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VOLMAR ARTÊMIO SAUERESSIG O PROBLEMA DO ALCOOLISMO E O USO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS EM PARÓQUIAS E COMUNIDADES LUTERANAS Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade de Teologia Evangélica em Curitiba, como requisito parcial à conclusão do Bacharelado em Teologia. Orientador: Prof. Martim Weingaertner CURITIBA 2013

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Artigo Conclusão Integralização - Assunto: Alcoloismo

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VOLMAR ARTÊMIO SAUERESSIG

O PROBLEMA DO ALCOOLISMO E O USO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS

EM PARÓQUIAS E COMUNIDADES LUTERANAS

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade de Teologia Evangélica em Curitiba, como requisito parcial à conclusão do Bacharelado em Teologia.

Orientador: Prof. Martim Weingaertner

CURITIBA 2013

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O PROBLEMA DO ALCOOLISMO E O USO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS

EM PARÓQUIAS E COMUNIDADES LUTERANAS

Volmar Artêmio Saueressig1

Resumo

Diante da realidade alarmante do consumo de álcool em nosso país, vidas e famílias estão sendo ceifadas e destruídas. A Igreja não está isenta. Em suas comunidades e paróquias há famílias clamando por socorro e ajuda. Este artigo não quer esgotar o assunto, mas procura compreender o que é o alcoolismo, suas consequências na vida e na família do alcoólatra, bem como seu desdobramento na sociedade. Também busca saber o que a Palavra de Deus tem a dizer sobre o assunto. Segue questionando a atitude da Igreja frente ao mesmo, e lançando desafios que visam acolher e auxiliar o alcoólatra que está lutando para libertar-se deste mal. Mas, só com muita compreensão, apoio e ajuda de sua Igreja local esta batalha poderá ser vencida com menos dor e sofrimento. Palavras-chave: Alcoolismo; igreja; família; compreensão; ajuda.

Introdução

O alcoolismo vem tomando proporções maiores a cada nova estatística. São

mortes violentas, acidentes causados por motoristas embriagados, brigas,

separações, famílias doentias e doenças físicas. O problema é ainda maior, se

levamos em conta que ele também é a porta de entrada para outras drogas ilícitas.

Portanto, ele é a causa de muita destruição no meio familiar, social e espiritual.

Mas, quem é alcoólatra? Como uma pessoa pode saber, se o seu beber está

deixando de ser um “beber social”, e está se transformando num vício? O que diz a

Palavra de Deus sobre o assunto?

O governo vem fazendo a sua parte, criando leis que visam inibir o consumo

de álcool. A chamada lei seca2 – Lei nº 11.705, de 19 de junho de 2008, altera o

1 É pastor da IECLB em Petrolândia – SC, e aluno da FATEV na turma de integralização.

2 A lei a que me refiro pode ser consultada no portal do governo federal, disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11705.htm. Acessado em 25 de maio de 2013.

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Código de Trânsito Brasileiro e diz no seu art. 1º que tem por finalidade estabelecer

alcoolemia zero e impor penalidades mais severas para o condutor que dirigir sob a

influência do álcool. São raras as leis brasileiras que, como esta, foram executadas

com tanto rigor, e conseguiram atingir imediatamente o seu objetivo.

Mas, o que a Igreja tem feito para procurar minimizar os efeitos do álcool em

suas famílias-membro? Na sociedade? De que forma ela pode cooperar na

prevenção do alcoolismo? Uma coisa é certa: A Igreja não pode simplesmente

fechar os olhos para o problema do alcoolismo em suas comunidades e paróquias,

pois ninguém está isento ao problema, e muitas famílias cristãs sofrem por terem em

seu convívio diário um ente querido vivendo na dependência do vício. Se a Igreja

quer fazer jus a sua tarefa nesse mundo, de ser promotora da vida, sempre

buscando o bem-estar físico, emocional e espiritual de seus membros, então algo

precisa ser feito. O presente trabalho pretende dar algumas pinceladas a este

respeito.

Definição de alcoolismo

Segundo o dicionário Aurélio de língua portuguesa, o alcoolismo é: "1.Vício de

ingerir bebidas alcoólicas; dipsomania; 2.Estado patológico originado pelo abuso do

álcool". O Ministério da Saúde3 vê no alcoolismo uma doença caracterizada por: a)

Compulsão4; b) Perda de Controle5; c) Dependência Física6 e Tolerância7.

Necessariamente estes sintomas não precisam ocorrer todos de uma só vez, ou

então, que o indivíduo precise beber diariamente, para ser classificado como

alcoólatra. Alguns são apenas alcoólatras de finais de semana, outros de festas e

reuniões, tendo em vista que nestas ocasiões ocorre o seu “beber frequente”,

seguido de exageros.

3 Disponível em: http://portal.saude.gov.br/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=557, acessado em: 22.04.2013.

4 É uma necessidade forte ou desejo incontrolável de beber.

5 Quando começa a beber, não consegue mais parar.

6 Esta é causada pela síndrome da abstinência, como, por exemplo: náusea, suor, tremores e ansiedade. Basta beber novamente, e estes sintomas são imediatamente aliviados.

7 Que é a necessidade de aumentar a quantidade de álcool para sentir-se "bem".

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Uma doença a ser tratada

Por levar a exageros e causar dependência, o alcoolismo é considerado pela

grande maioria dos estudiosos da área uma doença. Vailant, médico psiquiatra da

universidade de Harvard, numa entrevista dada à revista Veja (18.08.1999, p.11)

conceitua o alcoolismo como: Uma doença, um vício, devendo ser tratado como tal.

