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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS MARCELA LOPES DE SOUZA AVALIAÇÃO DAS CONSEQUÊNCIAS MOLECULARES APÓS OVERLOAD DE ALBUMINA EM CULTURA CELULAR DE PODÓCITOS COM E SEM DANO CAMPINAS 2018

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS

MARCELA LOPES DE SOUZA

AVALIAÇÃO DAS CONSEQUÊNCIAS MOLECULARES APÓS OVERLOAD DE

ALBUMINA EM CULTURA CELULAR DE PODÓCITOS COM E SEM DANO

CAMPINAS

2018

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MARCELA LOPES DE SOUZA

AVALIAÇÃO DAS CONSEQUÊNCIAS MOLECULARES APÓS OVERLOAD DE

ALBUMINA EM CULTURA CELULAR DE PODÓCITOS COM E SEM DANO

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciência

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da

Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos

exigidos para a obtenção do título de Mestra em Ciências na Área de

Concentração de Genética Médica.

de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de [conforme

consta na ata de defesa]. (em itálico e na segunda língua constante

Orientadora: Dra. Mara Sanches Guaragna

Co-orientadora: Dra. Maricilda Palandi de Mello

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO

FINAL DA DISSERTAÇÃP DEFENDIDA PELA

ALUNA MARCELA LOPES DE SOUZA, E ORIENTADA PELA

PROF. DR. MARA SANGUES GUARAGNA.

CAMPINAS

2018

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Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): CAPES, 02P4565/2018

Ficha catalográfica

Universidade Estadual de Campinas

Biblioteca da Faculdade de Ciências Médicas

Maristella Soares dos Santos - CRB 8/8402

Souza, Marcela Lopes de, 1993-

So89a Avaliação das consequências moleculares após overload de albumina em

cultura celular de podócitos com e sem dano / Marcela Lopes de Souza. –

Campinas, SP : [s.n.], 2018.

Orientador: Mara Sanches Guaragna.

Coorientador: Maricilda Palandi de Mello.

Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade

de Ciências Médicas.

1. Albuminas. 2. Puromicina aminonucleosídeo. 3. Podócitos. 4. Rim -

Fisiopatologia. I. Guaragna, Mara Sanches, 1971-. II. Mello, Maricilda Palandi

de. III. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas.

IV. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Molecular consequences evaluation after albumin overload in

podocytes cell culture with and without damage

Palavras-chave em inglês:

Albumins

Puromycin aminonucleoside

Podocytes

Kidney, Physiopathology

Área de concentração: Genética Médica

Titulação: Mestra em Ciências

Banca examinadora:

Mara Sanches Guaragna [Orientador]

Luiz Fernando Onuchic

Carmen Sílvia Bertuzzo

Data de defesa: 10-08-2018

Programa de Pós-Graduação: Ciências Médicas

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BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE MESTRADO

MARCELA LOPES DE SOUZA

ORIENTADOR: MARA SANCHES GUARAGNA

COORIENTADOR: MARICILDA PALANDI DE MELLO

MEMBROS:

1. PROF(A). DR(A). MARA SANCHES GUARAGNA

2. PROF. DR. LUIZ FERNANDO ONUCHIC

3. PROF(A). DR(A). CARMEN SÍLVIA BERTUZZO

Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da Faculdade de Ciências Médicas

da Universidade Estadual de Campinas.

A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros da banca examinadora

encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

Data: 10 de Agosto de 2018

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AGRADECIMENTOS

Agradeço especialmente aos meus pais Carlos e Silvana por sempre me

incentivarem, apoiarem, por acreditarem em mim. Por serem meu maior referencial e

exemplo, minha base, por me ensinarem muito e me possibilitarem ser cada vez

melhor. Eu amo muito vocês. A toda minha família, muito obrigada.

A Mara agradeço não só pelos momentos de crescimento no laboratório, mas

também por todo cuidado e carinho que tem comigo. Obrigada por acreditar em mim,

por toda paciência, por me proporcionar a oportunidade de desempenhar uma

pesquisa tão maravilhosa. Obrigada por ser essa pessoa e orientadora maravilhosa,

por todas as risadas e por me permitir ter a honra de ser sua primeira aluna de

mestrado e doutorado.

A Maricilda, que tão prontamente me recebeu no CBMEG em 2013 e me abriu

as portas, possibilitou meu crescimento profissional, sempre acreditou em mim, me

permitiu cada vez mais aprender e crescer. Obrigada pela incrível pessoa e

pesquisadora que você é.

Agradeço a todos meus amigos do Laboratório Cris, Ana Paula, Edi, Tais,

Luana, Pamela, Adriana, Giulia, João, Beatriz, Nicole, Bárbara. Muito obrigada pelo

convívio, risadas, por todos os momentos no laboratório, pelos dias temáticos e todas

as desculpas que achamos para nos reunir e comer.

Em particular gostaria de agradecer: a Helena, que sempre me ajudou desde

que eu entrei no “lab”, obrigada por todas as ajudas e conversas;

A Giselle, por todas as conversas e por me salvar em alguns momentos bem

loucos;

Ao Matheus, gatinho, obrigada por todos os momentos, por toda risada, pela

companhia e amizade. Só para constar eu gosto mesmo de você;

A Nadya, por todos os conselhos, todas as risadas, por me entender, por estar

sempre pronta a me ajudar e me ouvir, e por compartilhar momentos tão bons e às

vezes bem idiotas. Muito obrigada a todos por acreditarem em mim, vocês são

incríveis!

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As minhas amigas, meus amores, Ju, Calu, Kel e Rebeca, por estarem comigo

em todos os momentos, por me ouvirem falar por horas e horas dos meus

experimentos, por entenderem minhas ausências em tantos finais de semana, por

acreditarem em mim e por sonharem junto comigo.

Meus respeitosos agradecimentos pelas contribuições dos integrantes da

qualificação, Dra. Andréa T. Maciel Guerra, Dra. Adriana Torsoni e Dra. Carmen

Veríssima e pela participação dos membros da banca de defesa, Dr. Luiz Fernando

Onuchic e Dra. Carmen Bertuzzo.

Agradeço aos órgãos financiadores FAPESP e CAPES, sem os quais este

projeto não seria viável.

A todos os que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste

trabalho.

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RESUMO

A proteinúria é um sinal importante e um marcador do prognóstico da doença renal,

geralmente refletindo aumento na permeabilidade glomerular principalmente para

albumina. Em 10-50% dos pacientes está associada ao desenvolvimento de doença

renal crônica. Um dos principais mecanismos responsáveis pelo desenvolvimento de

proteinúria patológica é o dano na barreira de filtração glomerular, constituída por três

camadas: endotélio fenestrado, membrana basal glomerular e podócitos, células

viscerais especializadas. Desta forma, já se sabe que lesão dos podócitos contribui

para albuminúria progressiva. No entanto existem controvérsias se as proteínas

presentes no filtrado glomerular de indivíduos com dano desencadeiam a lesão, ou se

atuam como coadjuvante nas podocitopatias. Outra questão pouco abordada é se o

aumento de consumo de proteínas na dieta, seja por indivíduos comuns, seja por

atletas, pode causar ou agravar lesão renal e quais são as consequências moleculares

nos podócitos. Algumas moléculas importantes que participam da manutenção da

barreira de filtração glomerular são a nefrina, podocina, podocalixina e o canal de

cálcio receptor potencial transitório C, codificados, respectivamente, pelos genes

NPHS1, NPHS2, PODXL e TRPC6. Desta forma, o presente estudo teve como

objetivo avaliar a expressão desses genes após suplementação progressiva de

albumina em podócitos in vitro, em duas condições: 1) sem tratamento; 2) após a

exposição com a droga nefrotóxica puromicina aminoglicosídeo (PA). Antes dos

experimentos de exposição à albumina foram realizados alguns experimentos de

padronização: a) confirmação da diferenciação dos podócitos; b) viabilidade celular

após exposição à albumina; c) viabilidade celular após exposição à PA; avaliação da

expressão dos marcadores de autofagia LC3-II e p62 e da taxa de transcrito do

PODXL após privação de soro no meio de cultura durante 24 horas. Para os

experimentos de exposição dos podócitos à albumina, foram utilizadas diferentes

concentrações de albumina (0, 3, 6, 9, 12, 15, 18, 20, 30 e 40 mg/mL) por 24 horas,

com e sem tratamento com PA. Para avaliação da expressão relativa foi PCR em

tempo real para os genes. Para avaliação da expressão proteica e localização celular

foram realizados Western Blot e imunocitoquímica indireta, respectivamente. As

condições sem albumina foram utilizadas como controle em ambos os grupos e os

resultados foram analisados com teste ANOVA e Tukey, com p≤0,05. Observamos

maior taxa de transcrito do gene PODXL após suplementação de albumina, com e

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sem PA. O TRPC6, este apresentou diminuição do transcrito após a suplementação

no grupo sem PA e aumento dessa taxa à 40 mg/mL no grupo com PA. Esta diferença

foi confirmada nos experimentos de ICI. Já no caso dos genes NPHS2 e NPHS1, não

houve amplificação por real-time PCR e a expressão baixa não permitiu observar

diferença, por Western Blot e por ICI. Este estudo é um passo inicial para uma melhor

compreensão dos mecanismos moleculares nos podócitos que podem estar

associados aos danos fisiológicos causados pelo aumento de proteínas no filtrado

glomerular e pelas dietas hiperproteicas.

Palavras – chave: albumina, puromicina aminoglicosídeo, podócitos, dano renal.

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ABSTRACT

Proteinuria is an important sign and a prognostic marker of kidney disease and usually

reflects an increase in glomerular permeability for albumin. In 10–50% of patients it is

associated with the development of chronic kidney disease. One of the main

mechanisms responsible for the development of pathological proteinuria is the

glomerular filtration barrier (GFB) damage. GFB consists of three main layers:

fenestrated endothelium, glomerular basement membrane and the visceral specialized

cells called podocytes. Podocyte lesion contributes to progressive albuminuria.

However, there is controversy if the proteins in the glomerular filtrate may trigger the

lesion, or if they act as coadjuvant in the podocytopathies. Another question is whether

increased protein intake in diets may trigger or worsen kidney damage and the

molecular consequences to the podocytes. Several molecules participate in the

maintenance of the glomerular filtration barrier, among them, nephrin, podocin,

podocalyxin and short transient receptor potential channel 6, encoded by the genes

NPHS1, NPHS2, PODXL and TRPC6, respectively. Therefore, this study aimed to

evaluate the expression of these genes after a progressive supplementation of albumin

in podocytes in vitro, under two conditions: 1) without treatment; 2) after exposure with

the nephrotoxic drug puromycin aminoglycoside (PAN). Several standardization

experiments were performed before the albumin exposure experiments, such as: a)

confirmation of podocyte differentiation; b) cell viability evaluation after albumin

exposure; c) cell viability evaluation after PAN exposure; d) evaluation of expression

of autophagy markers LC3-II and p62 markers and PODXL mRNA expression after

serum depletion for 24 hours before albumin exposure experiments. For albumin

exposure experiments, we exposed podocytes to to different concentrations of albumin

(0, 3, 6, 9, 12, 15, 18, 20, 30 and 40 mg / ml) for 24 hours, with and without PAN

exposure. After 24 hours, we performed total RNA extraction, cDNA synthesis and

real-time PCR for the genes using RPLP0 as the endogenous control. For protein

expression and cellular localization, we performed Western Blot and

immunocytochemistry, respectively. Conditions without albumin were used as control

in both groups, and the results were analyzed using ANOVA and Tukey test, with

p≤0.05. We observed a higher transcript rate of PODXL gene after albumin

supplementation, in both groups, with and without PA. On the other hand, the TRPC6

presented a decrease in the transcript level after supplementation in the non-PA group

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and an increase in the rate in the 40 mg/mL condition in the PA treatment group. This

difference was confirmed after Western Blot and ICC experiments. Regarding NPHS2

and NPHS1 genes, there was no amplification by real-time PCR and there was no

protein difference in the expression level after Western Blot and ICC experiments. This

study is an initial step towards a better understanding of the molecular mechanisms

that may be associated with the physiological renal damages caused by proteins in the

glomerular filtrate and by high-content diets.

Keywords: Albumin; puromycin aminoglycoside; podocytes; kidney damage.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Componentes do sistema urinário...............................................................19

Figura 2: Néfrons e seus componentes.....................................................................20

Figura 3: Corpúsculo renal e o sistema de filtração...................................................21

Figura 4: Capilar glomerular com podócitos...............................................................22

Figura 5. Modelo funcional da barreira de filtração glomerular..................................24

Figura 6. Diagrama esquemático dos complexos proteicos presentes nos domínios:

AMD, SD e BMD.........................................................................................................25

Figura 7: Interação entre proteínas dos três domínios dos pedicelos dos

podócitos....................................................................................................................31

Figura 8: Ciclo da PCR Real – Time...........................................................................48

Figura 9: Gel de extração de RNA...............................................................................49

Figura 10: Western Blot com imunomarcação de nefrina após exposição à

albumina.....................................................................................................................55

Figura 11: Western Blot com imunomarcação de nefrina após exposição à PA e a

albumina.....................................................................................................................56

Figura 12: ICI com nefrina de podócitos diferenciados sem exposição à PA tratados

com diferentes concentrações de albumina...............................................................57

Figura 13: ICI com nefrina de podócitos diferenciados com exposição à PA tratados

com diferentes concentrações de albumina...............................................................58

Figura 14: Western Blot com imunomarcação de podocina após exposição à

albumina.....................................................................................................................60

Figura 15: Western Blot com imunomarcação de podocina após exposição à PA e a

albumina.....................................................................................................................61

Figura 16: ICI com podocina de podócitos diferenciados sem exposição à PA tratados

com diferentes concentrações de albumina..............................................................62

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Figura 17: ICI com podocina de podócitos diferenciados com exposição à PA tratados

com diferentes concentrações de albumina................................................................63

Figura 18: Avaliação da expressão relativa de TRPC6 (TRPC6 / RPLP0) após

exposição à albumina.................................................................................................66

Figura 19: Avaliação da expressão relativa de TRPC6 (TRPC6 / RPLP0) após

exposição à PA e albumina........................................................................................67

Figura 20: Western Blot com imunomarcação de canal de cálcio receptor de potencial

transitório C após exposição à albumina....................................................................69

Figura 21: Western Blot com imunomarcação de cálcio receptor de potencial

transitório C após exposição à PA e a albumina........................................................70

Figura 22: ICI com canal de cálcio receptor de potencial transitório C de podócitos

diferenciados sem exposição à PA tratados com diferentes concentrações de

albumina.....................................................................................................................71

Figura 23: ICI com canal de cálcio receptor de potencial transitório C de podócitos

diferenciados com exposição à PA tratados com diferentes concentrações de

albumina.....................................................................................................................72

Figura 24: Avaliação da expressão relativa de PODXL (PODXL / RPLP0) após

exposição à albumina.................................................................................................77

Figura 25: Avaliação da expressão relativa de PODXL (PODXL / RPLP0) após

exposição à PA e albumina.........................................................................................78

Figura 26: Western Blot com imunomarcação de podocalixina após exposição à

albumina.....................................................................................................................79

Figura 27: Western Blot com imunomarcação de podocalixina após exposição à PA e

a albumina..................................................................................................................80

Figura 28: ICI com podocalixina de podócitos diferenciados sem exposição à PA

tratados com diferentes concentrações de albumina..................................................81

Figura 29: ICI com podocalixina de podócitos diferenciados com exposição à PA

tratados com diferentes concentrações de albumina..................................................82

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Estadiamento e classificação da doença renal crônica..............................28

Tabela 2: MIX da reação do Real Time PCR............................................................48

Tabela 3: Condições utilizadas para cada proteína no SDS-PAGE...........................50

Tabela 4: Comparação dos tratamentos com PA, para análise de expressão dos

RNAs..........................................................................................................................53

Tabela 5: Expressão da proteína Nefrina....................................................................54

Tabela 6: Expressão da proteína Podocina.................................................................59

Tabela 7: Expressão relativa do gene TRPC6.............................................................65

Tabela 8: Expressão do Canal de cálcio receptor potencial transitório C....................68

Tabela 9: Expressão relativa do gene PODXL............................................................76

Tabela 10: Expressão da proteína podocalixina..........................................................78

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

IC – Imunocitoquímica

ICI – Imunocitoquímica indireta

SPSS - Statistical Package for the Social Sciences

TA - Temperatura ambiente

DRC – doença renal crônica

KDIGO – National Kidney Foundation Guilines

DM – Diabetes mellitus

GESF – glomeruloesclerose segmentar e focal

IRC – insuficiência renal crônica

NP - dieta proteica normal

HP – dieta hiperproteica

BFG – barreira de filtração glomerular

MBG – membrana basal glomerular

AMD – domínio apical da membrana

SD – diafragma de fenda

BMD – domínio basal da membrana

FE – endotélio fenestrado

PHB – proteínas mitocondriais proibitinas

TRP – receptores potenciais transitórios

PA – puromicina aminoglicosídeo

H0 -hipótese nula

H1 – hipótese alternativa

SV-40 - Simian vacuolating virus 40

TA – temperatura ambiente

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FBS – soro fetal bovino

h – hora

rmp – rotações por minuto

mL – mililitro

µL – microlitro

DMSO – dimetilsulfóxido

°C – graus Celsius

ICI – imunocitoquímica indireta

MTT – rometo de 3- (4,5-dimetiltiazol-2-il) -2,5-difeniltetrazólio - sal tetrazólico

