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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE - UERN Campus Avançado Professora Maria Elisa de Albuquerque Maia - CAMEAM Curso de Administração - CAD José Eurismar Moisés de Souza Martiniano RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO DIAGNOSTICO DA PRÁTICA SUSTENTÁVEL DA APICULTURA NO PERÍMETRO IRRIGADO EM PAU DOS FERROS - RN: o caso ACAFPA PAU DOS FERROS - RN 2014

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO …...os cenários geopolíticos e econômicos sociais do município de Pau dos Ferros e do Perímetro Irrigado que sediam a ACAFPA. O município

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE - UERN

Campus Avançado Professora Maria Elisa de Albuquerque Maia - CAMEAM

Curso de Administração - CAD

José Eurismar Moisés de Souza Martiniano

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

DIAGNOSTICO DA PRÁTICA SUSTENTÁVEL DA APICULTURA NO PERÍMETRO IRRIGADO EM PAU DOS FERROS - RN: o caso ACAFPA

PAU DOS FERROS - RN

2014

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José Eurismar Moisés de Souza Martiniano

DIAGNOSTICO DA PRÁTICA SUSTENTÁVEL DA APICULTURA NO PERÍMETRO IRRIGADO EM PAU DOS FERROS - RN: o caso ACAFPA

Relatório Final de Curso apresentado ao Curso de

Administração/CAMEAM/UERN, como requisito parcial

para obtenção do título de bacharel em administração.

Professor Orientador: Ms. Wellington Ferreira de Melo

Área: Sustentabilidade

PAU DOS FERROS – RN

2014

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COMISSÃO DE ESTÁGIO

Membros:

_____________________________________________________________________

José Eurismar Moisés de Souza Martiniano

Orientando

_____________________________________________________________________

Ms. Wellington Ferreira de Melo

Orientador

_____________________________________________________________________

Francisca Freitas de Queiroz Leite

Supervisor de Estágio

_____________________________________________________________________

Ms. Sidnéia Maia de Oliveira Rêgo

Coordenadora de Estágio Supervisionado

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José Eurismar Moisés de Souza Martinino

SUSTENTABILIDADE NA ATIVIDADE APÍCOLA EM PAU DOS FERROS-RN:

o caso ACAFPA

Este Relatório Final de Curso foi julgado adequado para obtenção do título de

BACHAREL EM ADMINISTRAÇÃO

e aprovado em sua forma final pela Banca Examinadora designada pelo Curso de

Administração/CAMEAM/UERN, Área: Gestão de Pessoas

Pau dos Ferros/RN, em _____ de __________________ de __________.

BANCA EXAMINADORA

Julgamento: _______ Assinatura: _______________________________________

Ms. Wellington Ferreira de Melo

Orientador(a) – UERN

Julgamento: _______ Assinatura: _______________________________________

Dra. Francisca Joseanny Maia Oliveira

Examinador(a) – UERN

Julgamento: _______ Assinatura: _______________________________________

Ms. Franciclézia de Souza Barreto Silva

Examinador(a) – UERN

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus, autor da minha vida, guia e protetor meu, aos meus pais, anjos que o Senhor predestinou para cuidarem de mim aqui nesta terra, e aos meus irmãos, a quem rendo eterna gratidão por me apoiarem tanto.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus, aquele que cuidou de mim em todos os momentos, não só

desse curso, mas da minha vida. Sou grato a Ele por tantas vitórias que recebi. Também agradeço por

cada luta que passei, pois hoje compreendo que eram apenas estratégias do Senhor para que eu me

tornasse mais forte.

Agradeço também a minha mãe, a mulher que sempre tem acreditado em mim. Sou grato por

todo o esforço que fizestes para que eu conseguisse estudar. Agradeço por acreditar em mim até

mesmo quando eu não queria mais acreditar. Obrigado, mãe, por todos os abraços antes de sair e

depois que chegava da aula, ainda que fosse em noites de chuvas, momentos em que, geralmente, já

seriam 2h da madrugada.

Agradeço ao meu querido pai, homem forte, corajoso e cheio de fé. Agradeço-o por me deixar

estudar, mesmo quando deveria está na roça ajudando-o, obrigado por me dar forças quando eu quis

desistir, e te dou graças por todos os sacrifícios que fizestes para que eu não desistisse dos meus

sonhos.

A minha vó Matilde, a qual me apoiou muito, aos meus irmãos: Vilma, uma mãe para mim, ao

Vailton, meu segundo pai, Vansueldo, a quem tenho eterna gratidão por toda a ajuda que me deste, ao

Valter, a quem faz questão de se intitular meu protetor, a Rosangela, a qual foi enviada por Deus para

tornar a minha vida mais feliz ainda, e a todos os meus cunhados e cunhadas por todo o apoio que me

deram.

Aos meus amigos, os quais me deram tanta força durante esse curso, em especial a Jeovana

Freitas, Alcivone Henrique, Eliane da Costa, Hamanda Gelça, Adriano Lemos e Ricardo Abrantes,

seres abençoados que Deus colocou em minha vida. Aos membros da Igreja Assembleia de Deus

Ministério Templo Central, na Vila Tomé Vieira, Ererê – Ce, que oraram incansavelmente pela minha

vida durante esses cinco anos, e aos servidores da Justiça Federal do Rio Grande do Norte por terem

me ensinado tanto durante os dois anos que estagiei naquela instituição.

Agradeço ao meu orientador Wellington Ferreira de Melo, amigo, psicólogo e grande ajudador

meu, a todos os professores que compartilharam seus conhecimentos comigo no decorrer desses

cincos anos, e a todos os meus colegas de sala, pessoas maravilhosas que Deus me permitiu

conhecer.

Agradeço ainda a Associação dos Agricultores do Perímetro e Adjacências (ACAFPA) pela

oportunidade que me concedeu de estagiar e desenvolver este trabalho.

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“As palavras bondosas são como o mel: doces para o paladar e boas para a saúde”

(Provérbios 16:24).

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RESUMO

O presente trabalho foi realizado no intuito de analisar a apicultura, uma das poucas atividades produtivas que atende aos três pilares da sustentabilidade: o social, o ecológico e o econômico, e que se apresenta como uma boa alternativa a não destruição dos ecossistemas. Para isso, foram realizados levantamentos bibliográficos em diversas fontes como livros, internet, apostilas de apoio, documentos e normas internas da Associação dos Agricultores Familiares do Perímetro e Adjacência (ACAFPA), no Perímetro Irrigado de Pau dos Ferros – RN. Por meio da pesquisa em campo junto aos apicultores dessa organização, foram obtidos dados importantes a respeito dessa atividade. Informações como o perfil dos produtores, produção apícola e a sustentabilidade que a há nessa atividade foram todos trabalhados nesse estudo. O instrumento de coleta foi o questionário. Os resultados extraídos da pesquisa mostram que a apicultura é uma atividade limpa e de fácil investimento e manutenção para a região; apresenta-se como uma boa alternativa econômica para pequenos agricultores e que, se bem trabalhada, poderá trazer bons resultados para a região Auto Oeste Potiguar, além de contribuir significativamente para o meio ambiente.

Palavras-Chave: Sustentabilidade, apicultura, meio ambiente.

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ABSTRACT

This study was conducted in order to examine beekeeping, one of the few productive activities that meet

the three pillars of sustainability: social, ecological and economic, and that presents itself as a good

alternative but destruction of ecosystems. To this end, literature surveys were conducted in different

sources like books, internet, handouts, papers and internal rules of the Association of Family Farmers

Perimeter and Adjacency (ACAFPA), the Irrigated Perimeter of Pau Irons - RN. Through research in the

field next to beekeepers that organization, important data regarding this activity were obtained.

Information such as the listing of producers, education, beekeeping and sustainability that this activity

there were all worked in this study. The data collection instrument was a questionnaire. The results

derived from the survey show that beekeeping is a clean and easy maintenance and investment activity

in the region; presents itself as a good economic alternative for small farmers and that, if well crafted,

can bring good results for the region Potiguar Western Auto, and contribute significantly to the

environment.

Key-words: sustainability; beekeeping; Environment.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Abreviaturas

Ms. - Mestre

Siglas

ACAFPA – Associação dos Agricultores Familiares do Perímetro e Adjacências

RN – Rio Grande do Norte

SEBRAE – Serviço Brasileiro de apoio às Micro e Pequenas Empresas

MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

ABMEL – Associação Brasileira de Exportadores de Mel

UERN – Universidade Estadual do Rio Grande do Norte

IFRN – Instituto Federal do Rio Grande do Norte

CAMEAM – Campus Avançado Maria Elisa de Albuquerque Maia

PROAPIS - Programa Estadual para o Desenvolvimento da

Apicultura

UNAMEL – União Nordestina de Apicultura e Meliponicultura

SAPE - Secretaria de Estado da Agricultura, da Pecuária e da Pesca

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figuras

Figura 1 – Logomarca da ACAFPA ......................................................................................................... 14

Figura 2 – Organograma da ACAFPA ..................................................................................................... 15

Figura 3 – Fluxograma da atividade de admissão de novos sócios na ACAFPA .................................... 16

Figura 4 – Planta Baixa da ACAFPA. ...................................................................................................... 18

Gráficos

Gráfico 1 – Produção mensal em Kg ...................................................................................................... 50

Tabelas

Tabela 1 - Total de Colmeias Vazias em Fevereiro de 2013 por Estado do Nordeste ............................ 31

Tabela 2 – Indicadores socioeconômicos ................................................................................................ 39

Tabela 3 – Número de pessoas por família ............................................................................................. 41

Tabela 4 – Grau de escolaridade dos familiares ..................................................................................... 42

Tabela 5 – Contribuição da apicultura para a família .............................................................................. 43

Tabela 6 - Total de pessoas na família que trabalham na ....................................................................... 43

Tabelas 7 – produção Indicadores produtivos ......................................................................................... 44

Tabela 8 – Possíveis dificuldades para manter um apiário...................................................................... 49

Tabela 9 – Condições das estradas ........................................................................................................ 51

Tabela 10 – Indicadores ambientais ........................................................................................................ 52

Fotografias

Fotografia 1 – Casa do Mel da ACAFPA ................................................................................................ 17

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SUMÁRIO

DEDICATÓRIA

AGRADECIMENTOS

EPÍGRAFE

RESUMO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 12

1.1 Caracterização da organização ...................................................................................................... 13

1.2 Situação problemática ..................................................................................................................... 18

1.3 Objetivos .......................................................................................................................................... 19

1.3.1 Geral ............................................................................................................................................... 19

1.3.2 Específicos...................................................................................................................................... 19

1.4 Justificativa ...................................................................................................................................... 19

2. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................................................. 21

2.1 Desenvolvimento Sustentável ........................................................................................................ 21

2.1.1 Gestão Socioambiental ................................................................................................................... 25

2.2 Atividade Apícola ............................................................................................................................. 27

2.2.1 Apicultura e Meio Ambiente ............................................................................................................ 31

2.2.2 Apicultura e Sustentabilidade .......................................................................................................... 34

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................................................ 36

3.1 Tipo de pesquisa .............................................................................................................................. 36

3.2 Universo e amostra .......................................................................................................................... 37

3.3 Coleta de dados ............................................................................................................................... 37

3.4 Tratamento dos dados..................................................................................................................... 37

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................................................................. 39

4.1 Indicadores socioeconômicos ........................................................................................................ 39

4.2 Indicadores produtivos ................................................................................................................... 44

4.2 Indicadores ambientais ................................................................................................................... 51

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5. CONCLUSÕES, SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES ...................................................................... 55

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................... 58

APÊNDICES ............................................................................................................................................ 63

APÊNDICE A - Questionário ................................................................................................................... 64

APÊNDICE B -......................................................................................................................................... 71

ANEXOS .................................................................................................................................................. 71

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1. INTRODUÇÃO

O tema sustentabilidade que, de acordo com definição dada pela Organização das Nações

Unidas – ONU (1987) significa “satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a

capacidade de futuras gerações satisfazerem as suas próprias necessidades”, tem sido um dos mais

discutidos em todo o mundo. Tanto que Governos e organizações diversas vêm procurando de

inúmeras maneiras amenizarem os impactos ambientais que estão destruindo os ecossistemas

terrestres.

Em observância a esse fato, o presente trabalho busca analisar a apicultura como sendo uma

das poucas atividades que conseguem atender, ao mesmo tempo, os aspectos sociais, econômicos e

produtivos. Social por ser uma atividade que pode ser trabalhada por meio de organizações sem fins

lucrativos ou simplesmente entre familiares, econômico pelo fato de proporcionar renda para quem a

desenvolve, e ambiental pelo fato de não poluir o meio ambiente.

O trabalho está estruturado em 5 (cinco) capítulos da seguinte forma: o capítulo 1 (um)

apresenta a organização, mostrando seu histórico e suas características; logo depois foi definida a

pergunta que norteou a pesquisa; foram estabelecidos os objetivos geral e específicos, através dos

quais foram analisados a importância da apicultura como atividade sustentável para os produtores

apícolas da Associação do Agricultores Familiares do Perímetro e Adjacências com sede na

comunidade do Perímetro Irrigado em Pau dos Ferros – RN.

O capítulo 2 aborda o aporte teórico. De início é apresentado o tema “Desenvolvimento

Sustentável” mostrando um breve histórico e definições dadas por autores sobre o assunto. Em

seguida relatou-se como as organizações têm encarado esse tema ao longo da história, inclusive no

Brasil, e mais a frente é feita uma análise de como a apicultura surgiu e tem se comportado como uma

atividade que se relaciona bem com aquele.

No capítulo 3 são identificados os procedimentos metodológicos utilizados para definir o tipo de

pesquisa que foi determinada como sendo: descritiva, levantamento e qualitativa. Para colher os dados

foram utilizados questionários com associados da organização que trabalham com a apicultura, a

exceção de um que não foi localizado a tempo. Para o tratamento foi utilizado a análise de conteúdo.

O capítulo 4 apresenta a análise dos dados através de gráficos e tabelas elaborados utilizando-

se o Excel, demonstrando os resultados das questões colhidas por meio de questionários.

Por último, o capitulo 5, apresenta a conclusão deste trabalho. Nele constam algumas

sugestões para a ACAFPA, mostrando a realidade da organização e propondo possíveis melhorias a

serem realizadas pela organização baseados nos resultados da pesquisa, e as recomendações que

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melhorarão a aplicação ou utilização do presente estudo, pelos futuros concluintes e docentes do

Curso de Administração e de áreas afins.

1.1 Caracterização da organização

Este tópico aborda a caracterização da organização Associação Comunitária dos Agricultores

Familiares do Perímetro e Adjacência (ACAFPA). Com este fim, a referida caracterização contextualiza

os cenários geopolíticos e econômicos sociais do município de Pau dos Ferros e do Perímetro Irrigado

que sediam a ACAFPA.

O município de Pau dos Ferros, situado a 196 metros de altitude e a 6° 6' 9'' latitude sul e a 38°

12' 33'' longitude oeste, localizado a aproximadamente 400 km de Natal, capital do estado do Rio

Grande do Norte, é a principal cidade da Região do Alto Oeste Potiguar. Ocupa uma área territorial de

259,959 km² e tem uma população de 29.430 pessoas (IBGE, 2013).

Com emancipação datada de 1856, Pau dos Ferros tem como principais fontes econômicas a

agropecuária, a indústria e o setor de serviços (IBGE, 2013). O PIB per capita a preço corrente é de R$

8.131,41 e o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal é 0,678 (IDHM, 2010).

Na zona rural, a 09 km da sede do município, o Perímetro Irrigado comporta um assentamento

rural cuja implantação foi iniciada em 1973 e concluída em 1977 (DNOCS, 2013). A principal forma de

acesso a essa localidade acontece via BR-226, que liga Pau dos Ferros ao município de Antônio

Martins, e pela BR-4227 (DNOCS, 2013).

Os tipos de terrenos que formam a área desta comunidade são compostos por um relevo plano

e suave ondulado e os tipos de solo presentes são: Podzólicos vermelho, amarelo, bruno não cálcicos,

pluviais entróficos e litólicos entróficos (DNOCS, 2013).

O suprimento de água da comunidade é realizado por meio do Açude Público Pau dos Ferros,

com capacidade para armazenamento de 54.846.000 m³. No assentamento rural são cultivadas

diversas culturas como banana, algodão, milho verde e feijão phaseolus, bem como são empreendidas

a pecuária de corte e de leite, a piscicultura e a apicultura.

