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WWW.CURSORAIZES.COM.BR
UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UVA
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
A IMPORTÂNCIA DO ATO DE LER
TOBIAS BARRETO-SE
2008
WWW.CURSORAIZES.COM.BR
AROALDO CARVALHO DE ARAÚJO
JOSÉ RENATO BASTOS DE FREITAS
LEOGENILDA ALVES DE OLIVIERA
MARIA DOS SANTOS ALVES
MARLEIDE DANTAS DOS SANTOS
MARTA RODRIGUES DOS SANTOS
A IMPORTÂNCIA DO ATO DE LER
Trabalho de conclusão do curso de Especialização em A importância do ato de ler para obtenção do título de Especialista em Pedagogia da Universidade do Vale do Acaraú - UVA
Orientadora: Leonete Alves da Silva
TOBIAS BARRETO-SE
2
2008
3
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a meus queridos
amigos, companheiros de todos os
momentos, bons e ruins; muito obrigado
vocês são as pessoas que mais amo
neste mundo.
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha Orientadora Prof.ª Leonete Alves da Silva, pelo incentivo
e presteza no auxílio às atividades, principalmente sobre o andamento e
normatização deste Trabalho de Conclusão de Curso, onde com toda certeza seus
conhecimentos foram partilhados.
Agradeço aos demais Professores da UNIVERSIDADE VALE DO ACARAÚ -
UVA, Campus Tobias Barreto, que inapelavelmente foram co-responsáveis pelo
nosso crescimento intelectual.
Agradeço aos colegas de classe pela espontaneidade e alegria na troca de
informações e materiais numa rara demonstração de amizade.
Agradeço a minha família por ter me apoiado nas horas difíceis a não desistir
de buscar meus sonhos.
E, finalmente, agradeço a DEUS pela oportunidade, privilégio e sustentação.
Ele é amigo incondicional, meu maior ouvinte. Que me socorreu nas horas que mais
precisei obrigado.
5
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 7
CAPÍTULO I - CONCEITO DO ATO DE LER: LEITURA E ESCRITA.........................9
CAPÍTULO II - APRENDIZAGEM DOS SÍMBOLOS LINGÜÍSTICOS.......................13
CAPÍTULO III - A LEITURA APÓS VIDA ESCOLAR ................................................19
CONCLUSÃO............................................................................................................23
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................25
ANEXOS....................................................................................................................26
6
RESUMO
Em sociedade que exclui dois terços de sua população e que impõe ainda profundas injustiças à grande parte do terço para o qual funciona, é urgente que a questão da leitura e da escrita seja vista enfaticamente sob o ângulo da luta política a que a compreensão científica do problema traz sua colaboração. É um absurdo que estejamos chegando ao fim do século, fim de milênio, ostentando os índices de analfabetismo, os índices dos que e das que, mal alfabetizadas, estão igualmente proibidos de ler e de escrever, o número alarmante de crianças interditadas de ter escolarização e que com isso tudo convivamos quase como se estivéssemos anestesiados. Nenhum autor com boa saúde pode se sentir mal por ter um livro seu tão insistentemente procurado, tão fraternamente sempre recebido, quando uma nova impressão sua chega às livrarias. A prova da presença viva de seu livro anima, desafia e aquece a vontade de vida do autor, sua paixão por continuar dizendo coisas e "pronunciando o mundo". O livro “A Importância do Ato de Ler” de Paulo Freire, relata os aspectos da biblioteca popular e a relação com a alfabetização de adultos desenvolvida na República Democrática de São Tomé e Príncipe. Ao mesmo tempo, nos esclarece que a leitura da palavra é precedida da leitura do mundo e também enfatiza a importância crítica da leitura na alfabetização, colocando o papel do educador dentro de uma educação, onde o seu fazer deve ser vivenciado, dentro de uma prática concreta de libertação e construção da história, inserindo o alfabetizando num processo criador, de que ele é também um sujeito.
PALAVRAS-CHAVES: alfabetização, ato de ler, pronunciando
7
INTRODUÇÃO
Ler significa não só ver as letras do alfabeto e juntá-las em palavras, mas
também estudar a escrita, decifrar e interpretar o sentido, reconhecer e perceber.
A aprendizagem da leitura sempre se apresenta intencionalmente como algo
mágico, senão enquanto ato, enquanto processo da descoberta de um universo
desconhecido e maravilhoso. Parodiando Paulo Freire: "ninguém educa ninguém,
como tampouco ninguém educa a si mesmo; os homens se educam em comunhão,
mediatizados pelo mundo". Refletindo melhor se poderia dizer: ninguém ensina
ninguém a ler. O aprendizado é, em última instância, solitário, embora se desenvolva
na convivência, cada vez mais com os outros e com o mundo, naturalmente!
