Sem Tetos e Libertários

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    UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – UERJFACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES – FFP

    DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

    OCUPAÇÃO DE SEM-TETO NO CENTRO DO CIDADE DO RIO DE JANEIRO EOS MOVIMENTOS SOCIAIS: LIBERTÁRIOS

    A$%O&: APA&'C(DA DOS SA)%OS M'&C*S

    Orientador: Prof. Dr. Andrelino Campos

    Mono+rafia apresentada ao departamento deGeo+rafia da aculdade de ormação deProfessores da $ni-ersidade do 'stado do &iode aneiro, como re/uisito b0sico paraconclusão do curso de 1icenciatura emGeo+rafia.

    São Gonçalo, maio !"2.

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    UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – UERJFACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES – FFP

    DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

    OCUPAÇÃO DE SEM-TETOS NO CENTRO NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO EOS MOVIMENTOS SOCIAIS: LIBERTÁRIOS

    Banca Examna!"#a

     $$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$ P#"%& D#& An!#'(n" Cam)"* +O#'n,a!"# +UERJ-FFP

     $$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$ P#"%& . D#&. Ana C(a/!aRam"* Sac#am'n," +UERJ-FFP

     $$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$ P#"%&.M& S'(m" !" Na*cm'n," S(0a +COL1GIO PEDRO II

    .

    São Gonçalo, abril de !"#.

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    UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – UERJFACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES – FFP

    DEPARTAMENTO DE FEOGRAFIA

    OCUPAÇÃO DE SEM-TETOS NO CENTRO NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO EOS MOVIMENTOS SOCIAIS: LIBERTÁRIOS

    ic3a Catalo+r0fica

    .

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    DEDICAT2RIA :

    4 min3a mãe, Gracelina dos Santos mercês, /ue apesar das dificuldades financeiras e

    tamb5m intelectual, se empen3ou bastante para /ue eu pudesse ser alfabeti6ada e concluir as

    etapas de estudos at5 c3e+ar 7 faculdade.

      %amb5m dedico a min3a irmã Solan+e Mercês e a min3a prima 8elaine A-ila, por

    terem sido as primeiras pessoas da fam9lia a cursar e concluir o ensino superior.

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    A3#a!'cm'n,"*:

    AGRADECIMENTOS:

    Pprimeiramente a Deus, por me conceder o direito 7 -ida. ' %amb5m por, em meio as

    dificuldades ter me dado força para eu con/uistar meus obeti-os, principalmente sem perder

    a min3a f5.

    ; min3a mãe e ao meu pai por terem in-estido em min3a educação, mesmo /ue de forma

    3umilde contribuindo para a min3a formação pessoal e intelectual e tamb5m reli+iosa. Os

    meus a+radecimentos tamb5m -ão para meus irmãos e irmãs, em espacial a ou poss9-el irmã: &enata da Sil-a, /ue mesmo morando fora do pa9s

    foi muito presente, com suas pala-ras de apoio e carin3o nos momentos de finali6ação da

    faculdade e de dissertação da mono+rafia.

    Aos meus sobrin3os e sobrin3as pelo carin3o /ue eles tem e sempre ti-eram por mim.

    Dentre eles, um a+radecimento especial -ai para Gabriel Mercês, meu sobrin3o fil3o, a /uem

    dispenso muito carin3o como uma forma de a+radecer pelo simples fato de seu nascimento ter

    me de-ol-ido a ale+ria de -i-er.

    Ao meu compan3eiro &enato D?ria, por compartil3ar muitos momentos de amor e

    ale+ria, e por nos momentos mais tensos da min3a -ida @como nesse de conclusão de

    mono+rafia, ele ter me oferecido al5m da sua -irtuosa paciência, ter me propiciado tamb5m

    sabedoria, con3ecimento,e um compan3eirismo carre+ado de carin3o e compreensão.

    Aa min3as tias @parte de pai e mãe e aos meus primos e primas, em espacial: Cristina,

    1uci, 8elB , %3ais e 'liane.Aos meus ami+os da turma !!." e aos demais ami+os /ue con/uistei na faculdade

    assistindo aulas em outras turmas. Como: as Marianas, as Anas, as Alines, as &obertas, os

    &odri+os, os 1ui6 , os elipes, as Claudias, os lios e as Eias, em fim, todos ami+os /ue

    +an3ei durante a +raduação.

      Ao pessoal do Grupo de Pes/uisa em 'ducaçãoF A Gabriela, o &odri+o, a S3irleB e a

    Aline. Assim, como a professora Monica Pere+rino, /ue me deu a oportunidade de participar

    do +rupo e tamb5m de obter muitos con3ecimentos.A toda a comunidade acadêmica: aos professores, funcion0rios da limpe6a,

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    administração, departamento de inform0tica e Eiblioteca.

    %amb5m a+radeço ao meus Professores Andrelino Campo, meu Orientador, não s?

    pela paciência na orientação, mas tamb5m por di-idir seus con3ecimentos de forma simples e

    3umilde.F ao Marcos Couto, Adriana Cun3a e

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    SUMÁRIO

    ()%&OD$JKO "24& O E*)a5" U#6an" ' a* 7/'*,8'* 9a6,ac"na*:A(3/ma* N",a* !4&4 As dinLmicas do desen-ol-imento urbano do munic9pio do &io de aneiro e as

    concepçes de urbano e cidade!

    4& A 3abitação popular no & en/uanto conse/ência do processo de urbani6ação. 2"4&; Pol9tica 3abitacional e classes pobres no Erasil 2N P#

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    LISTA DE TABELAS

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    L*,a !' ma)a*

    " Mapa do 'stado do &io de aneiro com a locali6ação do munic9pio do&io de aneiro

    Mapa 0rea Central do &io de aneiro NN

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    LISTA DE FIGURAS

    " Demoliçes na A-. Central d5cada de "! N A-. &io Eranco na d5cada de !"! N2 ornal da ist # oto do Pr5dio da ocupação umbi dos Palmares N (ma+em H ornal da ist SemH%eto $ni-ersit0rio Q2N ac3ada do Pr5dio da ocupação Centro Popular

    CanudosQ#

    (nau+uração do Centro Popular Canudos Q

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    R'*/m":

    'sta mono+rafia fa6 uma analisa se 30 uma relação entre o sur+imento dos

    Mo-imentos Sociais urbanos de SemH%eto com o resultado do processo de desen-ol-imentourbano da cidade do &io de aneiro. Al5m disso, fa6 um eIposição das Pol9ticas 3abitacionais

    no Erasil. ... continuar e

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    INTRODUÇÃO

    A /uestão 3abitacional no &io de aneiro se constitui como um dos +randes problemas

    desta importante metr?pole brasileira. $m problema /ue tem perpetuado desde os momentos

    iniciais de sua eIpansão e desen-ol-imento. 'mbora a /uestão se dê a n9-el nacional, pois no

    Erasil, 30 mais de uma d5cada /ue o d5ficit 3abitacional 0 passa dois seis mil3es, no

    munic9pio do &io de aneiro se a+ra-a ainda mais, tanto por conta da disparidade com /ue

    este problema se apresenta, /uanto pela maneira como a população pobre encontra as

    respostas para solucion0Hlo.

    A disparidade pode ser identificada atra-5s da an0lise de al+uns dados do Censo de

    !"!, coletados pelo (EG' e depois analisados por -0rias instituiçes, como: (P'A, P

    @undação oão Pin3eiro, entre outras. 'mbora os resultados indi/uem /ue o d5ficit de

    moradia ten3a diminu9do no Erasil na ltima d5cada, por outro, /uando se trata de al+uns

    munic9pios os desfec3os foram outros. Principalmente em al+umas capitais como São Paulo,

    &io de aneiro, Eras9lia e Sal-ador. )o caso do &io de aneiro o d5ficit 3abitacional passa de

    /uatrocentos mil domic9lios", en/uanto /ue a /uantidade de domic9lios -a6ios c3e+a 7 /uase

    du6entos mil. Ou sea: a /uantidade de domic9lios -a+os /ue eIistem poderia redu6ir pela

    metade o d5ficit de moradia.Outra maneira de identificar a /uestão do d5ficit de moradia se d0 a partir da

    obser-ação de como a população pobre soluciona o problema. Pois desde os momentos

    iniciais do processo de urbani6ação do munic9pio, os pobres e eIclu9dos da cidade utili6am os

    Morros como alternati-a para construção de suas moradias. Mesmo destoando da forma

    tradicional de 3abitação. Por5m, atualmente, uma no-a forma de resol-er o problema da falta

    da moradia tem entrado em cena na 0rea urbana: são as ocupaçes de SemH%eto.

    A atuação destes mo-imentos de luta por moradia, por estar diretamente inserido nasdinLmicas de urbani6ação da cidade do &io de aneiro, se relaciona tamb5m com a pr?pria

    dinLmica de desen-ol-imento e eIpansão das relaçes capitalistas nas metr?poles brasileiras.

    Portanto, não 5 de se estran3ar /ue o modelo de urbani6ação tal /ual foi implementado na

    cidade do &io de aneiro procurou e procura eIpulsar cada -e6 mais o pobre da 0rea mais

    central da cidade, destacados por AE&'$ @!"!. Mas, em contraposição ao capitalismo, o

    ato de ocupar, ao mesmo tempo em /ue resol-e o problema da moradia para al+umas fam9lias,

    tamb5m denuncia os mecanismos de funcionamento da dinLmica da acumulação de capital na

    cidade: a especulação imobili0ria, a -alori6ação do solo urbano atra-5s de inter-ençes de

    1 )ota %5cnica (P'A H 'stimati-as do d5ficit Tabitacional Erasileiro @!!H!"" por munic9pios. Eras9lia, !"2.

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    mel3oramentos urbanos e a concentração da terra urbana nas mãos de a+entes financeiros,

    empres0rios capitalistas e do 'stado.

    U na busca por entender os Mo-imentos de SemH%eto H /ue tem crescido ao lon+o dos

    ltimos anos H /ue propomos esta pes/uisa. Para isso, su+erimos a discussão dos problemas

    de moradia, relacionandoHos ao processo de urbani6ação e desen-ol-imento da cidade do &io

    de aneiro, pois entendemos /ue dessa forma poderemos abordar a /uestão 3abitacional a

    partir dos seus mltiplos determinantes: não apenas como resultado da escasse6, mas tamb5m

    como falta de pol9ticas 3abitacionais. Al+o comum, nas pr0ticas capitalistas de controle e

    utili6ação do solo urbano /ue condicionaram um desen-ol-imento urbano -oltado tanto para

    o comercio, /uanto para reprodução e eIpansão das relaçes capitalistas.

    ' o modo de abordar o tema, a /uestão da moradia, e o obeto, o mo-imento dos semH

    teto, deste trabal3o ser0 em torno da questão da moradia urbana a partir do ponto de vista

    dos movimentos sociais ligados aos grupos de Sem-Teto, identificando que suas ações são

    resultantes dos processos sociais oriundos do modo como ocorreu o desenvolvimento de uma

    cidade capitalista, como é caso da cidade do Rio de Janeiro. Para isso, tornaHse importante

    uma descrição, mesmo /ue sucinta, do processo de urbani6ação da cidade do &io de aneiro

    destacando dentro desta tem0tica o debate acadêmico de elaboração dos conceitos de urbano e

    cidade e tamb5m a interpretação das pol9ticas 3abitacionais do Erasil. A importLncia demapear este debate tem a -er com a necessidade /ue sentimos de dar conta desta discussão a

    partir da interpretação de al+uns +e?+rafos /ue entendemos ter fornecido contribuiçes

    rele-antes tanto para academia /uanto para a sociedade.

