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CURSO CINEMA, TV E MÍDIA DIGITAL DISCIPLINA: PROJEÇÃO e ANÁLISE DE FILMES PROFESSOR: ROBSON TERRA TEMA: CINEMA RUSSO DOS ANOS 20 EQUIPE: CÉZAR, DÊNIS, JADIR e SAMUEL ROTEIRO DA PESQUISA 1- INTRODUÇÃO – A HISTÓRIA DO CINEMA RUSSO 2- A RÚSSIA VISTA PELO CINEMA 2.1- A Vida 2.2- O Passado 2.3- O Sonho 2.4- Destruição 2.5- Sacrifício 2.6- A Nova Religião 2.7- O Reino 3- OS CINEASTAS E SUAS CRIAÇÕES 3.1- Dziga Vertov 3.2- Lev Kuletchov 3.3- Sergei Eisenstein 3.4- Vsevolod Pudovkin 3.5- Alexander Dovzhenko 4- VISÕES SEMIOTICAS DOS PESQUISADORES SOBRE CINEMA RUSSO 5- CONCLUSÃO 6- ANÁLISE DA PESQUISA

Trabalho - Cinema Russo Anos 20

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CURSO CINEMA, TV E MÍDIA DIGITALDISCIPLINA: PROJEÇÃO e ANÁLISE DE FILMESPROFESSOR: ROBSON TERRATEMA: CINEMA RUSSO DOS ANOS 20EQUIPE: CÉZAR, DÊNIS, JADIR e SAMUEL

ROTEIRO DA PESQUISA

ROTEIRO DA PESQUISA

1- INTRODUÇÃO – A HISTÓRIA DO CINEMA RUSSO 2- A RÚSSIA VISTA PELO CINEMA 2.1- A Vida

2.2- O Passado2.3- O Sonho2.4- Destruição2.5- Sacrifício2.6- A Nova Religião2.7- O Reino

3- OS CINEASTAS E SUAS CRIAÇÕES 3.1- Dziga Vertov3.2- Lev Kuletchov3.3- Sergei Eisenstein3.4- Vsevolod Pudovkin3.5- Alexander Dovzhenko

4- VISÕES SEMIOTICAS DOS PESQUISADORES SOBRE CINEMA RUSSO5- CONCLUSÃO6- ANÁLISE DA PESQUISA

1- INTRODUÇÃO – A HISTÓRIA DO CINEMA RUSSO

1- INTRODUÇÃO – A HISTÓRIA DO CINEMA RUSSO Nos último anos do czarismo, a indústria cinematográfica da Rússia era dominada

por estrangeiros; A primeira película de ficção russa, foi produzida em 1908 o filme “Stenka Razin”

de dez minutos de duração. Já em 1911, foi concluído o primeiro longa-metragem produzido em território

nacional – A Defesa de Sebastopol, dirigido por VASSILI GONTXAROV, sobre a Guerra da Criméia.

O apogeu do cinema russo, foi no ano de 1914, onde foram produzidos 270 (duzentas e setenta) filmes.

Em 1919, Lenin, o líder da revolução, vendo no cinema uma arma ideológica para a construção do socialismo, decretou a nacionalização do setor, onde criou a ESCOLA DE CINEMA ESTATAL.

Destacaram os seguintes cineastas. Dziga Vertov, com o kino glaz ou “Câmara-olho” Lev Kuletchov, ressaltou a importância da montagem Serguei Eisenstein, criador do clássico O Encouraçado de Potemkin Vsevolod Pudovkin, principal filme Mat (Mãe) Potomok Chingiskhan, dirigiu Tempestade sobre a Ásia Alexander Dovzhenko, filme mais aclamado Arsenal.

Em 1931 chegou o cinema sonoro, elevou à categoria de prioridade estatal e numerosas salas foram abertas.

Em 1931 chegou o cinema sonoro, elevou à categoria de prioridade estatal e numerosas salas foram abertas.

Com a invasão alemã (1941), obrigou os dirigentes soviéticos a permitir a realização de películas que elevassem a moral do povo.

