UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA DE ADMINISTRAO
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ADMINISTRAO - PPGA
UNIVATES CENTRO UNIVERSITRIO
A TECNOLOGIA DE INFORMAO (TI) EM PEQUENAS EMPRESAS
INDUSTRIAIS DO VALE DO TAQUARI/RS
Dissertao de Mestrado, apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Administrao da Universidade Federal do Rio Grande do Sul como requisito para a obteno do ttulo de Mestre em Administrao.
CRISTINA DAI PR MARTENS
Prof. Orientador: Dr. Henrique Mello Rodrigues de Freitas
Porto Alegre, agosto de 2001
2
Dedico este trabalho a meu esposo Mauro,
a meus pais e irmos.
3
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeo a Deus, a graa de poder ter cumprido mais esta etapa de
minha caminhada; a capacidade e a vontade de conquistar meu espao.
A meu esposo Mauro, agradeo a dedicao, companheirismo, estmulo e apoio nas
horas fceis e difceis.
A meus pais e irmos, sempre dispostos a auxiliar no que fosse necessrio, mesmo que
muitas vezes a distncia. Obrigada pela fora.
Ao professor Henrique, agradeo a oportunidade de poder integrar sua equipe;
agradeo o aprendizado e conhecimento; o estmulo e confiana em meu trabalho; o convvio
enriquecedor; o seu exemplo de dedicao.
Ionara e ao Albano, agradeo as horas de trabalho e convvio juntos; o trabalho em
equipe e a construo do aprendizado em parceria; a fora e auxlio mtuo. Foi muito bom
trabalhar com vocs.
Edimara, agradeo o apoio e auxlio na reviso; as dicas e a experincia. rica, o
apoio na digitao dos questionrios.
A todos os professores do PPGA e aos colegas da turma de Lajeado, obrigada pelo
convvio, apoio e esforo conjunto.
s empresas participantes da pesquisa, s instituies das quais fao parte:
SEBRAE/RS, UNIVATES e UFRGS, obrigada pela colaborao e disponibilidade.
A todos aqueles que, em um momento ou outro, de forma mais ou menos intensa,
tiveram sua parcela de contribuio para a execuo desta pesquisa, o meu Muito Obrigada!
4
SUMRIO
LISTA DE TABELAS
LISTA DE QUADROS
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE ABREVIATURAS
RESUMO
ABSTRACT
Captulo 1 INTRODUO ..................................................................................................1
1.1 Tema e Justificativa: A Tecnologia de Informao em Pequenas Empresas...........2
1.2 Objetivos .........................................................................................................................5
1.2.1 Objetivo geral...........................................................................................................5
1.2.2 Objetivos especficos ...............................................................................................5
Captulo 2 FUNDAMENTAO TERICA.....................................................................6
2.1 A Tecnologia de Informao.........................................................................................6
2.2 O Papel da TI nas Organizaes ..................................................................................9
2.3 As Pequenas Empresas e a TI.....................................................................................12
2.4 Impacto da TI nas Organizaes................................................................................14
5
2.4.1 Nveis de impacto da TI .........................................................................................17
2.4.2 Problemas e aes decorrentes da adoo de novas TI..........................................19
Captulo 3 CONTEXTO DE APLICAO: AS INDSTRIAS DE PEQUENO
PORTE DO VALE DO TAQUARI/RS ................................................................................23
3.1 Contexto Nacional da Pequena Empresa ..................................................................24
3.2 Contexto Regional da Pequena Empresa ..................................................................26
Captulo 4 METODOLOGIA DE PESQUISA .................................................................30
4.1 Instrumento de Pesquisa .............................................................................................31
4.2 Universo e Amostra da Pesquisa ................................................................................36
4.3 Coleta de Dados............................................................................................................38
4.3.1 Agendamento da entrevista ....................................................................................38
4.3.2 Realizao da entrevista.........................................................................................39
4.4 Caracterizao da Amostra ........................................................................................40
Captulo 5 ANLISE DOS RESULTADOS .....................................................................42
5.1 A Pequena Indstria do Vale do Taquari..................................................................43
5.1.1 A atividade-fim das pequenas indstrias ...............................................................43
5.1.2 Tempo de atividade, nmero de funcionrios e faturamento.................................44
5.1.3 Planejamento estratgico e departamentalizao ...................................................45
5.2 Perfil da TI na Pequena Empresa Industrial do Vale do Taquari..........................47
5.2.1. Perfil dos entrevistados .........................................................................................48
5.2.2 Informatizao .......................................................................................................50
6
5.2.2.1 Microcomputadores e programas ...................................................................50
5.2.2.2 Oramento de SI.............................................................................................54
5.2.2.3 TI x planejamento estratgico e comprometimento da alta administrao ....56
5.2.2.4 Usurios e profissionais de SI ........................................................................57
5.2.2.5 Departamento de SI e terceirizao................................................................59
5.2.2.6 Departamentos atendidos pela TI ...................................................................59
5.2.3 Internet ...................................................................................................................60
5.2.3.1 Acesso Internet ............................................................................................60
5.2.3.2 Tipos de uso da Internet .................................................................................62
5.2.3.3 Funcionrios e usurios com acesso Internet e e-mail ................................63
5.2.4 Inteligncia competitiva .........................................................................................65
5.2.5 Mudanas na TI......................................................................................................66
5.3 Problemas e Aes decorrentes da adoo de novas TI ...........................................67
5.3.1 Problemas gerais ....................................................................................................68
5.3.2 Problemas especficos ............................................................................................70
5.3.3 Aes gerais ...........................................................................................................76
5.3.4 Aes especficas ...................................................................................................77
Captulo 6 CONSIDERAES FINAIS...........................................................................80
6.1 Concluses ....................................................................................................................80
6.2 Limites da Pesquisa .....................................................................................................82
6.3 Contribuies ...............................................................................................................83
7
6.4 Sugestes para Pesquisas Futuras ..............................................................................84
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .................................................................................85
ANEXO A: Informaes scio-econmicas do Vale do Taquari/RS .................................89
ANEXO B: Instrumento de pesquisa....................................................................................91
ANEXO C: Empresas que compe a amostra inicial da pesquisa ...................................102
ANEXO D: Correspondncia de apresentao s Empresas ...........................................105
ANEXO E: Empresas participantes da pesquisa ..............................................................107
ANEXO F: Problemas relevantes, decorrentes da adoo de novas TI em Pequenas
Indstrias do Vale do Taquari, segundo a amostra total e os diversos segmentos de
anlise ....................................................................................................................................109
ANEXO G: Mdia de ocorrncia dos 39 problemas do instrumento, nas Pequenas
Indstrias do Vale do Taquari ............................................................................................111
ANEXO H: Aes relevantes, adotadas pelas Pequenas Indstrias do Vale do Taquari,
segundo a amostra total e os diversos segmentos de anlise.............................................113
ANEXO I: Mdia de adoo e grau de sucesso das 34 aes do instrumento nas
Pequenas Indstrias do Vale do Taquari ...........................................................................116
8
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Participao das MPEs na economia brasileira...................................................... 24
Tabela 2: Distribuio das empresas industriais, comerciais e de servios, segundo porte e
setor, no Brasil....................................................................................................................... 25
Tabela 3: Distribuio do pessoal ocupado, segundo o porte da empresa por setor, no
Brasil...................................................................................................................................... 25
Tabela 4: Distribuio da receita/valor bruto da produo industrial, segundo o porte da
empresa por setor, no Brasil................................................................................................... 26
Tabela 5: Nmero de empresas do Vale do Taquari por nmero de empregados................. 27
Tabela 6: Principais municpios do Vale do Taquari, segundo participao na gerao do
PIB......................................................................... ............................................................... 28
Tabela 7: Nmero de pequenas indstrias do Cadastro Empresarial RS, categorizadas por
nmero de funcionrios e municpio...................................................................................... 29
Tabela 8: Amostra inicial da pesquisa e seus ajustes............................................................. 41
Tabela 9: Atividade fim das pequenas indstrias pesquisadas.............................................. 44
Tabela 10: Tempo de atividades, nmero de funcionrios e faturamento anual das 36
pequenas indstrias do Vale do Taquari................................................................................ 45
Tabela 11: Departamentos formalmente existentes nas pequenas indstrias pesquisadas.... 46
9
Tabela 12: Caractersticas do respondente: idade, tempo de atividade na empresa e em SI,
nas 36 pequenas indstrias pesquisadas.................................................................................
48
Tabela 13: Caractersticas do respondente: sexo, escolaridade e cargo................................. 49
Tabela 14: Principais funes relacionadas TI exercidas pelo respondente ou sob sua
responsabilidade, nas 36 pequenas indstrias do Vale do Taquari........................................ 50
Tabela 15: Nmero de microcomputadores por empresa...................................................... 50
Tabela 16: Programas utilizados pelas 36 pequenas indstrias pesquisadas......................... 53
Tabela 17: Mdia de profissionais de SI na amostra total e segmentada nmero de
funcionrios e faturamento anual........................................................................................... 57
Tabela 18: Mdia de usurios na amostra total e segmentada existncia (ou no) de
planejamento estratgico, nmero de funcionrios e faturamento anual............................... 58
Tabela 19: Departamentos atendidos pela TI nas 36 empresas pesquisadas......................... 60
Tabela 20: Acesso internet, e-mail e homepage na amostra total e segmentada nmero
de funcionrios, faturamento anual e existncia (ou no) de planejamento estratgico........ 61
Tabela 21: Tipos de usos da Internet pelas pequenas empresas industriais do Vale do
Taquari................................................................................................................................... 63
Tabela 22: Funcionrios e usurios com acesso internet na amostra total e segmentada... 64
Tabela 23: Percepo sobre inteligncia competitiva das 36 pequenas indstrias do Vale
do Taquari.............................................................................................................................. 65
Tabela 24: Percepo de mudanas na TI nas 36 pequenas indstrias do Vale do Taquari.. 66
Tabela 25: Mdia da intensidade de trabalhos inesperados, atrasos inesperados e
problemas enfrentados durante os esforos de desenvolvimento, implantao ou suporte
ao uso de novas TI, nas pequenas indstrias pesquisadas...................................................... 69
Tabela 26: Mdia da intensidade de trabalhos inesperados e atrasos inesperados durante
10
os esforos de desenvolvimento, implantao ou suporte ao uso de novas TI segmentos
com mais funcionrios (mais de 57 funcionrios), mais micros (8 ou mais micros) e mais
usurios (mais de 12 usurios)...............................................................................................
