16
Sábado 1 | Agosto| 2015 Diretor Raul Tavares Semanário | Edição 865 | 9ª série Região de Setúbal Distribuído com o Expresso Venda interdita semmais AMBIENTE & ENERGIA PÁGINA 2 AMIANTO NO EDIFÍCIO DA SEGURANÇA SOCIAL EM SETÚBAL LEVA DUAS DEZENAS AO HOSPITAL Nas últimas semanas, duas dezenas de funcionários da Segurança Social em Setúbal foram parar ao hospital com as mesmas queixas e sintomas. O Semmais apurou que já em março do ano passado um relatório inter- no alertava para o problema. A UGT fala de ameaça à saúde pública e as medidas tardam. ESPECIAL AMBIENTE & ENERGIA Imagem: Simple Icons para Noun Project O Semmais vai parar para um pequeno período de férias e retoques gráficos e editoriais. Regressamos com a edição de 29 de agosto. semmais

Semmais 1 Agosto- Ambiente e Energia

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Edição do Semmais de 1 de Agosto- Especial Ambiente e Energia

Citation preview

Sábado 1 | Agosto| 2015

Diretor Raul TavaresSemanário | Edição 865 | 9ª série

Região de SetúbalDistribuído com o Expresso

Venda interditasemmais

AMBIENTE & ENERGIA PÁGINA 2AmIANto No edIfícIo dA SeGurANçA SocIAl em SetúbAl levA duAS dezeNAS Ao hoSPItAl Nas últimas semanas, duas dezenas

de funcionários da Segurança Social

em Setúbal foram parar ao hospital

com as mesmas queixas e sintomas.

O Semmais apurou que já em março

do ano passado um relatório inter-

no alertava para o problema. A UGT

fala de ameaça à saúde pública e as

medidas tardam.

eSPecIAl AMBIENTE& ENERGIA

Imag

em: S

imple

Icon

s par

a Nou

n Pro

ject O Semmais vai parar para um pequeno

período de férias e retoques gráficos e editoriais. Regressamos com a edição de 29 de agosto.

semmais

2 | SemmAIS | SÁbAdo | 1 de AGoSto | 2015

OPINIÃO

Diretor Raul Tavares | Redação: Anabela Ventura, António Luís, Bernardo Lourenço, Cristina Martins, Marta David, Rita Perdigão, Roberto Dores | Departamento Comercial Cristina Almeida - coorde-nação | Direção de arte e design de comunicação DDLX – www.ddlx.pt | Serviços Administrativos e Financeiros Mila Oliveira | Distribuição José Ricardo e Carlos Lóio | Propriedade e Editor Mediasado, Lda; NIPC 506 806 537 Concessão Produto Mediasado, Lda NIPC 506 806 537 | Redação: Largo José Joaquim Cabecinha nº8-D, (traseiras da Av. Bento Jesus Caraça) 2910-564 Setúbal. E-mail: [email protected]; [email protected]. | Telefone: 93 53 88 102 | Impressão: Empresa Gráfica Funchalense, SA. Rua Capela Nossa Senhora Conceição, 50 – Moralena 2715-029 – Pêro Pinheiro. Tiragem: 45.000 (média semanal). Distribuição: VASP e Maiscom, Lda. Reg. ICS: 123090. Depósito Legal; 123227/98semmais

Como habitualmente, editamos um especial dedicado ao Ambiente & Energia, um clássico das edições Semmais, num período em que, mesmo de férias (ou por estarem de férias), os nossos leitores estarão certa-mente com espírito aguçado para estes temas.Este ano, preferimos levantar alguns proble-mas e ouvir especialistas, procurando estabelecer uma espécie de balanço. Até, porque, como todos sabemos, os problemas ambientais e ecológicos na região registaram, felizmente, grandes melhorias.A maior sensibilidade de todos nós e, em especial, das autoridades públicas, amealhou significativos progressos. É uma realidade inquestionável.Mas, ainda assim, há muito a fazer e pontos críticos que importa sublinhar de forma consistente. Pensar e agir, são duas faces de uma forma de estar que queremos cativar. Julgo que esse pressuposto, nestas áreas tão sensí-veis, caminha para uma unanimidade. Entretanto, vamos dar início a um pequeno período de férias que, no caso do Semmais, é também uma fase de diagnóstico do semestre e preparação do ‘ataque’ do resto do ano.É isso que prometemos. Um regresso ainda com mais fulgor e mais perto de si.Desejo, pois, boas férias e ânimos novos para o reabrir do resto do ano.

edIto

rIAl

raul tavaresdiretor

Ambiente para reflectir e boas férias

A denúncia parte da UGT. Cerca de 20 funcionários que traba-lham no edifício sede da Segu-rança Social de Setúbal tiverem de recorrer ao hospital nas últi-mas semanas com sintomas se-melhantes: alergias fortes, comi-chões, inchaços no corpo, espirros, náuseas e mal-estar geral. A situação agravou-se nos últimos dias, sendo que as sus-peitas dos funcionários apon-tam para as placas de amianto instaladas no teto degradado.

«Não há tempo a perder, porque está em causa a saúde pública. É preciso agir rapidamente e recu-perar aquele teto com urgência, mas neste momento está tudo parado. Agora são as férias, de-pois as eleições, depois a posse do novo Governo. As pessoas não podem continuar a correr riscos», alerta o dirigente da UGT, Manuel Fernandes.

O dirigente revela ao Sem Mais que a estrutura sindical tem em sua posse um relatório datado de 18 de março de 2014 – ou seja, com quase um ano e meio - que coloca o edifício sede da Segu-rança Social de Setúbal, na Praça

teXto ROBERTO DORESImAGem DR

Amianto na Segurança Social de Setúbaljá levou 20 funcionários ao hospital

da República, entre os imóveis públicos onde foi detetado amianto. Uma fibra mineral na-tural extraída de certas rochas, cujo principal perigo reside na possibilidade da inalação das suas partículas, que podem alo-jar-se nos pulmões, aí permane-cendo durante largos anos, po-tenciando o desenvolvimento de várias doenças, como o cancro.

Foi após várias queixas, a maio-ria anónimas, de funcionários da Segurança Social, que o Sindica-to dos Trabalhadores da Admi-nistração Pública (Sintap) ten-tou perceber a extensão do problema. Os dirigentes que fo-ram ao local comprovaram que «o material em causa é compos-to por revestimentos de lã de vi-dro ou amianto», descreve num documento a que o Sem Mais teve acesso, acrescentando que «devido ao deplorável estado de conservação dos tetos falsos, es-tão a libertar imensas partículas que, em contacto com a pele, ao serem inaladas ou ingeridas, po-dem originar problemas de saú-de muito graves já que algumas destas partículas são potencial-mente cancerígenas».

