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Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Escola de Música
Licenciatura em Música
JOSÉ WASHINGTON DA SILVA
BANDA DE MÚSICA MESTRE JOÃO ROBERTO PAZ E UNIÃO DE SANTA
CRUZ/RN: um estudo sobre educação musical e o papel da banda na sociedade
Natal/RN
2018
JOSÉ WASHINGTON DA SILVA
BANDA DE MÚSICA MESTRE JOÃO ROBERTO PAZ E UNIÃO DE SANTA
CRUZ/RN: um estudo sobre educação musical e o papel da banda na sociedade
Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura
em Música da Escola de Música da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (EMUFRN) como
requisito parcial para obtenção do título de
Licenciado em Música.
Orientadora: Profª. Dra. Tamar Genz Gaulke,
Natal/RN
2018
3
JOSÉ WASHINGTON DA SILVA
BANDA DE MÚSICA MESTRE JOÃO ROBERTO PAZ E UNIÃO DE SANTA
CRUZ/RN: um estudo sobre educação musical e o papel da banda na sociedade
Monografia apresentada ao curso de
Licenciatura em Música da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte – UFRN –
como requisito parcial para obtenção do Grau
de Licenciado em Música.
Aprovada em: ___/___/___
BANCA EXAMINADORA:
_________________________________________________________ Profa. Dra. Tamar Genz Gaulke
Orientadora
_________________________________________________________
Prof. Ms. João Paulo de Araújo Membro da Banca
_________________________________________________________ Prof. Ms. Ronaldo Ferreira de Lima
Membro da Banca
4
Dedico este trabalho aos meus pais Francisco de Assis e Maria das Graças, à minha
esposa Kaila Maiara por estar sempre ao meu lado, à toda minha família por ser o meu
refúgio e ao Maestro Camilo e todos que fazem e/ou fizeram parte da Banda de Música
Mestre João Roberto Paz e União da cidade de Santa Cruz/RN.
5
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer a Deus, por todas as minhas conquistas, em especial pela
realização deste trabalho e o consequente enriquecimento profissional que me foi
proporcionado;
Aos meu pais, Francisco de Assis da Silva e Maria das Graças da Silva e a toda minha
família que me apoiou na minha vida acadêmica e profissional;
De maneira especial, quero agradecer à minha esposa Kaila Maiara Fernandes de
Medeiros Silva que sempre estar ao meu lado nos momentos bons e ruins, apoiando e
incentivando na trajetória da vida. E por ser a razão do meu sorriso diariamente;
Agradeço a todos que de maneira direta ou indireta contribuíram para a realização
desta monografia, em especial aos membros da banca examinadora o Prof. Ms. João Paulo de
Araújo e o Prof. Ms. Ronaldo Ferreira de Lima pela valiosa contribuição dada;
A Profa. Dra. Tamar Genz Gaulke, minha orientadora, por toda a atenção e dedicação
que me foram destinadas, pelos conhecimentos que me foram passados e principalmente por
ter me apoiado, motivado e acreditado no meu trabalho;
Ao Maestro Camilo Henrique Dantas, por todo incentivo, apoio e conselhos a mim
prestados;
Aos amigos e Colegas músicos, em especial aos da Banda de Música Mestre João
Roberto Paz e União, que se dispuseram a participar da minha pesquisa e pelas importantes
colaborações que deram para a realização deste trabalho.
6
RESUMO
Esta monografia constitui-se em um estudo sobre a Banda de Música Mestre João Roberto
Paz e União da cidade de Santa Cruz/RN – BMMJRPU, tendo como objetivo discutir a
relevância do trabalho realizado pela BMMJRPU e relatar as suas práticas musicais,
educacionais e sociais. Abordam-se aspectos históricos da cultura de bandas de música no
Brasil e no Rio Grande do Norte e a relação da banda para a formação pessoal dos indivíduos.
São relatadas algumas considerações sobre a música no processo educacional e a necessidade
do reconhecimento da identidade musical a partir do que é realizado na banda: ensaios,
apresentações e concertos. Quanto à metodologia, optou-se por desenvolver um estudo de
caso através de uma abordagem com enfoque qualitativo. Os dados deste trabalho foram
coletados através de questionário com os integrantes da banda, os pais e familiares dos
integrantes, e também por meio de entrevistas semiestruturadas com o maestro da Banda e
pessoas da comunidade representantes de instituições santa-cruzenses. Por meio deste estudo,
foi possível concluir que uma banda de música pode proporcionar a formação musical,
profissional e pessoal de seus integrantes, configurando-se, assim, como uma ação social.
Palavras-chave: Banda de Música; Educação Musical; Música e Sociedade.
7
ABSTRACT
This monograph is a study about the Banda de Música Mestre João Roberto Paz e União of
the city of Santa Cruz / RN - BMMJRPU, aiming to discuss the relevance of the work carried
out by BMMJRPU and report their musical, educational and social practices. Historical
aspects of the culture of music bands in Brazil and in Rio Grande do Norte and the relation of
the band to the personal formation of the individuals. Some considerations about music in the
educational process and the need to recognize the musical identity from what is performed in
the band: rehearsals, presentations and concerts are reported. As for the methodology, it was
decided to develop a case study through a qualitative approach. The data of this work were
collected through a questionnaire with the members of the band, the parents and relatives of
the members, and also through semi-structured interviews with the conductor of the Band and
community members representing Santa Cruz institutions. Through this study, it was possible
to conclude that a music band can provide the musical, professional and personal formation of
the members, thus becoming a social action.
Keywords: Band of Music; Musical education; Music and Society.
8
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
1 – TABELA 1. Formação para Desfile ............................................................................. 12
2 – TABELA 2. Formação para Concerto .......................................................................... 13
3 – TABELA 3. Cronograma de Coleta de Dados ............................................................. 21
4 – TABELA 4. Lista de entrevistados ............................................................................... 22
9
LISTA DE SIGLAS
ACT – Associação Comunitária de Desenvolvimento do Trairi
ASSOMUSC – Associação Musical de Santa Cruz
BMMJRPU - Banda de Música Mestre João Roberto Paz e União
EMUFRN – Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
FIERN – Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte
FUNARTE – Fundação Nacional de Artes
GRUMUS – Grupo de Estudos e Pesquisa em Música da UFRN
MEC - Ministério da Educação
PB – Estado da Paraíba
RN – Rio Grande do Norte
SESI – Serviço Social da Indústria
UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
10
SUMÁRIO
PARTE I
1 – INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 11
2 – BANDAS DE MÚSICA – Embasamento Teórico ........................................................ 13
2.1 – Banda de Música: dimensões históricas no Brasil ............................................. 13
2.2 – Bandas de Música no interior do RN: características ......................................... 17
2.3 – A formação pessoal e profissional por meio da Banda ...................................... 21
PARTE II
3 – METODOLOGIA.......................................................................................................... 23
PARTE III
4- A BANDA DE MÚSICA MESTRE JOÃO ROBERTO PAZ E UNIÃO - BMMJRPU 27
4.1 – Atuações, perfil e atividades desenvolvidas ........................................................ 27
4.2 – As aulas de música .............................................................................................. 32
4.3 – A influência da Banda de Música na formação de seus participantes ................. 32
4.4 – Relevâncias para a comunidade .......................................................................... 34
4.5 – Minha experiência .............................................................................................. 36
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 38
6 – ICONOGRAFIA DA BMMJRPU ................................................................................. 40
Referências .......................................................................................................................... 56
Anexos
Apêndices
11
1. INTRODUÇÃO
As bandas de música estão presentes em vários contextos nos diversos lugares do
país e, dentro de um país continental como Brasil, essa variedade é enorme. As bandas de
música geralmente estão relacionadas a outras manifestações populares e eventos sociais,
como festas religiosas, desfile cívico, aniversário da cidade, entre outros, tornando-se um bem
cultural presente nas comunidades e influenciando a vida das pessoas. Deste modo, o trabalho
realizado através das bandas é de grande importância para o ensino e aprendizagem musical,
para a formação humana e para o desenvolvimento cultural, histórico e social da comunidade.
A banda de música é um grupo de referência na minha vida, na qual ainda adquiro
muitos ensinamentos e lições de vida. Na banda, passei minha infância e adolescência e a
partir dela conquistei novos direcionamentos para minha carreira acadêmica e profissional na
música. O sentimento que se tem ao fazer parte de uma banda é um sentimento semelhante ao
de estar em família, pois aprendemos a respeitar, compartilhar problemas e soluções,
desenvolvemos o trabalho em equipe; e ainda é possível construir novas opiniões, novas
atitudes, novas forma de ver e sentir o mundo em que estamos inseridos.
Dessa forma, este trabalho visa discutir a relevância do trabalho realizado pela
BMMJRPU - Banda de Música Mestre João Roberto Paz e União de Santa Cruz/RN e relatar
as suas práticas musicais, educacionais e sociais.
O que motivou a realização desta pesquisa foi o intuito de representar o
reconhecimento da importância que a banda de música assume na formação pessoal e musical
dos seus participantes, assim como o seu papel na sociedade em geral. Para discutir e
compreender o fenômeno estudado, partimos do pressuposto de que a banda de música,
através da prática e educação musical, está diretamente relacionada aos contextos histórico e
social e que representa a realidade em que se situa.
Esta produção configura-se como um estudo de caso (empírico), com abordagens
qualitativas. Como instrumento de coleta de dados utilizamos uma pequena revisão
bibliográfica para introduzir o percurso histórico da BMMJRPU; aplicamos questionários
para coleta de dados com os componentes da banda e seus familiares; e realizamos entrevistas
semiestruturadas com o Maestro da referida banda e com representantes de algumas
instituições da cidade de Santa Cruz para colher informações advindas da sociedade em geral.
Este trabalho de final de curso, compõe-se de 3 (três) partes. A primeira parte traz um
embasamento teórico sobre as bandas de música, expondo suas características e dimensões
históricas no Brasil e especificamente no Rio Grande do Norte e também destaca a formação
12
pessoal e profissional por meio da mesma. A segunda parte apresenta os procedimentos
metodológicos realizados para o desenvolvimento deste trabalho. E a terceira parte faz a
apresentação e análise dos dados sobre a BMMJRPU, destaca pontos relevantes à prática e
educação musical, assim como o papel da banda para a sociedade santa-cruzense.
A importância da inserção da música na sociedade e na educação tem sido
materializada em diversos trabalhos acadêmicos, como podem ser vistos nas produções que
baseiam este trabalho, como as monografias de Almeida (2011), Dantas (2014), as
dissertações de Fontoura (2011), entre outras produções bibliográficas (BRUM, 1988;
KLEBER, 2014; LIMA, 2015; PENNA, 2012; SOUZA, 2014). Através dessas produções
podemos entender que a prática musical também pode ser compreendida como uma prática
social, levando em consideração que a realidade e os fenômenos que são trabalhados na área
da educação musical estão relacionados ao cotidiano de cada sociedade. É assim quando a
prática musical objetiva “um olhar sensível” com as relações e interações que a arte consegue
refletir sobre a sociedade em que se desenvolve. Penna (2012) ainda afirma que: “A arte de
modo geral – e a música aí compreendida – é uma atividade essencialmente humana, através
da qual o homem constrói significações na sua relação com o mundo” (PENNA, p. 18, 2012).
A música, assim como as outras linguagens artísticas, juntamente com as práticas
desportivas, são as atividades que mais se destacam em propostas voltadas para o exercício da
cidadania.
13
2. BANDAS DE MÚSICA – Embasamento Teórico
2.1 Banda de Música: dimensões históricas no Brasil
As Bandas de Música são manifestações culturais e musicais comuns no interior do
Rio Grande do Norte, assim como representam a sociedade mais popular e menos “elitizada”.
As Bandas de Música têm essa representatividade por ser um conjunto musical que busca
estar próximo à população, executando dobrados e marchas ao desfilar entre as ruas, assim
como também executam músicas populares em praças públicas e em outros ambientes de fácil
acesso à comunidade.
