TCC - Marília Maria Da Silva Morais 100115292 Versão Final (1)

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UNIVERSIDADE DE BRASLIA - UnBFACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAO E CONTABILIDADE - FACEDEPARTAMENTO DE CINCIAS CONTBEIS E ATUARIAIS - CCA

MARLIA MARIA DA SILVA MORAIS

TEMPO COMO DIRECIONADOR DO CUSTO:Sua mensurao por observao direta e entrevista no tratamento odontolgico ART

Braslia, DF.2014

MARLIA MARIA DA SILVA MORAIS

TEMPO COMO DIRECIONADOR DO CUSTO:Sua mensurao por observao direta e entrevista no tratamento odontolgico ART

TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO

Trabalho de concluso de curso (Monografia) apresentado ao Departamento de Cincias Contbeis e Atuariais da Faculdade de Economia, Administrao e Contabilidade da Universidade de Braslia como requisito concluso da disciplina Pesquisa em Cincias Contbeis e obteno do grau de Bacharel em Cincias Contbeis.

Orientadora: Prof. Dr. Beatriz Ftima Morgan

Braslia, DF.2014

MARLIA MARIA DA SILVA MORAIS

TEMPO COMO DIRECIONADOR DO CUSTO:Sua mensurao por observao direta e entrevista no tratamento odontolgico ART

Trabalho de concluso de curso (Monografia) apresentado ao Departamento de Cincias Contbeis e Atuariais da Faculdade de Economia, Administrao e Contabilidade da Universidade de Braslia como requisito concluso da disciplina Pesquisa em Cincias Contbeis e obteno do grau de Bacharel em Cincias Contbeis.

Aprovada em:

BANCA EXAMINADORA

Prof Dr Beatriz Ftima MorganUniversidade de Braslia

Prof Dr ClsiaCamilo PereiraUniversidade de Braslia

Otempo relativo e no pode ser medido exatamente do mesmo modo e por toda a parte.Albert Einstein

RESUMODirecionador, tambm chamado de gerador de custo da atividade, uma medida quantitativa do resultado de uma atividade. Dentre os possveis direcionadores, h o tempo, que pode ser o principal gerador de custo especialmente na prestao de servio, que tem como base a intensa utilizao de mo de obra (KAPLAN; COOPER, 1998). Os mtodos de estimao do tempo levantados por Kaplan e Anderson (2004, 2007) de forma contextualizada pela tcnica de custeio Time-Driven ActivityBasedCosting (TDABC) so a observao direta e a entrevista. Para ilustrar a comparao desses mtodos apurou-se por meio deles o tempo utilizado na execuo do Tratamento Restaurador Atraumtico (ART). Os resultados obtidos sugerem que, para se estimar o tempo total necessrio para a realizao deste tratamento em um dado perodo, necessrio ter noo do tempo mdio demandado pelas diferentes categorias (classes) e da frequncia com que elas ocorrem. Isto porque, para os propsitos estratgicos de custeio de um modelo TDABC, visa-se acurcia, no preciso (KAPLAN; ANDERSON 2004, 2007). Quanto estimao por entrevista estruturada, a que mais se aproximou do tempo mdio obtido pela observao direta foi o questionrio aplicado no fim do perodo da coleta de dados, particularmente a estimao realizada pelas operadoras do ART. A variao mdia desta estimao em relao mdia da observao direta foi de aproximadamente um minuto ou 5% a menos. Apesar de ser consideravelmente pequena, os usurios da estimao do tempo quem decidem se esta variao aceitvel para seus propsitos ou no.

Palavras-chave: Tempo. Observao direta. Entrevista. ART.

SUMRIO1INTRODUO61.1Tema da pesquisa61.2Questo de pesquisa71.3Objetivo71.4Justificativa71.5Organizao do trabalho82REVISO DA LITERATURA92.1Custeamento baseado em atividade92.2Capacidade102.2.1Por que capacidade prtica?112.3Formas de estimao da capacidade prtica por meio do tempo132.4Estimando o tempo consumido142.4.1Problemticas na estimao do tempo143METODOLOGIA173.1Definio da amostra e perodo da coleta de dados173.2Modo como os dados foram coletados atravs dos mtodos183.2.1Mtodo observao direta183.2.2Mtodo entrevista193.2.3Modo de anlise dos dados194ANLISE DOS RESULTADOS214.1Anlise dos dados obtidos pela observao direta214.2Anlise dos dados obtidos pela entrevista estruturada x observao direta244.2.1Evoluo da noo do tempo244.2.2Segregao do tempo de procedimento em preparo e restaurao244.2.3Estimao pelas operadoras x assistentes254.3Discusso265CONSIDERAES FINAIS285.1Concluso285.2Limitaes295.3Sugestes de Pesquisa29REFERNCIAS30APNDICE A - Fotografias32APNDICE B - Ficha observao direta34APNDICE C - Questionrio entrevista estruturada35

