer:“ética e educação...”

    ATIVIDADE 3.

    Procure, em jornais e revistas, resenhas produzidas

    para a divulgação de bens culturais. Pesquise, emsites da Internet e nas bibliotecas, resenhas de textosacadêmicos. Procure estabelecer a diferença entreesses dois tipos de resenha. Para tanto, considereo veículo de circulação dessas resenhas, o tipode leitor aos quais ela se destina e os objetivospretendidos pelo(s) autor(es) da resenha.

    Enm, cada tipo de resenha é produzido em determinada situação,que compreende alguma especicidade. Imagine que você assistiu aum lme e vai escrever uma resenha sobre ele, numa seção de jornalde grande circulação. Quais informações você vai privilegiar? Que tipode leitor pode ler a sua resenha? O tipo de leitor previsto vai inuenciaro seu estilo? E se a resenha for produzida para um site especializadoem crítica de cinema? Nessa situação, você vai usar as estratégiasque usou para escrever para um jornal de grande circulação? Quantas

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    vezes você deve assistir ao lme para escrever uma resenha sobreele?

    ATIVIDADE 4.

     A seguir responda a esta pergunta: Quais são oselementos que devem ser observados pelo autor deuma resenha, antes de começar a escrevê-la?

    SITUAÇÃO DE PRODUÇÃO DA RESENHA NO ENSINOSUPERIOR

    Conforme armamos anteriormente, a situação de produção da

    resenha no ensino superior se difere de resenhas produzidas em outroscontextos e com outros objetivos. Sendo assim, é necessário reetirsobre a produção da resenha no contexto universitário. Portanto antesde escrever a resenha, você deverá observar:

    1. Leitura do texto a serresenhado(Lembre-se do que já aprendeusobre a leitura de textosacadêmicos na disciplinaIntrodução a EAD)

    Quais são as estratégias de leituraa ser utilizadas? Quantas vezes otexto deve ser lido? É necessáriogrifar (ou marcar) partes do textolido? Como selecionarmos essaspartes?

    2. A quem o texto resenhadose destina?

    O destinatário do texto será umprofessor? Um colega de curso?Você mesmo? Os leitores deuma revista acadêmica? O estilode escrita a ser utilizado deveconsiderar a quem a resenha sedestina?

    3. Qual é o suporte∕espaço de

    circulação da sua resenha?O jornal da escola? Um mural?Um trabalho exclusivo a serentregue para o professor? Seuarquivo pessoal de resenhas?

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    4. Quais são os seus objetivosao produzir a resenha?

    Simplesmente cumprir umatarefa solicitada pelo professor?Posicionar-se de maneira críticaante uma obra lida? Criar um

    arquivo que facilite seus estudose sistematize os conteúdos quevocê apreendeu durante a leiturade determinado texto?

    5. Que aspectos da resenhasão observados ou avaliadospelo destinatário?

    Basicamente vericar se vocêcompreendeu o texto lido e soubeposicionar-se, criticamente, emrelação a ele.

    ATIVIDADE 5.

    Leia a resenha que se segue e procure distinguirnela os fragmentos que são descritivos, ou seja, osque resumem a obra, daqueles que são comentáriosdo autor da resenha. Observe também se sãoapresentados todos os aspectos lógico-redacionaisque caracterizam a resenha.

    Observação: você pode sublinhar cada trecho commarcadores de cores diferentes, para facilitar o seuprocesso de releitura.

    Livro: Paulo Freire (1993), “Professora sim, tia, não: cartas a quemousa ensinar.”

    Data: 03/03/2004 20:30:37 De: Anatália MatosIP: 200.187.22.69- Assunto: PROFESSORA, SIM. TIA, NÃO.

    Freire, Paulo (1993). Professora sim, tia não: Cartas a quem ousaensinar. São Paulo: Olho D’água, 127 p. Review by Elizete DelimaCarneiro and Mara Cristine Maia dos Santos (UNILASALLE)

    (In: La Salle: Revista de Educação; Ciência e Cultura/CentroEducacional La Salle de Ensino Superior (CELES), v. 4, n. 1 (Outonode 1999). Reproduced with permission.)

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    Freire introduz Professora sim, tia não procurando, através doenunciado, exigir um primeiro empenho à compreensão e entendimentonão apenas do signicado de cada uma das palavras que compõemo próprio enunciado, mas também sobre “o que elas ganham e

     perdem, individualmente, enquanto inseridas numa trama de relações”(p. 9). Assim, dividindo o enunciado em três blocos (a) professora,sim, (b) tia, não e (c) cartas a quem ousa ensinar, enfatiza a tarefado ensinante, que requer comprometimento e gosto “de querer bemnão só aos outros, mas ao próprio processo que ela implica” (p. 9) esobre a impossibilidade de ensinar sem ousar. Ousar para “falar emamor”, para que estudamos, aprendemos, ensinamos e conhecemoscom o nosso corpo inteiro (...) para jamais dicotomizar o cognitivo doemocional (...) para car ou permanecer ensinando por longo temponas condições que conhecemos, mal pagos, depreciados e resistindo

    ao risco de cair vencidos pelo cinismo (p. 10).

    Em sua análise sobre Professora, sim, tia, não, apresenta sobre tudoduas razões. De um lado o de evitar uma compreensão distorcida sobrea tarefa prossional do professor. De outro, o de ocultar a ideologiarepousada na falsa identicação.

     A tentativa de reduzir a professora à condição de tia é uma inocentearmadilha ideológica em que, tentando-se dar a ilusão de adocicar avida da professora, o que se tenta é amaciar a sua capacidade de luta,

    entretê-la no exercício de tarefas fundamentais (p.25).