PBS – solução salina tamponada com fosfato

mg – miligrama

nm – nanômetro

mM – milimolar

HCl – ácido clorídrico

µg – micrograma

PCR -reação em cadeia da polimerase

V – volts

PVDF –

mA – microampère

EP – erro padrão da média

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO........................................................................................................19

1.1. Os Rins e seus componentes.............................................................................19

1.1.1. Néfrons.............................................................................................................19

1.1.2. Barreira de filtração glomerular.........................................................................20

1.1.3. Podócitos..........................................................................................................22

1.2. Proteinúria e Lesão podocitária...........................................................................26

1.3. Visão geral sobre doença renal crônica (DRC) e seus fatores de risco..............28

1.4. Consumo de proteínas como fator de risco para DRC........................................29

1.5 Proteínas e genes envolvidos com a barreira de filtração glomerular (BFG)

....................................................................................................................................31

1.5.1 Gene NPHS1 e proteína nefrina........................................................................31

1.5.2 Gene NPHS2 e a podocina................................................................................32

1.5.3 Gene TRPC6 e o canal de cálcio receptor potencial transitório C.....................33

1.5.4 Gene PODXL e a podocalixina...........................................................................34

2. JUSTIFICATIVA.....................................................................................................36

3. HIPÓTESE..............................................................................................................37

4. OBJETIVOS...........................................................................................................38

4.1 Objetivo geral........................................................................................................38

4.2 Objetivos específicos............................................................................................38

5. MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................................39

5.1 Genes e proteínas utilizadas como controle nos estudos.....................................39

5.1.1. RPLP0 e GAPDH..............................................................................................39

5.1.2. Sinaptopodina...................................................................................................39

5.2. Cultura Celular.....................................................................................................39

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5.2.1 Descongelamento..............................................................................................40

5.2.2. Plaqueamento...................................................................................................40

5.3. Testes para padronização dos experimentos.......................................................41

5.3.1. Comparação entre podócitos indiferenciados e diferenciados por

imunocitoquímica indireta (ICI)...................................................................................41

5.3.2. Viabilidade por Calceína AM e MTT.................................................................43

5.3.2.1. Viabilidade com Calceína AM........................................................................43

5.3.2.2. Viabilidade com MTT.....................................................................................44

5.3.3. Time Course para determinar dano após exposição à droga PA......................44

5.3.3.1. Marcação com faloidina.................................................................................45

5.3.4. Avaliação de marcadores de autofagia após carenciamento de soro fetal bovino

no meio de cultura, por 24 horas................................................................................46

5.4. Estudos de exposição à albumina em podócitos normais e após indução com a

PA...............................................................................................................................46

5.4.1. Avaliação da taxa de transcrito dos RNAs.........................................................46

5.4.1.1. Extração de RNA...........................................................................................47

5.4.1.2 Síntese de cDNA.............................................................................................48

5.4.1.3. Análise de expressão por Real Time PCR....................................................48

5.4.2. Avaliação da expressão das proteínas.............................................................49

5.4.2.1 Extração de proteína.......................................................................................49

5.4.2.2 Quantificação das proteínas totais por BCA....................................................50

5.4.2.3 Western Blot...................................................................................................50

5.4.2.3.1 SDS-PAGE..................................................................................................50

5.4.2.3.2 Transferência para a membrana..................................................................51

5.4.2.3.3 Teste com Ponceau S.................................................................................51

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5.4.2.3.4 Imunorreação...............................................................................................51

5.4.3. Imunocitoquímica para localização das proteínas alteradas............................52

5.4.4. Montagem das imagens....................................................................................52

5.5. Análise estatística................................................................................................52

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................................53

6.1. Estudos de exposição à albumina em podócitos normais e após indução com a

PA...............................................................................................................................53

6.1.1. Avaliação da expressão relativa de PODXL, NPHS1, NPHS2 e TRPC6.........53

6.2 Genes NPHS1 e NPHS2 - proteínas nefrina e podocina......................................53

6.2.1. Nefrina e o gene NPHS1...................................................................................53

6.2.2. Podocina e o gene NPHS2................................................................................59

6.3. Canal de Cálcio receptor potencial transitório C e o gene TRPC6......................65

6.4. Podocalixina e o gene PODXL.............................................................................76

7. CONCLUSÕES ......................................................................................................85

8. LIMITAÇÕES DO ESTUDO...................................................................................86

9. REFERÊNCIAS……………………………………………………………………........87

10. ANEXOS.............................................................................................................100

10.1. Anexo I: Termo comitê de ética........................................................................100

10.2. Anexo II: protocolo das soluções......................................................................106

10.3. Anexo III: resultados e discussão dos protocolos de padronização.................110

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1.INTRODUÇÃO

1.1 Os Rins e seus componentes

Os rins fazem parte do sistema urinário e localizam-se no retroperiônio (Figura

1). Suas principais funções são: filtração e remoção dos resíduos metabólicos, ajuste

da concentração de água e sais minerais, manutenção do pH dos fluídos corporais

além da regulação da pressão arterial pelo sistema renina-angiotensina-aldosterona

(1,2).

Figura 1: Componentes do sistema urinário, com destaque para os rins, em laranja.

Adaptado de Patton KT e Thibodeau GA, 2010 (3).

Para exercerem suas funções, os rins se dividem em estruturas, cada uma com

características específicas.

1.1.1 Néfrons

Nos rins existem cerca de um milhão de néfrons que são definidos como as

unidades filtradoras renais. Estes são divididos funcionalmente em duas partes

principais: túbulo renal e corpúsculo renal (Figura 2). A ultrafiltração do sangue fica a

cargo do corpúsculo renal formado pelo glomérulo, uma rede de capilares

emaranhados, e pela cápsula de Bowman (4).

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Figura 2: Néfrons e seus componentes. A: Ilustração de corte longitudinal de um

rim com a região do córtex e medula ampliada mostrando a localização dos Néfrons

B: Disposição do néfrons corticais e justamedulares O sangue entra pela arteríola

aferente, retorna para a circulação pela arteríola eferente e a urina formada sai pelo

túbulo coletor (5)

Ao redor do glomérulo situa-se a cápsula de Bowman que envolve os

glomérulos e que possui uma camada de células epiteliais parietais e outra camada

de células epiteliais viscerais especiais, conhecidas como podócitos, que recobrem os

capilares glomerulares. A camada de células parietais mantém o ultrafiltrado separado

do sangue dentro da cápsula (4) (figura 3 A).

1.1.2 Barreira de filtração glomerular

A barreira de filtração glomerular (BFG), que separa a corrente sanguínea do

espaço urinário, é responsável pela ultrafiltração do plasma no processo de formação

da urina (4,6). É composta por três camadas especializadas: a camada de células

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endoteliais glomerulares, a membrana basal glomerular (MBG) e a camada de células

epiteliais viscerais, os denominados podócitos (figura 3).

Figura 3: Corpúsculo renal e o sistema de filtração. A: corte longitudinal de um

corpúsculo renal, evidenciando suas estruturas internas; B: corte transversal da figura

exibida em A; C: Barreira de filtração glomerular (BFG) ampliada, ilustrando: o

endotélio fenestrado, representado pela camada de células amarelas; a membrana

basal glomerular (MBG), representada em azul; a camada de células epiteliais

viscerais, os podócitos, em vermelho. Adaptado de McCance K, Huether SE, 2010 (6).

A primeira camada da BFG é constituída de células achatadas, as chamadas

células endoteliais, que separam o sangue do tecido e regulam o tônus vasomotor e

a homeostase. Em humanos, o endotélio dos glomérulos é fenestrado, contendo

numerosos poros com aproximadamente 70 a 100 nm de diâmetro que correspondem

a uma área de 20 a 50% da superfície capilar total. Recobrindo as células endoteliais

há uma malha superficial carregada negativamente, composta por proteoglicanos

sulfatados, o glicocálix, e que forma projeções do tipo escova ao redor dos poros.

Deste modo, o endotélio possui um papel ativo na filtração glomerular, auxiliando na

repulsão das proteínas (7). A segunda camada da BFG é a membrana basal

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glomerular (MBG), descrita como uma malha semelhante a um gel, com volume de

água entre 90 a 93% e com íons carregados negativamente, é uma rede

heteropolimérica composta por colágeno tipo IV, laminina, fibronectina, nidogêneo e

quantidades abundantes de proteoglicanas de heparan sulfato (1% do peso seco da

MBG). Exercendo diversas funções, tais como a filtração e a compartimentalização

das moléculas, além de participar na adesão, migração e diferenciação celulares. Por

fim, recobrindo os capilares glomerulares, estão os podócitos, células altamente

especializadas e diferenciadas que recobrem a face externa (urinária) da MBG e

formam a terceira camada da BFG.

1.1.3 Podócitos

São compostos por três diferentes segmentos morfológica e funcionalmente

diferentes: um corpo celular, processos principais e pedicelos, que são longas

projeções citoplasmáticas (8) (figura 4).

Figura 4: Capilar glomerular com podócitos. À esquerda: imagem de porção de um

capilar glomerular recoberto por podócitos e seus pedicelos; à direita: ilustração da

barreira de filtração glomerular (BFG), evidenciando seus pedicelos ao longo do

capilar, bem como o diafragma de fenda (destaque em amarelo) que se forma entre

eles e o endotélio fenestrado. Adaptado de Marieb e Hoehn, 2010 (4).

Os pedicelos são funcionalmente definidos por três domínios: o domínio apical

da membrana (AMD), o diafragma de fenda (do inglês, slit diaphragm - SD) e o

domínio basal da membrana (BMD), este último associado à MBG (Figura 5A). Os três

domínios estão física e funcionalmente ligados entre si e ao citoesqueleto de actina

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dos pedicelos, de forma que a actina é comum a diferentes vias fundamentais na

função e disfunção dos podócitos (8,9) (Figura 6). Especial atenção é dada ao domínio

SD, pois além da complexidade dos sinais que são gerados a partir das interações

protéicas homofílicas e heterofílicas dentro dos diafragmas de fenda propriamente

ditos, esta delicada estrutura é exposta a fatores circulantes, pressão da filtração

glomerular, desafios das moléculas de polaridade celular e eventos de fosforilação

que acontecem na porção intracitoplasmática da nefrina. Devido à sua posição

específica dentro das fendas de filtração, várias moléculas dos diafragmas de fenda

têm sido designadas como receptores de sinalização. Diversas e distintas vias de

sinalização intracelular integram estes sinais de chegada, por meio dos quais os

diafragmas de fenda influenciam ou iniciam diferentes processos intracelulares,

incluindo sensação mecânica, sinalização de cálcio, sobrevivência celular,

transcrição, modulação do citoesqueleto de actina e polaridade celular e endocitose

(10,11). Assim, as últimas seis décadas de pesquisa dedicadas ao diafragma de fenda

resultaram na visão de que este local extremamente especializado de contato célula-

célula serve como um complexo especializado de sinalização. A cada ano novas

moléculas são identificadas o que torna este local de sinalização cada vez mais

complexo (Figura 6).

Danos em qualquer um dos três domínios dos pedicelos alteram os feixes

contráteis de actina, normalmente paralelos (11), havendo reorganização ativa dos

filamentos de actina, perda do padrão normal de interdigitações causando o

espessamento dos pedicelos e a consequente perda de proteína pela urina

(proteinúria). Desde o início anos 90 até hoje foram identificadas mutações em

diversos genes que codificam as proteínas importantes na manutenção da estrutura e

da função do complexo de filtração glomerular (11). Estas proteínas são expressas

principalmente nos podócitos e estão envolvidas direta ou indiretamente na

organização dos diafragmas de fenda e do citoesqueleto de actina (Figuras 5B e 6).

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Figura 5. Modelo funcional da barreira de filtração glomerular. A. Na ilustração observa-se os pedicelos e seus três domínios ABD =

domínio apical da membrana; SD = diafragma de fenda; BMD = domínio basal da membrana; GBM = membrana basal glomerular; MBG:

membrana basal glomerular; FE: endotélio fenestrado. Adaptado de Joshi et al. (12). B. Complexidade das moléculas presentes nos três

domínios dos pedicelos. Adaptado de Grahammer et al.(13).

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Figura 6. Diagrama esquemático dos complexos proteicos presentes nos

domínios: AMD, SD e BMD. A. AMD: A superfície apical dos pedicelos possui um

glicocálix bem desenvolvido, que contribui com uma carga negativa para a BFG e

preserva a citoarquitetura dos podócitos mantendo os pedicelos separados dos

outros. As proteínas podocalixina e GLEPP1 (PTPRO) possuem ligação com o

citoesqueleto de actina (14,15). B. SD: Complexo multiproteico dos diafragmas de

fenda e suas relações com a actina. C. BMD: complexo multiproteico do domínio

basal, mostrando somente uma parte das interações. Várias moléculas de adesão

estão presentes no BMD, além da proteína de adesão integrina 31. Vermelho:

proteínas de membrana; laranja: proteínas adaptadoras; verde: proteínas efetoras.

Setas duplas: interações bioquímicas entre proteínas; setas verdes: vias de

sinalização efetoras. BS: espaço de Bowman; SD: diafragma de fenda; GBM:

membrana basal glomerular. Adaptado de Faul et al. (16).

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1.2. Proteinúria e Lesão podocitária

Proteinúria é um problema de saúde que afeta centenas de milhares de

pessoas no mundo inteiro. A proteinúria é um sinal importante e um marcador de

prognóstico para doença renal. Em uma pessoa comum, a excreção de proteína pela

urina é de menos de 150 mg/dia e consiste principalmente nas proteínas plasmáticas

que são filtradas (60%) e proteínas tubulares Tamm-Horsfall (40%). A principal

proteína plasmática presente na urina é a albumina e constitui 20% da excreção diária

de proteínas. Em indivíduos saudáveis, a quantidade de albumina urinária é menor do

que 20 mg (13.8 mg/min) (17). Proteinúria geralmente reflete um aumento na

permeabilidade glomerular para albumina e outras macromoléculas plasmáticas,

sendo que uma coleta de urina de 24 horas com mais de 150 mg de proteína é

considerada patológica. A microalbuminúria é, desta forma, um indicativo de

complicações renais de Diabetes Mellitus, obesidade, síndrome metabólica e de

origem genética. A proteinúria pode progredir e, em 10-50% dos pacientes está

associada ao desenvolvimento de doença renal crônica (DRC), podendo culminar em

diálise e transplante. Existem alguns mecanismos principais responsáveis pelo

desenvolvimento de proteinúria patológica: glomerular, tubular e “overflow”. A

glomerular é a mais comum e representa cerca de 90% dos casos. Existe ainda a

proteinúria induzida por exercícios e a pós-prandial, sendo que há controvérsias se

nestes casos a proteinúria deve ser considerada como proteinúria transiente,

fisiológica, ou se pode ser associada à progressão de doença renal.

Existem quatro tipos celulares envolvidos nas doenças glomerulares e que

podem sofrer dano: células mesangiais, células endoteliais, células viscerais

(podócitos) e células parietais. No caso das podocitopatias, aonde a lesão encontra-

se nos podócitos, alguns dos principais tipos de lesão são a glomeruloesclerose

segmentar focal (GESF), nefropatia membranosa, glomerulonefrite

membranoproliferativa e nefropatia diabética. As podocitopatias podem ser

congênitas, hereditárias ou adquiridas. Na primeira encontram-se anormalidades nas

proteínas estruturais dos podócitos, como no caso da Síndrome Nefrótica Congênita

(18). Lesão podocitária congênita também pode ser originada pelo desenvolvimento

de anticorpos maternos contra a endopeptidase neutra. Nesse caso os anticorpos são

adquiridos no útero, sendo considerados congênitos (19). As condições hereditárias

incluem alterações em proteínas específicas de podócitos, como na α -actinina-4 e

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podocina (20). Já as lesões de caráter adquirido, em sua maioria são imunes ou não

imunes mediadas, e aquelas que não imunes são por exemplo nefropatia associada

ao HIV (21). A diabetes também está associada a lesão do podócito (22).

Alguns estudos apontam para outro fator causador de lesão nos podócitos,

sendo ele o aumento da tensão glomerular com o aumento da pressão glomerular

(23). Nesse último caso, podemos associar o que foi proposto por Brenner et al, 1982

(24), que propuseram que existem situações nas quais há aumento da taxa de filtração

glomerular e na pressão glomerular e que isto poderia culminar com o

comprometimento da função renal e potencialmente aumentar o risco de progressão

para doença renal. Brenner propôs que uma destas situações, decorrente de uma

ingesta habitual alta de proteínas na dieta, poderia ter um impacto negativo para a

função renal, devido ao aumento contínuo de pressão glomerular e hiperfiltração renal.

