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7/24/2019 Sambaqus Da Regio Lagunar de Canania
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SAMBAQUS DA REGIO LAGUNAR
DE
CANANIA
I - Observaes geogrficas.
II - Especulaes prehist6ricas.
Aziz N. Ab Sber
e
W. Bemard
A ttulo de complementao das pesquisas que o
Instituto
Oceanogr
fico da Universidade de So Paulo vem realizando na regio lagunar de
Canania, damos publicidade aos primeiros estudos
por
ns efetulj,dos nos
sambaqus regionais.
Na observao dos concheiros da regio
em
foco, notamos fatos bas
tante
curiosos
e
at certo ponto , inesperados. A maioria, possue uma par-
ticularidade comum - a
totalidade
ou pelo menos uma parte da ostreira
repousa
diretamente
sbre
areia
de praia ou talvez de
duna,
o
que
nessa
regio equivale
prticamente
mesma coisa. frequente tambm, a loca
lizao dsses
mounds
beira de
um
marigot .
No
caso dste faltar,
encontram-se sempre vestgios de um marigot antigo, j absorvido pelo
mecanismo de entulhamento
das
areias e dos mangues.
Um pequeno sambaqu prximo de
Canania
- situado perto do local
denominado
Brucunia ,
a
uma
distncia
de
mais
ou menos 2
km
em
linha reta da lagoa aberta (Mar de Canania , a cavaleiro de pequeno pro
montrio, nos serviu de base para uma srie de constataes importantes.
Uma
parte do edifcio repousa diretamente sbre
areia
pura de praia. Em
frente ao baixo promontrio arenoso e englobando ao N e ao S encontra-se
uma
vasta zona de manguesais
muito
recentes, atravessados pelo marigot
Maria
Rodrigues.
O
fato
dos elementos do
sambaqu
se
encontrarem em contacto direto
com areia de praia, sem nenhuma interposio perceptvel de humu8, indica
que, no
momento
d constituio dsse casqueiro,
devia
estar sse local
situado beira de um espao de guas abertas, suficientemente extenso
.
para
permitir
o
trabalho
das ondas.
Partindo
dessas verificaes, nos
pare-
ceu possvel considerar os sambaqus como testemunhos preciosos nas pes
quisas do ltimo perodo da gnese da regio. Com efeito, admitindo a
validade das consideraes
que
acabamos de fazer, podemos desde
j tomar
como estabelecido que, no tempo do
Homem
do Sambaqu, a configurao
planimtrica da
Ilha
de Canania e das outras partes baixas da regio, era
oonsidervelmente diferente da que hoje conhecemos. Desta forma, revendo
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' - 2 6
alguns problemas geogrficos e arqueolgicos, relacionados com os samba
.quis -
na
base de novas observaes de campo - atingimos a resultados
que interessam
prpria restaurao dos quadros de paisagens da regio
lagunar, no que se refere a um perodo imediatamente anterior ao atual.
I
OBSERVAES GEOGRFICAS
No estudo dos sambaquis brasileiros vem se esboando uma fase nova,
com base de melhores recursos analticos e de uma mentalidade cientfica
mais criteriosa.
Um
pequeno trabalho do jovem pesquisador Antonio Teixeira Guerra
(1951,
p.
3-18),
abalou tda a velha estrutura das falsas concepes sbre
o problema das origens dos sambaquis, vindo completar os bons estudos
realizados,
j
h algum tempo, pelos gelogos Sylvio Froes de Abreu
(1928) e
Othon Henry
Leonardos (1938). Apoiado em um bom conheci
inento de
geomorjologia costeira
Guerra
conseguiu distinguir, com extraor
dinria clareza, os dois tipos de concheiros existentes em nossas plancies
litorneas: os sambaqus relquias puramente arqueolgicas e os terraos
marinhos de origem sedimentar marinha, documentos das variaes mais
recentes
entre
o nvel do mar e a costa, no perodo quaternrio. Enfeixando
suas notas
sbre os sambaquis e terraos do litoral de Laguna (Santa Cata-
rina), assim se expressou o gegrafo Antonio Guerra: eomo concluso
geral, frizaremos mais uma vez que os sambaqus so todos de origem arti-
ficial; e os casqueiros ou sambaquis-camadas ou concheiros naturais so de
origem natural, isto so terraos e no devem ser confundidos com os
primeiros, que constituem jazigos arqueolgicos. - No litoral de
Laguna
encontramos terraos, sambaquis e
tambm
sambaquis sbre terraos (cas
queiros) . -
(1951,
p.
18).
Aps tais constataes, as antigas controvrsias entre artificialistas
e naturalistas , a respeito da origem dos sambaquis, caem por terra defi
nitivamente.
Nada
mais poder justificar o gasto de papel para se escrever
a respeito do assunto, aps o arremate final
dado
questo pela preciosa
contribuio de Antonio T. Guerra. Para se distinguir um legtimo sam
baqui ( kjoekkenmoeddings brasileiros), de
um
simples terrao sedimen
trio conchfero de origem marinha ( wave-built terraces conchiferos),
basta aplicar-se a srie de normas prticas do pequenino quadro de di
st
in
es estabelecido por Antonio Guerra. Nesse sentido, com o objetivo de
divulgar mais o critrio estabelecido por aquele autor, reproduzimos,
no
presente trabalho, o esquema-critrio original de sua
autoria
(Grfico 1).
N o presente trabalho, pretendemos aduzir algumas -contribuies de
gegrafos aos estudos relacionados com os sambaquis brasileiros, apresen
tando, ao mesmo tempo, uma, srie de especulaes prehistricas tendentes
a explicar a existncia, nos sambaquis, de quantidades mais ou menos con
siderveis de carapaas de berbigo, no utilizadas pelas tribus que os cons
truiram. Buscando explicaes no setor das prticas mgicas e rituais, le
vantamos uma nova hiptese de trabalho para sondar a razo de ser da-
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- 2 7
/
QUADRO SUMRIO DAS
PRINCIPAIS
CARACTERSTICAS
DOS TERRAOS E DOS SAMBAQuis
(Segundo Antnio Teixeira Guerra, 1951).
TERRAOS (Sambaquis de origem natural)
- Estratificao em camadas horizontais ou
entrecruzadas.
2 Leitos de areia muito fina. alternando com
leitos de conchas inteiras ou partidas; a
quantidade de areia
grande, sendo pequena
a porcentagem
de
conchas.
3 - O
material pode ser constituido apenas de
areia e seixos marinhos ou fluviais.
4 - Ausncia de ossadas humanas ou ocorrncia
espordica.
5
-
Ausncia de cinzas, carvo ou restos
de
cozi
nha, ou ocorrncia espordica.
6 - Ausncia de indstria titica ou ocorrncia
espordica
.
7 - Existncia de seixos, em
certos dep6sitos
.
8 -
Do ponto
de
vista
morfol6gico, podem ter a
forma
alongada
do dep6sito sedimentar.