    Segue sua análise através das “cartas a quem ousa ensinar”, expondoquestões fundamentais sobre os fazeres acima de tudo político- pedagógicos. Dessa forma, convida a questionar e a pensar sobre o atode escrever puramente mecânico e o ato de pensar ordenadamente.

    O texto, “embora simples”, tem a intenção de mostrar a tarefa doensinante que é também a de ser aprendiz, sendo preciso para issoousar, o aprender a ousar, para dizer não à burocratização da mente

    a que nos expomos no dia-a-dia. Segundo Freire, é preciso ousadiaao próprio fato de se fazer professor, educador, que se vê responsável prossionalmente pela formação permanente. Nesse sentido, não sequer desmoralizar ou desvalorizar a gura da tia, mas questionar adesvalorização prossional, que vem acontecendo há décadas, detransformar a professora num parente postiço.

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     A posição de luta democrática que os professores testemunhama seus alunos, dentro dos valores da democracia apresenta-se emtrês exigências: que a luta jamais se transforme em luta singular eindividual, que se desaem os órgãos da categoria para a luta e que

    haja sempre a formação permanente e que acima de tudo o educadoresteja aberto à avaliação da prática.

    Como educadores e educadoras somos políticos, fazemos política aofazer educação. Se sonhamos com a democracia, que lutemos, dia enoite, por uma escola em que falemos aos e com os educandos, paraque, ouvindo-os, possamos ser por eles ouvidos também (p. 92).

    Vale a pena ler as cartas e reetir sobre elas, dando atenção especiala cada uma delas, pois a leitura crítica dos textos e do mundo tem

    a ver com mudança em processo. É preciso, então, compreender o processo do estudar, do ler, do observar, do reconhecer, do ensinar edo fazer.

    É preciso que os educandos, experimentando-se criticamente natarefa de ler e de escrever, percebam as tramas sociais em quese constituem e se reconstituem a linguagem, a comunicação e a produção do conhecimento, fazendo da escola espaço de reexão econscientização. “A escola, em que se pensa, em que se atua, em quese cria, em que se fala, em que se ama, se adivinha a escola que diz

    sim à vida.. E não a escola que emudece e me emudece” (sic) (p.63).

    Paulo freire ainda convida a um aprofundamento sobre a educação nosaspectos quantitativos e qualitativos; abordando também o problemados salários dos professores, que são muitas vezes insignicantes,reetem a imagem de sua desvalorização pela sociedade. Surgedessa forma a necessidade de esclarecer a opinião pública sobre asituação em que se encontra o magistério. “Nenhuma sociedade searma sem o aprimoramento de sua cultura, da ciência, da pesquisa,da tecnologia, do ensino. Tudo isso começa com a pré- escola” (p.

    53).

     As cartas também resgatam algumas das qualidades indispensáveisaos educadores e educadoras. Alguns questionamentos se fazem presentes, sobre os quais vale reetir com a sociedade: que é ensinar?que é aprender? que compreensão temos de mundo? fazemos políticaao fazer educação? o diferente de nós é superior ou inferior a nós?

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    como deve ser a escola democrática?

     Ao ler as cartas, é importante sabermos que o saber tem tudo a vercom o crescer, e que o crescer insere os sujeitos em um movimento

    dinâmico... “A imobilidade no crescimento é enfermidade e morte”(p. 125). “O saber tem tudo a ver com o crescer. Mas é preciso,absolutamente preciso, que o saber de minorias dominantes não proíba,não asxie, não castre o crescer das imensas maiorias dominadas” (p.127).

    Enm, nessa obra, Paulo Freire vem a enfatizar a importância deque professores se conscientizem e se desvencilhem da ideologiaque manhosamente quer distorcer sua tarefa prossional. Assim,esclarece, orienta e incentiva professoras e professores a assumirem

    o papel político-social que desempenham. Sendo a educação ato político, requer comprometimento tanto na luta política, quanto nasreivindicações do corpo docente e na formação de cidadãos realmentecríticos e atuantes.

    Resenha retirada de: http://www.ced.ufsc.br/~zeroseis/resenha10.html. Acesso em 27/03/06.

    ORGANIZAÇÃO GLOBAL DA RESENHA

    MACHADO (2004:42) arma que a resenha tem  uma organizaçãoglobal constituída por estas partes:

    • comentários;• objetivos;• conclusão;• apreciação;• informações sobre o contexto e o tema/assunto do livro(ou texto acadêmico);

     A autora também explica:

    no início de uma resenha encontramos informações sobre o contexto

    e o tema. Em seguida o (os) objetivo (os) da obra resenhada. Antes

    de apontar os comentários do resenhista sobre a obra, é importante

    apresentar a descrição estrutural da obra resenhada. Isso pode ser

    feito por capítulos ou agrupamento de capítulos. Depois, encontramos a

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    apreciação do resenhista sobre a obra. Aliás, é importante que haja tanto

    comentários positivos quanto negativos (se for o caso)1. Finalmente,

    a conclusão, em que o autor deverá explicitar/rearmar sua posição

    sobre a obra resenhada.

    Conforme armamos no início deste capítulo, a resenha, paraSEVERINO (2002:131), deve ter cabeçalho, pequena informaçãosobre o autor do texto (se for o caso) e exposição sintética doconteúdo do texto e comentário crítico. Se tomarmos como parâmetroo que foi observado por esses dois autores, apresenta-se a seguinteestruturação de resenha, adotada por este fascículo:

    • cabeçalho;

    • indicação do nome do autor da resenha ;

    • pequena informação sobre o autor do texto (se for o caso);• informações sobre o contexto e o tema/assunto do livro (ou texto

    acadêmico);

    • objetivos da obra resenhada;

    • exposição estrutural da obra resenhada;

    • apreciação do resenhista sobre a obra resenhada;

    • comentários positivos e, se houver, negativos.

    • conclusão.

    ATIVIDADE 6.