A comunidade conta com duas associações comunitárias: a Associação dos Colonos do

Perímetro Irrigado Pau dos Ferros - ACOPAF, e a Associação Comunitária dos Agricultores Familiares

do Perímetro e Adjacência (ACAFPA).

A ACAFPA, espaço organizacional onde foi desenvolvido o presente trabalho, está inscrita no

Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) sob o nº 07.538.274/0001-88 e foi fundada em 15 de

junho de 2005, tendo sede e foro jurídico na cidade de Pau dos Ferros.

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Instituição representativa da comunidade, autônoma de utilidade pública e sem fins lucrativos,

a ACAFPA é regida por regime e estatuto internos. Atualmente, conta com 23 (vinte e três) membros

ativos dos quais 11 (onze) desenvolvem a atividade apícola e sua estrutura é dividida em Assembleia

Geral, Diretoria, Conselho Fiscal e Comitê de Acompanhamento.

Figura 1 - Logomarca da ACAFPA

Fonte: ACAFPA, 2013.

O art. 4º do Estatuto Social, aprovado em 2005, apresenta os seguintes objetivos:

I. Promover os moradores da comunidade do Perímetro integrando-os socialmente; II. Realizar cursos, palestras, encontros e simpósios visando o aprimoramento e o congraçamento entre as comunidades e as instituições públicas; III. Oferecer condições às comunidades, especialmente nos setores de agricultura, educação, saúde, segurança, economia e desportivo; IV. Celebrar convênios com instituições públicas para um melhor aproveitamento da infraestrutura da comunidade;

V. Reivindicar, junto ao poder público, recursos para a solução dos problemas do Perímetro.

Na ACAFPA há três categorias de sócios: os fundadores, que participaram da assembleia de

fundação e assinaram o livro de ata, os efetivos, admitidos pela Diretoria da Associação, e os

beneméritos, que colaboraram material e financeiramente para a Associação.

A Assembleia Geral, órgão máximo da Associação, é constituída de todos os sócios quites com

suas obrigações, que se reúnem, ordinariamente, uma vez por mês. Entre suas atribuições estão as de

reformular o estatuto, destituir pessoas da diretoria que não estejam atuando como deveriam e eleger

novas pessoas para ocupar os postos, autorizar a realização de convênios com qualquer instituição

pública e privada e decidir sobre programas de trabalho e atividades da Associação.

A Diretoria é composta de um Presidente, um Vice-Presidente, um Secretário e um Tesoureiro,

eleitos pela Assembleia Geral entre os sócios que estejam em dias com suas obrigações. O mandato

será de 02 (dois) anos, sendo permitida a recondução por igual período.

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15

Cabe a Diretoria da Associação, ainda, Reunir-se a cada mês e sempre que for necessário.

Entre as atribuições do citado corpo diretor, estão os trabalhos de coordenar as atividades da

comunidade, cuidando para que sempre exista o espírito comunitário em toda e qualquer atividade que

for realizada, cumprir e fazer cumprir o estatuto e outros regulamentos que foram ou venham a ser

aprovados e encaminhar, até o fim de cada ano, para discursão na Assembleia Geral, relatório das

atividades desenvolvidas pela ACAFPA.

A fiscalização de toda e qualquer movimentação financeira da organização, da verificação

quanto ao zelo dos livros contábeis e fiscais e da convocação da Assembleia Geral extraordinária, é

competência do Conselho Fiscal, órgão composto de 03 (três) membros titulares e 03 (três) membros

suplentes, eleitos pela Assembleia Geral. Esse conselho se reúne a cada dois meses.

Figura 2 - Organograma da ACAFPA

Fonte: Adaptado da ACAFPA, 2013.

Para que novos sócios sejam admitidos na Associação Comunitária dos Agricultores Familiares

do Perímetro e Adjacência, faz-se necessário atender a requisitos como: manifestação espontânea do

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desejo de associar-se, aprovação do pedido de inscrição, expressar concordância com os objetivos da

Associação, comprovar residência no Perímetro e adjacências ou em outra comunidade circunvizinha,

dentro dos limites do município, e assumirem o compromisso de contribuir com taxa mensal simbólica

de R$ 2,00.

Após a inscrição na ACAFPA, caso mantenham-se ativos e cumprindo todas as obrigações a

eles exigidas, seus membros desfrutam do direito de votar e serem votados, recorrer de decisões

promulgadas pela Diretoria, participar de qualquer promoção realizada pela Associação, enfim, usufruir

de todos os benefícios oferecidos pela organização.

A exclusão de qualquer um dos sócios ocorrerá por morte física, desejo espontâneo, por deixar

de participar das atividades desenvolvidas pela Associação e por deixar de atender aos requisitos

estatutários exigidos para o ingresso ou permanência.

Figura 3 - Fluxograma da atividade de admissão de novos sócios na ACAFPA

Fonte: Dados da Pesquisa, 2013.

A ACAFPA, conforme mencionado, desenvolve inúmeras atividades produtivas e, uma vez

sendo objeto deste estágio, o presente estudo explora e analisa o desenvolvimento e a

sustentabilidade da cadeia de produção apícola.

A apicultura começou a ser desenvolvida na comunidade no mesmo ano de criação da

Associação, 2005. Segundo a Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte – FEMURN,

consoante matéria veiculada no jornal “O Mossoroense”, nessa época a produção era pouco rentável e

sem muitos cuidados. Porém, tal situação começou a mudar quando a Associação de produtores

daquele assentamento, juntamente com produtores de mel da cidade de Curral Velho, firmou parceria

com a Federação Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Norte (FAERN), com o Serviço Nacional de

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17

Aprendizagem Rural (SENAR) e com o Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas

(SEBRAE) para, juntos, disponibilizarem cursos nessa área e incentivar a produção na região.

Segundo Alexandre José Lemos, educador do SENAR, em entrevista dada ao jornal “O

mossoroense” em 2011:

As comunidades já trabalhavam com mel, mas era muito pouco o retorno. Agora, a produção das duas localidades já atingiu a marca de cinco toneladas de mel nesse começo de 2011. Uma prova que o curso serviu de incentivo para essas pessoas. Uma produção que faz girar

também o comércio local.

No Perímetro Irrigado, os cursos ofertados à época contemplaram 30 (trinta) produtores.

Consequência das iniciativas de formação profissional, os produtores criaram a chamada “Casa do

Mel”, sede da ACAFPA e local de apoio para o desenvolvimento da produção advinda da apicultura.

Segundo Alexandre Lemos (2011), “é o local que serve de laboratório para esses produtores.

Onde eles põem em uso tudo o que foi aprendido. Desde higienização da produção até o melhor modo

para estocar".

Fotografia 1 - Casa do Mel da ACAFPA

Fonte: ACAFPA, 2013.

Na sede da ACAFPA, projetada em abril de 2006 pelo engenheiro Antônio de Lisboa Sobrinho,

CREA 3874 – D/RN, há três cômodos, conforme Figura 4: um destinado às atividades de recepção,

desoperculação1, extração e envasamento de mel; outro para o depósito do mel; e um terceiro é

utilizado como banheiro.

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18

Figura 4: Planta Baixa da ACAFPA

Fonte: ACAFPA, 2013.

1.2 Situação problemática

É visível a preocupação com o meio ambiente. A ação de destruir algo finito para ser usado

como matéria-prima à construção de produtos que satisfazem as necessidades humanas tem sido

bastante contestada desde as últimas décadas do século passado.

Assim, em meio a catástrofes ecológicas, conferências mundiais que abordam esse tema vêm

acontecendo. Isso se deve pelo fato de muitos terem tomado consciência do quanto se faz necessário

manter os ecossistemas protegidos.

Nesse ínterim, surgiu o conceito de sustentabilidade, o qual procura conciliar, na produção, os

aspectos sociais, econômicos e ecológicos, que, se trabalhados de maneira adequada, contribuirão

para o bem – estar da população atual e da futura.

Concomitantemente, temos acompanhado também o aumento expressivo de novos

empreendimentos. Nesse começo de século, no Brasil principalmente, o número de pessoas que

decidiram investir em um negócio próprio aumentou bastante.

Dessa forma, observando esse conceito e tendo em vista a tamanha proporção que o

empreendedorismo tomou no Brasil, principalmente nos últimos anos, procuramos responder a

seguinte pergunta: qual o diagnostico da prática sustentável da apicultura pelos associados da

ACAFPA no Perímetro Irrigado em Pau dos Ferros – RN?

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19

1.3 Objetivos

1.3.1 Geral

Diagnosticar a prática sustentável da apicultura pelos associados da ACAFPA no Perímetro

Irrigado em Pau dos Ferros – RN.

1.3.2 Específicos

Identificar o perfil socioeconômico dos trabalhadores ligados à apicultura;

Analisar indicadores, potencialidades e barreiras à produção apícola;

Descrever as práticas apícolas sustentáveis e sua relação com o meio ambiente;

1.4 Justificativa

Uma das poucas atividades agropecuárias caracterizada, simultaneamente, como sendo

ambientalmente correta, economicamente viável e socialmente justa. Assim pode ser classificada a

atividade apícula considerando-se o conceito de sustentabilidade (EDINILSON, 2010). Entre tantos

outros aspectos, essa definição justifica-se pelo fato de que ela não precisa ferir o meio ambiente para

produzir, contribui para que, de maneira mais simples, em família ou por meio de associações,

qualquer pessoa a pratique, e proporciona retorno financeiro.

Essa atividade gera diversos produtos. O mel, a cera, a apitoxina, a própolis, a geleia real e o

pólen apícula são alguns deles. Essa diversidade é garantida porque o Brasil apresenta características

singulares de flora e clima que, aliados à presença da abelha africanizada, lhe conferem um grande

potencial somado ao desafio para a apicultura (ABEMEL, 2013).

O Agronegócio Apícola, em 2013, envolvia 350 mil apicultores, em sua grande maioria

classificados na categoria de Agricultura Familiar e cerca de 198 estabelecimentos industriais com

Sistema de Inspeção Federal – SIF, bem como centenas de estabelecimentos com Sistemas de

Inspeção Estadual e Municipal (SIE e SIM) (ABEMEL, 2009).

No Rio Grande do Norte, o aumento da prática apícula também foi expressivo. Entre os anos

de 2001 e 2010 o crescimento alcançou a marca de 217%, ou seja, aproximadamente 27% ao ano.

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Isso o levou a ocupar o 10º lugar no ranking brasileiro em 2009 (IBGE, 2012).

No perímetro, essa atividade potencializa-se como uma ótima oportunidade de ampliar a renda

dos moradores locais, revela-se como um instrumento de inclusão social, diversifica a produção

agrícola existente na comunidade, viabiliza o escoamento da produção em âmbito local e ajuda na

polinização das plantas.

Assim, o presente estudo mostra-se importante no sentido de avaliar o impacto sustentável que

a apicultura vem proporcionando para a comunidade do Perímetro Irrigado, em Pau dos Ferros, Rio

Grande do Norte, considerando-se que alguns dos moradores do lugar, por meio da Associação

Comunitária dos Agricultores Familiares do Perímetro e Adjacência (ACAFPA), a praticam desde 2005.

Do ponto de vista organizacional, a pesquisa torna-se importante pelo fato de, na comunidade,

a atividade apícola ser desenvolvida por meio de uma associação. Dessa forma, é importante estudar a

fundo para saber como a organização tem gerido a produção e descobrir se há gargalos a serem

resolvidos.

Para o autor, esse estudo é importante por que proporcionará maiores conhecimentos sobre

como está sendo desenvolvida a apicultura na comunidade, no estado e no Brasil. Além disso, ele

extrairá da pesquisa inúmeras informações sobre um empreendimento promissor que, além de

ecologicamente correto, não demanda grandes investimentos financeiros para ser desenvolvido.

Em âmbito local, a pesquisa poderá contribuir para que os produtores obtenham informações

que ainda não as possuem. Dados sobre a produção e desenvolvimento da atividade apícola que os

ajudarão a melhorar a forma de produzir e continuar protegendo o meio ambiente.

Ressaltando ainda a importância deste trabalho para a comunidade acadêmica, todas as

informações geradas nele poderão servir de apoio a futuras pesquisas sobre o assunto.

Assim, a pesquisa procura desenvolver-se com base no conceito de sustentabilidade difundido

pela ONU em 1972, o qual prega que é possível às organizações em geral produzir, garantindo a

margem de lucro, sem agredir ao meio ambiente. Um tema que tem proporcionado grandes discursões

em âmbito mundial.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo pretende-se apresentar as principais ideias que servirão de sustentação teórica

a este trabalho.

2.1 Desenvolvimento Sustentável

O desenvolvimento sustentável tem sido um dos assuntos mais abordados pela comunidade

em geral. É notória a sua importância. Produzir com responsabilidade socioambiental é um dever.

Conforme Almeida (2002, p. 12), “o conceito de desenvolvimento sustentável já se firmou o

bastante para incorporar, com clareza e de forma indissolúvel, as dimensões econômica, ambiental e

social das ações humanas e suas consequências sobre o planeta e os seres que o povoam”.

Assim, o desenvolvimento sustentável ganhou ênfase mundial sendo interpretado como aquele

“que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de futuras gerações

satisfazerem as suas próprias necessidades” (ONU, 1987), e, ainda, segundo Boff, numa interpretação

mais atual:

Sustentabilidade é toda ação destinada a manter as condições energéticas, informacionais, físico-químicas que sustentam todos os seres, especialmente a Terra viva, a comunidade de vida e a vida humana, visando a sua continuidade e ainda atender as necessidades da geração presente e das futuras, de tal forma que o capital natural seja mantido enriquecido em sua capacidade de regeneração, reprodução e coevolução (BOFF, 2012, p.107).

A visão apresentada sobre o tema em questão se deve pelo fato de muitos estudos que foram,

e vêm sendo, realizados por pessoas que se preocupam com o futuro do nosso planeta. Conferências

como a de Estocolmo (1992), as do Rio de janeiro (1992 e 2012) e a de Jhonesburgo (2002) ajudaram

na disseminação desse conceito.

De acordo com Souza (2005, p. 1):

‘Na Conferência Mundial de Estocolmo (1971) surgiu um novo paradigma de desenvolvimento – o eco desenvolvimento – que evoluíra mais tarde para o paradigma do desenvolvimento sustentável’. A partir desse marco histórico foram instituídos vários tratados e convenções internacionais com o propósito de racionalização do uso dos recursos naturais.

A trajetória percorrida para que o desenvolvimento sustentável viesse a ser considerado como

de fundamental importância para preservação da Terra e de seus ecossistemas constitui-se de vários

momentos distintos.

A era da revolução industrial, por exemplo, a qual possibilitou ao homem amentar a sua

produção, contribuiu para que os recursos naturais ficassem mais vulneráveis a exploração por parte

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das indústrias. O principal objetivo das fábricas era o de obter bastante lucro produzindo cada vez mais

a menores custos, sem demonstrar preocupação alguma com o meio ambiente.

Conforme Leal (2008, p. 1), no período que compreende a revolução industrial, “a disciplina e a

preocupação com o meio ambiente natural não se fez presente durante muitos anos, tendo como

resultado problemas ambientais de grandes dimensões”. Esse período de utilização irregular do meio

ambiente foi duradouro. Os olhos da grande maioria estavam focados apenas no que poderiam extrair

do ecossistema. Não se pensava em preservação ambiental.

O Brasil, que iniciou o seu processo de industrialização um pouco depois das duas revoluções

industriais, demorou um pouco para dar ênfase à temática sustentável. Porém, constatou-se ao longo

da história que alguns movimentos foram contribuindo para que esse assunto fosse levado a debate.

Conforme elucida Almeida (2012, p. 14), antes mesmo de a noção de desenvolvimento

sustentável surgir, “um grupo de cientistas, jornalistas e políticos organizou no Rio de Janeiro, então

capital da República, a primeira reunião nacional para discutir políticas de proteção ao patrimônio

natural”.

Enquanto os cientistas – botânicos, sobretudo - clamavam pela proteção das florestas, pensadores nacionalistas como Alberto Torres pregavam a necessidade de preservar ‘os órgãos vitais da nacionalidade, entre eles seus principais recursos’, como forma de manter a independência da nação. Dessa mistura de bandeiras conservacionistas e nacionalistas nasceria o movimento ambientalista brasileiro. Seu marco decisivo foi o ano de 1958, quando foi criada no Rio de Janeiro a Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza (FBCN) – a primeira organização ambientalista a conseguir criar e manter uma presença nacional (ALMEIDA, 2012, p. 14).