Um drama que envolve praticamente todas as áreas da medicina. É um conjunto de

genes que tornam o indivíduo vulnerável à dependência de álcool. Glitow (1991,

pg.39) acrescenta que “o alcoolismo é uma enfermidade progressiva que, na maioria

dos casos, leva de 5 a 10 anos para se desenvolver”.

Krüger (2005, p.11-12) classifica o alcoolismo como uma doença psicofísica8,

crônica9, lenta10, progressiva11 e mortal12. Amaral (30.06.2011, seção 18) acrescenta

que, a predisposição genética pode ser uma das causas deste vício. E Souza (2002,

p.8) conclui que “o alcoolismo é uma doença (...) porque o organismo do alcoólatra

reage de forma alterada diante do álcool”.

Conforme os autores citados, o alcoólatra, como qualquer outra pessoa

doente, necessita de tratamento. Sem um acompanhamento profissional, dificilmente

ele conseguirá libertar-se completamente desse mal. Muitos terão que passar por

uma clínica de recuperação, pois dificilmente conseguirão libertar-se de seu vício

sem uma ajuda profissional. Krüger (2005, p.19s) chega a sugerir aos pastores, que

estes frequentem reuniões abertas dos Alcoólicos Anônimos, e aprendam com eles

jeitos de lidar com este problema.

Consequências do alcoolismo

Em todo o mundo, o alcoolismo tem atingido índices alarmantes. Monteiro

(2007, p.1, 39)13 diz que o consumo de álcool nas Américas chega a ser 50 % maior

do que no restante do mundo. E, problemas decorrentes de seu uso excessivo têm

8 Pois ataca a parte psíquica e a parte física.

9 Porque após a sua instalação, o alcoolismo se apresenta como doença habitual.

10 Porque leva um bom tempo para vir a se manifestar e não tira a vida de um dia para o outro.

11 Porque é uma doença que avança cada vez mais rapidamente.

12 Pois, se o vício não for abandonado a tempo, o doente acabará num hospício, numa cadeira de rodas, ou morrendo prematuramente.

13 Este livro pode ser baixado da internet em: www.who.int/substance_abuse/publications/alcohol_ public_ health_americas_spanish.pdf.

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superado índices mundiais. Para tanto, ações a nível nacional e regional precisam

ser tomadas com certa urgência.

A Igreja não pode ficar simplesmente de braços cruzados, esperando que os

governantes tomem alguma atitude a este respeito. Ela precisa entender que é

corresponsável, pois, conforme as palavras do próprio Cristo, no Evangelho de João

(17:15), ela faz parte deste mundo. Este é seu dever social, ético e principalmente

cristão com o mundo a sua volta. Afinal, dentro da Igreja há famílias, vítimas do

alcoolismo, feridas, sofrendo, gritando por socorro e clamando por ajuda.

Krüger (2005, p.11ss) salienta que “o álcool é uma droga aceita”. É utilizada

em quase todas as festas. “A propaganda faz uma constante persuasão que vincula

ingestão de bebidas alcoólicas a poder, status, sucesso, prazer, hombridade e

sexo”. Todavia a realidade é diferente, tendo em vista que o álcool é

uma droga que modifica o estado de ânimo e altera o organismo de maneira cumulativa. Ele ataca o cérebro, o fígado, o coração, o estômago, o duodeno, o pâncreas, os nervos e, a longo prazo, a maioria dos órgãos e sistemas do corpo humano. Produz um dano cerebral progressivo, que acaba na morte. Em estado avançado de alcoolismo, o uso da bebida provoca desmaios, alucinações, tremores e delirium tremens. A ingestão de álcool por uma mulher grávida pode produzir severos danos ao ser em formação.

Masur (1984, p.17) lembra que as consequências da embriagues "vão

depender do estado emocional no momento em que se bebe, das expectativas em

relação à bebida e da situação social em que o beber ocorre". Por se tratar de uma

droga que causa dependência física e mental, o alcoólatra passa a "viver" em função

do álcool. O vício passa a substituir todas as atividades normais: Família, Igreja,

trabalho... Até os antigos amigos são substituídos pelos “novos amigos da bebida".

Gierus (1988, p.29-31) e Masur (1984, p.18) alertam para o fato de que “a

vida familiar de um alcoólatra é totalmente alterada”. Em muitos casos, a esposa e

os filhos começam a ser maltratados; passam a viver num clima de tensão e de

medo. As dificuldades financeiras são constantes, pois o alcoólatra não consegue se

fixar em emprego algum, e o pouco dinheiro que ganha é gasto com a bebida. O

caos se instala. Vailant (18.08.1999, p.11) acrescenta ainda a esta lista de males, o

fato de que 50 % de todas as crianças que necessitam de atendimento psiquiátrico

nos EUA são oriundas de famílias onde, um ou mais membros, são alcoólatras.

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As consequências não param por aí. Monteiro (2007, p.6ss) lembra que o

álcool é o maior vilão na causa de inúmeras doenças. Em 2002 foi o responsável por

aproximadamente 323.000 mortes só nas Américas, sendo que a maior parte das

vítimas tinha idade entre 15 e 44 anos. Na adolescência e juventude, o álcool: a)

Tem se tornado a droga numero um; b) É o grande responsável pelo aumento de

mortes em acidentes automobilísticos, afogamento, incêndio, suicídio e homicídio; c)

Tem contribuído para o início ainda muito cedo de uma vida sexual ativa; d) Torna

os jovens mais propensos a se tornarem vítimas de violência, como: estupro, assalto

armado e roubo; e) Prejudica a vida escolar.

