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Seminário Antropologias Contemporâneas e Fronteiras · 2018. 10. 11. · Apresentação O Seminário Antropologias Contemporâneas e Fronteiras busca se consolidar dentro do Programa

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Seminário Antropologias

Contemporâneas e

Fronteiras

17, 18 e 19 de Outubro de 2018

Campo Grande, Mato Grosso do Sul

Brasil

Caderno de Resumos

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Coordenadores Álvaro Banducci Júnior

Antonio Hilário Aguilera Urquiza

Comissão Científica Álvaro Banducci Júnior – UFMS

Antônio Carlos de Souza Lima – UFRJ/MN

Antonio Hilário Aguilera Urquiza - UFMS

Esmael Alves de Oliveira - UFGD

Guilherme Passamani - UFMS

Jacira Helena do Valle Pereira – UFMS

Jane Felipe Beltrão – UFPA

Ricardo Cruz - UFMS

Tiago Duque - UFMS

Victor Ferri Mauro – UFMS

Comissão Organizadora Aline Correia Antonini

Álvaro Banducci Júnior

Alyson Matheus de Souza

Andréa Lúcia Cavararo Rodrigues Antonio Hilário Aguilera Urquiza

Emilli Amarilha Faria

Juliana Barbosa Lima e Santos Toyama

Guilherme Passamani

Ivani Marques da Costa Grance

Josiane Emilia do Nascimento Wolfart

Patrik Adam Alves Pinto

Pâmella Rani Epifânio Soares

Ricardo Cruz

Tiago Duque

Victor Ferri Mauro

Realização Universidade Federal de Mato grosso do Sul - UFMS

Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social - PPGAS/UFMS

Apoio Faculdade de Ciências Humanas - FACH

Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Esporte – PROECE - UFMS

Saberes Indígenas na Escola – Núcleo UFMS

Rede de Saberes - UCDB

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Apresentação

O Seminário Antropologias Contemporâneas e Fronteiras busca se

consolidar dentro do Programa de Pós-graduação em Antropologia Social (PPGAS),

recém-criado no ano de 2016 na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS),

como ferramenta de divulgação das pesquisas e produções realizadas no já referido

Programa. O evento tem como intenção a promoção do fortalecimento e da

democratização da formação acadêmica e, principalmente, da pesquisa no estado de

Mato Grosso do Sul. Pensando nisso, foi construída uma programação estruturada a

partir da contribuição de pesquisadores que são referências teóricas nacionais e

regionais para a Antropologia, partindo das temáticas de estudo das linhas de pesquisa

que compõem o PPGAS, sendo estas “Identidade, Cultura e Poder” e “Povos e

comunidades tradicionais, fluxos e fronteiras”, na medida em que as discussões

estabelecidas na programação do evento estão em diálogo direto com as produções das

respectivas áreas de atuação do corpo docente e discente. Deste modo, o Seminário

Antropologias Contemporâneas e Fronteiras busca ampliar o acesso às investigações

de ponta que estão sendo realizadas na área antropológica, sendo os pesquisadores

convidados figuras fundamentais na produção desse conhecimento.

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Programação

DIA 17-10-2018 (quarta-feira)

Auditório SEDFOR/UFMS

Credenciamento: a partir das 16 h – em frente ao Auditório SEDFOR

18h30min. – Apresentação cultural

19h30min. – Mesa de autoridades

– Conferência de abertura – Auditório SEDFOR

Tema: “Com quem a Antropologia conversa?”: diálogos e trânsitos disciplinares

Palestrante: José Jorge de Carvalho (UnB)

Coordenação: Dr. Antônio Hilário Aguilera Urquiza (PPGAS/UFMS)

DIA 18-10-2018 (quinta-feira) 08h às 09h – Palestra 01 – Auditório FAALC/UFMS

Título: Experiências e trajetórias antropológicas – Sessão I

Palestrante: Dr. Esmael de Oliveira (UFRGS/UFGD)

Coordenação: Dr. Ricardo Cruz (PPGAS/UFMS)

09h às 09:30 – INTERVALO

09h30 às 11h30 – MESA 01 – Auditório FAALC/UFMS

Título: Múltiplos olhares sobre múltiplos mundos: religiosidades e cosmologias na

contemporaneidade

Palestrantes: Dr. Mário Teixeira de Sá Júnior (UFGD)

Dr. Antonio Carlos Seizer da Silva (UCDB)

Me. Saulo Conde Fernandes (NEIP; UFMS)

Mediador: Dr. Álvaro Banducci Júnior (UFMS/Coord. PPGAS)

12h – ALMOÇO

14h às 17h40min – APRESENTAÇÃO DOS GTs - Unidade VI e Unidade XIII– UFMS

18h – Atividade Cultural

DIA 19-10-2018 (sexta-feira) 08h às 09h – Palestra 02 – Auditório FAALC/UFMS

Título: Experiências e trajetórias antropológicas – Sessão II

Palestrante: Dra. Maria de Fátima Lima Santos (PIPGLA/UFRJ)

Coordenação: Dr. Tiago Duque (PPGAS/UFMS)

09h às 09:30 – INTERVALO

09h30 às 11h30 – MESA 02 – Auditório FAALC/UFMS

Título: Etnografias contemporâneas: mobilidades e tramas na cidade

Palestrantes: Dra. Taniele Rui (PPGAS/Unicamp)

Dra. Flávia Freire Dalmaso (NuCEC/UFRJ)

Mediador: Dr. Guilherme Passamani (UFMS)

12h – ALMOÇO

14h às 17h40min – APRESENTAÇÃO DOS GTs - Unidade VI e Unidade XIII– UFMS

19h – Festa de encerramento (local externo)

Apresentações artísticas: Música (ao vivo), Poesia e Teatro

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Sumário GT1 - ANTROPOLOGIA E EDUCAÇÃO: DIÁLOGOS NA CONTEMPORANEIDADE

................................................................................................................................................... 13

A escola como instituição disciplinadora ................................................................................... 14

Rafael Simões Galvão

A inserção de crianças indígenas em escola não indígena da rede municipal de Dourados ........ 14

Clotildes Martins Morais, Obonyo Meireles Guerra e Antônio Dari Ramos

Relato de experiência: a etnografia como construto na pesquisa em educação........................... 15

Dayana de Oliveira Arruda, Antônio Carlos do Nascimento Osório

Um relato de professores sobre o ensino da antropologia: educando para compreensão das

diferenças culturais..................................................................................................................... 15

Sara Santana Armoa da Silva e Weslem Gimenez dos Santos

Os contributos de geertz na construção de uma abordagem antropológica da autoridade na

educação judoística .................................................................................................................... 16

Aaron França Teófilo

(Des)colonizando a educação: uma análise etnográfica da educação escolar indígena em

Sidrolândia/MS .......................................................................................................................... 17

Ana Carolina Bezerra dos Santos e Jacira Helena do Valle Pereira Assis

GT 2 - ANTROPOLOGIA E METODOLOGIAS TRANSDISCIPLINARES:

REPENSANDO FRONTEIRAS EPISTEMOLÓGICAS...................................................... 18

Um encontro na mata – perspectivismo ameríndio como alternativa ao totemismo em

psicanálise .................................................................................................................................. 19

Alberto Warmling Candido da Silva

Olhar entre avistagens e visagens: diálogos e controvérsias de uma etnografia em campo

fluviomarítimo ........................................................................................................................... 19

Guilherme Antunes

O método micro analítico para a história de vida: contribuições para pesquisa de Tiago Marques

Aipobureu e a coleção etnográfica do Museu das Culturas Dom Bosco ..................................... 20

Carla Fabiana Costa Calarge

Afetos, identificações e relações de confiança na pesquisa sobre aborto .................................... 21

Gabriela Lauterbach

Espaços e territorialidades interdisciplinares: (re)pensar o futebol como convívio social entre

indígenas e não indígenas na região do pantanal sul .................................................................. 21

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Felipe Gavioli Diniz, Edson Pereira de Souza e Icléia Albuquerque de Vargas

Contribuições do método etnográfico para a saúde coletiva e o avanço da política nacional de

humanização .............................................................................................................................. 22

Nicolle Pinho Mendonça Mascitelli

Antropologia e etnografia em uma pesquisa P&D ..................................................................... 23

Vinícius Cruz Pinto

GT 03 - ANTROPOLOGIA NOS CONTORNOS DO CORPO E DA SAÚDE ................... 24

Quando corpo, gênero e saúde se encontram: algumas reflexões sobre os itinerários terapêuticos

da infertilidade feminina no contexto moçambicano .................................................................. 25

Obonyo Meireles Guerra e Esmael Alves de Oliveira

Gênero e psicologia: um olhar sobre a saúde mental da mulher paranaibense ........................... 25

Milena Oliveira da Silva

A morte autoprovocada na visão das famílias terena da aldeia limão verde em Aquidauana – MS

................................................................................................................................................... 26

Josiane Emilia do Nascimento Wolfart e Antônio Hilário Aguilera Urquiza

Performance de corpos aprisionados: uma análise da representatividade de homens privados de

liberdade com HIV/AIDS ........................................................................................................... 27

Isabella Beatriz Gonçalves Lemes e Cássia Barbosa Reis

Ação caritativa na antiga rodoviária de Campo Grande - MS: produção de corpos “saudáveis” e

agência da população em situação de rua ................................................................................... 27

Vladimir Eiji Kureda .................................................................................................................. 28

Gênero, patriarcado e significações imaginárias sociais na depressão pós-parto: um estudo de

casos a partir do referencial teórico de Cornelius Castoriadis e Piera Aulagnier ........................ 28

Keity Emanuela Araújo Vieira e David Victor-Emmanuel Tauro

Corporalidade: produção e reprodução da criança Kaiowá dentro da aldeia Laranjeira Ñanderu

................................................................................................................................................... 29

Jéssica Maciel de Souza, Antonio Hilario Aguilera Urquiza e Tania Milene Nugoli Moraes

Entre linhas e tramas: uma etnografia sobre as narrativas de indígenas Guarani e Kaiowá em

seus itinerários pelas redes do SUS ............................................................................................ 29

Jéssica Camile Felipe Tivirolli e Esmael Alves de Oliveira

GT 06 - GÊNERO, FRONTEIRAS E (I)MOBILIDADES: REFLEXÕES

ETNOGRÁFICAS SOBRE LIMITES E ATRAVESSAMENTOS ...................................... 31

A produção brasileira sobre prostituição masculina: um mapeamento inicial do campo ............ 32

Tatiana Bezerra de Oliveira Lopes e Guilherme Rodrigues Passamani

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Estratégias de (in)visibilidade: uma etnografia-online da sala de bate papo uol sobre gênero e

sexualidade na fronteira Brasil-Bolívia ...................................................................................... 32

Carla Cristina de Souza e Tiago Duque

Cômodos que falam: uma reflexão antropológica sobre gênero e arquitetura ............................ 33

Hugo Costa Gripa

Tráfico de adolescentes para fins de exploração sexual na cidade fronteiriça de Ponta Porã/MS

................................................................................................................................................... 33

Emilli Amarilha Faria e Jacira Helena do Valle Pereira Assis

“Eu sou brasitiano”: mapeando redes, trajetórias e negociações de haitianos/as em Campo

Grande – MS .............................................................................................................................. 34

Aline Correia Antonini e Esmael Alves de Oliveira

Fronteiras do estado, fronteiras do cuidado: notas sobre cidadania, hiv e política na fronteira

brasil-peru.....................................................................................................................................35

Thiago de Lima Oliveira

GT 08 - IMPACTOS DE INTERVENÇÕES DO ESTADO SOBRE POPULAÇÕES

INDÍGENAS ............................................................................................................................. 36

A “cultura” do índio: crítica antropológica da noção de “cultura” indígena no Superior Tribunal

de Justiça .................................................................................................................................... 37

Caio Ferrari de Castro Melo

Os Terena de Mato Grosso do Sul e a carteirinha da funai: de signo material da tutela à

ressignificação ............................................................................................................................ 37

Patrik Adam Alves Pinto

Território e cárcere: o encarceramento Kaiowá e Guarani na região de Dourados - MS e a luta

pelo tekohá ................................................................................................................................. 38

Raphael de Almeida Silva e Antonio Hilario Aguilera Urquiza

Participação de terenas na resistência à emancipação da tutela nos governos Geisel e Figueiredo

(1974-1985)................................................................................................................................ 38

Victor Ferri Mauro

GT 09 - LUTA E RESISTÊNCIA DOS POVOS INDÍGENAS EM MATO GROSSO DO

SUL............................................................................................................................................ 40

VI Aty Kuñangue em perspectiva: corporalidades femininas na elaboração das narrativas das

mulheres Kaiowá e Guarani ....................................................................................................... 41

Aline Domingos Corrêa e Aline Castilho Crespe Lutti

Fotodocumentário: aldeia aldeinha, espaço de resistências eternizadas pela fotografia.............. 41

Lucas Afonso Serafim Domingues, Raylson Chaves Costa e Eduardo Perotto Biagi

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Cosmologia Guarani X Cosmologia ocidental de expansão: o caso dos Guarani (Kaiowá) e

Guarani (Ñandeva) de Mato Grosso do Sul em situação de vulnerabilidade e resistência .......... 42

Rosalvo Ivarra Ortiz

Guyra Kambi’y: Uma metonímia Guarani Kaiowá .................................................................... 43

Giovanna Strengari Nanci Fluminhan

A gênese dos estados nacionais e sua relação com os povos tradicionais do Mato Grosso do Sul

................................................................................................................................................... 43

Marco Antônio Rodrigues, Andréa Lúcia Cavararo Rodrigues e Antonio H. Aguilera Urquiza

Ocupação de território tradicional do povo terena: fazenda Cristalina, município de Aquidauana

– MS........................................................................................................................................... 44

Gilson Tiago e Álvaro Banducci Júnior

Povos indígenas no brasil e o direito à resistência (o caso de Mato Grosso do Sul) ................... 45

Adriana de Oliveira Rocha

A criminalização da resistência Guarani e Kaiowá no Mato Grosso do Sul ............................... 45

Felipe Mattos Johnson, Marco Henrique Soares Pereira e Maria Angélica Chiang

Criança kaiowá: fazer-se criança na aldeia Laranjeira Ñanderu ................................................. 46

Jéssica Maciel de Souza e Tania Milene Nugoli Moraes

GT 11- PATRIMÔNIO CULTURAL E DIÁLOGOS HISTÓRICO-EDUCATIVOS ........ 48

Cultura material, etnografia e história: reflexões sobre o descarte de materiais históricos ......... 49

Alexsandro Nunes Benevides

Cultura e memória das idosas: utilização da memória no ensino de história regional ................ 49

Juliane Fávero da Silva e Jaqueline Aparecida Martins Zarbato

Ensino de história e educação patrimonial: mapeando os lugares de memória em Campo

Grande/MS a partir do Museu José Antônio Pereira .................................................................. 50

Jéssica Lima de Freitas e Jaqueline Aparecida Martins Zarbato

Museus, educação patrimonial e mulheres: análises sobre a representação cultural feminina nos

museus em Campo Grande/MS .................................................................................................. 51

Jaqueline Aparecida Martins Zarbato

O uso de imagens tridimensionais (3D) para a valorização do patrimônio arqueológico do sítio

templo dos pilares, Alcinópolis/MS ........................................................................................... 51

Thaiane Coral Fernandes Lima e Beatriz dos Santos Landa

GT 12 - POVOS TRADICIONAIS: PARENTESCO, TERRITÓRIO, SAÚDE E

SOCIEDADE ............................................................................................................................ 53

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A incidência da violência contra as mulheres kaiowá e guarani: a falta de políticas públicas de

atendimento aos direitos de demarcação do tekoha na aldeia Laranjeira Ñanderu, rio

Brilhante/MS .............................................................................................................................. 54

Carolina Palhares e José Paulo Gutierrez

A importância da educação ambiental para Campo Grande (MS): projeto P.A.I.S. na escola

agrícola....................................................................................................................................... 54

Marcelo Augusto Ferreira, Felipe Gavioli Diniz e Edson Pereira de Souza

Assassinatos indiretos: reflexões sobre os suicídios indígenas no estado de Mato Grosso do Sul

na região do pantanal sul ............................................................................................................ 55

Fernando de Mattos Menezes, Edson Pereira de Souza e Icléia Albuquerque de Vargas

A relação entre sustentabilidade, conhecimento tradicional e território para o povo Guarani .... 56

Thais Almeida Cariri e Antonio Hilário Aguilera Urquiza

Povo Guarani e território: uma relação com as práticas de trabalho escravo .............................. 57

Camila Assad Catelan e Antônio Hilário Aguilera Urquiza

Oguata Guasu: grande caminhada dos Kaiowá .......................................................................... 57

Andréa Lúcia Cavararo Rodrigues, Sônia Rocha Lucas e Antônio Hilário Aguilera Urquiza

Três anos de lama, séculos de luta: a mobilização social das comunidades tradicionais no

extremo litoral norte do Espírito Santo frente ao crime da SAMARCO/VALE/BHP................. 58

Arthur Augusto Silva Santos

O preconceito com raízes históricas ........................................................................................... 59

Pedro Ramão Rojas Coronel

Paisagens e (des)continuidades: o incremento do turismo e a configuração de uma arena de

conflito no parque nacional dos lençóis maranhenses ................................................................ 59

Benedita de Cássia Ferreira Costa

GT 13 - PROIBIÇÕES E RESISTÊNCIAS ........................................................................... 61

Aborto autônomo, feminista e acompanhado: redes feministas de acompanhamento às mulheres

que abortam ................................................................................................................................ 62

Gabriela Lauterbach

A áfrica e sua contribuição rítmica para a música brasileira ....................................................... 62

Luiz Carlos Santana

Feminismos antiproibicionistas no Brasil ................................................................................... 63

Greciane Martins de Oliveira e Nathalia Eberhardt Ziolkowski

Vai ter “shortinho” sim! A importância e os reflexos de se discutir o movimento feminista e a

igualdade de gênero no ambiente escolar ................................................................................... 63

Sara Santana Armoa da Silva

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GT 14 - RELIGIÕES, RELIGIOSIDADES, FESTAS E CELEBRAÇÕES ........................ 65

A procissão à São Pedro: o ritual e seus percursos indefinidos em Boa Vista, Roraima ............ 66