Infelizmente, após a segunda Guerra Mundial, quando se deu início ao maior processo de

industrialização já visto no Brasil, a questão ambiental foi deixada de lado. Consoante ensinamento de

Almeida (2012, p. 14), “com os olhos vidrados nas chaminés das fábricas que surgiam, o país mandava

para segundo plano o incipiente conservacionismo dos anos 1930. Entre 1940 e 1959 nenhum parque

nacional foi criado”.

Nesse ínterim, a população das cidades aumentou consideravelmente, o que acabou causando

vários distúrbios ambientais. “No curso desse processo, reflexo das políticas desenvolvimentistas então

vigentes, uma série de regras de proteção ao meio ambiente e ao cidadão foram desrespeitadas ou

mesmo desconsideradas”. (LEAL, 2008. p. 2).

Ainda com base em Leal (2008, p. 2) temos que:

Entre as décadas de 50 e 90, a parcela da população brasileira que vivia em cidades cresceu de 36% para 75%. Não obstante os evidentes desequilíbrios ambientais decorrentes desse processo, os espaços urbanos não receberam, na mesma proporção, a devida atenção por parte da mídia e dos governantes.

Naquele momento, no contexto internacional, algumas ações começam a ser realizadas. O

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meio ambiente já bastante explorado passa a apresentar sinais de cansaço. Muitos começam a

entender que os recursos naturais são findáveis e que se não forem bem cuidados tenderão a deixar

de existir rapidamente. Assim, por volta das décadas de 1960 e 1970, a questão ambiental, começou a

ganhar destaque nos meios de comunicação.

Nessa mesma época, lembra Almeida (2012. p. 18), “livros e conferências difundiam a tese de

que o planeta rumaria para a catástrofe se os países subdesenvolvidos quisessem seguir os passos

dos ricos em seu consumo desenfreado dos recursos do planeta”. Assim, em 1972, foi realizada a

Conferência sobre o Meio Ambiente, em Estocolmo, capital da Suécia.

De acordo com Silva (2011, p. 2) alguns dos resultados importantes dessa conferência foram:

I) a Declaração sobre o Meio Ambiente Humano, com 26 princípios, além de um preâmbulo de sete pontos; (II) um plano de ação para o meio ambiente, com 109 recomendações subdivididas em três grandes linhas de ação; III) uma resolução sobre aspectos financeiros e organizacionais no âmbito da Organização das Nações Unidas; IV) a criação do Programa das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente.

Dessa forma, percebe-se que essa conferência foi um ponto de partida para que outras

viessem a acontecer. Depois disso “ocorreram catástrofes ambientais com efeitos internacionais, como

os desastres de Bophal, em 1984, na Índia, e de Chernobyl, em 1986, na Ucrânia” (SILVA, 2011. p. 3).

Isso aumentou ainda mais a preocupação com o planeta, gerando a formulação de várias políticas que

pudessem vir a amenizar as catástrofes.

Enquanto isso “a formulação de uma política de meio ambiente para o Brasil foi uma decisão

de governo, tomada no começo da década de 1970, como uma resposta a pressões vindas do

exterior”. (ALMEIDA, 2012. p. 18).

Depois de vários anos é que o Brasil começou a dar maior ênfase ao assunto. Assim, em 1992,

foi realizada no Brasil, na cidade do Rio do Janeiro, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio

Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD). Esse evento reuniu representantes de vários países e de

diferentes organizações e causou inúmeras expectativas por parte daqueles que estavam interessados

na temática do desenvolvimento sustentável.

Esse período foi marcado por um grande desenvolvimento econômico, “impulsionado por

circunstâncias políticas, por avanços tecnológicos e pelo vertiginoso aumento do fluxo de transações

comerciais e financeiras”. (SILVA, 2011, p. 4).

Conforme Novais (1992, p. 87):

Como se tratava de uma conferência sobre meio ambiente e desenvolvimento, o encontro do Rio de Janeiro foi todo ele perpassado pela questão populacional. Como reduzir a pressão sobre recursos naturais se a população do Planeta não cessa de crescer? Como enfrentar problemas ambientais em âmbito planetário se uma parte considerável deles tem relações estreitas com os problemas da miséria?

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Muitos foram os questionamentos feitos nessa conferência. O momento estava pressionando a

comunidade mundial a encontrar um meio de parar com a degradação exagerada presente naquele

momento e uma maneira de preservar o que restou.

Para Waldman (1992, p.7), a “Eco 92 foi muito além do mero festival ‘ecológico’, ela expressa

um momento delicado, marcado por uma crise socioambiental sem precedentes”. Não dava mais para

adiar o processo de reestruturação da maneira de como o meio ambiente deve ser utilizado.

Consoante Silva (2011, p. 3), algumas das principais contribuições deixadas por esta reunião

foram:

(I) a adoção de duas convenções multilaterais – Convenção‐Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e Convenção sobre a Diversidade Biológica; e (II) a subscrição de documentos de fixação de grandes princípios normativos e/ou de linhas políticas a serem adotadas pelos governos – Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, Agenda 21 e Declaração de Princípios sobre Florestas. Merece destaque a incorporação à Declaração do Rio do conceito de desenvolvimento sustentável, forjado pelo Relatório Brundtland.

Essa conferência aumentou as expectativas de que seria possível avançar no processo da

utilização racional dos recursos naturais disponíveis. Contribuiu para que o conceito de

“Desenvolvimento Sustentável” fosse divulgado com mais força entre várias nações.

Echegaray (2012, p. 1) afirma que:

A ECO-92 repercutiu tanto no campo dos conceitos como das práticas, emplacando a noção desenvolvimento sustentável, forçando governos e empresas a implementarem planos e mudanças que conciliassem a vitalidade das economias com as necessidades da sociedade e do meio ambiente, e consagrando uma agenda comum de trabalhos.

Uma década depois, em 26 de agosto de 2002, foi realizada em Johannesburgo, na África do

Sul, a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (CMDS), comumente chamada Rio+10.

Segundo Diniz (2002, p. 1), a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (CMDS) “foi

consequência natural de dois eventos. O primeiro, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD). O segundo, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio

Ambiente Humano (CNUMAH)”.

Dois foram os documentos principais que resultarão das reuniões da Cúpula da Terra, como

ficou conhecida: “uma declaração política, que expressa os compromissos e os rumos para

implementação do desenvolvimento sustentável; e um plano de ação, que estabelece metas e ações

de forma a guiar a implementação dos compromissos assumidos pelos países” (JURAS, 2002, p. 3).

Apesar da repercussão que essas reuniões causaram, não foram visualizados grandes

avanços em comparação aos que já haviam sido realizadas.

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Para Juras (2002, p. 14):

Embora muitos tenham manifestado decepção com a Cúpula da Terra, os resultados de Joanesburgo já eram esperados e previsíveis, como indicavam as reuniões preparatórias para a Conferência. Constata-se, ademais, que as discussões e os resultados de Joanesburgo refletem o cenário econômico e político internacional de hoje. Seria muito otimismo esperar que Estados Unidos e outros países ricos adotassem em Joanesburgo uma postura diferente da que vêm tendo na discussão de outros tratados importantes em matéria ambiental, como o Protocolo de Quioto e a Convenção sobre Diversidade Biológica.

Em 2012, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil, aconteceu a Conferência sobre o

Desenvolvimento Sustentável (UNCSD) ou apenas Rio+20.

Nessa conferência alguns acordos foram firmados. Um deles, conforme relatório do Ministério

do Meio Ambiente (2012, p. 5), foi: “promover a integração, a implementação e a coerência: avaliar os

progressos obtidos até o momento e as lacunas existentes na implementação dos documentos das

grandes cúpulas sobre o desenvolvimento sustentável e enfrentar os desafios já existentes e os novos”.

“O ceticismo diante das possibilidades de que a Rio+20 resolva a crise ambiental é

generalizado, envolve inclusive os governos progressistas, e não apenas os movimentos sociais”

(MEDEIROS, 2012, p. 21). A repercussão foi bem maior do que as das primeiras conferências.

O Brasil, a exemplo, por intermédio do Plano Plurianual - PPA (2012 – 2015, p. 10), do

Governo Federal, elencou que “será reconhecido por: Desenvolvimento Sustentável e pela

Sustentabilidade Ambiental”.

2.1.1. Gestão Socioambiental

Promover o desenvolvimento sem causar prejuízos às futuras gerações se tornou um grande

desafio. Para que isso possa ser realizado, faz-se necessário planejar, executar e controlar todos os

processos organizacionais com base em como é possível e viável extrair e utilizar os recursos que a

natureza oferece.

De acordo com Mendonça (2007, p.6), “a Administração, como Ciência, insere-se de forma

inequívoca no meio dessas discussões, devido ao fato de proporcionar o aporte teórico necessário para

que se tenha uma evolução assistida”.

Assim:

Trazer a evolução histórica do desenvolvimento empresarial para o prisma do socioambientalismo pode estabelecer o liame necessário para se discutir a eficácia ambiental e social das organizações, a efetividade das suas ações e o alinhamento de seus propósitos com os da sociedade como aspectos inerentes a essa evolução (MENDONÇA, 2007, p. 5).

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Nesse contexto, “até meados da década de 1980, predominou no discurso empresarial uma

resistência a qualquer iniciativa de minimizar os impactos socioambientais decorrentes da atividade

produtiva” (DEMAJOROVIC, 2000, p.1). A preocupação maior dos empresários era com o lucro. Isso os

fazia crer que não deveriam mudar a forma de produzir, criam que não havia uma forma de minimizar

os impactos ambientais mantendo a margem de lucro favorável.

Isso acontecia por que:

No que se referia especificamente aos problemas de degradação ambiental, os representantes empresariais argumentavam que os custos adicionais para as empresas, resultante dos gastos em controle da poluição, comprometeriam a lucratividade, a competitividade e a oferta de empregos, gerando, portanto, prejuízos às partes interessadas como trabalhadores, acionistas e consumidores (DEMAJOROVIC, 2000, p.1).

Essa concepção os tornava quase que inegociáveis a respeito da produção limpa. A proteção

aos ecossistemas ficava em último plano.

Neste contexto, as empresas tentaram repassar os custos ambientais para a sociedade,

poupando o verdadeiro causador de arcar com qualquer ônus para reverter o problema

(DEMAJOROVIC, 2000).

Atualmente, uma visão diferenciada em relação àquela é perceptível aos pesquisadores e aos

analistas. A cultura de que a produção ambientalmente responsável resulta em custos adicionais

prejudiciais a produção caiu por terra. Para Takeshy, (2010, p. 39):

As organizações no novo contexto empresarial necessitam compartilhar do entendimento de que deve existir um objetivo comum, e não um conflito, entre desenvolvimento econômico e responsabilidade socioambiental, tanto para o momento presente como para as gerações futuras.

Percebe-se a nova visão adotada pelas organizações. Nota-se a preocupação com os recursos

naturais. Tem-se agora a necessidade de produzir com foco na proteção do meio ecológico.

Takeshy (2010, p. 39) afirma que:

Fazer atuar as forças de mercado para proteger e melhorar a qualidade do ambiente, com a ajuda de padrões baseados no desempenho e no uso criterioso de instrumentos econômicos, num contexto harmonioso de regulamentação, é um dos maiores desafios que o mundo empresarial enfrentará nas próximas décadas. Esta melhoria da qualidade necessita de uma atuação da organização face às pressões dessas forças de mercado, representadas pelas variáveis ambientais: econômicas, tecnológicas, sociais, demográficas e legais.

Dessa forma, faz-se necessário visualizar o processo produtivo com uma visão mais voltada

para a responsabilidade socioambiental. Isso porque até mesmo os consumidores, atualmente, não

buscam apenas os produtos que as organizações podem oferecer, mas procuram saber também como

elas atuam no mercado, observando condutas éticas, morais e responsáveis com os colaboradores

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internos e externos, e com o meio ambiente. “Os clientes, neste novo cenário empresarial, têm

expectativas de interagir com organizações que sejam éticas, tenham boa imagem institucional no

mercado, e que atuem de forma ecologicamente responsável” (TAKESHY, 2010, p. 39).

Para Santos (2012, p. 6):

Consumidores mais exigentes, seletivos e bem informados tendem a escolher preferencialmente marcas, produtos e serviços que conquistaram prestígio e competitividade por causa de suas práticas sustentáveis. Esse é um diferencial competitivo que se aplica aos pequenos negócios.

Assim, dar ênfase a critérios sustentáveis tornou-se uma constante para as organizações, pois,

“o compromisso pela sustentabilidade junto aos stakeholders (investidores, clientes, fornecedores,

consumidores, organizações não governamentais - ONGs e comunidade em geral) contribui para a

otimização econômica da organização” (TAKESHY, 2010, p. 39).

2.2 Atividade Apícola

Uma das atividades zootécnicas que mais tem crescido nos últimos 30 anos é a criação

racional de abelhas (Apis mellifera L.) Isso tem ocorrido pelo fato dessa prática apresentar certas

vantagens em relação a outras atividades, a saber:

a) a imensa quantidade e diversidade de flora apícola, base para alimentação e produção do mel; b) a condição de fixar o homem no campo por ser uma atividade de baixo custo de implantação e manutenção, rápido retorno financeiro, boa renda anual para o pequeno agricultor e pelo fato de ser uma atividade que congrega as comunidades em associações e pequenas cooperativas, favorecendo a socialização da atividade; c) a grande diversidade de produtos (mel, própolis, pólen, cera, geleia real, apitoxina), atividades remuneradas (coleta de pólen, criação de rainhas, produção de enxames e polinização dirigida de diversas culturas de interesse econômico) e serviços à natureza (preservação do meio ambiente através da polinização da flora nativa, além da própria preservação da mata nativa pelo apicultor); d) a utilização de pequenas áreas para sua implantação, não dependendo de instalações sofisticadas, nem de despesas com alimentação, vacinas e medicamentos; e) os mercados interno e externo, em plena expansão, além de preços atrativos para a comercialização; f) a expansão do mercado orgânico, encontrando um espaço para expansão no Nordeste, considerando-se as características da região; e g) a vasta extensão territorial detentora de potencial para apicultura e ainda não explorada (NETO, 2006, p. 11).

Além disso, ela “é uma das poucas atividades agropecuárias que atende aos três requisitos da

sustentabilidade: o econômico, o social e o ecológico” (NETO, 2006, p. 10).

A prática apícola é uma das mais antigas. “Pelas pesquisas arqueológicas, sabe-se que as

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abelhas existem há pelo menos 100 milhões de anos. Antes mesmo do surgimento do homem na

Terra, as abelhas já existiam” (ROCHA, 2008, p. 6).

Continuando:

Quanto à apicultura, de acordo com documentos de vários historiadores, remonta ao ano 2.400 a.C., no antigo Egito. Entretanto, arqueólogos italianos localizaram colméias de barro na ilha de Creta datadas, aproximadamente, de 3.400 a.C. De qualquer forma, até onde se registra, o mel já era utilizado desde 5.000 a.C. pelos sumérios (ROCHA, 2008, p. 6).

Souza (2007, p. 29), por sua vez, anota que “estima-se que o homem tenha começado a fazer

uso dos produtos das abelhas há mais de 7.000 anos, utilizando-os para fins alimentares e medicinais”.

Na idade média as abelhas chegaram a ser usadas como símbolo de poder, contribuindo para

que a exploração econômica do mel crescesse rapidamente. Papas e reis demonstravam essa

influência em brasões, cetros, coroas, moedas e mantos reais. “Em algumas regiões da Europa, os

enxames eram registrados em cartório e deixados de herança” (SEBRAE, 2006, p. 17).

Ainda, consoante Reder, (2013, p. 3), “a apicultura brasileira teve início em 1839, com o

Decreto-Lei nº 72, de 12/07/1839, do Imperador Dom Pedro II, concedendo ao Padre Antônio Carneiro

o direito exclusivo de importar abelhas da Europa e da Costa da África”. Essa atividade “foi

impulsionada por um acidente: a introdução da abelha africana em 1956, quando algumas abelhas

escaparam do apiário experimental e passaram a se acasalar com as de raça europeia” (SOUZA, 2007,

p. 30).

