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UNIVERSIDADE PAULISTA Campus de Jaboticabal MÓDULO 2 Departamento de Produção Vegetal DISCIPLINA: TEMA: PROFESSORES: EDIÇÃO: 03 Silvicultura Dendrologia Rinaldo César de Paula Sérgio Valiengo Valeri Atualizada e ampliada 2 0 1 6 1. Dendrologia Dendrologia significa estudo das árvores. Do grego: dendro - árvore; logos estudo, tratado. O termo foi proposto pelo naturalista italiano Ulisse Aldriovandi, em 1668 (SOUZA, 1973). Dendrologia é a parte da Silvicultura que inclui os estudos morfológicos, anatômicos, fisiológicos e de classificação sistemática das árvores. unesp FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS Árvore é um vegetal perene que produz lenho secundário e atinge altura mínima de oito metros na fase adulta. Partes integrantes da árvore: raiz, caule e copa 2. Componentes da Árvore Raízes pivotantes são aquelas em que há predominância do eixo principal sobre as raízes secundárias. A raiz principal penetra verticalmente no solo, emitindo raízes secundárias finas, em direção oblíqua. Ocorrem na maioria das essências florestais: eucalipto, jatobá, jequitibá, entre outras. Raízes superficiais são aquelas em que as raízes secundárias se desenvolvem com a mesma força que a principal, próximas à superfície do solo. As espécies que possuem este tipo de raízes podem ser plantadas em solo raso, mas dependem de chuvas regulares durante o ano. Espécies de coníferas são exemplos, como de gênero Pinus. O sistema radicular fixa a árvore ao solo de onde retira, por meio dos pelos absorventes, água e sais minerais indispensáveis à sua vida.

UNIVERSIDADE PAULISTA Campus de Jaboticabal · Crescimento do Caule . Altura e diâmetro . Anéis de crescimento . Cerne e alburno . Planos de observação e composição do lenho

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UNIVERSIDADE PAULISTA

Campus de Jaboticabal

MÓDULO 2

Departamento de Produção Vegetal

DISCIPLINA:

TEMA:

PROFESSORES:

EDIÇÃO: 03

Silvicultura

Dendrologia

Rinaldo César de Paula

Sérgio Valiengo Valeri

Atualizada e ampliada

2

0

1

6

1. Dendrologia

Dendrologia significa estudo das árvores. Do grego: dendro - árvore; logos – estudo,

tratado. O termo foi proposto pelo naturalista italiano Ulisse Aldriovandi, em 1668 (SOUZA,

1973). Dendrologia é a parte da Silvicultura que inclui os estudos morfológicos,

anatômicos, fisiológicos e de classificação sistemática das árvores.

unesp

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS

Árvore é um vegetal

perene que produz

lenho secundário e

atinge altura mínima

de oito metros na fase

adulta.

Partes integrantes da

árvore: raiz, caule e

copa

2. Componentes da

Árvore

Raízes pivotantes são aquelas em que há predominância do eixo principal sobre as

raízes secundárias. A raiz principal penetra verticalmente no solo, emitindo raízes

secundárias finas, em direção oblíqua. Ocorrem na maioria das essências florestais:

eucalipto, jatobá, jequitibá, entre outras.

Raízes superficiais são aquelas em que as raízes secundárias se desenvolvem com a

mesma força que a principal, próximas à superfície do solo. As espécies que possuem

este tipo de raízes podem ser plantadas em solo raso, mas dependem de chuvas

regulares durante o ano. Espécies de coníferas são exemplos, como de gênero Pinus.

O sistema radicular fixa a

árvore ao solo de onde retira,

por meio dos pelos

absorventes, água e sais

minerais indispensáveis à sua

vida.

2

O estudo do sistema radicular das espécies florestais interessa ao silvicultor por lhe dar

subsídios para a escolha do tipo de solo onde as mesmas devam ser cultivadas.

A morfologia do caule está correlacionada principalmente com os aspectos de utilização

comercial da madeira. O Fuste é a parte do caule comercializável, desprovida de ramos

laterais. Além do caule, os demais componentes da árvore são considerados resíduos da

exploração florestal.

As características morfológicas das folhas, bem como a arquitetura da copa das árvores estão

correlacionadas com aspectos fisiológicos, como aproveitamento da luz solar, que têm

implicações na escolha de espaçamento de plantio.