As
diversas variaes existentes entre o nvel
das terras e das guas levam ao aparecimento
de nveis diversos de terraos.
tendo
valor
do ponto de
vista geomorfol6gico.
l
Esto localizados em
qualquer
trecho do li
toral tendo estado Imerso ou anfbio e, hoje,
emerso a diferen
tes
alturas acima do
nvel
do mar. Sua formao foi realizada
ao
nvel
do mar ou submersa. No caso fluvial,
so
devido
s s variaes do nvel
de
base ou a
variaes climticas.
SAMBAQuis
( Kjoekkenmoeddings )
1 - No h estratificao horizontal, a disposi
o
do material
feita segundo
inclinaes
do monte nas pocas das diversas estaes.
2 -
No
h alternncia
de camadas de
areia e
conchas. As carapaas de moluscos esto
dispostas
de
qualquer maneira, juntamente
com
restos de cozinha .
3 -
So constituidos
essencialmente
de
molus
cos: marinhos, terrestres ou de gua salobra.
4 - Restos humanos, algumas vezes verdadeiros
cemitrios.
5 -
Presena
de
cinzas, carvo, espinhas
de
pei
xes,
cabeas de bagre, ossos de baleia, etc.
Chegam a formar verdadeiros conglomera
dos
artificiais
de
cr cinzenta
ou
escu
.
6 - Presena
de
grande
quantidade de
material
litico: machados, apontadores
de
flexas,
raspadeiras, etc .
7 - EXistncia de pequenos blocos, fragmentos
de pedras (geralmente
rocha bsica - dia
bsio
,
etc.), no trabalhadas
pelas
guas.
Aparecimento espordico
de
seixos. A posi
o e o material em redor provam que foram
abando
nados pelo homem prehist6rico sbre
o jazigo.
S - Os sambaquis tm geralmente a forma
de
pequenos montes. 'O seu valor apenas do
ponto
de vista
arqueol6gico.
9 - A
sua
origem s6 pode
ter-se
efetuado em
zonas emersas, onde os indgenas se agrupa
ram para comer
os
moluscos. Escolheram
de
preferncia os pontos e lugares bem pro
tegidos.
queles excepcionais
monumentos
arqueolgicos
da prehistria da fachada
costeira atlntica
do
Brasil.
Nossas
observaes geogrficas, por seu turno, se restringiro
somente
ao setor do quadro
natural
que asilou os homens dos sambaqus e, recons
truo
dos stios dos
sambaqus
e dos
ambientes
e
paisagen
s
imperantes
na regio lagunar
de
Canania, antes
do
advento dos colonizadores
euro
peus.
A regwo lagunar e Canania. Extensas faixas
de
baixos
terraos are
nosos, de origem
marinha
- wave-built terraces , conforme a identifi
cao
hbil feita
por
Ruy
O.
de
Freitas (1952, p. 27-44) -
alternados
por
lagunas
paralelas,
de guas
salgadas e salobras,
constituem
a
base
geogr
fica da plancie
costeira de Canania-Iguape.
Os antigos feixes
de restingas
e praias-barreiras que colmataram o
golfo ali existente no pleistocno, deram origem a uma
tpica
planicie e
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restingas
ligeiramente soerguida em relao ao nvel
atual
do mar. A sobre
levao recente, sofrida pela regio, avaliada em alguns poucos metIOs
apenas, foi responsvel pela criao de uma topografia baixa e homognea,
na
qual se inscreveram os diversos canais do sistema lagunar regional.
Por
outro lado, o soerguimento dos antigos aparelhos litorneos
da
regio, redundou
num
processo generalizado de terraceamento
para
a jovem
plancie costeira, crian40
para
os detalhes
da
topografia,
um
quadro de
colinas de dorso plano, delimitadas por minsculos taludes de
2,5
a
4
me
tros. Tais terraos arenosos razos, de amplitude altimtrica excessiva
mente modesta, apresentam cotas mais elevadas ao longo dos eixos prin
cipais das antigas restingas, descaindo suavemente
para
os flancos das mes
mas. Riachos paralelos e pouco ramificados, encaixados no sentido
da
dire
o geral das restingas soerguidas (SW-NE),
entalharam
pequenos vales
(sulcos bem marcados de 2 a 4 metros de
profundidade),movimentando
localmente o relvo tabuliforme
da
plancie
marinha
regional. Outros
tantos
riachos,
um
pouco mais ramificados, cujas guas provm dos macios cri's
talinos
da
Serra do Itapitangu, seccionaram normalmente o eixo das anti
gas restingas, atravs pequena superimposio, constituindo uma anomalia
local no sistema peculiar de encaixamento dos mi,nsculos cursos
d gua
re
gionais.
Nas
paisagens
da
regio lagunar de Canania destaca-se, ainda, um
quadro hidrolgico complexo e importante,
at
h
pouco tempo quase que
desapercebido dos pesquisadores que cuidaram
da
regio. Trata-se dos
rios de guas negras, sujeitos ao rtmo das mars, os quais permanecem
encarcerados sinuosamente entre manguesais e baixos terraos arenosos
da
regio.
As
primeiras referncias cientficas, sbre tais elementos do com
plexo hidrolgico
da
regio lagunar, so devidas aos estudos recentes de
Besnard
(1950,
r p.
9-26
e
II,
p.
3-28)
e de seus colaboradores Carvalho
(1950,
p.
27-44)
e
Machado (1950,
p.
45-68),
todos do
Instituto
Oceano
grfico
da
Universidade de So Paulo. Tais cursos. d'gua, no dotados de
correnteza prpria ( marigots , segundo a identificao de Besnard), asse
melham-se muito aos
igaraps
do Baixo Amazonas, conforme ainda, ob
servaes de Besnard, no decorrer de pesquisas conjuntas,
por
ns reali
zadas
na
Amaznia. Geneticamente, trata-se de vales e pequenas enseadas
dos bordos internos
da
plancie costeira regional, que sofreram
um afoga-
m nto
generalizado, pela interpenetrao das guas do mar, em perodo
relativamente recente. Esse processo de afogamento marinho recente, que
deve
ter
sido de grande importncia
para
a redefinio dos canais principais
do sistema lagunar regional, foi calamitoso
para
as pequenas enseadas e
para os vales tributrios dos coletores principais. Aos poucos
s
manguesais
pioneiros colmataram as pequenas enseadas esculpidas entre os baixos terra
os arenosos e
remontaram
os cursos
d gua
afogados, atingindo
at
as pr
prias cabeceiras dos antigos vales.
Restaram
apenas canais sinuosos, man
tidos pela ao das mars e estreitados pela gradual progresso dos man
guesais e baixios.
Um
ddalo de canais diminutos, inscritos por entre pn
tanos, constitui sempre a bacia de captao dos marigots . Ravinas de
enxurradas, estabelecidas nos terraos arenosos
que
envolvem o alto curso
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dos
marigots ,
constituem na realidade, a raz
extrema
do sistema hidro-
grfico formado por
cada
um deles. Exceo feita,
naturalmente, para
o
caso dos
marigots que
possuem suas cabeceiras relacionadas com as guas
vertidas dos macios cristalinos, conforme a distino feita por Besnard
(1950,
II,
p.
12).