As abelhas africanas foram introduzidas no país, em Camaquã na região de Rio Claro, Estado

de São Paulo, porque eram sabidamente conhecidas como altamente produtivas e agressivas, com o

intuito de se executar um programa de melhoramento genético que fosse capaz de aumentar a

produção de mel do país, associado a uma baixa agressividade. No entanto, devido ao acidente, citado

no parágrafo anterior, houve abandono da atividade apícola. Assim, a produção de mel, que estava em

declínio, praticamente zerou. Foram dias negros (SOARES, 2004, p. 1).

Apesar disso, consoante Soares (2004, p. 1), depois de algum tempo, os produtores que

desenvolviam essa atividade “se conscientizaram que essas abelhas poderiam ser controladas e

exploradas com êxito, se houvesse uma adequação e uma total reformulação de técnicas e conceitos

válidos para as abelhas européias, mas que eram desastrosos para a abelha africanizada”. Porém,

depois de algumas experiências e informações geradas por centros de pesquisas, percebeu-se que

essas últimas também poderiam ser controladas, contribuindo significativamente para que a produção

de mel aumentasse consideravelmente no país.

Assim, “somente com o desenvolvimento de técnicas adequadas às abelhas africanizadas,

ocorrido nos anos 70, a apicultura passou a crescer e se expandiu para as regiões Norte, Nordeste e

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Centro-Oeste” (SOUZA, 2007, p 30).

Conforme aponta Gonçalves (2006, p. 14), a apicultura no Brasil pode ser dividida em três

etapas, quais sejam:

A primeira etapa ou “período de implantação da apicultura no País”, que corresponde ao período entre 1839 a 1955 e que, portanto, antecede a chegada das abelhas africanas (Apis mellifera scutellata) ao Brasil em 1956; a segunda etapa ou “período de africanização dos apiários e das colônias na natureza”, que se iniciou intensamente a partir dos primeiros enxames africanos ocorridos em 1956, continuando ao longo dos anos e ultimamente com menos intensidade até os dias atuais; e uma terceira fase muito marcante que foi o “período de recuperação e expansão da apicultura brasileira”, iniciado em 1970, quando ocorreu o Primeiro congresso Brasileiro de Apicultura, atingindo até os dias de hoje.

Essa atividade foi iniciada na região há pouco. “Registros da presença da abelha Apis

africanizada no nordeste reporta ao final da década de 60 e inicio dos anos 70”, e, “a expansão da

apicultura no nordeste brasileiro começou praticamente a partir da década de 90” (NETO, 2013, p. 1;

GONÇALVES, 2010, p.1.).

Sua implantação no nordeste brasileiro aconteceu de maneira tímida. Os que passaram a

desenvolvê-la o faziam de maneira quase artesanal. Segundo Neto (2013, p. 2), “por algum tempo a

atividade limitou-se ao modelo extrativista”. Porém, não demorou muito para que se expandisse e se

tornasse uma atividade profissionalizada. “Alguns nomes considerados pioneiros são: Dr. Murilo Rego

– SUDENE – Recife Pernambuco; Valdecir Rodrigues de Sousa – EMATERPI – Picos Piauí; Fernando

Antônio Landim – DAS – Fortaleza CE”. A inserção, como atividade racional e de importância

econômica, ocorreu em tempos diferentes, nos diversos estados da região. Imagina-se pela ordem

cronológica, os estados do Pernambuco, Piauí, Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,

Maranhão, Alagoas e Sergipe (NETO, 2013, p. 3). Assim, temos que, apesar de a produção apícola

nordestina ser recente, sua prática está presente em todos os estados da região nordeste,

proporcionando uma maior profissionalização da produção. “Nos anos em que a precipitação

pluviométrica se situa em torno ou acima da média, o Nordeste responde por cerca de 40% da

produção brasileira de mel” (VIDAL, 2013, p. 1). Percebe-se também que o estado do Rio Grande do

Norte foi o quinto a aderir a apicultura como uma atividade de forma racional.

Isso aconteceu de maneira rápida e intensa porque a produção apícola encontrou um clima

favorável para se desenvolver. Para Costa, (2009, p. 74), “a apicultura nordestina é um setor que

merece ser apoiado, dado o perfil diferenciado que o mel nordestino possui em virtude da rica e

diversificada flora nativa existente, predominantemente oriunda da caatinga”. Para Silva (2011, p. 17),

“as floradas do referido bioma, além de serem apreciadas pelas abelhas, permitem a produção de um

tipo de mel preferido pelos consumidores devido o seu sabor e aroma diferenciados”.

Outra contribuição dessa atividade para o Nordeste e consequentemente para o RN foi quanto

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a preservação do meio ambiente, pois “a apicultura é uma atividade agropecuária que, em função de

sua própria natureza, está intimamente relacionada com o equilíbrio entre meio ambiente, homem e

economia” (SILVA, 2011, p. 17).

Além do mel e da proteção ambiental que proporciona, a atividade apícola permite a produção

de outras substâncias como a cera, a própolis, a geleia real, o pólen apícola e a apitoxina. Esse último

é o veneno da abelha, um consagrado medicamento contra diversos distúrbios e problemas.

No Rio grande do Norte, a prática apícola tem aumentado expressivamente e entre os anos de

2001 e 2010 o crescimento alcançou a marca de 217%, ou seja, aproximadamente 27% ao ano. Isso

levou o Estado a ocupar o 10º lugar no ranking brasileiro em 2009 (IBGE, 2012). Ainda, de acordo com

dados divulgados pela União Nordestina de Apicultores e Meliponicultura – UNAMEL (2012), em dez

anos, mais precisamente de 1999 a 2009, a produção apícola cresceu 1.478%.

No perímetro Irrigado a apicultura teve início de maneira artesanal, não se sabe ao certo o ano.

Em 2005, porém, por meio da Associação Comunitária dos Agricultores Familiares do Perímetro e

Adjacência (ACAFPA), a qual conta atualmente com 23 (vinte e três) associados, deu-se início ao

projeto que disseminou essa atividade de maneira mais profissionalizada na comunidade.

Isso corrobora com a afirmação de Silva (2011, p.17) a qual expõe que “até pouco tempo atrás

(cerca de dez anos), o pequeno produtor rural não tinha conhecimento de quais procedimentos e

equipamentos poderiam ser adotados para se manter a qualidade do mel com relação à higiene

durante e após a sua colheita”.

Quanto a dificuldades para se desenvolver a produção na região Nordeste, destaca-se a

referente à secas. Para Barreto et al (2013, p. 2), “devido os períodos de estiagem característicos da

região Nordeste, muitas colmeias acabam ficando fracas”. Isso implica no abono de muitos apiários

pelas abelhas. A exemplo da maioria das atividades agropecuárias, a apicultura é susceptível a fatores

climáticos adversos. Tem-se como exemplo o ano de 2012, onde o clima seco, variando entre os

meses de moderado a extremamente seco, tornou a florada insuficiente, o que provocou elevada

queda de produção em todas as áreas produtoras de mel do Nordeste brasileiro. Além disso, ocorreu

também elevada perda de enxames por abandono de colmeias devido a alta temperatura aliada à falta

de sombreamento e manejo alimentar inadequado (VIDAL, 2013). “No Piauí, segundo o diretor da Casa

Apis, in Ribeiro (2013), a queda da produção de mel em 2012 foi de 66% em relação ao ano anterior”

(VIDAL, 2013, p. 1). No Rio grande do Norte houve uma perda de 82% dos enxames nesse mesmo ano

(UNAMEL).

Na tabela a seguir é demostrado o total de apicultores, colmeias existentes, percentual de

perdas de enxames e total de colmeias vazias em fevereiro de 2013 por estado do nordeste.

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Tabela 1 - Total de apicultores, colmeias existentes e percentual de perdas de enxames e total de colmeias vazias em fevereiro de 2013 por Estado do Nordeste

ESTADO Total de

apicultores Total de colmeias

% de perdas de enxames

Colmeias vazias

Piauí 12.000 300.000 70 270.000

Bahia 15.000 450.000 60 147.576

Rio G.do Norte 8.500 170.000 82 174.250

Ceará 6.800 204.000 75 153.000

Pernambuco 2.000 300.000 80 240.000

Paraíba 1.500 30.000 80 24.000

Alagoas 556 4.810 80 3.848

TOTAL 46.356 1.458.810 75 1.012.674

Fonte: Adaptado da UNAMEL, 2012.

Apesar disso, acredita-se que a apicultura é uma das atividades mais promissoras para a

região Nordeste. Para tanto, exige-se a adoção de melhores práticas de manejo, principalmente

alimentar e sombreamento, e faz-se necessário apoio creditício com a concessão de custeio (VIDAL,

2013).

No Estado do Rio Grande do Norte, essas ações poderão vir a serem feitas por meio do

Programa Estadual para o Desenvolvimento da Apicultura – PROAPIS, criado pela Lei Nº 9.313, de 29

de janeiro de 2010 e sancionado pela então Governadora Wilma Maria De Faria.

Entre algumas de suas atribuições, o PROAPIS objetiva proporcionar aos apicultores: crédito

necessário aos produtores através de projetos promovidos pela Secretaria de Estado da Agricultura, da

Pecuária e da Pesca – SAPE; estimular a pesquisa para o desenvolvimento de novas tecnologias que

facilitem o trabalho dos apicultores e aumentem a produtividade das colmeias; e promover a realização

de cursos profissionalizantes para os agricultores familiares, com vista a tecnologias aplicáveis à

apicultura e também relativos à produção, beneficiamento e comercialização do mel e subprodutos,

podendo celebrar acordos, parcerias e convênios com as instituições superiores de ensino.

Percebe-se que se trata de um programa que oferece inúmeros benefícios para os produtores

da área apícola.

2.2.1. Apicultura e meio ambiente

“Ambiente é a soma das condições que envolvem, dão condição de vida, sustentam e mantêm

relações de troca com os seres vivos em um território. Sem ambiente não há vida” (SANTOS, 2007, p.

20). “Meio ambiente é o conjunto de condições e componentes físicos, químicos e biológicos que

possibilitam, regem e abrigam a vida em todas as suas formas” (EPAGRI, 2006, p. 5).

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Assim, a necessidade de se produzir algo sem que ocorram desmatamentos, queimadas, uso

abusivo de agrotóxicos, aplicação de resíduos tóxicos na natureza, tem sido um grande desafio para a

sociedade, principalmente nas últimas quatro décadas. Por isso, Salamoni (2000, p. 1) afirma que, “as

indústrias estão sendo forçadas a tomar posições diferenciadas com relação às estratégias de mercado

nas últimas décadas. Algumas preocupações com os aspectos sociais nas indústrias podem ser

salientadas, especialmente com relação às questões ambientais”.

Viana (2004, p. 15) esclarece que “desde a década de 70 a humanidade vem tomando

consciência de que existe uma crise ambiental planetária. Não se trata apenas de poluição de áreas

isoladas, mas de uma real ameaça à sobrevivência dos seres humanos”.

Essa preocupação ecológica pode ser percebida observando alguns dos acordos extraídos da

Rio92, quais sejam:

i) Os seres humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza; ii) Os Estados, de acordo com a Carta das Nações Unidas e com os princípios do direito internacional, têm o direito soberano de explorar seus próprios recursos segundo suas próprias políticas de meio ambiente e de desenvolvimento, e a responsabilidade de assegurar que atividades sob sua jurisdição ou seu controle não causem danos ao meio ambiente de outros Estados ou de áreas além dos limites da jurisdição nacional; iii) O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a permitir que sejam atendidas equitativamente as necessidades de desenvolvimento e de meio ambiente das gerações presentes e futuras; iv)Para alcançar o desenvolvimento sustentável, a proteção ambiental constituirá parte integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser considerada isoladamente deste; v) O meio ambiente e os recursos naturais dos povos submetidos a opressão, dominação e ocupação serão protegidos; vi) A paz, o desenvolvimento e a proteção ambiental são interdependentes e indivisíveis (ONU, 2012, p. 1,2 e 4).

Analisando essas declarações, percebe-se o quanto o meio ambiente tem sido enfatizado para

que, sendo um dos pilares da sustentabilidade, a humanidade consiga produzir e tirar seu sustento sem

prejudicar as gerações futuras.

No art. 225, presente no cap. VI da Constituição Federal de 1988 (2013, p. 59), têm-se que:

“todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e

essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-

lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

No mesmo art., no parágrafo segundo, a Constituição diz que para que a efetividade desse

direito seja assegurada, é dever do poder público, dentre outros:

I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;

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III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade (CF, 2013, p. 59).

Para que isso seja cumprido, a mesma Carta Magna, no parágrafo terceiro do art. 225, declara

que “as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas

físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os

danos causados”.

Todo esse aparato deve-se ao fato da grande degradação que o meio ambiente vem sofrendo

ao longo dos séculos, pois, conforme ensina Santos (2007, p. 26), as pessoas desenvolveram uma

grande capacidade de apropriação e transformação do meio em que vivem, utilizando o quanto o meio

possa lhe oferecer, mas não desenvolveram, concomitantemente, a consciência e o conhecimento

necessários a respeito das limitações desse espaço, usando-o, e muitas vezes, de forma descontrolada

e desmedida.

Em contrapartida, tem-se que esse descuido com o meio ecológico tem trazido diversas

consequências negativas. Algumas delas são:

Contaminação de alimento por produtos químicos nocivos a saúde humana, como agrotóxicos, adubos químicos, hormônios e medicamentos aplicados comumente ao gado para que ele cresça mais rapidamente ou não contraia doenças. Podemos acrescentar ainda a crescente poluição dos oceanos e mares, o avanço da desertificação, o desmatamento acelerado, das últimas grandes reservas florestais, originais do planeta (Amazônia, bacia do rio congo e Taiga), a extinção reversiva de milhares ou até milhões de espécies vegetais e animais, etc. (VIANA, 2004, p. 15).

Nesse contexto, a atividade apícola surge como alternativa a ser praticada conforme a lei e

ainda com prática sustentável para a preservação e recuperação dos ecossistemas, visto que não

degrada e ainda ajuda na polinização das plantas.

Para Almeida (2009, p. 12), “a apicultura é uma atividade produtiva em franca expansão,

apresentando-se como uma excelente alternativa de exploração de propriedades rurais, além de

intensificar a polinização da flora da região”. E o “uso da polinização como fator de produção agrícola,

possibilita ao produtor maior qualidade e produtividade, e também acaba por contribuir com a

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manutenção dos ecossistemas” (SOUZA, E. A, 2010, p. 2). Ainda, conforme Hart (2014, p. 1) “com a

polinização das plantas pelas abelhas, os apicultores recebem pólen e mel. Ao mesmo tempo, o

processo rende colheitas lucrativas para os agricultores”. Assim, conforme Silva, F. M. (2013, p. 15), “a

polinização constitui-se atualmente em um fator de produção fundamental na condução de muitas

culturas agrícolas ao redor do mundo”.

2.2.2. Apicultura e sustentabilidade

Segundo Pontes (2009, p. 3). “no século XX, o capital industrial tinha atingido patamares nunca

vistos no âmbito da produção e reprodução do capital, como também no sentido de degradação

ambiental e ineficiência quanto ao aspecto social”. Sendo assim, “na história recente, muitas foram as

tentativas científicas para refazer a significação de desenvolvimento, entendendo o termo como ações

eficazes para o bem estar-social” (PONTES, 2009, p. 4).

Depois de vários acontecimentos como a conferência de Estocolmo em 1972, Eco 92 em 1992,

Rio + 10 em 2002 e Rio + 20 em 2012, algumas metas de proteção socioambiental foram traçadas, as

quais devem atender ao paradigma da sustentabilidade.

Dessa maneira, observando-se o conceito de sustentabilidade, o qual prega a necessidade do

desenvolvimento de atividades que proporcionem o bem estar sem que isso prejudique as gerações

futuras, tem-se que a apicultura é umas das atividades que melhor atendem a esses requisitos. Está

entre as práticas mais completas que existem na atualidade, nesse sentido. Ela não destrói a natureza

e ainda contempla os três pilares da sustentabilidade: o econômico, o social e o ecológico. O

econômico por gerar renda para quem a desenvolve, o social por se utilizar da mão de obra dos

próprios familiares e, por último, do ecológico, pois não precisa de desmatamentos para que a

produção aconteça.