A leitura é importante em todos os níveis educacionais. Portanto, deve ser
iniciada no período de alfabetização e continuar nos diferentes graus de ensino. Ela
constitui-se numa forma de interação das pessoas de qualquer área do
conhecimento.
A leitura é uma atividade essencial a qualquer área do conhecimento. Está
intimamente ligada ao sucesso do ser que aprende. Permite ao homem situar-se
com os outros. Possibilita a aquisição de diferentes pontos de vista e alargamento
de experiências. É também um recurso para combater a massificação executada
principalmente pela televisão. Para ele, o livro é ainda um importante veículo para a
criação, transmissão e transformação da cultura.
Através do hábito da leitura, o homem pode tomar consciência das suas
necessidades (auto educar-se), promovendo a sua transformação e a do mundo.
Pode praticar o exercício dialético da libertação.
O aumento de leitores significa acesso às informações mais objetivas. Com
isto passarão a ser críticos da realidade, além de tentar transformar essa realidade a
partir do que foi conhecido e construído durante as leituras.
O problema da falta de hábito de ler já começa nas primeiras séries do
primeiro grau, em razão dos textos utilizados serem muitas vezes ultrapassados e
alienados dos problemas da realidade, não constituindo nenhuma motivação para o
aluno. O mercado está cheio de livros didáticos sem sustentação filosófica e teórica
e, muitas vezes, ainda conta com a incompetência profissional do educador para
orientar corretamente esta prática.
8
As leituras oferecidas principalmente aos alunos de segundo grau tendem
mais para o conservadorismo e reprodução da ideologia ultrapassada.
É preciso lembrar que a educação do ser humano envolve sempre dois
fatores: formação e informação. Por isso, os conhecimentos transmitidos as novas
gerações devem ser trabalhados com os valores e costumes para que ocorra a
sobrevivência e evolução da cultura. Os textos podem ser utilizados na realização de
objetivos educacionais tanto para formar como para informar.
A motivação para leitura envolve curiosidade e abertura a novos
conhecimentos e informações. Os alunos lêem normalmente para as provas e estas
leituras são sempre escolhidas pelo professor.
Ler é uma prática básica, essencial para aprender. Nada substitui a leitura,
mesmo numa época de proliferação dos recursos audiovisuais e da Informática. A
leitura é parte essencial do trabalho, do empenho, de perseverança, da dedicação
em aprender. O hábito de ler é decorrente do exercício e nem sempre constitui-se
um ato prazeroso, porém, sempre necessário. Por este motivo, deve-se recorrer a
estímulos para introduzir o hábito de leitura em nossos alunos.
9
CAPÍTULO I - CONCEITO DO ATO DE LER: LEITURA E
ESCRITA
Definir a leitura implica sempre em um paradigma que a orienta e uma
experiência que a motiva. A leitura é associada à forma de ver o mundo. È possível
dizer que a leitura é um meio de conhecer.
Só mesmo o tempo em que o primeiro escritor concebia uma nova arte do fazer marcas num pedaço de argila, aparecia tacitamente outra arte sem a qual marcas não teriam nenhum sentido. O escritor era um fazedor de mensagens, criador de signos, mas esses signos e mensagem precisavam de um mago que o decifrasse, que reconhece seu significado, que lhe desse voz. (MANGUEL, 1997)
Segundo Paulo Freire no livro A importância do ato de ler em três artigos que
se completam, Há duas formas básicas de conhecer a leitura do mundo e a leitura
da palavra. “A leitura da palavra é sempre precedida da leitura do mundo” (Freire
1985).
A retomada da infância distante, buscando a compreensão do meu ato de "ler" o mundo particular em que me ouvia - e até onde não sou traído pela memória -, me é absolutamente significativa. Neste esforço a que me vou entregando, recrio, revivo, no texto que escrevo, a experiência vivida no momento em que ainda não lia a palavra. Me vejo então na casa mediana em que nasci, no Recife, rodeada de árvores, algumas delas como se fossem gente, tal a intimidade entre nós - à sua sombra brincava e em seus galhos mais dóceis à minha altura eu me experimentava em riscos menores que me preparavam para riscos e aventuras maiores. (FREIRE, 2003)
A leitura inicia-se desde os tempos históricos, para os homens primitivos ler
era inserir-se no meio e defender-se. No entanto, houve um momento na história
mais precisamente quando foi inventado o código escrito, em que se diferenciaram
dois grupos: os que liam e os que não liam. Neste momento a leitura passou a ser
uma necessidade para ascender de um estágio social ao outro.
