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1 Salmo 118 Meu Salmo Preferido Martinho Lutero O comentário ao Salmo 118 foi escrito num momento decisivo para o movimento da Reforma, em meados de 1530. Enquanto outros líderes do movimento da reforma estavam reunidos em Augsburgo, defendendo os princípios evangélicos, Lutero estava banido de se fazer presente perante o Imperador desde 1521 e, por isso, teve que permanecer em território saxônico, em Coburgo por 5 meses protegido pelo Eleitor John de Steadfast. Neste período, onde não pode acompanhar os momentos decisivos para o programa de reforma (só por cartas ou por mensageiros), Lutero também recebeu a notícia de que seu pai havia falecido e foi acometido de vários problemas sérios de saúde. Lutero chama o período que permaneceu em Coburgo de deserto. Este é o meu salmo, o meu salmo preferido. Eu amo todos eles; Eu amo toda a Sagrada Escritura, que é o meu consolo e minha vida. Mas este salmo é o mais próximo do meu coração, e eu tenho o direito peculiar de chamálo meu. Ele me salvou de muitos perigos, da qual nem o imperador, nem reis, nem sábios, nem os santos, poderiam ter me salvado. Ele é meu amigo; mais caro para mim do que todas as honras e poder da terra” (Martinho Lutero) 1 . Este é o último desta série de salmos Hallel egípcia (Salmos 113118). Ele descreve uma procissão festiva para o templo para louvar e sacrificar ao Senhor. O pano de fundo histórico pode ser a dedicação dos muros e portas restaurados de Jerusalém no tempo de Esdras e de Neemias, após o retorno do cativeiro babilônico, em 444 a.C. [474]. Ele contém elementos de ação de graças, um indivíduo comum, e litúrgicos para o culto público. Sobre isto diz Spurgeo: No livro Esdras 3.1011, nós lemos que ‘quando os construtores lançaram os alicerces do templo do Senhor, os sacerdotes, com suas vestes e suas trombetas, e os levitas, filhos de Asafe, com címbalos, tomaram seus lugares para louvar o Senhor, conforme prescrito por Davi, rei de Israel. Com louvor e ações de graças, cantaram responsivamente ao Senhor; porque ele é bom, e seu amor a Israel dura para sempre. E todo o povo louvou o Senhor em alta voz, pois haviam sido lançados os alicerces do templo do Senhor’. Ora, as palavras mencionadas em Esdras são a primeira e a última sentenças deste salmo, e nós concluímos, portanto, que o povo salmodiou todo este canto sublime, e mais ainda, que o uso desta composição em tais ocasiões foi ordenado por Davi, que concebemos ter sido seu autor”. O assunto principal do Salmo é amor fiel de Deus para com Seu povo. O pano de fundo parece ser a restauração de Deus na vida do salmista após um período de desonra. Este teria sido um salmo muito apropriado para cantar durante a Festa dos Tabernáculos, bem como na Páscoa e no dia de Pentecostes. O Senhor Jesus e seus discípulos provavelmente cantaram juntos no Cenáculo, no final da Ceia do Senhor (cf. Mateus 26.30). Basicamente o salmo pode ser dividido em duas partes principais, porém dentro destas duas divisões principais temos várias subdivisões: 1. vs. 118 – O salmista e outros adoradores estão em peregrinação rumo a Jerusalém para uma grandes festas. 2. vs. 1929 – Os adoradores chegaram ao templo, onde seu culto continua. Este é um típico salmo de adoração corporativa processional festiva. 1 SPURGEON, Charles Haddon, The Treasury of David. London: Baker. 5:337.

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1  

Salmo  118  Meu  Salmo  Preferido  Martinho  Lutero  

      O   comentário   ao   Salmo   118   foi   escrito   num  momento   decisivo   para   o  movimento   da   Reforma,   em  meados   de   1530.   Enquanto   outros   líderes   do   movimento   da   reforma   estavam   reunidos   em   Augsburgo,  defendendo  os  princípios  evangélicos,  Lutero  estava  banido  de  se  fazer  presente  perante  o  Imperador  desde  1521  e,  por  isso,  teve  que  permanecer  em  território  saxônico,  em  Coburgo  por  5  meses  protegido  pelo  Eleitor  John  de  Steadfast.  Neste  período,  onde  não  pode  acompanhar  os  momentos  decisivos  para  o  programa  de  reforma  (só  por  cartas  ou  por  mensageiros),  Lutero  também  recebeu  a  notícia  de  que  seu  pai  havia  falecido  e  foi  acometido  de  vários  problemas  sérios  de  saúde.  Lutero  chama  o  período  que  permaneceu  em  Coburgo  de  deserto.    

“Este   é   o   meu   salmo,   o   meu   salmo   preferido.   Eu   amo   todos   eles;   Eu   amo   toda   a   Sagrada  Escritura,  que  é  o  meu  consolo  e  minha  vida.  Mas  este  salmo  é  o  mais  próximo  do  meu  coração,  e  eu  tenho  o  direito  peculiar  de  chamá-­‐lo  meu.  Ele  me  salvou  de  muitos  perigos,  da  qual  nem  o  imperador,   nem   reis,   nem   sábios,   nem  os   santos,   poderiam   ter  me   salvado.   Ele   é  meu  amigo;  mais  caro  para  mim  do  que  todas  as  honras  e  poder  da  terra”  (Martinho  Lutero)1.  

    Este   é   o   último   desta   série   de   salmos   Hallel   egípcia   (Salmos   113-­‐118).   Ele   descreve   uma   procissão  festiva  para  o  templo  para  louvar  e  sacrificar  ao  Senhor.       O   pano   de   fundo   histórico   pode   ser   a   dedicação   dos  muros   e   portas   restaurados   de   Jerusalém   no  tempo   de   Esdras   e   de   Neemias,   após   o   retorno   do   cativeiro   babilônico,   em   444   a.C.   [474].   Ele   contém  elementos  de  ação  de  graças,  um  indivíduo  comum,  e  litúrgicos  para  o  culto  público.  Sobre  isto  diz  Spurgeo:    

“No  livro  Esdras  3.10-­‐11,  nós  lemos  que  ‘quando  os  construtores  lançaram  os  alicerces  do  templo  do  Senhor,  os   sacerdotes,   com  suas  vestes  e   suas   trombetas,  e  os   levitas,   filhos  de  Asafe,   com  címbalos,  tomaram  seus  lugares  para  louvar  o  Senhor,  conforme  prescrito  por  Davi,  rei  de  Israel.  Com  louvor  e  ações  de  graças,  cantaram  responsivamente  ao  Senhor;  porque  ele  é  bom,  e  seu  amor  a   Israel  dura  para  sempre.  E   todo  o  povo   louvou  o  Senhor  em  alta  voz,  pois  haviam  sido  lançados   os   alicerces   do   templo   do   Senhor’.   Ora,   as   palavras   mencionadas   em   Esdras   são   a  primeira  e  a  última  sentenças  deste   salmo,  e  nós   concluímos,  portanto,  que  o  povo   salmodiou  todo   este   canto   sublime,   e   mais   ainda,   que   o   uso   desta   composição   em   tais   ocasiões   foi  ordenado  por  Davi,  que  concebemos  ter  sido  seu  autor”.  

