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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL CAMPUS DE BENTO GONÇALVES BRUNO ZORRER LARENTIS DIAGNÓSTICO DAS CONDIÇÕES HIGIÊNICO-SANITÁRIAS E DAS BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO NOS ESTABELECIMENTOS DE PREPARO E COMERCIALIZAÇÃO DE ALIMENTOS NO MUNICÍPIO DE BENTO GONÇALVES - RS Bento Gonçalves Novembro de 2010

TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

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Page 1: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO

CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL

CAMPUS DE BENTO GONÇALVES

BRUNO ZORRER LARENTIS

DIAGNÓSTICO DAS CONDIÇÕES HIGIÊNICO-SANITÁRIAS E DA S BOAS

PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO NOS ESTABELECIMENTOS DE PREP ARO E

COMERCIALIZAÇÃO DE ALIMENTOS NO MUNICÍPIO DE BENTO

GONÇALVES - RS

Bento Gonçalves

Novembro de 2010

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BRUNO ZORRER LARENTIS

DIAGNÓSTICO DAS CONDIÇÕES HIGIÊNICO-SANITÁRIAS E DA S BOAS

PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO NOS ESTABELECIMENTOS DE PREP ARO E

COMERCIALIZAÇÃO DE ALIMENTOS NO MUNICÍPIO DE BENTO

GONÇALVES - RS

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Tecnólogo em Alimentos pelo Instituto Federal de Educação Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Campus Bento Gonçalves. Orientador: Prof. MSc. Alexandre Gomes Ribeiro

Bento Gonçalves

Novembro de 2010

Page 3: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

RESUMO

Segurança alimentar é um desafio atual que visa à oferta de alimentos livres de agentes

nocivos, os quais podem por em risco a saúde do consumidor. Este trabalho teve por objetivo

analisar os dados obtidos na fiscalização e diagnósticar os problemas comumente

encontrados nos estabelecimentos de preparo e comercialização de alimentos no município de

Bento Gonçalves - RS, classificados como: açougues, bares e lancherias, cozinhas industriais,

fruteiras, mercados, padarias e pizzarias e analisar os resultados quanto às exigências da

Vigilância Sanitária. O trabalho foi desenvolvido durante os meses de julho a setembro de

2010 em estabelecimentos da cidade de Bento Gonçalves-RS, sendo que na primeira inspeção

realizou-se o diagnóstico da situação, com a identificação das não conformidades e avaliação

das condições higiênico-sanitárias e as Boas Práticas de Fabricação. Após esta etapa

iniciaram-se os retornos programados aos estabelecimentos pela equipe da Vigilância

Sanitária, a fim de verificar a evolução das adequações solicitadas. Os estabelecimentos mais

vistoriados no período analisado foram: Mercados (8/16%), em razão de os mesmos

atenderem um público em quantidade superior aos outros tipos de estabelecimentos e uma

maior complexidade, pois há diversas áreas de manipulação de alimentos, predispondo

maiores riscos; Açougues (6/12%); Transporte de Alimentos (6/12%); Produtos Caseiros

(6/12%); Fruteiras (5/10%); Cozinhas Industriais (4/8%); Indústrias de Alimentos (4/8%);

Padarias (4/8%); Pizzarias (4/8%); Bares e/ou Lancherias ( 3/ 6%). A fiscalização orientou os

comerciantes com relação a aspectos de higiene, manipulação, armazenamento e estrutura

física do estabelecimento com a finalidade de garantir a qualidade dos alimentos, bem como

evitar a ocorrência de doenças que possam ser transmitidas por eles. A liberação de Alvará

Sanitário é condicionada a vistoria prévia e sua renovação é emitida anualmente. As Boas

Práticas de Fabricação são procedimentos que devem ser adotados pelos prestadores de

serviços de alimentação a fim de garantir a qualidade higiênico-sanitária e a conformidade dos

alimentos com a Legislação Sanitária.

Palavras-chave: Alimentos; Boas Práticas de Fabricação; Legislação Sanitária;

Fiscalização.

Page 4: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

ABSTRACT

Food safety is a current challenge that aims to supply food that is free from hazardous

elements which can endanger consumers' health. This study aimed to analyze data obtained

from the inspection and diagnosis of problems commonly found in establishments of food

preparation and commercialization in the city of Bento Gonçalves, State of Rio Grande do

Sul, classified as: butcher's shops, bars, snack bars, industrial kitchens, grocery stores,

bakeries and pizzerias and also analyze the results according to the requirements of the

Health Surveillance. This work was conducted on the period of July to September 2010 in

establishments in the city of Bento Gonçalves, State of Rio Grande do Sul. In the first

inspection the situation diagnosis was performed with the identification of the

nonconformities and the assessment of the hygienic-sanitary conditions and the Good

Manufacturing Practices. After this stage, the Health Surveillance returned to the

establishments in order to verify the evolution of the required adequacy. The establishments

surveyed over the period analyzed were: Markets (8 / 16%), due to the same meet an audience

in excess of other types of establishments and greater complexity, because there are several

areas of food handling, greater risks predisposing; Butchers (6 / 12%), Food Transportation (6

/ 12%), Household Products (6 / 12%), Fruit (5 / 10%), Industrial Kitchens (4 / 8%), Food

Industries (4 / 8%), Bakeries (4 / 8%), Pizza (4 / 8%), Bars and / or snacks (3 / 6%). The

inspection advised the estabelishments owners in relation to hygiene, handling, storage and

physical structure in order to ensure food quality and prevent the occurrence of diseases that

may be transmitted through it. The releasing of the Sanitary Permit depends on the previous

inspection and its renewal is issued annually. The Good Manufacturing Practices are

procedures that must be adopted by people who work with food service in order to ensure the

hygienic-sanitary quality and the compliance of food with the Health Legislation.

Keywords: Food, Good Manufacturing Practices, Health Legislation, Inspection.

Page 5: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

SUMÁRIO

RESUMO ..............................................................................................................i

ABSTRACT .........................................................................................................ii

LISTA DE NOMENCLATURAS......................................................................iii

LISTA DE FIGURAS......................................................................................... iv

1- INTRODUÇÃO...............................................................................................1

2- REFERENCIAL TEÓRICO..........................................................................5

2.1 VIGILÂNCIA SANITÁRIA EM ALIMENTOS..............................................................5

2.2 SEGURANÇA ALIMENTAR ..........................................................................................5

2.3 DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS CONTAMINADOS ......................8

2.3.1 VIROSES.....................................................................................................................10

2.4 BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO.........................................................................11

2.5 HIGIENE NAS ÁREAS DE MANIPULAÇÃO ALIMENTAR ....................................13

2.6 LEGISLAÇÃO ...............................................................................................................15

2.6.1 DA RESPONSABILIDADE TÉCNICA COM BASE NO DECRETO Nº 77.052 DE

19 DE JANEIRO DE 1976 E PORTARIA Nº 1.428/MS, DE 26 DE NOVEMBRO DE

1993. .....................................................................................................................................17

3 - MATERIAIS E METODOS.........................................................................19

4 - RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................22

4.1 OBSERVAÇÕES REALIZADAS DURANTE O ACOMPANHAMENTO DAS

VISTORIAS..........................................................................................................................23

CONCLUSÃO ....................................................................................................27

REFERÊNCIAS .................................................................................................28

APÊNDICE A: AVALIAÇÃO DE ESTABELECIMENTO .......... ................31

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LISTA DE NOMENCLATURAS

ANVISA - Agencia Nacional de Vigilância Sanitária

APPCC - Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle

BPF - Boas Práticas de Fabricação

CBA - Código Brasileiro de Alimentos

CISPOA - Coordenadoria de Inspeção de Produtos de Origem Animal

DTA - Doenças Transmitidas por Alimentos

DVA - Doenças Veiculadas por Alimentos

OMS - Organização Mundial de Saúde

PIQ - Padrão de Identidade e Qualidade

RDC - Resolução da Diretoria Colegiada

SUS - Sistema Único de Saúde

SNVS - Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária

SVS/MS - Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde

VISA - Vigilância Sanitária

Page 7: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: QUADRO DAS PRÁTICAS E RESPONSABILIDADES PARA

ALCANÇAR A PRODUÇÃO E O CONSUMO DE ALIMENTOS SEGURO S ................8

FIGURA 2: GRÁFICO DOS ESTABELECIMENTOS FISCALIZADOS .......................22

FIGURA 3: QUADRO DOS ESTABELECIMENTOS DA ÁREA DE AL IMENTOS

COM PROBLEMAS MAIS COMUMENTE ENCONTRADOS........... ............................23

Page 8: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

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1- INTRODUÇÃO

No final do século XIX, houve uma reestruturação da Vigilância Sanitária (VISA),

impulsionada pelas descobertas nos campos da bacteriologia e terapêutico, nos períodos que

incluem a I e a II Grandes Guerras. Após a II Guerra Mundial, com o crescimento

econômico, os movimentos de reorientação administrativa, ampliaram as atribuições da

VISA, no mesmo ritmo em que a base produtiva do País foi construída. Além disso,

conferiram destaque ao planejamento centralizado e à participação intensiva da administração

pública no esforço desenvolvimentista (ANVISA, 1999).