70
Tabela 27: Problemas relevantes nas 34 pequenas empresas industriais do Vale do
Taquari respondentes............................................................................................................. 70
Tabela 28: Problemas relevantes no segmento da amostra, segundo o tempo de atividade
da organizao empresas com mais de tempo de atividade (mais de 26 anos)................... 71
Tabela 29: Problemas relevantes no segmento da amostra, segundo o nmero de
microcomputadores empresas com mais micros (8 micros ou mais).................................. 72
Tabela 30: Problemas relevantes no segmento da amostra, segundo o nmero de
funcionrios empresas com maior nmero de funcionrios (mais de 57 funcionrios)...... 72
Tabela 31: Problemas relevantes no segmento da amostra, segundo o nmero de usurios
empresas com maior nmero de usurios (mais de 12 usurios)........................................ 73
Tabela 32: Problemas relevantes no segmento da amostra, segundo o faturamento anual
empresas com faturamento mais elevado (maior que R$ 4.200.000,00)............................... 74
Tabela 33: Intensidade de uso das aes gerais e grau de sucesso nas 34 indstrias de
pequeno porte do Vale do Taquari respondentes................................................................... 76
Tabela 34: Intensidade de uso das aes gerais na amostra segmentada nmero de
funcionrios (mais de 57 funcionrios), faturamento anual (maior que R$ 4.200.000,00),
microcomputadores (8 ou mais micros) e usurios (mais de 12 usurios)............................ 77
Tabela 35: Mdia de uso das aes e seu grau de sucesso nas 34 pequenas indstrias do
Vale do Taquari...................................................................................................................... 78
11
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Definio de categorias de problemas decorrentes da adoo de novas TI.......... 20
Quadro 2: Definio das categorias de aes adotadas para resoluo de problemas
decorrentes da adoo de novas TI ....................................................................................... 21
Quadro 3: Classificao das empresas quanto ao porte segundo o nmero de
empregados............................................................................................................................ 23
Quadro 4: Classificao das empresas quanto ao porte segundo o faturamento................... 24
Quadro 5: Conjunto de variveis do instrumento de pesquisa e seus itens adaptados........... 34
Quadro 6: Categorias de problemas e nmero de questes................................................... 35
Quadro 7: Categorias de aes e nmero de questes........................................................... 36
12
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: O ambiente e o gerenciamento do SI.................................................................... 16
Figura 2: Teoria de impacto ambiental................................................................................. 22
Figura 3: Desenho da pesquisa............................................................................................. 31
Figura 4: Existncia de planejamento estratgico nas pequenas indstrias pesquisadas...... 46
Figura 5: Nmero de micros X nmero de funcionrios por empresa.............................. 51
Figura 6: Nmero de micros X faturamento anual da empresa............................................ 52
Figura 7: Nmero de micros X micros interligados em rede................................................ 53
Figura 8: Oramento de SI no ltimo ano nas pequenas empresas industrias
pesquisadas........................................................................................................................... 55
13
LISTA DE ABREVIATURAS
EPP Empresa de Pequeno Porte
FIERGS Federao das Indstrias do Estado do Rio Grande do Sul
GE Grande Empresa
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
MDE Mdia Empresa
ME Micro Empresa
MPEs Micro e Pequenas Empresas
PE Pequena Empresa
PIB Produto Interno Bruto
SAD Sistema de apoio deciso
SEBRAE Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas
SIG Sistema de informao gerencial
UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul
WWW World Wide Web
14
RESUMO
A Tecnologia de Informao (TI) considerada hoje fator determinante na busca do
sucesso empresarial. Entretanto, nem sempre os gestores das organizaes tm essa viso
como foco estratgico, a fim de, efetivamente, tirarem proveito dos benefcios dessa
ferramenta. Supe-se que especialmente as pequenas empresas, que, por natureza, apresentam
fragilidades particulares, apresentam esta caracterstica.
Assim, o presente estudo tem como tema central a TI em Pequenas Empresas,
objetivando identificar o perfil da TI utilizada em indstrias de pequeno porte da regio do
Vale do Taquari; verificar com que intensidade um grupo de problemas se manifesta nestas
organizaes quando adotam novas TI, bem como verificar a ocorrncia (ou no) de um
conjunto de aes decorrentes, sua intensidade e grau de sucesso.
Para tal, utilizou-se o mtodo de pesquisa survey, atravs de uma pesquisa descritiva
de corte transversal. Foram realizadas entrevistas com 36 gestores de TI ou empresrios de
indstrias de pequeno porte do Vale do Taquari, tendo como base um instrumento originrio
de uma pesquisa americana (Benamati, Lederer e Singh, 1997), traduzido e adaptado para o
contexto brasileiro, testado e validado.
Obteve-se como resultado principal o perfil da TI existente nas organizaes
pesquisadas. Pde-se concluir que a TI est, de certa forma, ainda incipiente nestas pequenas
indstrias, cumprindo, muitas vezes, papel secundrio como ferramenta de auxlio na
automao de processos internos. Tambm se verificou que a incidncia de problemas
decorrentes da adoo de novas TI pouco percebida nas organizaes, sendo manifestado
apenas um pequeno nmero de problemas como relevante, ao passo que diversas aes so
tomadas para a resoluo dos problemas, normalmente, bem sucedidas.
15
ABSTRACT
Information Technology (IT) is considered today a determining factor in the search for
business success. However, administrators do not always have this perception with strategic
focus in order to effectively take advantage out ou IT. This is particularly true in the case of
small companies that have their own shortcomings.
So, this study focuses on Information Technology in Small Companies, aiming at
identifyind the IT used in smal industries of the Taquari Valley area, as well as analyzing to
whot extent a particular set of problems shows up within organizations when new IT area
adopted also, wheter or not a set of resulting actions is taken, their intensity and success rate.
Therefore, a descriptive researsch of cross-sectional was corred out. Thirty-six TI
managers or small industry managers of the Taquari Valley were interviewed, through on
instrument of on American research (Benamati, Lederer e Singh, 1997), which was translated
and adapted to the Brazilian context, tested and validated.
The main findings comprise on outline of the IT existing in the surveyed companies
leading to on conclusion that IT is still budding in small companies where it is many times a
mere assistant tool in the automation of internal processes. The occurrence of problems
arising from the use of IT was hardly noticed in the surveyed conpanies only a small number
of major problema, whereas several actions to solve the problems are taken and usuallu turn
out successful.
Captulo 1 INTRODUO
A crescente competitividade do ambiente de negcios est desafiando os
administradores de hoje. A emergncia e o fortalecimento da economia global; a
transformao da sociedade industrial numa sociedade baseada na informao e no
conhecimento; a transformao dos negcios, entre outros fatores esto exigindo mudanas na
maneira de gerir as empresas, tornando a informao ferramenta fundamental no s para o
crescimento, mas tambm para a sobrevivncia das organizaes.
Para atender s necessidades deste novo ambiente, a informao precisa ter como
suporte uma adequada Tecnologia de Informao (TI), a fim de disponibilizar as respostas
rpidas e eficientes que a competitividade est constantemente exigindo (Freitas et al., 1997).
Sendo a informao o centro de todo processo, fundamental saber us-la de forma
estratgica, pois o sucesso empresarial passa a depender, fundamentalmente, da capacidade da
organizao de administrar sua base informacional e aproveitar as oportunidades de
diferenciao que as novas TI oferecem (Torres, 1995). Dessa forma, fica evidente que na
sociedade da informao, as modernas TI tm influenciado decisivamente as organizaes,
tanto as grandes quanto as pequenas empresas.
Neste contexto, a preocupao, essencialmente tcnica, com o avano da TI e com sua
utilizao tem aberto espao para a preocupao de como administrar a disponibilidade e a
diversidade tecnolgica atual e futura, uma vez que a administrao da TI ser responsvel
pela eficcia interna da funo informtica (Albertin, 1999). Entretanto, com a rpida
evoluo da TI, esta tarefa nem sempre to fcil.
Tendo em vista este cenrio, a presente pesquisa tem como tema central a TI em
pequenas empresas, onde buscar-se- delinear o perfil da TI, problemas decorrentes da adoo
2
de novas TI, bem como aes adotadas em decorrncia dos problemas. Para tanto, a pesquisa
apresenta-se estruturada da seguinte maneira: na seqncia deste captulo 1, aprofunda-se o
tema e sua justificativa e na seo final os objetivos; no captulo 2, feita uma reviso da
literatura pertinente; no captulo 3, a contextualizao da aplicao; no captulo 4, apresenta-
se o mtodo de pesquisa, composio do instrumento e amostra, bem como procedimentos de
coleta de dados; no captulo 5, apresenta-se a anlise dos resultados e, finalmente, no captulo
6, apresentam-se as consideraes finais, concluses, limitaes da pesquisa e sugestes para
pesquisas futuras.
1.1 Tema e Justificativa: A Tecnologia de Informao em Pequenas
Empresas
Na atual conjuntura brasileira, marcada por profundas transformaes na estrutura
produtiva e nas relaes de produo, as micro e pequenas empresas, no concernente
gerao de emprego e renda, configuram-se como especialmente importantes, pois tm
contribudo, significativamente, para desconcentrar a renda e absorver amplos contingentes
migratrios liberados pela tecnificao e mecanizao da economia rural. E, ante o acelerado
processo de automao industrial, que a cada ano elimina centenas de milhares de postos de
trabalho, so as micro e pequenas empresas a alternativa mais vivel de reciclar os
trabalhadores e oferecer-lhe novas perspectivas de progresso (SEBRAE, 1998).
No entanto, por serem de pequeno porte, estas empresas so mais suscetveis a
dificuldades e vulnerveis a riscos. Geralmente carentes de recursos, enfrentam dificuldades
de insero nos mercados que disputam, via de regra, ambientes extremamente competitivos.
Para conquist-los, precisam atender, simultaneamente, exigncias de preos, prazos,
qualidade e confiabilidade. Assim, sobreviver e crescer em um ambiente cada vez mais
competitivo e globalizado o grande desafio para a pequena empresa.