Após o término da Segunda Grande Guerra Mundial, a produção de filmes ficou reduzida à apenas 18 (dezoito) longas-metragens.

2- A RÚSSIA VISTA PELO CINEMA RUSSO

2- A RÚSSIA VISTA PELO CINEMA RUSSO

2.1- A Vida Nos anos 20, era normal. A revolução e a guerra civil tinham terminado. As

pessoas trabalhavam e divertiam-se pacatamente. Mas a União Soviética produziu inúmeros filmes que retratavam a vida

quotidiana, onde o gênero era a comédia. O cinema russo, tornou-se célebre graças a filmes e artistas muito diferentes

e as idéias bastantes distintas, tal como sua LITERATURA O desígnio do novo cinema russo não ERA DIVERTIR AS PESSOAS, o seu

objetivo ERA MUDAR O MUNDO, para este fim inventou a sua própria realidade.

2.2- O Passado Para mudar este mundo, era preciso demonstrar que ele era mau. Nos filme épicos de ALEXANDER DORCHENKO, SERGUEI

EINSENSTEIN e ZEVOLOV PUDOVKIN, o passado foi transformado num pesadelo.

2.3- O Sonho Uma das lendas russas mais conhecidas fala-nos de uma cidade que se situa

sobre às águas de um lago e é habitada pelos justos. Afundou-se sobre as ondas durante um período conturbado e ira emergir à

superfície quando o reino de Deus for fundado.

2.4- A Destruição Realizadores que filmavam avidamente cenas de orgia de destruição

ficavam igualmente fascinados com a beleza eterna do mundo. Esta vida é tão boa que a única coisa que resta é morrer. O ideal russo, é que o indivíduo só tem um caminho a seguir: o caminho do

sacrifício.

2.5- Sacrifício Nos cinemas russos grandiosos, o tema do sacrifício convém a um sentido

religioso: o herói morre serenamente consciente e com dignidade pela causa do futuro esplendoroso.

A meta russa é, antes de mais nada, uma concepção religiosa.

2.6- A Nova Religião A Rússia não chegou a ser uma nação burguesa, pois ela nunca deixou de

ser cristã ortodoxa, mesmo no maior auge do Estado dito comunista. O povo russo concebia a passagem pela vida como um caminho de um

viajante e um meio de fugir ao mundo real. Os ocidentais sempre consideram isso como barbárie. Para a mentalidade russa, a salvação individual é impossível. Só podemos ser salvos em conjunto.Só podemos ser salvos em conjunto.

Nenhum outro cinema, foi tão religioso como o soviético. A bandeira e a estrela tornaram-se os novos símbolos de fé. As pessoas acreditaram tanto no comunismo como no advento do reino de

Deus.

2.7- O Reino O ideal russo não reconhece o Estado, não está interessado em nações,

fronteiras, nem no poder dos governantes terrenos, não busca nenhum reino a não ser o reino de Deus.

O comunismo russo, em total consonância com o seu pensamento, inicio-se com a destruição do Estado mas ainda não tinham acabado de o extinguir e eis que já se dedicavam e reconstruí-lo.

3- OS CINEASTAS E SUAS CRIAÇÕES

3- OS CINEASTAS E SUAS CRIAÇÕES3.1- Dziga

Vertov Em 1921, o cineasta Dziga Vertov (1895-1954) funda o grupo Kinoglaz (cinema-olho), que produz documentários sobre o cotidiano com filmagens ao ar livre e cuidadosa montagem. Entre suas principais obras estão A Sexta Parte do Mundo (1926) e Um Homem com a Câmera (1929).

Documentarista, e o mais radical dos cineastas russos do início do século. A idéia de que era possível ao cinema expressar-se dissertativamente, desenvolvendo conceitos e articulando lógicas imagéticas, guiou grande parte das experiências dos russos com o cinema na década de 20, e em especial, orientou a produção intelectual de Serguei Eisenstein, visivelmente ancorada (e engajada) na filosofia marxista.

Os filmes de Dziga Vertov, que são dificílimos de se entender. Era necessário ter muito amor e orgulho da revolução para "agüentar a

barra" de assistir um filme de vertov. Somente alguns russos apreciavam essas obras, consideradas magníficas.