  O  assunto  principal  do  Salmo  é  amor  fiel  de  Deus  para  com  Seu  povo.  O  pano  de  fundo  parece  ser  a  restauração  de  Deus  na  vida  do  salmista  após  um  período  de  desonra.       Este  teria  sido  um  salmo  muito  apropriado  para  cantar  durante  a  Festa  dos  Tabernáculos,  bem  como  na   Páscoa   e   no   dia   de   Pentecostes.   O   Senhor   Jesus   e   seus   discípulos   provavelmente   cantaram   juntos   no  Cenáculo,  no  final  da  Ceia  do  Senhor  (cf.  Mateus  26.30).     Basicamente  o  salmo  pode  ser  dividido  em  duas  partes  principais,  porém  dentro  destas  duas  divisões  principais  temos  várias  subdivisões:    

1. vs.   1-­‐18   –   O   salmista   e   outros   adoradores   estão   em   peregrinação   rumo   a   Jerusalém   para   uma  grandes  festas.    

2. vs.  19-­‐29  –  Os  adoradores  chegaram  ao  templo,  onde  seu  culto  continua.         Este  é  um  típico  salmo  de  adoração  corporativa  processional  festiva.    

                                                                                                               1  SPURGEON,  Charles  Haddon,  The  Treasury  of  David.  London:  Baker.  5:337.  

 

2  

.wODs]j' µμl;wO[l] yKi

bwOf{ AyKi

hw:hyl' WdwOh

1  ds,j, µμl;wO[ bwb hw:hyÒ hd;y:

MS  Cons.  +  Suf.  3a  MS   Prep.  +  MS   Conj.  Exp.   Perf.  Qal  3a  MS   Conj.  Exp.   Prep.  +  Nom.  Prop.   Imp.  Hifil  2a  MP  

o  seu  amor  leal   para  sempre   porque   (ele)  é  bom   porque   à  YaHWeH   dai  graças  (vós)    

.wODs]j' µμl;wO[l] yKi laer;c]yI an:

Arm'ayO

2  ds,j, µμl;wO[ rm'a;

MS  Cons.  +  Suf.  3a  MS   Prep.  +  MS   Conj.  Exp.   Nom.  Prop.   Interj.   Juss.  Qal  3a  MS  

o  seu  amor  leal   para  sempre   porque   Israel   !   diga  (ele)      

.wODs]j' µμl;wO[l] yKi ÷roh}a'

Atybe an:

AWrm]ayO

3  ds,j, µμl;wO[ tyIB' rm'a;

MS  Cons.  +  Suf.  3a  MS   Prep.  +  MS   Conj.  Exp.   Nom.  Prop.   S  Cons.   Interj.   Juss.  Qal  3a  CP  

o  seu  amor  leal   para  sempre   porque   ’Aharon  (Aarão)   casa   !   digam  (eles)      

.wODs]j' µμl;wO[l] yKi hw:hyÒ

yaer]yI an:

AWrm]ayO

4  ds,j, µμl;wO[ arey: rm'a;

MS  Cons.  +  Suf.  3a  MS   Prep.  +  MS   Conj.  Exp.   Nom.  Pro.   Adj.  MP  Cons.   Interj.   Juss.  Qal  3a  CP  

o  seu  amor  leal   para  sempre   porque   YaHWeH   os  que  temem   !   digam  (eles)         Outro  salmo  também  relembrar,  ao  extremo,  o  amor  leal  de  YHWH,  e  também  exaltam  Sua  fidelidade  para  com  Seu  povo,  o  salmo  136.     A   declaração   do   primeiro   versículo   responde   à   pergunta:   “por   que   Deus   é   bom?”.   E   a   resposta   é:  porque  o  amor  leal  do  Senhor  é  demonstrada  na  salvação  contra  os  inimigos,  o  alívio  das  tribulações,  seja  os  inimigos  e  a  tribulação  temporal  terrena,  seja  o  principal  inimigo  da  alma,  o  pecado  e  sua  consequencia  final,  o   inferno.  Deus  é   fiel,   e   salva  os   seus,  mesmo  ante   a   infidelidade  deles,  mesmo  que  eles   façam   tudo  para  merecer  o  castigo,  e  não  a  salvação,  mesmo  assim,  por  amor  de  Seu  próprio  Nome,  pela  fidelidade  que  Ele  tem  a  si  mesmo,  em  cumprimento  às  Suas  promessas,  Deus  salva  seu  povo  a  quem  ama.     Diante   disso,   o   salmista   conclama   a   nação   para   declarar   o   amor   leal   do   Senhor.   Nossa   esperança  nacional.  O   foco  da  nação  não  deveria   estar   no   rei,   na   economia,   na   agricultura,   na  política,   na   segurança  pública,  na  educação,  na  saúde,  ou  em  qualquer  outra  coisa  do  tipo,  o  foco  da  nação  deveria  estar  no  amor  leal  do  Senhor  e  na  salvação  oferecida  por  Ele.       O  salmista  também  volta  seus  olhos  para  os  Levitas,  a  casa  de  Aarão,  e  conclama  estes  religiosos,  os  pastores,  líderes  espirituais  da  nação  a  não  colocarem  sua  confiança  na  religião,  nas  pessoas,  no  seu  próprio  poder  ou  em  qualquer  outra  coisa  mas  que  eles  fitassem  os  olhos  no  Senhor  e  na  salvação  que  somente  Ele  pode  oferecer.     E  então,  todos  juntos  são  conclamados  novamente  a  repetir,  não  só  palavras,  mas  a  confiança  íntima  de   que   o   Senhor   ama   incondicionalmente,   por   o   seu   povo,   e   isso   também   implicava   em   que   eles   não  precisavam  temer  nada,  a  não  ser  o  Senhor.  A  cerca  destes  últimos  diz:    

“Vós,  que  temeis  o  Senhor  concentra-­‐se  naqueles  cuja  religião  não  era  meramente  cultural  (como  os   judeus),   nem   ritualística   ou   uma  mera   rotina   (como   a   religião   dos   levítas   podia   facilmente   se  tornar),  mas  real  e  pessoal”.2  

    Diante  da  teologia  da  prosperidade  que  impulsiona  muito  as  louvarem  ao  Senhor  somente  quando  Ele  é  “bom”  para  mim,  segundo  meus  próprios  conceitos  de  bondade,  este  salmo  nos  remete  a  louvar  ao  Senhor,  

                                                                                                               2  COLE,   Steven   J.   Psalm   118:   Thank   God   for   His   Salvation.   In:   https://bible.org/seriespage/psalm-­‐118-­‐thank-­‐god-­‐his-­‐salvation  (tradução  pessoal).  

 

3  

mesmo  quando  ele  permite  que  passemos  por  coisas  que  aparentemente  não  são  boas  para  nós,   louvamos  pela  certeza  de  Sua  bondade,  e  fidelidade,  louvamos  por  causa  da  certeza  da  salvação,  louvamos  muito  mais  por  causa  de  “quem  Ele  é”  do  que  por  causa  do  “o  que  Ele  faz”.  Até  porque,  sendo  quem  Ele  é,  tudo  o  que  Ele  faz  é  bom,  mesmo  as  coisas  que  aparentemente  não  achamos  boas.    

