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Associação Brasileira da Indústria Química Av. Chedid Jafet, 222, Bloco C – 4º andar, Vila Olímpia, São Paulo, SP Cep: 04551-065 – Fone: (11) 2148-4712 – Fax: (11) 2148-4760 www.abiquim.org.br e-mail: [email protected] PRÊMIO ABIQUIM DE TECNOLOGIA INCENTIVO Á PESQUISA E INOVAÇÃO 2010 FORMULÁRIO PARA APRESENTAÇÃO IDENTIFICAÇÃO DO(S) PESQUISADOR(ES) NOME DO RESPONSÁVEL PELA PESQUISA: Liliane Damaris Pollo NOME(S) DO(S) PESQUISADOR(ES) (EQUIPE DE PESQUISA, SE HOUVER) E RESPECTIVOS CARGOS: Alberto Cláudio Habert e Cristiano Piacsek Borges (Coordenadores) DADOS PARA CONTATO ENDEREÇO: Programa de Engenharia Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Tecnologia, Bloco G, sala 115, Cidade Universitária, CEP 21941-972, Rio de Janeiro, RJ. TELEFONE: (21) 25627165 Email: [email protected] IDENTIFICAÇÃO DO TRABALHO TÍTULO: Novo Processo de Separação da Mistura Propano/Propeno: Uma Eficiente alternativa para a Economia de Energia na Indústria Petroquímica NOME DA EMPRESA/PESQUISADOR: Programa de Engenharia Química- UFRJ CATEGORIA DE INSCRIÇÃO: Empresa Empresa Nascente Pesquisador (X) N o de inscrição: FAVOR NÃO PREENCHER

Separação Propano-Propeno por membranas

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Page 1: Separação Propano-Propeno por membranas

Associação Brasileira da Indústria Química Av. Chedid Jafet, 222, Bloco C – 4º andar, Vila Olímpia, São Paulo, SP

Cep: 04551-065 – Fone: (11) 2148-4712 – Fax: (11) 2148-4760 www.abiquim.org.br e-mail: [email protected]

PRÊMIO ABIQUIM DE TECNOLOGIA INCENTIVO Á PESQUISA E INOVAÇÃO

2010

FORMULÁRIO PARA APRESENTAÇÃO

IDENTIFICAÇÃO DO(S) PESQUISADOR(ES)

NOME DO RESPONSÁVEL PELA PESQUISA: Liliane Damaris Pollo NOME(S) DO(S) PESQUISADOR(ES) (EQUIPE DE PESQUISA, SE HOUVER) E RESPECTIVOS CARGOS: Alberto Cláudio Habert e Cristiano Piacsek Borges (Coordenadores)

DADOS PARA CONTATO

ENDEREÇO: Programa de Engenharia Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Tecnologia, Bloco G, sala 115, Cidade Universitária, CEP 21941-972, Rio de Janeiro, RJ.

TELEFONE: (21) 25627165

Email: [email protected]

IDENTIFICAÇÃO DO TRABALHO

TÍTULO: Novo Processo de Separação da Mistura Propano/Propeno: Uma Eficiente alternativa para a Economia de Energia na Indústria Petroquímica

NOME DA EMPRESA/PESQUISADOR: Programa de Engenharia Química- UFRJ

CATEGORIA DE INSCRIÇÃO: Empresa Empresa Nascente Pesquisador (X)

No de inscrição: FAVOR NÃO PREENCHER

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[Segunda Página]

Obs.: nenhuma identificação pessoal do pesquisador ou empresa deve constar neste espaço do formulário de inscrição.

APRESENTAÇÃO DO TRABALHO (i) Limite máximo de 10 (dez) páginas, contando com esta, incluindo gráficos, imagens e bibliografia. (ii) O espaço excedido será desconsiderado na avaliação do trabalho inscrito (iii) Formatação do texto - Fonte: Arial; Tamanho: 11; espaço simples entre linhas; parágrafo: 0 pt

Tema: Nanotecnologia aplicada a processos energeticamente favoráveis

Objetivo: Com a temática da escassez dos recursos energéticos em âmbito mundial se faz necessário o desenvolvimento de processos industriais mais eficientes. A separação de propeno/propano por membranas de transporte facilitado (MTF) apresentam elevado potencial para a economia de energia. É neste contexto que o presente trabalho se insere, com o objetivo geral de desenvolver membranas poliméricas de poliuretano, empregando nanopartículas de prata como agentes transportadores na separação da mistura propano/propeno.

