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 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO FACULDADE DE MEDICINA PÓS-GRADUAÇÃO EM CLÍNICA MÉDICA SILIMARINA NA HEPATITE C: ENSAIO CLÍNICO, RANDOMIZADO, PLACEBO- CONTROLADO COM SILIMARINA E METIONINA, EM PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA, GENÓTIPO 1, EM TRATAMENTO COM INTERFERON- ΑLFA E RIBAVIRINA. VILSON DE LEMOS JÚNIOR Rio de Janeiro - Brasil 2009

Silimariina+metionina-Hepatite C

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Silimarina na hepatite c: ensaio clínico, randomizado, placebo-controlado com silimarina e metionina, em pacientes com hepatite C crônica, genótipo 1, em tratamento com interferon-α e ribavirina

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO FACULDADE DE MEDICINA

    PS-GRADUAO EM CLNICA MDICA

    SILIMARINA NA HEPATITE C: ENSAIO CLNICO, RANDOMIZADO, PLACEBO-CONTROLADO COM SILIMARINA E METIONINA, EM PACIENTES COM

    HEPATITE C CRNICA, GENTIPO 1, EM TRATAMENTO COM INTERFERON-LFA E RIBAVIRINA.

    VILSON DE LEMOS JNIOR

    Rio de Janeiro - Brasil

    2009

  • ii

    VILSON DE LEMOS JR

    SILIMARINA NA HEPATITE C: ENSAIO CLNICO, RANDOMIZADO, PLACEBO-CONTROLADO COM SILIMARINA E METIONINA, EM PACIENTES

    COM HEPATITE C CRNICA, GENTIPO 1, EM TRATAMENTO COM INTERFERON-LFA E RIBAVIRINA.

    Dissertao de Mestrado apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Clnica Mdica, Faculdade de medicina,Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessrios obteno do ttulo de Mestre em Clnica Mdica.

    Orientadores:

    Prof. Guilherme Ferreira da Motta Rezende Prof. Henrique Srgio Moraes Coelho

    Rio de Janeiro

    2009

  • iii

    Lemos Jr., Vilson. Silimarina na hepatite c: ensaio clnico, randomizado, placebo-controlado com silimarina e metionina, em pacientes com hepatite C crnica, gentipo 1, em tratamento com interferon- e ribavirina / Vilson de Lemos Jnior - Rio de Janeiro: UFRJ / Faculdade de Medicina, 2009.xiv, 66f. : il. ; 31 cm Orientadores: Guilherme Ferreira da Motta Rezende e Henrique Srgio Moraes Coelho. Dissertao (mestrado) -- UFRJ, Faculdade de Medicina, Programa de Ps-graduao em Clnica Mdica, 2009. Referncias bibliogrficas: f. 60-65. 1. Hepatite C crnica. 2. Ensaio Clnico. 3. Silimarina. 4. Metionina. 5. Interferon-alfa - uso teraputico. 6. RBV uso teraputico. 7. Clnica Mdica - Tese. I. Rezende, Guilherme Ferreira da Motta. II. Coelho, Henrique Srgio Moraes. III. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Medicina, Programa de Ps-graduao em Clnica Mdica. IV. Ttulo.

  • iv

    FOLHA DE APROVAO

    SILIMARINA NA HEPATITE C: ENSAIO CLNICO, RANDOMIZADO, PLACEBO-CONTROLADO COM SILIMARINA E METIONINA, EM PACIENTES COM HEPATITE C CRNICA, GENTIPO 1, EM TRATAMENTO COM INTERFERON-LFA

    E RIBAVIRINA.

    VILSON DE LEMOS JNIOR

    Orientadores: Prof. Guilherme Ferreira da Motta Rezende

    Prof. Henrique Srgio Moraes Coelho

    Dissertao submetida ao Corpo Docente do Curso de Ps-Graduao em Clnica Mdica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Setor de Gastroenterologia, como parte dos requisitos necessrios obteno do Grau de Mestre em Clnica

    Mdica.

    Banca examinadora

    ______________________________________________

    Profa. Vera Pannain

    _______________________________________________

    Profa. Renata de Mello Perez

    _______________________________________________

    Profo. Homero Soares Fogaa

    Rio de Janeiro

    Junho 2009

  • v

    DEDICATRIA

    AOS MEUS PAIS, VILSON E MARILUSE, MINHA ESPOSA CARLA E MEU FILHO VICTOR HUGO,

    MEUS ALICERCES

  • vi

    AGRADECIMENTOS

    Aos meus pais, Vilson e Mariluse, a quem devo minhas conquistas e que lutam at hoje

    para que os filhos tenham oportunidades que eles no tiveram.

    minha esposa, Carla, que com muito, amor, pacincia e compreenso me tolerou e

    me apoiou neste sonho realizado.

    Ao meu filho, Victor Hugo, que mesmo no entendendo a minha ausncia em vrios

    momentos da elaboraao deste estudo, foi minha maior fonte para sempre persistir.

    Aos meus orientadores, Profo. Henrique Srgio Moraes Coelho, com quem iniciei meu

    interesse em hepatologia, idealizou este estudo e at hoje meu exemplo de dedicao,

    seriedade e excelncia em medicina; e ao Profo. Guilherme Rezende, pelo seu exemplo de

    dedicao pesquisa cientfica, me ajudando a superar todas as dificuldades, no medindo

    esforos para estar ao meu lado na concluso desta tese, e com isso ampliando nossa amizade

    para um nvel quase fraternal.

    Ao Profo. Jorge Andr Segadas pelo apoio constante e pelas idias e sugestes sempre

    engrandecedoras; e s Profas. Vera Pannain e Adriana Caroli Botinno pela ateno dispensada

    na avaliao das lminas de histologia.

    Ao Profo. Luiz Gonalves Paulo (in memorian), representando o laboratrio Nikkho do

    Brasil, que viabilizou e patrocinou este estudo.

    colega de mestrado, Patricia Regina Pellegrini, pela sua determinao e seu senso de

    organizao em todas as fases deste estudo e ao Dr. Rogrio Fleury pela sua colaborao na

    elaborao da planilha de dados.

    Ao servio de farmcia, representado pelos funcionrios Mrio e Franca, que fez todo o

    trabalho de randomizao dos pacientes.

    A todos os pacientes participantes deste estudo.

  • vii

    LISTA DE FIGURAS E GRFICOS

    Figuras Pg

    1 - Evoluo da eficcia do tratamento da hepatite C crnica 21

    2 - Avaliao do efeito anti-viral 39

    3 - Avaliao do efeito anti-fibrtico 40

    Grficos

    1 - Fluxo de incluso e acompanhamento dos pacientes com hepatite C crnica

    elegveis para o estudo 45

    2 - Fluxo de acompanhamento dos pacientes NR na 24 semana de tratamento 51

  • viii

    LISTA DE TABELAS

    Tabela Pg.

    1. Manifestaes extra-hepticas 10

    2. Fatores que afetam a progresso da hepatite C crnica 14

    3. Gradao de fibrose heptica conforme as classificaes de 16

    METAVIR e Knodell-Ishak

    4. Ensaios clnicos de tratamento de hepatites virais com silimarina 25

    5. Ensaios clnicos avaliando o efeito da silimarina na hepatopatia crnica 28

    6. Ensaios clnicos avaliando o efeito da metionina na hepatopatia alcolica 32

    7. Anlise laboratorial pr-tratamento dos pacientes com hepatite C crnica elegveis para o

    estudo 46

    8. Graduao da inflamao heptica pr-tratamento, pela classificao de Ishak 47

    9. Graduao da fibrose heptica pr-tratamento, pela classificao de Ishak 48

    10. Caractersticas dos grupos de tratamento antes da interveno 49

    11. Comparao da RVS entre os grupos tratamento e placebo 50

    12. Comparao do grau de atividade inflamatria entre os grupos tratamento e placebo 51

    13. Comparao do estgio de fibrose entre grupos tratamento e placebo 52

  • ix

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    AH: cido hialurnico

    ALT: alanina aminotransferase

    ALTPR: nvel srico da alanina aminotransferase pr-tratamento

    Anti-HCV: anticorpos contra o vrus da hepatite C

    AST: aspartato aminotransferase

    BH: bipsia heptica

    BT: bilirrubina total

    CCl4: tetracloreto de carbono

    CEP: Comit de tica em Pesquisa

    CH: cirrose heptica

    CHC: hepatocarcinoma

    E1 e E2: envelopes proteicos do vrus da hepatite C

    ELISA: teste imunoenzimtico (Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay) FA: fosfatase alcalina

    FH: fibrose heptica

    FHPR: fibrose heptica pr-tratamento

    GGT: gama glutamil transpeptidase

    GGTPR: nvel srico da gama glutamil transpeptidase pr-tratamento

    HCV: vrus da hepatite C

    HCV RNA: cido ribonuclico do vrus da hepatite C

    HUCFF: Hospital Universitrio Clementino Fraga Filho

    INF: interferon

  • x

    IFN-: interferon alfa

    LSN: limite superior da normalidade

    MTN: metionina

    MSNIFH: marcador srico no invasivo de fibrose heptica

    NPLAQ: nmero de plaquetas

    NR: no respondedores ao tratamento com interferon alfa e ribavirina

    PCR: reao em cadeia da polimerase (polymerase chain reaction)

    PCR HCV-RNA: Deteco do vrus da hepatite C pelo PCR

    PEGINF: interferon peguilado

    PLAQPR: nmero de plaquetas pr-tratamento

    RBV: ribavirina

    RIBA: teste sorolgico para deteco do vrus da hepatite C (recombinant immunoblot assay)

    RNA: cido ribonuclico

    RVS: resposta virolgica sustentada ao tratamento com interferon alfa e ribavirina (sustained

    virological response)

    SAMe: S-adenosilmetionina

    SES: secretaria estadual de sade

    SLM: silimarina

    S/M: associao da silimarina com a metionina

    TAP: tempo de atividade de protrombina

    Th: clulas T helper CD4

    TMA: teste utilizando biologia molecular pela amplificao do cido nuclico

    mediada pela transcriptase reversa (transcription-mediated amplification, mtodo

    TMA), para diagnstico de hepatite C crnica

    USG: ultra-sografia abdominal

  • xi

    RESUMO

    Introduo: A taxa de resposta virolgica sustentada (RVS) obtida com o melhor tratamento atualmente disponvel para a hepatite C crnica em pacientes com gentipo 1 inferior a 50%. A silimarina tem sido descrita como uma droga capaz de reduzir a fibrose em portadores de doena heptica crnica. Um eventual benefcio da associao desta droga ao tratamento da hepatite C ainda necessita de investigao, tanto em relao taxa de RVS quanto evoluo histolgica em pacientes no respondedores. Objetivos: O objetivo desse estudo foi avaliar o efeito da associao da silimarina/metionina ao tratamento com interferon- e ribavirina nos pacientes com hepatite C crnica e gentipo 1. Mtodos: Foi realizado um ensaio clnico randomizado, duplo-cego, placebo-controlado, avaliando o efeito da associao de silimarina/metionina (840 mg/d de silimarina e 1200 mg/d de metionina) via oral com interferon- (3 milhes de UI/L, 3 X /semana) e ribavirina (RBV) (13 mg/kg/dia) por 48 semanas, em pacientes com hepatite C crnica e gentipo 1, excluindo-se pacientes com sinais de hipertenso porta ou disfuno hepatocelular. A taxa de RVS, definida como a permanncia do PCR HCV-RNA negativo na 72 semana, foi comparada entre os dois grupos de tratamento. Naqueles pacientes PCR HCV-RNA positivos no 6 ms (no respondedores), o tratamento com interferon- / RBV foi interrompido, mantendo-se silimarina/metionina ou placebo at completarem 72 semanas de acompanhamento, quando uma segunda bipsia heptica foi realizada para se avaliar o efeito sobre o grau de inflamao e o estgio de fibrose. Resultados: Foram includos inicialmente 100 pacientes, randomizados em dois grupos. Onze pacientes foram excludos antes da avaliao da resposta virolgica na 24 semana, restando 89 pacientes. Destes, 47 ( 52,8% ) eram do sexo feminino e a mdia de idade foi de 49,5 10 anos. Quarenta e dois pacientes foram randomizados no grupo tratamento (gTTO) e 47 no grupo placebo (gP), sem diferenas entre os grupos com relao ao sexo, idade, IMC e nveis pr-tratamento de ALT e gama-GT. A RVS foi de 19,1% no total de pacientes, sem diferena significativa entre os grupos (gTTO=16,7% vs gP=21,3). No total de pacientes no respondedores a melhora no grau de inflamao e do estgio de fibrose ocorreu em 53,3% e 25% respectivamente. Quando comparados os grupos de tratamento, no se observou diferenas estatisticamente significativas com relao a estas variveis (grau de inflamao: gTTO=57,1% vs gP=50%; estgio de fibrose: gTTO=22,7% vs gP=26,9%). Concluso: A associao de silimarina/metionina ao tratamento com interferon convencional/RBV em pacientes com hepatite C crnica gentipo 1 no parece influenciar a RVS, assim como no interfere na evoluo histolgica de pacientes no respondedores.