Segundo o cap. Dalmo da Trindade Reis em seu livro “Bandas de música, fanfarra e
bandas marciais”, “denomina-se Banda de Música um conjunto musical constituído de
instrumentos de sôpro (de madeira e de metal) e de percussão” (REIS, 1962, p.10).
A Banda de Música foi criada, a princípio, com o intuito de excitar o ânimo das tropas
militares com os ritmos marciais, buscando encorajá-los, despertando-lhes um “sentimento
guerreiro”. Aos poucos, as bandas passaram a abrilhantar outras solenidades cívicas e festas
populares tomando a si um papel de educador artístico do povo, apresentando-se em retretas e
concertos, nos jardins e praças públicas (REIS, 1962).
Almeida (2011, p.13) relata que com a chegada da Corte Portuguesa ocorreram
mudanças significativas no que se referia à prática musical. Reis (1962, p. 17) afirma que o
entusiasmo de D. João VI no período de sua chegada ao Brasil contribuiu para o
desenvolvimento musical quando se dispôs a difundir e intensificar os estudos musicais,
criando escolas de canto, de instrumentos e de composição. Junto com a corte portuguesa veio
também a Banda da Brigada Real que serviria de modelo para as bandas que seriam formadas
a partir desta data. Além desses fatos, vários decretos favoreciam o surgimento de novas
bandas. Segundo Brum (1988):
No Brasil, em 1802, um decreto de 20 de gosto determinou que fosse organizada
uma Banda de Música em cada Regimento de Infantaria. Já, em 1810, no efetivo dos
Regimentos de Infantaria e Artilharia de Costa foi fixado, também, por decreto, em
12 ou 16 músicos executantes de instrumentos [...] (BRUM, 1988, p. 11).
Ainda houve o decreto de 11 de dezembro de 1817 onde determinou-se aos Batalhões
de Infantaria (11 e 15) e de Caçadores (3) a organização de suas bandas de música. Dentre as
bandas militares mais antigas no Brasil, Brum (1988) destaca a primeira banda da Polícia
Militar do Rio de Janeiro que surgiu em 1866. Na Marinha, a primeira Banda da Corporação
14
foi criada em 1872 e no Corpo de Bombeiros, também do Rio de Janeiro, a Banda foi criada
em 1896.
No Rio Grande do Norte, dentre as Bandas militares mais antigas, de acordo com
alguns componentes de bandas militares do estado, temos a banda do exército em Natal, que
pertence a 7ª Brigada de Infantaria Motorizada, mas é tradicionalmente conhecida como a
banda do 16 RI (Regimento de Infantaria), pois suas instalações são desde 1941 no quartel do
hoje 16° Batalhão de Infantaria Motorizado ou 16° BIMTz; sua origem ainda em pesquisa se
deu na década de 1930 situado no antigo quartel de infantaria divisionário, onde hoje é a
Escola Estadual Winston Churchill, no centro da cidade de Natal. Sobre a Banda da Polícia
Militar do Estado Rio Grande do Norte, o sargento músico Marcos Aragão Fontoura escreveu,
no livro de sua autoria chamado “Glória feita de música: os 130 anos da Banda da Polícia no
RN”, que:
Em 1886, nasceu a Banda dessa corporação, inicialmente intitulada Banda de
Música do Batalhão de Segurança, hoje, Banda de Música da Polícia Militar do Rio
Grande do Norte, que iniciou suas atividades com apenas dez instrumentistas
(FOUNTOURA, 2017, p. 37 e 38).
Com o tempo, mais especificamente na segunda metade do século XIX (período do
Império), intensificou-se o movimento musical, onde aos poucos as bandas foram deixando de
ser “apenas” um conjunto militar que contemplavam as funções dos quarteis. Músicos
reuniam-se em associações diversas em todo o país, nas grandes cidades e nas pequenas
cidades do interior, e começam a surgir as bandas civis, as quais podemos denominar de
Bandas Filarmônicas.
Segundo minhas experiências no meio musical e de acordo com conversas que tive
com alguns maestros atuantes no RN, o termo “Filarmônica” é, usualmente, utilizado quando
a banda é composta só por músicos amadores (não remunerados), que se reuniam pelo prazer
da música. Já no site “O Globo / Cultura”1, o termo é apresentado de forma diferente: “O
prefixo ‘filo’ (do grego philos) da palavra ‘filarmônica’ significa ‘amigo de’, assim como em
‘filantropia’”. Mas isso não quer dizer explicitamente que os músicos tocariam de graça, “as
primeiras sociedades de amigos da música surgiram no século XVIII, com o objetivo de
organizar concertos mediante pagamento”. Então, o termo “Filarmônica” transmite a ideia de
uma banda que é independente, autogerida e financiada por membros da sociedade e não por
instituições mantidas pelo governo, embora várias bandas busquem captar recursos das duas
esferas (pública e privada).
1 Disponível em: < https://oglobo.globo.com/cultura/musica/qual-diferenca-entre-uma-orquestra-filarmonica-
uma-sinfonica-22825709>
15
Sobre as Bandas de Música civis mais antigas no Brasil, Brum (1988) destaca:
Em Prados de Minas, segundo a Funarte, 1716 marcou o início de atividades
musicais na localidade, dando origem à atual Banda Lira Siciliana, fundada em
1858. Em 26 de fevereiro de 1863, surgiu em Friburgo, Estado do Rio de Janeiro, a
Banda Euterpe Friburguense, criada por Samuel Antônio dos Santos, Oficial da
Marinha Portuguesa. Ainda em Friburgo, em 6 de janeiro de 1870, surgiu a Banda
Campesina Friburguense, a primeira e única Banda civil brasileira (afirmamos sem
medo de errar) a realizar excursão artística para fora do País, precisamente à Suíça,
em 1981, sob a direção de seu mestre Roberto Gonçalves (BRUM, 1988, p. 11).
O Maestro Humberto Carlos Dantas (Bembém) da cidade de Cruzeta/RN, em conversa
sobre as bandas do estado do Rio Grande do Norte, afirmou que existem várias bandas
centenárias no estado, como a Banda de Música 11 de Fevereiro de Parelhas – 1907, a Banda
de Música Recreio Caicoense de Caicó – 1909 e a Filarmônica Onze de Dezembro de
Carnaúba dos Dantas – 1910. As mais antigas são a Banda de Música Arnaldo Toscano de
Florânia (1896), a Banda Municipal Maestro Joaquim Amâncio de Carnaúbas (1871) e a
Banda da cidade de Jardim do Seridó. A cultura de banda de música em Jardim do Seridó
surgiu em 1858, são 160 anos de muita música instrumental. Porém, nas primeiras décadas do
século XX essa organização musical estava desativada, foi então que “em 1919, a alta
sociedade jardinense se reunia, por volta das 19 horas da segunda-feira, dia 23 de junho, para
fundação de uma nova associação que renovaria a cultura local. Tratava-se da inauguração da
Banda Musical ‘Euterpe Jardinense’” (GOIS, 2012, p. 109 e 110).
Geralmente os instrumentos da Banda de Música são agrupados em três seções:
madeiras, metais (instrumentos de sopro) e percussão. Os mais utilizados são: flautim, flauta,
clarineta e saxofone na seção de madeiras, o trompete, trompa, trombone, euphonium e tuba
nos metais e percussão. Os instrumentos de percussão são muito mais variados, sendo os mais
comuns a caixa, o bombo, o surdo e os pratos. A existência de alguns instrumentos
específicos, quantidade de instrumentos de cada naipe, o repertório apresentado e a
quantidade de músicos são fatores que classificam e caracterizam os tipos de bandas que
variam de nomenclatura. Alguns nomes mais utilizados são: Banda de Música, Banda
Filarmônica, Banda Sinfônica, Banda Marcial, Banda Fanfarra, etc.
A disposição da banda é um plano técnico realizado pelo maestro, levando em
consideração um melhor aproveitamento do volume sonoro. Essas disposições variam de
acordo com o tamanho da banda e com o tipo de apresentação. Para retretas e concertos os
instrumentos são agrupados por naipes, geralmente começando dos que tem o som mais
agudo até os que têm o som mais grave, e percussão logo atrás. A disposição para marcha ou
desfile tem, geralmente, os metais na frente, em seguida as madeiras e por último a percussão.
16
Em casos em que a banda seja muito numerosa a percussão fica entre os naipes de metais e
madeiras, ou seja, no meio da banda. A seguir, um exemplo da disposição/formação da banda
para desfile e um para concerto:
TABELA 1. Formação para Desfile
PEQUENA BANDA – FORMAÇÃO PARA DESFILE (33 componentes)
Maestro
TUBA BOMBARDINO TUBA
TROMBONE TROMBONE TROMBONE
TROMPA TROMPA TROMPA
TROMPETE TROMPETE TROMPETE
SAX ALTO SAX ALTO SAX ALTO
SAX TENOR SAX TENOR CLARINETE
CLARINETE CLARINETE CLARINETE
CLARINETE CLARINETE CLARINETE
CLARINETE FLAUTA TRANSVERSAL FLAUTA TRANSVERSAL
FLAUTA TRANSVERSAL FLAUTIM CAIXA
PRATOS BOMBO SURDO
Fonte: próprio autor
17
TABELA 2. Formação para Concerto
PEQUENA BANDA – FORMAÇÃO PARA CONCERTO (33 componentes)
Abreviaturas
FLAUT: Flautim – FL: Flauta – 1 CLA: 1° Clarinete - 2 CLA: 2° Clarinete - 3 CLA: 3°
Clarinete – TBP: Trompa – ALTO: Sax Alto – TENOR: Sax Tenor – TP: Trompete – TB:
Trombone – BOMB: Bombardino – PERC: Percussão.
Fonte: próprio autor
2.2 Bandas de música no interior do RN: características
As Bandas de Música do interior do Rio Grande do Norte geralmente são compostas
por jovens e adultos que procuraram a instituição a fim de aprender algum instrumento
musical, na maioria dos casos as aulas são gratuitas e, posteriormente, o aluno ingressa no
grupo.
Embora essas aulas tenham princípios e concepções de formação humana semelhantes
ao proposto pelo Documento Base da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
(2007) – onde “expressa uma concepção de formação humana, com base na integração de
todas as dimensões da vida no processo educativo, visando à formação omnilateral dos
sujeitos. Essas dimensões são o trabalho, a ciência e a cultura” (BRASIL, 2007, p. 40, grifo
nosso) –, as bandas de música não disponibilizam de nenhuma certificação reconhecida pelo
18
Ministério da Educação (MEC) que comprove a formação desses alunos, porém, exercem um
importante papel para formação de músicos, tanto para o trabalho profissional quanto para o
amadorismo.
Dantas (2014) afirma que os conservatórios de música exemplificam de maneira
prática como é a realidade das aulas de música das bandas, pois se assemelham nas
características tradicionais e rígidas. A autora ainda afirma que:
Bem próximo da realidade do interior, podemos comparar esse modelo
conservatorial com as bandas de música, na qual, embora não se exija o virtuosismo
e grandes habilidades musicais dos alunos, tem apresentado resultados bem
relevantes, seja no desenvolvimento técnico quanto na boa sonoridade instrumental
(DANTAS, 2014, p. 11).
Lima (2015) diz que a formação do músico instrumentista do Rio Grande do Norte
está relacionada diretamente com a história das bandas, por ter se constituído em um espaço
de preservação cultural onde há integração do homem ao seu espaço social a partir das
experiências coletivas vivenciadas pelos componentes da banda.