No Brasil, o alcoolismo é responsável por 60% dos acidentes de trabalho,

80% das ocorrências policiais envolvendo violência, 20% dos pedidos de divórcio,

51% das internações nos hospitais psiquiátricos e 25% dos suicídios. Isso sem

contar com os prejuízos causados ao processo produtivo pelo desempenho

insatisfatório de empregados alcoólatras, e o flagelo social representado por 12

milhões de menores abandonados, 70% dos quais filhos de pais ou mães

alcoólatras (IBGE, 2005).

Conforme o vício passa a dominar o indivíduo, este começa a ter atitudes que

irão abalar e denegrir sua vida moral. Devido à embriaguez, ele começa a perder a

dignidade perante a família e a sociedade. Mariano (1999, p 33.) lembra que o

alcoólatra passa a ter a “tendência em frequentar locais de padrão socioeconômicos

e cultural cada vez mais baixos”. Como consequência, o álcool provoca vários

malefícios, prejuízos, separações e discórdias.

Portanto, as diversas áreas da vida de um alcoólatra começam a se

degenerar. Nem mesmo a área espiritual é poupada. Collins (1990, p.322) salienta

que: “É impossível crescer espiritualmente quando a pessoa depende ou é

dominada pelo álcool. Muitos viciados sabem disso, mas parecem impotentes para

mudar; acabando por afastar-se ainda mais de Deus”. O alcoólatra sente-se

culpado. Sabe que está vivendo em pecado. Mas, ao invés de buscar a Deus,

afasta-se ainda mais dele. Este é um dos motivos pelo qual a Palavra de Deus

ordena que o cristão não dê lugar à concupiscência da carne e, faz menção à

bebedice, pelo fato dela afastar o ser humano de Deus e condená-lo por toda a

eternidade (Gl 5:16-21).

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O álcool e a Bíblia

Qual a postura correta que um cristão deve assumir diante da bebida

alcoólica? A resposta não é tão simples como parece. Numa leitura atenciosa da

Bíblia, vamos encontrar diversos textos que parecem incentivar a abstinência14. E

também vamos nos deparar com um texto em que o próprio Cristo, enquanto

participava de uma festa de casamento, transformou água em vinho e,

possivelmente, bebeu deste vinho (Jo 2:1-11).

Para uma compreensão correta do assunto, faz-se necessária uma postura

adequada. Qualquer ideia pré-concebida precisa ser descartada. O estudioso da

bíblia precisa tomar o devido cuidado, para não cair na tentação de simplesmente

“encaixar as Escrituras” em sua posição de preferência, ou naquela que de antemão

acha ser a mais correta.

Brown (1989, p.760) menciona que o vinho (é seguidamente

mencionado em listas de produtos15. Este era largamente utilizado com o fim de

“matar a sede”, tendo em vista que, naquela época, grande parte da água disponível

para o consumo não era de boa qualidade. No entanto, seu abuso é a causa de

numerosos males16. Fato este que levou o autor de Provérbios a fazer numerosas

advertências contra o amor exagerado ao vinho17.

A bebida forte possui um passado sórdido, e seu uso é tão antigo, quanto a

história da humanidade. O justo Noé teve sua honra manchada em consequência do

vinho: "20 Noé, que era agricultor, foi o primeiro a plantar uma vinha. 21 Bebeu do

vinho, embriagou-se e ficou nu dentro da sua tenda" (Gn 9:20-21). Aqui vemos que

sob o efeito do álcool Noé fez o que não faria se estivesse sóbrio.

Quando as filhas de Ló desejaram ter filhos com o próprio pai (Gn 19:30-36),

elas o embriagaram, e depois o procuraram. O álcool em si não estimulou a

concepção, mas elas sabiam que Ló ficaria muito mais passível de cometer essa

imoralidade se estivesse bêbado.

14

Confira nesse sentido: Lv 10:9; Nm 6:3; Dt 14:26; 29:6; Jz 13:4,7,14; 1Sm 1:15; Pv 20:1; 31:4,6; Is 5:11,22; 24:9; 28:7; 29:9; 56:12; Mq 2:11; Lc 1:15

15 Cf. Neste sentido: Gn 27:28; Dt 7:13; 11:14; 18:4; 2Rs 18:32; Jr 31:12.

16 A exemplo da nudez de Noé (Gn 9:20-27) e a maldição de Canaã (Gn 19:32-35)

17 Cf. Neste sentido: Pv 20:1; 21:17; 23:20-21; 23:31ss.

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Vemos também que Absalão decidiu matar Amnom enquanto este bebia

(2Sm 13:28), talvez por crer que, estando bêbado, seria menos capaz de se

defender.

Ao falar da “Bíblia e o Vício”, Collins (1990, p.312) começa abordando acerca

dos “Não pode”. Fundamentado nas Sagradas Escrituras, ele afirma que o cristão

não pode transgredir a lei18; muito menos, deveria pressupor que é possível chegar

até Deus através das drogas, pois Deus quer ser buscado por pessoas de mente

limpa19; isto é, uma mente que não esteja sendo dominada por coisa alguma (1Co

6.12). Ao invés de supor que pelo seu muito beber todos os problemas seriam

resolvidos, o cristão deveria levá-los a Cristo (1Pe 5.7).

