Seligmann Costa Lima Horror

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  • REVISTA USP, So Paulo, n.63, p. 231-236, setembro/novembro 2004 231

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    MRCIO SELIGMANN-SILVA

    A viagemde deformao:

    figurasdo horror nasmargensdo Ocidente

    MRCIO SELIGMANN-SILVA professor doInstituto de Estudos daLinguagem da Unicamp.

    O Redemunho do Horror.As Margens do Ocidente,de Luiz Costa Lima,So Paulo, Planeta, 2003.

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    uiz Costa Lima abre seu ensaio ORedemunho do Horror. As Margensdo Ocidente recordando que Dos-toievski pode ser visto tanto comoprecursor de Freud (na medida emque apresentou ao mundo os abismosde nossa alma), como tambm, comocrtico da modernidade, como um

    anunciador de Nietzsche. Essa observaofaz lembrar que todo ato de leitura constrilinhagens, tradies e contextos e quan-do se trata de uma obra de histria e crticaliterria essa construo se d a partir deum nvel a mais de desdobramento reflexi-vo, abarcando os tempos-contextos dos au-tores tratados, o do comentador-crtico edo leitor do comentrio. Lendo O Redemu-nho do Horror, antes de chegar s pginasfinais, no ser surpreendente se o leitor como foi ao menos o meu caso se lembrarde um grande romanista alemo do sculoXX, a saber, de Erich Auerbach. Pois aquitambm, no livro de Costa Lima, como emMmesis, acompanhamos um tour de force

    que abarca vrios sculos da literatura oci-dental, empreendendo uma leitura que co-loca a questo da mmesis em seu centro.Nos dois casos a reflexo conceitual nascea partir da leitura do texto. Ao final do livrode Costa Lima, no entanto, o prprio autorexplicita esse dilogo terico, ao recordarno apenas aquele opus magnum doromanista, mas tambm seu no menosimportante ensaio Figura, de 1938, em queele desenhou esta noo basilar da teoria daescritura/leitura retrica, como uma mqui-na de reescritura. A figura para Auerbachcria a interdependncia entre dois (oumais) eventos via uma trama de similarida-des. No caso exemplar do Novo Testamen-to, o Antigo foi como que reescrito via trans-formao de personagens como Ado eMoiss em aparies avant la lettre (o jogode palavras intencional), ou seja, emfiguras, de Cristo. Costa Lima tambmelegeu destacar da histria ocidental dasletras algumas aparies da figura, destafeita, de figuras do horror, estabelecen-do e criando nexos surpreendentes entrediversos escritos que, ou tm por tema asmargens do Ocidente, ou nasceram dire-tamente dessas margens e dessa perspec-tiva apresentam o horror. Eleger o con-ceito de figura como ferramenta implicaassumir o carter fortemente interpretativode toda e qualquer anlise no campo (nos) das humanidades. A figura permite umaprojeo nos textos passados de contextose temas posteriores. Assim como existe umaproduo alegrica e uma leitura alegri-ca, do mesmo modo a figura se torna umamodalidade de leitura a partir do sculo IV.Pensar via leitura figural implica assumirque toda histria , a princpio, leitura queparte de um determinado presente. Nossosmodelos figurais so sempre pr-cunhadosno nosso prprio solo histrico. Por maisque tentemos nos aprofundar no passado,toda pesquisa no tempo , antes de maisnada, uma pesquisa a partir e de dentrodo nosso tempo. Auerbach mostrou comoos Padres da Igreja construram o cristia-nismo lendo figuralmente (projetando nopassado) passagens e eventos bblicos comoconstituindo profecias da vinda de Cris-

    De repente, como se um remoinho tivesse

    lanado razes no centro do povoado, chegou a

    companhia bananeira perseguida pelo vendaval.

    Era um remoinho inquieto, alvoroado, formado

    pelos desperdcios humanos e materiais de

    outros povoados: restolhos de uma guerra civil

    que cada vez parecia mais remota e

    inverossmil (Gabriel G. Mrquez, La Hojarasca,

    1955 cit. in Costa Lima, 2003, p. 366).

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    to, criando assim legitimidade vinda doRedentor. Nessa modalidade de leitura atemporalidade extensa no tempo se revelacomo aglomerado hipertexto , como umaespcie de acmulo de camadas geolgicasque permitem com mnimos movimentos saltos de um sculo a outro, ou at de ummilnio a outro. O fssil de um homindeopode estar prximo aos restos de uma fo-gueira de uma festa pag a Dioniso, ou dostraos de um sab de bruxas medieval. As-sim, a figura do horror como modalidade deexplicitao da violncia que ocorre nasmargens do Ocidente uma figura quesem dvida est na ordem do dia. Ela revela,na verdade, como essa margem essenci-al ao centro assim como a violncia comFreud e, depois dele, com Benjamin e Ador-no parte de toda evoluo histrica.

