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Secretaria de Estado da Educação Superintendência da Educação Departamento de Políticas e Programas Educacionais Coordenação Estadual do PDE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

ÁREAS E PERÍMETROS: UMA ABORDAGEM SIGNIFICATIVA

PROF.ª PDE: Marise Ozieranski ORIENTADOR: JOÃO CESAR GUIRADO

MARINGÁ – PR

2012

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

UNIDADE DIDÁTICA

MARISE OZIERANSKI

Produção Didático Pedagógica apresentada à

Secretaria de Estado da Educação – SEED,

na disciplina de Matemática, como parte dos

requisitos do Programa de Desenvolvimento

Educacional – PDE 2012/2013, em convênio

com a Universidade Estadual de Maringá.

Orientador: Prof. Ms. João Cesar Guirado.

MARINGÁ – PR

2012

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

SUMÁRIO

1 FICHA DE IDENTIFICAÇÃO........................................................................... 3

2 APRESENTAÇÃO........................................................................................... 4

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................... 6

4 MATERIAL DIDÁTICO ................................................................................. 16

4.1 Atividade 1 – Questionário diagnóstico....................................................... 16

4.2 Atividade 2 – Planta baixa de uma casa ..................................................... 21

4.3 Atividade 3 – Diálogo sobre a atividade 2 ................................................... 22

4.4 Atividade 4 – Construção do metro quadrado ............................................ 23

4.4.1 Tipos de Geoplanos.........................................................................26

4.5 Atividade 5 – Geoplano ............................................................................. 27

4.6 Atividade 6 – Moldura do quadro ............................................................... 30

4.7 Atividade 7 – Palitos de fósforo....................................................................32

4.8 Atividade 8 – Figuras quadriculadas .......................................................... 33

4.9 Atividade 9 – Recobrimento da base da piscina ......................................... 34

4.10 Atividade 10– Exercícios..........................................................................36

4.11 Atividade 11– Dobrando e Triplicando........................................................37

4.12 Atividade 12– Produtos notáveis.................................................................39

4.13 Atividade 13 – Atividades com recortes em papel .....................................42

4.14 Atividade 14 – Explorando perímetros e áreas..........................................43

4.15 Atividade 15 – Deduzindo fórmulas de áreas..............................................43

5 ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS..............................................................47

6 REFERÊNCIAS ........................................................................................... 48

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1 FICHA DE IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

TURMA - PDE/2012

Título: Áreas e Perímetros: uma abordagem significativa

Autor Marise Ozieranski

Disciplina/Área (ingresso no PDE) Matemática

Escola de Implementação do

Projeto e sua localização

Colégio Estadual Adaile Maria Leite – EFM

Rua : Armando Crippa, 735

Município da escola Maringá

Núcleo Regional de Educação Maringá

Professor Orientador João Cesar Guirado

Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual de Maringá – UEM

Relação Interdisciplinar

Resumo

Esta Produção Didático-Pedagógica é requisito obrigatório do PDE, tratando-se da consolidação do que foi definido no Projeto de Intervenção Pedagógica. Pretende-se por meio deste trabalho oferecer aos professores de matemática do ensino fundamental uma proposta de sequência de atividades a serem realizadas pelos alunos do 9° ano, a fim de solidificarem os conceitos sobre áreas e perímetros de figuras planas, favorecendo o trabalho com as expressões algébricas. Utilizar-se-á, como recurso didático, o material manipulável conhecido como geoplano, que será manipulado pelos alunos de forma individual e também outros materiais pertinentes ao tema em estudo como recortes em papel, além de outros. O trabalho será desenvolvido com abordagem que perpasse as importantes temáticas da Educação Matemática: História da Matemática, Investigações Matemáticas e Resolução de Problemas, procurando favorecer a compreensão dos conceitos pelos alunos, mostrando-lhes que a Matemática é um conhecimento social e que são capazes de desenvolver estas habilidades, descobrir regularidades, levantar conjecturas, atuando ativamente no processo. Além disso, pretende-se que estas interações sejam realizadas com seus colegas e com o(a) professor(a), desenvolvendo conhecimentos de forma autônoma.

Palavras-chave Investigação matemática; Formação de conceitos; Materiais

manipuláveis

Formato do Material Didático Unidade Didática

Público Alvo Desenvolvido para os alunos do 9º ano do Ensino Fundamental

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2 APRESENTAÇÃO

Neste trabalho pretende-se desenvolver uma metodologia de ensino que

se afaste um pouco da educação tradicional, sustentada nos princípios de uma

visão de matemática como um corpo acabado de conhecimentos, de aulas onde o

professor, único detentor da verdade, repete para os alunos uma matemática

pronta e decorada.

Percebe-se, com as leituras realizadas dos textos mais atualizados, a

necessidade de diversificar estratégias e práticas pedagógicas visando ampliar,

também, a experiência matemática dos alunos, uma vez que se tem constatado

que os alunos apresentam elevado grau de desmotivação para o estudo em

matemática.

Para tanto, as atividades a serem desenvolvidas, na forma de uma

Unidade Didática, serão mais abertas, de cunho exploratório e investigativo, que

conformam uma concepção de matemática como algo dinâmico, um

conhecimento em construção, através do desenvolvimento de ideias e processos,

constituintes do pensar e fazer matemáticos.

Nessa forma de trabalho, a importância da resposta correta cede lugar à

importância da resolução, oportunizando aos alunos viverem, ao seu nível de

maturidade, o trabalho dos matemáticos profissionais.

No que diz respeito à resolução de problemas, temos uma situação que

demanda a realização de uma sequência de ações ou operações para obter um

resultado. Ou seja, a solução não está disponível de início, mas é possível

construí-la. Os problemas usualmente apresentados aos alunos não constituem

verdadeiros problemas porque não apresentam um real desafio nem a

necessidade de verificação para validar o processo de solução.

Para subsidiar o trabalho, serão utilizados materiais manipuláveis, pois

conforme ratificam diversos autores, a validação do uso desse tipo de material,

como ferramenta auxiliar do ensino, favorece a passagem do concreto ao

raciocínio abstrato.

Autores nos explicam que a manipulação ativa destes materiais leva os

aprendizes a desenvolverem um repertório de imagens que podem ser usadas na

manipulação mental de conceitos abstratos e, além disso, é descrevendo a

5

maneira como estão pensando e observando os objetos que os estudantes

podem alcançar a abstração.

O trabalho em atividades de investigação na aula de matemática leva os

alunos a uma participação e envolvimento ativos que ajuda a criar um ambiente

de trabalho estimulante, que pode ser desenvolvido individualmente ou em

pequenos grupos, cujas conclusões podem ser apresentadas em forma escrita,

oral ou ambas. Após, o trabalho realizado deve ser compartilhado por toda a

turma por meio de discussão, complementação e enriquecimento, pois a

realização desses três recursos constitui-se tarefa indispensável nesse tipo de

metodologia.

A elaboração de relatórios finais sobre o trabalho desenvolvido em

atividades de investigação tem sido, de longe, a forma de avaliação mais comum,

conforme apontam vários estudiosos que desenvolvem pesquisas nessa área,

como por exemplo, Brocardo, Ponte e outros.

Em diversas teses e dissertações disponíveis, é possível observar relatos

de professores mencionando que os alunos, terminada a realização de cada

tarefa, elaboram um relatório com o maior número de detalhes, podendo concluí-

lo em atividade extraclasse e entregue na próxima aula.

Devido a não linearidade ser uma característica da atividade de

investigação, esse tipo de avaliação é mais adequado, pois vai privilegiar muito

mais o processo (atores em interação) do que o produto (com resultado

estanque).

As tarefas selecionadas têm como objetivo que os alunos compreendam

como se faz uma generalização a partir de alguns casos particulares, utilizando os

processos de investigação, desenvolvendo assim habilidades como: a busca de

padrões; sistematização de resultados; realização de abstrações e

generalizações; formalização de resultados matemáticos.

As atividades propostas neste trabalho relacionam geometria e álgebra e

têm o objetivo de conduzir o aluno do processo de contagem para a busca de

generalização. Nessa direção, a álgebra ganha significado concreto.

Pretende-se, também, explorar o cálculo de áreas de uma maneira

intuitiva, chegando às fórmulas de uma maneira mais significativa.

6

A iniciativa de recorrer às letras no início de um raciocínio não é um

fenômeno que se dá espontaneamente nos estudantes, ele precisa ser ensinado

e estimulado por nós professores.

