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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL CUSTO AMBIENTAL DAS ALVENARIAS DE VEDAÇÃO SOB A ÓTICA DA EMISSÃO DE CO 2 E ENERGIA EMBUTIDA Juliana Candian Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos como parte dos requisitos para a conclusão da graduação em Engenharia Civil Orientador: Prof. Dr. José Carlos Paliari São Carlos 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

CUSTO AMBIENTAL DAS ALVENARIAS DE VEDAÇÃO SOB A ÓTICA DA EMISSÃO DE CO2 E ENERGIA EMBUTIDA

Juliana Candian

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos como parte dos requisitos para a conclusão da graduação em Engenharia Civil Orientador: Prof. Dr. José Carlos Paliari

São Carlos 2012

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DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia aos meus pais Edison e Maria, aos meus irmãos Marcela e Edison e amigos.

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AGRADECIMENTOS

Meus sinceros agradecimentos ao meu orientador Prof. Dr. José Carlos Paliari pela atenção, paciência e colaboração para o bom desenvolvimento desta monografia. Aos meus pais que sempre me apoiam em todas as etapas da minha vida.

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RESUMO

O planeta convive com diversos problemas gerados pela exploração descontrolada

dos recursos naturais visando o crescimento econômico de países desenvolvidos e em

desenvolvimento, incluindo o Brasil. O fenômeno do aquecimento global – Efeito Estufa – é

um bom exemplo da consequência natural causada pela exploração do homem, já que

grande parte da comunidade científica acredita que o aumento da temperatura média da

Terra é causada pela emissão de gases na atmosfera. Com isso, a sustentabilidade é um

tema de discussão global e imprescindível para a sobrevivência humana. A construção civil

pode ser destacada pelos recursos naturais que utiliza, o volume de energia e água que

consome e a quantidade de resíduos sólidos gerados, como conseqüência da capacidade

de desenvolvimento econômico que agrega ao país. Para atingir a sustentabilidade as novas

idéias e tecnologias utilizadas nos canteiros de obras e pensadas nos projetos, além de

serem viáveis técnica e economicamente, terão que visar à preservação da natureza,

visando à harmonia entre as necessidades humanas do presente e respeitando o direito de

uso das gerações futuras. Analisar o potencial de impacto ambiental dos produtos da

construção civil é um tanto complexo, devido à enormidade de variáveis existentes, para

isso, a utilização de metodologias e softwares é imprescindível. A necessidade de estudar

as perdas de materiais e racionalização em sua utilização é de extrema importância para

diminuir as emissões de dióxido de carbono. Os indicadores retirados da pesquisa de

TAVARES (2006), abrangendo todo o ciclo de vida dos elementos de uma edificação,

resultaram em dados confiáveis para emissões de CO2 e energia embutida nos materiais

componentes das alvenarias de vedação. Utilizando os dados de outros pesquisadores para

calcular o impacto ambiental das emissões de CO2 e do consumo energético, concluiu-se

que as alvenarias de vedação que utilizam bloco de concreto são mais prejudiciais ao meio

ambiente, já que a indústria cimenteira possui métodos e processos altamente poluidores.

Palavras-chave: Construção civil, emissões de CO2, sustentabilidade, indicadores, energia embutida, alvenaria de vedação.

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ABSTRACT

ABSTRACT

The planet lives with various problems caused by uncontrolled exploitation of natural

resources aimed at economic growth of developed and developing countries, including

Brazil. The phenomenon of global warming - Greenhouse - a good example is the natural

consequence caused by the exploitation of man, since much of the scientific community

believes that the increase in the average temperature of the Earth is caused by the emission

of gases into the atmosphere. Thus, sustainability is a topic of global discussion and

essential for human survival. The construction can be emphasized by using natural

resources, energy and the volume of water it consumes and the amount of solid waste

generated as a result of the ability of economic development that adds to the country. To

achieve sustainability the new ideas and technologies used in construction sites and thought

in the projects, in addition to being technically and economically viable, will have to be

directed to the preservation of nature, seeking the harmony between human needs of

present and respecting the right of use of future generations. Analyze the potential

environmental impact of construction products is somewhat complex due to the enormity of

existing variables to this, the use of methodologies and software is essential. The need to

study the loss of material and streamlining its use is very important to reduce emissions of

carbon dioxide. Indicators derived from research TAVARES (2006), covering the entire life

cycle of the elements of a building, resulting in reliable data for CO2 emissions and embodied

energy in the materials of masonry sealing components. Using the data of other researchers

to calculate the environmental impact of CO2 emissions and energy consumption, it was

concluded that the masonry fence using concrete block are more harmful to the environment,

since the cement industry has methods and processes highly polluters.

Key-words: Construction, CO2 emissions, sustainability indicators, embodied energy, masonry sealing.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Etapas de uma análise do ciclio de vida segundo a ISO 14040 ..................................... 21 Figura 2: O Edifício e o Meio Ambiente ....................................................................................... 29 Figura 3: Ciclo de vida de uma edificação .................................................................................... 30 Figura 4: Bloco de concreto para Alvenaria de Vedação .............................................................. 35 Figura 5: Execução de uma parede com bloco de concreto ........................................................... 35 Figura 6: Bloco cerâmico para Alvenaria de Vedação .................................................................. 36 Figura 7: Alvenaria de Vedação com bloco cerâmico ................................................................... 36 Figura 8: Planta de Vedação do Subsolo ....................................................................................... 39 Figura 9: Planta de Vedação do Térreo ......................................................................................... 40 Figura 10: Planta de Vedação do Tipo .......................................................................................... 40 Figura 11: Planta de Vedação do Duplex ...................................................................................... 41 Figura 12: Planta de Vedação do Subsolo ..................................................................................... 43 Figura 13: Planta de Vedação do Térreo ....................................................................................... 43 Figura 14: Planta de Vedação do Tipo .......................................................................................... 44 Figura 15: Planta de Vedação do Duplex ...................................................................................... 44 Figura 16: Planta de Vedação do Subsolo ..................................................................................... 47 Figura 17: Planta de Vedação do Térreo ....................................................................................... 47 Figura 18: Planta de Vedação do Tipo .......................................................................................... 48 Figura 19: Planta de Vedação do Duplex Inferior ........................................................................ 48 Figura 20: Planta de Vedação do Duplex Superior ....................................................................... 49 Figura 21: Energia Embutida em materiais de construção brasileiros .......................................... 50 Figura 22: Materiais de construção, emissão de CO2 e EE............................................................. 51 Figura 23: Materiais de construção, emissão de CO2 .................................................................... 51 Figura 24: Consumo de materiais para alvenaria de vedação com bloco cerâmico ...................... 52 Figura 25: Consumo de materiais para alvenaria de vedação com bloco de concreto .................. 52

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Geração de CO2 .............................................................................................................. 25 Tabela 2: Classificação das Alvenarias ......................................................................................... 32 Tabela 3: Áreas úteis dos cômodos de cada apartamento .............................................................. 37 Tabela 4: Áreas úteis dos cômodos de cada duplex – piso inferior ............................................... 38 Tabela 5: Áreas úteis dos cômodos de cada duplex – piso superior .............................................. 39 Tabela 6: Áreas úteis dos cômodos de cada apartamento .............................................................. 41 Tabela 7 : Áreas úteis dos cômodos de cada duplex ..................................................................... 42 Tabela 8: Áreas úteis dos cômodos de cada apartamento .............................................................. 45 Tabela 9 : Áreas úteis dos cômodos de cada duplex – piso inferior .............................................. 46 Tabela 10: Áreas úteis dos cômodos de cada duplex – piso superior............................................. 46 Tabela 11 : Área para os Projetos A, B e C ................................................................................... 54 Tabela 12 : Consumo de materiais em kg para os Projetos A, B e C ............................................ 54 Tabela 13: Relação entre área de alvenaria por área de piso ......................................................... 55 Tabela 14: Indicadores para emissão de CO2 - blocos cerâmicos – Projeto A ............................. 55 Tabela 15: Indicadores para emissão de CO2 - blocos de concreto – Projeto A ........................... 55 Tabela 16: Indicadores para emissão de EE - blocos cerâmicos – Projeto A ................................ 56 Tabela 17: Indicadores para emissão de EE - blocos de concreto – Projeto A ............................. 56 Tabela 18: Indicadores para emissão de CO2 - blocos cerâmicos – Projeto B ............................. 56 Tabela 19: Indicadores para emissão de CO2 - blocos de concreto – Projeto B ........................... 56 Tabela 20: Indicadores para emissão de EE - blocos cerâmicos – Projeto B ................................ 57 Tabela 21: Indicadores para emissão de EE - blocos de concreto – Projeto B .............................. 58 Tabela 22: Indicadores para emissão de CO2 - blocos cerâmicos – Projeto C ............................. 58 Tabela 23: Indicadores para emissão de CO2 - blocos de concreto – Projeto C ........................... 58 Tabela 24: Indicadores para emissão de EE - blocos cerâmicos – Projeto C ................................ 59 Tabela 25: Indicadores para emissão de EE - blocos de concreto – Projeto C .............................. 59

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 8

1.1 Justificativa ............................................................................................................... 8

1.2 Problema da Pesquisa .............................................................................................. 9

1.3 Objetivos .................................................................................................................. 10

1.4 Metodologia ............................................................................................................. 10

2. SUSTENTABILIDADE X CONSTRUÇÃO CIVIL ....................................................... 13

2.1 O Ambiente Urbano ............................................................................................... 13

2.2 Brasil em Desenvolvimento .................................................................................... 14

2.3 Sustentabilidade ...................................................................................................... 16 2.3.1 Eventos marcantes na Discussão do Desenvolvimento Sustentável......................l6

2.4 Visão Sustentável na Indústria da Construção Civil ........................................... 19

2.4.1 Metodologias e Sistemas de Avaliação Ambiental em Edifícios ......................... 19

2.4.2 A Experiência na Indústria da Construção Civil .................................................. 22

2.5 Conclusão do Capítulo 2 ........................................................................................ 22

3. EMISSÕES DE CO2 E ENERGIA EMBUTIDA X CONSTRUÇÃO CIVIL ................ 24

3.1 Emissão de CO2 ....................................................................................................... 25

3.2 Construção Civil como grande emissor de CO2 ................................................... 26

3.3 Energia Embutida .................................................................................................. 27

3.4 Importância do Projeto no Ciclo de Vida da Edificação .................................... 28

4. ALVENARIA DE VEDAÇÃO ......................................................................................... 31

4.1 ALVENARIA DE VEDAÇÃO .............................................................................. 31

4.1.1 Componentes da Alvenaria de Vedação ................................................................ 32

4.1.2 O Serviço de execução de Alvenaria .................................................................... 32

4.1.3 Fatores que podem influenciar a produtividade .................................................... 33

5. ESTUDO DE CASO ........................................................................................................ 35

5.1 Objeto de Estudo .................................................................................................... 37

5.1.1 Projeto Grupo A ................................................................................................... 37

5.1.2 Projeto Grupo B .................................................................................................... 41

5.1.3 Projeto Grupo C .................................................................................................... 45

5.2 Índices de Emissão de Energia Embutida ............................................................ 49

5.3 Índices de Emissão de CO2 .................................................................................... 50

5.4 Cálculo da Alvenaria de Vedação ......................................................................... 52

6. RESULTADOS ................................................................................................................ 54

6.1 Cálculo do Consumo dos Materiais ...................................................................... 54

6.2 Cálculo dos Indicadores – Projeto A .................................................................... 55

6.2.1 Indicadores da Emissão de CO2 ........................................................................... 55

6.2.2 Indicadores de Energia Embutida ......................................................................... 56

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6.3 Cálculo dOs INDICADORES – Projeto B ........................................................... 56

6.3.1 Indicadores da Emissão de CO2 ........................................................................... 56

6.3.2 Indicadores De Energia Embutida ........................................................................ 57

6.4 Cálculo dOs Indicadores – Projeto C ................................................................... 58

6.4.1 Indicadores da Emissão de CO2 ........................................................................... 58

6.4.2 indicadores de Energia Embutida ......................................................................... 59

7. ANÁLISE DOS RESULTADOS ..................................................................................... 60

8. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 62

9. REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 643

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1. INTRODUÇÃO

Com a exploração destrutiva dos recursos naturais, visando o crescimento

econômico de países de desenvolvidos e em desenvolvimento, como o Brasil, surgem

diversos problemas que ameaçam o bem estar e a conservação do meio ambiente. Bom

exemplo das consequências da exploração causada pelo homem é o Efeito Estufa,

fenômeno de aquecimento global, que é causado pela emissão de gases na atmosfera e

que provocou o aumento das temperaturas por todos os países. Com isso, a

sustentabilidade é um tema de extrema importância para garantir o bem estar de todos e é

de âmbito global.