Entre os detalhes morfolgicos
da
plancie de restingas da regio lagu
nar de Canania, merecem especial destaque, as pequenas falsias escul
pidas nos
estratos
horizontais
das piarras , em pontos
prefernciais de
ataque
marinho. A abraso
marinha
atingiu pores internas do sistema
lagunar, devido dinmica das correntes de mar e, especialmente, s pe
quenas vagas, formadas no interior
das
lagunas. Estabeleceram-se,
desta
forma verdadeiras
barrancas e abraso
esculpidas pelas vagas nos sedi
mentos
arenosos
mal
consolidados
pertencentes
aos antigos feixes de res
tingas. O
talude
de
tais
falsias
raramente ultrapassa
de 2 a 3
metros
de
altura. Grandes torres escuros de blocos de piarras desbarrancadas, ren
dilham
a base
das
falsias,
enquanto uma camada
no muito
espessa
de
areias de dunas, recobrem extensiva e discordantemente o tpo da formao
das piarras.
O solo vegetal que sustenta a raqutica vegetao regional foi estabe
lecido na superfcie cida
das antigas
areias ,de dunas, sendo constituido
por alguns poucos centmetros de
humus
misturados
s
areias elicas. As
piarras,
embora fundamentalmente
de origem
marinha,
possuem,
s
vzes,
cores escuras devido impregnao relativamente grande de matria org
nica oriunda de antigos manguesais, desaparecidos com o soerguimento
geral das estruturas arenosas. s piarras, a nosso ver, no passam de um
arenito de restinga, ligeiramente consolidado por
um
cimento
mangrovitico.
Conforme uma observao de Jos Setzer
(1949,
p.
181),
abaixo da
delgada capa de areias
de
dunas, vm-se sinais de um solo fssil, estabelecido
diretamente sbre as piarras. fcil perceber-se que a superfcie de con- '
tacto irregular existente entre as areias
brancas
superiores e os depsitos
horizontais arenosos
das
piarras, marca uma discordncia estratigrfica
no conjunto dos depsitos
recentes
da regio. Tal discordncia sedimen
tria est relacionada com o hiato responsvel pela fase de terraceamento
do antigo feixe de restingas. Enquanto as piarras devem ser pleistocnicas,
os depsitos arenosos
que
se sotopem aos baixos
terraos
esculpidos no
embasamento das piarras, devem ser holocnos.
Tais
pormenores estratigrficos,
aparentemente
sem importncia para
o estudo dos sambaquis regionais, tm na realidade
um
significado espe
cial, pois servem de referncia para nos explicar a posio
ocupada
pelos
sambaquis na
topografia e pilha estratigrfica regionais. Nos quatro sam-
baquis que visitamos, os grandes montes de conchas e ostras que os com
punham, estavam
sotopostos
s
camadas arenosas brancas, que
capeavam
as baixas colinas de piarras. .
Quando
os homens dos
sambaquis
iniciaram a construo daqueles
0uriosos jazigos arqueolgicos, a topografia e a estrutura da regio j se
apresentavam quase que exatamente como hoje. Apenas algumas reas de
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maguesais
resultantes de uma
colmatagem recente, foram acrescentadas s
paisagens antigas.
Como veremos, a regio lagunar
de
Canania, durante o perodo pre
histrico regional - correspondente
fase do
homem
dos
sambaquis
-
era um
sistema
de lagunas
e canais marinhos,
de drea lagunar um tanto
maior
que
a
atual. Havia
uma espcie
de outra geografia e contornos
em
relao aos bordos
internos das
plancies
de
restingas regionais. Onde hoje
existem extensos manguesais
estrangulando
marigots deveria ter exi -
tido
h
alguns sculos, ou dezenas de sculos, suaves e calmas enseadas,
circundadas
por
baixos
terraos
arenosos postados a escapo
de
quaisquer
inundaes.
Aqu chegados, paEsemos a expor as observaes especficas
que
nos
levaram
a eEsas e outras concluses preliminares, relacionadas
geografia
dos sambaqus.
Os homens dos sambaquis e a regio lagunar e Canania
A distribuio geogrfica dos sambaqus na ilha de Canania e na por
o
interna
da ilha Comprida, constitue excelente indcio do papel desem
penhado
pelos canais e
lagunas
regionais, como elementos bsicos do
teatro
geogrfico
das atividades
dos grupos
humanos
primitivos
que
ali viveram.
No
nece
ss
rio muito esf6ro de intuio
para
se chegar
concluso
de que, os homens dos
sambaqus constituiram na
regio, um
grupo
humano
adaptado
s condies de vida impostas pelas caractersticas geogrficas
da
planicie costeira marinha e pelo sistema lagunar. Suas canoas devem
ter
singrado as
guas
das
lagunas
e os rios regionais, por todos os recantos,
vasculhando aquela pequenina e homognea regio geogrfica. Os homens
dos
sambaqus
constituiram, al, assim como
que uma
civilizao
de canoei-
ros
e um
grupo
humano
conchfago
e
ictifago
por excelncia.
Na realidade, o abastecimento alimentar das populaes primitivas
que
ali
viveram
deve
ter tido
por base, quase exclusivamente, o peixe
das
lagunas e rios , e, as ostras das praias Tibiri 1941, p. 294). Os sam
baquis documentam uma parte da longa histria alimentar dos habitantes
da
regio.
Carc
aas
de ostras
esvaziadas e espinhas de peixes,
no
passam
de
restos diretos
da
rudimentar cosinha dos homens
que
construiram os
os sambaquis. Nesse sentido, os sambaquis brasileiros possuem caracte
rsticas iniludveis
de
legtimos
kjoekkenmoeddings .
Para obter as
enormes
quantidades
de berbiges
que intercalam
as
camadas de
ostras dos sambaquis, os antigos habitantes
da
regio tinham
que navegar alguns quilmetros e at dezenas de quilmetros pelo interior
das lagunas da ilha
Comprida. Os pedaos
de
ossos de baleia, parcialmente
queimados excelentes combustveis usados pelos homens dos
sambaqus
para a conservao do fogo), existentes no meio
das
ostreiras, tambm so
elementos estranhos, provindos
de
distncias
relativamente
grandes.
Mui-
tos
dos seixos fluviais,
de quartzo ou
quartzito,
que
serviram
de
base
para
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o
ILH
O
C RDOSO
ENTRADA
D
REGIO L GUN R
III
ILHA COMPRID
m
C N L
3m
~ R I O
m
ILHA
NOV
14 \S
24m
8m
N
5
sOOm
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-
2 2
a construo de certos elementos lticos, pertencem aos cascalhos dos rios
da
ilha do Cardoso ou aos cascalheiros dos terraos fluviais do mdio e baixo
Ribeira de Iguape, o que de qualquer forma
importa
em distncias relativa
mente grandes
para
a fonte de abastecimento daquele material rochoso.