INTRODUOTema da pesquisaO presente trabalho versa sobre a estimao do tempo para sua utilizao como direcionador do custo, em especial o tempo despendido em realizao de servio, ilustrado pela apurao do tempo utilizado no tratamento odontolgico denominado Tratamento Restaurador Atraumtico (ART).Atividade, segundo Martins (2003, p. 60), uma ao para se produzirem bens ou servios que utiliza recursos humanos, materiais, tecnolgicos e financeiros, composta com um conjunto de tarefas necessrias para seu desempenho.O Custeamento Baseado em Atividade (ABC) atribui os custos indiretos s atividades de maneira sistemtica para s ento serem atribudos aos objetos de custos. Quando os custos no possuem uma identificao clara, direta e objetiva com certas atividades, rastreia-se ento esta identificao de causa e efeito entre eles. Essa relao expressa por meio de direcionadores (MARTINS, 2003).Direcionador, tambm chamado de medidor de atividade, definido como o gerador de custo a ser alocado (GARRISON; NOREEN; BREWER, 2007; KAPLAN; COOPER, 1998). Alguns exemplos citados por esses autores so: quantidade de testes realizados, nmero de produtos processados por uma mquina e quantidade de horas que se leva pra fazer algum produto.Dentre os possveis direcionadores h o tempo, que pode ser o principal gerador de custo, especialmente na prestao de servio, que tem como base a intensa utilizao de mo de obra (KAPLAN; COOPER, 1998). Logo economias baseadas em servio dependem fortemente de estimativa de tempo em sua alocao de custos (CARDINAELS; LABRO, 2008).O uso do tempo como direcionador pode capturar a complexidade das atividades de uma organizao (DEMEERE; STOUTHUYSEN; ROODHOOFT, 2009), isto porque o tempo pode ser visto como uma tecnologia de gesto por estar inserido nas atividades gerenciais (MOURITSEN; BEKKE, 1999). A partir disto os sistemas de informaes fornecem dados tais como pontualidade e durao das tarefas; como parmetro de decises inclui economia de tempo e sequncia das atividades; e como ideia de gesto enfatiza cliente, flexibilidade e inovaes (MOURITSEN; BEKKE, 1999).Entretanto, Ratnatunga, Tse e Balachandran (2012) ressaltam que o tempo de trabalho mais difcil de mensurar em companhias de servio do que de fabricao, devido ao fato de haver um leque mais diversificado de atividades desenvolvidas pela fora de trabalho. Alm disto, existe uma escassez de pesquisas que adotam o tempo como direcionador de custos para estimao de recursos (RATNATUNGA; TSE; BALACHANDRAN, 2012). Certas companhias encontraram dificuldades na implementao e/ou manuteno do ABC. Kaplan e Anderson (2004, 2007) apontam possveis causas disto, dentre as quais constam que este sistema caro de ser constitudo, complexo de ser mantido e de difcil modificao. A partir disto estes autores desenvolveram uma nova verso do ABC em busca de superar estas desvantagens, mas sem abandonar seus conceitos.O Time-Driven ActivityBasedCosting (TDABC) baseia-se em equaes de tempo para se desenvolver o modelo do sistema de custeio (KAPLAN; ANDERSON, 2004, 2007), possuindo assim maior enfoque na utilizao do tempo como direcionador, conceito este oriundo do ABC. Portanto o presente trabalho ser contextualizado a partir do mtodo de custeio TDABC. Estes autores definem que neste mtodo de custeio o tempo demandado para se executar uma unidade de certa atividade pode ser estimado atravs de observao direta ou por entrevista. Questo de pesquisaDiante do que foi exposto at aqui, o presente trabalho visa responder a seguinte questo: Existe diferena na estimativa do tempo por meio dos mtodos de mensurao entrevista e observao direta?ObjetivoO objetivo deste trabalho comparar o tempo estimado pelos mtodos observao direta e entrevista na realizao do tratamento odontolgico ART.JustificativaO conhecimento do tempo despendido diretamente na execuo do servio possibilita que se defina a capacidade prtica. Ao subtrair-se esta capacidade prtica do tempo total resulta-se na capacidade excedente do perodo (HOOZ; BRUGGEMAN, 2010). Assim o tempo estimado serve de base para o planejamento, uma vez que a essncia do custeamento baseado na atividade justamente a medio, criao e gesto da capacidade no utilizada (KAPLAN; COOPER, 1998).Balachandran, Balakrishnan e Sivaramakrishnan (1997) salientam que no planejamento o tempo direcionador da capacidade, mas na execuo ele a prpria capacidade. Esta pode ser estimada arbitrria - a partir de uma porcentagem estimada arbitrariamente da capacidade terica - ou analiticamente (KAPLAN; ANDERSON, 2004, 2007; KAPLAN; COOPER, 1998).Organizao do trabalhoO presente trabalho visa contribuir com a discusso de como estimar o tempo para sua utilizao como direcionador de custo da capacidade prtica, especialmente com relao a sua mensurao atravs da observao direta e entrevista. Alm da introduo, o trabalho dividido em mais quatro captulos.No captulo 2, Reviso de Literatura, so apresentadas as formas de estimao do tempo, alm da conceituao dos elementos chaves para seu entendimento. No captulo 3, Metodologia, descreve-se como a pesquisa foi realizada dentro da abordagem do tema por meio do tratamento ART. Na seo seguinte, captulo 4, so evidenciados e analisados os dados coletados por meio dos mtodos de mensurao elencados. Por fim, nas consideraes finais, concluem-se os achados da pesquisa e sugerem-se temas para realizao de novas pesquisas.

REVISO DA LITERATURA Custeamento baseado em atividade A diferena fundamental trazida pelo Custeamento Baseado em Atividade (ABC) que esta metodologia visa reduzir as distores provocadas pelo rateio arbitrrio dos custeios indiretos que era realizado pelos mtodos tradicionais, decorrentes do aumento da variedade e complexidade dos produtos e servios ofertados (MARTINS, 2003; RATNATUNGA; TSE; BALACHANDRAN, 2012). Esta reduo se d devido atribuio dos custos indiretos s atividades que, segundo Martins (2003), deve ser feita da forma mais criteriosa possvel e de acordo com a seguinte ordem de prioridade:1. Alocao direta: deve ser feita quando certos itens de custos possuem uma identificao clara, direta e objetiva com certas atividades.2. Rastreamento: feita com base na identificao da relao de causa e efeito entre a ocorrncia da atividade e a gerao dos custos. Essa relao expressa atravs de direcionadores de custos de primeiro estgio, ou seja, de recursos para as atividades. 3. Rateio: Ocorre apenas quando no possvel utilizar as outras formas de atribuio. Vale ressaltar que, para fins gerenciais, rateios arbitrrios no devem ser feitos. Para melhor visualizao do fluxo de custos no sistema ABC segue a Figura 1.

Figura 1 - Fluxo de custos no Sistema de Custos ABCFonte: Khoury e Ancelevicz (2000), adaptado pelo autor.

Os exemplos de direcionadores citados por Martins (2003) so: nmero de empregados, rea ocupada, tempo de mo de obra (hora-homem), tempo de mquina (hora-mquina), quantidade de kWh. O presente trabalho tem como foco a utilizao do tempo como direcionador.CapacidadeNo contexto de negcios, capacidade refere-se habilidade de produo de uma mquina, pessoa, diviso ou companhia (ANSARI et al.,2004), isto porque a capacidade representa, em uma organizao, a sua habilidade de realizar trabalho (YU-LEE, 2002).Ansari et al. (2004) fornecem ainda quatro ideias-chave para ajudar a entender este conceito: uma medida fsica, possui um custo, inclui a medida de um montante mximo por uso ou ocorrncia e suas medidas dependem de dois parmetros - taxa e tempo.O potencial de um processo, que a cadeia de atividades correlatas e inter-relacionadas, pode ser definido e mensurado de vrias maneiras diferentes (IMA, 2000; MARTINS, 2003). A abordagem tradicional dividida de acordo com o Quadro 1.