Os métodos e processos aplicados no setor da construção civil são os agressores ao

meio ambiente, pois de alguma forma, poluindo, degradando e modificando o meio

ambiente. Dentro das inúmeras ocorrências não sustentáveis da construção de um

empreendimento, como um edifício, enquadra-se a emissão de CO2 devido à produção das

alvenarias de vedação, para compor o sistema estrutural.

O estabelecimento de indicadores de emissão de CO2 e de energia embutida, de

acordo com as características do empreendimento, busca dar sequencia e abrir outras

possibilidades de associações teóricas e pesquisas científicas, em paralelo com as

discussões de sustentabilidade ambiental na construção civil, mas sem a intenção de dirigir

uma ação ou comparar diferentes sistemas construtivos, apenas buscando compor um

banco de dados a ser utilizado pelos trabalhos que se seguiram.

1.1 JUSTIFICATIVA

A produção de resíduos sólidos nos grandes centros é um problema de difícil solução

para a sociedade atual na busca de políticas de desenvolvimento sustentável. Considerando

a totalidade desta produção, o setor da Construção Civil é responsável pela geração de

mais de 50% dos resíduos sólidos dos grandes centros (PINTO,2005). Parte desses

resíduos derivam das perdas de materiais e demolição nos canteiros de obras.

Sendo assim, a redução das perdas de materiais torna-se um assunto relevante para

o desenvolvimento sustentável nas dimensões econômica, social e ambiental. Sob o ponto

de vista econômico, acarretaria a redução de custos de produção e o aumento da

competitividade das empresas; sob o ponto de vista social, este material desperdiçado

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poderia ser utilizado para construção de novas habitações; sob o ponto de vista ambiental,

ocasionaria a redução do consumo dos recursos naturais (matéria-prima), além da redução

do entulho gerado e do consumo de energia (PALIARI; SOUZA; ANDRADE, 2001).

A construção civil representa um setor importante na economia do país, gerando

grande movimentação financeira, e no âmbito social proporciona o emprego de muitos

trabalhadores. Os recursos naturais utilizados, o volume de energia que consome e os

resíduos sólidos gerados são alarmantes. Com a concorrência de mercado, as empresas da

construção civil procuram diferenciais, como o aumento da qualidade do produto final, a

responsabilidade social e ambiental, implantando e executando normas referentes às

questões ambientais e sustentáveis.

Neste contexto, espera-se que as indústrias da construção civil no Brasil busquem

soluções para as perdas geradas no canteiro de obras que levem em consideração o meio

ambiente, no que diz respeito a diminuição da emissão de CO2, causador do Efeito Estufa, e

da redução do consumo energético de determinados materiais/componentes empregados.

Porém, poucos estudos abrangem as emissões de CO2 na concepção de produtos na

construção civil, como se pode observar nas normas técnicas e de certificação.

O trabalho que será desenvolvido se justifica por dar ênfase aos problemas gerados

na construção civil devido às perdas geradas nas alvenarias de vedação, dando

continuidade aos estudos da linha de pesquisa sugerida pelo tema e sendo utilizado como

referência a trabalhos posteriores.

1.2 PROBLEMA DA PESQUISA

As questões principais do tema da pesquisa são: como quantificar, corretamente e

com embasamento teórico válido, a emissão dos quilogramas de gás carbônico gerados

pelas alvenarias de vedação com tipologias semelhantes. E, como transcrever de forma

clara e simplificada os resultados obtidos, gerando um banco de dados referencial para ser

analisado, aplicado, ampliado e contestado futuramente por estudos da mesma linha de

pensamento.

No decorrer da leitura da bibliografia encontrada surgem perguntas tais como: os

estudos encontrados são suficientes para formar um banco de dados coerente? O

embasamento teórico a ser descrito no texto composto deve aprofundar-se nas

conseqüências, como o efeito estufa, nas causas, emissão de gás carbônico, ou ainda, nas

soluções, cito uma de exemplo, a sustentabilidade na construção civil?

Estas são algumas das questões a serem pensadas, analisadas e respondidas ao

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longo do desenvolvimento da monografia.

1.3 OBJETIVOS

Esta pesquisa tem como objetivo avaliar, sob o ponto de vista da emissão de CO2 e

em relação à Energia Embutida (EE) que totaliza o consumo energético de determinado

material/componente através da Análise do Ciclo de Vida (ACV), o custo ambiental da

execução das alvenarias de vedação, levando-se em conta as quantidades de materiais

utilizados para compor a alvenaria dos projetos escolhidos como objeto de estudo.

Neste trabalho, objetivando levantar dados para o cálculo do indicador de consumo

dos materiais/componentes da alvenaria de vedação em projetos, elaborados no âmbito da

disciplina de Projeto Integrado de Sistemas Construtivos, ministrada em 2012 na

Universidade Federal de São Carlos. Os projetos serão estudados com o intuito de analisar

o custo ambiental das alvenarias de vedação frente às emissões de CO2 e em relação à

Energia Embutida.

1.4 METODOLOGIA

Com intuito de atingir os objetivos propostos a metodologia foi dividida em três fases

distintas e sequenciais, as quais estão sintetizadas a seguir:

• Revisão bibliográfica realizada com o objetivo de levantar indicadores de

consumo de argamassa e blocos cerâmicos utilizados para compor as alvenarias de

vedação, assim como os indicadores de emissão de CO2 e de energia embutida em sua

execução, contextualizando com a questão da sustentabilidade na construção civil.

• Composição do banco de dados realizada por meio do cálculo do volume de

argamassa e quantidade de blocos cerâmicos nas alvenarias de vedação, assim como a

área da edificação, de três projetos elaborados no âmbito da disciplina de Projeto Integrado

de Sistemas Construtivos, ministrada em 2011 na Universidade Federal de São Carlos.

Todos os projetos serão analisados na sua concepção eletrônica através do software

AutoCAD.

• Cálculo dos índices de consumo de materiais, por metro quadrado de

edificação e por metro quadrado de piso, obtidos através dos dados processados.

Alguns passos importantes para confecção desta monografia deverão ser seguidos,

como por exemplo:

• Pesquisar referências para os indicadores de emissão de CO2 e cálculo da

energia embutida em estudos científicos atuais;

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• Calcular o volume de argamassa utilizada no revestimento e assentamento de

blocos, o consumo de insumos e a quantidade de blocos cerâmicos e de concreto utilizados

na execução das alvenarias de vedação dos projetos em análise, com o auxílio das

composições contidas na TCPO 13;

• Calcular a área de alvenaria e de piso da edificação dos projetos em análise,

através do software AutoCAD;

• Processar os dados de indicadores de emissão de CO2 e de energia embutida

por metro quadrado de alvenaria e de piso da edificação;

• Analisar os resultados obtidos.

As fórmulas utilizadas para o cálculo dos indicadores seguem abaixo.

As primeiras análises são para calcular a quantidade de CO2 e EE por metro

quadrado de alvenaria para três situações, quantidade de blocos cerâmicos, quantidade de

blocos de concreto e quantidade consumida de argamassa de assentamento da alvenaria,

extraindo então, os indicadores ambientais por m2 de alvenaria.

222

2 m

CO

bloco

CO

m

bloco=× para blocos (1)

22 m

EE

bloco

EE

m

bloco=× para blocos (2)

222

2m

CO

kg

CO

m

kg=× para argamassa (3)

22 m

EE

kg

EE

m

kg=× para argamassa (4)

Sendo:

2m

bloco – quantidade de blocos por metro quadrado de alvenaria;

bloco

CO2 - quantidade de CO2 emitido por unidade de bloco;

22

m

CO- quantidade de CO2 emitido por metro quadrado de alvenaria;

bloco

EE- quantidade de energia embutida por unidade de bloco;

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2m

EE- quantidade de energia embutida por metro quadrado de alvenaria;

2m

kg- quilograma de material por metro quadrado de alvenaria;

kg

CO2 - quantidade emitida de CO2 por quilograma de material;

kg

EE-quantidade de energia embutida por quilograma de material;

Com esses valores é possível também calcular os indicadores por m2 de piso, segue

abaixo a análise a ser feita.

pisom

CO

pisom

alvm

alvm

CO2

22

2

22

=× (5)

pisom

EE

pisom

alvm

alvm

EE22

2

2=× (6)

Sendo três projetos analisados, foi possível tirar três situações para os dois tipos de

blocos utilizados e fazer as possíveis comparações.

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2. SUSTENTABILIDADE X CONSTRUÇÃO CIVIL

2.1 O AMBIENTE URBANO

Para Andrade e Romero (2004) as cidades formam centros de aglomeração de

riqueza e conhecimento, e são o “lócus da cidadania e palco das relações sociais”. De uma

forma mais ampla, envolvem fluxos econômicos, culturais, sociais e políticos.

O progresso da humanidade se deu em decorrência da exploração dos recursos

naturais. Com a Revolução Industrial, no final do século XVIII, intensificou-se o uso e

transformação da natureza buscando melhores condições de vida para o homem nas

cidades. Durante o processo de industrialização, no inicio do século XX, o conceito de que

os recursos naturais são ilimitados ainda eram válidos, não havendo preocupação com os

resíduos gerados na produção e ao final da vida útil dos produtos, caracterizado por John

(2000), como um modelo linear de produção.

A falta de planejamento para atender a demanda populacional prejudicou a melhora

das condições de vida nos centros urbanos, sendo que a desigualdade social acompanhada

de baixa qualidade de vida é a principal característica, nos nossos dias, dos grandes centros

urbanos.

De acordo com dados da ONU (ORGANIZAÇÃO..., 2012) a população mundial em

2012 é de aproximadamente 7 bilhões de habitantes, sendo que metade reside em áreas

urbanas. As estatísticas apenas afirmam a necessidade de adequação das cidades para os

que nelas residem e planejar o crescimento proporcionando boas condições de habitação e

inclusão social para as próximas gerações.

Outros fatores foram desencadeados pelo crescimento urbano caótico como a

alteração das características, do solo e do clima, dos ecossistemas originais. Soma-se a

isso o esgotamento de certos recursos; a expansão da pobreza; a escassez crescente de

alimentos, de energia e de água; o aumento da poluição da água, do ar e do solo; a

destruição da camada de ozônio; os riscos de mega desastres causados por acidentes

nucleares e vazamentos de lixo nuclear; as inundações e furacões devastadores

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provocados em parte pelas mudanças climáticas; os problemas de saúde ca1usados pelos

aditivos tóxicos na comida e na bebida e pelo acúmulo de toxinas no solo, no ar e na água;

a homogeneização das culturas com a conseqüente perda das identidades locais, etc.

(SBAZO, apud BISSOLI, 2007, p. 52)1.