Da mesma maneira, os pequenos blocos de granito que talvez tenham ser
vido como rst icas poitas de ancoradouros) hoje bastante decompostos,
encontrados de permeio com as ostras e conchas dos sambaquis, tambm
so elementos estranhos maior parte dos sitios que servem de base para
os sambaquis. Tudo indica a interveno
humana,
atravs viagens e
trans-
portes aquticos por excelncia. 1)
As primeiras idias retiradas na base
da
observao
da
localizao dos
sambaquis na regio Canania-Iguape, conduziram a algumas concluses
ba
stante falsas . Pensou-se que os sambaquis, localizados na poro mais
interna da plauicie costeira, constituissem os t estemunhos da linha de de
marcao primitiva
do
golfo de Canania-Iguape. Dentro dsse critrio,
aqules seriam os jazigos arqueolgicos mais antigos e os que teriam pre
cedido a formao
da
plauicie costeira regional. Tais observaes, baseadas
apenas no sentido
planimtrico
do mapa de distribuio dos
sa
mbaquis re
gionais, no resistem a qualquer critica,
quando
revistas na base das obser
vaes de campo.
A geomorfologia da planicie costeira e do sistema lagunar pode escla
recer que os sambaquis que bordejam o limite interno
da
planicie costeira
no d
eve
m
ser
necessriamente
os
mais antigos
nem to pouco aqules que
precederam a formao da plauicie marinha regional. Todos os sambaquis
da
regio foram construidos em perodo posterior colmatagem marinha
do golfo que ali existiu no pleistocno. Em outras palavras, a nosso ver,
quando os homens dos sambaqus ali chegaram,
j
existiam os baixos ter
raos arenosos e o importante organismo
lagunar
que viria servir de
teatro
geogrfico s atividades dos primitivos
habitantes.
A superficie de contacto entre
os
depsitos os sambaqus e
os
baixos terraos arenosos da regio
e
Canania
Pudemos observar, em diversos pontos, a superfcie de contacto entre
s
sambaquis e os terrenos arenosos
da
baixada costeira de Canania. Em
todos s lugares observados, s depsitos basais dos sambaquis encontra
vam-se sotopostos delgada
camada
de areia
branca
que capeia extensi
vamente
os terraos sedimentares marinhos
da
regio.
Enquanto os baixos terraos arenosos de piarras alcanam cotas m
dias que variam de 2,5 a 4 metros acima do uiveI do mar, s montes de
conchas e ostras dos sambaquis cons
titu
em uma anomalia local, na
to
po
grafia suave e homognea criada pela foras
da
natureza. Quebrando a
1) - Carlos Borges Schmidt 1949. p. 30-31); em seu
pequeno
e
agradve
l trabalho
sbre
os sam-
baqus da regio
de Cana
nia,
teve
a oportunidade
de
sumariar
os
mitos e tradies locais . referentes
aqueles
testem
unh os arqueolgicos. Por intermdio dsse trabalho podemos saber a maneira pela
qual as
populaes
litorneas
procuram
explicar a
gnese
e a histria obscura dos sambaqus.
Trata-se de in
terpretaes
int
eir
amente
falsas,
porm
profundamente arraigadas na
mente
simples
do
caiara e
do
homem
litor
.neo . -
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9/25
-
constncia do uiveI topogrfico dos terraos arenosos, os sambaquis atin
gem, psto que localmente, 5 a 6 metros acima do uiveI dos terraos, o que
lhes confere fros de verdadeiros pequenos mirantes
para
a observao
da
plauicie raza nos lugares onde a floresta est ausente.
Num
dos sambaquis estudados, situado prximo
barra
do
rio
Ba
guau, v-se
nitidamente
a superficie de contacto entre
os
dois tipos de
depsitos. Trata-se do primeiro terrao arenoso, bem marcado, existente
partir da barra atual do Baguau. A altura do terrao mal atinge 2,5 m,
enquanto sua extenso,
na
forma de barranca comum de rio, de pouco
mais de
uma
centena de metros. Os depsitos de conchas e ostras esvaziadas
foram localizados
nas
ltimas dezenas de metros que precedem o
talude
suavizado
da parte
tabular do baixo terrao arenoso. O concheiro acom
panha a suave topografia da baixa colina arenosa, mergulhando pelo declive
do talude do terrao, at entrar em contacto com as formaes limosas
pertencentes aos manguesais que se estendem por todos
os
lados na rea
da
desembocadura
do
Bagua, no Mar de Canania.
V-se, nitidamente, ali, que a expanso dos manguesais fez-se a
partir
de uma poca no muito recuada. O rio Baguau com tda a certeza,
desembocava a algumas centenas de metros montante do stio do samba
qui. Este, por sua vez, estava a cavaleiro de uma baixa colina arenosa,
situada numa das pontas de uma larga enseada esculpida nos bordos in
ternos da ilha Comprida. Hoje,
um
brao de meandro do rio Baguau,
transformado em margem de
ataque
- seco convexa - solapou a base
pouco resistente do terrao arenoso, criando localmente extensa linha de
barrancas. Disso resultam possibilidades excepcionais
para
o estudo -
nucioso do assoalho que serve de base para o sambaqui.
s baixos terraos . arenosos marinhos e
os
problemas da localizao
dos sambaqus
Em todos
os
sambaquis visitados (baixo Baguau, baixo Maria Rodri-
gues, Brocunia e rio das Ostras , pudemos notar que .as minsculas colinas
arenosas que servem de piso
para as
camadas basais dos sambaqus, formam
sempre uma dissimetria com a margem oposta dos rios que cruzam o stio
dos concheiros.
Enquanto
de
um
lado esto margens altas, constituidas
por
piarra ou sedimentos arenosos soerguidos quaisquer, pertencentes ao sis
tema de baixos terraos marinhos regionais; do outro lado, invarivel
mente, situam-se margens baixas e pantanosas, pertencentes a extensas
linguas de manguesais recentes.
Em
outras palavras, todos
os
perfis transversais de margem a margem,
que podemos traar na calha dos rios prximos aos sambaquis, sempre
demonstraram uma flagrante dissemetria local. Em qualquer dos casos
notava-se
uma
oposio
entre
as colinas arenosas dos terrenos marinhos
pleistocnicos, em relao aos depsitos limosos e escuros dos manguesais
holocnicos. Tais fatos chamaram nossa ateno, exigindo
uma
explicao
razovel. .
7/24/2019 Sambaqus Da Regio Lagunar de Canania
10/25
223 -
b; possvel que os sambaquis tenham sido localizados prximos dos
aldeamentos rsticos dos grupos humanos que os construiram. Por sua
vez, o stio ideal para o
h bit t
dos homens que
viveram
na regio lagunar,
eram as pequenas e calmas reentrncias das guas do mar de Canania.
Ali se conjugavam
uma
srie de fatores
positivos:
ancoradouros
bem
abri
gados, baixas colinas de terrenos firmes,
completamente
a escapo
.de
inun
daes e acesso fcil e rpido tanto para o Mar de Canlj-nia como para os
rios
que vinham ter s enseadas.
A colmatagem extensiva das antigas enseadas pelos manguesais
e
a
interpenetrao profunda dos baixios e reas pantanosas por todos os re
cantos dos rios afogados pelas guas
marinhas,
destruiu por completo o
quadro geogrfico que possibilitou a
vida
e as atividades das antigas tribus
regionais. b; possivel
mesmo
que a mudana gradual dos seus antigos
h
bitos e gnero de vida, esteja, em parte, relacionado com a fase de extenso
dos manguesais e a colmatagem generalizada dos braos de mares e canais
de rios afogados
que
ali existiram
um
dia.