Conforme destaca Polya (2006, p.111) “A fala e o pensamento estão

intimamente relacionados, pois o uso das palavras ajuda a pensar”. Dessa forma,

o trabalho estimulará nos alunos tanto a comunicação oral quanto a escrita,

desenvolvendo-lhes a autonomia e a capacidade de trabalhar em grupo, agora

enquanto estudante, mais tarde, como cidadão.

A implementação do trabalho será feita com alunos do 9.º ano do Ensino

Fundamental, do Colégio Adaile Maria Leite, do município de Maringá- PR,

durante as aulas regulares da disciplina.

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Os subsídios teóricos que embasam este trabalho têm sua sustentação

na linha de pensamento filosófico que acredita ser o homem um ser social onde a

aprendizagem vai movimentar o seu desenvolvimento no sentido de que seja

possível usufruir de todo conhecimento científico construído pela humanidade

através de mediações instrumentais.

Para embasar tais colocações, buscamos o conceito vigotskyano, citado

por Damazio, ao afirmar que

O conceito científico é um sistema de relações que o homem já estabeleceu e que chegou ao nível de abstração com base em leis, princípios e teorias, apresentando propriedades próprias. Desenvolvem-se pela linguagem e reflexão (um processo de análise e síntese), o que exige atenção intencional e voluntária. É independente do contexto e são aprendidos pelos alunos em situação formal de educação (DAMAZIO in: SOBRINHO e

DAMAZIO (orgs.), 2010, p. 16)

Então, o nosso aluno está em formação e vai evoluindo por mediação da

ação dos professores, mas também de seus pares, tornando-se um ser

independente em relação ao mundo.

Ao nascer, possuímos as potencialidades biológicas e queremos

sustentar que qualquer conhecimento adquirido será por meio de interações

7

culturais. A cada estágio de desenvolvimento, ocorre uma percepção diferente e

isso nos leva a acreditar que o desenvolvimento é concebido por crises.

Dessa forma, o trabalho proposto situa os alunos enquanto autores do

seu conhecimento matemático, em processo de elaboração conceitual e, como

consequência, das tarefas por eles desenvolvidas. Assim, espera-se que seja

possível eliminar o rótulo de que a matemática é uma ciência pronta, acabada e

exata, pois o desenvolvimento da matemática passou por inúmeros processos de

avanços e equívocos, em que muitos matemáticos e estudiosos também

passaram por dúvidas e contradições.

Como diz Vigotsky (2001), é preciso apresentar ao aluno um ambiente

propício, de modo que com a orientação do professor, desenvolvam suas

potencialidades, adquirindo independência intelectual para realizarem sozinhos

aquilo que em outro momento não tinham condições e isso só será possível se o

aluno experienciar, de várias maneiras, o conteúdo abordado.

Para alicerçar essa fundamentação, apresentaremos, a seguir, um pouco

da história da matemática alusiva ao tema em questão.

Atualmente, a matemática desenvolvida é altamente sofisticada, mas que

deriva de ideias originalmente centradas nos conceitos de número, grandeza e

forma. A matemática surgiu como parte da vida diária do homem.

O desenvolvimento do conceito de número foi um processo longo

e gradual e é improvável que isso tenha sido a descoberta de um

indivíduo ou de uma tribo e pode ter-se desenvolvido tão cedo no

desenvolvimento cultural do homem quanto o uso do fogo, talvez

há 300 000 anos. Afirmações sobre a origem da matemática, seja

da aritmética seja da geometria, são necessariamente arriscadas,

pois os primórdios do assunto são mais antigos que a arte de

escrever (BOYER, 1974, p. 1).

Temos duas teorias opostas quanto às origens da matemática defendidas

por Heródoto e Aristóteles que não quiseram se arriscar a propor origens mais

antigas que a civilização egípcia, mas é claro que a geometria que tinham em

mente tinha raízes mais antigas. Heródoto acreditava que tinha surgido da

necessidade prática de fazer novas medidas de terras após cada inundação anual

8

no vale do rio Nilo. Já Aristóteles achava que a existência no Egito de uma classe

sacerdotal com lazeres é que tinha conduzido ao estudo da geometria.

O fato dos geômetras egípcios serem às vezes chamados “estiradores de corda” (ou agrimensores) pode ter tomado como apoio de qualquer das duas teorias, pois cordas eram indubitavelmente usadas tanto para traçar as bases de templos como para realinhar demarcações apagadas de terras. Não podemos contradizer com segurança nem Heródoto nem Aristóteles quanto à motivação que produziu a matemática, mas é claro que ambos subestimaram a idade do assunto (BOYER, 1974, p.4).

Há vestígios encontrados da época do homem neolítico que demonstra

através de seus desenhos e figuras a preocupação com relações espaciais que

abriu caminho para a geometria.

“Seus potes, tecidos e cestas mostram exemplos de congruência e, que

em essência são partes da geometria elementar.” (Boyer, 1974, p. 4). O problema

é que no período pré-histórico não há documentos, tornando impossível

acompanhar a evolução da matemática desde um desenho específico até um

teorema familiar.

Os mais antigos resultados geométricos encontrados na Índia formam o que se chamou os Sulvasutras, ou “regras da corda”. Tratava-se de relações simples que aparentemente se aplicavam à construção de templos e altares. Pensa-se usualmente que a motivação geométrica dos “estiradores de corda” no Egito era mais prática do que a dos seus colegas na Índia. [...] Devemos ter em mente que a teoria da origem da geometria numa secularização de práticas rituais não está de modo nenhum provada. O desenvolvimento da geometria pode também ter sido estimulado por necessidades práticas de construção e demarcação de terras, ou por sentimentos estéticos em relação a configurações e ordem. Podemos fazer conjecturas sobre o que levou os homens da Idade da Pedra a contar, medir, e desenhar. Que os começos da matemática são mais antigos que as mais antigas civilizações é claro. Ir além e identificar categoricamente uma origem determinada no espaço e no tempo, no entanto, é confundir conjectura com história (BOYER, 1974, p. 5).

9

Os currículos escolares devem oportunizar ao professor o ensino

integrado de geometria, álgebra e aritmética. A seguir, teceremos alguns

comentários que justificam essa colocação.

De acordo com Lima (1991) e Imenes (2002), etimologicamente,

geometria quer dizer medida da terra. Esta denominação grega é justificada pelo

mais antigo historiador que conhecemos, o grego Heródoto, que viveu há quase

2500 anos, que atribui aos egípcios a origem dessa ciência. Segundo ele, o

imposto que pagavam os proprietários de terra no Egito era diretamente

proporcional à área de cada lote. Assim, o cálculo de áreas e volumes é um

assunto milenar, cuja importância se revelou muito cedo, mesmo em civilizações

organizadas de modo simples em relação aos padrões atuais.

Já na álgebra, Diofante (aproximadamente século III a.C.), filósofo grego,

foi o primeiro a fazer uso de abreviações nos problemas e nas operações com os

números, estágio denominado de sincopado.

Conforme apontam Souza e Diniz (2008), a álgebra é a linguagem da

matemática utilizada para expressar fatos genéricos. Enquanto a aritmética trata

de números, operações e de suas propriedades, visando à resolução de

problemas ou de situações que exigem uma resposta numérica, a álgebra procura

expressar o que é genérico, aquilo que se pode afirmar para vários valores

numéricos independentemente de quais sejam eles exatamente. Assim

poderíamos afirmar que a principal função da álgebra é a de comunicar ideias

gerais envolvendo vários possíveis valores numéricos.

Segundo Niven (In: LINDQUIST e SHULTE (orgs.), 1994), os

compartimentos estanques há muito tempo desapareceram em matemática. A

integração do conhecimento é uma questão muito importante e não devemos

deixar passar boas oportunidades naturais para unificar tópicos diferentes.

A geometria é uma matéria visual, de modo que as figuras são de

importância fundamental para seu aprendizado.

Segundo Linda J. Deguire (in LINDQUIST e SHULTE (orgs.), 1994), é

possível citar muitas razões para que se estude geometria na Educação Básica.

Uma delas é a oportunidade que a geometria oferece de ensinar a resolver

problemas e ensinar para resolver problemas.