Do ponto de vista histológico a lesão nos podócitos apresenta formação de

vacúolos, presença de corpos citoplasmáticos de inclusão e separação da membrana

basal glomerular. No entanto uma resposta característica ao dano é o esfacelamento

dos pedicelos (25). Esse evento acontece por uma simplificação gradual dos

pedicelos, levando a formação de uma célula plana e alongada, reduzindo e

encurtando os pedicelos (26).

Com relação a possíveis causas dessa lesão, Okamura et al, 2013

demostraram que podócitos expostos a níveis de albumina similares ao do ultrafiltrado

de pacientes com proteinúria, em decorrência de síndrome nefrótica (SN),

apresentaram aumento da morte celular, com regulação positiva das vias pró

apoptóticas e das citocinas inflamatórias. Além disso, os glomérulos isolados de

camundongos com SN também apresentaram aumento de expressão de citocinas

pró-inflamatórias, demonstrando que a exposição prolongada à albumina é prejudicial

aos podócitos, contribuindo para a perda progressiva de podócitos observada na

doença renal. Outros estudos também abordam os mecanismos subjacentes à

indução de cascatas inflamatórias e pró-apoptóticas induzidas pela albumina (27).

Já se sabe que lesão podocitária contribui para albuminúria progressiva e que,

inclusive, a lesão pode ser quantificada pela albuminúria. No entanto ainda permanece

obscuro se a albuminúria é uma consequência do dano ou se é um agravante em

potencial da podocitopatia.

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1.3. Visão geral sobre doença renal crônica (DRC) e seus fatores de risco

A doença renal crônica (DRC) é definida classicamente por anormalidades da

estrutura ou função dos rins presentes por mais de três meses e com implicações para

a saúde. De acordo com o “National Kidney Foundation Guidelines” (KDIGO) (28)

pode ser classificada em cinco estágios, de acordo com o grau de redução da filtração

glomerular (Tabela 1).

Tabela 1. Estadiamento e classificação da doença renal crônica

O Diabetes mellitus (DM) é a principal causa de insuficiência renal crônica (IRC)

no mundo, sendo que a nefropatia diabética apresenta como principais alterações:

albuminuria, hiperfiltração renal e glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF) (29);

uma das principais consequências é a perda podocitária, como evidenciado pelo

estudo realizado por Pagtaluman et al.(1997) (22) e observado em diversos outros

estudos que relataram a apoptose dos podócitos em modelos animais com diabetes,

como o feito por Fangqiang et al., 2016 (30). A segunda maior causa de IRC é a

hipertensão (31), sendo seguida pelos fatores de risco tais como: etnia, gênero,

história familiar, além de sedentarismo, fumo e obesidade (32). Existem poucos dados

sobre o papel da ingesta de proteínas como um fator de risco do desenvolvimento

inicial ou para progressão da doença renal. No entanto estudos populacionais têm

demostrado dados da relação inversa entre consumo proteico e pressão sanguínea

(33–35).

EstágioTaxa de Filtração Glomerular

(ml/min/1.73m2)

Função Renal

1 ≥90 Normal

2 60-89Levemente

deminuída

3a 45-59Leve a

moderadamente

3b 30-45Moderada a

severamente

4 15-29Severamente

diminuída

5 <15 Falência renal

Doença Rena Crônica

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1.4. Consumo de proteínas como fator de risco para DRC

Um dos fatores de risco para doença renal crônica, descritos na literatura, é o

consumo de proteínas. Atualmente, principalmente no ocidente, o consumo de

proteínas é em torno de 1,5 a 2 vezes maior do que o recomendado pelos órgãos

responsáveis (0,8 g/kg/dia, o que equivale a ~ 10% da energia calórica diária) (36,37).

Especialmente entre atletas de alta performance, há muitos anos que a ingestão de

quantidade excessiva de proteínas tornou-se popular. Como o turnover de proteínas

celulares é maior entre estes atletas, existem controvérsias se há necessidade de

maior ingesta de conteúdos proteicos neste grupo (38,39). Ainda não há, no entanto,

um valor definido e sim algumas recomendações de acordo com o tipo de exercício

e para melhor recuperação (40). Além disso, o consumo diário proteico também

aumentou muito entre indivíduos comuns devido à recente tendência no mundo

ocidental de dietas hiperproteicas como promessa de perda rápida de peso (41–43).

O consumo de dietas hiperproteicas pode trazer consequências para a saúde

sendo uma das preocupações mais comuns o impacto na função renal (44). Esta

relação entre o consumo de proteínas na dieta e a função renal já é foco de estudos

há mais de meio século. A Hipótese de Brenner é uma das referências mais citadas

neste tópico (24). Em 1987, Brenner e Anderson (45), ao estudarem o envelhecimento

e suas consequências nos rins, que estão entre os principais órgãos afetados com o

avanço da idade, demonstraram que entre os fatores que podem influenciar a

progressão do envelhecimento e deterioração renal está a manipulação da dieta,

especialmente a dieta proteica. Neste estudo os autores demonstraram que após uma

dieta com excesso de proteínas parte dos glomérulos ficavam sobrecarregados como

decorrência de uma maior pressão glomerular (hiperfiltração relativa) necessária para

atender ao aumento do fluxo resultante das exigências da dieta. Consequentemente,

pode ocorrer eventual esclerose dos glomérulos o que culmina com o

comprometimento ou até a perda total da função dos néfrons (45). Wakefield et al. em

2011 (46) realizaram experimentos com ratos como animal modelo com o objetivo de

observar se uma dieta hiperproteica seria segura para a saúde renal. Neste estudo os

70 ratos foram alimentados com proteínas de fonte vegetal e animal e aleatoriamente

distribuídos nos seguintes grupos de dieta: a) dieta proteica normal (NP: 15% de

energia proteica) e b) dieta hiperproteica (HP: 35% de energia proteica). Após 4, 8, 12

e 17 meses a função renal foi verificada pelo clearance de creatinina e pelos níveis de

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proteína urinários e a patologia renal foi observada examinando-se a hipertrofia

glomerular, glomeruloesclerose e fibrose tubulointersticial. Os resultados foram que

os ratos em dieta HP tiveram 17% a mais de peso dos rins, apresentaram três vezes

mais proteinúria e um clearance de creatinina 27% maior do que os ratos que

consumiram NP. Ainda, os animais com dieta HP apresentaram glomérulos maiores

e GESF. Desta forma, os dados deste trabalho reforçaram o que já havia sido

analisado em outros estudos com o mesmo modelo animal e com outros mamíferos,

como porcos, por exemplo. Esse estudo concluiu que, com relação à análise de

alterações renais, ratos são modelos adequados e que a dieta hiperproteica causa

danos renais morfofisiológicos (46).

Se por um lado o consumo excessivo de proteínas na dieta aumenta a

sobrecarga renal e induz para progressão da DRC, estudos indicam que adultos com

doença renal crônica se beneficiam de uma dieta proteica de restrição ou de redução,

com retardo da progressão para insuficiência renal (47). No caso do DM, por exemplo,

a Associação Americana de Diabetes recomenda que no caso de indivíduos

diabéticos com função renal normal a ingesta proteica não seja maior do que 15 a

20% da energia calórica diária. No entanto, no caso dos indivíduos diabéticos que já

apresentam DRC, a ingesta proteica deve ser para menos de 0.8 g/kg/dia (<10%),

pois há maior chance de retardar a progressão da doença (48). Recentemente Piccoli

et al. (2016) (49) realizaram um estudo observacional no qual ofereceram dieta de

redução proteica para dois grupos: a) 149 pacientes diabéticos com nefropatia e b)

300 pacientes não diabéticos com nefropatia e não observaram diferença nos

resultados de função renal entre estes dois grupos, mostrando que ainda existem

dúvidas quando se trata de dieta proteica restritiva em diabéticos.

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1.5. Proteínas e genes envolvidos com a barreira de filtração glomerular (BFG)

Na figura 7 estão ressaltadas as proteínas que foram objeto de estudo neste

trabalho.

Figura 7: Interação entre proteínas dos três domínios dos pedicelos dos

podócitos.Em destaque as proteínas utilizadas neste estudo: podocalixina (laranja),

nefrina (verde), podocina (azul) e o receptor transiente de canal de cálcio – TRPC6

(bege). Adaptado de PAVENSTADT, 2002 (50).

1.5.1 Gene NPHS1 e proteína nefrina

O gene NPHS1 (OMIM 602716) está localizado no cromossomo 19q13.1 e

apresenta 29 éxons distribuídos em 26kb. Codifica a proteína nefrina de 180 kDa, que

é uma proteína transmembrana da superfamília das imunoglobulinas (Ig) (51). Possui

8 módulos extracelulares de Ig e um de fibronectina do tipo III. Os domínios do tipo Ig

são do tipo C2, encontrados em proteínas que participam de interação entre células

(52). Nefrinas de pedicelos adjacentes interagem entre si numa estrutura porosa em

forma de zíper e formam a última camada da barreira de filtração, chamado diafragma

de fenda (53). A nefrina possui uma região de N-glicosilação que desempenha papel

fundamental no dobramento molecular da proteína, sendo importante para a sua

localização na membrana plasmática (54). Vários trabalhos sugerem que uma função

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importante da nefrina seja a manutenção, tanto do contato célula a célula, quanto do

citoesqueleto dos podócitos e demonstram que a nefrina se liga à actina atuando como

um elo entre o citoesqueleto e as fendas do diafragma (55,56). Além da função

estrutural, a nefrina possui outros mecanismos de ação, tais como o reconhecimento

de superfície, envolvimento na resposta imune e sinalização celular (57). O domínio

intracelular da nefrina possui vários resíduos de tirosina que são fosforilados por

proteínas pertencentes à família das quinases Src (58–60). Assim, acredita-se que

oligômeros de nefrina se associem aos “rafts” de lipídios nas membranas das fendas

do diafragma (61), atuando como moléculas receptoras e transdutoras de sinal. A

nefrina possui um papel fundamental na manutenção da integridade das fendas de

diafragma. Algumas evidências que corroboram o papel crítico da nefrina na

manutenção da permeabilidade seletiva dos glomérulos são, por exemplo, a

expressão máxima que pode ser observada nos pedicelos na região das fendas do

diafragma (18); ou, o fato de que experimentos com camundongos knockout de nefrina

revelam o desenvolvimento de proteinúria intraútero e morte nas primeiras 24 horas

de vida (62). Desta forma, danos causados por mutações em genes que codificam

proteínas estruturais dessa região ou mesmo danos secundários a certas condições,

tais como Diabetes mellitus entre outros, têm como consequência a perda de

proteínas plasmáticas pela urina podendo resultar em proteinúria maciça (63).

1.5.2 Gene NPHS2 e a podocina

O gene NPHS2 localiza-se no cromossomo 1q25-q31 sendo composto por 8

éxons, expresso principalmente em podócitos, mas também em testículo humano

(64). Codifica a podocina, uma proteína integral da membrana (65). A podocina

compreende 383 aminoácidos, possui 42 kD, e apresenta estrutura semelhante às

proteínas tipo estomatina, consistindo em um domínio N-terminal, um transmembrana

(curto) e um C-terminal citosólico (66). Deste modo o domínio transmembrana forma

uma espécie de gancho (“hairpin”), característico das proteínas do tipo estomatina

(67). Em 2013, foi identificada uma isoforma menor da podocina, possuindo 315

aminoácidos, com ausência do éxon 5. Ela é traduzida no entanto fica retida no

retículo endoplasmático, sugerindo um papel fisiológico diferente para a isoforma,

talvez associada com o mecanismo de sequestro de componentes que possam

interagir com lipídios e proteínas no retículo (68). A interação da podocina com a

cauda citoplasmática da nefrina é fundamental para a formação do diafragma de

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fenda. A podocina tem um papel importante de recrutamento de colesterol para a

região dos diafragmas de fenda. Este recrutamento só é possível pois a podocina

pertence a uma família com mais de 1300 proteínas conservadas ao longo da

evolução, que possui um domínio com aproximadamente 150 aminoácidos que

apresentam similaridade às proteínas mitocondriais proibitinas (PHB). É através do

domínio PHB e de dois domínios palmitoil hidrofóbicos adjacentes ao domínio PHB

que a podocina recruta o colesterol contribuindo para a criação de um supercomplexo

de proteínas e lipídios (69). Este supercomplexo é essencial para as interações que

a podocina exerce. Huber et al. 2001 (66) demonstraram que a podocina interage com

a cauda citoplasmática da nefrina e que esta interação induz e potencializa a ação de

sinalização celular exercida pela nefrina (66,70).

A podocina tem interação importante com o TRPC6, uma vez que já foi

demonstrado que esse gene é regulado pela podocina no diafragma de fenda,

especificamente nos “rafts” de lipídios, bem como tem papel na preferência pelo

mecanismo de ativação do TRPC6 (12,70).

1.5.3 Gene TRPC6 e o canal de cálcio receptor potencial transitório C

O gene TRPC6 localiza-se no cromossomo 11q22.1 sendo composto por 15

éxons, codifica um receptor de potencial dos canais de cálcio com 106 kDa e localiza-

se no complexo lipídico da membrana, juntamente com a podocina regulando a ação

mecânica no diafragma de fenda (71). É membro da superfamília de receptores

potenciais transitórios (TRP), sendo a subfamília TRPC (TRPC1-TRPC7) um grupo de

canais iônicos permeáveis ao cálcio que são importantes para o aumento intracelular

de Ca2+ (72). Sabe-se que com a ativação de receptores TRPC e o consequente

aumento do Ca2+ citoplasmático, ocorre fosforilação de proteínas de transdução de

sinal e de fatores de transcrição para a regulação da dinâmica do citoesqueleto (73).

A descoberta de que mutações de ganho de função no gene TRPC6 causavam GESF

hereditário, além de sua localização nos diafragmas de fenda, levaram a uma série de

questões sobre seu papel fisiológico e patofisiológico nos podócitos. Alguns

mecanismos de como a desregulação do TRPC6 possa causar GESF já foram

propostos, apesar de ainda não completamente compreendidos: o aumento de íons

Ca2+ parece modificar e interferir na modulação do citoesqueleto de actina dos

pedicelos o que pode alterar a filtração exercida pelos podócitos (74); o aumento de

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íons Ca2+ parece estar associado a apoptose dos podócitos, desprendimento ou falta

de proliferação o que resultaria em GESF (50).

Mutações no gene TRPC6 são uma importante causa de GESF de início tardio

e com herança autossômica dominante. As mutações são de ganho de função, ou

seja, para várias mutações já testadas, houve aumento de amplitude de corrente e

aumento de influxo de cálcio em resposta a ativação dos canais. Reiser et al., em

2005, (72) foram um dos primeiros grupos a demonstrarem a expressão de TRPC6

em podócitos e estudo funcional das mutações com ganho de função neste gene.

No caso de estudos referentes a diminuição de expressão desse gene, muitos

relatam que essa redução estaria associada como um mecanismo de defesa e

recuperação do podócito, mecanismo muito utilizado por medicamentos. Deste modo

a inibição do TRPC6 mostra-se como um fator de proteção dos podócitos para

diversas afecções renais como por exemplo, a doença renal diabética, como

demonstrado por Spires et al, 2018, utilizando um modelo knock-out do TRPC6, para

verificar o potencial dessa condição de prevenir o desenvolvimento da doença renal

(75).

Curiosamente, mesmo em outro tecido, o ureter, também apresentou os

mesmos padrões de aumento ou diminuição da expressão do TRPC6. O estudo

relacionado a fibrose renal e uma forma de proteção contra sua progresso, obteve os

mesmos resultados dos estudos anteriores, de modo que a ativação do TRPC6

contribuiu para a patogênese da fibrose renal, ao passo que sua inibição, sendo por

deleção do gene ou bloqueio utilizando fármacos levou a uma melhora do fenótipo

(76).

1.5.4 Gene PODXL e a podocalixina

O gene PODXL localiza-se no cromossomo 7q32-q33 codifica a podocalixina

uma proteína importante no revestimento celular, situada na região do glicocálix

responsável pela regulação da adesão e da morfologia dos podócitos e essencial para

a manutenção dos diafragmas de fenda (77).

A podocalixina é uma glicosialoproteina transmembrana sulfatada, sendo seu

domínio extracelular rico em serina, treonina e prolina, fornecendo muitos sítios

potenciais de glicolisação (78). Alguns estudos demonstram que o domínio

citoplasmático da podocalixina está conectado ao citoesqueleto de actina sendo que

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em modelos animais com nefrose induzida pela droga puromicina aminoglicosídeo

(PA) esta conexão da podocalixina com o citoesqueleto da actina é interrompida

(79,80). Um estudo avaliando a expressão de algumas moléculas em podócitos de

pacientes com doença renal adquirida evidenciaram uma diminuição da expressão da

podocalixina e a consequente obliteração dos pedicelos e proteinúria (81).

Além do seu papel nos podócitos, a podocalixina é expressa em diversos tipos

de tecidos e alguns estudos a detectaram em linhagens celulares malignas e

neoplasias, desde linhagens celulares de câncer de cólon, mama e próstata, como

carcinomas de mama, fígado, pâncreas, tireoide, rim e até em leucemia aguda (80,82–

84).

São poucos os estudos associado alterações genéticas no gene PODXL com

danos renais, no entanto em 2014 foi realizado um estudo propondo esse gene como

candidato para GESF em uma família com herança autossômica dominante, no

entanto por conta dos poucos estudos desse tipo de associação, não se sabe sobre o

efeito dessa alteração na função da proteína (85).