Cristiane Bade

Doutrinas em movimento: um bailado entre Santo Daime e o Rastafari .................................... 66

João Otávio Duarte Farias

Café da manhã com São João. Rituais e comensalidade no aniversário do santo ....................... 67

Camila Assad Catelan e Luciana Gomes

As singularidades do banho de São João em Ladário/MS. ......................................................... 67

Danilo Cezar de Jesus Santos e Álvaro Banducci Júnior

As reciprocidades da festa de São Sebastião entre os terena da aldeia Buriti ............................. 68

Rafael Allen Gonçalves Barboza e Graziele Acçolini

Comércio e devoção: a venda e as oferendas de alasitas nos pedidos à virgem de Urkupiña no

Calvário, em Puerto Quijarro (BO) ............................................................................................ 68

Alyson Matheus de Souza e Álvaro Banducci Júnior

A fé em festa: a compreensão do banho de São João pela imagem ............................................ 69

Talita Thomazini Carvalho

Povo da rua: os territórios das entidades Exu e Pomba Gira na umbanda .................................. 70

Gesliane Sara Vieira Chaves

“Por uma nuvem ele veio e por uma nuvem voltou”: sinhozinho patrimônio cultural de Mato

Grosso do Sul ............................................................................................................................. 70

Edivânia Freitas de Jesús e Douglas de Oliveira Nobre

Meu pai xangô para além de São João Batista sincretismo e tempo religioso nas festas juninas

de Corumbá MS ......................................................................................................................... 71

Mario Teixeira de Sá Junior

GT16 - TRABALHO, CONSUMO E SIGNIFICADO NUM MUNDO EM

TRANSFORMAÇÃO .............................................................................................................. 72

Globalização e gourmetização: a gastronomia de Belém do Pará ............................................... 73

Guilherme Bemerguy Chêne Neto e Renata Medeiros Paoliello

Os novos rumos da moda em Campo Grande-MS (2016-2018) os coletivos criativos de moda e

as transformações no mundo do trabalho ................................................................................... 73

Ivani M. C. Grance e Ricardo L. Cruz

“A gente não quer só comida, a gente a gente quer comida, diversão e arte”: uma análise dos

rolezinhos como contestação da segregação socioespacial ......................................................... 74

Nátali Bozzano Nunes e Davide Giacobbo Scavo

“Uma feira mais limpinha”......................................................................................................... 75

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Juliana Barbosa Lima e Santos Toyama

A moda e as redes sociais: a complexidade da sociedade do consumo ....................................... 75

Ranielly Silva Leite

Conselheiro regionais de planejamento urbano: voluntários trabalhando pelo bem comum ....... 76

Liliana Simionatto e David Victor-Emmanuel Tauro

Produção agrícola para autoconsumo e “comércio justo”. Agroecologia nas pampa da

Argentina, à margem do agronegocio ......................................................................................... 76

Romina Cravero

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GT1 Antropologia e Educação:

diálogos na

contemporaneidade

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Seminário Antropologias Contemporâneas e Fronteiras

17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 14

A ESCOLA COMO INSTITUIÇÃO DISCIPLINADORA

Rafael Simões Galvão

[email protected]

Neste artigo pretendemos problematizar a temática da escola como instituição social.

Tomaremos como ponto de partida algumas noções gerais sobre o papel da escola, para,

em seguida, refletirmos sobre os sentidos do papel da escola segundo alguns autores

importantes das Ciências Sociais (Durkheim, Marx e Foucault). A partir de uma

problematização inicial, iremos contrapor perspectivas que enfatizam o papel

emancipador e democrático da educação (escola) e contrapor com outras abordagens

que refletem a respeito das caraterísticas disciplinadoras dos dispositivos escolares. Para

desenvolver essa investigação iremos privilegiar uma leitura direta dos autores

escolhidos e, ao final do artigo, pretende-se apresentar uma compreensão mais

aprofundada da instituição social escola.

Palavras-chave: Escola, Michel Foucault, Poder, Panóptico.

A INSERÇÃO DE CRIANÇAS INDÍGENAS EM ESCOLA NÃO INDÍGENA DA

REDE MUNICIPAL DE DOURADOS

Clotildes Martins Morais

[email protected]

Obonyo Meireles Guerra

[email protected]

Antônio Dari Ramos

[email protected]

Neste artigo pretende-se um diálogo sobre os desafios que a escola pública enfrenta para

implementação das diferentes práticas educacionais para assegurar o respeito as

diferenças culturais demandadas pelos alunos no cotidiano escolar. Busca-se evidenciar

como as relações dos alunos indígenas se estabelecem com os alunos não indígenas e

com todo o contexto escolar. Propomos também algumas reflexões sobre como as

escolas tem trabalhado as questões relacionadas a essa interculturalidade. Partimos de

algumas experiências práticas, vivenciadas em contextos escolares, bem como, das

discussões antropológicas de diferentes autores sobre a temática pesquisada. Neste

sentido, propomos reflexões sobre em que medida a educação escolar pública, reitera ou

não, a diversidade étnica cultural que são garantidas pela legislação educacional

brasileira. Para tais discussões nos embasamos nas práticas pedagógicas de algumas

escolas da Rede Municipal de Ensino da cidade de Dourados-MS.

Palavras-chave: Crianças Indígenas, Escolarização, Interculturalidade.

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Seminário Antropologias Contemporâneas e Fronteiras

17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 15

RELATO DE EXPERIÊNCIA: A ETNOGRAFIA COMO CONSTRUTO NA

PESQUISA EM EDUCAÇÃO

Dayana de Oliveira Arruda

[email protected]

Antônio Carlos do Nascimento Osório

[email protected]

O texto apresenta parte do relato de experiência de uma pesquisa no campo da educação

concluída, no que concerne a efeitos de arranjos teóricos e metodológicos constituídos

em processos pelos referenciais Foucaultianos, cujas aproximações in loco decorreram

na explicitação da etnografia enquanto movimento operativo e dinâmico, que facultou o

construto de métodos, técnicas, procedimentos e recursos. Nesta conjuntura,

problematizamos práticas efetivas e discursos no Projeto “Travessia Educacional do

Jovem Estudante Campo-grandense”, estratégia de escolarização, em nível de ensino

fundamental, direcionado aos jovens de 15 a 17 anos, transversal à educação de jovens e

adultos, com exercícios singulares – operacionalizado na Rede Municipal de Ensino de

Campo Grande, no Estado de Mato Grosso do Sul, na instituição Escola Osvaldo Cruz.

Os desdobramentos de caráter empírico-analíticos da pesquisa foram articulados às

possibilidades etnográficas de levantamentos e acessos ao campo e aos sujeitos, bem

como às fontes como documentos institucionais, dados, informações e uma gama de

(outros) achados, oportunizados, sobretudo pela observação, registos em caderno de

campo e entrevistas exploratórias. Enquanto um empenho de uma problematização que

se configurou, oportunizou e sinalizou diferentes olhares e interfaces a um exercício

institucional-escolar em sua engrenagem, alinhavado de forma relacional, considerando

para além de descrições fidedignas de suas relações, circunstâncias e possibilidades,

enfoques e sentidos intrínsecos ao campo de estudos como uma ortopedia pedagógica

de uma realidade, suas características sociais, individuais, intersubjetivas, políticas,

culturais e de poder, condições e premissas básicas do fazer etnográfico, apropriado pela

pesquisa em educação, como um saber que ainda deve ser aprofundado.

Palavras-chave: Método, Etnografia, Pesquisa, Educação.

UM RELATO DE PROFESSORES SOBRE O ENSINO DA ANTROPOLOGIA:

EDUCANDO PARA COMPREENSÃO DAS DIFERENÇAS CULTURAIS

Sara Santana Armoa da Silva

[email protected]

Weslem Gimenez dos Santos

[email protected]

Este trabalho irá apresentar um relato de professores de Sociologia e Filosofia

descrevendo e analisando como se caracteriza o ensino de Antropologia em algumas

escolas, de ensino médio, da rede estadual de ensino em Campo Grande, Mato Grosso

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Seminário Antropologias Contemporâneas e Fronteiras

17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 16

do Sul. A tarefa mais basilar a que a antropologia se propõe é compreender os diferentes

hábitos culturais de cada povo e o que as diversas culturas nomeiam por “pessoa”. O

exercício de olhar os hábitos “do outro” é de fundamental importância para rompermos

com preconceitos existentes em nossa sociedade, formando alunos com um olhar mais

compreensível e respeitoso às diferenças. Além disso, uma das questões

epistemológicas mais importantes de se lidar no ensino das Ciências Sociais é

desconstruir o pensamento eurocêntrico que estão pré-colocados nos currículos e livros

didáticos, buscando mostrar que a história é construída por diversos povos e etnias.

Assim, a partir do movimento dialético e de contradições, educar promovendo o

respeito e a compreensão das diferentes culturas, é uma maneira de possibilitar a

existência de estudantes críticos que respeitam o outro e compreendem as diferenças

culturais existentes na sociedade.

Palavras-chave: Educação, Antropologia, Ensino de Sociologia, Ensino de Filosofia.

OS CONTRIBUTOS DE GEERTZ NA CONSTRUÇÃO DE UMA ABORDAGEM

ANTROPOLÓGICA DA AUTORIDADE NA EDUCAÇÃO JUDOÍSTICA

Aaron França Teófilo

[email protected]

O objetivo do trabalho é delinearmos as implicações de lançarmos mão das

contribuições legadas por Clifford Geertz em uma abordagem antropológica das

relações de autoridade no ensino e aprendizado do Judô – modalidade de luta

originariamente japonesa, cuja prática esportiva e educativa é bastante prestigiada no

território nacional brasileiro, desde a segunda metade do século XX. Realizamos a

aproximação aos contributos antropológicos fornecidos por Geertz mediante uma

revisão bibliográfica concentrada nas obras “A interpretação das culturas” e “Nova luz

sobre a antropologia”. Em conclusão, destacamos que optar pelas balizas da

Antropologia Interpretativa geertziana no estudo da questão da autoridade na educação

judoística, pressupõe, fundamentalmente, o trabalho de campo etnográfico para o

recolhimento dos dados, especialmente no que diz respeito à observação participante; o

emprego do conceito semiótico de cultura; e a noção de que o pesquisador é um

intérprete de segunda ou terceira mão da teia de significados entretecida em primeira

mão pelos/as interlocutores/as na pesquisa. A partir destes princípios geertzianos,

delimitamos o trabalho de campo, precisamente, entre os senseis (“educadores”) e

aprendizes na Associação de Judô de Bastos, no interior do Estado de São Paulo. E por

meio da “observação participante” tentaremos, então, interpretar os significados que

carregam as ações dos agentes judoísticos com os quais trabalharemos em campo, a fim

de compreender a legitimação (ou a desautorização) pelos aprendizes, da autoridade do

sensei. Deste modo, pretendemos contribuir com a redução da carência de pesquisas no

campo da Educação acerca dos fenômenos educativos concernentes à “cultura” do Judô.

Palavras-chave: Educação, Autoridade, Judô, Etnografia, Clifford Geertz.

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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 17

(DES)COLONIZANDO A EDUCAÇÃO: UMA ANÁLISE ETNOGRÁFICA DA

EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA EM SIDROLÂNDIA/MS

Ana Carolina Bezerra dos Santos

[email protected]

Jacira Helena do Valle Pereira Assis

[email protected]

Este artigo faz parte da pesquisa de mestrado em Antropologia Cultural

(PPGAS/UFMS) intitulado O papel do professor Terena e sua pedagogia indígena na

formação socio-cultural dos alunos aldeia urbana no município de Sidrolândia/MS,

realizada através da pesquisa de cunho etnográfico com os professores indígenas da

escola da comunidade. Busca discutir o processo de descolonização que a educação

escolar indígena vem passando, mostrando assim a importância de uma educação

escolar indígena que atenda aos quatro eixos centrais: específica, diferenciada, bilíngue

e comunitária, pensando assim através do processo da interculturalidade tentando

romper com um sistema colonizador, homogenizante e etnocêntrico que perdura até os

dias atuais.

Palavra-Chave: Interculturalidade; Descolonização; Educação escolar indígena.

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GT 2 Antropologia e Metodologias

transdisciplinares:

repensando fronteiras

epistemológicas

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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 19

UM ENCONTRO NA MATA – PERSPECTIVISMO AMERÍNDIO COMO

ALTERNATIVA AO TOTEMISMO EM PSICANÁLISE

Alberto Warmling Candido da Silva

[email protected]

É conhecida e sempre retomada a afirmação de Lacan de o inconsciente estruturado pela

linguagem. Desse axioma se pode decorrer, por um lado, o contexto de aproximação do

ensino lacaniano ao estruturalismo, vindouro nos anos sessenta na França, bem como

envolver a psicanálise a uma ontologia discursiva. Se por um lado a montagem da teoria

lacaniana passaria pela implicação da estrutura como figura da ciência, pelo menos se

falamos em seu primeiro ensino, por outro podemos dizer que essa apropriação recebe

críticas provenientes de outras áreas, em que vale citar a crítica derridiana a certo

falocentrismo ou o etnocentrismo do ponto de vista da teoria pós-colonial. Dessa forma,

atento a essas considerações, seguindo o ensejo da pesquisa de Dunker (2015) “Mal-

Estar, Sofrimento e Sintoma: uma psicopatologia do Brasil entre muros” propõe-se uma

visada crítica ao modo como a distinção natureza versus cultura se manifesta na teoria

psicanalítica a partir da apropriação do estruturalismo, em especial apontando as

implicações da centralidade da estrutura neurótica em sua racionalidade diagnóstica.

Nesse sentido, como operador crítico dessa pesquisa, o conceito de perspectivismo

ameríndio do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro será utilizado. Bem como dar

dignidade à cosmologia ameríndia, que preconiza por uma ontologia variável e

epistemologia constante tentaremos apontar que o conceito é fortuito como forma de

rever os modos de alienação e espaços de indeterminação na teoria do sujeito em Lacan.

Palavras-chave: Estruturalismo, Perspectivismo Ameríndio, Psicanálise.

OLHAR ENTRE AVISTAGENS E VISAGENS: DIÁLOGOS E

CONTROVÉRSIAS DE UMA ETNOGRAFIA EM CAMPO LUVIOMARÍTIMO

Guilherme Antunes

[email protected]

A partir de pesquisa em áreas ribeirinhas amazônicas (do litoral paraense à bacia

rionegrina) acerca das interações humanas com a fauna aquática em suas práticas

extrativistas na pesca, propõe-se discutir também as interações pontuadas por conflitos

metodológicos e dificuldades operacionais resultantes de uma etnografia compartilhada

por olhares e paradigmas diversos: num ambiente fluviomarítimo, além da presença do

ponto de vista nativo, também operam metodologias e técnicas de observação de outros

campos científicos. Eventuais diferenças de ordem metodológica – a saber, entre

antropólogos e biólogos, como nas estratégias de abordagem de dados e na validade de

certas terminologias (“percepção”, “predação”, “preservação” etc.) – denotam aqui

alguns pontos de disputas epistêmicas. Por outro lado, tais empreendimentos científicos

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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 20

se fazem necessariamente à luz dos modos de vida locais, seus saberes e práticas,

podendo resultar em eventuais conflitos ontológicos. Encontrando-se o extrativismo

pesqueiro e a agenda da conservação ambiental no limiar das interações entre

pescadores e pesquisadores de áreas diversas, o olhar etnográfico se depara, assim, tanto

com “avistagens” (parte do trabalho de monitoramento empenhado por biólogos),

quanto com “visagens” (denominação de moradores locais a eventuais seres ou fatos

sobrenaturais), além da atuação de órgãos de fiscalização. Enseja-se, assim, pensar

também as biopolíticas exercidas por tais órgãos diante de práticas extrativistas locais (e

nem sempre sustentáveis), além de discutir as eventuais possibilidades – e necessidades

– de diálogos interdisciplinares que levem em conta as práticas e saberes locais como

fatores fundamentais (e não meros empecilhos) aos paradigmas de conservação e

sustentabilidade.

Palavras-chave: Amazônia; Antropologia ecológica; Conservação e práticas

tradicionais; Pesca artesanal; Relações humano-animal.

O MÉTODO MICRO ANALÍTICO PARA A HISTÓRIA DE VIDA:

CONTRIBUIÇÕES PARA PESQUISA DE TIAGO MARQUES AIPOBUREU E

A COLEÇÃO ETNOGRÁFICA DO MUSEU DAS CULTURAS DOM BOSCO

Carla Fabiana Costa Calarge

[email protected]

As reflexões aqui apresentadas partem da proposta de pesquisa de doutorado da autora

que tem como objetivo analisar o papel e o legado de Tiago Marques Aipobureu (1989?

– 1958), um indígena bororo que foi tomado como referência na antropologia para a

construção do conceito de marginalidade identitária. O que temos hoje sobre Tiago

Marques Aipobureu é uma construção acadêmica sobre um indivíduo que se tornou um

estereótipo do “índio marginalizado” e que, viveu outros capítulos de sua história que

não podem ser resumidos aos seus momentos de reinserção no modo de vida tradicional

e amadurecimento enquanto sujeito. A documentação etnográfica disponível no acervo

do Museu das Culturas Dom Bosco (MCDB), a Enciclopédia Bororo e outras fontes

documentais indicam um caminho diverso para esse sujeito que é apontado como um

importante colaborador na construção e documentação da coleção etnográfica Bororo e

como interlocutor entre os indígenas e salesianos, entre outros. Para o desenvolvimento

da pesquisa, a metodologia da chamada micro-história e da prosopografia tem se

evidenciado como caminhos interessantes de investigação, possibilitando o diálogo

entre antropologia e da história. O contexto em que se insere o sujeito de pesquisa e

seus interlocutores, principalmente salesianos, permitem delimitar um universo micro-

analítico, possibilitando refletir sobre trajetórias individuais e os contextos em que estão

inseridos.

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Palavras-chave: Micro-análise histórica; História de vida; Povo bororo; Museu;

Coleções etnográficas.