    Leia a resenha que se segue e observe se, na organizaçãoglobal, ela apresenta comentários; objetivos da obraresenhada; conclusão; apreciação; informações sobreo contexto e o  tema/assunto da obra. Para tanto vocêdeve:

    a) fazer uma leitura global da resenha, sem sepreocupar em fazer marcações;b) realizar a segunda, assinalando as partesidenticadas.

    RESENHA

    FARIA, Ana Lúcia Goulart de e MELLO, Suely Amaral (orgs).LINGUAGENS INFANTIS: Outras formas de leitura. Polêmicas do

    1 - Grifo nosso.- Grifo nosso.

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    nosso tempo. Campinas, SP: Autores Associados, 2005.

     AUTORIA DA RESENHA: MÁRCIA BUSS SIMÃO 

    Pesquisadora do NEE0 há 6 anos e mestranda do PPGE da UFSC  Este livro é o primeiro dos dois volumes que compõe a publicação do

    III Seminário Linguagens na Educação Infantil realizado durante o 14oCOLE em julho de 2003. O livro trata de temas ligados à pedagogia dainfância numa perspectiva não antecipatória da escolarização e nãomarcada pela preparação para o ensino fundamental. Tem como focode discussão a educação das crianças de 0 a 6 anos de idade e nãoo ensino. É composto de artigos que trazem pesquisas, reexões eexperiências envolvendo as diferentes linguagens das crianças.

      No prefácio do livro, escrito por Luiz Percival Leme Britto com o título:Educação Infantil e Cultura Escrita, o mesmo justica sua participaçãonesta publicação pelo fato de comungar da “insubordinação aos modelosde educação acomodatícia ou adaptadora à lógica da dominação”. Oautor traz uma forma revolucionária de compreender o processo deaquisição da escrita. Enfatiza a necessidade de compreendermos ofenômeno da escrita com uma visão mais ampla, em que é necessárioconsiderar que “a escrita foi produzida principalmente em funçãoda necessidade de registro da propriedade e do uxo do comércio.

    Desenvolveu-se e sosticou-se à medida que a sociedade de classes,(...) expandiu-se”. Assim, o autor defende a idéia de que a escrita nãotem somente a função de comunicação, mas surgiu com o poder,surgiu para garantir a posse, a propriedade, a diferença, o controleda mercadoria, sendo muito tardia na história da cultura escrita autilização deste instrumento como veículo de comunicação. O autorainda traz um segundo aspecto para discussão, que é a escrita comouma poderosa tecnologia de expansão da memória. Enfatiza que éimportante trazer para o debate a possibilidade de uma educação paraa submissão versus uma educação para a insubordinação, pois, se

    a escrita tem sua origem no poder, ensinar a escrita “como se fosseapenas um objeto neutro é reproduzir a própria lógica da dominaçãoe da fragmentação e, mesmo sem consciência, ensinar um valor”. Domesmo modo pontua ainda duas tendências que de formas distintas,sustentam a perspectiva alienante da educação para a submissão:o pragmatismo pedagógico de um lado e do outro a posição elitistaconservadora que, não compreendendo a dimensão maior dos

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     processos sociais e das formas de reprodução social enfatiza que, “sedeve ensinar a literatura erudita para as crianças, ensinar-lhes a línguaculta, a norma culta. Culto aparece no discurso como se não fosseexpressão de classe, como se fosse uma dádiva divina, ou então,

    como patrimônio universal da humanidade, desvinculado daquelesque o produziram”. Para Luiz Percival “antecipar o ensino das letras,em vez de trazer o debate da cultura escrita no cotidiano, é inverter o processo e aumentar a diferença.” 

      Ana Lúcia Goulart de Faria faz a apresentação deste primeirovolume e destaca a complexidade da pedagogia da Educação Infantilque, como “campo de conhecimento vem revolucionando teoriaseducacionais de ‘mão única’ centradas no ensino (e não na educação)e no professor que ensina alunos e alunas” (p. 2). Salienta que este

    livro tem a pretensão de contribuir com a formação dos professoresque, atentos às diferentes formas de leitura e de comunicação que ascrianças têm mostrado, buscam indicações de especicidades para otrabalho e compreensão destas crianças pequenas.

    No DEBATE UM, Maria Cristina Rizzoli desenvolve o artigo com otítulo: Leitura com letras e sem letras na Educação Infantil do norte daItália. Neste artigo Maria Cristina traz a experiência da rede pública deeducação infantil da cidade de Bolonha, no norte da Itália com livros ecrianças pequenininhas. Segundo a autora os pedagogos e educadores

    de Bolonha assumiram a importância do livro para a criança e, essaatitude deu indicativos ao município de Bolonha para a iniciativa de umtrabalho, no qual, são exploradas as várias possibilidades que o livrooferece. No artigo a autora traz com riqueza de detalhes estas várias possibilidades que o livro oferece para as diferentes idades, desdecrianças com idade de seis meses, dois anos, bem como com criançasmaiores. Salienta que alguns princípios têm orientado esse trabalho.Em primeiro lugar, o princípio da compreensão de que o livro é uminstrumento de conhecimento, mas também é o veículo para fomentaro relacionamento. Em segundo lugar, a percepção de que o livro é

    um objeto a ser explorado e que ajuda a criança a inventar e construiroutras histórias. E em terceiro lugar, a compreensão de que o livrotambém é uma ocasião para a criança viver aventuras emocionantesque constituem a chave de acesso ao mundo da imaginação.