Apesar das dificuldades, o segmento apresenta vantagens que se referem agilidade,
capacidade de adaptao e velocidade para atender s necessidades dos consumidores. A fim
de consolidar essas vantagens, a TI pode ser fundamental para proporcionar-lhes maior
flexibilidade, auxiliando na superao de alguns limites impostos pelo seu tamanho. A
3
empresa pode adquirir, com a TI, msculos, que facilitaro a realizao de atividades
coordenadas com poucos gerentes e funcionrios (Laudon e Laudon, 2000).
Segundo Furlan (1994), o valor da TI, apesar de ser claramente alto, depender da
forma de utilizao e implementao. Considerando a complexidade do ambiente e a mudana
rpida e constante da prpria TI, o desempenho da rea de sistemas, no tem atendido
plenamente s expectativas das reas funcionais. De acordo com Laudon e Laudon (2000), em
praticamente todas as organizaes, os projetos de Sistema de Informao (SI) tomam mais
tempo e dinheiro para serem implementados do que o originalmente previsto, ou o sistema
no executa todas as tarefas previstas ou no as executa de maneira apropriada.
Esta situao pode ser bem mais marcante em empresas de pequeno porte (EPP),
principalmente por terem poucos funcionrios, que, geralmente, so multifuncionais. Via de
regra, a empresa no conta com pessoal habilitado com conhecimentos tcnicos especficos na
rea de TI, o que dificulta ainda mais um melhor aproveitamento da tecnologia.
Da mesma forma, a adoo de novas TI pode provocar mudanas no comportamento e
na estrutura da empresa, nos sistemas gerenciais, nas tcnicas e no domnio de processos
adotados pela empresa, causando grande impacto nas organizaes, devido a situaes novas
a serem enfrentadas, que, muitas vezes, deixam os gerentes sem saber como lidar com elas.
Essas mudanas precisam ser gerenciadas para o bom andamento das atividades e
aproveitamento da tecnologia implantada.
Segundo pesquisadores americanos (Lederer e Mendelow, 1990; Benamati, Lederer e
Singh, 1997; Benamati e Lederer, 1998a; Benamati e Lederer, 1998b) que desenvolveram
uma teoria de impacto ambiental, que descreve o impacto da mudana nos ambientes interno e
externo da organizao no gerenciamento da TI e a resposta das organizaes a este impacto
uma mudana na dimenso da TI geradora de vrias categorias de problemas para a
organizao. Estes problemas incitam os gerentes de TI a usarem mecanismos de
confrontamento para reduzi-los diretamente ou tentar mudar o ambiente para diminuir seus
efeitos (Benamati, Lederer e Singh, 1997).
Portanto, julga-se importante conhecer a fundo essa situao nas pequenas empresas, a
fim de identificar o perfil da TI adotada por elas e a existncia ou no de problemas na gesto
4
da TI, especialmente quando so adotadas novas TI, bem como identificar a existncia de
aes decorrentes para atenuar os problemas.
A presente pesquisa apia-se na teoria de impacto ambiental como fundamentao
para estudar mudanas em TI e seu efeito no gerenciamento, apresentando como tema o
estudo do perfil da TI em indstrias de pequeno porte e a ocorrncia (ou no) de problemas e
aes, ao se adotarem novas TI. Para tal, ser utilizado como base um instrumento americano
desenvolvido e validado pelos pesquisadores Benamati, Lederer e Singh (1997), composto por
um conjunto de problemas manifestados e um conjunto de aes desenvolvidas em empresas
americanas pesquisadas por eles. Tambm ser utilizado um segmento inicial para
identificao das empresas e da TI, adaptado pelo grupo de pesquisa brasileiro1. O
instrumento possibilitar identificar o perfil da TI existente nas organizaes, bem como
medir com que intensidade o conjunto de problemas e aes relativos adoo de novas TI se
manifesta em indstrias de pequeno porte do Vale do Taquari, bem como o grau de sucesso
das aes tomadas.
1 A presente pesquisa faz parte de um projeto maior, em que outros dois pesquisadores tambm realizaram trabalho semelhante, porm com foco em populaes diferentes. Um dos projetos, da mestranda Ionara Rech, foi realizado em mdias e grandes empresas da grande Porto Alegre; e outro, do mestrando Cludio Albano, focou cooperativas da metade sul do estado do RS. Todos sob a coordenao do mesmo orientador e trabalhando em equipe desde 1999.
5
1.2 Objetivos
Apresenta-se aqui os objetivos geral e especficos deste trabalho.
1.2.1 Objetivo geral
Identificar o perfil da TI utilizada em indstrias de pequeno porte da regio do Vale do
Taquari/RS, problemas que estas organizaes enfrentam ao adotarem novas TI e aes que
utilizam para reduzir os problemas.
1.2.2 Objetivos especficos
So os seguintes os objetivos especficos desta investigao:
Identificar o perfil da TI utilizada pelas indstrias de pequeno porte do Vale do Taquari.
Verificar se um conjunto de problemas decorrentes da adoo de novas TI se manifesta nas organizaes e com que intensidade esses problemas se manifestam.
Verificar se um conjunto de aes adotado pelas organizaes, com que intensidade e se so bem sucedidas ou no, por ocasio do enfrentamento dos problemas.
6
Captulo 2 FUNDAMENTAO TERICA
Apresenta-se, neste captulo, a base terica que fundamenta o estudo. Inicialmente so
resgatados alguns conceitos, usos e importncia da TI; na seqncia, ser abordado o papel da
TI nas organizaes, especialmente nas pequenas empresas; e, num ltimo momento, ser
abordado o impacto da TI, principalmente no que se refere gesto da adoo de novas TI,
com foco em problemas e aes decorrentes.
2.1 A Tecnologia de Informao
A competitividade est exigindo das empresas, a cada dia que passa, novas maneiras
de relacionar-se com o concorrente, com o consumidor e com o fornecedor. A globalizao
dos negcios e as rpidas mudanas requerem constantes adaptaes para a manuteno das
empresas no mercado, sendo o acesso informao um dos pilares dessas mudanas.
Segundo Freitas et al. (1997, p. 24), a importncia da informao dentro das
organizaes aumenta de acordo com o crescimento da complexidade da sociedade e das
organizaes. Em todos os nveis organizacionais (operacional, ttico e estratgico), a
informao um recurso fundamental.
O tratamento dessas informaes, tambm denominado Informtica ou Sistemas de
Informaes (SI), faz parte de toda atividade de negcio de uma empresa que oferece um
produto ou servio desde a concepo, planejamento e produo at a comercializao,
distribuio e suporte. Desse modo, os SI tm-se tornado um componente crtico do
planejamento estratgico corporativo e da vantagem competitiva (Albertin, 1999).
7
De acordo com Lesca (apud Freitas et al., 1997, p. 33), temos a seguinte definio de
SI:
O sistema de informao da empresa o conjunto interdependente das pessoas, das estruturas da organizao, das tecnologias de informao hardware e software , dos procedimentos e mtodos que deveriam permitir empresa dispor no tempo desejado das informaes de que necessita ou necessitar para seu funcionamento atual e para sua evoluo.
Os SI, de acordo com Laudon e Laudon (2000), permitem uma racional transformao
de dados crus e isolados extrados do ambiente interno ou externo da organizao em
informaes teis e adequadas ao negcio. Essas informaes, por sua vez, subsidiam a
tomada de deciso, contribuindo para um melhor desenvolvimento do processo decisrio
(Bio, 1996).
Segundo Maas (1999), um SI liga, portanto, trs grandes componentes: as pessoas
que participam do processo de informao da empresa; as estruturas da organizao; e as
tecnologias de informao e de comunicao.
Nesse contexto, uma adequada TI pode servir de suporte para ajudar as organizaes a
sobreviver e prosperar neste ambiente competitivo. Segundo Furlan (1994), TI toda forma
de gerar, armazenar, veicular, processar e reproduzir informaes. Alter (1996) conceitua TI
como sendo um conjunto de hardwares e softwares que possibilitam o funcionamento dos SI.
Para este autor, as TI esto contidas nos SI que, por sua vez, influenciam os processos de
negcios. Estes podem ser vistos como etapas que utilizam pessoas, informaes e outros
recursos para criar valor aos clientes internos e/ou externos.
De acordo com Tapscott (1997), as novas tecnologias conseguem transformar no
apenas os processos comerciais, mas tambm a maneira como os produtos e servios so
criados e comercializados, a estrutura e metas da empresa, a dinmica da concorrncia e a
prpria natureza do negcio.
Desde que a TI foi introduzida sistematicamente em meados da dcada de 50, a forma
como as organizaes operam, o modelo de seus produtos e a comercializao desses
produtos mudaram radicalmente. Evidentemente, os computadores e os telefones beneficiam
8
os processos empresariais: os telefones encurtam o tempo e a distncia, permitindo s
empresas, por exemplo, monitorar diariamente as vendas gerais e agir de acordo com os dados
levantados; os computadores apressam o ritmo de muitas atividades e, ao mesmo tempo,
reduzem a necessidade de mo-de-obra (Davenport, 1996). Cada vez com mais freqncia, os
prprios produtos incorporam as facilidades da TI. Surgiram novas indstrias, como, por
exemplo, a indstria de computadores que representa uma das maiores organizaes
comerciais do planeta (McGee e Prusak, 1994).
Nos ltimos anos, a TI cresceu muito rapidamente em capacidade e, ao mesmo tempo,
houve uma drstica reduo nos custos. Novos produtos emergiram rapidamente, enquanto os
j existentes mudaram na mesma velocidade. A taxa de mudana da TI tem sido estimada em
20 a 30% por ano (Allen e Morton, apud Benamati e Lederer, 1998a). Conseqentemente, os
desafios gerenciais da TI vm sendo cada vez mais complexos.
Aliando essas rpidas mudanas a uma cultura corporativista mais consciente
aceitao das tecnologias, a TI tem ocupado um papel estratgico em muitas organizaes, de
modo que difcil imaginar um negcio que, de alguma maneira, no confie na TI como uma
razo fundamental para o seu sucesso (Benamati e Lederer, 1998a). Isso aumenta ainda mais a
importncia do gerenciamento da TI nestas organizaes.
