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UTILIZAÇÃO DO MÉTODO PILATES NO TRATAMENTO DA LOMBALGIA EM PRIMIGESTA: RELATO DE CASO V CONGRESSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA DE JUNDIAÍ - 2010 ¹Milena Carrijo Dutra 2 Fernanda Romano da Silva e Oliveiro, ³Jamiler Macedo Antunes ¹Especialista em Fisioterapia Músculo Esquelética pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo-ISCMSP 2 Especialista em Atividade Física adaptada e Saúde pela Universidade Gama Filho UGF ³Especialista em Educação Física Adaptada pela Universidade Gama Filho-UGF

UTILIZAÇÃO DO MÉTODO PILATES NO TRATAMENTO DA … · A pain lumbar is also very common in women pregnant, the numerous physiological changes, anatomic and organic, ... Questionário

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UTILIZAÇÃO DO MÉTODO PILATES NO TRATAMENTO DA LOMBA LGIA EM

PRIMIGESTA: RELATO DE CASO

V CONGRESSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA DE JUNDIAÍ - 2010

¹Milena Carrijo Dutra 2Fernanda Romano da Silva e Oliveiro, ³Jamiler Macedo

Antunes

¹Especialista em Fisioterapia Músculo Esquelética pela Irmandade da Santa Casa

de Misericórdia de São Paulo-ISCMSP 2Especialista em Atividade Física adaptada e Saúde pela Universidade Gama Filho UGF ³Especialista em Educação Física Adaptada pela Universidade Gama Filho-UGF

Introdução: O Método Pilates é um importante trabalho de educação

corporal que visa à reabilitação, cinestesia, alinhamento postural, flexibilidade,

consciência corporal e o condicionamento físico e mental. A dor lombar é muito

comum em mulheres gestantes, devido as inúmeras modificações fisiológicas,

anatômicas e orgânicas que ocorrem no período gestacional, as quais favorecem

ao desequilíbrio postural e biomecânico do sistema músculo esquelético.

Objetivo: investigar a eficácia do Método Pilates na redução do quadro álgico

lombar gestacional. Metodologia: Esta pesquisa se refere a um estudo de caso,

sexo feminino, primigesta, 25 anos, com sintoma de lombalgia. Os exercícios em

solo foram aplicados em trinta aulas, duas vezes semanais, com duração de uma

hora. Para coleta de dados, foram aplicados um escala analógica de dor e o

questionário de Oswestry, onde a voluntária deu a classificação da intensidade da

dor, sendo avaliada antes e depois ao programa de exercícios. Conclusão: a

aplicação do Método Pilates, trouxe alívios importantes nos quadros álgicos da

gestante participante deste estudo. Observou-se que a elaboração direcionada de

exercícios específicos para a estabilização da coluna pode ser uma medida de

extrema importância e necessária para reabilitação nos casos de lombalgias no

período gravídico.

[email protected]

ABSTRACT

Method Pilates is an important body education work aimed at rehabilitation,

cinestesy, flexibility, postural alignment, body awareness and physical and mental

conditioning. The low back pain is characterized by pain in the pelvic region lombo

– and being pathology of high incidence among the population, causing the inability

to move work etc. Despite there is a consensus that determine the prevalence of

low back pain In gestation, authors searched show pregnant every ten are eight

seized by pathology. A pain lumbar is also very common in women pregnant, the

numerous physiological changes, anatomic and organic, postural imbalance, and

favours to biomechanical. Its source in non communicable, however, many

researchers report on its work, that instance in people with life sedentary lifestyle.

The method Pilates is a techinique very used to this type pathology, because

method calls the central region of the body (abdomen). This search refers to a

case study, in which, had the participation of an individual, bhimeswara, pregnancy

and carrier low back pain. The goal os this work is to investigate if the Pilates

method can promote the reduction of voluntary pain of frames. The work was

applied the frequency of thirty lessons in the period August to October 2009,

double weekly. For data collection were applied an analog scale for pain and

Oswestry questionnaire, where voluntary gave the classification of intensity pain,

being evaluated before and after applied exercises programme whit order to

verifyeffectiveness of the same.