    Poderamos pensar tambm nas mar-gens tericas mais amplas em que esteestudo poderia se enquadrar: a histriados problemas (que inspirou Walter Ben-jamin), a metaforologia (estudo de metfo-ras, de um Hans Blumenberg), bem comoa pesquisa de topi (Toposforschung) pra-ticada, por exemplo, por outro eminenteromanista alemo, Ernst Robert Curtius. Dequalquer modo a opo pela vertenteauerbachiana clara e, no resta dvida,devemos comemorar que esta rica prticade pesquisa e apresentao tenha aportadoem nossa meridional nao. Antes de qual-quer coisa esta opo exige uma slidaformao da parte do pesquisador, uma eru-dio rigorosa com a capacidade de circu-lar entre naes e pocas. Para os leitoresde Costa Lima no surpreende o fato de elese revelar altura do desafio.

    No entanto no estamos diante de umaobra tpica desse ensasta. Posso estarenganado, mas creio que em nenhum tra-balho anterior ele atribuiu tanto espao eprivilgio para o close reading dos textosescolhidos. Cerca de 90% do livro est pre-enchido pela leitura detalhada de obras. Oargumento como que nasce dessas leituras.O aparato conceitual poderia parecer rare-feito, diante da leitura detalhada e minuciosados livros. O leitor espera definies queno vm: mas essa ausncia apenas parte

    da estratgia do autor, que monta suaDarstellung, apresentao, a partir dasobras e do arranjo de suas leituras. O con-ceito e isso deveria ser uma obviedade nasce das obras e de sua leitura analtica.Se ao final do livro ainda cobrarmos doautor uma definio do que seria horror,Ocidente, margem, significa que noteremos aceitado embarcar em sua viagem.Se sentirmos falta de autores que trilharammuitas vezes o mesmo corte cronolgico do Renascimento ao sculo XX procu-rando tambm detectar e construir figuras(se no do horror, ao menos de temas pr-ximos), como Foucault (mencionado, ali-s), porque no percebemos que isso era,para o autor, dispensvel. Por qu? A pes-quisa realizada tem em mira a literatura nasua relao com o histrico (Geschichtlich)e busca apresentar sua tese a partir da lei-tura das obras de diferentes pocas: isso j suficiente para amarrar seu enredo, mes-mo porque a construo histrica plena-mente convincente.

    A tese central do livro parte da descri-o de Max Weber da modernidade comoum processo de Entzauberung, desencan-tamento do mundo, que para Costa Limafez com que, no seu desenrolar, o horror semanifestasse de modo mais intenso nasmargens do Ocidente. Temendo ser mal-interpretado, ele esclarece que elegeu tri-lhar apenas um dos caminhos possveis paraapresentar esse horror. Mesmo nas mar-gens, a escolha de outros autores que noos analisados poderia ter levado a outrasvises do horror. Costa Lima afirma tam-bm que os pases da linhagem central(metropolitana) do desencantamento, quetem nos Estados Unidos sua concretizaoexemplar, no prestam vassalagem a au-tocracias religiosas e leigas e tm relativocontrole contra as catstrofes (p. 418). Masisso no implica, claro, desconhecer nemo horror que pode ser a lido na linhagemdo tdio flaubertiano, muito menos que asoluo final ou os recentes massacresgenocidas dos Blcs ocorreram em plenocentro e no nas margens. (Por outrolado, diante da atual guerra fundamentalistaque domina o mundo, poderamos nos per-

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    guntar se o teolgico-poltico no rege tan-to nas margens quanto no centro. Masessa questo no parte do livro e trilh-laimplicaria focar em outras figuras e auto-res, como Giorgio Agamben e PhilippeLacoue-Labarthe.)