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Os conceitos e ideias da geometria se aplicam a uma vasta gama de

feitos humanos – na ciência, na arte e no mercado. Podemos destacar também o

prejuízo que ocorre quando a geometria fica esquecida [...], pois o não estudo de

uma parte da matemática acarreta o não desenvolvimento do tipo de pensamento

referente a essa parte (LORENZATO, 2006, p. 58). Ainda segundo este autor,

[...] todos os campos da matemática previstos no currículo oficial

devem ser ensinados, e mais, de modo integrado.Assim fazendo,

os alunos irão perceber a harmonia, coerência e beleza que a

matemática encerra, apesar de suas várias partes possuírem

diferentes características, tal qual uma orquestra.No entanto, para

fazer essa integração é preciso identificar pontos de conexão

entre os campos, bem como respeitar as características de cada

campo (vocabulário, simbologia, regras, conceitos, definições)

(LORENZATO, 2006, p.60).

O mesmo autor lembra que essa proposta de ensino pode ser útil também

para atender ao currículo em espiral e que, para muitos alunos, pode ser um

apoio para a aprendizagem, pois facilita a percepção do significado de conceitos e

símbolos.

Outro recurso importante que fundamenta o trabalho proposto é a

abordagem da Investigação Matemática em sala de aula, uma vez que, na

implementação, objetiva-se abordar essa linha de pesquisa, perpassando pela

História da Matemática e pela Resolução de Problemas.

Segundo Ponte et al. (2009), investigar não significa necessariamente

lidar com problemas muito sofisticados na fronteira do conhecimento. Investigar

significa procurar respostas com fundamentação e rigor aos problemas para os

quais não temos uma resposta pronta.

O que mais fortemente caracteriza as investigações é o estilo de

conjectura - teste - demonstração, constituindo uma poderosa forma de construir

conhecimento. Para os matemáticos profissionais, investigar é descobrir relações

entre objetos matemáticos conhecidos, procurando identificar as respectivas

propriedades.

11

Uma investigação matemática desenvolve-se usualmente em torno de um

ou mais problemas, podendo os alunos generalizarem a partir da observação de

casos.

Aprender Matemática não é simplesmente compreender a

Matemática já feita, mas ser capaz de fazer investigação de

natureza matemática (ao nível adequado a cada grau de ensino).

Só assim se pode verdadeiramente perceber o que é a

Matemática e a sua utilidade na compreensão do mundo e na

intervenção sobre o mundo. Só assim se pode realmente dominar

os conhecimentos adquiridos. Só assim se pode ser inundado

pela paixão “detetivesca” indispensável à verdadeira fruição da

matemática. Aprender Matemática sem forte intervenção da sua

faceta investigativa é como tentar aprender a andar de bicicleta

vendo os outros andar e recebendo informação sobre como o

conseguem. Isso não chega. Para verdadeiramente aprender é

preciso montar a bicicleta e andar, fazendo erros e aprendendo

com eles (BRAUMANN, In: PONTE, 2009, p.19).

Os processos usados numa investigação matemática abrangem

inicialmente: 1) o reconhecimento da situação, a sua exploração preliminar e a

formulação de questões; 2) o processo de formulação de conjecturas; 3)

realização de testes e o eventual refinamento das conjecturas; 4) demonstração e

avaliação do trabalho realizado.

Queremos reforçar que as investigações matemáticas constituem uma

das atividades que os alunos podem realizar e que se relacionam, de muito perto,

com a resolução de problemas.

Na disciplina de Matemática, como em qualquer outra disciplina escolar, o

envolvimento ativo do aluno é uma condição fundamental da aprendizagem. O

aluno aprende quando mobiliza os seus recursos cognitivos e afetivos com vista a

atingir um objetivo. Ao requerer a participação do aluno na formulação das

questões a estudar, essa atividade tende a favorecer o seu envolvimento na

aprendizagem.

O papel do professor neste tipo de trabalho é o de ficar mais de

retaguarda. Cabe-lhe então procurar compreender como o trabalho dos alunos se

vai processando e prestar o apoio que for sendo necessário.

12

No caso em que os alunos trabalham em grupo, as interações que se

geram entre eles são determinantes no rumo que a investigação irá tomar. É

nessa fase que se vão embrenhando na situação, familiarizando-se com os dados

e apropriando-se mais plenamente do sentido da tarefa. A situação de trabalho

em grupo potencia o surgimento de várias alternativas para a exploração da

tarefa. Os alunos procuram integrar os seus conhecimentos matemáticos na

investigação, algo que o professor deve estimular no decurso da aula. Os autores

ressaltam a importância da realização de um registro escrito do trabalho de

investigação. É fundamental que o professor procure levar os alunos a

compreender o caráter provisório das conjecturas. O professor tem um papel

determinante nas aulas de investigação.

Uma das grandes vantagens de apresentar uma postura interrogativa nas

aulas com investigação é o fato de ajudar os alunos a compreenderem que o

papel principal do professor é o de apoiar o seu trabalho e não simplesmente

validá-lo. Uma conjectura só assume o papel de conclusão válida para todos os

casos a partir do momento em que é demonstrada. Realizando investigações, os

alunos podem desenvolver competências numéricas indispensáveis no mundo de

hoje.

Segundo Ponte et al. (2009, p.71) “A Geometria é particularmente

propícia, desde os primeiros anos de escolaridade, a um ensino fortemente

baseado na exploração de situações de natureza exploratória e investigativa.”

Outra recomendação curricular geral que tem vindo a ser salientada já há

alguns anos é a de utilizar, na sala de aula, material manipulável. Dentre vários

autores que justificam a importância da utilização de materiais visuais e táteis,

citamos a recomendação do The Nacional Council of Teachers of Mathematics

(NCTM)

• Todas as salas de aula devem ser equipadas com conjuntos de

material manipulável (por exemplo, cubos, placas, geoplanos,

escalas, compassos, réguas, transferidores, papel para traçado de

gráficos, papel ponteado).

• Professores e alunos devem ter acesso a material apropriado

para desenvolver problemas e idéias para explorações.

(NCTM , 1989 apud PONTE, BROCARDO e OLIVEIRA, 2009, p.

87).

13

Encontramos, também, nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica

do Estado do Paraná a validação para utilização dessas ferramentas como uma

das formas de o aluno expressar seu conhecimento a fim de superar dificuldades

que o professor verificou pela observação sistemática durante o processo

avaliativo. Salienta-se, porém, que o uso de material manipulável deve estar

cercado de cuidados, lembrando que não deve ser utilizado com um fim em si

mesmo, mas um meio para através da reflexão se chegar à aquisição de um

conhecimento específico. Confirmando o exposto, citamos Serrazina (1990), que:

[...] ao analisar a utilização de materiais didáticos no ensino da

matemática, observa que deve haver um cuidado especial quando

se pretende fazer uso desse recurso, e que, nesse aspecto, o

professor tem um papel fundamental (SERRAZINA, 1990 apud

PASSOS in LORENZATO, 2009, p. 78).

Dessa forma, o uso de materiais manipuláveis vai servir como um meio

para alcançar os objetivos propostos, na medida em que a aprendizagem deve

ocorrer pela compreensão dos conceitos e isso é um processo que acontece no

interior do indivíduo, mas que será favorecido pelas interações do indivíduo com o

mundo.

A importância do material manipulável é também enfatizada por Rêgo e

Rêgo (2009), ao afirmarem que

[...] o material concreto tem fundamental importância pois, a partir

de sua utilização adequada, os alunos ampliam sua concepção

sobre o que é, como e para que aprender matemática, vencendo

os mitos e preconceitos negativos, favorecendo a aprendizagem

pela formação de idéias e modelos (RÊGO e RÊGO, 2009, p. 43).

Ainda segundo esses autores, é importante frisar que a utilização de todo

e qualquer recurso didático exige cuidados básicos por parte do professor, entre

os quais destacam:

14

dar tempo para que os alunos conheçam o material

(inicialmente é importante que os alunos o explorem

livremente);

incentivar a comunicação e troca de idéias, além de discutir com

a turma os diferentes processos, resultados e estratégias

envolvidos;

mediar, sempre que necessário, o desenvolvimento das

atividades por meio de perguntas ou da indicação de materiais

de apoio, solicitando o registro individual ou coletivo das ações

realizadas, conclusões e dúvidas;

realizar uma escolha responsável e criteriosa do material;

planejar com antecedência as atividades, procurando conhecer

bem os recursos a serem utilizados, para que possam ser

explorados de forma eficiente, usando o bom senso para

adequá-los às necessidades da turma, estando aberto a

sugestões e modificações ao longo do processo; e,

sempre que possível, estimular a participação do aluno e de

outros professores na confecção do material (RÊGO e RÊGO,

2009, p. 54).