O trabalho realizado pelas bandas do interior do Rio Grande do Norte é mais que o
ensino e a prática de um instrumento musical, pois é para a sociedade um bem cultural e
social, onde além de formar o jovem músico preocupa-se com a formação do cidadão, tanto
do componente da banda quanto do ouvinte. A relação entre música e sociedade é uma das
essências que emana da prática coletiva de instrumento levando em consideração que neste
ambiente há uma constante troca de experiências, um trabalho em conjunto que objetiva uma
boa apresentação, que consequentemente resulta na satisfação da inter-relação que acontece
entre os membros da banda e os expectadores e apreciadores. Ainda nesse contexto, Dantas
(2014) afirma que “O trabalho realizado junto às bandas de música se edifica a partir da
experimentação coletiva, constituindo assim um espaço de preservação cultural e de
integração dos alunos com o seu espaço social” (DANTAS, 2014, p. 11).
Lima (2015) destaca a relevância das bandas no dia dia-a-dia das cidades
particularmente até o período que antecedeu o advento da gravação, assim como Fontoura
(2011) reforça a importância das bandas de música no contexto cultural da sociedade e cita
Leonardo Dantas Silva que, no livro “Bandas de Música de Pernambuco – História Social”,
diz:
Com os seus desfiles ruidosos pelas ruas, suas apresentações em retretas nas praças
públicas, sua participação nas festas religiosas, bandas musicais vieram se tornar o
mais importante instrumento de divulgação da música popular brasileira, da segunda
metade do século XIX até a primeira metade do século atual (SILVA apud
FONTOURA, 2011, p. 20 e 21).
19
Como já citado anteriormente, é comum a presença das bandas de música em eventos
oficiais promovidos pela prefeitura de suas cidades, como desfiles alusivos, festa e
celebrações religiosas, encontros de bandas, inaugurações, conferências, dentre outras
ocasiões. Lima (2015) reforça que, as bandas, “[...] no contato com o povo, nas praças e
coretos darão sentidos a uma forma de linguagem musical identificada com o sentimento de
uma época e de um lugar” (LIMA, 2015, p. 78).
É fato que as bandas de música têm um leque de significados junto à sociedade, mas
infelizmente as bandas amadoras, grupos civis, iniciativa pública ou privada, carecem de
incentivos, e aos poucos, com o surgimento das tecnologias, estão sendo substituídas por
outras atividades mais “atuais”. Nesse sentido, Lima (2015) diz que “a banda de música, no
seu papel de instituição que contribui para imbuir o sujeito de um sentimento de
pertencimento a uma comunidade, de produzir um sentido ético e estético [...]” não consegue
resistir à modernidade.
Jogos, Internet, Smartphone, Computadores são exemplos dos avanços tecnológicos
que demonstram ser “mais atrativos” aos jovens atualmente, porém, é no Seridó, interior do
Rio Grande do Norte onde as bandas mais resistiram frente a esses acontecimentos. A Banda
de Cruzeta/RN é um exemplo de esperança na persistência de um projeto cultural que mantém
o ideário das bandas de músicas. A Banda de Santa Cruz/RN, também é um exemplo de
persistência, dentre suas idas e vindas se mantém firme na tradição. Lima (2015, p.89), em
seu livro, apresentou os seguintes dados: “Fundação José Augusto, estima-se que no Rio
Grande do Norte há mais de 45 bandas de música”. A Banda de Música de Santa Cruz,
atualmente, é umas das bandas “exemplo” em relação ao incentivo de políticas públicas
através de lei municipal.
O repertório das bandas de música é influenciado pelo repertório executado pelas
bandas militares e também por influências trazidas da Europa, como dobrados, valsas, polcas
e mazurcas. Contudo, as características brasileiras foram introduzidas na estrutura das
músicas expondo o gosto do povo, resultado da união de várias culturas presentes na nossa
nacionalidade (LIMA, 2015).
A participação da banda de música em atividades diversas, como apresentações de
cunho cívico, religioso e profano, lhe permitiu a execução de um repertório de alcance
popular e erudito. Desta forma, podemos dizer que os repertórios característicos das bandas de
música são compostos por: dobrados, marchas, canções, valsas, maxixes, choro, frevo etc,
assim como repertório popular nacional e internacional.
20
Dois grandes compositores do Rio Grande do Norte que compuseram significativas
obras para a formação de banda de música foram os primos Tonheca Dantas2 e Felinto Lúcio
Dantas3, ambos nascido em Carnaúbas dos Dantas/RN. Tonheca Dantas dedicou-se à
composição de obras marciais e valsas, sua obra mais famosa é Royal Cinema. Já Felinto
Lúcio traz em suas obras dobrados, valsas, hinos e música sacra e profana. Este último,
inclusive, é homenageado no Festival de Bandas que acontece anualmente em Santa Cruz/RN,
realizado pela Associação Musical de Santa Cruz – ASSOMUSC, por ter grande importância
na cultura musical da cidade. Como exemplo, relato o episódio em que o prefeito José
Rodrigues da Rocha, por volta de 1976, solicitou a Felinto que fizesse um dobrado em
homenagem a data centenária do município de Santa Cruz, então ele compôs o dobrado “11
de dezembro”.
Ainda nos dias atuais, é presente a figura do compositor/arranjador que também é
maestro em bandas de música no interior do RN. Esses compositores e arranjadores, muitas
vezes, criam obras de acordo com a possibilidade instrumental e técnica de sua banda, onde a
falta de manutenção de instrumentos e de recursos para compra de novos instrumentos
influencia na composição musical. Na criação do repertório de banda de música no Rio
Grande do Norte, destaco os compositores e arranjadores: Camilo Henrique Dantas (Banda de
Música de Santa Cruz), Humberto Dantas (Bembém, Maestro de Cruzeta), Márcio Dantas
(Maestro de Carnaúba dos Dantas) e João Batista da Silva (João da Banda – Natal/RN).
Em conversa informal com o Maestro Nomilson Pereira de Araújo, maestro há 12 anos
em Marcelino Vieira/RN, ele citou também os compositores e arranjadores: Ewerton Luiz
2 Antônio Pedro Dantas - Nasceu em Carnaúba dos Dantas-RN, a 18.06.1870, filho de João José Dantas e d.
Maria Vicência Dantas. Músico e compositor, “Tonheca” Dantas, como era mais conhecido, foi regente da
Banda do Batalhão de Segurança e integrou a Banda do Corpo de Bombeiros de Belém-PA. Dedicava-se
especialmente a criação de peças marciais e valsas. Seguem-se os títulos de algumas delas: Dobrados, Delírio,
Fantasia e - a mais famosa - Royal Cinema, a respeito da qual disse Lauro Pinto: Música imortal (...), valsa de
repercussão universal (Natal Que Eu Vi, Imprensa Universitária, Natal, 1971). Tonheca Dantas faleceu em Natal,
a 7 de fevereiro de 1940. Disponível em <
http://adcon.rn.gov.br/ACERVO/secretaria_extraordinaria_de_cultura/DOC/DOC000000000108337.PDF >
3 Felinto Lúcio Dantas nasceu em 23/3/1898 em Carnaúba dos Dantas, RN e faleceu a 11/9/1986 em Carnaúba
dos Dantas, RN. Compositor. Aprendeu as primeiras lições musicais com um primo. Compôs sua primeira
música aos 17 anos. Sempre trabalhou como agricultor. Nascido no Sertão do Seridó, compôs valsas, mazurcas,
dobrados e peças sacras. Uma parte do seu repertório está registrada em partituras que se encontram em mãos da
família, em arquivo pessoal. Em 1978, o Centro Cultural Mobral gravou em um LP duplo, algumas de suas
obras, contando com a participação do maestro Radamés Gnattali. Em 1982 gravou depoimento para o programa
"Memória viva", da TV Universitária. Em 1983, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Ufrn) gravou
outras de suas composições em um LP editado naquele ano. Em 1997 teve a música sacra "A quinta novena",
executada em missa na Catedral do Rio de Janeiro, com a presença do Papa João Paulo II. Em 1999, por ocasião
das comemorações dos 400 anos da fundação da cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, teve sua composição
"Estréia", gravada pelo Quinteto Natal Metais no CD "Nação Potiguar". Disponível em <
http://adcon.rn.gov.br/ACERVO/secretaria_extraordinaria_de_cultura/DOC/DOC000000000108337.PDF >
21
(mora em Major Sales), Ubaldo Medeiros (aposentado, de Caicó), Antônio Medeiros (Tóto,
atua em Caicó), Órilo Segundo (em Jardim do Seridó), Urbano Medeiros (mora em Pará de
Minas), Mizael Cabral (Maestro em Timbaúba dos Batistas) e Maestro Batista (Atua em Luiz
Gomes).
Os encontros e festivais de bandas de música que ocorrem na capital e no interior do
Rio Grande do Norte, nas regiões Trairi e Seridó, por exemplo, é uma tradição histórica das
bandas de música que conscientiza que todos buscam os mesmos objetivos dirigindo-se a uma
consciência comunitária que emerge nesses grupos. Eventos assim possuem grandes
significados para os envolvidos, tanto que, se houver a necessidade, os participantes criam
mecanismos para arrecadar recursos – como rifas, bingos, feijoadas, apresentações, etc. – para
investir no traslado, alimentações e outras despesas que possam surgir.
2.3 A formação pessoal e profissional por meio da Banda
Na nossa cultura é comum associarmos a música como expressão de sentimentos
diversos possibilitados por suas formas, estilos, sonoridades, ritmos. Segundo Lima (2015):
Embora a música, por si, não se destine a nenhuma outra finalidade a não ser sua
própria representatividade, imputamos a ela significados vários, entre eles, o social,
o político, o moral, o cívico, que podem interferir no modo de existir de uma
sociedade e/ou de um cidadão (LIMA, 2015, p. 80).
Na Antiguidade Clássica da Grécia, “a música fazia parte integrante da cultura
intelectual, ocupando lugar de destaque como um dos principais fatores dos meios
educativos” (PRIOLLI, 1953, p. 115). A música era um dos fatores principais na educação
dos jovens, acompanhado da ginástica. Consideravam a ginástica indispensável ao
desenvolvimento físico e a música indispensável à formação moral.
Souza (2014, p. 12) afirma que as práticas musicais, em alguns casos, apresentam-nos
dimensões epistemológicas e político-sociais que influenciam na “função” do agente do
conhecimento – no caso das bandas de música, o maestro – que “passam a ter um papel mais
ativo, entendendo a prática musical como uma prática social”. O maestro atua como educador
social, um profissional possuidor de uma pedagogia social, construída de acordo com as
necessidades do lugar que está inserido. É importante que o profissional da música
compreenda a música como parte de um processo de socialização; onde, por meio dela,
crianças, jovens e adultos criam suas inter-relações com a identidade cultural da sociedade
que estão inseridas, agregando às outras.
22
No caso da Banda de Música de Santa Cruz/RN, o trabalho atualmente é realizado
pelo Maestro Camilo Henrique Dantas Soares, onde objetiva um trabalho de educação
musical para a condução de um aprendizado artístico/musical. A intenção é envolver um
grupo de pessoas de diferentes origens e formações, motivando-os e liderando-os por meio de
critérios e procedimentos desenvolvidos nas aulas de música, valorizando o grupo, aceitando
suas limitações e também as limitações de cada integrante da banda.
São essas características que tornam o maestro mais que um regente e/ou um
professor, e, sim, como denominamos no interior do RN, um “Mestre de Banda”. O regente é
o profissional que rege, conduz, administra musicalmente um determinado grupo musical,
seja grande ou pequeno: orquestras, grupo de câmara, bandas, entre outros. O mestre de banda
já ultrapassa essas funções no que se refere ao contexto musical e, principalmente, no social,
em que busca nos seus alunos a formação pessoal e o exercício da cidadania. Como afirma
Lima (2015):
O mestre, nesse caso, excede as funções de um regente; ensina todos os
instrumentos, compõe e arranja para a própria banda e orienta os aprendizes para o
exercício da cidadania. Como professor, também inicia o aprendiz na música, mas
possui uma atuação transdisciplinar, lidando com saberes e não somente com
conhecimentos específicos, técnico-musicais (LIMA, 2015, p.100).