AFETOS, IDENTIFICAÇÕES E RELAÇÕES DE CONFIANÇA NA PESQUISA

SOBRE ABORTO

Gabriela Lauterbach

[email protected]

Alguns obstáculos no fazer da pesquisa sobre aborto são frequentemente mencionados

em trabalhos sobre o tema. Entre eles, o medo da denúncia, do processo, da condenação

e os estigmas em torno da prática muitas vezes impedem que as mulheres compartilhem

suas experiências de abortamento. Ao mesmo tempo em que a prática é marcada pelo

tabu e pelo silêncio, pesquisas evidenciam que 45% da população brasileira conhece

uma mulher que já viveu um aborto, sendo que 52% destas pessoas são mulheres; outras

revelam que as mulheres que abortam compartilham suas experiências entre si e

auxiliam umas às outras em seus itinerários abortivos, dados que demonstram algumas

contradições existentes nesse universo. Antropólogas afirmam há certo tempo que

determinadas formas de aproximação, afetos, especificidades e subjetividades das

relações estabelecidas entre pesquisadores/as e interlocutores/as são aspectos centrais da

pesquisa antropológica e, no caso específico das pesquisas sobre aborto, podem

contribuir para a construção de relações de confiança e manifestação de subjetividades

não expostas em contatos mais formais. Além disso, considerando o feminismo como

campo político e epistêmico no qual suas práticas políticas e teóricas comumente visam

a transformação social e a partir do dado de que as pesquisadoras do tema são

majoritariamente mulheres,

demonstrando possivelmente suas próprias implicações enquanto mulheres em um

debate

historicamente tão relevante, buscarei fazer um diálogo entre o método etnográfico de

uma antropologia engajada e feminista e as pesquisas sobre aborto, objetivando

contribuir para construções orgânicas de novos olhares sobre o campo.

Palavras-chave: Antropologia, Etnografia, Epistemologia feminista, Subjetividades,

Aborto.

ESPAÇOS E TERRITORIALIDADES INTERDISCIPLINARES: (RE)PENSAR

O FUTEBOL COMO CONVÍVIO SOCIAL ENTRE INDÍGENAS E NÃO

INDÍGENAS NA REGIÃO DO PANTANAL SUL

Felipe Gavioli Diniz

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[email protected]

Edson Pereira de Souza

[email protected]

Icléia Albuquerque de Vargas

[email protected]

O futebol é um esporte que oportuniza interações socioespaciais. Sendo assim,

questiona-se: De que maneira o futebol contribui no convívio social entre indígenas e

não indígenas nas escolas da Região do Pantanal Sul? Com isso, a presente pesquisa

tem como objetivo geral identificar as territorialidades oportunizadas pelo futebol entre

indígenas e não indígenas nas escolas da região do Pantanal Sul. Metodologicamente,

trata-se de uma pesquisa qualitativa, reportando-se a materiais bibliográficos e visitas in

loco, com o exercício do desenvolvimento de técnicas de observação e realização de

entrevistas semiestruturadas informais. Desta maneira esta pesquisa observa às

dinâmicas socioespaciais do futebol no cenário escolar nos espaços de ensino e lazer das

escolas em territórios indígenas. Ademais, o futebol entre indígenas e não indígenas,

nos ambientes escolares contribui na construção de um novo espaço etnocultural sendo

este interno e externo à sala de aula, e com isso pode auxiliar nas dinâmicas

socioespaciais entre indígenas e não indígenas, além de oportunizar novas formas no

processo de ensino-aprendizagem nos bancos escolares. Acrescenta-se a esta pesquisa

que leituras sobre o futebol possibilitará enxergar as mudanças que podem ocorrer nas

relações socioculturais entre indígenas e não indígenas, e como isso pode dinamizar as

relações de convívio social afetando diretamente as fronteiras etnoculturais ali

presentes. Portanto, pensa-se, de forma simples e complexa, que a prática do futebol em

terras indígenas também possa ser vivido pelos professores das escolas para que

trabalhem as possibilidades de interação e convívio social de forma interdisciplinar por

meio da modalidade esportiva: o futebol.

Palavras-chave: Espaço, Futebol, Pantanal Sul, Terena, Territorialidades.

CONTRIBUIÇÕES DO MÉTODO ETNOGRÁFICO PARA A SAÚDE

COLETIVA E O AVANÇO DA POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO

Nicolle Pinho Mendonça Mascitelli

[email protected]

Este trabalho propõe uma discussão acerca da relevância do método etnográfico para a

Saúde Coletiva e sua contribuição para o avanço da Política Nacional de Humanização,

tomando como ponto de partida trabalhos publicados entre os anos de 2016 e 2018.

Sendo a Saúde Coletiva, composta por uma complexa rede que envolve políticas

públicas, tradições e impasses entre os diversos saberes, muitos são os entraves para

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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 23

intervir no campo de maneira mais efetiva e fazer valer os princípios da humanização,

uma vez que há ainda muita discrepância entre as ditas “boas práticas” em saúde,

apregoadas pelos órgãos oficiais e o cotidiano da prática clínica, onde a tradição e o

saber empírico se sobrepõe aos princípios da Medicina Baseada em Evidências (MBE).

Tendo em vista este cenário, o método etnográfico se impõe como estratégia de

pesquisa que, ao propor conhecer o campo em “primeira pessoa”, propicia um olhar

diferenciado, capaz de produzir possibilidades de intervenção para além dos protocolos

e cartilhas do Ministério da Saúde, diminuindo assim a distância entre o real e o

prescrito nas práticas de cuidado.

Palavras-chave: Saúde Coletiva, Humanização, Método Etnográfico.

ANTROPOLOGIA E ETNOGRAFIA EM UMA PESQUISA P&D

Vinícius Cruz Pinto

[email protected]

Este artigo busca refletir sobre a forma que a Antropologia pôde ser pensada e aplicada

em um projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) que teve diversos outros

pesquisadores de diferentes áreas, tendo sido uma metodologia “multimétodos” para se

compreender o fenômeno social do furto de energia desconstruindo a associação entre

pobreza e o furto. Para este projeto que contou com uma equipe multidisciplinar foram

utilizados alguns métodos de pesquisa como grupos focais, entrevistas semiestruturadas,

banco de dados da empresa de energia ENEL S.A. e um questionário de vitimização

empresarial. De maneira geral, os métodos consagrados hoje na Antropologia (trabalho

de campo e descrição densa) não foram utilizados tanto para se compreender a

perspectiva de funcionários tanto dos moradores, porém, é possível a meu ver, devido

ao volume de dados produzir um tese em Antropologia, e a partir daí fazer uma breve

discussão crítica sobre a associação da Antropologia com sua forma de produzir

conhecimento fazendo uma discussão bibliográfica sobre os métodos e escolas

antropológicas.

Palavras-chave: Furto de energia; Projeto P&D; Discussão metodológica;

Antropologia.

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GT 03 Antropologia nos contornos

do corpo e da saúde

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QUANDO CORPO, GÊNERO E SAÚDE SE ENCONTRAM: ALGUMAS

REFLEXÕES SOBRE OS ITINERÁRIOS TERAPÊUTICOS DA

INFERTILIDADE FEMININA NO CONTEXTO MOÇAMBICANO

Obonyo Meireles Guerra

[email protected]

Esmael Alves de Oliveira

[email protected]

Este artigo visa analisar os aspectos socioculturais dos Itinerários terapêuticos da

Infertilidade feminina na Medicina Tradicional Moçambicana e seus impactos nas

histórias de vida das mulheres que a vivenciam. Busca-se pensar de que modo tanto a

infertilidade quanto a condição feminina, são significadas pela lógica da medicina

tradicional. Os estudos antropológicos sobre os itinerários terapêuticos demonstram que

a construção das diferentes formas de cuidado com a saúde não podem estar

desvinculadas de uma análise ampla sobre as noções de corpo, saúde, doença, ciência e

outros aspectos e marcadores que complexificam tal debate. Estes estudos têm apontado

como os diferentes sujeitos, bem como instituições, encontram diferentes maneiras de

resolver as questões relacionadas à saúde. No caso das sociedades contemporâneas, esse

cenário torna-se ainda mais desafiante à medida que está atravessado por diversos

saberes, poderes, fazeres. Assim, se de um lado, os indivíduos se deparam com maiores

possibilidades de escolha e de ação, uma vez que encontram à sua disposição uma

ampla gama de serviços terapêuticos e saberes que os justificam, por outro também

encontramos uma série de concepções e de práticas que continuam a reiterar as

dicotomias e essencialismos na sua forma de compreender e intervir sobre as questões

relacionadas seja ao corpo seja à saúde - na qual o gênero torna-se um (dentre outros)

marcador importante. Portanto, este artigo ao buscar analisar os aspetos socioculturais

dos itinerários terapêuticos com relação à infertilidade feminina, busca tanto voltar um

olhar sobre os possíveis recursos oferecidos pela medicina tradicional ao seu tratamento,

quanto sobre o modo como as mulheres classificadas como “inférteis” agenciam essa

condição.

Palavras-chave: Itinerários Terapêuticos, Infertilidade Feminina, Medicina

Tradicional.

GÊNERO E PSICOLOGIA: UM OLHAR SOBRE A SAÚDE MENTAL DA

MULHER PARANAIBENSE

Milena Oliveira da Silva

[email protected]

Este trabalho busca compreender os itinerários terapêuticos dos processos de cura,

desenvolvidos em experiências individuais de saúde e doença, nas instituições públicas

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e privadas de saúde que oferecem atendimento psicológico às mulheres do município de

Paranaíba/MS. Especificamente, atentaremos para as biopolíticas ligadas ao campo da

saúde, seja na construção de saberes, seja na de práticas, orientadas ao gênero, neste

local. À princípio, estabelecemos as seguintes perguntas: como os métodos utilizados

pela/os psicologia/psicólogos abordam a saúde/doença da mulher, como a mulher em

tratamento médico compreende tal processo e, por fim, como o meio social reflete

acerca da saúde mental da mulher em processo de tratamento. A fim de respondermos a

tais questões utilizaremos o método de entrevista, observação e a revisão bibliográfica,

nas áreas de antropologia da saúde e de psicologia e gênero como metodologia.

Justificamos esta pesquisa devido à inexistência de trabalhos acadêmicos em ciências

sociais na área da antropologia da saúde no município supracitado, à uma demanda de

estudos sobre o impacto do curso de Psicologia da UFMS nesta cidade, bem como por

conta de o gênero ser entendido como tecnologia ou forma de regulação que possibilita

a análise das representações morais, normas e subjetividades postas em jogo no

cotidiano institucional.

Palavras-chave: Opressão; Objetificação; Gênero; Saúde mental.

A MORTE AUTOPROVOCADA NA VISÃO DAS FAMÍLIAS TERENA DA

ALDEIA LIMÃO VERDE EM AQUIDAUANA – MS

Josiane Emilia do Nascimento Wolfart

[email protected]

Antônio Hilário Aguilera Urquiza

[email protected]

O objetivo desta pesquisa consiste em analisar o discurso simbólico e a representação

social da morte autoprovocada (suicídio) entre os Terena da Aldeia Limão Verde, do

município de Aquidauana/MS. A aproximação inicial com o campo se dará por

intermédio das professoras indígenas, da Ação Saberes Indígenas na Escola. Inserindo-

se aos poucos no campo para formar vínculos e apresentar a proposta de pesquisa à

comunidade indígena e aproximação sucessiva com as famílias das vítimas de morte

autoprovocada. Realizar escuta dos familiares, professoras/es e anciãos, assim como,

explorar, o discurso religioso no imaginário social destes sujeitos, sobre este tema. Será

apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, com o objetivo de zelar

pelo sigilo dos depoimentos dos pesquisados. O trabalho de campo será desenvolvido a

partir da etnografia, baseado em procedimentos como, a observação participante,

aproximação com a comunidade, entrevistas semiestruturadas com as famílias das

vítimas e com as professoras. Serão realizadas outras técnicas, como o levantamento de

história de vida das/os jovens vítimas da morte autoprovocada, como também, outros

jovens da comunidade, participação em atividades do grupo e registro em Diário de

Campo. A partir do material levantado em trabalho de campo, realizar o diálogo com os

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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 27

teóricos da etnologia que estudaram o tema da morte autoprovocada entre os povos

indígenas. Estudos que irão auxiliar as atividades de campo, durante as entrevistas com

os pesquisados como também, na construção da escrita etnográfica, trazendo

problematizações e elucidações sobre o tema.

Palavras-chave: Morte autoprovocada; Terena; Representação Social.

PERFORMANCE DE CORPOS APRISIONADOS: UMA ANÁLISE DA

REPRESENTATIVIDADE DE HOMENS PRIVADOS DE LIBERDADE COM

HIV/AIDS

Isabella Beatriz Gonçalves Lemes

[email protected]

Cássia Barbosa Reis

[email protected]

Introdução: O corpo do homem, arraigado culturalmente sob a óptica da “masculinidade

hegemônica” se torna supostamente mais vulnerável às influencias do ambiente

carcerário, sobe performance de comportamentos, que ora produzem e ora reforçam as

suas necessidades de adaptação. Sob esta análise busca-se encontrar os efeitos

significativos, que tangem não apenas a reprodução de uma dublagem da unidade

prisional como máquina que reproduz delinquência e ilegalidade, mas retratar seus

sujeitos, suas reproduções e representatividade acerca dos que, neste meio são

soropositivos. Objetivo: Conhecer quais são as necessidades de cuidados com a saúde

de homens privados de liberdade com HIV/Aids da Penitenciária Estadual de

Dourados/MS (PED). Metodologia: Para realizar essa discussão utilizaremos as

aproximações teóricas das Representações Sociais de Serge Moscovici (1978), como

estratégia metodológica será realizada entrevistas individuais e como tratamento dos

dados à análise do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Resultados esperados: Das

análises que resultarem da investigação, será construída uma sequência didática definida

pelos pressupostos de Antoni Zabala (1998), que servirá como material de apoio para

que a equipe de enfermagem. Conclusão: Fica evidente a carência de dispositivos que

visem alcançar a participação ativa destes sujeitos acerca da reflexão e construção de

suas necessidades de saúde, desta forma procuramos aproximar a assistência de

enfermagem dos discursos, concepções e interpretações de HIV/Adis e encarceramento

vivenciados por estes indivíduos.

AÇÃO CARITATIVA NA ANTIGA RODOVIÁRIA DE CAMPO GRANDE - MS:

PRODUÇÃO DE CORPOS “SAUDÁVEIS” E AGÊNCIA DA POPULAÇÃO EM

SITUAÇÃO DE RUA

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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 28

Vladimir Eiji Kureda

eijikureda @gmail.com

O presente trabalho apresenta uma reflexão sobre a produção dos corpos de sujeitos em

situação de rua, a partir dos dados produzidos em observações etnográficas numa ação

caritativa de uma igreja evangélica na antiga rodoviária de Campo Grande – MS. Para

tanto, objetiva-se analisar como a intervenção evangélica e as relações advindas entre os

sujeitos nesse contexto explicitam noções particulares sobre corpo e saúde. Nesse

sentido, será abordada a forma como os evangélicos representam positivamente o seu

lugar social, ou seja, o universo da casa, através das performances realizadas junto aos

sujeitos em situação de rua, que, em contrapartida, são concebidos como sujeitos

dotados de ausência, logo, do mundo das ruas. Do ponto de vista metodológico, será

utilizado como material, a descrição etnográfica dos cenários que desenrolaram as ações

caritativas para demonstrar como os evangélicos produzem uma noção de saúde

corporal ideal para as pessoas em situação de rua, que englobam desde aspectos

relacionados à alimentação e higiene física até relações de sociabilidade primária e uma

religiosidade cristã. Além disso, o trabalho também se propõe a pensar alguns dos

agenciamentos feitos por pessoas em situação de rua atendidas pela ação caritativa no

intuito de refletir acerca dos diferentes usos e estratégias que esses sujeitos venham a

fazer nessa situação social.

Palavras-Chave: Antiga Rodoviária; Ação caritativa; População de rua.

GÊNERO, PATRIARCADO E SIGNIFICAÇÕES IMAGINÁRIAS SOCIAIS NA

DEPRESSÃO PÓS-PARTO: UM ESTUDO DE CASOS A PARTIR DO

REFERENCIAL TEÓRICO DE CORNELIUS CASTORIADIS E PIERA

AULAGNIER

Keity Emanuela Araújo Vieira

[email protected]

David Victor-Emmanuel Tauro

[email protected]

O fenômeno da depressão pós-parto embora muito recorrente, tem sido silenciado na

medida em que a maternidade é naturalizada, diante de padrões que fundamentam

relações díspares entre homens e mulheres. Não obstante, a normativa patriarcal

estabelece que viver a maternidade é fundamental para o sentimento de completude das

mulheres, gerando culpa e sofrimento em quem se coloca à margem dos padrões

estabelecidos. O presente estudo se trata de uma pesquisa realizada com duas mulheres

residentes em Campo Grande - MS, que apresentaram suspeita e\ou diagnóstico de

depressão no puerpério. Para compreender o fenômeno da depressão materna, nos

valemos do referencial teórico e metodológico de Cornelius Castoriadis e Piera

Aulagnier. Analisando as significações imaginárias sociais encontradas, com base na

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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 29

metodologia de estudo de caso, com entrevistas abertas e fundamentação na clínica

psicanalítica. Os resultados apontam que não se pode considerar o problema da

depressão pós-parto como uma questão meramente individual ou clínica. Dessa

maneira, para haver um combate do sofrimento na maternidade, também é preciso haver

um questionamento dos padrões que a idealizam e, ao mesmo tempo, dificultam o seu

exercício, ao impor um modelo de família nuclear, com relações desiguais e papéis que

sobrecarregam as mulheres, já que essas relações de poder são engendradas pelas

diferenças sexuais, e provém das estruturas de gênero que privilegiam o masculino. De

modo que, a sujeição do feminino se coloca como um destino a ser cumprido. Sendo

assim, é preciso lutar por transformação social que implica na busca por novas

significações e relações igualitárias.

Palavras-chave: Gênero, Maternidade, Depressão pós-parto, Estudo de caso.