Tronco de angico Tronco de eucalipto

Caule é a parte da árvore que fica entre as raízes e a copa. Tem as funções de

sustentação (da copa), de condução (da seiva) e de armazenamento (de substancias

de reserva). É a parte da árvore que fornece a madeira, sendo, portanto a mais

importante.

Copa é a parte da árvore constituída pelos ramos, flores, folhas e frutos. Tem as funções

de fotossíntese, respiração e transpiração.

farinha-seca Cupressus

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3. Crescimento do Caule

. Altura e diâmetro

. Anéis de crescimento

. Cerne e alburno

. Planos de observação e composição do lenho

O crescimento em altura ocorre graças aos meristemas apicais, que mantêm sua atividade

durante toda a vida da árvore.

O crescimento em diâmetro ocorre devido à atividade do câmbio, que é um tecido

meristemático secundário.

O câmbio produz células para o interior que formam o lenho ou xilema e também para o

exterior, que formam o liber ou floema.

A cada camada de lenho que o câmbio forma para dentro, ele vai sendo empurrado para fora,

e o diâmetro do tronco é aumentado.

A espessura do xilema é muito superior à do floema, porque são produzidas mais células de

xilemas do que floema e porque após aproximadamente um ano, o floema perde sua

atividade fisiológica e se desloca para o exterior, integrando-se à casca que se descama

periodicamente.

Anel de crescimento do lenho formado na Primavera e verão

Traqueídeo de comprimento menor, maior largura e parede mais fina, componente do anel

formado na primavera/verão, de coloração mais clara. Fonte: Lepage et al. (1986)

Primavera/Verão

- Gema apical produz maior

quantidade de auxina

- Crescimento vegetativo

intenso

- Células de maior diâmetro

- Maior lúmem

- Menor comprimento

- Paredes mais finas

- Menos denso

- Anel primaveril, ou inicial

ou precoce

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Anel de crescimento do lenho formado outono e inverno

Traqueídeo de comprimento maior, menor largura e parede mais grossa, componente do anel

formado no outono/inverno, de coloração mais clara. Fonte: Lepage et al. (1986)

4. Composição do Caule

O caule é composto de três partes, que aparecem num corte transversal, do interior para o

exterior: medula, lenho e casca.

Medula é um tecido meristemático primário, localizado na região central em toda a extensão

do tronco. É de diâmetro reduzido, porque perde logo a capacidade de se dividir. É de

pequena importância.

Lenho ou Xilema é a parte do caule localizado entre a medula e a casca. É formado pelas

células que o câmbio produz para o lado de dentro, onde o câmbio é um tecido meristemático

secundário. Tem as funções de sustentação, armazenamento e condução de seiva bruta. É a

parte mais importante do caule, fornecendo a madeira.

Outono/Inverno

Menor produção de auxina

em relação à giberelina

- Células de menor

diâmetro

- Menor lúmem

- Maior comprimento

- Paredes mais espessas

- Mais denso

- Anel outonal, ou tardio ou

estival

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Lenho ou Xilema

Cerne

- Parte interna do lenho

- Fisiologicamente inativo

- Impregnado de substâncias corantes

- Células lignificadas

- Em geral, mais escuro

- Menos permeável

- Mais comercial

- Função mecânica

- Em geral de maior densidade

Alburno

- Parte externa do lenho (lenho jovem

- Fisiologicamente ativo (células vivas)

- Função: condução e armazenamento

- Mais claro

- Mais permeável

- Menos comercial

- Susceptível a organismos deterioradores

(xilófagos)

- Menor densidade

Componentes do caule em seção transversal, radial (no sentido das células do raio da medula

à casca) e tangencial aos anéis de crescimento. Fonte: Burger e Richter (1991).

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Fonte: Taylor at al. (1978)

A casca é dividida em duas partes. A interna, denominada de floema, tem as funções de

proteção ao lenho e de condução da seiva elaborada. A parte externa da casca é inativa

fisiologicamente e provém do líber ou floema, também tem a função de proteção do lenho e

recebe o nome de ritidoma.

Ritidoma

Floema

Casca:

Células do câmbio

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5. Planos de Observação do Caule

Secção de caule (tronco) de uma conífera, mostrando os planos de corte e/ou observação: X -

transversal, R - longitudinal radial, T - longitudinal tangencial. Fonte: Ilustração Kimura, L.

(BOTOSSO, 2009).