Para Lima (2005, p. 25):

A atividade apícola é essencialmente ecológica, comprovadamente rentável, que pode ser desenvolvida em, praticamente, todo o espaço geográfico, que possui condições de solo e clima favorável e uma vegetação exuberante e rica em floradas, sendo uma atividade sustentável e de grande importância econômica.

Neto (2006) atesta que, dentre outas contribuições, por ser uma atividade de baixo custo de

implantação e manutenção, de boa renda anual para o pequeno agricultor, com um retorno financeiro

rápido, e contribuir para que as comunidades unam-se em associações e pequenas cooperativas,

favorecendo a socialização da atividade, a prática apícola ajuda a manter a imensa quantidade e

diversidade da flora.

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Assim, a apicultura insere-se como uma ótima alternativa de produção tanto para pequenos

produtores familiares como para aqueles que têm um maior capital disponível e desejam investir em

maior escala.

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3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Os aspectos metodológicos utilizados para a produção deste trabalho serão apresentados no

presente capítulo. Nele será explicitado o tipo de pesquisa que foi realizada, o universo e a amostra

dessa pesquisa e o método escolhido para a realização da coleta e análise dos dados.

3.1 Tipo de pesquisa

Antes de adentrar ao conceito de pesquisa, tem-se que o método a ser utilizado para sua

realização será o Estudo de Caso. Para Cesar (2010, p. 1) esse método é “uma das maneiras mais

comuns de se fazer estudos de natureza qualitativa em ciências sociais aplicadas”. Ainda conforme o

autor, “o Método do Estudo de Caso enquadra-se como uma abordagem qualitativa e é frequentemente

utilizado para coleta de dados na área de estudos organizacionais” (CESAR, 2010, p. 3). Deus (2010,

p. 2) afirma que “diante das possibilidades de pesquisa social, na perspectiva qualitativa, destacamos o

método de pesquisa do estudo de caso por possuir relevância significativa no meio acadêmico”. Sendo

assim, tendo em vista o presente trabalho ser de natureza mista, realizaremos a pesquisa por meio

desse método de pesquisa, o qual se encaixa muito bem neste trabalho.

Mas, afinal, o que significa pesquisa?

Pesquisa é o procedimento pelo qual se procura descobrir coisas novas, obter respostas para

perguntas ou soluções para os problemas levantados através do emprego de métodos científicos, ou

refutar algum conhecimento que já existe. Segundo Lakatos e Marconi (2003, p.155) “a pesquisa,

portanto, é um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo, que requer um tratamento

científico e se constitui no caminho para conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais”.

Conforme Pinto (2003, p. 8), “pesquisar, num sentido amplo, é procurar uma informação que

não se sabe e que se precisa saber”. Dessa forma, consultando livros, revistas, verificando

documentos, conversando com pessoas, fazendo perguntas no intuito de obter respostas constituem-

se formas de pesquisar.

No que diz respeito ao delineamento da pesquisa, Gil (2010, p.27,28) a classifica quanto aos

objetivos em “exploratória, descritiva e explicativa e quanto à finalidade em pura e aplicada”.

Quanto à finalidade, a pesquisa é classificada em pura e aplicada. A primeira diz respeito ao

estudo realizado com vista ao progresso da ciência, porém, sem a preocupação direta com suas

aplicações e consequências práticas. Já a segunda, além de se preocupar com o progresso da ciência,

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procura descobrir novos conhecimentos que venham a ser aplicados a situações que as necessitem

(GIL, 2010).

Dessa forma, baseando-se nos conceitos apresentados acima, a presente pesquisa pode ser

classificada da seguinte forma:

Quanto aos objetivos ela classifica-se como descritiva por que têm como objetivo a descrição

das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações

entre variáveis, utilizando-se de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a

observação sistemática.

Em relação à finalidade a pesquisa é aplicada, pois, pretende-se utilizar os seus resultados na

organização objeto desse estudo.

3.2 Universo e amostra

A Associação Comunitária dos Agricultores Familiares do Perímetro e Adjacência (ACAFPA)

conta atualmente com 23 (vinte e três) membros ativos, porém, o universo (população) da presente

pesquisa é representado apenas por aqueles que da que trabalham na atividade apícola, ou seja, 11

(onze) membros.

3.3 Coleta de dados

Segundo Marconi e Lakatos (2003, p. 65) a coleta de dados é a “etapa da pesquisa em que se

inicia a aplicação dos instrumentos elaborados e das técnicas selecionadas, a fim de se efetuar a

coleta dos dados· previstos”.

Para tanto, como instrumento decidiu-se por utilizar questionários, conforme Gil (2002, p. 114)

“por questionário entende-se um conjunto de questões que são respondidas por escrito pelo

pesquisado”.

Dessa forma, o questionário conterá questões abertas e fechadas, e será construído seguindo

o que foi proposto nos objetivos da pesquisa, onde os dados coletados através deste instrumento

servirão para analisar e entender a sustentabilidade na atividade apícola da ACAFPA, em Pau dos

Ferros-RN, bem como os desafios enfrentados para isso.

3.4 Tratamento dos dados

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A estratégia que será utilizada para o tratamento dos dados será a análise de conteúdo, que

para Campos (2009, p. 1) “abrange um conjunto de técnicas de organização de

comunicações/informações – um procedimento frente a dados qualitativos para fazer emergir

temas/tópicos e conceitos/conhecimentos”.

Essa técnica é atualmente bastante utilizada por pesquisadores, principalmente no campo das

ciências humanas e sociais. Ela é considerada por Vergara (2005, p. 15) como “uma técnica para o

tratamento de dados que visa identificar o que está sendo dito a respeito de determinado tema”. Busca-

se chegar ao entendimento completo da mensagem que está sendo apresentada por meio dos dados

coletados.

Moraes (1999, p. 9), afirma que a análise de conteúdo:

Constitui uma metodologia de pesquisa usada para descrever e interpretar o conteúdo de toda classe de documentos e textos. Essa análise, conduzindo a descrições sistemáticas, qualitativas ou quantitativas, ajuda a reinterpretar as mensagens e a atingir uma compreensão de seus significados num nível que vai além de uma leitura comum.

Ela não está restrita a um único tipo de documento ou texto. Ademais, constitui-se numa

metodologia de análise que pode ser usada tanto em planos qualitativos como quantitativos.

Corroborando com essa ideia, Figueiredo e Souza (2011, p. 112) acrescentam que “guardadas as

especificidades do método de análise de conteúdo, pode-se dizer que sua aplicação serve tanto para

procedimentos quantitativos como para qualitativos”. Assim, percebe-se que esse procedimento

metodológico é bastante abrangente, não tendo que enfrentar muitas barreiras a sua aplicação.

Para Bardin (1977, p. 38), “a análise de conteúdo aparece como um conjunto de técnicas de

análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos do conteúdo de

descrição das mensagens”. Sua aplicação permite a manipulação de mensagens, contribuindo, por

meio de aplicações adequadas, chegar-se à interpretação adequada dos dados. Deve-se atentar para

o fato de que todo esse processo deve ser realizado com muito cuidado e seriedade para que a

fidedignidade da pesquisa seja garantida.

A tabulação e processamento dos dados foram feitos por meio de quadros, gráficos e tabelas,

fornecendo, assim, as informações e os pontos relevantes que contribuíram para a resolução do

problema de pesquisa e o alcance dos objetivos geral e específicos.

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4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Nesse capítulo são apresentados, analisados e discutidos os dados colhidos através do

questionário aplicado junto aos apicultores. Sua tabulação e processamento foram feitos por meio de

quadros, gráficos e tabelas, fornecendo, assim, as informações e os pontos relevantes que

contribuíram para a resolução do problema de pesquisa e o alcance dos objetivos geral e específicos.

Conforme metodologia empregada, o instrumento exploratório de coleta subdividiu-se e

descreveu os dados em três grupos de variáveis: indicadores socioeconômicos, indicadores produtivos

e indicadores ambientais.

4.1 Indicadores socioeconômicos

Inicialmente, na Tabela 1, é feita uma breve identificação do perfil dos apicultores. Questões

relacionadas a estado civil, composição familiar, residência, entre outros, são algumas das que

constam no instrumento de coleta.

Tabela 2 - Indicadores Socioeconômicos

Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

De início, observa-se que todos os apicultores são do sexo masculino, ou seja, 100%. O que

INDICADORES SOCIOECONÔMICOS

Idade Tempo que trabalha na apicultura

21 a 30 anos 10% 1 a 5 anos 10%

31 a 40 anos 20% 6 a 10 anos 90%

41 a 50 anos ----- 11 a 15 anos 0%

51 a 60 anos 40% 16 a 20 anos 0%

Mais de 61 anos 30% Mais de 21 anos 00%

Sexo Estado civil

Masculino 100% Casado (a) 90%

Feminino 0% Viúvo (a) 0%

Escolaridade Solteiro (a) 10%

Analfabeto 10% Participa de alguma associação de classe

Fundamental incompleto 50% Sim 100%

Fundamental completo 10% Não 0%

Ensino Médio incompleto 0% Reside na propriedade que desenvolve a atividade

Ensino Médio completo 20% Apícola

Ensino Superior Incompleto 10% Sim 60%

Ensino Superior Completo 00% Não 40%

Principal atividade econômica

Apicultura 40%

Pecuária 20%

Fruticultura ----

Servidor Público 10%

Autônomo 30%

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não significa total afastamento feminino dessa atividade. Algumas ajudam seus esposos. Tornando a

atividade familiar.

Quanto à “composição familiar” dos produtores, observa-se que 90% deles vivem com suas

esposas ou filhos. Apenas 01 (um) deles vive com os pais, o único solteiro. Esses números permitem

deduzir que esse grupo de apicultores é composto por pessoas que demonstram um desejo maior de

permanecer habitando em suas comunidades, já que conseguem visualizar a produção apícola como

uma atividade com grandes potencialidades para a região. Ideia que vai ao encontro do pensamento de

Júnior (2013, p. 12) quando afirma que “a apicultura é uma atividade produtiva em franca expansão,

apresentando-se como uma excelente alternativa de exploração de propriedades rurais”. Quanto a este

único apicultor solteiro (dentro do universo pesquisado), estudante de agronomia, observou-se um

grande interesse de sua parte pela prática apícola, porém, o mesmo não tem certeza se deseja ficar no

local onde vive atualmente, pois almeja sair para expandir seus conhecimentos na área.

Por meio desses dados, infere-se que existem poucos produtores que pensam em deixar suas

terras e partirem para outros lugares, uma vez que vislumbram a possibilidade de produzir bem onde

moram com suas famílias. Quanto a este ponto, para Woortmann (1990, p. 35), “a migração

camponesa não é apenas consequência da sua inviabilização de suas condições de existência, mas é

parte integrante de suas próprias práticas de reprodução”.

Continuando análise da Tabela 1, observa-se que 60% dos apicultores residem no Perímetro

Irrigado, onde se localiza a sede da ACAFPA. Em relação aos outros 40%, tem-se que um reside na

zona urbana de Pau dos Ferros, dois residem na cidade de Francisco Dantas e um habita na cidade de

Marcelino Vieira, essas duas últimas são cidades que, assim como a de Pau dos Ferros, também

fazem parte do Alto Oeste Potiguar.

O fato de alguns desses apicultores não residirem na localidade em que a sede da associação

está não interfere em sua participação como membros ativos que desfrutam de todos os direitos e

deveres que são conferidos aos que lá firmam residência. Isso porque a ACAFPA é uma organização

que abrange não apenas a comunidade do Perímetro, mas também todas as demais comunidades e

cidades adjacentes.

Nesse contexto, conforme expresso na Tabela 2, também foi observado pela pesquisa o total

de pessoas por família. Constatou-se que 20% das famílias são compostas por duas pessoas, 30%

possuem três pessoas, 30% têm quatro pessoas e outros 20% famílias que têm mais de cinco pessoas.

Realizando uma média aritmética simples, tem-se que existem, aproximadamente, 3,7 pessoas por

família. Assim, uma comparação com dados coletados pela PNAD (Pesquisa Nacional de Amostra por

Domicílio), divulgada em 2012, na qual afirma que a família brasileira compõe-se de três integrantes,

permite-nos inferir que o registrado nas famílias dos apicultores não está muito acima dessa média.

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Tabela 3 – Número de pessoas por família

Composição familiar Famílias

Uma pessoa 0%

Duas pessoas 20%

Três pessoas 30%

Quatro pessoas 30%

Cinco pessoas 0%

Acima de cinco pessoas 20%

TOTAL 100%

Fonte: dados da pesquisa, 2014.

Ainda em relação à Tabela 1, quanto ao “grau de escolaridade”, infere-se que 50% dos

entrevistados não conseguiram concluir o ensino fundamental. Nota-se também que apenas 10% estão

cursando o ensino superior. Entre os demais, têm-se que 20% concluiu o ensino médio, 10% concluiu o

ensino fundamental e 10% nunca estudou. Nota-se aqui o baixo grau de escolaridade da maioria dos

apicultores. Segundo relatos de alguns deles, essa realidade deve-se ao fato da grande dificuldade que

enfrentavam para estudar.

Felizmente, a realidade educacional por que passa o Alto Oeste Potiguar atualmente é bem

diferente da existente há três ou quatro décadas. Um exemplo vivo disso pode ser constatado na

cidade de Pau dos Ferros/RN. Esta comporta hoje diversas universidades em seu território, quais

sejam: Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), por meio do Campus Avançado Maria

Eliza de Albuquerque Maia (CAMEAM) – fomentador deste estudo; o Instituto Federal do Rio Grande

do Norte (IFRN); a Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA); a Faculdade Evolução Alto

Oeste Potiguar (FACEP) e um Poló da Anhanguera EAD. O IFRN, por exemplo, oferece, entre os

inúmeros cursos técnicos e superiores, nas mais diversas áreas, curso técnico de apicultura.

Esse avanço repercute o que vem acontecendo em todo o Brasil. De acordo com dados do

Ministério da Educação (MEC, 2014), “de 1909 a 2002 foram criadas 140 escolas técnicas federais.

Hoje, já são 342. Foi registrado um aumento de 148% no número de matrículas de toda a rede federal,

de 2003 a 2010. Os alunos eram 140 mil em 2003 e hoje são 348 mil”. Ainda, conforme informações

divulgadas pelo mesmo Ministério, as universidades federais dobraram a oferta de vagas. Eram 109,2

mil em 2003 e chegaram a 222,4 mil em 2010.

Além do acesso, as universidades também puderam ampliar suas ações voltadas à

permanência dos estudantes. Como exemplos podem ser relacionados: o Plano Nacional de

Assistência Estudantil (PNAES), criado em 2007, que é um programa por meio do qual as

universidades desenvolvem seus programas de assistência, financiando itens como saúde, transporte,

moradia e alimentação para seus estudantes; o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES), um

programa do Ministério da Educação destinado à concessão de financiamento a estudantes

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regularmente matriculados em cursos superiores presenciais não gratuitos e com avaliação positiva

nos processos conduzidos pelo MEC; o Programa Universidade para Todos (ProUni), criado em 2004,

pela Lei nº 11.096/2005, com a finalidade de gerar concessão de bolsas de estudos integrais e parciais

a estudantes de cursos de graduação e de cursos sequenciais de formação específica, em instituições

privadas de educação superior e o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), desenvolvido pelo Ministério

da Educação para selecionar os candidatos às vagas das instituições públicas de ensino superior que

utilizarão a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como única fase de seu processo

seletivo.

Todas essas ações demonstram a facilidade (de hoje) que a maioria dos apicultores da

ACAFPA não alcançaram enquanto jovens estudantes. Porém, já para seus filhos, esse

aproveitamento pode ser constatado. Na Tabela 3, referente à escolaridade dos familiares, percebe-se

que 10% dos filhos e 10% das filhas possuem o ensino superior completo, sendo a graduação dessas

últimas pela UERN. Entre os demais, 30% dos filhos concluíram o ensino médio e 10% das filhas têm

esse grau, sendo que, dentre os filhos, um é desistente do curso de apicultura no IFRN. Enfim, de

todos os filhos, apenas uma menina nunca estudou, isto por conta da idade, tem apenas dois anos.