O Sintap veio agora a apurar que o delegado de saúde e a Prote-ção Civil foram chamados ao lo-cal, para fazer medições da qua-lidade do ar. O resultado dos respetivos relatórios não é co-nhecido, mas o Sintap revela , com base em informações pres-tadas por fonte da Direção do Centro Distrital e por trabalha-dores, que «ambas as autorida-des atestaram a existência de problemas no ar, originados po-tencialmente por libertação de partículas provenientes dos ma-teriais que isolam os tetos falsos, cujo mau estado de conservação é por demais notório». Uma conclusão que agravou os re-ceios.

Aliás, fonte da Segurança Social já confirmou a existência do problema aos sindicalistas, numa altura em que, garantiu, estão a ser tomadas as provi-dências burocráticas tendo em vista a resolução do problema. Contudo, ainda não é possível adiantar a fase em que se encon-tra o processo, nem os prazos para a sua resolução. O avanço das obras depende de dotação financeira, o que ameaça «em-

relAtórIo INterNo, dAtAdo de mArço do ANo PASSAdo, jÁ AlertAvA PArA PerIGo PArA A SAúde PúblIcA No edIfícIo

Nas últimas semanas cerca de duas dezenas de funcionários da Segurança Social que funcionam no edifício principal do Centro Regional, em Setúbal, acorreram ao hospital com queixas semelhantes. A causa pode ter origem numa ‘fuga’ de amianto. Um relatório de 2014 que o Semmais teve acesso já indicava este perigo.

purrar» a requalificação para 2016, à espera do novo Orça-mento de Estado.Ou seja, mais um dado a agudi-zar as preocupações da UGT. «Sentimos que estamos bloque-adas a nível institucional e é isso que nos deixa desesperados. Marcámos uma reunião com ca-ráter de urgência com o secretá-rio de Estado da Administração Pública e ele respondeu que iria reunir, mas o encontro ainda nem está agendado», lamenta Manuel Fernandes.

De bestial a silenciosa assassinaA atração por esta fibra mineral natural extraída de certas rochas, antes de ser rotulada de «silencio-sa assassina», esteve associada ao seu baixo preço, devido à abun-dância, e às características: resis-tente ao calor, não apodrece, bom isolador térmico, acústico e elétri-co e até fácil de tecer. Só em Julho de 2007 Portugal aplicou regras rígidas, definidas pela União Euro-peia em 2003, à utilização de amianto, cujo risco aumenta à me-dida que os materiais onde a subs-tância é aplicada - como cordas - se vão degradando, libertando fibras que podem ser inaladas.

SemmAIS | SÁbAdo | 1 de AGoSto | 2015 | 3

Amianto na Segurança Social de Setúbaljá levou 20 funcionários ao hospital

4 | SemmAIS | SÁbAdo | 1 de AGoSto | 2015

AMBIENTE & ENERGIA

O aquífero da nossa região é, no global, de «boa qualidade e de boa quantidade» para usufruto das populações atuais e vindou-ras, realça Carla Graça, coorde-nadora do grupo de trabalho da água da Quercus, que realça que boa parte da água para o regadio é oriunda do Alqueva, o que evita o recurso aos furos de captação. A também presidente do nú-cleo regional de Setúbal da Quer-cus alerta, contudo, para a neces-sidade, urgente, de serem tomadas medidas com vista a combater a poluição das matérias perigosas e do estrume oriundo das suiniculturas, de modo a não

O aquífero da região acolhe grande quantidade de água de qualidade. Contudo, é necessário dar ainda alguns passos para que a poluição da indústria e da agro-pecuária não chegue aos lençóis subterrâneos.

CARlA GRAçA, do GruPo de trAbAlho dA ÁGuA dA QuercuS, eNuNcIA AlertAS Sobre AQuífero dA reGIão:

Matérias perigosas devem ser retiradas dos terrenos industriais para evitar poluição

no solo, dá-se a escorrência/contaminação das águas super-ficiais e das subterrâneas». Apesar de algumas estações de tratamento de águas residuais da região estarem obsoletas, Carla Graça admite que está a ser desenvolvido «um bom traba-lho» na área do saneamento, dando como exemplos de boas práticas, o Seixal, Barreiro, Moi-ta, Sesimbra e Almada. Na sua opinião, o aquífero do Tejo/Sado é considerado o maior do nosso País, uma vez que apre-senta uma das maiores reservas estratégicas de água, com quase cerca de 7 mil metros quadrados de extensão, abrangendo toda a Península de Setúbal, desde a Chamusca até Grândola. «Temos um aquífero muito produtivo, de onde se consegue extrair grande quantidade de água, de boa quali-dade e com muita facilidade», su-blinha Carla Graça, acrescentan-do que na Península de Setúbal, «toda a água para o consumo hu-mano é retirada de furos prove-nientes do nosso aquífero», vinca. Nove sistemas municipais

A região é servida por nove sis-temas municipais autónomos, integrando, cada um, vertical-mente, as componentes “alta e baixa” dos sistemas, sendo ge-ridos por serviços municipais de Alcochete, Barreiro, Moita,

Seixal, Palmela e Sesimbra, pe-los serviços municipalizados de Almada e Montijo e pelo serviço concessionado de Se-túbal. No seu conjunto, estes sistemas contavam, em 2007, segundo o INSAAR 2008, com 169 unidades de captação, to-das a produzir a partir de ori-gem subterrânea – aquífero Tejo-Sado. O nível de atendi-mento médio ponderado da re-gião, segundo dados do INSA-AR 2009 é de 98,5 por cento, valor acima dos 95 por cento fixados como objetivo nacio-nal em sede do Plano Estraté-gico de Abastecimento de Água e saneamento de Águas Resi-duais 2007-2013 - PEAASAR II. Os sistemas municipais abastecem os usos de água do sector doméstico, da pequena indústria e do sector terciário. Segundo os dados recolhi-dos pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resi-duos - ERSAR e fornecidos pe-los municípios no âmbito dos Planos de Controlo de Quali-dade da Água, o volume entra-do nos sistemas em 2009, foi de cerca de 68,9 milhões de m3/ano o que equivalerá a um volume de captação médio de 2,18 m3/s. Como se pode veri-ficar pelo quadro abaixo, a captação no aquífero para este fim, tem vindo a registar uma situação de estabilização, por

certo influenciada pela con-juntura económica difícil das famílias nos últimos anos, pelo aumento da consciência ecoló-gica associada à ideia de pou-pança dos recursos hídricos, bem como pela redução sus-tentada das perdas de água. Estima-se que os cerca de 70 hm3/ano captados no Sub-sistema Aquífero Tejo-Sado/Margem Esquerda, pelos siste-mas de abastecimento publico às populações corresponda a cerca de 30 por cento do total extraído anualmente, sendo que os restantes 70 por cento se repartirão pela agricultura e industria, com predominância desta última.