A seguir, Collins passa a falar a respeito dos “pode”. Ele diz:

“Lembre-se da Nossa Responsabilidade de Controlar a Criação. Deus disse a Adão que subjugasse e dominasse a terra, mas no decorrer dos séculos abusamos e usamos mal a criação de Deus. Como novas criaturas em Cristo, os crentes tem a responsabilidade de cuidar daquilo que Deus criou, inclusive seus próprios corpos. Assim sendo, “o uso de qualquer droga com o propósito de diversão e fuga, controle da mente (...) é um pecado contra Deus, a criação, a Sociedade e o Indivíduo” (Colins, p.313).

Mencionando uma vasta referência bíblica, segue seu argumento, afirmando

que o cristão deve evitar a embriaguez20, pois esta leva a pessoa a perder o controle

e a desperdiçar recursos (tanto financeiros, como a própria vida). É por isso que a

Palavra de Deus sugere ao cristão “encher-se do Espírito” (Ef 5:18) e manter o seu

corpo puro, para com ele glorificar a Deus (1Co 6:19-20; Rm 12.1).

Ao contrário do que muitos pensam, a Bíblia não proíbe o uso do álcool. Em

algumas passagens seu uso chega até mesmo a ser aconselhado como remédio21.

No Sl 104 o vinho é incluído entre as bênçãos de Deus, e é descrito como “algo que

alegra o coração do homem”. Por conseguinte, a Bíblia aconselha a moderação e a

temperança, e, em alguns casos, ordena até mesmo abstinência total22.

18

Baseia-se para isto em: Rm 13:1-5 e 1Pe 2:13-17 19

Para afirmar isso, Collins fundamenta-se em: Cl 3:2; 1Ts 5:4-8; 1Pe 1:13. 20

Ele menciona como referência: Pv 20:1; 23:29-31; Is 5.11; Rm 13:13; 1Co 5.11; 6:10; Gl 5.21; Ef 5.18; 1Pe 4:3; 1Ts 5:7-8

21 Em Mt 27:34 foi oferecido a Jesus uma mistura e vinho com fel. Conforme Rienecker, (1998; 2008, p. 439), esta “bebida” era oferecida aos condenados com o objetivo de anestesiar a dor. Após prová-lo, Jesus se recusou a beber, pois queria sofrer com plena consciência. Já em Lc 10:34 o vinho é aplicado sobre os ferimentos de um homem; e em 1Tm 5:23 o apóstolo Paulo aconselha seu amigo Timóteo a misturar vinho na água, tendo em vista seu problema estomacal.

22 Em Lc 7:33 vemos que João Batista foi um mensageiro especial de Deus que “não bebia vinho”; Em Nm 6:2-4, quando alguém fazia voto de nazireu, com o objetivo de “consagrar-se ao Senhor”,

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É verdade que foi “para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5.1). No

entanto, no mesmo verso, aquele que anuncia a liberdade, também faz um alerta:

“Portanto, permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente a um jugo de

escravidão”. Por não observarem o conselho da Palavra e se afastarem da

bebedeira e do vício, muitos acabam novamente na escravidão (Ef 5:18; 1Co 6:12),

pois não compreenderam que nem todas as coisas convém ou são proveitosas (1Co

6:11).

Portanto, se o consumo de bebidas alcoólicas possa vir a prejudicar nosso

corpo, nos levar à imoralidade, ou ainda fazer que, por nossa causa, outras pessoas

venham a tropeçar e cair, então essa prática deve ser evitada e até mesmo

abandonada (1Co 6:12; Rm 14:21). Segundo Collins, “este é um princípio onde o

crente tem liberdade para usar restrição desde que isso seja benéfico e promova o

crescimento do corpo de Cristo – a Igreja” (1990, pg. 313).

De nada adianta a gente saber quais são os malefícios do álcool, se não

estamos dispostos a fazer a nossa parte. A pergunta que todo cristão deveria se

fazer é: O que eu e a minha Igreja podemos começar a fazer, para minimizar este

mal que vem causando tanto sofrimento, e vem destruindo tantas vidas? Nada

melhor para responder esta pergunta, do que olhar para Jesus e sua missão.

Jesus e sua missão

No Evangelho de João (17:18) Jesus diz: “Assim como me enviaste ao

mundo, eu os enviei ao mundo”. Portanto, se a Igreja quer desempenhar a sua

função a contento, ela precisa olhar para a missão de Jesus, muito bem resumida

em Mt 9:35-10:1.

Nesse texto Jesus aparece andando por todas as cidades e povoados,

ensinando nas sinagogas, evangelizando e curando toda sorte de enfermidades23.

Por ser mestre em excelência, primeiro ele mostra na prática como deve ser a

missão de uma Igreja, depois envia seus discípulos para o campo missionário. Para

Rienecker (1998; 2008, p. 166), através de seu exemplo,

este voto era acompanhado da abstinência total ao vinho, bem como a toda e qualquer bebida forte (Nm 6:2-4).

23 Mt 9:35 e 4:23 afirma que não havia nenhuma doença que Jesus não curasse.

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“Jesus nos proíbe deixar de lado a grande miséria física, social e econômica das multidões, como se não tivéssemos nada a ver com ela, como se fosse possível ouvir e aceitar o evangelho do reino de modo desligado dela”.

Em nenhum momento Jesus agiu com indiferença frente ao sofrimento

humano. O texto bíblico revela que ele “teve compaixão delas, porque estavam

aflitas e desamparadas” (Mt 9:36). Portanto, ele se identifica com essa gente, se

solidariza com suas necessidades e, literalmente coloca-se em sua pele.

O sofrimento e as necessidades das pessoas devem ser levados em

consideração pela Igreja de Cristo, caso contrário, todo trabalho de ensino e

evangelização que esta vier a realizar será em vão. Em seu exemplo, Jesus mostra

que a Igreja precisa se empenhar em conhecer, conviver, compartilhar e se

comprometer com o mundo à sua volta. Só então o servir tornar-se-á evidente e

necessário, e a Igreja poderá cumprir a contento a sua missão.

