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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O ORIENTADOR EDUCACIONAL E PEDAGÓGICO FRENTE AO PROCESSO DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM Por: Elizangela de Oliveira Orientador Prof. Geni Lima Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O ORIENTADOR EDUCACIONAL E PEDAGÓGICO FRENTE AO

PROCESSO DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM

Por: Elizangela de Oliveira

Orientador

Prof. Geni Lima

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O ORIENTADOR EDUCACIONAL E PEDAGÓGICO FRENTE AO

PROCESSO DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM

Apresentação de monografia à Universidade Cândido

Mendes para obtenção do grau de especialista em

Orientação Educacional e Pedagógica.

Por: Elizangela de Oliveira

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AGRADECIMENTO

Ao Deus dos impossíveis, que com a sua destra fiel me

sustentou até o fim; ao meu esposo, pelo amor,

companheirismo e compreensão em toda a caminhada; à

minha filha, minha menina tão esperada, que mesmo

sem entender, deu-me forças para prosseguir; à minha

mãe Amélia e a minha linda sobrinha Andressa que

sempre estiveram ao meu lado torcendo pelo meu

sucesso, e a todos que contribuíram direta e

indiretamente para a realização deste trabalho.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à Deus e a minha família que tanto

me ajudaram e me incentivaram a encerrar esta etapa

em minha vida. Amo vocês.

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RESUMO

“Avaliação: um instrumento de poder... Poder de mudar... Poder de

renovar... Poder de buscar novas alternativas... E acima de tudo, de

acreditar no ser humano. De acreditar no poder da flexibilidade

humana que significa ser capaz de mudar, de criar, de permitir uma

mudança de pensamento e conseqüentemente uma mudança de

atitude. (TEIXEIRA & NUNES, 2008, P. 187)

É de suma importância que a prática educativa não se concentre na

avaliação medidora para excluir, mas sim, medir para sanar, corrigir, superar

dúvidas e inseguranças, dando prioridade ao processo. A avaliação como parte

do processo, deve ter caráter formativo e não classificatório. Sendo contínua, a

avaliação permite ao aluno ajustamento, reforço e projeção de novas tarefas.

Para tal, é importante uma nova postura docente para saber lidar com os novos

desafios. É imprescindível saber para ensinar bem. Logo, para que isso ocorra

será preciso organizar e dirigir situações de aprendizagem. Estando bem

formado e acessorado, o professor desempenha melhor sua função e

estabelece com o aluno um compromisso de crescimento coletivo. Nesse

contexto, torna-se importante a presença de profissionais especialistas em

Educação, como é o caso do orientador (tanto educacional, quanto

pedagógico), que trabalha em parceria com o professor e aluno de modo a

favorecer a aprendizagem significativa, pois é este tipo de aprendizagem que

vai determinar a formação cidadãos plenos para uma sociedade mais justa e

democrática.

Palavras-chave: avaliação da aprendizagem, Orientador Educacional e

Pedagógico.

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METODOLOGIA

O presente trabalho busca através de uma pesquisa bibliográfica,

fundamentação teórica para abordar o tema avaliação da aprendizagem,

tentando demonstrar que a prática avaliativa quando bem encaminhada por

professores bem capacitados, leva o corpo discente ao sucesso.

Entendendo a avaliação como algo próprio dos processos do cotidiano e

de aprendizagem, na qual todos os atores desses processos estão articulados,

pretende-se, com a pesquisa, levar à reflexão de que a avaliação da

aprendizagem não deve ser entendida como algo isolado. É de infinito desejo

também, estimular a equipe escolar a questionar conceitos arraigados no

campo da avaliação bem como despertar para novas e possíveis práticas na

ação avaliativa.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................................8

CAPÍTULO I A HISTÓRIA DA AVALIAÇÃO ...............................................10

CAPÍTULO II A AVALIAÇÃO COMO INSTRUMENTO PARA ANALISAR O

PROCESSO DA APRENDIZAGEM ..................................................................20

CAPÍTULO III O ORIENTADOR COMO AUXILIADOR NO PROCESSO DA

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ..................................................................30

CONCLUSÃO ...................................................................................................38

REFERÊNCIAS ................................................................................................39

ÍNDICE ..............................................................................................................42

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INTRODUÇÃO

Para tornar o processo de avaliação da aprendizagem mais produtivo, é

importante atentar para alguns aspectos inerentes a essa prática.

A avaliação por excelência, deve ser um instrumento para o

desenvolvimento do educando. Ela deve verificar o estágio em que este se

encontra para promover intervenções e assim, ajudar este sujeito na

construção do seu conhecimento.

Na atual prática da avaliação da aprendizagem, o que se vê é tão

somente a classificação dos sujeitos mediante a valores estabelecidos que

acabam por inviabilizar o avanço do aluno. O erro nesta prática não é visto

como fonte de virtude e sim, de fracasso.

Nessa direção, cabe ao orientador instaurar espaços e tempos para

reflexão, onde o professor possa rever sua prática e aprimorar seu trabalho. No

exercício de sua função, o orientador apóia, estimula, valoriza e subsidia

caminhos para que os professores usem suas avaliações como ferramentas de

qualificação e não somente quantificação da aprendizagem.

O presente trabalho tem por objetivo esclarecer que a avaliação é um

instrumento para a construção da aprendizagem e o quanto a figura do

orientador pode contribuir para a promoção de uma avaliação mais justa e

inclusiva.

Mediante ao exposto, o Capítulo I aborda sobre a história da avaliação,

demonstrando que muito do que está posto hoje na prática educativa, vem de

um ranço do passado onde a avaliação era vista como sinônimo de medida e

situações vexatórias. Ainda no mesmo capítulo, são analisados os vários tipos

de avaliações, onde se percebe com clareza, o avanço que se teve ao avaliar

de maneira formativa. Esta, visa uma avaliação de caráter contínuo e

permanente de modo a levar o aluno a construção do conhecimento. A

avaliação somativa se refere a classificação e a diagnóstica, faz uma

sondagem para se ter uma posição no início do processo avaliativo.

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9 O Capítulo II fornece informações reflexivas sobre as implicações da

avaliação. Mostra que o erro não deve ser visto como algo que sirva de pontos

negativos para o aluno, mas que deve ser visto como sinalizador do estágio em

que o aluno se encontra, além de fornecer ao educador percepções sobre a

sua prática para que os ajustes sejam feitos e os resultados se tornem cada

vez mais eficientes.

Encerrando o trabalho, o Capítulo III vem a ser o momento em que é

abordado o papel do orientador frente a avaliação da aprendizagem. Mostra o

orientador como um especialista em Educação e portanto, trabalha em

conjunto com a escola para promover momentos de reflexão de modo a dar um

novo significado à aprendizagem através da avaliação integral do aluno. Assim,

o orientador contribui para o comprometimento pessoal e coletivo no sentido de

desenvolvimento humano e cultural.