teXto ANTÓNIO LUISfotoS CARlA GRAçA

Vamos ter que reaprender, durante décadas e décadas esquecemo-nos do essencial. Os nossos antepassados pratica-vam muito bem a economia circular é nós gastámos como se os recursos da Terra não tivessem fim. Para além de uma economia linear assente no consumo insaciável, há um enorme conjunto de desafios acessíveis e óbvios. A cultura da economia verde (EV) como factor de competitividade e de constitui-ção de riqueza deve começar nos primeiros ciclos da escola e ter presença obrigatória nas universidades. Só assim uma estratégia deste tipo pode ser sustentável e duradoura. O cidadão tem de compreender as vantagens da EV no seu quoti-diano e na qualidade de vida. É a dinâmica inerente aos ecossiste-mas que promove o bem-estar, a equidade e a iniciativa empresa-rial, conseguindo em simultâneo

reduzir os riscos ambientais e a escassez ecológica. Nesta economia, o investimento, a inovação e a educação deverão ser incentivados, de forma a promover um novo crescimento económico com base na utilização eficiente dos recursos e na exploração equilibrada dos ativos ambientais, sociais e culturais, capazes de gerar negócios e de criar emprego.Por esta via é possível ambicio-nar um crescimento (verde) que resulta no conceito de economia circular. Este crescimento é “verde” porque em toda a cadeia de valor do produto e serviço se pretende minimizar o impacte ambiental, maximizar a reutili-zação dos bens e diminuir os riscos ambientais e os seus impactes nas pessoas e nas empresas, proporcionando uma elevada qualidade de vida. A qualidade de vida que pode proporcionar o ir a pé de casa para o trabalho e dar um

passeio ao fim da tarde à beira de um rio. Este modelo económico dito verde, ou circular, consubstan-cia-se na base no desenvolvi-mento de projetos que promo-vam a sustentabilidade duradoura. Uma economia circular é aquela em que qualquer produto e serviço vendável tem, subjacente à sua criação, uma preocupação com toda a sua cadeia de valor:i. a manutenção dos ecossiste-mas que asseguram a existência das matérias primas;ii. a gestão dos vários recursos que são utilizados no processo de produção e logístico; a gestão dos resíduos decorrentes da produção; os impactes ambientais decorrentes do consumo do bem; o destino final dos produtos após consu-mo ou após o seu fim de linha (reutilização).À cadeia de valor tradicional (linear), a economia verde

adiciona algumas novas etapas e aumenta os fatores a conside-rar nas etapas já conhecidas – tudo é integrado e assimilado sem gerar disfunções, sejam elas quais forem.A terra onde vivemos tem uma biodiversidade abençoada que não valorizamos. O magnífico estuário do Sado, a soberba Arrábida são bens com tanto valor que não têm preço. Num contexto de alterações climáti-cas, em breve seremos 10 000 000 000 (dez mil milhões), não há Terra para tanta gente. Quanto vale um território, qualificado, como o nosso?É bom que cada um de nós, e no coletivo, tome consciência do

Economia da Terra

que está em jogo e do recurso que temos à nossa volta. Na verdade o nosso campo tem muito passado e por isso tem muito futuro. Há um capital natural, no campo que nos rodeia, que tem de ser valorado, só assim poderá ser valorizado e protegido. Só assim poderá criar riqueza.Renumerar os bens e os serviços dos ecossistemas e incluir a geobiodiversidade no modelo de crescimento económico são os desafios que identificamos como essenciais. Tudo o resto virá por acréscimo. É, sem dúvida, um longo caminho que todos vamos ter que fazer. A Terra e os nossos filhos exigem-no.

causar prejuízo ao aquífero. Por outro lado, regozija-se pelo facto de não se verificar, atualmente, excesso de extração de água do nosso aquífero, o que evita a re-dução do nível de água. «Temos, de um modo geral, água subterrânea de boa qualida-de», refere, admitindo, no entanto, que existem algumas zonas loca-lizadas alvo de contaminação, nomeadamente a zona dos terre-nos da ex-Quimiparque (Barrei-ro), Siderurgia Nacional (Seixal) e Margueira (Almada), porque, «durante muitos anos, o aquífero sofreu infiltração de metais pesa-dos oriundos do processo de in-dustrialização». E alerta que na zona da Siderurgia Nacional «ain-da existem escórias a céu aberto». «Aguardamos que essas matérias perigosas sejam retiradas, porque esses solos têm de ser tratados e esse processo está em vias de acontecer por iniciativa da Baía do Tejo e dos municípios». Por outro lado, Carla Graça mostra-se preocupada com a poluição das suiniculturas, so-bretudo nos concelhos de Moita, Palmela, Montijo e Setúbal. «A questão das suiniculturas e da agro-pecuária, que diz respeito ao espalhamento de efluentes nos terrenos agrícolas, não está a ser devidamente controlada, por parte da fiscalização das entida-des competentes. Se houver de-masiada quantidade de estrume

carlos A cupetoProfessor na universidade de Évora

SemmAIS | SÁbAdo | 1 de AGoSto | 2015 | 5

AMBIENTE & ENERGIA

doSSIer dA cANdIdAturA jÁ eStÁ A Ser elAborAdo e coNtA com vÁrIoS PArceIroS dA reGIão

Candidatura da Arrábida a reserva da bios-fera pretende dar continuidade à recusa a património mundial

O projeto de candidatura da Arrábida a reserva da biosfera já foi avançado pela Comissão Executiva da Arrábida e terá como objetivo a promoção dos valores da biodiversidade e da sustentabilidade. O requisito principal para a sua consecução a longo prazo prende-se com a elaboração de um dossier de candidatura, que «servirá de resposta ao formu-lário requerido pela comissão da UNESCO», adiantou ao Sem-mais, João Afonso, responsável pela Associação de Municípios da Região de Setúbal (AMRS). Ainda numa fase embrioná-ria, do presente documento de-verão constar as indicações do conjunto de elementos do terri-tório e um plano de ação para a área em análise. Ao que o Semmais conse-guiu apurar o desenvolvimen-

Na sequência da recusa da candidatura a património mundial da humanidade em 2014 pela UNESCO, a Comissão Executiva da Arrábida não quis deixar ‘cair por terra’ o trabalho encetado no anterior processo. A promoção da biodiversidade é um dos principais objetivos. subterrâneos.

teXto CAROlINA BICOfotoS DR

to dos trabalhos ficará a cargo de uma comissão de acompa-nhamento, constituída pela AMRS, o Instituto de Conser-vação da Natureza e das Flo-restas (ICNF), os municípios de Palmela, Setúbal e Sesim-bra e ainda entidades acadé-micas, científicas e várias co-missões ambientalistas. Projeto de âmbito regional, a presente candidatura envol-verá o conjunto de municípios citados e abrangidos pelas medidas do Plano de Desen-volvimento Estratégico para a Região de Setúbal. Recorde-se que a candi-datura da Arrábida a reserva da biosfera se encontra numa fase inicial de trabalhos, pelo que privilegiará «uma inte-ração sustentável entre as comunidades humanas e o ambiente».