Tabela 4 – Grau de escolaridade dos familiares

Grau de Escolaridade Cônjuge Filho(s) Filha(s) Pai Mãe

Analfabeto (ou não estuda) 0% 0% 16,6% 0% 0%

Ensino Fundamental 33,3% 30% 0% 0% 0%

Ensino Fundamental Incompleto 44,4% 20% 50% 0% 0%

Ensino Médio 22,2% 30% 16,6% 100% 100%

Ensino Médio Incompleto 0% 10% 0% 0% 0%

Ensino Superior 0% 10% 16,6% 0% 0%

Total de pessoas 100% 100% 100% 100% 100%

Fonte: dados da pesquisa, 2014

Quando questionados a respeito da “principal atividade econômica”, Tabela 1, 40% afirmaram

ser a apicultura, 30% declararam tirar a maior renda de atividades autônomas (comércios, crediário),

20% disseram ser a pecuária sua maior fonte de renda e 10% atua no serviço público.

Por meio desse dado, percebe-se a importância que a apicultura tem para esse trabalhadores.

Para Vidal (2013, p. 1), “atualmente, existem cerca de 46.356 apicultores em toda a Região e a maioria

possui até 200 colmeias”. Isso demonstra o quanto a apicultura tem se expandido e ganhado espaço

como uma atividade que pode contribuir muito para renda de quem a desenvolve.

Corroborando com essa ideia, quanta a contribuição da apicultura para a família, pelos

números expostos na Tabela 4, esta pesquisa permite constatar que 100% dos produtores investigados

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consideram essa atividade como fonte de renda. 100% afirmou que desfrutam de alguns de seus

produtos como alimento e 70% acreditam que essa atividade contribui bastante na assimilação de

novos conhecimentos. Daí constata-se o quanto essa atividade tem contribuído para esses

trabalhadores.

Tabela 5 – Contribuição da apicultura para a família

Como a apicultura contribui para a qualidade de vida da sua família?

Contribuição Apicultores

Renda 100%

Alimento 100%

Conhecimento 70%

Outros 0%

Fonte: dados da pesquisa, 2014.

Para Vidal (2013, p. 4), “a apicultura é um setor, no Nordeste, considerado muito promissor,

pois além da comprovada vocação da Região para produção apícola, a flora nativa diversificada

possibilita a produção de mel livre de resíduos de antibióticos e pesticidas agrícolas”.

No estado do Paraná, por exemplo, de acordo com Marochi et al, (2013, p. 46), a apicultura

tem sido usada como “uma alternativa complementar de renda caracterizada como uso sustentável e

não madeirável da floresta”.

Entretanto, apesar de tantas contribuições que a apicultura tem trazido para essas famílias,

nota-se na tabela 5 que são poucos membros desses núcleos que a desenvolvem.

Tabela 6 – Total de pessoas da família que ajudam na produção apícola.

Número de Pessoas da Família que Trabalham com a Apicultura

Famílias Nº de pessoas

60% Uma pessoa

20% Duas pessoas

0% Três pessoas

20% Quatro pessoas

0% Cinco pessoas

0% Acima de cinco pessoas

100% TOTAL

Fonte: dados da pesquisa, 2014.

Observa-se em 60% das famílias dos apicultores que apenas 10% das pessoas atuam

ativamente na produção dos derivados apícolas. Tem-se que em outras 20% das famílias 40% das

pessoas trabalham na atividade e em outras 20% dessas famílias 20% das pessoas desenvolvem esse

trabalho. Esse dado preocupa (um pouco) pelo fato dessa atividade não está sendo aproveitada ao

máximo como uma atividade familiar. Para Vidal (2013, p. 1), “a apicultura nordestina é uma atividade

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de caráter eminentemente familiar; atualmente, existem cerca de 46.356 apicultores em toda a Região

e a maioria possui até 200 colmeias”.

Entretanto, pela observação feita em campo, notou-se que a maioria dos apicultores trabalha

sem a participação ativa dos filhos e que alguns já são de idade avançada. São indivíduos provindos

de outras atividades, como a pecuária, por exemplo.

Assim, pode-se inferir que a apicultura na região, atualmente, na visão local, não se apresenta

como uma atividade promissora para os jovens. Não existem muitas perspectivas por parte deles. Isso

se apresenta como algo desagradável, pois, conforme Cristiane (2009, p. 6), “a apicultura é um

empreendimento desenvolvido a partir de baixos investimentos e baixos custos operacionais”. Além,

disso, para a mesma autora, a atividade apícola “permite o consórcio com qualquer outra atividade

agropecuária, pois não concorre com nenhum animal no pastejo, pois as abelhas não consomem a

forragem”.

Desdobrando o entendimento da pesquisadora Cristiane (2009), a apicultura, além do mel,

oferece também, a própolis, pólen, geleia real e apitoxina. Produtos que podem trazer uma renda

significativa para quem os comercializem.

A inserção do público mais jovem nessa atividade seria importante ainda por poderem oferecer

mão-de-obra com uma maior facilidade de qualificação e bem mais adaptada às novas tecnologias.

4.2 Indicadores Produtivos

Neste tópico foi analisado e discutido o aspecto relacionado à produção. Para isso foram

aplicadas questões referentes a tempo de prática apícola, município em que pratica a apicultura,

localização do apiário, área total da terra em que trabalha, entre outros referentes.

Tabela 7 - Indicadores produtivos

Continua

INDICADORES PRODUTIVOS

Tempo de prática apícola Município em que pratica a apicultura.

1 ano 00% Apenas no município em que mora 90%

2 anos 10% Apenas em outro município 00%

3 anos 00% No município em mora e em outro município 10%

4 anos 00% Local de instalação dos apiários

Mais de 5 anos 90% Mata ciliar 100%

Área total em hectares. Pomar 00%

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45

Continuação

Fonte: dados da pesquisa, 2014.

Em relação ao tempo de prática apícola, 90% dos entrevistados a desenvolvem a mais de

cinco anos. Desse total, a maioria afirmou ter dado início à atividade no período em que a associação

decidiu desenvolver um projeto na área. Outros, porém, falaram que já desenvolviam essa atividade de

maneira artesanal, apenas deram continuidade por meio da ACAFPA. Isso aconteceu porque

consideravam que atuar como filiado seria mais viável para desfrutarem de maiores benefícios. De

acordo com Camargos (2010, p.25) “as Organizações do Terceiro Setor como as diversas instituições

que de forma complementar, suplementar ou substitutiva ao Estado, prestam auxílio a aqueles que

necessitam”. Para Anheier apud Santos et al. (2010, p.105), essas organizações “são consideradas, a

mais importante força econômica e social ao nível local, nacional e internacional”. Dessa forma, nota-se

a real importância de estarem associados.

Conforme Bacaxixi (2011, p. 4), “a apicultura é uma atividade rentável para pequenos, médios

e grandes produtores; e que para o Brasil é bastante promissora, já que nossa flora é considerada uma

das maiores e mais ricas do mundo”.

Para Golynski (2009, p.1) “a apicultura desperta grande interesse em diversos segmentos da

sociedade por se tratar de um empreendimento de fácil manutenção e de baixo custo inicial em relação

às demais atividades agropecuárias”.

Quanto à localidade em que praticam a apicultura, 90% não precisam sair dos municípios em

que moram para fazer isso. Ou seja, não necessitam se deslocar para outras comunidades a fim de

desenvolverem a apicultura. Conforme Golynski (2009, p. 1), essa atividade “se destaca como

Até 5 há 00% Jardim 00%

Entre 5 e 10 ha 30% Outros 00%

Entre 10 e 20 ha 00% Pratica Outras atividades

Entre 20 e 50 ha 50% Pecuária 90%

Mais de 50 ha 20% Plantação de milho/feijão/arroz 50%

Colmeias por apiários Fruticultura 10%

Entre 5 e 10 10% Outros 40%

Entre 10 e 20 20% Possíveis dificuldades para manter um apiário.

Entre 20 e 50 60% Problemas econômicos 80%

Entre 50 e 100 00% Problemas de assistência técnica 90%

Mais de 100 10% Falta de um programa de desenvolvimento 100%

Arrendamento ou parceria de terras para a Outros 0%

prática da atividade O apiário está em boas condições

Sim 50% Sim 100%

Não 50% Não 00%

Recebe assistência técnica Financiamentos para a apicultura

Sim 00% Sim 00%

Não 100% Não 100%

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alternativa de ocupação, emprego e renda para o homem no campo, uma vez que a sua cadeia

produtiva favorece a criação de postos de trabalho e fluxos de renda durante todo o ano”.

Percebeu-se que a maioria desses produtores é da zona rural, levando-se a inferir que essa

atividade vem beneficiando bastantes os rurais quanto à diversificação da renda familiar. Isso acontece

porque, de acordo com Júnior (2013, p. 12), “a apicultura é uma atividade produtiva em franca

expansão, apresentando-se como uma excelente alternativa de exploração de propriedades rurais”.

Ainda para Cristiane (2009, p. 4), “o desenvolvimento da apicultura é cada vez mais atrelado ao

aproveitamento das culturas florestais e agrícolas”.

Segundo os entrevistados, o clima da região favorece a criação de abelhas. São muitas as

plantas que contribuem para isso. Então, poucos necessitam se deslocar para outras localidades no

intuito de desenvolverem seus trabalhos apícolas. “Levando em consideração, que a apicultura é uma

atividade de valor social, econômico e ambiental, ao mesmo tempo pode ser desenvolvida em

praticamente quase todas as propriedades” (SIRLEI, 2005, p. 3).

Quando perguntados sobre qual o local onde os apiários são instalados, observou-se que

todos os produtores utilizam-se da mata ciliar para isso. Esse tipo de vegetação é, segundo a

Secretaria de Recursos Hídricos e Meio Ambiente do estado do Paraná, “a formação vegetal localizada

nas margens dos rios, córregos, lagos, represas e nascentes. Também é conhecida como mata de

galeria, mata de várzea, vegetação ou floresta ripária”. De acordo com os apicultores da ACAFPA, tal

local oferece todas as condições necessárias para que as abelhas produzam bem. Para Fábia et al

(2006, p. 6) “a Região Nordeste do Brasil vem apresentando nos últimos anos um crescimento bastante

expressivo no setor da apicultura, por causa do seu elevado potencial para essa atividade”. Ainda

segundo a mesma autora, “nessa Região, a exploração apícola é baseada na flora silvestre e, para que

o apicultor obtenha êxito na atividade, o conhecimento da vegetação local é de fundamental

importância” (FÁBIA et al. (2006, p. 4).

No Perímetro e demais localidades onde acontece a produção, os apicultores da ACAFPA não

encontram muitos problemas em relação a recursos naturais. Há água e flora disponível, dois

componentes essenciais à criação de abelhas. Corroborando com essa ideia, Júnior (2013, p. 46)

afirma que “a falta de boa florada e água de qualidade para as abelhas faz com que aconteça o

despovoamento das colmeias, dessa forma, causando prejuízos para os produtores e para o meio

ambiente”.

“As abelhas alimentam-se basicamente do néctar e pólen das flores, assim, o fundamento da

exploração apícola é baseado na vegetação floral existente em uma localidade” (PEREIRA et al, 2006,

p.6). Assim, melhor seria se os apicultores conhecessem de maneira mais aprofundada a flora e a

fauna da região. Seria proveitoso tanto para os que são novos no ramo, como para os que já são mais

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experientes.

Em relação ao espaço de que dispõem para a prática apícola, obteve-se as seguintes

respostas: 50% das terras têm entre vinte e cinquenta hectares, 30% tem entre cinco e dez hectares,

20% dessas terras têm mais de cinquenta hectares. Nota-se que o espaço que os apicultores têm para

a apicultura é relativamente grande. Sem falar que as abelhas não ficam restritas apenas a esse

espaço, elas podem procurar néctar e pólen em outras terras sem precisar agredir o meio ambiente e

se apresentarem como invasoras.

Observa-se ainda por meio dessa informação que essa atividade é considerada familiar. Pois

quase todas as propriedades são dos próprios apicultores e apenas uma delas ultrapassa quatro

módulos fiscais, limite determinado pela lei 8.629/1993 e que subsidia a lei 11.326/2006 que regula a

agricultura familiar. O módulo fiscal varia de município para município. Em 2012, de acordo com a

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Em Pau dos Ferros, por exemplo,

município que o presente estudo foi realizado, considera que um módulo fiscal equivale a 60 ha. Outro

ponto interessante é que 50%, além de suas terras, ainda arrendam ou fazem parceria para aumentar

seus espaços de trabalho.

Além da apicultura, os produtores também praticam outras atividades econômicas. Dentre elas,

a que mais se destaca é a pecuária, 90% dos entrevistados afirmaram desenvolvê-la. Alguns ainda

trabalham com plantações de milho, feijão e arroz, 10% trabalha com fruticultura e 40% desenvolvem

outras atividades como comércio, crediário etc.. Isso é totalmente possível porque a apicultura não

impede que outras atividades sejam desenvolvidas em seu âmbito.

Em relação ao estado de conservação dos apiários, 100% dos apicultores declaram estar em

boas condições. De acordo com suas respostas, percebeu-se que sempre estão procurando melhorar

as condições dos apiários para que as abelhas não queiram ir embora.

Um dos apicultores relatou que no ano de 2013 esse trabalho de conservação foi realizado por

alguns alunos do curso de apicultura do IFRN de Pau dos Ferros/RN. Segundo ele, isso foi muito bom,

pois deixaram muitas bem feitorias em seus apiários. Para o SENAR (2010, p. 11), “as colmeias devem

ser abertas para revisões de rotina, manejo de produção ou em alguma eventualidade onde é

necessário o apicultor intervir”.

Essa realidade conduz à ideia de que seria muito proveitosa uma possível parceria dos

apicultores, não apenas da ACAFPA, mas de toda a região Auto Oeste potiguar, com o IFRN, tendo em

vista o curso de apicultura ofertado por esta instituição, com a geração de diversos benefícios para

ambas às partes. Para os apicultores seria bom porque receberiam ajuda em relação ao manejo das

abelhas, já que estudantes dessa área precisam estagiar, e ainda aumentariam seus conhecimentos

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teóricos na área. Para o IFRN, seria interessante no sentido de ter espaços diversos para seus

estudantes estagiarem ou desenvolverem inúmeros estudos sobre a produção apícola regional.

Essa parceria poderia contribuir ainda para a economia local, pois se os produtores passassem

a melhorar suas formas de manejo e consequentemente o aumento da produção. Com essa

alavancagem produtiva benefícios como geração de novos postos de trabalho e renda também

cresceriam.

Continuando, constatou-se por meio da pesquisa que nenhum apicultor recebe assistência

técnica, algo que os deixam a mercê em relação à aquisição de novos conhecimentos. Notou-se

também que nenhum dos entrevistados tem conhecimento do Programa Estadual para o

Desenvolvimento da Apicultura – PROAPIS, o qual tem por finalidade trazer diversos benefícios para

quem desenvolve atividades na área apícola.

Essa realidade põe em risco a produção desses apicultores. Caso ocorra algo que necessite de

maiores conhecimentos a produção poderá fracassar. Para Vidal (2013, p. 5), “para minimizar as

perdas provocadas por longos períodos de estiagem, é necessária a adoção de melhores práticas de

manejo principalmente alimentar e sombreamento”.

Esse problema de falta de assistência foi constatado por 90% dos produtores. Observando a

Tabela 7, nota-se que apenas 10% não enfrentam problemas quanto a isso. Essa exceção diz respeito

ao apicultor que é estudante de agronomia. Ele afirmou que antes de entrar na faculdade foi estudante

do curso técnico de apicultura. Lá aprendeu a trabalhar com abelhas e a manejá-las de maneira

adequada. Além disso, ele ainda afirmou que sempre procura fazer cursos na área e escreve artigos

para publicar em eventos.

Diferentes desse apicultor que cursa agronomia, os outros, em sua maioria, além de não terem

assistência técnica, ainda afirmaram que quase não fizeram ou nunca fizeram cursos na área apícola.

São dados preocupantes para a produção apícola na região, pois sem uma adequada

profissionalização e assistência a produção tende a crescer lentamente. Isso se não permanecer

sempre igual ou atrofiar, chegando à falência.