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2. JUSTIFICATIVA

Já se sabe que indivíduos com proteinúria apresentam lesão podocitária. No

entanto existem controvérsias se as proteínas presentes no filtrado glomerular destes

indivíduos desencadeiam a lesão, ou se podem atuar como coadjuvante nas

podocitopatias.

Com respeito ao consumo de proteínas da dieta, existem estudos mostrando

efeito na hiperfiltração renal em indivíduos com doença renal pré-existente (86). Há

controvérsias porém, quanto ao risco do desenvolvimento de doença renal em

indivíduos saudáveis após consumo de suplementos proteicos ricos em albumina e

outras proteínas, ou se o risco só existe em indivíduos já portadores de patologia renal

(38).

Nos dois casos, ainda não são bem compreendidas as consequências

moleculares e seus mecanismos nos podócitos após a exposição ao excesso de

albumina no filtrado glomerular ainda.

Ressalta-se a importância de estudos moleculares preliminares em modelos

celulares adequados – tais como a cultura celular de podócitos utilizada neste estudo

– de forma que os resultados possam ser utilizados no direcionamento de estudos

futuros em modelo animal. Justifica-se a escolha das proteínas alvo estudadas

principalmente pela sua importância na função, localização nos diafragmas de fenda

e na dinâmica do citoesqueleto dos podócitos.

Desta forma, além de complementar os estudos fisiológicos existentes até o

momento, o conhecimento científico nesta área será fundamental para que os órgãos

responsáveis possam estabelecer valores diários de consumo proteico na dieta, já

que a conclusão do relatório de 2002 do Instituto de Medicina DRI foi a de que não

existem dados científicos suficientes para recomendações do limite superior de

ingesta de proteínas (36).

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3. HIPÓTESE

A hipótese deste estudo é de que o consumo excessivo de proteínas na dieta

deve alterar a expressão dos genes e proteínas envolvidos com a atividade dos

podócitos na filtração glomerular, escolhidos para o estudo, tanto no grupo de

podócitos saudáveis, como naqueles nos quais foi induzido dano com puromicina

aminoglicosídeo (PA).

Sendo assim consideramos:

1) Hipótese nula (H0) – sem diferença de expressão.

2) Hipótese alternativa (H1) – com diferença de expressão.

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4. OBJETIVOS

4.1 Objetivo geral

Avaliar se há diferença de expressão e de localização celular de proteínas

presentes nos pedicelos dos podócitos frente à suplementação progressiva de

albumina em cultura de podócitos normais e em podócitos após a exposição com a

droga PA.

4.2 Objetivos específicos

1) Avaliar se há diferença de expressão dos genes NPHS2, NPHS1,

PODXL e TRPC6 e das proteínas codificadas por estes genes: podocina,

nefrina, podocalixina e receptor potencial transitório de íons cálcio,

respectivamente, em cultura celular de podócitos, frente às seguintes

condições:

(1) Suplementação progressiva de albumina em podócitos normais.

(2) Suplementação progressiva de albumina em podócitos após dano com

a droga puromicina aminoglicosídeo (PA).

2) Comparar os diferentes níveis de expressão dentro dos grupos de

tratamento (1) e (2) utilizando testes estatísticos apropriados

3) Observar se há diferença de localização das proteínas nos podócitos nos

grupos de tratamento (1) e (2).

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5. MATERIAL E MÉTODOS

5.1 Genes e proteínas utilizadas como controle nos estudos

Para os estudos de expressão foram utilizados alguns genes e proteínas para

controle de alguns experimentos e padronizações.

5.1.1. RPLP0 e GAPDH

O gene RPLP0 localiza-se no cromossomo 12q24.23 sendo composto por 8

éxons e codifica a subunidade 60S ribossômica. O RPLP0 é frequentemente escolhido

como gene de referência em experimentos de RT-PCR pois, alem de ser um gene

conservado ao longo da evolução, é um gene “housekeeping”, ou seja, necessário

para as funções basais celulares, sendo expresso em todas as células e com

expressão contínua, ou seja, constitutiva. Já o gene GAPDH localiza-se no

cromossomo 12p13.31 sendo composto por 10 éxons e codifica um membro da família

de proteínas de gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase. A proteína catalisa um

importante passo de produção de energia no metabolismo de carboidratos, a

fosforilação oxidativa reversível sendo o GAPDH um gene conservado “housekeeping”

e constitutivo (87–89).

5.1.2. Sinaptopodina

A Sinaptopodina é uma proteína expressa pelo gene SYNPO que se localiza

no cromossomo 5q33.1 sendo composto por 10 éxons, que associada à actina pode

desempenhar papel na forma e motilidade das células. (90). É uma proteína de alta

expressão citoplasmática em podócitos diferenciados e por esse motivo muito

utilizada como controle de diferenciação em cultura de podócitos.

5.2. Cultura Celular

Os podócitos adultos são células terminalmente diferenciadas, ou seja, estas

células não sofrem mitose, não se proliferam. Isto dificultava os estudos in vitro, mas

Saleem et al., em 2002, (91) estabeleceram o cultivo de podócitos condicionais

imortalizados, o que facilitou muito a vida dos pesquisadores da área. Esta linhagem

celular foi obtida por meio da transfecção com o gene o com promotor SV-40 sensível

à temperatura. Desta forma, esta linhagem celular de podócitos prolifera à

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temperatura permissiva (33ºC), quando então as células possuem um formato de

poliedro (do inglês “coblestone”) e são indiferenciadas. Na temperatura não-

permissiva (37ºC), as células entram num estado de quiescência e começam a

expressar marcadores de diferenciação de podócitos in vivo tais como a nefrina,

podocina e sinaptopodina. Para o presente estudo foi utilizada a linhagem celular de

podócitos condicionais imortalizados da linhagem AB8/13 - doação do Prof. Dr. Moin

Salem, Bristol University, UK. AB faz referência ao anonimato do paciente; 8 à

construção tsSV40; 13 ao gene da enzima transcriptase reversa da telomerase,

hTERT.

Os podócitos foram armazenados no nitrogênio líquido, em tubos criogênicos

devidamente identificados. Foram utilizadas células entre as passagens 14 a 22.

5.2.1 Descongelamento

Os tubos foram descongelados por 2 minutos em TA e posteriormente

colocados em garrafa de cultura celular com meio RPMI 1640 + 10% soro fetal bovino

(FBS) (Sigma) e incubados em estufa a 33°C e 5% CO2 por 24 h. Após esse período

o meio foi descartado e foi adicionado meio novo. A cada dois dias o meio foi trocado

até que as células atingissem 90 % de confluência. Nesse momento foram transferidas

para uma garrafa maior (repique/passagem). Para desprender as células que estavam

aderidas ao fundo da garrafa foi utilizada tripsina (Sigma) por 5 minutos a 33°C e sua

inativação foi feita com RPMI 1640 + 10% FBS, sendo feita então centrifugação da

solução por 5 minutos a 1200 rpm em TA. O meio foi retirado e o pellet ressuspendido

em de meio RPMI 1640 + 10% FBS, de acordo com o volume da nova garrafa e então

as células foram repassadas para nova garrafa.

5.2.2. Plaqueamento

Plaqueou-se 5x104 células/mL, em placas de 6 poços. Para contagem das

células, após tripsinização e centrifugação, ressuspendeu-se as células em 1ml de

meio RPMI 1640 + 10% FBS. Foi realizada uma diluição de 1:10, totalizando 20 µl

dessa solução para contagem das células em câmara de Neubauer. Foram contados

os 4 quadrantes e realizada a média para saber o total de células em 1ml, para

posterior diluição para o plaqueamento referido acima. As células excedentes foram

sempre congeladas após a etapa de repique e centrifugação, sendo o pellet

ressuspendido em meio de congelamento (RPMI + 10% FBS + 10% DMSO). Cada

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tubo criogênico contendo 1 mL de meio com células ficou por 24 h em suporte com

isopropanol gelado em -80°C. Posteriormente foi armazenado em nitrogênio líquido.

Quando as células plaqueadas atingiram 40% de confluência poço

(aproximadamente 48h após o plaqueamento) a temperatura da estufa foi alterada

para 37°C para que então as células iniciassem a diferenciação durante 10-14 dias.

Sendo que nos primeiros dias elas ainda proliferam, atingindo assim 60% de

confluência necessária para os experimentos seguintes.

5.3. Testes para padronização dos experimentos

Foram realizados alguns testes para padronização dos experimentos e avaliação da

viabilidade das células: a) validação dos podócitos diferenciados com proteínas

marcadoras de diferenciação por imunocitoquímica indireta (ICI); b) viabilidade celular

após suplementação de albumina por testes de MTT e Calceína-AM; c) time-course

após exposição com a droga PA por ICI e faloidina; d) avaliação de marcadores de

autofagia após carenciamento de soro no meio de cultura, por ICI e por Western Blot

e por expressão relativa de PODXL; Estes experimentos serão descritos

detalhadamente nos subitens 5.3.1 (a), 5.3.2 (b), 5.3.3 (c) e 5.3.4 (d) a seguir.

5.3.1. Comparação entre podócitos indiferenciados e diferenciados por

imunocitoquímica indireta (ICI)

Para este experimento, foi utilizado o protocolo de cultivo celular descrito no

item 5.2, com a única diferença de que foi colocada uma lamínula de vidro em cada

poço (sendo todo o experimento realizado em triplicata técnica). Desta forma, as

células cultivadas aderiram à superfície das lamínulas. Estes experimentos foram

realizados em duas etapas: 1) primeiramente foi realizada a ICI do grupo dos

podócitos indiferenciados; 2) posteriormente foi realizada a ICI do grupo de podócitos

diferenciados.

1) ICI para podócitos indiferenciados: as células foram cultivadas a 33°C e

então foi realizado o protocolo de ICI com anticorpos policlonais primários para as

proteínas citoplasmáticas nefrina, podocina e sinaptopodina (Bios antibodies) e

anticorpo secundário goat anti-rabbit – FITC (Proteintech), e marcação do núcleo com

DAPI (Cell Signaling).

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2) ICI para podócitos diferenciados: novas células foram cultivadas sendo que

desta vez estas foram levadas para diferenciar a 37°C por 10 dias e novamente

realizou-se ICI para as mesmas proteínas e marcação com DAPI.

Protocolo de ICI:

- Após o período do cultivo o meio foi retirado e as células aderidas na lamínula foram

lavadas por 3 vezes com PBS 1X.

- Para fixação dos podócitos foi utilizado paraformaldeído 3,7% por 15 minutos, em

seguida foi feita lavagem com PBS 1X.

- As células foram bloqueadas e permeabilizadas com solução de BSA 3% + triton

0,6% em PBS 1X, por 1 hora. Novamente foi realizada lavagem com PBS 1X.

- Para exposição ao anticorpo primário 1:200, as lamínulas: foram colocadas em uma

câmara úmida e incubadas com 150 µL do anticorpo primário diluído em BSA 1% em

PBS 1X overnight a 4°C.

- No dia seguinte foram realizadas 3 lavagens com PBS 1X e as lamínulas foram

novamente incubadas, agora com 150 µL de anticorpo secundário diluído 1:200 :em

BSA 1% em PBS, por 2 horas a 4°C no escuro; por fim foi realizada nova lavagem por

3 vezes com PBS 1X.

À lâmina previamente identificada foi adicionada 1 gota de meio de montagem

com DAPI e a lamínula foi colocada sobre essa gota de modo que a face com as

células fixadas entrasse em contato com o DAPI com fluoroshield. (Sigma)

Após secagem do meio de montagem as lâminas foram levadas, sempre

protegidas da luz, para leitura e visualização no microscópio de florescência Zeiss em

que foi gerada uma imagem para cada comprimento de onda correspondente ao

fluoróforo ligado ao anticorpo secundário e ao DAPI com fluoroshield. (Sigma).

Após experimentos de ICI somente os podócitos diferenciados, expressaram

as proteínas citoplasmáticas que são marcadores de diferenciação de podócitos:

nefrina, podocina e sinaptopodina (anexo III: figuras 1 a 3, respectivamente),

viabilizando o seu uso nos experimentos com os podócitos (91).

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5.3.2. Viabilidade por Calceína AM (acetometoxi de calceína) e MTT (sal

tetrazólico).

O objetivo destes experimentos foi avaliar: (a) por quanto tempo pelo menos

50% das células suportam uma dose inicial de suplementação de albumina no meio

de cultura; (b) qual a maior concentração de albumina (das usadas no estudo) na qual

as células permanecem viáveis de modo semelhante ao controle (sem albumina) pelo

tempo máximo estabelecido em (a). Ambos os ensaios utilizam a atividade metabólica

de células viáveis para determinar o efeito componente externo. Com relação ao

ensaio de calceína-AM, este identifica as células viáveis uma vez que estas

transportam a calceína via membrana realizando endocitose, desse modo o radical

acetoximetil é removido pelas esterases intracelulares e a molécula liga-se ao cálcio

no interior celular, emitindo fluorescência visível no espectro verde. Já com relação ao

ensaio de MTT, as células viáveis fazem endocitose do MTT e ele é acumulado nas

mitocôndrias que reduzem o anel tetrazólico do sal formando cristais de formazan,

que se acumulam em compartimentos endossomais ou em lisossomos.

Desta forma, em um primeiro momento foi avaliado qual o maior tempo que as

células suportariam uma dose média de albumina de 12 mg/mL em placas de 96

poços. Os seguintes tempos de exposição foram utilizados: 24, 12, 6, 3 e zero horas.

Em um segundo momento, com o tempo máximo já pré-estabelecido, foram

testadas as seguintes concentrações de albumina: 0, 18, 20, 30 e 40 mg/mL. Sendo

ambos os experimentos realizados em triplicata técnica.

Deste modo estabeleceu-se o tempo máximo de exposição à albumina de 24

horas, sendo que todas as concentrações propostas para o estudo apresentaram

viabilidade semelhante ao controle (sem albumina), permitindo o uso dessas

concentrações. O valor mínimo de concentração de albumina foi 3 mg/mL, que

corresponde à microalbuminúria; o valor máximo foi 40 mg/mL, que corresponde à

concentração de albumina no plasma sanguíneo (~ 4g/dl). O valor zero foi utilizado

como controle negativo.

5.3.2.1. Viabilidade com Calceína AM

Após cultivo em diferentes tempos de exposição e diferentes concentrações de

albumina como previamente explicado, foi realizado o seguinte protocolo:

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- Removeu-se o meio de cultura e as células foram lavadas 3 vezes com PBS 1X.

- Foi adicionada a solução de 500µL de PBS 1x e 2µL de Calceína AM para cada poço.

- As células ficaram durante 30 minutos com a solução na estufa à temperatura de

37°C.

- As células foram observadas em microscópio de fluorescência com comprimento de

onda de 488 nm.

As imagens do poço foram fotografadas e foi contado o número de células com

o auxílio do programa ImageJ. As análises de células viáveis foi foram feitas com o

programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS).

5.3.2.2. Viabilidade com MTT

Após o cultivo descrito anteriormente, e após a exposição à albumina em

diferentes períodos e concentrações, foi realizado o seguinte protocolo:

- Removeu-se o meio de cultura e as células foram lavadas 3 vezes com PBS 1x.

- As células foram incubadas em solução de 10µL de solução de MTT (12mM)

acrescidos de 100µL de DMEM sem soro por 4 horas à 37°C.

- O meio foi retirado e as células foram lavadas 1 vez com PBS 1x.

- As células foram incubadas “overnight” à 37ºC para solubilização dos cristais de

formazan com duas diferentes estratégias independentes:

1) 100 µL de 10% SDS + 0,01M HCl;

2) 100 µL DMSO.

- No dia seguinte foi realizada a leitura da absorbância com equipamento ELISA

430nm (HCl) e 570nm (DMSO).

As análises de células viáveis foram feitas com o programa SPSS.

5.3.3. Time Course para determinar dano após exposição à droga PA

A utilização de PA tem a finalidade de mimetizar dano glomerular, no caso, a

podocitopatia. Esta droga é nefrotóxica e utilizada há muito tempo em estudos com

modelos animais, para indução do dano renal. Tanto em ratos in vivo, como em cultura

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de podócitos in vitro, já foi demonstrado que esta droga atua na via ERK (quinase

regulada por sinal extracelular), do grupo de proteínas quinase ativadas por mitógenos

(MAPK), proteínas que desempenham papel importante na sobrevivência celular ou

na mediação do processo de apoptose, regulando a estabilidade do citoesqueleto e,

no caso de dano com a droga PA, esta via é prejudicada.

As células cultivadas foram plaqueadas conforme protocolo de cultivo celular

descrito anteriormente. Foi realizada exposição dos podócitos diferenciados a quatro

concentrações de PA: 0, 5, 15 e 24 µg/mL em dois tempos de exposição: 12 e 24 h a

fim de se determinar as condições para o estudo de exposição à albumina. Estes

valores de PA foram baseados em experimento de Rigothier et. al., 2016 (92).

Seguiu-se com o seguinte protocolo:

- O meio foi retirado e as células foram lavadas 3 vezes com PBS 1X.