Houve uma mudança no painel normativo na área de alimentos com a instituição do

Código Brasileiro de Alimentos (CBA) através do Decreto-Lei nº. 209/67 que normatizava a

defesa e proteção da saúde individual e coletiva, desde a produção até o consumo de

alimentos. Cerca de dois anos depois, o Decreto-Lei nº. 986/69 revogou o CBA, introduziu o

conceito de padrão de identidade e qualidade e instituiu as normas básicas sobre alimentos,

em vigor até hoje. O Decreto nº. 79.056/76 formalizou a nova estrutura do Ministério da

Saúde, de forma que o campo de controle sanitário passou à condição de Secretaria

Ministerial designando-se: Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS) (PIOVESAN,

2002).

Em 1990, houve uma reformulação geral na SNVS que perdeu o Nacional do nome e

transformou-se em Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde (SVS/MS). Em

1994, foi formalizada a intenção de criar um sistema nacional de Vigilância Sanitária, com a

edição da Portaria GM/MS nº. 1.565/94, cujos princípios nunca foram cumpridos. Somente

com a Lei Federal nº. 9.782 de 26 de janeiro de 1999 foi criada a Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA) alterada pela Medida Provisória nº 1.814, reeditada 34 vezes

sendo a última, a Medida Provisória nº 2.190-34 de 23 de agosto de 2001 (BRASIL, 2001).

Em novembro de 2001, com a I Conferência Nacional de Vigilância Sanitária, abre

finalmente o espaço necessário para que se analise o arranjo existente entre os três níveis de

governo, com vistas a operacionalizar as ações de Vigilância Sanitária no Brasil - o Sistema

Nacional de Vigilância Sanitária (SETA et al., 2006).

Conforme a Lei nº 9.782/99 cabe à União, por intermédio do Ministério da Saúde,

formular, acompanhar e avaliar a Política Nacional de Vigilância Sanitária e as diretrizes do

Page 9: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

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Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, postulado que se reafirma no Contrato de Gestão. A

Lei n. º 8.080/90, no artigo 16, inciso III, alínea "d", também esclarece que uma das

competências da direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) é definir e coordenar o

Sistema de Vigilância Sanitária (COSTA, 2003).

De acordo com as determinações do SUS, a prática da fiscalização sanitária de

alimentos deve integrar as ações de vigilância sanitária e as avaliações de risco

epidemiológico, dentro das prioridades locais. A inspeção deve ser utilizada como um

instrumento da fiscalização sanitária, abrangendo o conjunto das etapas que compõem a

cadeia alimentar, incluindo suas inter-relações com o meio ambiente, o homem e seu contexto

socioeconômico; objetivando a proteção e defesa da saúde do consumidor, em caráter

preventivo (BRASIL, 1993).

Inspeção Sanitária é o procedimento da fiscalização efetuado pela autoridade sanitária

que avalia em toda a cadeia alimentar as Boas Práticas de Produção e/ou as Boas Práticas de

Prestação de Serviço com vistas a atingir o Padrão de Identidade e Qualidade (PIQ)

estabelecido através da verificação do cumprimento dos procedimentos previstos nos seus

manuais, na utilização do Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle

(APPCC) e no atendimento à Legislação Sanitária (BRASIL, 1993).

Cabe aos municípios a execução de todas as vigilâncias sanitárias, desde que

asseguradas nas leis federais e estaduais. O Estado e a União podem atuar em caráter

complementar quando houver risco epidemiológico, necessidade profissional e tecnológica.

Dentre as diferentes competências atribuídas à Vigilância Sanitária apoiadas nos

documentos legais, destacam-se (GERMANO; GERMANO, 2008):

- circulação de bens produtos relacionados à saúde: medicamentos, alimentos,

cosméticos, correlatos, saneantes, agrotóxicos, águas minerais e de fontes;

- vigilância sanitária do trabalho: análise de risco, orientação e organização no trabalho

e condutas de trabalho no serviço público.

Apesar das dificuldades existentes, a criação da ANVISA foi um passo muito

importante para a saúde pública, notadamente na área de alimentos, na qual o comércio

varejista, cada vez maior, é exercido sem os menores cuidados de segurança, sobretudo nas

periferias das grandes cidades e naqueles municípios em que não existe qualquer tipo de ação

sanitária por parte do poder público (GERMANO; GERMANO, 2008).

Quando se aborda o tema Vigilância Sanitária, imediatamente tem-se a idéia de

fiscalização e suas inevitáveis consequências. Todavia, a ação do poder público é de suma

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importância, pois objetiva diminuir os riscos de transmissão de doenças por produtos

alimentícios de má qualidade higiênico-sanitária (GERMANO; GERMANO, 2008).

A contaminação dos alimentos por microrganismos não pode ser evitada por completo,

mas com boas práticas pode ser reduzida, em toda a cadeia produtiva. Durante a manipulação

pode haver contaminação por condições precárias de higiene de manipuladores,

equipamentos, utensílios, ambiente; por más condições das matérias-primas e ingredientes, ou

mesmo más práticas de armazenamento dos produtos acabados (ZANDONADI et al., 2007).

As pessoas têm o direito de confiar que os alimentos que consomem são seguros e

adequados ao consumo. As desordens causadas por alimentos são, no mínimo, desagradáveis,

e nos piores casos, podem ser fatais. Mas existem também outras conseqüências. Os surtos de

doenças com origem nos alimentos podem causar prejuízos ao comércio e ao turismo, e dá

origem a perda de rendimento e desemprego. A deterioração dos alimentos apresenta

desperdício e pode prejudicar o comércio e a confiança dos consumidores (FAO CODEX

ALIMENTARIUS, 2003).

Os manipuladores de alimentos são protagonistas no processo da produção e oferta de

alimentos às pessoas, e sua capacitação em todas as etapas é de suma importância para

assegurar as condições adequadas dos alimentos que são oferecidos à população

(MARQUES et al., 2007).

Os estabelecimentos que comercializam alimentos devem obedecer a regras e padrões

previstos em leis e decretos no âmbito dos três níveis da administração pública, municipal,

estadual e federal. A adequação, a conservação e a higiene das instalações e dos

equipamentos, os técnicos responsáveis pelos estabelecimentos, a origem e a qualidade das

matérias-primas e o grau de conhecimento e preparo dos manipuladores são imprescindíveis

para garantir a segurança dos alimentos (GERMANO; GERMANO, 2008). As ações da

Vigilância Sanitária se concentram, dentre outras, em supervisionar e inspecionar as

condições higiênico-sanitárias dos estabelecimentos; as práticas de manipulação dos

alimentos; a origem das matérias-primas e ingredientes; e as condições dos produtos prontos

para consumo em termos de higiene e conservação, fundamentalmente.

O presente trabalho teve por objetivo analisar as condições dos produtos alimentícios,

bem como diagnosticar os problemas encontrados na industrialização e comércio desses

produtos no município de Bento Gonçalves.

Page 11: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

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A cidade de Bento Gonçalves é um referencial turístico, especialmente em termos de

turismo rural e de negócios. O município oferece infraestrutura necessária para que os

visitantes possam desfrutar de sua rica gastronomia, herança cultural do povo italiano.

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2- REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 VIGILÂNCIA SANITÁRIA EM ALIMENTOS

A definição de Vigilância Sanitária está contida no artigo 6º parágrafo 1º da Lei

Federal 8.080 de 19/09/1990, que dispõe sobre as condições para promoção, proteção e

recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá

outras providencias (Brasil, 1990). Embora a Constituição Federal (Brasil, 1988) e a Lei

Federal 8.080 (Brasil, 1990) enfatizem os princípios de “saúde para todos” como dever do

Estado, a atuação dos Estados e Municípios no que se concerne à saúde, de um modo geral e

no controle higiênico sanitário dos alimentos em particular, ainda é pouco expressiva no país.

A circulação de bens-produtos relacionados à saúde, entre eles os alimentos, está entre as

competências da Vigilância Sanitária (GERMANO; GERMANO, 2008).

O objetivo da Vigilância Sanitária com relação aos alimentos é fiscalizar,

estabelecimentos que produzem, comercializam, distribuem e/ou armazenam os alimentos,

licenciar e cadastrar estabelecimentos que produzem ou comercializam alimentos. As equipes

de fiscalização tem a finalidade primordial de avaliar as condições higiênico sanitárias dos

estabelecimentos e produtos alimentícios por eles comercializados (GERMANO;

GERMANO, 2008).

O Departamento de Vigilância Sanitária de Bento Gonçalves está localizada na

Secretaria da Saúde, juntamente com o SUS (BENTO GONÇALVES, 2007).

2.2 SEGURANÇA ALIMENTAR

Segurança alimentar é um desafio atual e visa à oferta de alimentos que não acarretem

riscos à saúde do consumidor. A fiscalização da qualidade dos alimentos deve ser feita, não só

no produto final, mas em todas as etapas da produção, desde o abate ou colheita, passando

pelo transporte, armazenamento e processamento, até a distribuição final ao consumidor

(VALENTE; PASSOS, 2004).