Nada se pode adiantar, porm, no setor
da
cronologia dos fatos. Os
manguesais encontram-se embutidos nos sulcos existentes no drso dos
terraos marinhos pleistocnicos. Geolgicamente, pertencem ao holocno
constituem um processo
ainda
em
franca
atividade. Os novos mtodos
,usados pela arqueologia, na base do carbono 14, podero demonstrar a
idade dos sambaquis e balizar, a um tempo, o periodo que precedeu a ex
panso dos manguesais.
Para tanto,
os ossos semi-carbonizados de baleias
existentes de permeio s conchas e ostras dos sambaquis, muito podero
,contribuir. E, assim, uma cronogeologia, de maior mincia,
poder
ser
estabelecida em relao a alguns dos episdios mais recentes que
afetaram
nossa
fachada
costeira
atlntica
e a
vida
de seus
primitivos
habitantes.
A chegada dos grupos tupi-guaranis ao litoral e a consequente sobre
posio cultural imposta pela
guerra
e
por
um stock
mais
eficiente de
adaptao ecolgica, deve
ter
sido a causa essencial do declnio
da
civili
zao do homem dos sambaqus. Em certos casos, porm, pequenas modi
ficaes locais do meio fisico,
tais
como a colmatagem das enseadas pelos
manguesais, parecem ter contribuido para minar as tradies de adaptabi
lidade dos grupos humanos antigos
da
regio, facilitando o campo para a
chegada de outras tribus e culturas. O certo que, em funo dsses fatos
,todos, alguns sculos
antes
da descoberta do Brasil pelos europeus, j se
havia processado
nas
planicies costeiras atlnticas do pas,
uma
substitui
o aparentemente completa
da
civilizao do homem dos sambaqus pelas
sucessivas vagas de migraes
tupi-guaranis provindas das
longnquas pla
,nicies centrais
do continente.
ESPECULAES PREHISTRICAS
Como j foi dito no incio dste trabalho, os verdadeiros sambaqus,
,isto os amontoados de conchas e ostras decorrentes
da
atividade
humana,
:so montculos de propores geralmente
avantajadas,
situados
em
pontos
7/24/2019 Sambaqus Da Regio Lagunar de Canania
11/25
- 4
ligeiramente elevados, e quase sempre nas margens dos marigots (rios
de gua salgada) ou de lagoas. Seu substrato parece ser sempre areia
da
praia ou dunas. As dimenses dos monumentos que examinamos
na
regio
em
foco so
muito variveis;
alguns so pequenos, com apenas 4 a 6 me
tros
de altura, assentando em base que no ultrapassa de 200
m2;
outros
so
bem
maiores, exibindo s vzes
uma
dezena de metros de
altura,
com
bases que podem ser avaliadas em, mais ou menos, 800 m2 e mais at.
Sem poder afirm-lo, parece-nos, contudo, existir uma orientao defi
nida
na estrutura
dsses edifcios. De acrdo com o nmero de monumentos
que
nos foi dado observar, parece-nos que os pontos mais altos e as decli
vidades mais fortes acham-se orientadas com a face para
NE
e E,
enquanto
que o declive E mais suave, parecendo formar como que uma via de acesso
ao tpo do montculo. Por outro lado, em conformidade com o estudo dos
terrenos adjacentes, h razes para se crer que a localizao dos antigos
aldeamentos estaria situada a W dos sambaqus, no sentido da declividade
menos acentuada por
les
apresentada
.
No
insistiremos longamente sbre
esta
suposta orientao.
muito
provvel que
os
fatos observados sejam
devidos, apenas, a um acidente topogrfico local mas, indubitvelmente,
seria curioso verificar esta suposio em sambaqus ainda no explorados .
que mais chama a ateno quando se observa um corte do sambaqu,
uma espcie de estratificao (Foto
n.O
1 muito aparente e visvel em todos
os amontoados de conchas que pudemos examinar. A forma e composio
dessas camadas, afiguram-se-nos
um dos pontos mais misteriosos dsses
monumentos prehistricos. Com efeito, pela anlise de um corte vertical
determinado, circunstncia que seria mister aprofundar e verificar, pare
ce-nos que a constituio de
um
sambaqu no seria o res
ultado
de
uma
ao contnua e sim peridica.
Isto
equivale dizer que,
durante
um certo
,perodo, houve uma continuidade de contribuies e, logo a seguir, uma
interrupo brusca do acmulo de conchas. Evidentemente, verificou-se
nesse momento uma parada ou repouso bastante longo, de modo a permitir
a formao de uma vegetao provvelmente herbcea,
ma
s suficiente para
criar fina camada de
humus
Depois disso, recomea novo perodo de ac
-mulo de carapaas de moluscos, de modo a formar nova camada; essa nova
etapa sofre nova interrupo e reproduz-se o mesmo ciclo, da base ao cume
do sambaqui.
A primeira e mais simples explicao que nos acode ao esprito a de
que nos encontramos
em
presena de monumentos erigidos por populaes
instveis ou sujeitas a transmigraes peridicas. Nesse caso, poder-se-ia
supr que cada
camada
corresponderia a uma
etapa
mais ou menos longa
de permanncia de uma
tribo
no local. Depois, viria o seu abandono por
vrios anos, a que se seguiria nova ocupao. A hiptese, primeira vista,
pareceria muito aceitvel. No obstante, existem alguns pontos desta teo
ria que a
tornam
duvidosa. Sem falarmos da prpria constituio dessas
camadas, da qual nos ocuparemos mais alm, faamos uma , tentativa no
sentido de dar
uma
explicao plausvel para essas transmigraes peri
dicas. Nos povos primitivos, as transmigraes so geralmente
det
erminadas
7/24/2019 Sambaqus Da Regio Lagunar de Canania
12/25
225 -
por motivos vrios mas, um dos
principais,
de ordem econmica;
nos
de
vida
pastoril,
assumem
a
forma ou de nomadismo, em
regies semi-desr
ticas,
ou de transhumncia, em
zonas
temperadas. Nos povos agricultores
primitivos, sse
movimento
est principalmente na
razo
direta
do
empo
brecimento
das terras
ou
do
dessecamento do
clima, o
que
torna
a
transmi
grao
definitiva. No caso
em
apreo,
no nos parece
aplicar-se
qualquer
das
duas
hipteses, uma
vez que
os ndios
habitantes da
regio
considerada
foram
caadores e,
principalmente, pescadores;
como
tal, teriam
sido
pro
vvelmente
grandes consumidores
de
moluscos, como alis o
demonstram
os restos de animais encontrados
nos
sambaqus. curioso notar
que
at
agora no nos
foi
dado encontrar
restos
de
cervdeos e sudeos
nas escava
es feitas.
apesar
da
presena at hoje
abundante dsses
animais
na regio.
Apenas restos
de
pequenos mamferos como tats, pacas, cotias etc . foram
verificados. Pelo contrrio, os fragmentos
de
peixes so
encontrados
em
grande abundncia.
