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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - UNICAMP FACULDADE DE TECNOLOGIA - FT MESTRADO EM TECNOLOGIA ALESSANDRA NATALY BARA GUEDES SIMULAÇÃO DE TAG RFID UHF PASSIVA PARA RASTREAMENTO DE PALETES CONTENDO PRODUTOS LÍQUIDOS SIMULATION OF PASSIVE UHF RFID TAG FOR TRACKING OF PALLETS CONTAINING LIQUIDS PRODUCTS LIMEIRA 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS -

UNICAMP

FACULDADE DE TECNOLOGIA - FT

MESTRADO EM TECNOLOGIA

ALESSANDRA NATALY BARA GUEDES

SIMULAÇÃO DE TAG RFID UHF PASSIVA PARA RASTREAMENTO

DE PALETES CONTENDO PRODUTOS LÍQUIDOS

SIMULATION OF PASSIVE UHF RFID TAG FOR TRACKING OF

PALLETS CONTAINING LIQUIDS PRODUCTS

LIMEIRA

2017

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ALESSANDRA NATALY BARA GUEDES

SIMULAÇÃO DE TAG RFID UHF PASSIVA PARA RASTREAMENTO

DE PALETES CONTENDO PRODUTOS LÍQUIDOS

SIMULATION OF PASSIVE UHF RFID TAG FOR TRACKING OF

PALLETS CONTAINING LIQUIDS PRODUCTS

Dissertação apresentada à Faculdade de

Tecnologia da Universidade Estadual de

Campinas como parte dos requisitos exigidos

para obtenção do título de Mestre em

Tecnologia, área de concentração Sistemas de

Informação e Comunicação.

Dissertation presented to the School of

Technology of the University of Campinas in

partial fulfillment of the requirements for the

degree of Master in Technology, in Information

Systems and Communication.

Orientador: PROF. DR. RANGEL ARTHUR

Coorientador: PROF. DR. LEONARDO LORENZO BRAVO ROGER

LIMEIRA

2017

Esta dissertação corresponde à versão final defendida pela aluna Alessandra Nataly

Bara Guedes e orientada pelo Prof. Dr. Rangel Arthur.

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Abaixo se apresentam os membros da comissão julgadora da sessão pública de defesa

de dissertação para o Título de Mestra em Tecnologia na área de concentração de

Sistemas de Informação e Comunicação, a que submeteu a aluna Alessandra Nataly

Bara Guedes, em 22 de Fevereiro de 2017 na Faculdade de Tecnologia- FT/

UNICAMP, em Limeira/SP.

Prof. Dr. Rangel Arthur

FT UNICAMP / Presidente da Comissão Julgadora

Prof. Dr. Edson Luiz Ursini

FT UNICAMP

Dr. Silvio Renato Messias de Carvalho

EPTV - Campinas

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo

de vida acadêmica da aluna na Universidade.

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Dedico este trabalho à minha família, em especial à minha

mãe Isilda e meu esposo Alex.

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AGRADECIMENTOS

Obrigada a Deus, que me ilumina e fortalece todos os dias.

Obrigada ao prof. Dr. Rangel Arthur, que acreditou em mim e em meu projeto

de pesquisa desde o começo.

Obrigada também ao Prof. Dr. Leonardo Bravo, que de forma paciente e gentil

colaborou para a conclusão dessa pesquisa.

Ao querido Gilberto Santos Souza, que Deus ilumine sempre o seu caminho e

permita que tantos outros alunos, assim como eu, possam ser beneficiados pela

paciência, atenção e conhecimento que você possui na área de antenas.

Obrigada à minha querida amiga e irmã Vivian Nascimento dos Santos, pelas

valiosas sugestões de pomodoros.

À equipe da FIT Sorocaba, em especial a Luiz Silva, pelos conhecimentos

transmitidos e pela acolhida aos alunos da FT UNICAMP.

Obrigada à equipe da CEITEC de Curitiba, que compartilhou informações tão

valiosas sobre o chip CTC13001.

A todos que, com boa intenção, colaboraram para a realização e a finalização

deste estudo.

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RESUMO

A tecnologia de identificação por radiofrequência, ou da sigla em inglês RFID –

Radio Frequency Identification, faz uso de ondas eletromagnéticas para rastrear,

armazenar e transmitir dados podendo ser empregada nos mais variados tipos de

negócios, incluindo a cadeia de suprimentos. A aplicação da RFID na cadeia, através da

identificação de produtos e paletes com tags, apresenta uma série de vantagens

relacionadas à rastreabilidade, redução de custos e otimização de processos. Contudo,

apesar das vantagens, a tecnologia é subutilizada no setor de armazenagem,

principalmente para o rastreamento de materiais que possuem conteúdo líquido, pois a

interferência eletromagnética desse meio afeta o desempenho e a capacidade de

comunicação das tags. Neste contexto de benefícios e desafios o presente estudo propõe

a simulação eletromagnética de um modelo de tag RFID UHF do tipo passiva para ser

utilizada pela cadeia de suprimentos, especificamente na área de armazenagem,

podendo ser anexada em paletes com materiais cujo conteúdo seja líquido. O modelo foi

desenvolvido para ser compatível com as dimensões gerais do Padrão Internacional para

Etiqueta Logística (do idioma inglês STILL - Standard International Logistic Label),

também conhecida como etiqueta de código de barras. A tag proposta foi desenhada,

testada e analisada no software de simulações eletromagnéticas HFSS dentro das

instalações dos laboratórios da Faculdade de Tecnologia e do laboratório de Engenharia

Elétrica da Unicamp, respectivamente nas cidades de Limeira e Campinas. O arranjo é

composto de antena dipolo associada a um chip de produção nacional (CTC 13001),

opera na faixa UHF de 915 MHz e as distâncias de leitura em espaço livre são de

aproximadamente 15 metros e em meio líquido 30 cm.

Palavras chaves: Água, Supply Chain, Etiquetas Inteligentes.

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ABSTRACT

Radio Frequency Identification (RFID) technology uses electromagnetic waves to track,

store and transmit data, and can be used in a wide range of businesses, including the

supply chain. The application of RFID in the supply chain, through the identification of

products and tagged pallets, presents a series of advantages related to traceability, cost

reduction and process optimization. However, despite the advantages, the technology is

underutilized in the warehousing, mainly for the tracking of materials that have liquid

content, due to the electromagnetic interference of liquids that affects the performance

and the ability to communicate the tags. In this context of benefits and challenges the

present study proposes the electromagnetic simulation of a passive UHF RFID tag

model to be used by the supply chain, specifically in the storage area, and it can be

attached on pallets with materials whose contents are liquid. The model has been

developed to be compatible with the general dimensions of the International Standard

for Logistic Label (STILL), also known as barcode label. The proposed tag was

designed, tested and analyzed in the electromagnetic simulations software HFSS within

the facilities of the laboratories of the Faculty of Technology and the Laboratory of

Electrical Engineering at Unicamp, respectively in the cities of Limeira and Campinas.

The arrangement consists of a dipole antenna associated with a national production chip

(CTC 13001), operates in the UHF band of 915 MHz and the free space reading

distances are approximately 14 meters and in liquid media 30 cm.

Key Words: Water, Supply Chain, Smart Tags.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Funcionamento simplificado da tecnologia de RFID. (Fonte: EPC-RFID

INFO, 2016). .................................................................................................................. 20

Figura 2: Tags de vigilância eletrônica de mercadorias. (Fonte: RENOVEM, 2016).... 21

Figura 3: Interrogadores de RFID para vigilância eletrônica de mercadorias. (Fonte:

RENOVEM, 2016). ........................................................................................................ 22

Figura 4: Pedágio Eletrônico no Brasil. (Fonte: PORTAL TRANSPORTA BRASIL,

2016). .............................................................................................................................. 22

Figura 5: Diferentes players da cadeia de suprimentos e o fluxo das informações.

(Fonte: A Autora). .......................................................................................................... 24

Figura 6: Onda eletromagnética. (Fonte: BRASIL ESCOLA, 2016) ............................. 27

Figura 7: Espectro de ondas eletromagnéticas. (Fonte: BRASIL ESCOLA, 2016). ...... 28

Figura 8: Variedade de Tags de RFID. (Fonte: CORESONANT, 2016). ...................... 32

Figura 9: Tag do Boi. (Fonte: CEITEC, 2016). .............................................................. 33

Figura 10: Tag de pedágio eletrônico. (Fonte: SEMPARAR, 2015). ........................... 33

Figura 11: Rolos de tags RFID. (Fonte: SKYRFID Inc., 2016). .................................... 33

Figura 12: Componentes de uma Tag. (Fonte: HESSEL et al, 2009). ........................... 34

Figura 13: Detalhamento das especificações de um garrafão de água de 20 litros. ....... 41

Figura 14: HFSS - Medidas do garrafão de água (Fonte: A Autora). ............................ 42

Figura 15: Antena com função leitora (Fonte: FT Unicamp). ........................................ 43

Figura 16: Perda de retorno da antena leitora (Fonte: A Autora). .................................. 43

Figura 17: Ganho da antena leitora (Fonte: A Autora) ................................................... 44

Figura 18: Layout do chip CTC13001. (Fonte: CEITEC, 2016). ................................... 45

Figura 19: Representação do Chip CTC13001 na ferramenta HFSS - 1º Plano. (Fonte: A

Autora, 2016). ................................................................................................................. 46

Figura 20: Representação do Chip CTC13001 na ferramenta HFSS - 2º Plano, com

Lumped Port. (Fonte: A Autora, 2016). ......................................................................... 46

Figura 21: Padrão Internacional para etiquetas de paletes. (Fonte: GS1 PORTUGAL,

2016). .............................................................................................................................. 48

Figura 22: Tag RFID (Fonte: A Autora). ....................................................................... 50