A leitura é um eixo em torno do quais muitos caminhos são delineados, mas
por mais que se busque compreendê-lo mais se percebem quanto complexo e
diversificado se apresenta. È preciso entendê-lo com base no que é experienciado.
Percebe-se que a primeira leitura do mundo é a que possa fazer referência.
O mundo natural era acervo literário, apresentava, os signos que precisavam
ser traduzidos em palavras e pensamentos de caráter nitidamente simbólico, está
10
leitura remete ao leitor a constante reelaboração dos sentidos. Ler envolver reagir
com os sentidos (quando se vê e se ouve os símbolos gráficos) e coma emoção
(apreciar, desgostar, concordar ou discordar-se se satisfazer).
Assim, à leitura é um processo dinâmico e dialógico reconfigura-se
constantemente e alicerça-se em uma interação homem-mundo-homem.
A leitura passou a ser uma necessidade para ascender de um status
econômico e social foi neste instante que se deu a separação entre o texto,
codificado, e o ato de ler, entre o leitor e o autor. Como intermediário é criado o ato
formal de aprender a ler. Neste contexto social, o escribo, que eram pessoas
escolhidas para aprender a ler e escrever em uma escola privada. Serve como
exemplo de associação entre a leitura e o poder que emana daqueles que podem ler
primeira características desta ação na história da humanidade são uma divisão de
poder entre os que têm códigos a seu alcance e os que não tem. Os escribas
ligaram a idéia de quem lê tem poder.
Ao colocar-se, o professor de leitura como intermediário no ato de ler, a
leitura passa de processo natural a processo cultural. Agora, entre o mundo natural-
texto e o leitor, há um código, o texto é um mediador, o que ensina a ler.
Complexifica a ação de ler e sacriliza o texto, porque registro materializado, objeto
diferenciado do leitor. A leitura passa a configurar-se em atividades diferenciadas do
leitor, antes se lia a partir de um apelo demandado pela natureza do leitor, agora se
lê por necessidade, por desejo de conhecer, por curiosidade em descobrir o texto ou
por atividades acadêmicas solicitadas pelo professor. Passa-se então da leitura
escolhida para a leitura necessária e atrela-se o leitor a uma maneira formal de
conhecer.
O ato de aprender a ler não está envolvido em nenhuma atividade que o
indivíduo já tenha exercitado na linguagem no mundo, sendo que o professor deve
proporcionar uma possível aprendizagem de leitura global significativa. A leitura tem
significado quando a metodologia de aprendizagem tem sentido para o aluno sendo
essencial para o desenvolvimento de habilidades de leitura e não simplesmente
decodificar sons, mas reflexões sobre a informação, conhecimento e prazer.
O ato de ler nos acompanha deste cedo. Antes mesmo de entrar na fase
escolar, a criança já tem contato com a leitura. Pensamento neste contato, que a
criança tem com a leitura antes de entrar na escola, organizamos neste trabalho o
ato de ler em cinco etapas:
11
LPI ASL LFM LES LPVE
LPI - Leitura na Primeira Infância
ASL – Aprendizagem de Símbolos Lingüísticos
LFM – Leitura no Ensino Fundamental e Médio
LES – Leitura no Ensino Superior
LPVE – Leitura Pós Vida Escolar
Em evidência, a seguir, as etapas acima demonstradas.
Consideramos neste trabalho a primeira infância, sendo os primeiros anos de
vida da criança até, o ingresso na escola. Nesta fase não levamos em consideração
a idade em que a criança começa a freqüentar a creche ou escolas de ensino
infantil, mas sim até o momento em que ela ingressa na 1ª série do ensino
fundamental.
Antes de falarmos da leitura temos que falar um pouco da linguagem segundo
Vigostsky (1979), a capacitação humana para a linguagem habilitada a criança a
providenciar instrumentos auxiliares na solução de tarefas difíceis, a superarem a
ação impulsiva, a planejarem a solução para um problema antes de sua execução e
a controlarem seu próprio comportamento.
Signos e palavras constituem para as crianças, primeiro e acima de tudo, um meio de contato social com outras pessoas. As funções cognitivas e comunicativas da linguagem tornam-se então a base de uma forma nova e superior de atividades nas crianças distinguindo-as dos animais (VIGOSTSKY, 1984).