23
3. METODOLOGIA
Esta pesquisa constitui-se em um estudo de caso com a Banda de Música Mestre João
Roberto Paz e União – Banda de Música de Santa Cruz/RN. A escolha da Banda para
realização deste trabalho se deu na perspectiva de que, através desta instituição, se pudesse
desenvolver um estudo que trate das suas contribuições para a educação musical de crianças,
jovens e adultos envolvidos no projeto, assim como para a formação pessoal do músico e para
a sociedade.
O contato com o GRUMUS – Grupo de Estudos e Pesquisas em Música da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) foi de fundamental importância para a
escolha do que eu deveria pesquisar, levando em consideração todas as discussões nos
encontros, os debates e compartilhamentos de pesquisas de outros participantes do grupo, os
ensinamentos quanto ao campo de estudo e também a estruturação de pesquisa. Diante do
leque de possibilidades de pesquisas, devido à riqueza musical e cultural do país, me
identifiquei e escolhi a Banda de Música, mais especificamente a BMMJRPU, Banda de
Música de Santa Cruz.
Justifico a escolha do tema por estar inserido a sua prática e ser fruto deste trabalho
como membro da banda de música há mais de uma década. Acompanho o cenário das Bandas
de Música em terras potiguares e induzo a relevância delas para a sociedade, principalmente a
Banda de Música de Santa Cruz/RN e outras que pude presenciar na região do Trairi, no
interior do Rio Grande do Norte.
Parto do pressuposto de que a banda de música, através da prática e educação musical,
está diretamente relacionada aos contextos histórico e social e que representa a realidade que
se situa. Portanto, esta pesquisa tem como objetivo discutir a relevância do trabalho realizado
pela Banda de Música Mestre João Roberto Paz e União de Santa Cruz/RN e relatar as suas
práticas musicais, educacionais e sociais.
O estudo de caso, metodologia utilizada neste trabalho, segundo Yin (2001), é uma
investigação empírica, ou seja, investiga um dado dentro de seu contexto da vida real (YIN,
2001, p 32). Por ter o estudo de caso como natureza desta pesquisa, buscamos reunir e
analisar dados a partir da abordagem qualitativa.
O Método utilizado serviu como estratégia para descrever pessoas, ambientes, ações,
fatos e outros materiais relacionados à pesquisa, e para apresentar o objeto de estudo pela
ótica do pesquisador, sendo este autor também um membro do campo estudado. Por já fazer
24
parte do fenômeno pesquisado - a Banda de Música - percebi que não havia necessidade de
uma observação intensa e detalhista e optei em fazer relatos e descrições. Como forma de
coleta de dados utilizei questionários e entrevistas semiestruturadas, observação participante,
gravação de áudio e registros fotográficos.
A observação participante foi realizada durante a participação em ensaios e
apresentações. Sobre esse tipo de observação Lakatos (2010) afirma que o observador é (ou se
torna) um participante real da comunidade ou grupo estudado, vivenciando lado a lado, o
observador e o observado. Aponta duas formas de observação participante: natural, onde o
observador pertence ao grupo que investiga; e artificial, que o observador se integra ao grupo.
Participaram desta investigação pessoas diretamente ou indiretamente envolvidas com
a Banda de Música de Santa Cruz, como componentes da banda, pais e familiares destes
componentes, o maestro e outras pessoas representantes da sociedade. Para enriquecimento
das evidências, designei diferentes técnicas e instrumentos de coleta de dados. Todo o
procedimento descrito a seguir foi autorizado previamente por cada um dos participantes
mediante a assinatura do Termo de Consentimento4.
O trabalho de coleta de dados foi realizado em duas fases: a primeira com um
questionário na plataforma online do Google Drive para os componentes da Banda de Música,
assim como o questionário impresso para os pais e/ou membros da família dos componentes
da Banda de Música; a segunda fase com entrevistas semiestruturadas realizadas com o
maestro e com pessoas da sociedade em geral, representantes de algumas instituições da
cidade de Santa Cruz. O registro das entrevistas foi feito por meio de gravador de áudio
digital em smartphone. Para viabilizar a coleta de dados e a discussão de resultados no prazo
disponível para a realização desta investigação, foi estabelecido o seguinte cronograma:
4 O modelo do termo de consentimento assinado pelos participantes está disposto no apêndice 1, assim como o
modelo do termo de consentimento para participantes menores de idade disposto no apêndice 2.
25
TABELA 3. Cronograma de Coleta de Dados
O que? Questionários Entrevistas
Com quem? Componentes da
Banda
Pais e familiares
de componentes
da Banda
Maestro Sociedade em
geral
Quando? No período de
26/10/2018 à
04/11/2018
No período de
31/10/2018 à
07/11/2018.
Dia 02 de
novembro de
2018.
Dia 07 de
novembro de
2018.
Foi solicitado a todos os componentes da banda que respondessem a um questionário
online criado na plataforma do Google Drive (web)5. A BMMJRPU tem uma média de 35
componentes, sendo que apenas 20 componentes responderam ao questionário no prazo
estabelecido. O segundo questionário, destinado aos pais e familiares dos componentes da
banda6, foi entregue de forma impressa aos componentes após o ensaio do dia 31 de outubro
de 2018 (quarta-feira) para que fosse respondido na própria residência do participante, a fim
de evitar incômodo com a visita. O prazo para devolução deste questionário foi de uma
semana, sendo entregue durante o ensaio da banda. Receberam o material impresso 15
componentes da banda, dos quais obtive retorno de apenas 7 (sete) questionários.
Com relação às entrevistas, todos os registros foram feitos por meio de gravador de
áudio digital em smartphone. A primeira acorreu no dia 02 de novembro de 2018, na sede da
Banda de Música com o Maestro Camilo Henrique Dantas Soares7. Já as entrevistas com
representantes de instituições e da sociedade santa-cruzense em geral8, foram realizadas 5
entrevistas no dia e horário conforme a tabela a seguir:
5 O modelo do questionário utilizado para coleta de dados – componente da banda está disposto no apêndice 3 6 O modelo do questionário utilizado para coleta de dados – pais e familiares dos componentes da banda está
disposto no apêndice 4. 7 O modelo da entrevista semiestruturada – maestro está disposto no apêndice 5 8 O modelo da entrevista semiestruturada – sociedade em geral está disposto no apêndice 6
26
TABELA 4. Lista de entrevistados
Entrevistado 01 Reinaldo Ricardo dos Santos, 73 anos, professor, diretor do Colégio
CEDAP – 10h15 do dia 07 de novembro de 2018
Entrevistado 02 Samira Fernandes Delgado, 44 anos, professora, diretora do IFRN
campus Santa Cruz/RN – 10h50 do dia 07 de novembro de 2018
Entrevistado 03 José Edgar Lima dos Santos, 42 anos, professor, ex-secretário municipal
de cultura (2013 – 2018), atualmente técnico pedagógico da Secretaria
Municipal de Educação – 11h30 do dia 07 de novembro de 2018
Entrevistado 04 Francisca Suelange de Lima Bulhões, 57 anos, professora, secretária
municipal de educação – 12h do dia 07 de novembro de 2018
Entrevistado 05 Crisanto Dantas S. Freitas, 32 anos, professor de música, professor na
Escola Estadual João Ferreira – 20h do dia 07 de novembro de 2018
Os dados coletados foram organizados e analisados de forma criteriosa, buscando
evidenciar os resultados alcançados ao longo da investigação. A estrutura do embasamento
teórico teve a finalidade de fundamentar os conceitos desta pesquisa. A análise das entrevistas
foi realizada após as transcrições textuais dos relatos e depoimentos. A seguir serão mostrados
os resultados e reflexões da investigação realizada com a Banda de Música Mestre João
Roberto Paz e União.
27
4. BANDA DE MÚSICA MESTRE JOÃO ROBERTO PAZ E UNIÃO - BMMJRPU
4.1 Atuações, perfil e atividades desenvolvidas
A Banda de Música Mestre João Roberto Paz e União – BMMJRPU atua na
comunidade de Santa Cruz/RN como instrumento de formação cidadã através da arte, tendo a
música como protagonista desse processo cultural.
A cultura de bandas de música em Santa Cruz/RN, que se tem registro, iniciou-se em
1956, ou seja, há mais de 60 anos que se tem essa manifestação cultural na comunidade santa-
cruzense. O Grupo de Escoteiros de Santa Cruz recebeu uma doação de instrumentos musicais
no final dos anos 50, esses instrumentos não foram utilizados pelo grupo, pois o prefeito João
Bionor, na época, queria que se organizasse a Banda de Música Municipal9 e convidou o
mestre Oscar Dantas para o cumprimento dessa missão. Há relatos de que nessa época a
música era dividida pela política, onde tínhamos duas bandas: uma com o maestro João
Roberto Paz e União (homenageado tendo o seu nome na banda atualmente) ligado à família
Rocha; e a outra com Oscar Dantas, que era o músico preferido da família Ferreira de Souza.
Apesar da prática de banda de música ter vida efêmera, nessa época revelaram-se grandes
músicos10 como Landilino, José Carlos (Piaba), Omar Azevedo, Orlando Pinto, Gabriel
Viterbino, Jurandir Freitas11 e o maestro Deusdete.
Um depoimento do ex-vereador e poeta Antônio de Pádua Borges, cedido ao livro
“Santa Cruz: nossa história, nossa gente...” do professor, historiador e escritor Edgar Santos,
relata um dos momentos históricos realizados pela banda de música:
Lembro-me ainda do CORETO localizado em frente à igreja e outro na praça Cel.
Ezequiel (ambos demolidos). O referido servia para um evento denominado
“RETRETA”, onde os componentes da banda de música se reuniam para abrilhantar
diversas festas, inclusive os políticos profissionais nos seus comícios12, onde ali
externavam seus discursos costumeiros (BORGES apud SANTOS, 2010, p. 39).
Segundo Silva (2003), as retretas (concerto de banda de música em praça pública)
aconteciam aos sábados à tarde, mas também eram feitas alvoradas e acordavam o povo com
9 Ver imagem 01 e imagem 02 no capítulo “ICONOGRAFIA DA BANDA DE MÚSICA...” 10 Ver imagem 03 no capítulo “ICONOGRAFIA DA BANDA DE MÚSICA...” 11 Ver imagem 04 no capítulo “ICONOGRAFIA DA BANDA DE MÚSICA...” 12 Ver imagem 05 no capítulo “ICONOGRAFIA DA BANDA DE MÚSICA...”
28
seus acordes. É interessante ressalvar que junto à formação da banda de música, formavam-se
orquestra13 de frevo, marchinhas e samba que tocavam nos carnavais e animavam bailes.
Por meio de lei, o primeiro registro que temos da banda de Santa Cruz é de 1976,
quando o então prefeito José Rodrigues da Rocha cria a Banda Musical Santacruzense14
através da lei municipal n° 76 de 30 de abril de 197615. Na época, o maestro Deusdete
comandava os trabalhos musicais, e foi nesse momento que os instrumentos musicais foram
comprados em São Paulo e chegaram a Santa Cruz em maio de 1977, já no governo do então
prefeito Dr. Hildebrando Teixeira. Muitos dessa formação eram funcionários da prefeitura de
outras repartições e foram cedidos a prestarem serviços na Banda de Música, e alguns
músicos dessa época recebiam bolsa. Não se sabe de fato até quando essa formação
permaneceu ativa, estima-se que foi até mais da metade da década de 80.
Em entrevista ao “projeto Cultura Potiguar”16 o Maestro Deusdete relata: “Passamos
ainda 13 anos com essa banda da prefeitura que inclusive ele (Prefeito José Rocha) quando
deixou essa banda, ele deixou os músicos ganhavam uma bolsa de 50% do salário-mínimo.
Ninguém faltava ensaio, ensaiava todo dia.” (DEUSDETE, 2011)
Em 199617, a banda de música foi reativada em sua formação mais recente, através do
Projeto Cidadão do Amanhã desenvolvido pela ACT (Associação Comunitária de
Desenvolvimento do Trairi). A ACT foi uma organização não governamental, fundada em
março de 1986, voltada para geração de ocupação e renda.