Segundo Albertin (1999), a partir da dcada de 80 a informtica passou a ter enfoque
mais de negcio do que tcnico. Esta mudana deve-se constante evoluo das
organizaes, mercados, competitividade, tecnologia de hardware e recursos humanos, que
exigiu uma nova abordagem desta tecnologia. Muitas organizaes passaram a investir em TI,
de acordo com sua estratgia competitiva e viso de futuro. Tapscott (1997) afirma que
atualmente no possvel elaborar uma estratgia ou um projeto de negcio sem considerar a
importncia da tecnologia.
Fernandes e Alves (1992) afirmam que os gerentes mais influentes devem ter um
entendimento consensual sobre o uso estratgico-competitivo da tecnologia, tanto a curto,
mdio e longo prazos, a fim de estabelecer uma compreenso comum sobre as potencialidades
e oportunidades de uso da TI.
A TI abre possibilidades inmeras de compatibilizao entre necessidades e realidades
empresariais diversas. Sendo assim, para que uma empresa possa tirar total vantagem do uso
9
de modernas TI para ganhar competitividade, necessrio que prime pelo eficiente
gerenciamento de implementao e de impacto da nova TI na empresa. Conforme Furlan
(1994), o valor da TI depende da sua forma de utilizao e de implementao na organizao.
2.2 O Papel da TI nas Organizaes
As organizaes so vistas como sistemas abertos, onde determinados inputs so
introduzidos e processados, gerando certos outputs. Assim, o processo administrativo mais
amplo envolve processos menores que interagem entre si e operacionalizam as entradas,
transformando-as em sadas. Com efeito, a empresa vale-se de recursos materiais, humanos e
tecnolgicos, de cujo processamento resultam bens ou servios a serem fornecidos ao
mercado.
Ao longo do tempo, os SI tm evoludo em importncia em relao ao papel que
ocupam nas organizaes. Nos anos 50, os SI produziam mudanas tcnicas que afetavam
poucas pessoas dentro da organizao; automatizava-se um procedimento e sua checagem, ou
seja, fazia-se a transferncia do manual para o computador. Nos anos 60 e 70, os sistemas
trouxeram mudanas gerenciais e comportamentais, passando a influenciar tambm sobre a
atuao das pessoas. Nas dcadas de 80 e 90, a mudana tambm ocorreu na essncia da
organizao; o SI passou a envolver tambm as atividades relacionadas a produtos, mercados,
fornecedores e clientes, mudanas gerenciais e institucionais, passando a afetar toda a
estrutura da organizao. Os sistemas de hoje afetam diretamente o planejamento e as
decises dos gerentes e, em muitos casos, como e quais produtos e servios so produzidos.
Os SI podem ajudar as companhias a ampliar em alcance de mercados distantes; a oferecerem
novos produtos e servios; reformarem tarefas e fluxos de trabalho e at mesmo mudarem
profundamente a maneira de conduzir negcios (Laudon e Laudon, 2000).
De acordo com os autores Hammer e Champy (1994), a TI tem causado mudanas
radicais nas organizaes, substituindo regras antigas por regras novas atravs de tecnologias
rompedoras. Alguns impactos so citados por eles:
Regra antiga: A informao s pode figurar em um local de cada vez.
10
Nova regra: Com os bancos de dados compartilhados, esta regra muda, uma vez que a
informao pode figurar simultaneamente em tantos locais quanto necessrios.
Regra antiga: As empresas precisam optar entre a centralizao e a descentralizao.
Nova regra: Com as redes de comunicao, as empresas podem, simultaneamente, auferir
os benefcios da centralizao e da descentralizao.
Regra antiga: Os gerentes tomam todas as decises.
Nova regra: As ferramentas de apoio deciso (SAD, SIG) permitem que a tomada de
decises faa parte das tarefas de todos.
Regra antiga: O pessoal de campo precisa de escritrios onde possam receber, armazenar, consultar e transmitir informaes.
Nova regra: Com os computadores portteis e a comunicao de dados sem fio, o pessoal
de campo pode transmitir e receber informaes onde quer que esteja.
Regra antiga: Os planos so revistos periodicamente.
Nova regra: Com a computao de alto desempenho, os planos so revisados
instantaneamente.
McFarlan (apud Fernandes e Alves, 1992) props a Matriz de Dependncia
Estratgica, que permite avaliar o tipo de dependncia que uma empresa tem em relao
tecnologia, bem como as implicaes para a rea de TI da empresa. Com base nesta matriz,
possvel identificar diferentes papis para a rea de TI na empresa:
Papel de apoio: a estratgia empresarial no dependente do bom funcionamento dos sistemas existentes, enquanto os sistemas em desenvolvimento no so crticos
para os objetivos da empresa.
Papel de mudanas: a estratgia empresarial no dependente do bom funcionamento dos sistemas em operao. Entretanto, os sistemas em
desenvolvimento so vitais para os objetivos estratgicos da companhia.
11
Papel de manuteno de crescimento: a estratgia empresarial depende, criticamente, do bom funcionamento dos sistemas em operao. Entretanto, os
sistemas em desenvolvimento no so fundamentais para a competitividade da
empresa.
Papel estratgico: a estratgia empresarial depende do bom funcionamento tanto dos sistemas em operao como dos em desenvolvimento.
Para Davenport (1996, p. 54), se nada mudar em relao maneira como o trabalho
feito e o papel da TI for simplesmente o de automatizar um processo existente, as vantagens
econmicas sero, provavelmente, mnimas. Neste sentido, Fernandes e Alves (1992)
afirmam que a TI pode proporcionar oportunidades estratgicas para a organizao. Conforme
os autores, as principais delas so:
Criar barreiras de entrada
Reduzir ou eliminar barreiras de entrada
Criar custos de mudanas
Mudar o relacionamento com os fornecedores/compradores
Reduzir custos
Criar diferenciao
Transformar a cadeia de valor
Criar novas oportunidades de negcios
Embutir informao nos produtos
Adicionar valor, continuamente, aos produtos e servios da empresa.
A TI pode proporcionar mudanas diversos, desde a simples automatizao de
processos at uma profunda alterao na maneira de conduzir os negcios. Cabe empresa
avaliar e planejar suas necessidades e expectativas perante o mercado, qual a estratgia a ser
adotada e o papel da TI frente aos objetivos empresariais.
12
2.3 As Pequenas Empresas e a TI
Na base de uma sociedade democrtica, que permite que a economia se dilua para
milhares de empreendimentos, esto as micro e pequenas empresas, formando um sistema
produtivo e eficiente no mundo inteiro. Em pases desenvolvidos, as pequenas empresas,
geridas por empreendedores, so a fora vital da economia.
No Brasil, o universo de micro e pequenas empresas representa 95% do total dos
estabelecimentos industriais, 98% dos comerciais, e 99% dos estabelecimentos do setor de
servios (SEBRAE, 1999). Cabe, portanto, a este segmento, um importante papel social e
econmico, como plo de criao e distribuio de riqueza, decisivo na gerao de empregos
e no desenvolvimento econmico.
Entretanto, a rotina deste micro ou pequeno empresrio est muito ligada a atividades
relacionadas com contato com pessoas, encaminhamento de propostas, obteno e aplicao
de recursos, planejamento e controle da produo, das vendas, alm de ter de encontrar tempo
para pensar no futuro, e dedicar-se famlia e ao lazer, sem descuidar da constante
necessidade de atualizao, que lhe impe participar de reunies, cursos, seminrios, entre
outras atividades.
Uma pequena empresa, geralmente, composta por uma equipe limitada em termos de
quantidade de pessoas e, muitas vezes, tambm em termos de qualidade. Como a empresa no
tem condies de contratar especialistas para suprir as necessidades, o prprio empresrio
torna-se polivalente, passando a atender problemas de produo, de compras, de marketing de
vendas e de recursos humanos.
Tendo em vista tal situao, o setor administrativo, considerado o ponto de equilbrio
de qualquer grande empresa, uma vez que l as informaes so processadas e, a partir delas,
as decises so tomadas, torna-se, muitas vezes, frgil na pequena empresa, pois sentar e
estabelecer contato com informaes, antes e depois da ocorrncia dos fatos, no coaduna
com a rotina dinmica do pequeno empresrio. (Maas, 1999).
Um bom SI pode suprir as necessidades operacionais de uma empresa e permitir a uma
tomada de decises mais eficiente. A eficcia est longe de ser alcanada, quando no se
utilizam as informaes corretamente. Para isso, fundamental uma tecnologia adequada.
13
De acordo com a III Sondagem SEBRAE (SEBRAE, 1999), realizada em 24 Estados
da Federao e no Distrito Federal, com o objetivo de averiguar o grau de informatizao das
micro e pequenas empresas, pode-se citar alguns nmeros interessantes:
Cerca de 76% das empresas consultadas esto informatizadas, sendo que, destas, 30% consideram-se totalmente informatizadas. Comparando-se estes dados com pesquisa
semelhante efetuada em 1997 (SEBRAE, 1997), o nvel de informatizao cresceu de
57% para 76%. O nmero de empresas totalmente informatizadas tambm apresentou um
crescimento, passando de 16% para 30%.
As empresas no informatizadas (24%), alegaram como principal motivo a falta de condies financeiras (41%); em segundo lugar, consideraram a informatizao
dispensvel no momento (24%). Na pesquisa de 1997, as empresas no informatizadas
(43%) alegaram os mesmos motivos, porm a falta de condies financeiras era o motivo
para 54% das empresas. A irrelevncia da informatizao apresentou o mesmo ndice da
pesquisa mais recente, 24%.
As duas pesquisas tambm revelaram que o percentual de empresas ligadas internet dobrou no perodo. Em 1997, 22% das empresas estavam conectadas Internet, j em
1999, este nmero subiu para 50%. Enquanto isso, o nmero de estabelecimentos com
computadores ligados rede local permaneceu o mesmo (45%) em ambas pesquisas.