Primeiro a criança utiliza a fala como um meio de comunicação com o meio
exterior, com adultos e com outras crianças. Após este primeiro estágio a criança
começa a usar a fala que antes era um meio de comunicação com o exterior, como
um meio de solucionar problemas interiores, é como se a criança falasse com ela
mesma, é a auto regulação do pensamento, segundo a teoria histórico-social do
desenvolvimento humano. Podemos observar assim, que é a fala ou domínio da
12
linguagem que promove mudanças radicais nas crianças, pois possibilita novas
formas de comunicação com os indivíduos e de organização de modo de agir e
pensar, sendo assim é também à atividade de leitura/interpretação do mundo.
A leitura é o meio mais eficiente de enriquecimento e desenvolvimento da personalidade, é um passaporte para a vida e para a sociedade. (ÁVILA, 1971)
Após adquirir o domínio da fala a criança começa a interagir com a leitura não
a leitura dos símbolos lingüísticos/escrita, e sim da leitura simbólica, que seria
como ler desenhos, rótulos, objetos, etc. Ou seja, símbolo que ela está acostumada,
por isso identifica em seu meio físico e social. Nesta fase a criança fala mais do que
lê, muitas vezes a criança pega um livro com vários desenhos e conta a história, isso
não significa que ela está lendo os signos lingüísticos (as palavras) e sim que ela
esteja fazendo uma leitura simbólica das imagens que ela está lendo vendo. Isto é
muito importante no desenvolvimento da criança, pois trabalha com sua criatividade,
propiciando maior aprendizagem.
Ensina-se a criança a desenhar letras e construir palavras com elas, mas não se ensina a linguagem escrita. Enfatiza-se de tal forma a mecânica de ler o que está escrito que se acaba obscurecendo a linguagem escrita como tal. (VYGOSTSKY, 1991)
Na leitura simbólica os símbolos representam mensagens e assim a idéia de
leitura é permitida. Enquanto que, na leitura dos símbolos lingüísticos, no caso,
aqueles da língua portuguesa é assim também é desenvolvido o ato de escrever.
A partir da infância podemos estimular o hábito de ler, já que a criança tem
desenvolvida todas as potencialidades e disponibilidades para desenvolver o prazer
da leitura. É evidente também que se torne necessário abrir para a criança as
janelas desse mundo maravilhoso, o caminho geralmente utilizado já na fase escolar
da criança é a alfabetização.
A evolução da escrita acompanha a evolução da fala :
FALA
1º) Sons – aleatórios
2º) Balbucios
3º) “mamã” (representa qualquer coisa)
13
4º) “qué ága (quero água)
5º) Eu quero água
ESCRITA
1º) Fase pictória
2º) A criança descobre que existem símbolos para escrever.
3º) MABACAAM..- a criança utiliza-se de símbolos aleatórios (pré-silábico)
4º) A criança faz hipótese de que para sílaba - uma unidade sonora (silábica)
5º) MACAO – a criança começa a perceber que para expressar aquele som é
preciso mais letras, mas ainda mantêm-se silábica.
6º) MACACO - a criança está alfabética, decifrou o código lingüístico.
Neste contexto o livro “A Importância do Ato de Ler” e as relações da
biblioteca popular com a alfabetização de adulto de Paulo Freire, leva-nos a
compreensão da prática democrática e crítica da leitura do mundo e da palavra,
onde a leitura não deve ser memorizada mecanicamente, mas ser desafiadora que
nos ajude a pensar e analisar a realidade em que vivemos.
É preciso que quem sabe, saiba sobre tudo que ninguém sabe tudo e que
ninguém tudo ignora. (FREIRE, 2003).
É essencial que saibamos valorizar a cultura popular em que nosso aluno
está inserido, partindo desta cultura, e procurando aprofundar seus conhecimentos,
para que participe do processo permanente da sua libertação.
A biblioteca popular como centro cultural e não como um depósito
silencioso de livros, é vista como um fator fundamental para o
aperfeiçoamento e a intensificação de uma forma correta de ler o texto em
relação com o contexto. (FREIRE, 2003).
Nesse sentido a atuação da biblioteca popular, tem algo a ver com uma
política cultural, pois incentiva a compressão crítica do que é a palavra escrita, a
linguagem, as suas relações com o contexto, para que o povo participe ativamente
das mudanças constantes da sociedade.