  • xii

    ABSTRACT

    Introduction: The best current therapy of genotype 1 chronic hepatits C reaches a sustained virological response (SVR) of less than 50%. Silymarin has been described as a drug capable of reducing fibrosis in chronic liver diseases. A possible contribution of its association to the hepatitis C treatment in terms of SVR or hystologic evolution in non-responders waits to be proved. Aims: The aim of this study was to evaluate the impact of silymarin/methonine in combination with conventional interferon/ribavirin in genotype 1 chronic hepatitis C. Methods: A randomized, double-blind, placebo-controlled clinical trial, was carried out in order to evaluate the effect of the silymarin-methionine (840 silymarin mg/day and 1200 methionine mg/d) orally, associated with interferon- (3 million UI/L, 3 X /week) and ribavirin (13 mg/kg/d) for 48 weeks, in patients with chronic hepatitis C and genotype 1, excluding patients with signs of portal hypertension or liver dysfunction. The SVR, defined as the persistence of PCR VCH-RNA (-) at 72nd week was compared between the treatment groups. In those patients PCR VCH-RNA (+) in the 24th week, considered as non responders, the anti-viral drugs was interrupted but silimarina-metionina or placebo was maintened until the 72nd week of therapy, when a 2nd hepatic biopsy was done to evaluate the effect on tissue inflammation and fibrosis, according to Ishak classification. Results: A hundred patients were initialy included and randomized betweenthe two groups, but 11 patients were excluded before the 24th week, remaining 89 patients for the final analysis. From these, 47 (52,8%) were female and mean age was 49,5 10 years. Forty two patients were alocated in treatment group (gTTO) and 47 in placebo group (gP), and the groups were comparable in terms of gender, age, body mass index and basal serum levels of ALT and GT. Total SVR was of 19,1%, similar between groups (gTTO:16,7%; gP:21,3%). Non responders presented improvement of the inflammation grading and fibrosis staging of 53,3% (gTTO:57,1%; gP:50%) and 25% (gTTO:22,7%; gP:26,9%), respectively, without statistically significant differences. Conclusion: The addition of silymarin-methionine to interferon-/ribavirin therapy of genotype 1 chronic hepatitis C patients seems to not improve SVR, as well as it doesn't change the histologic evolution of non responders.

  • xiii

    SUMRIO

    Ttulo Pg Dedicatria v Agradecimentos vi Lista de figuras e grficos vii Lista de Tabelas viii Lista de abreviaturas e siglas ix Resumo xi Abstract xii 1 Introduo 1 2 Reviso de literatura 2 2.1 O vrus da hepatite C 2 2.1.1 Histrico 2 2.1.2 Organizao genmica 2

    2.1.3 Replicao viral e ciclo de vida 3 2.1.4 Gentipo e quasispecies 4 2.1.5 Epidemiologia 5

    2.1.5.1 Incidncia e prevalncia 5 2.1.5.2 Transmisso 6

    2.1.6 Imunopatognese 8 2.1.6.1 Imunidade celular 8 2.1.6.2 Imunidade humoral 8

    2.1.7 Manifestaes clnicas 8 2.1.7.1 Hepatite aguda pelo vrus C 8 2.1.7.2 Hepatite crnica e cirrose 9 2.1.7.3 Manifestaes Extra-Hepticas 9

    2.1.8 Mtodos diagnsticos 10 2.1.8.1 Testes para deteco de anticorpos contra protenas virais 11 2.1.8.2 Testes de deteco do RNA viral 11

    2.1.9 Histria Natural 12 2.1.9.1 Fatores associados com progresso da hepatite C crnica 13 2.1.10 Fibrose na Hepatite C 14

    2.1.10.1 Diagnstico de fibrose 15 2.1.10.2 Marcadores sricos no invasivos de fibrose heptica 16

    2.1.10.3 Marcadores imuno-histoqumicos de fibrose heptica 17

    2.1.11 Tratamento 17 2.1.11.1 Drogas disponveis 18

    2.1.11.1.1 Interferon 18 2.1.11.1.2 Ribavirina 19 2.1.11.1.3 Eficcia do tratamento 20

    2.1.12 Tratamentos alternativos 21 2.2 Silimarina 22

  • xiv

    2.2.1 Eficcia da silimarina nas doenas hepticas 23 2.2.1.1 Intoxicao por Amanita phaloides 23 2.2.1.2 Estudos experimentais 24 2.2.1.3 Ensaios clnicos 25

    2.2.1.3.1 Hepatites virais A, B e C 25 2.2.1.3.2 Hepatopatia alcolica e outras causas 27

    2.3 Metionina 30 2.3.1 Metionina na doena heptica alccolica 31

    2.3.1.1 Estudos experimentais 31 2.3.1.2 Ensaios clnicos 31

    2.3.2 Metionina em outros tipos de leses hepticas 33 3 Objetivos 35 4 Pacientes e mtodos 36

    4.1 Amostra 36 4.2 Critrios de incluso 36 4.3 Critrios de excluso 36 4.4 Variveis analisadas 38 4.5 Desenho do estudo 38 4.6 Avaliao dos pacientes 40 4.7 Aspectos ticos 43 4.8 Metodologia estatstica 43

    5 Resultados 45 5.1 Anlise descritiva 45

    5.1.1 Caracteristcas da amostra 45 5.1.2 Dados laboratoriais 46 5.1.3 Dados histolgicos 46

    5.1.4 Tipo de resposta teraputica 47 5.2 Anlise comparativa 48

    5.2.1 Eventos adversos 48 5.2.2 Resposta virolgica sustentada 49 5.2.3 Avaliao da melhora histolgica aps o tratamento 50

    6 Discusso 53 7 Concluso 59 8 Referncias bibliogrficas 60 Anexo 1 66

  • 1

    1 INTRODUO

    O vrus da hepatite C (VHC) a principal causa de doena heptica crnica no mundo,

    com aproximadamente 170 milhes de pessoas infectadas (3% da populao mundial). Nos

    Estados Unidos ocorrem em torno de 8000 mortes anuais decorrentes de hepatite crnica pelo

    HCV[1]. No Brasil a prevalncia da infeco pelo HCV varia de 0,9% a 2,8%[2].

    Estima-se que mais de 80% dos casos de infeco aguda pelo HCV evoluem para

    formas crnicas, sendo que 20% a 30% destes pacientes evoluem para cirrose heptica em

    torno de 20 a 30 anos de infeco e o risco de hepatocarcinoma (CHC) situa-se entre 1% a 4%

    ao ano [3].

    O tratamento preconizado atualmente nos pacientes infectados com o gentipo 1 a

    associao de interferon peguilado (PEGINF) e ribavirina (RBV) por 48 semanas, com taxas

    de resposta virolgica sustentada (RVS) de 42 e 46%[4, 5]. No obstante, mais de 50% dos

    pacientes no respondem a estas drogas e outras formas de tratamento devem ser

    implementadas na tentativa de promover o incremento na taxa de RVS ou na tentativa de

    diminuir a progresso da doena.

    Apesar de ter resultados inferiores em relao ao PEGINF, O interferon (INF)

    convencional ainda utilizado em nosso meio, com custo mais acessvel e fcil

    disponibilidade. Por isso outras formas de tratamento utilizando este tipo de INF tm sido

    estudadas para se obter nveis de taxa de RVS mais satisfatrias[6].

    A Silimarina (SLM) uma droga que tem sido amplamente utilizada em hepatopatias

    de diferentes etiologias com resultados ainda bastante conflitantes [7]. Especificamente na

    hepatite C crnica, os estudos existentes tambm no evidenciaram benefcio desta droga [8,

    9]. Considerando-se um eventual efeito anti-viral ou anti-fibrtico da silimarina na hepatite C,

    foi proposto este estudo, com o objetivo de pesquisar o impacto da silimarina associada ao

    esquema INF convencional e ribavirina, em pacientes com hepatite C crnica e gentipo 1.

  • 2

    2 REVISO DE LITERATURA

    2.1 - O VRUS DA HEPATITE C

    2.1.1 - Histrico:

    A hepatite viral a principal causa de hepatopatias aguda e crnica no mundo. Aps a

    descoberta das hepatites A, B e delta na segunda metade do sculo 20, um grande nmero de

    pacientes apresentava uma hepatite adquirida de forma espordica ou via parenteral, sem

    agente etiolgico definido, que ficou denominada de hepatite no-A no-B [6]. Em 1989, o

    VHC foi isolado por Choo e colaboradores, naqueles pacientes com hepatite no-A no-B

    [10].

    2.1.2 - Organizao Genmica:

    O VHC classificado como Hepacivirus na famlia dos flaviviridae, constitudo por um

    genoma RNA (cido ribonuclico) de fita simples com tamanho de 9,6 Kb e polaridade

    positiva com 2 regies (5' e 3') nas extremidades distais no- traduzidas (UTR, do ingls,

    untranslated region) e altamente conservadas que so essenciais para a replicao viral e

    ideais para deteco dos diferentes gentipos. Seu genoma possui 9.379 nucleotdeos,

    contendo uma regio aberta de leitura (ORF do ingls open reading frame), que codifica um

    poliprotena viral com 3.033 aminocidos, que so processadas em 10 protenas estruturais

    (formadoras da partcula viral) e regulatrias (responsveis pela replicao viral).

    Os componentes estruturais incluem o capsdeo e 2 envelopes proteicos (E1 e E2).

  • 3

    O capsdeo uma protena viral altamente conservada e parece exercer mltiplas

    funes biolgicas nas clulas do hospedeiro como regulao da transcrio gentica,

    apoptose, transformao celular, interferncia com o metabolismo lipdico e supresso imune,

    conferindo ao vrus vantagens na sua funo vital.

    As protenas E1/E2 tm atrado grande interesse, pois esto implicadas no

    desenvolvimento da vacina para o VHC. Duas regies no E2 chamadas de regies

    hipervariveis 1 e 2 tm uma altssima taxa de mutao criando dificuldades para efetiva ao

    dos anticorpos especficos contra o vrus. A regio E2 tambm apresenta um stio de ligao

    para CD81, que expresso nos hepatcitos e linfcitos B, e funciona como um receptor ou

    correceptor para o vrus permitindo sua entrada na clula. Parece que o interferon (IFN)

    diminui a expresso do CD81 no hepatcito, que um mecanismo importante de atividade

    antiviral.

    Os componentes regulatrios do VHC codificam proteases (NS2, NS3, NS4A/B e

    NS5A), uma helicase e uma RNA polimerase RNA dependente (NS5B), que so protenas

    com funo crtica no ciclo de vida e replicao do vrus e por isso representam alvos

    potenciais para a terapia antiviral[1, 6, 11].