Dentre os materiais manipuláveis a serem utilizados no desenvolvimento

deste trabalho, destacamos o Geoplano. Esse recurso, trata-se de uma tábua

plana que possibilita o desenvolvimento de conteúdos da álgebra e,

principalmente, da geometria. Esse termo deriva da palavra inglesa geoboards ou

da palavra francesa geoplans onde geo vem de geometria e board/ plan significa

plano, tábua, tabuleiro ou superfície plana.

Estima-se que o primeiro a falar sobre o Geoplano foi Caleb Gattegno, do

Institute of Education, London University, em 1961. Esse educador egípcio foi

reconhecido mundialmente pelas suas pesquisas em Educação Infantil, divulgou

as famosas barras de Cuisenaire e, por toda a sua vida, dedicou-se à criação de

materiais pedagógicos.

Esse material é, em geral, apresentado em uma placa de madeira com

pregos ou pinos (representando pontos no plano), espaçados entre si, mantendo

a mesma distância, de modo a formar uma malha, a qual pode ter vários aspectos

15

estruturais e entre os pontos, esticam-se elásticos que permitem desenhar as

mais diversas figuras geométricas.

No mercado e em Laboratórios de Ensino de Matemática, pode-se

encontrar diversos tipos de Geoplano: os isométricos (os pregos são colocados

na interseção das linhas), os quadrangulares (os pregos mantêm a mesma

distância nas linhas e nas colunas), os circulares (os pregos são dispostos em

círculos concêntricos), os trelissados (os pregos são dispostos de modo que

estejam alinhados obliquamente), os ovais (os pregos são dispostos em forma

elíptica). Neste trabalho, utilizaremos o geoplano quadrangular, pois a disposição

dos pregos permite que sejam elaborados alguns conceitos: a unidade de

comprimento é a distância entre dois pregos adjacentes e a unidade de área é a

superfície do menor quadrado formado por pregos. Além desses, há os geoplanos

artesanais, para fins decorativos.

Esse recurso didático-pedagógico tem sido considerado de suma

importância na Educação Básica por se tratar de um material dinâmico e

manipulativo (construir, movimentar e desfazer), o que facilita a aprendizagem e

permite que aluno e professor(a) se desprendam do ambiente tradicional da sala

de aula para um momento mais interativo e concreto, o que facilita a construção

do conhecimento. Além disso, contribui para explorar problemas geométricos e

algébricos, que reproduzidos em papel quadriculado, possibilitam a aferição de

conjecturas.

Outra importante razão para o seu uso reside no fato de o material

oportunizar o raciocínio com objetos e, portanto, favorece o ensino por meio da

resolução de problemas, pois conforme destaca Deguire (1994, p.78) “Cada uma

delas pode ser uma excelente atividade de aprendizagem e também pode ser

ampliada para favorecer desafios de resolução de problemas”. A autora ratifica

sua posição, mencionando que os resultados das atividades devem ser

registrados em papel pontilhado com disposição semelhante ao geoplano, para

que os alunos sejam desafiados a desenvolver estratégias de resolução de

problemas, como a tentativa e erro, além de outras possibilidades inicialmente

não previstas.

Os geoplanos usados como recurso para atividades de investigação na

Educação Básica podem proporcionar interessantes experiências geométricas,

16

propondo desafios de forma, dimensão, semelhança e, mais tarde, em teoria dos

grupos e nas geometrias métrica e projetiva.

Com o geoplano, pode-se também trabalhar importantes conteúdos, tais

como: a tabuada e as quatro operações; frações e suas operações; as leis de

formação de funções, relacionada aos números quadrados e triangulares; as

grandezas de medida; sequência; perímetro e área; simetria, reflexão, rotação,

translação; a demonstração do Teorema de Pitágoras, fazendo com que o aluno

construa a fórmula; os produtos notáveis e o procedimento de completar

quadrados; dentre tantos outros assuntos matemáticos.

4 MATERIAL DIDÁTICO

A seguir, apresentaremos algumas atividades que podem ser

desenvolvidas junto aos alunos, tendo sempre em mente nossa proposta de

trabalho, baseada na investigação matemática.

4.1 ATIVIDADE 1 – Questionário Diagnóstico

Esta atividade tem por objetivo verificar o conhecimento dos alunos sobre o

conceito de área e perímetro, tendo em vista que esse assunto já foi ou deveria

ter sido abordado anteriormente. Para isso, será aplicado um questionário com

questões inerentes à metodologia do trabalho, por se tratar de investigação

matemática, e após, um rol de exercícios sobre área e perímetro. O questionário

será respondido individualmente e, após, tabulado.

Questionário/Atividades diagnósticas

Caro aluno, este questionário servirá como ponto de partida ao nosso

trabalho com a metodologia de Investigação Matemática. Para isso, procure

responder a todas as questões e, desde já, agradeço.

(A) Por que é importante estudar Matemática?

(B) Para você, o que é investigação? E investigação em Matemática?

(C) Explique o que é uma conjectura.

(D) Complete corretamente as tabelas a seguir:

17

0 1 2 3 4 5 6 ... l

0 4 16

0 1 2 3 4 5 6 ... n

0 4 8

(E) Utilizando o retângulo abaixo como unidade de medida, meça quantas vezes

esse padrão “cabe” nas outras figuras:

(F) Escreva uma fórmula para determinar o perímetro em função das medidas

dos lados de cada figura, expressas na mesma unidade, as quais serão

representadas por letras minúsculas de nosso alfabeto.

a) Paralelogramo c) Triângulo equilátero

b) Losango d) Hexágono regular

unidade

18

(G) Calcule a área das figuras a seguir:

a) b)

6 cm 3 cm

2,8 cm 2,4 cm

1,75 cm 1,75 cm

c)

2,7 cm

3 cm

d) e)

4 cm 2,6 cm

2,8 cm

19

f)

2,8 cm

4,1 cm

5 cm

g)

2,6 cm

2,6 cm

(H) Associe os quadrados aos trinômios que representam as suas áreas. Para

isso, escreva a letra e o número correspondentes.

(1)

20

(2)

(3)

(I) Desenhe em seu caderno um quadrado cuja medida do seu lado seja

3x + 2. Em seguida, escreva o polinômio que representa a área do quadrado

que você desenhou.

Comentários:

O(A) professor(a) que adotar esse questionário em suas aulas deve estar

atento para complementar, se necessário, as informações dos alunos referentes

ao item A, apontando que a Matemática não pode ser vista simplesmente como

aplicação e exerce papel crucial no desenvolvimento de muitas ciências. Todavia,

em nível escolar, cabe ressaltar sua importância em inúmeras atividades

cotidianas, auxilia na futura profissão e, principalmente, ajuda a pensar e a

compreender.

No item B, é provável que os alunos se reportem ao termo

semanticamente. Cabe ao professor mostrar, por meio de exemplos, que

21

investigação em matemática não tem o caráter policialesco comumente

empregado, pois, em geral, a primeira noção que nos vem à mente é relativa à

inquirição de testemunhas, mas, em sentido amplo, investigação é uma

indagação ou pesquisa que se faz buscando, examinando e interrogando.

No item C, é provável que muitos alunos não conheçam o termo

“conjectura”. Nesse caso, o professor deve permitir que os alunos consultem um

dicionário e, após, acrescente, com exemplos, alguma conjectura plausível de ser

aceita ou refutada pelos alunos.

No item D, a intenção é fazer os alunos encontrarem a generalização em

cada caso.

No item E, observe que a unidade de medida não “cabe” nas figuras

apresentadas, mas é possível fazer uma comparação entre a unidade de medida

e a área das demais figuras. A indicação do resultado pode ser expressa na forma

de uma fração própria, imprópria ou aparente.

No item F, cabe ressaltar que o conceito de perímetro tem sido trabalhado

como a “soma das medidas dos lados” e isso só é válido para polígonos, pois as

figuras não poligonais apresentam por perímetro a medida do contorno da figura.

No item G, objetiva-se verificar se os alunos recordam das fórmulas das

áreas de figuras planas e se as utilizam corretamente.