Uma das possíveis soluções para esse caso seria fazer parceria com órgãos como o SEBRAE,

que oferece cursos profissionalizantes e presta apoio na área. Os apicultores também poderiam

procurar ajuda da EMATER, a qual tem como principal missão "contribuir para a promoção do

agronegócio e do bem-estar da sociedade, com foco na agricultura familiar, através do serviço de

extensão rural pública com qualidade, para o desenvolvimento sustentável”. Ou buscar outras

instituições que agreguem valor e lancem benefícios para a produção.

Nesse sentido, percebe-se que faz-se necessário repensar a forma em que a ACAFPA está

gerindo e contribuindo para seus associados. Planejamento, organização, direção e controle devem ser

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revistos pela Associação.

Além do problema com assistência técnica, 80% reclamam também da falta de escassez de

recursos e principalmente da falta de um programa de desenvolvimento para a apicultura.

Quanto ao primeiro problema, alguns apicultores afirmaram que conseguiram empréstimos

para outras atividades e aplicaram na apicultura. Com isso vemos o quanto essa atividade é carente

economicamente entre esses produtores. Outros falaram que tiram dinheiro do próprio bolso para

investirem na atividade.

Por meio de conversa com a Presidente da ACAFPA, foi possível constatar que uma das

maiores dificuldades em conseguir recursos financeiros em forma de empréstimos ou Programas de

Governo deve-se ao fato de a Associação não atender a todos os padrões necessários para isso.

A “Casa de Mel” é um exemplo disso. Segundo os apicultores, ela foi construída em desacordo

com o projeto, não atende às normas sanitárias do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

– MAPA (Portaria nº 006/986). Desde então, essa tem sido uma barreira para a ACAFPA. Algo que

deveria trazer benefícios para os produtores passou a ser um entrave.

Mais um problema que foi encontrado entre todos os apicultores diz respeito à falta de um

programa de desenvolvimento para essa atividade. Nesse sentido a associação é muito carente.

Tabela 8 – Possíveis dificuldades para manter um apiário

Possíveis Dificuldades para Manter um Apiário

Dificuldades Quantos possuem dificuldades

Problemas econômicos 80%

Problemas de assistência técnica 90%

Falta de um programa de desenvolvimento 100%

Outros 00%

Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

No entanto, apesar de todos os problemas listados acima, observa-se no Gráfico 1 que 90%

dos apicultores nunca pensaram em desistir dessa atividade. Isso porque todos a consideram

adaptável ao clima e a vegetação da região. Além disso, eles encaram a apicultura como uma atividade

produtiva pouco trabalhosa. De acordo com a EMBRAPA (2007, p. 7), “a criação de abelhas é uma

atividade lucrativa e pode ser praticada pelo pequeno produtor rural ou agricultor familiar, com bons

resultados”.

Outras vantagens percebidas nessa atividade estão relacionadas a não exigência de grandes

espaços para desenvolvê-la, a não poluição do meio ambiente e os diversos produtos que ela oferece.

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Assim, percebe-se o quanto os apicultores da ACAFPA acreditam nos resultados positivos poderão

surgir da criação de abelhas.

Conforme o SENAR (2010, p. 9), “o mel, o pólen, a própolis, a geléia real, a cera, a apitoxina

(veneno das abelhas para uso medicinal), produzidos dentro de normas tecnicamente corretas, têm

boa aceitação no mercado consumidor e proporcionam rendimentos econômicos compensadores”.

Há inúmeras possibilidades de se obter sucesso por meio da apicultura. Caso essa atividade

seja tratada com a devida atenção, muitos benefícios virão para os produtores da região.

O apicultor que declarou já ter pensado em desistir dessa atividade, explicou que esse

sentimento ocorreu por não ter encontrado mão de obra o suficiente para ajuda-lo na produção. Porém,

atualmente não pensa mais em desistir.

Em relação aos instrumentos de manejo apícola, 100% dos entrevistados afirmaram possuir o

necessário. O pesquisador não constatou problemas em relação a isso. Indumentária (EPI), fumigador,

vassourinha, formão, material de combustão (maravalha) são alguns dos que estão à disposição.

Sem esses instrumentos o manejo fica ainda mais artesanal. Isso pode repercutir na produção

de maneira negativa, além de aumentar o risco de degradar o meio ambiente e dispersar as abelhas.

Outro risco de se praticar a apicultura sem as ferramentas adequadas é o de ser picado pelas

abelhas. Há indivíduos que são alérgicos, podendo até mesmo por sua vida em risco.

De acordo com informações extraídas do site da EMBRAPA, é de suma importância “o

emprego correto desses itens pelo apicultor, para que se possam garantir a produção racional dos

diversos produtos apícolas e a segurança de quem está manejando as colmeias, assim como das

próprias abelhas”.

Quanto à produção mensal, apesar de o pesquisador não ter obtido informações totalmente

precisas, nota-se, por meio do Gráfico 1, que é um tanto elevada.

Gráfico 1 – Produção mensal

Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

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Tem-se que 20% produzem entre 1 e 20 kg, outros 20% produzem de 20 a 50 kg e os 50% que

afirmaram produzir mais de 100 kg por mês possuem, em sua maioria, entre vinte e cinquenta colmeias

por apiários.

Percebe-se que mesmo com pouca qualificação que eles têm a respeito da atividade apícola,

da falta total de assistência técnica e de dificuldades econômicas, conseguem boas produções em seus

apiários.

Para Sabbag e Nicodemo (2011, p. 94), “as pesquisas científicas aplicadas à apicultura

brasileira, nas últimas décadas, têm sido numerosas e de grande qualidade, possibilitando o aumento

da produtividade de nossas colmeias”. Assim, acredita-se que esses produtores podem aumentar ainda

mais suas produções.

Sobre a atual forma de comercialização, constatou-se que todos vendem o mel para

atravessadores. Isso acontece pelo fato de não conseguirem vender diretamente a uma empresa.

Essa informação mostra uma fragilidade enfrentada por esses produtores, pois, tendem a

vender a um preço mais baixo do que o fariam se fosse vendido à empresa que compra do

atravessador.

Quanto a tabela 9, percebe-se que as estradas para se chegar ao local de trabalho e para o

escoamento do mel apresentam, em sua maioria, condições favoráveis.

Tabela 9 – Condições das Estradas

Para o local de trabalho Para o escoamento do mel

Boas condições 50% Asfalto 30%

Condições regulares 50% Leito natural 00%

Más condições 00% Estrada de chão 70%

Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

Para as condições das estradas, 50% dos entrevistados responderam que estão em boas

condições e os outros 50% as consideram em condições regulares, apesar de 70% transitarem por

estradas de chão. Sodré et al (2003, p. 11), afirma que “o local onde for instalar o apiário deve dispor

de boas estradas, proporcionando condições favoráveis para o escoamento dos produtos das abelhas”.

Os 30% dos que afirmaram fazer o escoamento da produção por meio de asfalto, 20% residem

na cidade de Francisco Dantas/RN e 10% residem na cidade de Marcelino Vieira/RN.

4.3 Indicadores Ambientais

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Os dados a seguir estão relacionados à percepção dos produtores apícolas quanto à

importância do meio ambiente, a necessidade de proteger os ecossistemas e a contribuição que a

apicultura tem dado para que isso aconteça.

A tabela 10 expõe de maneira objetiva, porém, clara, os dados relacionados ao tópico. Nota-se

que grande parte deles tem uma noção aguçada do que seja o meio ambiente e da importância que

tem para o planeta. Por meio dos dados coletados tem-se ainda que esses produtores conseguem

assimilar a produção apícola com as contribuições ambientais que ela proporciona.

Tabela 10 - Indicadores Ambientais

A proteção do meio ambiente é necessária para o futuro?

A proteção do meio ambiente é compatível com o desenvolvimento?

Sim 100% Sim 90%

Não 0% Não 10%

A área de pastagem apícola está em boas condições?

Costuma conseguir mudas de plantas favoráveis a pastagem apícola?

Sim 100% Sim 10%

Não 0% Não 90%

A floresta serve para As abelhas contribuem com o meio ambiente?

Produzir madeira/lenha 60% Sim 100%

Proteger o meio ambiente 100% Não 0%

Proteger as águas 70%

Qual a relação das abelhas com o meio ambiente?

Como a apicultura contribui para a qualidade de vida da sua família?

Polinização 100% Renda 100%

Preservação das plantas 100% Alimento 100%

Equilíbrio do ecossistema 100% Conhecimento 70%

Outros 0% Outros 0%

Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

De início procurou-se extrair dos apicultores o quanto estão antenados com a questão

ambiental. Para isso foi questionado a cada um deles se a proteção do ambiente é importante para o

futuro. A partir disso pôde ser observado que todos os produtores apícolas têm uma mesma ideia em

relação a isso, pois 100% responderam que sim, o meio ambiente deve ser protegido para o futuro.

Quando perguntados sobre a razão de ter que haver esse cuidado, alguns apontaram a

preocupação com a extinção dos recursos naturais, outros falaram sobre a importância do meio

ambiente para as próximas gerações e alguns afirmaram sem ela não conseguíamos produzir mais

nada.

De acordo com Iserhardt et al (2009, p. 2493), “a preocupação ambiental, atualmente, cresce

de forma acelerada, assim como os estudos que possam viabilizar sua proteção”. Os diversos meios de

comunicação (rádio, televisão, internet) têm possibilitado a população mundial uma gama muito grande

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de informações a respeito da obrigatoriedade de se cuidar do ambiente. Os apicultores da ACAFPA

estão antenados a essa necessidade.

Iserhardt et al (2009, p. 2493) destaca ainda que “mesmo consciente da impossibilidade de

retomar todas as formas e virtudes da natureza, deve-se cuidar do que ainda nos resta, está é a única

forma de garantir o mínimo de qualidade de vida para as próximas gerações”.

Aprofundando a ideia, foi questionado a eles se era possível proteger o meio ambiente e

praticar o desenvolvimento econômico ao mesmo tempo. 90% responderam que sim, enquanto apenas

10% declararam não acreditar nessa hipótese.

Analisando essas respostas e comparando-as com o conceito atual de sustentabilidade, o qual

prega que deve haver um desenvolvimento econômico sem prejudicar o ambiente, pois o mesmo

precisará está em boas condições para usufruto das futuras gerações, percebe-se que a grande

maioria dos entrevistados pensa de acordo com a definição dada pela ONU (1987), a qual diz que “as

necessidades do presente devem ser satisfeitas sem comprometer a capacidade de futuras gerações

satisfazerem as suas próprias necessidades” (ONU, 1987),

Porém, para Silva (2011, p. 2), “uma das maiores preocupações e um dos maiores desafios

que o homem tem enfrentado e vai continuar enfrentando, é o desenvolvimento sem prejudicar o meio

ambiente”.

Dessa forma, foi perguntado se eles mantinham a área de pastagem em boas condições. 100%

responderam que sim. Afirmaram que tinham bastante cuidado com isso porque é das pastagens que

as abelhas extraem significativa parte do néctar e pólen para a produção do mel e seus derivados.

Para tanto, eles declararam que algumas das maneiras que usavam para fazer isso eram:

“evitando as queimadas, não trabalhando com a pecuária em alguns períodos do ano e não

derrubando arvores para vendê-las”. Corroborando com essa ideia, Silva (2011, p. 1), afirma que o que

precisamos fazer “é conscientizar as ações humanas, para que possamos proteger o meio ambiente e

não degradá-lo, sendo assim temos que utilizar os recursos naturais de forma sustentável”. Para

Iserhardt et al (2009, p. 2.493), “a Educação Ambiental busca conscientizar e sensibilizar a sociedade

para o consumo sustentável; por outro lado sabe-se que se o consumo diminui, o sistema econômico

entra em crise”.

Reforçando essa consciência ambiental, 100% dos entrevistados acreditam que a floresta

serve para proteger os animais e o meio ambiente. Desses 70% acreditam também que a floresta ajuda

na preservação das águas.

Trazendo isso para a realidade deles, essas afirmações condizem bastante com o que eles

precisam fazer para protegerem os locais em que instalam seus apiários, a mata ciliar.

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Isso é fundamental porque conforme a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos –

SEMARH (2007, p. 12), “assim como os cílios protegem os olhos, as matas ciliares protegem os rios,

servindo como filtro, mantendo a quantidade e a qualidade das águas, além de proteger os terrenos

que ficam as suas margens”.

A respeito dessa pergunta, 60% responderam que a floresta também serve para a produção de

madeira/lenha. Porém, afirmaram não praticar essa atividade de maneira desordenada em suas

propriedades.

Entretanto, mesmo demonstrando um bom grau de consciência ambiental, apenas 10% dos

apicultores disseram que costuma conseguir mudas de plantas favoráveis a atividade apícola. Quantos

aos demais, alguns falaram que já conseguiram algumas, mas faz bastante tempo e outros declararam

nunca ter feito isso.

A vegetação nessas localidades é formada, geralmente, por plantas como: “marmeleiro,

velame, gitirana, cabeça-de-velho, jurema preta, jurema branca, angicos, catingueira, mufumbo,

aroeira, oiticica, granjeiro, malva, cumaru, pau d'arco, bamburral, erva cidreira etc.

Nesse ponto percebemos que os apicultores estão perdendo a chance de aproveitarem melhor

os espaços que possuem para a produção. Poderiam conseguir arvores frutíferas que, além disso,

contribuiriam para a manutenção das abelhas na propriedade. Isso porque de acordo com Santos

(2011, p. 7), “a fruticultura está em plena expansão no Brasil, beneficiando tanto os pequenos

produtores, que empregam mão-de-obra familiar quanto os grandes produtores, que utilizam alta

tecnologia e contribuem com as exportações no agronegócio nacional”.

Em relação à possibilidade de benefícios da apicultura para o meio ambiente, 100% dos

produtores afirmaram existir. Disseram que as abelhas ajudam muito na disseminação das plantas e na

produção de frutas. Para 100% deles, a polinização é a principal contribuição delas para o meio

ambiente. Todos também consideram que as abelhas ajudam na preservação das plantas e dos

ecossistemas. Contribuindo com essa visão, Em palestra a ExpoMel, Freitas (2013, p. 29), afirma que:

“as abelhas são consideradas os polinizadores mais importantes, tanto no que diz respeito a plantas

silvestres quanto cultivadas”.

Para Mata (2006, p. 1), “quando bem orientada, esta atividade promove a qualidade de vida

dos apicultores, ajuda a preservar o meio ambiente, melhora a qualidade dos frutos e a produtividade

das plantas”.

Foi perguntado também sobre como a apicultura tem contribuído para a qualidade de vida de

suas famílias. Dos pesquisados, 100% consideram a apicultura importante em relação à renda. Para

eles, essa atividade ajuda bastante. Conforme Mata (2006, p. 1), a apicultura “é uma atividade

reconhecidamente rentável, apropriada a gerar renda para os agricultores familiares”.

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Quanto a alimento, 100% declararam assim utilizá-la. Disseram que usam o mel para fazer

sucos, vitaminas, no leite e ainda a ingerem em casos relacionados a algumas doenças, tosse, por

exemplo. Silva et al (2013, p. 113), afirma que o mel “é um produto utilizado em todo o mundo, não só

pela sua propriedade adoçante, mas também como promotor de saúde”.

Por último, todos os apicultores declararam ainda que obtiveram muitos conhecimentos

trabalhando com a apicultura.

5. CONCLUSÕES, SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES

O presente trabalho abordou a temática da sustentabilidade na atividade apícola, visualizando

sua importância para quem a desenvolve e para o meio ambiente. Proporcionando um estudo científico

a nível de graduação sobre o assunto.

Com relação ao primeiro objetivo da pesquisa, que buscou descrever o perfil dos apicultores

ligados à atividade apícola, contataram-se por meio de questionários que a maioria deles são pessoas

que já têm acima de cinquenta anos, 90% são casados e boa parte deles não conseguiram chegar ao

ensino médio, com exceção a um que cursa agronomia.

Percebeu-se também que grande parte deles são indivíduos que já trabalhavam com a

agricultura desde cedo, Herança dos pais. Porém, quanto ao estudante de agronomia, constatou-se

que seus pais são servidores públicos e que possuem o ensino médio completo. O contato dele com a

apicultura se deu por meio do curso técnico nessa área ofertado pelo IFRN em Pau dos Ferros – RN.

O segundo objetivo teve como propósito analisar os aspectos socioeconômicos e ambientais

da apicultura na produção. Nesse sentido verificou-se que os apicultores reconhecem a

representatividade que essa atividade tem para eles.