Figura 23: Detalhe do chip CTC13001 na tag RFID (Fonte: A Autora). ....................... 51

Figura 24: Perda de retorno da tag RFID (Fonte: A autora). ......................................... 52

Figura 25: Ganho e diretividade da tag na frequência de 915MHz - 1º plano (Fonte: A

Autora). ........................................................................................................................... 53

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Figura 26: Ganho e diretividade da tag na frequência de 915MHz - 2º plano (Fonte: A

Autora). ........................................................................................................................... 53

Figura 27: Antena leitora e tag RFID (Fonte: A Autora). .............................................. 54

Figura 28: Potência recebida no chip quando no espaço livre (Fonte: A Autora).......... 55

Figura 29: Tag RFID anexada ao galão de 20 litros de água. ........................................ 56

Figura 30: Galão de água ajustado (Fonte: A autora). .................................................... 57

Figura 31: Antena leitora, tag RFID e galão de água reduzido (Fonte: A Autora). ....... 57

Figura 32: Potência recebida no chip quando no próximo ao meio líquido (Fonte: A

Autora). ........................................................................................................................... 58

Figura 33: Perda de retorno da tag RFID quando próxima ao meio líquido (Fonte: A

Autora). ........................................................................................................................... 59

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Faixas de frequência da RFID e suas aplicações. (Adaptado de BHUPTANI &

MORANDPOUR, 2005). ............................................................................................... 29

Tabela 2: Atributos e características das tags. (Adaptado de BHUPTANI &

MORANDPOUR, 2005). ............................................................................................... 36

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANATEL Agência Nacional de Telecomunicações

CEITEC Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada

CoE Center of Excellence

EAS Electronic Article Surveillance

EPC Electronic Product Code

GS1 General Specifications 1

GHz Giga Hertz

HFSS High Frequency Structure Simulator

IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers

IFF Identification Friend or Foe

ISO International Organization for Standardization

LF Low Frequency

MCTI Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

MEF Método dos Elementos Finitos

MHz Mega Hertz

RFID Radio Frequency Identification

RO Read Only

RW Read/Write

STILL Standard International Logistic Label

UHF Ultra High Frequency

VEM Vigilância Eletrônica de Mercadorias

VHF Very High Frequency

WMS Warehouse Management System

WORM Write Once/Read Many

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 15

2 MOTIVAÇÃO E OBJETIVO DA PESQUISA ...................................................... 17

3 METODOLOGIA ................................................................................................... 18

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................... 19

4.1 Definição e história da tecnologia RFID ...................................................................... 19

4.2 A cadeia de suprimentos e a tecnologia RFID ............................................................. 23

4.3 Padrões e protocolos .................................................................................................. 25

4.4 Frequências de onda aplicadas à tecnologia RFID ...................................................... 26

4.5 Ondas eletromagnéticas e o meio líquido .................................................................. 30

4.6 Tags RFID e seus componentes ................................................................................... 32

4.7 Parâmetros eletromagnéticos de desempenho de uma antena. ............................... 37

4.7.1 Frequência de operação .......................................................................................... 37

4.7.2 Impedância .............................................................................................................. 38

4.7.3 Ganho e diretividade ............................................................................................... 38

5 SIMULAÇÕES NO SOFTWARE HFSS ............................................................... 40

5.1 Galão de água .............................................................................................................. 41

5.2 Antena leitora .............................................................................................................. 42

5.3 Chip CTC13001 ............................................................................................................ 44

5.4 Tag RFID ...................................................................................................................... 47

5.4.1 Dimensões gerais da antena ................................................................................... 47

5.4.2 Substrato da antena ................................................................................................ 48

5.4.3 Geometria da antena e tag RFID ............................................................................. 49

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 52

6.1 Comportamento da tag RFID no espaço livre ............................................................. 52

6.1.1 Distâncias de leitura da tag RFID no espaço livre ................................................... 54

6.2 Comportamento da tag RFID quando próxima ao meio líquido ................................. 55

6.2.1 Distâncias de leitura da tag RFID próxima ao meio líquido .................................... 57

7 CONCLUSÕES ....................................................................................................... 60

8 TRABALHOS FUTUROS ...................................................................................... 61

9 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 62

10 APÊNDICE A ..................................................................................................... 67

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15

1 INTRODUÇÃO

A tecnologia de identificação por rádio frequência, da sigla em inglês RFID –

Radio Frequency Identification, é baseada em ondas eletromagnéticas que permitem o

armazenamento e transferência de dados com o propósito de identificar seres vivos e

objetos.

Os primeiros passos que culminaram no que hoje é conhecido como RFID datam

da década de 1930 e da Segunda Guerra Mundial. Nesse período, o laboratório de

pesquisas navais dos EUA desenvolveu um sistema para identificar e distinguir aviões

aliados e inimigos. Assim como os sonares, os mísseis e até mesmo a Internet, a

radiofrequência foi criada para fins militares (HESSEL et al, 2009).

Atualmente essa tecnologia é utilizada para a o rastreamento de produtos, sendo

aplicada também em diferentes processos de negócios, desde o mapeamento de bolsas

de sangue e medicamentos em hospitais e o pagamento de tarifas de transporte público

até o controle de gado em pastagens.

Na indústria de bens de consumo e serviço, por exemplo, a RFID está presente

no rastreamento de mercadorias, alarmes de carro ou, ainda, como sistema de cobrança

de estacionamentos e pedágios (em que uma etiqueta RFID é anexada ao para-brisa do

veículo e a abertura das cancelas é ativada após a leitura da etiqueta instalada).

Apesar de aplicada em diferentes tipos de negócios, a RFID é subutilizada na

área de armazenagem, principalmente para o rastreamento de materiais que possuem

conteúdo líquido, como garrafas de água, sucos ou leite.

Isso se deve ao fato de a tecnologia ser baseada em ondas eletromagnéticas e

estas terem comportamento deficiente no meio líquido, não retornando os dados

interrogados corretamente. Os líquidos tendem a absorver as ondas eletromagnéticas

que são propagadas em regiões próximas a esse meio (ATOJOKO et al, 2015).

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16

Características como a constante dielétrica, condutividade e densidade do meio

líquido em questão também interferem diretamente no comportamento das ondas

eletromagnéticas (ARUMUGAM & ENGELS, 2009). Em outras palavras, cada

conteúdo (água, água salgada, refrigerante ou leite) tem características específicas que

podem impactar de formas distintas na leitura de uma tag de RFID.

Esta dissertação propõe um modelo de tag RFID UHF do tipo passiva para ser

utilizada pela cadeia de suprimentos, especificamente na área de armazenagem,

podendo ser anexada em paletes com materiais cujo conteúdo seja líquido.

O modelo apresentado é composto por um arranjo de antena dipolo associado a

um chip de produção nacional (o CTC 13001 da empresa CEITEC) e opera na faixa

UHF de 915 MHz, seguindo os padrões de RFID EPC Gen 2 e ISO 18000-6 e os

padrões globais de etiquetas logísticas da GS1.

A tag proposta foi desenhada, testada e analisada no software de simulações

eletromagnéticas HFSS, dentro das instalações de laboratórios da Faculdade de

Tecnologia e do laboratório da Engenharia Elétrica da Unicamp, respectivamente nas

cidades de Limeira e Campinas.

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17

2 MOTIVAÇÃO E OBJETIVO DA PESQUISA

A motivação para esta pesquisa vem do fato de, apesar dos benefícios, a

tecnologia de RFID não ser considerada plug and play (de fácil adaptação a diferentes

tipos de realidades) (HESSEL et al, 2009). Sua utilização depende da customização de

componentes de hardwares e softwares seguindo os requisitos do negócio em questão.

Esta necessidade de adaptação se dá principalmente no campo das tags ou etiquetas, que

armazenam os dados que se deseja identificar ou rastrear.

Com base na motivação em pesquisar sobre formas de customização da

tecnologia de identificação por radiofrequência surgiu a pergunta de pesquisa deste

estudo: por que a RFID é pouco utilizada para o gerenciamento de materiais em

armazéns, principalmente em negócios cujo produto é de composição líquida, como

água?

A leitura de tags de RFID é um desafio quando estas estão próximas a algum

conteúdo líquido, como uma garrafa de água, pois a interferência eletromagnética do

ambiente ao redor afeta o desempenho e a capacidade de comunicação das tags

(ATOJOKO et al, 2014). A problemática da pesquisa é importante porque atualmente

ambientes impregnados por esse meio não obtêm bons resultados nas leituras das tags,

já que a onda eletromagnética emitida pelo interrogador se perde ou reflete na água, e

não retorna com as informações desejadas.

Apesar da aplicação da tecnologia em vários tipos de negócios, ela ainda se

encontra subutilizada nos processos logísticos de armazenagem e estocagem. A

expectativa da próxima onda de onipresença da RFID é a de sua adoção na cadeia de

suprimentos (BHUPTANI & MORANDPOUR, 2005), o que corrobora a relevância

deste estudo.

O objetivo principal desta pesquisa caracteriza-se por apresentar as simulações

eletromagnéticas de um novo tipo de tag UHF do tipo passiva aplicável a modelos de

negócio relacionados à área de armazenagem. Os objetivos complementares desta

pesquisa são colaborar com a disseminação do conhecimento sobre a tecnologia de

RFID, com a aplicação da tecnologia em processos de armazenagem e com o estudo da

mesma no que se refere ao comportamento de tags de RFID no meio líquido.

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18

3 METODOLOGIA

Com foco multidisciplinar, esta pesquisa envolveu o estudo de temas na área de

identificação por radiofrequência, eletromagnetismo, simulações eletromagnéticas,

rastreamento de mercadorias, cadeia de suprimentos e armazenagem.