Quadro 1 - Abordagem tradicional da capacidade.CapacidadeDescrio

Terica/ Ideal/ Mxima/ Nominal a quantidade mxima de outputs de uma unidade do processo produtivo (Ex: pessoa, grupo, equipamento, fbrica) operando continuamente em mxima eficincia[footnoteRef:1]. [1: Eficincia econmica abordada justamente pela relao entre inputs (recursos utilizados) e outputs (produtividade) (SECCHI, 2013).]

Prtica o nvel atingvel de operao sob condies correntes. Em outras palavras, ela ajusta a capacidade terica ao eliminar o inevitvel tempo no produtivo. So limites de produo impostos por frias, pausas, manuteno, entre outros.

Mdia/ Normal a produtividade mdia estimada a partir de dados histricos de produtividade da unidade analisada.

Orada/ Esperada a produo antecipada para o prximo perodo baseado na proviso de vendas, ou ento a utilizao planejada dos recursos afetados para o prximo ano.

Efetiva o mesmo que a produo efetiva em um determinado perodo. Como esta informao s est disponvel aps o fato ocorrer, no convm utiliz-la para o planejamento.

Fonte: Ansari et al., (2009) e IMA (2000), adaptado pelo autor.

Para melhor visualizao da distino do nvel de utilizao da capacidade definida em relao capacidade mxima, segue exemplo percentual apresentado pela Figura 2 em forma de grfico:

Figura 2 - Definies de base da capacidadeFonte: McNair and Vangermeersch 1998 apud IMA 2000, adaptado pelo autor

O tempo no planejamento apresentado como o direcionador da capacidade, mas na execuo ele a prpria capacidade (BALACHANDRAN; BALAKRISHNAN; SIVARAMAKRISHNAN, 1997). Portanto, o tempo a ser mensurado delimitado a partir da capacidade que se deseja obter. Com isso, dependendo da capacidade almejada, a mensurao do tempo torna-se mais minuciosa e, consequentemente, mais complicado pode se tornar esta apurao. Por que capacidade prtica?O tema proposto abordado neste trabalho de forma contextualizada por meio da nova verso do ABC, que surgiu a partir de seus pressupostos, mas sem abandonar seu conceito, denominada Time-Driven ActivityBasedCosting (TDABC) (KAPLAN, ANDERSON, 2004).Foi levantado este mtodo de custeio porque, de acordo com Kaplan e Anderson (2004, 2007), seu elemento fundamental o tempo (capacidade) necessrio para executar uma atividade. Tambm foi selecionado este mtodo, pois, ao explanarem sobre o TDABC, estes autores utilizaram exemplos baseados em atividades de prestao de servio, foco deste trabalho[footnoteRef:2]. [2: Vale ressaltar que, apesar do que sua nomenclatura possa induzir, o TDABC tambm admite que a capacidade seja mensurada em outras unidades alm do tempo, isto para adequar o sistema s diferentes necessidades das organizaes. (Kaplan e Anderson, 2004)]

O custeamento por atividades, centrado principalmente na medio, criao e gesto da capacidade no utilizada, permitiu uma maior visibilidade dos processos de uma organizao, viabilizando a identificao e consequente eliminao das atividades que no agregam valor (DEMEERE; STOUTHUYSEN; ROODHOOFT, 2009, KAPLAN; COOPER, 1998).O TDABC estima a utilizao de recursos por meio de equaes que expressam o tempo necessrio para exercer uma atividade em funo dos direcionadores de tempo. Nesta nova abordagem apenas dois parmetros so necessrios (KAPLAN; ANDERSON, 2004; 2007). A equao apresenta esses parmetros.

Ao multiplicar estes dois parmetros obtm-se o custo por unidade de atividade, e multiplicado pela quantidade de atividades, equivale ao custo da atividade no perodo. Hooz e Bruggeman (2010), afirmam que a partir disto possvel estimar o tempo requerido para exercer todas as atividades necessrias em certo perodo, e ao subtrairmos esta capacidade prtica do tempo total resulta-se na capacidade excedente do perodo. Assim pode-se apurar o custo da capacidade no utilizada e, uma vez definidas e relatadas seus custos e causas, pode-se arquitetar maneiras de reduzi-las nos perodos seguintes e consequentemente, melhorar o desempenho global da organizao, ou seja, aumentar a eficincia da produtividade (HOOZ; BRUGGEMAN, 2010, IMA, 1996).Kaplan e Anderson (2007) acrescentam que, ao invs de reduzir a capacidade no utilizada, os gestores tambm podem convergir essa capacidade para crescimento futuro por meio de lanamentos de novos produtos, expanso para novos mercados, ou simplesmente pelo aumento de produo pela demanda do cliente. Formas de estimao da capacidade prtica por meio do tempoA taxa do custo da atividade no modelo TDABC pode ser genericamente representada conforme a equao . (KAPLAN; ANDERSON, 2004; 2007)

Kaplan e Anderson (2007) exemplificam que, no caso de prestao de servio, pode-se calcular o custo por unidade de tempo da capacidade fornecida dividindo-se o custo total de fornecimento de capacidade de recursos dividido pelo tempo em que os funcionrios gastam efetivamente executando o trabalho.A contabilidade gerencial diverge da financeira ao dar menos nfase na preciso e maior peso a dados no monetrios, por exemplo, pesquisa de mercado. Isto porque geralmente os administradores prefeririam receber uma boa estimativa imediatamente a esperar por uma resposta mais precisa (GARRISON; NOREEN; BREWER, 2011).Em consonncia com esta percepo, a capacidade prtica pode ser estimada arbitrariamente ou estudada analiticamente (KAPLAN; ANDERSON, 2004, 2007; KAPLAN; COOPER, 1998): 1. Abordagem arbitrria: Estima-se a capacidade prtica arbitrariamente a partir de uma porcentagem da capacidade terica. Isto porque, como estes autores defendem, no seria importante ser extremamente sensvel a pequenos erros, pois no decorrer da execuo do TDABC o prprio sistema j revelaria se a porcentagem arbitrada estiver equivocada. No caso de prestao de servio os gestores podem atribuir uma taxa menor - digamos 80% - para as pessoas, permitindo 20% do seu tempo para pausas, chegada e partida, comunicao e treinamento (KAPLAN; ANDERSON, 2004, p.3).2. Abordagem analtica: Inicia-se com a capacidade terica e depois se subtrai quantidades explcitas para o tempo em que os funcionrios ou mquinas no esto disponveis para fazer o trabalho produtivo. Exemplo: Para se obter capacidade prtica de um empregado, comea-se com 365 dias por ano,e subtrai-se o tempo para finais de semana e outros dias no trabalhados (feriados, frias e dias esperados de no trabalho devido licena pessoal e doena). Ainda deve ser descontado o tempo utilizado para pausas, reunies, treinamento e educao, alm das particularidades de cada categoria de trabalhador. Assim obtida a capacidade prtica para cada funcionrio. Lembrando que cada organizao deve fazer seu prprio clculo adequado s suas configuraes. Estimando o tempo consumido Para os propsitos estratgicos de um modelo de custeio do TDABC, precisa-se de acurcia, no preciso[footnoteRef:3]. Kaplan e Anderson (2007) alegam que, para que o tempo estimado seja suficientemente exato para a anlise utilizando esse modelo, necessrio conhecer o primeiro dgito significativo acuradamente e possuir uma aproximao a respeito do segundo. O tempo demandado para se executar uma unidade de certa atividade, ou seja, a capacidade utilizada em cada transao representada pela unidade de tempo de consumo de capacidade de recursos por produtos, servios e clientes. Ele pode ser estimado atravs de observao direta ou por entrevista (KAPLAN; ANDERSON, 2004; 2007): [3: Mais sobre a distino destes termos pode ser visto em Mnico et al. (2009).]