    Al5m disso, tamb5m traçamos um mapeamento dos Mo-imentos de SemH%eto:

    primeiro, identificando suas atuaçes a n9-el nacionalF depois situandoHo na cidade do &io de

    aneiro a partir do final da d5cada de "!, momento em /ue este mo-imento começa a tomar

    forma e -isibilidade. conforme aponta al+umas reporta+ens de ornais e re-istas tanto dam9dia tradicional, /uanto da m9dia alternati-a.

    Para um estudo mais detal3ado sobre o a /uestão da moradia popular no &io de

    aneiro, buscaremos identificar e analisar /uais correntes pol9ticas e ideol?+icas tem

    participado e apoiado o mo-imento dos semHteto. Ao reali6ar esta aborda+em, daremos rele-o

    a atuação de +rupos e or+ani6açes pol9ticas /ue atuam unto a este mo-imento social

    propondo formas de combater e superar as relaçes sociais capitalistas: os socialistas

    libert0rios.

    Desta maneira, escol3emos como obeti-o principal analisar os Movimentos Sem-Teto

    que atuam na cidade do Rio de Janeiro, refletindo sobre sua prtica pol!tica e a apro"imação

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    dos grupos socialistas libertrios a este movimento. )este sentido, elencamos como obeti-o

    espec9fico @i  #nalisar a pratica dos Sem-Teto, caracteri$ando o processo de urbani$ação do

    munic!pio do Rio de Janeiro, refletindo sobre a dinLmica de produção do espaço urbano e

    tamb5m sobre o processo de desen-ol-imento deste espaço, bem como analisando as pol9ticas

    3abitacionais no Erasil..

    )a discussão, le-antamos a 3ip?tese /ue o problema da 3abitação popular est0

    relacionado @ou pode ser analisada, en/uanto conse/ência do processo de urbani6ação /ue a

    cidade sofreu. @ii este obeti-o ser0 desen-ol-ido no se+undo cap9tulo, onde o escopo 5

     Responder se as praticas utili$adas pelo Sem-Teto, para solucionar a falta de moradia são

    espec!ficas do anarquismo%  )este caso, faremos uma bre-e caracteri6ação das pr0ticas

    libert0rias -isando dar conta dessa /uestão.

    A partir disso, pretendemos identificar as or+ani6açes anar/uistas /ue atuam no

    mo-imento dos SemH%eto, tra6endo ao con3ecimento as incurses deste mo-imento a partir

    da se+unda metade da d5cada de "!. Pois 5 eIatamente neste per9odo /ue locali6amos na

    cidade do &io, tanto anar/uistas /uanto SemH%etos, atuando com mais -isibilidade.

    %amb5m pretendemos: descre-er como atuam>aram estas or+ani6açes anar/uistas

    nestes mo-imentosF @iii compreender as prticas de ocupação de prédios &p'blicos ou

     privado( como uma solução de outra nature$a servindo como alternativa para o problema damoradia, constituindo como fator de luta contra os pilares do capitalismo que condu$em os

    Sem-Teto para se organi$arem enquanto um movimento social urbano entre fim do século )) 

    e o in!cio deste. 'm resposta a isso, pretendemos situar o mo-imento dos SemH%eto en/uanto

    mo-imento social, e ,partindo da concepção de mo-imento, pretendemos mostrar as

    contribuiçes do Anar/uismo para os mo-imentos sociais e para a sociedade.

    %odo trabal3o tem os seus moti-adores e o nosso não se constitui uma eIceção. O

    deseo de discutir e aprofundar o debate sobre o mo-imento social urbano dos SemH%etoresulta, em parte, da min3a participação @de maneira limitada unto a este mo-imento social.

    'sta eIperiência neste mo-imento est0 marcada no tempo @!! V adiante, -oltaremos a falar

    no assunto.

    'sta eIperiência +an3a maior compreensão /uando in+resso no curso de Geo+rafia,

    onde, em al+uns momentos, defronteiHme com al+umas discusses sobre as problem0ticas

    s?cioHespaciais relacionadas ao espaço urbano, onde percebi a inserção do tema ora em tela.

    Al5m disso, tem tamb5m, a aproIimação da Geo+rafia com os Mo-imentos Sociais, o /ue

    para mim se confi+ura como um desafio, pois, comparado a outras ciências, são poucos os

    trabal3os +eo+r0ficos /ue dialo+am com os Mo-imentos. 'mbora, nos ltimos anos, temos

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    notado uma /uantidade si+nificati-a de +e?+rafos /ue procuram trabal3ar com o tema, sea a

    partir da an0lise da espaciali6ação territorial, ou mesmo da transformação espacial /ue estes

    mo-imentos reali6am. 

    a6er essa discussão tamb5m pode contribuir para /ue a sociedade -islumbre outro

    ol3ar sobre os SemH%eto, /ue são bastante criminali6ados pelo fato de reali6arem ati-idades

    /ue são WconsideradasW criminosas perante as pr0ticas ur9dicas, embora a lei de direito

    uni-ersal do 3omem aponta /ue a moradia 5 um direito e a lei brasileira concorda /ue 5 um

    direito institucional.

    Assim, o debate central deste trabal3o -isa contribuir com uma leitura socioHespacial

    sobre a /uestão da moradia a partir da tem0tica dos Mo-imentos Sociais de SemH%eto,

    compreendendo /ue suas pr0ticas são resultantes de um processo social produ6ido e criado

    pelo modelo de sociedade /ue temos. Al5m disso, pretendemos situar o campo pr0tico e

    ideol?+ico /ue este mo-imento atua e tamb5m a sua aproIimação com o mo-imento

    Anar/uista. %ra6endo ao con3ecimento não apenas a traet?ria do estreitamento dessa relação,

    mas tamb5m buscando responder ao /uestionamento se o Anar/uismo, en/uanto estrat5+ia de

    luta social, tem contribu9do com o Mo-imento de Ocupaçes de SemH%eto e com a sociedade.

    Discutir a pr0tica dos SemH%eto tem sua importLncia para a sociedade, por/ue al5m de

    por em e-idência a situação 3abitacional na /ual -i-em al+uns +rupos pobres nos +randescentros urbanos, colabora para a construção de outra -isão a respeito dessa população

    in-isibili6ada. Pois na maioria das -e6es, a ideia concebida no ima+in0rio social acaba

    colocando os SemH%eto como trans+ressores das leis da sociedade. (sso ocorre por conta da

    ação de ocupar @ou in-adir H na lin+ua+em le+alista da sociedade im?-eis ociosos, /ue

    confronta o costume de conceber a propriedade pri-ada en/uanto al+o in-iol0-el. Por conta

    disso, acreditamos ter rele-Lncia um estudo /ue al5m de fa6er uma aborda+em a partir da

    situação social dessa população e apontar os moti-os, /ue os le-aram a ocupar pr5dios -a6ios.aça uma aborda+em tamb5m das caracter9sticas e conse/uências /ue resultam de um

    desen-ol-imento -oltado para o capitalismo.

    a6er essa discussão, pode colaborar com a construção de no-as id5ias desarrai+ando

    essa população pobre da posição de mar+inali6ados perante a sociedade. Outra importLncia

    em fa6er esta discussão tem a -er com o debate sobre os Mo-imentos Sociais e a sua inserção

    na sociedade a partir dos pr?prios mo-imentos.

    2  Para maior aprofundamento consultar: SA)%OS , &enato 'merson ). dos. Mo-imento Sociais e Geo+rafia:Sobre as espacialidades da ação social. &io de aneiro: Conse/uência, !"".

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    'm !!2, como estudante de pr5H-estibular popular, ti-e meu primeiro contato com o

    mo-imento de luta por moradia, /ue se deu por meio da participação num mo-imento social

    denominado *omit+ de Resist+ncia opular. )este mo-imento atua-am professores,

    moradores de ocupaçes urbanas do centro do &io de aneiro, estudantes e trabal3adores

    desempre+ados. Atuar neste +rupo foi de +rande importLncia para o desen-ol-imento de

    min3a consciência cr9tica e pol9tica, ou sea, para a min3a desalienação.

    Com este Mo-imento participei da ocupação em um pr5dio abandonado na &ua Pedro

    Al-es, situada no bairro Santo Cristo, 0rea central da cidade do &io de aneiro. )esta

    ocupação em espec9fico, participei com al+uns militantes em di-ersos processos

    or+ani6ati-os, mas de forma incipiente. )o entanto, foi o suficiente para /ue eu con3ecesse a

    3ist?ria de outras ocupaçes /ue sur+iram antes desta. O /ue me fe6 perceber /ue o conunto

    das eIperiências anteriores atuassem como elemento fortalecedor do Mo-imento de SemH%eto

    na luta pela moradia no centro da cidade desde seu in9cio a partir da d5cada de "!.

    'sta ocupação em /ue atuei e residi resistiu at5 a+osto de !!#, /uando a então

    propriet0ria do pr5dio, a (rmandade @lei+a do Sant9ssimo Sacramento da Candel0ria, -ul+o,

    (+rea da Candel0ria, em desalin3o ao ensinamento cristão H /ue consiste em defender os

    pobres e oprimidos H conse+uiu, depois de uma intensa batal3a udicial, promo-er o despeo

    dos ocupantes. 'ste fato a+ra-ou bastante a consistência do mo-imento e contribui muito paraa desinte+ração do Comitê de &esistência Popular, o /ue ocorreu meses ap?s este despeo.

    'm !! me afastei do Mo-imento Social de-ido intensa ornada de trabal3o e de

    estudo, pois tamb5m foi neste ano /ue, depois de muitas tentati-as de -estibular, con/uistei

    uma -a+a na +raduação de Geo+rafia da aculdade de ormação de Professores da $'&.

    'ntretanto, o meu retorno ao Mo-imento Social ocorreu em !"!, /uando decidi /ue iria

    trabal3ar como tema de mono+rafia a /uestão da moradia a partir da eIperiência e da luta dos

    SemH%eto no &io de aneiro.eito este bre-e depoimento, cumpre a+ora comentar al+umas pala-ras sobre os

    procedimentos metodol?+icos desta pes/uisa. Para alcançar os obeti-os de analise neste

    trabal3o, intercalamos a pes/uisa em parte emp9rica e parte te?rica. )o campo emp9rico,

    tratamos de analisar os Mo-imentos SemH%eto. ' para alicerçar o debate utili6amos al+uns

    depoimentos de militantes deste Mo-imento e de moradores de ocupaçes. Al5m disso,

    recorremos a al+uns peri?dicos, sites e tamb5m al+uns filmes /ue foram produ6idos sobre os

    Mo-imentos SemH%eto.

    )o campo te?rico, le-antamos e utili6amos di-ersas obras, incluindo al+uns trabal3os

    acadêmicos /ue ti-eram bastante rele-Lncia como fonte de con3ecimento, e isso, por al+uns

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    moti-os, pois /uando não apresentaram o mesmo obeto de estudo, trabal3aram com um tema

    de bastante proIimidade ao /ue apresento neste trabal3o. )o caso, as obras consultadas

    ti-eram rele-Lncia para embasar o desen-ol-imento da pes/uisa concernente aos se+uintes

    temas abordados: desen-ol-imento urbano da cidade do &io de aneiro, Mo-imento Sociais,

    Mo-imento SemH%eto e Mo-imento Anar/uista ou socialismo libert0rio.

    Para discutir o desen-ol-imento urbano recorremos as se+uintes obras e autores

    respecti-amente: O direito a Cidade de 1efeb-reF Desafio Metropolitano, Marcelo 1opes de

    Sou6aF 'spaço e M5todo de Milton SantosF A produção capitalista da casa e da cidade no

    Erasil de 'rm9nia MaricatoFA '-olução $rbana do &io de aneiro de Maur9cio Abreu, e

    tamb5m as obras de &oberto 1obato Corrêa, 'spaço $rbano e &e+ião e Or+ani6ação 'spacial.