6 | SemmAIS | SÁbAdo | 1 de AGoSto | 2015

AMBIENTE & ENERGIA

A agência é uma associação sem fins lucrativos, constituída pelas seguintes entidades:- Amarsul;- Autoeuropa;- Câmara Municipal de Palmela;- Câmara Municipal de Sesimbra;- Câmara Municipal de Setúbal;

- EDP Distribuição;- EGEO;- Fertagus;- Fiapal;- IPS;- Pluricoop;- Schréder;- TST.

A Agência possui, ainda, um gru-po de associados individuais, es-tando em processo de associa-ção a AICEP: Global Parques.

É neste grupo de entidades que a ENA concentra grande parte das suas atividades, de entre as quais se destacam:- Pacto de Autarcas: acordo volun-tário dos municípios, através do qual se comprometem reduzir, em mais do que 20%, as emissões de CO2 até 2020. A ENA apoia os mu-nicípios na elaboração de estraté-gias e na sua implementação;- Gestão da manutenção: está em curso a concepção e implementa-ção de sistemas de manutenção para edifícios sob a responsabili-dade dos municípios, particular-mente as escolas do primeiro e se-gundo ciclo; - Apoio técnico e legal nas áreas da energia e do ambiente;- Ações de formação e sensibiliza-ção orientadas para todos os níveis de ensino, desde o ensino básico até aos níveis técnicos superiores;- Campanhas de sensibilização di-rigidas à população em geral;

- Certificação energética de edifí-cios dos associados;- Observatórios energéticos: para análise e monitorização das várias dimensões energéticas da região;- Gestão da rede de recolha de óleos alimentares usados, im-plementada nos três municí-pios associados;- Auditorias energéticas em edifí-cios e instalações, promovendo a adoção de medias de eficiência energética e o aproveitamento das energias renováveis;- Cadastro do sistema de Ilumina-ção Pública e desenvolvimento de ferramentas para sua gestão;- Suporte ao planeamento energé-tico e ambiental da região.

De forma a possibilitar a imple-mentação destas ações, a ENA tem recorrido, sempre que possí-vel, a fundos Nacionais e Euro-peus, e apesar da sua juventude, é já considerável o número de projetos financiados em que par-ticipou, como coordenadora ou parceira (5 projetos financiados diretamente pela Comissão Eu-ropeia e 16 com financiamento

AGêNCIA DE ENERGIA E AMBIENTE DA ARRáBIDA tem SIdo deNomINAdor comum de boAS PrÁtIcAS

Promover a eficiência energética, utilização das renováveis e uso racional dos recursos naturais

Nacional), tendo conseguido atrair, para esta região, mais de um milhão de euros em apoios para a dinamização do investi-mento em sustentabilidade ener-gética e ambiental. A ENA é ainda parceira ativa em diversas redes nacionais e inter-nacionais, como seja o caso da RNAE – Rede Nacional de Agên-cias de Energia, na qual assume a vice-presidência, o que em muito contribui para trazer, para este território, as melhores práticas nacionais e europeias em matéria de energia e ambiente.

Sustentabilidade é uma palavra que, de tanto nela se falar, corre o risco de perder significado e im-portância… na ENA trabalhamos todos os dias, para que a esta pa-lavra se concretize numa realida-de deste território. Estamos conscientes de que este é um lon-go caminho que só é possível percorrer com a participação de todos, cidadãos, empresas e deci-sores, e por isso o nosso lema, que não cansamos de repetir… “Junte a sua à nossa energia!”

A ENA – Agência de Energia e Ambiente da Arrábida, desde a sua constituição em 2006, tem vindo a desenvolver um vasto conjunto de atividades que têm como principal objetivo o suporte da atividade dos seus associados no âmbito da promoção da eficiência energética, da utilização de fontes de energia renováveis e do uso racional dos recursos naturais, contribuindo para a sustentabilidade energética e ambiental da região onde se insere, que tem a Arrábida como grWande referência (Palmela, Sesimbra e Setúbal).

SemmAIS | SÁbAdo | 1 de AGoSto | 2015 | 7

8 | SemmAIS | SÁbAdo | 1 de AGoSto | 2015

AMBIENTE & ENERGIA

AdmINISTRAçõeS pORTUáRIAS dão muItA ImPortâNcIA à SeGurANçA e Ao meIo AmbIeNte

Portos da Região não desarmam na qualidade e Segurança ambientais

A Administração do porto de Sines, APS, tem estabelecidas metodologias e planos, para a identificação dos impactes am-bientais, perigos e riscos para o meio ambiente, segurança e aúde, resultantes da atividades e serviços do Porto. Certificado em termos de Qualidade, Ambiente e Segu-rança de acordo com as normas internacionais, o Porto de Sines tem apostado fortemente na componente ambiental através do desenvolvimento de vários projetos, como a caracterização da qualidade dos ambientes marinhos. A monitorização de variáveis biológicas e físico--químicas permite detetar eventuais níveis e efeitos de contaminação por poluentes, constituir uma base de dados sobre a qualidade dos ambien-tes e avaliar os aspetos e im-pactes ambientais das ativida-des que decorrem na área marítima portuária. «Desta for-ma, é possível analisar os pa-

drões de variação espacial e perceber se estas ocorrem de-vido às atividades portuárias, se as concentrações de poluen-tes aumentam, e se a biodiver-sidade e as condições físico--químicas da área portuária são diferentes em relação a ou-tras áreas». A qualidade da água da praia Vasco da Gama tem sido moni-torizada, desde 1996, no âmbito dos Planos Gerais de Análises Químicas. A praia Vasco da Gama e o Porto de Recreio os-tentam a Bandeira Azul desde 2007 e 2008, respetivamente. A par deste galardão, a praia Vas-co da Gama foi distinguida, pelo terceiro ano, com a bandeira “Qualidade de Ouro” atribuída pela Quercus.

Convénios e protocolos de cooperação com ferramentas

De salientar ainda que, em 1992, a APS estabeleceu um Convénio com a Universidade

de Évora que definia formas de cooperação para a realização de iniciativas, estudos e projetos no domínio das ciências do mar, «com vista ao progresso econó-mico e social da região e à ex-ploração das suas potencialida-des naturais». Em 1998, estas duas entidades celebraram um protocolo de colaboração para o controlo ambiental do porto, considerando, entre outros fa-tores, o desenvolvimento e cres-cimento das responsabilidades ambientais. A APS integra também o COMSINES. Trata-se de um pai-nel permanente de diálogo entre empresas e entidades representa-tivas da Comunidade de Sines que «pretende promover o de-senvolvimento sustentável, o bem-estar e a qualidade de visa da comunidade de Sines, através de uma actuação proactiva». No Porto de Setúbal (APSS), as questões ambientais estão presentes quer nas fases ini-ciais dos processos de planea-

teXto RITA MATOS*

A preservação do ambiente, através da minimização do impacto que as diversas atividades portuárias possam causar, é uma das principais preocupações e prioridades dos Portos de Setúbal e de Sines. Estas autoridades portuárias seguem planos de gestão, monotorização e fiscalização ambiental e têm em desenvolvimento vários projetos que valorizam a componente ambiental.