Analisando todas as consequências decorrentes da exploração dos recursos

naturais, surge a necessidade de procurar alternativas para a redução da agressão e que

sejam menos destrutivas ao meio ambiente, de forma que a sociedade possa progredir por

meio do desenvolvimento tecnológico e econômico. Sendo a construção civil grande

responsável pela degradação ambiental, Colombo (2006) afirma que esse fato é fruto da

transformação das cidades em selvas de pedra e metal mais para acomodar os aparatos

tecnológicos que os seres vivos utilizam.

A norma de gestão ambiental ISO 14000 surgiu da preocupação de órgãos

internacionais com a agressão constante ao meio ambiente e com o possível esgotamento

das reservas naturais, que “podem ser considerados como reflexos desta mentalidade, na

qual a incorporação de ‘contrapartidas’ ambientais acaba por ser a única alternativa para

justificar a produção de bens por meio de processos que agridem o meio ambiente ou

consomem recursos excedentes. No nível atual de desenvolvimento tecnológico, a adoção

destas políticas de compensação é fundamental para a sobrevivência de muitas empresas”

(OLIVEIRA, 2007, p.19).

Diversas medidas visando a questão ambiental estão sendo desenvolvidas e

incorporadas por muitas instituições pelo mundo, tentando sensibilizar e promover a

importância da busca de soluções para garantir o uso racional dos recursos naturais.

2.2 BRASIL EM DESENVOLVIMENTO

A população do Brasil, no ano 2010, foi estimada pelo Censo Demográfico do IBGE

(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 190,73 milhões de habitantes. Em 1970, a

população brasileira era em torno de pouco mais de 90 milhões de pessoas, no ano de

2004, já alcançava 182 milhões de habitantes, mais que o dobro. Desde a década de 1960,

a taxa de crescimento da população brasileira encontra-se em declínio, visto que no período

de 1950-1960 o crescimento era de 3% ao ano e, em 2004, a taxa era de 1,44% ao ano. Por

meio destes resultados espera-se que a população do Brasil tenha o chamado “crescimento

zero” por volta de 2062, apresentando, portanto, taxas de crescimento negativas.

1 SBAZO, L. P. Arquitetura: Propostas para a sustentabilidade. 2005a. Disponível em: <http://www.iabsp.org.br/sustentabilidade_szabo.pdf.>. Sinopse palestra promovida pelo IAB SP, em IAB São Paulo - 23 de junho de 2005.

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No Brasil, em um período pequeno de 40 anos, houve inversão nas proporções entre

a população das cidades e as que residem no campo. O gráfico abaixo ilustra os milhões de

habitantes brasileiros comparativamente com os percentuais do tipo de população, rural ou

urbana. Em 1940 a população urbana representava apenas 30% do número de habitantes

do país, já em 1980 a população era predominantemente urbana representando 70% do

total e, a partir de 2000 o índice populacional urbano ultrapassou os 80%, constando no

Censo 2010 que a população urbana já está em 84,4% (IBGE, 2010).

O crescente aumento populacional nas áreas urbanas consequentemente aumenta a

demanda habitacional, colocando as infraestruturas urbanas básicas sob pressão, que são

marcadas pela “insuficiência do atendimento, pela inexistência de serviços, pela escassez e,

muitas vezes, pela adoção de soluções ambientalmente condenáveis” (ANDRADE;

ROMERO, 2004, p.19).

A Lei Nº 10.257 do ano de 2001, é um excelente exemplo de política pública que vem

sendo empregada para melhoria das questões ambientais.O Estatuto da Cidade estabelece

normas de ordem pública e de interesse social, regulando o uso da propriedade urbana em

prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como o equilíbrio

ambiental.

Neste cenário, a indústria da construção civil é uma peça importante para influenciar

o desenvolvimento econômico do país, por incentivar os setores da economia, influenciar

diretamente outras indústrias, e setores comerciais. Também, é responsável pela alta

geração direta de renda, impostos e empregos, além de não pressionar a balança comercial

por não gerar grandes demandas de importações.

A construção civil serve como ferramenta de inclusão social da população mais

carente, uma vez que as técnicas empregadas em alguns setores, como o de produção é

praticamente artesanal, o que favorece a possibilidade de pessoas serem empregadas com

pouca qualificação, através de cursos profissionalizantes de construção. Essa forma de

produção acaba atrasando a presença de mais máquinas e equipamentos modernos nos

canteiros de obras, colocando o homem como principal fator de produtividade.

Para alcançar a tão desejada sociedade sustentável é imprescindível priorizar o setor

da construção civil, uma vez que este setor influencia diretamente questões econômicas e

sociais e, é um dos principais exploradores de recursos naturais. É necessário impulsionar o

desenvolvimento de novas tecnologias e pesquisas, frente ao longo ciclo de vida das

construções e a cultura do setor no país.

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2.3 SUSTENTABILIDADE

O primeiro evento mundial que envolveu debate sobre o crescimento demográfico

urbano e exploração dos recursos naturais ocorreu há cerca de 40 anos. A partir desse

momento, novos eventos e conferências foram surgindo em virtude de acordos promovidos

para sensibilizar os governos nacionais e locais a criarem e aprovarem leis que reduzissem

os impactos gerados pelo desenvolvimento econômico.

Para que a sociedade se torne sustentável não é suficiente que existam apenas

políticas ambientalmente corretas, é preciso também que tenham fundamentos sociais

adequados e sejam economicamente viáveis.

Segundo Bissoli (2007) o desenvolvimento sustentável significa redefinir o que é uma

sociedade civilizada, fazendo com que as pessoas criem consciência do que é viver em

comunidade e aprendam a lidar com a emissão de gás carbônico e outros impactos

ambientais que são causados por ações dos seres humanos. A ausência de harmonia pode

ser observada nos acontecimentos catastróficos resultantes da agressão a natureza que

apenas tenta retornar ao seu equilíbrio.

O significado da sustentabilidade “não impede que se toque na natureza, e sim que

se faça uso dos recursos naturais sem destruí-los, sem ultrapassar sua capacidade de

recuperação (resiliência), sem excluir as possibilidades de seu uso pelas gerações futuras”,

basta ter em mente o conceito de que os recursos oferecidos pela natureza são finitos.

(BISSOLI, 2007, p. 63)

De acordo com Tokudome (2005), assuntos que envolvem a sustentabilidade, devem

ser vistos buscando resultados consistentes, evitando ideologias que não se apliquem ao

contexto atual de sobrevivência das grandes corporações em ambiente de elevada

competitividade. A garantia de uma gestão integrada entre a sustentabilidade e as diretrizes

dos negócios, adaptando-se as mudanças do mercado, é o principal desafio dos

empresários em um futuro próximo.

2.3.1 EVENTOS MARCANTES NA DISCUSSÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A Conferência de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em 1972,

reuniu 113 países e foi o primeiro evento global com tema ambiental visando o crescimento

econômico, desenvolvimento social e proteção ambiental.

Após onze anos, em 1983, na Conferência de Estocolmo, a ONU criou o Comitê

Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento. Quatro anos depois, em 1987, a World

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Commission on Environment and Development (WCED), mais conhecida como “Comissão

Brundtland”, elaborou o “Our Common Future”, um documento base para discussões

teóricas e iniciativas práticas do desenvolvimento sustentável.

O relatório emitido pela Comissão Brundtland chamava a atenção para os limites da

natureza e as consequências da exploração incontrolada, defendendo uma nova era de

desenvolvimento econômico e social saudável ao meio ambiente.

Segundo BISSOLI (2007), a definição clássica do termo Desenvolvimento

Sustentável seria está associada a capacidade da natureza suprir as necessidades do

presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras suprirem suas próprias

necessidades.

Após esse período, a Assembléia Geral das Nações Unidas convocou a Conferência

das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), ou ECO-92, uma

importante convenção que ocorreu em 1992, no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, onde

estiveram reunidos representantes de 172 países.

Durante o evento ECO-92 foram aprovados três grandes acordos. O mais conhecido

deles é a Agenda 21, um planejamento de 20 anos ou mais, para cada país refletir, global e

localmente, no âmbito dos diversos setores de sua sociedade e economia, criando soluções

para os problemas socioambientais. Soluções, estas, baseadas nas discussões da

Conferência de 1992, sobre os mecanismos de gestão para alcançar a sustentabilidade no

seu processo de desenvolvimento.

Para a Indústria da Construção Civil o evento marcante foi a Conferência das Nações

Unidas para os Assentamentos Humanos - Habitat II, organizado pela ONU em Istambul, na

Turquia, no ano de 1996. Nesta reunião foram debatidos temas como déficit habitacional,

violência urbana, desigualdade social, desemprego, geração de resíduos e falta de

saneamento básico e infraestrutura para atender a demanda populacional com qualidade

nas cidades.

No Japão, em 1997, países industrializados assinaram o Protocolo de Kyoto, no qual

constava que estes se comprometiam a reduzir em pelo menos 5% as suas emissões de

gases causadores do efeito estufa, até o ano de 2012, com base nas taxas de gases

emitidos em 1990.

Naquele momento, esperava-se repetir na adesão de assinaturas do Protocolo de

Kyoto, o sucesso que foi a ECO-92, quando a Agenda 21 foi ratificada pela maioria dos

países. Oliveira (2007) alega que isto não ocorreu, porque desta vez, não foram

apresentadas apenas propostas, mas estabelecidos prazos e metas para diminuição da

emissão de poluentes, em especial o gás carbônico.

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Muitos políticos não quiseram repensar e investir em uma nova matriz energética

para seus países e desacelerar seu desenvolvimento em prol do meio ambiente, como foi o

caso de George W. Bush, presidente dos Estados Unidos, país visado pela enorme

quantidade de CO2 emitido na atmosfera. Em 2002, a União Européia, o Brasil e outras

Nações ratificaram o Protocolo de Kyoto, se comprometendo com os objetivos nele contidos.

O CIB (International Council for Research and Innovation in Building and

Construction), em 1999 publicou uma agenda ambiental para o setor da Construção Civil, a

“Agenda 21 for Sustainable Construction in Developing Countries”. Os principais objetivos

dos países que elaboraram a Agenda 21 do CIB incluem aspectos de todas as etapas da

vida útil da edificação. Com isso surgiram preocupações com a eficiência energética das

edificações, a redução da extração de recursos naturais, a conservação das áreas naturais

e sua biodiversidade, a manutenção da qualidade da construção e a qualidade do ar interior.

Os temas como regulamentação, os recursos humanos e a educação para se obter

um ambiente sustentável também foram enfatizados neste relatório do CIB. (VILHENA,

2007).

Em 2002, com objetivo de verificar as mudanças pleiteadas pela ECO-92, decorridos

dez anos desde a Conferência, concluiu-se na “RIO+10”, ou oficialmente chamada de

Reunião Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, em Johannesburg, África do Sul,

que “a proteção do meio ambiente e o manejo dos recursos naturais necessitam integrar-se

com assuntos socioeconômicos, como pobreza e subdesenvolvimento” (BISSOLI, 2007, p.

59).

Os líderes mundiais se reuniram em dezembro de 2009, em Copenhague, na

Dinamarca, com a esperança de fazerem um acordo vinculativo na Conferência sobre

Mudanças Climáticas da ONU (COP-15). A chanceler alemã, Ângela Merkel, falou em seu

discurso sobre a necessidade, alertada por especialistas, de limitar o aumento da

temperatura média da Terra a 2°C até 2100. A Conferência acabou sem nenhum acordo por

parte dos dirigentes dos países que estiveram presentes, e mais uma vez, os interesses

econômicos localizados superaram a preocupação com o meio ambiente. Uma das queixas

dos líderes das nações em desenvolvimento foi decorrente dos países industrializados não

se disporem a assumir sua responsabilidade perante as toneladas de gases poluentes

emitidos à atmosfera. A esperança de se estabelecer um documento concreto no combate a

elevação da temperatura da Terra se postergou até a próxima conferência agendada para

dezembro de 2010 no México (GOMES, 2009).