      No DEBATE DOIS, Suely Amaral Mello desenvolve o artigo como título: O processo de aquisição da escrita na Educação Infantil. A

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    autora parte da idéia de que muito do trabalho que se tem desenvolvidocom as crianças na Educação Infantil e no Ensino Fundamental, principalmente, no que se refere a aquisição da escrita, carece de umabase cientíca, assim busca nos estudos e conhecimentos de Vygotsky

    essas contribuições. Sugere que, com os novos conhecimentos sobre os processos de desenvolvimento das crianças, busque-se uma inversãono processo de contaminação que até hoje tem sido predominante e passemos a “deixar contaminar o ensino fundamental com atividadesque julgamos típicas da educação infantil” (p. 24). Ao longo do artigoSuely enumera e discute sugestões e atividades que no geral sãovistas, na escola, como improdutivas, mas que “são essenciais para aformação da identidade, da inteligência e da personalidade da criança,além de constituírem as bases para a aquisição da escrita como uminstrumento cultural complexo”(p. 24). A autora enfatiza a contribuição

    de Vygotsky, o qual pontua que para a realização destas atividadesatravés das quais as crianças se apropriam da cultura, é necessárioapontar o caráter ativo da criança que aprende. A mesma defendea idéia de que a escrita tem que ser mais uma das linguagens deexpressão das crianças e que estas linguagens não podem estarseparadas, nem entre si, nem de experiências signicativas que tragamconteúdo à expressão das crianças nas diferentes linguagens.

    No DEBATE TRÊS, Melissa Cristina Asbahr discute os livros de auto-ajuda para crianças. O artigo intitula-se: Lá vem a história, e a autora

    traz para discussão a ideologia contida neste tipo de literatura a qual,transpõe questões de origem social, política ou estruturais a explicações psicológicas. Melissa salienta que uma das características marcantesdessa literatura é que são “permeados pelo discurso neoliberal, ostextos de auto-ajuda incentivam concepções individualistas quetendem a culpabilizar as pessoas por tudo que lhes acontece na vida”(p. 43). Uma grande contribuição deste artigo é nos alertar sobre estetipo de literatura que, como fala a autora, compartilha com “literatura”só no nome, pois enquanto a literatura trata de temas universais,articulando-os quanto ao modo de dizê-los, numa construção plena de

    sentidos múltiplos, tendo a ver com a arte da palavra, com polissemia,a literatura de auto-ajuda caracteriza-se como diretiva, imperativa,com discurso prescritivo, pretendendo ordenar, aconselhar, dirigir asações de seus leitores. Assim este artigo nos auxilia a conhecer asdiferentes produções voltadas às crianças, para melhor lidar com as possibilidades de leituras das mesmas.

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    No DEBATE QUATRO, Heloísa Helena Pimenta Rocha traz análisesdos discursos e práticas que, intentaram fazer da criança objeto deintervenção higiênica e disciplinar, sendo o título de seu artigo: AHigienização da infância no “século da criança”. O presente artigo

    traz uma signicativa contribuição para a compreensão da história daeducação infantil, no qual a autora interroga acerca das representações produzidas pelos médicos-higienistas brasileiros sobre as crianças pequenas e sua educação. A autora traz como fonte de análise asobras produzidas pelo médico higienista carioca Dr. Oscar Clark,centrando sua análise naqueles que eram considerados, pelo autor,os direitos das crianças pequenas, bem como nos objetivos a que,em sua concepção, deveria visar a educação infantil. A análise destasobras torna-se relevante para a compreensão da educação infantilbrasileira, pois, constituem “Representações e estratégias que tiveram

    uma larga difusão a partir do nal do século XIX, orientando todo umconjunto de iniciativas voltadas para os propósitos de disciplinamentoe controle social” (p.82).

    No DEBATE CINCO, Mônica Appezzato Pinazza traz o artigo: Os pensamentos de Pestalozzi e Froebel nos primórdios da pré-escolaocial paulista: das inspirações originais não-escolarizantes àconcretização de práticas escolarizantes. A autora aborda neste artigodados históricos do processo de implantação da educação pré-escolarem instituições ociais no Brasil e, mais especicamente no estado de

    São Paulo, ocorridos no nal do século XIX e início do século XX. Emsua análise focaliza as congurações das práticas educativas para afaixa etária da pré-escola que, sofreram inuência da pedagogia deFroebel, bem como das escolas primárias brasileiras que, receberaminuência da pedagogia de Pestalozzi. No entanto, a autora pontua que,não só no Brasil como também em outras partes do mundo, “esteve emvigor uma dada representação da prática educativa que determinou o privilégio de certos aspectos de suas teorias em detrimento de outrosmais considerados originalmente pelos lósofos” (p. 90). Tratandoespecicamente da apropriação das idéias da Pedagogia de Froebel,

    destinada às crianças menores de 7 anos, intervém acentuando quesua efetivação prática aproximou-se do modelo de ensino escolar eteve sua prática reduzida aos dons e ocupações, distanciando-se dos princípios originalmente anunciados por Froebel.

    No DEBATE SEIS, Zeila de Brito Fabri Demartini encerra estevolume com o artigo: Relatos orais sobre a infância e o processo

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    de alfabetização. Neste artigo a autora privilegia os relatos orais de professores/as sobre a infância e sobre o processo de alfabetizaçãono nal do século XIX e primeiras décadas do século XX. Atravésdos relatos orais são abordados como estes/as professores/as

    representam a infância e o que contam sobre os jardins-de-infância,sobre as escolas e sobre como se viam como alfabetizadores/as. Osdados dos relatos trazem questões para a discussão de realidadesatuais como a diferenciação ou não do atendimento de crianças dezonas rurais e urbanas, bem como a diversidade das classes sociaisdas crianças atendidas, a idade legal considerada adequada para sealfabetizar, o predomínio atual de professoras mulheres que trabalhamcom a educação infantil, as questões referentes à prática pedagógicainerente à educação infantil, entre outras, que ainda necessitam demais pesquisas e permanecem abertas para discussões.

    Resenha retirada de: http://www.ced.ufsc.br/~zeroseis/resenha11.html. Acesso em 23/02/07.