    A suscetibilidade do VHC ao INF parece depender da seqncia do protena NS5A,

    pois foi determinada uma regio determinante de sensibilidade ao interferon (ISDR, do ingls

    interferon sensitivity determining region) nesta protena, onde se podem separar os pacientes

    com possibilidade de resposta ao tratamento de acordo com a proporo de mutaes

    existentes nesta regio. O mecanismo que explica a ligao da protena NS5A com a resposta

    ao interferon se d pela interao dela com uma protena quinase induzida pelo interferon que

    a principal responsvel pelo efeito antiviral desta droga. [12].

    2.1.3 - Replicao Viral e ciclo de vida

  • 4

    O fgado o principal stio de replicao viral, mas clulas mononucleares e dendriticas

    tambm tm sido relatadas como outros locais de replicao.

    Acredita-se que as protenas do envelope E1 e E2 do VHC se ligam a membrana do

    hepatcito atravs de 2 receptores de membrana: lipoprotena (LDL) e CD81, esta chamada

    de tetraspanina tem 4 alas (2 intracelulares e 2 extracelulares), que servem para facilitar a

    entrada do vrus na clula. Dentro do citoplasma do hepatcito o nucleocapsdeo libera o

    RNA viral para translao e a poliprotena viral atravs de peptidases comea a processar as

    10 protenas virais (descritas anteriormente). Estas protenas maduras se associam ao RNA

    genmico, formando o nucleocapsdeo viral. Inicia-se ento o processo de envelopamento e

    liberao do vrus para infectar outro hepatcito ou entrar na circulao[13].

    2.1.4 - Gentipos e quasispecies

    O VHC tem uma alta taxa mutacional resultando uma heterogeneidade gentica

    considervel. Isso ocorre em parte em conseqncia da RNA polimerase do VHC que no

    consegue remover os nucleotdeos defeituosos durante a replicao.

    A taxa de produo de partculas virais da ordem de 1010 a 1012 partculas por dia com

    1 erro ocorrendo a cada 104 a 105 nucleotdeos copiados, assim uma proporo muito grande

    de genomas virais defeituosos so produzidos conferindo uma vantagem de seleo contnua

    de variantes que possam se adaptar a novas e diferentes condies ambientais[14].

    A primeira diviso usada para descrever a heterogeneidade gentica descrita como

    gentipo viral, que uma caracterstica intrnseca da cepa e no muda com o tempo.

  • 5

    Existem 6 gentipos principais com mais de 50 subtipos (1a, 1b, 2a, etc). Infeco por

    mais de um gentipo pode ser visto e representa co-infeco ou problemas metodolgicos do

    teste[15].

    Existem diferenas na distribuio dos gentipos quanto a sua distribuio geogrfica,

    modo de transmisso e resposta ao tratamento. Por exemplo, Nos Estados Unidos o gentipo

    mais prevalente 1a (57% 0, seguido por 1b (17%), gentipo 2 (14 %, gentipo 3 (7 %) e

    gentipo 4,5 e 6 (< 5 %), j na Europa o predomnio de 1b (47%) seguido de 1 (17%), 3

    (16%) e 2 (13%). No Egito e frica central o predomnio do gentipo 4[16, 17].

    No Brasil predomina o gentipo 1 em 50% a 60 % dos casos; o tipo 2 em 3% a 5%

    (mais freqente na regio Centro-Oeste) e o tipo 3 em cerca de 35 % (mais freqente na

    regio Sul). Os gentipos 4 e 5 so raros e at hoje no houve descrio do tipo 6 no nosso

    pas [2].

    Em relao ao modo de transmisso os gentipos 1a e 3a so mais comuns em usurios

    de drogas injetveis e o gentipo 1b mais associado com a hemotransfuso.

    O gentipo no interfere na gravidade da doena heptica ou na probabilidade de

    progresso da doena. Uma associao consistente ocorre entre o gentipo 3 e esteatose,

    sugerindo que este gentipo possa alterar o metabolismo lipdico intracelular[17].

    A segunda diviso usada para descrever a heterogeneidade gentica conhecida como

    quasispecies. Elas so seqncias heterogneas do VHC na pessoa infectada e resulta de

    mutaes que ocorrem durante a replicao viral caracterizando um mecanismo pelo qual o

    vrus escapa da resposta imune do hospedeiro e estabelece a infeco persistente[15].

    2.1.5 - Epidemiologia

    2.1.5.1 - Prevalncia e Incidncia

  • 6

    A prevalncia de anticorpos para o vrus da hepatite c (anti-HCV) na populao

    mundial estimada em 3%, com mais de 170 milhes de pessoas infectadas. Existem

    diferenas geogrficas marcantes com taxas de soroprevalncia de 0,4% a 1,1% na Amrica

    do Norte e 9,6% a 20% no norte da frica. Nos Estados Unidos estima-se que h 4 milhes de

    infectados (prevalncia estimada de 1,8%). A maior prevalncia ocorre em homens e pessoas

    entre 30 e 49 anos [2, 13].

    No mundo podemos separar 3 modelos epidemiolgicos diferentes de infeco pelo

    VHC:

    - Estados Unidos e Austrlia com pico de prevalncia em pessoas de 30 a 49 anos

    atravs de uso de drogas injetveis e transmisso ocorrida nos ltimos 30 anos.

    - Japo e Itlia com diagnstico feito em adultos mais velhos, raro em crianas, e

    transmisso entre 30 e 50 anos atrs. Um estudo epidemiolgico realizado em So Paulo teve

    este modelo de infeco.

    - Egito e pases subdesenvolvidos com diagnstico prevalecendo em todas as faixas

    etrias por exposio a mltiplos fatores de risco[2].

    2.1.5.2 - Transmisso e Preveno

    A hepatite C principalmente transmitida por meio de sangue contaminado e com

    menor risco por contato com secrees orgnicas. O vrus tem sido detectado na saliva, urina,

    smen, no liquido asctico, na bile e na mucosa intestinal, mas com baixo risco de

    transmisso.

    A fonte de transmisso desconhecida em 10 30 % dos casos, conhecida como a

    forma espordica e so provavelmente contradas atravs de materiais perfurocortantes

    compartilhados e contaminados. A transmisso por transfuso de sangue e derivados caiu

  • 7

    drasticamente aps a introduo de testes de alta sensibilidade nos anos 90, passando de 0,5%

    por unidade transfundida para 0,01% a 0, 001% aps 1994. Atualmente o uso de drogas

    intravenosas o principal fator de risco de transmisso chegando a 40% e 60% dos casos

    novos em pases desenvolvidos[2, 13].

    A prevalncia da infeco pelo VHC em profissionais da rea de sade varia de 1 a 2

    %. A transmisso perinatal varia de 4,6 a 10% elevando-se para 17% em mes co-infectadas

    VHC-HIV[2, 18].

    O risco de transmisso sexual baixo (1 a 6 % nos Estados Unidos)[2, 6].

    Todos os pacientes que apresentam fatores de risco associados infeco pelo VHC

    devem ser testados para deteco da hepatite C, tais como:

    Transfundidos ou transplantados antes de 1990

    Usurios de drogas injetveis

    Contatos sexuais promscuos

    Hemodialisados

    Parceiros sexuais de infectados com hepatite C

    Crianas nascidas de mes HCV +

    HIV +

    Hemoflicos

    ALT elevada

    Acidentes prfuro-cortantes com material biolgico em procedimentos

    odontolgicos e mdicos.

    Pacientes anti-HCV + devem ser orientados a no compartilhar materiais de uso pessoal

    (barbeadores, escovas dentais, depiladores lminas). No h recomendao do uso de

    preservativos na relaes monogmicas de longo prazo. Gravidez no contra-indicada nas

  • 8

    mulheres anti-HCV+ e no h restries em relao ao tipo de parto a ser realizado. A

    amamentao no contra-indicada [2, 13].

    2.1.6 - Imunopatognese

    2.1.6.1 - Imunidade Celular

    O principal mecanismo responsvel pelo dano heptico parece ser o reconhecimento do

    VHC pelas clulas apresentadoras de antgenos (macrfagos, clulas B, clulas dendrticas)

    atravs da exposio em sua superfcie de pequenos peptdeos do VHC. As clulas T helper

    CD4+ (Th) so ento ativadas passando a secretar citocinas que modulam a ativao de

    clulas B (atividade humoral) e clulas T citotxicas CD8+ (atividade citotxica), que

    induzem destruio dos hepatcitos infectados pelo VHC. As Th so chamadas Th1 e Th2.

    As Th1 controlam a produo de fator de necrose tumoral e interferon gama, cruciais para o

    clareamento viral, e fundamental no controle da infeco. Assim uma resposta predominante

    Th1 crucial, mas no se conhece bem os fatores que determinam a prevalncia de uma

    resposta Th1 sobre Th2 [19]

    2.1.6.2 - Imunidade Humoral

    A resposta humoral ocorre pela formao de anticorpos neutralizadores que se ligam a

    partculas virais livres para impedir a entrada do vrus na clula. Estes virions podem adaptar-

    se a imunocomplexos e algumas vezes causar doenas extra-hepticas, como crioglobulinemia

    mista essncia e glomerulonefrite membrano-proliferativa [13, 19].

  • 9

    2.1.7 - Manifestaes Clnicas

    2.1.7.1 - Hepatite Aguda pelo vrus C

    A hepatite C aguda raramente vista na prtica clinica, pois assintomtica na maioria

    dos pacientes. Infeco aguda com ictercia ocorre em 10 a 20% dos pacientes e 20 a 30%

    apresentam sintomas inespecficos como fadiga, nuseas e vmitos. Disfuno heptica grave

    e hepatite fulminante so raras [13].

    A sndrome clinica parece ocorrer dentro de 2 a 12 semanas de exposio (mdia de 7

    semanas) e dura entre 2 a 12 semanas e este nmero pequeno de pacientes que desenvolvem

    hepatite clinicamente aparente so os que tendem a eliminar o vrus e evitar evoluo para

    hepatite crnica [20].

    2.1.7.2 - Hepatite C crnica e Cirrose

    A infeco crnica ocorre na maioria dos casos numa taxa estimada de 74 a 86% dos

    pacientes e caracteriza-se por um perodo prolongado sem sintomas ou sintomas inespecficos

    como fadiga, depresso, nusea, anorexia e dificuldade de concentrao. A maioria tem nveis

    de ALT flutuantes ou mesmo em nveis normais como ocorre em 30% dos pacientes [1, 13].

    Complicaes graves e morte ocorrem quando o paciente desenvolve cirrose devido

    presena de hipertenso porta e/ou insuficincia heptica, o que parece ocorrer em 15 a 20%

    dos pacientes [1].

    2.1.7.3 - Manifestaes Extra-Hepticas

  • 10

    O VHC causa vrias manifestaes extra-hepticas descritas na tabela 1. A maioria

    delas associada com alteraes auto-imunes ou linfoproliferativas que podem estar

    relacionadas possibilidade de replicao do VHC nas clulas linfides.

    As manifestaes de pele e reumatolgicas so as mais comuns. Muitos pacientes

    infectados tm auto-anticorpos positivos como fator anti-nuclear, anti-msculo liso e

    crioglobulinas. O VHC tem sido associado a linfoma no-Hodgkin de clulas B, mas no se

    sabe se o mecanismo de doena causado diretamente pelo vrus ou condies do hospedeiro

    [1, 13].

    Tabela 1 Manifestaes extra-hepticas

    Manifestaes clnicas Manifestaes biolgicas

    Artralgia e artrite (23%)

    Parestesia (17%)

    Mialgia (15%)

    Prurido (15%)

    Sndrome sicca (11%)

    Hipertenso (10%)

    Prpura (1,5%)

    Lquen plana ( 1%)

    Vasculite (1%)

    Porfiria cutnea tarda (0,2%)

    Crioglobulinas (40%)

    Fator antinuclear (10%)

    Tiroxina diminuda (10%)

    Anti-msculo liso (7%)

    Fonte: Agnello et al., 2004 (modificado)

  • 11

    2.1.8 - Mtodos diagnsticos

    Existem dois grupos de mtodos para diagnstico de infeco pelo VHC: testes para

    deteco de anticorpos contra protenas virais e deteco do RNA viral.