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2.4 VISÃO SUSTENTÁVEL NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL

A década de 1990 foi dedicada à busca da qualidade dos produtos, isso se

configurou quando o Código de Defesa do Consumidor entrou em vigor no Brasil, e os

consumidores passaram a exigir que as edificações tivessem requisitos de desempenho que

atendesse às necessidades de uso. A partir do ano 2000, as exigências dos consumidores

passaram a ser por um produto que integrasse desempenho e preservação ambiental

(JOHN, 2000).

Com o tempo, aumentou a pressão sobre a Indústria da Construção Civil para que se

buscasse a geração de produtos sustentáveis e acessíveis a todos pelos órgãos

responsáveis por vistoriar e regular a exploração dos recursos naturais e a conscientização

da população. As soluções inteligentes para o mercado de novos consumidores

ambientalmente conscientes é a forma de garantir destaque no cenário de competitividade,

sendo que as empresas que não se adequarem as novas medidas começarão a perder

espaço no mercado da Construção Civil.

Segundo Vilhena (2007) os empreendimentos da construção civil são os principais

agentes causadores de impactos ao meio ambiente, já que no decorrer das etapas de

construção, há consumo excessivo de recursos naturais e da enorme geração de resíduos,

tendo acelerado processo de degradação ambiental.

Para a autora as idéias e tecnologias desenvolvidas e utilizadas nos canteiros de

obras e pensadas nos projetos, além de serem viáveis técnica e economicamente, terão que

visar à preservação da natureza. Dessa integração de fatores devem surgir soluções

arquitetônicas que aumentem o conforto térmico, aproveitando as características da região

do empreendimento; como também, ferramentas e equipamentos que estimulem o uso

racional de energia e água e a incorporação de materiais reciclados no processo de

construção, sem perder sua eficiência.

O trabalho de Tavares e Lamberts (2005) estudou o consumo energético das

edificações se baseando no conceito abrangente do ciclo de vida da edificação, na qual se

inicia pela fabricação dos materiais de construção, passa pelo transporte dos mesmos até o

sítio das construções, pela obra propriamente dita, prolongando-se pela vida útil da

edificação até a demolição e deposição final dos materiais.

2.4.1 METODOLOGIAS E SISTEMAS DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL EM EDIFÍCIOS

Com a ECO-92, os países industrializados começaram a estudar metodologias para

avaliar ambientalmente os edifícios. Para Vilhena (2007), “com a difusão dos conceitos de

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projeto ecológico (Green Design) e construções verdes (Green Building), as avaliações

ambientais se tornaram necessárias para quantificar e qualificar os investimentos e

benefícios da construção sustentável”.

O BREEAM (Building Research Establishmnet Environmental Assessment Method),

criado em 1990, no Reino Unido, é um sistema pioneiro na avaliação ambiental de edifícios.

Um consórcio internacional, iniciado pelo Canadá, desenvolveu em 1996 o Green

Building Challenge (GBC). O GBC permite a inserção de dados na sua metodologia de

avaliação para a adaptação das necessidades de cada lugar. Ou seja, este é um sistema

“desenvolvido especificamente para ser capaz de refletir as diferentes prioridades,

tecnologias, tradições construtivas e valores culturais de diferentes países ou regiões em um

mesmo país” (VILHENA, 2007).

Silva (2003) desenvolveu uma metodologia brasileira de avaliação de impactos

ambientais de edifícios, baseada no projeto GBC. Em seu trabalho, Silva adicionou aspectos

econômicos e sociais aos ambientais, que eram utilizados nos métodos internacionais,

moldando seu projeto com as limitações e condições do Brasil. Com base em consultas aos

agentes integrantes da construção civil, do estado de São Paulo, foram delimitados os

indicadores de negócios, econômicos, sociais e ambientais para se obter a modelagem

nacional.

Vilhena (2007) não pretendia avaliar ecologicamente as edificações, e sim

apresentar diretrizes para a sustentabilidade das mesmas, no intuito de orientar os clientes e

os profissionais envolvidos no processo de construção, tais como, projetistas,

incorporadores, engenheiros, fornecedores, etc. A autora criou um modelo que envolvesse

todos os agentes do processo, na busca pela melhor solução sustentável em quase todas

as etapas diferenciadas do ciclo de vida do empreendimento. É feita uma ressalva para a

fase de demolição e reciclagem, a qual é desconsiderada no estudo pela difícil avaliação

após a desocupação do imóvel.

A Análise do Ciclo de Vida, que segundo OLIVEIRA (2007) é um procedimento

sistemático para mensurar e avaliar os impactos que um produto ou material causa no

ambiente e sobre a saúde humana, desde a sua produção até a disposição final, é um

método muito aplicado na avaliação ambiental de um produto, mas tem suas limitações

devido à inacessibilidade ou mesmo inexistência de dados que revelem os impactos

provenientes de cada etapa da cadeia produtiva da construção civil. A ACV é padronizada

pela ISO e por isso vem sendo utilizada na avaliação e certificação ambiental de materiais

de construção e edifícios, na elaboração de catálogos para os projetistas e no

desenvolvimento de ferramentas computacionais para avaliação e tomada de decisão.

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Figura 1: Etapas de uma análise do ciclo de vida segundo a ISO 14040

Fonte: ISO 14040 (1996)

A definição do objetivo e escopo contém a finalidade e justificativa do estudo, o

público-alvo, a delimitação das fronteiras do estudo, tipos de impacto que são analisados e

unidade funcional utilizada. “Na análise do inventário se estuda os fluxos de energia e

materiais para a identificação do consumo de recursos naturais e as consequentes

emissões para o ar, água e solo associados aos produtos sob análise durante todo o seu

ciclo de vida” (OLIVEIRA, 2007).

A avaliação de impacto associa os dados do inventário com os impactos ambientais

específicos, no intuito de caracterizá-los, para em seguida, na interpretação do ciclo de vida,

avaliá-los. Assim, essa última fase serve de base para a tomada de decisões com relação

ao produto.

Como na ACV, é feita a quantificação de diversos fluxos de recursos consumidos e

resíduos gerados, isso acaba acarretando em uma enormidade de variáveis e dados a

serem considerados, cujo banco de dados necessita ser disposto em ferramentas

computacionais.

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2.4.2 A EXPERIÊNCIA NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL

A maior experiência brasileira na área de reciclagem de produtos gerados por outras

indústrias produzindo materiais consumidos na construção civil é a da industria cimenteira,

que recicla escórias de alto forno básica e cinzas volantes. Segundo YAMAMOTO (1997), a

indústria cimenteira brasileira reduziu a geração de CO2 e fez um economia de combustível

de quase 30% ao adotar a reciclagem maciça de cinzas volantes e escórias granuladas de

alto forno básicas, além da calcinação de argilas e adição de filler calcário.

A indústria cimenteira realiza no Brasil a prática de co-processamento, definido como

calcinação de resíduos em fornos de cimento, reduzindo o consumo de energia e diminuindo

o volume de resíduos em aterros. As metas para atingir o desenvolvimento sustentável

empregando resíduos na construção civil devem focar-se principalmente na reciclagem e em

uma metodologia, sendo fundamental para o desenvolvimento de um mercado efetivo para

os resíduos. A metodologia utilizada deve ser criteriosa e cautelosa. Ao estudar a

reciclagem de resíduos gerados na construção civil no Brasil verifica-se falhas no processo

de pesquisa e desenvolvimento, principalmente no tocante aos atores envolvidos no

processo. Encontram-se problemas no desenvolvimento do produto, transferência de

tecnologia e análise de desempenho ambiental.

O desempenho ambiental na reciclagem de resíduos na construção civil é ainda

negligenciado e existem problemas na etapa de caracterização do resíduo. Embora a

reciclagem de escórias e cinzas volantes tenha um mercado mais consolidado, suas

aplicações tem suas limitações, indicando problemas na transferência de tecnologias.

2.5 CONCLUSÃO DO CAPÍTULO 2

Durante toda a história da humanidade, o progresso se deu através da exploração

dos recursos naturais, e a sociedade adaptou-se a um estilo de vida insustentável. Neste

cenário, o Brasil é um país com população predominantemente urbana, com cidades sem

planejamento social e ambiental e com grandes dificuldades para tornar o ambiente urbano

um local com melhor qualidade de vida.

A construção civil é imprescindível no desenvolvimento da economia do país, por

incentivar os setores da economia, setor comercial e por ser a indústria de maior

importância na formação do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Também é o setor que

mais emprega mão-de-obra com baixa qualificação, tornando esses indivíduos muitas vezes

sem habilitação, para a sociedade.

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Junto com os bens produzidos na Indústria da Construção, esta consome uma

imensa quantidade de recursos naturais e despeja no meio ambiente, outra parcela enorme

de resíduos.

Estes fatos demonstram que, para a sociedade se tornar sustentável, é necessário

que ocorram transformações na indústria da construção civil, obrigando os profissionais da

área buscarem novas soluções para técnicas e métodos existentes.

Neste contexto, as novas tecnologias utilizadas nos canteiros de obras e criadas nos

projetos, além de se tornarem viáveis técnica e economicamente, terão que priorizar a

preservação da natureza, para atender as gerações futuras.

Portanto, é desejável que todos os países incorporem políticas que atinjam todas as

camadas da população e o bem estar do meio ambiente, e consigam ser aplicadas por um

longo período. Essas políticas tornam-se o primeiro passo para alcançar o desenvolvimento

sustentável.

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3. EMISSÕES DE CO2 E ENERGIA EMBUTIDA X

CONSTRUÇÃO CIVIL

O tema sustentabilidade na construção civil analisando a emissão de CO2 devido à

fabricação de materiais é recente, principalmente no Brasil. Os estudos científicos nesta

área são escassos e pertencem à década atual, como se pode comprovar pelas referências

bibliográficas utilizadas na composição desta monografia.

Os carros são considerados grandes vilões na emissão de poluentes. Bissoli (2007)

defende que a “expansão urbana provoca a dependência do automóvel aumentando a

demanda por infraestruturas e combustíveis fósseis”. A associação da destruição de

reservas naturais de energia e a degradação do meio ambiente com edifícios não é feita.

Porém, uma casa, com o passar do tempo, pode consumir muito mais energia e causar um

impacto ambiental muito maior que um carro. Os automóveis porém passam por processos

de melhorias tecnológicas que os edifícios e casas não recebem, permanecendo muitos

anos com a mesma identidade.

Em Tavares e Lamberts (2005) é feita uma citação do signatário do Protocolo de

Kyoto, na qual consta o compromisso do Brasil em ter um planejamento do controle de

emissões de gases do efeito estufa, os quais são gerados, em sua maioria, pela fabricação

dos materiais de construção, fase pertencente à etapa pré-operacional do ciclo de vida da

edificação. Na fabricação de materiais, tanto quanto no transporte e na obra, o índice de

emissão de CO2 é agravado pela elevada quantidade de materiais desperdiçados nestas

fases.

Nesse contexto, a indústria da construção civil tem muito a desenvolver, uma vez

que consome grande parte de recursos naturais não renováveis, gera concentrações de

gases do efeito estufa além do necessário para criar seus produtos, e produz grandes

desperdícios durante o processo de produção pelo modelo tradicional de construção

brasileira.

Na pesquisa de Stachera e Casagrande Jr. (2007) foi feita a análise dos principais

materiais que apresentam grandes quantidades de emissão de CO2, seja na fabricação ou

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na retirada destes materiais da natureza, os quais são: cimento, cal, aço, areia, brita e

cerâmica vermelha..