Mas eles deixaram rapidamente de assistir, pois foram fuzilados como burgueses e intelectuais.

A montagem é fundamental para Vertov por meio da aplicação de sua teoria dos intervalos.

Mais que o fotograma em si, o impacto na percepção do espectador é intensificado na relação de um fotograma com o próximo.

Devido ao fenômeno da persistência da visão, o espectador permanece com a imagem de um fotograma em seu sistema cognitivo mesmo segundos depois que este já não mais está exposto na tela.

Por isso, o efeito perceptivo está nos intervalos entre os fotogramas, possíveis em decorrência do corte.

3.2- Lev Kuletchov Primeiro teórico da história do cinema. promoveu uma interessante experiência para demonstrar que a combinação

de diferentes imagens tem prevalência na produção de sentido sobre os processos de seleção no eixo de um mesmo paradigma.

Num primeiro momento, o rosto de um famoso ator russo, Ivan Murjikin, foi montado tendo como seqüência um prato de comida; para todos os espectadores, o olhar do ator traduzia fome.

Num segundo momento, o mesmo rosto teve como seqüência uma cena de crianças brincando com bichinhos de pelúcia; os espectadores viram nele expressões de ternura e felicidade.

Num terceiro momento Kuletchov montou o rosto de Murjikin antecedendo uma cena de velório; todos viram nele uma expressão de profunda tristeza.

Ficou provado que a imagem que se segue determina a impressão sobre o que a antecede e que, portanto, o sentido não está na imagem, mas na sucessão de planos por contigüidade.

A fusão de imagens diferentes se dá na mente do espectador e é aí o lugar da produção de sentido.

3.3- Serguei Mikhailovitch Eisenstein Esse é o grande, o mestre, o pai, o deus. O maior cineasta de todos os tempos. Nasceu em Riga, Rússia, em 23 de janeiro de 1898. Estudou engenharia e arte em São Petersburgo e, após a revolução de 1917.

Aprendeu encenação teatral com Meyerhold, foi cenógrafo e co-diretor no Teatro Proletkult de Moscou e colaborou num filmete para o palco, experiência que o levou ao cinema

Ao conceituar e aplicar a seus filmes uma inovadora técnica de montagem, Eisenstein rompeu com a estética narrativa então vigente no cinema e se tornou um dos mestres indiscutíveis da sétima arte.

Criou uma linguagem cinematográfica nova, cujas premissas básicas, a importância de provocar tensão emocional no espectador mediante a justaposição dramática de imagens de forte conteúdo simbólico

Seus principais pensamentos: Não é por acaso que neste período nasce um novo conceito de linguagem

fílmica. Não me refiro aqui à crítica do cinema, mas à expressão do pensamento cinematográfico, na medida em que o cinema foi chamado a dar forma concreta à filosofia e à ideologia do proletariado vitorioso.

S. M. Eisenstein, in " Del Teatro al Cine" , 1934

Meus filmes são a imagem implacável do inexorável destino (...) Mais tarde eu mesmo fui vítima das garras tenazes da imagem, que agora se tornaram vivas. (Eisenstein)

Seus filmes:

A GREVE (1924) - Stachemka Seu primeiro documentário, criou uma linguagem cinematográfica nova,

cujas premissas básicas resumiu num artigo em que assinalava a importância de provocar tensão emocional no espectador mediante a justaposição dramática de imagens de forte conteúdo simbólico

A seqüência mais conhecida no filme, contém uma cena em que soldados fuzilam operários, durante os movimentos de 1905. Nesta cena, Eisenstein queria mostrar que a política e o Estado eram criminosos, e, utilizou-se de uma alegoria:

mostrou primeiro a cena de fuzilagem e depois uma matança de bois; e o sangue de bois juntava-se ao sangue dos operários, alternada novamente em uma cena em que bois são mortos; e o filme termina assim, com uma legenda que diz: "não esqueçamos nunca mais"

BRONENOSETS POTIOMKIN (1925; O Encouraçado Potemkin) Encomendado pelo Estado Soviético para a comemoração do vigésimo

aniversário da Revolução de 1905. Potemkin assegurou para Eisenstein o maior sucesso de sua carreira

artística e mesmo da história do cinema soviético. Ele foi aplaudido entusiasticamente pelos revolucionários de toda a

Europa Ocidental, assim como pela intelligentsia e pelos dirigentes soviéticos.