Na área social a ACT implantou o Projeto Cidadão do Amanhã, o braço social da
ACT, em 18 de junho de 1996. O projeto Cidadão do Amanhã foi idealizado pelo então
Deputado Federal Iberê Paiva Ferreira de Souza, e possuía como principais características o
atendimento de várias crianças e adolescentes do município, visando a garantia dos direitos da
infância e da juventude. Foram ofertadas, às crianças e jovens, modalidades esportivas e
oficinas culturais. No âmbito cultural existiam as oficinas de música: Teclado, Flauta Doce,
Violão, Acordeom, Canto Coral e a Banda de Música. Por meio do Programa de Apoio a
Bandas de Música da FUNARTE, o projeto adquiriu um conjunto de instrumentos para a
formação da banda.
13 Ver imagem 06, 07, 08 e 09 no capítulo “ICONOGRAFIA DA BANDA DE MÚSICA...” 14 Ver imagem 10, 11, 12 e 13 no capítulo “ICONOGRAFIA DA BANDA DE MÚSICA...” 15 ANEXO 01 16 Entrevista disponível em
<https://www.youtube.com/watch?v=7c2UepI3kUw&index=2&list=PL40AEAECF4FE22D16> 17 Ver imagem 14,15,16 e 17 no capítulo “ICONOGRAFIA DA BANDA DE MÚSICA...”
29
O Projeto Cidadão do Amanhã não subsistiu apenas com a ACT, mas também contou
com parcerias, como a Prefeitura Municipal, FIERN-SESI e a Secretaria Nacional dos
Esportes. A Banda de Música, sob o comando do maestro Deusdete Araújo, teve sua estreia
no dia 13 de maio de 1997 pela ocasião da abertura da Festa de Santa Rita de Cássia,
padroeira da cidade. Com o passar dos tempos a ACT foi “perdendo forças” até chegar em sua
extinção, com isso a Prefeitura Municipal foi se responsabilizando pela continuação do
Projeto Cidadão do Amanhã.
Em maio de 2003 a banda passa a ser comandada pelo regente Camilo Henrique
Dantas Soares, que ainda comanda a banda nos dias atuais.
Dos componentes da banda que participaram do questionário para realização desta
pesquisa, ao responderem à pergunta de como aprenderam música, a maioria disse que iniciou
o aprendizado musical na própria BMMJRPU. Alguns aprenderam por meio de Projeto
Social, mais especificamente o já mencionado Projeto Cidadão do Amanhã, porém, em outras
oficinas de música além da Banda. Alguns participantes foram influenciados pelos projetos de
Bandas Marciais e Fanfarras desenvolvidos em escolas de ensino regular da cidade, como:
Banda Marcial Sons do Trairi do Colégio CEDAP, Banda Marcial Ariano Suassuna do
Colégio IESC, Banda Marcial da Escola CREART, Banda Marcial da Escola Quintino
Bocaiuva, Banda Marcial da Escola José Bezerra Cavalcante, Banda Marcial da Escola
Palmira Barbosa, Banda Marcial da Escola João Ferreira. Com relação aos trabalhos
desenvolvidos nas escolas de ensino regular e sobre a importância da música na educação, a
secretária municipal de educação, Francisca Suelange enfatiza:
Hoje para a gente conseguir um aprendizado mais fácil, mais prático com a criança
a gente tem que trabalhar através do lúdico, as aulas devem ser bastante lúdicas.
Eu acredito muito na música porque dentro da música está a poesia, dentro da
poesia a emoção. Na hora que você consegue passar isso para uma criança você vai
desenvolver nela ou despertar nela essa emoção que tem congelada ou guardada
que não sabe explorar isso, mas através da música, com certeza, o professor que
trabalha tem êxito, ele tem o retorno do aprendizado da criança tanto na
alfabetização como também nas séries finais (FRANCISCA SUELANGE, 2018).
Desde sua fundação, a Banda de Música de Santa Cruz/RN se apresenta em festas
cívicas, sociais e culturais dentro e fora do município de Santa Cruz, participando também de
encontros e festivais. Muitos dos componentes da banda e até mesmo pessoas da sociedade
em geral, tiveram o seu primeiro contato com a banda através desses eventos em que a banda
participa. Eventos que já se tornou tradição a banda de música são: A Festa da Padroeira
30
Santa Rita de Cássia18, Desfile Cívico de 7 de setembro19 e o Festival Maestro Felinto Lúcio
Dantas20 (Encontro de Bandas) realizado pela ASSOMUSC – Associação Musical de Santa
Cruz. O músico José Leonardo, ao citar lugares que marcaram a sua trajetória com a banda de
música, expressa de clara a importância dos festivais:
Festivais em muitas cidades de nosso Estado e Estado vizinho, Paraíba [...] destaco
as cidades de Cruzeta, Natal, São Tomé (RN), Nova Floresta (PB), entre outras,
sendo que o mais marcante, claro, é o Festival realizado pela ASSOMUSC na nossa
cidade (TROMPETISTA JOSÉ LEONARDO, 2018).
A ASSOMUSC é uma associação civil de direito privado, sem fins lucrativos, voltada
para a promoção do desenvolvimento cultural e social de Santa Cruz/RN. Fomentar e
valorizar as manifestações da cultura musical existente é um dos principais objetivos desta
instituição. Foi fundada em 25 de setembro de 2008 pelos membros fundadores: Hêrcila Nara,
José Paulo, Diogenes Fagner, Ranieri Fernandes, Camilo Dantas, Pedro Bernardo Junior,
Francisco Auzônio, José Leonardo Santos, Sérgio Luiz, José Marcos Ribeiro, Cíntia Magnan
e Alexsandro Araújo, a maioria desses sócios eram membros da banda de música da cidade e
até os dias atuais a associação se configura desta forma. Pela lei 576/2009, a ASSOMUSC
obteve o reconhecimento de utilidade público no governo do então prefeito José Péricles
Farias da Rocha. O Festival Maestro Felinto Lúcio Dantas, com certeza é sua principal ação.
Idealizado pelo Maestro Camilo, o Festival tem como objetivo promover e incentivar o
intercâmbio cultural entre bandas de música e homenagear o maestro potiguar Felinto Lúcio
Dantas.
Os componentes expressaram o seu primeiro contato com a banda como um
“Momento Bom”, “Gratificante” e “Inesquecível”. Alguns foram influenciados pelos pais,
como por exemplo a senhora Maria do Socorro, que incentivou os filhos Alexsander,
Alexandre e Athilson a participarem da banda. A saxofonista Fernanda Soares, também teve
influência da família, avô, pai, tios e até o marido já fizeram parte da banda de música. O
senhor Jonas Carvalho também incentivou seu filho, o clarinetista Judson Carvalho e explica
os motivos:
A banda transmite disciplina, desenvolve o raciocínio e contribui para a formação
do ser humano, dei um pouco incentivo, pois percebi um interesse e um sentimento
do meu filho voltado à arte musical (JONAS CARVALHO, 2018).
18 Ver imagem 18 no capítulo “ICONOGRAFIA DA BANDA DE MÚSICA...” 19 Ver imagem 19 no capítulo “ICONOGRAFIA DA BANDA DE MÚSICA...” 20 Ver imagem 20 e 21 no capítulo “ICONOGRAFIA DA BANDA DE MÚSICA...”
31
Atualmente, a maioria dos componentes tocam apenas e exclusivamente na
BMMJRPU. Alguns, ao responderem o questionário, relataram que também tocam na igreja,
outros participam de bandas marciais de outras instituições. Porém, houve uma época que a
maioria dos componentes tocavam na então orquestra de frevo formada paralelamente à banda
da cidade. Este grupo formado atualmente chama-se “Orquestra Freviação21”, foi criada no
ano de 2000, pela ocasião do projeto de resgate do carnaval da cidade de Santa Cruz. Desde
então a Freviação participa do carnaval da cidade de Santa Cruz, principalmente do carnaval
de rua sua formação instrumentos de sopro e percussão. Com formação de rua e de palco, a
orquestra Freviação também participa várias vezes do mais tradicional baile de Santa Cruz, o
“Carnaval dos Carnavais”, que acontece sempre antes do carnaval, no Trairi Clube. O
repertório desta orquestra é totalmente voltado para as músicas carnavalescas: marchas, frevos
e sambas. Dentre os compositores que tem músicas executadas pela orquestra podemos citar:
Duda, Capiba, Nelson Ferreira, Nunes, Alceu Valença e Moraes Moreira.
A Banda Mestre João Roberto Paz e União atualmente é composta por 35
componentes, dentre eles crianças, jovens e adultos. A faixa etária é em média de 13 a 35
anos. O músico mais jovem da banda atualmente é o garoto Ismael da Silva Chagas,
percussionista de apenas 10 anos de idade que ingressou na banda em 2018.
Em 2016, a Prefeita Fernanda Costa sancionou a Lei Municipal nº 711/201622, que
reconhece a Banda de Música Mestre João Roberto Paz e União como “Patrimônio Histórico
e Imaterial do Município de Santa Cruz”. Esta mesma lei apoia e atende as necessidades da
banda de música, sendo com isso, um grande marco histórico, da cultura musical
Santacruzense. O historiador e secretário de cultura quando foi promulgada a lei, o senhor
Edgar Santos conta-nos sobre esse momento histórico da cultura de Banda de Música em
Santa Cruz/RN:
A banda ela passa a ser municipalizada e isso é um ponto forte, porque eu vivenciei
junto com o Conselho Municipal de Cultura, junto com o próprio maestro Camilo,
[...] com outros profissionais: o Hélio Crisanto, o Gilberto Cardoso e tantos
outros, vivenciamos sim essa nova fase, essa nova era, justamente, da banda a ser
municipalizada. Daí um papel fundamental da prefeita Municipal Doutora
Fernanda Costa Bezerra que teve esse comprometimento, essa sensibilidade de
enviar para câmara dos vereadores e conseguir aprovar a municipalização da
banda a qual passa a ser do quadro da secretaria municipal de cultura do
Município de Santa Cruz. A banda é uma instituição, é um instrumento musical
cultural do município está no quadro da Secretaria de Cultura e o maestro também
21 Ver imagem 22 e 23 no capítulo “ICONOGRAFIA DA BANDA DE MÚSICA...” 22 ANEXO 02
32
foi criado o cargo do maestro, que também está dentro do quadro da Secretaria de
Cultura de Santa Cruz (EDGAR SANTOS, 2018).
4.2 – As aulas de música
As aulas de música acontecem na sede da banda nas segundas e terças-feiras manhã e
tarde e a metodologia utilizada é semelhante ao sistema de ensino tradicional de bandas de
música, onde tem somente um professor, neste caso, muitas vezes os maestros são
denominados de “Mestres de Banda” que tem como característica assumir várias funções
como o ensino de teoria musical e ter que ensinar todos os instrumentos: madeiras, metais e
percussão, além da leitura, interpretação de tudo que considerar necessário para desenvolver o
trabalho musical. Os professores/mestres de bandas de músicas fazem isso tudo sozinho, mas
atualmente é mais presente os músicos mais antigos disposto a contribuírem com os
ensinamentos aos novatos.
Lima (2015) destaca que “a banda de música é uma instituição que tem sobrevivido às
transformações da modernidade por apresentar uma alternativa eficaz na formação de músicos
instrumentistas” (LIMA, 2015, p. 122). Na BMMJRPU o processo de ensino e desenvolvido
em duas etapas como relata o Maestro Camilo:
Primeiro a gente trabalha a teoria musical e a leitura rítmica e melódica para que
eles tenham acesso ao conteúdo de leitura de partituras estruturação musical,
depois tem a parte de técnica instrumental, onde cada um dentro do seu instrumento
escolhido vai receber as primeiras informações básicas sobre cada instrumento
digitação, forma de produzir o som, respiração...23 (MAESTRO CAMILO
DANTAS, 2018, componente da banda desde 1996).