O cimento é o material da construção civil com maior participação na emissão de

CO2. A indústria do cimento responde por cerca de 7% da emissão anual de gás carbônico

na atmosfera e, na produção de cada tonelada de cimento é lançada 0,6 tonelada de CO2 no

ar.

As emissões de gás carbônico se acentuam quando se pensa no processo completo

de fabricação dos materiais e produtos da indústria da construção. Se for avaliado que a

demanda por energia é elevada em todo ciclo de vida dos produtos e, também, que em

quase 100% dos casos, o transporte de materiais de construção se faz pela modalidade

rodoviária, obtém-se uma proporção direta de contribuição da liberação de dióxido de

carbono à atmosfera, baseando-se nos índices de emissões de CO2, referentes às

modalidades de transporte.

3.1 EMISSÃO DE CO2

O aumento da temperatura média do planeta é amenizado se o efeito estufa voltar ao

seu equilíbrio natural, para isso, é necessário controlar as emissões de dióxido de carbono

(CO2). De acordo com OLIVEIRA (2007), o CO2 é o gás com maior contribuição ao

aquecimento global, devido à grande quantidade produzida pelas ações antrópicas ao meio

ambiente. Os maiores geradores de CO2 são os países industrializados, como pode ser

comparado na tabela 1 abaixo.

Tabela 1: Geração de CO2

Fonte: OLIVEIRA (2007)

A forma mais econômica de resolver o problema do aquecimento global é reduzindo

as emissões de gases do efeito estufa. Atualmente, cientistas discutem outra forma de

diminuir esse impacto ambiental, através do sequestro de carbono. Oliveira (2007) defende

em seu texto que “o sequestro de carbono geológico implica em separar grande parte do

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CO2 gerado quando o carvão mineral é transformado em energia útil e transportá-lo para

locais onde possa ser armazenado bem no fundo da terra em meios porosos. Estes locais

para armazenar CO2 são campos de petróleo ou gás esgotados ou formações salinas”.

3.2 CONSTRUÇÃO CIVIL COMO GRANDE EMISSOR DE CO2

A discussão da sustentabilidade na construção civil sob o enfoque da emissão de

CO2 devido à fabricação de materiais é muito recente, principalmente no Brasil. A

quantidade de estudos científicos nesta área é escassa e pertencente à década atual, como

40 se pode comprovar pelas referências bibliográficas utilizadas na composição desta

monografia.

Os carros são considerados os grandes vilões no tocante emissão de poluentes, por

isso Alvarenga (2002, p. 12-13) afirma que é “comum associar-se poluição e consumo de

energia à figura de automóveis enfumaçados. É muito raro, porém, associar-se à destruição

de reservas naturais de energia e a degradação do meio ambiente com edifícios (...)

Contudo, ao longo dos anos, uma casa pode consumir muito mais energia e causar um

impacto ambiental muito maior que um carro, com um agravante: ano após ano, a frota de

veículos se renova por outros, mais eficientes, menos poluentes. Os edifícios ao contrário,

permanecerão por décadas ou séculos com as mesmas características”.

Com o Protocolo de Kyoto, onde o Brasil se propôs a ter um planejamento do

controle de emissões de gases do efeito estufa, os quais são gerados, em grande parte,

pela fabricação dos materiais de construção, fase pertencente à etapa pré-operacional do

ciclo de vida da edificação. Na fabricação de materiais, tanto quanto no transporte e na obra,

o índice de emissão de CO2 é agravado pela elevada quantidade de materiais

desperdiçados nestas fases.

A indústria da construção civil tem muito a desenvolver, já que além de ser um

grande consumidor de recursos naturais não renováveis, gera concentrações de GEE além

do necessário para criar seus produtos, devido aos desperdícios durante o processo de

produção do modelo tradicional de construção brasileira.

Pinto (2007) estima que as perdas em massa, na construção de edifícios, podem ser

de até 30%. John (2000) afirma que os resíduos não reciclados provenientes das obras e

demolições de construções correspondem a mais de 50% da massa dos resíduos sólidos

urbanos, intensificando os impactos ambientais provenientes do lixo produzido pela

humanidade.

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Na pesquisa científica de Stachera e Casagrande Jr. (2007) foi feita a análise dos

principais materiais que apresentam grandes quantidades de emissão de CO2, seja na

fabricação ou na retirada destes materiais da natureza, os quais são: cimento, cal, aço,

areia, brita e cerâmica vermelha. Pode-se notar que quatro dos seis materiais listados estão

presentes na composição do concreto armado.

O cimento é o material da construção civil campeão na emissão de CO2 visto que

nos estudos de STACHERA e CASAGRANDE JR (2007) a 41 indústria do cimento responde

por cerca de 7% da emissão anual de gás carbônico na atmosfera e, na produção de cada

tonelada de cimento é lançada 0,6 tonelada de CO2 no ar.

As emissões de gás carbônico são acentuadas quando se pensa no processo

completo de fabricação dos materiais e produtos da indústria da construção. Se for avaliado

que a demanda por energia é elevada em todo ciclo de vida dos produtos e, também, que

em quase 100% dos casos, o transporte de materiais de construção se faz pela modalidade

rodoviária, obtém-se uma proporção direta de contribuição da liberação de dióxido de

carbono à atmosfera.

3.3 ENERGIA EMBUTIDA

A energia incorporada é vista como uma forma de medir todo o impacto ambiental

que é causado durante todos os processos de uma construção. É um aspecto importante

para a tomada de decisões quanto à escolha de materiais, sendo de grande relevância para

atingir uma eficiência energética. Essa energia engloba toda aquela usada para a fabricação

dos materiais usados na construção de um espaço, o que inclui desde a extração até seu

destino final no sítio da obra. A energia para extrair a matéria para o processo de fabricação

e para o transporte da matéria-prima para a fábrica e o produto final para o consumidor está

inclusa.

O tempo de vida energético da edificação é dividido em produção, incluindo todos os

processos desde a extração de matéria prima até o fim da produção na fábrica, construção,

operação, manutenção e demolição (THORMARK, 2001), sendo que a energia incorporada

pode chegar a 40% de toda aquela que é consumida durante a vida da edificação (tomando

por base um ciclo de vida de 50 anos). Podemos citar como exemplos, a fabricação de

cimento que gera grandes quantidades de dióxido de carbono, o alumínio que consome

grandes quantidades de energia elétrica em sua produção, as cerâmicas vermelhas que

utilizam madeira, e aços e ferros fundidos que consomem carvão mineral e também emitem

gás carbônico. Sob o aspecto do uso da energia embutida para avaliar impactos ambientais,

consideram-se toda a energia usada na produção dos materiais de construção, da

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edificação e da manutenção do prédio, assim como a necessária para desconstruir e depor,

ou reciclar, os materiais. A energia incorporada é usada como um indicador de

sustentabilidade das edificações, já que a fabricação de materiais de construção é

freqüentemente a principal fonte de emissões de gases poluentes (TAVARES, 2006).

Também é considerada a energia usada no transporte para os processos de construção e

demolição.

O aumento da energia embutida total de uma edificação em função do acréscimo de

materiais para um maior isolamento da edificação pode ter contribuição para um menor

gasto energético ao longo da sua vida útil em sistemas de climatização. Já um aumento da

energia embutida devido ao acréscimo de materiais para o aumento das dimensões da

edificação não interfere na eficiência de forma positiva, pois não estará vedando mais para

economizar em climatização, mas pelo contrario, estará aumentando a área e volume da

edificação, aumentando a demanda de climatização e aumentando a energia gasta em uso.

Devido a isso, é necessário um correto dimensionamento dos espaços conforme as suas

atividades, sem excessos e espaços ociosos que demandam energia e não serão usados.

Um aspecto ambiental importante na edificação é como se dá o uso de materiais e

quando uma edificação é demolida, sendo que parte desta pode ser reaproveitada. A

reciclagem é uma forma de promover a redução da energia embutida pelo uso de materiais

reciclados e reutilizados.

O cálculo da energia embutida dos materiais considerará os valores existentes na

bibliográfica brasileira. Neste cálculo não será considerada a energia usada para o

transporte, pois não se definiu um local para a edificação dentro do território brasileiro,

assim como mão-de-obra e serviços, se atendo exclusivamente à energia incorporada pela

fabricação dos materiais da edificação, a qual é a mesma para todo o território nacional.

Entretanto, o transporte é considerado um fator relevante em função da grande área

territorial do país - 8.514.876,599 km2 (IBGE, 2010).

Através da quantidade de materiais utilizados para a alvenaria de vedação e dos

valores de energia incorporada de cada material foi possível fazer os cálculos para obter

uma relação da energia incorporada por metro quadrado da alvenaria da edificação.

3.4 IMPORTÂNCIA DO PROJETO NO CICLO DE VIDA DA EDIFICAÇÃO

A partir da identificação dos aspectos e impactos ambientais das atividades

desenvolvidas ao longo do ciclo de vida dos edifícios, quando se considera como um

produto global, as decisões na fase de projeto podem influenciar positivamente no produto

final. Sendo a etapa de projeto o ponto de partida do ciclo de vida do edifício, as definições

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29

desta fase implicarão em consequências verificadas nas fases seguintes: execução, uso e

manutenção, demolição ou retrofit.

Com isto, temos que todos os envolvidos na fase de execução do projeto devem

dominar os conceitos relativos a ACV - Análise de Ciclo de Vida do Edifício bem como a

ACV – Análise do Ciclo de Vida dos materiais incorporados.

Figura 2: O Edifício e o Meio Ambiente.

Fonte: GOMES (2008)

Segundo Tavares (2005), a fim de reduzir as emissões de poluentes, pesquisas

científicas estão sendo desenvolvidas para medir a participação da construção civil no

aumento da poluição do meio ambiente. A escolha dos materiais é fundamental para o ciclo

de vida da edificação, pois determinará diversos impactos devido à fabricação,

processamento, transporte, construção, manutenção, demolição e reciclagem ou disposição

final dos materiais; e influenciará no desempenho ambiental do edifício como um todo.

Energia Embutida, Análise das Emissões de CO2, ACV são critérios a serem adotados para

uma adequada seleção de materiais.

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30

Figura 3: Ciclo de Vida de uma Edificação.

Fonte: LABEE (2006)

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31

4. ALVENARIA DE VEDAÇÃO

4.1 ALVENARIA DE VEDAÇÃO

A alvenaria de vedação é definida como a alvenaria que não é dimensionada para

resistir a ações além de seu próprio peso. O subsistema vedação vertical é responsável pela

proteção do edifício de agentes indesejáveis, como chuva, vento, e também pela

compartimentação dos ambientes internos. A maioria das edificações executadas utiliza

para o fechamento dos vãos paredes de alvenaria no seu processo construtivo

convencional.

A alvenaria de vedação tradicional, que é usual nas edificações, apresenta as

seguintes características:

• As soluções construtivas são improvisadas durante a execução dos serviços, pois

não há projeto para alvenaria;

• A mão-de-obra pouco qualificada executa os serviços mas nem sempre com a

qualidade desejada;

• O retrabalho: os tijolos ou blocos são assentados, as paredes são

seccionadas para a passagem de instalações e embutimento de caixas e, em seguida, são

feitos remendos com a utilização de argamassa para o preenchimento dos vazios;

• O desperdício de materiais: a quebra de tijolos no transporte e na execução, a

utilização de marretas para abrir os rasgos nas paredes e a freqüência de retirada de

caçambas de entulho da obra evidenciam isso;

• Falta de controle na execução: eventuais problemas na execução são

detectados somente por ocasião da conferência de prumo do revestimento externo, gerando

elevados consumos de argamassa e aumento das ações permanentes atuantes na

estrutura.