    )a discussão sobre os Mo-imentos SemH%eto, utili6amos a mono+rafia de %ia+o

    Sobral apresentada em !! ao curso de +raduação em Ser-iço Social da $F a dissertação

    de mestrado de Mariana Affonso Penna, apresentada em !"! no Pro+rama de P?sHGraduação

    em Tist?ria Social, tamb5m pela $F a dissertação de Mestrado de )at3alia Cristina

    Oli-eira, apresentada ao pro+rama de p?sH+raduação em sociolo+ia pela $SP em !"".

    %amb5m utili6amos os ilmes #trs da orta e Justa *ausa, ambos produ6idos por

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    munic9pio do &io de aneiro, relacionando o problema da 3abitação popular como

    conse/ência da urbani6ação da cidade.

    )o se+undo cap9tulo discuto a pr0tica do Mo-imento SemH%eto e a aproIimação com

    o Mo-imento Anar/uista, onde demonstro /ue muitas das pr0ticas utili6adas pelo SemH%eto

    são oriundas do Anar/uismoF Al5m disso, identifico or+ani6açes anar/uistas /ue atuam no

    mo-imento dos sem teto, descre-endo como estas or+ani6açes atuaram ou atuam unto a

    estes mo-imentos.

    )o terceiro cap9tulo, analiso os Mo-imentos SemH%eto no &io de aneiro, buscando

    Situ0Hlo en/uanto mo-imento socialF %amb5m procuro mostrar as contribuiçes do

    Anar/uismo para os mo-imentos sociais e para a sociedade.

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    CAP>TULO 4

    O ESPAÇO URBANO E AS ?UEST@ES ABITACIONAIS:a(3/ma* n",a*

    4&4-A* !nmca* !" !'*'n0"(0m'n," /#6an" !" m/nc)" !" R" !' Jan'#" ' a*

    c"nc')58'* !' /#6an" ' c!a!'.

    Ao obser-ar o desen-ol-imento urbano do munic9pio do &io de aneiro, identificamos

    /ue de-ido sua distribuição espacial ser intercalada entre curtas 0reas de plan9cies a uma faiIa

    eIpressi-a de montan3as H ainda nos momentos iniciais de seu crescimento @s5culo R(RH

    al+umas 0reas foram densamente po-oadas, apesar do pouco espaço f9sico.

    Apesar de a formação +eomorfol?+ica não ser o nico fator /ue eIplica a maneira

    como se deu o processo de desen-ol-imento deste espaço, -ale destacar /ue a +eomorfolo+ia

    de certo modo contribuiu para a ocupação não s? da 0rea de plan9cie, mas tamb5m de al+uns

    pe/uenos de morros. Por5m, a ocupação dos morros ocorreu muito mais de-ido aos processos

    de desi+ualdade social resultantes do modelo de desen-ol-imento urbano condicionado 7

    cidade /ue tin3a como prop?sito reor+ani6ar a 0rea central para o desen-ol-imento da

    indstria e do com5rcio, e, tamb5m adaptar a cidade a um estilo mais moderno, com ruas mais

    lar+as, ampliação dos +abaritos dos pr5dios, criação do porto, arrasamento de al+uns morros e

    a ampliação da faiIa do continente atra-5s de al+uns aterros.

    )o entanto, para /ue essa Wreor+ani6açãoW fosse conclu9da, uma s5rie de despeos e

    remoçes, foram reali6ados com o discurso de 3i+ieni6ação da cidade, /ue, 7/uela 5poca,

    possu9a muitos cortiços e casas de cXmodo. Por causa disso, en/uanto al+umas fam9lias

    ocuparam os morros mais pr?Iimos 7 re+ião central, formando o /ue posteriormente seria

    denominado fa-ela, outras foram para as 0reas perif5ricas, contribu9do para a perifi6ação da

    cidade.

    Yuando analisamos o desen-ol-imento urbano da cidade a partir da relação social

    identificamos /ue ele não pri-ile+iou a construção de moradia popular, causando al+uns

    problemas /ue permanecem at5 os dias atuais,como a se+re+ação s?cio espacial e a falta de

    moradia para a população mais pobre.

    Para entender como se dão os processos de desen-ol-imento do espaço urbano, a

    contribuição da analise Geo+r0ficaH /ue tem o espaço e as relaçes sociais /ue o circundacomo obeto de estudo H pode nos audar.

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    Para discorrer sobre o assunto em tela, recon3ecemos as importantes analises do

    espaço urbano /ue foram feitas por -0rios Ge?+rafos, dentre eles, nos apropriamos da

    interpretação de: Milton Santos, Maur9cio Abreu e Marcelo 1opes de Sou6a. Outrossim,

    consideramos importante as atribuiçes da interdisciplinaridade, /ue nos permite, atra-5s de

    um le/ue de disciplinas ampliar a compreensão sobre o espaço. Sendo Assim, consideramos

    importante obras de autores da Sociolo+ia e da Ar/uitetura e $rbanismo.

    Portanto, o /ue propomos 5 uma analise do espaço urbano le-ando em consideração as

    relaçes sociais /ue nele est0 posta, focando primeiramente as /uestes en-ol-e a sociedade.

    Mas, pensar, estudar e pes/uisar o espaço se+undo esta concepção, durante um bom tempo foi

    tarefa dif9cil para muitos pes/uisadores. Mauricio de Almeida Abreu destacou isso na obra  #

    evolução /rbana do Rio de Janeiro no /ual relatou sua dificuldade para encontrar uma teoria

    sobre espaço urbano, /ue não se estruturasse num modelo est0tico /ue não se destacasse pela

    economia.

    O autor Maur9cio Abreu , ao fa6er um estudo dinLmico do desen-ol-imento urbano do

    munic9pio focando as relaçes sociais, /uestiona o modo como ocorreram al+uns processos

    /ue +eraram al+umas mudanças dando outra forma para acidade e condicionando tamb5m um

    conflito de classes, 0 /ue a or+ani6ação do espaço urbano tende a concentrar renda e poder

    nas mão das classes mais abastadas deiIando 7 mar+em a população mais empobrecida comoele mesmo di6: 0&%%%( nas cidades capitalistas, a forma de organi$ação do espaço tende a

    condicionar e assegurar a concentração de renda e de poder nas mãos de poucos,

    realimentando assim os conflitos de classeW@AE&'$,!"!.p.".

    Al5m do conflito de Classe, conforme apontado por Maur9cio Abreu, outro /uestão

    /ue tamb5m se relaciona com os processos de desen-ol-imento urbano 5 a função dos a+entes

    e ou elementos /ue fa6em parte do espaço +eo+r0fico. Milton Santos, na sua literatura, tra6 a

    discussão sobre os elementos do espaço, e as suas funçes. ele discorre /ue :

    os elementos do espaço seriam os se+uintes: os 3omens, as firmas, asinstituiçes e as [email protected], os 3omens são elementos do espaço,sea na /ualidade de fornecedores de trabal3o, sea na de candidatos [email protected], as firmas têm função essencial a produção de bens, ser-iços, eideias. As instituiçes, por seu turno, produ6em normas, ordens ele+itimaçes@.... As infraHestruturas são o trabal3o 3umano materiali6ado e+eo+rafi6ado nas formas de casas, plantaçes camin3os etc.  @SA)%OS,!".p."NH".

    Disso, o /ue podemos interpretar 5 /ue as funçes dos elementos do espaço de certa

    maneira, são e ou estão interli+adas, o /ue fa6 com /ue o espaço tamb5m sea uma totalidade,

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    pass9-el de di-isão, onde cada parte constitui o todo . Mas para al5m disso, as funçes

    conferidas a cada elemento tem uma função de +rande importLncia não s? nas dinLmicas

    urbanas, mas tamb5m nas /uestes pol9ticas, econXmicas e sociais.

    De uma maneira mais simplificada as dinLmicas urbanas seriam as modificaçes

    implantadas no espaço +eo+r0fico como urbani6ação. Yue são os ser-iços de pa-imentação de

    ruas, rede de saneamento b0sico e tamb5m a ampliação das redes el5tricas e de telefonia. Mas,

    a implantação destes ser-iços, ocorrem com certa intenção de tamb5m conferir ao espaço

    urbano benef9cios /ue colaboram para o desen-ol-imento e manutenção do capitalismo, ou

    sea, o desen-ol-imento urbano tem um -i5s intencional. Marcelo 1opes, tamb5m corrobora

    com este pensamento. Para ele, di6er /ue o desen-ol-imento urbano são as modificaçes /ue

    ocorrem no espaço acoberta o real sentido /ue o capitalismo e o 'stado fa6em no espaço, pois

    na sua concepção:

    @... o desen-ol-imento urbano nada mais 5, no final de contas, /ue atradução, em escala localHurbana e de-idamente espaciali6ada, da ideiadominante de desen-ol-imento econXmico, pautada na combinação decrescimento do produto e moderni6ação tecnol?+ica @... 5 perfeitamentecompreens9-el /ue a noção de Wdesen-ol-imento urbanoWse apresente, emfim, como uma apoteose da moderni6ação da sociedade em sentidocapitalista @1OP'S, "Q. P.".

    Para o autor, o desen-ol-imento urbano 5 uma forma de espaciali6ar as ideias

    capitalistas, /ue orientadas pelo desen-ol-imento econXmico, buscam dar um sentido mais

    capitalista para a sociedade atra-5s de al+umas mudanças conferem cada -e6 mais ao espaço

    modernidade e tecnolo+ia.

    'ssas modificaçes /ue são implementadas no espaço +eo+r0fico @/ue se+undo Milton

    Santos: 5 formado por um conunto indissoci0-el de sistemas de obetos e sistemas de açes.,

    concebem ao espaço urbano não s? uma estruturação mas tamb5m outra fisionomia, e, al5mdisso, outras funçes e formas. ', sobre as funçes e formas conferidas ao espaço urbano

    Milton Santos aponta /ue:

    o espaço impe sua pr?pria realidadeF por isso a sociedade não pode operarfora dele. Conse/uentemente, para estudar o espaço, cumpre apreender suarelação com a sociedade, pois 5 esta /ue dita a compreensão dos efeitos dosprocessos@tempo e mudança e especifica as noçes de forma, função eestrutura, elementos fundamentais para a nossa compreensão da produção doespaço @SA)%OS, !".p.N.

    Ao propor uma base te?rico e conceitual, a partir dos elementos forma, função e

    estrutura e  processo, Milton Santos nos permite o entendimento do espaço como pass9-el de

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    transformação. 'ntendêHlo desta maneira, nos auda a compreender não s? as relaçes sociais

    /ue nele são criadas, mas tamb5m como no seu desen-ol-imento ocorrem 7s mudanças /ue

    imprimem as caracter9sticas da sociedade, sea ela de formas e estruturas, ou mesmo, a/uelas

    /ue acabam +erando al+uns conflitos sociais, al+o t9pico desse espaço. Como por eIemplo, a

    se+re+ação s?cio espacial, /ue no caso do desen-ol-imento do espaço urbano, consiste em

    separar os pobres dos ricos, destinando as mel3ores 0reas da cidades para as classes ricas e

    Wcondu6indoW cada -e6 mais os pobres para as 0reas perif5ricas ou menos desen-ol-ida, outra

    forma de se+re+ação 5 /uando 3a uma di-isão na estrutura urbana direcionando a di-isão do

    espaço para diferentes uso, como por eIemplo: 0reas para com5rcio, par/ues, empresas etc,

    sem espaços direcionado as classes populares. Para entender mel3or como e por/ue ocorre

    este direcionamento, cabe o conceito desen-ol-ido por 1obato Correa, onde 5 o espaço

    urbano entendido:

    em termos +erais , o conunto de diferentes usos da terra ustapostosentre si. tais uso definem 0reas, como: o centro da cidade, local deconcentração de ati-idades comerciais, de ser-iço e de +estãoF 0reasindustriais e 0reas residenciais, distintas em termos de forma e contedosocialF 0reas de la6er e entre outras, a/uelas de reser-a para futura eIpansão.'ste conunto de usos da terra 5 a or+ani6ação espacial da cidade ousimplesmente o espaço urbano fra+mentado @CO&&'A, ".p.".