Resumo: O gás propeno, juntamente com o eteno, são as principais matérias primas da indústria petroquímica. O propeno é utilizado na produção de polipropileno, acrilonitrila, e muitos outros compostos. A demanda mundial deste produto vem crescendo a uma taxa anual de aproximadamente 5% desde 2007, com projeção para mais de 100 mil toneladas para 2015. Na obtenção do propeno são necessários muitos estágios de destilação, sendo a última etapa, a separação da mistura propano/propeno, a mais onerosa, principalmente em se tratando do fator energético. Uma eficiente alternativa à destilação são os Processos de Separação por Membranas (PSM), que apresentam entre suas principais vantagens um menor consumo de energia, uma vez que a separação ocorre sem mudança de fase. Para aumentar a eficiência de separação de compostos com propriedades físicas e químicas semelhantes, agentes transportadores (nanopartículas de prata – AgNp’s) são incorporadas na matriz polimérica, interagindo de forma reversível com o propeno, e não com o propano, melhorando significativamente o transporte através da membrana. No presente trabalho foi desenvolvida uma membrana polimérica de poliuretano contendo AgNp’s sintetizadas “in situ” no próprio polímero. As membranas sintetizadas mostraram excelente desempenho e estabilidade na separação da mistura propano/propeno, obtendo seletividade e permeabilidade de aproximadamente 400 e 4 GPU, respectivamente, em testes de permeação contínua de 180 horas.

IDENTIFICAÇÃO DO TRABALHO

TÍTULO: Novo Processo de Separação da Mistura Propano/Propeno: Uma Eficiente alternativa para a Economia de Energia na Indústria Petroquímica

CATEGORIA DE INSCRIÇÃO: Empresa Empresa Nascente Pesquisador (X)

No de inscrição: FAVOR NÃO PREENCHER

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Introdução: Olefinas leves como eteno e propeno são os principais petroquímicos básicos mundiais. São insumos de alto valor agregado utilizados para a manufatura de diversos polímeros e compostos, principalmente na fabricação de polietileno e polipropileno. Com o crescente consumo de produtos à base destes compostos, a demanda mundial vem aumentando e as perspectivas indicam a necessidade de um aumento da capacidade de produção. A América Latina é responsável por 4% do total mundial produzido e o Brasil é responsável por mais da metade desta produção (QUIMAXLATIN REPORT, 2010). Um estudo realizado pela Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM, 2006), mostra que a demanda brasileira destas olefinas já é superior à oferta, como ilustrado na Fig. 1. O aumento da oferta a partir de 2012 é devido à instalação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

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oferta

(a) (b)

Fig.1. Balanço oferta-demanda de eteno (a) e propeno (b) em milhões de toneladas anuais (Adaptado do Relatório Anual Abiquim 2006).