A pesquisa realizada em 1997 tambm levantou os ganhos que a informtica trouxe
para a empresa, sendo fortemente citados pelos entrevistados a otimizao do tempo (73%); a
racionalizao das tarefas (58%); a melhoria do nvel das informaes (58%); a agilidade na
tomada de decises (55%); a reduo de custos (53%); a melhoria da comunicao (42%).
importante ressaltar que a questo admitia mais de uma resposta.
Verificando o cenrio da informatizao nas pequenas empresas, em nvel de Brasil,
percebe-se que houve uma crescente incorporao de TI neste segmento. Esse crescimento
leva a supor que o segmento tambm enfrenta problemas que precisam ser gerenciados, uma
vez que a adoo da TI gera mudanas dentro do ambiente organizacional.
Para a efetiva gesto da TI fundamental que seja feita uma anlise dos custos, dos
benefcios mensurveis e no mensurveis, dos resultados esperados, da realidade econmica,
14
financeira e poltico-social da empresa, alm das questes sociopolticas do ambiente
organizacional que podem aflorar decorrentes do impacto da TI implantada. A avaliao de
todos esses aspectos deve ter como foco principal a adequao da TI necessidade da
empresa (Rezende e Abreu, 2000).
Desse modo, os gerentes devem estar atentos aos problemas que podero enfrentar e
que dificilmente estaro aptos a resolv-los todos. Assim, necessrio que eles sejam capazes
de entender, planejar e controlar o impacto da mudana da TI na sua organizao.
Antecipando e planejando, eles podem evitar projetos atrasados e gastos excessivos
(Benamati e Lederer, 1998b).
2.4 Impacto da TI nas Organizaes
O ambiente dinmico de uma organizao torna seu gerenciamento difcil. Isto
especialmente verdadeiro quando nos referimos a departamentos de SI. De acordo com
Lederer e Mendelow (1990), o efetivo gerenciamento de SI requer um entendimento da
diversidade de influncias ambientais, dos problemas tpicos que estas influncias criam para
os administradores de SI e da maneira como eles gerenciam o confrontamento com estes
problemas.
Esse ambiente organizacional pode ser definido como fatores fsicos e sociais que
esto fora dos limites da organizao, mas tambm so relevantes para o seu sucesso
(Duncan, apud Lederer e Mendelow, 1990). Deve haver um adequado equilbrio de
conhecimento entre esses fatores ambientais externos e internos organizao, uma vez que
qualquer alterao nos elementos deste ambiente poder refletir na organizao (Oliveira,
1999).
Segundo Lederer e Mendelow (1990), o ambiente pode ser visto por duas
perspectivas: a perspectiva determinstica, que considera organizaes como entidades
reativas, na emergncia de mudanas ambientais e problemas que isto causa; e, pela
perspectiva independente, que v o ambiente como um todo que interage regularmente, sendo
que algumas organizaes adotam polticas proativas, para tentar modific-lo.
15
Uma teoria de impacto ambiental props que mudanas em dimenses do ambiente,
tais como as novas TI, causam problemas para organizaes, as quais aplicam mecanismos de
confrontamento para aliviar os problemas (Lederer e Mendelow, 1990). A teoria foi baseada
em teorias organizacionais2 e entrevistas estruturadas com 20 executivos de SI, e elucidou o
relacionamento entre influncias ambientais, problemas tpicos que estas influncias criam
para os administradores de SI e mecanismos que eles aplicam para atenuar os problemas.
Foram identificados como fatores ambientais problemticos, novas tecnologias,
regulamentaes do governo, concorrentes, clientes e usurios finais (Lederer e Mendelow,
1990).
A Figura 1, na seqncia, apresenta o desenho do modelo terico. Neste desenho,
apresentam-se as dimenses do ambiente que causam categorias de problemas, demonstradas
pela seta A; estes problemas, por sua vez, criam a necessidade de mecanismos de
confrontamento, representados pela seta B, que a reao do departamento de SI; estes
mecanismos de confrontamento tambm amenizam problemas, conforme seta C
(organizaes vistas como entidades reativas), ou tentam modificar o ambiente para reduzir os
problemas, de acordo a com seta D (organizaes vistas como entidades proativas) (Lederer e
Mendelow, 1990).
2 Os pesquisadores Lederer e Mendelow estudaram principalmente as teorias dos autores: Dill, 1958; Emery e Trist, 1965; Katz e Kahn, 1966; Kotter, 1979; Pfeffer, 1982; Porter, 1980; Thompson,1967. Para tais referncias, consultar Lederer e Mendelow (1990).
16
A
A
D B C
Figura 1: O ambiente e o gerenciamento do SI
FONTE: Lederer e Mendelow, 1990, p. 209
Segundo Bio (1996), possvel interpretar qualquer processo de mudana quanto ao
seu impacto no todo. Para o autor, a introduo de novas TI na organizao no vista apenas
como uma questo de instalao fsica e de programao, mas tambm de reflexos, inclusive
negativos, que podem ocorrer nos subsistemas afetados pelo processo de mudana. No
entanto, a necessidade de resposta s presses do ambiente externo conflita com a tendncia
de perpetuao das estruturas organizacionais, dos mtodos produtivos e dos critrios e
procedimentos administrativos (Bio, 1996, p. 23)
A implementao de um SI provoca um poderoso impacto ambiental e organizacional.
Alm de fatores tcnicos, fatores gerenciais e administrativos podem ser afetados e influenciar
positiva ou negativamente no sucesso ou fracasso do novo SI (Laudon e Laudon, 2000).
DIMENSES DO AMBIENTE Inter-organizacional Tecnologia Governo Concorrentes Clientes Intra-organizacional Usurios
CATEGORIAS DE PROBLEMAS Reestabelecimento de
prioridades Comprar ou esperar Mania tecnolgica Incompatibilidade Expectativas irreais Sistemas mal elaborados
CATEGORIAS DE MECANISMOS DE CONFRONTAMENTO (AES)
Externas ao departamento de SI: Internas ao departamento de SI: Transferir o problema Projeto de sistema Relaes pblicas Polticas administrativas Observar fornecedores Observar fornecedores Ao poltica Muddle through (deixar que as coisas aconteam por si,
que os problemas se resolvam com o tempo)
17
De acordo com Bio (1996), um novo sistema, embora possa ter-se apoiado em
conceitos, metodologias e tcnicas adequadas, acaba representando muito mais do que uma
mudana meramente tcnica, pois no trata de mudar apenas a estrutura tcnica das tarefas,
mas tambm afeta as pessoas que realizam a tarefa. Dessa forma, a concretizao da mudana
resulta da convivncia entre a intensidade da mudana nas variveis tcnicas e a intensidade
percebida de mudanas nas variveis humanas.
As organizaes tm o potencial de mudar seus ambientes atravs do uso de
mecanismos de confrontamento, a fim de reduzir os problemas ou tentar mudar o ambiente
para diminuir seus efeitos (Benamati, Lederer e Singh, 1997). Esses mecanismos vo ser
escolhidos de acordo com a natureza do ambiente. Alguns autores tm sugerido que
organizaes prosperam ou falham devido a mudanas gerenciais baseadas nas percepes e
interpretaes do ambiente (Child, Hambrick e Masonm, apud Lederer e Mendelow, 1990).
Bio (1996) refora esta afirmao quando diz que a habilidade em obter resultados positivos
das mudanas cada vez mais um fator crtico e precisa ser desenvolvida por toda e qualquer
empresa que pretenda sobreviver e crescer.
2.4.1 Nveis de impacto da TI
Para Fernandes e Alves (1992), o impacto da TI na organizao pode ser visualizado
em quatro nveis:
a) Impacto em nvel de indstria: a TI pode alterar, significativamente, a natureza da indstria, impactando nos produtos/servios, mercado e formas de produo.
b) Impacto em nvel de empresa: a TI pode apoiar, para fazer frente s foras competitivas de um negcio, criando ou eliminando barreiras de entrada, mudando o relacionamento
com fornecedores e compradores, eliminando as ameaas de produtos/servios substitutos
e assim sucessivamente.
De acordo com Porter (1986), toda empresa est inserida num ambiente composto por
um conjunto de foras competitivas que determinam o seu nvel de retorno ou rentabilidade,
sendo que a intensidade dessas foras varia de negcio para negcio. As principais foras
competitivas de um negcio so:
18
Ameaa de novos entrantes no mercado
Poder de barganha dos fornecedores
Poder de barganha dos compradores
Ameaa de produtos ou servios substitutos
Rivalidade entre os concorrentes
c) Impacto em nvel de estratgias: a TI pode impactar tanto as estratgias de crescimento como as estratgias competitivas, visando refor-las, ou permitindo que as empresas
criem e implementem essas estratgias.
De acordo com Kotler (1994), as estratgias de crescimento se constituem em:
Estratgias de crescimento intensivo: penetrao de mercado, desenvolvimento de produto, desenvolvimento de mercado e diversificao.
Estratgias de crescimento integrativo: integrao vertical e integrao horizontal.
Estratgias de crescimento conglomerativo: desenvolvimento financeiro, desenvolvimento de habilidades e desenvolvimento de estabilidade.
De acordo com Porter (1986), as estratgias competitivas consistem em:
Liderana em custo
Diferenciao
Enfoque
d) Impacto em nvel de operaes/produtos: a TI impacta fortemente as operaes de marketing e produo da empresa, bem como seus produtos.
A implementao de uma inovao pode criar mudanas no comportamento, na
estrutura da empresa, nos sistemas gerenciais, nas tcnicas e no domnio de processos
adotados pela empresa. Todavia, a reao das empresas aos desgios e obstculos tem-se
mostrado das mais variadas: algumas se antecipando a mudana, outras se fechando. As
19
empresas que esto mudando tm usado a tecnologia como um instrumento para a obteno
de competitividade no desenvolvimento de novos produtos e servios, para forjar novos
relacionamentos com os fornecedores, tornando-se empresas de ponta em relao a seus
competidores, ou para mudar radicalmente suas operaes internas ou estrutura. E o elenco de
medidas destinado a instalar esse cenrio voltado produtividade e qualidade deve ser
elencado como um processo estratgico (Rezende e Abreu, 2000).
2.4.2 Problemas e aes decorrentes da adoo de novas TI
Um estudo dos pesquisadores Benamati, Lederer e Singh (1997} revisou a teoria de
impacto ambiental, focando exclusivamente mudanas na TI .