“Que  diremos,  pois,  diante  dessas  coisas?  Se  Deus  é  por  nós,  quem  será  contra  nós?  Aquele  que  não  poupou  seu  próprio  Filho,  mas  o  entregou  por  todos  nós,  como  não  nos  dará  juntamente  com  ele,  e  de  graça,  todas  as  coisas?  Quem  fará  alguma  acusação  contra  os  escolhidos  de  Deus?  É  Deus  quem  os   justifica.   Quem   os   condenará?   Foi   Cristo   Jesus   que   morreu;   e   mais,   que   ressuscitou   e   está   à  direita   de   Deus,   e   também   intercede   por   nós.   Quem   nos   separará   do   amor   de   Cristo?   Será  tribulação,   ou   angústia,   ou   perseguição,   ou   fome,   ou   nudez,   ou   perigo,   ou   espada?   Como   está  escrito:   ‘Por   amor   de   ti   enfrentamos   a   morte   todos   os   dias;   somos   considerados   como   ovelhas  destinadas  ao  matadouro’  (Salmo  44.22).  Mas,  em  todas  estas  coisas  somos  mais  que  vencedores,  por  meio   daquele   que  nos   amou.   Pois   estou   convencido  de   que  nem  morte   nem  vida,   nem  anjos  nem   demônios,   nem   o   presente   nem   o   futuro,   nem   quaisquer   poderes,   nem   altura   nem  profundidade,  nem  qualquer  outra  coisa  na  criação  será  capaz  de  nos  separar  do  amor  de  Deus  que  está  em  Cristo  Jesus,  nosso  Senhor”  (Romanos  8.31-­‐39).  

    De   aqui   em   diante   até   o   vs.   14,   o   que   se   segue   o   salmista   fala   em   1a   Pessoa,   expressando   sua  experiência  pessoal  do  amor  leal  de  Deus  expressa  em  sua  salvação.    

HY: ytiariq; rx'Meh' A÷mi

5  hw:hyÒ ar;q; rx'm'

Nom.  Pro.   Perf.  Qal  1a  CS   Artg.  +  MS   Prep.  

YaHWeH   (eu)  clamei   a  dificuldade  (aflição,  angústia)   em  meio  de    

.Hy: bj;r]m{,b' ynIn:[;

hw:hyÒ bj;r]m, hn:[;

Nom.  Pro.   Prep.  +  Artg.  +  S   Perf.  Qal  3a  MS  +  Suf.  1a  S  

YaHWeH   no  lugar  espaçoso  (me  tirando  do  aperto)   (ele)  me  respondeu    

ar;yai aOl

yli hw:hyÒ

6  ary l]

Impf.  Qal  1a  CS   Part.  Neg.   Prep.  +  Suf.  1a     Nom.  Pro.  

(eu)  temerei   não   (está)  comigo   YaHWeH    

.µμd;a; yli hc,[}Y"

Ahm' l] hc;[;

MS   Prep.  +  Suf.  1a     Impf.  Qal  3a  MS   Part.  Inter.  

o  homem   comigo   (ele)  poderia  fazer   o  que?  Esta  é  uma  pergunta  retórica  pressupondo  a  resposta:  “Nada!”.    O  imperfeito  é  usado  em  um  sentido  modal,  indicando  a  capacidade  ou  potencial.  

    Esta  pergunta  feita  aqui,  “o  que  fará  comigo  o  homem?”,  é  detalhada  nos  próximos  versículos,  ou  seja,  este  ser  humano  pode  ser  amigo  ou  inimigo,  mesmo  assim,  entre  ambos,  o  Senhor  estará  presente,  ele  é  o  refúgio  seguro,  não  as  pessoas.    

“Conservem-­‐  se  livres  do  amor  ao  dinheiro  e  contentem-­‐  se  com  o  que  vocês  têm,  porque  Deus  mesmo  disse:  ‘Nunca  o  deixarei,  nunca  o  abandonarei’.    Podemos,  pois,  dizer  com  confiança:  ‘O  Senhor  é  o  meu  ajudador,  não  temerei.  O  que  me  podem  fazer  os  homens?’”  (Hebreus  13.5-­‐6).  

 

 

4  

yr;zÒ[oB] yli hw:hyÒ

7  rz"[; l]

Prep.  +  Ptc.  Qal  MP  +  Suf.  1a  S   Prep.  +  Suf.  1a     Nom.  Pro.  

como  meu  ajudador  (no  meio  dos  que  me  ajudam)   (está)  comigo   YaHWeH  O  particípio  pode  funcionar  como  plural  honorífico:  “meu  ajudador”.  Esta  opção  pode  se  reforçar  pelo  uso  da  preposição  de   identidade  (beith  essentiae  ou  de  equivalência)  que  marca   a   capacida   com  a  qual   o   sujeito  da   ação  atua:   “servindo   como  ajudador”ou   “na  capacidade  de  ajudador”.3  

 

 

.yainÒcob] ha,r]a, ynIa}w"

anEc; ha;r; ynIa}

Prep.  +  Ptc.  Qal  MP  +  Suf.  1a  S   Impf.  Qal  1a  CS   Conj.  +  Pron.  1a  S  

no  meio  dos  que  me  odeiam  (dos  meus  inimigos)   (eu)  verei   e  eu    

.µμd;a;B; j'foB]mi hw:hyB' twOsj}l' bwOf

8  µμd;a; hf'B; hw:hyÒ hs;j;

Prep.  +  MS   Prep.  +  Inf.  Qal  Cons.   Prep.  +  Nom.  Prop.   Prep.  +  Inf.  Qal  Cons.   Adj.  S  

no  homem   do  que  confiar   em  YaHWeH   abrigar-­‐se  (refugiar-­‐se)   melhor    

.µμybiydinÒBi j'foB]mi hw:hyB' twOsj}l' bwOf

9  bydin: hf'B; hw:hyÒ hs;j;

Prep.  +  Adj.  MP   Prep.  +  Inf.  Qal  Cons.   Prep.  +  Nom.  Prop.   Prep.  +  Inf.  Qal  Cons.   Adj.  S  

em  nobres  (príncipes)   do  que  confiar   em  YaHWeH   abrigar-­‐se  (refugiar-­‐se)   melhor         A   expressão   idiomática   “abrigar-­‐se   em   YHWH”   exprime   buscar   sua   proteção   e   pressupõe   certa  demonstração  de   fidelidade  do   sujeito  ao  Senhor.  Nos   salmos,  aqueles  que  “se  abrigam  em  YHWH”   são  contrastados  com  os  ímpios  e  igualado  com  aqueles  que  amam,  temem  e  servem  ao  Senhor  (Salmo  5.11  –  12,  31.17  –  20,  34.21  –  22).     Os   “Homens”   (vs.6)   descrevendo   as   pessoas   comuns,   e   os   “príncipes”   (vs.   8-­‐9)   descrevendo   as  pessoas   importantes,   nobres,   constituem   um  merisma   significando   “todas   as   pessoas”,   tanto   humildes  quanto  da  côrte  real,  todas  são  inferiores  a  YHWH  e  não  há  segurança  na  confiança  nelas  (cf.  146.3).    

ynIWbb;s] µμyIwOG AlK;

10  bb's; ywOG lKo

Perf.  Qal  3a  CP  +  Suf.  1a  S   MP   FS  

(elas)  me  cercaram   as  nações   todas    

.µμl'ymia} yKi hw:hyÒ

µμveB]

lwm µμve

Pret.  Hifil  1a  CS  +  Suf.  3a  MP   Conj.   Nom.  Prop.   Prep.  +  S  Cons.  