O filme tem como tema a revolta dos marinheiros de um encouraçado, Potemkin, contra a opressão a que estavam submetidos.

Esse motim, na realidade, foi um dos acontecimentos que marcaram o movimento revolucionário de 1905.

Para a produção do filme, Eisenstein teve que realizar um duro trabalho de pesquisa histórica: buscar vestígios, colher depoimentos, consultar a documentação oficial, construindo assim sua imagem do acontecimento.

Nas filmagens, ele não utilizou atores profissionais, procurando, ao máximo, aproximar-se do espírito de 1905.

O filme conseguiu documentar não apenas um acontecimento isolado, o motim dos marinheiros do Potemkin, mas a Revolução de 1905 como um todo, a situação de degradação, de opressão, de miséria da população russa e de todos os povos que se encontravam historicamente subjugados.

O Encouraçado Potemkin proclama, em última análise, a necessidade da revolução mundial, cujo primeiro passo havia sido dado pela Rússia em 1917.

Cena Inesquecível: Cena Inesquecível: Uma seqüência antológica é da escadaria de Odessa, em que os soldados

avançam para conter a multidão. A mais impactante das cenas é quando um disparo atinge uma jovem mãe, que segurava o carrinho de bebê: a mulher cai morta e o carrinho avança, desgovernado, pelos degraus de uma longa escadaria, rumo também à morte.

Esta cena foi realizada também no filme “Os Intocáveis” de Brian de Palma, tendo como protagonista Kevin Costner.

OKTIABR (1928; Outubro Ou Os Dez Dias Que Abalaram O Mundo) Filme sobre a revolução russa de 1917, uma metralhadora é acionada

contra uma multidão e, apesar da mudez do filme, é possível ouvir o som da metralhadora.

Invertida, a mesma técnica provoca retardamento da ação, espichando uma seqüência para que o espectador possa lentamente usufruir de toda as suas nuances.

Esse "tempo irreal" é justificado pela necessidade de decoupar a imagem, estabelecendo uma certa diretividade à leitura.

É o que observamos, por exemplo, quando, em "Outubro", abre-se a ponte móvel. Ele usa, de forma impressionante, métodos experimentais e sofisticados de montagem.

OKTIABR (1928; Outubro Ou Os Dez Dias Que Abalaram O Mundo) Filme sobre a revolução russa de 1917, uma metralhadora é acionada

contra uma multidão e, apesar da mudez do filme, é possível ouvir o som da metralhadora.

Invertida, a mesma técnica provoca retardamento da ação, espichando uma seqüência para que o espectador possa lentamente usufruir de toda as suas nuances.

Eisenstein foi a Paris e depois aos Estados Unidos, contratado para dirigir um filme da Paramount.

Desavenças entre o diretor e a produtora levaram-no ao México, onde rodou Que viva México! (1932). Quando quis voltar a Hollywood para montar o filme, não lhe permitiram a entrada e a maior parte das seqüências rodadas foi utilizada em outras produções.

Eisenstein regressou à União Soviética e ouviu críticas das autoridades quanto ao conteúdo e à forma de seus filmes. Impedido de fazer duas produções, lecionou no Instituto do Cinema

Seus últimos filmes foram:

Que viva México - 1932

Aleksandr Nevski (1938; Cavaleiros de ferro), épico da formação da Rússia.

Ivan Groznii (1943-1947; Ivan o Terrível), seguiram-se duas partes de uma trilogia de conteúdo patriótico e histórico,

O protagonista era o czar Ivan IV, interpretado magistralmente pelo ator Nikolai Tcherkassov. Apesar do sucesso internacional da obra do cineasta, de seu gênio e profissionalismo, a censura estatal não o deixou em paz.