- Para fixação dos podócitos foi utilizado paraformaldeído 3,7% por 15 minutos, em

seguida foi feita lavagem com PBS 1X.

- As células foram bloqueadas e permeabilizadas com solução de BSA 3% + triton

0,6% em PBS 1X, por 1 hora. Novamente foi realizada lavagem com PBS 1X. Nesse

ponto foram seguidos dois protocolos de verificação da viabilidade celular: por ICI com

anticorpo primário nefrina (protocolo descrito no item 5.3.1) e com marcação com

faloidina para visualização do citoesqueleto das células. Ambos os experimentos

foram realizados em triplicata técnica.

O tempo de exposição à PA foi determinado em 12 horas com concentração de 15

µg/mL.

5.3.3.1. Marcação com faloidina

Foi realizada a marcação com faloidina por sua propriedade de ligar-se à

interface presente entre os monômeros de actina-F consecutivos em filamentos de

actina que compõem o citoesqueleto, deste modo permitindo sua marcação na célula.

Após fixação e bloqueio das células, estas foram incubadas com 200µl de

faloidina 488 (100nM) por 30 minutos TA, no escuro. Foram realizadas 3 lavagens

com PBS 1x e foi adicionada 1 gota de meio de montagem com DAPI no próprio poço.

Após secagem do meio de montagem as placas foram levadas, protegidas da luz,

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para leitura e visualização no microscópio de florescência Zeiss em que foi gerada

uma imagem para cada comprimento de onda correspondente ao fluoróforo da

faloidina e ao do DAPI.

5.3.4. Avaliação de marcadores de autofagia após carenciamento de soro fetal

bovino no meio de cultura, por 24 horas.

Após 10-14 dias de diferenciação, as células foram submetidas à condição de

carenciamento de FBS e foram expostas apenas ao meio RPMI 1640 por 24 horas

para a avaliação dos marcadores de expressão de autofagia de LC3-II (ab48394) e

p62 (ab91526) e para avaliação de expressão relativa por Real Time PCR. No caso,

foi utilizado o PODXL como indicador de se a expressão estava alterada. O marcador

LC3-II foi avaliado por meio de ICI, de acordo com protocolo descrito no item 5.3.1 e

a proteína p62 por Western Blot.

Após os dois experimentos, verificou-se que a restrição de FBS não afetou os

marcadores de autofagia, já que ambos foram expressos de forma semelhante em

células com e sem carenciamento.

Para avaliar o processo de autofagia desencadeado pelo carenciamento

avaliamos LC3-II e p62, ambos já bem estabelecidos como marcadores do processo

de autofagia nas células. A proteína LC3-II atua como um "receptor" de moléculas que

devem ser eliminadas e é usada para estimar a abundância de autofagossomos na

via da autofagia. E o LC3-II interage com moléculas “adaptadoras”, tais como p62, que

é um elemento crucial para o processo de turnover e degradação de componentes

tóxico

5.4. Estudos de exposição à albumina em podócitos normais e após indução

com a PA

5.4.1. Avaliação da taxa de transcrito dos RNAs

Para avaliação da taxa de transcrito dos RNAs frente as diferentes

concentrações de albumina em podócitos com e sem tratamento com PA, foi realizada

a extração de RNA e sua quantificação utilizando Nanodrop 8000

Spectrophotometer (Thermo Electron, WI, USA), síntese de cDNA e PCR Real Time

conforme descrito a seguir, utilizando primers/probes: RPLP0 (Hs.PT.39a.22214824 -

IDT), NPHS1 (Hs00190446_m1 - ThermoFisher), NPHS2 (Hs00387817_m1-

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ThermoFisher), TRPC6 (Hs00988479_m1 - ThermoFisher) e PODXL

(Hs.PT.58.24509981 - IDT).

5.4.1.1. Extração de RNA

A extração de RNA foi realizada utilizando protocolo com Trizol.

- O meio de cada poço foi retirado, e foram lavados 3 vezes com PBS 1X gelado.

- Após a remoção do PBS, as células foram lisadas direto no poço, em gelo, com a

adição de 500 µL de trizol em cada duplicata, resultando em 1 mL de trizol por

condição.

- As células foram raspadas e para lise mais eficiente foram passadas várias vezes

pela ponteira, sem fazer espuma.

- O lisado celular com trizol foi incubado por 5 minutos em TA e posteriormente foi

adicionado 200 µL de clorofórmio. Foi homogeneizado e transferido para um

eppendorf que foi então agitado por 30 segundos e incubado por 3 minutos a TA.

- As amostras foram centrifugadas a 12.000 G por 20 minutos a 4ºC. Nesse momento

foram formadas 3 fases, sendo a 1ª delas contendo RNA. Esta foi transferida para um

novo eppendorf e a precipitação foi realizada com a adição de 500 µL de álcool

isopropílico gelado com 10 minutos de incubação a TA.

- Foi então realizada nova centrifugação a 12.000 G por 20 minutos a 4°C e o

sobrenadante descartado por inversão.

- O RNA precipitado foi lavado com 1 mL de etanol 75% gelado e centrifugado

novamente a 7.500 G por 5 minutos a 4°C.

- O sobrenadante foi descartado por inversão e a amostra ficou secando a TA por 15

minutos.

- O RNA foi ressuspendido em 20-30 µL de H2O DEPC autoclavada e ficou 30 minutos

no gelo.

Para análise do RNA extraído foi realizada eletroforese com gel de agarose 1%,

corado com brometo detídio; também foi realizada a quantificação em

espectofotômetro com comprimento de onda de 260 nm e a pureza do RNA foi

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observada nas razões 260/280>1,8 e 260/230>200. As amostras foram armazenadas

a -80°C. Sendo todo o experimento realizado em triplicata técnica e biológica.

5.4.1.2 Síntese de cDNA

A reação de transcrição reversa ocorreu com kit High Capacity cDNA Reverse

Transcription (Thermofisher), conforme indicação do fabricante.

5.4.1.3. Análise de expressão por Real Time PCR

Foi realizada reação quantitativa de PCR Real Time utilizando 4 µL (20 ng) das

amostras de cDNA obtidas anteriormente, acrescidos de 6 µL do mix preparado

anteriormente. Em placa de 96 poços específica, seguindo protocolo do reagente

TaqMan™ Universal Master Mix II, with UNG (Applied Biosystems™), utilizando

probes/primers: probe = /56 – FAM/ CCGCTGCTG/ZEN/GTCCTTCCTCT/3IABkFQ/; primer 1

= AACCATTCTCCACTGTCTGC; primer 2 = CATCATCACCATCGTCTGCAT. Sendo o

RPLP0 controle endógeno.

Tabela 2: MIX da reação do Real Time PCR

MIX PCR REAL TIMEa

Master Mix 3µL

Primer 10x 0,25 µL

H2O 2,75 µL

a valores para 1 poço da placa de 96.

Figura 8: Ciclo da PCR Real – Time, utilizado nas reações desse estudo, no

equipamento – ABiPrism 7500 Fast Real – Time PCR System.

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Figura 9: Gel de extração de RNA. É possível visualizar duas bandas

referentes ao RNA 28S e 18S (componentes das subunidades ribossomais).

5.4.2. Avaliação da expressão das proteínas

Para avaliação de expressão das proteínas frente as diferentes concentrações

de albumina em podócitos com e sem tratamento com PA, foi realizada a extração de

proteína, quantificação por BCA, Western Blot conforme descrito a seguir, utilizando

anticorpos primários para as proteínas de interesse: nefrina e podocina (Bioss

antibodies); podocalixina, canal de cálcio receptor de potencial transitório C

(ThermoFisher); e GAPDH como controle (ThermoFisher). O anticorpo secundário foi

(Proteintech).

5.4.2.1 Extração de proteína

A extração das proteínas totais foi realizada utilizando tampão RIPA (MERCK)

- O meio foi retirado e as células lavadas com PBS 1X por 3 vezes;

- Adicionou-se 500µL de tampão RIPA em cada duplicata, resultando em 1 mL de

tampão por condição.

- As células foram raspadas com auxílio de uma ponteira, a solução foi transferida

para um microtubo do tipo eppendorf e agitada em agitador tipo vórtex, sendo então

centrifugadas por 10 minutos a 12.000 G em 4°C.

- O sobrenadante, contendo a proteína total, foi transferido para novo microtubo do

tipo eppendorf e o pellet formado foi descartado. O armazenamento foi realizado em

biofreezer a -80°C.

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5.4.2.2 Quantificação das proteínas totais por BCA

As proteínas totais extraídas dos podócitos foram quantificadas utilizando kit

BCA Protein Assay (ThermoFisher Scientific), conforme protocolo do fabricante. A

leitura foi feita utilizando Nanodrop 8000 espectrophotometer (ThermoFisher

Scientific), realizando primeiro uma curva padrão e depois as amostras foram

quantificadas.

5.4.2.3 Western Blot

Para a análise das proteínas estudadas foi empregada a técnica de Western

Blot, de modo que foi possível quantificar e comparar o tamanho da proteína de

interesse nas diversas condições de estudo.

5.4.2.3.1 SDS-PAGE

As amostras de proteína total extraídas foram diluídas de modo que a

concentração final (Tabela 3) para aplicar no poço do gel fosse 20µL, sendo que o

conteúdo aplicado consistia em 10 µl de amostra + 10µl de tampão de amostra 2X

(anexo II). O gel de corrida das amostras assim como todo o processo seguiu o

protocolo Laemmli (1970) (93) (anexo II), com gel de separação com concentração de

15%. Foi utilizado 2µl Ladder Odyssey® One-Color Protein Molecular Weight Marker,

para verificar o tamanho das proteínas estudadas. A corrida do gel foi realizada a 60

V até que as amostras chegassem próximas ao final do gel. Todo o experimento foi

realizado em triplicata técnica e biológica.

Tabela 3: Condições utilizadas para cada proteína no SDS-PAGE

ProteínaConcentração

utilizada (mg/µL)

Gel de

Separação (%)

Podocina 30 15

Nefrina 50 10

Canal de cálcio receptor de

potencial transitório C30 12

Podocalixina 30 12

Condições para o SDS - PAGE

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5.4.2.3.2 Transferência para a membrana

Para realizar a transferência das proteínas foi utilizada membrana de PVDF que

foi preparada sendo exposta por 15 segundos em metanol, posteriormente por 2

minutos em H2O destilada e por fim 2 minutos no tampão de transferência. Preparada

a membrana iniciou-se a montagem do aparato de transferência, sendo todos os

componentes umedecidos com o tampão de transferência. A transferência foi

realizada durante 2 horas, a 200 mA em cuba adequada para transferência sob

suporte de gelo.

5.4.2.3.3 Teste com Ponceau S

Para determinar se a transferência foi efetiva realizamos um teste rápido com

Ponceau S. A membrana foi retirada do aparato de transferência e colocada na

solução sob agitação por 15 minutos e posteriormente lavada com TBS-T para retirar

o excesso do reagente e verificar as bandas de proteína transferidas.

5.4.2.3.4 Imunorreação

- Após o teste com Ponceau S, a membrana foi lavada 5 vezes com TBS - T,

com agitação, durante 5 minutos por lavagem.

- Posteriormente a membrana foi incubada com TBS-T + BSA 6% por 2 horas,

para bloqueio.

- Novamente a membrana foi lavada, 5 vezes com TBS - T, com agitação,

durante 5 minutos por lavagem.

- Nesse momento a membrana foi incubada com o anticorpo primário diluído

1:1000 em TBS - T + BSA 3% (para a proteína de interesse p62 e para o GAPDH, ao

mesmo tempo, uma vez que foram utilizados anticorpos de origens diferentes, anti-

rabbit e anti-mouse, respectivamente), sob agitação, em baixa temperatura por 18h.

- A membrana foi lavada 3 vezes com TBS - T, com agitação, durante 5 minutos.

- Foi incubada então, no escuro, com anticorpo secundário 1:1000 diluído em

TBS - T + BSA 3% (para a proteína de interesse e para o GAPDH, ao mesmo tempo,

uma vez que foram utilizados anticorpos de origens diferentes conjugados com

fluoróforos de comprimentos de onda diferentes 800 e 700 nm, respectivamente), sob

agitação, em baixa temperatura por 3h.

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- Por fim a membrana foi lavada 3 vezes com TBS - T com agitação, durante 5

minutos, e uma vez durante 30 minutos e levada para revelação em suporte sem

contato com a luz.

- A revelação da membrana foi feita utilizando o equipamento Odyssey CLX Li-

Cor. A análise foi realizada utilizando o programa ImageJ.

5.4.3. Imunocitoquímica para localização das proteínas alteradas

Para as proteínas cuja expressão for identificada alterada foram realizados

experimentos de localização celular por ICI. Os protocolos de cultivo celular e de ICI

foram realizados conforme descritos anteriormente, utilizando os mesmos anticorpos

primários das proteínas de interesse utilizados no Western Blot, com anticorpo

secundário conjugado com FITC.

5.4.4. Montagem das imagens

Todas as imagens de microscopia de florescência foram montadas por

sobreposição de imagens feitas da mesma lâmina (com a mesma amostra celular),

para que fosse possível destacar núcleo e proteínas citoplasmáticas. Esse processo

foi realizado utilizando o programa ImageJ. As bandas resultantes dos experimentos

de Western Blot foram quantificadas e analisadas com o auxílio do mesmo programa.

5.5. Análise estatística

Os resultados numéricos foram expressos e comparados utilizando as médias

± erro padrão da média (ER). Os grupos foram comparados com teste t de Student

não pareado (quando dois grupos apenas), e ANOVA e teste a posteriori de Turkey

(para comparação múltipla de médias). Em todos os casos, o nível de significância foi

de p<0,05. A hipótese nula (H0) foi validada quando p≥0,05 e rejeitada quando p<0,05

e neste momento admite-se a hipótese alternativa (H1). Todas as análises estatísticas

foram realizadas com o programa SPSS.

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6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1. Estudos de exposição à albumina em podócitos normais e após indução

com a PA

6.1.1. Avaliação da expressão relativa de PODXL, NPHS1, NPHS2 e TRPC6

Para verificar as condições de expressão relativa diante apenas do tratamento

com PA, foram analisados os resultados obtidos por Real-Time PCR para as

condições sem albumina. Deste modo foram comparadas as condições sem albumina,

com e sem PA verificando sua expressão por meio de análise estatística com teste t.

Com relação ao gene TRPC6 houve diferença estatística entre os dois grupos

(p<0,0001), já o PODXL não apresentou alteração de expressão (p=0,85829).

Tabela 4: Comparação dos tratamentos com PA, para análise de expressão

dos RNAs

6.2 Genes NPHS1 e NPHS2 - proteínas nefrina e podocina.

6.2.1. Nefrina e o gene NPHS1

Para todas as condições de albumina com e sem tratamento com PA não houve

produto detectado, mesmo havendo diversas tentativas com condições diferentes:

maior e menor concentração de cDNA, de primer, de ciclos na reação e de buffer.

Albumina PA

NPHS1 0 Não ND ND

NPHS1 0 Sim ND ND

NPHS2 0 Não ND ND

NPHS2 0 Sim ND ND

TRPC6 0 Não 0,000025 1

TRPC6 0 Sim 0,74229 29691,6

PODXL 0 Não 0,002402 1

PODXL 0 Sim 0,002529 1,052872606

ND = nenhum protudo específico detectado

Comparação de expressão frente a exposição a PA

GeneCondição

Média 2ΔCT Média Corrigida

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Tabela 5: Expressão da proteína Nefrina

Albumina PA

NPHS1 0 Não 1,351 1

NPHS1 3 Não 1,739 1,287

NPHS1 6 Não 1,23 0,91

NPHS1 9 Não 0,643 0,476

NPHS1 12 Não 0,738 0,546

NPHS1 15 Não 1,026 0,759

NPHS1 18 Não 1,039 0,768

NPHS1 20 Não 0,858 0,634

NPHS1 30 Não 1,467 1,086

NPHS1 40 Não 0,958 0,709

NPHS1 0 Sim 0,978 1

NPHS1 3 Sim 0,857 0,877

NPHS1 6 Sim 0,887 0,907

NPHS1 9 Sim 1,372 1,403

NPHS1 12 Sim 1,065 1,098

NPHS1 15 Sim 0,813 0,949

NPHS1 18 Sim 1,312 1,341

NPHS1 20 Sim 1,049 1,073

NPHS1 30 Sim 1,652 1,689

NPHS1 40 Sim 0,985 1,007

CondiçãoGene Média (interesse/GAPDH) Média Corrigida

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Figura 10: Western Blot com maração de anticorpo para nefrina após exposição à

albumina. A: imagens dos resultados da revelação das membranas de Western Blot.

Visualiza-se as bandas correspondentes à proteina alvo nefrina, (180 kDa) e ao

gliceraldeído 3-fosfato desidrogenase, controle endógeno (38 kDa); as concentrações de

albumina foram: 1:0 mg/mL; 2: 3 mg/mL; 3: 6 mg/mL; 4: 9 mg/mL; 5: 12 mg/mL; 6: 15

mg/mL; 7: 18 mg/mL; 8: 20 mg/mL; 9: 30 mg/mL; 10: 40 mg/mL; B: Histograma representa

a expressão após quantificação das bandas. Os valores são média ± EP, n = 3. Sem

diferença estatística (teste ANOVA no software IBM SPSS Statistic).