Dsse
fato, podemos deduzir que os
construtores de
sambaquis eram, sobretudo,
ictifagos
isto
,
mais
afeitos
pesca do
que
caa.
Estabelecida
a
premissa,
segundo a
qual
o construtor do sambaqu era
essencialmente pescador,
vejamos
se a
hiptese
das
transmigraes peri
.dicas
que parecem
ser regulares
para
todos os perodos
do
ano,
pode
ser
aceita.
Qualquer
explicao
de ordem
econmica
ou alimentar
deve, desde
j, ser
afastada, no
somente devido riqueza das
guas
da
regio,
mas
ainda partindo do
princpio
de
que geralmente as populaes primitivas
se
integram no
equilbrio biolgico
das
zonas
em que habitam.
Por conse
guinte, no nosso caso, a
atividade
humana
no
podendo ser
devastadora
por
falta de
meios e
de
nmero,
no
poderia,
ipso-fato
provocar nenhuma
modificao
importante
no
equilbrio
da sua
zona
de
influncia.
Quanto
segunda hiptese
-
mudana
de
clima
-
no pode obviamente, nem
entrar
em linha de
cogitao.
As causas
econmicas e
climticas que podem
originar transmigraes
no devem, portanto,
ser
tomadas em
considera
o.
Restaria, ainda,
a
hiptese
de
acontecimentos
sociais,
de
guerras entre
tribos.
Apesar
da estranha
regularidade
dos
acontecimentos
e
do retrno
contnuo das tribos
aos
mesmos
locais,
sempre depois de um perodo bas
tante curto para
s
permitir
a
formao de
vegetao
rasteira,
essa
hiptese
seria plausvel.
Infelizmente, aqui surge outro enigma:
o
da
composio
das camadas. Repetimos que
s
podemos julgar de acrdo com
a obser
vao
dos
cortes verticais
dos
s ~ b q u s em
explorao.
Tal circunstncia
de suma
importncia,
uma
vez
que
nessas condies
no
podemos
ter
noo da extenso da camada em relao superfcie total do sambaqu,
nem
de
sua localizao
em relao
a essa superfcie. Os diversos elementos
componentes
da
camada, particularmente, as ossadas humanas,
os
restos
de
cozinha e os
amontoados de
ostras, acham-se distribuidos irregularmente,
com
mais frequncia nas partes vizinhas do maior
declive
do
edifcio. As
camadas delimitadas por delgados veios
de humus so constitudas, sobre
tudo,
por pequenas conchas
pertencentes
quase
que
exclusivamente
a
lame
librnquios do gnero Anomalocardia para maior
facilidade
designaremos
.essa
concha
pelo seu nome vulgar: berbigo .
Em segundo lugar encon-
7/24/2019 Sambaqus Da Regio Lagunar de Canania
13/25
226
tram-se amontoados de conchas de
Gryphea brasiliensis
ou ostras de mangue
que, em alguns pontos, perfazem a espessura total
da
camada. O resto pode
ser considerado como incluses irregularmente distribuidas, principalmente
na
parte
ba
sal das camadas. Quanto s ossadas humanas, por vzes muito
numerosas, ao se examinarem os cortes verticais,
no
se pode formar idia
muito
clara dos motivos
que determinaram
a
sua
distribuio. Dizemos
motivos porque trata-se incontestvelmente de sepulturas, pelo menos em
grande
parte.
Indubitvelmente,
a distribuio dos materiais que constituem uma
determinada camada, nada tem de homognea, o
que
seria o caso de um
''kjoe
kkenmoedding''
clssico em que a distribuio dos materiais s pode
variar tericamente de uma estao para outra escapando percepo em
virtude do assentamento do material nas camadas. Nos sambaquis, nota-se
distribuio
extremamente
irregular em uma mesma camada, posto que
muito
semelhante de uma camada para
outra.
As ostras parecem ser sem
pre
agrupadas em grandes
quantidades
e exclusivamente, em
d e t e r m i n d o
pontos
de cada camada, repousando sempre diretamente sbre o veio de
humus nesses amontoados de ostras que so encontrados, em maior
abundncia, os r ~ s t o s de peixes e de mamferos. O ajuntamento de conchas
sempre disparatado. Estas trazem com
muita
frequncia, sinais de terem
sido abertas, significando isso
que
foram aproveitadas como alimento, o
que
perfeitamente natural. Quanto s ossadas humanas, so
encontradas
quase sempre, por entre as camadas de berbigo. O que
particularmente
estranhvel o fato de todo o resto
da camada
representado por crca de
60 a 85 do volume
total,
ser constituido por vlvulas de berbig:1o intactas
que, aparentemente, nunca serviram de alimento
e
apesar
da
compresso
milenar a que se encontram sujeitas, apresentam-se em grande parte fecha
das. Seria possvel, ento, considerar cada uma das
camadas
como sendo
composta de dois elementos
distintos: de restos de cozinha e de
um
grande
volume de conchas de berbigo que forneceria uma espcie de entulho,
completando a espessura e formando a camada.
Alm dsses elementos principais, as
camadas
contm ainda
duas
in
cluses caractersticas para os sambaqus da regio - numerosas pedras,
geralmente
brutas
, no lascadas mas com traos evidentes de terem sido
usadas.
Mais
raramente encontram-se utenslios
trabalhados
(encontramos
no sambaqu
de
Maria
Rodrigues fragmentos de um almofariz chato, um
ou dois piles, e
aparentemente,
um
fragmento
de pedra de fogo) .
No
se
deve perder de
vista
a circunstncia de que s existem pedras do mesmo
tipo num
raio de mais de 30 quilmetros dsse ponto. A
outra
incluso
representada
por pedaos calcinados de ossos de baleia. Geralmente, so
fragmentos do tamanho de
um
punho fechado, provenientes das partes
esponjosas do corpo das vrtebras,
mais
raramente das costelas. Todos sses
fragmentos acham-se calcinados
e
sabendo-se
que
essas
partes
dos ossos de
baleia
so impregnadas de leo, propiciando combusto ativa e prolongada,
tudo leva a crer, como
j
foi dito, que os primitivos de ento deles se ser
vissem para
alimentar
o fogo. Essa prtic parece ter sido constante no
7/24/2019 Sambaqus Da Regio Lagunar de Canania
14/25
- 7
decorrer de todo o perodo de edificao do sambaqu. (S nos referimos
aqui, ao sambaqui
do rio Maria
Rodrigues, j citado,
em
que
os
ossos
calcinados se encontram, em regular
quantidade,
em todas as cama,das).
Recapitulemos,
portanto,
os dados examinados neste captulo:
1.0
-
As camadas das quais no podemos avaliar a exten
so de cobertura em relao ao plano horizontal do edifcio,
acham-se separadas uma das outras por um fino veio de terra
vegetal. ltsses files indicam ter havido interrupes, provvel
mente de vrios anos, no processo de
amontoamento
dos
ma-
teriais.
2.) - A composio das camadas no homognea. A
maior parte do material representada pelo berbigo O restante
acha-se distribuido com muita irregularidade, sobretudo na
parte basal das camadas.