Key words: Low Back Pain, Pregnancy;Pilates

INTRODUÇÃO

A lombalgia é conceituada como toda condição de dor e/ou rigidez,

localizada na região inferior do dorso, em uma área situada entre o último arco

costal e a prega glútea. É freqüentemente acompanhada pela lombociatalgia, que

se constitui de dor que se irradia daquela região para um ou ambos os membros

inferiores (Sperandio et al., 2004).

Na grande maioria das vezes, a dor se relaciona com problemas mecânicos

da coluna vertebral, isto é, com defeitos na sua função. A dor lombar baixa

resultante destes problemas é o mais comum de todos os sintomas

musculoesquelético. Tem sido estimado que 80% de adultos, pelo menos uma vez

em suas vidas, irão sofrer um ou mais episódios de dor na coluna severamente

suficiente para que parem de trabalhar temporariamente (Salter, 2001).

Aproximadamente 50% a 75% das mulheres experimentam algum tipo de

dor nas costas em alguma fase de sua gravidez, acarretando em prejuízo ou

limitação em suas atividades domésticas e profissionais. A dor lombar é

considerada três vezes mais comuns entre mulheres grávidas quando comparada

ao resto da população (Sperandio et al., 2003).

As mudanças anatômicas ocorridas durante a gestação podem causar

alterações no andar da gestante contribuindo para uma variedade de condições de

uso excessivo do sistema músculo-esquelético. As exigências que essas

mudanças fazem sobre a mulher nunca devem ser subestimadas. Sendo que para

a metade de todas as gestantes esse acontecimento é inevitável, existindo,

porém, falta de conhecimento sobre patogenia e as manifestações clínicas

(Polden & Maltle, 1997).

A postura da gestante está influenciada pela modificação do centro de

gravidade, que apresenta uma tendência em deslocar-se para frente, devido ao

crescimento útero-abdominal e o aumento ponderal das mamas. Para compensar,

o corpo projeta-se para trás, favorecendo o aumento da lordose lombar, amplia-se

o polígono de sustentação, os pés se distanciam e as escápulas se dirigem para

trás, a porção cervical da coluna condensa-se e alinha-se para frente. No cotidiano

da mulher gestante trabalhadora essas modificações têm aumentado a fragilidade

da musculatura compensatória das regiões lombossacra e cervical, o que tem

dificultado o desempenho profissional com lombalgias e cervicalgias freqüentes

(Baracho,2002).

Apesar de não existir um consenso que determine a prevalência da

lombalgia na gestação, os autores pesquisados revelam que de cada dez grávidas

oito são acometidas pela patologia. Segundo Sperandio et al.,(2004), mais de um

terço das mulheres grávidas se referem a lombalgia como um problema severo,

que interfere em suas atividades de vida diária e capacidade de trabalho, além de

contribuir para insônia por se manifestar durante a noite.

Ostgaard & Lee afirmam que o desconforto na coluna lombar pode ocorrer,

tanto devido ao ganho de peso durante a gestação, quanto às alterações

hormonais que diminuem a estabilidade da articulação sacro-ilíaca. O peso

adicional adquirido durante a gestação aumenta a carga sobre as estruturas do

sistema músculo-esquelético, mesmo ao realizar atividades diárias consideradas

leves (Ferreira & Nakano, 2001; Sperandio et al., 2003).

Segundo Ostgaard HC, Andersson GBJ, Karlsson K (2001) existe uma

banalização das queixas durante a gestação, principalmente no que se diz

respeito à lombalgia, que é considerada por muitos como sendo uma

característica inerente ao período gestacional. Essa visão contribui para a

reduzida busca de terapêuticas que visem minimizar o quadro álgico dessas

mulheres. A inatividade física está direta ou indiretamente relacionada com dores

na coluna.

Porém, com o grande avanço tecnológico, as informações tornaram-se mais

acessíveis e as próprias mulheres têm buscado alívio para seus incômodos. A

aplicação de um programa de exercício físico, principalmente na forma de grupos

específicos para grávidas, tem sido um caminho tanto buscado quanto indicado

para essas mulheres (Khanna N. 1998).