Preocupada com a saúde do consumidor a ANVISA lançou em 2004, a RDC nº. 216,

considerando a necessidade de constante aperfeiçoamento das ações de controle sanitário, na

área de alimentos, visando à proteção à saúde da população. Esta RDC tem o intuito de

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harmonizar as ações de inspeções sanitárias em serviços de alimentação e de elaboração de

requisitos higiênico-sanitárias gerais, para serviços de alimentações aplicáveis em todo

território nacional (BRASIL, 2004).

Alimentos podem ser veiculadores de diversos tipos de microrganismos, alguns destes

são desejáveis e benéficos, pois alteram as características organolépticas do alimento,

tornando seu sabor e aroma mais agradável ou mesmo transformando-o em um novo produto.

Estes microrganismos são chamados úteis e são utilizados pela humanidade desde as mais

antigas civilizações, na fabricação de bebidas e alimentos fermentados, como o pão e o vinho.

Outros microrganismos podem ter efeitos indesejáveis, como por exemplo, na deterioração

dos alimentos, através do apodrecimento ou do mofo, tornando-o repulsivo para os seres

humanos (FIGUEIREDO, 2003).

Os alimentos também podem conter microrganismos conhecidos como patógenos,

causadores das Doenças Veiculadas por Alimentos (DVAs) ou Doenças Transmitidas por

Alimentos (DTAs). Entre os patógenos encontramos uma ampla gama de organismos, que

podem causar desde uma diarréia branda até vômitos, febre, problemas renais e hepáticos

(FRANCO; LANDGRAF, 1996).

Microorganismos patogênicos representam um problema de saúde pública importante,

pois não alteram as características organolépticas do alimento. Muitas vezes este tipo de

microrganismo não está presente no alimento, o que indica que sua contaminação ocorreu

através da manipulação, fabricação ou conservação de forma inadequadas (FIGUEIREDO,

2000).

Denomina-se surto de DTA quando duas ou mais pessoas apresentam sintomas

semelhantes, após a ingestão de um mesmo alimento. A OMS também considera as

enfermidades transmitidas por alimentos, como um problema de saúde pública, uma vez que

atinge grande número de indivíduos, em todas as partes do mundo, causando não somente

prejuízos à saúde do consumidor, como também incapacidade laboral temporária, bem como

gastos com tratamento médico.

DTAs desempenham importante papel socioeconômico, tendo em vista que podem

ocasionar incapacidade laboral temporária, gastos com tratamentos médicos, perdas

emocionais, deterioração de alimentos, perda da credibilidade do estabelecimento ou empresa,

indenizações e até a prisão dos responsáveis, entre outras penalidades (NASCIMENTO,

2000).

Em geral qualquer tipo de alimento pode ser responsável por um surto de toxinfecção

Page 14: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

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alimentar, porém os alimentos de origem animal são os que estão mais comumente envolvidos

nesses surtos, devido ao fato de necessitarem de condições especiais de armazenamento e de

oferecerem nutrientes e ambiente propício ao crescimento bacteriano e fúngico (PARDI,

2001).

Produtos alimentícios podem ter sua qualidade comprometida por vários fatores, que

vão desde a qualidade da matéria-prima, até o tipo de embalagem utilizada. No caso de alguns

produtos, a temperatura de conservação é fator indispensável para a manutenção das boas

condições microbiológicas, evitando que organismos patogênicos se proliferem e produzam

toxinas que ficarão depositadas no alimento. Condições inadequadas de armazenamento e

manuseio acabam por contaminar o alimento e originar prejuízos na saúde da pessoa que o

consumir; que muitas vezes nem sabe que foi o alimento o causador do problema de saúde

(FREITAS, DAMASCENO e CALADO, 2004).

Má qualidade de alimentos está enquadrada na legislação brasileira como crime

hediondo e o Código de Defesa do Consumidor deve ser a arma eficiente contra abusos

cometidos pelas empresas e pelos prestadores de serviços, porém, para que ele seja utilizado

como instrumento de cidadania é indispensável que a população esteja informada sobre o seu

conteúdo e mecanismos, para que possa agir de forma correta nas reivindicações de seus

direitos (GÓES, 2000).

A contaminação dos alimentos coexiste com as doenças carenciais, associadas à

pobreza e também à transição do perfil nutricional, que estão relacionadas a mudanças nos

hábitos de vida e também ao processo de produção econômica, atualmente os setores

produtivos e os consumidores vêm aumentando sua preocupação com os alimentos, no intuito

de evitar as DTAs. Esta preocupação faz com que surja um novo conceito, o do alimento

seguro ou segurança alimentar (VIEIRA e SALAY, 2001).

Segurança alimentar é entendido como a garantia do consumidor, em adquirir um

alimento que possua como característica intrínseca, a sanidade somada aos atributos

nutricionais e sensoriais desejáveis (BENEVIDES, 2004).

A legislação sanitária e os órgãos de fiscalização são o alicerce básico da segurança

dos alimentos, cujo controle, é feito sistematicamente na sua produção e comércio varejista. A

legislação sanitária assim como as boas práticas de produção (no campo), fabricação (na

indústria) e manipulação (restaurantes e comércio varejista) têm o intuito de garantir que o

alimento esteja próprio para o consumo, evitando a contaminação tanto na produção quanto

na exposição à venda para o consumidor (SANTOS, 1995).

Page 15: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

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Com todo o controle e fiscalização sobre este tipo de produtos, ainda existe o risco dos

alimentos estarem contaminados e os consumidores devem estar informados sobre os riscos

que se corre ao consumir um alimento mal conservado ou de origem duvidosa, que pode não

ter sofrido este tipo de controle, como é o caso dos produtos clandestinos (FILHO, 1991).

Com base nisso, a OMS constituiu um documento que apresenta um quadro

esquemático, demonstrando que a produção de alimentos seguros é assentada em três pilares:

o governo, os consumidores, a indústria e o mercado.

Ao estado cabe

As responsabilidades da indústria e do mercado

distribuidor são

Para o consumidor,

representado por suas organizações, recomenda-se

Legislar e fiscalizar o

cumprimento da legislação de alimentos

Desempenhar boas práticas

de manipulação de alimentos entre os produtores e

distribuidores primários

Educar e informar o

consumidor

Informar a indústria e o mercado distribuidor de

alimentos

Assegurar a qualidade e controle no processo de

alimentos

Selecionar representantes

para participar de comitês de segurança alimentar

Educar o consumidor

Instalar processos e

tecnologia adequados

Promover práticas

alimentares saudáveis no domicílio

Reunir informações e

pesquisas

Treinar gerente e

manipuladores de alimentos

Promover a participação

popular

Prover os serviços de saúde

Rotular alimentos com informações para educação

do consumidor

Organizar grupos ativos de

consumidores

FIGURA 1: QUADRO DAS PRÁTICAS E RESPONSABILIDADES PARA ALCANÇAR A PRODUÇÃO

E O CONSUMO DE ALIMENTOS SEGUROS (Fonte: FAO/WHO, 1996).

2.3 DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS CONTAMINADOS

Enfermidades de origem alimentar ocorrem quando uma pessoa contrai uma doença

devido a ingestão de alimentos contaminados com microrganismos ou toxinas indesejáveis.

Page 16: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

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Essa condição é frequentemente denominada como toxienfecção alimentar. Muitos casos de

enfermidades causadas por alimentos não são notificados, pois seus sintomas são geralmente

parecidos com gripes (FORSYTHE, 2002).

Os sintomas mais comuns de doenças de origem alimentar incluem dor de estômago,

náuseas, vômitos, diarréia e febre. É sabido que apenas um pequeno número de casos de

enfermidades causadas por alimentos é notificado aos órgãos de inspeção de alimentos, de

controle e as agências de saúde. Isso se deve, em parte, ao fato de que muitos patógenos

presentes em alimentos causam sintomas brandos, e a vítima não busca auxílio médico

( FORSYTHE, 2002).

Alguns exemplos de doenças transmitidas por alimentos:

- botulismo, causa intoxicação associada com alimentos enlatados de baixa acidez,

vegetais, peixe e produtos de carne. Também é associado com mel, por isso o mel não deve

ser dado as crianças com menos de um ano de idade. O Botulismo infantil é mais brando do

que a versão adulta. O tratamento térmico de alimentos enlatados de baixa acidez 121ºC por

três minutos eleminará os esporos do Clostridium Botulinum. Essa Bactéria não pode

crescer em alimentos ácidos ou acidificados com pHs menores do que 4,6 (FORSYTHE,

2002).