4.2 ATIVIDADE 2 – Planta baixa de uma casa

O objetivo desta atividade é explorar o conceito de área e perímetro de

figuras planas. Para isso, cada aluno receberá uma ficha de atividade descrita a

seguir, para ser respondida como atividade extraclasse.

FICHA-ATIVIDADE

Você está recebendo a planta baixa de uma casa térrea. A partir da leitura desta

planta, responda o que se pede:

22

1) Qual a escala utilizada?

2) De acordo com a escala, quantos metros de comprimento tem a cozinha?

Quantos metros de largura tem a cozinha?

3) Se você fosse ladrilhar a cozinha desta casa, qual o seu procedimento para

saber a quantidade de ladrilhos necessários?

4) Como você faria para descobrir a medida do rodapé da cozinha? (Lembre-

se de desconsiderar as portas)

Observação: Se você tiver dificuldade em responder às questões propostas,

converse com seus familiares, consulte algum vizinho que entenda do assunto ou

pesquise em alguma fonte confiável.

4.3 ATIVIDADE 3 – Diálogo sobre a atividade 2

De posse das respostas trazidas pelos alunos, explorar a oralidade,

valorizando a troca de informações entre os mesmos e a professora. Neste

momento, será recordado o conceito de escala, bem como as unidades de

medidas padrão uni e bi-dimensionais, relembrando a nomenclatura matemática.

Em seguida, para fixação, será solicitado que os alunos, em dupla, elaborem uma

3,36

23

lista, com, pelo menos, cinco medições que sejam lineares e cinco que sejam de

superfície.

4.4 ATIVIDADE 4 – Construção do metro quadrado

O objetivo desta atividade é construir o metro quadrado. Para isso, os

alunos, em duplas, deverão marcar, em uma folha de papel conveniente, 1 metro

no sentido do comprimento e, a partir dos extremos dos segmentos obtidos,

marcar, perpendicularmente, 1 metro no sentido da largura e, em seguida, unir os

outros dois extremos, obtendo um quadrado. A área do quadrado obtido será de 1

metro quadrado (1 m2).

Utilizando esta unidade de medida, os alunos deverão estimar a área da

sala de aula. É provável que a unidade de medida não caiba um número inteiro de

vezes na superfície a ser medida. Nesse caso, o professor deverá observar as

diferentes estratégias de solução, mostrando a necessidade dos submúltiplos do

metro quadrado.

Caso nenhum aluno tenha apresentado o resultado como uma

aproximação do produto das dimensões lineares da sala, o professor deverá

solicitar que os alunos o façam. Todavia, para confirmação de que a área de

superfícies retangulares é dada pelo produto da medida do comprimento pela

medida da largura, sugerimos que o(a) professor(a) proponha atividades

utilizando malhas quadriculadas, em que cada quadradinho representa uma

unidade de medida de área, como por exemplo a que segue:

Determine a área de cada figura desenhada na malha, utilizando um

quadradinho ( ) como unidade de medida.

24

Nesse momento pode-se questionar a respeito da quantidade de pessoas

que cabem, em pé, em uma superfície que mede 1m2. Pode-se levantar

questionamentos fazendo-os correlacionar a matemática com o cotidiano, tais

como:

1) Você sabia que há uma lei que garante qual o espaço que cada aluno deve ter

dentro da sala de aula? Qual é esse espaço? Em nossa escola essa lei está

sendo respeitada? E quando há a presença de um aluno cadeirante?

2) Como são estimadas as quantidades de pessoas em eventos públicos?

3) Há lei que especifique a quantidade de prisioneiros em cada cela? Isso tem

sido respeitado?

Na sequência, pode-se propor atividades com o submúltiplo do metro

quadrado, o decímetro quadrado (dm2). Para isso, os alunos confeccionarão, em

papel, o decímetro quadrado, da mesma forma que fizeram para o metro

quadrado. De posse desse material, propor que respondam o que segue:

a) Quantos quadrados de um decímetro quadrado de área são necessários

para recobrir o quadrado de um metro quadrado de área?

b) Utilizando essa nova unidade de medida (dm2), estime qual a medida da

superfície de sua carteira.

É provável que surjam respostas expressas não apenas por números

inteiros. Assim, devemos, neste momento, salientar que quando se trata de

medidas, é mais provável encontrarmos um número decimal, do que números

inteiros.

25

Para justificar a necessidade de uma unidade padrão de medidas, o(a)

professor(a) solicitará que dois alunos de estaturas diferentes meçam uma das

dimensões da sala de aula, utilizando o comprimento de seus pés como unidade

de medida. A partir de questionamentos, fazê-los compreender a necessidade das

unidades-padrão. E no caso das áreas? Com azulejos de tamanhos diferentes, o

que ocorrerá na compra da quantidade para revestir determinado espaço?

Ao final deste trabalho, solicitar, aos alunos, a realização de um relatório

com o registro das conclusões observadas.

Na sequência, serão abordados alguns tópicos da história relativa a esses

assuntos. Para isso, serão utilizados textos e vídeos, tais como o texto do livro

didático da 5ª série “Coleção Matemática para todos”, dos autores Luiz Márcio

Imenes e Marcelo Lellis, complementadas com as duas linhas de pensamento,

quanto ao surgimento das medições defendidas por Heródoto e Aristóteles.

Novamente, será solicitado aos alunos a confecção de um relatório,

inclusive com ilustrações relacionadas ao tema.

A partir daqui, terá início um trabalho com atividades exploratórias

investigativas, fazendo uso do geoplano, papel pontilhado ou quadriculado, palitos

de fósforo e recortes em papel. Como ilustração, para que eles não percam as

dimensões do metro quadrado, do decímetro quadrado e do centímetro quadrado,

será afixado, na parede da sala de aula, um exemplar dos respectivos materiais

por eles confeccionados.

Antes de iniciar o trabalho com o geoplano, é importante tecer

comentários sobre esse material, conforme exposto na Fundamentação Teórica.

Além disso, é importante apresentar aos alunos os vários tipos de geoplanos,

embora o trabalho pedagógico será realizado apenas com o geoplano

quadrangular.

Sugere-se que cada aluno tenha o seu geoplano para a realização das

atividades investigativas e exploratórias, o qual será confeccionado com pinos

cilíndricos e não pregos com cabeça, como em geral são comercializados, pois

esse último material pode ferir os dedos dos alunos. Em relação aos elásticos,

pode-se utilizar não apenas os chamados elásticos de dinheiro e sim elásticos

utilizados em confecção, por serem mais resistentes.

26

4.4.1 Tipos de geoplanos

a) Quadrangulares

(os pregos mantêm a mesma distância nas linhas e nas colunas)

b) Circulares

(os pregos são dispostos em círculos concêntricos)

c) Trelissados ou isométricos

(os pregos são colocados na interseção das linhas, ou seja, os pregos são

dispostos de modo que estejam alinhados obliquamente)

27

d) Ovais (os pregos são dispostos em forma elíptica)

e) Artesanais (utilizados como decoração)

Neste trabalho, utilizaremos o geoplano quadrangular, pois a disposição

dos pregos permite que sejam elaborados alguns conceitos: a unidade de

comprimento, que é a distância entre dois pregos adjacentes; a unidade de área,

que é a superfície do menor quadrado formado por pregos.

ATIVIDADE 5 – Geoplano

As atividades a seguir são relativas a trabalhos com o geoplano, em que os

alunos trabalharão em duplas.

1) Escolham um número primo, um número composto e um número quadrado

perfeito. No geoplano, construam todos os possíveis retângulos com lados

de medidas inteiras e com área igual aos valores escolhidos por vocês e

estabeleçam conjecturas quanto ao número de figuras obtidas em cada

caso, considerando que duas figuras de mesmas dimensões, embora

posicionadas de maneiras diferentes, serão computadas como uma única

figura.

Após a realização da atividade e das conclusões dos alunos, o(a)

professor(a) complementará os estudos, fazendo uma síntese dos resultados:

Se o número escolhido for primo, haverá apenas uma maneira de

construir o retângulo;

Se o número escolhido for composto, haverá mais de uma maneira

de construir o retângulo. Essa quantidade é um número par? Veja

que para os números compostos 6, 8, 10, 14 etc., a quantidade de

28

retângulos é par; porém, para os números 12, 18, 20 etc., a

quantidade de retângulos é impar;

Se o número escolhido for um quadrado perfeito, haverá um número

par de retângulos, sendo necessariamente, um deles um quadrado.