Para a obtenção do propeno, o produto de craqueamento é submetido a sucessivas etapas de destilação até a separação da fração C3 (propano/propeno). Os principais custos de obtenção de propeno estão associados a esta última etapa de separação, uma vez que estes gases apresentam propriedades físico-químicas semelhantes e tamanhos moleculares próximos. O processo de destilação da mistura propano/propeno apresenta alto consumo de energia e de investimento capital, pois operam com altas razões de refluxo para a obtenção do grau de separação desejada. Para esta separação são necessárias torres com aproximadamente 90 metros de altura e colunas com mais de 180 pratos. A energia necessária de operação é tão elevada quanto o custo capital dos equipamentos. Estima-se que estes processos são responsáveis por 40% do total do consumo de energia de uma indústria petroquímica (aproximadamente 1.2 x 1014 Btu/ano) (Eldridge, 1993). Em vista do elevado custo associado a esta separação, há um grande potencial para o desenvolvimento de novos processos de obtenção de propeno, resultando em menores custos operacionais e infra-estrutura. Neste contexto, os processos de separação por membranas (PSM’s) se mostram como uma alternativa muito atrativa, com intensas atividades de pesquisa sendo realizadas nesta área. Os PSM’s apresentam, entre outras vantagens, maior facilidade de operação, menor custo capital e elevada eficiência energética, já que esta separação ocorre sem mudança de fase. É estimado que a economia anual de energia obtida através dos PSM’s pode chegar a 105 trilhões de Btu. Além disso, com o avanço na área de engenharia de materiais, diversos polímeros vem sendo desenvolvidos a partir de materiais renováveis que são altamente competitivos com os produzidos a partir de petróleo, reduzindo significativamente o impacto

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ambiental. Membranas poliméricas apresentam um promissor potencial para a separação de propeno, devido às infinitas propriedades e diversidade dos materiais poliméricos atualmente disponíveis. Em decorrência da semelhança entre o tamanho e propriedades físico-química dos gases propeno e propano, a eficiência de separação ainda não é suficiente. Para um melhor desempenho na separação, que alie elevados fluxos com elevadas seletividades, as membranas poliméricas de transporte facilitado (MTF) são as mais adequadas. Essas membranas contem agentes transportadores, nanopartículas de prata, incorporados na matriz polimérica, que promovem o transporte específico e reversível do propeno através da membrana. O uso de nanopartículas de prata como agentes transportadores de propeno é uma aplicação da nanotecnologia ainda pouco reportada na literatura. Por definição, nanopartículas são materiais que apresentam diâmetro compreendido entre 1 e 100 nanômetros. As propriedades físicas e químicas de materiais quando diminuídos nesta escala podem ser bastante diferenciadas comparadas às propriedades em escala macroscópica (“bulk”). Estas características conferem a estes materiais grande importância e aplicação no campo da nanotecnologia. A prata metálica, por exemplo, é geralmente inerte como agente transportador de propeno, contudo, torna-se extremamente ativa quando levada à escala nanométrica (MURRAY et al., 2000). Existem diversos fatores responsáveis pelas mudanças das propriedades dos nanomateriais, sendo um deles relacionado às características de sua superfície. Quando um material na escala nanométrica tem sua relação área/volume aumentada substancialmente, os sítios ativos ficam mais expostos e o número de átomos presentes na superfície do material é da ordem daqueles presentes no seu interior. Por estarem mais próximos à superfície, estes átomos apresentam uma reatividade diferenciada. No presente trabalho, foram desenvolvidas membranas de poliuretano contendo nanopartículas de prata para a separação da mistura propeno/propano. Os resultados demonstraram um grande potencial para ampliação de escala e aplicação industrial das membranas, que poderá ser utilizada, num primeiro momento, como parte de um processo híbrido de destilação e separação por membranas. O domínio de tal tecnologia seria de importância estratégica na indústria petroquímica, mostrando-se como uma alternativa aos onerosos processos de destilação. Além disso, o conhecimento adquirido pelo desenvolvimento de novos materiais com propriedades diferenciadas, como a síntese de nanocompósitos poliméricos (membrana com nanopartículas de prata) e o seu uso para separação de gases, é de primordial importância tanto no âmbito científico-tecnológico como no desenvolvimento mais sustentável visando um processo energeticamente mais favorável.

Separação Propeno/Propano por Membranas – Estado da Arte O emprego industrial de membranas poliméricas para a separação de gases é relativamente recente, com a primeira planta instalada em 1980 para a separação de hidrogênio. Desde então, este processo vem ganhando espaço e atualmente existem diversas plantas que operam utilizando membranas poliméricas para as mais variadas separações. Cerca de dois terços destes sistemas são para a separação O2/N2, desumidificação do ar e remoção de hidrogênio do gás de purga da síntese de amônia (Ghosal e Freeman, 1994; Baker, 2002). Membranas densas são mais adequadas para a separação de gases que membranas com outros tipos de morfologia. Em membranas densas, a separação dos gases ocorre devido às diferenças de solubilidade e mobilidade dos permeantes no material que constitui a membrana, segundo um mecanismo conhecido como sorção-difusão (Baker e Wijmans, 1995). Os materiais poliméricos testados, até o momento, na separação de misturas propano/propeno não obtiveram uma boa relação permeabilidade/seletividade, obtendo altas seletividades à custa de baixos fluxos e vice-versa.