Após vencidas essas etapas, o aluno ingressa efetivamente na banda de música onde os
ensaios funcionam semanalmente nas quartas-feiras e dependendo da demanda também utiliza
os finais de semana para ensaio, como relata a clarinetista Alana: “Os ensaios são bem
proveitosos, a gente consegue tirar nossas dúvidas com o maestro e acontecem normalmente
nos sábados à tarde e nas quartas a noite. ” (ALANA SANTOS, 2018).
4.3 – A influência da Banda de Música na formação de seus participantes
A música é um valioso instrumento de formação de personalidade e caráter, assim
como aponta a senhora Francisca, mãe do trompetista Jofran: “A música é como outros pontos
culturais, pode ajudar na sociedade oferecendo educação e convivência com boas pessoas,
23 Ver imagem 24 no capítulo “ICONOGRAFIA DA BANDA DE MÚSICA...”
33
diminuindo as chances de essas pessoas entrar num caminho que seus pais não queiram”
(FRANCISCA, 2018). Uma criança ou jovem tem contato com a música demonstra um
importante desenvolvimento cognitivo, afetivo e social, assim como enfatiza o professor
Crisanto em Entrevista cedida a esta pesquisa:
A música ela é um estudo, uma linguagem, então ela desenvolve o cérebro, as
conexões neurológicas, atenção, percepção, ajuda no raciocínio lógico, então isso
vai contribuir para qualquer profissão e também para o cidadão. Qualquer cidadão
ele vai ter mais calma, mais tranquilidade, para pensar, para agir (CRISANTO
DANTAS, professor de Arte/Música, 2018).
O atual maestro e o senhor diretor do Colégio Cedap, Reinaldo Ricardo também
apresentam as contribuições da banda na formação pessoal:
A música pode contribuir para a formação profissional e cidadã, não só para quem
segue profissionalmente na música, mas também para outras pessoas que têm
outras profissões com a primeira opção. A música ela ajuda no equilíbrio
emocional, equilíbrio pessoal no sentido de tornar a pessoa mais humanizada e ter
mais elementos sociais e culturais para enxergar melhor que está ao seu redor e
dessa forma ele se torna um profissional mais sensível ao mesmo tempo mais
cidadão. (CAMILO DANTAS, 2018)
A gente não pode falar de cidadãos sem falar de sentimentos. A cidadania tem
vários compostos e um deles e é o sentimento, pois senão a sociedade se brutaliza
mais ainda do que já é e o sentimento musical expressa exatamente essa
necessidade da cidadania, então a constituição da cidadania, além de outros
aspectos sociais, políticos, econômicos, etc. Ela também tem um constitutivo que se
chama o trabalhar o sentimento e a música proporciona isso. (REINALDO
RICARDO, 2018)
Enfim, a banda desenvolve o caráter humano, a disciplina, a ética e diversos
sentimentos, cria responsabilidade e compromisso em seus participantes e auxilia no
aprendizado de modo geral, além fazer bem à alma. Satisfeita com o resultado que a banda de
música proporciona na formação de seus participantes, a senhora Wilka Guimarães relata a
participação de seu filho Mário Robson:
Meu filho já apresentava destreza para a música, uma inclinação musical desde
cedo. Então quando eu vi o anúncio das aulas de música com o maestro Camilo,
não pensei duas vezes. Não foi tão fácil. Ele pensou em desistir em determinando
momento, mas o encorajei a continuar. Graças a Deus hoje é integrante da banda,
primeiro como clarinetista e agora saxofonista. Agradeço à Camilo pela paciência,
dedicação e zelo pelos seus alunos. É uma honra para mim. Me deixa mais
tranquila quanto o futuro do meu filho o fato dele está se tornando um músico.
(WILKA GUIMARÃES, 2018)
34
4.4 Relevâncias para a comunidade
O músico Alexsander afirmou durante a pesquisa que “A banda é um dos símbolos
importante na representatividade de uma cidade”. A senhora secretária de educação acorda
com a afirmação do músico quando em entrevista expressou fortemente que “o interior que
não tem uma banda de música, não tem uma história, toda banda de música tem uma
história” (FRANCISCA SUELANGE, 2018). É fato que banda é um instrumento da
sociedade que leva alegria e lazer para a comunidade. O Senhor Reinaldo Ricardo, diretor do
Colégio CEDAP, relatou que aprendeu com um maestro antigo de Jardim do Seridó/RN que a
Banda de Música é o cartão postal de uma cidade e enfatiza a importância da música como
um sentimento essencial para a sociedade atual:
A música é um sentimento e esse sentimento numa sociedade brutalizada como é a
nossa atualmente, esse sentimento através da música e principalmente de uma
marcial, ele se torna muito mais efetivo pra que consiga se superar essa coisa da
agressividade que é muito constante na nossa sociedade (REINALDO RICARDO,
2018).
Os aplausos e o reconhecimento dos artistas, muitas vezes é a melhor recompensa
daqueles que atuam na banda de música de uma cidade. Como a professora Samira Delgado,
diretora do IFRN campus Santa Cruz/RN, mencionou em entrevista: “acho que uma das
formas que a população em geral, todo mundo pode contribuir é fazendo parte do público,
valorizando as apresentações” (SAMIRA DELGADO, 2018) e é justamente essa
valorização, esse reconhecimento do trabalho que motiva os componentes da banda a buscar
um progresso, a fazer o melhor! O maestro Camilo afina essas reflexões afirmando que:
A banda de música dentro de a sociedade tem o papel de Integração Social e
inclusão social através da música e da arte individualmente, atuando nos indivíduos
como é por exemplo os alunos e os músicos que fazem parte e também no contexto
social, político, religioso e cívico de cada cidade participando dos eventos
relacionados a estes setores [...]”; A importância da sociedade para a banda está
justamente no fator de reconhecimento do trabalho da banda, como a banda está
inserida na sociedade é parte da sociedade, então o reconhecimento, o retorno do
reconhecimento das atividades, do trabalho realizado pela banda. (CAMILO
DANTAS, 2018)
Quando se há reconhecimento, há fortalecimento para continuar construindo essa
história com a banda de música. História que traz lições de vida, como as mencionadas pelos
os integrantes da banda a seguir: “Respeito, amizade, comportamento”; “Superação”;
“Motivador, Perseverante”; “Paz de Espírito”; “Pontualidade, Compromisso,
35
Responsabilidade”; “Sinceridade, Carinho”; “Disciplina, Foco, Dedicação e Espírito de
Equipe”.
O Maestro Camilo Henrique Dantas, vem desenvolvendo um trabalho com a banda de
forma louvável. Integrantes da banda o caracterizam como um maestro amigo, compreensivo
e determinado. Ele ainda é inspiração de componentes da banda e cativa também o público
como relata a senhora Renata, irmã da musicista Fernanda Soares: “A simpatia do maestro
cativa os espectadores e desperta o desejo de aprender música” (RENATA, 2018). O músico
Alexsander relata momentos que vivenciou com a banda e comenta também o trabalho do
maestro:
Passei por diversos momentos da banda. Já passou por crises, chegou a ser
desativada. No entanto, a orquestra só existe porque Camilo nunca mediu esforços
para que ela continuasse a contribuir com a cultura da cidade. Hoje o seu trabalho
já é reconhecido a nível interestadual, pois não faltam convites para participar de
apresentações fora” (ALEXSANDER DANTAS, 2018)
O Maestro Camilo Henrique Dantas Soares24, Técnico em Música com habilitação em
Regência pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. É ganhador do concurso do
Hino Municipal de Macaíba/RN em 2007 e do concurso do Hino Municipal de Santa
Cruz/RN em 2013. Tem experiência como regente na Banda de Música João Roberto Paz e
União (banda de música de Santa Cruz/RN) desde 2003; Regente do Coral Vozes de Lages
Pintadas desde 2014. Como professor atuou como professor de canto coral no Projeto
Cidadão do amanhã entre 2001 a 2011 e atua como professor de música da escola CREART
desde 2011 e na Escola Municipal São José em Lajes Pintadas/RN desde 2014. Foi Presidente
da Associação Musical de Santa Cruz (2008-2012). É Coordenador do Festival Maestro
Felinto Lúcio Dantas, 2010 – 2018.
A professora Samira Delgado, diretora do IFRN campus Santa Cruz/RN comenta o
trabalho realizado pelo maestro:
[...] esse é um aspecto muito positivo que eu tenho visto o trabalho do Camilo, além
de articular apresentações diversas na cidade, até fora da cidade, a realização do
festival de bandas acho que é uma coisa assim fundamental para a difusão do
trabalho, não só da banda de música de Santa Cruz, mas as outras também que
acaba criando um público bem maior, então acho que esse trabalho se destaca e
essencialmente pela qualidade musical que vem alcançando com o resultado da
banda. Desta forma destaco bastante o trabalho dele por essa questão formativa, de
público, de músicos e da qualidade musical” (SAMIRA DELGADO, 2018)
24 Ver imagem 25 no capítulo “ICONOGRAFIA DA BANDA DE MÚSICA...”
36
4.5 – Minha Experiência
Minha experiência com a Banda de Música Mestre João Roberto Paz e União foi de
grande importância para mim, seja no aspecto pessoal, na minha formação cidadã, formação
como ser humano, assim como no profissional, pois foi onde aprendi música, teoria musical e
tive várias experiências musicais que construíram o profissional que sou hoje.
O meu primeiro contato com a música foi na minha infância, quando eu e meu primo
Jofran tocávamos Flauta Doce de forma, que posso dizer “estar brincando”. Então minha
primeira experiência musical se deu com a troca de informações, brincando na minha
infância. Em 2004, eu estava matriculado no Projeto Cidadão do Amanhã, ainda com 09 anos
de idade, este projeto foi desenvolvido pela ACT – Associação Comunitária do
Desenvolvimento do Trairi que aos poucos foi se desvinculando passando a ser a Prefeitura
Municipal a responsável por administrar o projeto.
Haviam várias oficinas culturais e modalidades esportivas em que cada aluno deveria
escolher para praticar uma modalidade esportiva e uma oficina cultural, no qual eu participei
da Capoeira (depois mudei para o Futsal) e a oficina de Flauta Doce com o professor Alex
Araújo. Eu e meu primo Jofran, destacávamos nesta turma devido as experiências no
instrumento que tínhamos antes de ingressar no projeto. O professor ao perceber nosso
interesse pela música intensificou nossas aulas com teoria musical, linguagem e estruturação
musical e solfejo. No fim desde ano já tínhamos um repertório de chorinhos e músicas da
MPB tocados na Flauta Doce e fazíamos apresentações representando a instituição em
diversas partes da cidade.
No ano seguinte (2005), houve então a indicação do professor Alex para ingressarmos
na Banda de Música do projeto onde se deu a escolha do meu instrumento, o Saxofone. Na
época eu era muito pequeno, sofria de asma, minha mãe até perguntava aos médicos se o fato
de tocar um instrumento poderia prejudicar com a doença, mas até nesse aspecto a música foi
boa para mim, quando os médicos afirmavam que tocar um instrumento seria bom para minha
recuperação, por fim as limitações foram ficando para trás com o passar do tempo.
Toquei na Banda de Música pela primeira vez em 01 de setembro de 2005, na ocasião
da abertura da semana da pátria na cidade. O repertório, muito semelhante ao atual,
tocávamos dobrados, valsas, músicas da MPB e sucessos nacionais e internacionais. Quando
entrei na banda, ela não tinha sede próprio, mas pouco tempo depois a prefeitura alugou um
prédio da Rua Elói de Souza para servi de sede exclusivamente da banda. Os ensaios e aulas
37
da Banda aconteciam mais no turno da noite. Em 2008, o maestro Camilo nos incentivou a
fazer o curso técnico em música na Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, junto ao incentivo o maestro elaborou aulas para pudéssemos nos preparar para a
prova teórica e prática. Essas experiências fizeram com que o nível de amizade entre mim e o
maestro crescesse a cada dia, hoje ele é o meu padrinho de crisma. Em 2009 ingressei na
EMUFRN onde conclui o Curso Técnico em Música com habilitação em Saxofone no ano de
2011. Posteriormente ingressei no curso técnico em Regência concluído em 2014 e no
Bacharelado em Música concluído em 2015. Atualmente sou aluno do curso de Licenciatura
em Música, todos os cursos realizados na mesma instituição de ensino.