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CAPÍTULO I

A HISTÓRIA DA AVALIAÇÃO

“Hoje, quando falo de avaliação de aprendizagem, prefiro defini-la como um juízo de qualidade sobre dados relevantes para uma tomada de decisão” (LUCKESI, 2006, p. 09)

Diversas discussões giram em torno do tema avaliação, principalmente

para denunciar o caráter seletivo e classificatório dos processos de aferição

dos rendimentos escolares, além de sua relação com a produção do fracasso

escolar.

Mas o que é avaliar?

LUCKESI (2006,p.92), diz que “o termo avaliar também tem sua origem

no latim, provindo da composição a-valere, que quer dizer “dar valor a...”

Na linguagem cotidiana, avaliar significa estimar, apreciar, examinar,

implicando coleta de informações sobre um determinado padrão previamente

estabelecido, formulando um juízo de valor. No cotidiano escolar, o resultado

tem servido para criar pequenas hierarquias. Os alunos são comparados e

depois classificados em função de um modelo considerado excelente. A

proximidade ou a distância desse padrão define êxito ou fracasso.

Mas como não avaliar? Como diz Esteban: Talvez a avaliação seja um

“mal necessário”. (2002, p. 9)

Isto porque na verdade é de conhecimento de todos que a avaliação é

uma prática de suma importância no processo de escolarização. É através dela

que professores conseguem diagnosticar em que estágio seus alunos se

encontram, que tipo de metodologia vem dando certo, quais são as que não

estão surtindo muito efeito. Ou seja, é com este instrumento que o professor

reflete sobre sua prática e procura melhorar o seu desempenho e dos seus

alunos.

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11Então o que se discute tanto? Na verdade, são os instrumentos usados

nessa ação avaliativa, que se resume numa avaliação pontual que ocorre

através de exames, obtendo-se assim, uma “pedagogia do exame”, como diz

Luckesi (2006, p. 17), onde o que importa são os resultados positivos, a nota

final, as aprovações, o êxito, o controle.

Mas o que se vê hoje não está posto aleatoriamente, a história nos ajuda

a entender a situação atual que precisa evoluir e fazer a ruptura com o ranço

do passado, que usava a avaliação como instrumento de controle, de punição e

até ridicularizarão daqueles que não conseguiam bons resultados.

1.1- Breve histórico sobre avaliação

Segundo Garcia (apud ESTEBAN (org.), 2002, p. 30),

“A primeira notícia que temos de exame (...) se refere ao uso pela burocracia chinesa, nos idos de 1200 a. C., para selecionar entre sujeitos do sexo masculino, aqueles que seriam admitidos no serviço público. Portanto o exame aparece não como uma questão educativa mas como instrumento de controle social.”

No século XV, o exame era um instrumento para ridicularizar. Quem não

conseguia boas notas era parabenizado, mas, os que não tinham bons

resultados eram expostas a situações vexatórias.

Isto nos remete ao cotidiano de muitas salas de aula, onde o “detentor”

do saber (o professor) expõe em alta voz a nota dos “desinteressados,” como

se a nota baixa fosse o suficiente para determinar a ausência de conhecimento.

No século XVI, os jesuítas tinham uma atenção especial com o ritual das

provas e exames a fim de construir uma hegemonia católica. Isto também nos

faz refletir nos dias atuais onde o professor muitas vezes não leva em

consideração a bagagem do aluno e elege os conhecimentos prioritários

excluindo aqueles que não os detêm.

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12No século XVII, surgiram duas formas de institucionalizar os exames:

Comenius toma o exame como um problema metodológico que merecia uma

reflexão sobre a prática pedagógica para que todos pudessem aprender tudo e

La Salle, propõe que o exame seja uma supervisão permanente.

Ou seja, segundo Garcia (apud ESTEBAN (org.), 2002, p. 29):

“(...) um professor comeniano hoje, é aquele que “descobriu” ser precioso investigar o cotidiano da sala de aula a fim de poder atuar (...) mais favorável aos alunos(...)

Os filhos de La Salle centram a avaliação / exame (...) preocupando-se sobretudo com o aprimoramento das técnicas de mensuração.”

O século XX, segundo Barriga (apud ESTEBAN (org.), 2002, p. 51), cria

condições para efetivar o controle.

O sistema de exames no Brasil, se configurava em “premiar o bom

resultado e castigar o mau desempenho”. (TEIXEIRA & NUNES, 2008, p. 32)

Mediante ao exposto, pode-se perceber o papel controlador da

avaliação: o comportamento também era avaliado, não somente a

aprendizagem.

“Quanto às punições, aplicadas em caso de travessuras, indisciplina e baixo rendimento, acrescentava-se ao aparelho escolar a possibilidade de criar uma universalidade punível-punidora em que se tornavam penalizáveis os desvios mais tênues, mais sutis, mas também aqueles perceptíveis e agudos.” (TEIXEIRA & NUNES, 2008, p. 36)

A ênfase no erro / acerto, aprovação / reprovação, bom resultado / mau

resultado ocorre até hoje no cotidiano escolar. Analisando a história da

avaliação, percebemos o motivo da instauração do presente quadro caótico,

onde temos enraizado nas práticas avaliativas a punição do erro, ao invés

deste, ser um sinalizador para mudanças de paradigmas.

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13“A avaliação é essencial à educação. Inerente e indissociável enquanto concebida como problematização, questionamento, reflexão sobre a ação.” (HOFFMANN, apud TEIXEIRA & NUNES, 2008, p. 57)

Durante muito tempo a avaliação era vista como um processo unilateral,

do professor para o aluno. Hoje já se tenta refletir sobre esta questão de modo

a perceber que se o aluno não vai bem, a prática do professor também deve

ser revista.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ( LDB ), aprovada em

1996, procura dar um auxílio na reflexão sobre avaliação, ela determina que a

avaliação seja contínua e cumulativa e que os aspectos qualitativos

prevaleçam sobre os aspectos quantitativos. Da mesma maneira, os resultados

obtidos pelos estudantes ao longo do ano escolar devem ser mais valorizados

que a prova final. Ou seja, quando a LDB faz referência a verificação do

rendimento, ela quer sinalizar para os professores que a nota quando existe,

não deve vir de uma eventual prova mensal, bimestral ou semestral, e sim,

deve resultar de um acompanhamento diário, negociado, transparente, entre o

docente e o aluno.

Porém, nem sempre é isso que acontece. Essa forma de avaliar põe em

questão não apenas um projeto educacional, mas uma mudança social, uma

vez que mexe com a estrutura de uma sociedade a qual prioriza exames

pontuais e percentuais adquiridos.

“A avaliação não seria tão somente um instrumento para aprovação ou reprovação dos alunos, mas sim um instrumento de diagnóstico de sua situação, tendo em vista a definição de encaminhamentos adequados para sua aprendizagem.” (LUCKESI, apud TEIXEIRA & NUNES, 2008, p. 107).