CORPORALIDADE: PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DA CRIANÇA KAIOWÁ

DENTRO DA ALDEIA LARANJEIRA ÑANDERU

Jéssica Maciel de Souza

[email protected]

Antonio Hilario Aguilera Urquiza

[email protected]

Tania Milene Nugoli Moraes

[email protected]

O presente trabalho tem como objetivo descrever como acontece a fabricação dos

corpos das crianças Kaiowá, o produzir e se reproduzir dentro de uma organização

social, mais especificamente, dentro da aldeia Laranjeira Ñanderu, área localizada no

município de Rio Brilhante/MS. Enfocando os processos de aprendizagens das crianças

que perpassam pelas práticas culturais e cotidianas, como: brincadeiras, rituais,

cosmologia, relações de gênero e de parentesco, entre outros. Estes que, acontecem a

partir da retomada do tekoha, que por sua vez, o contato com o território tradicional

acarreta a retomada cultural, assim como os indígenas da aldeia denominam. Este artigo

é resultado de uma pesquisa de mestrado realizada através da observação participante

dentro da aldeia Laranjeira Ñanderu.

Palavras-chave: Laranjeira Ñanderu; Corpo; Retomada; Criança Kaiowá.

ENTRE LINHAS E TRAMAS: UMA ETNOGRAFIA SOBRE AS NARRATIVAS

DE INDÍGENAS GUARANI E KAIOWÁ EM SEUS ITINERÁRIOS PELAS

REDES DO SUS

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Seminário Antropologias Contemporâneas e Fronteiras

17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 30

Jéssica Camile Felipe Tivirolli

[email protected]

Esmael Alves de Oliveira

[email protected]

O trabalho proposto apoia-se no processo de pesquisa de mestrado voltado para a

experiência em rede(s) de Saúde Indígena na cidade de Dourados-MS, uma etnografia

das narrativas. Pretende-se seguir os fios de Ariadne percorrendo os caminhos

intrincados dos modos de existir, dos discursos dissonantes que contrapõem narrativas e

marcam outras fisio-sócio-lógicas. Realiza-se o esforço em compreender, por meio das

narrativas dos sujeitos indígenas das etnias Guarani e Kaiowá, seus itinerários pelo

Sistema Único de Saúde (SUS), sem evitar, ao abrir campo para a discussão sobre

saúde(s), corpos e devires, perpassar pelos entremeios da rotina prática e burocrática do

sistema de saúde, seus atravessamentos, contradições, impasses pungentes. Tais rusgas

e brechas expõem uma trama complexa, passível de ser pensada, não pela via de sua

linearidade redutora, mas a partir dos encontros que constroem redes de saberes e

poderes, da reflexão diante da experiência, das narrativas que se capilarizam para além

do escopo dos espaços-tempo institucionalizados. Com essa intenção de explorar o

cenário poroso da rede de saúde, seus enfrentamentos, entraves e ações políticas, é

imprescindível extrapolar o protocolar, enveredar pelos relatos, por outras

discursividades e posições de fala, relevando a complexidade das vidas e existências.

Esse artigo ensaístico propõe pensar as (sub)tessituras do cotidiano, os caminhos

inventados e contados em meio a um sistema de saúde que se propõe indígena, e olhar

para o micro de seus emaranhados, para as experiências dos usuários indígenas

enquanto atores e sujeitos, outras dinâmicas de sentido e agenciamento dos espaços

relacionais narrados e vivenciados.

Palavras-chave: Experiência; Saúde Indígena; Narrativas; Itinerários.

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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 31

GT 06 Gênero, fronteiras e

(i)mobilidades: reflexões

etnográficas sobre limites e

atravessamentos

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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 32

A PRODUÇÃO BRASILEIRA SOBRE PROSTITUIÇÃO MASCULINA: UM

MAPEAMENTO INICIAL DO CAMPO

Tatiana Bezerra de Oliveira Lopes

[email protected]

Guilherme Rodrigues Passamani

[email protected]

O presente estudo é fruto de uma pesquisa sistemática no campo do gênero e da

sexualidade e tem como objeto a prostituição masculina. Em nosso trabalho, foram

catalogadas quarenta e cinco produções teóricas sobre o tema. O Negócio do Michê,

dissertação do antropólogo Néstor Perlongher, ocupa um lugar pioneiro nos estudos

sobre a prostituição masculina no Brasil. É a partir da década de 1980, quando

Perlongher inicia sua pesquisa, que outras produções passam a tematizar esse negócio

do desejo. Nossa pesquisa começa com um levantamento bibliográfico e com a criação

de um perfil sociológico do que vem sendo discutido no país em termos de produção do

conhecimento. Em um segundo momento, olhamos para as questões que perpassam

gênero, sexualidade e marcadores sociais da diferença a partir dos elementos presentes

nas produções localizadas. O que encontramos sugere que a discussão da prostituição

masculina no Brasil tem raça, performance de gênero e homossexualidade como temas

basilares no cenário do sujeito que pratica sexo tarifado e daquele que paga por seus

serviços. Além disso, notamos que, embora o quantitativo de trabalhos mobilizados no

território nacional sinalize que a temática continua periférica na área de gênero e

sexualidade, há um campo de possibilidades em aberto que ainda guarda uma série de

inquietações passíveis de investigação, principalmente, quando olhamos para Mato

Grosso do Sul, estado em que esta pesquisa se desenvolveu, e no qual não localizamos

qualquer tipo de produção acerca da temática.

Palavras-chave: Michês; Sexualidade; Panorama teórico.

ESTRATÉGIAS DE (IN)VISIBILIDADE: UMA ETNOGRAFIA-ONLINE DA

SALA DE BATE PAPO UOL SOBRE GÊNERO E SEXUALIDADE NA

FRONTEIRA BRASIL-BOLÍVIA

Carla Cristina de Souza

[email protected]

Tiago Duque

[email protected]

O presente artigo faz parte dos resultados de uma pesquisa de iniciação científica e de

um projeto que desenvolve um estudo sobre gênero, sexualidade e diferenças, em uma

perspectiva sócio-antropológica na área de fronteira Brasil-Bolívia. Ele busca analisar

experiências de interações de usuárias/os da Sala de Bate Papo Uol Corumbá. A

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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 33

metodologia é, principalmente, a etnografia-online, mas também apresenta parte do

trabalho de campo offline realizado na região de fronteira Brasil-Bolívia em Mato

Grosso do Sul. O enfoque é para as relações de gêneros dissidentes e sexualidades

disparatadas nesse ambiente virtual, sem, contudo, deixar de compreendê-lo a partir do

contexto offline. As reflexões apontam para o erotismo presente nesse espaço virtual,

assim como discute a experiência fronteiriça de produção de um “Outro” desvalorizado.

Busca, ainda, contribuir para as reflexões no campo metodológico das pesquisas em

ambientes da Internet.

Palavras-Chave: Gênero; Sexualidade; Etnografia-online; Fronteira; Redes sociais

CÔMODOS QUE FALAM: UMA REFLEXÃO ANTROPOLÓGICA SOBRE

GÊNERO E ARQUITETURA

Hugo Costa Gripa

[email protected]

A casa é uma expressão, e também uma expansão do eu. A casa, mas também a maneira

como se organiza o uso, são fundamentais para quem quer compreender determinada

cultura; ela está embutida nas coisas, nos móveis, e no modo de usá-los. Estudos

variados de arquitetura e antropologia avaliam e discutem os detalhes da vida cotidiana

e seus hábitos domiciliares sobre a vida privada, a vida pública e suas escolhas. Neste

sentido este trabalho pretende refletir sobre representações simbólicas da arquitetura

como conhecemos ao longo da história ocidental, e como esse conceito cotidiano

urbano sofreu e sofre influência do imaginário de gênero em contextos públicos e

privados. Esta reflexão será possível através do estudo de dois textos de autores que

refletem sobre gênero, domesticidade, feminilidade e prótese de gênero: Couro Imperial

de Anne McClintok, e Basura y Gênero: Mear/Cagar. Masculino/Feminino, de Paul

Beatriz Preciado e, também, através da correlação destes dois conteúdos com o livro

Tudo sobre a Casa (2013), de Anatxu Zabalbeascoa, uma crônica dos fatos que

configuram a evolução de espaços arquitetônicos e de nossos hábitos domésticos. Estre

trabalho pretende discursar sobre como as representações simbólicas da mulher

influenciaram a arquitetura de interiores em ambientes privados, e também como as

pessoas trans influenciam a de ambientes públicos, incluindo seus usos e fluxos

distintos.

Palavras-chave: Gênero, Feminilidade, Arquitetura, Interiores

TRÁFICO DE ADOLESCENTES PARA FINS DE EXPLORAÇÃO SEXUAL NA

CIDADE FRONTEIRIÇA DE PONTA PORÃ/MS

Emilli Amarilha Faria

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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 34

[email protected]

Jacira Helena do Valle Pereira Assis

[email protected]

A presente proposta de pesquisa tem como objetivo analisar as especificidades do

tráfico de adolescentes para fins de exploração sexual na cidade fronteiriça de Ponta

Porã, em Mato Grosso do Sul. Do ponto de vista metodológico realizar-se-á uma

pesquisa de caráter documental em que serão investigadas fichas informativas

registradas pelo Conselho Tutelar e CREAS de Ponta Porã em que sejam identificadas

situações de tráfico de adolescentes para fins de exploração sexual, nos últimos dez anos

e entrevistas com profissionais dos Conselhos Tutelares e CREAS de Ponta Porã/MS.

Os resultados obtidos das informações levantadas, sintetizadas e analisadas poderão

contribuir na fundamentação, desenvolvimento e aprimoramento de ações que auxiliem

na prevenção, proteção e identificação de casos, bem como na criação e

aperfeiçoamento de políticas públicas de proteção às crianças e adolescentes, vítimas do

tráfico internacional para fins de exploração sexual na região de Ponta Porã.

Palavras-chave: Tráfico de pessoas, Adolescentes, Fronteira, Ponta Porã.

“EU SOU BRASITIANO”: MAPEANDO REDES, TRAJETÓRIAS E

NEGOCIAÇÕES DE HAITIANOS/AS EM CAMPO GRANDE – MS

Aline Correia Antonini

[email protected]

Esmael Alves de Oliveira

[email protected]

O presente trabalho é fruto de reflexões de uma pesquisa antropológica que se encontra

na fase inicial. O objetivo da mesma é analisar a relação da comunidade haitiana

estabelecida em Campo Grande – MS com a cidade. Nesse sentido, visa-se apresentar

algumas problematizações, a partir de dados apreendidos no trabalho de campo e da

revisão de literatura. Levando em consideração esse cenário mais amplo, minha

aproximação com o grupo se iniciou em agosto de 2017, durante uma reunião da

Associação Haitiano-Brasileira de Imigrantes Haitianos em Campo Grande - MS.

Fundada em dezembro de 2016, a associação estima que cerca de 300 haitianos residem

na cidade.

Palavras-chave: Antropologia Urbana; Cidade; Haitianos; Mobilidade; Sociabilidade.

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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 35

FRONTEIRAS DO ESTADO, FRONTEIRAS DO CUIDADO: NOTAS SOBRE

CIDADANIA, HIV E POLÍTICA NA FRONTEIRA BRASIL-PERU

Thiago de Lima Oliveira

[email protected]

Os últimos anos têm sido marcados por intensas transformações nas tecnologias

biomédicas e tensões no campo social no Brasil e América Latina relativas à pauta do

HIV e da Aids. Esse cenário é configurado pelo fluxo de circulação global de

informações e tecnologia, uma rede de que participam agentes com status e interesses

desproporcionais. Considerando o modo como tais discussões circulam a partir de e

entre grandes centros urbanos de uma economia farmacopolítica, pode ser interessante

retomar os debates sobre a “interiorização” dos processos de sofrimento social, em

especial do hiv em vista de sua posição para construção dos debates sobre os limites,

fronteiras e zonas de expansão das políticas sexuais. A presente comunicação tem como

propósito estabelecer um investimento descritivo e analítico sobre as práticas de

conhecimento e formas de reflexão política sobre a experiência de viver com HIV em

contextos transfronteiriços. Em tais espacialidades, as dinâmicas de diálogo com as

políticas de saúde se realizam articulando múltiplos eixos de negociação com/contra o

Estado propiciadas pela possibilidade de circulação entre limites nacionais, e a

construção de redes de comunicação e articulação a partir de relações complexas com

outros agentes. A partir da experiência etnográfica que venho desenvolvendo na região

de tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia, na comunicação busco apresentar

algumas reflexões sobre o modo como sentidos de saúde, pessoa e cidadania se

flexibilizam e constituem-se na circulação transfronteiriça que conferem sentido e valor

à avaliação relacional da presença e da precariedade de si e do outro.

Palavras-chave: políticas de saúde; tecnologias de precarização; Estado.

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GT 08 Impactos de intervenções do

Estado sobre populações

indígenas

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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 37

A “CULTURA” DO ÍNDIO: CRÍTICA ANTROPOLÓGICA DA NOÇÃO DE

“CULTURA” INDÍGENA NO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Caio Ferrari de Castro Melo

[email protected]

O trabalho examina a fundamentação de decisões judiciais do Superior Tribunal de

Justiça (STJ) a respeito da integração do índio à “sociedade nacional” entre os anos de

2004 a 2017. Com isso, se busca entender qual noção de cultura aparenta ter o Tribunal

a partir de sua jurisprudência. O objetivo específico do trabalho é responder à questão:

“quais as características da noção de cultura que o STJ mobiliza?”. Para auxiliar na

resposta a tal pergunta, fixamos as seguintes hipóteses: h1) os Ministros mobilizam uma

visão dinâmica de “cultura”? e h2) os Ministros opõem a ideia de “sociedade nacional”

à de “cultura” indígena? A metodologia empregada consiste, em primeiro lugar, na

pesquisa de decisões judiciais pelo mecanismo de busca de jurisprudência do próprio

STJ por meio dos termos “índio” e “integrado” entre 2004 e 2017. Após, é feita análise

desses documentos, de modo a identificar de que modo aparece a ideia de “cultura”

indígena e como ela é mobilizada na fundamentação das decisões. Temos, como

principal referencial teórico, a teoria antropológica de Manuela Carneiro da Cunha a

respeito da diferença entre “cultura” e cultura. Encontramos na pesquisa 19 resultados,

todos eles da categoria acórdão, sendo 14 desses casos desfavoráveis no sentido de

classificar partes dos processos como “indígenas integrados”. Muito frequentemente,

nas decisões, é possível perceber que a noção de “cultura” é empregada como algo com

conteúdos claros e definidos, não passíveis de alteração. “Cultura” indígena também é

mobilizada como um polo antitético assimétrico em relação à expressão “sociedade

nacional”.

Palavras-chave: Estatuto do Índio, Índio integrado, Etnicidade, “Cultura”, Superior

Tribunal de Justiça.

OS TERENA DE MATO GROSSO DO SUL E A CARTEIRINHA DA FUNAI:

DE SIGNO MATERIAL DA TUTELA À RESSIGNIFICAÇÃO

Patrik Adam Alves Pinto

[email protected]

O artigo a ser apresentado busca realizar um breve percurso histórico, enfocando a

relação dos Terena de Mato Grosso do Sul com os aparatos de poder estatal,

representados pelo Serviço de Proteção ao Índio (SPI) e, posteriormente, por sua

substituta, a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), para pensar a questão da tutela

operada localmente. Esse percurso servirá para abordar a relação que esses indígenas

mantiveram e mantêm com a chamada Carteirinha da FUNAI, documento de

identificação não oficial emitido até 2010 pela Fundação Nacional do Índio em Mato

Grosso do Sul, tomada aqui como um símbolo material da tutela, por um lado, e

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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 38

também como ferramenta de identificação étnica apropriada pelos indígenas de maneira

ressignificada em seus discursos e práticas.

Palavras-chave: Tutela; Carteirinha da FUNAI; Afirmação identitária.

TERRITÓRIO E CÁRCERE: O ENCARCERAMENTO KAIOWÁ E GUARANI

NA REGIÃO DE DOURADOS- MS E A LUTA PELO TEKOHÁ

Raphael de Almeida Silva

[email protected]

Antonio Hilario Aguilera Urquiza

[email protected]

O presente trabalho trata de uma investigação acerca dos Kaiowá e Guarani, da questão

do território e luta pela terra, mas especialmente do fenômeno do encarceramento desses

indígenas na região de Dourados, MS. Partimos da hipótese de que o encarceramento se

relaciona com o processo de perda do tekoha e com o confinamento e territorialização

desses indígenas em reservas, a partir disso realizamos pesquisa bibliográfica em

plataformas diversas – bancos de teses, sites oficiais, bibliotecas – tendo como ponto de

confluência a temática do território, da prisão, do encarceramento e dos povos

indígenas, em especial, os Kaiowá e Guarani. Apresentamos como cresceram nas

comunidades problemas como desemprego, fome, desnutrição, violência e crimes, bem

como de fenômenos tais quais o encarceramento de Kaiowá e Guarani devido à

violência, ao tráfico ou devido a perseguições políticas internas e externas. Ao longo da

pesquisa notamos que a perda do tekoha se relaciona com outras problemáticas internas

aos grupos, isso por que gerou e está gerando a desestruturação das instituições

políticas, sociais, econômicas desse povo. O que por sua vez, tem como consequência a

adoção de outros ordenamentos e paradigmas econômicos, políticos e sociais distintos

dos que são tradicionais a eles, gerando fenômenos como o encarceramento. Ao traçar

as relações entre o encarceramento dos Kaiowá e Guarani e a perda do território,

buscamos compreender as outras nuances da questão. Por fim, entendemos que somente

através da retomada de seu território tradicional, o encarceramento e outros problemas

relacionados as comunidades poderão ser solucionados.

Palavras-chave: Encarceramento, Território, Kaiowá e Guarani.

PARTICIPAÇÃO DE TERENAS NA RESISTÊNCIA À EMANCIPAÇÃO DA

TUTELA NOS GOVERNOS GEISEL E FIGUEIREDO (1974-1985)

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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 39

Victor Ferri Mauro

[email protected]

Este artigo analisa um momento histórico em que governos militares, consoantes com a

orientação integracionista da política indigenista brasileira, cogitaram emancipar da

tutela prevista pela Lei 6.001/73 o povo Terena (bem como outros grupos étnicos) por

considerar os seus membros aculturados. Essa proposta sofreu uma forte reação do

movimento indígena organizado, de entidades da sociedade civil e de outros aliados da

causa, por se temer o risco de os povos originários serem subtraídos em seus direitos

diferenciados, sobretudo no que tange às garantias territoriais. Amparada em um

dispositivo da mesma lei, a FUNAI, ainda nos tempos da ditadura, contratou vários

indígenas (inclusive dezenas de Terena) como funcionários, mas os pressionou a pedir a

sua emancipação individual. Estes, no entanto, se recusaram a fazê-lo. Com a

promulgação da nova Constituição em 1988, foi assegurado aos indígenas o direito de

preservarem seus costumes e tradições e se retirou da tutela o sentido mais restritivo, de

relativa incapacidade civil, que sobrevinha desde o Código Civil de 1916,

permanecendo apenas o entendimento da tutela como instrumento jurídico de proteção

especial às etnias originárias do Brasil.