X - Secção Transversal ou de Topo, o corte é feito perpendicular às fibras e ao eixo maior

do caule. Nesta secção, a disposição dos tecidos é melhor observada. Podem ser observados

os raios, canais de resina (nas coníferas), parênquima radial e axial, traqueídeos e fibras

librioformes dos anéis primaveril e outonal, poros (nas folhosas).

R - Secção Longitudinal – radial, o corte é feito paralelo ao eixo maior do tronco, paralelo

aos raios lenhosos em um plano passando pela medula e perpendicular aos anéis de

crescimento.

T - Secção Longitudinal – tangencial, o corte é feito paralelo ao eixo maior do caule,

perpendicular à direção dos raios lenhosos e tangencial aos anéis de crescimento. Podem ser

observados os traqueídeos e as fibras.

1 Siau (1971), citado por Lepage et al. (1986).

1. SIAU, J. F. Flow in wood. Syracuse,: Syracuse University Press, 1971. 131p. il.

X

R

T

Siau (1971)1

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6. Estrutura Anatômica do Lenho

Madeira de Coníferas

Pinus sylvestris

Fonte: Taylor et al. (1978).

Lenho de conífera. Fonte: Panshin e Zeeuw (1970)1, citado por IPT (1988).

1 - PANSHIN, A. J.; ZEEUW, C. Textbook of wood technology. 3. ed. New York: McGraw-Hill,

1970, v. 1 (McGraw-Hill Series in Forest Resourses).

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A organização estrutural das madeiras de coníferas é relativamente simples. É constituída de

traqueídeos (90 a 95% do volume) e de parênquima axial e radial.

Traqueídeos ou fibra-traqueídeos são células alongadas sem perfurações nas extremidades

e providas de pontuações em suas paredes. Têm as funções de condução e sustentação. As

fibras de coníferas são considerados fibras-longas, cujo comprimento varia de 2 a 6 mm e a

largura de 35 a 45 , podendo chegar a 10 mm (Araucaria).

Fonte: 1 Siau (1971), citado por Lepage et al. (1986)

1. SIAU, J. F. Flow in wood. Syracuse,: Syracuse University Press, 1971. 131p. il.

10

Lenho de uma conífera nos três planos de observação. Fonte: Taylor et al. (1978).

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Madeiras de Folhosas

As folhosas representam um estágio mais evoluído no Reino Vegetal. Têm tecidos mais

especializados e estrutura mais complexa do que as coníferas, pois apresentam um maior

número de tipos de células em sua composição. A função de sustentação é desempenhada

pelas fibras, enquanto que a de condução é desempenhada pelos vasos.

Lenho de uma folhosa nos três planos de observação. Fonte: Esau (1974).

12

Lenho de uma folhosa nos três planos de observação. Fonte: Taylor et al. (1978).

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Fibra da Madeira de Folhosa

As fibras de folhosas são células alongadas com as extremidades afuniladas, havendo as

fibras libriformes que apresentam pontuações simples, e os fibros-traqueídeos com

pontuações areoladas, extremidades mais arredondadas e paredes mais finas. São

consideradas fibras curtas, cujas dimensões variam de 0,7 a 1,5 mm de comprimento e de 15

a 25 de largura.

A estrutura de madeira de eucalipto é composta por 65% de fibras (fibras librioformes e

fibro-traqueídeos), 17% de vasos e 18% de células parenquimatosas (axial e radial).

Elementos constituintes do

xilema de uma folhosa:

A, B, C – elementos de

vaso largos;

D, E, F – elementos de

vaso estreitos;

G - traqueídeos;

H - fibro-traqueídeos;

I - fibra-libriforme;

J - células de parênquima

radial;

K – células de parênquima

axial.

Os elementos vasculares

apresentam as extremidades

perfuradas, através das quais

ligam-se a outros elementos

vasculares, formando

tubulações longitudinais

chamadas vasos. São vistos

na secção transversal do

caule como poros.

Fonte: Esau (1974).

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Fonte: Sjöstrom (1981)

1, citado por Lepage et al. (1986)

Do exterior para o interior de uma fibra (célula da madeira), aparecem a lamela média, a

parede celular propriamente dita e o lúmen. A parede celular é subdividida em parede

primária e secundária. A lamela média está localizada entre as células, sendo formada

basicamente por lignina. A parede primária contém pequena porcentagem de celulose (5 a

10%) e alta porcentagem de lignina (60 a 75%). A parede secundária é formada de 3

camadas, denominadas S1, S2 e S3.