As pesquisas relacionadas à área de eletromagnetismo, RFID e simulações

eletromagnéticas foram feitas com base em livros publicados, em artigos científicos

disponibilizados no portal IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers) e na

experiência e conhecimento dos professores doutores Rangel Arthur e Leonardo Bravo,

ambos da Faculdade de Tecnologia da Unicamp. Os alunos envolvidos no grupo de

pesquisas de RFID desta instituição também contribuíram sobremaneira com os

conhecimentos necessários para o desenvolvimento desta dissertação.

O aprofundamento dos conhecimentos nessas áreas deu-se, ainda, por meio de

visitas técnicas ao Centro de Excelência em RFID (Center of Excellence - CoE RFID)

em Sorocaba, referência no tema para a América Latina, e a CEITEC, empresa

brasileira de produção de chips, localizada em Porto Alegre.

Já os estudos relacionados à macro área da cadeia de suprimentos, rastreamento de

mercadorias e armazenagem foram realizados com base em livros publicados, notícias

vinculadas na mídia especializada, além da experiência de trabalho da autora desta

dissertação.

A metodologia de pesquisa contemplou ainda simulações eletromagnéticas de um

modelo de tag UHF passiva aplicável à identificação de paletes no software HFSS. Este

software permite a projeção de peças, elementos, produtos e a obtenção rápida dos

resultados das interações eletromagnéticas, possibilitando assim maior coerência e

eficácia nos projetos de novos produtos e tecnologias.

O modelo de tag proposto foi diversas vezes testado e, por fim, otimizado na

ferramenta HFSS, permitindo assim a realização da estimativa de viabilidade técnica da

configuração apresentada.

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19

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.1 Definição e história da tecnologia RFID

A RFID é a tecnologia que faz uso de ondas eletromagnéticas para rastrear,

armazenar e transmitir dados, podendo ser aplicada aos mais variados tipos de negócios

e necessidades do cotidiano.

É uma tecnologia criada para a identificação de objetos em uma determinada área

(QUIROZ et al, 2013). Ou, ainda, é um método de identificação e rastreamento de

objetos que, devido à simplicidade e baixo custo, tem difundido suas possibilidades de

aplicação (GONÇALVES et al, 2014 - a).

De forma simplificada, a comunicação através dessa tecnologia ocorre quando as

tags recebem energia externa e utilizam essa energia para acessar seu circuito interno e

devolver informação (AROOR & DEAVOURS, 2007).

Em outras palavras, um elemento irradiador de ondas eletromagnéticas (um

interrogador, também chamado de coletor) acessa as informações contidas em uma tag

(ou etiqueta) (NAJEEB et al, 2016). Ao receber as ondas eletromagnéticas provenientes

do interrogador, a tag devolve as ondas com as informações contidas em seu chip. Por

fim, as informações são transferidas do interrogador para uma base de dados em um

computador. A figura a seguir exemplifica o funcionamento simplificado da tecnologia

de RFID.

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20

Figura 1: Funcionamento simplificado da tecnologia

de RFID. (Fonte: EPC-RFID INFO, 2016).

Pode haver também antenas propagadoras e amplificadoras de sinal (com a

função de ampliar a capacidade de comunicação dos interrogadores, por exemplo)

(NAJEEB et al, 2016), assim como impressoras que codificam os dados nas tags e

terminais de computadores.

Todos esses periféricos são relevantes para a correta utilização da tecnologia de

RFID, contudo o foco desta pesquisa são as tags e, em especial, seus componentes

internos (como chips e antenas) e seu comportamento em situações adversas, como a

presença de líquido no perímetro de leitura da tag. Mais detalhes sobre as tags e seus

componentes serão apresentados ao longo desta pesquisa.

Os estudos relacionados à identificação por radiofrequência foram relatados a

partir década de 1930. O precursor da tecnologia foi o escocês Robert Alexander

Watson-Watt, também inventor dos radares. Trabalhando para o laboratório de

pesquisas navais dos Estados Unidos, ele buscava uma forma de identificar se os aviões

eram de aliados ou não, desenvolvendo assim o sistema IFF, da sigla em inglês

Identification Friend or Foe (identificação de amigo ou inimigo). O sistema funcionava

a partir de uma estação no solo, que enviava sinais de radar captados pelos aviões e

refletidos de volta (HESSEL et al, 2009).

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21

Até os anos de 1970 a identificação por radiofrequência era limitada ao exército

e a laboratórios de pesquisa, devido ao alto custo. A primeira utilização comercial deu-

se nos Estados Unidos por meio dos equipamentos de vigilância eletrônica de

mercadorias (VEM), na língua inglesa EAS (Electronic Article Surveillance), utilizados

para proteger itens de inventário (BOWERSOX et al, 2007).

Esse sistema é amplamente utilizado até hoje e seu funcionamento se dá

mediante o acoplamento de unidades (tags) aos produtos do inventário de uma loja.

Uma vez que as unidades passam por um interrogador (geralmente instalados na saída

dos estabelecimentos) um alarme é disparado.

A figura a seguir apresenta as tags utilizadas por esse sistema. Elas são afixadas

em itens como roupas, sapatos e produtos de cama, mesa e banho. De baixo custo de

fabricação, implementação e manutenção, rapidamente popularizaram-se entre grandes

varejistas (HESSEL et al, 2009).

Figura 2: Tags de vigilância eletrônica de

mercadorias. (Fonte: RENOVEM, 2016)

A figura a seguir mostra o interrogador que verifica a presença das tags nos

produtos e dispara um alarme sonoro dentro do estabelecimento comercial.

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22

Figura 3: Interrogadores de RFID para vigilância

eletrônica de mercadorias. (Fonte: RENOVEM, 2016).

Nos anos de 1990 os sistemas de cobrança de pedágio eletrônico popularizaram-

se nos EUA e Europa. Nos EUA, por exemplo, as empresas desse ramo uniram-se e

criaram a E-Zpass, cujo objetivo era desenvolver um padrão de sistema de cobrança de

pedágio. Os modelos criados acabaram sendo adotados em outros países, inclusive o

Brasil. (BHUPTANI & MORANDPOUR, 2005).

O funcionamento da tecnologia é simples: uma etiqueta adesiva RFID é fixada

ao para-brisa do veículo e a abertura das cancelas é ativada após a leitura da etiqueta

instalada, evitando longas filas para os motoristas e redução de custos de pessoal para as

empresas de pedágio. A figura a seguir apresenta o modelo de pedágios brasileiro.

Figura 4: Pedágio Eletrônico no Brasil. (Fonte:

PORTAL TRANSPORTA BRASIL, 2016).

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Como previamente apresentado, a RFID não é uma tecnologia nova, porém

observou-se a ampliação de seu estudo e maior aplicação comercial nas últimas

décadas, devido ao potencial de facilitar a vida das pessoas e melhorar os processos

operacionais em empresas. Embora exista uma série de aplicações em uso, atualmente, a

expectativa é que a tecnologia seja drasticamente ampliada nos próximos anos,

principalmente no que tange a aplicações voltadas para a cadeia de suprimentos:

A expectativa da próxima onda de onipresença da

RFID virá da sua adoção na cadeia de abastecimento. A

implementação de soluções com RFID que ajudem a

integrar toda a cadeia de abastecimento, desde a

manufatura, ao nível de matéria prima, até as mãos do

usuário final, promete eficiência nos processos, reduções

de custos significativas e conveniência a todas as partes

envolvidas ao longo de toda a cadeia de abastecimento.

(BHUPTANI & MORANDPOUR, 2005).

4.2 A cadeia de suprimentos e a tecnologia RFID

A cadeia de suprimentos nada mais é do que a integração dos diferentes elos que

compõem as atividades de uma empresa, desde sua produção, armazenamento e

transporte até a entrega do produto final ao cliente (BALLOU, 2006).

São os estágios envolvidos, direta ou indiretamente, no atendimento de um

pedido de um cliente, e seu gerenciamento envolve o controle dos diferentes estágios da

cadeia, visando a maximizar a lucratividade (CHOPRA & MEINDL, 2003).

Maximizar os lucros na cadeia significa expandir mercados consumidores, evitar

desperdícios e garantir entregas previamente combinadas. Para isso, as indústrias

necessitam de um controle detalhado de todas as atividades realizadas ao longo de seus

processos, garantindo assim o fluxo coerente da informação com todos os envolvidos,

como fornecedores, transportadores, revendedores, clientes etc. (também conhecidos

como parceiros comerciais ou players).

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A figura a seguir apresenta de forma simplificada os diferentes players da

cadeia de suprimentos e o fluxo de informações.

Figura 5: Diferentes players da cadeia de suprimentos

e o fluxo das informações. (Fonte: A Autora).

O conceito de gerenciamento da cadeia de suprimentos surgiu a partir do final da

última década do século XX, impulsionado pela era digital que permitiu às empresas

maior controle de seus processos (BOWERSOX et al 2007).

Antes dos sistemas de informação, o controle das atividades em uma empresa

era realizado por fichas, de forma manual. Com o advento dos computadores e a

possibilidade de processar maior volume de dados surgiram tecnologias para facilitar e

garantir a visibilidade dos diferentes processos industriais e de varejo, desde a contagem

de inventário e separação até o controle de produtos nas gôndolas. O acesso à

informação tornou-se o diferencial competitivo das companhias.

É neste cenário de grande necessidade de disponibilização de dados que as

empresas adotaram a RFID para gerenciar seus processos de negócio e o fluxo de

informação na cadeia de suprimentos (BHUPTANI & MORANDPOUR, 2005).

A aplicação da tecnologia de identificação de produtos e paletes através de tags

apresenta uma série de vantagens relacionadas à rastreabilidade, redução de custos e

otimização de processos. Uma tag é anexada, por exemplo, a um palete de produtos

pertencente à certa remessa e os itens são rastreados em diferentes pontos de trânsito ou

ainda as tags são utilizadas para a verificação das condições ambientais dessas

mercadorias durante o deslocamento (BRIAND et al, 2012).