Uma amostra, resultado de uma observao dos efeitos da TI e a resposta a estes
efeitos, de 16 profissionais de TI de diversas organizaes, sugeriu problemas e aes comuns
nas empresas. De acordo com Benamati, Lederer e Singh (1997), atravs da anlise da
descrio de 142 problemas vivenciados pelos profissionais e das aes tomadas por eles na
sua resoluo, foram definidas 11 categorias de problemas, bem como 11 categorias de aes
ao serem adotadas as novas TI.
O quadro 1, apresentado na seqncia, demonstra as categorias de problemas com uma
breve descrio de cada uma delas.
20
Quadro 1: Definio de categorias de problemas decorrentes da adoo de novas TI
CATEGORIAS DE PROBLEMAS DESCRIO
1. Nova Integrao Incompatibilidade ou necessidade de interfaces entre mltiplas TI.
2. Sobrecarga do Suporte Falta de pessoal especializado externo ou de estrutura da organizao de SI para controlar ou gerenciar novas TI com propriedade.
3. Demandas de Treinamento Curvas de aprendizagem longas, produtividade diminuda e dificuldade de manter pessoal com experincia na nova TI.
4. Resistncia Desacordo em relao ao uso ou relutncia em aceitar novas TI.
5. Dilemas de Aquisio Dificuldade em manter-se informado ou em escolher novas TI.
6. Falsa Promessa do Fornecedor (Vendor Oversell)
Marketing prematuro ou colocao de expectativas irreais pelos fornecedores de TI.
7. Necessidades em Cascata Necessidades no previstas ou dependncia na nova TI.
8. Negligncia do Fornecedor Insuficiente experincia, conhecimento ou habilidade para determinar problemas dos fornecedores de TI.
9. Desempenho Pobre Desempenho falho de uma nova TI em atingir suas expectativas.
10. Falhas Inexplicveis Fracasso sem explicao da nova TI.
11. Erros Documentao inadequada ou falhas na nova TI.
FONTE: Benamati, Lederer e Singh, 1997
A seguir apresentam-se as categorias de aes, com uma breve descrio do que
representa cada uma delas.
21
Quadro 2: Definio das categorias de aes adotadas para resoluo de problemas
decorrentes da adoo de novas TI
CATEGORIAS DE AES DESCRIO
1. Consultores e Outros Usurios
Comprometer profissionais externos de SI para ajudar a planejar, implementar, solucionar problemas ou providenciar apoio contnuo para a nova TI.
2. Educao e Treinamento Manter-se informado sobre novas TI disponveis e instruir, orientar o uso da nova TI.
3. Suporte de Fornecedor Confiar nos fornecedores de TI para determinao e resoluo de problemas, customizao, interfaces e intensificao funcional para nova TI.
4. Novos Procedimentos Desenvolver processos para a avaliao, aquisio e implementao da nova TI.
5. Staffing Responder s mudanas com novas decises de staffing: mudar prticas de contratao e estruturas de pessoal.
6. Atraso Atrasar a aquisio de nova TI.
7. Inao Abster-se de tomar qualquer deciso ou de agir motivado pela insuficincia de recursos ou pela ausncia de problemas graves.
8. Suporte Interno Resolver os problemas internamente.
9. Persuaso Persuadir fornecedores a resolver problemas e convencer pessoal de TI e usurios a aceitar a nova TI.
10. Tecnologia Adicional Adquirir nova TI para resolver problemas causados por uma j existente.
11. Tolerncia Ignorar ou ficar em volta dos problemas e aprender a nova TI sem educao formal.
FONTE: Benamati, Lederer e Singh, 1997
Aps revisada a teoria de impacto ambiental, com aprofundamento em problemas e
aes decorrentes das mudanas em TI, possvel apresentar um novo desenho do modelo
terico, como mostra a Figura 2.
A figura representa, com a seta A, as categorias de problemas que podem ser causadas
pelo impacto da TI na organizao. Essas categorias de problemas motivam as aes (seta B)
para a reduo dos problemas (seta C). A seta D, representa a reduo dos problemas atravs
de alteraes no ambiente de TI. Por outro lado, a seta E ilustra que as aes podero criar
22
novos problemas para o SI. A seta F, por sua vez, indica que os problemas tambm podero
criar outros problemas.
A D
F
B
C
E
Figura 2: Teoria de impacto ambiental
FONTE: Adaptado de Benamati, Lederer e Singh, 1997, p. 287
Convm ressaltar que na pesquisa americana no foram evidenciadas aes especficas
para determinados problemas, no havendo relao direta de determinada categoria de aes
com determinada categoria de problemas.
Abordada uma reviso bibliogrfica dos temas da pesquisa, parte-se para a
contextualizao da aplicao a fim de situar a pesquisa em seu mbito de abrangncia.
DIMENSES
DO AMBIENTE
Tecnologia de Informao
AES
Consultores e outros usurios Educao e treinamento Suporte de fornecedor Novos procedimentos Staffing Atraso Inao Suporte interno Persuaso Tecnologia adicional Tolerncia
PROBLEMAS
Nova integrao Sobrecarga de suporte Demandas de Treinamento Resistncia Dilemas de Aquisio Falsa promessa do fornecedor Necessidades em cascata Negligncia do fornecedor Desempenho pobre Falhas inexplicveis Erros
23
Captulo 3 CONTEXTO DE APLICAO: AS INDSTRIAS DE
PEQUENO PORTE DO VALE DO TAQUARI/RS
Inicialmente importante definir o que se entende por micro e pequena empresa, uma
vez que ela pode ser vista sob dois aspectos: classificao de porte, segundo o nmero de
funcionrios, ou de acordo com o faturamento bruto anual.
O quadro 3 apresenta a classificao das empresas segundo o nmero de funcionrios.
Cabe salientar que este foi o critrio adotado para este estudo.
Quadro 3: Classificao das empresas quanto ao porte segundo o nmero de empregados
PORTE EMPREGADOS
Microempresa No comrcio e servios, at 09 empregados. Na indstria, at 19 empregados.
Pequena Empresa No comrcio e servios, de 10 a 49 empregados. Na indstria, de 20 a 99 empregados.
Mdia Empresa No comrcio e servios, de 50 a 249 empregados. Na indstria, de 100 a 499 empregados.
Grande Empresa No comrcio e servios, 250 empregados ou mais. Na indstria, 500 empregados ou mais.
FONTE: SEBRAE/RS, 2000a
O quadro 4, a seguir, apresenta a classificao de empresas segundo o faturamento
bruto anual, conforme estabelece o estatuto da micro e pequena empresa.
24
Quadro 4: Classificao das empresas quanto ao porte segundo o faturamento
PORTE FATURAMENTO BRUTO ANUAL Microempresa At R$ 244.000,00 Pequena Empresa Entre R$ 244.000,00 e R$ 1.200.000,00
FONTE: Lei Federal n. 9.841, de 05/10/99 Estatuto da Micro e Pequena Empresa
Tendo apresentado esta definio inicial, traa-se, na seqncia, um panorama da
micro e pequena empresa no Brasil, considerando a representatividade e importncia deste
segmento empresarial, para, em seguida, situ-la na regio do estudo.
3.1 Contexto Nacional da Pequena Empresa
Segundo dados do IBGE, existem no Brasil, cerca de 3,5 milhes de empresas, das
quais 98% so microempresas e empresas de pequeno porte. As atividades tpicas de micro e
pequenas empresas mantm cerca de 35 milhes de pessoas ocupadas em todo o pas, o
equivalente a 59% da mo-de-obra ocupada no Brasil. Incluem-se, neste clculo, empregados
nas micro e pequenas empresas (MPEs), empresrios de micro e pequenas empresas e os
conta prpria (indivduos que possuem seu prprio negcio, mas no tm empregados). O
nmero de MPEs industriais exportadoras se aproxima de 4.000 empresas, que exportam,
anualmente, cerca de U$ 800 milhes (SEBRAE/SP, 2000). Na tabela 1, possvel visualizar
uma sntese desses dados:
Tabela 1: Participao das MPEs na economia brasileira
VARIVEL AS MPEs NO BRASIL
Nmero de empresas 98%
Pessoal ocupado 59%
Faturamento 28%
Participao no PIB 20%
Nmero de empresas exportadoras 29%
Valor das exportaes 1,7%
FONTE: SEBRAE/SP, 2000
25
Alguns dados3 mais especficos permitem visualizar a participao da micro e pequena
empresa no Brasil em relao distribuio das empresas segundo segmento e porte,
conforme apresentado na tabela 2.
Tabela 2: Distribuio das empresas industriais, comerciais e de servios, segundo porte e
setor, no Brasil
NMERO DE EMPRESAS NO BRASIL
SETOR COMPOSIO ME PE MDE GE Total
Indstria 17% 85,26% 11,11% 2,96% 0,67% 100%
Comrcio 56% 93,16% 6,04% 0,48% 0,32% 100%
Servio 27% 87,18% 10,25% 1,24% 1,33% 100%
TOTAL 100% 90,17% 8,06% 1,12% 0,65% 100%
FONTE: SEBRAE, 1998, p. 67
A tabela 3 apresenta a distribuio do pessoal ocupado, segundo porte e setor, no
Brasil.
Tabela 3: Distribuio do pessoal ocupado, segundo o porte da empresa por setor, no Brasil
PESSOAL OCUPADO NO BRASIL
SETOR COMPOSIO ME PE MDE GE Total
Indstria 43,80% 14,87% 18,56% 24,80% 41,77% 100%
Comrcio 25,81% 44,17% 23,88% 7,25% 24,70% 100%
Servio 30,39% 18,89% 17,96% 7,73% 55,42% 100%
TOTAL 100% 23,66% 19,75% 15,08% 41,51% 100%
FONTE: SEBRAE, 1998, p. 67
3 Todos os quadros apresentando dados estatsticos referem-se classificao do porte da empresa segundo o nmero de funcionrios.
26
Na tabela 4, possvel identificar a distribuio da receita, segundo porte e setor
empresarial, no Brasil.