O processo de aprendizagem na alfabetização de adultos está envolvida na
prática de ler, de interpretar o que lêem, de escrever, de contar, de
14
aumentar os conhecimentos que já têm e de conhecer o que ainda não
conhecem, para melhor interpretar o que acontece na nossa realidade.
(FREIRE, 2003).
Isso só conseguimos através de uma educação que estimule a
colaboração, que dê valor à ajuda mútua, que desenvolva o espírito crítico e a
criatividade: uma educação que incentive o educando unindo a prática e a teoria,
com uma política educacional condizente com os interesses do nosso Povo.
15
CAPÍTULO II - APRENDIZAGEM DOS SÍMBOLOS
LINGÜÍSTICOS
Imersa em um mundo onde há a presença de um sistema simbólico
socialmente elaborado, a criança procura compreender a natureza desta marcas
especiais. Para tanto, não exercita uma técnica especifica de aprendizagem, vai
descobrindo as propriedades do sistema simbólico através de um prolongado
processo construtivo.
Desde aproximadamente os quatros anos as crianças possuem sólidos
critérios para admitir que uma marca gráfica possa ou não ser lida, antes de serem
capazes de ler os textos apresentados.
O primeiro critério organizador de um material composto por várias marcas
gráficas é o de fazer uma dicotomia entre o figurativo de um lado e o não-figurativo
do outro, isto é aquilo que é uma figura não é para se ler (embora possa ser
interpretado). Para que se possa ler, são necessários outros tipos de marcas, (letra
e números).
O segundo critério, que temos chamamos de quantidade mínima (que em
geral oscila por volta de três letras) para que se possa ler, já que com poucas letras
não se pode ler. O critério seguinte refere-se à variedade interna de caracteres, não
basta um certo número de grafias convencionais para que se possa ler, é necessária
que essas grafias variem, e que não se repitam sempre as mesmas.
Ambas hipóteses, a da quantidade e a da variedade, são construções
próprias da criança, no sentido de elaboração interna que não depende do ensino do
adulto e nem da presença de amostras de escrita.São construções próprias da
criança que tampouco podem ser explicadas por confusões perceptivas.
Segundo Emilia Ferreiro, no livro De Emílio a Emilia, a trajetória da
alfabetização (2000). Para compreender o desenvolvimento da leitura e da escrita do
ponto de vista dos processos de apropriação de um objeto social, série de modos de
representação da linguagem.
Aplicando o modelo psicanalítico da personalidade humana, os contos de
fada transmitem importantes mensagens a mente consciente à pré-consciente, e a
inconsciente, estas estórias falam ao ego e encorajam seu desenvolvimento.
Como não podemos saber em que idade um conto especifico será mais
importante para uma criança, não podemos decidir qual dos vários contos ela
16
deveria escutar.Isto só as crianças pode determinar e revelar pela força com que
reage emocionalmente aquilo que um conto evoca na sua mente consciente e
inconsciente. Nesta fase a leitura é sempre global correspondência do todo sonoro
com o todo gráfico. Cada letra vale como parte de um todo e não tem valor em si
mesma. A leitura feita pelas crianças é gradativamente, é à medida que se vai
experimentando e se envolvendo com mundo da linguagem e de seu sentido.
No processo educacional o desenvolvimento da leitura, quando a escola faz a
compreensão da importância da leitura no contexto para enriquecer a imaginação de
sentidos a leitura, se tornando um processo natural para criança, cabe ao educador
ser mediador para que a criança seja leitora da linguagem do mundo independente
da faixa etária de cada criança.
O ato ler não é restrito simplesmente o texto escrito, ler é compreender as
diversas formas de expressões e múltiplas linguagens. A criança participa de
situações notáveis em atividades de leitura, embora ainda que a mesma não saiba
ler. Os rótulos, embalagens e a mídia colaboram muito para que aconteça a
memorização visual que as crianças gostam, despertando o interesse e assim usam
desse recurso para a adaptação do mundo da linguagem.
Ao chegar no ensino médio, o aluno começa a se deparar para ingressar no
ensino superior nesta etapa da vida escolar, os jovens se preparam para mais um
desafio durante sua vida escolar, o vestibular, por isso eles elaboram projetos de
vida, passam por grandes transformações e assumem mais responsabilidades.
Devido ao todo este processo,é de extrema importância o ato de ler neste momento.
Um dos maiores obstáculos encontrados pelos jovens no ensino médio é a
literatura. A literatura deveria fazer parte da vida de todas as crianças para que ao
chegar na adolescência os jovens não tivessem tanta dificuldade para compreender
textos literários e tanta intolerância para com os mesmos.