1. Observao direta: na abordagem cronmetro e prancheta estes autores sugerem que se faa uma mdia do tempo de 50 a 100 transaes processadas.2. Entrevista: estes autores tambm sugerem que se faa entrevista ou levantamento com os funcionrios, utilizando mapas de processos existentes, ou aproveitando as estimativas de tempo de outros lugares na empresa ou indstria.Problemticas na estimao do tempo Estimao em porcentagem unidades absolutas de tempoA entrevista diverge nos mtodos ABC e TDABC. O ABC pode utilizar o tempo estimado atravs de entrevista realizada com os empregados como direcionador de custo (KAPLAN; COOPER, 1998). A prtica comum que os empregados estimem em porcentagem o tempo gasto em suas distintas atividades (RATNATUNGA; TSE; BALACHANDRAN, 2012). Kaplan e Anderson (2004, 2007), no entanto, alegam que frequentemente o total informado dessas porcentagens equivale ou ultrapassa 100%, ignorando a capacidade no utilizada. Ou seja, aloca-se assim apenas o custo da capacidade prtica, ao invs do custo da capacidade total. Eles orientam ento no TDABC a solicitar aos funcionrios estimativas diretas do tempo necessrio em minutos/horas, ou seja, unidades absolutas para se executar essas tarefas. Outros autores se opem a essa opinio. Cardinaels e Labro (2008), em cenrio experimental, investigaram e provisionaram tendncias de como o erro de mensurao do tempo varia sob trs hipteses: agregao das atividades (os resultados sugerem que quanto maior, menor o erro), coerncia das tarefas e notificao da estimao do tempo da tarefa (quando prospectiva realizao de uma srie primria de atividades, pode reduzir o erro). Estes autores tambm testaram o modo de resposta. Neste quesito foi encontrado um forte vis de superestimao quando os participantes estimavam em minutos, o que pode ser problemtico para o TDABC, uma vez que seus criadores defendem o uso da estimativa em minutos.De fato, quando as estimativas so submetidas em porcentagem, poucos funcionrios tendem a relatar que uma porcentagem do seu tempo gasta ociosamente. No entanto, a presena de um forte vis de superestimao na estimao em minutos suscetvel a anular o benefcio pretendido ao deixar de lado o modo de resposta baseado em porcentagem. (CARDINAELS; LABRO, 2008, p. 753, traduo do autor).Foco tcnico x comportamentalEnquanto Cardinaels e Labro (2008) voltam seus estudos para os erros de mensurao, Hooze e Bruggeman (2010), por outro lado, divergem dos estudos com foco em questes tcnicas, j que as descobertas de seu trabalho so relacionadas a aspectos comportamentais. Ou seja, com foco nas melhorias operacionais que podem surgir a partir deste mbito, em correlao com o conceito de tempos viveis.Hooze e Bruggeman (2010) defendem a linha de estudo de que um sistema de custeio mais acurado pode nem sempre ser necessrio ou desejvel, pois alegam que os gestores no esto interessados essencialmente em saber o exato tempo real, mas sim em entender e chegar a algum consenso de padres de tempo viveis. Isto se d devido os empregados operacionais tambm poderem controlar uma parte do tempo das atividades. De fato, eles alegam que o processo de negao para padres de tempo viveis pode ser visto como um processo de definio de metas, ao invs de um processo de estimativa de tempo (Hooz; Bruggeman, 2010, p.196). Para se chegar a este consenso, estes autores elencaram trs mecanismos:1. Os dados de custo efetivamente gerados s so percebidos como viveis quando controles suficientes de capacidade so realizados;2. Quando tempos incertos so cronometrados; e3. Quando os tempos extremos podem ser explicados com lgica baseados no funcionamento operacional dos diferentes depsitos.Hooze e Bruggeman (2010) alegam que, uma vez que as equaes de tempo so construdas com base em entrevistas com funcionrios operacionais, necessrio que eles forneam detalhes suficientes de suas atividades de trabalho gerncia e contabilistas. Portanto, baseados em sugestes de pesquisadores de sistema da informao, eles levantaram dois fatores no desenvolvimento do TDABC que, conforme os resultados do estudo de caso deles sugerem, so indispensveis para que melhorias operacionais apaream durante o processo de design do TDABC:1. Participao coletiva de trabalhador: envolve fatores cognitivos e motivacionais, especialmente quando o trabalho realizado em grupo. Em sua pesquisa, estes autores obtiveram que quando os funcionrios operacionais no foram envolvidos no processo de construo do modelo, eles temeram o novo sistema, pois era usado para impor cumprimentos, e assim melhorias operacionais no surgiram.2. Estilo de liderana apropriado: em seu resultado obtiveram que quando as discusses sobre os dados de custeio foram realizadas em grupo e guiadas por um indivduo com um considervel estilo de liderana, melhorias operacionais surgiram.Kaplan e Anderson (2007) tambm alegam que, independentemente do mtodo de estimao do tempo, importante assegurar que as estimativas correspondem a acontecimentos reais. Estes autores recomendam ento a discutir com o departamento de pessoal e supervisores sobre o tempo, engajando e encorajando-os a assumir um papel pr-ativo na estimao do tempo de seu setor.Portanto, se ambos os focos forem levados em considerao desde a implementao do modelo TDABC, pode-se aumentar as chances do sistema obter sucesso, pois, apesar de cada linha de estudo possuir sua abrangncia, elas visam o aperfeioamento da estimao do tempo.