Apesar da falta de assistência técnica e de programas de desenvolvimento apícola, eles vêm

conseguindo tirar rendas significativas dessa produção e ainda conseguem visualizar a importância do

trabalho das abelhas para as plantas em suas propriedades.

Para o último objetivo, “Identificar potencialidades, oportunidades e problemas relacionados à

prática sustentável”, inferiu-se que a fauna e flora da região do Auto Oeste Potiguar oferece grandes

possibilidades para a produção apícola. Além disso, verificou-se que essa é uma atividade que não

exige grandes espaços terrestres, muito tempo dispensado à atividade e nem de grandes investimentos

financeiros para desenvolvê-la.

Quanto aos problemas, os mais reclamados referem-se à falta de assistência técnica,

financiamentos para a produção e a pouca qualificação que a maioria dos produtores tem.

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Sendo assim, conclui-se que os resultados proporcionados nesta pesquisa atingiram os

objetivos traçados, bem como permitiram responder ao problema da pesquisa por meio da qual foi

conduzida a realização deste trabalho, o qual buscou analisar a sustentabilidade na atividade apícola

dos apicultores da ACAFPA em Pau dos Ferros-RN.

O presente trabalho abordou a temática da sustentabilidade na atividade apícola, visualizando

sua importância para quem a desenvolve e para o meio ambiente. Proporcionando um estudo científico

a nível de graduação sobre o assunto.

Com relação ao primeiro objetivo da pesquisa, que buscou descrever o perfil dos apicultores

ligados à atividade apícola, contataram-se por meio de questionários que a maioria deles são pessoas

que já têm acima de cinquenta anos, noventa por cento são casados e boa parte deles não

conseguiram chegar ao ensino médio, com exceção a um que cursa agronomia.

Percebeu-se também que grande parte são indivíduos que já trabalhavam com a agricultura

desde cedo, herança dos pais. Porém, quanto ao estudante de agronomia, constatou-se que seus pais

são servidores públicos e que possuem o ensino médio completo. O contato dele com a apicultura se

deu por meio do curso técnico nessa área ofertado pelo IFRN em Pau dos Ferros – RN.

O segundo objetivo teve como propósito analisar os aspectos socioeconômicos e ambientais

da apicultura na produção. Nesse sentido verificou-se que os apicultores reconhecem a

representatividade que essa atividade tem para eles.

Apesar da falta de assistência técnica e de programas de desenvolvimento apícola, eles vêm

conseguindo tirar rendas significativas dessa produção e ainda conseguem visualizar a importância do

trabalho das abelhas para as plantas em suas propriedades.

Para o último objetivo, “Identificar potencialidades, oportunidades e problemas relacionados à

prática sustentável”, inferiu-se que a fauna e flora da região do Auto Oeste Potiguar oferece grandes

possibilidades para a produção apícola. Além disso, verificou-se que essa é uma atividade que não

exige grandes espaços terrestres, muito tempo dispensado à atividade e nem de grandes investimentos

financeiros para desenvolvê-la.

Quanto aos problemas, evidenciou-se que a falta de assistência técnica, financiamentos para a

produção e a pouca qualificação que a maioria dos produtores tem são os principais.

Sendo assim, conclui-se que os resultados proporcionados nesta pesquisa atingiram os

objetivos traçados, bem como permitiram responder ao problema da pesquisa por meio da qual foi

conduzida a realização deste trabalho, o qual buscou analisar a sustentabilidade na atividade apícola

dos apicultores da ACAFPA em Pau dos Ferros-RN.

De acordo com a análise dos resultados que esta pesquisa proporcionou, constatou-se que

mesmo tendo conseguido atingir seus objetivos, algumas ações poderiam ser empregadas para que os

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apicultores da ACAFPA possam utilizar a atividade apícola de maneira mais adequada, menos

artesanal.

Nesse sentido, sugere-se que a associação procure, por meio de parcerias com algumas

instituições, IFRN e SEBRAE, por exemplo, disponibilizar cursos e palestras de aperfeiçoamento

periodicamente, introduzir programas de avaliação de desempenho para que os produtores consigam

analisar suas práticas de trabalho e ver onde podem melhorar, procurar reunir os apicultores em

reuniões destinadas a troca de experiência mútua, e elaborar ou disponibilizar manuais técnicos

digitalizados que possam ser consultados a qualquer momento diante de possíveis dúvidas.

Outras sugestões não menos importantes dizem respeito a procurar legalizar a organização em

todos os sentidos, inclusive quanto a Casa de Mel, para que a partir daí seja possível procurar

programas de Governo e de instituições financeiras que apoiem a atividade com cursos e

financiamentos, disseminar a prática de mudas de plantas que além de contribuírem para a apicultura

produzam frutos, permitindo ao produtor aproveitar melhor o espaço que tem disponível, e tentar

integrar mais as famílias dos apicultores à atividade apícola, tornando-a uma atividade mais familiar.

Recomenda-se, baseado nesta pesquisa, que este estudo possa servir para melhorar a

compreensão a respeito do tema apicultura sustentável, e que outros trabalhos científicos possam

explorar esta atividade tão importante, porém pouco explorada na região. Que sejam realizadas

pesquisas em outras associações de realidades diferentes.

Nesse contexto, torna-se importante, também, estudos mais aprofundados sobre esse assunto

em outras vertentes, como por exemplo, na sua contribuição como atividade familiar. Para o curso de

Administração da UERN-CAMEAM, propõe-se que o mesmo possa promover aos alunos de forma

mais profunda, estudos nesta temática que pouco é vista durante o curso, tendo em vista a

necessidade de motivar discentes e docentes para o enfoque da sustentabilidade por traz da

apicultura.

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SENAR. Mel: manejo de apiário para produção do mel / Serviço Nacional de Aprendi- zagem Rural. -- 2. ed. Brasília: SENAR, 2010. Disponível em: <http://wp.ufpel.edu.br/apicultura/files/2010/05/Manejo-do-Mel.pdf>. Acesso em: 01 de julho de 2014. SILVA, Carlos Henrique Rubens Tomé. Estocolmo’72, Rio de Janeiro’92 e Joanesburgo’ 02: as três grandes conferências ambientais internacionais. SENADO FEDERAL: NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS. Boletim do Legislativo nº 6, 2011. Disponível em: < http://www12.senado.gov.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-estudos/boletins-legislativos/boletim-no-6-de-2011-estocolmo72-rio-de-janeiro92-e-joanesburgo02-as-tres-grandes-conferencias-ambientais-internacionais>. Acesso em: 14 de julho de 2014. SILVA, Marcela Ferraz e. Abelhas Visitantes Florais e Produção de Frutos e Sementes em Café Convencional. 2013. 54 f. 11 – 49. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Programa de Pós-graduação de Mestrado em Agronomia, Vitória da Conquista. Disponível em: < ttp://www.uesb.br/mestradoagronomia/banco-de-dissertacoes/2013/marcela-ferraz-e-silva.pdf>. Acesso em 22 de fevereiro de 2014. SILVA, Paulo Cezar Ribeiro da. Práticas Sustentáveis de Empreendedorismo Social. 2013. Disponível em: < http://www.craes.org.br/arquivo/artigoTecnico/Artigos_Praticas_sustentaveis_de_empreendedorismo.pdf>. Acesso em: 24 de fevereiro de 2014. SILVA, Robson Alves et al. Composição e Propriedades Terapêuticas do Mel de Abelha. Alim. Nutr., Araraquara v.17, n.1, p.113-120, jan./mar. 2006. Disponível em: < http://www.maxforma.com.br/artigos/mel.pdf>. Acesso em: 30 de junho de 2014. SOARES, Ademilson Espencer Egea. Captura de Enxames com Caixas Iscas e sua Importância no Melhoramento de Abelhas Africanizadas. XV Congresso Brasileiro de Apicultura, 1º Congresso Brasileiro de Meliponicultura. Natal, RN. 2004. XV CONGRESSO BRASILEIRO DE APICULTURA. Disponível em: < http://www.serapis.com.br/site/espanhol/artigos-cientificos/conf_captura_enxames_caix_isca_abelha_afric.pdf>. Acesso em 22 de fevereiro de 2014. TACHIZAWA, TAKESHY; POZO, H. Gestão de Operações Socioambientais: estratégias de sustentabilidade na cadeia produtiva das empresas. Patrimônio: Lazer & Turismo (UNISANTOS), v. 7, p. 33-49, 2010. NOVAES, Washington. Eco-92: Avanços e Interrogações. Estudos Avançados, 6(15), 1992. VERGARA,S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em Administração. 4. ed.São Paulo: Atlas, 2003. VIANA, Rafael Garbelini. Declaração Ambiental de Direito. 2004. 32 f. Trabalhado de Conclusão de curso (Educação Física) – Diretoria de portos e costa, Ensino Profissional Marítimo II. Disponível em: <https://www.dpc.mar.mil.br/epm/portuarios/Ed_Ambiental/Santos_Rafael_Gambelini.pdf> Acesso em: 23 de fevereiro de 2014. VIDAL, Maria de Fátima. Efeitos da Seca de 2012 Sobre a Apicultura Nordestina. Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste – ETENE: Informe Rural, ano VII, n.2, 2013. Disponível em: <

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APÊNDICES

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APÊNDICE A- QUESTIONÁRIO DO APICULTOR

1. Nome do apicultor(a): __________________________________________________________

2. Gênero:

( ) Masculino ( ) Feminino

3. Idade:

( ) 21 a 30 anos ( ) 31 a 40 anos ( ) 41 a 50 anos ( ) 51 a 60 anos

( ) Mais de 60 anos

4. Estado civil:

( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a) ( ) Divorciado(a) ( ) Viúvo(a)

5. Grau de instrução que possui (o apicultor): 4) Nível de escolaridade:

( ) Nunca estudou ( ) Ensino Fundamental Incompleto ( ) Ensino Completo

( ) Ensino Médio Incompleto ( ) Ensino superior incompleto ( ) Ensino superior completo

6. Quantas pessoas compõem a família?

( ) Uma ( ) Duas ( ) Três ( ) Quatro ( ) Cinco

( ) Acima de cinco pessoas

7. Grau de instrução dos familiares:

1º Grau 2º Grau Ensino Superior

Cônjuge

Filho(s)

Filha(s)

8. A família reside na propriedade?

( ) Sim ( ) Não

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9. Se sim, há quanto tempo?

( ) 1 a 5 anos ( ) 5 a 10 anos ( ) 10 a 15 anos ( ) 15 a 20 anos ( ) mais de 20 anos

10. A Apicultura é a ocupação econômica principal da família (do lote)?

( ) Sim ( ) Não

11. (Se não) Qual a ocupação laborativa principal da família?

__________________________________________________________________

12. Que outras rendas e atividades contribuem com o sustento da família e do lote?

( ) Piscicultura ( ) Fruticultura ( ) Plantio de mandioca

( ) Pecuária ( ) Aves de corte e postura ( ) Trigo

( ) Outros ____________________________________________________________

13. Há pelo menos quanto tempo pratica a apicultura como alternativa de renda para a subsistência da

família?

( ) 1 ano ( ) 2 anos ( ) 3 anos ( ) 4 anos ( ) 5 anos ( ) mais de 5 anos

14. Pratica a atividade apícola:

( ) Somente no município

( ) No município e em outro município

( ) Em outro município

( ) No próprio município e em outro município vizinho

( ) Em mais de um município Quais: ____________________________________________

( ) Outra localidade Qual: ____________________________________________________

15. Localização do apiário na propriedade:

( ) Pomar ( ) Jardim ( ) Mata ciliar/ beiras de rios ( ) Outros

16. Número total de pessoas da família que trabalham na atividade apícola:

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( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) mais de seis

17. Área total da propriedade:

( ) até 5 h ( ) entre 20 a 50 h ( ) entre 5 a 10 h ( ) entre 50 a 100 h

( ) entre 10 e 20 h ( ) mais de 100 h

18. O produtor utiliza outras áreas para a atividade apícola (arrenda ou faz parceria)?

( ) Sim ( )Não

19.O apiário está em boas condições:

( ) Sim ( ) Não

20. Quantas colmeias existem em cada apiário:

( ) entre 5 a 10 ( ) entre 20 a 50 ( ) mais de 100 h

( ) entre 10 e 20 ( ) entre 50 a 100

20. Se a propriedade enfrenta dificuldades para manutenção de um apiário, diga porque:

( ) Problemas econômicos (falta de dinheiro);

( ) Problemas de assistência técnica (apoio municipal);

( ) Falta de um programa de desenvolvimento apícola;

( ) Outro

21. O produtor tem conservado a área de pastagem apícola em boas condições?

( ) Sim. Como? ( ) Não

22. O apicultor costuma conseguir muda de plantas favoráveis à pastagem apícola:

( ) Sim. Onde as consegue? _______________________ ( ) Não

23. O apicultor utiliza todos os equipamentos necessários para o manejo apícola:

( ) Sim ( ) Não

24. Nos últimos dois anos foram utilizados créditos/ financiamentos para a atividade apícola?

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( ) Sim ( ) Não

Se sim, de onde veio o financiamento? _______________________________

25. E para as demais atividades foram utilizados?

( ) Sim ( ) Não

26. Quem presta assistência técnica para a atividade apícola?

( ) EMATER ( ) Cooperativas ( ) Nenhum órgão ( ) Outros

27. Há quanto recebe assistência técnica?

( ) 1ano ( ) 2 anos ( ) 3 anos ( ) 4 anos ( ) 5 anos ( ) 6 anos ( ) mais de seis

28. O que acha da assistência técnica que recebe:

( ) Ótima ( ) Satisfatória ( ) Regular ( ) Insuficiente

29. Como comercializa cada produto produzido na propriedade?

( ) Produto bruto ( ) Beneficiado ( ) Varejo ( ) Atacado ( ) Outro

30. Com quem comercializa a produção?

a) ( ) Consumidor Final ( ) Varejo ( ) Atacado ( ) Outro

__________________________

b) ( ) Pau dos Ferros/RN ( ) RN ( ) Brasil ( ) Outro

__________________________

31. Quanto é produzido mensalmente (em litros)?

__________________________________________________________________________________

___________

32. Quais as condições das estradas e caminhos para a prática da apicultura?

( ) Boas condições ( ) Condições regulares ( ) Más condições

33. Quais os meios de escoamento do mel produzido e seus derivados?

( ) Asfalto ( ) Leito natural ( ) Estrada de chão

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( ) Outros _________________

34. De onde obtém mais informações que ajudam a resolver os problemas da lavoura, da criação e das

abelhas?

( ) Cooperativa ( ) EMATER ( ) Parentes ( ) Associação

( ) Televisão ( ) Amigos ( ) Órgãos especializados ( ) Cursos

( ) Outros ________________

35. Na sua opinião, a floresta serve para:

( ) Produzir madeira/lenha ( ) Para proteger as águas

( ) Para proteger os animais e o meio ambiente ( ) Para exploração de outros produtos

36. Você considera a proteção do meio ambiente necessária para o futuro?

( ) Sim ( ) Não

Por que?____________________________________________________________

37. Você acredita que a proteção da natureza seja compatível com o desenvolvimento?

( ) Sim ( ) Não

Por que? ___________________________________________________________

38. Já pensou em desistir da atividade apícola?

( ) Sim ( ) Não

Por que? __________________________________________________________________

39. Você acha que a apicultura oferece condições para a subsistência de sua família?

( ) Sim ( ) Não

Por que? __________________________________________________________________

40. Na sua opinião, as abelhas contribuem com o meio ambiente?

( ) Sim ( ) Não

Por que? _________________________________________________________________

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41. Em que a apicultura contribui para a qualidade de vida de sua família?

( ) Renda ( ) Alimento ( ) Lazer ( ) Trabalho

( ) Conhecimento ( ) Outros ____________________

42. Do seu ponto de vista, qual a relação das abelhas com o meio ambiente?

( ) Polinização ( ) Alimento ( ) Preservação de plantas nativas

( ) Equilíbrio do ecossistema ( ) Conhecimento ( ) Outros

43. O senhor já fez algum curso sobre apicultura?

( ) Sim, Quantos? _________________

( ) Não, porque? __________________________________________________.

( ) Pretende fazer?

44. Quais plantas fazem parte da pastagem apícola que mais se destacam em seu apiário ou

propriedade?

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

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APÊNDICE B

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ANEXOS