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Figura 11: Western Blot com marcação com anticorpo para nefrina após exposição

à PA e à albumina. A: imagens dos resultados da revelação das membranas de Western

Blot. Visualiza-se as bandas correspondentes à proteína alvo nefrina, (180 kDa) e ao

gliceraldeído 3-fosfato desidrogenase (GAPDH), controle endógeno (38 kDa); as

concentrações de albumina foram: 1:0 mg/mL; 2: 3 mg/mL; 3: 6 mg/mL; 4: 9 mg/mL; 5:

12 mg/mL; 6: 15 mg/mL; 7: 18 mg/mL; 8: 20 mg/mL; 9: 30 mg/mL; 10: 40 mg/mL; B:

Histograma representa a expressão após quantificação das bandas. Os valores são média

± EP, n = 3. Sem diferença estatística (teste ANOVA no software IBM SPSS Statistic).

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Figura 12: ICI com nefrina de podócitos diferenciados sem exposição à PA tratados com diferentes concentrações de albumina.

1: 0 mg/mL; 2: 3 mg/mL; 3: 6 mg/mL; 4: 9 mg/mL; 5: 12 mg/mL; 6: 15 mg/mL; 7: 18 mg/mL; 8: 20 mg/mL; 9: 30 mg/mL; 10: 40 mg/mL;

Citoesqueleto marcado em vermelho (rodamina-faloidina). Nefrina marcada em verde (FITC); núcleo visto em azul (DAPI). Aumento de

400X.

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Figura 13: ICI com nefrina de podócitos diferenciados com exposição à 15 g/mL de PA tratados com diferentes concentrações

de albumina. 1: 0 mg/mL; 2: 3 mg/mL; 3: 6 mg/mL; 4: 9 mg/mL; 5: 12 mg/mL; 6: 15 mg/mL; 7: 18 mg/mL; 8: 20 mg/mL; 9: 30 mg/mL; 10:

40 mg/mL; Citoesqueleto marcado em vermelho (rodamina-faloidina). Nefrina marcada em verde (FITC); núcleo visto em azul (DAPI).

Aumento de 400X.

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6.2.2. Podocina e o gene NPHS2

Para todas as condições de albumina com e sem tratamento com PA não houve

produto detectado, mesmo havendo diversas tentativas com condições diferentes:

maior e menor concentração de cDNA, de primer, de ciclos na reação e de buffer.

Tabela 6: Expressão da proteína Podocina

Albumina PA

NPHS2 0 Não 0,782 1

NPHS2 3 Não 0,987 1,262

NPHS2 6 Não 1,079 1,380

NPHS2 9 Não 1,138 1,455

NPHS2 12 Não 0,93 1,189

NPHS2 15 Não 0,936 1,197

NPHS2 18 Não 1,056 1,350

NPHS2 20 Não 1,263 1,615

NPHS2 30 Não 0,873 1,116

NPHS2 40 Não 1,088 1,391

NPHS2 0 Sim 1,203 1

NPHS2 3 Sim 1,139 0,946799667

NPHS2 6 Sim 1,284 1,067331671

NPHS2 9 Sim 1,106 0,919368246

NPHS2 12 Sim 0,652 0,541978387

NPHS2 15 Sim ND ND

NPHS2 18 Sim ND ND

NPHS2 20 Sim ND ND

NPHS2 30 Sim ND ND

NPHS2 40 Sim ND ND

ND = nenhum produto detectado.

GeneCondição

Média (interesse/GAPDH) Média Corrigida

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Figura 14: Western Blot com marcação com anticorpo para podocina após

exposição à albumina. A: imagens dos resultados da revelação das membranas de

Western Blot, identificando as bandas referentes à proteína de interesse, podocina, de 42

kDa e a proteína utilizada como controle endógeno, o gliceraldeído 3-fosfato

desidrogenase (GAPDH), de 38 kDa; as concentrações de albumina foram: 1: 0 mg/mL;

2: 3 mg/mL; 3: 6 mg/mL; 4: 9 mg/mL; 5: 12 mg/mL; 6: 15 mg/mL; 7: 18 mg/mL; 8: 20

mg/mL; 9: 30 mg/mL; 10: 40 mg/mL; B: Histograma representa a expressão após

quantificação das bandas. Os valores são média ± EP, n = 3. Sem diferença estatística

(teste ANOVA no software IBM SPSS Statistic).

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Figura 15: Western Blot com marcação com anticorpo para podocina após

exposição à PA e a albumina. A: imagens dos resultados da revelação das

membranas de Western Blot, identificando as bandas referentes à proteína de

interesse podocina, de 42 kDa. e a proteína utilizada como controle endógeno, o

gliceraldeído 3-fosfato desidrogenase (GAPDH), de 38 kDa; as concentrações de

albumina foram: 1: 0 mg/mL; 2: 3 mg/mL; 3: 6 mg/mL; 4: 9 mg/mL; 5: 12 mg/mL; A

partir da concentração de 15 mg/mL não foi mais possível visualizar em gel e

quantificar a banda B: Imagem de membrana de Western Blot da condição de 20

mg/mL de albumina, representando as condições onde não houve possibilidade de

verificar a proteína de interesse, a seta em branco destaca as bandas do GAPDH; C:

Histograma representa a expressão após quantificação das bandas. Os valores são

média ± EP, n = 3. Sem diferença estatística (teste ANOVA no software IBM SPSS

Statistic).

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Figura 16: ICI com podocina de podócitos diferenciados sem exposição à PA tratados com diferentes concentrações

de albumina. 1: 0 mg/mL 2: 3 mg/mL; 3: 6 mg/mL; 4: 9 mg/mL; 5: 12 mg/mL; 6: 15 mg/mL; 7: 18 mg/mL; 8: 20 mg/mL; 9: 30

mg/mL; 10: 40 mg/mL; Citoesqueleto marcado em vermelho (rodamina-faloidina). Nefrina marcada em verde (FITC); núcleo

visto em azul (DAPI). Aumento de 400X.

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Figura 17: ICI com podocina de podócitos diferenciados com exposição à 15 g/mL de PA tratados com diferentes

concentrações de albumina. 1: 0 mg/mL; 2: 3 mg/mL; 3: 6 mg/mL; 4: 9 mg/mL; 5: 12 mg/mL; 6: 15 mg/mL; 7: 18 mg/mL; 8:

20 mg/mL; 9: 30 mg/mL; 10: 40 mg/mL; Citoesqueleto marcado em vermelho (rodamina-faloidina). Nefrina marcada em verde

(FITC); núcleo visto em azul (DAPI). Aumento de 400X.

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Os resultados desse estudo apontaram que a expressão tanto da nefrina

como da podocina, em podócitos sem e com dano induzido por PA, não foram

influenciadas pela exposição a diferentes concentrações de albumina (figuras

10, 11, 14 e 15, respectivamente). É importante ressaltar que, no caso da

quantificação da expressão relativa do NPHS1 e do NPHS2 por PCR real-time,

não houve produto identificado, isso possivelmente pelo baixo nível de

expressão dessas proteínas em cultura in vitro como observado por Chittiprol, et

al; 2011 (94). Com relação às imagens de localização por ICI elas apresentaram

mesmo padrão, não demonstrando alteração de localização e nem de expressão

o que foi confirmado com os resultados de Western Blot, para os quais foi muito

difícil conseguir boas imagens devido à baixa expressão proteica.

Nefrinas de pedicelos adjacentes interagem entre si, e a podocina realiza

ancoragem da nefrina na membrana dos pedicelos, de forma que esta estrutura

atua na manutenção do citoesqueleto e na BFG formando o diafragma de fenda.

Como o diafragma de fenda não é formado na cultura de podócitos in vitro, que

é um modelo celular de duas dimensões, pode ser que o aumento de

concentração de albumina não tenha influência direta nessa interação. A nefrina

tem papel primordial na manutenção do contato entre as células e do

citoesqueleto, e devido a sua localização no diafragma de fenda, esta molécula

é exposta diretamente ao filtrado urinário sendo submetida a pressão da filtração

glomerular. Logo, o esperado seria que fosse afetada pela exposição ao insulto

da maior concentração de albumina no meio. Desta forma, devido à baixa

expressão dessas proteínas em cultura celular é possível que os resultados

sejam diferentes em experimentos de sobrecarga proteica em modelo in vivo.

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6.3. Canal de Cálcio receptor potencial transitório C e o gene TRPC6.

Tabela 7: Expressão relativa do gene TRPC6.

Albumina mg/ml PA Gene MÉDIA 2ΔCT Média corrigida

0 Não TRPC6 0,74229 1

3 Não TRPC6 0,00236 * 0,003188 *

6 Não TRPC6 0,0025 * 0,00338 *

9 Não TRPC6 0,00117 * 0,00157 *

12 Não TRPC6 0,00095 * 0,00128 *

15 Não TRPC6 0,00068 * 0,00092 *

18 Não TRPC6 0,00107 * 0,00145 *

20 Não TRPC6 0,00126 * 0,0017 *

30 Não TRPC6 0,00078 * 0,00106 *

40 Não TRPC6 0,0002 * 0,00027 *

0 Sim TRPC6 0,000025 1

3 Sim TRPC6 0,000172 6,80847

6 Sim TRPC6 0,000093 3,70238

9 Sim TRPC6 0,000103 4,09959

12 Sim TRPC6 ND ND

15 Sim TRPC6 0,000081 3,21994

18 Sim TRPC6 0,000068 2,72406

20 Sim TRPC6 0,000088 3,4986

30 Sim TRPC6 0,000089 3,5563

40 Sim TRPC6 0,000281 * 11,1297 *

ND = nenhum produto específico detectado

* p < 0,05 - rejeição do H0

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Figura 18: Avaliação da expressão relativa de TRPC6 (TRPC6/RPLP0) após

exposição à albumina. Os valores são média ± EP, n = 3. Nas condições

destacadas (*) foi observada diferença estatística (p<0,0001) (teste ANOVA no

software IBM SPSS Statistic).

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Figura 19: Avaliação da expressão relativa de TRPC6 (TRPC6/RPLP0) após

exposição à PA e albumina. Os valores são média ± EP, n = 3. Apenas na condição

destacada (*) foi observada diferença estatística (p<0,0001) (teste ANOVA no

software IBM SPSS Statistic).

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Tabela 8: Expressão do Canal de cálcio receptor potencial transitório C

Albumina PA

TRPC6 0 Não 0,931 1

TRPC6 3 Não 1,121 1,204

TRPC6 6 Não 1,334 1,433

TRPC6 9 Não ND ND

TRPC6 12 Não ND ND

TRPC6 15 Não ND ND

TRPC6 18 Não ND ND

TRPC6 20 Não ND ND

TRPC6 30 Não ND ND

TRPC6 40 Não ND ND

TRPC6 0 Sim 0,892 1

TRPC6 3 Sim 1,231 1,380

TRPC6 6 Sim 1,133 1,270

TRPC6 9 Sim 0,807 0,905

TRPC6 12 Sim 1,034 1,159

TRPC6 15 Sim 0,954 1,070

TRPC6 18 Sim 1,09 1,222

TRPC6 20 Sim 1,107 1,241

TRPC6 30 Sim 1,479 1,658

TRPC6 40 Sim 0,956 1,072

ND = nenhum produto detectado.

GeneCondição

Média (interesse/GAPDH) Média Corrigida

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Figura 20: Western Blot com marcação com anticorpo para canal de cálcio

receptor de potencial transitório C após exposição à albumina. A: imagens

dos resultados da revelação das membranas de Western Blot, identificando as

bandas referentes à proteína de interesse canal de cálcio de 106 kDa e a

proteína utilizada como controle endógeno, o gliceraldeído 3-fosfato

desidrogenase (GAPDH), de 38 kDa; as concentrações de albumina

apresentadas aqui são: 1: 0 mg/mL; 2: 3 mg/mL; 3: 6 mg/mL. A partir da

concentração de 9 mg/mL não foi mais possível visualizar em gel e quantificar a

banda. B: Imagem de membrana de Western Blot ilustrando a condição de 12

mg/mL de albumina, uma das condições na qual não foi possível verificar a

proteína de interesse. A seta em branco destaca as bandas do GAPDH; C:

Histograma representa a expressão após quantificação das bandas. Os valores

são média ± EP, n = 3. Sem diferença estatística (teste ANOVA no software IBM

SPSS Statistic).

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Figura 21: Western Blot com imunomarcação de cálcio receptor de

potencial transitório C após exposição à PA e à albumina. A: imagens dos

resultados da revelação das membranas de Western Blot, identificando as

bandas referentes à proteína de interesse canal de cálcio, de 106 kDa, e a

proteína utilizada como controle endógeno, a gliceraldeído 3-fosfato

desidrogenase (GAPDH), de 38 kDa; as concentrações de albumina foram: 1: 0

mg/mL; 2: 3 mg/mL; 3: 6 mg/mL; 4: 9 mg/mL; 5: 12 mg/mL; 6: 15 mg/mL; 7: 18

mg/mL; 8: 20 mg/mL; 9: 30 mg/mL; 10: 40 mg/mL; B: Histograma representa a

expressão após quantificação das bandas. Os valores são média ± EP, n = 3.

Sem diferença estatística (teste ANOVA no software IBM SPSS Statistic).

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Figura 22: ICI com canal de cálcio receptor de potencial transitório C de podócitos diferenciados sem exposição à PA

tratados com diferentes concentrações de albumina. 1: 0 mg/mL; 2: 3 mg/mL; 3: 6 mg/mL; 4: 9 mg/mL; 5: 12 mg/mL; 6: 15

mg/mL; 7: 18 mg/mL; 8: 20 mg/mL; 9: 30 mg/mL; 10: 40 mg/mL; Citoesqueleto marcado em vermelho (rodamina-faloidina).

Nefrina marcada em verde (FITC); núcleo visto em azul (DAPI). Aumento de 400X.

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Figura 23: ICI com canal de cálcio receptor de potencial transitório C de podócitos diferenciados com exposição à 15

g/mL de PA tratados com diferentes concentrações de albumina. 1: 0 mg/mL; 2: 3 mg/mL; 3: 6 mg/mL; 4: 9 mg/mL; 5: 12

mg/mL; 6: 15 mg/mL; 7: 18 mg/mL; 8: 20 mg/mL; 9: 30 mg/mL; 10: 40 mg/mL; Citoesqueleto marcado em vermelho (rodamina-

faloidina). Nefrina marcada em verde (FITC); núcleo visto em azul (DAPI). Aumento de 400X.

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Quando as células foram expostas somente à PA, foi possível verificar

que a exposição a esta droga alterou a expressão do gene TRPC6 (tabela 7), o

que corrobora com o que foi demonstrado pelo estudo de Moller et al, 2007 (74).

Segundo este estudo existe uma relação positiva entre doenças renais não

genéticas e o aumento de expressão do TRPC6. Deste modo, a indução do dano

com PA parece ter seguido o mesmo padrão. Quando as células foram expostas

às diferentes concentrações de albumina, em células sem dano com PA houve

redução da taxa de transcrito em todas as condições avaliadas (Figura 18).

Curiosamente, quando expostas aos dois insultos, albumina e PA, foi observado

o oposto, houve aumento de expressão do gene TRPC6, principalmente na

maior dose de exposição à albumina, de 40 mg/mL (figura 19). Esta maior

expressão no grupo com dano pode ser explicada pelo fato de que o dano pode

estar causando o aumento do TRPC6, tal como acontece somente quando as

células são expostas somente à PA, se sobressaindo ao insulto da albumina que

é de diminuição da expressão.

A diminuição drástica da expressão relativa de TRPC6 no grupo de

podócitos sem dano, pode ser explicada, pelo fato de que o excesso de albumina

esteja afetando sua produção, reduzindo sua expressão. Ou ainda, seria um

mecanismo de defesa das células, que diminuem a produção desta proteína

exatamente com o objetivo de evitar o dano, uma vez que esse padrão de menor

expressão está associado à regressão, e portanto, prevenção de dano (95).

Na análise por Western Blot (tabela 8) é possível notar que na condição

sem exposição à PA (figura 20), a partir da condição de 9 mg/mL de albumina

não foi possível analisar as bandas correspondentes às proteínas de interesse,

logo pode-se supor que isso condiz com os resultados previamente encontrados

na análise de expressão relativa por PCR real-time. Já nas células que sofreram

dano pela exposição à PA (figura 21) não houve diferença estatística na

expressão do canal de cálcio receptor potencial transitório C, o que diverge dos

resultados obtidos por PCR real-time, uma vez que na condição de 40 mg/mL foi

encontrada diferença estatística de expressão do TRPC6. Existem duas

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possibilidades para estes resultados discrepantes, ou não conseguimos precisão

no ensaio de Western Blot já que a expressão estava muito baixa, o que dificultou

a leitura das bandas pois havia muito background, o que pode ter impossibilitado

a análise precisa da expressão da proteína; ou há um aumento de expressão a

nível de mRNA mas este aumento não é suficiente para que haja diferença

significativa ao nível da proteína.