    2.1.8.1 - Testes para deteco de anticorpos contra protenas virais

    Estes testes so utilizados para rastreamento da infeco do VHC e o principal o teste

    imunoenzimtico (ELISA) que detecta anticorpos contra protenas estruturais e no estruturais

    do vrus. O ELISA de 3 gerao podem fornecer resultados falso negativos em pacientes

    imunossuprimidos, em hemodilise e na janela imunolgica (7 a 8 semanas). Tambm pode

    fornecer resultados falso positivos em pessoas de baixo risco (doadores de sangue), assim

    para esta populao de pacientes utilizamos outro teste com maior especificidade para

    confirmao, que o immunoblotting com protenas recombinantes (RIBA). A grande

    limitao destes testes no diferenciar infeco aguda, curada ou crnica. Atualmente com a

    melhora da tcnica do ELISA e os mtodos moleculares de deteco do RNA do vrus o

    RIBA passou a ser desnecessrio. [1, 6].

    2.1.8.2 - Testes de deteco do RNA viral

    Estes testes podem ser qualitativos ou quantitativos utilizando tcnicas de reao em

    cadeia da polimerase (PCR), PCR em tempo real, amplificao mediada por transcrio

    (TMA) e DNA ramificado (b - DNA), alm da caracterizao dos diferentes gentipos e

    subtipos do VHC [21].

  • 12

    A deteco qualitativa do RNA do VHC pelo PCR ( PCR HCV-RNA) bastante

    sensvel e precoce tornando-se detectvel 1 a 2 semanas aps a contaminao, sendo o melhor

    teste confirmatrio da infeco pelo VHC. O PCR tem limite inferior de deteco em torno de

    50 UI/ml. Podem ocorrer resultados falso-positivos em caso de contaminao e tambm falso-

    negativos em caso de tcnica inadequada. O TMA uma tcnica qualitativa mais sensvel que

    o PCR com limite inferior de deteco de cerca de 5 a 10 UI/ml.

    A deteco quantitativa (carga viral) menos sensvel, sendo mais importante na

    avaliao da resposta ao tratamento e tambm como fator prognstico, pois baixos nveis de

    carga viral so associados com melhor resposta ao tratamento. As tcnicas mais utilizadas so

    o PCR (Amplicor HCV Monitor@, Roche) com limite inferior de deteco de 600 UI/ml, o

    PCR em tempo real com limite inferior de cerca de 10UI/ml e a quantificao pelo b - DNA

    com limite inferior de 615 UI/ml.

    A identificao do gentipo importante na determinao do prognstico do paciente e

    no tempo de tratamento anti-viral. As tcnicas utilizadas so as de seqenciamento como o

    line probe assay (LIPA) e o restriction fragment lenght polymorphism (RFLP). [6, 21].

    2.1.9 - Histria Natural

    A infeco aguda freqentemente assintomtica. A maioria dos pacientes que

    apresentam infeco aguda evoluem para a forma crnica da doena em 60-85 % dos

    infectados [18, 22]. A evoluo clinica da hepatite C crnica costuma ser assintomtica at as

    fases mais avanadas da doena e apenas alguns pacientes desenvolvem cirrose e CHC.

    Embora todos os estudos sobre a histria natural da hepatite concordem que o tempo de

    evoluo para a cirrose seja lento, o desenho destes estudos parece influenciar os valores

    encontrados.

  • 13

    Estudos retrospectivos mostram que o tempo mdio para desenvolvimento de hepatite

    crnica, cirrose e CHC a partir da transmisso por transfuso sangunea foi de 13 11anos,

    21 10 anos e 29 13 anos, respectivamente [23].

    Estudos prospectivos a partir de hepatites agudas ps-transfusionais e comunitrias,

    com numero de pacientes variando de 65 a 135 e tempo mdio de acompanhamento de 7,6 a

    16 anos mostraram que a evoluo para cirrose variou de 1% a 20% e com uma taxa de

    mortalidade baixa (0 a 3,7 %) no perodo estudado.

    Estudos de Coorte avaliando um tempo mdio de doena entre 17 e 50 anos mostram

    uma taxa de evoluo para cirrose de 0,3 a 15% e do CHC 1,9%.

    Assim, independente das vrias criticas pertinentes aos diferentes mtodos utilizados,

    estes estudos mostram uma evoluo lenta da infeco do VHC, com grande nmero de

    pacientes que evoluem favoravelmente durante dcadas [24, 25].

    2.1.9.1 - Fatores associados com progresso da hepatite C crnica

    A identificao dos fatores que contribuem para a progresso histolgica da hepatite

    crnica para cirrose e o desenvolvimento de CHC permite selecionar populaes de maior

    risco de evoluo grave de doena para se adotar estratgias que possam remover estes riscos

    (tabela 2).

  • 14

    Tabela 2 Fatores que afetam a progresso da hepatite C crnica

    Fatores associados com progresso da

    doena

    Fatores que no afetam progresso da

    doena

    Consumo de lcool

    Idade > 40 anos

    Homens

    Co-infeco HBV ou HIV

    Esteatose

    Estados de imunosupresso

    Gentipo

    Nveis de ALT

    Carga viral

    Forma de transmisso

    Fonte: Berenguer et al., 2006

    Os fatores do hospedeiro e ambientais mais estabelecidos como preditores de evoluo

    rpida de fibrose e cirrose so a idade de infeco, tempo de infeco, uso de lcool e co-

    infeco HIV. Outras co-infeces parecem tambm estar associadas fibrose mais grave

    como hepatite B crnica e esquistossomose. Alguns estudos tm mostrado que esteatose e

    alteraes metablicas (diabetes tipo 2 e obesidade) so fatores de risco importantes para a

    progresso da fibrose. Outros fatores de risco possivelmente associados com maior evoluo

    para cirrose so raa, nveis de transaminases, sobrecarga frrica, grau de inflamao

    histolgica e fatores virais (carga viral, gentipo e quasispecies). [3, 13, 18]

    2.1.10 - Fibrose na Hepatite C

    A infeco pelo VHC causa uma reao inflamatria onde predomina necroinflamao

    e fibrose. A fibrose o resultado da inflamao crnica, onde ocorre um desequilbrio entre a

    sntese e a degradao de matriz extracelular, culminando com o acmulo de tecido

  • 15

    conjuntivo no fgado, atravs da liberao de inmeras citocinas fibrognicas ( principalmente

    TGF1 ( Transforming Growth Factor ) ) por linfcitos e moncitos/ macrfagos ativados [26-

    28].

    A ativao de clulas estelares hepticas, presentes no espao de Disse, tambm

    responsvel pela resposta fibrtica. Elas passam a miofibroblastos capazes de sintetizar dez

    vezes mais colgeno que os hepatcitos. Tambm so fonte de liberao de mediadores com

    funo fibrtica, como metaloproteases e colagenases[28].

    Inicialmente este excesso de matriz extracelular se deposita ao redor do espao porta e

    veias hepticas que evoluem para septos fibrosos que comeam a se ligar formando fibrose

    em ponte porta- porta e porta-centro. No estgio final ocorre deformao da arquitetura

    heptica, isolamento de ndulos hepticos caracterizando a fase de cirrose [29].

    2.1.10.1 - Diagnstico de fibrose

    A deteco de fibrose e sua quantificao de grande importncia na prtica clnica,

    pois serve como parmetro para indicao de tratamento e como preditor de RVS. Existem

    vrias classificaes para avaliao da extenso da fibrose e graduao da atividade

    necroinflamatria, sendo atualmente mais utilizadas as classificaes de METAVIR e Ishak

    (tabela 3) [30, 31].

  • 16

    Tabela 3 Gradao da fibrose heptica conforme as classificaes de METAVIR e Ishak

    Estgio de fibrose Metavir ISHAK

    0 Sem fibrose Sem fibrose

    1 Fibrose portal Fibrose em alguns espaos

    porta com ou sem septos

    2 Septos porta-porta Fibrose em vrios espaos

    porta com ou sem septos

    3 Septos porta-centro Septos porta-porta

    4 Cirrose Septos porta-centro

    5 Septos com alguns ndulos

    6 Cirrose

    Fonte: Strader et al., 2004 ( modificado)

    A bipsia heptica (BH) ainda o principal mtodo de avaliao das alteraes

    histolgicas do fgado na hepatite C, apesar de ser invasiva, com possveis morbidades e

    alguns estudos relatarem possveis erros de amostragem e variao de avaliao entre

    patologistas [32].

    2.1.10.2 - Marcadores sricos no invasivos de fibrose heptica

    O marcador srico no invasivo de fibrose heptica ( MSNIFH) tenta oferecer

    informao dos diferentes graus de fibrose heptica (FH). Sua utilizao uma alternativa

    BH, pois de fcil realizao, mas na prtica leva a erro no diagnstico de fibrose em 20%

    dos pacientes, no podendo ainda substituir completamente a BH.

  • 17

    Eles so classificados em diretos, aqueles que avaliam o turnover da matriz extra

    celular, como: o cido hialurnico e os diferentes tipos de colgenos e colagenases, e em

    indiretos, os que avaliam alteraes da funo heptica utilizando uma combinao de

    variveis, como por exemplo o Fibrotest ( 2 macroglobulina, alfaglobulina, gamaglobulina,

    apolipoprotena A1, gama glutamil transpeptidase (GGT) e bilirubina total) e o ndice de

    Forns ( idade, GGT, colesterol, e contagem de plaquetas)[33, 34].

    Recentemente uma nova tcnica baseada em ultra-som chamada Elastografia

    Transitria ( Fibroscan ) tem sido desenvolvida. um mtodo que avalia a rigidez heptica

    atravs da medida da velocidade de ondas detectados pelo aparelho, com velocidades maiores

    representam maior rigidez heptica e conseqentemente mais fibrose. Todos estes mtodos

    parecem ter boa acurcia para avaliao de cirrose e hipertenso porta, mas falham em

    detectar fibrose inicial ou intermediria ( METAVIR F1/2/3), sendo ainda necessrios estudos

    que comprovem superioridade em relao BH [35, 36].

    Talvez a combinao de marcadores sricos de fibrose e mtodos de imagem ( por

    exemplo, o Fibroscan ) possam apresentar melhores resultados que venham a substituir a BH

    [36].

    2.1.10.3 - Marcadores imuno-histoqumicos de fibrose heptica

    Alguns estudos tm demonstrado a presena de protenas relacionadas fibrognese.

    A avaliao histoqumica da matriz extracelular demonstrando a presena de tenascina

    sugere fibrognese em atividade com potencial de reversibilidade e a presena de vitronectina

    relaciona-se tecido fibroso maduro com pouca possibilidade de regresso[37].

    2.1.11 - Tratamento

  • 18

    O tratamento da hepatite C progrediu muito nos ltimos anos. O objetivo principal a

    erradicao permanente do vrus. Outros objetivos so evitar a progresso histolgica da

    fibrose para cirrose, reduzir a probabilidade de evoluo para CHC e transplante heptico.

    Todos os pacientes com forma aguda ou crnica com RNA viral detectado no sangue tem

    indicao de tratamento. O tratamento atualmente recomendado para hepatite C crnica a

    combinao de PEGINF em combinao com a RBV em vrios esquemas diferentes tm sido

    estudados[38].

    2.1.11.1 - Drogas Disponveis

    2.1.11.1.1 - Interferon

    Os interferons so protenas sintetizadas predominantemente por linfcitos B e

    moncitos/macrfagos em resposta a vrios estmulos, com aes anti-virais, anti-

    proliferativas e efeitos imunomodulatrios[39].