(eu)  as  eliminei   mas   (de)  YaHWeH   em  nome       A   palavra   hebraica   para  lWm   (cortei-­‐os)   nos   vs.   10,   11   e   12   significa   literalmente   “circuncidei-­‐os”.  Segundo   esta   hipótese,   esta   pode   ser   uma   referência   profética   ao  Messias   circuncidar   os   corações   dos  gentios.   A   circuncisão   era   um   procedimento   físico,   mas   simbolizava   uma   mudança   espiritual,   ou   seja,  confiar   em   Deus   (Deuteronômio   30.6;   Romanos   2.29).   Mas,   a   possibilidade  mais   certa   é   que   seja   uma  variante  homônima  lwm  que  significa:  “afastar-­‐se”.  

                                                                                                               3  WALTKE,  Bruce  K.  e  O’CONNOR,  Michael  P.  Introdução  à  Sintaxe  do  Hebraico  Bíblico.  São  Paulo:  Cultura  Cristã,  2006.  p.123.d.  e  p.198.e.  

 

5  

ynIWbb;s] Aµμg: ynIWb{s'

11  bb's; µμG" bb's;

Perf.  Qal  3a  CP  +  Suf.  1a  S   Adver.   Perf.  Qal  3a  CP  +  Suf.  1a  S  

(elas)  me  cercaram  (encurralaram  por  todos  os  lados)   de  fato   (elas)  me  cercaram    

.µμl'ymia} yKi hw:hyÒ

µμveB]

lwm µμve

Pret.  Hifil  1a  CS  +  Suf.  3a  MP   Conj.   Nom.  Prop.   Prep.  +  S  Cons.  

(eu)  as  eliminei   mas   (de)  YaHWeH   em  nome    

µμyxiwOq vaeK] Wk[}Do µμyriwObd]ki ynIWb{s'

12  ÅwOq vae J['D; hr;wObD] bb's;

MP   Prep.  +  MS   Perf.  Pual  3a  CP   Prep.  +  MP   Perf.  Qal  3a  CP  +  Suf.  1a  S  

nos  arbustos   como  fogo   (eles)  serão  exterminadas  (extintas)   como  abelhas   (elas)  me  cercaram    

.µμl'ymia} yKi hw:hyÒ

µμveB]

lwm µμve

Pret.  Hifil  1a  CS  +  Suf.  3a  MP   Conj.   Nom.  Prop.   Prep.  +  S  Cons.  

(eu)  as  eliminei   mas   (de)  YaHWeH   em  nome    

.ynIr;z:[} hw:hyw" lp{onÒli ynIt'yjid] hjoD'

13  rz"[; hw:hyÒ lp'n: hj;D; hj;D;

Pret.  Qal  3a  MS  +  Suf.  1a  S   Waw  Cons.  +  Nom.  Prop.   Prep.  +  Inf.  Qal.  Pass.  Cons.   Perf.  Qal  2a  MS  +  Suf.  1a  S   Inf.  Abs.  Qal  

(ele)  me  ajudou   mas  YaHWeH   para  cair   (tu)  me  empurraste   Empurrar  O  infinitivo  absoluto  tem  o  propósito  de  intensificar  a  idéia  do  verbo  seguinte.  O  salmista  parece  abordar  as  nações  como  se  fossem  um  inimigo  individual.  Alguns  estudiosos  acham  isto  problemático  e  optam  por  alterar  o  tempo  do  verbo  de  Perf.  Qal  2a  MS  com  sufixo  da  1a  S    para  Perf.  Niphal  1a  CS  (ytiyjed]nI  –  “eu  fui  empurrado”).  

 

    O  Waw   consecutivo   aqui   dá   inicio   a   uma   narrativa   de   tempo   passado,   descrevendo   as   ações   do  Senhor  na  história  do  Salmista,  que  fazem  com  que  o  salmista  se  sinta  seguro  no  presente  e  haja  júbilo  no  acampamento   de   Israel   pelo   que   o   Senhor   fez.   Essa   narrativa   é   encerrada   com   a   partícula   negativa   no  versículo  17,  onde  outro  waw  consecutivo  inicia  outra  narrativa  em  tempo  futuro.    

H{y: tr;m]zIwÒ yz{I[;

14  hw:hyÒ hr;m]zI z[o

Nom.  Prop.   Conj.  +  FS  Cons.   MS  +  Suf.  1a  S    

YaHWeH   e  canção  (música)   força  minha    

.h[;Wvyli yli AyhiyÒw"

h[;WvyÒ l] hy:h;

Prep.  +  FS   Prep.  +  Suf.  1a  S   Waw  Cons.  +  Pret.  Qal  3a  MS    

(é)  para  salvação   prá  mim   porque     A  fórmula:  waw  consecutivo  +  pretérito  +  preposição  têm  uma  função  explicativa:  “porque”  

    Este   versículo   é   uma  menção   direta   do   Cântico   do  Mar,   cantado   por  Moisés   e   o   povo   de   Israel  depois   que   eles   cruzaram   o  mar   de   junco   (ou  mar   vermelho)   a   seco   e   viram   os   cavaleiros   de   faraó   se  afogarem:    

 

6  

“Cantarei  ao  Senhor,  pois  triunfou  gloriosamente.  Lançou  ao  mar  o  cavalo  e  o  seu  cavaleiro!  O  Senhor  é  a  minha   força  e  a  minha   canção;   ele   é  a  minha   salvação!  Ele  é  o  meu  Deus  e  eu  o  louvarei,  é  o  Deus  de  meu  pai,  e  eu  o  exaltarei”  (Êxodo  15.2-­‐3).  