As camadas S1 e S3 são de espessura equivalente, muito menor que a espessura da camada

S2. Como a maior parte da parede celular é formada pela camada S2, as características dessa

camada influem nas características da madeira.

A parede secundária apresenta em torno de 50% de celulose, 30% de hemiceluloses e 20%

de lignina.

1. SJÖSTROM, E. Wood chemistry: fundamentals and applications. New York: Academic

Press, 1981. 1121p.

Estrutura da parede celular de

uma fibra:

ML – lamela média;

P – parede primária;

S1 – camada externa;

S2; camada secundária média;

S3 – camada secundária interna;

W – verugas cerosas do lúmen.

Industrialmente, celulose é

conceituada como uma pasta

composta por fibras de madeira.

Dependendo do processo de

fabricação da celulose a pasta é

mecânica ou química.

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7. Ramificação

Os ramos laterais de uma árvore se desenvolvem a partir de gemas existentes nas axilas das

folhas. A morfologia do caule é amplamente determinada pela ramificação, que pode ocorrer

de duas maneiras: monopodial e simpodial.

A ramificação monopodial ocorre quando durante o desenvolvimento da árvore predomina

sempre o eixo principal, por atividade de uma única gema, a apical, a exemplo das espécies

dos gêneros Eucalyptus, Pinus e Araucaria.

A ramificação simpodial ocorre quando cessa em determinada época a atividade da gema

apical e desenvolvem-se sucessivamente várias gemas secundárias. À pequena altura do solo,

o caule se divide em dois ou mais ramos, que por sua vez se ramificam várias vezes. Ocorre

com a maioria das espécies florestais brasileiras, como os ipês, pau-ferro, paineira e fruteiras

como a mangueira.

8. Forma das Árvores

Forma específica: A árvore apresenta forma específica quando cresce isoladamente,

recebendo luz plenamente; os ramos laterais são bem desenvolvidos e persistentes. A

árvore adquire a forma típica da espécie. Eucalipto-de-flor-vermelha, Jardim Escola

Secundária Domingos Sequeira - Leiria, Portugal.

Ramificação monopodial Ramificação simpodial

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Povoamento de Corymbia citriodora (ex Eucalyptus citriodora), sob regime de regeneração:

talhadia sob alto fuste. As árvores de talhadia são provenientes de rebrota com idade de 10

anos e as arvores de alto fuste são provenientes de mudas por sementes com idade de 36

anos. O eucalipto na forma de povoamento adensado adquire a forma florestal e a

ramificação tende a ser monopodial, possui raízes profundas e a raiz principal é pivotante,

sendo assim, deve ser cultivado em solos com mais de 2 m de profundidade, dependendo da

espécie, pois já aos cinco anos de idade, o eucalipto apresenta raízes de mais de dois metros

de comprimento Andrade (1961). De modo geral as espécies de eucalipto são exigentes em

fertilidade do solo.

Copa de Corymbia citriodora na forma florestal, arboreto FCAV/Unesp em 2014.

A árvore apresenta forma florestal quando cresce integrando um maciço florestal; ela

apresenta um fuste longo, livre de ramos laterais até determinada altura do solo, encimado

por uma pequena copa.

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Folhosa: Machaerium scleroxylon

Caviúna-com-espihos, no Arboreto

da FCAV em 2014. Mesmo em

ambiente de floresta artificial

adensada, pela alta herdabilidade

quanto à forma de ramificação,

apresenta ramificação simpodial.

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19

Espécies do gênero Pinus possui raízes fasciculadas e exploram um rio de mais de 13 m

de solo ao redor da árvores, podendo ser cultivado em solos mais rasos e de menor

fertilidade do que o eucalipto. Assim, o Pinus é mais frugal do que o eucalipto.

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9. Classificação das Essências Florestais

. Quanto à Longevidade

. Quanto à Sociabilidade

. Quanto à Frugalidade

. Quanto à Naturalidade

. Quanto à Tolerância

. Quanto à Resistência

. Quanto à Morfologia

. Quanto ao Grupo Ecológico

Classificação das Essências Florestais

Quanto à longevidade (capacidade da espécie de se manter com vida): pequena longevidade

(vivem menos de 100 anos), longevidade média (vivem de 100 a 200 anos) e de grande

longevidade (vivem mais de 200 anos).