- infecção clostridiana, surtos podem ocorrer em qualquer época do ano e, geralmente,

estão relacionados com refeições preparadas para grande número de pessoas, como por

exemplo, nos restaurantes. Condições precárias de higiene no local podem facilitar a

ocorrência de surto (GERMANO; GERMANO, 2008). Alimentos cárneos têm sido os

principais causadores de intoxicação alimentar por este agente e, frequentemente, são

consumidos no dia seguinte após seu preparo. Nestes casos, o tratamento térmico além de não

destruir os esporos termoresistentes, favorece sua germinação e multiplicação (FRANCO,

1996). O microrganismo tem preferência por alimentos com elevado teor de umidade e alta

porcentagem de proteína, como: embutidos, patês, queijos fermentados e ostras (GERMANO;

GERMANO, 2008).

- salmoneloses, Salmonelas são bacilos Gran-negativos, não formadores de esporos e

anaeróbicos facultativos, elas multiplicam-se faixas de temperaturas 7 a 49,5ºC. Em apenas

quatro horas, o alimento contaminado transforma-se em alimento infectante. A Salmonela spp.

é um microorganismo amplamente difundido na natureza, sendo o homem e os animais seus

principais reservatórios naturais. Este microorganismo localiza-se primordialmente no trato

gastrintestinal das aves em geral, de mamíferos domésticos e silvestres, bem como de répteis,

Page 17: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

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sem provocar, na maioria das espécies hospedeiras, manifestação de sintomas. Estão sujeitos a

risco de infecção os apreciadores de alimentos insuficientemente cozidos ou crus, pessoas que

trabalham na agricultura, profissionais da saúde e também todos aqueles que habitam áreas

com precárias condições de saneamento ambiental e que consomem água não tratada. Os

alimentos contaminados são as fontes mais comuns de infecção para os seres humanos

(GERMANO; GERMANO, 2008).

- gastrenterite estafilocócica, é causada pela ingestão de alimentos que contenham uma

ou mais enterotoxina, as quais são produzidas somente por algumas espécies e linhagens de

estafilococos. Embora a produção de enterotoxinas esteja geralmente associada a S. Aureus

coagulase e termonuclease positivos, algumas espécies de estafilococos que não produzem

nenhuma dessas enzimas também podem produzir enterotoxinas (JAY, 2005). Estafilococos

são bactérias Gran-positivas que podem crescer em temperatura de 7 a 48ºC com um ótimo de

37ºC. O Sthafhylococcus aureus é um dos agentes patogênicos mais comuns responsáveis por

surtos de intoxicação alimentar, sendo transmitido aos alimentos por manipuladores

responsáveis. Entre as medidas de controle, a mais indicada é o treinamento dos

manipuladores de alimentos. Deve-se evitar a conservação de alimentos na faixa de 7 a 60ºC,

a fim de impedir a multiplicação e a consequente produção de enterotoxina (GERMANO;

GERMANO, 2008).

- Escherichia coli (gastrenterites), Escherichia coli é uma enterobactéria Gran-

negativa e é um mesófilo típico capaz de se desenvolver entre 7 a 46ºC, sendo 37ºC a

temperatura ótima. Não apresenta termorresistência, sendo destruída a 60ºC em poucos

segundos, mas é capaz de resistir por longo período em temperaturas de refrigeração

(GERMANO; GERMANO, 2008). Escherichia coli é causadora de gastrenterites, doença

conhecida como "diarréia do turista", sendo ingeridas com alimentos mal cozidos ou água

contaminada (FRANCO, 1996).

2.3.1 VIROSES

Na atualidade os vírus reconhecidos como patógenos de maior importância, no

contexto das doenças transmitidas por alimentos (DTAS), são o do vírus da hepatite A (HAV)

e o norovírus (GERMANO; GERMANO, 2008).

Existem mais relatos de surtos de hepatite A relacionados aos alimentos do que

qualquer outra infecção viral. A rota fecal oral é o modo de transmissão mais comum, e os

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11

moluscos provenientes de águas poluídas, crus ou parcialmente cozidos são os veículos

alimentares (JAY, 2005).

O norovírus está associado principalmente a diarréias que ocorrem em viajantes, e a

água poluída é a principal fonte desses agentes ( JAY, 2005).

De modo geral os vírus são resistentes a maioria das condições adversas para

microrganismos bacterianos, sobretudo tempo e temperatura. São estáveis na faixa de pH de 2

a 9, toleram 65ºC por trinta minutos e, aparentemente, resistem a 1mg/L de cloro livre. Em

águas frias, podem manter a infectividade por mais de um ano. Apresentam, também, graus

variados de resistência às radiações ionizantes (GERMANO; GERMANO, 2008).

A probabilidade de adquirir e consumir alimentos contaminados por vírus não é tão

rara. Complementarmente em saúde pública, os riscos decorrentes da presença de vírus em

alimentos não são desprezíveis. Por esse motivo, é muito importante a monitoração periódica

dos produtos alimentícios, sejam eles naturais ou industrializados (GERMANO; GERMANO,

2008).

2.4 BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO

Boas Práticas de Fabricação (BPF) são procedimentos que devem ser adotados por

serviços de alimentação, a fim de garantir a qualidade higiênico-sanitária e a conformidade

dos alimentos com a legislação sanitária (BRASIL, 2004).

Implementar as BPF principalmente para os manipuladores de alimentos é primordial

para garantir a qualidade alimentar. O treinamento e a aplicação são um dos meios mais

eficazes e econômicos para superar as inadequações existentes na manipulação de alimentos,

evitando desse modo a contaminação cruzada, o armazenamento e o preparo inadequados, e

ainda as contaminações por parte dos próprios manipuladores (COLOMBO, OLIVEIRA e

SILVA, 2009).

Conforme a legislação brasileira as BPF são obrigatórias para todas as indústrias de

alimentos, e as portarias 326/97 e 368/97, do Ministério da Saúde, estabelecem o

"Regulamento Técnico sobre as Condições Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas de

Fabricação para Estabelecimentos Produtores de Alimentos" (ANVISA, 1999).

Nos estabelecimentos onde ocorre grande manipulação de alimentos, deve-se enfatizar

a necessidade de contratar um responsável técnico com formação específica; em conjunto

com a Vigilância Sanitária, esse profissional deverá desenvolver um manual de boas práticas,

Page 19: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

12

para ser seguido por aqueles que mantêm contato com alimentos, nas áreas de recebimento,

armazenamento a seco e a frio, manipulação, exposição, venda e transporte. Este profissional

será o elemento multiplicador de boas práticas sanitárias, para todos os manipuladores de

alimentos (VALENTE e PASSOS, 2004).

Ter o Manual BPF em estabelecimentos que manipulam alimentos é de extrema

importância, visto que ele é o documento que descreve as operações realizadas pelo

estabelecimento, incluindo no mínimo, os requisitos higiênico-sanitários dos edifícios; a

manutenção e higienização das instalações, dos equipamentos e dos utensílios; o controle da

água e de abastecimento; o controle integrado de vetores e pragas urbanas; a capacitação

profissional; o controle da higiene e da saúde dos manipuladores; o manejo de resíduos; o

controle e a garantia de qualidade do alimento preparado (GOTTARDI, 2006; BRASIL,

2004).

São prérequisitos para o sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle

(APPCC) as BPF, que também visam melhorar a qualidade dos alimentos. O APPCC é uma

das formas de controlar a ocorrência de DTAs, sendo um método que analisa e aponta os

pontos críticos de controle dos processos, onde o perigo microbiológico pode aparecer

(VELLO, 2005).

APPCC é um sistema preventivo que busca a produção de alimentos inócuos. Ele está

embasado na aplicação de princípios técnicos e científicos bem como na produção e manejo

dos alimentos inócuos, seus princípios são aplicáveis a todas as fases da produção dos

alimentos, nos serviços de alimentação coletiva, nos sistemas de distribuição, manejo e na

utilização do alimento pelo consumidor, podendo auxiliar a inspeção por autoridades

reguladoras e promover o comércio internacional através do aumento da confiança na

segurança alimentar (ALMEIDA, 1998 & FAO CODEX ALIMENTARIUS, 2003).