    Como  na  tradição  judáica  era  comum  que  esta  fosse  a  música  a  ser  cantada  depois  da  Páscoa,  esta  talvez  pode  ter  sido  a  última  música  que  Jesus  cantou  com  seus  discípulos  antes  de  sair  para  o  Jardim  do  Getsêmani.       Os   evangelhos   sinóticos   relatam   sobre   o   Domingo   “de   Ramos”   e   a   semana   da   Paixão   citando   o  Salmo  118  em  referência  a  Jesus.  Quando  Ele  entrou  em  Jerusalém,  a  multidão  gritou  as  palavras  de  vs.  25  e  26  (Mateus  21.9,  Marcos  11.9-­‐10,  Lucas  19.39,  João  12.13).  E  mais  tarde,  naquela  semana,  quando  Jesus  debateu   com   os   líderes   judeus,   Ele   se   refere   a   si   mesmo   como   sendo   a   pedra   que   os   construtores  rejeitaram,  e  que  se  tornaria  a  pedra  angular  (Mateus  21.42).     Desde  a  música  a  ser  cantada  na  última  ceia,  passando  pelo  grito  da  multidão  na  entrada  triunfal,  até  a  declaração  derradeira  de  ser  Ele  a  pedra  angular,  todo  esse  salmo  é  como  uma  profecia  completa  dos  últimos  dias  de  Jesus  antes  da  cruz.  Junte-­‐se  a  isso  a  descrição  de  uma  punição  breve  e  rápida,  como  a  cruz,  e  um  livramento  maravilhosamente  incrível  como  a  ressurreição,  temos  aqui  neste  Salmo  todos  os  motivos  para  o  louvor  extravagante  que  o  inicia.    Os  seguintes  versículos  (vs.  15  e  16),  expressam  o  júbilo  do  povo  de  Deus  por  sua  ação  salvífica  em  favor  do  salmista.    

µμyqiyDix' yleh}a;B] h[;WvywI hN:ri lwOq

15  qyDix' lh,ao h[;WvyÒ

MP   Prep.  +  MP  Cons.   Conj.  +  FS   FS   MS  

dos  justos   nas  tendas   e  de  salvação  (vitória)   de  júbilo  (entusiasmo)   som    

.lyIj; hc;[o hw:hyÒ

÷ymiyÒ

lyIj' hv;[; ÷ymiy:

MS  Abs.   Ptc.  Qal  FS   Nom.  Prop.   MS  Cons.  

com  força   aquela  que  faz   (de)  YaHWeH   a  mão  direita  (destra)    

hm;mewOr hw:hyÒ

÷ymiyÒ

16  µμwr ÷ymiy:

Ptc.  Polel  FS   Nom.  Prop.   MS  Cons.  

aquela  que  é  exaltada  (enaltecida)   (de)  YaHWeH   a  mão  direita  (destra)    

.lyIj; hc;[o hw:hyÒ

÷ymiyÒ

lyIj' hv;[; ÷ymiy:

MS  Abs.   Ptc.  Qal  FS   Nom.  Prop.   MS  Cons.  

com  força   aquela  que  faz   (de)  YaHWeH   a  mão  direita  (destra)    Aqui  temos  mais  uma  confirmação  de  que  claramente  tinha  o  cântico  de  Moisés  no  Êxodo  em  vista:    

“Senhor,  a  tua  mão  direita  foi  majestosa  em  poder.  Senhor,  a  tua  mão  direita  despedaçou  o  inimigo…”  (Êxodo  15.6)  

         

 

7  

Daqui  em  diante,  novamente,  a  narrativa  poética  volta  à  1a  Pessoa  do  Singular  (vs.  17  e  18),  a  partir  do  vs.  19  um  diálogo  é  descrito  entre  o  salmista  e  os  que  respodem  diante  de  Deus.  Podendo  ser  anjos,  levítas  ou  até  mesmo  uma  personificação  da  nação  toda.    

.h{y: yce[}m' rp{es'a}w" hy<j]a, AyKi

tWma; aOl

17  hw:hyÒ hc,[}m' rp's; hy:h; tWm

Nom.  Prop.   MP  Cons   Waw  Cons.  +  Pret.  Piel  1a  S   Impf.  Qal  1a  CS   Conj.   Impf.  Qal  1a  CS   Part.  Neg.  

(de)  YaHWeH   os  feitos   (eu)  contarei  (ensinar)   (eu)  viverei   antes   (eu)  morrerei   não    

h{y: yNIr's{]yI rs{oy"

18  hw:hyÒ rs'y: rs'y:

Nom.  Prop.   Pret.  Piel  3a  MS  +  Suf.  1a  S   Inf.  Abs.  Piel  

YaHWeH   (ele)  me  corrigiu  (castigou  severamente)   Corrigir  (castigar)  

    O  infinitivo  absoluto  tem  o  propósito  de  intensificar  a  idéia  do  verbo  seguinte    

 

.ynIn:t;nÒ aOl

tw<m{;l'wÒ

÷t'n: tw<m;

Perf.  Qal  3a  MS  +  Suf.  1a  S   Part.  Neg.   Conj.  +  Prep.  +  Artg.  +  MS  

(ele)  me  entregou   não   mas  para  a  morte       O   salmista   aqui   admite   que   as   aflições   sofridas   anteriormente   vieram   do   Senhor,   e   tinham   o  propósito   de   corrigí-­‐lo,   ele   reconhece   que   isto   no   fato   dele   não   ter   morrido   e   também   por   causa   da  salvação  que  o  Senhor  operou.  Isso  leva      

“A  Disciplina  temporária  do  Senhor,  levou  à  libertação  presente,  e  isto  proporcionou  esperança  de  salvação  futura”  (Thomas  Constable).  

    A  secção  que  se  inicia  aqui  (vs.19-­‐27)  pode  ser  dividida  em  3  partes:    

1. vs.  19-­‐20  –  O  pedido  para  a  abertura  das  portas  2. vs.  21-­‐23  –  A  pedra  angular  3. vs.  24-­‐27  –  Bendito  o  que  vem  em  Nome  de  YHWH  

                                 

 

8  

A  Porta    

qd,x, Ayre[}v' yli AWjt]Pi

19  r['v' l] jtp

MS   MP  Cons.   Prep.  +  Suf.  1a  S   Imp.  Qal  2a  MP  

da  justiça   os  portões   para  mim   abri  (vós)    

.h{y: hd,wOa µμb; Aaboa;

hw:hyÒ hd;y: b] awOB

Nom.  Prop.   Juss.  Hifil  1a  CS   Prep.  +  Suf.  3a  MP   Impf.  Qal  1a  CS  

YaHWeH   (eu)  louvarei   por  elas   (eu)  entrarei    

.wOb Waboy: µμyqiyDix' hw:hyl' r['v{'h' Ahz<

20  B] awOB yDix' hw:hyÒ r['v'

Prep.  +  Suf.  3a  MS   Impf.  3a  MP   MP   Nom.  Prop.   Artg.  +  MS   Pron.  Dem.  

por  ela   (eles)  entram   os  justos   de  YaHWeH   (é)  a  porta   esta    

ynIt;ynI[} yKi

òd]wOa

21  hn:[; hd;y:

Perf.  Qal  2a  MS  +  Suf.  1a  S   Conj.   Juss.  Hifil  1a  CS  +  Suf.  2a  MS  

(tu)  respondeste   porque   (eu)  te  louvo    

.h[;Wvyli yli AyhiT]w"

h[;WvyÒ l] hy:h;