O Dever da Igreja

Em seu ministério, Jesus se mostrou sensível às necessidades das pessoas

à sua volta. Ele alimentou uma multidão de famintos (Mt 14); curou um cego de nas-

cença (Jo 9); libertou o possesso (Lc 8); devolveu a esperança a uma viúva no mo-

mento em que restaurou a vida de seu único filho (Lc 7)... Portanto, através de seu

exemplo pessoal, mostrou como deve ser o agir de uma Igreja que deseja ser rele-

vante e ter a sua pregação compreendida e aceita por seus ouvintes.

Partindo deste princípio, e considerando ainda que o alcoolismo tem sido

causa de muita dor e destruição, a Igreja não pode simplesmente fechar os olhos

para o problema, ou achar que suas comunidades e paróquias estão isentas a ele.

A necessidade de a Igreja envolver-se é ainda maior, se for levado em consideração

seu dever social; bem como o fato da Bíblia condenar todo tipo de vício e ainda

afirmar que nenhum alcoólatra herdará os céus (1Co 6:10).

Tendo em vista que, um dos objetivos deste trabalho é avaliar o problema do

alcoolismo dentro das comunidades e paróquias luteranas24, se fez necessário uma

24

Para conhecer melhor o funcionamento de toda estrutura da Igreja Evangélica de Confissão Luterana – IECLB, acesse o portal: www.luteranos.com.br, e nele o menu “governança”.

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pesquisa aos “documentos normativos”25 desta. E a conclusão a que chegamos, foi

que não há uma postura clara quanto ao uso ou não de bebidas alcoólicas em suas

dependências. Assim sendo, cada presbitério26 tem o direito de tratar o assunto à

sua maneira. Isto tem contribuído para que a venda de bebidas alcoólicas em pro-

moções tenha se tornado algo comum e corriqueiro em muitas paróquias e/ou co-

munidades da IECLB27.

A pergunta que surge disso tudo é: Como uma Igreja poderá vir a ajudar uma

pessoa que se encontra acorrentada pelo vício, a libertar-se do mesmo, se ela pró-

pria o promove toda vez que, em suas promoções, coloca bebidas alcoólicas à ven-

da, pensando apenas no lado financeiro, e não considerando as consequências de-

sastrosas de sua atitude?

Quando um alcoólatra decide largar o vício, e procura ajuda em algum grupo

de AA (Alcoólicos Anônimos), uma das orientações que ele irá receber é: “Em vez

de tentar avaliar quantos goles podemos suportar (quatro, seis, uma dúzia?) lem-

bramos: ‘somente não tome esse primeiro gole’. É bem mais simples. O hábito de

pensar desta maneira ajudou centenas de milhares a permanecerem sóbrios duran-

te anos28”. O problema é que, para cumprir este propósito, ele não poderá participar

das programações de muitas paróquias e/ou comunidades luteranas, porque em

qualquer promoção que estas vierem a organizar, haverá venda de bebidas alcoóli-

cas, bem como pessoas dizendo: “tome um pouquinho... ou o seu tratamento não

valeu nada?”, havendo assim grande risco de uma recaída.

O Apóstolo Paulo aconselha acertadamente:

“1

Aceitem o que é fraco na fé, sem discutir assuntos controvertidos.2 Um

crê que pode comer de tudo; já outro, cuja fé é fraca, come apenas alimentos vegetais.

3 Aquele que come de tudo não deve desprezar o que

não come, e aquele que não come de tudo não deve condenar aquele que come, pois Deus o aceitou (...)

14 Como alguém que está no Senhor Jesus,

tenho plena convicção de que nenhum alimento é por si mesmo impuro, a não ser para quem assim o considere; para ele é impuro.

15 Se o seu irmão

se entristece devido ao que você come, você já não está agindo por amor. Por causa da sua comida, não destrua seu irmão, por quem Cristo morreu (...)

21 É melhor não comer carne nem beber vinho, nem fazer qualquer outra

coisa que leve seu irmão a cair” (Rm 14:1-3+14-15+21).

25

Os documentos normativos da IECLB estão disponíveis em: www.luteranos.com.br. 26

O presbitério é composto por: Presidente, secretário, tesoureiro e seus respectivos vices. São responsáveis pela administração das paróquias e comunidades.

27 Os anexos 1 a 3 compõe uma pequena pesquisa de campo, feita para documentar que o uso de bebidas alcoólicas em comunidades e paróquias da IECLB é algo comum e corriqueiro.

28 Disponível em: http://www.alcoolicosanonimos.org.br/component/content/article/49-viver-sobrio/233-evitar-o-primeiro-gole.html, pesquisado dia 26.05.2013.

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Infelizmente muitos cristãos não entendem a gravidade do vício do álcool.

Não entendem que qualquer cheiro, qualquer conversa, qualquer barulho que lhes

remeta ao álcool, torna-se imediatamente um motivo de agonia, tortura e sofrimento.

Não entendem o risco de uma recaída29. E por não entenderem o drama que vive

um alcoólatra em recuperação, não abrem mão do uso de bebidas alcoólicas em

suas promoções, e ainda são capazes de desafiar um alcoólatra em recuperação

dizendo: “que mal fará tomar um ou dois copos... afinal de contas, o teu tratamento

valeu ou não valeu?”