De um modo geral, ainda é bastante comum as pessoas entenderem

que não se pode avaliar sem que os estudantes recebam uma nota pela sua

produção.

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14“A nota, no meio escolar, é um julgamento de aproveitamento de estudos, expresso em números, contudo, uma nota dez, por exemplo, não é garantia de qualidade virtuosa. A virtude um dos fins da educação em valores é construída a partir do sentimento de dever e do dever e nada tem haver com notas ou conceitos de rendimento escolar.” (GADOTTI, apud TEIXEIRA & NUNES, 2008, p. 56)

Avaliar para o senso comum, aparece como sinônimo de medida, de

atribuição de um valor em forma de nota ou conceito. Mas é necessário ir além

do senso comum e não confundir avaliar com medir.

Avaliar a aprendizagem não começa e muito menos termina quando

atribuímos notas à aprendizagem.

De fato, a avaliação deve estar a favor do aluno no sentido de

possibilitar a regulação da aprendizagem. Nesta direção, a avaliação precisa

ter uma dimensão técnica e ética, voltando-se para a formação integral do

educando.

Não se pode permitir que a escola ainda arraste influências do passado

que acabam prejudicando o bom andamento do processo ensino-

aprendizagem.

Precisa, o professor, acabar com a prática equivocada de avaliação

como julgamento de resultados de provas e testes. É preciso compreender que

a função seletiva e classificatória marca a vida do aluno, trazendo grande

prejuízo que muitas vezes não dá para mensurar e isto é levado para o resto

da vida.

1.2- Tipos de Avaliação

A avaliação é uma atividade que decorre dentro de um processo

pedagógico, sendo assim, deve ser usada como ferramenta de

acompanhamento do desenvolvimento do estudante.

A prática avaliativa pode acontecer de diferentes maneiras. Deve estar

relacionada com uma perspectiva coerente com os princípios de aprendizagem

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15que se adota e com entendimento da função que a educação escolar deve ter

na sociedade.

“(...) A avaliação é vista como construção social, análise coletiva e com intencionalidade pedagógica, organizada para melhor cumprimento dos fins. Seus sujeitos são os membros da comunidade que assumem o processo avaliativo com a intenção de conhecer, interpretar e transformar a si mesmos e a instituição.” (SOBRINHO, apud TEIXEIRA & NUNES, 2008, p.95)

Para tanto, faz-se necessário nos remetermos a alguns tipos de

avaliação que vários teóricos vem abordando ao longo dos seus estudos, a fim

de que muitos educadores quebrem modelos ultrapassados e engessados,

contribuindo para uma educação de qualidade.

Sendo assim, serão abordadas de maneira breve, três tipos de

avaliações: a diagnóstica, a somativa e a formativa.

A avaliação diagnóstica procura encontrar presença ou ausência do

conhecimento. É na verdade uma sondagem da bagagem que os alunos

possuem com o intuito de detectar a posição do aluno em face de novos

conhecimentos. Isto é bem interessante na medida que identifica o nível de

aprendizagem e prepara o aluno para ampliar seus conhecimentos.

“A avaliação é vista como um novo momento de aprendizagem por isso se torna imprescindível valorizar a produção e os conhecimentos dos educandos” (TEIXEIRA & NUNES, 2008, p.108)

A avaliação diagnóstica não ocorre em momentos determinados, ela

pode ser realizada em qualquer período do processo de ensino-aprendizagem.

Esta avaliação é de suma importância a partir do momento que o

professor entende que é preciso levar em consideração os conhecimentos

anteriores do estudante para que se tenha melhor percepção do que deverá

ser trabalhado em sala de aula. E não só isso, mas terá informações

suficientes para adotar o melhor recurso, a melhor metodologia, para que de

fato promova a aprendizagem significativa.

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16 A avaliação somativa, também chamada de classificatória, tem como

objetivo saber o grau de conhecimento do aluno. Tem o propósito de classificar

o educando no término de uma etapa. Ela se torna relevante quando o

professor, de maneira muito transparente e com objetivos bem estabelecidos,

procura saber o que o aluno tem apreendido em suas aulas e assim tomar

atitudes transformadoras. Sabendo–se que esta avaliação não leva em

consideração os meandros do processo de ensino – aprendizagem, e por isso

não se deve tê-la como um único referencial, pois pode correr o risco de

reproduzir a estrutura social vigente, criando inevitavelmente hierarquias.

“Avaliar é também privilegiar o modo de estar em sala e no mundo, valorizar formas e normas de excelência, definir um aluno modelo, aplicado e dócil para uns imaginativo e autônomo para outros...” (PIRRENOUD, apud TEIXEIRA & NUNES, 2008, p.112)

A avaliação somativa promove entre os alunos um relacionamento

marcado com a competitividade e a alienação. Competitividade pelo fato dos

alunos acharem que uma nota dez é sinal de conhecimento pleno e, alienação

pelo fato dos alunos não compreenderem que avaliação pontual não determina

a aprendizagem de ninguém e muito menos valores.

A avaliação classificatória por si só não tem valor, uma vez que não

auxilia o avanço e o crescimento do educando. Como foi dito anteriormente, ela

só é bem-vinda quando existe objetivo muito bem transparente e quando é

parte de um processo para tomada de decisões transformadoras.

“Classificar produz exclusão e para ensinar é indispensável incluir. Contradição facilmente abrigada na ambivalência da avaliação, que promete medir para incluir em alguma categoria de classificação, produzindo uma opacidade que não deixa que se perceba que algumas categorias nas quais os alunos e alunas, professores e professoras são incluídos só produzem exclusão.” (ESTEBAN, apud TEIXEIRA & NUNES, 2008, p.117)

Sobre a avaliação formativa, é comum dizer que não tem como

pressuposto a punição ou premiação. Ela prevê que os estudantes possuem

ritmos e processos de aprendizagem diferentes.

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17 Segundo Mendez (2002, p.13), a avaliação formativa não tem o mesmo

significado que medir, nem qualificar e nem corrigir; avaliar tampouco é

classificar. A avaliação formativa é um acompanhamento do processo de

ensino-aprendizagem.

A avaliação formativa de acordo com Lima (2005, p.17):

“Tem como função nortear o aluno e informar ao professor o estágio de desenvolvimento do aluno e os próximos passos no processo. Desta forma, ela não classifica, ela situa.”

A avaliação formativa fundamenta-se nos processos de aprendizagem,

em seus aspectos cognitivos, afetivos e relacionais.

Na avaliação formativa nenhum instrumento pode ser descrito como

prioritário ou adotado como modelo.

Hoffmann (2008, p.103), aborda que o objetivo da avaliação é desafiar

os alunos a prosseguir, e oferecer, sobretudo, o apoio pedagógico conveniente

a cada educando.