METODOLOGIA Para abordar a questo levantada foi estimado o tempo utilizado na execuo do Tratamento Restaurador Atraumtico (ART) realizado pelo projeto Avaliao das condies de sade bucal: estudo de base para produo de indicadores para monitoramento e planejamento de aes no nvel local, integrante do Programa de pesquisa para o SUS: gesto compartilhada em sade PPSUS DF. O presente trabalho foi desenvolvido em consonncia com o projeto Apurao do custo do Tratamento Restaurador Atraumtico (ART) do programa de Iniciao Cientfica ProIC/UnB. O ART um mtodo manual de restaurao de dentes cariados que pode ser realizado fora de uma clnica tradicional, isto porque, segundo Frencken e Leal (2010), seu principal diferencial que este mtodo utiliza somente instrumentos manuais. Esses autores tambm apontam que este tratamento encontra-se dentre os tratamentos minimamente invasivos. O tratamento restaurador atraumtico utiliza escavao manual de cries dentais, o que elimina a necessidade de anestesia e o uso de equipamentos onerosos, e restaura a cavidade com ionmero de vidro, um material adesivo que se adere estrutura do dente e libera flor uma vez que estimula a remineralizao. (Lopez, Simpser-Rafalin e Berthold, 2005, p. 1338, traduo do autor).Para tanto se fez necessrio seguir alguns passos: (1) definio da amostra e perodo da coleta de dados; (2) modo como os dados foram coletados por meio dos mtodos; e (3) modo de anlise dos dados.Definio da amostra e perodo da coleta de dadosA amostra do projeto, que visa o estudo de base para a avaliao de custo e sobrevida das restauraes ART, composta pelo universo de escolares com idades de 6 a 12 anos matriculados nas escolas pblicas do ensino fundamental na regio da Cidade Estrutural, Braslia DF. O total de alunos foi estimado em 3706 com base nos dados fornecidos pelo Censo Escolar de 2012 realizado pela Secretaria de Estado de Educao do Distrito Federal (SEEDF). Os pesquisadores da rea de odontologia integrantes do projeto efetuaram o levantamento epidemiolgico deste total de alunos, e, por meio de triagem, selecionaram os escolares passveis de receberem o tratamento. A amostra do presente trabalho composta pelas crianas atendidas no perodo de realizao dos tratamentos no primeiro semestre de 2014 (de 14/03/2014 a 23/05/2014) pelo projeto, que se realizava s sextas-feiras no perodo vespertino. Neste perodo foram atendidas 35 crianas, sendo apurado o tempo de 59 restauraes em um total de 55 dentes (4 dentes receberam duas restauraes) nos Centros de Ensino Fundamental 01 e 02 da Estrutural, apresentadas pela Fotografia 1 e pela Fotografia 2, respectivamente, localizadas no APNDICE A - Fotografias.Modo como os dados foram coletados atravs dos mtodosPara uma maior familiarizao com o ART e para uma elaborao de como o tempo deste tratamento seria estimado, presenciou-se as aulas terica e prtica expositivas sobre o assunto, ocorridas na Universidade de Braslia (UnB) e na Escola Classe 02, respectivamente.Verificou-se a possibilidade da segregao do tratamento ART em categorias segundo a classificao artificial de Black, pela qual se rene as cavidades em classes que requerem a mesma tcnica de instrumentao e restaurao, que variam com o tipo de dente e a disposio da cavidade nos mesmos (MONDELLI et al, 2003).A fim de verificar se esta diferena influencia no tempo da execuo do tratamento dentrio, optou-se por destacar as categorias classe I e II por serem tidas como as mais incidentes no tratamento e, portanto, as que fornecem maior quantidade de informaes para o tratamento estatstico.Os mtodos de coleta utilizados foram observao direta e entrevista estruturada.Mtodo observao diretaDe acordo com Kerlinger (2007), a finalidade de se observar alguma coisa em cincia basicamente medi-la, a fim de poder ser relacionada com outras variveis. Mensurao a atribuio de algarismos a objetos ou eventos de acordo com regras (STEVENS, 1951 apud KERLINGER; 2007 p.145), logo esta atribuio deve ser feita de maneira sistemtica.Seguiu-se o procedimento, ilustradas pela Fotografia 3 e Fotografia 4 localizadas no APNDICE A - Fotografias, para realizar a mensurao do tempo dos tratamentos pelo ART por meio de cronmetro e preenchimento da ficha que consta no APNDICE B Ficha observao direta. A contagem do tempo total do procedimento foi estipulada a partir do momento em que o dentista coloca o espelho na boca do paciente at o trmino do procedimento com a liberao do paciente. Este tempo segregado, mediante o informe do dentista sobre o trmino de cada etapa, em:(1) Tempo de avaliao: o tempo utilizado para a anlise e deciso do procedimento a ser realizado;(2) Tempo de preparo: destinado ao acondicionamento do dente para cada tipo de restaurao. Inclui limpeza e remoo manual da crie;(3) Tempo de restaurao: o que foi utilizado para restaurao da cavidade com ionmero de vidro, preparado pela assistente. Para se chegar ao tempo mensurado vlido para a anlise foi desconsiderado o tempo apurado no perodo de treinamento, representado pelos dois primeiros dias de execuo do tratamento pelas estudantes de odontologia. Isto porque nesta ocasio as universitrias realizaram o ART sendo supervisionadas, alm de ter sido o momento de adequao da mensurao do tempo por este mtodo, no qual o mesmo tratamento foi apurado por mais de um observador. Mtodo entrevista A entrevista estruturada baseia-se na utilizao de um questionrio como instrumento de coleta de dados (MAY, 2004, p. 146). Foi escolhido este tipo de entrevista, pois, como este mesmo autor salienta, ela permite a comparabilidade entre as respostas, uma vez que a pergunta feita a todos da mesma maneira, atendendo assim os objetivos desta pesquisa. Logo quaisquer diferenas encontradas entre as respostas so consideradas reais e no resultado da situao de entrevista.O questionrio (APNDICE C Questionrio entrevista estruturada) foi elaborado de modo que os entrevistados estimassem o tempo gasto por procedimento em minutos e em seguida segregassem, em porcentagem, este tempo total entre preparo do dente e o tempo gasto na restaurao, que so os despendidos diretamente no tratamento. Isto para procedimentos classe I e II, j que so as principais classes realizadas.A aplicao do questionrio foi concomitante e supervisionada para que as entrevistadas no dialogassem entre si durante seu preenchimento. A entrevista ocorreu em dois momentos distintos visando constatao da noo de tempo desenvolvida dentre estes intervalos: (1) No trmino do primeiro dia de treinamento; (2) Aps o fechamento do perodo da coleta de dados.Modo de anlise dos dadosAps a coleta dos dados, foi decidida a realizao uma anlise descritiva, cujo objetivo reunir e sumarizar os dados, com o auxlio de tabelas e grficos.Na tabulao dos dados identificou-se o perfil das entrevistadas, todas integrantes do projeto. Dentre as universitrias, as trs operadoras eram estudantes do 10 semestre do curso de graduao em odontologia e as quatro assistentes, do 6 semestre. Todas as operadoras e uma assistente declararam j terem realizado apenas curso terico sobre o ART e de durao, em mdia, de 3h30min. Nenhuma informou j ter realizado treinamento ou trabalhado com o ART. A tabulao de todos os dados obtidos pelas entrevistas e observao direta foi lanada em planilha e conferida por outras duas pessoas, de forma a conferir maior confiabilidade aos dados apresentados.