Prep.  +  FS   Prep.  +  Suf.  1a  S   Waw  Cons.  +  Pret.  Qal  2a  MS  

para  salvação   para  mim   (tu)  foste    As  portas  das  cidades  eram  um  lugar  de  extrema  importância,  não  só  por  ser  o  lugar  mais  frágil  na  defesa  da  cidade,  mas  principalmente  por  ser  o  lugar  de  entrada  e  saída  de  todo  extrangeiro,  o  principal  ponto  de  comércio  com  suas  praças  adjacentes  e  o   lugar  onde  ficavam  os   líderes  do  povo,  onde  estes   julgavam  as  causas  entre  as  pessoas.  Ou  seja,  a  porta  era  um  importante  centro  social,  cultural,  político,  administrativo,  militar  e  econômico.    Os  reis,  e  também  os  ansiões,  ficavam  na  porta  da  cidade  para  estabelecer  a  justiça  (Deuteronômio  21.19;  Josué  20.4;  2  Samuel  15.2;  1  Reis  22.10;  Provérbios  31.23).  Assim,  o  Salmista  pede  veemente  que  os  portões  sejam  abertos  para  que  sua  causa  seja  julgada  (cf.  Provérbios  22.22;  Amós  5.15).     Porém  aqui,  a  cidade  a  se  entrar  é  o  templo,  e  o  rei  que  está  à  porta  para  julgar  é  Senhor,  quando  as  portas  são  abertas,  somente  os  justos,  entram  na  presença  do  Senhor.    

“Quem  poderá   subir   o  monte  do   Senhor?  Quem  poderá  entrar  no   seu   Santo   Lugar?  Aquele  que   tem  as  mãos   limpas   e   o   coração   puro,   que   não   recorre   aos   ídolos   nem   jura   por   deuses   falsos.   Ele   receberá  bênçãos  do  Senhor,  e  Deus,  o  seu  Salvador  lhe  fará  justiça.  São  assim  aqueles  que  o  buscam,  que  buscam  a  tua  face,  ó  Deus  de  Jacó”  (Salmo  24.3-­‐6).    

“Eu  sou  a  porta;  quem  entra  por  mim  será  salvo.  Entrará  e  sairá,  e  encontrará  pastagem”  (João  10.9)  

 

“Onde  esses  pecados  foram  perdoados,  não  há  mais  necessidade  de  sacrifício  por  eles.  Portanto,  irmãos,  temos   plena   confiança   para   entrar   no   Santo   dos   Santos   pelo   sangue   de   Jesus,   por   um   novo   e   vivo  caminho  que  ele  nos  abriu  por  meio  do  véu,  isto  é,  do  seu  corpo.  Temos,  pois,  um  grande  sacerdote  sobre  a  casa  de  Deus.  Sendo  assim,  aproximemo-­‐nos  de  Deus  com  um  coração  sincero  e  com  plena  convicção  de  fé,  tendo  os  corações  aspergidos  para  nos  purificar  de  uma  consciência  culpada,  e  tendo  os  nossos  corpos  lavados   com   água   pura.   Apeguemo-­‐   nos   com   firmeza   à   esperança   que   professamos,   pois   aquele   que  

prometeu  é  fiel”  (Hebreus  10.18-­‐23).  

 

9  

A  Pedra  Angular    

µμynIwOb{h' Wsa}m; ÷b,a,

22  hn:B; sa'm;

Artg.  +  Ptc.  Qal  MP   Perf.  Qal  3a  CP   MS  

os  construtores   (que)  (eles)  recusaram  (desprezar,  rejeitar)   a  pedra    

.hN:Pi v{arol] ht;yÒÒh;

varo hy:h;

FS   Prep.   Perf.  Qal  3a  FS  

(de)  angular  (ângulo,  canto,  quina)   em  cabeça     (ela)  veio  a  ser    

ht;yÒh; hw:hyÒ

taeme

23  hy:h; tae  +  ÷mi

Perf.  Qal  3a  FS   Nom.  Prop.   Prep.  +  Prep.  

(ela)  é   YaHWeH   da  parte  de    

.WnynEy[eB] tal;p]nI ayhi

tazO{

÷yI[' alp tazO

Prep.  +  Dual  Cons.  +  Suf.  1a  P   Ptc.  Nifal  FS   Pron.  3a  FS   Pron.  Dem.  FS  

aos  nossos  olhos   maravilhosa  (aquilo  que  excede,  supera  ultrapassa)   ela  (é)   essa  O  uso  do  Pronome  na  1a  Plural  aqui  (tb.  vs.  24-­‐27)  sugere  que  o  salmista  pode  estar  falando  com  toda  a  nação.  No  entanto,  é  mais  provável  que  os  vs.  22-­‐27  são  a  resposta  do  nação  ao  cântico  do  salmista.  Eles  se  alegram  com  ele  por  causa  da  libertação  que  Deus  deu  a  ele  no  campo  de  batalha.    Com  esta  metáfora  da  “pedra  que  os  construtores  rejeitaram”  o  salmista  descreve  a  maneira  pela  qual  a  libertação  do  Senhor  mudou   sua   circunstâncias.  Quando  ele  estava  em  perigo,  ele  era   como  uma  pedra  que  foi  rejeitada  pelos  construtores  como  inútil,  mas  agora  que  ele  foi  justificado  por  Deus,  todos  podem  ver  que  ele  é  de  uma  importância  especial  para  Deus,  como  a  pedra  angular  do  edifício.     Obviamente   aqui   temos  uma  profecia   de  duplo   cumprimento,   pois   o   salmista   obviamente   sendo  pecador,  pois  esta  sendo  punido  por  Deus  com  estas  aflições,  não  podia  ser  a  pedra  angular  perfeita,  ele  é  apenas  um  arquétipo  dela,  a  Verdadeira  Pedra  Angular  estaria  por  vir,  Isaías  profetiza  sobre  ela,  afirmando  que  quando  ela  for  colocada,  todos  serão  medidos  por  ela:    

“Portanto,   ouçam   a   palavra   do   Senhor,   zombadores,   vocês,   que   dominam   este   povo   em  Jerusalém.   Vocês   se   vangloriam,   dizendo:   ‘Fizemos   um   pacto   com   a   morte,   com   a   sepultura  fizemos   um  acordo.  Quando   vier   a   calamidade   destruidora,   não   nos   atingirá,   pois   da  mentira  fizemos  o  nosso  refúgio  e  na  falsidade  temos  o  nosso  esconderijo’.    Por   isso   diz   o   Soberano,   o   Senhor:   ‘Eis   que   ponho   em   Sião   uma   pedra,   uma   pedra   já  experimentada,  uma  preciosa  pedra  angular  para  alicerce  seguro;  aquele  que  confia,  jamais  será  abalado.  Farei  do  juízo  a  linha  de  medir  e  da  justiça  o  fio  de  prumo;  o  granizo  varrerá  o  seu  falso  refúgio,   e  as  águas   inundarão  o   seu  abrigo.   Seu  pacto   com  a  morte   será  anulado;   seu  acordo  com  a  sepulture  não  subsistirá.  Quando  vier  a  calamidade  destruidora,  vocês  serão  arrastados  por  ela.  Todas  as  vezes  que  vier,  os  arrastará;  passará  manhã  após  manhã,  de  dia  e  de  noite”  (Isaías  28.14  –  19)  