A avaliação formativa faz o professor estar atento aos processos e as

aprendizagens do educando. O professor não avalia com propósito de dar nota,

uma vez que esta é uma decorrência do processo e não o seu fim. Isso

significa que a avaliação deixa de ser momento terminal do processo de

ensino-aprendizagem, para se transformar em momentos constantes de busca

da compreensão das dificuldades do educando e no oferecimento de novas

oportunidades de aquisição de conhecimento.

A avaliação nesta concepção, orienta os estudantes para realização de

seus trabalhos e suas aprendizagens ajudando-os a localizar suas dificuldades

e suas potencialidades, redirecionando-os em seus percursos. Isto nos faz

pensar em se trabalhar com a heterogeneidade das salas de aula, respeitando

as diferenças de cada um.

Segundo Afonso (apud ESTEBAN (org.), 2002, p.74), a avaliação

formativa também tem seus limites. Ela é vista como tarefa trabalhosa e por

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18isso requer de seus professores energia e tempo, o que inviabiliza muitas

vezes este tipo de prática avaliativa, tendo em vista que estes dois pontos

cruciais para realização da avaliação formativa esbarram com o cotidiano de

vários professores que muitas vezes precisam ter muitas turmas para

complementar seu orçamento. E é sabido que as salas de aula são marcadas

pela superlotação, o que dificulta assim, o bom desenvolvimento do trabalho.

Porém, apesar dessas limitações, é importante o professor entender que

a avaliação formativa é relevante porque ela não promove a exclusão, mas sim,

a inclusão dos discentes. Isto ocorre na medida em que não se tem como

pressuposto o medir, o classificar e sim, a promoção da aprendizagem .

É imprescindível que a avaliação ocorra:

“Numa relação de extrema confiança e cumplicidade entre alunos e professores o que exige da parte dos professores a capacidade de fazer todas as articulações e pontes possíveis com os outros atores escolares e não escolares sem deixar que a comunidade signifique uma nova regulação que acabe por impedir aquilo que aqui se propõem: constituir-se como espaço de solidariedade, reciprocidade e emancipação.” (AFONSO, apud ESTEBAN, 2008, p.79)

Para realização de uma avaliação formativa, deve-se levar em conta

determinados aspectos como:

• Levar em conta a realidade dos sujeitos envolvidos na ação pedagógica;

• Ter padrões claramente estabelecidos do que é necessário aprender e

de seu caráter significativo e funcional, para que o aluno possa aplicá-lo em

seu contexto de desenvolvimento pessoal;

• Ter situações de aprendizagem adequadas;

• Ter mecanismos para verificar como cada aluno conseguiu interagir com

o que foi proposto;

• Desenvolver instrumentos variados em diferentes momentos;

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• Colocar a avaliação a favor da aprendizagem, buscando a obtenção de

resultados positivos nos alunos, valorizando os progressos e corrigindo as

falhas;

• Ter mecanismos para reconduzir o processo caso haja necessidade.

Desta forma se consegue estar no caminho de uma avaliação mais justa e

menos excludente.

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CAPÌTULO II

A AVALIAÇÃO COMO INSTRUMENTO PARA ANALISAR

O PROCESSO DA APRENDIZAGEM

“Avaliar é preciso em todas as esferas e em todos âmbitos da vida.

Somos seres complexos que precisamos de certa organização e

escolhas, portanto, avaliar nossas opções se faz imprescindível, até

mesmo para começarmos do ponto que não foi favorável e que não

tenha dado o resultado esperado.” (TEIXEIRA & NUNES, 2008, p.

127)

A avaliação deve ter como premissa um acompanhamento bem de

perto, a fim de contribuir para a inteiração de todos os envolvidos no processo

de ensino-aprendizagem. Logo, gera-se o aprimoramento das ações da escola

como um todo. Deve verificar se as prioridades determinadas coletivamente,

estão sendo realizadas e se existe comunhão entre o que é pretendido e o que

é realizado. Só assim, a avaliação terá sentido.

Ao contribuir para o desenvolvimento das potencialidades do aluno, a

avaliação se torna uma ferramenta pedagógica que aprimora a aprendizagem e

a qualidade do ensino.

Em qualquer esfera da vida, só há avanço quando se faz e refaz

caminhos para alcançar objetivos. E este fazer e refazer se desenha na medida

em que se tem uma avaliação precisa ainda no seu percurso.

Sendo assim, a avaliação se coloca a serviço do educando, de forma a

favorecer o seu crescimento, propiciando a continuidade da ação educativa.

Méndez (2002, p.16) nos esclarece isso quando diz que a avaliação faz parte

de um “continuum”. Ela não é um apêndice do ensino.

Uma avaliação bem elaborada e com objetivos claros fornece um

feedback de grande valia ao estabelecer um diálogo entre educador e

educando. Neste contexto, as informações reveladas, as etapas vencidas e os

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21entraves encontrados, tornam-se visíveis de modo a possibilitar intervenções

pertinentes.

2.1- A avaliação e suas implicações

“um ensino e uma aprendizagem de má qualidade são

antidemocráticos, uma vez que não possibilitarão aos educandos

nenhum processo de emancipação”. (LUCKESI, 2006. p. 65)

A avaliação também parte do pressuposto de que é próprio do ato de

aprender o se defrontar com dificuldades. Logo, se faz necessário o

diagnóstico de dificuldades e facilidades que deve ser visto não como um

veredito que irá culpar ou absolver o aluno, mas sim uma análise da situação a

qual o mesmo se encontra em função das condições de ensino que estão

sendo oferecidas.

As escolas não podem ser reféns de uma avaliação de momento,

pontual e padronizada que acaba por classificar o aluno em fortes, médios e

fracos. Isso gera hierarquias e não demonstra sinônimo de qualidade

Essas hierarquias no fundo, reproduzem a sociedade vigente que exclui

quem não está de acordo com o modelo estabelecido.

Segundo Méndez (2002, p. 62):

“Uma educação entendida como processo de seleção e de exclusão

restringe as possibilidades de se ter acesso ao conhecimento (...)

Contrariamente, se a educação é entendida como um processo de

acesso democrático ao conhecimento e à ascensão das pessoas, o

enfoque muda de origem”.

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22Decorrente de uma concepção distorcida, o ato avaliativo que fica

centrado na busca de informações quantitativas limita-se a rotular os

educandos ou refutar uma tomada de decisão unilateral e arbitrária.

Muitas escolas esquecem que quando avaliam seus alunos, elas

também estão sendo avaliadas.

A avaliação, pode-se dizer, é uma via de mão dupla.

Na medida em que não se tem essa consciência, a escola remete aos

educandos os motivos de seus fracassos.

“Não é possível desfazer o laivo negativo da avaliação, porque entre

avaliador e avaliado estabelecem-se inevitavelmente clivagens de

poder em parte, o poder do professor está em poder reprovar;

avaliação é procedimento tão incômodo que o primeiro a fugir dela é

o próprio avaliador que detesta ser avaliado”. (DEMO, 2006, apud

TEIXEIRA & NUNES, 2008, p. 126)

Com esta configuração, muitas inquietudes eclodem. Como se pode

avaliar o aluno, quando a priori não se estabeleceu objetivos transparentes?