Vale ressaltar que os programas normais de pré-requisitos podem incluir algumas

ações, mas não se limitam apenas a elas, tais como (FAO CODEX ALIMENTARIUS, 2003):

- instalações - os estabelecimentos devem estar localizados, ser construído e mantido

de acordo com os princípios de projetos sanitários. Deve haver um fluxo linear de produtos e

controle de tráfego, para minimizar a contaminação cruzada de produtos crus com cozidos e

de áreas sujas com áreas limpas;

- controle do fornecedor - cada estabelecimento deve garantir que seus fornecedores

implantem programas de inocuidade alimentar eficazes;

- especificações - deve haver especificações por escrito, de todos os ingredientes,

Page 20: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

13

produtos e materiais para a embalagem;

- equipamentos de produção - todo o equipamento deve ser construído e instalado de

acordo com os princípios de projeto sanitário. Deve-se estabelecer e documentar calendários

de manutenção e calibração preventivos;

- limpeza e sanitização - todos os procedimentos de limpeza e sanitização de

equipamentos e instalações devem ser documentados e obedecidos. Deve haver um programa

padrão de sanitização;

- higiene pessoal - todos os funcionários ou quaisquer outras pessoas que entrarem em

uma planta de processamento de alimentos devem cumprir os requisitos referentes à higiene

pessoal, aos procedimentos de limpeza e sanitização, à segurança pessoal, além de conhecer

seu papel no programa APPCC. As empresas devem manter registros das atividades de

treinamentos dos funcionários e colaboradores;

- controle de produtos químicos - deve haver procedimentos documentados para

garantir a separação e o uso adequado de produtos químicos, não alimentícios na planta,

incluindo produtos de limpeza, fulmigantes e pesticidas, ou iscas utilizadas dentro ou ao redor

da planta;

- recepção, armazenamento e envio - todas as matérias-primas e produtos crus devem

ser armazenados em condições sanitárias e ambientais apropriadas, como temperatura e

umidade, para garantir sua inocuidade e adequação;

- capacidade de rastreamento e recolhimento - todas as matérias-primas e produtos

crus devem ser codificados por lote e identificados para um sistema de recolhimento. Desta

forma rastreamentos e recolhimentos rápidos e completos de produtos, podem ser realizados

quando necessário;

- controle de pragas - devem-se estabelecer programas eficientes de controle de

pragas.

2.5 HIGIENE NAS ÁREAS DE MANIPULAÇÃO ALIMENTAR

Para a maior parte das pessoas a palavra higiene significa limpeza. Se uma coisa tem

aparência limpa, acredita-se que ela seja higiênica, no entanto, a verdadeira definição de

higiene alimentar é:

- destruição, nos alimentos, de todas e quaisquer bactérias prejudiciais à saúde, por

meio do cozimento adequado ou de outros processos;

Page 21: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

14

- proteção dos alimentos contra a contaminação, inclusive aquela causada por bactérias

prejudiciais à saúde, por organismos estranhos e venenosos;

- inibição da multiplicação das bactérias prejudiciais à saúde, além de um determinado

limite, no qual ocorre a doença do consumidor, assim como a prevenção do apodrecimento do

próprio produto.

É essencial que as boas práticas de higiene, dentro dos ambientes de manipulação de

produtos alimentícios, sejam levadas à sério por todas as pessoas que trabalham nesses

ambientes, se de fato se pretende vender alimentos higiênicos (HAZELWOOD e MCLEAN,

1996).

Ainda de acordo com os autores a falta de higiene provoca muitos custos, tais como:

- interdição do estabelecimento;

- multas e custos legais, inclusive a possibilidade de prisão;

- pagamento de indenização às vitimas de intoxicação alimentar;

- epidemia de intoxicações e até mortes;

- alimentos contaminados e reclamações de clientes e empregados;

- desperdício de produtos alimentícios por causa do apodrecimento.

Não são apenas os empregadores que estão sujeitos a processo em caso de epidemia de

intoxicação alimentar. Se o empregado for considerado responsável, também pode ser

processado, ficando muito difícil para ele conseguir novo emprego na área de alimentos uma

boa higiene traz inúmeros benefícios, como: (HAZELWOOD e MCLEAN, 1996).

- excelente reputação profissional e pessoal;

- aumento do movimento de vendas de alimentos, produzindo maiores lucros e níveis

mais elevados de salários;

- moral elevado dos empregados, resultando em um ambiente de trabalho mais feliz,

seguro e produtivo;

- clientes satisfeitos;

- boas condições de trabalho, com menor rotatividade de empregados;

- respeito à lei, com a satisfação da Fiscalização Sanitária (ficar o tempo todo com

medo da presença dos fiscais sanitários pode ser muito estressante);

- satisfação pessoal e profissional

Existem dez regras de ouro da higiene alimentar, são elas: (HAZELWOOD e

MCLEAN, 1996).

1. Sempre lave bem as mãos antes e depois de manipular alimentos, e depois de usar o

Page 22: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

15

banheiro.

2. Informe imediatamente seu supervisor quando tiver problema de ferimento na pele,

irritação do nariz ou da garganta, ou diarréia.

3. Certifique-se de ter todos os cortes ou machucados estão cobertos com bandagens a

prova d'água.

4. Mantenha-se sempre limpo, e use roupas limpas.

5. Jamais fume na cozinha ou nas dispensas. É ilegal e perigoso. Não se deve tossir ou

espirrar sobre os alimentos.

6. Vá limpando enquanto trabalha. Mantenha todas as superfícies e peças do

equipamento sempre limpas.

7. Prepare os alimentos crus e cozidos em lugares separados. Mantenha os alimentos

cobertos, refrigerados e/ou bem quentes.

8. Mantenha as mãos afastas dos alimentos sempre que possível.

9. Garanta o correto armazenamento. Mantenha tampados os latões de lixo e lave as

mãos depois de lidar com lixo e restos de comida.

10. Informe o seu servidor se não for possível seguir as regras estabelecidas. A lei

jamais deve ser violada.

2.6 LEGISLAÇÃO

Com a formação das cidades a produção de alimentos começou a se distanciar dos

consumidores, não havendo mais o controle visual e pessoal sobre o processo produtivo. Com

isso, começou a aparecer as primeiras leis sobre alimentos (GOMES, 2008).

Na década de 90 ocorreram as mais importantes mudanças na legislação, na

conscientização dos empresários e nas condutas dos técnicos e manipuladores de alimentos.

As mudanças na legislação propiciaram uma modernização nos procedimentos da vigilância

sanitária dos estados e municípios, fazendo com que a fiscalização dos alimentos se tornasse

mais eficaz e objetiva, no controle dos principais pontos críticos que efetivamente devem ser

controlados. A legislação também provocou adequações nos procedimentos de manipulação

das indústrias e dos estabelecimentos que preparam e servem alimentos, promovendo

alterações técnicas para que esta manipulação seja feita de forma mais segura do ponto de

vista higiênico-sanitário (SILVA, 2005).

O controle sanitário dos produtos alimentícios é atribuição das organizações de saúde

Page 23: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

16

pública, nas diversas esferas da organização política e administrativa do país. A legislação

deve conter regulamentos passíveis de serem cumpridos e abranger todas as espécies de

alimentos (crus, semielaborados e preparados), além dos ingredientes, aditivos, água usada

para a preparação, bem como o processamento e a produção, ou seja, deve abranger todas as

fases, desde a preparação até o consumo (GERMANO; GERMANO, 2008).

É tomado por base, durante a fiscalização pela Vigilância Sanitária de Bento

Gonçalves, a RDC 216 de 15 de Setembro de 2004 e o Decreto Estadual 23430 de 24 de

outubro de 1974, durante inspeções realizadas pela vigilância Sanitária de Bento Gonçalves.

Esta RDC trata de uma regulamentação de Boas Práticas para Serviços de Alimentação

e aplica-se aos serviços de manipulação que realizam algumas das seguintes atividades:

manipulação, preparação, fracionamento, armazenamento, distribuição, transporte, exposição,

venda e entrega de alimentos preparados ao consumo, tais como: cantinas, bufes, cozinhas

industriais, cozinhas institucionais, lanchonetes, padarias, pastelarias, restaurantes e

congêneres (SILVA, 2005).

O ponto crítico para a aplicação da RDC nº. 216/2004 desde a sua publicação é o

cumprimento do item referente à documentação, registro e a responsabilidade das atividades

de manipulação. Os serviços de alimentação devem dispor de Manual de Boas Práticas e de

Procedimentos Operacionais Padronizados e esses documentos devem estar acessíveis aos

funcionários envolvidos e disponíveis à autoridade sanitária, quando requerido. O responsável

pelas atividades de manipulação dos alimentos deve ser o proprietário ou funcionário

designado, devidamente capacitado, sem prejuízo dos casos onde há previsão legal para

responsabilidade técnica. O curso de capacitação deve abordar, no mínimo, temas

relacionados a contaminantes alimentares, doenças transmitidas por alimentos, manipulação

higiênica dos alimentos e boas práticas (ANVISA, 2004).

Conforme o Decreto Estadual 23430 que dispõem sobre as obrigações de ordem

sanitária em todo o território do Estado do Rio Grande do Sul, os intuitos deste decreto são a

defesa, a proteção e a recuperação da saúde (SISTEMA LEGIS).

Tratando-se de legislações utilizadas pela ANVISA em casos específicos, como por

exemplo, para verificar adequabilidade da indústria e do comércio em relação às Boas

Práticas de Fabricação, é usada a RDC 275 de 21 de Outubro de 2002. A ANVISA também

utiliza a Lei número 5991de 17/12/1973 para proibição da comercialização de remédios em

locais onde o cadastro é exclusivo para comercialização de alimentos.

LEI nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990, que dispõe sobre a proteção do

Page 24: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

17

consumidor e dá outras providências, estabelece normas de proteção e defesa do consumidor,

de ordem pública e interesse social.

2.6.1 DA RESPONSABILIDADE TÉCNICA COM BASE NO DECRETO Nº 77.052 DE 19

DE JANEIRO DE 1976 E PORTARIA Nº 1.428/MS, DE 26 DE NOVEMBRO DE 1993.