    'ssa di-isão do espaço @direcionando 0reas para diferentes usos 5 /ue confirmam

    al+umas estruturas pol9ticas, econXmicas e sociais para o uso do cidade e /ue permite al5m da

    se+re+ação socioespacial a especulação da terra.

    $ma discussão muito plaus9-el para desen-ol-imento do espaço urbano estabelecida

    por Sou6a @"N, ao ar+umentar sobre as maneiras de enIer+ar e estudar o desen-ol-imento

    deste espaço. )a sua concepção, al5m da pobre6a te?rica, eIistem outros problemas na

    interpretação do desen-ol-imento urbano, pois se+undo ele não 30 um /uestionamento sobre ustiça social e /ualidade de -ida para uma maior /uantidade de pessoas nas cidades.

    As discusses sobre o desen-ol-imento do espaço urbano 5 bastante ampla, pois

    aborda di-ersas /uestes, portanto, ela não termina com apenas estes /uestionamentos e

    analises abordadas pelos autores referenciados.

    Ali0s, outra /uestão relacionada ao espaço urbano /ue -ale ser ressaltada se refere 7

    certa ambi+uidade com os termos urbano e cidade. Apesar de serem termos distintos, 30 por

    parte de muitas literaturas uma fusão ou confusão /ue fa6em com ambos os termos. Mas,

    apesar de parecerem an0lo+os, possuem suas diferenças, pois muita das -e6es /uando falamos

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    sobre um desses termos parece estarmos nos referindo a outro.$m eIemplo disso pode ser

    obser-ado na leitura de espaço urbano feita Correa:

    o 'spaço $rbano 5 um espaço fra+mentado e articulado, um conuntocompleIo de uso do solo /ue compreende a or+ani6ação espacial da cidade.'ste tipo de uso 5 /ue define 0reas da cidade como: local prop9cio paraati-idades comerciais, para indstrias, para residências, la6er e tamb5m 0reas-a6ias /ue ficam a+uardando a eIpansão urbana. @CO&&*A,".p.".

    'stas 0reas definidas da cidade conforme aponta Correa, mostra o sentido capitalista

    para a ocupação do solo urbano. O /ue nos le-a a compreender /ue o espaço urbano

    determina uma maneira de -i-er na cidade @moderna. Mas, apesar de parecer fruto do

    capitalismo, a cidade moderna, na -erdade 5 anterior a ele, assim como 5 anterior 7

    urbani6ação e a produção do espaço urbano.

    Assim, como 30 na discussão do espaço urbano, uma dificuldade de conceitu0Hlo

    al+uns +e?+rafos, apontam o mesmo problema para a discussão sobre a cidade. )o entanto,

    para fa6er esta discussão cabe a interpretação da Ge?+rafa Ana anni, pois em seus

    /uestionamentos, a autora imprime /ue 30 uma necessidade de uma mel3or analise para a

    cidade, pois 5 preciso construir uma teoria sobre a cidade /ue dê conta das relaçes 3umanas.

    )a sua interpretação, muita das -e6es a eIplicação de cidade se redu6 como lu+ar de

    reprodução capitalista e de dominação do 'stado.

    Sou6a@!!2, tamb5m tra6 o seu /uestionamento a respeito, para ele, definir cidade

    não 5 al+o tão f0cil. )a sua an0lise, ali0s, al5m da dificuldade sobre a cidade, eIiste tamb5m a

    dificuldade em relação termo>conceito: cidade.

    Analisando por outro ponto de -ista, as cidades podem ser entendidas como produtos

    das eras medie-ais, en/uanto /ue o espaço urbano 5 fruto de uma moderni6ação imputada ao

    lon+o dos três ltimos s5culos. %endo no s5culo atual a moderni6ação e a tecnolo+ia como

    suporte para seu desen-ol-imento. 1eZs Munford2  apresenta, em sua literatura, /ue as

    cidades sur+iram como uma necessidade pol9tica, antes mesmo da necessidade econXmica. )o

    entanto, para a Ge?+rafa Ana ani, a cidade 5:

    @... essencialmente o l?cus da concentração de meios e produção e deconcentração de pessoasF 5 o lu+ar da di-isão econXmica do trabal3o @oestabelecimento industrial num determinado, os +alpes, os escrit?rios em

    outros, 5 o lu+ar da di-isão social do trabal3o dentro do processo produti-oe na sociedade e 5 tamb5m um elo na di-isão espacial do trabal3o na

    3M$MO&D, 1eZis, A Cidade na Tist?ria, in Santu0rio, aldeia e fortale6a, São Paulo, Martins ontes, "Q.

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    totalidade do espaço @tanto no n9-el local, re+ional, nacional, como nointernacional @CA&1OS, "#.p.Q2.

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    (MAG'M

    A-. &io Eranco na d5cada de !"!H onte:Goo+le ima+ens. Acesso em ">!>!"2.

    Ao analisar as ima+ens identificamos as mudanças estruturais /ue deram outras

    formas e conferiram no-as funçes a 0rea central da cidade. Antes uma 0rea residencial com

    casas e pr5dios de baiIo +abarito. Atualmente, a rua est0 mais lar+a, os pr5dios de +abarito

    mais alto e a presença do transito mais denso e bastante pessoas circulando pela cidade. O /ue

    permanece em relação ao per9odo passado são apenas al+umas edificaçes anti+as, /ue são

    preser-adas como patrimXnio cultural da cidade. $m maneira WromLnticaW de lembrar o

    passado da cidadeW.

    )as obras /ue foram implementadas na cidade -isando uma no-a estrutura e

    moderni6ação, te-e mais êIito a eIpansão e a reprodução do capitalismo /ue se re-eloupro-ocando diferentes problemas urbanos, como o desempre+o, a se+re+ação socioHespacial, a

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    -iolência, o mau uso do din3eiro pblico, os prec0rios e caros transportes pblicos, a

    poluição, a falta de moradia, dente outros @Sou6a,"N.

    A partir de al+umas leituras /ue abordam processualmente o desen-ol-imento e

    eIpansão da cidade do &io de aneiro, como por eIemplo, Maur9cio Abreu @!"! e tamb5m a

    urbanista 1ilian . e na or+ani6ação da pr?pria cidade.

    Obser-ando, a partir deste campo mais processual, identificamos /ue essas relaçes

    sociais conflituosas, como a se+re+ação socioHespacial, deiIa a impressão de /ue nestes

    espaços, as contradiçes sociais aparentam se desen-ol-er com mais per-ersidade. 'mbora

    saibamos /ue tanto no campo, /uanto na cidade, eIiste a presença da desi+ualdade social e de

    muitos outros problemas. Mas, fica uma le-e impressão /ue na cidade, os conflitos têm maior

    desta/ue. %al-e6 por se apresentar sob diferentes formas e obedecer 7 orientação capitalista no

    /ual a maioria das cidades se desen-ol-e, como 5 o caso da cidade do &io de aneiro.

    Maur9cio Abreu foi um +e?+rafo /ue fe6 este /uestionamento relatandoHo /ue o

    processo 3ist?rico de desen-ol-imento da cidade foi marcado tanto pela busca de

    mel3oramento da forma urbana /uanto da eIpulsão dos pobres da 0rea central, e isso, desde

    os momentos iniciais de urbani6ação.Al5m desta situação relatada pelo autor, tamb5m ti-eram desta/ue determinados

    proetos de planeamentos urbanos /ue s? confirmaram o processo de se+re+ação socioH

    espacial, como o plano A+ac3e# e posteriormente o Plano 1cio Costa. )a sua concepção:

    estes planos s1 oficiali$aram a separação das classes sociais, onde o rico foi para um lado e

    o pobre para o outro @AE&'$, !"! p.Q..4 O Plano A+ac3e pretendia transformar o &io de aneiro @ pelo menos a ona Sul e o Centro numa cidademonumental. @... %ransformar a cidade se+undo crit5rios funcionais de estratificação social do espaço @...

    subdi-idido em 0reas@... Centro de )e+?cios, Centro banc0rio, Centro Administrati-o e o Centro Monumental.Os dois ltimos eIi+iria um +rande nmero de desapropriaçes, afetando os bairros centrais de baiIa renda@...@AE&'$, !"!.p.QNHQ.

    5 Plano 1cio Costa: compreende:" lano-iloto para a /rbani$ação da 2ai"ada *ompreendida entre a2arra da Ti3uca, o ontal de Sernambetiba e Jacarepagu, de-eria ser compreendido dado a importLncia dos9tio: uma baiIada eItremamente sin+ular na cidade do &io de aneiro, com caracter9sticas peculiares. 1ucioCosta almea-a /ue nascesse na re+ião da EaiIada de acarepa+u0 um no-o p?lo Distrito Central inanceiro@CED V *entral 2usiness 4istrict  para contrabalançar com a re+ião central @o atual Centro da Cidade.Acredita-a /ue a 0rea era um foco natural de encontro do eiIo )orte>Sul @ona )orte e ona Sul da cidade,atra-5s de acarepa+u0 e do eiIo 1este>Oeste @por est0 no centro da li+ação entre Santa Cru6 V 6ona industrial V e o Centro da Cidade, o /ue faria con-er+ir o fluIo para a re+ião, criando um no-o Centro Metropolitano@S(1>ZZZ.fet3.++f.br>barra.3tm

    http://www.feth.ggf.br/barra.htmhttp://www.feth.ggf.br/barra.htm

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    (sso demonstra o se+uinte fato: /ue esses planos e al+umas obras /ue foram

    desen-ol-idas na cidade, como por eIemplo, o a reforma Pereira Passos H /ue na primeira

    d5cada do s5culo RR, 0 busca-a ade/uar sua forma urbana as necessidades de concentração e

    acumulação do capital@AE&'$,!"!H e posteriormente a obras reali6adas pelo prefeito

    Carlos Sampaio.

    A reforma comandada pelo Prefeito Pereira Passos, -isa-a criar uma capital mais

    moderna /ue demonstrasse a importLncia do pa9s como um +rande produtor de caf5. Para a

    reali6ação da moderni6ação, um discurso 3i+ienista foi instaurado na cidade, -isando eIpulsar

    muitas fam9lias /ue mora-am em cortiços na re+ião do centro, pois nestas 0reas 0 esta-a

    proetado o alar+amento de muitas ruas.

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    causa das obras de reno-ação, re-itali6ação ou reurbani6ação de uma determinada 0rea da

    cidade, são eIpulsos pelo encarecimento do solo urbano, o eIemplo mais atual /ue temos 5 o

    caso da eIpulsão de muitos moradores da re+ião da ona Portu0ria da cidade de-ido as obras

    do Porto Mara-il3a.

    Por causa, da necessidade de adaptação deste empreendimento milion0rio, -0rias

    fam9lias 0 foram WeIpulsasW desta 0rea. Como por eIemplo al+uns moradores do Morro da

    Pro-idência /ue foram despeados e como recompensa forma destinadas para pr5dios do

    Pro+rama Min3a Casa Min3a

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    s5rie de despeos e remoçes das populaçes mais pobres /ue ocupam pr5dios@/ue outrora

    esta-am ociosos, repetindo al+umas açes /ue ocorrerão no passado.Como podemos

    obser-ar no teIto abaiIo /ue foi eItra9do do site propriet0riosdobrasil.or+:

    A re+ião portu0ria, 0rea central do &io de aneiro, foi abandonada duranted5cadas pela Prefeitura Municipal. 'sta re+ião abri+a -0rios pr5dios pblicosda $nião, do 'stado e do Munic9pio /ue estão -a6ios, ou sea, im?-eis /uenão cumprem sua função social.

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    /uando não se inclinaram para /uestão do crescimento das fa-elas,   se prendendo no

    momento 3ist?rico de seu sur+imento, dilu9ram a /uestão da 3abitação na discussão sobre o

    espaço urbano ou de seu planeamento.