A Banda de Música abriu os caminhos para seguir na carreira musical e sempre
com os conselhos e ensinamentos do maestro foi me aperfeiçoando na música até me
profissionalizar na área. Essa belíssima profissão que em alguns momentos é árdua, mas ao
mesmo tempo gratificante. Então participei de vários grupos musicais da cidade de Santa
Cruz como a Orquestra Freviação, grupos da igreja, etc. assim como participai de grupos da
EMUFRN: Bando de Sax (Octeto de Saxofone da UFRN) desde 2012, a Banda Sinfônica, fiz
Concertos de Câmara e Solo.
Um dos momentos mais interessantes na experiência com bandas de música, é
o intercâmbio cultural promovidos pelos festivais e encontros de bandas, eventos
extremamente importantes na formação do músico.
Atuo profissionalmente com a música, onde sou professor e maestro no
Colégio CEDAP desde 2012, atuei em várias escolas do município de Santa Cruz como
Monitor do Programa Mais Educação nas escolas: Escola Municipal Palmira Barbosa, Escola
Estadual Quintino Bocaiuva, Escola Estadual José Bezerra Cavalcanti. Fui professor também
da Banda Marcial da Escola CREART entre outros projetos. As mais novas experiências são
a de Maestro da Banda Filarmônica de Boa Saúde e de Professor da disciplina Arte na Escola
Municipal João de Oliveira Confessor na Zona Rural de Santa Cruz.
38
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base na compreensão dos fundamentos e pressupostos teóricos estudados nesse
trabalho foi possível pensar a relação entre a cultura de bandas de música, a educação musical
e o papel da banda na sociedade, como também temas e aspectos importantes na construção
desta pesquisa. Além das reflexões advindas materiais teóricos e da contextualização histórico
utilizou-se também da metodologia científica, mais especificamente de estudo de caso que
possibilitou processo de coleta de dados, assim como análise e organização do material.
A partir da verificação de produções bibliográficas, configurou-se a primeira parte
deste trabalho visando a construção de um material fundamentador, através da
contextualização histórica da cultura de Banda no Brasil, enfatizando algumas características
desta manifestação no estado do Rio Grande do Norte e/ou atividades desenvolvidas por elas,
e por meio desta análise e de experiências explicitar a formação do caráter, da formação
pessoal e cidadã do indivíduo através do papel desenvolvido com a Banda de Música.
Foi observado a inter-relação entre a sociedade e a Banda de Música Mestre João
Roberto Paz e União da Cidade de Santa Cruz/RN. Ao seu percurso histórico e sua relevância
para sociedade, assim como a relevância da sociedade para com a banda. Descrevendo os
ensaios, atuação, perfil e atividades desenvolvidas.
Através do contato com objeto de estudo foram verificadas as estruturas físicas,
documentais, de recursos humanos singular da prática da cultura de banda de música. Quanto
ao repertório, foi possível constatar uma diversidade de gêneros musicais como já é
característico de bandas: dobrados, valsas, boleros, marchas, músicas religiosas... a banda de
música de Santa Cruz agora apresenta um repertório além do tradicional, com músicas atuais
da Música Popular Brasileira e sucessos nacionais e internacionais. Desde muito tempo a
cultura de banda de Santa Cruz tem-se caracterizado com marchas e desfiles, alvorada e
retretas.
A partir desta investigação evidenciou-se o valor que a banda possui na comunidade
observando o carinho expressado pela sociedade santacruzence que reconhece o trabalho
desenvolvido pela banda de música, por seus componentes e pelo Maestro Camilo e assim
como, também outros trabalhos paralelos como Associação Musical de Santa Cruz e a
orquestra freviação, todos importantes na educação artística e musical, na formação pessoal e
na preservação da Cultura.
39
No entanto, quero aqui registrar, com plena certeza, que os benefícios da banda de
música aqui citados, através das experiências vivenciadas dos participantes desta pesquisa e
em decorrência das atividades da BMMJRPU permeiam também na minha formação pessoal
e profissional. E dizer da oportunidade que tive, através desta pesquisa, de conhecer melhor o
grupo do qual participo há mais de uma década.
Por fim, espera-se que os resultados tenham sidos satisfatórios com relação aos
objetivos desta pesquisa, isto é, a atenção de um olhar acadêmico-científico sobre a relevância
do trabalho realizado pela BMMJRPU - Banda de Música Mestre João Roberto Paz e União
de Santa Cruz/RN, suas práticas musicais, educacionais e sociais.
40
6. ICONOGRAFIA DA BANDA DE MÚSICA MESTRE JOÃO ROBERTO PAZE
UNIÃO – BMMJRPU
Imagem 01. Banda de música em 1956. Entre os músicos: Deusdete, Raimundinho,
Landilino, Manoel Pataca.
Fonte: Foto cedida por Fernanda Soares, musicista da BMJRPU desde 2015.
Imagem 02. Banda de música de Santa Cruz em 03.10.1956.
Fonte: Foto cedida por Fernanda Soares, musicista da BMJRPU desde 2015.
41
Imagem 03. Músicos em pé: Miguelão, Omar e Jurandir. Sentados: Everaldo e Deusdete.
Fonte: Jurandir Freitas
Imagem 04. Músico Jurandir Freitas – Sax-Tenor (ingressou na primeira formação da banda
em 1956 e permaneceu até a saída do maestro Deusdete)
Fonte: Jurandir Freitas
42
Imagem 05. Músicos que tocavam em comício
Fonte: Jurandir Freitas
Imagem 06. Orquestra Social de Santa Cruz (07/04/1965)
Fonte: Jurandir Freitas
43
Imagem 07. Orquestra
Fonte: Jurandir Freitas
Imagem 08. Músicos da Orquestra Freviação (2007) – Alexsander, Maestro Camilo,
Washington, Jofran e Alex.
Fonte: Washington Silva
44
Imagem 09. Orquestra Freviação (2009)
Fonte: http://orquestrafreviacao.blogspot.com/2009/
Imagem 10. Banda de Música (década de 70/80)
Fonte: Jurandir Freitas
45
Imagem 11. Banda de Música (década de 70/80)
Fonte: Foto cedida por Álvaro Ribeiro, músico da BMJRPU desde 2015.
Imagem 12. Banda de Música (década de 70/80)
Fonte: Foto cedida por Álvaro Ribeiro, músico da BMJRPU desde 2015.
46
Imagem 13. Banda de Música (década de 70/80)
Fonte: Foto cedida por Álvaro Ribeiro, músico da BMJRPU desde 2015.
Imagem 14. Banda de Música (entre 1996 – 2002)
Fonte: Sérgio Luiz da S. Rocha
47
Imagem 15. Banda de Música (entre 1996 – 2002)
Fonte: Sérgio Luiz da S. Rocha
Imagem 16. Banda de Música (entre 1996 – 2002)
Fonte: Sérgio Luiz da S. Rocha
48
Imagem 17. Banda de Música (entre 1996 – 2002)
Fonte: Sérgio Luiz da S. Rocha
Imagem 18. Banda de Música na abertura da festa da padroeira em 2015
Fonte: F Chagas Jr Fotografias
49
Imagem 19. Banda de Música
Fonte: Alexsander Dantas
Imagem 20. Banda de Música no 6° Festival Maestro Felinto Lúcio Dantas em 2015
Fonte: F Chagas Junior
50
Imagem 21. Banda de Música no 7° Festival Maestro Felinto Lúcio Dantas em 2016
Fonte: Arquivo da Banda de Música
Imagem 22. Orquestra Freviação em 2012 no projeto “Frevo na Feira”
Fonte: http://orquestrafreviacao.blogspot.com/
51
Imagem 23. Orquestra Freviação em 2012 no carnaval promovido pela prefeitura
Fonte: http://orquestrafreviacao.blogspot.com/
Imagem 24. Maestro Camilo dando aula a uma nova saxofonista (2018)
Fonte: Camilo Dantas
52
Imagem 25. Maestro Camilo
Fonte: Maestro Camilo
53
Imagem 26. Primeira apresentação com a Banda de Música em 01/09/2005
Fonte: Washington Silva
54
Imagem 27. Jofran no Clarinete e Washington no Sax (Primos)
Fonte: Washington Silva
55
Imagem 28. Maestro Camilo, Jofran, Washington e Alex (professores e alunos)
Fonte:Washington Silva
56
REFERÊNCIAS
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uma banda civil para a comunidade de Parnamirim/RN. Natal, 2011. 49f.: il. Monografia
(Licenciatura em Música) - Escola de Música, Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
BRASIL. Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrada ao Ensino Médio:
Documento Base. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Profissional e
Tecnológica. Brasília, 2007. Disponível em: <
http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf/documento_base.pdf > acesso em 26/09/2018.
BRUM, Oscar da Silveira. Conhecendo a banda de música, fanfarras e andas marciais:
histórico, organização, instrumentação, orquestração e regência. São Paulo: Ricordi
Brasileira, 1988.
DANTAS, Gilvânia Flávia de Lima. Ensino de música para crianças na Banda de Cruzeta
– RN: um relato de experiência. Natal, 2014. 32 f.: il. Monografia (graduação) –
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Escola de Música, 2014.
FONTOURA, Marcos Aragão. A Banda da Polícia Militar do Rio Grande do Norte:
música e sociedade. 2011. 136 f.: il. Dissertação (Mestrado) - Curso de Música, Universidade
Federal da Paraíba, João Pessoa, 2011.
_________. Glória feita de música: os 10 anos da Banda da Polícia no RN. Natal: FJA,
2017.
FRADKIN, Eduardo. Qual a diferença entre uma orquestra filarmônica e uma sinfônica:
entenda por que as orquestra no mundo têm nomes diferentes. Publicado entre
27/06/2018 e 28/06/2018. Disponível em <https://oglobo.globo.com/cultura/musica/qual-
diferenca-entre-uma-orquestra-filarmonica-uma-sinfonica-22825709> Data do acesso:
13/11/2018.
FUNDAÇÃO JOSÉ ALGUSTO. Personalidade Histórica: Felinto Lúcio Dantas.
Disponível em <
http://adcon.rn.gov.br/ACERVO/secretaria_extraordinaria_de_cultura/DOC/DOC0000000001
08337.PDF > acesso em 30/10/2018.
GOIS, Diego Marinho de. Jardim do Seridó: a construção dos espaços públicos na Veneza
Seridoense nas primeiras décadas do século XX. 2012. 162f.: il. Dissertação (Mestrado) –
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes.
Programa de Pós-graduação em História. – Natal, RN, 2012.
KLEBER, Magali. Música e projetos sociais. In: SOUZA, Jusamara; et al. Música, Educação
e projetos sociais. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2014. Páginas 27 - 50.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia
científica. – 7. Ed. –São Paulo: Atlas, 2010.
LIMA, Ronaldo Ferreira de. Bandas de músicas, escolas de vida. Natal: EDUFRN, 2015.
57
PENNA, Maura. Música (s) e seu ensino. 2. ed. ver. e ampl.- Porto Alegre: Sulina, 2012.
PRIOLLI, Maria Luiza de Mattos. Princípios Básicos da Música para a Juventude 2º
volume. 13º edição. Rio de Janeiro: Editora Casa Oliveira de Músicas LTDA, 1953.
PROJETO DE CULTURA POTIGUAR. Maestro Deusdete (Santa Cruz/RN). Publicado
em 2 de mar de 2011. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=q_92cFZBZbw&list=PL40AEAECF4FE22D16> .