    H 3 classes de interferons humanos: , e , com as duas primeiras tendo maior

    potencial anti-viral e a ltima maior ao imunomoduladora. Existem cerca de 24 espcies de

    interferon com seus diferentes subtipos identificados por nmeros arbicos seguidos de letras

    e os mais estudados e aprovados pelo Food e Drug Administrtation (FDA) so os interferons

    2a e 2b[6, 39].

    So utilizados na hepatite C em injees subcutneas, trs vezes por semana, com

    absoro que excede 80% pico plasmtico em quatro a oito horas, e meia-vida de eliminao

    curta (3 -5 horas ). Este perfil farmacocintico causa oscilaes rpidas da concentrao

    plasmtica, que reduz o tempo de eficcia viral[39, 40].

  • 19

    A modificao do interferon atravs da unio com o polietilenoglicol (PEG) forma o

    interferon peguilado (PEG-INF). Este processo chamado de peguilao e tem como

    objetivo retardar sua depurao e reduzir a imunogenicidade, possibilitando administrao

    semanal e melhor eficcia anti-viral[40, 41].

    Existem hoje disponveis dois PEGINFs com caractersticas farmacocinticas e

    farmacodinmicas diferentes[40, 41].

    O PEG-INF--2a (Pegasys, Hoffmann- La Roche, Nutley, NJ) consiste de interferon--

    2a ligado a uma cadeia ramificada de PEG com peso molecular de 40kDa e o PEG-INF-2b

    (Peg-Intron, Schering- Plough Corporation, Kenilworth, NJ) com uma cadeia linear com

    12kDa.

    O PEG-INF--2a absorvido lentamente, tem reduzido volume de distribuio ficando

    restrito ao sangue e rgos bastante perfundidos como o fgado, meia- vida longa e

    metabolizado pelos rins e fgado. Ele administrado em dose fixa semanal de 180

    g/semana.O PEG-INF--2b rapidamente absorvido, com amplo volume de distribuio,

    tambm meia-vida longa e metabolizado pelos rins. Por causa de sua ampla distribuio

    pelo corpo, a dose deve ser ajustada pelo peso (1,5 /kg/ semana)[40, 41].

    O perfil de efeitos adversos do interferon convencional e dos PEGINFs no muito

    diferente. Os mais freqentes efeitos colaterais dos interferons so uma sndrome semelhante

    gripe (febre, calafrios, cefalia, mialgia, artralgia). Ocorre tambm trombocitopenia e

    neutropenia, disfuno tireoidiana, alteraes neuropsiquitricas (irritabilidade, alteraes de

    concentrao e memria, depresso, suicdio). Outras complicaes mais raras so fibrose

    intersticial, cardiotoxicidade, alteraes de pele e retinopatia[42].

    2.1.11.1.2 - RIBAVIRINA

  • 20

    A RBV um anlogo nucleosdeo que possui atividade inibitria na replicao de vrus

    RNA e DNA. rapidamente absorvida por via oral com eliminao predominantemente

    renal. Quando utilizada isolada no tem ao efetiva contra o VHC, mas em combinao com

    interferon e aumenta a taxa de RVS. Seu mecanismo de ao no completamente entendido,

    mas parece estar relacionado a aumento da imunidade celular de clulas T, inibio direta da

    replicao do VHC e alteraes nas reservas de nucleotdeos celulares[43, 44].

    utilizada em doses baseadas no peso e alguns estudos sugerem a dosagem de

    13,3mg/kg/dia via oral[45]. Seus efeitos colaterais so leves ou moderados e reversveis com

    ajuste de dose. Hemlise dose-dependente e anemia so os efeitos mais comuns Tratamentos

    prolongados podem causar prurido, congesto nasal, tosse, anorexia, alteraes neurolgicas

    (depresso, insnia, irritabilidade) e alteraes de pele (rash, alopcia, e eczema). A RBV

    teratognica e no deve ser usada em homens e mulheres que no utilizam mtodos

    anticonceptivos. A RBV contra-indicada em pacientes com insuficincia renal e deve ser

    usada com cuidado em pacientes com elevao de creatinina[44].

    2.1.11.1.3 - Eficcia do tratamento

    A RVS global tem aumentado substancialmente nos ltimos anos, passando de 6% com

    interferon monoterapia para taxas maiores que 50% com a combinao de PEGINF- e RBV

    (figura 1). Este o tratamento preconizado atualmente para hepatite C crnica. A dose de

    PEGINF--2a fixa (180 g/ semana) em combinao com RBV ajustada pelo peso corporal

    (1000 mg se < 75kg ; 1200 mg se 75kg). O PEGINF--2b usado em dose calculada com

    base no peso corporal (1,5/ kg/ semana) e RBV 800mg/dia dividida em duas doses.

    Pacientes com gentipo 1 devem ser tratados por 48 semanas, mas o tratamento pode ser

    interrompido se houver deteco quantitativa do RNA do VHC na semana 12, conseguindo

  • 21

    uma RVS de 42 a 46 %. Os pacientes com gentipos 2 e 3 devem ser tratados por 24 semanas

    chegando a RVS de 76 a 82% [4, 5, 46].

    No Brasil, particularmente no Rio de Janeiro, o acesso dos pacientes a estes

    medicamentos bastante difcil, no s pelo custo elevado, mas tambm por dificuldades de

    aquisio pelo nosso sistema de sade. Por isso, em algumas situaes ainda usamos o

    interferon 2a/2b (convencional), mesmo sabendo que a RVS inferior ao tratamento com

    PEGINF-.

    Figura 1 Evoluo da eficcia do tratamento da hepatite C crnica

    2.1.12 - Tratamentos alternativos

    R

    V S %

    Fonte : Strader et al., 2004

  • 22

    O tratamento da hepatite C crnica tem alta taxa de pacientes no respondedores (NR)

    ao tratamento atual, principalmente os pacientes com gentipo 1 que a cepa predominante

    nos EUA e Brasil, alm dos inmeros efeitos colaterais causados por estas drogas[2, 9].

    Outras substncias tm sido estudadas como alternativa para o tratamento de vrias

    doenas hepticas, inclusive para hepatite C, usando como conceito principal a ao anti-

    fibrtica, tais como: colchicina, SLM, metionina (MTN), metotrexate, acido ursodesoxiclico,

    vitamina E e penicilamina [47].

    Produtos fitoterpicos so usados h sculos na China e esto se popularizando nos

    pases ocidentais. Estudos americanos mostram que este tipo de tratamento aumentou de 34%

    da populao em 1990 para 48% em 2004 e a SLM o produto mais utilizado [9]. Estima-se

    que a venda desta droga nos EUA esteja em torno de 3 a 7 milhes de dlares[48].

    2.2 - Silimarina

    A SLM um conjunto de 3 princpios ativos (flavoglicanas) silibina, silidianina e

    silicristina, extrados da planta Silybum marianum conhecida como Cardo do leite ou Cardo-

    de santa-maria[8]. O extrato obtido e padronizado contm 60% de SLM, sendo

    aproximadamente 60% composto de silibina, seu principal componente ativo. Existe rpida

    absoro via oral da silibina com meia-vida de eliminao de 6h, 80% eliminado na bile sob

    a forma de glicurondeos ou de sulfatos, com reabsoro intestinal resultando numa circulao

    ntero-heptica. Trs a oito porcento so excretados na urina e o restante eliminado nas

    fezes. Seus efeitos colaterais so mnimos e sem evidncias de interao com outras

    drogas[49].

    Seus principais mecanismos de ao so:

  • 23

    estabilizao da membrana do hepatcito prevenindo a penetrao de

    toxinas;

    estimula a RNA-polimerase determinando aumento da sntese proteica e

    assim aumentando a regenerao heptica;

    inibe a peroxidao lipdica das membranas neutralizando radicais

    livres ( ao antioxidante);

    Inibe a produo de leucotrienos, determinando ao anti-inflamatria e

    anti-fibrtica;

    Estimula a produo de glutation[8, 49].

    2.2.1 - Eficcia da Silimarina nas doenas hepticas

    Inmeras pesquisas foram feitas para determinar a eficcia da SLM nas doenas

    hepticas, mas so estudos clnicos com interpretaes bastante difceis, com poucos

    pacientes, vrias etiologias, heterogeneidade de doses e inconsistncia em relao ao uso de

    lcool. Alm disso sabe-se da possibilidade de regenerao heptica com a retirada do agente

    agressor (lcool) ou a resoluo espontnea da hepatite aguda[8].

    2.2.1.1 - Intoxicao por Amanita phalloides

    A SLM demonstra propriedades hepatoprotetoras na intoxicao causada pelo

    cogumelo Amanita phalloides, conhecida como micetismo. A principal toxina responsvel

    pela leso heptica a alfa-amantina[50]. Estudos em animais presumem que a SLM impede

    sua entrada no hepatcito competindo com receptores de membrana[50] e mostram melhora

    de enzimas hepticas e dos fatores de coagulao[51].

  • 24

    Dados clnicos de mais de 2000 pacientes internados por intoxicao por Amanita nos

    ltimos 20 anos na Europa e Estados Unidos foram analisados retrospectivamente at 2002 e

    sugerem que a SLM pode ser eficaz no tratamento destes pacientes diminuindo a mortalidade

    e/ou evitando a evoluo para transplante de fgado[52].

    Num estudo no controlado, 60 pacientes intoxicados receberam silibina 20mg/kg/dia/

    IV nas 24 s 36h aps ingesto da Amanita, no havendo fatalidades[8].

    Saller e cols publicaram em 2008 uma reviso sistemtica do uso da SLM e concluem

    que existem evidncias clnicas da eficcia do uso da SLM na intoxicao pela Amanita

    phaloides [7].

    2.2.1.2 - Estudos experimentais

    Dois estudos experimentais em ratos com fibrose biliar secundria obstruo

    completa do ducto biliar, que receberam SLM ou nenhum tratamento, demonstraram

    significativa ao anti-fibrognica no grupo SLM, que foi claramente dependente da dose

    utilizada (50 mg/kg/dia versus 25 mg/kg/d)[53, 54].

    Muriel e cols em outro estudo em ratos expostos a tetracloreto de carbono (CCl4) como

    modelo de fibrose heptica, o uso de SLM em baixas doses (50 mg/ Kg) no evidenciou

    melhora da fibrose[55], mas Tsai e cols com modelo semelhante de fibrose utilizando doses

    maiores de SLM (200 mg/Kg) evidenciou melhora significativa da fibrose quando comparado

    com grupo controle, alm de melhora dos parmetros bioqumicos hepticos[56]. Esta

    diferena pode estar relacionada dose, mas tambm ao modelo de estudo, pois no estudo de

    Muriel a SLM foi administrada aps 3 meses de instalada a fibrose pelo CCl4, enquanto no

    estudo de Tsai o uso de SLM foi imediatamente aps a ao da CCl4, sugerindo que a SLM

  • 25

    no consegue reverter uma fibrose j instalada , mas dada junto com o agente nocivo pode

    impedir ou pelo menos diminuir sua ao txica[55].