    O mais importante destacar como noensaio a leitura do horror histrico feitade dentro da anlise literria. Sem concor-dar com a tese (simplista) de Paul de Mane adeptos que vem na literatura uma meradesrealizao do histrico e, por outro lado,muito longe da tese positivista, que v nafico uma representao do histrico(Historisch), o autor procura ler no textomanifestaes de um histrico fluido, pls-tico (p. 352). Dessa forma ele responde auma necessidade das atuais anlises liter-rias (e estticas de modo geral), no sentidode destacar a relao entre o esttico e ohistrico-poltico (nas suas diversas figuras),sem recorrer aos estudos ps-coloniais ou auma verso representacionista da linguageme das obras. Assim ele descarta tambmqualquer intencionalismo da parte do autor:ele visa, em uma feliz formulao, ao in-consciente do texto, sendo que para ele otexto projeta um inconsciente, que no seconfunde com o do autor (p. 198). Almdisso, o volume tambm contm preciosaspassagens sobre a diferena entre a historio-grafia e a escritura literria (que estudadano laboratrio de sua inveno justamenteem viagens pelas margens do mundo desde antes de sua inveno romntica, nosculo XVI com Ferno Mendes Pinto). Aquesto central justamente como ao longodo tempo construram-se diferentes modali-dades literrias a partir da questo funda-mental da apresentao do horror. O horrorcom sua indizibilidade inerente deixa dife-rentes marcas no discurso literrio deHomero a Kafka e Paul Celan, ou desde aaventura colonial at a literatura latino-americana mais recente, conforme o recor-te deste ensaio de Costa Lima.

    A atualidade dessa questo, vale lem-brar, to marcante quanto a acerca domal e suas aparies sublimes flexio-nadas em vrias figuras do horror queest sendo cada vez mais revelada como o

    O ensasta Luiz Costa Lima

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    ncleo duro da esttica e isso no apenasdesde a sua fundao moderna no sculoXVIII com autores que detectaram a ver-tente sublime das artes (como E. Burke, M.Mendelssohn, G. E. Lessing, Kant, Diderot,entre outros). A esttica do belo o vude Maia que sempre ocultou uma mulherque na verdade estava sendo oprimida pe-los seus adornos. No seu recorte particular,Costa Lima tambm nos fala dessa verda-de, uma vez que as obras por ele lidas re-cordam as eternas relaes entre o exotismo(que desde sempre marca a relao com aperiferia) e o sexismo. Lendo seu livrotemos nossas convices confirmadas deque a periferia , antes de tudo, um corpolivre para ser violentado/sacrificado.

    Mas, afinal, de que autores trata o en-saio em questo? Costa Lima apresenta ohorror nas margens do Ocidente a partirdas Descobertas at Garca Mrquez. Olivro est dividido em trs sees: a pri-meira dedicada ao sia (1552-1615) de Joode Barros, ao Dcada Quarta da sia (1602)de D. Couto e ao Peregrinao (1554) deFerno Mendes Pinto; a segunda e maisextensa analisa os romances de J. Conrad ea terceira analisa o redemunho latino-americano a partir de William HenryHudson, de Alejo Carpentier e em GabrielGarca Mrquez. Em um quase excurso, naltima parte, o ensasta discorre sobre aquesto no Brasil, notando, entre vriasdigresses extremamente importantes (pp.342-50), que na literatura brasileira, antesou depois de Rosa, quando o horror apare-ce, gerado por motivos simplesmenteinternos (p. 348), diferentemente do quese passa na Hispano-Amrica.

    O ensaio pode ser descrito a partir dedeterminados campos de fora: de um ladoo autor percorre a escritura do horror que semanifesta nas margens (em primeiro lu-gar na sia e na frica) e composta porautores do centro, por outro ele caminhaem direo aos escritores da prpria mar-gem (a saber, da Amrica Latina), ondedestaca em autores latino-americanos es-sas figuras do horror. Nas obras desses l-timos, por fim, o horror descrito no seupercurso do centro para as margens:

    como que refletindo desse modo em umespelho (da perspectiva da margem) opercurso anterior do ensaio. justamenteesse elemento, essa descrio que no semanifesta na literatura brasileira, ou o fazde modo marginal. No que a histria oci-dental do horror no prefigure os horroresda histria do Brasil, a questo como es-ses horrores so apresentados na literaturabrasileira e nos trabalhos de seus comenta-dores e crticos.

    Pensar em termos de histria das figu-ras no implica apagar a reflexo histrica:muito pelo contrrio. Ou seja, no se tratade afirmar que existe apenas repetio naliteratura (e tudo j foi dito), mas antes oque importa na abordagem figural sria (anica que interessa) como as diferenasse manifestam. Trata-se de acompanhar asdiversas modalidades histricas da apari-o, no caso, do horror, com cada uma desuas caractersticas prprias. Da a justifi-cativa do close reading levado a cabo porCosta Lima. Sua proposta de enfocar aapresentao (e no a representao) dohorror levando em conta a diferena entreas obras produzidas na metrpole e namargem aponta para o fato de que todaobra literria est embebida no etos hist-rico e este etos estabelece sim pontos devista e hierarquias. No que a literaturaapenas reproduza esse etos: mas ela levaem si as suas marcas (Spuren, para falarcom Freud). Da a importncia da direodos vetores metrpole A periferiaquando se trata do horror ligado expansodo Ocidente. Analisando cada uma dasmodalidades de apresentao do horror nosautores que ele elegeu, Costa Lima desta-ca, por exemplo, a separao entre MendesPinto (que vai escrever a partir da tensoentre o discurso poltico-ideolgico quejustifica a conquista e seu conhecimentoprofundo de sua realidade violenta e eco-nmica) e seus antecessores, ainda embe-bidos na tradio da narrativa histrica; jna Amrica Latina notar que os Cem Anosde Solido marcam uma passagem para umanova forma literria, que em vez de es-conder o horror, o apresenta em dimensesfantsticas. Ou seja: a monstruosidade