A literatura tanto gera comportamentos, sentimentos e atitudes, quanto,
prevendo-os, dirige-os, reforça-os, matiza-os, atenua-os; pode reverte-los, alitera-
los. É, pois por atuar na construção de difusão e alteração de sensibilidades, de
representações e do imaginário coletivo, que a literatura torna-se fator importante na
imagem social que circula, por exemplo, de crianças e de jovens.
Segundo Marisa Lajolo no livro No mundo da leitura para a leitura do mundo.
2002,
17
“o texto literário, objeto do zelo e do culto, razão de ser templo , é objeto de
um nem sempre discreto, mas nem sempre incomodo, desinteresse e enfado dos
fiéis - infidelíssimo, aliás que não pediram para estar ali. Talvez venha desse
desencontro de expectativas que a linguagem pelo qual costumam falar do ensino
de literatura destile o amargor e o desencanto de prestação de contas deveres
tarefas e obrigações como a fala de alguns professores que mostraremos logo
abaixo (...). Outros alunos por não terem habito ou gosto pela leitura, infelizmente a
maioria, só lêem se obrigados. Outros ainda, a minoria não lêem nem obrigados (...)
muitos não lêem com a desculpa de que não tem tempo, sendo que para assistir tv
sempre dispõem de tempo(...)” ( pág12)
Estes textos de professores foram extraídas de uma pesquisa feita pela abril
educação, como parte da promoção da serie literatura comentada, lançada
nacionalmente em 1981.
Além da literatura, os jovens têm grandes dificuldades relacionadas aos
trabalhos provas, enfim ao conteúdo escolar. Para que isso se torne um trabalho
fácil e prazeroso, é necessário que o jovens tenha uma disciplina de estudo. Esta
disciplina não quer dizer que o aluno tem que estipular uma minuciosa divisão do
horário de estudo e sim de um bom aproveitamento da aula, pois se o jovem
participar da aula, fazer anotações ao chegar em casa rever e reorganizar a matéria
e ao voltar a aula, tirar as duvidas que ainda restam, na hora de estudar para uma
prova ou um vestibular ele só precisara lê o conteúdo pois ele já foi assimilado por
ele
Após passar pelas leituras realizadas no ensino médio, o estudante dará
inicio a uma nova etapa de sua formação, a etapa do ensino superior e nesta nova
etapa, o estudante dar-se-á conta de que esse encontro diante das exigências mais
específica para a continuidade da sua vida de estudo. Muda tudo, a maneira de
pensar, de agir, a postura de estudo principalmente. O estudante começa a
selecionar, a organizar os recursos que irá utilizar para poder continuidade aos seus
estudos.
A leitura nesta fase passa por grandes modificações, pois se antes o
estudante lia textos literários, agora passara a utilizar textos mais científicos e
dirigidos a sua área profissional.
Ao chegar à universidade, os jovens que estão acostumados a realizar
leituras de textos literários, cuja leitura revela uma seqüência de raciocínio, os
18
enredos são apresentados dentro de quadros referenciais fornecidos pela
imaginação, em que se compreende o desenvolvimento da ação escrita e percebe-
se logo o encadeamento da história, e por isso a leitura está sempre situada,
tornando-se possível entender a mensagem transmitida pelo autor, se depara com
outros tipos de leitura, mais, específica para sua área, são textos mais ligados à
teoria, com uma linguagem científica que está ligada a pesquisas e exige do leitor
um raciocínio mais rigoroso, pois nestes textos teóricos, em que o raciocínio é quase
sempre dedutivo, a imaginação e a experiência objetiva não são de muita valia, o
leitor tem que criar condições para que possa compreender o que o texto quer dizer.
Segundo Antonio Joaquim Severino, no livro Metodologia do Trabalho
Científico (2002), habituados à abordagens de textos literários, os estudantes ao se
defrontarem com textos científicos ou filosóficos, encontram dificuldades logo
julgadas insuperáveis e que reforçam uma atitude de desanimo e de desencanto,
geralmente acompanhada de um juízo de valor depreciativo em relação ao
pensamento teórico”.
A leitura que, lá no início da vida escolar dos estudantes, começou por prazer
e começou cada vez mais ser induzida, ao chegar no ensino superior, torna-se mais
obrigatórias ainda, pois agora está em jogo a formação acadêmica de cada um.
19
CAPÍTULO III - A LEITURA APÓS VIDA ESCOLAR
Até agora a preocupação foi em falar sobre a leitura realizada durante a vida
escolar, em que muitas vezes nos vimos obrigados a realizar no contexto escolar,
sendo ela prazerosa ou não.