ANLISE DOS RESULTADOS Foi visto no referencial que no custeamento de servios a mensurao do tempo pode ser mais difcil que a de produtos devido variedade de atividades. E este servio em particular ainda possui o diferencial de que cada paciente traz uma especificidade, demandando servios distintos e, consequentemente, podendo demandar duraes de atendimento diferenciadas. A seguir sero analisados os dados obtidos pela observao direta e pela entrevista estruturada, incluindo a comparao do tempo obtido por esses mtodos de estimao. Anlise dos dados obtidos pela observao diretaO tempo vlido para anlise despendido pelas alunas de graduao na realizao das restauraes pelo ART que foi mensurado atravs da observao direta, segue sintetizado na Tabela 1.Tabela 1: Dados obtidos pela observao direta

Tempo mensurado vlido

Tipos de procedimentoFrequncia AbsolutaMdia tempo de preparo (min)Desvio padro de preparo (min)Mdia do tempo de restaurao (min)Desvio padro de restaurao (min)

Classe I227,023,507,073,13

Classe II336,733,6711,375,78

Todos596,603,579,425,23

Fonte: elaborao do autor com base nos dados coletados. Vale ressaltar o tempo de avaliao, apesar de integrar o tempo total para estimao da capacidade prtica, no foi includo nesta tabela devido sua incidncia ocorrer por atendimento, no por tratamento. Ou seja, uma avaliao pode valer para mais de uma restaurao, alm de no ser diretamente atribudo a uma classe, foco desta anlise. Sua mdia de 1,5 minuto.Estupin-Day et al (2013) trazem que o tempo mdio do tratamento ART de 10-15 minutos, pouco inferior ao tempo mdio encontrado nesta coleta (16,02 minutos, incluindo preparo e restaurao), na qual o tratamento foi realizado por estudantes. Este indcio vai ao encontro do resultado que Lopez, Simpser-Rafalin e Berthold (2005) obtiveram que foi a ausncia de uma diferena significativa entre dentistas e estudantes de odontologia. Por meio da Tabela 1 tambm se constata que aproximadamente 93,22% dos tratamentos realizados foram do tipo classe I e II, confirmando a relevncia provisionada destes tipos. Com relao ao tempo mdio de preparo, a diferena mnima e tende a ser nula entre as classes. Entretanto no tempo mdio de restaurao que pode haver indcios de que a classe possa determinar alguma diferena no tempo mdio demandado para sua realizao, tanto pela mdia quanto pelo desvio-padro apresentado. Para conferir este indcio, seguem grficos da distribuio do tempo de restaurao nas classes I e II, apresentados pelas Figuras 3 e 4, respectivamente.

Figura 3: Distribuio do tempo de restaurao - Classe IFonte: Elaborao do autor com base nos dados coletados.

Figura 4: Distribuio do tempo de restaurao - Classe IIFonte: elaborao prpria com base nos dados coletados.Verifica-se que aproximadamente 77% das restauraes na classe I variam de 3 a 9 minutos, enquanto que na classe II 57% variam de 6 a 12 minutos e 69% de 6 a 15 minutos, o que demonstra sua maior disperso e a superioridade de sua mdia em relao aos dados obtidos da classe I. Isto corrobora com o indcio de que a classe pode determinar uma certa diferena no tempo necessrio para a realizao da restaurao. Lembrando que isto no tangente s classes I e II, que foram os tipos de procedimento analisados. Pode-se observar tambm um ponto discrepante no grfico II, que representa o tempo apurado de 31,17 minutos. Calculando-se novamente o tempo mdio de restaurao na classe II ele passa de 11,37 para 10,45 minutos. Desconsiderando o ponto discrepante para efeitos de anlise, segue a figura III para visualizao do impacto destas classes na distribuio total da amostra no perodo, ou seja, pelas demais restauraes realizadas por todos os tipos de classe no perodo de observao:

Figura 5: Distribuio do tempo de restaurao Todas as classesFonte: elaborao prpria com base nos dados coletados.Como 55,93% das restauraes efetuadas foram classe II, este tipo de procedimento o que mais influenciou da distribuio do tempo utilizado em restauraes. Por isso que a distribuio total dos procedimentos apresenta comportamento semelhante distribuio da classe II. Portanto, alm do tempo em mdia de cada classe, de suma importncia ter noo tambm da frequncia com que ocorrem as atividades para a estimao do tempo total necessrio para a realizao dos procedimentos ART em um determinado perodo.