SemmAIS | SÁbAdo | 1 de AGoSto | 2015 | 9

AMBIENTE & ENERGIA

mento e desenvolvimento, quer nas atividades de monito-rização ambiental. As atividades desenvolvidas no Porto de Setúbal desenvol-vem-se numa linha de minimi-zação e monitorização dos im-pactes ambientais, no reforço da aplicação dos princípios da prevenção e da precaução, e de implementação de medidas de redução do consumo energéti-co e de recursos naturais. As atividades do porto têm em vis-ta o reforço do seu papel en-quanto produtor de energia fo-tovoltaica, a colaboração nas estratégias de conservação da natureza, especialmente nas áreas protegidas envolventes, a gestão adequada dos resíduos produzidos, incluindo os pro-duzidos nos navios e embarca-ções que demandam os portos de Setúbal e Sesimbra. O Porto de Setúbal, através dos serviços que comporta, procura ainda incentivar o de-senvolvimento de boas práti-

cas ambientais junto da comu-nidade portuária «de forma a melhorar o seu desempenho ambiental», assim como cola-borar com outras entidades e participação em iniciativas de sensibilização ambiental. Entre os projetos, onde a componente ambiental assume sempre um elevado peso, po-dem-se destacar o ECO AP, «re-forçando o papel da APSS en-quanto produtor de energia fotovoltaica (mini e micro pro-dução) e minimizando os consu-mos nos sistemas de iluminação pública e nos edifícios da APSS»; a Monitorização Ambiental, que tem como principal objetivo a monitorização de descritores ambientais, associados à realiza-ção de dragagens, e a qualidade do meio estuarino, assim como do meio ambiente envolvente. A promoção da utilização da ligação ferroviária, «incentivan-do a transferência para a ferro-via do transporte de mercado-rias de e para as estruturas

portuárias», é outra das apostas da Autoridade Portuária de Se-túbal, que tem ainda em curso o Desenvolvimento de um Siste-ma de Gestão Ambiental e Por-tuária - SIGAP, que organiza e

classifica uma vasta gama de in-formações relacionada com a caracterização de infraestrutu-ras portuárias e ambiente. A APSS está ainda inserida na Associação Europeia de Portos

Marítimos) e na rede Europeia de ECOPORT’s, tendo como re-ferência o respetivo Guia de Boas Práticas Ambientais.

*Comboio das Palavras

10 | SemmAIS | SÁbAdo | 1 de AGoSto | 2015

AMBIENTE & ENERGIA

Que balanço faz do trabalho de-senvolvido enquanto Presiden-te do Núcleo da Quercus do Li-toral Alentejano? Apesar de ter assumido esta res-ponsabilidade há pouco mais de 3 meses, considero que o balanço é extremamente positivo. Con-tundo, é preciso não esquecer que o nosso raio de actuação é muito extenso. O concelho de

Odemira é o maior do país , Alcá-cer do Sal, Grândola e Santiago do Cacém estão também entre os 15 Concelhos com mais área a ní-vel nacional. Depois, é preciso também não esquecer esta é a sub-região com mais áreas pro-tegidas de âmbito nacional, que inclui o Parque Natural do Sudo-este Alentejano e Costa Vicenti-na, as reservas do Estuário do Sado, das Lagoas de Santo André e da Sancha, do da Comporta e vários milhares de hectares de Rede Natura 2000, de Reserva Ecológica Nacional ou de Reser-va Agrícola Nacional. De acordo com essa realidade, quais são os vossos compro-missos?Trabalhar para que este território impar na Europa seja valorizado e salvaguardado, que haja har-monia entre o homem e a nature-za. Queremos também e, já esta-mos a trabalhar nisso, minimizar os impactos ambientais do Com-plexo Industrial de Sines nesta região. Todos sabemos da impor-tância estratégica de Sines para o país, dos milhares de postos de trabalho criados, da sua impor-tância nas nossas exportações. Tudo isso é verdade, mas agora

Novo PreSIdeNte do Núcleo dA QuercuS do lItorAl AleNtejANo fAz bAlANço de trêS meSeS de trAbAlho

Está na altura de acelerarmos directivas e fazermos assumirmos o poluidor-pagador teXto ANABeLA VeNTURA

Paulo do Carmo, recentemente eleito presidente do Núcleo da Quercus para o Litoral Alentejano, concedeu ao Semmais a sua primeira entrevista e traça um retrato da situação no terreno e da acção que promete cumprir.

está na altura de todos, especial-mente os mais poluidores, con-tribuírem também para uma es-tratégia de melhorar o meio ambiente nessa região. Recentemente foi nomeado co-ordenador do projecto nacional da Quercus para a Qualidade do Ar e Poluição Atmosférica, é um grande desafio? Apesar do esforço reconhecido de algumas entidades como a APA (Agência Portuguesa do Ambien-te) ou algumas universidades, consideramos que há muito ainda por fazer, desde a transposição sempre tardia de directivas co-munitárias. É preciso inverter uma certa lentidão nesse domí-nio, apostar mais no transporte público e restringir mais os veícu-los mais poluentes, bem como melhorar a articulação com as autarquias nestas matérias. Como considera o estado do ambiente em Portugal? Melhorou-se significativamente nos últimos 20 anos, isso é inegá-vel. É preciso não esquecer que ainda há poucos anos existiam no nosso país mais de 300 lixei-ras a céu aberto contaminando os solos, a água e o ar, e que hoje

em dia estão todas seladas, ten-do-se construindo aterros novos e modernos, com tratamentos inovadores e mais amigos do ambiente.Muitos resíduos são reciclados e reaproveitados, evitando-se por exemplo, o abate de milhares de árvores e diminuindo, nalguns casos, o consumo de combustí-veis fosseis. Outro exemplo: Hoje mais de 98% da população por-tuguesa tem agua potável, o que é de realçar; também quase 90% da nossa população tem sanea-mento na sua casa, há mais cons-ciencialização do cidadão para as questões do ambiente e aqui as autarquias e as escolas têm tido um papel notável.

Quer deixar-nos uma mensa-gem sobre o que temos que fa-zer para assegurar esses desíg-nios?A Conservação da Natureza e a possível extinção de varias es-pécies, as alterações climáticas e o seu impacto no nosso pla-neta, a utilização racional e pú-blica da agua, a aposta nos veí-culos híbridos e eléctricos, bem como no transporte público, o consumo de energias renová-veis e a eficiência energética, a qualidade do ar e os seus efei-tos na saúde e uma politica de sensibilização ambiental ali-cerçada na família e nas esco-las devem ser os principais de-safios para os próximos anos.