Com o objetivo de atribuir valores positivos ou negativos das experiências
vivenciadas, porque já não estão mais no processo educativo, ou seja, a que um dia
foram a escola, realizaram atividades pertinentes e ligadas ao ato de ler e que hoje
não realizam mais atividades escolares, porém continuaram realizando de alguma
forma e ou utilizando a leitura (no ato de ler) em seu cotidiano.
Foi aplicado um questionário (ver Anexo I) como pesquisa empírica desse trabalho
e as respostas foram concluídas e apresentadas a seguir:
SEXOMasculino 26Feminino 25Total 51
Notamos na pesquisa que a maioria dos entrevistados era do sexo masculino.
IDADE17-25 1926-36 1037-47 14Acima de 48 8
20
Dos entrevistados, a maioria estava na faixa etária entre 17 e 25 anos.
Nas profissões, o que mais se destacou foram outros que entraram professores,
secretárias, operador de caixa, padeiro e do lar.
TIPOS DE LEITURARevista Informativa 19Revista Entretenimento 11Livros 17Jornais 31Outros 8
Podemos notar que a maioria dos entrevistados lêem jornal e revistas informativas
PROFISSÃOFuncionário Publico 13Estudante 3Autônomo 6Outros 29
21
FREQUÊNCIA COM QUE LÊ Diariamente 21Semanalmente 13Quinzenalmente 4Aleatoriamente 13
Notamos que a maioria lê diariamente, porém alguns lêem aleatoriamente
LOCAL EM QUE LÊEm casa 36Trabalho 15Escola 9Biblioteca 6Outro 4
A maioria lê em casa. E quando foi perguntado sobre outro lugar, alguns responderam
que lêem no ônibus.
TEM ACESSO A LEITURASim 36Não 6Às vezes 10
22
A maioria dos entrevistados tem acesso à leitura.
GOSTA DE LERSim 36Não 8Depende 8
Para nossa surpresa, cerca de 70% dos entrevistados gostam de ler.
Através do questionário, foi possível observar que a maioria dos entrevistados
gostam de ler, tem acesso a leitura, realizam algum tipo de leitura diariamente. Nota-
se também que grande parte, entre 17 e 25 anos, trabalha e tal leitura está
relacionada com o meio em que atuam.
Um tipo de leitura que se destacou, foi a de jornais, sendo que revistas
informativas ficaram seguidas dos livros.
23
CONCLUSÃO
É fundamental a construção de novos conceitos que estimulem a leitura.
Conclui-se que os indivíduos são capazes de aprender a ler. Acredita-se que a
família, escola, professores e sociedade pode ajudar a aguçar o prazer por este ato
de ler, considerando a cada etapa do desenvolvimento da criança.
O ato de ler está presente quando a escola compreende a importância da
leitura no contexto mais amplo, como uma produção de sentidos do aluno, a leitura
torna-se um processo natural.
O ato de ler não se restringe ao escrito, seja qual for sua modalidade, ler é
compreender as diversas formas de expressão através das múltiplas linguagens.
Dessa forma, ler um texto escrito, um filme, uma música, pessoas e ambientes é
desenvolver a habilidade de leitura. O indivíduo torna-se um ser crítico e cria um
auto-conhecimento com capacidade de reconhecimento. Em relação ao prazer pela
leitura satisfatória é diferente daquelas impostas pelo autoritarismo.
A motivação e a influência da instituição escolar, biblioteca e da família é
fundamental para a ampliação de seus conhecimentos em suas práticas para
enriquecer, dinamizar e conscientizar as ações, com a importância da realização da
formação de leitores ativos, participantes comunicativos que constroem o sentido e
habilidade, que a leitura leva por diferentes caminhos, o ler para saber, para
compreender, para refletir, para sonhar e emocionar.
Quando a escola compreende a importância da leitura no contexto mais
amplo, como uma produção de sentidos do aluno, a leitura torna-se um processo
natural para as crianças acreditando na possibilidade da criança ser leitora, e que o
adulto torna-se apenas o mediador para que a leitura aconteça.
A participação das crianças em ambientes alfabetizador na instituição, se a
educação infantil trouxer diversos textos utilizados para as práticas sociais para
dentro da escola estará ampliando o acesso ao mundo letrado cumprindo um papel
importante em busca de igualdade e oportunidade em cada etapa da vida.