Como ter uma avaliação eficaz se não se compreende a dinâmica da

aprendizagem e muito menos os aspectos cognitivos, afetivos, as inteligências

múltiplas? Como se pode ter uma avaliação justa se não é levada em

consideração a bagagem que o aluno traz?

De fato, se isto tudo não for levado em consideração na hora de se

avaliar, certamente será mais fácil e mais conveniente apontar no outro (no

caso, o aluno) o motivo das derrotas.

“Testes mal elaborados, leitura inadequada e uso insatisfatório dos

resultados, autoritarismo, etc. são fatores que tornam um

instrumento antidemocrático no que se refere à permanência e

terminabilidade educativa dos alunos que tiveram acesso à escola”

(LUCKESI, 2006, p. 66)

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23O instrumento avaliativo, infelizmente para alguns educadores, se

resume em medir os conhecimentos transmitidos aos alunos, sem a

preocupação de saber como o sujeito aprendente se apropria do

conhecimento. Isso contribui para o adoecimento da sistemática avaliativa que

acaba não se valendo de sua verdadeira função.

Desse modo, não se deve conceber também, a avaliação como um

controle de comportamento.

É sabido que professores se utilizam de respaldo na avaliação para

obterem certos comportamentos. Isto implica numa mudança onde os

motivadores naturais da aprendizagem são substituídos pela nota e pelo medo.

Isto quer dizer que o aluno estuda apenas para ter uma nota e assim, não ser

reprovado, quando na verdade deveria ser para ampliar sua visão de mundo.

De acordo com Garcia ( apud ESTEBAN (org.), 2002, p. 35):

“O prazer de aprender desaparece quando a aprendizagem é

reduzida a prova e notas; os alunos passam a estudar “para se dar

bem na prova” e para isso têm de memorizar as respostas

consideradas certas pelo professor ou professora . Desaparecem o

debate, as polêmicas, as diferentes leituras do mesmo texto, o

exercício da dúvida e o pensamento divergente, a pluralidade”.

O poder de dar nota, não muito raro, é usado pelo professor para induzir

a subordinação e controlar o comportamento do educando.

Nesse sentido, há uma relação vertical, onde o professor está acima dos

alunos e estes estão subordinados a “andar na linha se não, a prova vai ser

difícil”.

É importante dizer que desta forma o professor não avalia somente o

conhecimento que o educando apreendeu no processo de aprendizagem, mas

também seus valores e atitudes. Dessa maneira, o conceito de avaliação

carrega em toda a sua extensão vários aspectos, como: o conhecimento

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24adquirido pelo aluno e seu desenvolvimento, o comportamento do estudante e

seus valores e atitudes.

“A prática da avaliação nas pedagogias preocupadas com a

transformação deverá estar atenta aos modos de superação do

autoritarismo e ao estabelecimento da autonomia do educando, pois

o novo modelo social exige a participação democrática de todos. (...)

A avaliação deverá manifestar-se como um mecanismo de

diagnóstico da situação, tendo em vista o avanço e o crescimento e

não a estagnação disciplinadora.” (LUCKESI, 2006, p. 32)

Nas salas de aula, a todo momento, é emitido um juízo de valor sobre os

estudantes. Logo, é importante salientar que a prática avaliativa deve ser

realizada mediante a aprendizagem dos educandos para que não ocorram

equívocos e assim, sejam realizadas em cima de comportamentos.

É próprio do ser humano projetar o futuro e depois analisar se está no

caminho certo para conseguir e verificar se de fato alcançou o objetivo. Faz

parte também emitir juízo de valor. Faz parte avaliar tudo e todos.

Mas é relevante dizer que se o juízo de valor é próprio do ser humano, o

uso que é feito de tal juízo, com o intuito de classificar e excluir, não é.

Não é apenas em uma situação de prova que os juízos se desenvolvem

tendo por base as respostas dadas pelos educandos.

Esses juízos de valor interferem (positivamente ou negativamente) nas

relações entre professores e estudantes. Não são poucas as situações em que

os educadores começam a orientar suas estratégias metodológicas em função

de seus juízos sobre os alunos, configurando uma relação de animosidade

entre professores e estudantes.

Muitas vezes quando o aluno é reprovado em uma situação de prova, de

fato, ele já havia sido reprovado, estando ainda no processo.

Page 25: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Isto nos remete ao cotidiano de muitas salas de aula, onde o “detentor” do saber (o professor) expõe em alta voz a nota dos

25Isto serve de alerta para o professor, pois como diz Luckesi (2006, p.37):

“A gana conservadora da sociedade permite que se faça da

avaliação um instrumento nas mãos do professor autoritário para

hostilizar os alunos, exigindo-lhes condutas as mais variadas, até

mesmo as plenamente irrelevantes. Por ser “autoridade”, assume a

postura de poder exigir a conduta que quiser, quaisquer que sejam”.

2.2 – Erro não é sinônimo de fracasso

É importante ressaltar que a avaliação deve viabilizar ao estudante, uma

tomada de consciência sobre o que está dando certo e o que precisa ser

melhorado. Assim como o aluno precisa de um norte para poder caminhar no

processo ensino-aprendizagem, o professor deve refletir sobre os resultados

obtidos e analisar seu desempenho.

A desvalorização por parte de alguns professores, dos conhecimentos

que os alunos trazem de sua vivência faz com que estes fiquem um tanto

quanto desmotivados para a aprendizagem. Se o aluno não conseguiu adquirir

os conhecimentos selecionados pela instituição num determinado tempo, ele é

considerado fracassado.

Mas quem pode garantir que ele nunca vai atingir tal conhecimento?

A avaliação nesses moldes, enxerga o erro como sinônimo de fracasso.

Ou seja, uma avaliação pontual não leva em consideração o que pode

acontecer depois. Errou, falhou, conseqüência... classificação.

“A educação do futuro deve enfrentar o problema da dupla face do

erro e da ilusão: o maior erro seria subestimar o problema da ilusão.

O reconhecimento do erro e da ilusão é ainda mais difícil, porque o

erro e a ilusão não se reconhecem, em absoluto, como tais. (MORIN,

apud TEIXEIRA & NUNES, 2008, p. 47)

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26O erro traduz o não-saber, a incapacidade de apropriar-se do

conhecimento e a qualquer coisa insatisfatória. Isto segundo uma visão

tradicional.

Mas na realidade, o erro é algo muito útil no processo da aprendizagem,

pois ele expressa o esforço de alguém em busca de um caminho para a

aquisição dos conhecimentos exigidos. Portanto, ele deve ser ignorado em

parte, uma vez que desaparece com o surgimento de novos conhecimentos.

Como diz Luckesi (2006,p.48): “...uma visão sadia do erro possibilita sua

utilização de forma construtivista”.