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A dificuldade na separação se deve às propriedades físicas semelhantes destes gases, resultando em fatores de separação baixos para membranas que apresentam somente a sorção-difusão como mecanismo de transporte. Segundo Costa et al. (2001), membranas que apresentam seletividade maior que cinco são economicamente viáveis para a separação de propano/propeno em correntes de purga. Já para a substituição das colunas de destilação em refinarias por processos com membranas ou processos híbridos (destilação e membrana), seletividades bem maiores deverão ser atingidas. Neste caso, membranas poliméricas convencionais não são adequadas, sendo necessário o desenvolvimento de membranas de transporte facilitado, mais especificamente, membranas contendo transportadores fixos. Em membranas poliméricas com transportador fixo, a olefina é transportada através de um mecanismo adicional à sorção-difusão, via complexação com um metal de transição, elevando simultaneamente sua permeabilidade e seletividade. Os metais de transição são utilizados como transportadores de olefinas porque são capazes de formar complexos reversíveis com moléculas contendo dupla ligação. O mecanismo de transporte mais aceito pressupõe que a olefina permeie através da membrana por saltos de um sítio ativo fixo à cadeia polimérica para outro vizinho, até atingir o lado permeado. Para que estes saltos sejam efetivos, dois agentes complexantes deverão estar próximos o suficiente um do outro para que a molécula de soluto consiga saltar de um sítio ativo a outro (Cussler et al., 1989). Para uma melhor compreensão, uma representação esquemática do mecanismo de saltos entre os sítios ativos de prata, juntamente com o mecanismo de sorção-difusão na região isenta de agentes transportadores está apresentada na Fig. 2. O sistema demonstrado é a separação de propano (C3H8)/propeno (C3H6) usando o íon prata (Ag+) como transportador fixo. A fixação dos cátions no polímero ocorre pela coordenação com os grupos funcionais ou heteroátomos doadores de elétrons presentes na matriz polimérica. A mobilidade segmental das cadeias do polímero é de fundamental importância no transporte facilitado, pois esses movimentos auxiliam a aproximação dos agentes transportadores, facilitando o salto das moléculas de propeno.

C3H8C3H6

Ag+

Ag+

Ag+

PERMEADO

ALIMENTAÇÃO

Polímero

Transportador fixo

Transporte passivo

C3H8C3H6

Ag+

Ag+

Ag+

PERMEADO

ALIMENTAÇÃO

Polímero

Transportador fixo

Transporte passivo

Fig. 2. Representação do mecanismo proposto para o transporte facilitado através de membranas

contendo transportadores fixos No entanto, sais de prata são muito instáveis quimicamente e são facilmente reduzidos a partículas de prata formando agregados, perdendo sua atividade de transporte. Além disso, a redução da prata provoca a degradação do poliuretano resultando na perda de suas propriedades mecânicas. Em vista disso, houve a necessidade de se investigar um agente transportador mais estável e nanopartículas de prata são materiais altamente promissores para esta aplicação.