    ATIVIDADE 7.

    Depois de ter feito uma leitura criteriosa daresenha e marcado as partes solicitadas,preencha o quadro que se segue.

    Partes da resenha Parágrafo(s) em que seinsere(m)

    Cabeçalho: dados bibliográcoscompletos da obra resenhadaIndicação do nome do autor daresenhaInformação sobre o autor dotexto ( Se for conhecido, édesnecessária. )Informações sobre o contexto e otema/assunto do livroObjetivos da obra resenhadaExposição estrutural da obraresenhada, por capítulos ouagrupamento de capítulos Apreciação do resenhista sobrea obraComentários positivos (sehouver)Comentários negativos (sehouver)Conclusão

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    ATIVIDADE 8.

    Como você já obteve informações básicas sobre a

    resenha, responda, da maneira mais completa possível,à pergunta que zemos no início deste fascículo: O queé resenha?

    USO DE ORGANIZADORES TEXTUAIS NA PRODUÇÃO DARESENHA

    Ler é produzir sentido. Sendo assim, é importante car sempre atento

    aos mecanismos de coerência e coesão, ao produzir um texto. Apalavra coesão tem sua origem em cohaesione, que, em latim, signicaforça em virtude da qual as partículas ou moléculas dos corpos seligam entre si. Usada em sentido gurado, pode signicar harmonia.Portanto a coesão implica harmonia do texto. Um texto coeso é aqueleem que os elementos textuais estão harmonicamente ligados. Assim,para que o texto tenha sentido, é necessário que os organizadorestextuais façam referência uns aos outros.

    Esses organizadores têm a função de conduzir o leitor no percurso de

    leitura. Para tanto, é preciso muito cuidado com o estabelecimento derelações entre as idéias, os parágrafos e as frases.

    Consulte os quadros de organizadores textuais apresentados noscapítulos sobre resumo e artigo, para elaborar sua resenha.

    Vamos apresentar questões relacionadas à coerência e coesão textualque são recorrentes na resenha.

    • Repetição

    Evite a repetição de termos para que a leitura não se torne cansativa.Veja o exemplo abaixo.

    Resenha do livro “Pela mão de Alice. O social e o político na transição pós-moderna”. SANTOS, Boaventura de Souza. São Paulo: Cortez,1997. 

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     Autor da resenha: Prof. João Josué da Silva Filho

      “Neste livro, o autor procura elaborar uma reexão organizada sobrea transição entre paradigmas societais, ou seja, produzir uma reexão

    sobre os diferentes modos básicos de viver a vida em sociedade.Embora ele admita que o trabalho ainda esteja em andamento, armaentender que o ponto a que já chegou em determinadas questões justica por à luz suas “perplexidades”.

    Boaventura Santos desenvolve a sua reexão em um quadro queidentica como de “crise” do Projeto Cultural da Modernidade. Projetocujo marco histórico localiza no advento da revolução copernicana queinaugura o séc XVI. Identica que tanto no aspecto epistemológico (deforma mais evidente e consolidada) como no aspecto societal (menosevidente) é possível, e necessário, desenvolver um pensamento

    crítico a respeito desta “crise” que ele considera mais como umatransição...” Resenha retirada do site: http://www.ced.ufsc.br/%7Ezeroseis/ resenha13.html. Acesso em 27/02/07.

    Observe que o autor da resenha fez referência ao autor do textoresenhado, de três maneiras diferentes: “o autor”; “ele” (pronome);Boaventura Santos (nome do autor). Portanto ele fez uso de diferentesrecursos lingüísticos, para evitar repetição. A substituição é, pois, umaboa alternativa para que as repetições sejam evitadas. O pronome,

    cuja função gramatical é substituir ou acompanhar um nome, pode,na organização textual, retomar idéias apresentadas em uma fraseou parágrafo, como ocorre com “ele”, na resenha apresentada comoexemplo.

    • Alguns elementos de coesão e suas funçõesIdéia expressa Exemplos

    Prioridade, relevância Inicialmente, primeiramente, emprimeiro lugar, principalmente,sobretudo...

    Tempo; duração; ordem;anterioridade ou posteridade

    Logo, imediatamente,anteriormente, eventualmente,ocasionalmente,simultaneamente, logo que,apenas, enquanto...

    Semelhança, comparação,conformidade

    Igualmente, assim também, domesmo modo, tal qual, tantoquanto, assim como...

    Condição, hipótese Se, eventualmente, caso...

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     Adição ou continuação Por outro lado, como também,além disso, não apenas, mastambém, não só...

    Dúvida Talvez, provavelmente,possivelmente...

    Certeza ou ênfase Por certo, certamente, semdúvida, inquestionavelmente,inegavelmente, decerto...

    Esclarecimento, explicação,constatação, conrmação ouilustração

    Por exemplo, isto é, de fato,com efeito, ou seja...

    Propósito, intenção, nalidade A m de, com o m de, com analidade de, com o objetivo de,na intenção de...

    Resumo, retomada ouconclusão

    Portanto, em síntese, enm,em resumo, pois (quando entrevírgulas), dessa maneira, dessemodo, logo, já que, como, umavez que, isso posto, porque,

    devido a, pelo fato de, pois...Relação de causa econseqüência ou justicativa

    Por conseqüência, com efeito,por isso, em virtude de, defato, porque, porquanto, comoresultado, assim sendo, assim,portanto...

    Ressalva, contraste entreidéias, argumentos opostos ourestrição, adição de idéias.

    Não só, mas, também, todavia,exceto, embora, apesar de,todavia, mas, contudo, porém...