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Em outras palavras, a RFID é uma forma coerente de garantir que os diferentes

players da cadeia de suprimentos tenham acesso ao fluxo de informações.

Isso porque a coesão da informação define o desempenho da cadeia de

suprimentos (CHOPRA & MEINDL, 2003). Essa coesão é proporcionada pela RFID

por meio da possibilidade do amplo rastreamento de dados no produto ou palete, devido

às informações contidas na tag.

A relevância da tecnologia não se restringe apenas ao rastreamento de produtos.

As tags são utilizadas também para análise e verificação de temperatura, choque,

inclinação, pressão, luz, umidade, pH, atmosfera gasosa, etc. (BRIAND et al, 2012).

Além disso, a RFID surge como a evolução de outras formas de tecnologia

utilizadas para a identificação sem fio, como códigos de barras e cartões de tira

magnética (ATOJOKO et al, 2014).

Vale ressaltar que a utilização de tecnologia de rastreamento, assim como várias

outras, não é a solução para os problemas enfrentados por aqueles que lidam com

processos de negócio complexos e com diferentes parceiros comerciais, porém, é uma

evolução do ponto de vista operacional, permitindo maior precisão e rastreabilidade dos

produtos.

4.3 Padrões e protocolos

Delimitar protocolos e padrões para uma tecnologia significa organizar a forma

com que essa tecnologia irá trabalhar, definindo áreas de atuação, frequências,

compatibilidade entre hardware, software, modelos de código de programação, entre

outros. Criar e adotar padrões oficiais fomenta e acelera a implementação e utilização de

qualquer tecnologia, e com a RFID não seria diferente.

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A disponibilização de padrões para a indústria proporciona a integração entre

desenvolvedores, fornecedores e transportadores, e garante que diferentes tipos de

indústrias e países possam operar seus negócios por meio de estruturas mínimas pré-

definidas. Do ponto de vista da tecnologia de RFID, os protocolos especificam

principalmente a compatibilidade entre seus diversos componentes (tags,

interrogadores, antenas etc.).

Diferentes organizações participam da criação de padrões para a RFID, contudo

duas se destacam: a GS1 (do idioma inglês General Specifications), que administra a

iniciativa EPC Global (Eletroctronic Product Code), e a ISO (International

Organization for Standardization). Ambos são institutos internacionais de normatização

sem fins lucrativos que visam ao desenvolvimento global de indústrias e da sociedade

(HESSEL et al, 2009).

Dentre os padrões criados pela EPC Global, o EPC Geração 2 (e suas versões) é

um dos mais relevantes, pois define os parâmetros de interface de comunicação para os

dispositivos que operam no espectro UHF de 860MHz a 960MHz. A iniciativa EPC

Global é representada em território nacional pela GS1 Brasil (Associação Brasileira de

Automação).

A ISO tem colaborado com a padronização da tecnologia de RFID por meio da

publicação de normas para codificação de dados (utilizadas na identificação de animais,

por exemplo) e delimitação de interface aérea (caracterizada pela comunicação entre

etiqueta e leitor). A responsável pela ISO no Brasil é a ABNT (Associação Brasileira de

Normas Técnicas) (HESSEL et al, 2009).

4.4 Frequências de onda aplicadas à tecnologia RFID

Uma onda é uma perturbação que se propaga transportando energia e, segundo

sua natureza, pode ser classificada em dois tipos: mecânica ou eletromagnética. As

ondas do primeiro tipo precisam de um meio material para se propagar, como o som. Já

as do segundo tipo não necessitam de um meio, sendo irradiadas no vácuo, como a luz e

as ondas de rádio (RAMALHO et al, 2007).

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As ondas eletromagnéticas são constituídas por campos elétricos e magnéticos e

propagam-se por meio da movimentação ordenada de elétrons que criam oscilações.

Esses campos têm características específicas, como a perpendicularidade em direção à

propagação de onda e o campo elétrico perpendicular ao magnético (FRENZEL, 2013).

A figura a seguir apresenta a forma gráfica dos campos de uma onda eletromagnética.

Figura 6: Onda eletromagnética. (Fonte: BRASIL

ESCOLA, 2016)

Além das características relacionadas aos campos há outras que definem as

ondas eletromagnéticas, como amplitude de onda (A), que é a altura máxima que a onda

pode atingir; o comprimento de onda (λ), que é a distância percorrida pela onda em um

ciclo; o período (T), que representa o tempo que a onda leva para completar

determinado ciclo, e a frequência (f), que é o número de ciclos que uma onda realiza em

um segundo.

As ondas eletromagnéticas estão contempladas em um espectro que é o intervalo

composto por todas as ondas, a partir de sua frequência. Essa divisão começa com as

ondas de rádio, passando pela luz e terminando nos raios gama, com frequência

muitíssimo alta (RAMALHO et al, 2007). A figura a seguir apresenta as divisões desse

espectro.

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Figura 7: Espectro de ondas eletromagnéticas. (Fonte:

BRASIL ESCOLA, 2016).

As frequências utilizadas pela tecnologia de RFID estão dentro do espectro das

ondas de rádio (subdividido em frequências baixas, altas e muito altas) e micro-ondas.

A baixa frequência (LF da sigla em inglês Low Frequency) trabalha entre 125 e

134 kHz. Já a frequência alta (HF High Frequency) opera em 13,56 MHz e a frequência

ultra alta (UHF - Ultra High Frequency), de 433 MHz e 860 a 960 MHz. A RFID utiliza

ainda uma parte do espectro de micro-ondas na frequência de 2,45 e 5,8 GHz (GTA

UFRJ, 2016).

O espectro eletromagnético das ondas de rádio e micro-ondas é utilizado em

uma série de funções, como o próprio rádio, comunicações militares, televisores,

controles remotos de aparelhos eletrônicos, portões automáticos e também a RFID.

Desta forma, essas faixas necessitam ser criteriosamente definidas para que não ocorram

interferências entre as frequências.

Em muitos países o uso das faixas é regulamentado pelo governo e associações.

No Brasil, essa regulamentação é definida pela ANATEL (Agencia Nacional de

Telecomunicações) por meio do artigo nº 506, de 1º de julho de 2008. O artigo

regulamenta a operação dos aparelhos de RFID nas seguintes faixas: 119-135 kHz,

13,11-13,36 MHz, 13,41- 14,01 MHz, 433,5-434,5 MHz, 860-869 MHz, 894-898,5

MHz, 902-907,5 MHz, 915-928 MHz, 2400-2483,5 MHz e 5725-5850 MHz (DIAS,

2012).

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As faixas significam “sintonias” para a RFID, e todos os periféricos (como tags,

e interrogadores) devem estar na mesma frequência para garantir a correta transmissão e

recuperação dos sinais e, consequentemente, dos dados. Assim como um rádio precisa

ser sintonizado para que seja possível ouvir diferentes estações, os periféricos precisam

estar ajustados para que ocorra a transferência de dados.

As frequências da RFID definem ainda outra importante característica da

tecnologia: as distâncias, para que se estabeleça a comunicação entre tag e interrogador.

As faixas de onda LF e HF são utilizadas em aplicações cujo interrogador deve estar

bastante próximo à tag (como bilhetes eletrônicos de ônibus e identificação de crachás).

Já as frequências UHF e micro-ondas permitem distâncias maiores de leitura e,

consequentemente, maior possibilidade de aplicações.

A tabela a seguir apresenta o consolidado das frequências utilizadas pela RFID,

as distâncias aproximadas de leitura e as principais aplicações.

Frequência das ondas eletromagnéticas

aplicadas à RFID

Distâncias

aproximadas de

leitura da tag

Principais aplicações

Baixa Frequência

(LF)

Menos que

135KHz 30 cm

Identificação de animais /

Controle de acesso

Alta Frequência (HF) 13,56 MHz Até 1 metro Controle de acesso /Identificação

de livros, bagagens etc.

Ultra Alta Frequência

(UHF)

433, 860 a 960

MHz Até 100 metros

Controle de inventário /

Gerenciamento de armazéns

Micro-ondas 2,45 GHz e 5,8

GHz Similar ao UHF

Cobrança eletrônica de pedágio e

automação industrial

Tabela 1: Faixas de frequência da RFID e suas

aplicações. (Adaptado de BHUPTANI &

MORANDPOUR, 2005).

A frequência da tag proposta neste estudo é de 915 MHz, o que a insere na faixa

de UHF. Optou-se por essa frequência devido à possibilidade de maior distância de

leitura da tag pelo interrogador e, consequentemente, maior viabilidade de aplicação da

tag nos processos da área de armazenagem.

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4.5 Ondas eletromagnéticas e o meio líquido

Além da frequência é necessário levar em consideração o comportamento das

ondas em diferentes situações, ambientes e meios. A velocidade de qualquer onda

eletromagnética no vácuo (independentemente da frequência) é a velocidade da luz

(3.108 m/s), porém quando há um meio físico em oposição à propagação essa

velocidade sofre mudanças. Essas mudanças podem ser a reflexão (quando a onda volta

para a direção de onde veio), a refração (quando a onda muda de direção porque mudou

de meio de propagação), a difração (desvio de trajetória retilínea da onda) e a

interferência (quando ondas diferentes se sobrepõem) (HESSEL et al, 2009).

Esses fenômenos influenciam diretamente a aplicação da RFID. O ambiente

onde a tecnologia será implementada pode possuir móveis e equipamentos que

dificultam a passagem das ondas ou, ainda, os objetos que serão rastreados podem

refletir ou refratar os sinais emitidos pelo interrogador.