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A pesquisa em nanopartículas metálicas vem crescendo consideravelmente nos últimos anos, pois estes materiais apresentam propriedades físico-químicas diferenciadas, devido ao seu reduzido tamanho e elevada área superficial. Propriedades óticas, eletrônicas, térmicas, catalíticas e também biológicas são inerentes a estes materiais, lhes conferindo tamanho interesse na pesquisa de materiais avançados dentro da nanotecnologia. O uso de nanopartículas de prata para o transporte de propeno é muito recente, sendo que este método de preparação utilizando a síntese da membrana e das nanopartículas de prata “in situ” é inédito na literatura. O mecanismo de transporte é muito semelhante ao proposto para íons prata, pois as nanopartículas de prata apresentam uma carga positiva deslocalizada em torno de toda a sua área superficial, que permite a complexação com o propeno, porém, de forma muito mais eficiente e estável. Metodologia Experimental: As membranas planas foram preparadas através da técnica de inversão de fase por evaporação de solvente. O polímero utilizado na preparação das membranas foi um poliuretano (PU) à base de poliéter. O sal de prata Trifluorometanosulfonato (AgCF3SO3) (triflato de prata), adquiridos da Aldrich, foi utilizado como agente precursor das AgNp’s.

Na preparação da membrana, o polímero foi dissolvido em tetrahidrofurano (THF, >99%, Aldrich) com agitação a temperatura ambiente. Após completa dissolução, uma quantidade pré-determinada do sal (AgCF3SO3) foi adicionada à solução e o sistema foi homogeneizado através de um agitador ultrasônico para se obter uma eficiente dispersão dos íons prata no polímero. Esta solução foi espalhada sobre um suporte microporoso (membrana de Nylon®) e submetida à irradiação ultravioleta durante quinze horas. Após a formação das membranas contendo nanopartículas de prata, estas foram armazenadas sob vácuo para a evaporação do solvente residual. Também foi preparada uma membrana a partir do polímero puro, com ausência de AgNp’s, como parâmetro de comparação. As propriedades de transporte das membranas foram avaliadas através de testes de permeação ao propano e propeno puros. Os experimentos de permeabilidade foram realizados em uma unidade de permeação de gases, conforme ilustrado na Fig.3. Foram utilizados gases propano e propeno com teor de pureza de 99,5%, fornecidos pela AGA. A pressão de alimentação foi mantida em 2 bar e a permeabilidade dos gases puros obtida através do acompanhamento do aumento da pressão do lado do permeado.

Fig. 3. Representação esquemática do sistema de permeação de gases

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A permeabilidade é calculada através da seguinte equação:

(1) ⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛Δ

=CNTPamb

CNTPsistema

pTT

pAV

dtdpP

..

..

l

Onde P é a permeabilidade da membrana; l é a espessura da membrana; dp/dt é a variação da pressão com o tempo; ∆p é a diferença de pressão através da membrana; A é a área de permeação da membrana; p(CNTP) e T(CNTP), são a pressão e a temperatura nas CNTP; Vs é o volume do sistema; T(AMB) é a temperatura nas condições de operação. A unidade utilizada para permeabilidade é o Barrer, que equivale a 1010cm3(CNTP).cm/(cm2.s.cmHg). A seletividade ideal (αC3H6/C3H8) é determinada pela razão das permeabilidades dos gases puros, de acordo com a Eq. (2):

(2) 83

63

8363

HC

HC

HCHC P

P=α

Para um melhor entendimento da natureza estrutural das membranas formadas e evidenciar os efeitos da presença da nanopartícula na matriz polimérica, foram realizadas análises de microscopopia eletrônica de transmissão e espectroscopia fotoeletrônica de raios-X (XPS). Para análise de desempenho foram realizados testes de permeação de gases propano e propeno. Resultados e Discussão Análises de Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET) A análise de MET é importante e essencial para comprovar a presença, forma e distribuição das AgNp’s na membrana. A Fig. 4 mostra a imagem de microscopia eletrônica de transmissão da membrana de poliuretano contendo nanopartículas de prata (PU_AgNp). Observa-se claramente a formação de nanopartículas de prata formadas na matriz do poliuretano, com distribuição de tamanho entre 5 e 30 nanômetros.

Fig. 4. Imagem de microscopia eletrônica de transmissão da membrana PU_AgNp.