Para produzir conhecimento, o homem faz várias tentativas. Os acertos

geram satisfação, mas os erros geram motivações para tentar novamente e

mudar estratégias. Foi assim no passado e é assim nos dias atuais.

Quantas descobertas maravilhosas ocorreram após sucessivos erros?

“Quanto mais informação relevante e dada com intenção formativa é

oferecida a quem aprende, mais poderá aumentar a compreensão da

situação da aprendizagem por parte de quem decide aprender. Com

os erros também se aprende quando a correção informa,

significativamente, sobre as causas, transformada, ela mesma em

texto de aprendizagem.” (MÉNDEZ, 2002, p. 114)

Erro não pode ser visto como derrota no processo de ensino–

aprendizagem mas sim, como um sinalizador daquilo que potencialmente pode

ser aprendido. Mesmo porque, o erro ocorre em função de um padrão

estabelecido previamente como correto. Como diz Luckesi (2006, p. 54):

“Sem padrão não há erro. O que pode existir (e existe) é uma ação

insatisfatória, no sentido de que ela não atinge um determinado

objetivo que se está buscando. (...) Aí não há erro, mas sucesso ou

insucesso dos resultados de nossa ação”.

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27O educador mediante ao erro pode adotar a punição, a benevolência ou

viabilizar a construção do conhecimento, uma vez que sinaliza em que nível o

aluno se encontra.

Percebendo o estágio do aluno, o educador, numa postura de auxiliador

e contribuinte para o processo de ensino–aprendizagem, deve estabelecer

medidas eficazes que levarão o educando a um crescimento.

De nada adiantará verificar a condição do aluno, se nada for feito para

que ocorra a intervenção necessária e pertinente.

Só erra quem está tentando acertar. Isso significa que os erros ocorrerão

somente na vida daqueles que buscam chegar a verdadeira aprendizagem.

Segundo Aquino (1997,p. 38):

“É preciso lembrar que o erro somente tem valor no processo de

aprendizagem e desenvolvimento. O objetivo é, naturalmente, o

acerto. Portanto, devemos encorajar as várias e inteligentes

tentativas dos alunos em acharem as respostas certas, as teorias

corretas, os procedimentos eficazes; devemos dar valor a seus erros

(aqueles realmente advindos de um processo legítimo de reflexão),

mas não deixar de dizer: ’o que você fez é muito interessante, mas

ainda não é o correto’. Do contrário, iludimos os alunos, ou

passamos a idéia relativista de que todas as idéias tem o mesmo

valor.”

Relacionar os erros e acertos tão somente, não é o suficiente para

contribuir para o desenvolvimento do educando, pois as dúvidas vão continuar

a permear a mente dos alunos. Daí não se pode admitir por exemplo, um

conselho de classe onde os alunos são rotulados com suas notas, mas

nenhuma providência é tomada. Ou seja, As notas anunciadas em alto e bom

som só vão servir para a classificação e não para intervenções.

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28 Não se pode perder a oportunidade de aproveitar as insuficiências

daquilo que é produzido na escola, como possibilidade de se avaliar o trabalho

realizado.

Como aborda Carvalho, (2004 apud TEIXEIRA & NUNES, 2008, p. 62):

“Tão habituados ficamos com os nomes e as imagens por meios das

quais nos acostumamos a pensar as coisas do mundo, que

esquecemos que esses conceitos não são a única tradução do

mundo, mas apenas modos de recortá-lo, enquadrá-lo e assim,

tentar compreendê-lo, deixando sempre algo de fora ou que pode ser

recortado por outro ângulo, apreendido por outro conceito.”

Por não se ter uma visão ampla, é que se deve ter a obrigação de

interpretar as mais variadas situações do cotidiano escolar.

O aluno constrói o seu conhecimento na interação com o meio em que

vive, por isso suas experiências são muito importantes para ajudá-lo a

ultrapassar estágios de desenvolvimento.

Torna-se urgente a escola entender que o erro é a tradução de uma

conduta não adquirida , que emerge a partir de um padrão, e que serve de

ponto de partida para avanço na medida que é identificado e compreendido

positivamente, em direção a aprendizagem.

Caso o educador tome o erro como um respaldo para castigos,

certamente o sentimento de medo e vergonha envolverá o aluno de forma a

alijá-lo de sua espontaneidade e prazer em continuar buscando o

conhecimento.

O erro deve ser usado como fonte de virtude ou de crescimento. Afinal,

Esteban (org), 2002, deixa isso muito claro em sua abordagem.

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29Para Teixeira & Nunes (2008, pp 62, 63):

“Quem erra conhece alguma coisa; por outro lado, quem erra

desconhece alguma coisa, isso é fato! Supomos a partir daí que,

mesmo errando, aprende-se alguma coisa, em maior ou menor grau,

por meio de uma troca de relações ou de uma atitude elaborada,

pois, em qualquer situação da existência humana, sempre ocorre

aprendizado. O erro é a expressão do conhecimento que o aluno

detém naquele determinado momento de sua vida.”

O erro muitas vezes, demonstra a realidade do conhecimento do aluno.

Diante de tal pressuposto, o professor deve compreender o que os alunos

podem vir a saber, com vistas a desenhar uma ação docente que favoreça o

processo da aprendizagem.

Se faz necessário que o educador considere o conhecimento produzido

pelo educando, sabendo que a todo momento o ser humano é colocado em

situações de superação, desafios, onde formulam e reformulam suas

suposições.

Admite-se, então, a avaliação sem vínculo com a verificação de

respostas certas e erradas para posterior classificação. A avaliação passa a ser

concebida como instrumento investigativo e de reflexão do professor sobre as

manifestações dos educandos, permitindo identificar o erro como sinalizador

para busca de novos rumos a fim de garantir novos avanços.

Ora, é válido ressaltar que os atores envolvidos no processo ensino–

aprendizagem promovam a participação do aluno numa proposta de trabalho

onde este possa ser o protagonista a fim de que haja uma aprendizagem

significativa. Lembrando que é crucial que a proposta atinja todos os alunos.

Respeitando diferenças, limitações, bagagem. Enfim, que de fato se construa

uma escola democrática.

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CAPÍTULO III

O ORIENTADOR COMO AUXILIADOR NO PROCESSO

DA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM

“O professor é a figura chave na escola – a melhoria do processo

ensino-aprendizagem terá de partir dos professores, do

desenvolvimento de suas atitudes, habilidades e conhecimentos a

respeito das mudanças e inovações necessárias à sua área

específica de atuação profissional” (LÜCK, 2003, p. 14)

Na atual sociedade, é notória a importância de se estar informado. Quer

dizer, bem informado. Neste mundo globalizado, quem não detém informação

torna-se ultrapassado e sem muita credibilidade. Sendo assim, o professor que

não se atualiza, que não busca incessantemente melhorar o seu desempenho,

certamente não estará bem preparado para absorver a demanda de alunos

ariscos, cheios de manejos com novas tecnologias e muita informação

(algumas delas corretas, outras, nem tanto).