SemmAIS | SÁbAdo | 1 de AGoSto | 2015 | 11

12 | SemmAIS | SÁbAdo | 1 de AGoSto | 2015

AMBIENTE & ENERGIA

Em 2014 a produção de electricidade a partir de fontes renováveis em Portugal foi responsável por 62,7% do total de energia eléctrica consumida, com um aumento de 6% em relação a 2013. No distrito de Setúbal há vários projectos de energias renováveis alternativas em desenvolvimento. A expansão de projectos para produção de electricidade renovável, «espera-se que seja pela tecnologia solar fotovoltaica na área do auto-consumo» sublinha Francisco Ferreira, da Quercus.

FRANCISCO FERREIRA e AS eNerGIAS reNovÁveIS como APoStA NA tecNoloGIA SolAr fotovoltAIcA

Nem tudo são vantagens nas energias renováveis mas é preciso insistir

Que projectos de energias al-ternativas estão a ser imple-mentados ou em desenvolvi-mento no distrito de Setúbal? Actualmente, o distrito de Setú-bal tem vários projectos de ener-gias renováveis e de várias tecno-logias. No que respeita à produção de electricidade renovável, exis-tem três projectos de aproveita-mento do biogás a partir de resí-duos sólidos urbanos, dois projectos de biomassa para coge-ração, três parques eólicos, no to-tal de 14 MW de potência instala-da, duas pequenas centrais hidroeléctricas e seis projectos de fotovoltaico, com 36 MW de po-tência instalada.A expansão de projectos de ener-gias renováveis para produção de electricidade renovável, espera--se que seja pela tecnologia solar fotovoltaica, na área do auto-con-sumo, quer à escala doméstica, quer à escala industrial. Continua a haver um enorme potencial na produção de água quente solar à escala doméstica.

Quais são as mais-valias das energias renováveis energias para o meio ambiente? A aposta nas energias renová-veis é fundamental para reduzir as emissões de gases de efeito de estufa (GEE), responsáveis pelas alterações climáticas. A produção de energia continua a ser o gran-de responsável de GEE. A aposta na produção renovável também tem a vantagem de reduzir a de-pendência energética do exterior. A aposta nas energia renováveis começou no início do século XXI com uma enorme expansão da potência eólica instalada, a remo-delação e aumento de potência de barragens e, mais recentemen-te, a aposta na energia solar com a produção de energia eléctrica com painéis fotovoltaicos, in-cluindo nova legislação para bre-ve para acomodar o auto-consu-mo, para além do aquecimento de águas sanitárias através de sistemas solares. Ao mesmo tem-po, a melhoria da eficiência ener-gética e também a redução de consumo, em parte motivada pela crise que atingiu o país, per-mitiu, a par do investimento nas energias renováveis, uma redu-ção da dependência energética externa e o cumprimento integral dos objectivos de Quioto, colma-tando as falhas de outros secto-res, como o dos transportes.

teXto RITA MATOS

pORTUGAL pOdeRá SeR O GRANde FORNECEDOR DE ENERGIA RENOVáVEl pARA TOdA A eUROpASegundo Francisco Ferreira, da Quercus, desde o início deste século, Portugal conseguiu baixar a sua dependência energé-tica, pelos investimentos feitos nas energias renováveis, «sen-do um dos países europeus mais audaciosos na defesa de me-tas ambiciosas de clima e energia para 2030». As metas aprovadas definem uma redução de pelo menos 40%, em rela-ção a 1990, das emissões de gases com efeito de estufa, 27% de aumento da eficiência energética e ainda 27% de energias re-nováveis. «No futuro, Portugal quer ser um fornecedor de energia renovável ao resto da Europa e, por isso, são funda-mentais boas interligações que permitam a Portugal reduzir a sua capacidade instalada e, ao mesmo tempo, potenciar a sua produção alternativa para o resto do continente».Em 2014 a produção de eletricidade a partir de fontes renová-veis em Portugal foi responsável por 62,7% do total energia elétrica consumida, com um aumento de 6% em relação a 2013. Considerando apenas a produção nacional, a contribui-ção das renováveis cifrou-se no valor recorde de 63,8%.

O QUe SÃO AS FONTeS de eNeRGIA RENOVáVEl E COMO APROVEITá-lAS

As fontes de energia renováveis são aquelas em que a sua utilização é renovável e pode manter-se e ser aproveitada ao longo do tempo sem possibilidade de esgotamento dessa mesma fonte. São várias as energias renováveis disponí-veis. Eis algumas:Biomassa: utiliza matéria de origem vegetal para produzir energia (bagaço de cana-de-açúcar, álcool, madeira, palha de arroz, óleos vegetais etc). A biomassa é utilizada na produção de energia a partir de processos como a combustão de mate-rial orgânico que se encontra presente num ecossistema.Solar: utiliza os raios solares para gerar energia e oferece vantagens como: não polui, é renovável e existe em abun-dância. Esta radiação divide-se em três componentes: direc-ta, difusa e reflectida.Eólica: É a energia obtida pela acção do vento. A energia eólica está associada ao movimento das massas de ar que se movem a partir de zonas de alta pressão do ar para as zonas de baixa pressão.Hídrica: Esta energia alternativa resulta da água dos rios em movimento, águas essas que vão em direcção ao mar e que para além de conduzirem a água das nascentes captam a água das chuvas. O movimento dessas águas das chuvas contém energia cinética que pode ser aproveitada para pro-duzir energia.Geotérmica: É a energia adquirida a partir do calor que pro-vêm do interior da Terra. Hoje em dia a grande parte da energia eléctrica provém da queima de combustíveis fós-seis, como o petróleo métodos esses muito poluentes.ondas: As ondas são formadas pela força do vento sobre a água e o tamanho das ondas varia consoante a velocidade do vento, a sua duração e a sua distância da água. O movi-mento da água que resulta da força do vento transporta energia cinética que pode ser aproveitada por dispositivos próprios para a captação de energia.

Estão a surgir algumas dificul-dades na implementação des-tes novos projectos? Não especificamente nos pro-jectos que possam estar a sur-gir em Setúbal. Mas, de uma forma geral, nem tudo são van-tagens nas energias renováveis, como o Plano Nacional para a construção de novas grandes barragens, bastante contestado pelos seus impactes ambientais significativos e em conflito com as Directivas Habitats e da Água. Ao mesmo tempo, novas áreas como o aproveitamento mais eficiente da biomassa, o desenvolvimento de aerogera-dores para funcionarem em águas profundas e a energia das ondas, têm sido apostas re-levantes, mas ainda com resul-tados limitados.Em relação aos projectos de fo-tovoltaico, o ideal seria que os painéis fossem instalados nas coberturas dos edifícios, sejam eles residenciais, de serviços, ou armazéns e fábricas. Esta solução é sempre preferível à ocupação do solo pela instala-ção de painéis.Quanto aos projectos eólicos a grande preocupação está em evitar a instalação de parques em zonas sensíveis para a con-servação da natureza e biodi-versidade.