Anlise dos dados obtidos pela entrevista estruturada x observao diretaPartindo-se do princpio de que a observao direta a estimao mais fidedigna da realidade de eventos passados, esta ser a base de comparao do tempo estimado pela entrevista estruturada.Evoluo da noo do tempoA partir da comparao dos questionrios aplicados s estudantes de odontologia integrantes do projeto antes e aps os tratamentos realizados no perodo analisado pode-se verificar a evoluo da noo do tempo. Tabela 2: Tempo mdio total estimado por meio da entrevista estruturada observao direta (em minutos)

Classe IClasse II

PreparoRestauraoTotalPreparoRestauraoTotal

1 Entrevista12,808,8421,6119,5010,6730,17

2 Entrevista11,384,0715,4513,157,9021,05

Mdia entrevistas12,046,2718,3116,089,1825,26

Observao direta7,027,0714,096,7311,3718,10

Fonte: elaborao do autor com base nos dados coletados. Pela Tabela 2 pode-se notar que o tempo total de procedimento estimado pela segunda entrevista foi o mais prximo ao obtido pela observao direta em ambas as classes. Este dado contesta o resultado encontrado Cardinaels e Labro (2008), de que quando a estimao prospectiva realizao da srie primria de atividades o erro de estimao menor. Isto pode decorrer da noo de tempo desenvolvida neste intervalo.Segregao do tempo de procedimento em preparo e restauraoAo analisar a segregao do tempo mdio estimado pelas entrevistas entre preparo e restaurao na Tabela 2, o tempo mdio de preparo foi superior e o de restaurao inferior ao estimado pela observao direta. Na estimao da preparao, a reduo na estimao do tempo entre a primeira e a segunda entrevista no bastou para equivaler mdia obtida pela observao direta, continuando significativamente superiores - aproximadamente o dobro da mdia do tempo observado. J no caso da restaurao, houve uma reduo mais significativa do tempo mdio estimado, e a estimao que antes j era aproximada da mdia da observao direta passa a ser significativamente inferior, portanto este item age conforme o resultado encontrado Cardinaels e Labro (2008). Pode-se ento constatar que a segregao do tempo estimado na entrevista entre preparo e restaurao no relevante para a estimao do tempo total do procedimento, pois, alm dessas etapas serem interdependentes, as estimaes segregadas nessas etapas destoam mais que o tempo de procedimento total estimado por entrevista em relao ao apurado pela observao direta. Estimao pelas operadoras x assistentesSegregar a estimao obtida pelas entrevistas realizadas com as operadoras das assistentes pode vir a auxiliar na anlise. Esta segregao encontra-se na Tabela 3.Tabela 3: Tempo mdio estimado por entrevista com as operadoras e assistentes (em minutos)Classe IClasse II

EstimaoPreparoRestauraoTotalPreparoRestauraoTotal

1 Entrevista com operadoras14,3013,3027,60f22,0016,3338,33

2 Entrevista com operadoras9,004,3313,338,009,3317,33

Mdia operadoras11,658,8220,4715,0012,8327,83

1 Entrevista com assistentes11,304,3715,6717,005,0022,00

2 Entrevista com assistentes13,753,8017,5518,306,4624,76

Mdia* assistentes12,704,0416,7417,745,8323,57

Observao direta7,027,0714,096,7311,3718,10

*Foi realizada mdia ponderada uma vez que no 1 questionrio houve trs respondentes e no 2, quatro.Fonte: elaborao do autor com base nos dados coletados. Excetuado pelo tempo de restaurao da classe I, a estimao realizada pelas operadoras no segundo questionrio foi a que mais se aproximou do tempo mdio obtido pela observao direta. Isto demonstra que a noo do tempo constituda no perodo pelas operadoras a mais aproximada da obtida pela observao.Observa-se na Tabela 3 que o tempo mdio estimado pelas operadoras diminuiu do 1 questionrio para o 2. J no grupo das assistentes a estimativa aumentou, exceto no tempo de restaurao classe I. Apesar deste aumento a reduo do tempo estimado pelas operadoras foi mais significativo, reduzindo assim o tempo mdio total da segunda entrevista (Tabela 2). Portanto novamente pode-se observar que a estimao tempo total do procedimento pela entrevista varia menos em relao ao obtido pela observao direta do que quando dividido nas etapas.Vale ressaltar ainda que uma operadora em seu primeiro questionrio segregou o tempo em minutos (unidade absoluta de tempo) mesmo sendo solicitado em porcentagem, o que pode explicitar a preferncia da entrevistada por este modo de resposta. Outra observao a ser feita que uma operadora, no primeiro questionrio, ao segregar o tempo total, informou parcelas percentuais que somadas ultrapassavam 100% e a resposta de todas as demais igualavam a 100%, o que vai ao encontro do que Kaplan e Anderson (2004, 2007) versaram.DiscussoNo caso da apurao do tempo de procedimento do ART, a variao encontrada entre os mtodos, destacando-se as estimativas mais aproximadas, segue na Tabela 4.Tabela 4: Diferena das mdias obtidas pelas 2 entrevistas (total e das operadoras) observao direta Mdia do tempo estimado de procedimento (minutos)

Forma de EstimaoClasse IClasse II

(A) 2 Entrevista15,4521,05

(B) Observao direta14,0918,10

Diferena (A B)1,362,95

(C) 2 Entrevista com operadoras13,3317,33

(D) Observao direta14,0918,10

Diferena (C D)-0,76-0,77

Fonte: elaborao do autor com base nos dados coletados. Esta tabela quantifica a diferena entre os dados obtidos pela observao direta e as categorias de entrevistas estruturadas que mais se aproximaram dela, no caso a mdia das segundas entrevistas totais e as realizadas pelas operadoras. No caso desta ltima, a variao no chega a um minuto ou aproximadamente 5% - a menos que o tempo mdio obtido pela observao direta em ambas classes.Tomando por base que no TDABC o que se visa a acurcia do tempo estimado, no a sua preciso, o usurio da estimao do tempo que ir estipular a margem de variao aceitvel, logo este parmetro acaba por ser subjetivo. Portanto no caso analisado, apesar da variao apresentada pela 2 entrevista com operadoras ser mnima, eles que determinaro se esta variao aceitvel.Quanto a qual mtodo a ser utilizado, os pesquisadores precisam ter conscincia de seus pontos fortes e limitaes para saber qual mtodo melhor se adqua a suas necessidades. Apesar de a observao direta representar mais fielmente a realidade, ela baseia-se em eventos passados. Outro ponto que este considerado um procedimento de custo elevado (BARBOSA, 1998), uma vez que sua realizao demanda pessoas para acompanhar os processos por um perodo considervel para ser obter uma mdia que represente a realidade. A forma da diviso dos processos em atividades ou da empresa em setores podem ser outros fatores complicadores. Portanto nem sempre vivel a uma organizao realizar a observao direta. J a estimao do tempo por entrevista, apensar de mais direta e que demanda menos recursos e tempo para sua realizao, possui como contrapontos as desvantagens habituais de cada tipo de entrevista. Portanto a escolha da modalidade mais adequada pode influenciar significativamente nos resultados apurados. No caso da estruturada, o questionrio, sua estrutura e apresentao podem interferir no seu correto entendimento.