    ATIVIDADE 9

    Localize em revistas acadêmicas ou especializadas oumesmo sites, resenhas acadêmicas e procure identicarnelas os elementos de coesão e suas funções. Paratanto, você deve realizar, pelo menos, duas leituras decada uma. A primeira deve ser exploratória, ou seja,você lê para se inteirar do tema/assunto e vericar, emdicionários ou enciclopédias, palavras ou expressõesdesconhecidas. A segunda leitura deve ser realizadacom bastante atenção. Nela você deve observar

    os organizadores textuais utilizados pelo autor daresenha e, posteriormente, identicar a função dessesorganizadores no texto lido. Uma vez identicados,você deve listá-los num quadro semelhante ao que foiapresentado anteriormente.

    PRODUZINDO UMA RESENHA

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    Chegou o momento de você produzir uma resenha. Antes, entretanto,é preciso lembrá-lo de que a resenha faz referência ao texto dedeterminado autor. Sendo assim, é importante que para você quem

    claras quais são as idéias do autor e quais são os comentários quevocê (que é o resenhista) faz sobre a obra resenhada. Você deve caratento também em relação aos comentários (críticas) que faz sobrea obra. Caso a crítica seja negativa, é preciso ser polido e respeitosocom o autor. Por exemplo: em vez de escrever “o texto é muito vago econfunde absolutamente o leitor”, opte por expressões que funcionamcomo “atenuadoras” das críticas: “o texto apresenta algumas lacunas,como, por exemplo, a ausência de denições conceituais importantespara a compreensão da obra...”.

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    ATIVIDADE 10.

    Procure, em biblioteca ou em site da Internet especializado em

    apresentar publicações acadêmicas, um livro ou artigo de assunto

    de seu interesse. No caso de artigo, ele deve ter, no mínimo, 20

    páginas.

    Uma vez selecionado o livro ou artigo, faça uma leitura exploratória.

    Caso opte pelo livro, observe inicialmente as informações contidas

    na orelha, capa e contracapa. Elas podem auxiliá-lo no levantamento

    de hipóteses acerca do texto a ser lido. Posteriormente, faça a leitura

    do livro e observe a função de títulos e subtítulos e reita sobre

    a intencionalidade do autor na exposição desses componentes

    textuais. Essa observação é válida para o artigo.

     Após realizar a leitura, utilizando-se das estratégias adequadas,

    produza a resenha. Você, considerando o quadro apresentado na

    página 29, pode seguir este roteiro para elaborá-la:

    1. Cabeçalho: dados bibliográcos completos da obra resenhada

    2. Indicação do nome do autor da resenha

    3. Informação sobre o autor do texto (Se ele for conhecido, é

    desnecessária.)

    4. Informações sobre o contexto e o tema/assunto do livro (ou artigo

    acadêmico)

    5. Objetivos da obra resenhada6. Exposição estrutural da obra resenhada, por capítulos ou

    agrupamento de capítulos

    7. Apreciação do resenhista sobre a obra

    8. Comentários positivos (se houver)

    9. Comentários negativos (se houver), lembrando-se da ética e

    polidez

    10. Informações sobre o contexto e o tema/assunto do livro

    11. Conclusão

     ATENÇÃO: Procure redigir um texto coeso, utilizando, sempre quesentir necessidade, o quadro que exemplica os organizadores

    textuais.

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     AVALIAÇÃO DA RESENHA PRODUZIDA

    Você deve reler a sua resenha e vericar se nela constam os itens doquadro abaixo. Se for possível, troque a resenha com um colega de

    curso e um avalia a resenha do outro. Assim, ambos terão dois olharesdistintos para a mesma produção: o olhar do autor e o olhar de quemnão participou do processo de produção.

     ASPECTOS A SER

     AVALIADOS

    SIM NÃO

    O textoproduzidoapresenta ascaracterísticasde uma

    resenhaacadêmica?(Observeaspectoslingüísticos eformais) A linguagemutilizada éadequada aoleitor ao quala resenhase destina?(No caso,considere quea resenhaserá lida porprofessor,colegas decurso e outrosestudiososinteressadosno tema/assunto dolivro ou artigoresenhado)

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     A resenhaproduzidarevela quevocê foium leitor

    competente,que soubeapresentaras idéiasprincipais doautor do texto?O cabeçalhoestá de acordocom as regrasda ABNT?(Verique oManual deNormalização

    de Publicaçõesna biblioteca.) As citaçõesestão deacordo comas regrasda ABNT?(Verique oManual deNormalizaçãode Publicaçõesna biblioteca).Você seidenticoucomo autor daresenha?Foramapresentadasinformaçõessobre o autordo texto?(Lembre-se deque, se autorfor conhecido,essas

    informaçõessãoO textoapresentaos objetivosda obraresenhada?

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    Prática de Leiturae Produção deTextoResenhaPágina 47

    O textocompreendea exposiçãoda obraresenhada?

    (Pode serfeita poragrupamentode capítulos,no casodo livro, oumesmo títulose subtítulos,no caso doartigo.)Vocêapresentousua apreciação

    sobre a obra?O textoapresentacomentáriospositivos sobrea obra (se for ocaso)?O textoapresenta (sefor o caso)comentáriosnegativos, masde maneiraética e polida?Você utilizoudequadamen-te osorganizadorestextuaisdurante oprocesso deprodução daresenha?O textoapresentaproblemasna ortograa,pontuaçãoou em outrosaspectosgramaticais?

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    TERCEIRO CAPÍTULO

     Artigo

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     ARTIGONeste capítulo, vamos abordar os aspectos que envolvem a produçãode artigo acadêmico (cientíco), que tem autoria declarada e pode serpublicado em revistas técnicas e cientícas.

      No meio universitário, é comum o professor solicitar que o alunoproduza um artigo cientíco como parte do processo de avaliação.Isso porque o artigo acadêmico deve ter como objetivo contribuir paraum campo teórico já existente.