SemmAIS | SÁbAdo | 1 de AGoSto | 2015 | 13

AMBIENTE & ENERGIA

No início deste Verão os presidentes das companhias europeias de transporte ferroviário reuniram-se em Portugal, concluíram que “Os comboios têm de voltar a ser o principal modo de transpor-te na Europa”. Nesta reunião tentaram estabelecer estraté-gias para tornar o transporte ferroviário mais atrativo na Europa, quer no transporte de passageiros, quer no trans-porte de mercadorias.É uma óptima intensão que esbarra em grandes dificulda-des. Em Portugal os comboios perdem para o transporte rodoviário e para a aviação. Existe a necessidade de uniformização da legislação e normas quer em termos de linhas, material circulante, segurança e bitola. Um comboio que saia de França não consegue chegar a Portugal. Mesmo parte do material circulante espanhol, com a mesma bitola que o português, só pode circular Portugal depois de passar uma longa serie de testes. Na CP – Comboios de Portu-gal, durante os últimos anos,

houve a ausência completa de investimento em material circulante, que foi protelado até ao limite, as composições da linha de Cascais há muito que ultrapassaram o tempo útil de vida, o material diesel está no limite e as composi-ções mais novas, como o Alfa Pendular, estão no meio da vida. No entanto, houve uma politica mais agressiva de marketing e foi com bons olhos que se viu o relança-mento alguns títulos de transporte, a diminuição dos custos nos bilhetes com transbordos, os comboios especiais dos festivais de música e jogos de futebol, comboio das Praias no Oeste, pequenos passos para melho-rar o serviço e conforto dos clientes.A ausência de investimento também se verificou a nível da Refer – Rede Ferroviária Nacional, agora integrada nas Infraestruturas de Portugal. Durante os últimos anos pouco mais fez além de fechar serviços e quilómetros de via. Seria bom ter uma solução para alguns dos grandes

problemas da ferrovia em Portugal, a modernização da linha do Norte, a ligação à Galiza, o ramal da Lousã destruído à espera de uma solução, a renovação das linhas da Beira Baixa, Douro. Neste verão foram iniciadas obras de reparação urgentes, no site da nova empresa constam uma serie de investi-mentos a realizar, oxalá não se percam no caminho.Neste momento, estão a decorrer os processos de privatização da CP Carga e da EMEF – Empresa de Manuten-ção de Equipamento Ferroviá-rio, S.A, que amputam a empre-sa original de mais algumas áreas. A primeira foi uma empresa criada pela companhia de comboios para gerir o movimento de mercadorias, essencial para diminuir o peso do transporte rodoviário de mercadorias. A empresa teve o ano passado escassos resulta-dos positivos, pois tem proble-mas diversos de penetração no mercado, em grandes áreas não consegue fazer preços concor-rentes com as empresas rodoviárias. Só como exemplo,

desde o ano passado todas as viaturas saídas da linha de produção da Auto Europa, mesmo as que vão para o porto de Setúbal, usam os camiões, em detrimento do comboio. Numa empresa com resultados precários, devia haver toda a prudência e cautela. A situação da EMEF é ainda mais complicada, esta empre-sa surgiu da autonomização do negócio de manutenção e reparação da CP, tinha oficinas espalhadas por diversos pontos do país e tem vindo a concentrar a sua atividade. Tem como quase único cliente a própria CP, que possui uma frota antiga, a necessitar de manutenção quase diária, longe dos planos de manuten-ção pré-definidos. Na maior parte da Europa esta empresas de manutenção continuam a fazer parte da empresa

miguel maldonadoespecialista em ambiente

De volta ao Caminho-de-ferro

ferroviária, em Portugal optou-se por privatizar. Como vamos de férias ninguém se irá preocupar, até ao dia em que a CP não tiver meios para pagar à companhia de manutenção e deixar de assegurar alguns comboios mais importantes.Utilizar o comboio, é bom para o ambiente e péssimo para o bolso, é caro e particu-larmente dispendioso quando fazemos com a família. Não temos boas ligações entre grande parte das nossas cidades, com Espanha e muito menos com a Europa. Para muitos sítios demora mais tempo chegar de comboio do que em qualquer outro transporte publico ou particu-lar, se querem que “Os com-boios voltem a ser o principal modo de transporte na Europa”, em Portugal existe muito trabalho pela frente.

14 | SemmAIS | SÁbAdo | 1 de AGoSto | 2015

Criada em 2006, a Associação Portuguesa de Inspeção e Prevenção Ambiental (APAMB), sedeada em Setúbal, conta com 2500 associados ativos. Esta organização não-governamental nasceu para colmatar a lacuna verificada no processo de adaptação das empresas ao cumprimento da legislação. Passados dez anos de atividade, os “rostos” da APAMB fazem um balanço positivo do trabalho desenvolvido e revelam as prioridades futuras.

APAMB ASSocIAção PortuGueSA de INSPeção e PreveNção AmbIeNtAl eStÁ SedeAdA em SetúbAl

Estar ao lado das empresas a proteger o ambiente

A necessidade de garantir um maior apoio às micro, pequenas e grandes empresas, no que diz respeito ao cumprimento das normais legais ambiental, levou à criação, em 2006, daquela que é hoje a maior Associação de Inspeção e Prevenção Ambien-tal do distrito de Setúbal, e tam-bém uma das grandes referên-cias, nesta área, a nível nacional. Ao longo de quase dez anos muitos passos foram dados, a evolução é notória e, por isso, o balanço do trabalho desenvolvi-do pela APAMB não poderia ser mais positivo: «A associação, que tem as portas abertas a to-dos os clientes, tem vindo a crescer”, afirma Ângela Tavares, responsável administrativa, re-alçando que atualmente são vá-rios os serviços disponibilizados pela APAMB aos seus associa-dos. «Começamos só por ter a parte ambiental e hoje já forne-cemos outros serviços e atua-mos em várias áreas, como os licenciamentos, as inspeções, que estão agora muito mais complementadas com as medi-ções, e o apoio dos departamen-tos jurídicos e de contabilidade». Com cerca de 2500 associa-dos, oito colaboradores internos e vários parceiros, a APAMB atua em diversas frentes e es-tende a sua atividade por todo o país. No terreno estão as técni-cas que fazem a inspeção am-biental, contactam os responsá-veis pelas empresas (oficinas, gráficas, ou pequenas indús-trias), detetam o que está bem e o que tem de ser alterado ou melhorado, ajudando-os a cum-prir com a legislação portugue-sa e comunitária. Dentro de quatro portas, é efetuado todo o apoio adminis-trativo, tal como explica Dulce Dias, responsável pela gestão do registo de resíduos. «Anualmen-te, as empresas que produzem resíduos têm de emitir uma de-claração à Associação Portu-guesa do Ambiente. Este traba-lho é feito por nós». Processos como este são obrigatórios e, neste sentido, a APAMB fornece uma ajuda pre-ciosa às empresas, facilitando o trabalho e prestando todo e qualquer apoio referente às nor-mas exigidas pela lei. Para Carina Freitas, respon-sável técnica da APAMB, Portu-gal tem uma das melhores legis-lações a nível europeu mas, no que diz respeito ao cumprimen-to da lei, ainda há um longo ca-minho a percorrer. «Nos últimos dez anos tivemos uma grande evolução a este nível mas muito mais terá de ser feito. A legisla-ção aplica-se a um universo e adequa-se melhor a determina-dos serviços».