O exercício da Responsabilidade Técnica deve ser feito no sentido de atender às

exigências legais a que se refere o item anterior, e, ainda, outros requisitos básicos que

norteiam o presente documento, tais como:

- compreensão dos componentes do Sistema APPCC;

- capacidade de identificação e localização de Pontos Críticos de Controles (PCCs) em

fluxogramas de processos;

- capacidade de definir procedimentos, eficazes e efetivos, para os controles dos PCCs;

- conhecimento da ecologia de microrganismos patogênicos e deterioradores;

- conhecimento da toxicologia alimentar;

- capacidade para selecionar métodos apropriados para monitorar (PCCs), incluindo

estabelecimento de planos de amostragem e especificações;

- capacidade de recomendar o destino final de produtos que não satisfaçam aos

requisitos legais;

- Para que o responsável Técnico possa exercer a sua função ele deve contar com

autoridade e competência para:

- elaborar as Boas Práticas de Fabricação e Boas Práticas de Prestação de Serviços na

área de alimentos;

- responsabilizar pela aprovação ou rejeição de matérias-primas, insumos, produtos

semi-elaborados e produtos terminados, procedimentos, métodos ou técnicas, equipamentos

ou utensílios, de acordo com normas próprias estabelecidas nas Boas Práticas de Fabricação e

Boas Práticas de Prestação de Serviços na área de alimentos;

Page 25: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

18

- avaliar a qualquer tempo registros de produção, inspeção, controle e de prestação de

serviços para assegurar-se de que não foram cometidos erros, e se esses ocorrerem que sejam

devidamente corrigidas e investigadas suas causas;

- supervisionar os procedimentos de fabricação para certificar-se de que os métodos

de produção e de prestação de serviços, estabelecidos nas Boas Práticas de Fabricação e Boas

Práticas de Prestação de Serviços na Área de alimentos estão sendo seguidos;

- adotar métodos de controle de qualidade adequados, bem como procedimentos a

serem seguidos no ciclo de produção e/ou serviço que garantam a identidade e qualidade dos

mesmos;

- adotar o método de APPCC - Avaliação de Perigos e Determinação de Pontos

Críticos de Controle, para a garantia de qualidade de produtos e serviços.

Quanto aos Parâmetros de Segurança a Respectivos Procedimentos:

- Os parâmetros de segurança e respectivos procedimentos devem estar respaldados

em referências técnicas e legais.

Page 26: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

19

3 - MATERIAIS E METODOS

O trabalho foi desenvolvido entre os meses de julho a setembro de 2010, com base nas

inspeções programadas pela Vigilância Sanitária (VISA) de Bento Gonçalves-RS, em 50

estabelecimentos de alimentos classificados como: açougues (06); bares e lancherias (03);

cozinhas industriais (04); fruteiras (05); indústrias (04); mercados (08); padarias (04);

pizzarias (04); produtos caseiros (06) e transporte de alimentos (06). Os estabelecimentos

vistoriados foram selecionados conforme solicitações de serviços encaminhadas através do

Protocolo Geral da Prefeitura.

Os dados analisados foram: compra; recebimento de alimentos; armazenamento em

geladeiras/freezer; manipulação/preparação; manipuladores; água; lixo; controle de pragas;

instalações; capacitação de um responsável em Boas Práticas de Fabricação de Alimentos

quando pertinente.

As inspeções devem abranger todos os segmentos da cadeia alimentícia, desde a

indústria, comércio, transporte e armazenamento. Durante as vistorias foram verificadas:

- instalações físicas quanto à localização, iluminação, ventilação, pisos, paredes e

forros, condições de higiene, instalações sanitárias, vestiários, lavatórios na área de

manipulação, abastecimento de água potável, condições da caixa d’água e instalações

hidráulicas, destino dos resíduos, local específico para limpeza e desinfecção dos

equipamentos e utensílios, existência de torneira quente, local separado para o processamento

dos alimentos;

- equipamentos ou maquinários, utensílios, móveis e bancadas, quanto à adequação,

conservação e condições de higiene;

- conservação e armazenamento dos alimentos;

- armazenamento de utensílios e equipamentos;

- pessoal da área de produção, quanto à qualificação e capacitação para as atividades,

quanto ao uso de vestuário adequado, asseio pessoal, hábitos de higiene e estado de saúde;

- técnicas de produção dos alimentos, formas de manipulação, ausência de

contaminação cruzada, cuidados de higiene, conservação, proteção contra pó, saliva, insetos e

roedores, substâncias perigosas como inseticidas, detergentes e desinfetantes;

- procedência das matérias-primas ou dos produtos expostos à venda, se provenientes

de fornecedores autorizados e com registro no Ministério da Saúde ou Ministério da

Agricultura;

Page 27: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

20

- condições dos alimentos quanto a cor, sabor, odor, consistência e aspecto;

- conservação dos alimentos em condições de tempo e temperatura, embalagens

íntegras, empacotamento adequado, identificação, prazo de validade, dizeres na rotulagem em

conformidade com a legislação;

- adoção das BPF, dentre outras práticas que garantam produtos seguros e próprios

para o consumo;

- práticas de limpeza do estabelecimento, da manutenção do lixo protegido fora das

áreas de manipulação e outras práticas de lavagem das matérias-primas, equipamentos e

utensílios;

- condições do transporte, se adequado e limpo, sua certificação pela autoridade

Sanitária;

- formas de apresentação e propaganda dos produtos, evitando-se a fraude e

propagandas enganosas;

- absorção pelos produtores das recomendações e exigências técnicas feitas pela

Vigilância Sanitária nas visitas sucessivas;

Foi utilizado como base técnica nas inspeções o Decreto nº. 23430 de 24 de Outubro

de 1974 e a Resolução RDC n° 216 de 15 de Setembro de 2004 e foram anotadas as não

conformidades observadas pela equipe técnica da Vigilância Sanitária (VISA).

Percebeu-se que a procedência mais frequente foi a Notificação Preliminar, que serve

como um termo de compromisso entre o comerciante e a Vigilância Sanitária para que sejam

providenciados alguns itens de adequação higiênico-sanitária. O auto de infração é lavrado

quando o estabelecimento não possui Alvará de Saúde, ou possui algo que comprometa a

qualidade sanitária do alimento, abrindo, neste caso, um Processo Administrativo Sanitário.

As vistorias da rotina através da realização de inspeções sanitárias, em

estabelecimento que comercializam alimentos, propiciam a identificação de estabelecimentos

que trabalham de forma irregular, oferecendo riscos à saúde pública e a visibilidade e

valorização da Vigilância Sanitária (VISA) diante dos consumidores.

Para classificação dos problemas procurou-se agrupar, as áreas de risco em seis itens

sendo lixo, área de recebimento e processamento, depósitos e armazenamento de não

perecíeis, câmaras Frias Armazenamento de Perecíveis, Sanitários e vestiários e

documentação (APÊNDICE A).

A partir dos dados obtidos individualmente de cada estabelecimento por meio do

APÊNDICE A, foi possível a constatação dos problemas mais comumente encontrados (figura

Page 28: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

21

03, página 23).

Durante as vistorias, a Vigilância Sanitária (VISA) Municipal atuou com a equipe

formada por um farmacêutico, um tecnólogo em alimentos, três fiscais sanitários e um

estagiário.

As ações da VISA em proporcionar alternativas de capacitação em BPF para

responsáveis e funcionários de estabelecimentos alvo da legislação, representa uma evolução

das principais ações da vigilância sanitária, buscando mecanismos, para o estabelecimento de

estratégias de gestão, de forma a melhorar em efetividade e eficácia as ações que objetivam a

promoção e proteção da saúde (MORAES; DIAS, 2005). Em relação às BPF, no Municipio

de Bento Gonçalves foram direcionadas e focadas ações corretivas necessárias como, por

exemplo, o fornecimento de um curso de capacitação em Boas Práticas para Serviços de

Alimentação. O curso é fornecido anualmente pelo Senac, em parceria com a Secretaria

Municipal de Saúde de Bento Gonçalves, através do Departamento de Vigilância Sanitária, o

qual fornece o certificado exigido na Portaria 78/09 - complemento da RDC 216 de

15/09/2004.

Page 29: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

22

4 - RESULTADOS E DISCUSSÕES

A figura 2 mostra em porcentagem os diferentes tipos de estabelecimentos da área de

alimentos fiscalizados pela Vigilância Sanitária de Bento Gonçalves-RS, nos meses de julho a

setembro de 2010.