    Por isso, neste trabal3o pretendemos tra6er esta discussão sobre 3abitação popular,

    refletindo sobre um momento mais atual, utili6ando como per9odo de analise o final da d5cada

    de "! at5 o presente momento, no /ual 5 poss9-el detectar a luta por moradia, a partir dos

    Mo-imentos SemH%eto na cidade do &io de aneiro, como decorrente de um problema urbano

    oriundo da falta de 3abitação, por conta da -alori6ação do solo urbano.

    Dos trabal3os de +e?+rafos abordando a /uestão da moradia, al+uns se propuseram a

    discutir de forma mais aprofundada o problema. Como na discussão sobre 3abitação urbana

    te-e mais desta/ue a fa-ela, discorremos al+uns +e?+rafos /ue falam sobre essa /uestão

    3abitacional: temos, dentre outros,Andrelino Campos, /ue no li-ro do .uilombo 5 6avela, se

    ocupou em falar sobre a moradia. 'mbora faça menção ao final do s5culo R(R onde discute as

    ori+ens da a-ela e de seus primeiros 3abitantes, ao discorrer sobre a escasse6 de moradia na

    cidade do &io de aneiro, fa6 uma analo+ia entre o passado e o presente, onde a população

    pobre 5 -ista em ambos os momentos padecendo de 3abitação e tamb5m da necessidade de

    morar no centro, principalmente, por conta da proIimidade com o local de trabal3o e ou

    mel3ores ofertas de empre+o.)a discussão proposta por Mauricio de Almeida Abreu, em "QN, sobre a /uestão da

    3abitação popular no &io de aneiro, o autor re-ela /ue a falta de moradia popular 5 uma

    situação /ue tem permanecido em e-idência atra-5s do tempo atra-essando fases conunturais

    da Tist?ria da cidade.

    Marcelo 1opes, /uando discorre sobre os problemas socioHespaciais das re+ies

    metropolitanas no 1i-ro o 4esfio Metropolitano, fa6 /uestionamentos /ue se desdobra para a

    /uestão da criminali6ação dos fa-elados, e da ação do trafico de dro+as dentro das fa-elas.Sobre a moradia popular analisa os conuntos 3abitacionais na a-ela Cidade de Deus Q. Al5m

    disso, discute a /uestão da moradia urbana a partir dos SemH%eto, em al+uns arti+os.

    A /uestão da 3abitação urbana para &oberto 1obato Correa -em dilu9da no seu li-ro,

     7spaço /rbano, no /ual ao discutir os processos e formas espaciais da cidade, imprime /ue a

    se+re+ação residencial 5 a eIpressão espacial das classes sociais. 1embrando /ue @a

    7Para maior aprofundamento -er: CAMPOS, Andrelino. Do Yuilombo 7 a-ela:  # rodução do 7spaço*riminali$ado no Rio de Janeiro. &io de aneiro: Eertand Erasil, !"!.

    Q Para maior aprofundamento -er: SO$A, Marcelo 1opesF &OD&(G$'S,Glauco Eruce. lane3amento urbanoe ativismos sociais H São Paulo : $)'SP, !!#. e93ttp:>>ZZZ.+eo+rafia.ufr.br>nuped>teItos>O]!/ue]!pode]!a]!economia]!popular]!urbana.pdf

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    33

    se+re+ação 5 a estruturação dessas diferentes classes sociais /ue foram estruturadas pelo

    capitalismo. @CO&&'A, "2, N".

    Al5m destes autores, no campo da +eo+rafia, -0rios trabal3os de +e?+rafos foram

    apresentados em semin0rios e publicados em re-istas e sites sobre a /uestão da 3abitacional

    brasileira, por5m, focando mais a moradia urbana a partir da fa-ela e >ou dos cortiços.

    Yuanto 7s 0reas do con3ecimento /ue se prope discutir a 3abitação no espaço urbano,

    conforme di6emos anteriormente, temos -0rios autores tanto das Ciências Sociais, Tist?ria, e

    Ser-iço Social, /uanto da Ar/uitetura /ue discorrem sobre o assunto. 'stas ciências tem

    buscado /uestionar as relaçes 3umanas, a partir dos processos de espaciali6ação, por5m, em

    al+uns casos, a maioria das discusses fica esta+nada, dialo+ando com o passado da cidade,

    mesmo com a /uestão 3abitacional sendo um problema constante e atual no &io de aneiro.

    Contudo, tanto nas disciplinas de Ciências Sociais como no ser-iço Social"!, -0rios trabal3os

    /ue discorrem sobre a /uestão da moradia urbana foram publicados muitos deles apontando

    uma no-a forma de 3abitação, a partir dos trabal3adores desempre+ados, como 5 o caso dos

    SemH%eto.

    Direcionando os /uestionamentos le-antados, ao ambiente urbano da cidade do &io de

    aneiro, esclarecemos /ue neste trabal3o 30 3ip?tese 5 /ue a escasse6 da moradia sea um

    problema relacionado ao tipo de planeamento urbano  /ue orientou o desen-ol-imento dacidade, pois ele ocorreu permeado por desi+ualdades sociais resultantes da eIpansão e

    reprodução do sistema capitalista /ue se re-elou neste espaço pro-ocando diferentes

    problemas urbanos, como o desempre+o, a se+re+ação socioHespacial, a -iolência, o mau uso

    do din3eiro pblico, os prec0rios e caros transportes pblicos, a poluição, a falta de moradia,

    dente outros.

    Sobre a /uestão da moradia como um problema urbano, podemos obser-ar no trabal3o

    /ue a $rbanista 1iliam esseler

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    reali6ação de +rande nmero de proetos urban9sticos /ue tin3am o prop?sito de alterar o uso do solo,

    sobretudo no trec3o correspondente a atual 0rea central @

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    orientador e modelador /ue se+ue ou -iabili6a os deseos das classes mais ricas. Sobre essa

    atuação do 'stado, Corrêa@"2aponta /ue: &%%%( al5m do 'stado e da classe rica, eIistem

    outros a+entes /ue tamb5m produ6em o espaço urbano, como por eIemplo: os +randes

    empres0rios, o setor imobili0rios, os propriet0rios de terras urbanas e os +rupos sociais

    eIclu9dos @CO&&'A, ". p.".

    Por5m, o /ue ocorre 5 /ue nesta produção, os ltimos, apesar de não direcionar ou

    influenciar a produção do espaço nas mesmas condiçes /ue os demais a+entes, ficando em

    al+uns momentos a rebo/ue dos outros, conse+uem de al+uma forma imprimir al+umas

    caracter9sticas a este espaço: a ocupação dos morros como local para moradia, a autoH

    costrução urbana, e atualmente as ocupaçes de semHteto e a resistência das fa-elas /ue

    sofrem risco de remoção", são eIemplos disso.

    Por isso, considerando a ação de todos estes a+entes /ue produ6em o espaço

    urbano,/uando refletimos sobre o desen-ol-imento da cidade do &io de aneiro e >ou a sua

    reno-ação, -emos /ue foi um tipo de desen-ol-imento /ue pri-ile+iou uma urbani6ação

    moderna sem espaços para a população pobre, e carre+ado de contradiçes sociais, pois todas

    as obras /ue 3ou-eram no passado de al+uma forma atin+iu a população pobre, deiIandoHa

    sempre como ref5m ou em situação de -ulnerabilidade, como por eIemplo a perda da

    moradia.Maur9cio Abreu, ao comentar a reforma Pereira Passos, nos tra6 uma confirmação

    sobre a escasse6 de moradia em decorrência das obras urbanas, pois para ele: esta reforma /ue

    representa uma fase de +rande transformação da cidade, trouIe uma a+udi6ação do problema

    da 3abitação popular, /ue 0 era crXnico na cidade @Abreu, "QN, p. 2.

    Ao retomar estes fatos do passado -emos /ue eles poderão nos auIiliar no

    entendimento sobre a atual formação urbana da cidade. $ma metodolo+ia de analise utili6ada

    e citada por Maur9cio Abreu em # evolução /rbana do Rio de Janeiro, /uando eIpe /ue :A analise do momento atual 5, pois, o ponto de partida do estudo da estrutura urbana. Mas ela

    s? não basta. U preciso ir al5m, e demonstrar /ue momentos atuais são tamb5m influenciados por

    momentos anteriores, /ue le+aram ao espaço atual forma e contedo@AE&'$, !"! p.2!.

    Portanto, a estrutura urbana /ue temos atualmente, com 0reas ou demandas por 0reas

    /ue se destina a produção e circulação de mercadoria, e tamb5m de mercado consumidor, e

    /ue ao mesmo tempo continua despresti+iando a 3abitação popular, reflete o modo como 7

    12DO&(A,Sou6a &enato. Olimp9ada )ão ustifica &emoção8 #s e"peri+ncias de mobili$ação e luta pol!tica pela posse da terra para Moradia na 2ai"ada de Jacarepagu H Rio de Janeiro9:;:-9:;9. %rabal3o apresentado noR

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    cidade foi estruturada no passado. )a citação de Abreu,a forma e o conte'do da cidade atual

    possui o refleIo do passado. (sso nos d0 a noção de processo /ue remete a /uestão de espaço e

    tempo. 'ssa discussão fica mais compreens9-el, a partir de Milton Santos, pois para ele

    sempre /ue 30 uma mudança na sociedade 7s formas ou obetos tamb5m ad/uire outras

    funçes.

    Analisando os processos sociais de produção e reprodução do desen-ol-imento urbano

    da cidade do &io de aneiro, podemos di6er, com base na literatura eIaminada,/ue os

    problemas /ue en-ol-em urbani6ação e moradia, e /ue tamb5m acompan3am o processo

    3ist?rico da cidade, são resultantes da falta de pol9ticas sociais@ planeamento de 3abitação

    popular, com mais espaço para moradia no centro da cidade e não foram pensadas, nem

    mesmo desen-ol-idas na cidade.

    A falta dessas pol9ticas deiIou como le+ado para o &io de aneiro, muitos problemas

    sociais, dentre eles a moradia /ue se apresenta at5 o presente momento com maior desta/ue.

    Por5m, se os meios tradicionais não conse+uiram sanar a /uestão 3abitacional atra-5s das

    pol9ticas institucionais, 5 nas açes dos mo-imentos SemH%eto, /ue eclodiram como um

    mo-imento social urbano capa6 de re/ualificar os lu+ares mais obsoletos da cidade, dando

    l3es no-a função, /ue muitos trabal3adores conse+uiram atra-5s da or+ani6ação e luta por

    moradia, mesmo /ue de forma alternati-a, sanar a suprir a necessidade da 3abitação.

    4&; - P"(,ca 9a6,ac"na( ' c(a**'* )"6#'* n" B#a*(

    U consenso nas analises sobre o alcance das pol9ticas 3abitacionais no Erasil /ue a

    maioria, senão todos, os pro+ramas ou planos de 3abitação anteriores a d5cada de "! não

    ti-eram êIito em atin+ir as classes mais pobres na a/uisição de moradia. Antes do famoso

    E)T, os pro+ramas /ue tin3am como obeti-o promo-er a a/uisição da casa pr?pria eram, na-erdade, um pro+rama de cr5dito imobili0rio oferecido pela CaiIa 'conXmica ederal e pelos

    (nstitutos de aposentadorias e penses @(APS, e tamb5m por al+uns bancos imobili0rios.

    Depois disso 3ou-e uma or+ani6ação no per9odo do Go-erno Gaspar Dutra, para centrali6ar a

    pol9tica 3abitacional, /uando foi criada a undação da Casa Popular em "#N. Depois disso,

    durante o Go-erno Militar foram criados como pol9tica 3abitacional, o E)T @Eanco )acional

    de Tabitação e ST Sistema financeiro de Tabitação. Por5m, tanto o E)T, /uanto ST e os

    demais ?r+ãos de interesse 3abitacional li+ados a eles, criados na d5cada de"N! como uma

    pol9tica 3abitacional, não conse+uiram sanar o d5ficit de moradia brasileira, principalmente

    para a população mais pobre.