É neste contexto que surge uma das incertezas mais comuns da indústria em

relação às ondas eletromagnéticas e à tecnologia de RFID: a deficiência da leitura das

tags quando próximas ao meio líquido.

Da perspectiva dos líquidos, as ondas tendem a ser severamente absorvidas por

esse meio, o que dificulta a utilização da RFID com tags passivas (ARUMUGAM &

ENGELS, 2009). No cenário ideal a onda enviada pelo interrogador deveria retornar

com os dados da tag e não ser absorvida pelo meio líquido existente ao redor. As

antenas das tags sofrem significativa mudança na frequência de ressonância, perdendo

eficiência de leitura e, consequentemente, inviabilizando a utilização de tags passivas

(AROOR & DEAVOURS, 2007).

Esse fenômeno ocorre devido à alta constante dielétrica da água, que é a

propriedade do material de resistir à passagem de corrente elétrica (PERIYASAMY &

DHANASEKARAN, 2014).

Em pesquisas realizadas com tags UHF anexadas a copos e cujo propósito era a

verificação dos níveis de água contidos, as tags anexadas a copos completamente cheios

não foram sequer detectadas por antenas distantes entre dois e quatro metros

(BHATTACHARYYA et al, 2010).

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Contudo, outras pesquisas efetuadas a partir de uma antena combinada com uma

tag UHF e aplicada a copos cheios de água obteve resultados de leitura de

aproximadamente 30cm (QUIROZ et al, 2014). (GONÇALVES et al, 2014 - b)

inseriram antenas de 866 MHz em rolhas de garrafas de vinho obtiveram resultados

semelhantes quanto à distância de leitura, com a garrafa cheia de líquido.

Já (ATOJOKO et al, 2015) obtiveram resultados teóricos de modelos

simplificados de tags RFID UHF (860-868MHz) com alcance de leitura de 50,5 cm,

onde a impedância da antena e do chip coincidiram. E (GONÇALVES et al, 2014 - b)

obtiveram distâncias de leitura de tags UHF em garrafas de bebidas alcoólicas próximas

a 1,4 metros por meio da inserção de superfícies refletoras na face oposta da garrafa

onde se encontrava a tag.

(KARUPPUSWAMI et al, 2016) e (LI et al, 2016) conseguiram bons resultados

com sensores para a detecção de líquidos por meio da verificação de mudança de

frequência da antena da tag RFID em presença ou não do meio líquido.

O comportamento eletromagnético das tags RFID UHF passivas em relação ao

meio líquido torna este estudo desafiador do ponto de vista da melhoria das distâncias

de leitura de tags UHF circundadas por água, já que esta pode reduzir a performance de

leitura das tags entre 79% e 90% (AROOR & DEAVOURS, 2007).

Como já abordado neste estudo, a área ao redor da tag é de extrema relevância

para a sua correta leitura. Cada material é caracterizado por propriedades elétricas como

permissividade relativa e condutividade, e essas propriedades influenciam o

comportamento das ondas recebidas na antena. (QUIROZ et al, 2013) propõe que se

criem lacunas entre a tag RFID e o objeto contendo líquido como forma de diminuir os

efeitos da absorção das ondas eletromagnéticas pelo meio líquido.

Essas lacunas podem ser criadas a partir de camadas de ar, papel, borracha etc.

(AROOR & DEAVOURS, 2007) verificaram melhorias de leitura das tags em

aproximadamente 10% quando havia uma camada de papelão entre a tag passiva e o

meio líquido.

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4.6 Tags RFID e seus componentes

As tags são unidades armazenadoras de dados, como pequenos objetos, que

podem ser afixados em produtos, animais, caixas, paletes ou até implantados em seres

vivos de forma subcutânea (TABAKH et al, 2016), (LI et al, 2016). Essas tags podem

ter os mais variados formatos e tamanhos, atendendo às diferentes necessidades e

aplicações. São também conhecidas como etiquetas, etiquetas inteligentes, etiquetas

eletrônicas, transponders ou inlays. A figura a seguir apresenta essa variedade de

possibilidades.

Figura 8: Variedade de Tags de RFID. (Fonte:

CORESONANT, 2016).

Para padronizar a nomenclatura utilizada nesta pesquisa, a unidade final de

rastreamento (contendo antena, chip, substrato e encapsulador) será tratada como tag.

Para a utilização em identificação de animais, por exemplo, a tag pode ser

aplicada como um brinco (Figura 9). Já para a o pagamento automático de taxas de

pedágio em rodovias, a tag recebe uma camada adesiva, tornando-se uma etiqueta que é

colada na parte interna do vidro do veículo (Figura 10). Há ainda os modelos adesivos

de tags vendidos em rolos com dezenas ou centenas de unidades e variadas

possibilidades de aplicações (Figura 11).

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Figura 9: Tag do Boi. (Fonte: CEITEC, 2016).

Figura 10: Tag de pedágio eletrônico. (Fonte:

SEMPARAR, 2015).

Figura 11: Rolos de tags RFID. (Fonte: SKYRFID

Inc., 2016).

As tags são constituídas basicamente de um chip e uma antena, as partes que

mais impactam sua performance (HESSEL et al, 2009). Os chips são responsáveis pelo

armazenamento de informações e as antenas têm a função de auxiliar na captação e

propagação dos sinais emitidos tanto pelas tags (no caso dos modelos ativos) quanto por

repetidores de sinais e interrogadores.

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Há ainda os conectores que ligam o chip à antena, o substrato, que é a superfície

onde a tag é montada (papel, plástico etc.) (BONILLA et al, 2014), e o encapsulador

(que pode ser de PVC, papel adesivo, epóxi etc.), responsável por caracterizar o formato

final e proteger os componentes internos. A figura a seguir exemplifica a composição de

uma tag.

Figura 12: Componentes de uma Tag. (Fonte:

HESSEL et al, 2009).

As antenas contidas nas tags e em outros periféricos de RFID possuem as mesmas

propriedades e funções de qualquer outra antena: radiam ou recebem ondas

eletromagnéticas.

Genericamente a antena é uma estrutura que permite a transmissão de ondas

guiadas por um circuito (RIOS & PERRI, 2002). Em outras palavras, elas funcionam

como irradiadoras e receptoras de ondas eletromagnéticas e estão presentes em várias

etapas do processo de transmissão de dados (TABAKH et al, 2016).

O tamanho e a forma da antena normalmente definem as dimensões da tag como

um todo (BHUPTANI & MORANDPOUR, 2005). Cada aplicação necessitará de um

modelo diferente e, consequentemente, uma antena com formato específico. Tags

aplicadas em livros são relativamente pequenas e contêm antenas de centímetros de

dimensão. Já os modelos subcutâneos aplicados em animais de estimação são

milimétricos, assim como suas respectivas antenas.

As antenas das tags podem ser circulares, retangulares, com formato de linhas

contínuas ou segmentadas, como é possível observar na Figura 8.

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Além das antenas, as tags podem possuir um chip (também chamado de circuito

integrado ou CI) cuja função é armazenar e transmitir dados. Alguns modelos podem

ser do tipo sem chip (comumente conhecidas pelo termo em inglês chipless) e oferecem

melhor custo, porém disponibilizam reduzido espaço para guardar as informações.

Nesses modelos os dados são codificados nas superfícies dos materiais utilizados como

antena para a transmissão de dados (BHUPTANI & MORANDPOUR, 2005).

O substrato de uma tag RFID nada mais é que uma base para a fixação dos

elementos como a antena, chip e conectores, podendo ser de papel, plástico (PVC),

epóxi etc. Já o encapsulamento, que é o envoltório final da tag, também pode ser

composto pelos mesmos materiais do substrato, adicionando-se a possibilidade da

utilização de produto adesivo, o que permite que a tag seja facilmente afixada.

As tags de RFID são divididas ainda por tipos, sendo possuidoras ou não de uma

fonte de energia interna, geralmente uma bateria (ATOJOKO et al, 2015).

O tipo de tag ativo possui uma bateria interna cuja função é alimentar o chip,

assim como o sinal responsável pela comunicação. Este último é emitido continuamente

fazendo com que a tag não necessite receber sinal eletromagnético de fonte externa,

como um interrogador, para transmitir os dados (BHUPTANI & MORANDPOUR,

2005).

Já os tipos semi-passivos também possuem uma fonte de energia interna, porém o

sinal não é emitido continuamente (como no tipo ativo) e boa parte da energia da bateria

é utilizada para alimentar o chip. As ondas eletromagnéticas passam a ser enviadas

somente quando a tag recebe o sinal de uma fonte externa.

As tags do tipo passivas não possuem qualquer bateria e necessitam de uma fonte

emissora de energia para que ocorra a transmissão de dados. A obtenção de energia se

dá por meio da utilização do sinal eletromagnético emitido pelo interrogador e a tag

envia um sinal de resposta, permitindo assim a comunicação (ATOJOKO et al, 2015).

Além dos modelos (com e sem chip) e dos tipos (passivas, ativas e semi-passivas),

há ainda mais uma característica importante relacionada às tags: a memória do chip.

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Essa memória pode ser somente leitura – RO (da sigla em inglês Read Only), na

qual os dados são gravados como um número serial durante o processo produtivo da tag

e não é possível alterá-lo. Outra memória é a de gravação/várias leituras – WORM

(Write Once/Read Many), na qual elementos adicionais podem ser registrados (e os já

fixados não podem ser alterados), e, por fim, a memória leitura/gravação – RW

(Read/Write), na qual os dados podem ser sobrepostos várias vezes (HESSEL et al,

2009). A tabela a seguir consolida os diferentes atributos e características das tags de

RFID.