12%6%

8%

10%

8%16%8%

8%

12%

12%

Açougues 6

Bares/lancherias 3

Cozinhas Industriais 4

Fruteiras 5

Indústrias/microindústrias 4

Mercados 8

Padarias 4

Pizzarias 4

Produtos Caseiros 6

Transporte de Alimentos 6

FIGURA 2: GRAFICO DOS ESTABELECIMENTOS FISCALIZADOS

Conforme a Figura 2, os estabelecimentos mais vistoriados no período analisado

foram: Mercados (8/16%), em razão de os mesmos atenderem um público em quantidade

superior aos outros tipos de estabelecimentos e uma maior complexidade, pois há diversas

áreas de manipulação de alimentos, predispondo maiores riscos; Açougues (6/12%);

Transporte de Alimentos (6/12%); Produtos Caseiros (6/12%); Fruteiras (5/10%); Cozinhas

Industriais (4/8%); Indústrias de Alimentos (4/8%); Padarias (4/8%); Pizzarias (4/8%); Bares

e/ou Lancherias ( 3/ 6%).

Page 30: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

23

4.1 OBSERVAÇÕES REALIZADAS DURANTE O ACOMPANHAMENTO DAS

VISTORIAS

A figura 3 foi feita a partir dos dados coletados durante o acompanhamento das

vistorias realizadas pelos fiscais da Vigilância Sanitária de Bento Gonçalves-RS.Esses dados

forma compilados a paratir da analise de cada estabelecimento conforme APÊNDICE A.

FIGURA 3: QUADRO DOS ESTABELECIMENTOS DA ÁREA DE AL IMENTOS COM PROBLEMAS

MAIS COMUMENTE ENCONTRADOS.

Estabelecimentos Inspeções com problemas mais agravantes e comuns entre eles

Atos dos fiscais

Açougues

Local com aberturas sem presença de telas. Necessidade de substituição da proteção dos ralos. Além disso, constatou-se que havia necessidade de troca das

borrachas da câmara fria.

Os fiscais sugeriram a colocação de vidro ou acrílico, para a vedação da

área de manipulação, pois a legislação vigente não obriga a isso.

Foi dado um prazo para as mudanças necessárias (troca das

borrachas da câmara fria e substituição da proteção dos ralos).

Bares/Lancherias

Necessidade de um depósito, pois os produtos de limpeza e a matéria prima estão armazenados na própria

cozinha do estabelecimento. Colocação de uma porta telada, pois há uma porta com uma fresta o que facilita

a entrada de roedores e outros bichos.

Prazo bastante acessível, pois as reformas demandaram um gasto

financeiro maior, entretanto houve insistência dos fiscais para início da

construção do depósito.

Fruteiras Necessidade de maior organização das gôndolas de produtos alimentícios.

Prazo para realizar as organizações necessárias.

Indústria achocolatados

Necessidade de um depósito, pois as caixas vazias ficam muito próximas aos sanitários.

Prazo para a construção do depósito.

Mercados

Falta de procedência de produtos de origem animal.

Medicamentos nas prateleiras do mercado para serem vendidos, o que é proibido pela legislação.

Orientação da importância da procedência, quanto aos produtos de origem animal e a necessidade de cuidados da procedência dos

produtos. Quanto aos medicamentos os mesmos foram

recolhidos.

Padarias

Necessidade de maior higiene. Colocar dispositivo para higiene das mãos e papel toalha.

Prazo para as modificações necessárias.

Pizzarias

Necessidade de melhorias do fluxo de produção. O produto final entra em contato com a matéria prima

inicial. Necessidade de tampos nos depósitos de madeira para ser usada nos fornos.

Prazo para reorganização do fluxo e colocação dos tampos nos depósitos

de madeiras

Produtos caseiros

Necessidade de depósito para matérias primas e constatou-se que a etiqueta era irregular.

Explicou-se a necessidade do depósito para matéria-prima e da etiqueta, que deve estar conforme legislação vigente, apresentando a

tabela nutricional, o nome do produtor e o telefone para contato.

Transporte de

Alimentos

Necessidade de refrigeração. Falta de licenciamento para transporte.

Recolhimento do produto por estar em desacordo com o Art.488 do Dec.23430.

Page 31: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

24

O objetivo da figura 3 é demonstrar os tipos de estabelecimentos inspecionados,

identificar os problemas comumente encontrados e as medidas tomadas pelos fiscais,

visando ao diagnóstico das condições higiênico-sanitárias e das Boas Práticas de Fabricação

dos estabelecimentos de preparo e comercialização de alimentos. Classificados como:

açougues, bares e lancherias, fruteiras, industriais de achocalatados, mercados, padarias,

pizzarias, produtos caseiros e transporte de alimentos e analisar os resultados com vista a

atingir os objetivos da Vigilância Sanitária.

Nos seis açougues vistoriados, dois apresentaram problemas quanto à necessidade de

troca das borrachas das câmaras frias, dois apresentaram problemas quanto à presença de

insetos devido a falta de telas e estarem localizados em local muito abertos e um apresentou

problemas com ralos danificados. Um não apresentou problemas.

Foram vistoriados três bares e lancherias, dois apresentaram problemas, sendo que um

deles não possuía depósito e os produtos alimentícios de sanitização estavam armazenados

dentro da própria cozinha. O outro apresentava a necessidade da colocação de uma porta

telada.

Durante a vistoria nas cinco fruteiras, constatou-se que praticamente todas elas

necessitavam de maior organização dos produtos alimentícios, pois foram encontrados galões

de água mineral no chão, produtos de limpeza armazenados junto com alimentos.

Nas quatro indústrias de alimentos vistoriadas, uma delas apresentou problema quanto

ao depósito de caixas para embalagem do produto final, pois o mesmo se encontra muito

próximo aos sanitários. Na segunda indústria vistoriada foi constatado que a matéria-prima

entra diretamente na área de processamento, nas demais indústrias não foi verificado nenhum

problema.

Nos mercados, dos oito vistoriados, três apresentaram problemas quanto à origem de

produtos, principalmente no que se refere aos de origem animal; dois apresentaram má

organização, contendo alimentos sobre o chão e produtos de limpeza armazenados junto com

alimentos; dois apresentaram medicamentos para venda, o que é proibido pela legislação.

Constatou-se que apenas um não apresentou problemas.

As quatro padarias vistoriadas não apresentavam instalações adequadas para

manipulação de alimentos, visto que eram prédios alugados e em duas não foram constatados

dispositivos para sabonete líquido e papel toalha.

Tratando-se de pizzarias, nas quatro vistoriadas, uma tinha caixas de papelão na linha

de produção, nas demais três foi constatada a necessidade de melhorias no fluxo de produção

Page 32: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

25

e proteção nos depósitos de madeira, pois os mesmos se encontravam abertos.

Nos seis estabelecimentos de produtos caseiros, apenas dois estavam dentro dos

padrões. Em um havia necessidade de dispositivo para sabonete líquido e papel toalha, em

três a etiqueta dos produtos estava irregular, pois não trazia o nome do fabricante e a

matéria- prima estava estocada de maneira inadequada.

Quanto ao transporte de alimentos, os fiscais da Vigilância Sanitária verificaram em

seis veículos as condições de armazenamento do produto, procedência do produto, se o

veículo possuía licenciamento para tal finalidade. Destes veículos verificados um não possuía

licenciamento o que acarretou na apreensão do produto, o mesmo ficou guarnecido em um

depósito particular até decisão judicial sobre o que fazer com produto, visto que a Vigilância

Sanitária (VISA) não possui um depósito próprio. O outro não possui procedência do produto

(queijo), então o mesmo foi recolhido e adicionado de água sanitária tornando assim

impróprio para o consumo, após foi enviado a Coordenadoria de Inspeção de Produtos de

Origem Animal (CISPOA) órgão que se encarregou de incinerar o produto.

Os demais estabelecimentos - quatro cozinhas industriais - não apresentaram

problemas, estando de acordo com a legislação vigente.

Abaixo serão citadas algumas observações de maior relevância, que foram observadas

durante o estágio realizado na Vigilância Sanitária:

- falta de sistema de informação acerca das normas sanitárias, em especial quanto as

Boas Práticas de Fabricação e Manipulação e Saúde do Trabalhador na maioria dos

estabelecimentos comerciais vistoriados;

- alta rotatividade de funcionários, dificultando a manutenção de uma rotina adequada;

- inicio as atividades com investimentos em reformas sem consulta prévia a Vigilância

Sanitária (VISA), para adequação à atividade pretendida, fato que dificulta a liberação de

alvará, pois muitas vezes estão em desacordo com a norma;

- dificuldade de elaboração do Manual de Boas Práticas e dos Procedimentos

Operacionais Padronizados (POP), principalmente por parte dos estabelecimentos de pequeno

porte;

- falta de procedência dos alimentos, principalmente os de origem animal;

- falta de cuidados durante a manutenção de equipamentos, o que pode acarretar

presença de fragmentos estranhos nos alimentos, tais como fragmentos de metais, plásticos e

pequenas peças de reposição;

- a vigilância Sanitária de Bento Gonçalves-RS adotou uma postura educativa e

Page 33: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

26

construtivista, sem nunca e em momento algum abrir mão do caráter punitivo perante

situações de não conformidade, que coloquem em risco a saúde pública de forma grave.

- é de fundamental importância a obtenção de informações confiáveis acerca dos

problemas pertinentes a área de alimentos, para adoção de medidas corretivas, sem as quais

não seria possível organizar um sistema de notificação de surtos de doenças veiculadas por

alimentos e de alerta para a prevenção de agentes patogênicos graves relacionados ao seu

consumo.