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    Dentre os obeti-os do E)T, esta-am listados como pol9ticas do plano: a difusão de

    moradias para a população pobreF mel3oria no padrão nacional de 3abitação, eliminação de

    fa-elasF diminuição do -alor 3abitação, entre outros. Apesar de todo esse intuito, na/uela

    5poca, estes pro+ramas 3abitacionais, /ue administraram -ultosos recursos financeiros com

    discurso de resol-er o problema de 3abitação, não conse+uiram atender a demanda por

    moradia. )os primeiros seis anos os relat?rios do E)T 0 informa-a /ue não conse+uiria

    atender a demanda 3abitacional, pois, na/uele momento 0 pre-ia o crescimento do d5ficit a

    cada ano"2.

    Mesmo com retrocesso dessas pol9ticas 3abitacionais /ue orienta-am a situação da

    moradia do pa9s, a d5cada de "! se confi+urou um per9odo de Wino-açãoW para a/ueles /ue

    defendem o neoliberalismo. )a 5poca, o pa9s recebia de braços abertos este modelo

    econXmico /ue pri-ile+ia-a a pri-ati6ação das empresas e a abertura da economia para o

    capital estran+eiro. Por isso, ao mesmo tempo em /ue o po-o brasileiro assistia as no-as

    tecnolo+ias adentrarem em suas casas, atra-5s das lin3as de cr5ditos /ue eram concedidas no

    com5rcio para compras de eletrodom5sticos e eletroeletrXnicos, tamb5m assistiam os

    tendenciosos pro+ramas de pri-ati6açes /ue se forma-am. )este mesmo tempo, as pol9ticas

    /ue orienta-am a economia e busca-am consolidar uma moeda forte no pa9s, trata-a com

    desafeto a situação 3abitacional brasileira.Mesmo /ue as pol9ticas 3abitacionais não ten3am conse+uido atender a demanda de

    moradia para as classes mais pobres, em "N a constituição brasileira recon3eceu e

    determinou o Direito 7 Moradia como um dos direitos sociais. 'm !!" durante o Go-erno do

    P% foi criado o Minist5rios das Cidades, /ue ficou encarre+ado de cuidar da pol9ticas

    nacionais referente 7 problemas relacionados as a+lomeraçes urbanas. 'mbora as intençes

    institucionais ten3am sido boas, os problemas referente a moradia em 0reas urbanas não

    foram resol-idos e permanecem at5 o momento.Yuanto 7 situação 3abitacional atual, o /ue temos a n9-el nacional 5 o pro+rama Min3a

    Casa Min3a

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    prop?sito de contribuir para o atendimento a demanda 3abitacional nas três esferas de poder

    @ederal, 'stadual e Municipal.

    'mbora, o discurso sea de atender a população pobre e diminuir o d5ficit de moradia,

    o pro+rama @MCMou não permitir /ue o pa9s sentisse os

    refleIos da crise econXmica /ue se espal3a-a pelo mundo em !!Q. Assim, uma das maiores

    preocupaçes do pro+rama foi +arantir as condiçes de um mercado consumidor de moradia

    para /ue as empresas do setor imobili0rio e da construção ci-il continuasse funcionando sem

    sentir os efeitos da crise mundial, e não o de +arantir prioritariamente o acesso a moradia 7s

    classes mais pobres. Desta forma, as unidades constru9das para atender as classes menos

    fa-orecidas, estão locali6adas nas 0reas mais perif5ricas e mais distantes da re+ião central, na

    maioria das -e6es locais de /uase nen3uma infraHestrutura, ou /uando não, muito distante da

    re+ião central onde 30 mais oportunidades de trabal3o. SomaHse a isso a burocracia

    estabelecida para a a/uisição do im?-el.

    A n9-el 'stadual est0 em curso o  do Plano de &eabilitação e Ocupação dos (m?-eis

    do 'stado do &io de aneiro" na 0rea central da Cidade do &io de aneiro. O obeti-o deste

    plano 5 analisar as potencialidades urban9sticas e ar/uitetXnicas desses im?-eis e elaborar

    propostas para a reali6ação de empreendimentos 3abitacionais.

    'm !"" foram mapeados -0rios im?-eis na re+ião central da cidade. (nclusi-e foifeito uma parceria entre os +o-ernos, ederal, 'stadual e Municipal para fa6er este

    mapeamento. Ao final, foi reali6ado um simp?sio com iniciati-a do Go-erno do 'stado, em

    /ue foi debatido a proposta de transformar al+uns destes im?-eis em moradia de interesse

    social @moradia popular.

    )o entanto, o /ue se tem at5 o momento @incluindo as três esferas de poder 5 a

    inserção de al+uns pr5dios H 0 ocupados e al+uns deles utili6ados para moradia H dentro deste

    plano . Mas desde /ue foi feito o proeto, nen3uma obra foi reali6ada ou tem data marcadapara seu in9cio.

    A n9-el municipal, a prefeitura da cidade criou em !"! o pro+rama Morar Carioca,

    parte inte+rante do Plano Municipal de Tabitação de (nteresse Social, /ue pela secretaria de

    Tabitação Municipal se constitui em instrumento de urbani6ação, re+ulari6ação e pro-isão de

    moradias para as classes populares. Como le+ado dos in-estimento para as Olimp9adas de

    !"N, o pro+rama tem como meta in-estir Q bil3es em demanda 3abitacional. )isso est0

    inserido: inte+ração de assentamentos prec0rios, informais e ser-iços urban9sticos em bairros,

    15 GO

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    como: manutenção e conser-ação, mel3orias 3abitacionais em 0reas beneficiadas pelas

    inter-ençes urbanas, bem como o planeamento urbano com controle, monitoramento e

    ordenamento da ocupação e do uso do solo. Mas este pro+rama tem como prop?sito central

    atender a demanda 3abitacional de /uem mora em 0reas de risco e at5 o momento, na cidade,

    s? foi implementado em fa-elas. ', apesar de a meta para estas 0reas ser de at5 !! domic9lios

    constru9dos, a /uantidade de unidades 3abitacionais constru9das não contempla a demanda de

    moradias em situação de risco: a eIemplo, citamos o Morar Carioca do Morro do C3ap5u

    Man+ueira>EabilXnia no 1eme, ona Sul da cidade, no proeto feito para a comunidade foram

    constru9das menos de /uarenta unidades 3abitacional.

    O resultado das pol9ticas -i-enciadas tanto no passado /uanto no presente, somado a

    outros problemas relacionados 7s +randes cidades, principalmente, pelo modo tal /ual elas

    foram se desen-ol-endo, 5 um fator bastante rele-ante para a constituição dos mo-imentos de

    SemH%eto nas +randes cidades.

    Ca),/("

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    P#

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    concepção dos autores e a lin3a pol9tica tal /ual eles se+uem, de-em ,ser a-aliadas antes de

    tirar concluses a respeito dos mo-imentos sociais.

    'mbora as caracter9sticas seam -ariadas, assim como as bandeiras de luta, o /ue

    percebemos /ue 30 de comum na maioria dos mo-imentos sociais 5 a luta por uma

    sociedade usta, pelo fim das desi+ualdades sociais, pela acesso a casa pr?pria, pelo meio

    ambiente, pela reforma a+r0ria, por mel3ores sal0rios e demais outras rei-indicaçes. Ou

    sea, são lutas /ue recon3ecem /ue a sociedade est0 di-idida em classes, onde impera as

    diferenças sociais +rotescas, resultantes da manutenção do capitalismo, /ue en/uanto

    sistema social /ue +era contradiçes sociais. , de certo modo, colaboram para o sur+imento

    dos mo-imentos, como 5 o caso dos SemH%eto.

    Yuando analisamos as bandeiras de lutados Mo-imentos sociais urbanos de SemH

    %eto, -emos /ue elas não en-ol-em somente os SemH%eto, mas tamb5m a população /ue

    mora no centro da cidade. 'mbora o desta/ue de sua luta ten3a incidido mais sobre a

    moradia popular, estes mo-imentos tamb5m /uestionam: a propriedade pri-ada, a falta de

    função social dos im?-eis ociosos /ue eIistem no centro, a especulação imobili0ria, e as

    desi+ualdades sociais. Por5m, em meio as lutas em /ue se colocam a inda+ação /ue se

    le-anta, 5, o /ue caracteri6a os Mo-imentos Sociais urbanos de SemH%eto, como um

    mo-imento social`$m Mo-imento social pode ser entendido como eIpressão de al+uns processos da

    sociedade e tamb5m como resultante de açes sociais e 3ist?ricas. Para %ouraine os

    mo-imentos sociais são resultantes de açes 3ist?ricas, e isso não s? por causa do

    conflito@sociais entre as classes, mas tamb5m por conta das decises pol9ticas da sociedade.

    )a sua concepção os mo-imentos sociais são: ações conflitante de agentes das classes

    sociais lutando pelo controle do sistema de ação >ist1rica @%ouraine, ".p..

    Se a definição de um mo-imento social pode ocorre pela ação de conflito, podemosdi6er então /ue os SemH%eto podem ser en/uadrados na posição de Mo-imento Social, pois

    a sua luta 5 uma ação conflitante resultante da diferença /ue 30 entre classes sociais.

    Portanto, a sua busca pelo direito de morar e tamb5m de permanecer no centro da cidade,e

    contra a propriedade pri-ada, 5 uma luta de cun3o pol9tico e social, /ue .procura e-idenciar

    para /ue e para /uem a cidade foi constru9da.

    )o /uesito /uestes pol9ticas, o conflito dos SemH%eto esbarra no pr?prio 'stado ,

    pois 5 ele /uem re+ulamenta as leis -i+entes do sistema, /ue beneficiam apenas os

    interesses das classes sociais mais ricas. Por isso, a atuação do mo-imento ocorre respaldada

    numa consciência pol9tica para eIi+ir /ue o m9nimo de seus direitos sea +arantido, /ue 5 o

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    direito de morar. Mas para /ue este direito sea pleiteado a ação direta e a união com demais

    mo-imentos SemH%eto, tem sido de +rande importLncia na busca pela +arantia da moradia e

    tamb5m para os processos de resistência.

    )a concepção do Soci?lo+o Manuel Castells, os Mo-imentos sociais são o /ue

    di6em ser , ou sea, se se identificam en/uanto um mo-imento de moradia de-emos assim

    entendêHlos como tal, ainda /ue suas pr0ticas seam mais ati-istas /ue or+ani6ati-as ou de

    lutas, se+undo Casttels:

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    )o Erasil, o Mo-imento SemH%eto -em se consolidando desde o final da d5cada de

    "! nas principais metr?poles: São Paulo e &io de aneiro, como tamb5m em: Manaus,

    Eelo Tori6onte, Cuiab0, )atal, ortale6a, e Curitiba"N, )estas seis cidades, estes Mo-imentos

    tem tido maior notoriedade, de-ido 7 or+ani6ação e mobili6açes contra os crimes cometidos

    por conta das obras para a Copa do Mundo.

    'm São Paulo, 30 informaçes de /ue o mo-imento começou a se or+ani6ar no final

    da d5cada de "Q!. )atalia Cristina Oli-eira @!"!, relatou a presença e atuação de -0rios

    mo-imentos de SemH%eto na cidade de São Paulo. Sendo /ue destes, apenas três foram

    utili6ados como obeto de seu estudo: @$MMSP $nião dos Mo-imentos de Moradia de São

    PauloF $MM, popularmente con3ecida como W$niãoW e a 1M @rente de 1uta por

    Moradia.