Nesse caso, como fica o grande mandamento do amor, registrado no livro de

João, no qual Jesus ordena à sua Igreja: “amem-se uns aos outros, como eu os

amei”? (13:34). Será que, servindo bebidas alcoólicas em suas promoções, estas

paróquias e comunidades luteranas estão colocando este mandamento em prática?

Estão sendo acolhedoras? Terapêuticas? Ou, através de sua atitude, estão fazendo

com que aqueles que queiram libertar-se do vício, tenham de se afastar da comu-

nhão para não correrem o risco de uma recaída, ou então, terão de buscar outra

Igreja que os compreenda e os ajude?

Toda Igreja que quer ser inclusiva, acolhedora, e terapêutica em relação ao

alcoólatra, precisa: a) Substituir o vinho da Santa Ceia, por suco de uva. Isso porque

segundo o AA, todo alcoólatra precisa evitar o primeiro gole; b) Parar de comerciali-

zar qualquer tipo de bebida alcoólica em suas dependências.

Como afirma o Apóstolo Paulo, algumas vezes, no desempenho do amor,

preciso abrir mão do “meu direito”, para não vir a me tornar pedra de tropeço na vida

do irmão (Rm 14.21). Só quando a Igreja estiver disposta e aberta a esta mudança,

se tornará, verdadeiramente, uma Igreja terapêutica, com moral e condições para

auxiliar aqueles que estão sendo escravizados pelo vício; só então será uma Igreja

sensível o suficiente para estar ao lado daqueles que se encontram nesta difícil

tarefa de recuperação e reabilitação; e estará cumprindo o mandamento deixado por

Cristo, de ser "sal" e "luz" neste mundo (Mt 5.13-14).

29

Seria importante que pastores e líderes participassem de reuniões abertas do AA. Assim poderiam compreender melhor o drama que vive uma pessoa que já estava no vício, e agora luta dia após dia para manter-se sóbrio.

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O aconselhamento e o vício Hoff (2005, p.221) ao falar do aconselhamento aos alcoólatras, ressalta que o

conselheiro não deve considerar o “alcoólatra nem como um pecador vil e

desprezível, nem como um ser retardado”. Apesar de a Bíblia afirmar que o

alcoolismo é pecado, devemos sempre lembrar que o bebedor impulsivo é um

doente que necessita de tratamento e ajuda, e que ninguém conseguirá ajuda-lo,

“até que ele mesmo reconheça que é um alcoólatra e que é completamente incapaz

de resolver o seu problema”. Ele também enumera algumas características que o

pastor conselheiro deve ficar atento (2005, p.26s), para que tenha êxito em seu

aconselhamento:

a. O pastor-conselheiro deve ser tratável, social e acessível. As pessoas

recorrem a alguém que as conheça, e a quem elas por sua vez conhe-çam e apreciem. De outro modo não se sentiriam a vontade relatando seus problemas e expondo-lhes seu coração. É necessário que o pas-tor se mostre amigo e interessado sinceramente pelos problemas das pessoas. O Ministro do Evangelho pode conversar com os membros de sua igreja e conhecê-los em visitas pastorais e em ocasiões sociais.

b. Ele deve reunir certos traços pessoais. É importante compreender os demais, ou seja, ser sensível as sua necessidades e entender os seus desejos, problemas e frustrações. O bom conselheiro escuta atenta-mente o que o aconselhado lhe diz e tenta ver as coisas segundo a perspectiva deste. Respeita o aconselhado e tem interesse nele como “uma pessoa” e não como se ele fosse um “caso” a ser solucionado. Ele tem uma vida exemplar, digna de respeito, destaca-se por sua so-briedade, descrição e otimismo. Relaciona-se bem com sua esposa e com outras pessoas.

c. Deve entender os motivos da natureza humana e os de sua conduta. Aprende observando as pessoas, lendo livros e pela experiência.

d. Deve entender-se a si mesmo e reconhecer suas imperfeições e sua condição de ser humano. Se não entender bem a si mesmo, não pode-rá compreender os outros.

e. Deve dominar seus próprios desejos, seus sentimentos de culpa, sua ansiedade, seus ressentimentos, sua sexualidade e suas frustrações. De outro modo seria como um cego que guia outro cego.

f. Ele deve conhecer as técnicas do aconselhamento pastoral. g. Deve estar disposto a dedicar tempo ao ministério do aconselhamento.

O processo de aconselhamento requer tempo, isto jamais deve ser es-quecido.

h. Ele deve saber guardar segredos. É fundamental que o pastor conse-lheiro nunca conte segredos a nenhuma outra pessoa, nem que seja sua esposa.

Para o aconselhamento específico do alcoólatra, Collins (1990, p.322) sugere

que sigamos alguns passos: a) Levá-lo a uma fonte de ajuda. Contudo esta não será

uma tarefa fácil, tendo em vista que o viciado tende a negar que exista algum

problema com ele; b) Afastá-lo de seu vício. O viciado terá de passar por uma

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desintoxicação. Portanto, necessitará de auxílio médico. c) Fornecer apoio. Aqueles

que abusam das drogas são, em geral, pessoas solitárias, imaturas... as quais

buscam no vício algo que preencha seu vazio, que amenize sua dor... Na fase de

recuperação, o apoio é fundamental, e este pode ser dado em uma ou duas horas

de aconselhamento individual por semana. d) Ajudá-lo a controlar a tensão. Antes

esta era controlada com o uso da bebida. Agora o ex-viciado precisa aprender que

existem outros meios de vencer as pressões da vida. Através do aconselhamento, o

aconselhado deve ser levado a decidir qual a melhor maneira de resolver cada um

de seus problemas. e) Encorajá-lo a uma auto compreensão e uma mudança em

seu estilo de vida. f) E por último, tendo em vista que o álcool atinge toda família,

todos os membros da família necessitarão de apoio, compreensão e ajuda. Quando

após a recuperação, o ente querido retornar ao lar, a família deverá estar preparada

para aceita-lo de volta como um membro responsável do lar.