    TIPOS DE ARTIGO

    • Ensaio teórico: nele se faz uma discussão ou proposição conceitualsobre determinado tema.

    • Artigo empírico: nele se apresenta um levantamento de dados reaisque podem estar associados a pesquisas, levantamentos ou estudosde caso, por exemplo.

    • Original ou divulgação: nele se apresentam abordagens originais,podendo se constituir como relato de caso, comunicação ou notasprévias.

    • Revisão: nela se analisam e discutem trabalhos publicados, revisãobibliográca etc.

    ESTRUTURA DO ARTIGO

     A estrutura do artigo está relacionada aos ns para os quais éproduzido. Se o objetivo for a publicação em periódico acadêmico,a estrutura deve estar relacionada a certas exigências. Normalmenteapresenta uma estrutura básica que se organiza em elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais (FRANÇA, 2004:64-67).

    Pré-Textuais: • cabeçalho, resumo e palavras

    chave.Textuais: • introdução, desenvolvimento e

    conclusão.

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    Pós-Textuais: • título e subtítulo em línguaestrangeira (se for o caso),resumo em língua estrangeira(se for o caso), palavras-chave

    em língua estrangeira (se foro caso), notas explicativas(no rodapé), referências,glossário, anexos e apêndices,agradecimento (se for o caso),data de entrega.

     Apresentamos, a seguir, um quadro com orientações acerca daspartes do artigo acadêmico.

    ELEMENTOS PRÉ-TEXUAIS

    TÍTULO(na página inicial do artigo eescrito na língua do texto)

    Deve ser claro e objetivo. É umelemento de coesão textual, queanuncia para o leitor o tema/assunto sobre o qual irá ler. Daía necessidade de ser objetivo econciso. O subtítulo é opcional.Ele tem a função de completar otítulo e pode ser escrito com letradiferente (itálico, por exemplo)ou vir precedido de dois pontos.

    DADOS DO AUTOR Nome completo do autor; brevecurrículo que o justique ouqualique na área do artigo;instituição à qual está vinculado(se for o caso), cargo que ocupa.Os endereços postal e/oueletrônico devem ser indicadoscom asterisco, em nota derodapé.

    RESUMO

    (na língua do texto)

    O resumo é um texto obrigatório

    e deve ter aproximadamente250 palavras (entre oito e dezlinhas) e apresentar uma síntesedo conteúdo abordado notexto. Normalmente é digitadoem espaço simples e fontetamanho10.

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    PALAVRAS-CHAVE São palavras signicativassobre o conteúdo do texto edevem ser separadas entre sipor ponto. Havendo o resumo

    em língua estrangeira (abstract),elas devem ser tambémapresentadas nessa língua.

     ABSTRACT(resumo em língua estrangeira)

    Muitas vezes é exigido queo autor do texto apresenteo abstract (resumo) do textoem língua estrangeira. Trata-se do resumo redigido nalíngua estrangeira solicitada.Normalmente é digitado

    em espaço simples e fontetamanho10, pode vir no início ouno nal do texto..

    ELEMENTOS TEXTUAISINTRODUÇÃO Tem a função de introduzir o

    leitor no tema/assunto queserá abordado no artigo.Nela são apresentadasdenições, conceitos,pontos de vista e razões de

    escolha do recorte temático.Portanto é na introdução queo autor deve situar o leitorsobre a temática que serádesenvolvida no texto. No casode ser um artigo resultante depesquisa acadêmica, deve-secontextualizar o leitor em relaçãoaos objetivos da pesquisa e oproblema que foi investigado.

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    REVISÃO TEÓRICA(ou revisão de literatura)

    Nela o autor apresenta textosque embasaram o estudo, nãodeixando dúvidas de que nãosão seus. Para isso é bom

    consultar as Normas da ABNT. A revisão teórica pode estarincluída na introdução ou serapresentada como um tópicoseparado.

    DESENVOLVIMENTO O autor apresenta as questõescentrais do tema/assuntoque pretende discutir. Elepode contrapor a sua opiniãoà de outros autores. É no

    desenvolvimento do artigo que oautor apresenta o tema/assunto,com os seus diversos aspectos.No caso de relato de pesquisa,o autor apresenta hipóteses eos resultados obtidos. Apresentatambém a metodologia utilizadana coleta de dados. No caso dehaver aplicação de entrevistasou questionários, os roteirosdevem, se possível, seranexados no nal do artigo. Éno desenvolvimento que sãoapresentadas as principaiscontribuições para o campoteórico em que se insere otema/assunto do artigo. Nessecaso, o desenvolvimento temduas etapas: a metodologia e osresultados e discussão.

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    Prática de Leiturae Produção deTexto ArtigoPágina 54

    CONCLUSÃO É a última etapa do processo deprodução do artigo acadêmico.Nela o autor apresenta umasíntese do que foi discutido,

    podendo apresentar uma visãopessoal. No caso de relatode resultados de pesquisa, oautor pode apresentar críticas,recomendações e sugestõespara críticas futuras.

    ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS

    REFERÊNCIAS(obrigatório)

    Citação das fontes consultadas,por ordem alfabética,obedecendo-se às Normas da

     ABNTGLOSSÁRIO

    (opcional)Terminologia técnica (palavrasestrangeiras devem sertraduzidas)

     ANEXOS(opcional)

    São materiais complementaresao texto e devem ser incluídosquando forem imprescindíveispara a compreensão do texto.

    NOTAS EXPLICATIVAS Devem ser extremamenteobjetivas e remetidas para o

    rodapé do texto.

    Observação: Você deve consultar o Manual de Normalizaçãopara Publicações Técnico-Cientícas, para se orientar emrelação às normas para numeração de seções, abreviaturase citações. Esse manual pode ser encontrado em bibliotecasacadêmicas.