Palavras-chave: Terena, Indigenismo, Tutela, Emancipação, Funcionários indígenas.

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GT 09 Luta e resistência dos povos

indígenas em Mato Grosso

do Sul

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VI ATY KUÑANGUE EM PERSPECTIVA: CORPORALIDADES FEMININAS

NA ELABORAÇÃO DAS NARRATIVAS DAS MULHERES KAIOWÁ E

GUARANI

Aline Domingos Corrêa

[email protected]

Lucia Pereira

[email protected]

Aline Castilho Crespe Lutti

[email protected]

Neste artigo pretendemos investigar a importância do território na vida cotidiana dos

povos Kaiowá e Guarani e perceber como a relação com a terra atravessa e é

atravessada pela construção das corporalidades femininas e das narrativas das mulheres

e lideranças Kaiowá e Guarani. Entende-se que os sentidos dados ao território são

permeados por diversos marcadores sociais tais como o sagrado, o poder, as relações

interétnicas e, também, pelo gênero. As reflexões realizadas neste artigo partem da

nossa participação na assembléia das mulheres indígenas: a VI Kuñangue Aty Guasu -

mobilização promovida por várias lideranças (mulheres, homens, jovens) Guarani e

Kaiowá. O encontro das comunidades indígenas ocorreu na aldeia Guapo’y, no

município de Amambai, em Mato Grosso do Sul. Em campo ficou notável a presença da

pintura dos corpos com urucum, as danças sagradas e as rezas feitas junto às ñandesy e

aos ñanderu. Outro foco dado pela VI Kuñangue Aty Guasu, foram as explanações e

atualização dos relatos sobre os processos de ocupação das terras tradicionais (as

retomadas e as reservas). Um momento importante foram as narrativas das mulheres

indígenas sobre os cantos e as curas na medicina tradicional Kaiowá e Guarani –

trazendo discussões sobre os cuidados dispensados aos corpos femininos (na menarca e

na gravidez) como centrais na construção da pessoa kaiowá e guarani.

Palavras-chave: Kaiowá-Guarani; Kuñangue Aty Guasu; Ação Política;

Gênero/Mulher.

FOTODOCUMENTÁRIO: ALDEIA ALDEINHA, ESPAÇO DE RESISTÊNCIAS

ETERNIZADAS PELA FOTOGRAFIA

Lucas Afonso Serafim Domingues

[email protected]

Raylson Chaves Costa

[email protected]

Eduardo Perotto Biagi

[email protected]

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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 42

O presente trabalho foi realizado na disciplina de Fotojornalismo, do quinto semestre do

curso de Jornalismo. As fotografias fazem parte de uma série chamada: Kopénoti xâne

kiyakaxe’ke, ko’oyene yoko iharôti (Indígena ontem, hoje e amanhã), que retrata o ritual

de celebração da semana dos povos indígenas da Aldeia Terena Aldeinha, localizada na

cidade de Anastácio, 141 quilômetros de Campo Grande. O fotodocumentário é

composto por 15 fotos que mostram a festa e as (os) indígenas. Cada fotografia é

acompanhada de uma palavra na língua terena traduzida pelo Professor de Língua

Materna da Escola Estadual Indígena Guilhermina da Silva, Jessé Joel. São fotos que

retratam os rituais, como o Exoketi Terenoé, Ciputrena e Kohixoti Kipaé. Utilizamos

autores (as) da fotografia, como Kossoy (2001), (2014), Souza (2002) e ZANON &

SABBAG (2017). Além de autoras (es) como Pereira & Nascimento (2012), Pires

(2015), Oliveira (1960), Souza (2009) para compreender as lutas do povo terena. O

fotodocumentário tem objetivo de retratar como o terena que vive na Aldeinha criou

espaços para mostrar que sua cultura - apesar do movimento intenso dos sujeitos

brancos sobre o seu modo de ser e o crescimento desordenado da cidade - resiste da

forma que une toda a comunidade em uma semana de celebração dentro do espaço de

três hectares que lhes restaram de um total inicial de quarenta. O diálogo constante com

as moradoras da aldeia foi um elo para estabelecer realidades nas fotografias, cada

pessoa retratada tem uma história que o fotojornalista eternizou na lente.

Palavras-chave: Aldeia Aldeinha, cultura terena, fotojornalismo.

COSMOLOGIA GUARANI X COSMOLOGIA OCIDENTAL DE EXPANSÃO:

O CASO DOS GUARANI (KAIOWÁ) E GUARANI (ÑANDEVA) DE MATO

GROSSO DO SUL EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE E RESISTÊNCIA

Rosalvo Ivarra Ortiz

[email protected]

Pesquisas recentes acerca da relações internacionais (IR) desenvolveram uma crescente

consciência das raízes coloniais dessa epistemologia, levando uma busca por

abordagens de descolonização. Por assim enfatizar, este artigo é sobre as soberanias

indígenas e como elas foram ocluídas no sistema europeu de estados atualmente

globalizado/internacionalizado. O método empregado é um estudo de caso de dois dos

Povos Indígenas mais empobrecidos e brutalizados do Brasil: os Guarani, também

conhecido como Ñandeva e os Guarani Kaiowa. Em uma tentativa de transitar entre o

mundo da Vestfália e os universos não europeus, começa por se engajar em uma

conversa com os conhecimentos dos Guarani e dos Kaiowá, povos que resistem há mais

de 500 anos, violências ocasionadas pelos colonizadores. Em seguida, através de uma

análise histórica de longo prazo, examina os principais processos coloniais que

causaram a oclusão da soberania dessas etnias. Finalmente, fornece uma perspectiva

mais ampla sobre como a difusão do modelo europeu de soberania, confrontada com a

resistência indígena, levou à exclusão social dos povos indígenas em todo o planeta.

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Palavras-chave: Soberanias Indígenas; Colonização; Colonialismo Interno; Sistema

Europeu de Estados; Exclusão social.

GUYRA KAMBI’Y: UMA METONÍMIA GUARANI KAIOWÁ

Giovanna Strengari Nanci Fluminhan

[email protected]

Dado o entendimento do processo histórico de expropriação e confinamento ao qual os

povos indígenas foram submetidos no Brasil, desde a sua colonização, enfrenta-se o

nascimento da política indigenista brasileira, no início do século XX, no íntimo do

Ministério da Agricultura. Essa subordinação já apontava para o descumprimento dos

direitos territoriais dos povos originários em razão dos interesses da propriedade privada

e da lógica capitalista, resultando em relações políticas, econômicas e culturais

assimétricas. Tal cenário se potencializa hoje em Mato Grosso do Sul, apontado como o

estado com maior percentual de terras privadas e latifúndios do país, ao mesmo tempo

em que carrega o maior índice de mortes e ataques contra indígenas nos últimos anos,

onde destacam-se os Guarani Kaiowá. Em resposta à omissão e morosidade do Estado

nos processos de regularização e demarcação, a retomada das terras tradicionais vêm

sendo feita de forma autônoma pelas comunidades; como é o caso de Guyra Kambi’y,

próximo à cidade de Douradina/MS, estudado nesta pesquisa através da elaboração de

uma cartografia afetiva - coletiva e participativa -, acompanhada de uma cartografia

falada - documentário audiovisual-, a fim de dar ouvidos aos sujeitos dessa história.

Mais do que entender a cultura Kaiowá e a conjuntura fundiária em que estão inseridos,

a intenção deste trabalho é desvelar as especificidades da (re)produção indígena no

Mato Grosso do Sul do agronegócio, sua resistência e sobrevivência.

Palavras-chave: Kaiowá, Guarani, Território, Tekoha, Fundiário.

A GÊNESE DOS ESTADOS NACIONAIS E SUA RELAÇÃO COM OS POVOS

TRADICIONAIS DO MATO GROSSO DO SUL

Marco Antônio Rodrigues

[email protected]

Andréa Lúcia Cavararo Rodrigues

[email protected]

Antonio Hilário Aguilera Urquiza

[email protected]

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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 44

O presente artigo é fruto do projeto de pesquisa em andamento, intitulado “A Dinâmica

Migratória dos Povos Tradicionais Fronteiriços no Estado do Mato Grosso do Sul e os

Reflexos da Mensagem de Veto no 163/2017”. O artigo tem o intuito de pesquisar a

formação do Estado soberano com base no pensamento de Egídio Colonna de Roma1 e

suas contribuições para a formação do Estado a partir do direito natural a fim de se

compreender os conceitos de fronteira e mobilidade humana decorrentes da origem dos

Estados Nacionais, além de se analisar o tema em uma ótica antropológica. A pesquisa

buscará compreender as fronteiras nacionais e a mobilidade humana como tendo sua

gênese nos primórdios do Estado, cujas distorções se refletem até hoje na esfera dos

povos tradicionais da América do Sul, especificamente os povos indígenas, cuja noção

de fronteira é diferente, pois para esses povos não existem fronteiras como as que são

conhecidas, buscando-se desvincular a mobilidade dos povos tradicionais da ideia de

migração. Por meio da pesquisa bibliográfica e dos principais conceitos o artigo buscará

chegar ao resultado esperado.

Palavras-chave: Formação do Estado, Mobilidade Humana, Fronteiras Nacionais,

Povos Tradicionais.

OCUPAÇÃO DE TERRITÓRIO TRADICIONAL DO POVO TERENA:

FAZENDA CRISTALINA, MUNICÍPIO DE AQUIDAUANA – MS

Gilson Tiago

[email protected]

Álvaro Banducci Júnior

[email protected]

Desde muito tempo atrás o povo Terena foi expulso de um lugar que vivia com

harmonia e identidade, como os saberes, a língua e outros conhecimentos que herdaram

do anciões. Há três anos, os índios da Terra Indígena Taunay e Ipegue, que fica no

município Aquidauana-MS, ocuparam a fazenda Cristalina, no mesmo Município,

sendo que a retomada aconteceu no dia 28 de agosto de 2015, por indígenas das aldeias

Água Branca, Lagoinha, Morrinho, Bananal, Ipeque, Colônia Nova e Imbirussu. Esta

ação teve por objetivo recuperar o território tradicionalmente indígena que estava

ocupado pelo fazendeiro. A retomada foi proposta por lideranças e comunidades das

aldeia do PIN Taunay e Ipeque, cujas terras não eram suficientes para prover suas

necessidades de sobrevivência, fazendo com que a população terena buscasse recuperar

1 (Também chamado de Gil de Roma ou Egidio, Roma, 1247-Avignon, 1316) teólogo e filósofo italiano.

Grande personalidade intelectual de seu tempo, era um discípulo de São Tomás de Aquino, professor da

Universidade de Paris (1285-1295), tutor para o futuro Filipe IV de França (para o qual escreveu De

regimine principum), vigário geral da Ordem dos Agostinianos (1292-1295). Suas ideias universalistas

contribuíram para a formação do Estado moderno (nota dos autores).

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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 45

seu território perdido para os não índios. Esta pesquisa tem o objetivo de realizar um

estudo antropológico sobre a ocupação da fazenda Cristalina, como forma de resistência

do povo Terena à investida do não-índio sobre o seu território. O estudo irá descrever

como foi o processo de retomada da fazenda, desde a organização do povo Terena para

a ocupação do local, até a forma como está vivendo atualmente nesse território. A

pesquisa foi realizada por um líder da ocupação, um índio de etnia Terena que pretende

trazer uma visão êmica do fenômeno pesquisado, tendo a seu favor o fato de ser

indígena e conhecedor do idioma e dos costumes de seu povo. O projeto teve apoio da

FUNDECT-MS.

Palavras chaves: Terena, território, retomada, resistência.

POVOS INDÍGENAS NO BRASIL E O DIREITO À RESISTÊNCIA

(O CASO DE MATO GROSSO DO SUL)

Adriana de Oliveira Rocha

[email protected]

Tem-se por objetivo abordar as experiências indígenas localizadas em Mato Grosso do

Sul, mormente aquelas vivenciadas entre famílias em situação de vulnerabilidade

extrema por residirem acampadas às margens de rodovias, ou em áreas litigiosas do

ponto de vista fundiário, no interior de propriedades rurais. A hipótese levantada é de

que tais famílias indígenas se enquadrem no conceito de alienação legal, cunhado por

Gargarella (2005; 2007) e ante a extrema dificuldade encontrada para verem suas

demandas atendidas pelo Estado, exerçam o chamado direito de resistência. Serão

utilizados ainda os estudos de Bobbio (2004), mediante o método dedutivo, calcado na

bibliografia existente sobre o tema, com o objetivo de identificar nas práticas indígenas,

tais como as retomadas e os acampamentos, a ocorrência do direito à resistência. A

pesquisa será, como dito, realizada por meio de revisão bibliográfica.

Palavras chave: Resistência; Indígenas; Alienação legal; Vulnerabilidade; Território.

A CRIMINALIZAÇÃO DA RESISTÊNCIA GUARANI E KAIOWÁ NO MATO

GROSSO DO SUL

Felipe Mattos Johnson

[email protected]

Marco Henrique Soares Pereira

[email protected]

Maria Angélica Chiang

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Frente à inércia do Estado em cumprir seu dever constitucional de demarcação das

Terras Indígenas, não resta outra opção aos Guarani e Kaiowá se não a de buscar a

garantia e efetivação dos seus direitos originários através das retomadas. A resposta do

Estado brasileiro a essa contestação da ordem é o uso do aparelho repressor

instrumentalizado por dispositivos penais materializados na criminalização dos

movimentos sociais de resistência. É a partir dessa conjuntura que propomos trazer ao

debate casos específicos de encarceramento, tortura, perseguição e distintas formas de

violência de Estado contra os Guarani e Kaiowá. Para a presente discussão, apoiamo-

nos no método de uma etnografia baseada em solidariedade crítica, revelando a

necessidade de uma antropologia engajada (Albert, 2014), e experienciando assim, junto

aos Guarani e Kaiowá, os caminhos da luta pelo tekoha em um contexto de guerra

produzida pelo agronegócio e seus congêneres – Estado-nação, Capital e Patriarcado -,

tal como os efeitos devastadores que inter-relacionam ataques paramilitares e

criminalização ao racismo institucional que mira esses sujeitos históricos pelo simples

fato de serem indígenas. Deste modo, junto a retomadas de terra na região do cone-sul

do Mato Grosso do Sul, procuraremos compreender como operam as investidas do

Estado brasileiro no sentido de exercer forças punitivas, restritivas de liberdade, que

constantemente manejam o direito de matar ou deixar viver os Guarani e Kaiowá. Por

fim, considerando o aprofundamento do estado de exceção, questionamos: como tecer

uma rede de apoio e resistência em resposta à estas circunstâncias?

Palavras-chave: Criminalização, Guarani Kaiowá, Lutas sociais.

CRIANÇA KAIOWÁ: FAZER-SE CRIANÇA NA ALDEIA LARANJEIRA

ÑANDERU

Jéssica Maciel de Souza

[email protected]

Tania Milene Nugoli Moraes

[email protected]

O Estado de Mato Grosso do Sul abriga a segunda maior população indígena do Brasil,

segundo dados do IBGE/2010. Após um longo processo transitório desde a expulsão de

seus tekoha, os Guarani e Kaiowá iniciaram na década de 1980 um movimento de

retomada dos seus territórios tradicionais. Este artigo tem como objetivo descrever o

trabalho realizado com e sobre as crianças da aldeia Laranjeira Ñanderu, está área fica

localizada no município de Rio Brilhante/MS. Enfocando as crianças como atores

importantes neste ambiente. Buscando apontar como elas vivenciam os processos

educacionais e de violência dentro da aldeia, ressaltando a circularidade que as mesmas

realizam no seu território, em sua produção e reprodução de fazer-se criança. Ademais,

iremos relatar o processo de retomada da terra, que acarreta a retomada cultural dos

laços socioculturais com o tekoha. Para tanto, utilizamos a observação participante para

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a coleta de dados e para dar embasamento teórico os escritos de Benites (2008), Clarice

Cohn (2004), Levi Pereira (2004/2008), entre outros.

Palavras-chave: Laranjeira Ñanderu; Retomada; Criança Kaiowá.

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GT 11 Patrimônio Cultural e

diálogos histórico-educativos

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CULTURA MATERIAL, ETNOGRAFIA E HISTÓRIA: REFLEXÕES SOBRE

O DESCARTE DE MATERIAIS HISTÓRICOS

Alexsandro Nunes Benevides

[email protected]

Esse artigo pretende-se discorrer sobre Cultura Material, Etnografia e História,

Envolver=se em questões objetivas da construção de identidade histórica brasileira a

valorização e proteção do Patrimônio Histórico Nacional., em suas formas de

conservação e resguardo. O ponto de partida é o casario Sleiman e o que provocou o

“projeto realizado de restauração” situado no Porto Geral de Corumbá. A investigação

se debruça em peças descartadas pela sociedade corumbaense do inicio do século XX

Discutir e transformar o entulho indesejável em artefato cultural, com relevância em

suas interpretações para demonstrar os hábitos, os costumes e o cotidiano daquele

período. Relacionar a cultura material com a história da cidade sobre a lupa da

antropologia, permite refletir, sobre equilíbrio entre o empreender e o preservar, de

maneira a alimentador continuas pesquisas no campo acadêmico em seu rico substrato

cultural da sociedade. A Cultura Material nos oferece um vasto material de pesquisa,

portanto, será explorado e implementado como amálgama desse trabalho, os estudos e a

manipulação dos fatos, permitiram interpretar objeto analisado e notoriamente ajudará

apontar caminhos e descobertas.

Palavras Chaves: Cultura Material; etnografia; Antropologia e Cidade de Corumbá.