Quanto à sociabilidade: sociais, quando possuem a capacidade de formar povoamentos

homogêneos. Angico, pinheiro-brasileiro, pinus e eucalipto são espécies sociais. As

essências disseminadas não formam povoamentos homogêneos, como o cedro (sua

população é controlada pela broca da mariposa Hypsiphyla grandella Zeller, que se alimenta dos

meristemas apical e dos ramos.

Quanto à frugalidade (exigência da espécie em fertilidade do solo) : as espécies frugais são

de pequeno consumo de nutrientes, como angico, faveiro, barbatimão e pinus. As espécies de

frugalidade média são de consumo médio de nutrientes, como aroeira, angico, gonçalo-alves.

Uma espécie não frugal é de grande consumo de nutrientes do solo, como cedro, peroba e

jequitibá.

Quanto à naturalidade: as espécies nativas ou indígenas são aquelas integrantes da

vegetação natural do país. As espécies exóticas são aquelas trazidas de outros países. Uma

espécie nativa ou exótica pode ser classificada como introduzida, caso seja plantada fora de

sua zona de ocorrência natural. As espécies introduzidas podem ser adaptadas ou não

adaptadas, em função do seu comportamento na nova região de plantio.

Quanto à tolerância (habilidade das espécies de sobreviverem e crescerem à sombra de

outras): as espécies tolerantes se adaptam à sombra ou à luz difusa, como cedro, cinamomo e

guarantã. As espécies intolerantes exigem bastante luz ou luminosidade para se

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desenvolverem, como pinus e eucalipto.

Quanto à resistência: as essências florestais podem ser resistentes, de resistência média e

não resistentes aos diversos fatores como seca, vento, calor, frio, geada, fogo, solos úmidos,

pragas e moléstias.

Quanto à morfologia: as essências são classificadas em dois grandes grupos morfológicos:

coníferas e folhosas. As coníferas são também chamadas de resinosas, por possuírem, no

tronco, canais especializados no armazenamento de resinas. Possuem folhas persistentes e

com limbo pouco desenvolvido. De formato simples, são geralmente lineares e com a forma

de agulha sendo conhecidas como acículas. Produzem falsos frutos com forma simples e

característica, como o estróbilo e o cone ou pinha.

As coníferas não se regeneram do toco após o corte da árvore, havendo entretanto exceções

como a Cunninghamia lanceolata. Produzem madeira clara e mole, com fibras longas.

As folhosas ou latifoliadas possuem folhas persistentes ou caducas, com limbo bem

desenvolvido e de diferentes formas. Possuem frutos verdadeiros e de diferentes formas

como cápsula, vagem e sâmara.

As folhosas se regeneram da touça após o corte e geralmente produzem madeira mais escura

e dura, com fibras curtas.

Coníferas

Folhosas

- Resinosas

- Folhas

- persistentes

- limbo pouco desenvolvido

- simples

- lineares ou em forma de agulhas

- Falso fruto (estróbilo e o cone ou pinha)

- Não se regeneram do toco, com algumas

exceções, como Cunninghamia lanceolata.

- Madeira clara e macia

- Fibras longas. 2 a 6 mm

- Latifoliadas

- Folhas

- persistentes ou caducas

- limbo desenvolvido

- forma variada

- Frutos verdadeiros e de diferentes formas

- Regeneram do toco

- Madeira mais escura

- Fibras curtas: 0,7 a 1,5 mm

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Grupos Ecológicos

1. Pioneiras:

• Sementes – pequenas; dormentes; alta longevidade; dispersão por animais; necessitam de

luz para germinar; banco de sementes do solo.

• Plântula/Planta: rápido crescimento; produção contínua de sementes; ciclo de vida curto;

pequeno porte; modificadoras do ambiente; Ex.: Cecropia; Croton sp; Mimosa scabrella,

Trema micrantha.

2. Secundárias:

• Sementes - aladas; curta longevidade; poucas reservas; dispersão por vento ou animais;

não dormentes; oportunistas de clareira; banco de plântulas.

• Plântulas/Plantas - necessitam de luz para desenvolver. Ex.: Centrolobium tomentosum,

Chorisia speciosa; Inga sp; Tabebuia chrysotricha

3. Climácicas:

• Sementes – grandes; baixa longevidade; em geral não dormentes; germinam à sombra.

• Plântula/Planta - crescimento lento; tolerantes; precisam de luz para a fase reprodutiva.

Ex: Hymenaea sp; Lecythis pisonis, Genipa americana.