Com relação à localização da proteína canal de cálcio receptor potencial

transitório C nos podócitos, tanto sem PA (Figura 22) como com PA (figura 23)

observamos os mesmos padrões encontrados na expressão relativa por PCR

real-time: baixa marcação do TRPC6 no grupo sem PA e marcação semelhante

ao controle (0 mg/mL de albumina) no grupo com PA. No entanto, na condição

de 40 mg/mL de albumina, que mostrou alteração na análise por PCR real-time,

não apresentou diferença de localização, mas leve marcação elevada em

comparação ao controle.

O canal de cálcio receptor potencial transitório C realiza a regulação

mecânica do diafragma de fenda, existindo uma forte interação entre a

passagem de íons de Ca2+ e a modulação do citoesqueleto do podócito. Moller

et al, 2007 (74), verificaram exatamente esse mecanismo de modulação em

decorrência de maior expressão dessa proteína em podócitos com dano e

verificaram que existe reorganização do citoesqueleto. Foi demonstrado também

que drogas utilizadas no dia-a-dia do tratamento das doenças renais com

proteinúria, tais como inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) e

bloqueadores de receptores de angiotensina, reduzem a expressão de TRPC6

em podócitos com dano e em animais modelos para doença renal. Desta forma,

aumento da atividade e/ou expressão de TRPC6 parece mediar dano aos

podócitos e aos glomérulos, ao passo que sua diminuição pode estar associada

com melhora da perda de proteínas e redução de dano. Além destas drogas mais

conhecidas, recentemente novas terapias antiproteinúria vêm surgido, entre elas

análogos da vitamina D. A vitamina D3 é convertida em 25-hidroxivitamina D3

pelo fígado e logo em seguida em 1,25-dihidroxivitamina D3 (1,25-D3) pelo

túbulo proximal do rim. A 1,25-D3 é definida classicamente como a forma ativa

da vitamina D e que possui um papel fundamental no metabolismo de Ca+2 e de

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PO34. Foi demonstrado que, a deficiência da vitamina 1,25-D3 não é somente

uma consequência da doença renal, mas que o inverso pode acontecer: a

deficiência da vitamina 1,25-D3 pode causar doença renal. Desta forma, a

reposição com 1,25-D3 reduz proteinúria. Estudos futuros com sobrecarga

proteica em modelo animal serão fundamentais para confirmação deste padrão

de diminuição da expressão de TRPC6 após exposição de albumina. Isto pois

pode ser uma via similar a da vitamina 1,25-D3, na qual pode ser identificado

uma nova via potencial para o tratamento da proteinúria causada por danos no

TRPC6.

Chen et al, 2011 (96), avaliaram o efeito de altas concentrações de

albumina em podócitos saudáveis, apontando que essa condição aumenta a

entrada de íons de cálcio, por regulação positiva do TRPC6, bem como induziu

a expressão de GRP78 do retículo endoplasmático, ativando a caspase-12 e por

fim desencadeando um processo de apoptose. Em comparação com o que foi

encontrado, ao observarmos também aumento de TRPC6 após a exposição à

albumina podemos inferir que essa alteração aumenta o influxo de cálcio levando

a processos de reorganização celular bem como de possível apoptose,

agravando o quadro de dano presente nos podócitos, uma vez que o aumento

de expressão se deu apenas no grupo com dano por PA. Com relação a redução

de expressão desse gene foi descrito que sua inibição preveniu a ruptura do

citoesqueleto, logo, comparando com nossos resultados, podemos prever um

efeito preventivo de dano, ou de regressão no que diz respeito ao grupo que

apresentou diminuição de TRPC6. Este, sem dano, possivelmente reduziu a

expressão do gene como forma de evitar alterações no citoesqueleto.

Estudos anteriores a este focam em podócitos expostos a grandes

concentrações de albumina, em condições sem dano prévio, no entanto o que

demonstramos aqui é o efeito dessa exposição em células com dano prévio por

PA, apontando o TRPC6 não só como uma proteína pró-lesão, mas mostrando

que o dano podocitário se associou ao seu aumento.

Comparando nossos resultados com os de estudos com alterações

genéticas no TRPC6, observa-se ganho de função em pacientes com proteinúria

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em decorrência de formas hereditárias de GESF, como no caso das famílias

estudas por Reiser et al, 2006 (72), que mostraram alteração tanto no influxo de

cálcio, por alterações estruturais e funcionais da proteína, possibilitando um

maior influxo de cálcio nesses casos, mesmo fenótipo proposto pelo resultado

encontrado pelo excesso de albumina em podócitos com dano.

6.4. Podocalixina e o gene PODXL

Tabela 9: Expressão relativa do gene PODXL

Albumina mg/ml PA Gene MÉDIA 2ΔCT Média corrigida

0 Não PODXL 0,00240955 1

3 Não PODXL 0,00318786 1,32664

6 Não PODXL 0,00266767 1,11016

9 Não PODXL 0,00257093 1,06993

12 Não PODXL 0,00279947 1,16501

15 Não PODXL 0,00249097 1,03663

18 Não PODXL 0,00499327 2,07792

20 Não PODXL 0,0431294 17,94848

30 Não PODXL 0,06068118 * 25,25273 *

40 Não PODXL 0,13008439 * 54,13517 *

0 Sim PODXL 0,00252961 1

3 Sim PODXL 0,03603757 14,24626

6 Sim PODXL 0,04038903 15,96647

9 Sim PODXL 0,07764583 30,69472

12 Sim PODXL ND ND

15 Sim PODXL 0,12615364 * 49,87069 *

18 Sim PODXL 0,140950120 * 55,71999 *

20 Sim PODXL 0,14470074 * 57,20267 *

30 Sim PODXL 0,16588945 * 65,57893 *

40 Sim PODXL 0,17235957 * 68,13668 *

ND = nenhum produto específico detectado

* p < 0,05 - rejeição do H0

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Figura 24: Avaliação da expressão relativa de PODXL (PODXL/RPLP0) após

exposição à albumina. Os valores são média ± EP, n = 3. Nas condições

destacadas (*) foi observada diferença estatística (p<0,0001) (teste ANOVA no

software IBM SPSS Statistic).

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Figura 25: Avaliação da expressão relativa de PODXL (PODXL/RPLP0) após

exposição à PA e albumina. Os valores são média ± EP, n = 3. Nas condições

destacadas (*) foi observada diferença estatística (p<0,0001) (teste ANOVA no

software IBM SPSS Statistic).

Tabela 10: Expressão da proteína podocalixina

Albumina PA

PODXL 0 Não 0,806 1

PODXL 3 Não 0,962 1,194

PODXL 6 Não 0,843 1,046

PODXL 9 Não 1,595 1,979

PODXL 12 Não 0,453 0,562

PODXL 15 Não 0,601 0,746

PODXL 18 Não 1,006 1,248

PODXL 20 Não 1,136 1,409

PODXL 30 Não 0,773 0,959

PODXL 40 Não 0,954 1,184

PODXL 0 Sim 1,027 1

PODXL 3 Sim 0,832 0,810

PODXL 6 Sim 1,305 1,271

PODXL 9 Sim 0,582 0,567

PODXL 12 Sim 0,73 0,711

PODXL 15 Sim 1,821 1,773

PODXL 18 Sim 1,566 1,525

PODXL 20 Sim 1,064 1,036

PODXL 30 Sim 0,954 0,929

PODXL 40 Sim 0,705 0,686

GeneCondição

Média (interesse/GAPDH) Média Corrigida

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Figura 26: Western Blot com imunomarcação de podocalixina após exposição

à albumina. A: imagens dos resultados da revelação das membranas de Western

Blot, identificando as bandas referentes à proteína de interesse podocalixina de, 160

kDa e a proteína utilizada como controle endógeno, a gliceraldeído 3-fosfato

desidrogenase (GAPDH), de 38 kDa; as concentrações de albumina foram: 1: 0

mg/mL; 2: 3 mg/mL; 3: 6 mg/mL; 4: 9 mg/mL; 5: 12 mg/mL; 6: 15 mg/mL; 7: 18

mg/mL; 8: 20 mg/mL; 9: 30 mg/mL; 10: 40 mg/mL; B: Histograma representa a

expressão após quantificação das bandas. Os valores são média ± EP, n = 3. Sem

diferença estatística (teste ANOVA no software IBM SPSS Statistic).

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Figura 27: Western Blot com imunomarcação de podocalixina após

exposição à PA e à albumina. A: imagens dos resultados da revelação das

membranas de Western Blot, identificando as bandas referentes à proteína de

interesse podocalixina, de 160 kDa, e a proteína utilizada como controle

endógeno a gliceraldeído 3-fosfato desidrogenase (GAPDH), de 38 kDa; as

concentrações de albumina foram: 1: 0 mg/mL; 2: 3 mg/mL; 3: 6 mg/mL; 4: 9

mg/mL; 5: 12 mg/mL; 6: 15 mg/mL; 7: 18 mg/mL; 8: 20 mg/mL; 9: 30 mg/mL; 10:

40 mg/mL; B: Histograma representa a expressão após quantificação das

bandas. Os valores são média ± EP, n = 3. Sem diferença estatística (teste

ANOVA no software IBM SPSS Statistic).

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Figura 28: ICI com podocalixina de podócitos diferenciados sem exposição à PA tratados com diferentes

concentrações de albumina. 1: 0 mg/mL; 2: 3 mg/mL; 3: 6 mg/mL; 4: 9 mg/mL; 5: 12 mg/mL; 6: 15 mg/mL; 7: 18 mg/mL; 8:

20 mg/mL; 9: 30 mg/mL; 10: 40 mg/mL; Citoesqueleto marcado em vermelho (rodamina-faloidina). Nefrina marcada em verde

(FITC); núcleo visto em azul (DAPI). Aumento de 400X.

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Figura 29: ICI com podocalixina de podócitos diferenciados com exposição à 15 g/mL de PA tratados com diferentes

concentrações de albumina. 1: 0 mg/mL; 2: 3 mg/mL; 3: 6 mg/mL; 4: 9 mg/mL; 5: 12 mg/mL; 6: 15 mg/mL; 7: 18 mg/mL; 8:

20 mg/mL; 9: 30 mg/mL; 10: 40 mg/mL; Citoesqueleto marcado em vermelho (rodamina-faloidina). Nefrina marcada em verde

(FITC); núcleo visto em azul (DAPI). Aumento de 400X.

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Quando as células foram expostas somente à PA, foi possível verificar

que a exposição a esta droga não alterou a expressão do gene (tabela 4), o que

pode indicar que no dano renal por PA o PODXL pode não ser o primeiro alvo

afetado, pelo menos no que diz respeito a sua expressão. Quando as células

foram expostas à albumina sem dano prévio com PA, a partir de 20 mg/mL a

taxa de transcrito do gene PODXL começou a aumentar, no entanto apenas nas

condições de 30 e 40 mg/mL de albumina a expressão foi estatisticamente

significativa (Tabela 9 e Figura 24). Já no grupo de tratamento com PA o

aumento de expressão iniciou-se com concentrações menores de albumina,

sendo o PODXL mais expresso a partir da concentração de 15 mg/mL (Figura

25). Desta forma, tanto nas células sem dano como nas com dano, a

suplementação de albumina mostrou-se um fator na ativação da expressão da

podocalixina. Na análise por Western Blot (tabela 10), tanto para o grupo de

podócitos sem dano (figura 26) como no com dano (figura 27) não houve

alteração da expressão que fosse estatisticamente significante, o que pode ser

explicado pelos mesmos dois fatores propostos no caso da proteína do canal de

cálcio explicados no item anterior.

Com relação a ICI de localização dos podócitos sem PA (Figura 28) e

podócitos com PA (figura 29) observamos os mesmos padrões encontrados na

expressão relativa por PCR real-time, ou seja, aumento de expressão. Não foi

possível observar diferença na localização da proteína nas células, nem

diferença no padrão de sua distribuição no citoplasma.

É possível que a maior expressão de alguns genes esteja envolvida na

resposta adaptativa de podócitos após stress, sendo possíveis mecanismos para

escape de um insulto ou dano. Desta forma, uma vez que a podocalixina se

localiza na membrana dos podócitos, principalmente na região apical, e atua na

manutenção do espaçamento do diafragma de fenda e do citoesqueleto de

actina, o aumento de expressão poderia significar uma forma de defesa, na

tentativa de estabilizar o citoesqueleto de actina e manter as condições de

filtração (81).

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Estudos têm mostrado uma relação positiva entre a superexpressão do

gene PODXL com um potencial invasivo e migratório, bem como a fenótipo de

tumor mais agressivo, provavelmente devido a metaloproteases de matriz e à

indução de ativação de proteínas quinase ativadas por mitógenos (MAPK)

(80,83,97). Já foi demonstrado que a podocalixina modula o citoesqueleto por

meio da via da MAPK (79), Deste modo, é fundamental que se faça futuramente

experimentos de sobrecarga proteica e dano molecular em modelo in vivo, pois

pode ser que haja uma relação de interação entre a suplementação proteica com

processos de invasão e migração celular, o que poderia indicar uma relação

desse tipo de dieta com o desenvolvimento de tumores renais.

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7. CONCLUSÕES

Os resultados desse estudo indicaram que o insulto de suplementação

progressiva de albumina em podócitos sem e com dano com a droga PA não

influenciou na expressão dos genes NPHS1 e NPHS2, nem a nível de

transcrição, nem a nível de expressão proteica, bem como de sua localização

celular. Isto pode estar relacionado à baixa expressão destes genes em

podócitos in vitro.

Com relação ao TRPC6, o insulto da concentração progressiva de

albumina causou resultados opostos, já que no grupo sem dano houve redução

significativa da transcrição e da expressão proteica, e no grupo com dano houve

aumento da expressão, principalmente em doses maiores de exposição à

albumina. No caso do grupo com dano o aumento da expressão do TRPC6

resultante do excesso de albumina pode resultar em maior influxo de íons de Ca,

aumento de apoptose com consequente agravamento da lesão em indivíduos

com albuminúria.

No caso do PODXL, houve aumento significativo de sua expressão a nível

de RNA e proteína, maior expressão na visualização por ICI, mas não houve

diferença de localização celular, tanto nas condições com e sem dano induzido

por PA. O aumento de expressão de PODXL também pode indicar um

mecanismo de defesa dos podócitos na tentativa de manter a filtração

glomerular.

Sendo assim o presente estudo é um passo inicial para o entendimento

dos mecanismos moleculares associados aos danos fisiológicos decorrentes de

dieta hiperproteica e estudos in vivo são uma possibilidade para futura

compreensão de tais mecanismos, bem como de outros fatores que possam ser

analisados por conta das alterações moleculares nos podócitos.

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8. LIMITAÇÕES DO ESTUDO.

As proteínas nefrina e podocina possuem baixa expressão em podócitos

in vitro, portanto a escolha dos genes NPHS1 e NPHS2 não foi a ideal para este

estudo. Além disto, por razões alheias a nossa vontade, não foi possível fazer

um tamanho amostral maior, o que poderia ter aumentado nossas chances de

obter resultados com êxito para estas proteínas com baixa expressão.

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100

10. ANEXOS

10.1. Anexo I: Termo comitê de ética

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106

10.2. Anexo II: protocolo das soluções

BIS – ACRILAMIDA 1: 29

MEIO DE CONGELAMENTO

PBS 1X

PONCEAU S

SOLUÇÃO DE BLOQUEIO E PERMEABILIZAÇÃO DAS

CÉLULAS

1 g Bis - acrilamida

29 g acrilamida

100 ml H2O

Manter em frasco escuro

FBS 10%

DMSO 10%

Suspenção de células com RPMI 1640 0,8 ml

Para cada tubo criogênico com 1 ml

NaCl 8 g

KCl 0,2 g

Na2HPO4 1,44 g

KH2PO4 0,24 g

*autoclavar

Para preparar 1 L

Completar com H2O

Ponceau S 1 g

Ácido acético 50 mL

Armazenar a 4°C

Para preparar 1 L

Completar com H2O

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SOLUÇÃO PARA DILUIÇÃO DE ANTICORPO PARA ICI

TAMPÃO AMOSTRA 2X (LAEMMILI)

TAMPÃO DE CORRIDA SDS – PAGE 10X

TAMPÃO DE TRANSFERÊNCIA pH 8,3

TBS – T

TBS-T + 3% BSA

BSA 3%

Triton 0,06%

Armazenar a 4°C

Para preperar 100 mL

Completar com PBS 1X

BSA 1%

Completar com PBS 1X

Para preparar 50 mL

250 mM Tris - Base pH 8,8

2,5 M Glicina

1% SDS

Para preparo de 1 L

Completar com H2O

48mM Tris - Base pH 8,8

39mM Glicina

0,037% SDS

20% Metanol

Para preparo de 1 L

Completar com H2O

1 ml tween - 20

5 ml Tris - HCl pH 7,5 (1M)

30 ml NaCl (5M)

Para preparo de 1 L

Completar com H2O

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108

TBS – T + 6% BSA

TRIS – HCl pH 6,8 1M

TRIS – HCl pH 8,8 1,5M

TRIS – HCL pH7,5 1M

TRIS – HCl pH8,8 1M

6 g BSA

1 ml Tris - HCl pH 7,5 (1M)

200 µl tween - 20

6 ml NaCl (5M)

Completar com H2O

para preparar 200ml

12 g BSA

1 ml Tris - HCl pH 7,5 (1M)

200 µl tween - 20

6 ml NaCl (5M)

Completar com H2O

para preparar 200ml

Tris ultra puro 12,14 g

*autoclavar

Para preparar 100 mL

Completar com H2O

Acertar o pH com HCl

Tris ultra puro 18,171 g

*autoclavar

Para preparar 100 mL

Completar com H2O

Acertar o pH com HCl

Tris ultra puro 12,14 g

*autoclavar

Para preparar 100 mL

Completar com H2O

Acertar o pH com HCl

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Tris ultra puro 60,555 g

*autoclavar

Para preparar 500 mL

Completar com H2O

Acertar o pH com HCl

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110

10. 3 Anexo III – Resultados e discussão protocolos de padronização

1. Confirmação diferenciação dos podócitos por imunocitoquímica indireta

(ICI)

Após experimentos de ICI somente os podócitos diferenciados,

expressaram as proteínas citoplasmáticas que são marcadores de diferenciação

de podócitos: nefrina, podocina e sinaptopodina (figuras 1 a 4, respectivamente),

viabilizando o seu uso nos experimentos com os podócitos (91).