      Além  de  Isaías  descrever  a  pedra  e  sua  função,  ainda  há  na  profecia  pronunciada  por  ele  maiores  relações  com  este  Salmo.  Por  exemplo  os  homens  que  confiam  em  si  mesmo  e  nos  refúgios  construídos  por  eles   mesmos   em   sua   auto   confiança,   ao   invés   de   confiar   no   Senhor,   serão   destruídos   e   morrerão,   ao  contrário  do  Salmista  que  viverá.     Existem  muitas  referências  no  Novo  Testamento  à  pedra  deste  versículo.  O  Senhor  Jesus  aplicou  a  Si  mesmo   (Mateus   21.42;  Marcos   12.10-­‐11;   Lucas   20.17).   Pedro   e   Paulo   também   aplicaram   a   Jesus   (Atos  

 

10  

4.11;.   Efésios   2.20   e   1   Pedro   2.6-­‐8).   Quando  Deus   ressussita   seu   Filho   rejeitado   e   o   coloca   no   lugar   de  autoridade  universal  suprema,  nome  sobre  todo  nome,   isso  é  maravilhoso  para  dizer  o  mínimo.  O  dia  da  ressurreição  de   Jesus   é  o  maior,  mais   incrível,   lindo  e  poderoso  dia  que  o   Senhor   já   fez,   a   plenitude  de  todos  os  tempos.  Na  verdade,  é  a  base  para  a  alegria  e  regozijo  da  vida  cristã.     A  aplicação  de  Jesus,  se  referindo  a  Si  mesmo  como  “a  pedra  angular”,  mesmo  depois  da  entrada  triunfal  em  Jerusalém,  é  uma  clara  reivindicação  Sua  Messianidade.  

  O  apóstolo  Pedro  também  cita  o  Salmo  118:22  na  pregação  ao  Sinédrio  após  a  ressurreição  (Atos  4.11-­‐12),  depois  de  afirmar  que  Deus  ressuscitou  Jesus  Cristo  dos  mortos,  ele  diz:  “ὁ λίθος, ὁ ἐξουθενηθεὶς ὑφ̓ ὑµῶν τῶν οἰκοδόµων, ὁ γενόµενος εἰς κεφαλὴν γωνίας”  (Pedro  faz  uma  tradução  direta,  não  sendo  esta  uma  citação  da  LXX  –  “a  pedra,  aquela  que  foi  rejeitada  por  vós,  os  costrutores,  veio  a  ser  cabeça  angular”).    

  E  além  da  citação  direta  do   texto  do  Salmo,  Pedro,  acrescenta  em  suas  próprias  palavra  o  que  o  salmista  diz  em  outras:  “não  há  salvação  em  nenhum  outro;  pois  não  há  outro  nome  debaixo  do  céu,  que  tenha  sido  dado  entre  os  homens  pelo  qual  devamos  ser  salvos”.  

 “Portanto,   vocês   já   não   são   estrangeiros   nem   forasteiros,   mas   concidadãos   dos   santos   e  membros  da  família  de  Deus,  edificados  sobre  o  fundamento  dos  apóstolos  e  dos  profetas,  tendo  Jesus  Cristo  como  pedra  angular,  no  qual  todo  o  edifício  é  ajustado  e  cresce  para  tornar-­‐  se  um  santuário  santo  no  Senhor.  Nele  vocês  também  estão  sendo  edificados  juntos,  para  se  tornarem  morada  de  Deus  por  seu  Espírito”  (Efésios  2.19-­‐22).  

                                                                 

 

11  

Bendito  O  que  vem    

hw:hyÒ hc;[; µμwOYh'

Ahz< 24  µμwOy

Nom.  Prop.   Perf.  Qal  3a  MS   Artg.  +  MS   Pron.  Dem.  MS  

YaHWeH   (que)  (ele)  fez   o  dia   este    

.wOb hj;m]c]nIwÒ hl;ygIn:

b] jmc lyGI

Prep.  +  Suf.   Conj.  +  Coor.  Qal  1a  CP   Coor.  Qal  1a  CP  

nele   e  exultemo-­‐nos  (nós)   alegremo-­‐nos  (nós)       Embora  às  vezes  esta  frase  seja  aplicada  de  modo  geral,  esta  declaração  em  seu  contexto  refere-­‐se  ao  dia  da  libertação  que  o  salmista  e  o  povo  comemoraram  neste  salmo.  Que  especificamente  é  a  vinda  de  Cristo:      

“Mas,  quando  chegou  a  plenitude  do  tempo,  Deus  enviou  seu  Filho,  nascido  de  mulher,  nascido  debaixo  da  Lei,  a  fim  de  redimir  os  que  estavam  sob  a  Lei,  para  que  recebêssemos  a  adoção  de  filhos”  (Gálatas  4.4-­‐5).  

 

aN: h[;yviwOh hw:hyÒ aN:a;

25  an: [vy

Interj.   Coort.  Hifil  2a  MS   Nom.  Prop.   Interj.  

por  favor!   salva-­‐nos  (tu)   YaHWeH   Oh!    

.an{: hj;ylix]h' hw:hyÒ aN:a;

an: jl'x;

Interj.   Coort.  Hifil  2a  MS   Nom.  Prop.   Interj.  

por  favor!   prospera-­‐nos  (levar  ao  êxito,  sair-­‐se  bem)  (tu)   YaHWeH   Oh!    

hw:hyÒ µμveB] aB;h' JWrB;

26  µμve awOB Jr'B;

Nom.  Prop.   Prep.  +  MS  Cons.   Artg.  +  Ptc.  Qal  MS   Ptc.  Pass.  Qal  MS  

de  YaHWeH   em  nome   o  que  vem   bendito    

.hw:hyÒ tyBemi µμk,Wnk]rBe

tyIB' Jr'B;

Nom.  Prop.   Prep.  +  S  Cons.   Perf.  Piel  1a  CP  +  Suf.  2a  MP  

de  YaHWeH   da  casa   (nós)  te  abençoamos  

   

4QPsb  –  Manuscrito  de  Salmos  de  Qumran  (séc.  I  d.C.)  O  sufixo  pronominal  é  da  2a  MP  (nós  os  abençoamos),  mas  o  mem  (µμ)  final  é  provavelmente  um   erro   de   ditado,   note-­‐se   o  mem   (m)   no   início   da   palavra   seguinte,   ou   ainda   um  mem  enclítico,  caso  em  que  o  sufixo  pode  ser  entendido  como  2a  MS,  referindo-­‐se  ao  salmista  (nós  te  abençoamos).  

    As   nação   referem-­‐se   aqui   ao   salmista,   o   justo,   que  entra  no   templo  do   Senhor  para   agradecer   a  YHWH  porque  as  portas  lhe  foram  abertas,  porque  sua  causa  foi  julgada,  e  ele  obteve  justiça  por  meio  da  salvação  dos  inimigos.  

 

12  

  As  multidões  que  acolheram  Jesus  em  sua  entrada  triunfal  durante  a  época  da  Páscoa  repetem  o  vs.  26   (Mateus   21.9;   Marcos   11.9;   Lucas   19.38,   João   12.13).   Este   grito   do   povo   demonstrava   que   eles  creditavam  que  Jesus  era  o  Messias  prometido.       Os   judeus   consideravam  este   salmo   como   sendo   uma   professia  Messiânica,   por   isso,   seu   uso   na  entrada  triunfal.  Evidentemente  o  vs.  27b,  “com  ramos  nas  mãos”,   levaram  o  povo  a  colocar  seus  ramos  aos  pés  do  jumentinho  que  Jesus  montava  (Mateus  21.8).      