CULTURA E MEMÓRIA DAS IDOSAS: UTILIZAÇÃO DA MEMÓRIA NO

ENSINO DE HISTÓRIA REGIONAL

Juliane Fávero da Silva

[email protected]

Jaqueline Aparecida Martins Zarbato

[email protected]

O objetivo desta pesquisa é investigar a partir da memória de idosas, que residem em

Campo Grande/MS, os saberes e fazeres, principalmente os artesanatos, e a partir destes

elementos culturais encaminhar propostas de análise da utilização destes no ensino de

história. De acordo com Michel Pollack a memória não pode ser reduzida a uma noção

de passado, pois é viva. A memória pode até ser individual, mas ela também é coletiva e

social sendo importante para a formação de identidade e pertencimento. O ato de

recordar é também de reconstruir, ao rememorar um período somos capazes de captar

novos sentimentos e novos significados. Ecléa Bosi (1987) afirma que o

desenvolvimento industrial foi maléfico para os idosos. Afinal, em uma sociedade que

busca apenas a produção e o lucro não há espaço para memória. Portanto os idosos

perdem aos poucos sua função social. E passam a ser considerados improdutivos, logo

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inúteis. Na historiografia os velhos também acabaram esquecidos, bem como as

mulheres. Com novos métodos de pesquisa como a História Oral é possível recuperar

historicamente as experiências das idosas e com suas narrativas sobre o fazer bordados,

artesanatos, artefatos, visamos perceber de que forma esses elementos culturais são

constituidores de suas identidades e de que forma podem ser utilizados para ensinar a

história regional.

Palavras-chave: Ensino de História, Artesanato, Saberes Regionais.

ENSINO DE HISTÓRIA E EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: MAPEANDO OS

LUGARES DE MEMÓRIA EM CAMPO GRANDE/MS A PARTIR DO MUSEU

JOSÉ ANTÔNIO PEREIRA

Jéssica Lima de Freitas

[email protected]

Jaqueline Aparecida Martins Zarbato

[email protected]

Este trabalho pretende abordar as discussões sobre as inter-relações entre história e

educação para o patrimônio. No cenário de mudanças na sociedade brasileira, há

necessidade de repensar a importância do patrimônio cultural como parte da

constituição da história das cidades, bem como das concepções que podemos utilizar

para ensinar história a partir dos bens patrimoniais. Este trabalho faz parte de um

projeto de pesquisa sobre o museu José Antônio Pereira e também pretende desenvolver

a análise sobre o patrimônio feminino no Museu José Antônio Pereira. Este museu está

instalado na fazenda Bálsamo, terra doada pelo fundador da cidade a um dos seus filhos,

Antônio Luiz Pereira. Em Bálsamo, a pequena casa de pau-a-pique, o monjolo, o

silêncio só encontrado na periferia semi-rural da cidade. Neste sentido, buscamos

dialogar sobre a conexão entre o ensinar e aprender história, a partir das práticas

museais propõe-se aprofundar as dimensões da cultura feminina e história regional. A

presença feminina está arraigada na construção na cultura nacional e expressa no

patrimônio cultural imaterial brasileiro, em que a transmissão de saberes,

constantemente feita pelas mulheres, seja pelas mãos, dança, artesanato ou oralidade,

muito além de solidificar relações culturais complexas, ainda mais quando se trata do

intangível, é capaz de construir história. Buscamos demonstrar metodologicamente que

as mulheres tem história e são representadas no museu, objetos, estátuas, detalhes que

mostram a contribuição e importância feminina na história de Campo Grande. A partir

da fundamentação teórico-metodológica pretende-se abordar a relação entre museu,

história regional, a presença feminina e sua importância e interfaces com a educação

patrimonial.

Palavras chaves: Memória, Museu, História, Cultura feminina, Patrimônio feminino.

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MUSEUS, EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E MULHERES: ANÁLISES SOBRE A

REPRESENTAÇÃO CULTURAL FEMININA NOS MUSEUS EM CAMPO

GRANDE/MS

Jaqueline Aparecida Martins Zarbato

[email protected]

A proposta desta análise visa problematizar o patrimônio e o museu pelo viés feminino.

Compreende-se as inúmeras composições culturais num Brasil múltiplo, diverso,

complexo, em que contribuições culturais podem favorecer o entendimento sobre o

pertencimento, estranhamento, valorização, das culturas. A discussão sobre patrimônio

é densa e tem diferentes encaminhamentos metodológicos. A semântica do termo

patrimônio deve ser analisada no tempo histórico. Em outras palavras, refletir sobre o

patrimônio significa, igualmente, pensar nas formas sociais de culturalização do tempo,

próprias a toda e qualquer sociedade humana”. Percebe-se que, a abordagem sobre

patrimônio tem uma historicidade em nível mundial. Em 1945, com a criação da

Organização das Nações Unidas (ONU), da segunda Guerra Mundial e da Organização

das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) foi legitimada a

noção de patrimônio após a Conferência Geral da UNESCO reunida em Paris de 17 de

Outubro a 21 de Novembro de 1972. Assim, na análise vislumbramos as discussões

sobre a presença feminina nos museus em Campo Grande/MS, para tal investigamos os

museus Dom Bosco, José Antônio Pereira e de Arte Contemporânea. Em que, serão

descritas as dimensões das coleções, das obras, dos espaços e de que forma representam

as contribuições culturais femininas e os modos de ensinar sobre a importância das

mulheres nos museus e os museus de mulheres.

Palavras chaves: Museus, Patrimônios, Mulheres.

O USO DE IMAGENS TRIDIMENSIONAIS (3D) PARA A VALORIZAÇÃO DO

PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO DO SÍTIO TEMPLO DOS PILARES,

ALCINÓPOLIS/MS

Thaiane Coral Fernandes Lima

[email protected]

Beatriz dos Santos Landa

[email protected]

O avanço das tecnologias permitiu o surgimento de várias inovações que tem facilitado

um sem número de atividades no cotidiano das pessoas. Dentre essas inovações deve-se

ressaltar que as tecnologias desenvolvidas a partir de perspectivas arqueológicas podem

contribuir para a ampliação, consolidação e interpretação das informações obtidas nas

atividades de campo induzindo iniciativas que poderão resultar em ações para um maior

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conhecimento do patrimônio arqueológico. Busca-se apresentar como as imagens

tridimensionais geradas dos abrigos e painéis de arte rupestre do sítio Templo dos

Pilares, localizado no município de Alcinópolis/MS podem ser a base para a proposição

de políticas públicas para a preservação, conservação e valorização deste tipo de

manifestação arqueológica, e como essa tecnologia pode ser usada para a Educação

Patrimonial promovida tanto no local, e também por meio de aplicativos para acesso a

distância. A presença humana neste sítio tem uma antiguidade de 10.735 A. P. (cal) e as

imagens em 3D servirão para uma melhor compreensão do passado vivido por pessoas

que habitavam o país em um período recuado e inseridos em um contexto ambiental

diverso do atual.

Palavras-chave: Imagens tridimensionais, Educação Patrimonial, Patrimônio

Arqueológico, Arte Rupestre, Alcinópolis-MS.

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GT 12 Povos tradicionais:

parentesco, território, saúde e

sociedade

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A INCIDÊNCIA DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES KAIOWÁ E

GUARANI: A FALTA DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE ATENDIMENTO AOS

DIREITOS DE DEMARCAÇÃO DO TEKOHA NA ALDEIA LARANJEIRA

ÑANDERU, RIO BRILHANTE/MS

Carolina Palhares

[email protected]

José Paulo Gutierrez

[email protected]

As mulheres Guarani e Kaiowá, habitantes da Aldeia Laranjeira Ñanderu, vivem com

suas famílias em territórios tradicionais precários, sem demarcação de terra e nem

existência grupos de trabalhos definidos pela FUNAI, em local conhecido como aldeia

de acampamento, devido a sua característica de transitoriedade. Com o estabelecimento

de uma política colonizadora e integradora no Estado a agropecuária foi introduzida

pela ação de fazendeiros e granjeiros, com a presença fundiária maciça nos

denominados espaços vazios. Devido a uma medida liminar judicial, os Guarani e

Kaiowá da aldeia Laranjeira Ñanderu, que fazem parte da Terra Indígena Bacia

Brilhante-Peguá e suas famílias, foram alocados dentro de área de reserva legal da

fazenda Santo Antônio de Nova Esperança, em Rio Brilhante/MS, aguardando decisão

definitiva favorável para a demarcação e restituição do tekoha. Apesar de terem o

direito constitucional previsto no art. 231, da CF/1988, que lhes garante os direitos

originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, a violência contra os indígenas

e o desrespeito aos Direitos Humanos cresceram vertiginosamente, atingindo

principalmente mulheres, meninas e seus familiares. Isso decorre das transferências de

seus tekoha para áreas demarcadas, sem nenhum estudo antropológico e critério

etnológico, ocasionando influências negativas da cultura eurocêntrica e patriarcal a

cultura tradicional, modificando a cultura Guarani e Kaiowá que é baseada na

cooperação e reciprocidade em seu sistema social. Nesse sentido, as mulheres são as

principais prejudicadas pelo aumento da incidência da violência, sendo vítimas muitas

vezes, da discriminação de sua cultura pelos fazendeiros, moradores da região e de

outros karaí (branco).

Palavras-chave: Território, Mulher Guarani e Kaiowá, Violência, Demarcação,

Direitos humanos.

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA CAMPO GRANDE

(MS): PROJETO P.A.I.S. NA ESCOLA AGRÍCOLA

Marcelo Augusto Ferreira

[email protected]

Felipe Gavioli Diniz

[email protected]

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Edson Pereira de Souza

[email protected]

Com o advento da revolução industrial e a expansão na utilização dos recursos naturais

em meados do século XIX, os processos de produção começaram a ser analisados com

um caráter de percepção mais crítico por parte da sociedade. Ao par disso, é possível

abordar a seguinte problemática: como produzir sem haver a necessidade de se utilizar

da agricultura convencional? Deste modo, busca-se um despertamento do pensamento

crítico/ecológico na/da população. Todavia, o objetivo geral foi identificar as

potencialidades do projeto P.A.I.S. (Produção Agroecológica Integrada e Sustentável),

bem como, os mecanismos utilizados para o desenvolvimento de uma agricultura

sustentável que atenda as necessidades da escola agrícola em Campo Grande/MS. O

trabalho apresentou um estudo bibliográfico, observando e relatando a forma com que a

tecnologia P.A.I.S. foi inserida no ambiente escolar, bem como as práticas que foram

adotadas para se ter um sistema de produção ecologicamente correto. Os resultados se

basearam em um método de produção agroecológico, ou seja, no uso de medidas

sustentáveis em relação ao que é produzido na escola. As considerações finais

evidenciaram a aplicação dos elementos da agroecologia nas aulas práticas na escola

agrícola, onde se utilizaram ecotécnicas na produção das hortaliças cultivadas,

contribuindo no desenvolvimento de um sistema de produção que não afeta o meio

ambiente, uma vez que, reutilizaram matéria prima de origem orgânica.

Palavras-chave: Agroecologia, Educação ambiental, Projeto P.A.I.S.

ASSASSINATOS INDIRETOS: REFLEXÕES SOBRE OS SUICÍDIOS

INDÍGENAS NO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL NA REGIÃO DO

PANTANAL SUL

Fernando de Mattos Menezes

[email protected]

Edson Pereira de Souza

[email protected]

Icléia Albuquerque de Vargas

[email protected]

O suicídio é entendido como um atentado individual contra a própria vida. Essa

generalização não condiz com a especificidade com os povos indígenas, sobretudo os

Terena, visto que na ótica indígena são considerados assassinatos indiretos causados

pela situação socioeconômica (agronegócio) provocada pelos não indígenas. Logo, de

que maneira a sociedade não indígena influencia esse problema de saúde e como essa

influência acarreta em suicídios de indígenas na Região do Pantanal Sul? Todavia, esta

pesquisa tem como objetivo geral identificar como esse comportamento se constrói e as

consequências dos suicídios indígenas na região do Pantanal Sul. Metodologicamente,

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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 56

trata-se de uma pesquisa quali-quantitativa, reportando-se a materiais bibliográficos.

Nesse contexto a pesquisa identifica os suicídios na sociedade indígena e quais os

motivos para materializar este comportamento. Comportamento esse que se relaciona

com o sentimento de pertencimento que as populações indígenas tem sobre seus

territórios. Todavia, o pertencimento é determinado pelo afeto que uma sociedade tem a

um determinado espaço, ou seja um sentimento de bem-estar nesse lugar, podendo ser

determinado onde as relações sociais foram originadas. Essas relações, tanto de

parentesco ou até de soberania naquele território, reforçam o pertencimento que a

sociedade tem no local, a frustação, ou até conflitos e podem ocasionar suicídios na

sociedade. Essa pesquisa é relevante pela incipiente compreensão do comportamento

suicida indígena e como ele afeta a própria sociedade. Com isso, pretende-se analisar as

causas que desencadeiam os suicídios de indígenas, na Região do Pantanal Sul e a

cadeia de eventos gerados pela sociedade.

Palavras-chave: Suicídio, Assassinatos Indiretos, Indígena, Pantanal Sul, Terena.

A RELAÇÃO ENTRE SUSTENTABILIDADE, CONHECIMENTO

TRADICIONAL E TERRITÓRIO PARA O POVO GUARANI

Thais Almeida Cariri

[email protected]

Antonio Hilário Aguilera Urquiza

[email protected]

O presente trabalho trata-se de uma pesquisa realizada sobre “território”,

“conhecimentos tradicionais” e “sustentabilidade” para o povo Guarani, bem como a

relação entre esses conceitos. Objetiva-se compreender a relação entre território e

conhecimento tradicional e como isso define a maneira com que o povo Guarani

desenvolve práticas de sustentabilidade. Para isso, realizou-se pesquisa bibliográfica e

conceitual em plataformas virtuais como bancos de teses, sites oficiais e em bibliotecas.

Partindo da questão de como se dá esse processo, e levando em conta o histórico de

perseguição e expropriação de seu território tradicional, procuramos entender de que

maneira o conhecimento tradicional atua e como a sustentabilidade aparece na gestão do

território. Como resultado da pesquisa mostrasse que mesmo no contexto de conflito de

terra que se perpetua a décadas o povo Guarani existe e resiste como um povo

tradicional, que diferente do que se imagina no senso comum os conhecimentos

tradicionais não são um pacote fechado que é passado de geração em geração, é uma

constante construção, uma forma de se ver e organizar o mundo própria do povo

guarani.

Palavras-chave: Povo Guarani, Território, Conhecimento Tradicional,

Sustentabilidade.

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POVO GUARANI E TERRITÓRIO: UMA RELAÇÃO COM AS PRÁTICAS DE

TRABALHO ESCRAVO

Camila Assad Catelan

[email protected]

Antônio Hilário Aguilera Urquiza

[email protected]

O presente trabalho é fruto de um projeto maior intitulado Direitos Humanos,

Territórios e Políticas Públicas, e é voltado para o povo Guarani de Mato Grosso do Sul

que vive em território de fronteira com o Paraguai. A situação desse povo é marcada

pela disputa de seus territórios tradicionais, e como enfoque salienta-se a negação de

seus direitos básicos desde o período pós Guerra do Paraguai (1865-1870), onde esse

povo passou a ser submetido a práticas de trabalho análogas a de escravo. Objetiva-se

então fazer uma relação dos aspectos históricos entre trabalho escravo e os índios

Guarani. Para isso faz-se um paralelo com a perda dos territórios tradicionais que tal

povo vem sofrendo, comprometendo assim sua organização social própria (relações de

parentesco e de autoridade, dentre outras), levando-os a procurar trabalho fora da aldeia

sob condições precárias. Acresce ainda um aspecto fundamental para o povo Guarani, a

mobilidade espacial, que muitas vezes tem a ver com aspectos culturais e ancestrais,

mas que atualmente, ocorre pela busca de trabalho.

Palavras-chave: Povos indígenas, Migração, Trabalho escravo, Território.

OGUATA GUASU: GRANDE CAMINHADA DOS KAIOWÁ

Andréa Lúcia Cavararo Rodrigues

[email protected]

Sônia Rocha Lucas

[email protected]

Antônio Hilário Aguilera Urquiza

[email protected]

Tradicionalmente, o povo Kaiowá possui uma concepção de territorialidade ampla,

englobando as regiões do Paraguai, Argentina, Brasil e Bolívia. Esse território é

denominado pelos Kaiowá como Ñane Retã - “Nosso País, ou nosso Território” -

espaço no qual os Kaiowá vivem e estabelecem as suas comunidades. O presente

trabalho tem como objetivo estudar a dinâmica da mobilidade espacial de acordo com as

práticas culturais, dos Kaiowá localizados na região sul do estado de Mato Grosso do

Sul. O estudo privilegia a motivação da mobilidade deste povo, o rearranjo desta

população ao chegar ao novo território, a concepção de mobilidade espacial (Oguata)

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para esta população e seus deslocamentos no espaço/tempo. O povo Kaiowá possui

processo próprio de ocupação de territórios tradicionais, nos quais ocorrem

deslocamentos e neles as comunidades estabelecem suas redes sociais pautadas pelas

relações de parentesco e afinidades. A análise histórica da usurpação do território

tradicional no final da década de 1940 é importante para que se possa compreender o

processo de esbulho sofrido por essa população, em total desrespeito ao direito de

viverem de acordo com suas tradições, como também análise de como este povo

percebe a situação de acampamento, levando em conta as representações e vínculos com

o território em sua forma de vivenciar as moradias móveis. A base metodológica é

própria dos estudos antropológicos, com interface no direito dos povos tradicionais e,

além da pesquisa bibliográfica, mantém-se a preferência pelo trabalho de campo. O

estudo permite concluir que mesmo após terem sofrido deslocamentos forçados, depois

de anos os Kaiowá realizaram o caminho de volta para o seu território tradicional a fim

de manter as suas tradições.

Palavras-chave: Mobilidade espacial, Povos indígenas, Territorialidade Kaiowá,

Moradia móvel.

TRÊS ANOS DE LAMA, SÉCULOS DE LUTA: A MOBILIZAÇÃO SOCIAL

DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS NO EXTREMO LITORAL NORTE DO

ESPÍRITO SANTO FRENTE AO CRIME DA SAMARCO/VALE/BHP

Arthur Augusto Silva Santos

[email protected]

Este trabalho busca contribuir às pesquisas relacionadas ao campo dos conflitos

ambientais, com foco no processo de mobilização social de comunidades tradicionais.