Dentro desse contexto, o professor, como peça central para a eficácia do

processo de ensino-aprendizagem, deve estar sempre atento a tudo que está a

sua volta, em busca do saber, a fim de oferecer para seus educandos um

ensino de qualidade.

Toda vez que o educador se capacita e com isso se aprimora, seus

alunos tem a oportunidade de receber a nata da educação e assim estar

melhor preparado para ser incluído na sociedade.

Mediante ao exposto, torna-se urgente a necessidade de se ter um

profissional que promova para esse docente uma formação continuada de

modo a instrumentalizá-lo do ponto de vista teórico e reflexivo. Tal profissional,

é o orientador, tanto o pedagógico quanto o educacional, que juntamente com

a direção, formam uma equipe técnico-pedagógica que tem como papel

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31viabilizar um suporte para o educador, a fim de que este esteja melhor

preparado para o desempenho de suas funções.

3.1 – Orientador educacional e Pedagógico: Especialistas em

Educação

Certamente sem alunos e professores é impossível o funcionamento de

uma escola. Por outro lado, sem especialistas é possível que a escola exista.

Mas, como diz Vasconcellos, (2008, p. 69):

“As pesquisas educacionais tem demonstrado à exaustão que as

escolas que têm ensino de melhor qualidade, contam sempre com a

presença de alguma liderança pedagógica, sendo que muito

freqüentemente é exercida pela direção, orientação ou coordenação

pedagógica.”

Mas quem são os especialistas?

O termo “especialista” tem origem na reforma universitária e na

reformulação do curso de pedagogia. O parecer CFE 252/69 abre possibilidade

de o pedagogo ser um “especialista em educação”; as habilitações eram de

administração, inspeção, supervisão e orientação educacional, além da

possibilidade de cursar ao mesmo tempo a habilitação para o magistério de

disciplinas profissionalizantes dos cursos normais; a habilitação em

planejamento educacional ficou restrita à pós-graduação.

O especialista, como um intelectual, devem estar atento aquilo que é

real da escola e localizar as necessidades da mesma a fim de organizá-la para

tomada de uma consciência na busca de formas de enfrentamento.

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32Segundo Gramsci (apud VASCONCELLOS, 2008, p. 70):

“O modo de ser do novo intelectual não pode mais consistir na

eloqüência, motor exterior e momentâneo dos afetos e das paixões,

mas num imiscuirse ativamente na vida prática, como construtor,

organizador, “persuasor permanente”, já que não apenas orador puro

(...); da técnica-trabalho, eleva-se à técnica-ciência e à concepção

humanista histórica, sem a qual permanece “especialista” e não

chega a “dirigente” (especialista mais político).”

O orientador educacional e pedagógico como especialistas, devem ter a

capacidade de mobilizar o professorado, despertando mudanças para que o

percurso do processo de aprendizagem seja feito e refeito em conjunto.

Sabendo-se de toda a complexidade educacional e certamente a

complexidade da ação educativa, é importante considerar que é cada vez

maior a necessidade de se ter um quadro de pessoal para ajudar os

professores no seu cotidiano escolar.

É evidente que também não basta encher as escolas de especialistas se

estes não tiverem espaço para exercerem suas funções, pois é sabido que em

várias instituições os especialistas acabam “tapando buracos” quando algum

professor falta. Isto certamente implicará no desajuste da organização escolar

afetando a eficiência do trabalho educacional.

A presença dos especialistas deve apontar não só uma sensação de

mudança, mas uma realidade transformadora, no sentido de levar o grupo a

uma reflexão crítica sobre os seus problemas para uma tomada de consciência

e tão logo uma intervenção pertinente.

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3.2– Orientador Educacional e Pedagógico: Tecendo

Estratégias

“A escola é um espaço educativo, lugar de aprendizagem em que

todos aprendem a participar dos processos decisórios, mas também

o local em que os profissionais desenvolvem sua profissionalidade”

(LIBÂNEO, 2008, p. 145)

O trabalho docente é parte integrante do processo de ensino-

aprendizagem através do qual os membros da sociedade são preparados para

participar da vida social. “ Não há sociedade sem prática educativa, nem

prática educativa sem sociedade”, como diz Libâneo, 2008. A prática educativa

é o processo de promover aos educandos experiências e conhecimentos que

os tornem aptos para atuação no meio social e transformá-lo face as suas

necessidades.

Partindo deste pressuposto, é urgente salientar a importância de se ter

um educador bem formado que com grande eficiência e consciência exerça

seu papel para que a maestria de sua função se revele.

Nesse contexto, a discussão em relação aos saberes docentes, precisa

ganhar espaço, já que o professor tem a função de preparar o indivíduo para o

mundo a fim de que este possa ser transformado.

“Uma prática reflexiva limitada ao bom senso e à experiência pessoal

de cada um não vai muito longe, pois o professor em exercício

precisa de saberes que não podem ser inventados em cima do nada

e que sua reflexão será mais poderosa quanto mais se ancorar numa

ampla cultura em ciências humanas” (PIRRENOUD, apud LIBÂNEO,

2008, p. 229).

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34 É crucial que o profissional que lida com a transformação e interiorização

de saberes e com a formação humana, tenha uma formação continuada a fim

de aperfeiçoar a sua prática.

É através da formação continuada que os educadores, refletem sobre

seus desempenhos, potencialidades, confrontam experiências e são

certamente enriquecidos, de modo a avaliar e reavaliar seus percursos para

direcionar e redirecionar, se for o caso, suas ações.

Diante desta perspectiva, se faz necessário uma equipe técnico-

pedagógico (especialmente orientadores educacionais e pedagógicos) para

prestar assistência aos educadores e viabilizar momentos de reflexão e troca.

O orientador, tanto educacional quanto pedagógico, em exercício de sua

função, atua na formação continuada dos professores, fazendo-os parar,

pensar, planejar, organizar e redimensionar suas ações para que haja

constante questionamento e inquietação, pois dessa forma ocorrerá

crescimento.

“Um educador que se preocupe com que sua prática educacional

esteja voltada para a transformação, não poderá agir

inconscientemente e irrefletidamente. Cada passo de sua ação

deverá estar marcado por uma decisão clara e explícita do que está

fazendo e para onde possivelmente está encaminhando os

resultados de sua ação. A avaliação neste contexto, não poderá ser

uma ação mecânica. Ao contrário, terá de ser uma atividade

racionalmente definida, dentro de um encaminhamento político e

decisório a favor da competência de todos para a participação

democrática da vida social.” (LUCKESI, 2006, p. 46)

Qual é o aluno que não gosta e não compreende uma aula dinamizada,

prazerosa, recheada de links com o mundo real e permeada de ambiente

seguro e acolhedor?

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35 Certamente quando o educador cresce, seus alunos crescem também.

Quando o educador se aprimora, ele leva para dentro da sala de aula, grandes

possibilidades e o educando aprende mais.