3.
- Os restos de cozinha (escamas, vrtebras e ossos de
peixes,
bem
como ossos de pequenos mamferos) so encontrados
raramente de
mistura
com o berbigo, o que parece demonstrar
que ste
ltimo
no
tem
relao direta com a alimentao.
4.) - O berbigo apresenta-se, em todos os sambaqus
da
:
regio, com
um
grande nmero de valvas intactas, o que con
firmaria a suposio precedente.
5.) - As ossadas humanas parecem estar localizadas, com
especialidade, nas
partes
das camadas formadas de berbigo.
6.) - Na construo do sambaqu, o berbigo parece fun
cionar comQ material de entulho, servindo para completar e
aplainar a superfcie de
cada
camada.
Na tentativa de interpretar a estrutura das camadas chega-se, a nosso
ver, a dedues estranhas. Com efeito, se os sambaqus fossem apenas
kjoekkenmoeddings , isto
,
simples amontoados de restos de cozinha, a
distribuio dos materiais seria homognea, as diferenas de vero e inverno
na alimentao
da tribo
no podendo refletir-se na
sua
estrutura.
De outro
lado, a presena de quantidades enormes de berbigo, provvelmente no
utilizado
na
alimentao, torna-se imcompreensvel num amontoado
de
restos de cozinha.
A curiosa estratificao dos sambaqus, que indica uma edificao su
jeita
a interrupes, misteriosa. ltsse mistrio, s pode ser desvendado
estudando-se a extenso horizontal das camadas, no decorrer de escavaes
cientificamente orientadas. Como
j
o fizemos notar, difcil aceitar a hi
ptese das transmigraes peridicas. As guerras entre tribos] Parece
pouco verossmil que os conflitos fossem espaados com tal regularidade
e
para
tdas as tribos, clans e aldeias da regio. Seria estranho
tambm
supor que as tribos antes de serem destrudas ou rechassadas pelo inimigo,
se dessem ao trabalho
de
aplainar as camadas com grandes quantidades
de
7/24/2019 Sambaqus Da Regio Lagunar de Canania
15/25
-
2 2 8
berbigo . De qualquer forma, nem a hiptese das transmigraes, nem
a das guerras, explicam a presena de quantidades exageradas do molusco.
Como se sabe, ste vive enterrado na areia das praias e nos baixos fundos
do mar aberto. Mesmo admitindo que na poca da constituio dos sam
baqus fsse le
muito abundante
seria necessrio
tempo
assaz considervel
e
mo
de obra numerosa
para
se conseguir recolher
to
enormes quantidades,
convindo no esquecer que, na poca, isso s poderia ser conseguido pelo
trabalho manual. Poderiamos admitir, na melhor hiptese, que uma equipe
de 15 homens, num dia de trabalho conseguisse lotar uma grande canoa ou
piroga, isto crca de 3/4 de metro cbico. Essa operao exigiria a expe
dio de 4 ou 5 embarcaes a vrios quilmetros
da
aldeia. Como parece
que as aglomeraes indgenas nunca foram muito populosas,
ta
l tarefa
exigiria aproximadamente o concurso da dcima parte de
um
grande aldea
mento. Considerando a espessura mdia de
uma
camada como sendo igual
a 40 cm, obteremos, como resultado, pouco menos de 2 metros quadrados
formados pelo trabalho de cada turma. ltste clculo, por si s, demonstra
que o esfro deve
ter
sido grande, porm no exagerado.
Entram
aqui fato
res psicolgicos. Em primeiro lugar, uma das caractersticas marcantes dos
indgenas
da parte
leste
da
Amrica do Sul,
bem
como dos
da
Amrica do
Norte, a sua inaptido ao
traba
lho contnuo exigindo esfro prolongado.
Em segundo lugar, o esfro requerido por sse
traba
lho de coleta, trans
porte etc., carece de objetivo prtico desde que o berbigo deixe de ser uti
lizado como alimento.
Para
concluir,
dada
a distribuio dos materiais,
cumpre lembrar que a constituio das partes das camadas formadas por
essas conchas, parece ter sido feita apressadamente, sendo os restos de cozi
nha encontrados em quantidades relativamente pequenas.
Era portanto necessrio haver um motivo poderoso capaz de sujeitar
essas populaes a
trabalho
de
tal
ordem, motivo
pe
lo qual, a nosso ver,
deve estar filiado ao exerccio de prticas mgicas. Dada a necessidade de
vrios anos para a edificao dsses depsitos e outros
tantos
para a cons
tituio
da
cobertura de
humus
deve-se
admitir
essa hiptese de pr-
ticas mgicas ou rituais, pois, sendo nitidamente peridicas e ao que parece,
bastante
espaadas no tempo, a nica que se ajusta razovelmente, aos
fatos observados.
Da, ao nosso ver, a importncia de pesquisas sistemticas e reiteradas,
com orientao
estritamente cientfica dos sambaqus espalhados pelo lito
ral.
E;
de lembrar, no
entanto
que essas jazidas prehistricas o so tambm
minerais e de alto intersse atual para a indstria. A prova est na sua
destruio si
stemt
i
ca
para
aproveitamento do clcio. Ao que parece, po
rm, o poder pblico deu-se
conta da
importncia cul
tura
l dos sambaquis.
E tambm de que o seu aproveitamento cientfico no destruir o inte
rsse industrial ou comercia
l.
As atividades
da
Comisso de Prehistria
recentemente instituda em So Paulo e de
uma
legislao lcida j
adotada
no Paran podero, talvez,
dar
a sse material preciosssimo
para
a cincia,
o destino que de esperar, por hora, pelo menos em dois Estados onde
existem duas Universidades : So Paulo e Paran.
7/24/2019 Sambaqus Da Regio Lagunar de Canania
16/25
2 2 9
RESUMO
E CONCLUSES
Trata
o presente
trabalho
de observaes geogrficas e arqueolgicas relacionadas
com os
sambaq
uis dispersos pela regio
lagunar
de Canania, no litoral
sul
do E. de So
Paulo.
Observaram os autores que a maioria dos concheiros daquela zona, repousa direta
mente sbre areia de
praia
ou de duna, achando-se localizados, quase sempre, margem
de um marigot (rio de gua salgada).
Partindo de observaes 1evadas a cabo em
quatro
sambaqus, passaram os autores
a estud-los e compar-los, considerando-os como testemunhos preciosos nas pesquisas
do ltimo perodo de gnese
da
regio.
Julgam,
assim,
que
ao
tempo em
que viveu
na
regio o homem do sambaqui , a configurao planimtrica da ilha de Canania e das
outras
partes
baixas
da
regio era considervelme
nt
e diferente da
atual.
Nos estudos de carcter geogrfico, de
st
acam os
autores
o trabalho de
Guerra (1951,
p. 3-18), em que sse gegrafo pe termo definitivo s an tigas controvrsias entre
as
cor
rentes
natura
lis
ta
e artificialista , demonstrando as diferenas que existem
entre
sambaqui
e
terrao
s marinhos (wave-built terraces).