CONSIDERAES FINAISConclusoApesar de preciso no ser o foco na contabilidade gerencial, os gestores desejam uma base confivel de dados para que a tomada de decises ocorra. Portanto os cuidados com a estimao do tempo, quer seja visando a sua acurcia (KAPLAN, ANDERSON, 2004, 2007; CARDINAELS; LABRO, 2006) ou viabilidade (HOZE, BRUGGEMAN, 2010), aumentam as chances do sistema de custeio obter sucesso.Foi levantado que a capacidade prtica pode ser estimada tanto arbitrria quanto analiticamente. As formas de mensurao do tempo relatadas pelo mtodo de custeio TDABC foram a observao direta e a entrevista. Objetivou-se, portanto, comparar o tempo estimado por meio desses mtodos, ilustrado no presente pela apurao do tempo utilizado no tratamento odontolgico denominado Tratamento Restaurador Atraumtico (ART). O presente trabalho utilizou-se da entrevista estruturada. Na anlise da observao direta constatou-se que os tipos de procedimento analisados (classe I e II) demandam tempos diferenciados, em especial na etapa da restaurao e que, alm disso, de suma importncia ter noo tambm da frequncia que ocorrem as atividades para se estimar o tempo total necessrio para a realizao dos procedimentos ART em um determinado perodo. Quanto comparao dos mtodos obteve-se que:1) Evoluo da noo do tempo: a estimao mdia na entrevista realizada no fim do perodo da coleta de dados foi mais aproximada do tempo encontrado pela observao direta, divergindo do resultado encontrado Cardinaels e Labro (2008), de que quando a estimao prospectiva realizao da srie primria de atividades, o erro de estimao menor.2) Segregao do tempo de procedimento em preparo e restaurao: pode-se constatar que a segregao do tempo estimado na entrevista entre preparo e restaurao no relevante para a estimao do tempo total do procedimento como um todo, pois, alm dessas etapas serem interdependentes, as estimaes segregadas nessas etapas destoam mais que o tempo de procedimento total estimado por entrevista em relao ao apurado pela observao direta. 3) operadoras x assistentes: quanto a esta categorizao da estimao obtida pelo questionrio aplicado s estudantes, as operadoras em sua segunda entrevista foram as que mais se aproximaram do tempo mdio observado.Constatou-se que existe diferena na estimativa do tempo por meio dos mtodos de mensurao entrevista e observao direta. A estimao por entrevista estruturada que mais se aproximou do tempo mdio obtido pela observao direta foi o questionrio aplicado no fim do perodo da coleta de dados, particularmente a estimao realizada pelas operadoras do ART. A variao mdia desta estimao em relao mdia da observao direta foi de aproximadamente um minuto ou 5% a menos. Apesar de ser consideravelmente pequena, os usurios da estimao do tempo quem decide se esta variao aceitvel para seus propsitos ou no. Isto porque, devido a acurcia ser a objetivada e por esta ser um parmetro subjetivo, os gestores devem verificar se a distino decorrente do mtodo de estimao do tempo utilizado aceitvel para servir de base para o planejamento. LimitaesO nmero reduzido de respondentes do questionrio e de tratamentos ART realizados pelo projeto no perodo estudado.Sugestes de Pesquisa Entrevistar profissionais que utilizam o mtodo ART assim como mensurar o tempo por estes gasto no procedimento possibilitaria a verificao da existncia de diferena na mensurao do tempo entre experientes e no experientes.Sugere-se tambm a realizao de outras formas de entrevista visando comparao dos dados obtidos e testar o modo de resposta em unidades absolutas de tempo e em porcentagem, isolando-se esta varivel para anlise. Outra possibilidade que podem emergir a partir do presente estudo seria a realizao de um teste de mdia tendo como variveis a estimao do tempo obtida por meio de observao direta e entrevista.

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APNDICE A - Fotografias

Fotografia 1 - Centro de Ensino Fundamental 01 da Estrutural.

Fotografia 2 - Centro Ensino Fundamental 02 da Estrutural

Fotografia 3 - Realizao dos tratamentos ART

Fotografia 4 - Mensurao do tempo por meio da observao direta

APNDICE B - Ficha observao direta

Universidade de BrasliaProjeto: Avaliao das condies de sade bucal: estudo de base para produo de indicadores para monitoramento e planejamento de aes no nvel localSubprojeto: Custo do Tratamento Restaurador Atraumtico

Data: _____/_____/_____ Coletor:_______________________________Escola: ___________________________________________________________________Horrio de entrada na escola: _____:_____ Horrio de sada da escola: _____:_____..................................................................................................................................................Operador: _________________________________________________________________Assistente: ________________________________________________________________Cdigo do Paciente: _______________Tempo de avaliao: ______________

OBS: A contagem do tempo comea quando o dentista coloca o espelho na boca do paciente

APNDICE C - Questionrio entrevista estruturada

Universidade de BrasliaProjeto: Avaliao das condies de sade bucal: estudo de base para produo de indicadores para monitoramento e planejamento de aes no nvel localSubprojeto: Custo do Tratamento Restaurador Atraumtico

Questionrio Mensurao do tempo de ART

Nome: _____________________________________________________________________Idade: ___________ Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino ( ) Estudante de graduao Semestre: ____________________ ( ) Graduado Tempo de graduao: ___________ meses/anos Se graduado, marque:( ) Estudante de ps graduao Mestrado( ) Estudante de ps graduao Doutorado( ) Profissional graduado( ) Profissional mestre( ) Profissional doutor

Voc j fez algum curso terico de ART? ( ) Sim Quantas horas? ___________ ( ) No

Voc j fez algum treinamento de ART? ( ) Sim Quantas horas? ___________ ( ) No

Voc j trabalhou com ART? ( ) Sim Quanto tempo? _________ meses/anos ( ) No

Procedimento Classe 1:Em quanto tempo a execuo do exame classe 1 (preparo + restaurao)? ___________minutos Segregue o tempo total em:Tempo para preparo: ______________%Tempo para restaurao: ___________% Procedimento Classe 2:Em quanto tempo a execuo do exame classe 2 (preparo + restaurao)? ___________minutos Segregue o tempo total em:Tempo para preparo: ______________%Tempo para restaurao: ___________%

Plan1Procedimento/tempo por denten. dentePreparoClasse 1Classe 2Classe 1/2Classe 1/2/2

Plan2

Plan3