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    dos crimes, da anarquia institucional, dasarbitrariedades da oligarquia, a misria daspopulaes, os pactos criminosos das auto-ridades locais com grupos financeiros e osgovernos do imprio contemporneoextrapolam as solues formais da tradi-o romanesca. Impunha-se, por isso, apesquisa de outra configurao (p. 403).

    Outra questo essencial quando se tratadesses cortes e hierarquias (que nunca soabsolutos e puros) a projeo que se fazna direo da periferia de tudo aquilo que censurado (recalcado) na metrpole.Lendo o ensaio de Costa Lima isso ficaevidente. Da a eterna apario, nos escri-tos do Renascimento a Conrad e nos deseus epgonos, do habitante da margemcomo o sem lei, sem carter, etc. Naverdade podemos notar que a prpria leida expanso do Ocidente que leva no seubojo a lei do estado de exceo. Se esta normalmente apresentada como a queimpera na periferia porque ela sempreestar no corao do Ocidente sem quererser a reconhecida. Traduzindo essa equa-o em termos conradianos: o corao dastrevas est no corao do Ocidente. Ele apresentado, por exemplo, na figura de umKurtz enlouquecido na floresta (degene-rado, entartet, diria a terminologia racistada virada do sculo e dos anos 1930 naAlemanha, ou seja sem tipo, desfigura-do) porque faz parte da mquina do Oci-dente recalcar e expurgar (para a margem)aquilo que a norma exclui e denega. Sualoucura furiosa a loucura do prpriologos que traz dentro de si um Dionisoacorrentado. A viagem de formao,metafrica ou no, que est no cerne doromance de formao e do cnone moder-no romntico ocidental revelada aqui nesteensaio como apenas um lado da moeda doOcidente, cujo outro lado o que denomi-naria de a viagem de deformao queconstitui a ida para as margens. No poracaso em Conrad (um conservador, mas quenem por isso deixa de ter uma potente an-tena para perceber as contradies da colo-nizao que ele conhecia de perto) existeum desmascaramento do discurso civili-zador que defende a formao e conver-

    so dos incivilizados como encobri-mento da prtica de espoliao. Da elerevelar tambm, como em seu romance Anoutpost of Progress (1898), que a aparentedegenerao do branco na margem,no caso, na frica, no nada mais do queum vir tona de elementos que esto amor-daados/recalcados dentro dele. A fasci-nao pelo abominvel de Conrad (p. 217)vale, na verdade, pars pro toto para boaparte da literatura e das artes que cada vezmais ps em seu centro esse elemento, medida que o projeto ocidental avanou. Obrado paradigmtico do racista Kurtz de OCorao das Trevas Exterminem todosos brutos e suas palavras finais, the hor-ror, the horror, a um s tempo revelamesse fascnio e apresentam o papel privilegi-ado de caixa de ressonncia da literatura edas artes na dialtica do Iluminismo. Dequebra, a viso etapista e teleolgica quemarca a historiografia tradicional reveladadesse modo como parte do jogo ilusrio deracionalizao que projeta no outro (namargem, ou no primitivo) o que noquer ver em si, ao mesmo tempo que man-tm a periferia na coleira, sempre espe-rando atingir a opulncia da metrpole.

    No caberia aqui apresentar as leiturasfeitas na filigrana das obras escolhidaspor Costa Lima. O ritmo da apresentao marcado por essas leituras meticulosas epelo desdobramento extremamente caute-loso da argumentao. Comentar essas lei-turas exigiria um outro ensaio e um traba-lho no menos meticuloso de apresentaoe discusso de cada uma dessas etapas daargumentao. Caber ao leitor fazer esseconfronto com a escritura do autor. Em cadaparte e captulo do ensaio ele encontrarum comentador crtico seguro e com inter-pretaes originais. Desconheo se existealgum outro ensaio com o mesmo flegosobre Conrad em portugus, mas creio queno. De qualquer modo, nessa parte do li-vro assim como nas outras, a problemati-zao histrica da apresentao do horror eo rigor da leitura e da argumentao pre-miam o leitor disposto a acompanhar CostaLima ao corao da literatura. No faltasangue neste corpo.