Eisenstein finalmente adoeceu e morreu em Moscou, em 11 de fevereiro de 1948, quando iniciava o terceiro filme, deixando inconclusa a trilogia.

3.3- Vsevolod Pudovkin Criou teorias sobre montagem ao romantismo revolucionário tradicional,

casando imagens tão díspares como uma passeata de operários e um rio em degelo para dar a idéia de revolução em sua inesquecível adaptação de "A Mãe" (1926) - severa crítica social que descreve a luta de uma mulher durante uma greve de trabalhadores na Rússia, em 1905.

Centralizou a ação em heróis revolucionários, principalmente nos filmes "O Fim de São Petersburgo" (1927) e "Tempestade sobre a Ásia" (1928).

Nascido em Penza, largou a Universidade de Moscou em 1918, quando ficou fascinado ao assistir o filme "Intolerância", de D. W. Griffith.

Juntando-se a Liev Kuletchov na State Film School, ajudou a filmar "Mecânica do Cérebro" (1926).

estreou como diretor em "Fome... Fome" (1921). Teve um acidente automobilístico e voltou a fazer filmes heróicos incluindo

o "General Suvorov" (1940) e "Admiral Nakhimov "(1946).A Mãe - 1926

3.4- Alexander Dovzhenko Ucraniano Aleksandr Dovzhenko, cujos filmes mais aclamados foram

Arsenal (1929), Zemlya (1930; A terra), poema bucólico, e Aerograd (1935). Terra - Uma incontestável obra-prima do cinema, um tema singular jamais

abordado, uma visão poética da "Terra" como um todo. Na véspera de uma coletivização na Ucrânia, um idoso fazendeiro morre

pacificamente em sua cama. Seu neto, Vasil, tem uma nova visão - o conselho da vila irá contra a superstição, ricos proprietários e seu próprio instituto, Vasil é, por fim, vítima de um trágico assassinato, mas o alvorecer traz à vista uma nova vida e a promessa de prosperidade.

A história, propriamente dita, fica em segundo plano, tendo em vista as maravilhosas e impressionantes imagens criadas pelo diretor. Seu amor pela Ucrânia e seu povo transparece na tela num sensual esplendor. 

4- VISÕES SEMIOTICAS DOS PESQUISADORES SOBRE O CINEMA RUSSO

4- VISÕES SEMIOTICAS DOS PESQUISADORES SOBRE O CINEMA RUSSO

Podemos citar dois nomes fortes: Serguei Mikhailovitch Eisenstein e Roman Jakobson. Enquanto o primeiro experimentava as possibilidades artísticas da recém-nascida sétima arte, o segundo decifrava mecanismos de uma magia tão antiga quanto o homem, a competência de articular artisticamente as diversas linguagens que interagem na comunicação humana. E ambos desafiavam as potencialidades das linguagens

O que distingue a experiência eisensteineana das demais - contemporâneas ou não - não é tanto o ineditismo ou a descoberta das técnicas de montagem, mas a coragem de utilizá-las para criar significados inusitados.

Uma dos melhores exemplos do exagero e da ousadia de Eisenstein nós podemos encontrar numa cena de "A Greve": de um plano extremamente aberto (uma massa imensa de pessoas na rua) passa-se a um primeiríssimo plano (uma enorme boca aberta gritando), sem qualquer transição.

O que seria uma aberração em Hollywood (um corte tão drástico assim) é aqui um recurso primário que corresponde à função fática da linguagem verbal, anotada por Jakobson no seu estudo da estrutura poética.

Eisenstein faz com que a mensagem chame a atenção dos espectadores para si mesma, falando de algo que se encontra, ao mesmo tempo, dentro e fora da narrativa, como que experimentando a força do canal.

Resta, ainda, comentarmos a presença da função conatativa no cinema de Eisenstein.

A função que Jakobson localizou no lugar do destinatário assume aqui uma prevalência nem sempre detectada por críticos e analistas deste tipo de cinema.

O incômodo, a sensação de desconforto provocados pelas interrupções de realidade que os seguidos cortes não permitem esquecer ( Eisentein chegou a fazer um filme com mais de 4 mil planos, enquanto um filme neo-realista costuma ter uma média de 200 planos) não são dirigidos senão, de forma conativa, a um leitor cuja inteligência é valorizada e, durante todo o tempo, exigida.