A reflexão sobre o ensino da leitura na escola é muito importante nos dias
de hoje. Nesta reflexão é primordial analisar os fatores que impedem a formação de
sujeitos leitores para que se possa apresentar caminhos de renovação e qualificação
na prática pedagógica relativa a leitura. A leitura sempre teve e tem um papel social
de grande interferência na sociedade, mas enquanto haver educadores com caráter
24
dominador o processo educacional será sempre excludente. O trabalho de leitura, na
escola, tem por objetivo levar o aluno a analise e à compreensão das idéias dos
autores e buscar no texto os elementos básicos e os efeitos de sentido. É muito
importante que o leitor se envolva, se emocione e adquira uma visão de vários
materiais portadores de mensagens presentes na comunidade em que vive,
buscando sempre a democracia. Um trabalho de leitura e de formação de leitores
precisa abordar tipos diversificados de textos, pois o mundo está em mudança
constante e é preciso avançar de acordo com a tecnologia. No âmbito escolar
percebemos que os alunos cada vez mais se afastam e desinteressam pela leitura e
é aí que se questiona a prática pedagógica, o ensino e o incentivo da leitura em sala
de aula e as propostas de ação que podem levar as crianças a se tornarem "Leitores
competentes". Investir na formação de leitores é uma tarefa urgente. É preciso a
postar que é possível ir muito além da alfabetização e que sujeitos leitores são
capazes de olhar reflexivamente a realidade à sua volta, e capazes de fazer a opção
de mudá-la de alguma forma.
Concluímos com a leitura desse livro, nós educadores e educandos para
melhorarmos nossa prática devemos começar a avaliar que, a importância do ato de
ler, não está na compreensão errônea de que ler é devorar de bibliografias, sem
realmente serem lidas ou estudadas. Devemos ler sempre e seriamente livros que
nos interessem, que favoreçam a mudança da nossa prática, procurando nos
adentrarmos nos textos, criando aos poucos uma disciplina intelectual que nos
levará enquanto professores e estudantes não somente fazermos uma leitura do
mundo, mas escrevê-lo o reescrevê-lo, ou seja, transformá-lo através de nossa
prática consciente.
Sabemos que, se mudarmos nossa disciplina sobre o ato de ler, teremos
condições de formar as nossas bibliotecas populares, incentivando os grupos
populares e a escrever seus textos desde o início da alfabetização; assim iríamos
aos poucos formando acervos históricos escritos pelos próprios educandos. E
através da cultura popular o que se quer é a afetiva participação do povo enquanto
sujeito na construção do país, pois quanto mais consciente o povo faça sua história,
tanto mais que o povo perceberá, com lucidez as dificuldades que tem a enfrentar,
no domínio econômico, social e cultural, no processo permanente de sua libertação.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ELIAS, Marisa Del Cioppo. De Emílio a Emília: A trajetória da alfabetização. São Paulo: Scipione, 2000.
FERREIRA, Liliana Soares. Produção de leitura na escola: a interpretação do texto literário nas séries iniciais. Ijuí: Unijuí, 2001.
FERREIRO, Emília. A representação da linguagem e o processo de alfabetização. México: Março, 1994.
FRANK, Smith. Leitura Significativa. 3ª ed, Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 2003.
JOLIBERT, Josette. Formando crianças leitoras. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
REGO, Teresa Cristina. Vygotsk: uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis-RJ: Vozes, 1995.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22 ed., rev., ampl., São Paulo: Cortez, 2002.
SILVA, Ezequiel Theodoro da. Leitura na escola e na biblioteca. 2ª ed, Campinas: Papirus, 1986.
VIGOTSKI, Lev Semenovick. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 6ª ed, São Paulo: Martins Fontes, 1998.
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ANEXO
QUESTIONÁRIO
1. Sexo:
() Feminino ( ) Masculino
2. Idade: ________anos3. Profissão:
() Funcionário Publico? Qual?______________
() Estudante
() Autônomo
() Outros__________________
4. Que tipo de leitura costuma fazer?
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() Revistas informativas;
() Revistas de entretenimento;
() Livros?Que tipo?________________
() Jornais;
() Outros_______________________
5. A freqüência com que lê.
() Diariamente
() Semanalmente
() Quinzenalmente
() Aleatoriamente
6. Em que ambiente costuma ler?
() Em casa;
() No trabalho;
() Na escola;
() Na biblioteca;
() Em outro lugar? Qual?______________
7. Você tem acesso a leitura?
() Sim
() Não
() Às vezes
8. Você gosta de ler?
() Sim
() Não
() Depende da leitura? Qual?_____________
Obrigado(a)
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