     

    ATIVIDADE 1.

    Localize um artigo acadêmico sobre um tema/assuntode seu interesse. Leia-o e procure identicar nele aspartes que compõem a estrutura.

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    Prática de Leiturae Produção deTexto ArtigoPágina 55

    PRODUZINDO UM ARTIGO ACADÊMICO

    Um bom artigo acadêmico deve ser bem organizado e proporcionar boainteração com o leitor. Nesse sentido, algumas ações são necessárias,

    antes que você dê início à produção do seu artigo acadêmico.Procuramos apresentar uma sugestão de organização e planejamentoque pode anteceder a escrita de um artigo.

    Por que escrever um artigo? As razões que levam à produçãode um artigo podem ser diver-sas. Ele pode ser produzido, porexemplo, para cumprir a exigên-cia de um professor ou para serapresentado ao conselho edito-

    rial de uma revista especializada.Em todas essas circunstâncias,é importante observar os crité-rios segundo os quais o artigoserá avaliado. É necessário ob-servar também as orientaçõesespecícas para publicação,no caso de o artigo ser enviadoa algum periódico acadêmico.

    Sobre o que escrever? Você deve ter clareza so-bre o tema/assunto que irábalizar a escrita do artigo.

    Pesquise sobre o tema/assunto Antes de iniciar a produção doseu artigo, você deve pesqui-sar sobre o tema/assunto quepretende desenvolver. Issosignica que terá de ler so-bre o assunto que irá abordar.

    Organizando a pesquisa Selecione os textos (livros, ar -tigos, etc) que versam sobre otema/assunto abordado. Façaa leitura atenta desses textos eposteriormente proceda ao resu-mo ou chamento dos mesmos.

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    Prática de Leiturae Produção deTexto ArtigoPágina 56

    Esquematizando a produção doartigo

    Uma vez realizada a pesquisa,você deverá fazer um esquemapara orientar o processo de escri-ta do artigo. Quanto mais claro e

    objetivo for o seu esquema, maisfácil será o processo de produção.

    Iniciando o processo de escrita A partir do esquema elaborado,você estará pronto para iniciara produção escrita do artigo.

    ORGANIZANDO O PROCESSO DE PRODUÇÃO DO ARTIGO ACADÊMICO

    Suponhamos que seu professor solicite um artigo cujo tema é

    concepções de linguagem e sua relação com o ensino na sala de aula.Você vai ter de realizar uma pesquisa (leituras) sobre o tema e depoisresumir ou char as obras lidas. Uma vez inteirado com o tema, vocêvai planejar cada uma das partes que compõem o artigo. O quadroque se segue é apenas ilustrativo. Você pode criar outros esquemasde trabalho.

    Organizando o processo de pré-produção do artigo

    Escolha do Tema (no exemplo dado: concepções

    de linguagem e sua relaçãocom o ensino na sala de aula)

    TÍTULO  eSUBTÍTULO

    (elaboração preliminar)

    CONCEPÇÕES DE LIN-GUAGEM: UM OLHAR SO-BRE OS PROCESSOS INTE-RATIVOS E APRENDIZAGEM  NA SALA DE AULA(Como armamos anteriormen-te, o título anuncia para o leitoro tema/assunto sobre o qual o

    artigo irá versar. Na maioria dasvezes, se dá um título provisó-rio. Concluído o artigo, são re-vistos o título e os subtítulos efeitas as alterações necessárias.)

    DADOS DO AUTOR Ver quadro da página 51.

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    Prática de Leiturae Produção deTexto ArtigoPágina 57

    RESUMO (na língua do texto) É a última etapa do processo deprodução. Só pode ser produ-zido depois que o artigo estiverintegralmente escrito. Evite so-

    brecarregá-lo com abreviaturas,grácos ou citações. Lembre-sede que o objetivo do resumo éapresentar ao leitor informaçõessucientes para que ele opte porrealizar, ou não, a leitura integraldo texto.

    PALAVRAS-CHAVE Ver quadro da página 52.

     ABSTRACT Ver quadro da página 52.

    INTRODUÇÃO

    O que será apresentado noartigo?

    Tornar evidente ao leitor que se

    pode conceber linguagem sobdois pontos de vista diferentes:como comunicação e como inte-ração. Explicitar os autores queapresentam uma e outra concep-ção. Esclarecer que é importantediscutir o tema porque as concep-ções adotadas pelos professorese materiais didáticos têm inuên-cias nas práticas pedagógicas.

    REVISÃO TEÓRICA (ou revisãode literatura)  Apresentar, numa perspecti-va dialógica, os argumentos deBAKTHIN (1996), que enten-de a linguagem como intera-ção, e de SAUSSURE (1990),em relação à concepção de lin-guagem como comunicação.

    METODOLOGIA O artigo não é resultado de pes-quisa acadêmica. Portanto não hánecessidade de expor a metodo-

    logia usada na coleta de dados.

  • 8/19/2019 S-Fasciculo Gêneros Textuais

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    (DESENVOLVIMENTO) As questões centrais quenortearão o artigo são:1.Concepção de linguagemcomo interação, relacionada à

    leitura como produção de sen-tidos (explicar essa relação).2. Análise de atividades em salade aula em que a concepção delinguagem dos professores, sejaela consciente ou não, interferenão só na condução das práti-cas pedagógicas como, tambémnas possibilidades de sucesso daaprendizagem dos alunos.

    CONCLUSÃO  Apresentar uma síntese da discus-são proposta para reexão e exporo que se acredita ser necessáriopara que os cursos de formaçãode professores atentem para asquestões que tangem as concep-ções de linguagem presentes atéem materiais didáticos diversos.(A conclusão deve ser apreensí-vel para quem não leu o trabalhona íntegra. Não se fazem referên-cias, na conclusão, a questõesque não foram apr