    Ap?s discorrer sobre o trabal3o destes Mo-imentos, apresentou uma lista+em e ou

    le-antamento, com do6e mo-imentos /ue atuam em São Paulo, onde informa o ano em /ue

    cada um fora criado. Da informação le-antada, obser-amos /ue a maioria dos Mo-imentos

    foi constitu9da na d5cada de "!, inclusi-e o M%S% @Mo-imento dos %rabal3adores SemH

    %eto", formado em ".

    $ma caracter9stica dos Mo-imentos de São Paulo 5 /ue al5m de ocupar pr5dios e

    casas -a6ios, tamb5m ocupam +randes terrenos baldios /ue encontramHse espal3ados pelacidade, muitos deles ficam -a6ios por anos a+uardando -alori6ação do local, /ue ocorre

    atra-5s dos in-estimentos do setor pblico Huma pr0tica capitalista de controle do solo muito

    con3ecida como especulação imobili0ria. $m eIemplo de ocupação de %erreno Ealdio /ue

    ficou muito con3ecida em São Paulo @no 'stado, foi Pin3eirin3os, em São os5 dos

    Campos@SP. 'sta ocupação recebeu +rande desta/ue na imprensa,não s? pela

    inconstitucionalidade da ação de despeo, mas tamb5m por conta da forma como a policia

    condu6iu o processo de reinte+ração de posse.Atualmente, os Mo-imentos de SemH%eto em São Paulo tem se somado a causa de

    outros Mo-imentos. )as Manifestaçes de un3o de !"2, atuaram contra o aumento das

    passa+ens e prota+oni6aram di-ersas açes. Atualmente tem promo-ido al+umas como

    passeatas e at5 ocupação de -ias e espaços pblicos como um meio de tornar not?ria a

    situação da moradia em São Paulo.

    16  Dispon9-el em: 3ttp:>>memoria.ebc.com.br>a+enciabrasil>noticia>!"H!#H!#>mo-imentoHdosHsemHtetoHprotestaHcontraH+astosHdoHestadioHdeHbrasiliaHeH+o-ernoHlocalHdi6HcomoHpa+aHob H acesso em : !>!#>!"#.

    17'ste 5 o M%S% nacional.

    http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2012-04-04/movimento-dos-sem-teto-protesta-contra-gastos-do-estadio-de-brasilia-e-governo-local-diz-como-paga-obhttp://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2012-04-04/movimento-dos-sem-teto-protesta-contra-gastos-do-estadio-de-brasilia-e-governo-local-diz-como-paga-obhttp://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2012-04-04/movimento-dos-sem-teto-protesta-contra-gastos-do-estadio-de-brasilia-e-governo-local-diz-como-paga-obhttp://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2012-04-04/movimento-dos-sem-teto-protesta-contra-gastos-do-estadio-de-brasilia-e-governo-local-diz-como-paga-obhttp://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2012-04-04/movimento-dos-sem-teto-protesta-contra-gastos-do-estadio-de-brasilia-e-governo-local-diz-como-paga-ob

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    )o caso do &io de aneiro, o mo-imento começa a se consolidar no final da d5cada

    de "! @com a importante participação de mo-imentos libert0rios.'mbora, 3aa relatos e

    re+istros de al+umas ocupaçes /ue 0 eIistiam no centro antes deste per9odo, como 5

    poss9-el -erificar nos re+istros do (%'& eIplicitado na tabela " em aneIo.

    Como a proposta 5 analisar a /uestão da moradia e a atuação dos SemH%eto na re+ião

    central da cidade, de acordo com biblio+rafia consultada, no centro, a primeira ocupação

    or+ani6ada por Mo-imento SemH%eto foi a )o-a Canudos, atualmente denominada A1MO&

    @Ação 1i-re por Moradia.'sta ocupação foi reali6ada pelo M%S%@local /ue sur+iu em

    ""Q.Se+undo Mariana Penna:

    Ap?s a )o-a Canudos, em ", se+uiuHse um inter-alo sem no-asocupaçes or+ani6adas, at5 /ue em !!# ocorreu a ocupação de um pr5dionas proIimidades da Central do Erasil. A ocupação reali6ada com o apoio darente de 1uta Popular @1P, foi bati6ada de C3i/uin3a Gon6a+a @P'))A,!!. p.Q.

    Por5m, uma moradora de uma das ocupaçes do centro, disse numa entre-ista /ue,

    entre " e !!#, 3ou-e al+umas tentati-as de ocupação no bairro de 0tima e nas

    imediaçes da 1apa. AbaiIo a entre-ista da compan3eira:

    Wembora a nossa luta não sea muito noticiada pela m9dia bur+uesa, emsetembro de !!", com todo epis?dio do "" de setembro, o despeo daocupação &e-olta dos Malês, na rua do &iac3uelo, recebeu desta/ue nam9dia, de-ido o +rande aparato policial /ue o ()SS solicitou para tomar opr5dio do po-o.

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    )o ano se+uinte@!!N, a a+ência de not9cias Pulsar Erasil tra6ia informaçes sobre

    no-as ocupaçes de SemH%eto /ue 7 5poca ocorriam na cidade do &io de aneiro. A mat5ria

    destaca-a /ue em apenas dois meses tin3am sido reali6adas três tentati-as de ocupação em

    pr5dios. ', /ue, dos mais de cinco mil im?-eis abandonados, !deles pertenciam a $nião.

    (nformaçes como essas nos audam a compreender as atitudes dos SemH%eto. Ali0s,

    essa busca por resol-er a falta de moradia com uma sa9da alternati-a, /ue 5 a ocupação,

    podem ser entendida como resultantes de pr0ticas capitalistas como a especulação

    imobili0ria, como, por eIemplo,estas /ue foram noticiadas no ornal".

    Al5m da especulação imobili0ria, /ue se confirma na cidade atra-5s das pol9ticas

    neoliberais /ue tamb5m ti-eram +rande impacto a partir da d5cada de "!. atores como

    falta de proetos de 3abitação para a população pobre, o alto 9ndice de desempre+o, baiIos

    sal0rios, transporte pblicos prec0rios e caros, somados a distLncia do local de trabal3o,

    contribuiu para /ue uma /uantidade de trabal3adores desempre+ados buscasse uma sa9da

    mais imediata para con/uistar um teto. Como solução, as ocupaçes de pr5dios ociosos no

    centro confi+uraramHse como a alternati-a mais r0pida e -i0-el para essa população de SemH

    %eto, /ue acabou por constituirHse como um mo-imento social urbano.

    Al5m do ato de ocupar, os SemH%eto, na incumbência de +arantir por mais tempo a

    posse do im?-el H e tal-e6 /uem sabe, a posse le+alH se or+ani6am de forma coleti-a parasanar suas dificuldades, tanto as estruturais, como as de permanência no pr5dio. Por isso,

    procuram estabelecer dentro das ocupaçes al+umas relaçes /ue tem certa proIimidade ou

    mesmo /ue são caracter9sticas do campo 1ibert0rio.

    Dentre as pr0ticas or+ani6ati-as podemos citar: a solidariedade e Apoio Mtuo, tendo

    como eIemplo al+umas açes /ue pensa-a a ocupação como um todo. Atitudes /uede certa

    meneira, se confirmam em açes libert0rias. Ali0s, o ato de ocupar 5 em si 0 se confi+ura

    com um ato de ação direta, pr0ticas anar/uistas muito utili6adas pelos SemH%eto.Atitudes como estas ocorrem tanto nas ocupaçes or+ani6adas com o -i5s libert0rio,

    /uanto em outras /ue se identificam por outro -i5s pol9tico. )os ornais e teItos sobre os

    SemH%eto encontramos di-ersas informaçes sobre a forma de or+ani6ação das ocupaçes.

    )o teIto de um ornal impresso pela ocupação C3i/uin3a Gon6a+a temos o se+uinte relato:

    [email protected] pr5dio esta-a abandonado a mais de ! anos, e 3oe, as mel3orias no localsão claras. )ossa ocupação tem se or+ani6ado em comisses de trabal3o /uecuidam não s? da manutenção do pr5dio, mas /ue abrem canais de di0lo+o comoutros mo-imentos, pensando formas de cooperação. A intenção 5 utili6ar o pr5dio

    21 (dem 2

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    não s? para moradia, mas tamb5m para implantar proetos culturais e sociais-oltado para as comunidades em [email protected].

    Al5m da necessidade imediata,tanto de moradia /uanto de WalimentaçãoW as açes

    desen-ol-idas nas ocupaçes tem um car0ter de propiciar al+um aprendi6ado /ue le-a abusca pela auto+estão e emancipação social. Al5m das funçes identificadas como

    auto+estão, açes como o desen-ol-imento de ati-idades /ue en-ol-e a comunidade local

    como a criação de centro cultural e popular tamb5m são açes defendidas pelos SemH%eto

    /ue tem proIimidade com as pr0ticas anar/uistas.

    &;& A* P#

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    As contribuiçes te?ricas destes pensadores ti-eram +rande rele-Lncia para o

    desen-ol-imento do pensamento e de sua difusão. Depois destes, outros te?ricos tamb5m,

    contribu9ram para o desen-ol-imento do pensamento e da pratica anar/uista: Piotr 8ropot=in,

    'rrico Malatesta e demais outros, como o +e?+rafo 'lis5e &eclus.

    O Anar/uismo toma força atra-5s da obra de Proud3on e tamb5m na A(% @Associação

    (nternacional dos %rabal3adores atra-5s da Aliança @Or+ani6ação espec9fica anar/uista H/ue

    Ea=unin participa-a.%al-e6 na sea na A(% /ue o anar/uismo ten3a +an3o mais desta/ue2.

    Pois en/uanto na (nternacional a ideia era or+ani6ar as massas unto os trabal3adores de

    -0rios continentes, na Aliança a ideia era tornar essas massas re-olucion0rias,constru9do de

    baiIo para cima, uma proposta de sociedade. $m documento resultante do con+resso da A&#

    @ederação Anar/uista do &io de aneiro, dispon9-el na internet em !!Q, di6 /ue:

    WPortanto, foi no seio da A(% /ue o anar/uismo tomou corpo, na luta direta dostrabal3adores contra o capitalismo, pelas necessidades dos trabal3adores, por suasaspiraçes 7 liberdade e 7 i+ualdade, /ue -i-em particularmente nas massas detrabal3adores nas 5pocas mais 3er?icas_. O trabal3o de teori6ação do anar/uismofoi reali6ado por pensadores e trabal3adores /ue esta-am diretamente en-ol-idoscom as lutas sociais e /ue auIiliaram a formali6ar e difundir este sentimento /ueesta-a latente na/uilo /ue se c3amou mo-imento de massas. 

    'n/uanto ideolo+ia, a contribuição anar/uista na 3ist?ria pXde ser -i-enciada e

    obser-ada em +randes e-entos /ue ti-eram em al+uns momentos H mesmo /ue por curto

    per9odo,H um car0ter re-olucion0rio, como: a /ueda da Eastil3aF a Comuna de Paris.F a

    &e-olução 'span3ola,e no s5culo RR, o mo-imento apatista no M5Iico /ue te-e al+umas

    inter-ençes libert0rias.

    Ao fa6er a discussão a partir de uma analisando um conteIto mais pr?Iimo, Addor

    @!!, ao se referir a formação do proletariado carioca, de certa maneira, admite /ue 30 uma

    diferença entre a atuação anar/uista e as demais correntes pol9ticas unto a classe trabal3adoraem formação. 'sta diferença ocorre pela t0tica de luta e or+ani6ação, pois, en/uanto 7 5poca

    citada, as demais correntes busca-am discutir as /uestes sociais e trabal3istas a partir da -ia

    do partido ou mesmo de uma corrente de tendência reformista dando ênfase as lutas de curto

    23Para &udolf de on+, en/uanto Mo-imento, o Anar/uismo, te-e +rande -isibilidade na Primeira (nternacionaldos %rabal3adores onde conta+iou a maioria, obtendo +rande adesão da massa, /ue recon3eceu no conceitolibert0rio, uma estrat5+ia de luta re-olucion0ria.