Segundo Balogh A. (1998) O Método Pilates, tem efeitos positivos quando

utilizado em gestantes. Estas buscam o Método devido à leveza dos movimentos,

e através dele obtêm relaxamento e aumento na abertura da caixa torácica, devido

à respiração. Além disso, por trabalhar a musculatura abdominal e do assoalho

pélvico, há prevenção da diástase abdominal e da incontinência urinária.

O Método Pilates desenvolvido por Joseph Pilates no início da década de

20 tem como base um conceito denominado de contrologia. Segundo Pilates,

contrologia é o controle consciente de todos os movimentos musculares do corpo.

É a correta utilização e aplicação dos mais importantes princípios das forças que

atuam em cada um dos ossos do esqueleto, com o completo conhecimento dos

mecanismos funcionais do corpo, e o total entendimento dos princípios de

equilíbrio e gravidade aplicados a cada movimento, no estado ativo, em repouso e

dormindo (Kolyniak, 2004).

O Método Pilates compreende seis princípios: concentração, centro,

controle, precisão, respiração e fluxo. O princípio do centro é o objetivo primário

do conceito do Método Pilates. São três efeitos que o Método Pilates descreve

sobre a saúde e integridade do powerhouse: o seu efeito sobre a postura pélvica,

o efeito sobre a coluna vertebral e o efeito sobre a integridade postural ou tônus

da cavidade abdominal pélvica. A soma total desses três efeitos é para criar o que

pode ser a terminologia da postura powerhouse de Pilates (Muscolino, 2004)

Segundo Bittar, (2003) assinala “[...] O Método tem proposta reabilitadora

aliando a prática física ao relaxamento mental, ensinando as gestantes a

conhecerem melhor o seu corpo e a se sentirem preparadas e confiantes em si

mesmas. A praticante reorganiza o seu centro de força, como o abdome, quadril e

lombar, através de uma prática variada com poucas repetições, concentração,

precisão de movimentos e fluidez melhorando a postura e minimizando as

compensações típicas desse período gestacional; previne e/ou ameniza as dores

na coluna vertebral; alonga e relaxa os músculos; fortalece a musculatura perineal

preparando para o parto e pós-parto; estimula a circulação; desenvolve a

consciência corporal; melhora a respiração; aumenta a sensação de bem estar,

além de otimizar a auto - estima. Percebe-se que o Método acaba apontando a

consciência corporal e o domínio cinestésico durante o movimento como

definições do seu trabalho. Tudo isso é adquirido pela educação apropriada de

idéias de tensão e relaxamento, que corrigiriam os maus hábitos assegurando

assim, uma melhor saúde. São através desses princípios de consciência corporal,

domínio cinestésico e proprioceptivo durante o movimento e repouso que o

Método é utilizado atualmente nas diversas área da reabilitação”.

A Pesquisa torna-se relevante pela carência de estudos que abordem a

prática do Método Pilates com indivíduos que apresentam lombalgia gestacional.

Logo, o objetivo deste estudo é investigar se um programa de exercício do Método

Pilates promove a diminuição da lombalgia nos dois últimos trimestres de

gestação em primigesta.

METODOLOGIA

Este estudo apresenta um delineamento experimental verdadeiro que se

caracteriza pela seleção aleatória individual equivalente para o início da

pesquisa, sendo do tipo pré - teste/ pós com o propósito de determinar o grau

de mudança produzido pela intervenção (THOMAS e NELSON, 2002).

A pesquisa trata-se de um relato de caso, no qual teve a participação de

1 voluntária (T.D) do sexo feminino, casada, primigesta, com quatro meses de

gestação, 25 anos de idade, sedentária e apresentando de lombalgia.

Como pré-requisito foi necessário que voluntária apresentasse lombalgia

durante a gestação, ser primigesta, praticasse exclusivamente o Método

Pilates, não estivesse utilizando nenhum tipo de medicamento e consentisse

em participar do estudo assinando o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido.

Por medida de segurança, a voluntária teve a liberação médica para a

realização do estudo no início do quarto mês de gravidez.

Para iniciar a elaboração do programa de exercícios foi aplicado um

Questionário de Anamnese (ANEXO I), no qual se investigou possíveis fatores

de risco que interferissem no treinamento a ser aplicado com a gestante.