Tabela 4: Distribuio da receita/valor bruto da produo industrial, segundo o porte da
empresa por setor, no Brasil
RECEITA / VALOR BRUTO DA PRODUO INDUSTRIAL DO BRASIL
SETOR COMPOSIO ME PE MDE GE Total
Indstria 51,18% 6,94% 10,30% 21,67% 61,09% 100%
Comrcio 32,70% 23,04% 22,30% 9,53% 45,13% 100%
Servio 16,12% 14,34% 14,06% 7,46% 64,14% 100%
TOTAL 100% 13,40% 14,82% 15,41% 56,37% 100%
FONTE: SEBRAE, 1998, p. 68
Aps ter-se um panorama nacional da micro e pequena empresa, parte-se para a
contextualizao local da pesquisa, na regio do Vale do Taquari.
3.2 Contexto Regional da Pequena Empresa
Localizado na regio central do Rio Grande do Sul, o Vale do Taquari destaca-se no
contexto estadual e nacional, por suas potencialidades e sua representatividade poltico-
econmica. Com uma rea geogrfica de 5.717,04 km e uma populao estimada em 305.000
habitantes, a regio representa 3,2% da populao do Estado. Contribui com 3,71% do PIB
estadual, apresentando uma renda percpita de U$ 5.989,88, um pouco superior mdia
estadual, e 50% superior mdia do pas (UNIVATES, 2000).
Formado por 40 municpios, o Vale do Taquari concentra sua economia no setor
primrio. Por outro lado, conta com um setor de comrcio bem definido e alguns setores da
indstria bem estruturados. Destacam-se os setores de alimentao, calados, pedras, mveis e
esquadrias.
27
Traando um perfil da regio, 99,22% das empresas do Vale do Taquari so micro e
pequenas empresas. Do total de empresas da regio, 6,93% so EPP, empresas de pequeno
porte ou pequenas empresas, responsveis pela ocupao de 29,87% (20.743 pessoas) da mo-
de-obra ocupada pelas empresas na regio. Este dado significativo comprova a sua
importncia social no desenvolvimento regional. Na tabela 5 possvel visualizar estes dados.
Tabela 5: Nmero de empresas do Vale do Taquari por nmero de empregados
PORTE CATEGORIA DE PESSOAS OCUPADAS N. DE
EMPRESASEMPRESAS POR PORTE
PESSOAS OCUPADAS
PESSOAS POR PORTE
1 a 4 pessoas ocupadas 9.213 15.718 ME - MICRO EMPRESA 5 a 9 pessoas ocupadas 1.033
10.246 6.708
22.426
10 a 19 pessoas ocupadas 410 5.474 20 a 29 pessoas ocupadas 140 3.312 30 a 49 pessoas ocupadas 102 3.837
PE - PEQUENA EMPRESA
50 a 99 pessoas ocupadas 117
769
8.120
20.743
100 a 249 pessoas ocupadas 58 8.973 MDE - MDIA EMPRESA 250 a 499 pessoas ocupadas 15
73 4.920
13.893
500 a 999 pessoas ocupadas 9 6.367 GE - GRANDE EPRESA 1000 ou mais pessoas ocupadas 5
14 6.019
12.386
TOTAL 11.102 69.448
FONTE: SEBRAE/RS, 2000b
As linhas hachuradas correspondem s pequenas empresas, foco deste estudo,
totalizando, um nmero aproximado de 770 pequenas empresas na regio. Aproximado,
uma vez que os dados obtidos no permitem diferenciar a quantidade de empresas por setor
(indstria, comrcio e servio) e, como j foi mencionado anteriormente, a pequena empresa
industrial aquela que tem de 20 a 99 funcionrios, enquanto a pequena empresa comercial e
de servios possui de 10 a 49 funcionrios. Dessa forma, fica impossvel precisar se as
empresas de 10 a 19 funcionrios so apenas pequenas ou se existe entre elas alguma indstria
de porte micro. Fica tambm, impossvel verificar se existe alguma mdia empresa comercial
ou de servios entre as empresas de 50 a 99 funcionrios.
28
Atravs da anlise de alguns dados gerais do Vale do Taquari, que projetam a
participao de cada municpio na gerao do PIB regional, foi possvel identificar os 06
municpios mais representativos para a regio, tanto em nmero de empresas, como na
gerao do PIB, uma vez que so responsveis por mais de 60% do PIB regional. Os referidos
municpios so: Lajeado, Estrela, Teutnia, Arroio do Meio, Taquari e Encantado. Por isso,
optou-se por utilizar como base para este estudo indstrias de pequeno porte destes
municpios, constantes no Cadastro Empresarial RS, do SEBRAE/RS.
A seguir, apresenta-se a tabela 6, com dados destes 06 municpios, entre eles PIB,
nmero de empresas por porte (segundo dados do IBGE) e nmero de indstrias de pequeno
porte constantes no Cadastro Empresarial RS. No anexo A, possvel visualizar dados do PIB
e empresas de todos os municpios da regio.
Tabela 6: Principais municpios do Vale do Taquari, segundo participao na gerao do PIB
MUNICPIO
INDICADOR LAJE
AD
O
ESTR
ELA
TEU
TN
IA
AR
RO
IO D
O
MEI
O
TAQ
UA
RI
ENC
AN
TAD
O
PIB Municipal 1998 em U$ milhes 420,75 199,95 197,49 159,35 149,26 140,48
Participao no PIB regional 21,38% 10,16% 10,04% 8,10% 7,59% 7,14%
Participao do PIB industrial no total do PIB do municpio 53,96% 55,23% 74,27% 70,91% 61,47% 62,08%
Nmero de empresas de pequeno porte (ind., com., serv.) - IBGE 276 118 58 42 59 45
Nmero de indstrias de pequeno porte - Cadastro Empresarial 36 16 07 06 04 09
FONTE: SEBRAE/RS 2000a e SEBRAE/RS 2000b
Conforme a tabela acima, nos 06 municpios existem aproximadamente 600 pequenas
empresas dos segmentos indstria, comrcio e servios, de acordo com dados do IBGE. No
foi possvel definir este nmero por segmento empresarial, a fim de detectar quantas das 600
29
pequenas empresas so indstrias. Contudo, ao pesquisar o Cadastro Empresarial do
SEBRAE/RS, foram localizadas 78 indstrias de pequeno porte situadas nos referidos
municpios, as quais sero utilizadas para compor a amostra. Na tabela a seguir, possvel
visualizar estes dados.
Tabela 7: Nmero de pequenas indstrias do Cadastro Empresarial RS, categorizadas por
nmero de funcionrios e municpio
MUNICPIO N. FUNCIONRIOS
LAJEADO ESTRELA TEUTNIA ARROIO MEIO TAQUARI ENCANTADO
20 a 39 funcionrios 22 8 3 3 1 4 40 a 59 funcionrios 5 4 1 0 0 1 60 a 79 funcionrios 4 4 2 1 2 4 80 a 99 funcionrios 5 0 1 2 1 0
TOTAL 36 16 7 6 4 9
FONTE: SEBRAE/RS, 2000a
Sendo assim, os dados da tabela acima serviram de base para a realizao desta
pesquisa, que teve como seu foco indstrias de pequeno porte localizadas no Vale do Taquari,
constantes no Cadastro Empresarial RS 2000, do SEBRAE/RS.
Na seqncia, o prximo captulo apresenta a metodologia de pesquisa.
30
Captulo 4 METODOLOGIA DE PESQUISA
O mtodo de pesquisa adotado para o presente estudo foi a pesquisa survey. Segundo
Pinsonneault e Kraemer (1993), a pesquisa survey pode ser definida como a obteno de
dados ou informaes sobre caractersticas, aes ou opinies de um determinado grupo de
pessoas, indicado como representante de uma populao alvo, por meio de um instrumento,
normalmente um questionrio.
Uma vez que se buscou produzir descries quantitativas sobre o perfil da TI, bem
como a incidncia de problemas e aes nas pequenas empresas, a pesquisa considerada
descritiva. Gil (1994) esclarece que a pesquisa descritiva tem como objetivo primordial a
descrio das caractersticas de determinada populao ou fenmeno ou o estabelecimento de
relaes entre variveis.
O mesmo autor ressalta, ainda, que uma das caractersticas mais significativas da
pesquisa descritiva est na utilizao de tcnicas padronizadas de coleta de dados, o que foi
perfeitamente respeitado, uma vez que a coleta de dados foi efetuada com a utilizao de
instrumento originrio de uma pesquisa americana (Benamati, Lederer e Sigh, 1997),
adaptado realidade brasileira, testado e validado.
A coleta de dados foi realizada entre os meses de setembro/2000 e maro/2001. Como
no h inteno de avaliar suas variaes com o decorrer do tempo, a pesquisa caracterizada
como de corte transversal (cross-sectional) (Sampieri et al., apud Freitas et al., 2000).
A pesquisa apresentou etapas seqenciais e definidas, que se iniciaram com a
definio do tema a ser trabalhado e seguiram at os resultados finais. A seguir, apresenta-se o
desenho da pesquisa, no qual pode-se identificar a seqncia das etapas desenvolvidas no
estudo:
31
Figura 3: Desenho de Pesquisa
Cabe ressaltar que algumas etapas como a traduo e adaptao do instrumento de
pesquisa e a testagem e validao do instrumento adaptado foram realizadas pelo grupo de
pesquisadores (03 mestrandos e 01 orientador) (Rech, 2000).
4.1 Instrumento de Pesquisa
O instrumento utilizado na pesquisa originrio de um estudo americano realizado
pelos pesquisadores Benamati, Lederer e Singh (1997), tendo sido testado e validado por eles
para aplicao em empresas americanas. Em funo de uma parceria firmada em 1998, com o
objetivo de realizar estudos no Brasil, deu-se incio a um processo de adaptao do
instrumento para o contexto brasileiro.