    2.2.1.3 - Ensaios clnicos

    2.2.1.3.1 - Hepatites Virais A, B e C

    A tabela 4 demonstra os principais ensaios clnicos da SLM em hepatites virais:

    Tabela 4 Ensaios clnicos de tratamento de hepatites virais com SLM

    Autor, ano N Condio clnica

    Dose diria (mg)

    Tratamento (dias)

    Concluso

    Magliulo, 1978

    59

    Hepatite Aguda Viral

    420

    25

    Melhora bioqumica

    Buzelli, 1993

    20 Hepatites B e C crnicas

    240 7 Melhora bioqumica

    Pr, 2000

    28 Hepatite C crnica e lcool

    300 e 200 30 Melhora bioqumica

    Tanamly, 2004

    177 Hepatite C crnica

    375 365 Sem melhora bioqumica e de marcadores de fibrose

    Sem resposta antiviral

    El-Zayadi, 2005

    170 Hepatite C crnica

    450 168 Mnima melhora bioqumica

    Sem resposta antiviral

    Huber, 2005

    40 Hepatite C crnica

    420, 840 e 1260

    125 78 Sem melhora bioqumica

    Gordon, 2006

    17 Hepatite C crnica

    600 ou 1200

    84 Sem melhora bioqumica Sem queda no RNA viral

    Bares, 2008

    37 Hepatite C crnica

    360,720 e 1080

    120 Melhora da ferritina

  • 26

    Magliulio e cols[57] randomizaram em um estudo duplo-cego 59 pacientes com

    hepatites agudas A e B recebendo SLM 140mg, 3x/dia. Houve significante diminuio de

    AST/ALT e bilirrubina total no grupo tratado com SLM aps 5 dias e normalizao de

    bilirrubina e AST aps a 3 semana, significativamente maior no grupo tratado com SLM.

    Buzzzelli e cols[58] randomizaram 20 pacientes com hepatites B,C ou ambos para

    receber um complexo com silibina (Idb1016) ou placebo num curto espao de tempo ( 7 dias

    ). Houve diminuio de transaminases e GGT com significncia estatstica no grupo tratado

    com silibina.

    Par e cols[59] trataram 6 pacientes com hepatite C crnica e 10 com hepatopatia

    alcolica usando SLM 300 mg/dia por 1 semana seguido de 200mg/dia por 1 ms. Os nveis

    de AST/ALT/LDH e bilirubinas diminuram em todos os pacientes comparados aos nveis

    iniciais. Uma grande limitao deste estudo foi no haver grupo controle.

    Tanamly e cols. conduziram um ensaio clnico tratando 177 pacientes com hepatite C

    crnica durante 1 ano com SLM. A avaliao com 12 e 24 meses aps o inicio do tratamento

    no observou melhora bioqumica, nem nos marcadores sricos de fibrose (cido hialurnico),

    alm da ausncia de resposta virolgica[60, 61].

    El-Zayadi e cols. randomizaram 170 pacientes com hepatite C crnica usando no grupo

    I (n= 87) RBV, amantadina e cido ursodesoxicolico e grupo II (n= 83) SLM 450mg/dia por

    24 semanas. Houve normalizao da transaminases em 58,5 e 15,3% e resposta virolgica ao

    final do tratamento de 2,4 e 0%. Apesar de no ser um estudo placebo-controlado ele mostra

    pouco benefcio nos pacientes com hepatite C crnica[62].

    Huber e cols avaliaram retrospectivamente 40 pacientes tratados com 3 doses diferentes

    de SLM ( 420, 840 e 1260 mg ) por um tempo mdio de 125 dias e observou que no houve

    alteraes significativas nos nveis de transaminases durante e aps o tratamento[63].

  • 27

    Gordon e cols. randomizaram 17 pacientes (n=24) com hepatite c crnica utilizando

    SLM (600 mg ou 1200 mg/dia) ou placebo por 24 semanas, no havendo alteraes nos

    nveis de transaminases e do RNA viral, nem melhora na qualidade de vida[64].

    Bares e cols randomizaram 37 pacientes com hepatite C crnica para receber doses

    diferentes de SLM por 3 meses e avaliar o estoque de ferro. Houve diminuio significativa

    nos nveis de ferritina principalmente nos pacientes que apresentavam fibrose mais avanada

    independente da dose utilizada, sugerindo haver uma possvel relao com melhora do stress

    oxidativo e conseqentemente ao anti-fibrtica[48].

    O estudo HALT-C (Hepatitis C Antiviral Long-term Treatment against Cirrhosis) foi

    realizado em pacientes NR ao tratamento prvio com PEGINF e RBV, com fibrose avanada

    ou cirrose, os quais receberam PEGINF na metade da dosagem por longos perodos. Dos

    1.145 pacientes participantes do estudo, 23% (263 pacientes) utilizaram algum fitoterpico

    durante a participao no estudo, sendo que 72% (195 pacientes) utilizavam a SLM. Estes

    pacientes no apresentavam nveis diferentes nas transaminases ou na carga viral em relao

    aos participantes que no faziam uso de ervas, porm foi observado que os que utilizavam a

    SLM apresentaram menos efeitos colaterais ( fadiga, nuseas, dores musculares, cefalia,

    artralgias ) e uma melhor qualidade de vida. Ressalta-se que o estudo no foi controlado,

    sendo necessrio ensaios clnicos para confirmar estes resultados[9].

    Ferenci e cols realizaram recentemente um estudo utilizando silibina intravenosa em

    pacientes no respondedores (NR) a PEGINF e RBV e demonstraram que em doses elevadas

    dirias (15 e 20 mg/kg/dia) houve uma negativao do PCR RNA-HCV em 6 de 14 pacientes

    aps 14 dias de tratamento, sugerindo um efeito anti-viral potente em pacientes com hepatite

    C crnica [65].

    2.2.1.3.2 - Hepatopatia alcolica e outras causas

  • 28

    A tabela 5 mostra os principais estudos clnicos da SLM em hepatopatias crnicas:

    Tabela 5: Ensaios clnicos avaliando o efeito da SLM na hepatopatia crnica

    Autor, ano

    N Condio clnica Dose diria (mg)

    Tratamento (dias)

    Concluso

    Salmi, 1982

    106

    Hepatite aguda e subaguda

    420

    28

    Melhora histolgica e de enzimas hepticas

    Ferenci, 1989

    170 Cirrose 420 730 Melhora na sobrevida

    Trinchet, 1989

    116 Hepatite e cirrose alcolica

    420 90 Sem melhora histolgica e de aminotransferases

    Feher, 1989

    36 Hepatopatia alcolica crnica

    420 180 Melhora de enzimas hepticas

    Bunout, 1992

    71 Cirrose alcolica 280 450 Sem alterao laboratorial e na mortalidade

    Pars, 1998

    200 Cirrose alcolica 450 730 No melhorou sobrevida

    Salmi e cols estudaram 106 pacientes com hepatite aguda leve e subaguda, dos quais 90

    pacientes tinham avaliao histopatolgica. Eles foram randomizados para receber 420 mg /d

    de SLM por 4 semanas. Houve melhora dos nveis de transaminases e das alteraes

    histolgicas no grupo tratado com significncia estatstica[66].

    Ferenci e cols [67] realizaram um estudo controlado e randomizado em pacientes com

    cirrose heptica. Trataram 87 (alcolico: 46, no alcolico: 41) com SLM, 140mg 3x/dia, e

    83 ( alcolico: 45, no alcolico: 38) com placebo por um perodo de 2 anos. No houve

    diferena nos parmetros bioqumicos, mas houve melhora da sobrevida no grupo tratado com

    SLM, com diferena estatstica significativa nos subgrupos com cirrose alcolica e naqueles

    pacientes com child A. A crtica neste estudo que os grupos no foram bem divididos em

    relao gravidade de insuficincia heptica.

  • 29

    Trinchet e cols. trataram com SLM ( 420mg/dia ) e placebo 116 pacientes com hepatite

    alcolica comprovada com bipsia (58 com cirrose alcolica) por 3 meses. No houve

    diferena estatstica nos 2 grupos em relao a nveis de transaminases e no grau de

    inflamao da histologia heptica[68].

    Outro estudo duplo-cego conduzido por Feher e cols em pacientes com hepatite

    alcolica crnica descrito. 17 pacientes receberam SLM, 140 mg, 2x/ dia por 6 meses e 19

    pacientes receberam placebo. Os nveis de bilirrubina, AST/ ALT, GGT e procolgeno III

    diminuram significativamente quando comparado ao grupo placebo[69].

    Bunout e cols. randomizaram 71 pacientes com cirrose alcolica para tratamento com

    SLM, numa dose bem menor que outros estudos (280 mg/dia) e placebo. No houve diferena

    entre os grupos em relao aos dados laboratoriais e nem na mortalidade[70].

    Pars e cols[71] num estudo randomizado, duplo-cego, placebo-controlado de 125

    pacientes com cirrose alcolica documentada histologicamente, no demonstraram efeito na

    sobrevida depois de 2 anos de tratamento com 450 mg/dia de SLM. Uma anlise adicional

    neste estudo evidenciou que havia 75 pacientes anti-HCV positivos, podendo ter causado

    algum efeito no seguimento destes pacientes.

    Jacobs e cols.[72] revisaram 14 estudos randomizados placebo-controlados utilizando

    SLM em hepatopatias crnicas, a maioria deles citados nesta reviso ( tabela ). A meta-anlise

    realizada no encontrou reduo na mortalidade, nem melhora histolgica ou bioqumica nos

    pacientes com doena heptica crnica. Houve importantes limitaes nesta anlise, como o

    pequeno nmero de pacientes presentes nos estudos para avaliao da mortalidade (433) que

    pudesse dar um grande poder de resultado. Tambm a avaliao da presena de hepatite B foi

    inconsistente e grande parte dos diagnsticos na poca de hepatite no-A no-B poderiam ter

    sido de hepatite C e isto teria impacto na eficcia do tratamento. Assim, os autores

  • 30

    recomendam a realizao de estudos clnicos com maior nmero de pacientes e melhora na

    definio da doena heptica para concluses e resultados mais confiveis.

    J Saller e cols analisaram 19 estudos clnicos usando SLM em diferentes patologias

    hepticas e concluem que h evidncias do benefcio do uso desta droga na intoxicao pela

    Amanita phaloides e tambm em pacientes com cirrose alcolica child A. Descrevem tambm

    que no h benefcios do seu uso em hepatites virais, principalmente hepatite C[7].

    Em resumo, h evidncias do benefcio da administrao da SLM em pacientes com

    intoxicao pela Amanita phalloides, baseado em relato de casos uma vez que no seria

    eticamente aceitvel a realizao de ensaios clnicos utilizando as toxinas deste cogumelo.

    Nas doenas hepticas alcolicas no podemos concluir que h eficcia da sua utilizao

    devido a no uniformidade metodolgica dos estudos clnicos com SLM. Em relao s

    hepatites virais, no ha evidncias de que esta droga tenha benefcios, principalmente na

    hepatite C. Considerando-se que o objetivo do tratamento da hepatite C a erradicao viral,

    so necessrios estudos clnicos que avaliem o real beneficio da associao desta droga ao

    tratamento anti-viral com interferon e RBV.

    2.3 - Metionina

    A Metiomina (MTN) um aminocido sulfurado presente na dieta normal. Seu

    principal metablito ativo a S-adenosilmetionina (SAMe) formada a partir da MTN pela

    enzima S-adenosilmetionina- sintetase. Ela fundamental em vrias reaes bioqumicas e

    sua capacidade de doar o grupamento metil importante para a sntese de glutation, que um

    importante antioxidante celular, e na sntese de fosfolipdios que so importantes na

    estabilizao da membrana celular. A MTN bem absorvida por via oral com meia-vida de

  • 31

    eliminao em torno de 100 minutos e excreo renal e fecal. muito bem tolerada com leves

    efeitos gastrointestinais em raras ocasies[73, 74].

    Assim como os estudos com SLM, os estudos clnicos com MTN englobam poucos

    pacientes, vrios etiologias, diferentes doses e tempo curto, levando a concluses com

    bastantes questionamentos [73].

    No h estudos clnicos da eficcia da SAMe em hepatopatias virais[75], mas

    recentemente Duong e cols mostraram que o tratamento em cultura de clulas hepticas com

    SAMe levaria a metilao de algumas enzimas intra-celulares responsveis pela ao do

    interferon-alfa podendo assim melhorar seu efeito anti-viral [76].

    2.3.1 - Metionina na doena heptica alcolica

    2.3.1.1 - Estudos experimentais

    A agresso heptica pelo lcool leva a diminuio da concentrao de SAMe e glutation

    no fgado, por isso muitos estudos tentam avaliar o beneficio da sua administrao,

    principalmente em doena heptica alcolica[74, 77].