População mais sensibilizada para as questões ambientais

E porque a preservação do meio ambiente é uma responsabilidade de todos os cidadãos, nos últimos anos as entidades e associações ligadas á área ambiental têm apostado em várias campanhas de sensibilização com vista à adopçao de bons comportamen-tos ambientais por parte da po-pulação. Ações que, segundo Ca-rina Freitas, têm surtido efeito positivo. «Por exemplo, a campa-nha da Sociedade Ponto Verde para promover a reciclagem nas habitações foi uma boa aposta porque incentivou as pessoas a tomarem essas atitudes nas suas próprias casas». Atitudes estas que são, também, o reflexo das ações desenvolvidas nas escolas. «As crianças foram o motor deste impulso. Os mais pequenos têm outra sensibilidade para estas questões e transportam as preo-cupações e os conhecimentos ad-quiridos para dentro de casa». Para além do sector da reci-clagem, outra área em que se verifica uma maior evolução é na gestão e consumo de água. «Quando as pessoas notam um elevado consumo de água ou de energia informam-se na tenta-tiva de saberem como podem poupar», refere Carina Freitas, sublinhando que o mesmo acontece com as empresas que «só passaram a tomar esta consciência aquando da fiscali-zação que obriga ao cumpri-mento de várias normas». Neste sentido, «a APAMB também está cá para ajudar». As ações de limpeza nas praias do concelho de Setúbal, como é o caso da iniciativa Amar Setúbal, promovida no início e no fim de cada época balnear, contam tam-bém com todo o apoio por parte da APAMB.

Projetos futuros

E porque a APAMB está sempre em constante busca de soluções que facilitem, e tragam menos custos, aos seus associados, de-senvolve parcerias com empre-sas e profissionais em diversas vertentes, não só na área am-biental. Neste momento há vá-rias ideias a fervilhar e alguns projetos na calha. «O grande objetivo futuro passa por alargarmos o nosso leque de serviços e de responsabilidades. Queremos avançar com a cria-ção de um laboratório de medi-ções para os nossos associados, abrir um departamento de con-sultoria na área da gestão e con-tabilidade, e na área do ambiente contamos ainda ter uma parte relacionada com a arquitetura», adianta Carina Freitas.

teXto RITA MATOSfotoS DR

Como chegar à APAMB?

A APAM tem sede no edifício Bocage, na Av. 5 de

Outubro, 148 – 5º H, em Setúbal. Tlf: 265 234 190,

fax: 265 234 186.

Pode também contactar a associação através do

email: [email protected] ou em www.apamb.pt.

A Associação Portuguesa de Inspeção e Prevenção

Ambiental trabalha com os melhores profissionais

no terreno de norte a sul do país.

AMBIENTE & ENERGIA

SemmAIS | SÁbAdo | 1 de AGoSto | 2015 | 15

Tim está em «pulgas» para tocar no Sol da Caparica

dispensa apresentações. Afi-nal, quem não o conhece? O que alguns não sabem é que o vocalista dos Xutos & Pontapés saiu de Almada para o estrelato e que vive «de maneira espe-cial», como o próprio admite ao Sem Mais, cada vez que a histó-rica banda atua por estas para-gens. Daí que o concerto agen-dado para 15 de agosto, em pleno festival Sol da Caparica, entusiasme Tim. «Estou em pul-gas para que chegue esse dia e poder tocar naquele ambiente de praia e férias. Só pode ser um espetáculo em grande», vaticina a voz do grupo. «Ainda temos que planear as músicas que vamos tocar», con-fidenciou o célebre vocalista do grupo que lançou músicas como o estrondoso «Contentores», «Não sou o único» ou «N’América», além do hit «A mi-nha casinha». Entre um rol de outros sucessos que marcaram várias gerações ao longo de mais de 30 anos de carreira, jun-

tando Tim, Zé Pedro, Kalú, João Cabeleira e Gui. E o que se irá ouvir na Costa de Caparica quando os Xutos subirem ao palco SIC/RFM? «Não fazemos concertos iguais. Mas vai ser bom (risos)», adianta Tim, assumindo que «às vezes temos o problema de deixar mú-sicas de fora, naquilo que o cha-mado espetáculo normal, que comporta 20 a 25 temas, o que já é muito. Mas depois, algumas dessas músicas são aquelas que gostaríamos de tocar e que o público também pede. Por isso, ainda tenho que ver o que cabe dentro deste festival», sublinha, revelando que o grupo tem sem-pre quatro ou cinco temas na manga que se reportam a êxitos antigos. Aliás, explica, «são essas quatro ou cinco músicas que acabam por diferenciar uns concertos dos outros. Ou seja, se vamos tocar para um púbico mais abrangente, iremos fazer um concerto mais abrangente.

Mas se percebermos que, afinal, se trata mais de público jovem, como deverá ser o Sol da Capa-rica, então aí fazemos um espe-táculo mais pesado. Vamos ver dentro desta margem o que ire-mos encontrar naquela noite», insisteTim. O vocalista, que espera vir a cantar para uma “casa cheia”, elogia a aposta de Almada na música portuguesa, consideran-do «importante que as autar-quias levem o que é nosso às pessoas e, sobretudo, aos jovens. Isso gera atração pela boa músi-ca que se faz no nosso país». Mas Tim não será o único músico que vai «jogar em casa». Também Carlão, António Manuel Ribeiro ou Paulo Gon-zo, além de Berg e Marta Mi-randa, a voz dos Oquestrada, têm ligações fortes a Almada, fazendo parte das 33 propostas artísticas - selecionadas entre um total de aproximadamente 200 que foram criadas em Por-tugal durante este ano – que

vão atuar entre 13 e 16 de agos-to no Parque Urbano da Costa de Caparica. No ano passado a primeira edição do festival jun-tou 65 mil pessoas, mas este ano o presidente da Câmara de Almada, Joaquim Judas sobe a fasquia e quer ultrapassar essa marca, garantindo que o even-to «veio para ficar».

Além dos artistas portugue-ses, onde surgem ainda nomes como Jorge Palma, Miguel Araú-jo, Vitorino, Camané e até o «Avô Cantigas», o cartaz exibe nomes da lusofonia, com passagem pelo Brasil, Angola, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. O festival abre também portas ao surf, ao graffiti e ao cinema.

À MARGEM

16 | SemmAIS | SÁbAdo | 1 de AGoSto | 2015