Figura 1: Comparação de podócitos indiferenciados e diferenciado. As

imagens são representativas de podócitos indiferenciados (A) e diferenciados

(B). A: nesta figura o citoplasma está reduzido, o que indica células proliferativas

indiferenciadas; seta branca mostra uma célula em divisão; não há expressão de

nefrina; B: citoplasma mais proeminente com células diferenciadas exibindo

extensões mais longas; observa-se no citoplasma nefrina em verde, marcada

com anticorpo conjugado com FITC-green. Em A e B visualiza-se o citoesqueleto

corado em vermelho, marcado com rodamina-faloidina e, em azul, coloração

nuclear com DAPI. (Ampliação de 400x).

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Figura 2: Comparação de células indiferenciadas (A) e diferenciadas (B) marcadas com ICI para nefrina; 1 – Células

sem fluorescência; 2 - marcação nefrina no citoplasma, visualizada com FITC (em verde); 3 – Marcação do núcleo celular com

DAPI (em azul); 4 – sobreposição das imagens 1,2 e 3 de cada uma das condições (visualizando em verde o citoplasma e em

azul o núcleo) (Aumento de 20x).

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Figura 3: Comparação de células indiferenciadas (A) e diferenciadas (B) marcadas com ICI para podocina. 1 – Células

sem fluorescência; 2 - marcação nefrina no citoplasma, visualizada com FITC (em verde); 3 – Marcação do núcleo celular com

DAPI (em azul); 4 – sobreposição das imagens 1,2 e 3 de cada uma das condições (visualizando em verde o citoplasma e em

azul o núcleo). (Aumento de 10x).

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Figura 4: Comparação de células indiferenciadas (A) e diferenciadas (B) marcadas com ICI para sinaptopodina; 1 –

Células sem florescência; 2 - marcação sinaptopodina no citoplasma, visualizada com FITC (em verde); 3 – marcação do núcleo

celular com DAPI (em azul); 4 – sobreposição das imagens 1,2 e 3 de cada uma das condições (visualizando em verde o

citoplasma e em azul o núcleo) (Aumento de 20x).

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114

2. Viabilidade celular por ensaios de Calceína AM e MTT

De acordo com o que foi estabelecido no item 5.3.2 dos métodos, foram

avaliados (a): por quanto tempo pelo menos 50% das células suportam uma dose

inicial de suplementação de albumina no meio de cultura e (b): qual a maior

concentração de albumina na qual as células permanecem viáveis pelo tempo

máximo estabelecido em (a).

2.1. Teste de tempo de exposição (a)

O tempo de exposição à albumina foi escolhido expondo-se os podócitos

a uma condição inicial de albumina e observando-se o tempo máximo em que

pelo menos 50% de células permanecessem viáveis (5 e tabela 1 do anexo 3)

Figura 5: Ensaio de MTT para determinar o tempo de exposição à albumina.

Podócitos diferenciados tratados com 12 mg/mL de albumina em diferentes

tempos de exposição. Leitura ELISA 430 nm.

A partir da leitura em equipamento de ELISA com comprimento de onda

de 430 nm, foi obtida uma tabela de absorbância para as triplicatas realizadas.

Tabela 1: Absorbância do ensaio de MTT com 12mg/mL de albumina nos

diferentes tempos de exposição

24h 12h 6h 3h 0

0,192 0,217 0,237 0,343 0,337

0,229 0,205 0,306 0,383 0,367

0,211 0,276 0,304 0,324 0,23

Absorbância 430nm - tempo de exposição

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115

Do mesmo modo, foi realizado o experimento de calceína-AM e as células

viáveis (figura 6) foram contadas com o auxílio do programa ImageJ, resultando

na tabela 2 do anexo.

Figura 6: Marcação de podócitos viáveis com calceína em diferentes

tempos de exposição a 12mg/mL de albumina. A (1-3): sem exposição, B (1-

3) 3h de exposição, C (1-3) 6h de exposição, D (1-3) 12h de exposição, E (1-3)

24h de exposição. (leitura GFP – 488 nm).

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116

Tabela 2: Contagem de células viáveis com ensaio de calceína-AM com

diferentes tempos de exposição à albumina com concentração de 12mg/ml.

Deste modo com os dados obtidos foi possível analisar a viabilidade

celular e determinar qual o tempo de exposição à albumina que atenderia o

critério pré-estabelecido para o cultivo celular (Figura 7).

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117

Figura 7: Análise de viabilidade dos podócitos frente a diferentes tempos

de exposição a 12 mg/ml de albumina. A: Gráfico de viabilidade após

experimento com MTT; B: gráfico de viabilidade após experimento com

Calceína-AM

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118

Diante das análises o tempo máximo de 24 horas apresentou cerca de

50% das células ainda viáveis, em ambos os ensaios, tanto em triplicata quanto

em análise de duplicata. Portanto, esse tempo de 24 horas foi utilizado nos

experimentos de exposição às diferentes concentrações de albumina.

2.2. Teste de concentração de albumina (b)

Uma vez estabelecido o tempo de 24 horas quando expostos à 12 mg/mL

de albumina, decidiu-se expor os podócitos a concentrações mais elevadas do

que o valor já testado.

Figura 8: Ensaio de MTT para determinação de viabilidade celular diante

das maiores concentrações de albumina. Podócitos diferenciados tratados

com diferentes concentrações de albumina (0, 18, 20, 30, 40 mg/mL) em 24

horas de exposição. Leitura em placa ELISA no comprimento de onda de 430

nm.

A partir da leitura em equipamento de ELISA com comprimento de onda

de 430 nm, foi obtida uma tabela de absorbância para as triplicatas realizadas.

Tabela 4: Absorbância do ensaio de MTT. 24 horas de exposição a

diferentes concentrações de albumina.

0 18 20 30 40

0,045 0,046 0,055 0,057 0,059

0,047 0,061 0,069 0,06 0,064

0,052 0,06 0,058 0,078 0,082

Absorbância 430nm - MTT para [albumina]

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Figura 9: Marcação de podócitos viáveis com calceína-AM em diferentes

concentrações de albumina, com 24h de exposição. A (1-3): 0, B (1-3) 18

mg/mL, C (1-3) 20 mg/mL, D (1-3) 30 mg/mL, E (1-3) 40 mg/mL. (leitura GFP

488nm).

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120

Tabela 5: Contagem de células viáveis com ensaio de calceína AM com 24 h de

exposição a diferentes concentrações (0, 18, 20, 30 e 40 mg/mL) de albumina.

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121

Figura 10: Análise de viabilidade dos podócitos frente à exposição a

diferentes concentrações de albumina (0, 18, 20, 30 e 40 mg/mL) por 24

horas. A: Gráfico de viabilidade analisada por MTT; B: gráfico de viabilidade

analisada por Calceína-AM.

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122

Observou-se que as concentrações testadas apresentaram viabilidade

percentualmente semelhantes ao controle (grupo sem albumina).

Com relação a viabilidade dos podócitos frente à exposição de albumina,

ambos os ensaios utilizam a atividade metabólica de células viáveis para

determinar se o componente externo, seja ele algum reagente ou tempo de

exposição a ele interferem na atividade e, portanto, na viabilidade das células.

Com relação ao ensaio de calceína-AM, este identifica as células viáveis uma

vez que estas transportam a calceína via membrana realizando endocitose,

desse modo o radical acetoximetil é removido pelas esterases intracelulares e a

molécula liga-se ao cálcio no interior celular, emitindo fluorescência visível no

espectro verde. Como as células inviáveis e mortas não tem essa capacidade de

atividade das esterases elas não são marcadas (98). Já com relação ao ensaio

de MTT, as células viáveis fazem endocitose do MTT e ele é acumulado nas

mitocôndrias que reduzem o anel tetrazólico do sal formando cristais de

formazan, que se acumulam em compartimentos endossomais ou em

lisossomos. A solução de HCL dissolve esses cristais e permite que seja possível

a leitura da absorbância, logo, quanto mais células viáveis, maior será a

absorbância. Desta forma, após análises, o tempo máximo de 24 horas

apresentou cerca de 50% das células ainda viáveis, em ambos os ensaios, tanto

em triplicata quanto em análise de duplicata. Portanto, esse tempo de 24 horas

foi utilizado nos experimentos de exposição às diferentes concentrações de

albumina. Uma vez estabelecido o tempo de 24 horas quando expostos à 12

mg/mL de albumina, decidiu-se expor os podócitos a concentrações mais

elevadas do que o valor já testado. Isto foi realizado para verificar qual seria a

maior concentração de albumina (dentre as utilizadas nesse estudo) na qual as

células apresentariam a mesma viabilidade que as sem albumina pelo tempo

máximo estabelecido no ensaio anterior. Deste modo todas as concentrações

testadas puderam ser utilizadas nos ensaios seguintes, uma vez que o tempo de

exposição de 24 horas, bem como as concentrações máximas analisadas, não

interferem na viabilidade. Importante mencionar que a viabilidade constante

entre as diferentes concentrações foi um fator primordial para os próximos

ensaios, de modo a não ser um viés nas análises de expressão.

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123

3. Time Course para exposição à PA

3.1 Imunocitoquímica Indireta (ICI)

Os resultados de ICI com nefrina diante das concentrações e tempo de

exposição à PA (figura 20) indicaram melhores condições celulares na condição

de 15 µg/mL de PA durante 12 horas, uma vez que foi o maior tempo de

exposição com a maior concentração de PA analisada.

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124

Figura 20: Imagem de ICI com nefrina ressaltando a viabilidade dos podócitos após exposição à PA. Em verde é possível

visualizar a porção citoplasmática marcada para nefrina (FITC); em azul, marcado com DAPI, nota-se o núcleo. É possível

observar a redução do citoplasma na imagem de exposição à PA durante 24 horas, o que pode estar indicando o início do

processo de apoptose. Em destaque encontra-se a condição escolhida para o estudo.

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6.1.3.2. Marcação com faloidina

Os resultados da marcação com faloidina diante das concentrações e

tempo de exposição à PA (figura 21) indicaram que: após 12 horas de exposição

a concentrações progressivas de PA, as células aparentam estar encolhendo o

citoplasma, o que pode ser um indício podem de apoptose, em concentrações

superiores a 15 µg/mL (notado pelo citoplasma reduzido na imagem). Já os

resultados após 24 horas de exposição à PA, o tempo maior parece mais

agressivo como pode ser observado pela diminuição do tamanho do citoplasma

já a partir de 5 µg/mL de PA. Sendo assim foi escolhida a condição de 15 µg/mL

de PA durante 12 horas.

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Figura 21: Imagem de marcação com faloidina ressaltando a viabilidade dos podócitos após exposição à PA. Em verde

é possível a visualização da porção citoplasmática do podócito (GFP); em azul, marcado com DAPI, nota-se o núcleo. É possível

observar na imagem que exposição à PA durante 24 horas parece provocar redução do citoplasma, o que indicaria um início

de apoptose. Em destaque encontra-se a condição escolhida para o estudo.

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Com relação à droga PA, esta já é utilizada há muito tempo em estudos

com modelos animais, para indução do dano renal (99). Tanto em ratos in vivo,

como em cultura de podócitos in vitro, já foi demonstrado que esta droga atua na

via ERK (quinase regulada por sinal extracelular), do grupo de proteínas quinase

ativadas por mitógenos (MAPK) (100). Estas proteínas desempenham papel

importante na sobrevivência celular ou na mediação do processo de apoptose,

regulando a estabilidade do citoesqueleto (97), e, no caso de dano com a droga

PA, esta via é prejudicada. No caso dos podócitos in vitro, já se sabe que doses

elevadas de PA podem desencadear um processo de apoptose dos mesmos.

Deste modo foi utilizado o inibidor U0126 da via ERK. Deste modo foi possível

simular dano renal com doses de PA já estabelecidas em outros estudos

(92,101).

Diante dos resultados de ICI para nefrina e de marcação do citoesqueleto

com faloidina, foi estabelecida a dose de 15 µg/mL de PA durante 12 horas,

doses estas não prejudiciais para as células e que permitiram o estudo frente à

exposição de albumina. Nosso resultados condizem com o apresentado em

estudo recente que apresentou mesmo padrão de alteração de expressão da

nefrina, além de outro marcador citoplasmático o ZO-1 (proteína junção de

oclusão) (102).

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4. Avaliação de marcadores de autofagia após carenciamento de soro fetal

bovino por 24 horas

4.1 Marcadores LC3-II e p62

As Figuras 22 e 23 ilustram os resultados de ICI e Western Blot para os

marcadores de autofagia LC3-II e p62, respectivamente. Após os dois

experimentos, verifica-se que a restrição de FBS não afetou os marcadores de

autofagia, já que ambos foram expressos de forma semelhante em células com

e sem carenciamento.

Figura 22: ICI do marcador de autofagia LC3-II em podócitos. Cultura celular

com meio RPMI 1640 + 10% de FBS (A e B). Cultura celular com meio RPMI

1640 isento de FBS (C e D). A ICI para LC3II foi realizada após 24 horas das

células em cultura. Em A e C: citoesqueleto marcado em vermelho (rodamina-

faloidina); núcleo é visto em azul (DAPI); Em B e D mostra-se apenas o marcador

de autofagia LC3-II em verde (FITC); (Ampliação de 400X).

Na figura 23 pode ser visualizado o resultado do Western Blot das

proteínas totais extraídas de podócitos, marcadas com anticorpo primário p62

(vermelho-rodamina) e normalizado por GAPDH (verde-FITC). A intensidade das

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bandas foi avaliada com o software ImageJ e os dados podem ser observados

no histograma.

Figura 23: Western Blot com marcador de autofagia p62 em podócitos.

Cinza claro = condição sem PA; cinza escuro = com PA. Valores são média ±

EP, n = 3. Em ambas as condições, com e sem PA, não houve diferença

estatística após o carenciamento de FBS (teste t de Student: p = 0,0764 e p =

0,16029, respectivamente).

4.2 Taxa de transcrito do PODXL

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Figura 24: Avaliação da expressão relativa de PODXL (PODXL/RPLP0) após

exposição à PA e carenciamento de FBS. Os valores são média ± EP, n = 3.

Nenhuma diferença estatística foi observada sem PA (p = 0,093) em comparação

com a exposição à PA (p = 0,423) (teste ANOVA no software IBM SPSS Statistic).

Antes de iniciar experimentos de exposição à albumina, cultivamos os

podócitos em meio sem soro por 24 horas. Assim, para avaliar se o

carenciamento estava desencadeando a autofagia, avaliamos as proteínas LC3-

II e p62, ambos já bem estabelecidos como marcadores do processo de

autofagia nas células. Dos dois marcadores avaliados, a proteína LC3-II é atua

como um "receptor" de moléculas que devem ser eliminadas e é usada para

estimar a abundância de autofagossomos na via da autofagia. Assim, o LC3-II

interage com moléculas “adaptadoras”, tais como p62, que é um elemento crucial

para o processo de turnover e degradação de componentes tóxicos (103–106).

Neste estudo, após as 24 horas de carenciamento, após ICI com LC3-II não

notamos aumento da coloração do marcador de autofagia, o que indica que o

processo basal do mecanismo de autofagia provavelmente não foi afetado. O

mesmo padrão foi observado no resultado de Western Blot para p62, após a

quantificação das bandas, e, embora o marcador de autofagia p62 estivesse

ligeiramente aumentado (com e sem PA) após a depleção sérica, não houve

diferença estatística (p = 0,093, sem exposição à PA; p = 0,423, com exposição

ao PA).

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Analisamos também a quantidade relativa de transcrito do gene PODXL

em relação ao controle RPLP0 endógeno, por qPCR, após o carenciamento com

e sem exposição à PA. Em modelos animais com PA induzida por nefrose, a

conexão da podocalixina com o citoesqueleto é interrompida (79,80). De acordo

com nossos resultados, não houve diferença no nível de transcrição de mRNA

do PODXL após a depleção sérica, com ou sem exposição à PA.