2) Construam agora todos os retângulos com medidas de lados inteiras e com

área 36 u2. Agora respondam:

a) Se se tratasse de salas de aula, o que poderíamos afirmar sobre a

distribuição desse espaço?

b) Meçam o contorno de cada sala, isto é, calculem o perímetro e

explicitem suas observações, comparando os valores encontrados com

as medidas dos lados das salas.

Após a realização dessa atividade caberá ao(à) professor(a) fazê-los

concluir que não basta conhecer a área de uma região para ter uma ideia clara

sobre o seu aproveitamento, ou seja, o aproveitamento do espaço não depende

apenas da área disponível.

Com a realização da atividade proposta no item b, espera-se que os alunos

concluam que quanto mais próximas entre si forem as medidas do comprimento e

da largura, menor será o perímetro da sala; quanto mais aumentarmos uma das

dimensões em relação à outra, mais aumentará o perímetro.

3) Façam testes com retângulos de medidas de lados inteiras e com áreas

iguais a 6 u2, 18 u2, 36 u2 e verifiquem a seguinte conjectura: “Quanto

menor a área, menor a quantidade de retângulos obtidos”. Para verificar se

essa conjectura é válida, apenas esses números serão suficientes? Para

auxiliar nas suas respostas, preencha uma tabela.

Note que a escolha das medidas das áreas sugeridas não foi aleatória, pois os

alunos, ao preencherem a tabela com apenas esses números, poderão inferir,

erroneamente, que a conjectura é verdadeira. No entanto, basta considerar, por

exemplo, um retângulo de área 25 u2 para garantir a falsidade da conjectura.

4) Construam, no geoplano, polígonos, conforme as especificações a seguir,

e, após a confecção de cada polígono, preencha o quadro, inclusive para

os polígonos que apresentam mais de três pregos em seu interior, mesmo

sem construí-los.

8 pregos no contorno (pontos de bordo - b) e nenhum prego no

interior;

8 pregos no contorno (pontos de bordo) e 1 prego no interior;

8 pregos no contorno (pontos de bordo) e 2 pregos no interior;

8 pregos no contorno (pontos de bordo) e 3 pregos no interior.

29

8 pregos no bordo

Número de pregos no

interior

0 1 2 3 4 5 6 7

Área

Refaça o mesmo para 9 pregos no bordo do polígono.

9 pregos no bordo

Número de pregos no

interior

0 1 2 3 4 5 6 7

Área

Finalmente, repita o procedimento para 10 pregos no bordo do polígono.

10 pregos no bordo

Número de pregos no

interior

0 1 2 3 4 5 6 7

Área

Fazendo a investigação sobre os resultados obtidos, qual será a área do polígono

com 20 pregos no bordo e 2 pregos no interior? Qual será a fórmula que permite

calcular a área de polígonos, usando esse método? Para auxiliá-lo a encontrar o

resultado, preencha os quadros a seguir:

1 prego no interior (i)

Nº de pregos

no bordo (b)

Área (A)

5

6

7

8

Escreva a área relacionada aos pontos de bordo (b) e pontos do interior (i).

2 pregos no interior

Nº de pregos

no bordo (b)

Área (A)

5

6

7

8

30

Escreva a área relacionada aos pontos de bordo (b) e pontos do interior (i).

3 pregos no interior (i)

Nº de pregos

no bordo (b)

Área (A)

5

6

7

8

Escreva a área relacionada aos pontos de bordo (b) e pontos do interior (i).

Essa fórmula é conhecida como Fórmula de Pick.

Comentários:

Espera-se que, a partir da análise dos resultados obtidos, os alunos

cheguem à fórmula: A = i + b/2 – 1.

Essa atividade pode ser enriquecida, mostrando que nem todas as figuras

planas são poligonais, mas que é possível, a partir da fórmula de Pick, estimar

áreas de regiões irregulares, como superfícies de lagos, áreas desmatadas e

muitas outras.

4.6 ATIVIDADE 6 – Moldura do quadro

Nesta atividade os alunos trabalharão em grupos de quatro.

1) Observem a figura a seguir, que representa um painel de 2 metros de

comprimento por 1 metro de largura.

Se esse painel for contornado com fita, quantos metros de fita serão

necessários?

2) Se colocarmos mais um painel justaposto ao anterior, conforme figura a

seguir, qual será o perímetro do novo painel?

31

3) Acrescentando mais um painel à fileira de painéis, qual o perímetro do

novo painel?

4) E se na fileira de painéis houver 4 painéis?

5) Agora, imaginem a fileira com 19 painéis. Qual será o perímetro do painel?

E se a fileira tiver 101 painéis?

Comentários:

Para auxiliar os alunos à generalização, sugere-se que confeccionem

uma tabela relacionando a quantidade de painéis ao perímetro do novo painel.

Provavelmente, necessitarão desenhar as primeiras situações, mas espera-se

que consigam inferir para quantidades em que o desenho não se torna mais

prático. É importante deixar os alunos pensarem livremente até que consigam a

fórmula geral que permite descobrir o perímetro para qualquer quantidade de

painéis da fileira. Dessa forma, poderão raciocinar que na fileira sempre haverá

dois metros de comprimento nas pontas (1 metro em cada ponta) e, a partir do

segundo painel, sempre haverá o dobro do perímetro do painel anterior,

excetuando os extremos, ou seja,

No primeiro painel: 4 + 2

No segundo painel: 2 x 4 + 2

No terceiro painel: 3 x 4 + 2

.

.

No 19º painel: 19 x 4 + 2

.

.

No 101º painel: 101 x 4 + 2

No entanto, essa não é a única maneira de raciocinar, pois poderão

observar a sequência numérica:

(6, 10, 14, 18, ...) =

(2 x 3, 2 x 5, 2 x 7, 2 x 9, ...) =

(2 x (2 x 1 + 1); 2 x ( 2 x 2 + 1); 2 x ( 2 x 3 + 1); 2 x ( 2 x 4 + 1); ...)

É claro que há outras formas de se chegar à expressão geral 2(2n + 1).

32

4.7 ATIVIDADE 7 – Palitos de fósforo

Esta atividade tem por objetivo explorar a área e o perímetro com palitos de

fósforo.

1) Observem a sequência que se segue, construída com fósforos (cada

fósforo é uma unidade):

Exemplo: Figura 1

Fig. 1 Fig. 2 Fig. 3 Fig. 4

2) Representem, no quadriculado acima, a 5ª figura desta sequência.

3) À sequência de figuras apresentada, podemos associar várias sequências

numéricas. Preencham as três tabelas seguintes, completando todos os

espaços em branco. Apresentem os cálculos e registrem como chegaram à

conclusão.

33

Sequência A Sequência B Sequência C

Figura

Perímetro

1

2 10

3

4

5

... ...

10

... ...

718

... ...

450

... ...

n

4) Existirá, nesta sequência, uma figura cujo perímetro seja igual a 180

unidades? Justifique.

4.8 ATIVIDADE 8 – Figuras quadriculadas

Nesta atividade, os alunos trabalharão em grupos de quatro e, novamente,

investigarão o que ocorre com o perímetro de figuras formadas por quadrados

que se unem pelos lados.

1) Investiguem o que acontece com o perímetro de figuras formadas por

quadrados unidos pelos lados. Para isso, observem as seguintes

possibilidades:

2) Construam figuras utilizando quantidade crescente de quadrados.

3) Observem o que acontece com os perímetros dessas figuras.

4) Organizem as informações obtidas.

5) Encontrem um padrão para os perímetros.

Figura

Nº total de quadrados

1 1

2

3

4

5

... ...

10

... ...

196

... ...

30

... ...

n

Figura Nº de quadrados na base

1

2

3 5

4

5

... ...

10

... ...

71

... ...

300

... ...

n

34

6) Utilizem esse padrão para prever o que acontecerá com os perímetros das

figuras formadas por 10 quadrados.

7) Verifiquem se, na prática, a previsão estabelecida se confirma.

8) Façam outras previsões e justifiquem os motivos pelos quais elas podem

ser consideradas corretas.

9) Tendo como base a investigação desenvolvida, vocês consideram possível

prever o que acontecerá com os perímetros de uma figura formada por

uma quantidade qualquer de quadrados? Justifique a resposta.