    24 Dispon9-el em: 3ttp:>>ZZZ.anar=ismo.net>article>"!Q!

    25 )ão pa+inado. (dem ao N

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    pra6o @untas e -0lidas, 5 claro, por5m, sem encamin3ar para uma proposta de luta de

    classes,o Anar/uismo busca-a trabal3ar a partir da consciência do pr?prio po-o, considerando

    a liberdade indi-idual e o trabal3o coleti-o, sem reprodu6ir no mo-imento um estrutura de

    -an+uarda, centrali6ada e>ou autorit0ria, -isando a lo+o pra6o uma discussão social /ue

    en-ol-e as /uestes econXmicas e tamb5m ao de emancipação social. elipe Corrêa ao eIpor

    as propostas de Ea=unin sobre o processo /ue tem relação com as associaçes de classe di6:

    Portanto a 'strat5+ia do anar/uismo, nesse momento de maturidade,basea-aHse, fundamentalmente, na conformação de um mo-imento demassas, amplo e popular, /ue a+re+asse a maioria dos trabal3adores, semdistinçes pol9ticas e reli+iosas, proporcionando as de-idas condiçes para/ue reali6asse a esta dupla função: lutar pelas /uestes de curto pra6o e

    encabeçar, ele mesmo, o processo re-olucion0rio rumo ao socialismo@CO&&*A, !"", p.2.

    Al5m da sua contestação ao 'stado e ao capitalismo @-isando uma sociedade

    socialista, somada a busca pela sua supressão, e a /ual/uer forma de dominação /ue pon3a

    em detrimento a liberdade de outrem, o Anar/uismo tamb5m de-e ser recon3ecido pela sua

    estrat5+ia de luta e or+ani6ação. As t0ticas denominadas como apoio mtuo, ação direta,

    poder popular e tamb5m a busca pela transformação social, estão inseridas dentro de um

    conunto de açes estrat5+icas /ue -isam a construção de uma sociedade sem classes atra-5sdas -ias re-olucion0rias. Sobre as estrat5+ias e t0ticas do anar/uismo elipe Correa @!"!,

    di6 /ue: o anar/uismo baseiaHse no classismo, /ue recon3ece a luta de classes e a necessidade

    de camin3os /ue apontem para o fim das classes sociais.W

    O Apoio mtuo,a ação direta, a construção do poder popular e a proposta de re-olução

    social são al+uns princ9pios e conceitos utili6ados no anar/uismo. A unção e a pr0tica deles

    têm por obeti-o contribuir para a construção de uma no-a sociedade. Ao analisar cada

    princ9pio separadamente percebemos o car0ter socialista e re-olucion0rio de cada um, do

    mesmo modo, obser-amos /ue al+umas inter-ençes dos SemH%eto tamb5m possui este

    mesmo car0ter.

    A ação direta pode ser entendida como um modo de atuação anar/uista autXnoma e

    or+ani6adas com car0ter combati-o /ue busca responder de forma mais imediata, classista e

    tamb5m re-olucionariam,al+umas necessidades, sea do mo-imento, ou mesmo da

    sociedade. Ao refletir sobre a teoria anar/uista e a ação direta, &ob SparroZ, imprime:

    A caracter9stica da ação direta 5 /ue ela busca c3e+ar aos nossos obeti-os

    por meio de nossas pr?prias ati-idades, ao in-5s de tentar isso por meio daação de outros. A ação direta busca eIercer o poder diretamente sobre osassuntos e as situaçes /ue nos di6em respeito. Dessa maneira, ela di6respeito 7 tomada do poder pelas pr?prias pessoas. )isso, ela se diferencia

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    da maior parte de outras formas de ação pol9tica como as -otaçes, oslobbies, as tentati-as de se eIercer pressão pol9tica com açes industriais oumidi0ticas. %odas essas ati-idades buscam outras pessoas para alcançarnossos obeti-os. %ais formas de ação funcionam com base na aceitaçãot0cita de nossa pr?pria fra/ue6a. 'las recon3ecem /ue não temos nem odireito e nem o poder de influenciar a transformação .N

    Açes como essas são reali6adas pelos SemH%eto, e isso não somente no ato de

    ocupar, mas tamb5m nos mecanismos de resistência utili6ados pelos pr?prios.Portanto, a

    ocupação de pr5dios ociosos,a resistência perante a ustiça e o aparato militar no momento

    de tentati-a de despeo pode ser entendida como a t0tica da ação direta. Ali0s uma das

    caracter9sticas da ação direta 5 /ue são açes reali6adas de baiIo para cima, ou sea, a partir

    do po-o, da base do mo-imento, e não do poder pblico ou mesmo de al+uma direção.

    Outra caracter9stica marcante da ação direta, 5 /ue ela não se apresenta como uma

    ação simb?lica, como por eIemplo, açes de espal3ar carta6es pela cidade solicitando

    moradiaF ao contrario disso, ela 5 uma ação de enfrentamento, pois ao in-5s de pre+ar

    carta6es, os /ue praticam ação direta fec3am as ruas,constroem barricadas, e ocupam os

    departamentos pblicos /ue de-eriam ser respons0-eis pela construção de moradia popular.

    $ma caracter9stica do Anar/uismo /ue tamb5m 5 e-idenciada dentro das ocupaçes 5

    o apoio mtuo:/ue pode ser classificado como atuaçes de cooperação e tamb5m de

    reciprocidade, onde o mo-imento procura +arantir sua sustentabilidade a partir de açesfraternais, como auI9lio tanto nas /uestes pol9ticas, /uanto nas econXmicas, -isando a

    con/uista de al+o sem a dependência do 'stado e>ou das entidades capitalistas. )o

    anar/uismo, um dos defensores do apoio mtuo foi Piotr 8ropot=in, /ue o entende como um

    fator de +rande importLncia para a e-olução da sociedade. 'm seu li-ro < #poio m'tuo, tra6

    uma analise sobre este tipo de relação em di-ersas sociedades, analisando a auda mtua

    desde os sel-a+ens at5 a sociedade moderna@8ropot=in  ,!!N. Antes de 8ropot=in,

    Ea=unin foi um dos primeiros a se pronunciar sobre o apoio mtuo, e, se+undo ele,

    os trabal3adores tem apenas um meio: a associação.Atra-5s da associação,instruemHse, esclarecemHse mutuamente e pem fim, por si pr?prios, a estafatal i+norLncias /ue 5 uma das principais causas de sua escra-atura. Atra-5sda associação , aprendem a se audarem, a se con3ecerem, a se apoiaremmutuamente,e acabarão por criar um poder muito maior /ue todos os capitaisbur+ueses e poderes pol9ticos untos. @EA8$)(), ", p.

    26  SPA&&O, &ob, Pol9tica Anar/uista e Ação Direta H %radução ,CO&&'A,elipe Dispon9-el em:3ttp:>>ZZZ.anar=ismo.net>article>"2!27Para maior aprofundamento -er: 8ropot=in, Piotr, O Apoio Mtuo. !!N %radu6ido por: portal+ens.com.brDispon9-el em: 3ttp:>>portal+ens.com.br>portal>ima+es>stories>pdf>apoiomutuo.pdf

    http://portalgens.com.br/portal/images/stories/pdf/apoiomutuo.pdfhttp://portalgens.com.br/portal/images/stories/pdf/apoiomutuo.pdf

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    Analisando o entendimento de Ea=unin para apoio mtuo e tra6endo para a realidade

    das ocupaçes e tamb5m do pr?prio Mo-imento Social,a aplicação do apoio mtuo colabora

    para o desen-ol-imento de um poder a partir do Mo-imento. 'ste poder /ue, no caso, emana

    do po-o, pode ser entendido como poder popular.

    A construção deste poder e a busca para /ue ele sea constitu9do 5 um assunto muito

    discutido no Lmbito das or+ani6açes Anar/uistas ou mesmo em or+ani6açes /ue tem uma

    certa identificação com a teoria libert0ria. %amb5m 5 discutido e defendido por al+uns

    mo-imentos sociais de es/uerda /ue discordam dos eIa+eros cometidos poder estabelecido

    pela sociedade e pelas autoridades.

    Mas /ue poder 5 esse /ue 5 poder e não 5 autorit0rio como o poder eIercido pelo

    'stado, e pela estrutura de sociedade /ue temos` 'ste 5 o poder popular, ele consiste em

    contribuir para or+ani6ação das classes mais eIploradas e dominadas da sociedade capitalista

    de modo a acumular força social o suficiente para superar ou re-erter as relaçes de

    eIploração e dominação eIistente pelas classes dominantes.

    )a proposta anar/uista de poder popular ele de-e ser uma força para a população

    pobre /ue de-er0 ser constru9da de baiIo para cima. A definição estabelecida por Gilmar

    MauroQ, @/ue não se rei-indica como anar/uista aponta o Poder Popular como um no-opoder pois para ele:

    o poder popular, portanto, brota e se reali6a com e pelo po-o@en/uantoclasse social num proeto de construção do socialismo. U a capacidade depensar, propor e fa6er o seu pr?prio destino e os da comunidade,da re+ião deum pa9s, respeitandoHse as diferenças culturais e indi-idualidades @... 0 /uetodo processo de construção do Poder Popular , ter0 /ue ser coleti-o. Criar ono-o poder, ou sea, criar o poder popular , si+nifica criar no-as formas derelaçes 3umanas, no-as relaçes societ0rias, no-as relaçes pol9ticas@...@MA$&O,@!!N apud CO&&'A, elipe,!"!, p. .

    Por fim, o poder popular rei-indicado pela teoria libert0ria tem 3a-er com um proeto

    de transformação social, para isso a construção de-e ocorrer a partir de um po-o /ue se

    recon3ece en/uanto capa6 de estabelecer relaçes 3umanas -isando o socialismo, onde 3aa

    democracia e liberdade, e a eItinção das estruturas 3ier0r/uicas. ' 5 -isando a construção de

    uma sociedade socialista /ue o anar/uismo utili6a e dissemina essas t0ticas e estrat5+ias:

    ação direta, apoio mtuo e poder popular como ferramenta para atuar unto ao po-o.

    Yuando analisamos a atuação dos Mo-imentos SemH%eto recon3ecemos a presença

    desta estrat5+ias e t0ticas como m5todo de ação dentro do Mo-imento. O ato em si de ocupar

    28 Anti+a liderança do MS%@Mo-imento %rabal3adores Sem %erra

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    pode ser identificado como uma t0tica de ação direta, as ati-idades desen-ol-idas nas

    ocupaçes /ue priori6am o bem comum, são t0ticas de apoio mtuo, e a luta pelo direito de

    morar, concentrando forças atra-5s do pr?prio mo-imento pode ser entendida como

    iniciati-as atreladas a construção do poder popular. 'stas açes /ue tamb5m tem suas bases

    no anar/uismo e-idencia, não s? a inserção do mo-imento libert0rio unto aos SemH%eto, mas

    tamb5m, praticas anar/uistas apro-eitadas no Mo-imento. Deste modo, nos cabe apontar par

    al+umas contribuiçes do Anar/uismo para o Mo-imento Social.

    Ao contrario de al+umas ideolo+ias, /ue tem um m5todo de trabal3o unto aos

    Mo-imento Sociais, /ue se d0 mais no sentido de direcionar o mo-imento, identificamos /ue

    no anar/uismo a contribuição unto aos Mo-imentos Sociais desen-ol-eHse de outra maneira,

    pois o m5todo libert0rio caracteri6aHse por um trabal3o /ue le-e em conta as necessidades do

    mo-imento e não as /ue apenas fa-oreçam as suas matri6es ideol?+icas.

    'mbora o prop?sito não sea apontar as diferenças entre ideolo+ias, -ale ressaltar /ue

    5 nas diferenças de atuação, /ue -emos com mais clare6a a especificidade do referido

    m5todo no