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32

4.1.1 COMPONENTES DA ALVENARIA DE VEDAÇÃO

Os componentes da Alvenaria de vedação são:

• Argamassa de assentamento: A argamassa para assentamento de blocos de

concreto ou cerâmico na alvenaria de vedação deve seguir a recomendação do projetista,

sendo a argamassa industrializada a mais recomendada, pois é um produto mais uniforme e

homogêneo;

• Blocos de Concreto ou Cerâmico: O bloco de concreto ou cerâmico é um

componente industrializado, produzido em equipamentos que realizam a vibração e

prensagem dos insumos utilizados na sua fabricação;

• Recebimento e armazenamento: Os componentes devem passar por um processo

de verificação antes de sua liberação para a produção;

• Processamento e transporte;

4.1.2 O SERVIÇO DE EXECUÇÃO DE ALVENARIA

É possível definir alvenaria como sendo “um componente complexo, utilizado na

construção, e conformado em obra, constituído por tijolos ou blocos unidos entre si por

juntas de argamassa, formando um conjunto rígido e coeso” (SABBATINI, 1984). Esta

definição falha em detalhamento para facilitar a classificação dos diferentes tipos de

alvenaria. A Tabela 2 traz uma classificação das alvenarias proposta por SABBATINI et

al.(1988).

Tabela 2: Classificação das alvenarias (SABBATINI et al.,1988)

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33

“A partir da definição de alvenaria e consciência de sua abrangência, definir-se-á o

serviço de alvenaria como sendo a reunião de todos os recursos e atividades necessários

para se produzir uma alvenaria.” (CARRARO, 1998). A seguir as etapas que constituem o

serviço para a execução das alvenarias de vedação. Tais etapas, genericamente, são:

• Execução do chapisco sobre a estrutura de concreto que ficará em contato

com a alvenaria;

• Identificação do ponto mais alto da laje, que será tomado como nível de

referência para definir a cota da primeira fiada;

• Definir a posição planimétrica das paredes a partir dos eixos principais,

garantindo o esquadro entre as paredes e as dimensões dos ambientes;

• Assentamento dos blocos da fiada de marcação;

• Galgar as fiadas na face dos pilares para fixação dos ferros-cabelo;

• Provisão de blocos e argamassa no andar em que se está executando o

serviço;

• Assentamento das fiadas, tendo-se por procedimento geral o de assentar os

blocos das extremidades para, em seguida, usando linha de náilon como referência de

alinhamento e nivelamento, assentar os blocos intermediários;

• Colocação/execução de vergas e contra-vergas quando previstas;

• Execução da fixação (normalmente esta atividade ocorre bem depois do

assentamento das fiadas).

Observa-se que o serviço de alvenaria abrange uma série de procedimentos

ordenados. As atividades e suas respectivas seqüências de execução não têm grandes

variações em face ao sistema adotado (seja alvenaria de vedação ou alvenaria estrutural).

Dessa forma, a seqüência de execução apresentada é muito útil para a abordagem analítica

do serviço de alvenaria no estudo da produtividade.

4.1.3 FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR A PRODUTIVIDADE

Segue abaixo, fatores que podem influenciar a produtividade na execução das

alvenarias de vedação, observada em ARAÚJO (2000).

• Características do Produto

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34

A função desempenhada pela alvenaria, se de vedação ou resistente, a localização

e caracterização geométrica das paredes, as formas de fixação vertical da alvenaria são

pontos, dentre tantos outros, que servem para caracterizar as alvenarias, evidenciando

diferenças no produto alvenaria e subentendendo que diferentes desempenhos podem ser

encontrados.

• Materiais e Componentes

Os materiais que compõem a alvenaria são os tijolos ou blocos, as argamassas e,

em se tratando de alvenaria estrutural, o graute e a armação (no caso de alvenaria estrutural

armada). Apesar de ser em pequeno número, a diversidade encontrada para cada um

destes materiais é bastante significativa. Assim sendo, torna-se necessário conhecer as

variedades, usualmente empregadas na execução das alvenarias, para que seja possível

estabelecer possíveis correlações com a produtividade da mão-de-obra.

• Equipamentos e Ferramentas

Segundo FRANCO (1994), “o correto uso de equipamentos é um dos fatores

essenciais para a racionalização dos procedimentos executivos da alvenaria. O bom uso

dos equipamentos pressupõe, por um lado, o correto planejamento de utilização dos

equipamentos disponíveis nos canteiros de obras, bem como o desenvolvimento de

ferramentas específicas para tornar mais simples e eficientes as operações de execução da

alvenaria.”

São muitos e bem variados os equipamentos e ferramentas utilizados na produção

das alvenarias. Nos últimos anos tem-se notado a utilização de alguns equipamentos e

ferramentas em substituição às tradicionais colheres de pedreiro e prumos de face, por

exemplo. Muitos deles são colocados no mercado com forte apelo quanto aos incrementos

de produtividade alcançáveis com a sua utilização.

Segundo CARRARO (1998), “a utilização dos equipamentos e ferramentas “novos”

vem se acentuando muito nos últimos anos. Entretanto, não se tem conhecimento de

publicações que atestem, através de estudos aprofundados, os efeitos do emprego destes

instrumentos na produtividade do serviço de alvenaria”.

• Mão-de-obra

O dimensionamento das equipes, como por exemplo, o número de ajudantes para

cada pedreiro e a presença ou não de encarregado, constituem fatores importantes a serem

considerados neste trabalho e, acredita-se, manter correlações com a variação nos níveis

de produtividade da mão-de-obra.

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• Organização da Produção

“Quando se pensa na execução de uma alvenaria, geralmente este pensamento está

associado à figura de um pedreiro assentando blocos ou tijolos. No entanto, por trás desta

figura estereotipada, estrutura-se todo um esquema de gestão e organização da produção

para que tal serviço possa ser realizado.” (CARRARO, 1998)

Figura 4: Bloco de Concreto para Alvenaria de Vedação.

Fonte: www.blocosmorumbi.com.br, acesso em 05 out. 2012.

Figura 5: Execução de uma parede com bloco de concreto.

Fonte: http://www.brasilengenharia.com, acesso em 05 out. 2012.

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Figura 6: Bloco Cerâmicos para Alvenaria de Vedação.

Fonte: http://www.selectablocos.com.br, acesso em 05 out. 2012.

Figura 7: Alvenaria de vedação com bloco cerâmico.

Fonte: http://www.selectablocos.com.br, acesso em 05 out. 2012.

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5. ESTUDO DE

CASO

5.1 OBJETO DE ESTUDO

Tomou-se como objeto de estudo três projetos realizados por diferentes grupos na

disciplina Projeto Integrado do ano de 2011, ministrada pelo Prof. Dr. José Carlos Paliari e

Prof. Dr. Marcelo Araújo do DECiv – Departamento de Engenharia Civil da Universidade

Federal de São Carlos.

5.1.1 PROJETO GRUPO A

A edificação foi dividida nos seguintes ambientes: o hall de entrada com 01 salão de

festas,01 cozinha com despensa, 01 banheiro, 01 vestiário, 01 academia de ginástica, 01

salão de jogos, 01 brinquedoteca, 01 playground, 01 quadra poliesportiva, 01 espaço para

churrasco, localizados no térreo, e um total de 14 apartamentos de 03 dormitórios e 02

apartamentos duplex, na cobertura, com 04 dormitórios.

O edifício possui 14 apartamentos tipo, distribuídos em 7 andares, onde em cada

andar possui 2 apartamentos com acesso ao hall comum e um acesso ao hall de serviço,

ambos com elevador. Cada apartamento possui área de 140,95m² contendo três quartos,

sendo uma suíte, um banheiro social, um lavabo, uma sala de estar com acesso à sacada,

cozinha e área de serviço. As áreas úteis de cada cômodo podem ser verificadas nas

tabelas a seguir.

Tabela 3: Áreas privativas dos cômodos de cada apartamento.

Ambiente Área (m2)

Sala de estar 26,95

Despensa 2,64

Lavabo 2,70

Cozinha/Copa 22,13

Área deserviço 5,69

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Dormitório 1 15,36

Dormitório 2 12,80

Dormitório suíte 18,16

Banheiro suíte 5,76

Banheiro social 5,04

Varanda 8,17

Fonte: PISC(2011)

A altura do pavimento-tipo (piso a piso) é de 3,10 m. Para o transporte vertical ao hall

comum dos apartamentos, existem dois elevadores (um social e outro de serviço) e uma

escada.

Na cobertura do edifício existem dois duplex. Cada duplex possui área de 281,90m²

(inferior e superior). No piso inferior, encontra-se o hall de entrada, sala de estar (esses dois

com pé-direito duplo), a última com saída para sacada, cozinha/copa, despensa, área de

serviço, lavabo, duas suítes, um dormitório e um banheiro social. No piso superior do

duplex, encontra-se um hall, uma sala de TV, uma suíte máster (dormitório + banheiro +

closet), escritório, lavabo e uma área de lazer. O acesso dos elevadores e escadas de

emergência será até o piso inferior do duplex.

Tabela 4: Áreas privativas dos cômodos de cada duplex – piso inferior

Ambiente inferior Área (m2)

Sala de estar 15,36

Lavabo 2,70

Cozinha/Copa 27,54

Área de serviço 5,58

Dormitório 15,36

Suíte 1 12,80

Suíte2 18,16

Banheiro suíte 5,76

Banheiro social 5,04

Fonte: PISC(2011)

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39

Tabela 5: Áreas privativas dos cômodos de cada duplex – piso superior Ambiente inferior Área (m2)

Sala de TV 21,46

Suíte Master 18,10

Closet 10,30

Escritório 8,80

Área de lazer 28,95

Lavabo 2,70

Banheiro suíte 8,64

Fonte: PISC(2011)

Abaixo seguem as planta de vedação de todas as partes do edifício de onde foram

extraídas as áreas de alvenaria de vedação.

Figura 8: Planta de Vedação do Subsolo.

Fonte: PISC(2011)

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40

Figura 9: Planta de Vedação do Térreo.

Fonte: PISC(2011)

Figura 10: Planta de Vedação do Tipo.

Fonte: PISC(2011)

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41

Figura 11: Planta de Vedação do Duplex.

Fonte: PISC(2011)

5.1.2 PROJETO GRUPO B

A edificação tem os seguintes ambientes: o hall de entrada com 01 salão de

festas,01 cozinha com despensa, 01 banheiro, 01 vestiário, 01 academia de ginástica, 01

salão de jogos, 01 brinquedoteca, 01 playground, 01 quadra poliesportiva, 01 espaço para

churrasco, localizados no térreo, e um total de 28 apartamentos de 03 dormitórios e 02

apartamentos duplex, na cobertura, com 04 dormitórios.

O edifício possui 28 apartamentos tipo, distribuídos em 7 andares, onde em cada

andar possui 4 apartamentos com acesso ao hall comum e um acesso ao hall de serviço,

ambos com elevador. Cada apartamento possui área de 82 m² contendo dois quartos, sendo

uma suíte, um banheiro social, um lavabo, uma sala de estar com acesso à varanda

gourmet, cozinha e área de serviço. As áreas úteis de cada cômodo podem ser verificadas

nas tabelas a seguir.

Tabela 6: Áreas privativas dos cômodos de cada apartamento.

Ambiente inferior Área (m2)

Sala de estar 22,92

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Cozinha/Copa 10,56

Área de serviço 4,00

Dormitório 9,88

Suíte 1 13,60

Banheiro suíte 3,34

Banheiro social 3,34

Varanda 8,14

Fonte: PISC(2011)

A altura do pavimento-tipo (piso a piso) é de 3,10 m. Para o transporte vertical ao hall

comum dos apartamentos, existem dois elevadores (um social e outro de serviço) e uma

escada.