O trabalho iniciou com a traduo do instrumento do idioma ingls para o portugus,
efetuada por um professor de ingls com 15 anos de experincia tanto com aulas, como com
tradues e verses. Aps a traduo literal, alguns enunciados no ficaram claros, o que
exigiu uma adaptao dos mesmos, para a certeza de um bom entendimento pelo respondente
do que se est desejando pesquisar. Esta adaptao foi feita por um pesquisador da rea que
Definio do tema Justificativa Objetivos
Traduo e adaptao do instrumento
Testagem e valida-o do instrumento
adaptado
Definio da amostra Aplicao do instrumento - coleta de dados
Anlise e interpretao
dos dados
Elaborao do documento final e resultados:
* Perfil da TI utilizada pelas EPP * Ocorrncia de problemas e aes, e grau de sucesso
Constante reviso bibliogrfica durante o processo
32
estudou ingls e morou nos EUA pelo perodo de um ano. Ainda assim, alguns termos e frases
geravam dvidas com relao a seu significado. Aps inmeras reunies e discusses entre os
membros do projeto, encaminhou-se uma relao de dvidas que foram discutidas com os
pesquisadores americanos via e-mail (Rech, 2000).
Decidiu-se acrescentar ao instrumento um novo bloco de questes para identificao
do questionrio, que foi criado a partir de experincias dos pesquisadores envolvidos e com
base na literatura. O novo bloco foi denominado de questes de identificao. Foram,
tambm, agregadas no questionrio, novas questes s j existentes, relativas identificao
da organizao, do respondente, da tecnologia, com base em outros instrumentos j validados
na literatura e em pesquisas empricas. Grande parte das questes relativas TI, por exemplo,
tiveram como base um instrumento elaborado por uma equipe de pesquisadores do Centro de
Informtica Aplicada da Escola de Administrao de Empresas da FGV de So Paulo, o qual
est disponvel no site www.fgvsp/br/cia/pesquisa (Rech, 2000).
Aps as devidas adaptaes, deu-se incio validao do instrumento, que constou,
num primeiro momento, de reviso de literatura e reunies para discusso entre os
pesquisadores do projeto e, posteriormente, de um pr-teste. Para Lakatos e Marconi (1996, p.
227), o pr-teste tem como uma das principais funes, testar o instrumento de coleta de
dados. Atravs dele devem ser percebidas ...as reaes do entrevistado, sua dificuldade de
entendimento, sua tendncia para esquivar-se de questes polmicas ou delicadas, seu
embarao com questes pessoais, etc.. O pr-teste, segundo os mesmos autores, verificar,
ainda, a ambigidade ou no das questes, perguntas suprfluas, adequao da ordem das
questes, o nmero suficiente de questes ou necessidade de complement-las.
O questionrio deve apresentar trs elementos de suma importncia, cuja existncia
poder ou no evidenciar fidedignidade, validade e operatividade (Lakatos e Marconi, 1996).
A realizao do pr-teste teve incio com profissionais da rea: um profissional da rea
de TI, que sugeriu a adio de novas questes, principalmente sobre internet e comrcio
eletrnico; um estudante com formao em cincias da computao, que sugeriu novas
questes sobre o perfil da TI. Num segundo momento, realizou-se um pr-teste com empresas
com o perfil da amostra que se queria atingir. Os trs pesquisadores realizaram o pr-teste em
duas empresas cada um: uma aplicao, atravs de envio do questionrio pelo correio e outra,
33
por entrevista pessoal. Ambas sugeriram melhorias nos questionrios, relativas ao
entendimento e alterao da seqncia de algumas questes. As sugestes foram acolhidas.
Quanto estratgia de aplicao do instrumento, segundo Lakatos e Marconi (1996, p.
198), uma das vantagens da entrevista que h maior flexibilidade, podendo o entrevistado
repetir ou esclarecer perguntas, formular de maneira diferente; especificar algum significado,
como garantia de estar sendo compreendido. Os autores tambm citam algumas limitaes
da entrevista, entre elas, a possibilidade de o entrevistado ser influenciado pelo entrevistador,
o grande dispndio de tempo e a dificuldade de ser realizada a entrevista.
O pr-teste com empresas do perfil da amostra tambm apresentou vantagens e
limitaes com relao efetivao da coleta de dados por entrevista ou via correio. Segundo
os dados, a entrevista seria uma maneira mais eficaz para a aplicao da pesquisa,
principalmente em funo da extenso e complexidade do instrumento.
Tambm realizou-se um pr-teste com um grupo maior de entrevistados, alunos do
mestrado interinstitucional da UFRGS, que tambm sugeriram algumas alteraes. Todas as
etapas de testagem foram analisadas e discutidas pelo grupo de pesquisa, at o momento final,
quando considerou-se validado o instrumento.
importante ressaltar que, segundo os estudos dos pesquisadores americanos
(Benamati e Lederer, 1998a; Benamati e Lederer, 1998b), as variveis e itens originalmente
elencados, ou seja, 39 problemas e 34 aes especficas, divididos em 11 categorias cada,
foram submetidos a testes para validao, e no final dos testes foram indicadas 9 categorias de
problemas (com 28 questes) e 5 categorias de aes (com 24 questes). Entretanto, o grupo
de pesquisa brasileiro decidiu adotar o instrumento original para a aplicao (Rech, 2000).
Na seqncia, apresenta-se o quadro 5, com o objetivo de especificar um pouco
melhor a composio do instrumento de pesquisa. Nele est descrita toda a estrutura do
questionrio, com os grupos de variveis e seus significados, a quantidade e exemplo das
questes. No anexo B, apresenta-se o instrumento de pesquisa completo.
21
Quadro 5: Conjunto de variveis do instrumento de pesquisa e seus itens adaptados
GRUPO DE VARIVEIS O QUE SE PRETENDE INVESTIGAR QUANTIDADE DE QUESTES EXEMPLOS DE QUESTES
Identificao do questionrio Para se ter um controle da aplicao. 11
1) nmero do questionrio 2) data da entrevista
Identificao do respondente Perfil do profissional responsvel pelo gerenciamento dos SI. 9 1) sexo 2) idade 3) h quantos anos trabalha em SI
Identificao da organizao Identificao bsica das organizaes. 10 1) ramo de atividade 2) nmero de funcionrios 3) faturamento bruto anual
Identificao da TI em uso (incluindo mudanas na TI da empresa)
Noo sobre o estgio de uso da TI (ou o tipo de TI utilizada) e noo geral sobre o uso da TI de 3 anos atrs e a expectativa para daqui a 3 anos.
31
1) oramento anual de SI 2) quantos funcionrios tm acesso ao e-mail e
Internet 3) n. total de microcomputadores
Problemas gerais relativos a estas mudanas em TI
Levantamento de problemas atribuveis s novas TI de 3 anos atrs e a expectativa de problemas para daqui a 3 anos.
5 1) em que intensidade o SI da sua organizao
enfrentou problemas inesperados atribuveis s novas TI adotadas?
Problemas especficos Intensidade de um conjunto especfico de problemas atribuveis adoo de novas TI. 43 + 4 abertas 1) apoio insuficiente de um fornecedor de TI 2) alto custo de novas TI
Aes especficas Intensidade de um conjunto especfico de aes tomadas em decorrncia destes problemas e o sucesso de cada uma delas.
38 + 4 abertas (ao e uso ) 38 (sucesso
da ao)
1) atrasar a aquisio de novas TI 2) coordenar a comunicao entre mltiplos
fornecedores 3) ignorar os problemas
Aes gerais e seu sucesso para solucionar os problemas
Levantamento de aes para reduzir trabalhos, atrasos e problemas inesperados atribuveis s novas TI e o sucesso destas aes.
6 1) em geral o quo bem sucedidas foram as aes
tomadas para reduzir trabalho inesperado atribuvel s novas TI?
TOTAL DE QUESTES 199
FONTE: Rech, 2000, p. 22
35
Em relao s categorias de problemas especficos, o quadro 6 apresenta a quantidade
e o nmero de questes por categoria de problema.
Quadro 6: Categorias de problemas e nmero de questes
NOME DA CATEGORIA N. DE ITENS N DAS QUESTES 1. Demandas de Treinamento 6 82, 98 , 99, 100, 101, 102 2. Falsa Promessa do Fornecedor (Vendor Oversell) 3 72 , 73, 88 3. Nova integrao 4 94, 95, 96, 97 4. Sobrecarga do Suporte 4 78, 79, 80, 81 5. Dilemas de Aquisio 3 75, 76, 77 6. Resistncia 4 83, 84, 85, 86 7. Negligncia do Fornecedor 6 67, 68, 69, 70, 71, 74 8. Necessidades em Cascata 4 89, 90, 91, 92 9. Desempenho Pobre 2 87, 93 10. Falhas Inexplicveis 1 103 11. Erros 2 104, 105 TOTAL 39 67 a 105
FONTE: Benamati e Lederer, 1998b
No quadro 7, na seqncia, pode-se verificar a quantidade de questes, bem como suas
numeraes, para cada uma das categorias de aes.
36 Quadro 7: Categorias de aes e nmero de questes
NOME DA CATEGORIA N. DE ITENS N DAS QUESTES 1. Educao e Treinamento 5 152, 154, 156, 158, 160 2. Inao 1 128 3. Suporte Interno 4 162, 164, 168, 170 4. Suporte de Fornecedor 4 116, 118, 120, 166 5. Novos Procedimentos 5 130, 132, 134, 136, 138 6. Persuaso 3 146, 148, 150 7. Tolerncia 3 122, 124, 126 8. Tecnologia Adicional 1 144 9. Consultores e Outros Usurios 5 172, 174, 176, 178, 180 10. Staffing 2 140, 142 11. Atraso 1 114 TOTAL 34 114 a 180
FONTE: Benamati e Lederer, 1998b
Alm das questes acima, foram elaboradas algumas questes abertas, a fim de
oportunizar a manifestao de problemas e aes que, eventualmente, possam ser diferentes
dos apresentados no instrumento.
4.2 Universo e Amostra da Pesquisa
A presente pesquisa definiu como seu universo (ou populao) as indstrias de
pequeno porte localizadas no Vale do Taquari, regio central do estado do RS. Alguns fatores
foram relevantes para esta escolha:
Por estar a pesquisadora atuando profissionalmente com este segmento empresarial junto ao SEBRAE/RS, na referida regio geogrfica;
Por ser a indstria o segmento de maior contribuio na gerao do PIB e valor adicionado na regio, como tambm o em nvel de RS;
Pela grande participao e conseqente importncia das micro e pequenas empresas na economia, tanto nacional como regional, onde mais de 98% das empresas brasileiras so
micro e pequenas empresas, conforme dados do SEBRAE, 1999;
37
Optou-se pela pequena empresa, em detrimen
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