Wnl; ra,Y:w" hw:hyÒ lae

27  l] rwa

Prep.  +  Suf.  1a  CP   Waw  Cons.  +  Pres.  Gnômico4  Hifil  3a  MS   Nom.  Prop.   S  Cons.  

sobre  nós   (ele)  faz  brilhar   YaHWeH   (é)  Deus    

.j"BezÒMih' twOnr]q' Ad['

µμytibo[}B' gj'

AWrs]ai

j"BezÒMi ÷r,q, twOb[; rs'a;

Artg.  +  MS   FP  Cons.   Prep.   Prep.  +  MP   MS   Imp.  Qal  2a  MP  

do  altar  as  pontas  (os  chifres)    

até  com  ramos    (com  cordas)  

à  procissão  festiva  (o  sacrifício  oferecido  na  festa)  

juntai  (vós)    (amarrai)  

    A  idéias  dessa  frase  é  que  YHWH  “resplandece  seu  rosto”  sobre  seu  povo  (cf.  Números  6.25,  Salmo  31.16,   67.1,   80.3,   7   e   10),   isso   significa   que   YHWH   “sorri”   para   eles,   mostrando-­‐se   favorável   à   eles   e  libertando-­‐os.     Jesus  parece  se  referir  exatamente  a  este  Salmo  em  João  12.35-­‐36a:    

“Por  mais  um  pouco  de  tempo  a  luz  estará  entre  vocês.  Andem  enquanto  vocês  têm  a  luz,  para  que  as   trevas  não  os   surpreendam,  pois  aquele  que  anda  nas   trevas  não   sabe  para  onde  está  indo.  Creiam  na  luz  enquanto  vocês  a  têm,  para  que  se  tornem  filhos  da  luz”.  

    O  apóstolo  Pedro  ao  falar  sobre  como  nós   fomos  salvos  pela  misericórdia  de  Deus  diz:    “para  que  você  possa  anunciar  as  grandezas  daquele  que  vos  chamou  das  trevas  para  a  sua  maravilhosa  luz”  (1  Pedro  2.7-­‐9).     O  substantivo  hebraico  gj'  normalmente  significa  “festival”,  mas  aqui  ele  aparentemente  se  refere  metonimicamente  a  uma  oferta  de  sacrifício  feita  no  festival  (cf.  Levítico  23.33  a  44,  40*).  o  BDB  interpreta  

a  palavra  dessa  maneira  aqui,  citando  como  comparável  ao  uso  do  Hebraico  moderno 5ֲחִגיָגה,  que  pode  se  referir  tanto  a  um  festival  como  a  uma  oferta  feita  durante  o  festival.     Mas  o  texto  é  realmente  difícil  como  comenta  Kidner:    

“Ramos  é  um  sentido  raro  de  uma  palavra  razoavelmente  comum  para   ‘cordas’   (e.g.  Sl  2:3;   Jz  15:13;   etc.)   e,   sendo   que   ‘Atai   o   sacrifício   com   cordas’   faz   bom   senso   de   imediato,   tem  prioridade,   à   primeira   vista,   sobre   “Adornai   a   festa   com   ramos”.   A   única   objeção   é   que,   as  vítimas  não  eram  atadas  à  pontas  do  altar,  pelo  que  saibamos,  embora  houvessem  anéis  para  segurar  animais,   fixados  no   lado  do  altar  no  tempo  de  Herodes   (cf.  Delitzsch).  Tendo  em  vista  porém   a   preposição   ‘até   a’,   pode   ser   que   a   palavra   “Atai”   seja   uma   expressão,   carregada   de  sentido,   para   ‘Trazei…   atado’   (de   modo   algo   semelhante   ao   vs.5   onde   o   Hebraico   deixa  subentendidas  as  palavras  ‘e  me  deu’…).  De  modo  geral  o  sentido  de  ‘Trazei  o  sacrifício,  atado,  às  pontas  do  altar’  traz  consigo  o  número  menor  de  dificuldades”.6        

                                                                                                               4  WALTKE,  Bruce  K.  e  O’CONNOR,  Michael  P.  Op.  Cit.  p.  560.c.5.  5  BROWN,  F.,  DRIVER,  S.  R.,  &  BRIGGS,  C.  A.  (2000).  Enhanced  Brown-­‐Driver-­‐Briggs  Hebrew  and  English  Lexicon.  Oak  Harbor,  WA:  Logos  Research  Systems.  

6  KIDNER,  Derek.  Salmo  73-­‐150:  Introdução  e  Comentário.  São  Paulo:  Vida  Nova,  1981.  p.119.  

 

13  

O  Salmo  termina  do  mesmo  jeito  que  começa,  como  se  as  lutas  da  vida  fossem  apenas  um  parêntese,  onde  tudo  está  contido  pela  bondade  e  o  amor  leal  do  Senhor.  

 

.û{;m,m]wOra} yh'loaÔ û{;d,wOawÒ hT;a'

yliae

28  µμwr µμyhiloaÔ hdy lae

Impf.  Polel  1a  CS  +  Suf.  2a  MS   MP  Cons.   waw  cons.  +  Impf.  Hifil  1a  CS  +  Suf.  2a  MS   Pron.  2a  MS   MS  Cons.  +  Suf.  1a  S  

(eu)  te  louvarei  (exaltarei)   Deus   (eu)  serei  grato  a  ti   tu  (és)   meu  Deus    

bwOf AyKi  

Perf.  Qal  3a  MS   Conj.  Exp.  

 

 hw:hyl'   WdwOh  

29  

(ele)  é  bom   porque  

  hw:hyÒ   hdy  

.wODs]j'   µμl;wO[l]  yKi    

Nom.  Prop.   Imp.  Hifil  2a  MP  

ds,j,   µμl;wO[   a  YaHWeH   sejam  gratos  (vós)  

MS  Cons.  +  Suf.  3a  MS   Prep.  +  MS   Conj.  Exp.    o  seu  amor  leal   para  sempre   porque  

   

{ SALMO 118

{ vs. 5-13

ATRÁS

LADO

YHWH

YHWH salva

AlÍVIO APOIO AJUDA

ABRIGO ALEGRIA

AUDÁCIA

AÇÃO PODER PRESENÇA SOBERANIA

NUNCA DUVIDE

DE DEUS

FORÇA

CANÇÃO

{ vs. 19-20

A PORTA

“É evidente que diante de Deus ninguém é justificado pela Lei,

‘O JUSTO VIVERÁ PELA FÉ’” (Gálatas 3.11)

{ vs. 21-23

A PEDRA

OBEDIÊNCIA REFERÊNCIA ADMIRAÇÃO

{ { BENDITO

vs. 24-27

ALEGRIA LOUVOR GRATIDÃO BEM-AVENTURANÇA COMUNHÃO COM DEUS