Na cobertura do edifício existem dois duplex. Cada duplex possui área de 142m²

(inferior e superior). No piso inferior, encontra-se o hall de entrada, sala de estar (esses dois

com pé-direito duplo), a última com saída para sacada, cozinha/copa, despensa, área de

serviço, lavabo, duas suítes, um dormitório e um banheiro social. No piso superior do

duplex, encontra-se um hall, uma sala de TV, uma suíte máster (dormitório + banheiro +

closet), escritório, lavabo e uma área de lazer. O acesso dos elevadores e escadas de

emergência será até o piso inferior do duplex.

Tabela 7: Áreas privativas dos cômodos de cada duplex

Ambiente inferior Área(m2)

Sala de estar 22,92

Sala de TV 4,48

Cozinha/Copa 10,56

Área de serviço 4,00

Dormitório 9,88

Suíte 1 18,20

Banheiro 1 3,64

Banheiro Área de serviço 1,8

Suíte 2 20,54

Banheiro 2 3,64

Banheiro 3 3,8

Área de Circulação 4,48

Hall 14,32

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Closet 3,64

Varanda Gourmet 25,85

Fonte: PISC(2011)

Abaixo seguem as planta de vedação de todas as partes do edifício de onde foram

extraídas as áreas de alvenaria de vedação.

Figura 12: Planta de Vedação do Subsolo.

Fonte: PISC(2011)

Figura 13: Planta de Vedação do Térreo.

Fonte: PISC(2011)

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44

Figura 14: Planta de Vedação do Tipo.

.

Fonte: PISC(2011)

Figura 15: Planta de Vedação do Duplex.

Fonte: PISC(2011)

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5.1.3 PROJETO GRUPO C

A edificação tem os seguintes ambientes: o hall de entrada com 01 salão de

festas,01 cozinha com despensa, 01 banheiro, 01 vestiário, 01 academia de ginástica, 01

salão de jogos, 01 brinquedoteca, 01 playground, 01 quadra poliesportiva, 01 espaço para

churrasco, localizados no térreo, e um total de 14 apartamentos de 03 dormitórios e 02

apartamentos duplex, na cobertura, com 04 dormitórios.

O edifício possui 14 apartamentos tipo, distribuídos em 7 andares, onde em cada

andar possui 2 apartamentos com acesso ao hall comum e um acesso ao hall de serviço,

ambos com elevador. Cada apartamento possui área de 119,61m² contendo três quartos,

sendo uma suíte, um banheiro social, um lavabo, uma sala de estar com acesso à sacada,

cozinha e área de serviço. As áreas úteis de cada cômodo podem ser verificadas nas

tabelas a seguir.

Tabela 8: Áreas privativas dos cômodos de cada apartamento.

Ambiente Área (m2)

Sala de estar 26,02

Despensa 2,77

Lavabo 2,49

Cozinha/Copa 20,85

Área deserviço 4,67

Dormitório 1 12,58

Dormitório 2 14,17

Dormitório suíte 17,85

Banheiro suíte 5,61

Banheiro social 4,90

Terraço 7,70

Fonte: PISC(2011)

A altura do pavimento-tipo (piso a piso) é de 3,10 m. Para o transporte vertical ao hall

comum dos apartamentos, existem dois elevadores (um social e outro de serviço) e uma

escada.Na cobertura do edifício existem dois duplex. Cada duplex possui área de 206,27m²

(inferior e superior). No piso inferior, encontra-se o hall de entrada, sala de estar (esses dois

com pé-direito duplo), a última com saída para sacada, cozinha/copa, despensa, área de

serviço, lavabo, duas suítes ,um dormitório e um banheiro social. No piso superior do

duplex, encontra-se um hall, uma sala de TV , uma suíte (dormitório + banheiro), escritório,

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lavabo e uma área de lazer. O acesso dos elevadores e escadas de emergência será até o

piso inferior do duplex.

Tabela 9: Áreas privativas dos cômodos de cada duplex – piso inferior

Ambiente inferior Área (m2)

Sala de estar 26,02

Despensa 2,77

Lavabo 2,49

Cozinha/Copa 20,85

Área deserviço 4,67

Dormitório 1 12,58

Dormitório 2 14,17

Dormitório suíte 17,85

Banheiro suíte 5,61

Banheiro social 4,90

Terraço 7,70

Fonte: PISC(2011)

Tabela 10: Áreas privativas dos cômodos de cada duplex – piso superior Ambiente inferior Área(m2)

Sala de TV 14,16

Suíte 28,43

Escritório 17,58

Área de lazer 14,89

Lavabo 2,92

Banheiro suíte 8,68

Fonte: PISC(2011)

Abaixo seguem as planta de vedação de todas as partes do edifício de onde foram

extraídas as áreas de alvenaria de vedação.

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47

Figura 16: Planta de Vedação do Subsolo.

Fonte: PISC(2011)

Figura 17: Planta de Vedação do Térreo.

Fonte: PISC(2011)

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48

Figura 18: Planta de Vedação do Tipo.

.

Fonte: PISC(2011)

Figura 19: Planta de Vedação do Duplex Inferior.

Fonte: PISC(2011)

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Figura 20: Planta de Vedação do Duplex Superior.

Fonte: PISC(2011)

5.2 ÍNDICES DE EMISSÃO DE ENERGIA EMBUTIDA

Para o cálculo das emissões considerou-se a Energia Embutida, ou seja, a Energia

embutida inicial (energia usada na produção do edifício), acrescida Energia Embutida

recorrente (energia usada na manutenção e reparação de sua vida útil), também

denominada Energia de Manutenção. Os dados para calcular os indicadores de emissões

relativos à Energia Embutida foram extraídos de TAVARES(2006), sendo que são dados

atuais.

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50

Figura 21: Energia Embutida em materiais de construção brasileiros.

Fonte: TAVARES (2006)

5.3 ÍNDICES DE EMISSÃO DE CO2

Para o cálculo dos indicadores da emissão de CO2 foram utilizados duas fontes, a

primeira é RODEL (2005) que fornece as emissões de CO2 por m3 de material para blocos

cerâmicos e de concreto, como não tem dados para argamassa foi necessário considerar

outro trabalho, sendo, portanto esses dados retirados de NABUT NETO (2011), sendo que o

indicador para argamassa escolhido foi o proposto por ZABALZA (2010). Os dados seguem

nas figuras abaixo.

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51

Figura 22: Materiais de construção, emissão de CO2 e Energia Embutida

Fonte: RODEL (2005)

Figura 23: Materiais de construção, emissão de CO2.

Fonte: NABUL NETO (2011)

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5.4 CÁLCULO DA ALVENARIA DE VEDAÇÃO

Considera-se para os cálculos da alvenaria de vedação seus materiais constituintes

como os blocos de vedação e a argamassa de assentamento, não considerando, portanto,

os revestimentos internos e externos. Considerando as dimensões do bloco adotado (19cm

x 19cm x 39cm), temos uma área igual a 0,0741 m2 por bloco. Com o auxílio do livro de

composições de preços unitários, TCPO 13, pode-se estimar a quantidade de materiais

consumidos por metro quadrado de alvenaria executada. Os dados para blocos cerâmicos e

de concreto seguem abaixo, considerando a utilização de argamassa pré-fabricada para

assentamento da alvenaria.

Figura 24: Consumo de matérias para alvenaria de vedação com blocos cerâmicos.

Fonte: TCPO 13 (2010)

Figura 25: Consumo de matérias para alvenaria de vedação com blocos de concreto.

Fonte: TCPO 13 (2010)

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53

Com estes dados da emissão de Energia Embutida, emissão de CO2 e as referências

para calcular o consumo dos materiais por m2 de alvenaria de vedação e também a

quantidade em m2 de alvenaria e de área de piso, foi possível montar as seguintes tabelas

com os respectivos dados.

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54

6. RESULTADOS

6.1 CÁLCULO DO CONSUMO DOS MATERIAIS

Primeiramente, foram calculadas as áreas de alvenaria de vedação e de piso para

todos os projetos A, B e C. Os Dados seguem abaixo.

Tabela 11: Áreas para os Projetos A, B e C.

Tendo as áreas, foi possível estimar o consumo dos materiais, de acordo com dados

fornecidos pela TCPO 13 (2010). Considerando os dados citados na Tabela 11, Figuras 25 e

26, e também os pesos, do bloco de concreto sendo 11,8 kg, e o do bloco cerâmico como

8,5kg.

Tabela 12: Consumo dos materias em kg para os Projetos A, B e C.

Grupo A Grupo B Grupo C

Blocos Cerâmicos (kg) 477373,34 826353,09 469846,94

Bloco de Concreto (kg) 662706,53 1147172,52 652258,10

Consumo de Argamassa (kg)

bloco cerâmico 136267,99 235885,56 134119,56

Consumo de Argamassa (kg)

bloco concreto 114935,30 198957,79 113123,21

Grupo A Grupo B Grupo C

Alvenaria (m²) 4353,61 7536,28 4284,97

Área de piso (m²) 3111 4478,9 3085,21

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Tabela 13 : Relação entre área de alvenaria por área de piso

Grupo A Grupo B Grupo C

Relação entre área

alvenaria/área de piso 1,40 1,68 1,39

6.2 CÁLCULO DOS INDICADORES – PROJETO A

6.2.1 INDICADORES DA EMISSÃO DE CO2

Os indicadores de CO2 foram obtidos por metro quadrado de edificação,

considerando-se que o Projeto A tem um total de 3111 m² de área de piso. Pode-se analisar

em relação ao tipo de bloco utilizado que os blocos de concreto são maiores emissores de

CO2 que os blocos cerâmicos. Segue abaixo os indicadores obtidos, considerando que a

argamassa posssui massa específica de 1850 kg/m3.

Tabela 14: Indicadores para emissão de CO2 - blocos cerâmicos – Projeto A

Grupo A

Material Área piso

(m2) Consumo(kg) kg/m2 kgCO2/m3 mat kgCO2/m2 CO2 (kg)

Bloco Cerâmico 3111 477373,34 153,4469098 304 57,76 179691,36

Argamassa bloco

cerâmico 3111 190696,78 43,80199068 241 5,71 17763,81

TOTAL 63,47 197455,17

Tabela 15: Indicadores para emissão de CO2 - blocos de concreto – Projeto A

Grupo A

Material Área piso

(m2) Consumo(kg) kg/m2 kgCO2/kg mat kgCO2/m2 CO2 (kg)

Bloco Concreto 3111 662706,51 213,020416 0,288 61,34987981 190859,48

Argamassa bloco

concreto 3111 160843,29 36,94481003 0,241 6,3624 19793,43

TOTAL 67,71227981 210652,90

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6.2.2 INDICADORES DE ENERGIA EMBUTIDA

Os indicadores de Energia Embutida foram obtidos por metro quadrado de

edificação, considerando-se que o Projeto A tem um total de 3111 m² de edificação. Pode-se

analisar em relação ao tipo de bloco utilizados que os blocos cerâmicos são maiores

emissores de EE que os blocos de concreto. Segue abaixo os indicadores obtidos.

Tabela 16: Indicadores para emissão de EE - blocos cerâmicos – Projeto A

Tabela 17: Indicadores para emissão de EE - blocos de concreto – Projeto A

Grupo A

Material Área piso

(m2) Consumo(kg) kg/m2 MJ/kg MJ/m2 MJ

Bloco Concreto 3111 662706,51 213,020416 1 213,020416 662706,51

Argamassa bloco

concreto 3111 160843,29 51,7014754 2,1 108,57 337770,91

TOTAL 321,59 1000477,42

6.3 CÁLCULO DOS INDICADORES – PROJETO B

6.3.1 INDICADORES DA EMISSÃO DE CO2

Os indicadores de CO2 foram obtidos por metro quadrado de edificação,

considerando-se que o Projeto B tem um total de 4479 m² de área de piso. Pode-se analisar

em relação ao tipo de bloco utilizados que os blocos de concreto são maiores emissores de

CO2 que os blocos cerâmicos. Segue abaixo os indicadores obtidos, considerando a massa

específica da argamassa 1850 kg/m3.