Conclusão Como vimos, o alcoolismo vem tomando proporções maiores a cada nova

estatística. Também é crescente a cada ano os estragos que este vício vem

causando, tanto para o próprio viciado, bem como a seus familiares e a sociedade

como um todo.

Até o presente momento, muitas paróquias e comunidades luteranas tem sido

conivente com este vício. Digo isso, pois além de não possuir uma postura clara em

seus documentos normativos quanto ao uso ou não de bebida alcoólica em suas

dependências, o anexo 1 revela que, até adolescentes que por lei não deveriam ter

acesso à bebida alcoólica, acabam embriagados no pátio da Igreja, em promoções

por esta organizada.

Uma vez que, em quase todas as comunidades e paróquias há famílias,

vítimas do alcoolismo, feridas, sofrendo, gritando por socorro; que precisa haver

coerência entre pregação e testemunho; e que nenhuma paróquia/comunidade

deseja perder membros para outra Igreja, é vital que paróquias e comunidades

luteranas deixem de valorizar apenas as “tradicionais festas”, regadas a muita

cerveja, chope... e busquem compreender e ajudar aqueles que lutam para vencer a

escravidão do vício. No entanto, para que isso ocorra, uma mudança de atitude se

faz necessária.

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Paróquias e comunidades que ainda insistem na utilização do vinho na ceia,

deveriam substituí-lo por suco de uva. Assim o alcoólatra em recuperação não teria

que deixar de participar da ceia em sua comunidade, só para evitar o primeiro gole;

e as crianças e adolescentes não teriam que beber vinho, mesmo que em pequena

quantidade, ao participar da Ceia do Senhor. Aliás, convém lembrar que todo

alcoólatra entrou no vício bebendo o primeiro gole.

Nas promoções e almoços que comunidades e paróquias vierem a organizar,

a bebida alcoólica deveria ser substituída pelo refrigerante, suco natural ou água

mineral... Desta forma o grande mandamento do amor estaria sendo praticado, e o

vício não estaria sendo promovido.

Só então a Igreja terá moral e condições para começar a ajudar um

alcoólatra, bem como seus familiares, nesta difícil tarefa de recuperação e

reabilitação. Hoff (2005, p.221s) lembra que “ninguém consegue ajudar um

alcoólatra até que ele mesmo reconheça que é um alcoólatra e que é

completamente incapaz de resolver o seu problema”. Assim sendo, mesmo que uma

paróquia ou comunidade deixe de usar bebidas alcoólicas em suas dependências,

não significa que o problema estará resolvido. O primeiro passo foi dado. No

entanto, o alcoólatra continuará tendo acesso à bebida nos bares, mercados,

lanchonetes... Mas, a Igreja estará fazendo a sua parte, e terá moral e condição para

oferecer toda ajuda que for necessária.

Referências AMARAL, Thalyta. Gazetadigital de 30.06.2011. Disponível em: www.gazetadigital.com.br/ conteudo/show/secao/18/materia/281461. BÍBLIA. Nova Versão Internacional. Sociedade Bíblica do Brasil. 2000. BROWN, Colin Ed. O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1989. COLLINS, Gary R. Aconselhamento Cristão. São Paulo: Vida Nova, 1990. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio v.5.0. Curitiba: Editora Positivo, 2004. GIERUS, Friedrich. Enfrentando o Alcoolismo. Análise e Respostas a Partir da Fé Evangélica. São Leopoldo: Sinodal, 1988. GLITOW, Stanley E. Alcoolismo: Um Guia Prático de Tratamento. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.

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HOFF, Paul. O Pastor Como Conselheiro. São Paulo: Vida, 2005. KRÜGER, René. Voltar ao Abismo - Uma Abordagem Pastoral do Alcoolismo. São Leopoldo: Sinodal, 2005. MARIANO, Rubem Almeida. Alcoolismo e Pastoral. Petrópolis – RJ: Vozes, 1999. MASUR, Jandira. Qual é a Questão do Alcoolismo. São Paulo: Brasiliense, 1984. MONTEIRO, Maristela G. Alcohol y Salud Pública en las Américas: Un caso para la acción. Washington, D.C: OPS, 2007 RIENECKER, F. Comentário Esperança, Evangelho de Mateus. Curitiba: Editora Evangélica Esperança, 1998; 2008. SOUZA, Sérgio Jeremias de. A Pessoa Que Você Ama Bebe Ddemais. Petrópolis – SP: Vozes, 2002. VAILANT, George. Veja. São Paulo: Editora Abril, 18.08.1999.

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Anexo 1

1- Em vossa paróquia/comunidade é colocado à venda bebidas alcoólicas?

Quais?

Sim. Na Paróquia Evangélica de Imbuia temos duas festas anuais em cada

uma das 3 Comunidades da Paróquia e, nestas promoções infelizmente, ainda é

vendido cerveja com álcool.

2- O irmão já presenciou e/ou soube de pessoas que beberam além da conta

em festividades de vossa paróquia/comunidade?

Sim. No ano passado, no segundo domingo de fevereiro de 2012, na festa da

Comunidade sede da Paróquia, Imbuia, dia de Culto de Ação de Graças anual,

houve exagero no consumo de bebida alcoólica durante o dia e, no final da tarde,

aconteceu uma briga entre duas pessoas o que escandalizou muitas pessoas

presentes.