Comentários:

Note que a quantidade de perímetros possíveis para uma mesma figura, a

partir das figuras obtidas por quatro ou mais quadradinhos não é única, pois essa

quantidade está condicionada à representação, podendo-se obter perímetros ora

mínimo, ora máximo e, outras vezes, intermediário. O importante é os alunos

perceberem que figuras de mesma área podem ter perímetros diferentes. Esse

fato não é imediato e, caso os alunos não tenham chegado à essa conclusão,

caberá ao(à) professor(a) fazer as colocações necessárias, sempre no sentido de

propiciar-lhes a investigação.

Outro fato a ser mencionado refere-se à análise de quanto maior a

quantidade de quadradinhos utilizados para formar a figura, maior será a

possibilidade de perímetros diferentes. Isso pode ser observado a partir da

construção de uma tabela.

4.9 ATIVIDADE 9 – Recobrimento da base da piscina

Nesta atividade os alunos trabalharão em grupos de quatro e o objetivo é que

descubram regularidade matemática por meio da área de figura plana.

1) A figura a seguir representa a base de uma piscina.

35

2) Suponham que essa piscina será pavimentada com azulejos quadrados

todos de mesma dimensão. Iniciando a pavimentação por um canto da

piscina, colocou-se à volta do primeiro azulejo outros azulejos e assim

sucessivamente, conforme ilustra a figura a seguir:

3) Construam uma tabela como a que segue e a preencham, seguindo o

esquema, ou seja, mantendo a representação das adições, visando

descobrir a regularidade.

Número de

Azulejos

Medida do

lado

do quadrado

Medida da

Área

1 1 1

1 + 3

...

4) Se a piscina tiver 9 unidades de lado (lembrem-se que cada azulejo tem 1

medida de lado), quantos azulejos serão necessários no total? Escreva a

resposta, conforme o resultado obtido na primeira coluna da tabela.

36

Comentários:

Nesse tipo de atividade é importante a atuação do professor no sentido de

encorajá-los na busca da regularidade, pois, em geral, os problemas propostos

não contemplam essa forma de raciocínio.

4.10 ATIVIDADE 10 – Exercícios

Nesta atividade, objetiva-se fazer os alunos exercitarem o cálculo de perímetro,

conhecida área da região plana.

Exercício 1: Deseja-se colocar rodapé na parede de um sótão, constituído por

duas salas quadradas como mostra a figura.

Sabendo-se que a sala maior tem 324 m2 de área, a sala menor tem 144 m2 de

área e que em uma das paredes há uma porta de 1 m de largura, quantos metros

de rodapé serão necessários? Apresente todos os cálculos necessários.

Exercício 2: Um terreno de forma retangular pode ser dividido em dois quadrados

(como mostra a figura) e a sua área é de 1800 m2. Qual é o perímetro do terreno?

Apresente todos os cálculos necessários.

Comentários:

Ao realizarem os cálculos, os alunos necessitarão extrair a raiz quadrada

dos números 144 e 324. É bem provável que saibam que a raiz de 144 é 12, mas,

provavelmente, para a extração da raiz quadrada de 324, será necessário

decompor esse número em fatores primos, obtendo, como resposta, 18.

37

4.11 ATIVIDADE 11 – Dobrando e Triplicando

O objetivo desta atividade é evidenciar as diferenças entre perímetro e área de

figuras. Para isso os alunos desenvolverão a atividade em grupos de quatro e

utilizarão os cubinhos do Material Dourado.

1) Complete a tabela com o auxílio dos cubinhos disponíveis, dobrando e

triplicando todas as dimensões (comprimento, largura e altura) das figuras

originais.

Figura Perímetro do

Topo

(em unidades)

Área do Topo

(em unidades

quadradas)

Área da

Superfície (em

unidades

quadradas)

1.

Dobrado

Triplicado

2.

38

Dobrado

Triplicado

3.

Dobrado

Triplicado

39

4.

Dobrado

Triplicado

2) Com relação à tabela que você acabou de preencher, responda:

a) Observando a 2ª coluna da tabela, o que acontece com o perímetro ao

se duplicar uma determinada figura? E ao se triplicar a figura?

b) Você consegue perceber outras regularidades observando as linhas ou

colunas desta tabela? Em caso afirmativo, explique essas

regularidades.

4.12 ATIVIDADE 12 – Produtos notáveis

O objetivo desta atividade é relacionar os produtos notáveis às áreas de

figuras, ou seja, pretende-se que os alunos demonstrem uma interpretação

geométrica da multiplicação associada ao cálculo de área. Novamente, os alunos

atuarão em grupos de quatro e poderão utilizar o geoplano ou papel quadriculado.

O produto notável (a + b)2

1) Representem, no geoplano (ou papel quadriculado), os produtos 2x2, 3x3 e

4x4. Utilizem um quadradinho ( ) como unidade de medida.

A configuração esperada será:

40

Comentário:

Esse é o momento de o(a) professor(a) questionar os alunos quanto à

existência de se escrever 2x2 sob a forma de potência. Em seguida, questioná-

los, também, qual será a representação em forma de potência da área de um

quadrado no qual desconhecemos a medida de seu lado. Qual a representação

geométrica nessa situação?

Para essa atividade, o(a) professor(a) disponibilizará aos alunos folhas de

papel em branco, pois pretende-se verificar se a generalização foi alcançada

pelos alunos, uma vez que o trabalho com o geoplano ou folhas de papel

quadriculada não possibilita ao professor verificar se tal generalização ocorreu.

O produto notável (n + 2)2

1) Apresentem, no geoplano (ou papel quadriculado), uma representação da

expressão (2 + 3)2, sem adicionar os algarismos 2 e 3.

Comentário:

É possível que alguns alunos respondam que (2 + 3)2 é 22 + 32. O

professor deve auxiliá-los deixando claro que (2 + 3)2 é a área de um quadrado de

lado 5 ou seja (2 + 3) unidades, chegando à seguinte representação:

41

2) Como vocês podem expressar a área do quadrado maior, a partir das

figuras que o compõe?

Comentário:

Os alunos deverão identificar que o quadrado maior é formado por dois

quadrados menores e dois retângulos. Espera-se que os alunos observem que os

dois retângulos têm a mesma área, que podem ser expressas por 2x3 ou 3x2.

Dessa forma, chegarão à conclusão que:

Área total = área da + área da + área da + área da

figura 1 figura 2 figura 3 figura 4

(2 + 3)2 = 22 + (2 x 3) + (3 x 2) + 32

ou

(2 + 3)2 = 22 + 2x (2 x 3) + 32

A área do é igual à área mais duas vezes a mais a área

quadrado de do quadrado área do retângulo do quadrado

lado (2 + 3) de lado 2 de lados 2 e 3 de lado 3

A seguir podem ser feitos outros exemplos, chamando a atenção para o

significado de cada parte das expressões.

O próximo objetivo é o da manipulação da expressão sem o apoio da

representação no geoplano ou no quadriculado. Questionar então:

Como podemos escrever a área do quadrado de lado 4 + 3?, Ou seja,

como podemos representar (4 +3)2?

A partir do resultado obtido, espera-se que os alunos concluam como a

expressão (n + 2)2 pode ser reescrita, considerando que ela representa um

quadrado de lado (n + 2) unidades.

Espera-se que os alunos cheguem à seguinte representação:

42

Dessa forma, concluirão que:

(n + 2)2 = n2 + 2 x (2 x n) + 22

ou

(n + 2)2 = n2 + 4 x n + 22

4.13 ATIVIDADE 13 – Atividades com recortes em papel

Para essa atividade, os alunos receberão um conjunto de peças

triangulares congruentes e um conjunto de peças quadrangulares congruentes,

confeccionadas em papel.

1) Fazendo uso das peças triangulares, monte uma sequência onde o

segundo triângulo tenha seus lados duplicados em relação ao primeiro, o

terceiro triângulo tenha seus lados triplicados em relação ao primeiro e

assim sucessivamente.

2) Repita o procedimento utilizando as peças quadrangulares.

3) O que você pode concluir a respeito da área das figuras obtidas em relação

à medida do lado?

Comentários:

É bem provável que os alunos, intuitivamente, tenham a ideia de que

duplicando a medida do lado, a área será duplicada; triplicando a medida do lado,

a área será triplicada. No entanto, ao realizarem a experiência, constatarão que a

área das figuras não mantém essa relação e sim que a área é dada pelo

quadrado da medida do lado.