Familia: Taxodiaceae

Sinónimos: Cunninghamia lanceolata

Nombre común: Cuningamia

Lugar de origen: Especie originaria de

China. Etimología: Cunninghamia, género

dedicado a James Cunninghame, cirurgião

chinês, que enviou plantas à Inglaterra.

Lanceolata, do latim lanceolatus-a-um, de

forma lanceolada, referindo-se às suas

folhas.

Cupuaçu (Theobroma grandiflorum)

Ocorrência – Região Amazônica,

principalmente no Estado do Pará.

Outros nomes - cupuaçu-verdadeiro,

Características – espécie com altura de

4 a 8 m (até 15 m na mata alta), dotada

de copa alongada ou piramidal.

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Fontes de Imagens

Eucalipto-de-flor-vermelha:

http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://bp0.blogger.com/__Cp74pn-

pns/Ro2VyWxYKUI/AAAAAAAAC4I/gX_8Gl9e3e8/s400/DSC_0050.JPG&imgrefurl=

http://dispersamente.blogspot.com/2007_07_01_archive.html&usg=__472SJsMubnfy_F

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BR&start=81&tbnid=LCZedJVXGKP-

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%26ndsp%3D20%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DN%26start%3D80

Eucalipto na forma específica:

http://images.google.com.br/images?gbv=2&hl=pt-

BR&q=Eucalipto+isolado&sa=N&start=0&ndsp=20

Embaúba:

http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://img208.imageshack.us/img208/2521/e

mbaubathumb1.jpg&imgrefurl=http://natural.enternauta.com.br/plantas-

medicinais/embauba-propriedades-

medicinais/&usg=__BS35ZGrVPWHRuNZWH2L8lMVZrRU=&h=247&w=244&sz=29

&hl=pt-

BR&start=6&tbnid=oixPH_EV_dvg_M:&tbnh=110&tbnw=109&prev=/images%3Fq%3

DEmba%25C3%25BAba%26gbv%3D2%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DG

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PRODEPEF/PNUD/FAO/IBDF/BRA-45, 1976. 145p. (Série Divulgação, 13).

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TAYLOR, G. et al. La madera. Barcelona: Blume, 1978. 274p.

Questionário

1. O que é dendrologia?

2. Qual a importância dos estudos sobre sistema radicular e forma da copa das

árvores?

3. Como se dá o crescimento em altura e em diâmetro nas árvores?

4. Por que em condições tropicais os anéis de crescimento geralmente não são

visíveis?

5. Por que o anel primaveril (ou inicial) é mais largo e menos denso que o outonal

(ou tardio)? Justifique.

6. Por que o cerne é mais resistente ao apodrecimento do que o alburno?

7. Como podemos determinar a idade de uma árvore?

8. Entre as coníferas e as folhosas, qual tem a estrutura anatômica do lenho mais

complexa? Justifique.

9. Como ocorre a variação de lignina e de celulose nas diferentes camadas da parede

celular? Justifique.

10. Para objetivos comerciais (p.ex.: serraria, produção de celulose ou carvão, dentre

outros), é mais interessante que a espécie tenha ramificação monopodial ou

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simpodial? Justifique.

11. Por que as espécies arbóreas, em geral, diferem quanto à forma específica e

florestal?

12. Por que para algumas espécies arbóreas não é possível formar florestas comerciais

monoespecíficas?

13. Por que para algumas espécies arbóreas há grande mortalidade quando se efetua o

plantio a pleno sol? Em qual grupo ecológico isto é mais comum?

14. Que espécie é mais frugal? Angico-do-cerrado ou angico vermelho? Eucalyptus sp

ou Pinus sp?

15. A que grupo ecológico pertencem as árvores de alta longevidade?

16. Qual a origem da denominação “coníferas” para algumas espécies arbóreas?

17. Por que as coníferas produzem “falsos frutos”?

18. A que grupo morfológico pertencem as espécies que produzem celulose de fibras

longas?

19. Como se dá o processo de regeneração natural/sucessão ecológica?

20. Por que o cedro não apresenta sociabilidade?

21. O cupuaçu é uma árvore? Morfologicamente, a que classe de essência florestal se

enquadra?

Teste de Asserção e Razão

Responda as questões de 1 a 15, preenchendo os espaços entre parênteses do quadro final

de respostas com as letras:

(A) Se as duas proposições (P1 e P2) forem corretas e a segunda justifica a primeira;

(B) Se as duas proposições (P1 e P2) forem corretas e a segunda não justifica a

primeira;

(C) Se a primeira proposição (P1) for correta e a segunda (P2) incorreta;

(D) Se a primeira proposição (P1) for incorreta e a segunda (P2) correta;

(E) Se a primeira (P1) e a segunda (P2) proposições forem incorretas.