Espectroscopia Fotoeletrônica de Raios-X (XPS) A espectroscopia fotoeletrônica de Raios-X é uma análise de superfície amplamente utilizada para se determinar os elementos químicos presentes, o seu estado de oxidação e informações sobre o ambiente químico dos elementos. Segundo KIM et al., (2007), a região 3d/2 do espectro de XPS para nanocompósitos de prata é muito sensível ao ambiente químico que circunda a prata, podendo fornecer importantes informações sobre o seu estado de

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oxidação. Neste sentido, a análise de XPS foi realizada com o objetivo de se obter informações sobre as espécies de prata presentes e suas interações com o polímero. O espectro de XPS da membrana contendo AgNp’s na região 3d/2 da prata pode ser observado na Fig. 5. Pode-se observar um pico centrado em 368,54 eV, correspondente a prata metálica. Este valor de energia é próximo ao encontrado na literatura (368,26 eV) (KANG et al., 2007). O íons Ag+ e Ag2+ apresentam energia de ligação 3d5/2 de 367,6 e 367,2 eV, respectivamente (KOBAYASHI et al., 2001).

362 364 366 368 370 372 374 376 378 380

368,54

368,26

Ag d 5/2

Energia de ligação (eV)

Ag d 5/2

Fig. 5. Espectro de XPS do sinal Ag 3d/2 da membrana PU_AgNP. (O ponto em 368,26 eV é atribuído a

nanopartículas de prata) A comparação com os dados da literatura sugere que apenas AgNp’s estão presentes na superfície da membrana. O deslocamento do pico de 368,26 para 368,54 eV pode ser resultante da interação entre os átomos de prata e o polímero, como também observado por KANG et al., (2007). A hipótese de coordenação das AgNp’s com o polímero é reforçada através do resultado de XPS da região O1s (Fig. 6).

524 526 528 530 532 534 536 538 540 542

A

Energia de ligação (eV)

B

531.64

532.50

Fig. 6. Espectro de XPS do sinal O1s das membranas PU (A) e PU_AgNp (B).

A energia de ligação do oxigênio na membrana de PU (A) corresponde a 532,50 eV e diminui para 531,54 eV na membrana contendo AgNp’s (B). As mudanças nas energias de ligação em ambos os espectros podem ser explicadas pela transferência parcial de elétrons dos átomos de prata para os átomos de oxigênio, levando a uma deficiência de elétrons na superfície das

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nanopartículas de prata. Esta deficiência de elétrons tornaria as partículas positivamente carregadas, condição favorável para a complexação com a dupla ligação da olefina (KANG et al., 2007). Permeação de Gases

A Tab. 1 apresenta os resultados da permeação de gases utilizando a membrana contendo nanopartículas de prata na separação propeno/propano. Como pode ser observado, os resultados foram altamente satisfatórios. A membrana de poliuretano contendo nanopartículas de prata apresentou excelente fator de separação (α>400) comparado à membrana sem o agente transportador. Este comportamento é conseqüência do significativo aumento na permeabilidade ao propeno e drástica diminuição na permeabilidade ao propano.

Tab. 1. Permeabilidades e seletividades das membranas de PU puro e contendo nanopartículas de prata

Permeabilidade (Barrer) Membrana

Propeno Propano αC3H6/C3H8

PU puro 66 27 2 PU/Ag_Np 120 0,3 400

Testes de longa duração foram realizados e resultados muito animadores e promissores foram obtidos. Foi observado comportamento constante da permeabilidade do propeno durante sete dias de permeação contínua, como observado na Fig. 7.

0 20 40 60 80 100 120 140 160 1800

1

2

3

4

5

Perm

eabi

lidad

e ao

Pro

peno

(GPU

)

Tempo (horas) Fig. 7. Permeabilidade ao propeno da membrana contendo nanopartículas de prata durante teste de longa

duração. Estes resultados demonstram a estabilidade da nanopartícula de prata como agente transportador. Estes resultados são inéditos na literatura, pois seletividades e estabilidades tão elevadas ainda não foram reportadas para membranas contendo nanopartículas de prata como agentes transportadores. Conclusões O mérito do presente trabalho foi a obtenção de uma membrana contendo AgNp’s formadas “in situ” no próprio polímero, capaz de separar eficientemente o gás propeno. Membranas formadas pelo método descrito aliam as excelentes propriedades do poliuretano à eficiência do transporte das AgNp’s. O fator de separação atingido foi superior a 400, demonstrando um