43

4.14 ATIVIDADE 14 – Explorando perímetros e áreas

1) Para essa atividade, os alunos receberão um conjunto de peças

duplicadas, conforme sugestão a seguir e utilizarão uma tesoura.

a) Utilizando as peças 1, mantenha uma e modifique a outra de modo a

apresentar maior perímetro e menor área.

b) Utilizando as peças 2, mantenha uma e modifique a outra de modo a

apresentar o mesmo perímetro e menor área.

c) Utilizando as peças 3, mantenha uma e modifique a outra de modo a

apresentar menor perímetro e menor área.

Comentários:

Com essa atividade, os alunos poderão estabelecer uma relação correta

entre perímetro e área, pois muitos têm a impressão que aumentando o

perímetro, a área será aumentada.

O(A) professor(a) deve estar atento para indicar possíveis soluções às

atividades propostas, explorando-as com a participação dos alunos.

Este tipo de atividade consta na obra “Un processus d’apprentissage du

concept d’aire de surface plane”, de R. Douady et M. Perring Glorian, publicada

no Cahier de Didactique dês Mathematiques – nº 37, Paris VII, 1987. Neste

trabalho, fizemos uma adaptação da proposta sugerida por Anna Franchi e Dione

Lucchesi de Carvalho através do texto “Aspectos Cognitivos da Construção do

Conceito de Área”- Coleção Ensinando e Aprendendo.

ATIVIDADE 15 – Deduzindo fórmulas de áreas

O objetivo desta atividade é possibilitar que os alunos encontrem as

fórmulas das áreas de algumas figuras conhecidas, a partir de recortes em papel.

Para facilitar a memorização das fórmulas, será afixado, na sala de aula, um

cartaz em branco, para ser preenchido com as fórmulas que serão deduzidas

1

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pelos alunos, no decorrer do processo, tomando como área conhecida a área do

retângulo.

Área do retângulo

Dado um retângulo de dimensões a e b, sua área é dada por A = a x b.

Área do quadrado

A área do quadrado é um caso particular da área do retângulo, uma vez que suas

dimensões são iguais e, nesse caso, os alunos concluirão que a área é dada por

A = a x a = a2.

Área do paralelogramo

1) Recortem, em papel, um paralelogramo qualquer.

2) Como proceder para transformar esse paralelogramo em um retângulo?

3) Chamando a base do paralelogramo de a e sua altura de h, qual a fórmula

dessa figura?

Comentários:

Espera-se que os alunos façam um corte perpendicular à base, de modo

que o corte atinja o lado paralelo à base, obtendo dois trapézios retângulos.

Justapondo-os adequadamente, devem obter um retângulo. Dessa forma,

concluirão que a área do paralelogramo é dada por A = a x h.

Cabe ressaltar que é possível obter o retângulo fazendo o corte a partir de

um dos vértices da base, como geralmente encontramos nos livros didáticos.

Área do triângulo

1) Recortem, em papel, dois triângulos quaisquer congruentes.

2) Utilizando os triângulos recortados, obtenha um paralelogramo.

3) Qual a fórmula da área de triângulo?

Comentários:

Espera-se que os alunos concluam que a área do triângulo é dada pela

metade da área do paralelogramo, ou seja, A = (b x h) / 2. No caso particular em

que os alunos recortarem triângulos retângulos congruentes, obterão um

retângulo, chegando à mesma fórmula.

Área do trapézio

1) Recortem, em papel, dois trapézios quaisquer congruentes.

2) Como proceder para obter um paralelogramo, utilizando os dois trapézios?

3) Chamando a base maior de B, a base menor de b e a altura de h, qual a

fórmula da área do trapézio?

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Comentários:

Espera-se que os alunos concluam que a área do trapézio é dada por A =

(B + b)x h / 2.

Para enriquecimento da atividade, pode-se propor que os alunos

obtenham a fórmula da área do trapézio, utilizando apenas um trapézio. Nesse

caso, será necessário decompor o trapézio em um retângulo de dimensões b e

h e em dois triângulos, sendo um de base a e altura h e o outro de base c e

altura h. Dessa forma, a área do trapézio é dada por

A = b x h + a x h/2 + c x h/2 = b x h + (a + c) x h/2 = b x h + (B – b) x h/2 =

= (2b x h + B x h – b x h)/2 = (B x h + b x h)/2 = (B + b) x h/ 2.

Note que esse procedimento é bastante algébrico e caberá ao professor

avaliar até que ponto é adequado aos seus alunos.

Área do losango

1) Recortem, em papel, um losango.

2) Utilizando recortes no losango construído, como proceder para obter um

retângulo?

3) A partir da nova figura obtida, qual a área do losango?

Comentários:

Espera-se que os alunos concluam que a área do losango é dada por

A= d x D/2.

A proposta foi induzir os alunos à obtenção do retângulo por meio de

recortes. Todavia, é possível obter um retângulo completando o losango com

quatro triângulos congruentes. O importante é que as duas ideias levarão à

mesma fórmula, havendo apenas diferença quanto aos cálculos algébricos.

Neste momento do trabalho, faz-se necessário relembrar com os alunos a

definição de altura em Matemática, uma vez que, na linguagem comum, altura é

um comprimento vertical. Por exemplo, altura de um prédio, de uma pessoa etc.

Na matemática, altura de uma figura geométrica depende da figura considerada.

Por exemplo, nos triângulos (ou paralelogramos), a altura é o segmento que tem

uma extremidade num vértice do triângulo (ou do paralelogramo) e a outra em um

ponto da reta suporte do lado oposto a esse vértice e, além disso, é perpendicular

à reta suporte. Repare que todo triângulo tem, então, três alturas, sendo cada

uma relativa a um dos lados. Repare, ainda, que, particularmente, nos retângulos,

qualquer lado pode ser altura.

Nos trapézios, altura é a distância entre um ponto qualquer P0 da reta

suporte de uma das bases, isto é, a reta que contém a referida base, e o ponto P1

da reta suporte da outra, tomado na perpendicular às retas suportes, passando

por P0.

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Para o fecho dessa atividade, propõe-se que os alunos resolvam o

seguinte exercício:

“Construa, no geoplano, os polígonos estudados nessa atividade e, para cada um

deles, calcule a respectiva área, primeiramente, por meio de contagem e, em

seguida, aplicando as fórmulas que foram deduzidas”.

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4 ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS

Encontramos nos documentos oficiais do Programa de Desenvolvimento

Educacional (PDE) que seu objetivo é proporcionar aos professores da rede

pública estadual subsídios teórico-metodológicos para o desenvolvimento de

ações educacionais sistematizadas, e que resultem em redimensionamento de

sua prática.

Dessa forma, queremos com a presente Unidade Didática proporcionar

aos professores um rol de sugestões de atividades, onde procurou-se trabalhar

integradamente a aritmética, a álgebra e a geometria, de forma a despertar um

envolvimento mais ativo por parte dos alunos nas aulas de Matemática,

objetivando, primordialmente, a aprendizagem.

Este trabalho de formulação de questões, elaboração de conjecturas,

teste, refinamento das questões e conjecturas anteriores, demonstração,

refinamento da demonstração e comunicação dos resultados aos seus pares, que

nos sugere o trabalho com investigações matemáticas está ao alcance de todos

os alunos.

Pode parecer que a intervenção do professor nesse tipo de metodologia

não seja tão importante, pois realmente objetiva-se a autonomia dos alunos. Mas

pelo contrário, estamos diante de um quadro de ação mais exigente e trabalhoso

para o professor, pois como afirma Polya (2006): “apresentando problemas

compatíveis com os conhecimentos dos alunos e auxiliando-os por meio de

indagações estimulantes, estaremos incutindo-lhes o gosto pelo raciocínio

independente”.

O professor deve colocar-se no lugar do aluno, perceber o ponto de vista

deste, procurar compreender o que se passa em sua cabeça e fazer uma

pergunta ou indicar um passo que poderia ter ocorrido ao próprio estudante.

(Polya, 2006, p. 1)

Por outro lado, as atividades de investigação possibilitam ao professor

uma visão mais completa de cada aluno. Conforme explicitado no item 3, sempre

que possível, o(a) professor(a) deve propor atividades coletivas, em duplas ou em

equipes, para que as ideias sejam discutidas, cumprindo com o importante papel

da sociabilidade, a troca de experiências, o que contribui para o enriquecimento

do trabalho pedagógico.

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