1. (P1) Dendrologia é a parte da Silvicultura que inclui os estudos morfológicos,

anatômicos e de classificação sistemática das árvores. (P2) Estes estudos são importantes

para escolha de espécies, definir técnicas silviculturais como plantio, condução e

exploração florestal, e tratamento preservativo da madeira.

2. (P1) Pinus apresenta raiz pivotante profunda. (P2) Eucalipto produz raízes superficiais e

não apresenta raiz pivotante principal.

3. (P1) A morfologia do caule está correlacionada com os aspectos de uso comercial da

madeira. O fuste é a parte do caule comercializável, desprovida de ramos laterais (P2).

4. (P1) O crescimento em altura da árvore ocorre graças ao câmbio. (P2) O câmbio é um

tecido meristemático secundário.

5. (P1). O câmbio é responsável pelo crescimento em diâmetro das árvores (P2) O câmbio

produz mais células para o interior que forma o xilema do que para o exterior que forma o

floema.

6. (P1) O floema perde a sua função de transporte da seiva elaborada após

aproximadamente um ano e se desloca para o exterior. (P2) Ritidoma é a casca espessa e

persistente resultante da morte do floema, e tem a função de proteção do lenho.

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7. (P1) O anel de crescimento de inverno tem maior densidade do que o anel de verão. (P2)

No inverno, a baixa temperatura podendo estar associada à seca, há menor atividade

biológica da árvore, há menor produção de auxina em relação à giberelina, as paredes das

células são mais espessas.

8. (P1) O anel primaveril ou de verão é formado por células de paredes mais finas e o

tecido é menos denso do que o anel de inverno. (P2) No verão o crescimento vegetativo é

intenso, a gema apical produz maior quantidade de auxina.

9. (P1) O alburno é a parte interna do lenho. (P2) O alburno é mais escuro e apresenta

maior densidade do que o cerne.

10. (P1) O cerne tem função mecânica e apresenta células lignificadas. (P2) O cerne tem

menor valor comercial do que o alburno para construção civil.

11. (P1) Os anéis de crescimento são observados principalmente no corte tangencial do

caule. (P2) As coníferas apresentam fibras mais longas do que as folhosas.

12. (P1) As características da camada S2 das fibras influem nas características da madeira.

(P2) A maior parte da parede celular é formada pela camada S2, que apresenta cerca de

50% de celulose, 30% de hemicelulose e 20% de lignina nas madeiras de folhosas.

13. (P1) As madeiras de folhosas, como do gênero Eucalyptus, produzem celulose de

qualidade para papéis de escrita, pois apresentam fibras curtas. (P2) As madeiras de

coníferas, como do gênero Pinus sp, produzem celulose de qualidade para papéis

higiênicos e de embalagens (sacolas e sacos de lojas e supermercados), pois apresentam

fibras longas.

14. (P1) Fruteiras como a mangueira e árvores das espécies brasileiras como ipês e paineira

apresentam ramificação monopodial. (P2) Espécies de Araucária, Pinus e Eucalyptus

apresentam ramificação simpodial.

15. (P1) A ramificação monopodial ocorre quando durante o desenvolvimento da árvore

predomina sempre o eixo principal. (P2) Nesse tipo de crescimento do caule há predomínio

de atividade de uma única gema, a apical.

Quadro de Respostas

1. ( ) 2. ( ) 3. ( ) 4. ( ) 5. ( )

6. ( ) 7. ( ) 8. ( ) 9. ( ) 10. ( )

11. ( ) 12. ( ) 13. ( ) 14. ( ) 15. ( )

ATENÇÃO: Quando as duas alternativas são corretas, procure responder as questões

colocando um porque entre as afirmativas P1 e P2 para verificar se a segunda justifica a

primeira. Só consulte o gabarito, na página seguinte, após preencher o quadro de

respostas acima.

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Gabarito

1. ( A ) 2. ( E ) 3. ( B ) 4. ( D ) 5. ( A )

6. ( B ) 7. ( A ) 8. ( A ) 9. ( E ) 10. ( C )

11. ( D ) 12. ( A ) 13. ( B ) 14. ( E ) 15. ( A )