Tags de RFID

Atributo Características

Modelo Com Chip

Sem Chip

Tipo

Passiva

Ativa

Semi-passiva

Memória

Somente leitura

Uma gravação/Várias leituras

Leitura/Gravação

Tabela 2: Atributos e características das tags.

(Adaptado de BHUPTANI & MORANDPOUR, 2005).

É devido a esse sortimento de possibilidades que a tecnologia de RFID não é

considerada plug and play (HESSEL et al, 2009). Cada tipo de negócio deve analisar

individualmente suas necessidades de rastreabilidade, controle e custos e, só então,

optar pela implementação de tags ativas, passivas, com ou sem chip, com ou sem

memória de leitura e gravação etc.

Nesse contexto de diversidade de opções da RFID o presente estudo está

delimitado na área das tags passivas, com chip (cujo tipo de memória é irrelevante) e

aplicadas a negócios do setor de armazenagem, especificamente na identificação de

paletes cujos produtos possuam conteúdo líquido. O foco deste estudo é o

comportamento de certo modelo de antena, ajustado a um chip, em relação ao meio

líquido.

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4.7 Parâmetros eletromagnéticos de desempenho de uma antena.

Toda tag RFID possui uma antena cuja finalidade é radiar e receber ondas

eletromagnéticas e é um dos componentes da tag que mais impacta seu desempenho

(HESSEL et al, 2009). Por isso o projeto de construção de antenas é tão crítico para a

tecnologia de RFID e deve levar em consideração as condições em que a radiação da

energia se processa. Aspectos como a frequência de utilização (ou largura de banda), o

casamento de impedâncias e ganho necessitam ser avaliados (RIOS & PERRI, 2002).

Essas características eletromagnéticas estão diretamente relacionadas ao tamanho e

formato físico da antena (BHUPTANI & MORANDPOUR, 2005), tanto quanto os

fatores ambientais como temperatura, umidade, poeira ou ainda outros emissores de

sinal ao redor (HESSEL et al, 2009). Em outras palavras, os atributos eletromagnéticos,

assim como o layout da antena e as características do ambiente onde ela se encontra

delimitam a qualidade de transmissão e recepção de sinal.

As características eletromagnéticas apresentadas a seguir serão analisadas na

simulação da tag RFID concebida na ferramenta HFSS para este projeto de pesquisa.

4.7.1 Frequência de operação

A largura de banda é a faixa de frequência na qual a antena opera em um

desempenho esperado (ALENCAR & QUEIROZ, 2010). Como já mencionado

previamente as diferentes frequências de ondas eletromagnéticas são divididas em um

espectro e a tecnologia de RFID opera nas faixas de LF, VHF, UHF e Micro-ondas.

Neste estudo delimitou-se a construção da antena em frequência UHF, mais

especificamente em 915 MHz, já que esta é a frequência do chip CTC 13001. O

espectro UHF foi escolhido devido à possibilidade de maiores distancias de leitura do

chip pelo interrogador. Para BHUPTANI & MORANDPOUR, 2005, etiquetas criadas

para a frequência UHF apresentam melhor capacidade de leitura e gravação, assim

como maiores distâncias de leitura.

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4.7.2 Impedância

A impedância é uma grandeza medida em ohms que define a oposição total que um

circuito oferece à passagem de corrente elétrica alternada.

O casamento de impedâncias pode ser realizado a partir da conexão de circuitos

com impedâncias diferentes objetivando a obtenção de melhor rendimento. Quando o

casamento não se processa boa parte da energia fornecida à antena é refletida gerando o

aparecimento de ondas indesejadas na linha de transmissão (RIOS & PERRI, 2002).

A antena deve ter sua impedância casada com os diferentes sistemas que interage

(como chips e fontes de alimentação) para que ocorra a máxima transferência de

potência para o meio de propagação (HESSEL et al, 2009). Nesse projeto o casamento

de impedâncias entre chip e antena da tag foi um grande desafio devido à alta

capacitância do chip CTC13001. O detalhamento sobre como foi realizado o casamento

será abordado mais adiante.

4.7.3 Ganho e diretividade

A diretividade é a capacidade da antena de irradiar ou receber energia em uma

direção específica, é a propriedade da antena de “focar” a potência irradiada. É uma

grandeza adimensional que leva em consideração apenas as propriedades direcionais da

antena e não sua eficiência (FRENZEL, 2013). Ou seja, a diretividade da antena não

considera perdas dielétricas ou perdas geradas por descasamento de impedância, por

exemplo.

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Já o ganho é uma grandeza medida em decibéis e identificada por meio da

eficiência comparativa da antena, ou seja, quão melhor uma é em relação a outra em

termos de entrega de energia irradiada para o meio se comparada à antena ideal (RIOS

& PERRI, 2002). Essa antena ideal é chamada de isotrópica, omnidimensional ou

antena comparativa, que irradia energia em todas as direções uniformemente (não há

uma direção preferencial da energia). É um tipo de antena que não existe na prática e

serve apenas como unidade comparativa com a antena real.

Neste projeto de pesquisa a análise de ganho e diretividade da tag é feita com base

nos relatórios 3D fornecidos pela ferramenta HFSS.

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5 SIMULAÇÕES NO SOFTWARE HFSS

O HFSS (High Frequency Structure Simulator) é um software de simulações

eletromagnéticas que tem sua estrutura de trabalho baseada no método dos elementos

finitos (MEF). Esse método é caracterizado pela subdivisão do elemento maior em

elementos menores discretos (processo chamado de discretização), porém em uma

quantidade finita, mantendo-os conectados por nós, formando assim uma malha

(ANSYS, 2016).

A utilização de softwares de MEF garante o cálculo rápido de elementos

complexos com a interação de vários materiais, simulando, modelando e apresentando

os resultados graficamente na tela. Desta forma é possível identificar visualmente e

interpretar os resultados do elemento desenvolvido.

As simulações no software HFSS contemplam a criação um galão de água e de um

modelo de tag representado por uma antena e um chip comercial. O chip é o CTC13001

da empresa brasileira CEITEC, que gentilmente forneceu os dados para a reprodução do

chip no software de simulações eletromagnéticas.

Esse modelo de tag terá seu comportamento avaliado junto à representação de um

galão de água, possibilitando assim um estudo mais aprofundado sobre os impactos do

meio líquido na propagação das ondas eletromagnéticas.

O projeto foi simulado nas versões 13 e 16 do software, em computador utilizando

sistema operacional Windows 10 com processador de Intel Core I7 2,6 GHz e 8GB de

memória RAM.

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5.1 Galão de água

Como base para a verificação do comportamento eletromagnético da tag RFID desta

pesquisa em meio líquido, foi criada na ferramenta HFSS uma estrutura que representa

um galão de água mineral de 20 litros.

A concepção do galão deu-se em duas etapas. Primeiramente foram desenhados

tampa e fundo (de 13,8cm de diâmetro cada) e uma forma cilíndrica oca de 43,9 cm de

altura. Ambas as formas foram unidas, originando assim o garrafão oco do tipo de

material polietileno. Um elemento da mesma forma (5 mm menor que o cilindro oco) e

preenchido do tipo de material água pura foi criado e posteriormente inserido no

cilindro de polietileno para simular o meio líquido contido nas garrafas. O galão foi

representado sem a delimitação do gargalo para facilitar o desenho do arranjo.

As características do garrafão de 20 litros de água estão detalhadas na figura a

seguir.

Figura 13: Detalhamento das especificações de um

garrafão de água de 20 litros.

A seguir a figura apresenta o cilindro oco de polietileno, a forma cilíndrica

preenchida do elemento água e as dimensões de ambas utilizadas na ferramenta

HFSS.

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Figura 14: HFSS - Medidas do garrafão de água

(Fonte: A Autora).

Posteriormente a tag será anexada a esse galão e seu comportamento será

analisado do ponto de vista de frequência, ganho, diretividade e distância de leitura na

ferramenta HFSS.

5.2 Antena leitora

Para a medição das distâncias de leitura da tag RFID na ferramenta HFSS optou-

se pela inserção de uma antena altamente diretiva para representar a função de leitora,

cuja potência de saída do transmissor foi definida em 1 W, de acordo com as

delimitações da ANATEL (HESSEL et al, 2009).

A antena escolhida, uma log periódica de dipolos, desenvolvida nos laboratórios

da Faculdade de Tecnologia da Unicamp e gentilmente disponibilizada para estas

simulações pelo aluno de doutorado Gilberto Tadeu Santos Souza, pode ser observada

na figura a seguir:

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Figura 15: Antena com função leitora (Fonte: FT

Unicamp).

Na figura a seguir é possível observar a perda de retorno da antena leitora e sua

operação na faixa de frequência de 880 MHz a 3,14 GHz. O circulo em vermelho indica

a operação da antena em 915 MHz.

Figura 16: Perda de retorno da antena leitora (Fonte:

A Autora).

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A geometria da log periódica de dipolos faz com que a antena seja altamente

diretiva e represente bem a função de leitora. É possível observar essa diretividade e o

ganho de aproximadamente 7 dB na figura a seguir.

Figura 17: Ganho da antena leitora (Fonte: A Autora)

5.3 Chip CTC13001

A escolha do produto CTC13001 da empresa CEITEC se deu pela facilidade de

operacionalizar uma futura construção física da tag simulada neste projeto. Isso porque

a produção do chip é realizada no Brasil e os custos de aquisição são reduzidos se

comparados com outros modelos importados e disponíveis no mercado.

Além disso, o chip se encontra em uma faixa de frequência promulgada pela

ANATEL para utilização no Brasil pela indústria, ciência e área médica (HESSEL et al,

2009).

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Outro ponto relevante para a escolha do CTC13001 foi a disponibilização, por

parte da CEITEC, de dados básicos para a representação do chip no HFSS. Outras

empresas líderes de mercado no segmento de chips também foram contatadas pela

autora desta pesquisa em busca dos dados básicos para a reprodução do chip na

ferramenta de simulação eletromagnética, porém os contatos não foram retornados.