- o agente fiscalizador deve procurar identificar as causas de uma possível alteração,

colocando-se à disposição dos estabelecimentos para orientar a eliminação ou prevenção da

repetição do mesmo tipo de ocorrência.

- outra questão importante que foi observada era a condição dos produtos expostos, a

venda, como a validade e a integridade dos mesmos (latas amassadas, enferrujadas, pacotes

abertos ou rasgados). O consumidor pode e deve exigir produtos em perfeitas condições de

consumo. No caso de encontrar produtos vencidos, denúncias podem ser feitas e o

estabelecimento poderá ser autuado.

- a Vigilância Sanitária (VISA) fiscalizou e autuou (quando necessário) quanto o

controle higiênico-sanitário do local (higiene ambiental e pessoal, condições estruturais,

manipulação dos alimentos, integridade dos alimentos expostos, entre outros). Essa

fiscalização ocorreu em todas as áreas dos estabelecimentos: açougues, padarias,

hortifrutigranjeiros e estoques.

Page 34: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

27

CONCLUSÃO

A partir dos resultados obtidos através das vistorias realizadas pela Vigilância Sanitária

do município de Bento Gonçalves-RS, nos meses de julho a setembro de 2010, pode-se

concluir que os estabelecimentos com maior número de vistorias e retornos da fiscalização,

para adequar-se quanto à legislação foram os possuem maior diversidade de produtos,

mercados, e muitas áreas de manipulação, padarias e açougues.

A Vigilância Sanitária de Bento Gonçalves-RS adota uma postura educativa e

construtivista, sem nunca abrir mão do caráter punitivo perante situações de não

conformidade, que coloquem em risco a saúde pública de forma grave. Acredita-se que este

procedimento de conduta de trabalho técnico da Vigilância Sanitária, desde que continuado,

educativo e insistente permita a conquista de boas práticas, por parte dos estabelecimentos de

alimentos e também a redução de ocorrências que exijam aplicação das penalidades legais

mais drásticas.

É de fundamental importância a obtenção de informações confiáveis acerca dos

problemas pertinentes a área de alimentos, para adoção de medidas corretivas, sem as quais

não seria possível organizar um sistema de notificação de surtos de doenças veiculadas por

alimentos e de alerta para a prevenção de agentes patogênicos graves relacionados ao seu

consumo.

Para uma eficaz fiscalização o agente fiscalizador deve procurar identificar as causas

de uma possível alteração, colocando-se à disposição dos estabelecimentos para orientar a

eliminação ou prevenção da repetição do mesmo tipo de ocorrência.

Os profissionais e comunidade devem trabalhar no intuito de melhor os processos da

cadeia alimentar – desde a produção, industrialização, até o comercio – a fim de proteger a

saúde da sociedade e manter o bom andamento dos serviços prestados pela área de

alimentação no município de Bento Gonçalves - RS.

Page 35: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

28

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Page 38: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

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APÊNDICE A: AVALIAÇÃO DE ESTABELECIMENTO

Estabelecimento: ..............................................

Ramo de atividade:...........................................

Data: ......../........../.........

Ações Tomadas

Irregularidades Consequências

Não

Con

form

idad

e

Orie

ntaç

ão

Not

ifica

ção

Aut

o de

Infr

ação

Acúmulo de resíduos Favorece a atração de

pragas; Causa odor

desagradável.

Latas de lixo: abertas, mal higienizadas, em número insuficiente, presença de resíduos

sem proteção de sacos plásticos.

Fornece alimentos e abrigo para pragas; Causa

odor desagradável.

Funcionários sem o uso de equipamentos de proteção individual

adequada.

Aumenta o risco de acidentes e de transmissão

de doenças para os funcionários.

Lixo

Latas de lixo muito próximas da área de

recebimento e manipulação.

Acarreta riscos de contaminação dos

alimentos.

Continua na página 32

Page 39: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

32

Continuação Avaliação dos Estabelecimentos

Local desorganizado Dificulta a higienização e a

realização das tarefas.

Higienização inadequada do ambiente

Propicia contaminação dos alimentos.

Compactação de papelão e de sacos plásticos com resíduos de alimentos

Fornece alimentos, atrai e abriga pragas; Acarreta riscos de contaminação cruzada nos alimentos.

Acúmulo de produtos impróprios para

consumo armazenados de forma desorganizada

e sem proteção

Atrai pragas; Acarreta riscos de contaminação do ambiente e dos alimentos.

Edificações e instalações onde se

processam alimentos, sem fluxo ordenado,

produto final entra em contato com a matéria

prima.

Pode ocorrer uma contaminação cruzada no

produto final.

Ausência de pia exclusiva para

higienização das mãos

Dificulta a higienização correta das mãos; favorece

a contaminação de alimentos.

Áre

a de

rec

ebim

ento

e p

roce

ssam

ento

Ausência e ou inadequação de

uniformes/jaleco, luvas, toucas, calçados,

presença de anéis, pulseiras e adornos.

Aumenta o risco de acidentes e contaminação

dos alimentos.

Continua página 33

Page 40: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

33

Continuação Avaliação dos Estabelecimentos

Presença de aberturas sem vedação adequada.

Propicia a entrada de pragas.

Desorganização.

Dificulta a limpeza e o controle dos prazos de validade; Propicia a

ocorrência de danos às embalagens.

Ausência de separação adequada

entre gêneros alimentícios,

produtos de limpeza e higiene.

Propicia a contaminação química dos alimentos.

Produtos acondicionados em

embalagens primárias frágeis fora das

embalagens secundárias,

armazenados de forma desorganizada

e sem proteção.

Aumenta o risco de danos e de contaminação das

embalagens e alimentos.

Limpeza inadequada: acúmulo de resíduos nos cantos e embaixo

das prateleiras.

Fornece abrigo e alimentos para pragas.

Empilhamento excessivo causando

danos às embalagens.

Causa perdas de produtos; Acarreta riscos

de acidentes e de contaminação dos

alimentos.

Dep

ósito

s e

arm

azen

amen

to N

ão P

erec

ívei

s

Mal higienizadas.

Favorece a contaminação dos alimentos; Causa odor desagradável.

Continua página 34

Page 41: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

34

Continuação Avaliação dos Estabelecimentos

Presença de caixas de madeira.

Serve de veículo para a entrada de pragas; Propicia a contaminação dos alimentos

por microrganismos.

Superlotação.

Dificulta a circulação do ar frio e a manutenção da

temperatura adequada para a conservação dos alimentos.

Presença de alimentos de outros gêneros.

Causa risco de contaminação cruzada.

Estrados de madeira mal conservados,

umedecidos e escurecidos.

Transfere umidade para as embalagens; Propicia a

multiplicação de microrganismos; Dificulta a

higienização.

Má vedação das câmaras frias.

Propicia uma maior gasto de energia e aumento da

temperatura de conservação.

Acondicionamento de preparados em

utensílios inadequados e sem separação adequada e/ou

refrigeração inadequada.

Riscos de contaminação Cruzada e aceleração da

deterioração de alimentos.

Câm

eras

Fria

s A

rmaz

enam

ento

Per

ecív

eis

Acúmulo de gelo. Dificulta a manutenção das temperaturas adequadas e

higienização.

Continua página 35

Page 42: TCC BRUNO ZORRER LARENTIS

35

Continuação Avaliação dos Estabelecimentos

Esse anexo foi desenvolvido através de pesquisa no Decreto nº. 23.430 de 24 de

outubro de 1974, na Resolução RDC nº. 216 de 15 de setembro de 2004 e nas anotações

realizadas durante o estágio, com o intuito de auxiliar na coleta de dados e obter uma

padronização dos dados coletados. Os estabelecimentos alimentícios do município foram

classificados por tipo de comercialização e posteriormente, diante das irregularidades

encontradas através do APÊNDICE A, foram classificados quanto aos problemas mais

comumente encontrados e as providências tomadas pelos fiscais (figura 3, página 23).

Ausência de lixeiras com tampa e

pedaleira.

Provoca o aparecimento de odor desagradável;

Atrai pragas; Propicia a contaminação das mãos.

Ausência de sabonete líquido anti-séptico e papel toalha ou outro

qualquer método adequado para

secagem das mãos.

Impede a correta higienização das mãos.

San

itário

s e

Ves

tiário

s

Falta de armários e vestiários para funcionários.

Acarreta a não utilização de vestimentas adequadas.

Ausência do Manual de Boas Práticas de

Fabricação.

Dificulta as atividades desenvolvidas.

Controle integrado de vetores e pragas:

ausência de indicação de medidas de

controle.

Acarreta falta de informações para

implantação de medidas preventivas.

Limpeza da caixa de água: ausência de

indicação.

Pode acarretar contaminação do produto

final.

Doc

umen

taçã

o

Ausência de responsáveis técnicos.

Dificulta a execução e prestação de atividades

técnicas.