    Parlesake e cols. mostraram uma evidente melhora histolgica nas leses hepticas

    induzidas pelo lcool em ratos tratados com MTN [78].

    Song e cols. avaliaram o efeito da MTN em ratos aps a administrao aguda de lcool

    e tambm mostraram que h melhora das transaminases e maior nvel de glutation heptico no

    grupo tratado[79].

    2.3.1.2 - Estudos Clnicos

  • 32

    A tabela 6 mostra os estudos clnicos da MTN na hepatopatia alcolica.

    Tabela 6 - Ensaios clnicos avaliando o efeito da MTN na hepatopatia alcolica

    Autor, ano N Condio clnica Dose diria (mg)

    Tratamento (dias)

    Concluso

    Vendemiale, 1989

    39

    Hepatopatia alcolica e no

    alcolica

    1200

    180

    Melhora dos nveis de glutation heptico

    Loguercio, 1994

    40 Hepatite e cirrose alcolicas

    2000 15 Aumento da concentrao de glutation

    eritrocitrio

    Mato, 1999

    123 Cirrose alcolica 1200 730 Diminuio na taxa de mortalidade e evoluo

    para transplante

    Vendemiale e cols randomizaram 39 pacientes com hepatopatia alcolica e no

    alcolica para receberem 1,2g de SAMe e placebo por 6 meses. Eles observaram que os nveis

    de glutation heptico estava diminudo no grupo pr-tratamento em comparao ao controle e

    que houve aumento significativo em comparao ao grupo placebo aps o tratamento[80].

    Loguercio e cols trataram 40 pacientes com hepatopatia e cirrose alcolicas

    administrando SAMe 2g parenteral por 15 dias e observaram que a concentrao de glutation

    eritrocitrio era menor que no grupo controle e que houve um aumento desta concentrao no

    grupo tratado[81].

    Mato e cols. [82] realizaram um estudo clnico randomizado, duplo-cego, placebo-

    controlado, em 123 pacientes com cirrose alcolica, usando MTN 1200mg/dia por 2 anos.

    Houve melhora na sobrevida e o tempo de evoluo para transplante de fgado nos pacientes

    child A e B reduziu de 29% no grupo placebo para 12% (p=0,025).

  • 33

    Friedel e cols. revisaram vrios estudos realizados em pacientes com cirrose alcolica e

    tratados com MTN em doses que variaram de 800 a 1200 mg demonstraram melhora nos

    parmetros bioqumicos e aumento nos nveis de glutation heptico [73].

    Rambaldi e cols. revisaram 9 ensaios clnicos que utilizaram SAMe em doena heptica

    alcolica, os estudos mais importantes foram citados nesta reviso, e no encontraram

    evidncias com poder estatstico significativo que indique o seu uso no tratamento desta

    patologia. Eles avaliaram que h queda das enzimas hepticas em alguns estudos, mas sem

    significncia clnica[75].

    2.3.2 - Metionina em outros tipos de leso heptica.

    A administrao de MTN em ratos esteatticos que sofreram leso de isquemia-

    reperfuso por clampeamento dos vasos hepticos mostrou diminuio das transaminases

    com aumento nas taxas de glutation heptico, caracterizando um menor stress oxidativo[83].

    Coltorti e cols[84] revisaram vrios estudos clnicos utilizando a MTN, somando mais

    de 1000 pacientes com colestase intraheptica, e observaram reduo dos parmetros

    bioqumicos ( bilirubinas, sais biliares, transaminases e fosfatase alcalina ), assim como

    melhora subjetiva na fadiga e prurido quando comparados ao placebo.

    O uso da SAMe em ratos, com um modelo de cirrose induzido por CCL4, mostrou

    melhora nos nveis de glutation heptico, reduo da peroxidao lipdica e fibrose menos

    avanada[85].

    Utilizando cultura de clulas estelares Matsui e cols [86] mostraram que a

    administrao de SAMe atenua a ativao destas clulas e conseqentemente sua proliferao,

    produo de colgeno e atividade contrtil, sugerindo uma ao anti-fibrtica.

  • 34

    Estudos de carcinognese heptica em ratos mostram que o SAMe pode ter um efeito

    protetor inibindo o desenvolvimento de ndulos neoplsicos atravs da restaurao da

    concentrao de SAMe heptico e conseqente melhora da hipometilao do DNA que

    parece ser o desencadeante da carcinognese[87]. H evidncias tambm que o SAMe tenha

    um efeito no crescimento celular impedindo a apoptose hepatocitria em clulas normais e

    estimulando a apoptose em clulas hepticas tumorais [88].

    Embora os estudos experimentais de leso heptica sugiram um efeito teraputico da

    SAMe na leso heptica pelo lcool, outros estudos clnicos randomizados e controlados so

    necessrios para definir seu beneficio, no havendo evidncias cientficas atualmente para

    recomendar seu uso.

    No h estudos clnicos avaliando o benefcio da associao da SLM com a MTN em

    doenas hepticas de quaisquer etiologias, apesar desta associao de drogas ser largamente

    utilizada no Brasil em doenas hepticas de etiologias variadas.

  • 35

    3 - OBJETIVOS :

    Gerais

    Avaliar o efeito da associao da silimarina com a metionina ao

    tratamento com interferon convencional ribavirina nos pacientes com hepatite C

    crnica e gentipo 1.

    Especficos

    Comparar a resposta virolgica sustentada obtida com o tratamento com

    interferon convencional e ribavirina versus este tratamento associado silimarina /

    metionina

    Avaliar o efeito da silimarina / metionina sobre a evoluo da histologia

    heptica nos pacientes no respondedores.

  • 36

    4 - Pacientes e mtodos:

    4.1 - Amostra:

    Pacientes atendidos na triagem dos ambulatrios do HUCFF portadores de hepatite C

    crnica com gentipo 1.

    4.2 - Critrios de incluso:

    ambos os sexos;

    idade entre 18 e 70 anos;

    anti-HCV positivo com infeco confirmada por PCR RNA-HCV;

    gentipo 1;

    virgens de tratamento para hepatite C;

    BH dentro de 24 meses antes da entrada neste protocolo evidenciando

    qualquer grau de fibrose

    absteno da ingesto de lcool por 6 meses

    4.3 - Critrios de Excluso:

    Gestantes e lactantes;

    Qualquer doena heptica, baseada na histria, exames complementares

    ou bipsia, que no seja hepatite C;

    anti-HIV +, HBSAg + ou com outras co-infeces;

    hepatite C aguda;

  • 37

    insuficincia renal crnica;

    obesidade mrbida (IMC > 40 Kg/m2);

    condies psiquitricas pr-existentes;

    doenas auto-imunes sistmicas;

    doenas hematolgicas;

    doenas neoplsicas;

    diabetes mellitus de difcil controle;

    pacientes transplantados;

    uso persistente de drogas ilcitas;

    cirrose heptica com hipertenso porta ou insuficincia heptica;

    contra-indicao ao uso do interferon e RBV: hematcrito < 30%;

    plaquetas < 50.000/ mm3; leuccitos < 2000/ mm3

    pacientes que preferiram fazer uso do PEGINF;

    nvel escolar insatisfatrio (pacientes que no completaram no mnimo

    a 4 srie ou 5 ano do ensino fundamental).

  • 38

    4.4 - VARIVEIS ANALISADAS

    a) sexo e idade;

    b) ALT, GGT e contagem de plaquetas

    c) tipo de resposta teraputica na 24, na 48 e aps a 72 semana de

    tratamento antiviral(RVS);

    d) variao da atividade inflamatria e estgio de fibrose (classificao de

    Ishak) na BH antes e aps o tratamento

    4.5 - Desenho do Estudo:

    Ensaio clnico randomizado, controlado, prospectivo, duplo-cego, avaliando a

    eficcia do tratamento combinado com interferon-, RBV e placebo (grupo placebo)

    versus terapia qudrupla com interferon-, RBV e SILIMALON (grupo tratamento)

    ambos por 48 semanas, em pacientes com hepatite crnica ou cirrose heptica histolgica

    pelo VHC com gentipo 1.

    Tempo de tratamento e acompanhamento: 72 semanas.

    Os pacientes que preencheram os critrios citados anteriormente, foram

    randomizados pela equipe farmacutica por ordem de entrada na farmcia pacientes

    mpares grupo A, pares grupo B.

  • 39

    Esquema teraputico:

    Grupo placebo: Interferon- 2a/2b (3 milhes de UI/L, subcutneo, trs vezes por

    semana), RBV (13 mg/kg/dia via oral) e placebo.

    Grupo tratamento: Interferon- 2a/2b (3 milhes de UI/L, subcutneo, trs vezes

    por semana), RBV (13 mg/kg/dia via oral) e silimarina-metionina (S/M) (840 mg/d de

    silimarina e 1200 mg/d de MTN via oral).

    Para avaliao do efeito anti-viral os pacientes fizeram uso de interferon

    convencional e ribavirina associados a SLM (840 mg/d) / MTN (1200 mg/d) ou placebo

    via oral por 48 semanas, avaliando-se a RVS nos dois grupos na semana 72 (figura 2).

    Figura 2 Avaliao do efeito anti-viral

    RNA 24s RNA 72s

    + + +- --S/M

    IFN- + RBVplacebo

    RVS

    + + +

    - --

    RNA 48sRNA 24s RNA 72s

    + + +- --S/M

    IFN- + RBVplacebo

    RVS

    + + +

    - --

    RNA 48s

    Para avaliao do efeito anti-fibrtico os pacientes NR na 24 semana foram mantidos

    isoladamente com S/M ou placebo por mais 48 semanas (tempo total=72 semanas)

    comparando-se o grau de fibrose inicial com aquele presente na BH realizada na 72 semana

    (final do tratamento) entre os dois grupos (Figura 3). Foi considerada melhora histolgica

    qualquer diminuio na pontuao de fibrose e inflamao.

  • 40

    Figura 3 Avaliao do efeito anti-fibrtico

    4.6 - Avaliao dos Pacientes:

    Pr-Tratamento:

    Avaliao clnica e exame fsico - Todos os pacientes foram

    submetidos anamnese e inqurito epidemiolgico para identificao de

    fontes de aquisio do HCV. O exame fsico foi realizado para

    identificao de sinais de insuficincia heptica (ictercia, telangiectasias,

    eritema palmar) e hipertenso porta (esplenomegalia, ascite e circulao

    colateral).

    Avaliao hematolgica Foram realizados hemograma

    completo com semiologia do sangue perifrico, contagem de plaquetas e

    reticulcitos.

    Avaliao heptica Foram dosados os nveis de ALT, AST,

    bilirubinas, GGT, protenas totais e fraes pelas tcnicas automatizadas e

    determinao do tempo e da atividade da protrombina (TAP).

    IFN - + RBV

    placebo

    S/M RNA 24s +

    Biopsia inicial

    Biopsia final

    72s IFN - + RBV

    placebo

    S/M RNA 24s +

    Bipsia inicial

    Bipsia final

    72s

  • 41

    Avaliao laboratorial adicional Foram realizadas dosagens de

    TSH, T4 livre e anti-TPO, assim como ferritina, creatinina, alfa-

    fetoprotena, colesterol e triglicerdeos.

    Sorodiagnstico da infeco pelo vrus da hepatite C

    Determinao do anti-HCV por tcnica de ELISA de 2 ou 3 gerao.

    Diagnstico virolgico A confirmao da infeco viral foi

    realizada com a pesquisa do HCV-RNA no soro por tcnica de PCR

    (Polymerase Chain Reaction) e a anlise genotpica pela tcnica de PCR

    com primers especficos ou pela tcnica de seqenciamento.