O filme de montagem é também um filme a ser decifrado nas remontagens que a mente interpretante do espectador articula.

O legado de Eisenstein será posteriormente resgatado (para usar um verbo novo e já esclerosado) pela vídeo-arte, que se encarregará de usar e abusar das novidades do início do século como se fossem inéditas e exclusivas.

Será também banalizado pelo vídeo clip e cristalizado em momentos inesquecíveis do cinema de multidões.

Ninguém esquecerá o corte que representou a transição de milênios operada em fração de segundos por Stanley Kubrick em 2001, Uma Odisséia no Espaço, quando um osso lançado ao ar por um ser proto-histórico converte-se numa sofisticada nave espacial.

De alguma forma, as contribuições de Eisenstein operaram um corte que inviabilizou - desde o seu nascedouro - a possibilidade de a linguagem cinematográfica se fixar em estruturas fixas, exploradas à exaustão.

Ainda que as fórmulas básicas se repitam, vez ou outra ameaçando o fim do cinema, sempre haverá, fora dos espaços autorizados, saudáveis transgressões, novas montagens e estímulos à associações e parceiras criativas de toda espécie. Como, de resto, acontece com a literatura, a música e a poesia.

5- CONCLUSÃO

5- CONCLUSÃO Em 1958, Quando voam as cegonhas, de Kalatozov, ganhou a Palma de Ouro no

Festival de Cannes. Surgiu uma nova geração de autores, como Vasili Shukshin, Andrei Tarkovski,

Andréi Konchalovski, Elem Klimov, Larisa Shepitko e muitos outros. No início da década de 1980 chegaram aos mercados ocidentais muitas obras

desconhecidas de grande valor onde levaram a censura e critérios arbitrários.

O diretor Nikita Mikhalkov (O sol enganador, 1994, Oscar de melhor filme estrangeiro) é uma mostra disso.

O cinema russo do século XXI produz muito pouco devido a dificuldade econômica que o país enfrenta, no entanto, A RÚSSIA É O ÚNICO PAÍS DO MUNDO EM QUE O CINEMA PODE SER CONSIDERADO VERDADEIRAMENTE CINEMA DE ARTE

Para finalizar não podemos deixar de destacar que em 2003, o filme "O REGRESSO", do cineasta russo ANDREWJ ZVJAGINTSEV, foi justamente premiado com o Leão de Ouro como melhor filme do Festival.

O filme narra as complexas relações entre pai e filho. O diretor acabou dedicando o troféu ao jovem Vladimir Garin, que morreu pouco depois de concluídas as filmagens e cuja morte acidental não havia sido divulgada por decisão dos produtores, temerosos que a informação pudesse influenciar num resultado positivo.

Qualificada como uma obra prima pelo jornal Il Corriere della Sera, o primeiro filme de Zvjagintsev deixa em suspenso muitos elementos, entre eles a razão da longa ausência do pai dos dois protagonistas do enredo. Poético e algumas vezes trágico, o filme, de poucos diálogos, convenceu o júri presidido pelo octogenário cineasta italiano Mario Monicelli e marca de forma incontestável o renascimento do prestigiado cinema russo do passado.

6- ANÁLISE DA PESQUISA

6- ANÁLISE DA PESQUISA

FIM

FIM

Ainda que as fórmulas básicas se repitam, vez ou outra ameaçando o fim do cinema, sempre haverá, fora dos espaços autorizados, saudáveis transgressões, novas montagens e estímulos à associações e parceiras criativas de toda espécie.

Como, de resto, acontece com a literatura, a música e a poesia.

DESUMANIZAÇÃO DA ARTE: De alguma forma, as contribuições de Eisenstein operaram um corte que inviabilizou - desde o seu nascedouro - a possibilidade de a linguagem cinematográfica se fixar em estruturas fixas, exploradas à exaustão.

Ao lado, o diretor russo Andrey Zvyagintsev (à esq.) e o ator Ivan Dobronravov segurando o Leão de Ouro