Acesso em 09 de novembro de 2018.
REIS, Cap. Dalmo da Trindade. Bandas de música fanfarras e bandas marciais. Rio de
Janeiro: Eulenstein Musica S. A., 1962.
SANTOS, Edgar. Santa Cruz: nossa história, nossa gente... Santa Cruz/RN: Supercopia
Gráfica Express, 2010.
SILVA, Jesiel Bezerra da. Santa Cruz a gente não esquece: a história de um povo contada
por pessoas apaixonadas por sua terra. Santa Cruz/RN: KMP Gráfica & Editora, 2003.
SOUZA, Jusamara. Música em projetos sociais: a perspectiva da sociolodia da educação
musical. In: SOUZA, Jusamara; et al. Música, Educação e projetos sociais. Porto Alegre:
Tomo Editorial, 2014. Páginas 11 – 26.
XAVIER, Antonio Carlos. Como fazer e apresentar trabalhos científicos em eventos
acadêmicos: [ciências humanas e sociais aplicadas: artigo, resumo, resenha, monografia,
tese, dissertação, tcc,projeto, slide]; ilustrações, Karla Vidal. – Recife: Editora Rêspel, 2010.
YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos; trad. Daniel Grassi - 2.ed. - Porto
Alegre: Bookman, 2001.
58
ANEXOS
59
ANEXO 01
60
ANEXO 02
61
62
APÊNDICES
63
Apêndice 1. Termo de Consentimento
TERMO DE CONSENTIMENTO
Eu, _____________________________________________________________,
portador(a) da identidade nº_______________________, telefone n° _________________
residente e domiciliado no município de ___________________________, estou sendo
convidado por José Washington da Silva, brasileiro, portador da identidade nº 3.058.558
SSP/RN, e do telefone n° (84) 99979-6227, residente e domiciliado na Rua Vicente da Costa
Palma,67, Maracujá, CEP 59200-000, Santa Cruz/RN, aluno do Curso de Licenciatura em
Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a participar de sua
pesquisa sobre a Banda de Música Mestre João Roberto Paz e União (Banda de Música de
Santa Cruz/RN), que está sendo conduzida sob a orientação da Profa. Tamar Genz Gaulke,
docente efetiva da instituição supracitada.
Tendo compreendido previamente a natureza desta pesquisa, declaro que autorizo a
referido pesquisador a utilizar dos registros realizados através do questionário na plataforma
online do Google Drive para componentes da Banda de Música, no período de 26/10/2018 à
04/11/2018, assim como também o questionário impresso para os pais e/ou membros da
família dos componentes da Banda de Música no período de 31/10/2018 à 07/11/2018. Cedo
ainda, ao pesquisador, em caráter universal e definitivo, a totalidade de meus direitos
patrimoniais de autor sobre a entrevista oral prestada, no dia ____/____/_____, na cidade de
________________, cujo registro foi feito por meio de gravador de áudio digital em
smartphone e poderá ser utilizado integralmente ou em partes, após passar por um processo de
textualização, de modo a tornar o texto mais claro e compreensível, obedecendo às
orientações da escrita formal. Permito a utilização da totalidade dos registros aqui
mencionados, para fins de estudos, pesquisas, elaboração de trabalho de conclusão de curso e
quaisquer outras publicações a partir da presente data, em meio impresso e/ou eletrônico, em
todo território nacional ou no exterior. Autorizo o uso do meu nome e de outros dados de
identificação, sempre que houver necessidade.
Enfim, após ser orientado quanto ao teor de todo o aqui mencionado, manifesto meu
livre consentimento em participar, estando totalmente ciente de que não há nenhum valor
econômico, a receber ou a pagar, por minha participação.
Santa Cruz/RN, ____ de _______________ de 2018.
____________________________________________
Assinatura do(a) participante
____________________________________________
Assinatura do pesquisador responsável
____________________________________________
Assinatura da orientadora
64
Apêndice 2. Termo de Consentimento para participantes menores de idade
TERMO DE CONSENTIMENTO
Eu, _____________________________________________________________,
responsável legal pelo(a) participante
_____________________________________________________________ portador(a) da
identidade nº_______________________, telefone n° _________________ residente e
domiciliado(a) no município de ___________________________, convidado(a) por José
Washington da Silva, brasileiro, portador da identidade nº 3.058.558 SSP/RN, e do telefone
n° (84) 99979-6227, residente e domiciliado na Rua Vicente da Costa Palma,67, Maracujá,
CEP 59200-000, Santa Cruz/RN, aluno do Curso de Licenciatura em Música da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a participar de sua pesquisa sobre a Banda de
Música Mestre João Roberto Paz e União (Banda de Música de Santa Cruz/RN), que está
sendo conduzida sob a orientação da Profa. Tamar Genz Gaulke, docente efetiva da
instituição supracitada.
Tendo compreendido previamente a natureza desta pesquisa, declaro que autorizo a
referido pesquisador a utilizar dos registros realizados através do questionário na plataforma
online do Google Drive para componentes da Banda de Música, no período de 26/10/2018 à
04/11/2018, assim como também o questionário impresso para os pais e/ou membros da
família dos componentes da Banda de Música no período de 31/10/2018 à 07/11/2018. Cedo
ainda, ao pesquisador, em caráter universal e definitivo, a totalidade de meus direitos
patrimoniais de autor sobre a entrevista oral prestada, no dia ____/____/_____, na cidade de
________________, cujo registro foi feito por meio de gravador de áudio digital em
smartphone e poderá ser utilizado integralmente ou em partes, após passar por um processo de
textualização, de modo a tornar o texto mais claro e compreensível, obedecendo às
orientações da escrita formal. Permito a utilização da totalidade dos registros aqui
mencionados, para fins de estudos, pesquisas, elaboração de trabalho de conclusão de curso e
quaisquer outras publicações a partir da presente data, em meio impresso e/ou eletrônico, em
todo território nacional ou no exterior. Autorizo o uso de nome e de outros dados de
identificação, sempre que houver necessidade.
Enfim, após ser orientado quanto ao teor de todo o aqui mencionado, manifesto meu
livre consentimento, estando totalmente ciente de que não há nenhum valor econômico, a
receber ou a pagar, por esta participação.
Santa Cruz/RN, ____ de _______________ de 2018.
____________________________________________
Assinatura do (a) participante
____________________________________________
Assinatura do responsável legal do (a) participante
____________________________________________
Assinatura do pesquisador responsável
____________________________________________
Assinatura da orientadora
65
Apêndice 3. Questionário – Componente da Banda
Questionário para coleta de dados – Componente da Banda Nome Completo: Idade: Instrumento: Profissão:
1. Como você aprendeu música? 2. Como foi o seu primeiro contato com a Banda? 3. Como foi o seu ingresso na Banda? Em qual ano? 4. Descreva os ensaios e as aulas de música. Quais os dias, horários, etc. 5. Tocou ou Toca em algum outro grupo musical? 6. Qual seu instrumento? Toca outro? 7. Por que escolheu entrar na BMMJRPU? 8. Como era a Banda quando você começou a tocar? Quantos músicos? Como
era a disciplina (comportamento nos ensaios e apresentações; atenção nas ordens do maestro)? Uniformes? Instrumentos?
9. Desde que você entrou na Banda, o repertório/instrumentação tem mudado ao longo dos anos ou permanece com os traços tradicionais?
10. Cite locais e eventos que a Banda toca com mais frequência. E lugares que ficaram marcados em sua trajetória com a Banda.
11. O que você pensa sobre a música como profissão? 12. A música pode contribuir para a formação profissional e cidadã? Por quê? 13. Como as autoridades (representantes de instituições públicas e privadas,
prefeitura, vereadores, etc...) Relacionam-se com a Banda? 14. Em sua opinião, qual a importância da Banda para a sociedade? 15. E qual a importância da sociedade para a Banda? 16. Qual a importância da Banda para você? 17. Quais lições de vida a Banda/Música proporcionou a você? 18. Como é a relação Professor-Aluno? 19. Comente o trabalho desenvolvido pelo maestro. 20. Mais algum comentário que considere importante para essa pesquisa...
66
Apêndice 4. Questionário – Pais e/ou familiares
Questionário para coleta de dados – Pais e/ou familiares de Componente da
Banda Nome Completo: Idade: Profissão: Grau de parentesco: Componente da banda:
1. Como foi o seu primeiro contato com a Banda? Há quanto tempo conhece o trabalho da Banda?
2. O que pensa sobre a participação de filhos e/ou familiares na banda? Você influenciou nessa participação?
3. Como era a Banda de quando você a conheceu? E como é agora?
4. O que você pensa sobre a música como profissão?
5. A música pode contribuir para a formação profissional e cidadã? Por quê?
6. Na sua opinião, qual a importância da Banda para você, para eventos, para a
sociedade e para o município de Santa Cruz?
7. Você gosta do repertório/músicas executadas pela Banda?
8. Qual a sensação ao ouvir a banda tocar?
9. Comente o trabalho desenvolvido pelo maestro.
10. Mais algum comentário que considere importante para essa pesquisa...
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Apêndice 5. Estrutura da Entrevista - Maestro
Entrevista – MAESTRO
Nome Completo: Idade: Profissão:
1. Como foi o eu primeiro contato com a Banda? 2. Como foi o seu ingresso na Banda? Em qual ano? 3. Descreva os ensaios e as aulas de música. Quais os dias, horários e
metodologias utilizadas. 4. Quantos alunos a banda atende? 5. Tocou ou Toca (ou exerce a função de maestro) em algum outro grupo
musical? 6. Como era a Banda quando você começou a tocar? Quantos músicos? Como
era a disciplina (comportamento nos ensaios e apresentações; atenção nas ordens do maestro)? Uniformes? Instrumentos?
7. Desde que você entrou na Banda, o repertório/instrumentação tem mudado ao longo dos anos ou permanece com os traços tradicionais? Como se dá a escolha do repertório?
8. Cite locais e eventos que a Banda toca com mais frequência. E lugares que ficaram marcados em sua trajetória com a Banda. Participações significativas na sua opinião.
9. Cite Festivais, Encontros, Seminários e eventos similares sobre Banda de Música que você conhece.
10. O que você pensa sobre a música como profissão? Os integrantes tocam profissionalmente (1ª ou 2ª profissão)?
11. A música pode contribuir para a formação profissional e cidadã? Por quê? 12. Como as autoridades (representantes de instituições públicas e privadas,
prefeitura, vereadores, etc...) Relacionam-se com a Banda? 13. Em sua opinião, qual a importância da Banda para a sociedade? 14. E qual a importância da sociedade para a Banda? 15. Qual a importância da Banda para você? 16. Quais lições de vida a Banda/Música proporcionou a você? 17. Quais são os principais desafios que se encontra na banda? 18. Como é a relação Professor-Aluno? 19. Comente o trabalho desenvolvido e a participação dos integrantes. 20. Mais algum comentário que considere importante para essa pesquisa...
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Apêndice 6. Estrutura da Entrevista – Sociedade em geral
Entrevista para coleta de dados – Representantes de Instituições e da
Sociedade Santacruzenses Nome Completo: Idade: Profissão: Instituição:
1. Como foi o eu primeiro contato com a Banda? Há quanto tempo conhece o trabalho da Banda?
2. Como era a Banda de quando você a conheceu? E como é agora? 3. O que você pensa sobre a música como profissão? 4. A música pode contribuir para a formação profissional e cidadã? Por quê? 5. Na sua opinião, qual a importância da Banda para você, para eventos, para a
sociedade e para o município de Santa Cruz? 6. Você gosta do repertório/músicas executadas pela Banda? 7. Qual a sensação ao ouvir a banda tocar? 8. O que você faria ou sugeria fazer para contribuir com o trabalho desenvolvido
pela Banda? 9. Comente o trabalho desenvolvido pelo maestro. 10. Mais algum comentário que considere importante para essa pesquisa...