A CEITEC S.A. é uma empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência,

Tecnologia e Inovação do Brasil (MCTI) que projeta, fabrica e comercializa circuitos

integrados (CI ou chips). Os chips são utilizados em identificação de animais,

medicamentos, hemoderivados, pessoas e veículos, além de autenticação, gestão de

inventário, controle de ativos, entre outras. (CEITEC, 2015).

A empresa disponibilizou dados como a sensibilidade de leitura: (-15 dBm) e a

impedância do CI (54,12 ohms, -395j O @ 915MHz) além das medidas básicas do

layout (em milímetros), detalhados na figura a seguir. O chip opera na frequência UHF

de 915 MHz.

Figura 18: Layout do chip CTC13001. (Fonte:

CEITEC, 2016).

Para a modelagem do chip na ferramenta HFSS métricas adicionais de layout

foram obtidas por meio de cálculos aproximados com base nas medidas padrão

fornecidas pela CEITEC. A representação do chip pode ser observada nas figuras a

seguir.

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Figura 19: Representação do Chip CTC13001 na

ferramenta HFSS - 1º Plano. (Fonte: A Autora, 2016).

A excitação do chip no HFSS foi obtida a partir da inserção de uma lumped port e

linha de integração com resistência de 54,12 ohms e reatância de -395 ohms. A

delimitação desta porta está representada na figura a seguir, com o tracejado azul.

Figura 20: Representação do Chip CTC13001 na

ferramenta HFSS - 2º Plano, com Lumped Port.

(Fonte: A Autora, 2016).

A lumped port poderia ter sido inserida também entre os pads do chip, abaixo da

antena. Contudo, como este evento não impacta na simulação e para facilitá-la, optou-se

pela inserção da porta na área superior.

O casamento de impedâncias entre o chip e a antena e consequentemente a

correção da característica capacitiva do chip serão detalhados a seguir.

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5.4 Tag RFID

A tag deste projeto de pesquisa é composta por um chip comercial (CTC13001),

uma antena do tipo dipolo de meia onda e um substrato rígido, elementos estes que

serão descritos a seguir.

5.4.1 Dimensões gerais da antena

A tag deste projeto de pesquisa foi desenvolvida para ser compatível com as

dimensões gerais de um tipo de etiqueta mundialmente utilizado pela área de logística:

as etiquetas de identificação de paletes por código de barras.

Vale ressaltar que a tecnologia de leitura de código de barras estabelece-se por

meio da colocação de códigos legíveis em itens, caixas e contêineres, entre outros

objetos, visando à posterior leitura das barras claras e escuras por meio de um feixe de

luz (BOWERSOX et al 2007).

As etiquetas nada mais são que um retângulo de papel onde estão impressos os

códigos de barras, descrição do produto, lote e quantidade. No lado oposto das

impressões há uma camada adesiva que permite a fixação da etiqueta nos paletes.

As limitações desse tipo de etiqueta é que elas necessitam de grande intervenção

manual para serem lidas (o leitor de dados precisa ser apontado para o código de barras)

(PERIYASAMY & DHANASEKARAN, 2014) e não possuem grande capacidade de

armazenamento de dados. Mesmo com essas restrições, são amplamente utilizadas na

cadeia de suprimentos.

Optou-se pela delimitação das dimensões da tag deste projeto no tamanho do

máximo do modelo internacional de etiquetas logísticas para uma possível e posterior

sinergia e interoperabilidade de tecnologias. Em outras palavras, a tag de RFID da

pesquisa foi construída para ser compatível, do ponto de vista das dimensões, com o

modelo de etiqueta de código de barras para paletes, tornando-se assim uma smart label

(ou etiqueta inteligente) (SUNG, 2015).

A figura a seguir exemplifica o modelo de etiqueta logística e a área com

tracejado azul indica as dimensões.

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Figura 21: Padrão Internacional para etiquetas de

paletes. (Fonte: GS1 PORTUGAL, 2016).

O modelo de etiqueta apresentado acima é indicado pela GS1, que por sua vez

utiliza o Padrão Internacional para Etiqueta Logística (do idioma inglês STILL –

Standard International Logistic Label). Como já previamente mencionado nesta

pesquisa, a GS1 é uma associação sem fins lucrativos que visa a colaborar com o

desenvolvimento da indústria, comércio e sociedade por meio da padronização de

informações.

A antena foi planejada para ser posicionada na parte posterior da etiqueta de

palete, na face com adesivo. Desta forma as equipes logísticas que já operam com a

leitura de código de barras poderão apontar os leitores de RFID para a mesma área da

etiqueta que já estão habituados.

5.4.2 Substrato da antena

As tags RFID são geralmente criadas em uma base, uma estrutura chamada de

substrato. Os tipos mais comuns são as folhas de fibra de vidro com resina (FR-4),

folhas plásticas (de PEN - naftalato de polietileno, PET - tereftalato de polietileno, PVC

- policloreto de vinilo), folhas de papel entre outros (BRIAND et al, 2012).

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As especificidades do substrato estão relacionadas a certas características como a

espessura, tangente de perda e a constante dielétrica (ou permissividade relativa). O

aumento da espessura do substrato leva ao aumento da eficiência da radiação da antena,

das perdas no dielétrico e a geração de ondas superficiais. Já a tangente de perda está

diretamente relacionada à frequência de operação da antena. (BONILLA et al, 2014).

A tag deste projeto foi desenhada em um substrato utilizado nos laboratórios da

Faculdade de Tecnologia da Unicamp caracterizado com permissividade relativa de

3,15 e espessura de 0,8mm.

5.4.3 Geometria da antena e tag RFID

As delimitações gerais do tamanho da antena (máximo de 14,8 por 10,5 cm)

foram definidas com base na etiqueta logística, mencionada no subcapítulo anterior.

As mais variadas geometrias de antenas de RFID tem sido estudadas pela

comunidade científica, como as apresentadas por (SHEN & LIN, 2016), (ZIYUAN et al,

2016), (QUIROZ et al 2013) entre outros e muitas dessas geometrias têm como base o

dipolo de meia onda (BARBIN, 2015).

Utilizou-se o dipolo de meia onda como base para a definição da geometria da tag

desta pesquisa. Já que a frequência de operação da tag deve ser a mesma do chip (915

MHz) e o comprimento de onda é definido a partir da relação entre velocidade da luz e

frequência (λ = c/f), logo 300.000 km/s / 915 MHz = 32,8 cm. A métrica inicial para a

definição do tamanho da antena foi então a meia onda, ou 16,4 cm.

Os chips de RFID comumente disponíveis no mercado geralmente apresentam

uma impedância de entrada com pequena resistência e grande capacitância reativa

(MALHEIROS-SILVEIRA et al, 2011) e (SOHRAB et al 2016). Isso ocorre porque o

chip é estágio de armazenamento de energia (MARROCCO, 2008).

Para o casamento de impedâncias entre chip e antena, (BARBIN, 2015) e

(SOHRAB et al, 2016), propõem a inserção de um laço ou anel condutor ao redor do

chip, cuja função é adicionar indutância ao sistema da tag e minimizar assim a

capacitância proveniente do chip. (MARROCCO, 2008) sugere que o tamanho desse

laço deve ser maior que um comprimento de onda.

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Optou-se pela inserção da geometria de anel ao redor do chip. A tag foi simulada

inúmeras vezes na ferramenta HFSS até que houvesse o casamento das impedâncias

entre ambos os elementos e consequentemente a otimização do modelo proposto, que

opera em 915 MHz.

O layout otimizado da antena UHF deste projeto e suas respectivas dimensões é

apresentada na figura a seguir.

Figura 22: Tag RFID (Fonte: A Autora).

A figura a seguir apresenta a conexão entre a antena e o chip CTC13001.

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Figura 23: Detalhe do chip CTC13001 na tag RFID

(Fonte: A Autora).

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6 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A tag RFID proposta por este estudo foi idealizada na ferramenta HFSS e

caracterizada pela tag no espaço livre e posteriormente na presença do meio líquido. Os

resultados apresentados nas simulações foram analisados através dos parâmetros S

(Mais detalhes sobre esses parâmetros no Apêndice A desta dissertação).

6.1 Comportamento da tag RFID no espaço livre

A figura a seguir apresenta a escala de perda de retorno da antena em função da

frequência (Parâmetro S1,1). Em 915 MHz a perda de retorno da tag é de

aproximadamente -24 dB.

Figura 24: Perda de retorno da tag RFID (Fonte: A

autora).

Já nas figuras a seguir é possível observar o ganho da tag e a diretividade. Nesse

caso a maior parte da energia é irradiada no lobo frontal do conjunto, o que representa

um ganho máximo de 3,4 dB.

-24 dB

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Figura 25: Ganho e diretividade da tag na frequência

de 915MHz - 1º plano (Fonte: A Autora).

Figura 26: Ganho e diretividade da tag na frequência

de 915MHz - 2º plano (Fonte: A Autora).

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6.1.1 Distâncias de leitura da tag RFID no espaço livre

Como previamente mencionado, uma antena do tipo log periódica foi inserida na

ferramenta HFSS para se representar o comportamento de uma antena leitora RFID,

com potência de saída do transmissor de 1 W.

Vale ressaltar que para otimizar os cálculos eletromagnéticos na ferramenta

HFSS, a antena leitora e a tag desse projeto foram delimitadas como campos

computacionais distintos, como é possível verificar na figura a seguir:

Figura 27: Antena leitora e tag RFID (Fonte: A

Autora).