As comunidades tradicionais no extremo litoral norte do Espírito Santo apresentam

conflitos históricos contra a matriz racional produtivista focada no desenvolvimento

econômico a partir do extrativismo e do monocultivo. São pescadores e agricultores

remanescentes de indígenas e quilombolas que preservaram suas territorialidades ao

longo de gerações, tendo seu território invadido pelo ideal desenvolvimentista de forma

avassaladora no final da primeira metade do século XX (BATISTA, 2009). Devido a

seca nos últimos anos, a água do mar contaminada pelos rejeitos de mineração, oriundos

do crime socioambiental da Samarco, adentrou os rios, riachos e corregos, atingindo

dezenas dessas comunidades. O presente trabalho tem foco nas mobilizações que

surgem pós desastre e busca apresentar os repertórios de mobilização social dessas

comunidades na garantia de seus direitos ao longo de quase três anos de lama e luta.

Passa pelos históricos conflitos de territorialidades dentro deste mesmo território e

procura salientar a marca da colonialidade do projeto desenvolvimentista pensado pelo

Estado do Espírito Santo para essa região. Tem como ponto central a relação entre o

Fórum de Atingidos Norte da Foz, vinculado ao Fórum Capixaba em Defesa do Rio

Doce, e as Comissões de Atingidos, construídas em aliança ao Movimento dos

Atingidos por Barragens (MAB). Salienta que após o desastre e por meio destes dois

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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 59

espaços de mobilização e união de forças, foi possível garantir reconhecimento dessa

região como atingida, bem como consolidar a Comissão de Atingidos como instância

legal de representação dentro do TAC Governança, assinado entre o MPF e as

mineradoras.

Palavras-chave: Repertórios, Comunidades tradicionais, Territorialidade, Desastre,

Mobilização social.

O PRECONCEITO COM RAÍZES HISTÓRICAS

Pedro Ramão Rojas Coronel

[email protected]

O presente trabalho tem por objetivo refletir sobre a origem do preconceito estabelecido

sobre o paraguaio, na região da cidade de Jardim-Mato Grosso do Sul, a simbolização

do outro, e as formas de identidade/alteridade como ferramenta para compreensão dessa

realidade, tendo uma de suas raízes históricas, a vista disso será feita uma análise do

discurso da obra clássica a Retirada da Laguna de Visconde de Taunay, a partir de suas

matizes antropológicas e linguísticas, com suas adjetivações e percepções, e relacionar

como essa obra atinge o imaginário das pessoas na cidade de Jardim-MS, e trabalhar a

conscientização sobre o tema, para poder transformar a condição de vulnerabilidade dos

paraguaios e seus descendentes. Portanto, esse trabalho faz uma reflexão sobre a

fabricação contínua das representações no processo de socialização, havendo a

necessidade de enfrentamento e busca de soluções dos conflitos gerados por esse

preconceito e demonstrando as consequências que essa realidade pode acarretar.

Palavras-chave: Paraguaios, Identidade/Alteridade, Preconceito, Antropologia.

PAISAGENS E (DES)CONTINUIDADES: O INCREMENTO DO TURISMO E A

CONFIGURAÇÃO DE UMA ARENA DE CONFLITO NO PARQUE

NACIONAL DOS LENÇÓIS MARANHENSES

Benedita de Cássia Ferreira Costa

[email protected]

O presente trabalho procura refletir sobre os problemas que definem uma arena de

disputa envolvendo, por um lado, famílias de comunidades tradicionais e, por outro, o

Estado, e agentes econômicos em torno da privatização das atividades turísticas nas

áreas historicamente ocupadas pelas famílias no Parque Nacional dos Lençóis

Maranhenses (PNLM), criado em 1981. Busca identificar os elementos e conteúdos

imagéticos utilizados para divulgar o potencial turístico do PNLM no contexto de

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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 60

concessão da gestão do turismo a agentes econômicos privados. A partir da análise de

material fotográfico de promoção turística, pretende ultrapassar, como obstáculo

epistemológico, a relação naturalizada entre imagem e turismo, realizando um

iconoclash na construção social dessas imagens, que projetam a ideia de paraíso provido

de dunas, lagoas cristalinas, céu azul e muito sol, sugerindo um lugar natural, óbvio. A

construção de uma paisagem que remete a um produto turístico é reveladora de uma

arena de conflito entre as definições e usos da unidade de conservação, na medida em

que as imagens, acompanhadas de narrativas sobre os “Lençóis Maranhenses”, operam

na construção de uma natureza prístina e intocada, simplificando ou apagando sua

variedade e diversidade humana, desconectando-as de questões político- econômicas

relacionadas à sua própria produção, enquanto destino turístico único. Problematiza,

assim, o processo da “descoberta” e a “concessão” dessa unidade de conservação, que

demonstra por um lado, a continuidade da natureza que sofre um regime cada vez maior

de comoditização e, por outro, a descontinuidade do humano, promovendo uma

invisibilização do modo de vida de comunidades tradicionais.

Palavras-chave: Paisagens, Turismo, Unidade de conservação, Comunidades

tradicionais, Arena.

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GT 13 Proibições e Resistências

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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 62

ABORTO AUTÔNOMO, FEMINISTA E ACOMPANHADO: REDES

FEMINISTAS DE ACOMPANHAMENTO ÀS MULHERES QUE ABORTAM

Gabriela Lauterbach

[email protected]

Ao longo da história mulheres vem sendo auxiliadas em seus processos de abortamento

por pessoas, grupos e redes que tem se dedicado a possibilitar abortos seguros a partir

de escolhas baseadas no acesso à informação em contextos de ilegalidade e

criminalização. Nos anos 1970, momento em que os movimentos feministas ganhavam

força e reivindicavam direitos em relação à liberdade sexual, contracepção e aborto,

surgiram iniciativas coletivas autônomas de auxílio à mulheres que não desejavam

seguir com suas gestações, como grupos feministas e de esquerda que se articularam

nos Estados Unidos, na França e na Itália para garantir o acesso de mulheres ao

procedimento de aborto seguro, constituindo parte do que é descrito por Mabel Belucci

(2014) como “a história de uma desobediência”; e que tem seus desdobramentos ainda

hoje, em diversos países. Segundo a autora, numa perspectiva foucaultiana, legitimar o

aborto fora do marco da lei é uma das estratégias de resistência desenvolvidas pelas

mulheres para marcar sua posição de insubmissão, desobediência e vontade de poder.

Desta forma, este trabalho tem o intuito de demonstrar as limitações do exercício da

autonomia e dos direitos das mulheres ao aborto legal e seguro quando estes são

restritos às decisões e aos espaços institucionais dominados historicamente pelo poder

patriarcal, a partir do diálogo com as práticas de liberdade, solidariedade e

ressignificação que emergem das experiências de acompanhamento feminista às

mulheres que abortam, considerando os países citados acima e também a experiência

mais recente das Socorristas en red: feministas que abortamos, na Argentina.

Palavras-chave: Redes feministas, Acompanhamento feminista, Aborto.

A ÁFRICA E SUA CONTRIBUIÇÃO RÍTMICA PARA A MÚSICA

BRASILEIRA

Luiz Carlos Santana

[email protected]

Os tambores que chamam têm um elo de comunicação importante entre os povos de

todas as matrizes que vieram da África. A ligação no qual me refiro, são os tambores

dessas matrizes que tanto contribuem para a música popular brasileira. E mesmo tendo

essa representatividade tão forte nesse gênero artístico, no qual são utilizados diversos

ritmos ligados ao culto afro brasileiro, de matriz africana, o seu toar causa

constrangimento, ou seja, embora haja vista a sua relevância para a musicalidade do

nosso país, ainda se percebe resistência em função dessas levadas serem oriundas dos

terreiros. A África, mãe de todos os outros continentes, deixou seu legado musical para

todos os povos representando assim nossa ancestralidade.

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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 63

Palavras-chave: Musicalidade afro-brasileira, Tambores, Ritmos brasileiros.

FEMINISMOS ANTIPROIBICIONISTAS NO BRASIL

Greciane Martins de Oliveira

oliveira.greciane@gmail

Nathalia Eberhardt Ziolkowski

[email protected]

O Estado brasileiro é moldado pelo paradigma proibicionista, mas a busca da

legitimidade por este princípio através de sua política de vigilância, coerção e

criminalização não interrompe uma série de problemas sociais, dos mais diversos. Ao

contrário, o que se verifica, em muitas situações, é justamente o efeito inverso, como

aumento do índice de mortes na sociedade civil, o fortalecimento de estereótipos

racistas e sexistas, a criminalização social de grupos no país. Do outro lado, os

motivadores de criminalizações no Brasil demonstram a perseguição por parte do

Estado e outras instituições sociais a fatores étnicos e aspectos culturais de setores

populacionais historicamente rejeitados e menosprezado. No século XX o país tornou

crime o samba, a capoeira, a umbanda, o uso da maconha, todos associados às

marginalidades imputadas as manifestações afro-brasileiras. Também é o século que

marca a última revisão legislativa da lei de proibição do aborto, exaltado como prática

criminosa para além dos efeitos legislativos e repressivos, mas também morais. Todas

as questões citadas atingem diretamente a nós, mulheres, em aspectos distintos, nos

vulnerabilizando e nos fazendo alvo de perseguições. Por motivos como esse é que se

cria a vertente antiproibicionista dentro dos feminismos, com um debate que perpassa

racismo, encarceramento, diversidade sexual, maternidade, prostituição, juventude,

economia, redução de danos, cultura e espiritualidade. A luta hoje é para que mais

movimentos de mulheres e feministas se sensibilizem com este ponto em debate e

incorporem em suas reflexões o tema, articulando permanentemente o embate político

pelo fortalecimento das mulheres como protagonistas.

Palavras-chave: Antiproibicionismo; feminismos; gênero.

VAI TER “SHORTINHO” SIM! A IMPORTÂNCIA E OS REFLEXOS DE SE

DISCUTIR O MOVIMENTO FEMINISTA E A IGUALDADE DE GÊNERO NO

AMBIENTE ESCOLAR

Sara Santana Armoa da Silva

[email protected]

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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 64

Este trabalho irá apresentar um relato sobre a importância de discutir o movimento

feminista e a igualdade de gênero no ambiente escolar. A partir de algumas aulas de

Sociologia, em uma escola de ensino médio, da rede estadual de educação, em Campo

Grande, Mato Grosso do Sul, seguindo a grade curricular proposta, mais

especificamente com a discussão do movimento feminista, as alunas desta escola

começaram a pensar sobre a questão de terem o direito de usarem short na escola. Os

meninos já podiam ir de bermuda, enquanto as meninas não. Este relato mostra como se

deu a reivindicação das alunas, quais os argumentos da escola por parte de professores e

da direção sobre o fato. Afirma-se, ainda, que uma discussão de gênero no ambiente

escolar permite que os estudantes estabeleçam o respeito e a compreensão entre si sendo

muito mais proveitoso e saudável para a formação humana dos jovens, do que

proibições e falta de diálogo.

Palavras-chave: Educação, Relações de gênero, Movimento Feminista.

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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 65

GT 14 Religiões, religiosidades,

festas e celebrações

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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 66

A PROCISSÃO À SÃO PEDRO: O RITUAL E SEUS PERCURSOS

INDEFINIDOS EM BOA VISTA, RORAIMA

Cristiane Bade

[email protected]

A procissão a São Pedro acontece no município de Boa Vista, estado de Roraima desde

o ano de 1957. Durante esses anos esse ritual católico sofreu diversas mudanças, mas a

que mais alterou sua estrutura foi a do ano de 2004, com a construção da Orla

Taumanan. A construção dessa obra gerou a destruição do Porto de Cimento e da sede

da colônia de pescadores, afetando significativamente o trajeto da procissão fluvial e a

participação dos pescadores nesse ritual. Desse modo, essa pesquisa tem como objetivo

analisar os impactos que a construção da Orla Taumanan teve na performance da

procissão fluvial em homenagem a São Pedro. Assim, essa comunicação igualmente

discute sobre esse ritual na experiência urbana e como suas formas de expressão

simbólica foram afetadas ao longo desses anos. Esse estudo faz parte da pesquisa de

doutorado desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Antropologia da

Universidade Federal de Pernambuco, em parceria com a Universidade Federal de

Roraima (DINTER UFPE/UFRR). A proposta metodológica, portanto, deste trabalho,

de natureza etnográfica, envolve a utilização de observação, análise de documentos e

entrevistas com pessoas que que participaram da procissão ao longo desses anos, em

especial pescadores e fieis mais assíduos da procissão.

Palavras-chave: Ritual, Patrimônio, Memória.

DOUTRINAS EM MOVIMENTO: UM BAILADO ENTRE SANTO DAIME E O

RASTAFARI

João Otávio Duarte Farias

[email protected]

Esse ensaio pretende refletir o sincretismo religioso ocorrido no momento em que a

Igreja Céu de Santa Maria de Sião - centro religioso ligado a Doutrina do Santo Daime,

que pratica o uso sacramental da bebida enteógena Ayahuasca - se aproximou e

apropriou-se dos pressupostos religiosos existentes na cultura Rastafari, alterando em

seus preceitos e costumes a própria doutrina do Santo Daime. A importância de se

entender esse processo está no fato de que tal doutrina é também fruto de sincretismo de

representações indígenas/caboclas sobre a ayahuasca, e ressignificações entorno da

bebida, introduzindo à doutrina elementos cristãos. Para esse propósito, irei dialogar

com o conceito de representações, apoiado na oralidade para buscar compreender as

motivações dos agentes de tal aproximação entre as doutrinas, e de que forma são

construídas as representações, movidas por vontades e interesses próprios desses

sujeitos.

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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 67

Palavras-chave: Sincretismo religioso, Representações, História oral, Ayahuasca,

Santo Daime, Rastafari.

CAFÉ DA MANHÃ COM SÃO JOÃO. RITUAIS E COMENSALIDADE NO

ANIVERSÁRIO DO SANTO

Camila Assad Catelan

[email protected]

Luciana Gomes

[email protected]

Para além do ritual de banhar a imagem de São João no rio Paraguai, a festa dedicada a

este santo na cidade de Corumbá (MS) constitui-se de inúmeros outros eventos que

acontecem na cidade na data de 23 de junho. A partir da pesquisa etnográfica realizada

durante essa festividade religiosa, observamos que tão importante quanto a festa que

ocorre no período noturno - a tão famosa Noite de São João, conhecida no Brasil por ser

um momento mágico, que muito encanta seus participantes – é o café da manhã

tradicionalmente organizado nas casas de muitos festeiros. Assim, o presente trabalho

tem como objetivo descrever esse evento e discutir os significados para a comunidade

local.

Palavras-chave: Festa, Comensalidade, Ritual.

AS SINGULARIDADES DO BANHO DE SÃO JOÃO EM LADÁRIO/MS

Danilo Cezar de Jesus Santos

[email protected]

Álvaro Banducci Júnior

[email protected]

O presente trabalho resulta de um estudo etnográfico realizado durante pesquisa sobre a

festa de São João que ocorre nas cidades pantaneiras de Corumbá e Ladário, ambas no

estado de Mato Grosso do Sul, onde acontece o tradicional Banho de São João nas

águas do rio Paraguai. Este estudo refere-se especificamente aos eventos joaninos da

cidade de Ladário, localidade que tem recebido pouca atenção por parte das pesquisas

relacionadas a esse evento religioso e festivo. O Banho de São João consiste em

conduzir a imagem do Santo em andores até o rio Paraguai onde, mediante ritual de

ablução, recebe o batismo simbólico dos devotos. Na cidade de Ladário a festa

apresenta uma particularidade, pois os festeiros, que trazem os andores de suas casas,

costumam reunir-se na praça central da cidade, onde acontece a festa pública e, próximo

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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 68

à meia noite, saem juntos numa única procissão em direção ao rio. Trata-se de duas

modalidades de festa – a pública, organizada pela prefeitura, e as dos festeiros, que

reúne familiares e comunidade de bairros – que se unem numa celebração única do

Banho de São João. O objetivo da pesquisa é descrever as distintas expressões festivas,

os grupos que delas participam, comparar os rituais devocionais nas casas e na praça

pública e buscar desvendar o sentido para os devotos de cada uma dessas celebrações,

bem como do significado da prática conjunta do ritual do Banho de São João.

Palavras-chave: São João, Festas, Ladário, Banho do Santo.

AS RECIPROCIDADES DA FESTA DE SÃO SEBASTIÃO ENTRE OS TERENA

DA ALDEIA BURITI

Rafael Allen Gonçalves Barboza

[email protected]

Graziele Acçolini

[email protected]

O artigo tem como foco central o processo de ressignificação de São Sebastião à

cosmologia Terena considerando a afirmação da identidade Terena na Terra Indígena

Buriti (MS). A observação das reelaborações da religião tradicional e as tentativas de

revitalizar e ressignificar as histórias sobre o próprio território, a partir do contexto dos

Terenas de Buriti. Os Terena de Buriti consideram de necessária importância esse tema

principalmente no cenário político pela reivindicação pelo território tradicional e o

registro da história Terena de Buriti. A festa de São Sebastião é um momento de

manutenção das redes de alianças. A devoção desse santo proporcionou a reelaboração

das identidades étnica pelo grupo e encontros entre familiares e amigos de outras

regiões do país. É durante a festa que acontece a atualização de toda organização social

dos Terena de Buriti, nas esferas: politicas, religiosas e sociais. Esse evento social

tornou uma significância histórica para esse grupo, relembrando de um difícil período

que configurou o sistema da vida em reserva. Mesmo com São Sebastião muitos índios

e não índios recorrem ao xamanismo, buscando nas práticas tradicionais religiosas

Terena, conforto, saúde, paz e proteção. As divisões de tarefas para o preparo da festa e

especificamente do jantar para o santo, transborda a perspectiva de gênero e a formação

de corpos pelos Terena de Buriti.

Palavras-chave: Terena da aldeia Buriti, São Sebastião, Reciprocidades.