Foram utilizados dois instrumentos específicos para aferição da dor: O

Questionário da Escala Visual Analógica – EVA (ANEXO II), que consiste em

auxiliar na aferição da intensidade da dor no indivíduo, classificando a dor em

leve, moderada e intensa, este, é um importante instrumento para verificar a

evolução dos quadros álgicos durante o período de aplicação do programa de

exercícios, verificando-se a eficiência do procedimento utilizado.

Também foi aplicado o Questionário de Oswestry (ANEXO III),

específico para mensurar a dor nas costas e como está afetando sua

capacidade de lidar com as tarefas da vida diária, neste existem dez

categorias, cada uma com seis respostas possíveis, deve-se escolher apenas

uma alternativa em cada categoria. A pontuação para cada escolha varia de

zero (primeira alternativa em cada categoria), para cinco (quinta categoria

resposta de cada categoria). Assim, a maior pontuação possível é 50 (100%).

A interpretação sugerida para Escala de Oswestry é a seguinte: 0 - 20 %

- incapacidade mínima; 20 - 40% incapacidade moderada; 40 - 60% -

incapacidade importante; 60 - 80% - incapacitado e 80 -100% - restrito ao leito.

A mesma classificou no pré-teste incapacidade moderada.

O Questionário para Escala de Oswestry foi aplicado duas vezes ao mês

no período das aulas, sendo no primeiro dia do mês e último para verificação

da evolução da voluntária.

Todo processo de intervenção prática ocorreu no Estúdio Corpore

Pilates, na cidade de Salvador-Ba, as aulas aconteceram nos meses de Agosto

à Outubro de 2009, totalizando 30 aulas dentro desse período, cada aula teve

em média uma hora de duração.

O Método compreende a utilização de acessórios alguns equipamentos

e acessórios como: bola suíça 65 e 75 cm; theraband; Flex Ring Toner (círculo

mágico); bastões; rolo proprioceptivo; bolinhas de tênis; meia lua; halteres para

(membros superiores); tornozeleira para (membros inferiores) e foram

selecionados exercícios nos aparelhos também próprios do Método Pilates, tais

como: Reformer, Combo Chair, Cadilac, Wall Unit e Ladder Barril, da marca

PhisioPilates®. Para melhor entendimento dos termos utilizados neste artigo

sobre o Método Pilates consultar .

O primeiro momento iniciou-se a prática da voluntária com exercícios

preparatórios de alongamentos e aquecimentos do corpo no Mat/Solo também

denominados de Pré-Pilates: são exercícios executados para a compreensão e

treino dos princípios básicos do Método como: concentração, respiração,

centro, controle, precisão e fluxo. A primeira fase foi compreendida

fundamentalmente pelos princípios básicos do Método, sendo considerada a

etapa mais importante para o desenvolvimento e a base para o início do

trabalho muscular e corporal. .

Nas primeiras duas semanas os exercícios educativos foram:

mobilização cervical (flexão lateral, flexão e extensão no plano sagital, rotação);