Depois de analisarem detidamente a regio
laguna
r
de
Canania com suas restingas,
canais e baixas falsias esculpidas nos
estratos
horizontais
das piarras ,
pa
ssam
a exa
minar a provvel configurao do sistema de
lagunas
e canais marinhos,
durante
o pe
rodo prehistrico regional que, na opinio dos autores, devia ser mais recortada e menos
colmatada
por
manguesais que atualmente . A seguir, detm-se em consideraes sbre
os Homens do sambaqui. Entram, finalmente, em espe culaes prehistricas e depois de
estudar a estratificao das camadas e
0
material heterogneo nelas contido, formulam
a hiptese de
que
a construo do
sambaqui
est prov
velmente
ligada prtica de ritos
mgicos.
SUMMARY
This
paper
records a few geographic and archeologic observations reI a
ted
with
several
sambaqus
found
in
thc
lagoon region of Canania,
in
the
south coast of the State of S. Paulo.
Themajor part
of such shell-mounds
were
found
to
be lying directly
upon
beach or
dune
sand,
their
location being, generally,
at
the margin of
a
marigot
(salt-water river).
From the
observations
made at
four
different sambaqus the authors
have
concluded
that
these
mound
s
may be
considered a mo
st
valuable
material for the investigation of
the
region's near
past
history.
t
is belie
ved
that at the time the
Man-of-the-sambaqu was
living, the pIanime
tric configuration of the Isle of
Canania
and other
low
parts of the region
were considerably different
than at the present
time.
The
authors point
out
that
all
the
forme r controversies
between
the
naturalist and
artificialist currents
have
been
definitively settled by
the
work of
Guerra
(1951, p. 3-18)
in which
t he differences existing
between
the sambaqus and the wave-built terraces are
demonstrated
by
t-his
geographer.
The lagoon region of
Canania
with its
restingas , canaIs, etc., is
thoroughly analysed and the probable
configuration
of the lagoon
system
and marine canaIs
during
the prehistoric
period
is examined.
7/24/2019 Sambaqus Da Regio Lagunar de Canania
17/25
- 2 3
After a few speculative considerations about the prehistory of the re
gion and
after
studying the stratification of the sambaquis layers toge
ther with the
heterogenous materiaIs which are included in
them the au
thors present their hypothe
sis that the building oi these
mounds
was
pro
bably o n n e t ~ d with magic ritual practices.
B I B L I O G R F I
ABRE
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7/24/2019 Sambaqus Da Regio Lagunar de Canania
18/25
Foto n .O
Folo Ab 'S,ibcr, 1932
, 1 l l uo rio Baglla(
lI
, em foto ton' acla d e
E-NE pa r
a pOlleo
aC
JI1 H\.
da
ba rl'a
do
rio
no
l\ J
r
de
Cananeifl.
Ao fllndo, i t sillieta da
serra
do Itapitangui, um
dos
ac identcs
HI::
ti
S importantes
que Iimitnm l planicip- lagunar de Canalleif l para 0 interior.
Foio 11
7/24/2019 Sambaqus Da Regio Lagunar de Canania
19/25
Foto n.
O
3
Foto 13esnard. 195:
Paisagem
da
ant
i
ga
enseada Iagunar do alto l\1aria
Rodriguf s.
em fotografia tomada para
S-SE tendo como
ponto
de
vista o
topo do sambaqu do
rio das
Ostras. r rata-se de um vasto
mang'uesal que co
lm
atou recentemente a antiga pnseada existente
ao tempo
da construo dos
sambaqus.
Foto
l .0 4
Foto Besnard. 1952
A
spec
to
da
base
do
sambaq ui
do
rio
da
s
Ostras.
Os
restos de ostras assentam-se direta
mente sbl'e are ias
de
n t i ~ s
restingas
soergu idas.
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20/25
Fo t o 11 .
:>
Foto Ab Sber, HI52
Del alhes
do clnbasa:W'. llto do sambaqu do ba.ixo rio Baguall: a camada
basaI
de b
er
bi
ges
cape
ia o
baixo terrao
a r
enoso, mergulhando pe
lo
seu
ta lu
de la ter a
l. Uma
ca
mada
de areia
branca
de
lenis de dunas
interpem- se
entre a
base
do sambaqu e
as
camadas arenosas do
baixo
terrao de co nstruo marinha. nl exis tente .
Foto n O ()
1
,
oto Ab Sber, 1952
Outro
:18pecto da
base
do sa lllha.qu
do ba ix
o rio
Bagllau, num ponto
onrle
fi. mesmn
s itua-sc a 2. do nvel
mdio
do rio.
7/24/2019 Sambaqus Da Regio Lagunar de Canania
21/25
Fo
to
l .0
7
1 010
Hc:stlurd ,
lU.::;:'
A I I ~ 1 I 1 0 de
inclinao
do
s boruos tIo
u m h ~ q u de
Brocullia.
Folo
II U
Foi
o Be:snard, 1052
D elal he da. p
st rutul a
c
( o m p o ~ j ~ i o do
m h a q t
do
bn ixo rio l\ fari
..
H odl i
gll ,f-S;
ZQtln
de
contacto
entre as capas
df herhir-:es
l os J f stos ue ostnlf;.
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22/25
Foto 11, n
Foto
11, 1
Fo :.os Bes nal d, 195:2,
Fo tos 11. H e ]0 - De talh es
da estr
utura, interna d ( ~ um sambaqu em fase de de
str
ui ilo
(bai xo rio l
\I aria
Rodrigues). Notem-se os ncamamentos,
de
Cf rta frma cclicos,
en t
re os b ~ l -
higps o
s@lo
tudoso eseuro, , O : T P ~ r o l r i P I 1 t P ~
~ l O ~
r l i v e r d o r l o pm e
o
~ a m h a q t 1
f o
'plol ll:uio por
vegf ta( :1o,
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23/25
Foto
l .0
]
1
Foto
lJ.O 12 FoLos Besna rd , 19
j2.
Fotos
e 12 - Asvectos da
estr
u tur a
in ter
na lo
sambaqu l\laria
Rodrigues. Enquanto
as
pores centra is
possuem
acamamento hori7.ontal foto
0
11), OR bo rdos do sambaqu me r
gulh m
suavemente para
os l
ados
(fo
to
l .0 12),
dando
-
no
s I ll l
a
idpia
el e
sua
estrutura de di-
ven;as e tapas de seu longo perodo df eonstrnfio.
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24/25
ro to
n O
13
Foto
Besnard
. 195:l
Composio interna do sambaqu do
baixo l\1aria Rodrigues : berbiges em grandes
massas
entremeiados com
zonas
de so
los
turfo
sos
escuros
Foto l .0 14
Foto
Bes
nard
, 1952.
Fotografia document
ria sbre a destrui 10 in
te
nsa e
desreg:rada dos
sambaqus
paul
istas
rea
do rio Bl'o('u inin).
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25/25
Falo n.O l j
.-\b
Sfibcl ,
19,: 2.
Ostreiras atllU1s
dos
caiaras de
Canan
ia curioso e illcxJJlicvel
tipo
u e caieira COllfS-
irudo pe los ca iaras regiona is semel hana de
lim
a miniatllra de Rambaqu .