Grupo A

Material Área piso

(m2) Consumo(kg) kg/m2 MJ/kg MJ/m2 MJ

Bloco Cerâmico 3111 477373,34 153,4469098 2,9 444,996 1384382,56

Argamassa bloco

cerâmico 3111 190696,78 61,29758277 2,1 128,72 400447,92

TOTAL 573,72 1784830,48

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Tabela 18: Indicadores para emissão de CO2 - blocos cerâmicos – Projeto B

Grupo B

Material Área piso

(m2) Consumo(kg) kg/m2 kgCO2/m3 mat kgCO2/m2 CO2 (kg)

Bloco Cerâmico 4479 826353,10 184,4991185 304 57,76 258707,04

Argamassa bloco

cerâmico 4479 396905,41 52,66595905 241 6,87 30770,73

TOTAL 64,63 289477,77

Tabela 19: Indicadores para emissão de CO2 - blocos de concreto – Projeto B

Grupo B

Material Área piso

(m2) Consumo(kg) kg/m2 kgCO2/kg mat kgCO2/m2 CO2 (kg)

Bloco Concreto 4479 1147172,54 256,1224693 0,288 73,76491817 330385,69

Argamassa bloco

concreto 4479 334770,06 74,74214 0,241 18,012856 80679,58

TOTAL 80,12731817 411065,27

6.3.2 INDICADORES DE ENERGIA EMBUTIDA

Os indicadores de Energia Embutida foram obtidos por metro quadrado de

edificação, considerando-se que o Projeto A tem um total de 4479 m² de edificação. Pode-se

analisar em relação ao tipo de bloco utilizados que os blocos cerâmicos são maiores

emissores de EE que os blocos de concreto. Segue abaixo os indicadores obtidos.

Tabela 20: Indicadores para emissão de EE - blocos cerâmicos – Projeto B

Grupo B

Material Área piso

(m2) consumo(kg) kg/m2 MJ/kg MJ/m2 MJ

Bloco Cerâmico 4479 826353,10 184,4949988 2,9 535,03 2396423,99

Argamassa bloco

cerâmico 4479 396905,41 88,61473 2,1 186,09 390789

TOTAL 721,12 2396814,78

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Tabela 21: Indicadores para emissão de EE - blocos de concreto – Projeto B

Grupo B

Material Área piso

(m2) consumo(kg) kg/m2 MJ/kg MJ/m2 MJ

Bloco Concreto 4479 1147172,54 256,1224693 1 256,12 1147161,48

Argamassa bloco

concreto 4479 334770,06 74,74214333 2,1 156,96 703023,84

TOTAL 413,08 1850185,32

6.4 CÁLCULO DOS INDICADORES – PROJETO C

6.4.1 INDICADORES DA EMISSÃO DE CO2

Os indicadores de CO2 foram obtidos por metro quadrado de edificação,

considerando-se que o Projeto C tem um total de 3085 m² de área de piso. Pode-se analisar

em relação ao tipo de bloco utilizados que os blocos de concreto são maiores emissores de

CO2 que os blocos cerâmicos. Segue abaixo os indicadores obtidos.

Tabela 22: Indicadores para emissão de CO2 - blocos cerâmicos – Projeto C

Grupo C

Material Área piso

(m2) Consumo(kg) kg/m2 kgCO2/m3 mat kgCO2/m2 CO2 (kg)

Bloco Cerâmico 3085 469846,96 152,2901068 304 57,76 178189,60

Argamassa bloco

cerâmico 3085 186275,26 43,47177696 241 5,66 17461,10

TOTAL 63,42 166106,14

Tabela 23: Indicadores para emissão de CO2 - blocos de concreto – Projeto C

Grupo C

Material Área piso

(m2) Consumo(kg) kg/m2 kgCO2/kg mat kgCO2/m2 CO2 (kg)

Bloco Concreto 3085 652258,13 211,4288914 0,288 60,89152072 187837,56

Argamassa bloco

concreto 3085 157113,96 50,92835008 0,241 12,273732 37864,46

TOTAL 67,24977636 225702,02

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59

6.4.2 INDICADORES DE ENERGIA EMBUTIDA

Os indicadores de Energia Embutida foram obtidos por metro quadrado de

edificação, considerando-se que o Projeto A tem um total de 3085 m² de edificação. Pode-se

analisar em relação ao tipo de bloco utilizados que os blocos cerâmicos são maiores

emissores de EE que os blocos de concreto. Segue abaixo os indicadores obtidos.

Tabela 24: Indicadores para emissão de EE - blocos cerâmicos – Projeto C

Grupo C

Material Área piso

(m2) Consumo(kg) kg/m2 MJ/kg MJ/m2 MJ

Bloco Cerâmico 3085 469846,96 152,3004733 2,9 441,67 1362551,95

Argamassa bloco

cerâmico 3085 186275,26 60,3809959 2,1 126,80 391178

TOTAL 568,47 1753729,95

Tabela 25: Indicadores para emissão de EE - blocos de concreto – Projeto C

Grupo C

Material Área piso

(m2) Consumo(kg) kg/m2 MJ/kg MJ/m2 MJ

Bloco Concreto 3085 652258,13 211,4288914 1 211,4288914 652258,13

Argamassa bloco

concreto 3085 157113,96 50,92835008 2,1 106,95 329939,32

TOTAL 318,38 982197,45

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60

7. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste item apresentam-se as tabelas com os valores de emissão de CO2 e Energia

Embutida para cada um dos projetos estudados, separado em blocos cerâmicos e blocos de

concreto

A Alvenaria de Vedação é um dos subsistemas de um edifício com maiores

porcentagens de Energia Embutida e emissão de CO2. Esse subsistema destaca-se

especialmente graças às altas quantidades de blocos que são empregados na construção

dos edifícios em conjunto com os valores elevados que tais materiais apresentam em seus

unitários de Energia e Gás Carbônico Equivalente.

Frisa-se que os elevados valores encontrados para os blocos para alvenaria de

vedação deve-se também ao fato de que o bloco de concreto e o bloco cerâmico possuem

um processo de obtenção de matéria-prima e fabricação do bloco gera futuros impactos

ambientais.

Através da simulação de um apartamento tipo de 70 m², em TAVARES (2006),

obteve-se a quantia de 260440,95 MJ de Energia Embutida para os edifícios em concreto

armado. Já para as emissões de CO2 Equivalente a quantidade obtida foi 124617,35 kg.

Comparando-se com os resultados obtidos, apenas para a alvenaria de vedação e

considerando a mesma quantidade de apartamentos, podemos concluir que os valores

estão coerentes.

É possível notar que em relação a emissão de CO2, o bloco de concreto é o mais

poluente, uma vez que a indústria cimenteira está dividida entre o uso intensivo de energia e

o processamento do calcário, cuja transformação em altos-fornos resulta em grandes

quantidades de gás carbônico. Para abater emissões no processamento, a indústria tem

usado, principalmente, escórias da indústria siderúrgica e cinzas de usinas termoelétricas,

para substituir parte do calcário.

Em relação a Energia Embutida, os blocos cerâmicos se destacam, pois o processo

de obtenção da matéria-prima e produção do produto final consomem grandes quantidades

de energia. Os produtos de cerâmica adquirem as propriedades desejadas mediante a

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61

aplicação de calor, ou seja, a indústria cerâmica é, portanto, uma indústria que utiliza

grandes quantidades de energia, tal como o são a indústria de aço, cimento e vidro. Todas

estas são caracterizadas pelas altas temperaturas dos fornos e fornalhas. Não apenas uma

grande quantidade de energia é consumida durante o seu processo produtivo, como

também o custo dessa energia representa um percentual significativo no total dos custos de

produção.

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62

8. CONCLUSÃO

A construção civil é de grande importância no desenvolvimento econômico do país,

incentivando os setores da economia, setor comercial e por ser a indústria de maior

importância na formação do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, além de ser o setor que

mais emprega mão-de-obra, pouco qualificada, dando oportunidades a muitos cidadãos que

encontram-se na linha da pobreza.

A Indústria da Construção gera muitos bens mas, para isso, consome uma grande

quantidade de recursos naturais e produz, outra gama enorme de resíduos. Assim, em

termos de sustentabilidade as novas ideias e tecnologias utilizadas nos canteiros de obras e

pensadas nos projetos, além de serem viáveis técnica e economicamente, terão que visar à

preservação da natureza, visando à harmonia entre as necessidades humanas do presente

e respeitando o direito de uso das gerações futuras.

As mudanças que ocorrem no clima são decorrência da interferência humana nesse

fenômeno, intensificando as emissões de dióxido de carbono e outros gases, diminui esse

período de variação da temperatura média do planeta para séculos e décadas. A

conseqüência do descaso com o ambiente provocou uma mudança permanente e

irreversível no clima.

O desenvolvimento de políticas nacionais para combater a agressão ao meio

ambiente, a conscientização e educação das pessoas sobre os efeitos de suas atitudes

contrárias aos propósitos ambientais e o incentivo de estudos, pesquisas e desenvolvimento

de novas técnicas sobre o tema, são de grande importância para a sobrevivência e

adaptação dos seres vivos à nova realidade quente do planeta.

Mesmo com todas as dificuldades encontradas para encontrar os índices de

emissões de CO2 por metro quadrado do edifício é possível afirmar que a necessidade de

desenvolver materiais que reduzam as emissões de dióxido de carbono provocadas pela

construção da alvenaria de vedação com blocos cerâmicos ou de concreto

A indústria da construção civil emite tantos gases quanto outros setores justificando o

aprofundamento maior destes estudos, para poder afirmar com mais certeza as quantidades

de gases lançados na atmosfera.

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63

Esta monografia pode ser utilizada como estímulo para que pesquisas futuras

possam ser aprofundadas de forma mais pontual e menos abrangente. Um aprendizado da

autora em decorrência da composição desta monografia é que a escolha de objetos de

estudos elementares facilita a pesquisa e resulta em dados mais confiáveis.

Os trabalhos referenciados em todo o texto podem ser utilizados para dar

continuidade na linha de pesquisa sugerida por este trabalho de conclusão de curso, mesmo

diante das dificuldades encontradas – escassez de pesquisas na área, já citada e, grande

parte da bibliografia existente ser estrangeira – a importância do tema, já justificada,

condiciona a continuação de pesquisas de mesma linha.

É imprescindível ressaltar que analisar o potencial de impacto ambiental dos

produtos da construção civil é complexo, devido à enormidade de variáveis existentes, para

isso a utilização de ferramentas, como a metodologia ACV é de grande ajuda. Porém, isso

somente será possível a partir da existência de dados confiáveis sobre a geração de

resíduos e consumo de materiais na manufatura dos produtos, resultando numa

metodologia bem fundamentada e um banco de dados que caracterize os produtos

brasileiros. Assim, a investigação dos produtos da construção e seus impactos ambientais

poderão auxiliar na decisão de soluções sustentáveis que unam os aspectos econômicos,

tecnológicos, sociais e ambientais.

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64

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Vida: Definição de objetivo e escopo e análise do inventário . Rio de Janeiro, 2004a. 21 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14042. Avaliação do Ciclo de

Vida: Avaliação do impacto do ciclo de vida. Rio de Janeiro, 2004b. 17 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS NBR 14043. Avaliação do Ciclo de

Vida: Interpretação do ciclo de vida . Rio de Janeiro, 2005. 19 p.

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