Fazendo uma análise superficial, poderia se pensar que o orientador

pedagógico trata somente com o professor e o orientador educacional só com o

aluno. De fato isto é uma análise muito superficial, uma vez que ambos

possuem funções que se entrelaçam e que no cotidiano comprometido com a

aprendizagem, não consegue demarcar o território. Ora, falar de professor

implica na vida do educando, e falar deste, implica na vida do educador. Logo,

ambos trabalham em conjunto.

O orientador deve ter como objeto do seu trabalho a relação professor-

aluno, a turma, a metodologia usada, as relações interpessoais e a proposta da

instituição a qual trabalha.

A postura de um orientador deve ser de um líder, não para se colocar

acima de alguém ou de alguma coisa, mas para somar esforços com os

professores a fim de implementar ações desencadeadoras que viabilizem a

melhoria do processo ensino-aprendizagem.

Área de abrangência da atuação do orientador deve ser direcionada

para o desenvolvimento e capacitação do professor e conseqüentemente o

enriquecimento do aprendizado do sujeito aprendente.

Portanto o orientador deve proporcionar momentos para reuniões

(previamente planejadas), acolhimento, comunicação, estudo, troca, reflexão,

sempre abordando assuntos atuais e pertinentes aos interesses do grupo.

“Mais do que pretender ensinar novas metodologias de ensino, a

grande questão que se coloca (...) em nossas escolas é encontrar

alternativas de ação que possibilitem ao professor viver a práxis, isto

é, como possibilitar aos professores ocasiões para eles juntos

possam rever a própria prática.” (RONCA, apud ALVES (coord.),

2006, p. 33)

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36 Quando há espaço para tais momentos o trabalho do professor fica bem

assistido e mais eficiente, implicando numa mudança de paradigmas

concernentes ao currículo, avaliação e metodologia de ensino.

O papel do orientador não é dar receitas para o professor de como ele

deve mudar suas avaliações ou fazer qualquer atividade. Mas sim, valorizar os

conhecimentos e habilidades do seu grupo e confrontar com ele a relação

professor-aluno. Pois é na medida que o professor enfrenta a realidade dessa

relação, que a sua prática é levada para o campo da reflexão e assim, é

direcionada para o desenvolvimento integral do indivíduo.

Na escola, pode-se perceber que existe um grupo de pessoas que

constantemente se influenciam. Logo, o orientador deve ter cautela, e muita

ética para lidar com esta questão e minimizar os possíveis conflitos que

possam existir a fim de favorecer uma integração de todos os envolvidos no

processo.

Ronca (apud ALVES (coord), 2006, p. 34), permite a seguinte reflexão:

“Criar estratégias que permitam detectar o tipo de vínculo que se

estabelece nas relações educador-educando, e também entre os

próprios educadores se a complexidade da escola, hoje cada vez

mais exige um trabalho de equipe, é absolutamente indispensável

que as pessoas que se disponham a trabalhar juntas se disponham

também a rever a forma como se relacionam.”

A melhor maneira do orientador pedagógico e educacional desfrutar de

grande êxito em seu trabalho é através da comunicação, do diálogo. O

orientador que não promover diálogo, que quiser fazer prevalecer suas idéias,

que não respeitar as diferenças e o momento de cada participante do processo

de ensino-aprendizagem, certamente terá seu trabalho recheado de ineficiência

e falta de credibilidade.

A visão do orientador deve ser de facilitador do diálogo em todos os

níveis de ensino para que haja integração nos atores do processo em busca de

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37uma educação com qualidade. Ele deve conduzir professores e alunos para

serem sujeitos de suas próprias ações.

Deve o orientador, subsidiar o processo de avaliação como uma

construção de saber e não de uma classificação, obtendo-se assim, uma

proposta de avaliação continuada, inserida na constante atualização dos

educadores.

O compromisso do orientador deve ser com a instrumentalização dos

educadores de modo a fazer com que estes abracem uma concepção de

avaliação onde os alunos sejam vistos e avaliados com um todo, a fim banir a

concepção de uma avaliação excludente.

Urge em nossas escolas uma avaliação formativa, onde os sujeitos

aprendentes sejam respeitados em suas particularidades de modo a garantir

sua cidadania e conseqüentemente a eficácia de sua produtividade escolar.

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CONCLUSÃO

A avaliação é um instrumento para avaliar o processo de ensino-

aprendizagem. Como tal, deve instrumentalizar o professor para perceber em

que nível o aluno se encontra para que a partir daí, medidas sejam tomadas e

intervenções sejam realizadas, a fim de favorecer o desenvolvimento do

educando.

Pesquisas demonstraram que a avaliação quando surge de maneira

classificatória acaba excluindo o individuo e alijando-o de uma possibilidade de

crescimento. O fato de muitos professores não levarem em conta o erro do

aluno como sinalizador daquilo que precisa ser redirecionado, é que ocorre o

empobrecimento do processo de ensino –aprendizagem.

Transformar a prática avaliativa implica em questionar as estruturas da

educação que muitas vezes são pautadas “na pedagogia do exame”. Essas

estruturas precisam ser revistas para que a qualidade do ensino ocorra.

Quantificar alunos através de testes e provas não demonstram avanço na

educação. Pois a avaliação se destina ao diagnóstico para futuras intervenções

proporcionando a inclusão do indivíduo.

Cabe ao professor uma nova postura, que é possível de acontecer na

medida que se tem uma formação continuada. Tal formação pode ser pensada

através da atuação do orientador (tanto pedagógico, quanto educacional) que

por meio de suas funções acabam por promover ao corpo docente e discente

uma reflexão sobre seus papéis e assim, provocar mudanças

Uma educação pautada no respeito, no acolhimento e na cooperação

dos atores envolvidos no processo de ensino-aprendizagem torna a avaliação

mais justa e democrática.

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REFERÊNCIAS

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ÍNDICE

Folha de Rosto ....................................................................................................2

Agradecimento ....................................................................................................3

Dedicatória ..........................................................................................................4

Resumo ...............................................................................................................5

Metodologia ........................................................................................................6

Sumário ...............................................................................................................7

Introdução............................................................................................................8

Capítulo I A história da avaliação................................................................10

1.1- Breve histórico sobre avaliação.............................................................................11

1.2 – Tipos de avaliação................................................................................................14

Capítulo II A avaliação como instrumento para analisar o processo da

aprendizagem....................................................................................................20

2.1 – A avaliação e suas implicações............................................................................21

2.2 – Erro não é sinônimo de fracasso...................................................................25

Capítulo III O orientador como auxiliador no processo da avaliação da

aprendizagem....................................................................................................30

3.1 – Orientador educacional e pedagógico: Especialistas em Educação....................31

3.2 – Orientador educacional e pedagógico: tecendo estratégias................................33

Conclusão..........................................................................................................38

Referências........................................................................................................39

Índice.................................................................................................................42