Também neste ano de 2013, no Culto Anual de Ação de Graças, dia 10 de

Março, na Comunidade de Samambaia, houve exagero no consumo de cerveja com

álcool e dois adolescentes, menores de idade, ficaram embriagados no decorrer da

festa.

3- Há famílias-membros no âmbito de vossa paróquia que sofrem por terem

um ente querido alcoólatra em casa?

Sim. Temos vários casos de membros que sofrem por causa do alcoolismo.

Temos um caso chocante na Comunidade de Samambaia, em que pai e filho são

alcoolistas e, devido ao efeito do álcool, passam às vezes vários dias acamados.

4- Faça outras colocações que achar necessário.

As promoções com álcool em nossa Paróquia ainda é um grande desafio a

ser vencido. A alegação das lideranças é que realizar uma festa sem bebida não

daria lucro.

Mas por outro lado, também temos tido avanços nessa área. Por exemplo, já

conseguimos tirar das festas o consumo de “bebidas fortes”, tais como: uísque,

conhaque, Druris e outras. Os jovens e os grupos de OASE já a vários anos

realizam promoções e jantares sem bebida alcoólica o que muito nos tem alegrado.

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Exemplo disso, foi o jantar promovido pela OASE no dia 11 de Maio de 2013, na

Comunidade da Samambaia, sem álcool.

Imbuia, 28 de Maio de 2013

________________________ Pr. Genor Geiss

Paróquia de Imbuia

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Anexo 2

1- Em vossa paróquia/comunidade é colocado à venda bebidas alcoólicas?

Quais?

Sim. Historicamente, em várias festividades a bebida alcoólica, em forma de

cerveja, é servida. Em datas remotas a diretoria da escola e de comunidades se

repetia, trocando apenas as funções. Os líderes, em sua maioria, eram de pouca

escolaridade, autodidatas e em suas limitações conduziam essas instituições. Nas

comunidades, em larga escala vigorava a teologia liberal acompanhada de forte

moral. À medida que a moral foi sendo corroída aumentaram os casos de

embriagues ocasional, dependência, conflitos familiares, lares disfuncionais, filhos

inseguros e separações. Em larga escala a bebida mais oferecida é a cerveja.

Outrora também acompanhavam algumas destiladas.

2- O irmão já presenciou e/ou soube de pessoas que beberam além da conta

em festividades de vossa paróquia/comunidade?

Em toda a nossa região composta pelas colônias antigas Santa Isabel e

arredores, Rancho Queimado e seus interiores, Anitápolis, Alfredo Wagner, Leoberto

Leal, seguindo até Lages a tradição é muito forte. As festividades fazem parte dessa

tradição. Elas são abertas e visam ao púbico em geral. Todos são convidados

através de panfleto e solicitação de uma prenda (oferta de algum produto) para a

festa. Em alguma medida ainda é assim, que a festa inicia já na sexta-feira com

venda de bolos, cucas e pães. No sábado essas vendas continuam e a noite tem o

baile. No domingo tem o culto seguido de almoço e a tarde a tradicional

domingueira. Todo um contexto festivo se instala. As pessoas que desenvolveram a

dependência do álcool vão se deleitar nessa ocasião. Não são muitas, porém

geralmente há algumas que se excedem com maior ou menor teor alcoólico.

3- Há famílias-membros no âmbito de vossa paróquia que sofrem por terem

um ente querido alcoólatra em casa?

Como um reflexo de toda sociedade brasileira, há também esses casos em

nosso meio comunitário. Também na nossa região o álcool está associado à

sucesso e bravura. Pessoas que são apenas membros nominais, sem um

compromisso com sua fé em Jesus Cristo não estão isentos destes problemas.

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4- Faça outras colocações que achar necessário.

Para auxiliar no problema de alcoolismo a Comunidade Evangélica de Confissão

Luterana mantém em Alfredo Wagner um grupo da Cruz Azul, filiado à Cruz Azul do

Brasil (veja www.cruzazul.org.br). Esse completou quatro anos no dia 5 de maio do

corrente, oferecendo reuniões regulares para prevenir, capacitar e reabilitar pessoas

que desejam uma vida sem álcool e drogas.

Agradeço a oportunidade de contribuir nesse trabalho de pesquisa.

Alfredo Wagner, 31 de maio de 2013

Paróquia Alfredo Wagner

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Anexo 3

1- Em vossa paróquia/comunidade é colocado à venda bebidas alcoólicas?

Quais?

Sim, tem sido vendido bebida alcoólica nas festas que são promovidas pelas

comunidades. As bebidas servidas são: Cerveja e em uma ou outra comunidade se

vende também a cachaça.

2- O irmão já presenciou e/ou soube de pessoas que beberam além da conta

em festividades de vossa paróquia/comunidade?

Já soube, mas nunca presenciei.

3- Há famílias-membros no âmbito de vossa paróquia que sofrem por terem

um ente querido alcoólatra em casa?

Sim temos famílias que sofrem com pessoas alcoólatras.

4- Faça outras colocações que achar necessário.

Tenho muita dificuldade com esta questão, por não concordar que ela aconte-

ça. Penso que por que a maioria bebe dificilmente a situação vai mudar. Aqui a be-

bida faz parte da cultura do povo, e é incentivado o seu uso de forma indiscriminada,

por isso as pessoas não veem problema em se ter bebida nas festas de comunida-

de.

Arroio do padre, 23 de maio de 2013.

Pr. Fabricio Weiss Paróquia Arroio do Padre