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excelente desempenho na separação da mistura propano/propeno. A membrana apresenta elevada estabilidade, conforme indicando em testes de longo período de duração. O presente trabalho vem a contribuir com o desenvolvimento de uma nova tecnologia de separação utilizando membranas e nanotecnologia, como alternativa aos onerosos processos de destilação. Os resultados obtidos demonstram que nanopartículas de prata são eficientes agentes transportadores de propeno e apresentam grande potencial para emprego em membranas para esta separação, podendo vir a competir com os processos vigentes em termos de maior eficiência energética. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABIQUIM, Associação brasileira da indústria química e produtos derivados, Anuário da indústria química brasileira, São Paulo, 2006. BAKER, R. W. “Future Directions of Membrane Gas Separation Technology” Ind. Eng. Chem. Res., v. 41, pp. 1393-1411, 2002. BAKER, R. W., WIJMANS, J. G. “The Solution-Diffusion Model: a Review.” Journal of Membrane Science, v. 107, pp. 1-21, 1995. COSTA, A. R., DANIELS, R., HE, Z., MORISATO, A., PINNAU, I. “Membrane Process for the Recovery of Propylene from Chemical Industry Waste Streams”. 6th. World Congress of Chemical Engineering, Melbourne, Australia, 2001. CUSSLER, E. L., ARIS, R., BHOWN, A. “On the Limits of Facilitated Diffusion”. Journal of Membrane Science, v. 43, pp. 149-164, 1989. ELDRIDGE, R. B. “Olefin/Paraffin Separation Technology: A Review”. Ind. Eng. Chem. Res., v. 32, pp. 2208-2212, 1993. GHOSAL, K., FREEMAN, B. D. “Gas Separation using Polymeric Membranes: An Overview”. Polymer for Advanced Techologies, v. 5, pp. 673-697, 1994. KANG, Y. S., KANG, S. W., KIM, H., KIM, J. H., WON, J., KIM, C. K., CHAR, K. “Interaction with Olefins of the Partially Polarized Surface of Silver Nanoparticles Activated by p-benzoquinone and its Implications for Facilitated Olefin Transport”, Advanced Materials, v. 19(3), pp. 475-479, 2007. KIM, J. H., MIN, B. R., KIM, C. K., WON, J., KANG, Y. S. “Spectroscopic Interpretation of Silver Ion Complexation in Silver Polymer Electrolytes”. Journal of Physical Chemistry B, v. 106, pp. 2786-2790, 2002. KOBAYASHI, Y., SALGUEIRINO-MACEIRA, V., LIZ-MARZÁN, L. M. “Deposition of Silver Nanoparticles on Silica Spheres by Pretreatment Steps in Electroless Plating”, Chemistry of Materials, v. 13, pp. 1630-1633, 2001. MURRAY, C. B., KAGAN, C. R., BAWENDI, M. G. “Synthesis and Characterization of Monodisperse Nanocrystals and Close-Packed Nanocrystals Assemblies”, Annu. Rev. Mater. Sci., v. 30, pp. 545-610, 2000. QUIMAXLATIN REPORT, “Providing Market Intelligence to the Petrochemical and Plastic Industries” Disponível em: <http://www.quimaxlatin.com/site/noticias_todas.php>. Acesso em: 10 ago. 2010.

Impacto ambiental:

O presente trabalho apresenta impactos ambientais mínimos. Os processos de separação com membranas são conhecidos como processos de tecnologia limpa, pois separaram compostos fisicamente, não sendo necessário o uso de produtos químicos, e é possível reaproveitar ambas correntes, de concentrado e permeado. No presente processo de separação de propano/propeno, a membrana seletiva e semipermeável discrimina um composto frente a outro separando os componentes em duas correntes, o propeno no permeado e o propano no concentrado. O propano pode ser reutilizado na fabricação de GLP (gás liquefeito de petróleo).