Na figura a seguir é possível verificar as diferentes distâncias de leitura para a

frequência de 915 MHz através da análise do parâmetro S2,1 (500mm, 1000mm e 15000

mm). Nas simulações do HFSS a distância de leitura da tag chegou a aproximadamente

15 metros. Essa distância foi obtida a partir da conversão de dB para dBM (dbm = DB +

30). Neste caso, 43,72 – 30 = 13,72 dBM.

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Figura 28: Potência recebida no chip quando no

espaço livre (Fonte: A Autora).

É possível alcaçar maiores distâncias de leitura, pois a distância máxima simulada

(15m) mostrou que a potência recebida no chip está em torno de – 13 dBM. Como o

chip apresenta sensibilidade de -15 dbm, a distância de leitura pode ser ainda maior.

6.2 Comportamento da tag RFID quando próxima ao meio líquido

O correto funcionamento da tag RFID depende de sua antena, que pela natureza de

sua utilização, geralmente está muito próxima do material que está sendo identificado.

Essa proximidade leva a interação eletromagnética entre a antena e material e

dependendo deste último, a degradação de desempenho do sistema poderá ser

significativa (BARBIN, 2015).

Em outras palavras, um campo elétrico é diretamente afetado pela permissividade

do material ao seu redor. No caso da água esta permissividade relativa em comparação

com o vácuo é muito alta, cerca de 80 vezes maior que o valor em espaço livre

(GONÇALVES et al, 2014 - b).

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Para a caracterização do meio líquido, a tag RFID deste projeto foi anexada ao

galão de água previamente desenhado na ferramenta HFSS. A unidade formada entre

tag e galão pode ser observada na figura a seguir.

Figura 29: Tag RFID anexada ao galão de 20 litros de

água.

Como já mencionado previamente, o software HFSS opera baseado no método dos

elementos finitos (MEF) subdividindo o elemento maior em elementos menores

discretos. Esse processo, também conhecido como malhamento dispende grande

consumo de processamento de software e hardware para execução.

Devido ao intenso malhamento realizado no galão de água e também nos elementos

da tag, foi necessário reduzir as dimensões do galão para que a execução da simulação

pudesse ser finalizada. Várias tentativas infrutíferas de simulação do galão em tamanho

real foram empreendidas.

A única medida do galão alterada foi a da altura, passando de 43,9 cm para 18,5

cm. A figura a seguir apresenta a alteração.

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Figura 30: Galão de água ajustado (Fonte: A autora).

6.2.1 Distâncias de leitura da tag RFID próxima ao meio líquido

Para a simulação com o galão de água, a antena leitora e a tag RFID também foram

delimitadas com campos computacionais distintos, como é possível verificar na figura a

seguir.

Figura 31: Antena leitora, tag RFID e galão de água

reduzido (Fonte: A Autora).

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Próxima à água ou outro material de alto dielétrico, de alta perda, as características

da tag são alteradas: a diretividade aumenta e a eficiência diminui devido à perda

dielétrica. (AROOR & DEAVOURS, 2007), (SOHRAB et al, 2016). Essa alta

permissividade relativa leva ainda ao incremento da energia elétrica armazenada na tag

e consequentemente a capacitância na antena aumenta (KARUPPUSWAMI et al, 2016).

Como esperado, a distância de leitura da tag foi drasticamente reduzida quando em

contato com o galão de água. A alteração de eficiência da tag pode ser observada na

figura a seguir, em que a distância de leitura da tag RFID caiu de 15 metros no espaço

livre para 30 cm.

Figura 32: Potência recebida no chip quando no

próximo ao meio líquido (Fonte: A Autora).

A degradação da eficiência ocorre devido à mudança na frequência de ressonância

do sistema RFID. (PERIYASAMY & DHANASEKARAN, 2014). (LI et al, 2016),

exemplifica que quando uma onda eletromagnética entra na água, seu comprimento de

onda diminui consideravelmente.

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Figura 33: Perda de retorno da tag RFID quando

próxima ao meio líquido (Fonte: A Autora).

Quando a tag é anexada no galão sua perda de retorno sofre interferência devido às

características do meio líquido.

É esperado que a tag mantivesse certo nível de casamento de impedância mesmo

quando próxima à água. Sendo assim na Figura 33 é possível observar uma perda de

retorno (Parâmetro S11) em torno de -7 dB. O outro valor disponível na figura representa

a perda de retorno da antena log periódica.

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7 CONCLUSÕES

Esta dissertação abordou o estudo do comportamento eletromagnético de uma tag

RFID no espaço livre e em presença de conteúdo líquido, por meio da criação de uma

proposta de geometria de antena para o chip comercial CTC13001, criando assim uma

tag RFID UHF que opera na faixa de 915 MHz. O modelo foi ajustado para atender os

requisitos eletromagnéticos e analisado quanto a casamento de impedâncias, ganho e

distância de leitura na ferramenta de simulações eletromagnéticas HFSS.

A aplicação da tag proposta é na cadeia de suprimentos, especificamente para a

leitura de paletes cujo conteúdo seja líquido. As distâncias de leitura da tag quando no

espaço livre chegam a 15 metros e em presença do líquido aproximadamente 30 cm.

Foi apresentada uma revisão bibliográfica de diversos trabalhos científicos que

envolvem o uso de RFID na presença de líquidos. Nesses trabalhos diferentes tipos de

tags, antenas e substratos foram estudados, e em alguns casos as tags sequer foram lidas

quando em presença desse meio.

Mesmo com a discrepância entre as distâncias de leitura dos diferentes meios, o

modelo proposto de tag deste estudo manteve seu funcionamento e pôde ser lido mesmo

quando muito próximo ao meio líquido.

Vale ressaltar os desafios relacionados às simulações eletromagnéticas. Devido ao

intenso malhamento executado pelo software de elementos finitos, as simulações

requerem grande poder de processamento de hardware e software. Muitas das

simulações foram interrompidas, por exemplo, por falta de memória RAM para o

processamento dos cálculos.

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8 TRABALHOS FUTUROS

Como continuação desta pesquisa sugere-se a miniaturização da tag proposta, como

forma de redução de custos e extensão das possibilidades de aplicação da tag ao longo

da cadeia de suprimentos. Recomenda-se também a aplicação de processamento

paralelo nas simulações do software HFSS, permitindo assim a simulação tag em

presença de maior número de galões de água.

Outro estudo complementar sugerido é a criação de uma antena paralela para a tag

desta pesquisa, possibilitando a identificação de recipientes quando estes estão

parcialmente ou completamente vazios.

Por fim, recomenda-se ainda a execução prática do projeto de tag simulada,

como forma de confrontar os dados teóricos e práticos.

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62

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10 APÊNDICE A

Em circuitos elétricos é muito comum modelar os dispositivos utilizando parâmetros

de impedância (parâmetros Z), de admitância (parâmetros Y) e inclusive, em um mesmo

modelo, se misturam parâmetros de impedância, de admitância e parâmetros

adimensionais dando lugar aos chamados modelos de parâmetros híbridos (conhecidos

como parâmetros H). Todos esses modelos funcionam adequadamente de frequências

baixas até poucas dezenas de MHz.

Quando a frequência de trabalho aumenta, como é o caso das tecnologias de

radiofrequência e micro-ondas, a medição desses parâmetros se torna muito difícil

devido ao fato de serem afetados por elementos parasitas cujos efeitos se potencializam

em altas frequências.

Para contornar essa situação definem-se os parâmetros de espalhamento, também

conhecidos como parâmetros S (do idioma inglês Spread), os quais são determinados a

partir de condições de casamento de impedância (e são perfeitamente viáveis de serem

verificados em laboratório).

Assim, considerando dispositivos ou redes multiportas, os parâmetros S são

determinados a partir das ondas de tensão incidentes e/ou refletidas em cada uma de

suas portas. Define-se:

Sij = [Vi

Vj+]

Vk+=0,k≠j

Onde na j-ésima porta há a fonte de tensão ou simplesmente a onda de tensão

incidente, Vj+, e na i-ésima porta há a tensão de destino ou a onda tensão que sai pela

porta i, denotada como Vi−. Em geral os parâmetros S são magnitudes complexas, com

módulo e ângulo.

Exemplos:

Uma antena pode ser considerada como uma rede de uma única porta, assim o

parâmetro S11 é definido como:

S11 = [V1

V1+]

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Onde V1− representa a onda de tensão refletida na porta 1 (única) da antena e V1

+

representa a onda de tensão incidente na própria porta 1. Neste caso o parâmetro S11

representa o coeficiente de reflexão na entrada. Esse mesmo parâmetro quando

expressado em dB é conhecido como perda de retorno da antena.

Em redes ou sistemas de duas portas (uma porta de entrada e outra de saída) o

valor do parâmetro S21 seria o resultado de uma relação de tensão entre a porta de saída

e a porta de entrada desse dispositivo ou sistema. Assim sendo esse parâmetro poderia

representar uma atenuação (no caso de uma rede passiva com perdas ou ganho, se

tratará, por exemplo, de um amplificador).

Critérios práticos comumente utilizados estabelecem que um valor de S11 de

aproximadamente -10 dB é razoavelmente bom para muitas aplicações.

Já para o parâmetro S21 os critérios variam se a rede é passiva ou ativa. No caso

de redes passivas esse parâmetro, naquelas faixas de frequências que não devem ser

atenuadas (exemplo: a perda de sinal introduzida pelo dispositivo foi apenas de -0,002

dB), quanto menor melhor. Mas, se o desejável é atenuar um sinal numa dada faixa de

frequências, então quanto maior for o valor negativo desse parâmetro, melhor. Exemplo,

o dispositivo atenuou por -30 dB um sinal interferente.

Em dispositivos ativos, geralmente é desejável que S21 seja de um valor positivo

maior. Em outras palavras, um amplificador com um ganho de +10 dB tem menor

desempenho que outro similar com ganho de +25 dB.