    Avaliao histopatolgica Os pacientes que preencheram os

    requisitos de hepatite crnica pelo HCV foram submetidos BH

    percutnea ou laparoscpica com autorizao prvia. Laudos

    histopatolgicos j existentes foram aceitos, se realizados at 24 meses

    antes do inicio do protocolo. Foi utilizada a classificao de ISHAK et al

    para graduao da atividade inflamatria e estadiamento de fibrose.

    Para garantir uniformidade e padronizao na avaliao dos laudos

    histopatolgicos, apenas entravam no estudo as BH com critrios tcnicos

    semelhantes e determinados por reconhecidas especialistas em histologia

    heptica do Servio de Anatomia Patolgica do HUCFF.

    Durante o tratamento:

    Quinzenalmente nos primeiros 2 meses e depois mensalmente foram

    solicitados hemograma completo com contagem de plaquetas e exames de bioqumica

    heptica. A critrio mdico esses exames eram realizados em intervalos menores.

  • 42

    Trimestralmente foram realizadas dosagens de TSH, T4 livre e anti-

    TPO.

    Pacientes que apresentaram efeitos adversos foram conduzidos

    conforme descrito abaixo:

    a) Anemia (hemoglobina < 8,0 g/dl) ou leucopenia (neutrfilos <

    500 clulas/mm3) foram administrados fatores de crescimento mielide

    (eritropoetina recombinante e/ou filgastrim) em doses variveis para

    manter o paciente com hemoglobina 10 g/dl ou neutrfilos 750

    clulas/mm3. A diminuio das doses de interferon- 2a/2b e/ou RBV s

    ocorria se no houvesse resposta satisfatria ao uso dos fatores de

    crescimento;

    b) Plaquetopenia - a dose de interferon- 2a/2b era reduzida com

    contagem de plaquetas 50.000/mm3 e o tratamento era suspenso com

    contagem 25.000/mm3;

    c) Reticulocitose (reticulcitos >1,5%) utilizou-se cido flico

    5mg/dia, via oral;

    d) Astenia e falta de apetite utilizaram complexo vitamnico via

    oral;

    e) Hipotireoidismo utilizaram hormnios tireoidianos via oral, em

    dosagens que suprissem as necessidades de cada paciente;

    f) Febre e dores musculares foi utilizado paracetamol, 500 mg,

    via oral, at de 4 em 4 horas;

    g) Depresso leve e/ou irritabilidade foi prescrito cloridrato de

    sertralina na dose de 50 mg/dia.

    A dose de S/M no foi reduzida em nenhum momento.

  • 43

    Ao final de 24 semanas foi realizado um segundo PCR em todos os

    pacientes. Se negativo as drogas eram mantidas at a semana 48 parar avaliao de

    RVS. Os pacientes com viremia na semana 24 interromperam o interferon alfa-2a /

    RBV e continuaram com S/M ou placebo at a semana 72, quando nova BH era

    realizada.

    4.7 - Aspectos ticos:

    O estudo foi desenvolvido no ambulatrio de Hepatologia do HUCFF, de acordo com

    as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos

    (Resoluo 196/1996 do Conselho Nacional de Sade) e foi submetido e aprovado pela

    Comisso de tica em Pesquisa desta instituio (CEP 160/03).

    Apesar dos autores deste protocolo reconhecerem que o tratamento com PEGINF tem

    maior chance de cura em comparao com o interferon convencional utilizado no estudo, no

    perodo de incluso dos pacientes (2003 a 2005) o PEGINF era de difcil aquisio e de

    fornecimento irregular pela Secretaria de Sade do Estado do Rio de Janeiro. A opo de se

    aguardar a obteno desta droga foi oferecida a todos os pacientes, esclarecendo-se as

    vantagens e desvantagens de ambos os tratamentos. Os NR teriam a opo futura de

    retratamento com o PEGINF.

    Todos os pacientes includos neste estudo foram informados sobre o mesmo e

    consentiram sua incluso, assinando o termo de consentimento livre e esclarecido (anexo 1).

    4.8 - Metodologia Estatstica:

  • 44

    Anlise Estatstica

    Para anlise estatstica, utilizou-se o programa SPSS verso 11.0 para Windows. As

    variveis quantitativas foram representadas pelas mdia, desvio padro e mediana.

    A associao das variveis com a de interesse foi verificada pelo teste de Chi-Quadrado

    ou exato de Fisher.

    Adotou-se o nvel de significncia de 0,05 (=5%). Nveis descritivos (p) inferiores a

    este valor foram considerados significantes.

  • 45

    5 - RESULTADOS

    5.1 - Anlise descritiva

    5.1.1 - Caractersticas da amostra

    Do total de 100 pacientes inicialmente selecionados, 6 foram excludos do estudo no

    grupo B antes do incio do tratamento, por abandono. Iniciamos o tratamento em 94 pacientes

    e no decorrer do acompanhamento tivemos 2 excluses no grupo tratamento (1 por

    hemocromatose e o outro por diabetes mellitus descompensado) e 3 no grupo B (2 por

    abandono e 1 bito no relacionado). Como estas perdas ocorreram antes da avaliao do

    PCR RNA-HCV da 24 semana, no foi possvel incluir estes pacientes em uma anlise do

    tipo inteno de tratamento. O grupo estudado incluiu ento 89 pacientes, nos quais foi

    realizado o acompanhamento clinico por 72 semanas para definir evoluo histolgica e se

    houve RVS. O grfico 1 representa o fluxo de incluso e acompanhamento dos pacientes do

    estudo.

    Grfico 1- fluxo de incluso e acompanhamento dos pacientes com hepatite C crnica

    elegveis para o estudo

    100 pacientes

    Grupo Tratamento50 pacientes

    Grupo Placebo50 pacientes

    50 pacientes44 pacientes

    Randomizao

    6 perdas6 abandonos

    42 pacientes 47 pacientes

    2 perdasHemocromatose

    DM descompensado

    3 perdas2 abandonos

    1 bito no relacionado

    Incio do tratamento

    100 pacientes

    Grupo Tratamento50 pacientes

    Grupo Placebo50 pacientes

    50 pacientes44 pacientes

    Randomizao

    6 perdas6 abandonos

    42 pacientes 47 pacientes

    2 perdasHemocromatose

    DM descompensado

    3 perdas2 abandonos

    1 bito no relacionado

    Incio do tratamento

  • 46

    Quarenta e sete eram do sexo feminino (52,8%). Em relao idade, apresentavam

    valor mnimo e mximo de 22 e 68 anos respectivamente, com mdia e desvio padro de 49, 5

    10 e mediana de 51. O clculo de ndice de massa corprea (IMC) mostrou mdia e desvio

    padro de 25,8 3,9 e mediana de 25,6.

    5.1.2 - Dados laboratoriais

    A tabela 7 mostra os principais valores de analise laboratorial dos pacientes no

    momento da incluso do estudo.

    Tabela 7 Anlise laboratorial pr-tratamento dos pacientes com hepatite C crnica elegveis

    para o estudo.

    Dos 87 pacientes que realizaram a dosagem de ALT na incluso do estudo 72,4%

    tinham nveis sricos elevados sendo que somente 23% destes apresentavam nveis acima de

    duas vezes o LSN. Em relao GGT, dos 84 pacientes avaliados 50% tinham nveis

    elevados, mas apenas 22,6% eram acima de duas vezes o LSN.

    Plaquetas=clulas/mm3; LSN=limite superior da normalidade; GGT=gamaglutamil transpeptidase; ALT= alanina aminotransferase

    14,3 3451 200590 1,6 1,614,3 3205 197000 1,3 1,1

    1,7 1621 59256 ,9 1,6

    MDIAMEDIANADESVIO PADRO

    Hemoglobina Neutrfilos Plaquetas ALT x LSN GGT x LSN

  • 47

    5.1.3 - Dados Histolgicos

    Foi utilizada a classificao de Ishak para classificar os pacientes quanto aos diferentes

    graus de inflamao e estgios de fibrose heptica antes do inicio do tratamento. Estes dados

    so apresentados nas tabelas 8 e 9.

    Tabela 8 Graduao da inflamao heptica pr-tratamento, pela classificao de

    Ishak

    Graus de atividade inflamatria

    14,012,010,08,06,04,02,0

    40

    30

    20

    10

    0

    Std. Dev = 1,69 Mean = 5,8N = 85,00

    24

    37

    21

    N (pacientes) 85

    Desvio padro = 1,69 Mdia = 5,8

  • 48

    Tabela 9 Graduao da fibrose heptica pr-tratamento, pela classificao de Ishak

    Estgio de fibrose heptica

    6,05,04,03,02,01,0

    40

    30

    20

    10

    0

    Std. Dev = 1,10 Mean = 2,7N = 88,0033

    8

    36

    29

    9

    5.1.4 - Tipo de resposta teraputica

    A RVS no total de pacientes foi de 19,1% (17 pacientes).

    5.2 - Anlise Comparativa

    Os principais dados demogrficos, bioqumicos e histolgicos distriburam-se de forma

    homognea entre os grupos estudados antes do inicio da interveno, conforme a tabela 10.

    N (pacientes) 88

    Desvio padro = 1,1 Mdia = 2,7

  • 49

    Tabela 10 - Caractersticas dos grupos de tratamento antes da interveno.

    Grupo tratamento Grupo placebo p-valor

    n 42 47

    Sexo Feminino 50% 58% NS

    Idade (mdia) 47,3 51,6 0,039

    IMC (mdia) 25,4 26,2 NS

    GGT (vezes o LSN) 1,65 1,64 NS

    ALT(vezes o LSN) 1,59 1,53 NS

    Atividade inflamatria 5,5 6,0 NS

    Fibrose 2,4 2,9 NS

    5.2.1 - Eventos adversos

    Dos 89 pacientes tratados 44 (49,4%) apresentaram algum evento adverso relacionado

    ao tratamento anti-viral. Sintomas gerais (febre, astenia, mialgia e insnia) foram os mais

    freqentes nos dois grupos. No grupo tratamento ocorreram em 20 (22,5%) e no grupo

    placebo em 18 (20,2%) (p=NS). Sintomas gastrointestinais (anorexia, nuseas, vmitos e dor

    abdominal) ocuparam o segundo lugar em eventos adversos nos dois grupos, ocorrendo em 5

    (5,6%) pacientes do grupo tratamento e em 9 (10,1%) do grupo placebo (p=NS). Houve casos

    de depresso leve apenas no grupo tratamento (n=4 (4,5%)), mas sem diferena

    estatisticamente significativa entre os grupos (p=NS). Dois pacientes (um em cada grupo)

    apresentaram hipotireoidismo leve e apenas um necessitou de reposio hormonal. Um

  • 50

    paciente do grupo tratamento faleceu no 10 ms de tratamento por pancreatite necro-

    hemorrgica.

    Todos os pacientes seguiram o tratamento at o fim sem interromper a medicao e sem

    a necessidade de diminuio de doses. Apenas 3 (3,4%) pacientes (2 no grupo tratamento e 1

    no grupo placebo) precisaram utilizar fator de estimulao de colnia de neutrfilos e outros 4

    (4,5) ( 1 no grupo tratamento e 3 no grupo placebo) utilizaram eritropoetina, no havendo

    diferenas estatsticas quando os grupos foram comparados (p=NS).

    5.2.2 - Resposta virolgica sustentada:

    Os dois grupos no diferiram em termos de RVS (p=NS), sendo alcanada por 7

    pacientes no grupo tratamento (16,7%) e por 10 no grupo placebo (21,3%) como demonstrado

    na tabela 11.

    Tabela 11 Comparao da RVS entre os grupos tratamento e placebo

    35 37 7283,3% 78,7% 80,9%

    7 10 1716,7% 21,3% 19,1%

    42 47 89100,0% 100,0% 100,0%

    Ausente

    Presente

    RVS

    Total

    Tratamento PlaceboGRUPOS

    Total

    5.2.3 - Avaliao da melhora histolgica aps o trat