COMÉRCIO E DEVOÇÃO: A VENDA E AS OFERENDAS DE ALASITAS NOS

PEDIDOS À VIRGEM DE URKUPIÑA NO CALVÁRIO, EM PUERTO

QUIJARRO (BO)

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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 69

Alyson Matheus de Souza

[email protected]

Álvaro Banducci Júnior

[email protected]

No mês de agosto, durante os dias 14, 15 e 16 de agosto, ocorrem em Puerto Quijarro,

cidade boliviana que faz fronteira com o Brasil, festividades em devoção à Virgem de

Urkupiña. A Santa, cuja aparição acredita-se ocorreu em Quillacollo, no altiplano

boliviano, comove devotos daquele país, tendo seguidores na Argentina, no Brasil e em

demais países. Cada um destes dias que compõem a festa recebe uma denominação

específica, sendo, respectivamente, Entrada, Diana e Calvário, com rituais e

celebrações específicos. Neste trabalho, tratarei por meio de uma breve etnografia os

rituais realizados no último dia da festa nesta cidade, o Calvário, quando os devotos se

concentram para a compra das alasitas, objetos rituais que representam, em miniatura,

bens materiais que cada devoto deseja obter por intercessão da Virgem: casas, carros,

terrenos, diplomas, viagens e demais representações são comercializadas, purificadas,

benzidas e “ch’alladas” (ato de libar com o uso de cerveja) visando realizar pedidos à

Virgem. O estudo pretende problematizar categorias como sagrado e profano, realidade

e representação, interesse e fé em um cenário religioso singular, mostrando, a partir do

comércio destes objetos e dos rituais com eles realizados, como essas categorias se

mesclam e se confundem nos mesmos gestos e atitudes de celebração e devoção à Santa

dadivosa.

Palavras-chave: Virgem de Urkupiña, Devoção, Festa, Comércio, Alasitas.

A FÉ EM FESTA: A COMPREENSÃO DO BANHO DE SÃO JOÃO PELA

IMAGEM

Talita Thomazini Carvalho

[email protected]

A partir da participação no projeto “Banho de São João Corumbá/Ladário - MS:

subsídios para registro como patrimônio cultural imaterial brasileiro” - que objetiva

tornar esta celebração patrimônio cultural do país e, assim, contribuir para sua ampla

divulgação - ficou evidente o poder de registro e da captura da fotografia como

atividade essencial para o entendimento da festividade. Com base nessa questão,

proponho apresentar alguns aspectos simbólicos da festa baseados no registro imagético

e na etnografia, tendo como base uma breve discussão sobre a antropologia visual.

Palavras-chave: Fotografia, Religião, Festa.

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POVO DA RUA: OS TERRITÓRIOS DAS ENTIDADES EXU E POMBA GIRA

NA UMBANDA

Gesliane Sara Vieira Chaves

[email protected]

Exu e pomba gira são as entidades mais procuradas nos terreiros de Umbanda, estes são

associados ao povo da rua. Tendo como territórios a rua, a encruzilhada, o cemitério, o

cabaré, a porteira e o lixão. O inverso das entidades ditas de direita, que possuem

territórios outros, associados ao sagrado, como: cachoeiras, mares, rios, matas,

pedreiras, ou seja, à natureza. Sendo assim, neste trabalho propomos apresentar os

múltiplos e distintos territórios das entidades exu e pomba gira, a partir dos diversos

espaços correspondentes a estas entidades. Espaços estes que são apresentados nos

pontos cantados, estórias contadas pelas entidades e nos locais de oferenda. Para

atingirmos os objetivos propostos, realizamos levantamento bibliográfico sobre a

temática e a apresentação de pontos cantados para as referidas entidades na Umbanda.

Além de consultas a arquivos de campos, de pesquisas realizadas nos terreiros de

Umbanda na cidade de Dourados-MS, nos anos de 2015, 2016 e 2017. É perceptível que

os locais vistos como profanos (dos mortos, dos indigentes, das profissionais do sexo,

ou até mesmo o local da desordem, do descontrole) são apropriados pelos mesmos e

sacralizados. Tornando-se territórios de morada, afetividade e poder. De modo que,

estas entidades se apoderam destes espaços, vistos como mundanos e de desordem.

Contudo, é evidente que os locais considerados “profanos” também podem ser

valorizados e ressignificados. Estabelecendo assim relações de identidade, poder e

afetividade.

Palavras-chave: Territórios, Umbanda, Exu, Pomba Gira.

“POR UMA NUVEM ELE VEIO E POR UMA NUVEM VOLTOU”:

SINHOZINHO PATRIMÔNIO CULTURAL DE MATO GROSSO DO SUL

Edivânia Freitas de Jesús

[email protected]

Douglas de Oliveira Nobre

[email protected]

Em meados de 1940, a cultura religiosa local vê-se transformada: um homem simples,

com um terço no pescoço, vestido com um longo manto que cobria seu braço esquerdo,

começou uma tradição que permanece até hoje na cidade de Bonito em Mato Grosso do

Sul. Sinhozinho ou Mestre Divino como também ficou conhecido, era tido como

curandeiro e realizador de milagres para os moradores do município, comunicava-se

apenas por gestos e andava com dificuldades, que segundo os relatos, eram ocasionados

por alguma deficiência física. Também acredita-se, que o Sinhozinho além de profeta

era a reencarnação de São João Batista. Os ensinamentos transmitidos por ele,

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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 71

perpetuaram-se de pai para filho. Não se sabe ao certo o que aconteceu para o seu

desaparecimento, mas na sua passagem pela cidade, ele construiu várias cruzes de

madeira e uma capela, que hoje serve de ponto de encontro para os seus devotos no dia

12 de outubro, onde seus fiéis prestam suas homenagens com orações e celebram uma

missa.

Palavras-chave: Sinhozinho, Patrimônio Cultural, Bonito/MS.

MEU PAI XANGÔ PARA ALÉM DE SÃO JOÃO BATISTA SINCRETISMO E

TEMPO RELIGIOSO NAS FESTAS JUNINAS DE CORUMBÁ MS

Mario Teixeira de Sá Junior

[email protected]

No mês de junho são comemoradas diversas festas católicas no Brasil. A cidade de

Corumbá, situada no norte de Mato Grosso do Sul, tem em seu calendário religioso as

festas de Santo Antônio (11/06), de São João (24/06) e as de São Paulo e São Pedro

(29/06). Essas importantes festas, para o calendário católico, se desdobram nas religiões

de matrizes afro-brasileiras, a Umbanda e o Candomblé, que são bastante presentes

nessa cidade. Esse desdobramento se deve a um processo de sincretismo onde o orixá

Xangô é sincretizado com os quatro santos católicos acima citados. O sincretismo é

realizado através de similaridades nas estórias, imagens, lugares em comum entre o

Orixá e os Santos. Esse processo acaba gerando um “tempo religioso”, onde as casas

religiosas afro-brasileiras constroem uma ligação entre as quatro festividades, a

princípio, comemoradas de forma isolada, ainda que os festejos juninos também as uma.

Isso se traduz na construção de um processo ritualístico que tem início na comemoração

de Santo Antônio. Nela, são realizadas sessões (encontros) de pretos velhos e Exus

(espíritos que se manifestam na Umbanda). Em São João os mesmos pretos velhos dão

continuidade as manifestações iniciadas em Santo Antônio, agora associados a figura do

Orixá Xangô. Em 29 de junho ocorre o encerramento desse “tempo” com a festa de São

Pedro. A comemoração de São João se coloca como um elo entre essas diversas

atividades religiosas. A pesquisa busca compreender o sentido específico que as

religiões afro-brasileiras dão a esses festejos.

Palavras-chave: Umbanda; Candomblé; Afro-brasileiras; Sincretismo; Corumbá MS.

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17, 18 e 19 de Outubro de 2018/Campo Grande, Mato Grosso do Sul-Brasil 72

GT16 Trabalho, consumo e

significado num mundo em

transformação

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GLOBALIZAÇÃO E GOURMETIZAÇÃO: A GASTRONOMIA DE BELÉM DO

PARÁ

Guilherme Bemerguy Chêne Neto

[email protected]

Renata Medeiros Paoliello

[email protected]

No ano de 2015 Belém recebeu o prêmio de Cidade Criativa de Gastronomia, dado pela

UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). A

partir daí a cidade se tornou referência em gastronomia amazônica e muitos estudiosos

das ciências gastronômicas e chefs de cozinha passaram a incluir a cidade em seus

roteiros gastronômicos. Nesse ensejo, tanto o Estado, na figura da prefeitura da cidade

e do governo estadual, quanto empresários argumentaram que esse título dado pela

UNESCO visa valorizar a tradição e identidade belenenses, a partir de sua culinária, que

começa, então ser inserida mais intensamente numa cadeia global de consumo, sendo

mais uma possibilidade nas prateleiras do “supermercado cultural global” (MATHEWS,

2002). Essa inserção da culinária belenense em “comunidades transnacionais de

consumidores” (CANCLINI, 1999) tem como causa, de acordo com Jesús Contreras

Hernández (2005), o impacto da progressiva homogeneização e globalização da comida.

O processo de globalização impacta diretamente na alimentação, onde a busca por

alimentos adquiriu um intrínseco caráter mercadológico (PETRINI, 2009). O gourmet

vira palavra-chave do novo conceito de gastronomia, que, agora, tem no regional a

grande “novidade”. As comidas populares passam por um processo de gourmetização

feita por grands chefs de cozinha nacional e internacional, com um discurso pautado na

valorização das tradicionalidades. Essa pesquisa vem sendo desenvolvida em forma de

tese de doutorado e almeja compreender qual o real impacto do contínuo, e inevitável,

processo globalizador na alimentação.

Palavras-chave: Gastronomia, Gourmetização, Identidade Cultural, Globalização,

Belém do Pará.

OS NOVOS RUMOS DA MODA EM CAMPO GRANDE-MS (2016-2018)

OS COLETIVOS CRIATIVOS DE MODA E AS TRANSFORMAÇÕES NO

MUNDO DO TRABALHO

Ivani M. C. Grance

[email protected]

Ricardo L. Cruz

[email protected]

Desde 2016, em Campo Grande-MS, tem se observado o surgimento de coletivos

criativos de moda autoral, cujo objetivo é facilitar o acesso e a interação de seus

componentes aos fornecedores de matéria prima e a cadeia produtiva de prestadores de

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serviços em confecção de vestuário, sublimação em prensa ou calandra, serigrafia entre

outros serviços necessários à criação de seus produtos. Estes coletivos têm como uma

de suas características, a participação de indivíduos das mais variadas profissões, tais

como: designer de moda, designer gráfico, administrador, arquiteto, psicólogo, modelo,

designer de acessórios, fotógrafo, produtores de moda, personal stylist, bloggers,

publicitários e alunos egressos dos cursos de moda e design. Utilizam métodos análogos

ao sistema de economia criativa, como o de trabalho em redes colaborativas, bem como

o fomento ao empreendedorismo, sustentabilidade e geração de renda. Neste sentido,

este trabalho tem como objeto os coletivos criativos de moda autoral e o objetivo geral

norteia-se a partir de conhecer quem são os agentes que atuam neste sistema de trabalho

em rede e compreender como se dão as relações de trabalho dentro do contexto

colaborativo em que atuam. O ponto de partida será a plataforma colaborativa BRAVA,

que se encontra em atividade desde 2016, situada nas imediações da Explanada

Ferroviária em nossa capital. Neste local se desenvolvem empreendimentos ligados à

moda, designer, arte e cultura, compartilhando o espaço de forma coletiva e

colaborativa em rede.

Palavras-chave: Coletivos criativos, Redes colaborativas, Empreendedorismo, Moda

autoral.

“A GENTE NÃO QUER SÓ COMIDA, A GENTE A GENTE QUER COMIDA,

DIVERSÃO E ARTE”: UMA ANÁLISE DOS ROLEZINHOS COMO

CONTESTAÇÃO DA SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL

Nátali Bozzano Nunes

[email protected]

Davide Giacobbo Scavo

[email protected]

Esta pesquisa busca compreender se os rolezinhos, caracterizados como passeios em

grandes grupos de jovens da periferia nos shoppings centers das cidades brasileiras

manifestados desde 2014, foram uma tentativa de contestação da segregação social e

espacial presente na sociedade. Ainda que os protagonistas dessas mobilizações não

estivessem protestando contra as mazelas da sociedade do consumo em si, a hipótese

que norteia este trabalho é a de que estes jovens negros, pobres da periferia, ao mesmo

tempo que circulam invisíveis pela cidade, não aceitaram calados tais estigmas. Assim,

eles saem do lugar a eles atribuindo pela sociedade e vão aos shoppings centers –

considerado o templo do consumo – utilizando roupas e acessórios de grandes marcas e

buscando um reconhecimento social por meio do consumo. Os rolezinhos apresentam-

se, portanto, como fenômenos de resistência e contestação à exclusão e não ao sistema

capitalista como tal. O procedimento metodológico utilizado para a realização desta

pesquisa foi a revisão bibliográfica e documental do tema, a partir de uma análise

qualitativa da problemática trabalhada.

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Palavras-chave: Rolezinhos; Consumo; Cidade; Segregação socioespacial; Resistência.

“UMA FEIRA MAIS LIMPINHA”

Juliana Barbosa Lima e Santos Toyama

[email protected]

A Feira Central e Turística de Campo ocupa uma edificação implantada na Esplanada

Ferroviária. Trata-se de uma estrutura modular, com corredores ajardinados protegidos

por uma cobertura que remonta o estilo Shinden - arquitetura que era utilizada em

épocas de Japão feudal, justificada sob a homenagem aos comerciantes de ascendência

japonesa da feira. Embora o discurso que levou a concretização desse espaço edificado

esteja vinculado a um ideal de modernização, a ideia de tradição sul-mato-grossense

também está em evidência nesse novo modelo. Esse ideal flerta, ao menos, com quatro

âncoras regionais culturais de caráter identitário: o homem pantaneiro, os trilhos da

ferrovia que atravessava a cidade, a população indígena e, principalmente, o imigrante

japonês. Essa composição paisagística condiz com uma visão sobre a dimensão estética

da cidade, ao que podemos observar sobre a repaginação/requalificação dos centros

urbanos, dedicadas a atividades lúdicas, onde a aglomeração coletiva tem por essencial

objetivo a descontração, a festividade e o prazer experiências que regem um efeito

chamado por “consumo do lugar”.

Palavras-chave: Feira Central, Consumo, Cidade, Capitalismo Artista.

A MODA E AS REDES SOCIAIS: A COMPLEXIDADE DA SOCIEDADE DO

CONSUMO

Ranielly Silva Leite

[email protected]

A moda sempre esteve presente na sociedade se desenvolvendo e modificando com o

passar das décadas. O surgimento e o avanço das redes sociais têm transformado a

forma como as pessoas acessam as novidades e tendências desse segmento, até mesmo

o consumo de produtos, para além dos modelos mais consolidados, como desfiles,

revistas e lojas físicas. O crescente número de perfis ligados ao estilo de pessoas

famosas ou não famosas, de vendas e o grande número de brechós online, faz com que

pessoas deixem de ser um mero expectador nas redes sociais, para se tornar também

produtor de conteúdo e consumidor quase que instantâneo daquilo que lhe agrada. Então

surge a dúvida, não de julgar o consumo excessivo da moda, mas sim de buscar

entender o quanto está ligado o consumo com as redes sociais.

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Palavras-chave: Redes Sociais, Consumo, Moda.

CONSELHEIRO REGIONAIS DE PLANEJAMENTO URBANO:

VOLUNTÁRIOS TRABALHANDO PELO BEM COMUM

Liliana Simionatto

[email protected]

David Victor-Emmanuel Tauro

[email protected]

O objetivo deste trabalho foi estudar a criação do Sistema Municipal de Planejamento

[SMP] de Campo Grande [MS] e a representatividade da sociedade civil organizada

[Conselhos Regionais Urbanos] frente aos desafios de planejamento para o

desenvolvimento da cidade. Foram realizadas pesquisas bibliográfica e documental no

Instituto Municipal de Planejamento Urbano [Planurb] e na Internet. As entidades

cadastradas no SMP concorrem um assento no Conselho Regional da Região Urbana

pertencente. As entidades que compõe os Conselhos Regionais atuam nas discussões e

acompanhamento do Plano Plurianual, da Lei de Diretrizes Orçamentárias, da Lei

Orçamentária Anual e sugestão de prioridades e modificações de obras e serviços para e

na região pertencente. Constatou-se a importância de mais estudos sobre esta

representatividade da sociedade civil organizada, no Sistema Municipal de

Planejamento de Campo Grande [MS]. Além disso, constatou-se um diferencial nestes

conselhos, uma vez que sua composição é feita apenas por representantes da sociedade

civil e o trabalho é desenvolvido voluntariamente.

Palavras-chave: Controle social, Gestão participativa, Voluntariado, Autonomia-

Heteronomia.

PRODUÇÃO AGRÍCOLA PARA AUTOCONSUMO E “COMÉRCIO JUSTO”.

AGROECOLOGIA NAS PAMPA DA ARGENTINA, À MARGEM DO

AGRONEGOCIO

Romina Cravero

[email protected]

Apresentamos aqui uma investigação desenvolvida em quatro sitios agroecológicos da

Argentina localizados nas “Pampas”. Essa região socioprodutiva remonta à inserção do

modelo agroexportador no país desde o século XIX, e à disseminação sistemática das

políticas de modernização. É aí que o agronegócio se desenvolveu mais desde o final do

século XX. Neste trabalho, em vez de buscar definições exaustivas sobre o que é

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agroecologia ou as identidades substantivas de um tipo novo ou tradicional de

agricultores, propomos dar conta das maneiras pelas quais as pessoas produzem

alimentos que qualificam como “saudáveis”, e que eles usam para o autoconsumo e o

mercado local em busca de um “comércio justo” É claro que cada uma delas dá conta de

um repertório de práticas que colocam posições dentro de redes das relações sociais em

que estão inseridas. Assim, o fenômeno que estamos considerando-os processos de

emergência os modos da produção ecológico na agricultura pampeana- vai adquirir

formas mais complexas. A perspectiva etnográfica é apresentada aqui como uma

abordagem teórico-metodológica que nos permite compreender as relações sociais que a

formam. Ao mesmo tempo, aproxima-nos da dimensão dinâmica do social sem perder

de vista o contexto do cotidiano das pessoas.

Palavras-chave: Agroecologia; Agronegócio; Extrativismo; Agricultura.

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