massagem nos pés com bolinha de tênis; alongamento dos membros de toda

cintura escapular 3 à 4 repetições; 30 segundos de duração, estes exercícios

tinham a opção de serem executados em posição ortostática ou sentada; treino

respiratório (com ênfase na expiração); treino do assoalho pélvico com

adutores; mobilidade de região lombar (utilizando overball murcha ou tonning

ball no sacro); Basic Briding (rolamentos pélvicos na meia lua; estabilização

lombar com uma e duas pernas em decúbito dorsal ou decúbito lateral; corcel

com uma e duas pernas (trazer pernas alternada - overball, rolo) estes

exercícios eram executados em decúbito dorsal no Mat/Solo; nos aparelhos

(Reformer) – footwork series ; (Cadilac ou Trapézio) - o exercício supine

scapular series para mobilização da articulação glenoumeral, otimizando o

ritmo escapuloumeral, além de favorecer o fortalecimento de flexores e

extensores de ombro e cotovelo associado à estabilização de tronco; cada

exercício foi realizado por dez repetições em decúbito dorsal. Quanto aos

exercícios de alongamentos mmii utilizou-se variações de acessórios ou

aparelhos como: theraband, no rolo, ou aparelho Ladder Barril e Reformer para

íleo psoas e quadríceps; alongamentos de flexores laterais do tronco, da

cadeia posterior dos mmii isquiostibiais, dos adutores, tensor da fáscia lata,

glúteos, piriforme no tempo máximo de 30 segundos ao início e ao final de

cada aula

A partir da terceira aula foi mantido o programa citado anteriormente

sendo acrescentados outros exercícios no Mat/Solo: o Equilibrista (alinhamento

axial - balanço do quadril descomprimindo a sobrecarga das vértebras da

coluna, ativação de transverso com dissociação de mmii), executado em

decúbito lateral; Quadrúpede (posição inicial em quatro apoios) - ativação do

músculo transverso e com dissociação de mmii; Bent knee Fallout (borboleta:

dissociação bilateral e unilateral com pés apoiados no chão, executado em

decúbito dorsal no Mat/Solo, para mobilizar a pelve e região abdominal,

diafragma e assoalho pélvico), Rolling Back na bola: simples abdominal e

massagem na lombar; com a utilização do acessório tonning Ball abdominal

oblíquo; extensões torácicas no rolo, no banco sentada com a bola –

mobilização de coluna flexão e extensão, Mermaid (sereia sentada)

combinação de flexão e rotação; (Breathing; Círculo do Sol; Mergulho; Rolling

Back) no aparelho: Cadilac ou trapézio 3 a 4 repetições.

No aparelho Cadilac em decúbito lateral, com pernas posicionadas em

90º de quadril e joelhos (simulando a figura de uma cadeira), facilitava a

execução e dava maior conforto a mesma utilizaram-se, halteres de 1 kg e

repetições 2x10; adução de braços e tríceps; na Combo Chair - footwork series;

no banco sentada com theraband: exercícios de elevação e depressão de

ombros; adução de braços; manguito rotador; extensão de ombros;

circundução de braços; mobilização de cintura escapular e membros superiores

no Mat/Solo (openning books - eu me amo), Tendon Stretch – (bombeamento

distal, panturrilha – (na theraband, no rolo, nos aparelhos Reformer, Cadilac ou

Trapézio), 10 a 15 repetições.

Da nona até a última aula o grau de dificuldade ou a manutenção dos

exercícios era alterado de acordo com o avanço gestacional e também de

forma coerente a atender o estado físico da voluntária no dia de cada aula,

principalmente, em resposta aos exercícios no Mat/Solo. No trabalho prático

com a gestante se deve levar em consideração a alternância dos decúbitos,

buscando facilitar o posicionamento e execução dos exercícios sem

desconfortos, excluindo a possibilidade de qualquer risco de intercorrência

próprios da gestação.

As manipulações dos músculos piriforme e glúteo foram solicitadas pela

voluntária em grande parte das aulas, era uma queixa dela durante o programa

de atividades, além de dor associada com a região lombo-pélvica. O

relaxamento corporal com imagens ou músicas de meditação, também era

utilizado no programa, principalmente ao final das aulas.

Em todas as sessões os relatos da voluntária eram de diminuição dos

quadros álgicos. Para uma prática segura dos exercícios, durante a execução

dos mesmos, era necessária a ativa manutenção de um alinhamento corporal e

boa distribuição de peso, fatores estes que são reforçados pela gestação

causada pela frouxidão ligamentar e excesso de peso, sobrecarregando, a

articulação sacro-ilíaca gerando assim inflamação e dor.

RESULTADOS

A análise de forma comparativa entre o pré-teste e o pós-teste do

programa de treinamento, mostra que: ocorreu uma importante redução dos

níveis de dor na participante do estudo, conforme os gráficos constantes nas

figuras 1 e 2 em anexo.

DISCUSSÃO

Em se tratando de uma voluntária sedentária com encurtamento de cadeia

posterior, associada a todas as alterações fisiológicas e hormonais inerentes

ao estado gravídico, e que muito contribuem para o surgimento das dores

lombares. Houve uma confirmação em relação à falta de atividade os autores

(Hartmann S, Bung P,1999; Jesus GT, Marinho ISF, 2006) corroboram a

inatividade física está direta ou indiretamente relacionada com dores na coluna.

O sedentarismo, aliado à deficiência no sistema musculoesquelético e

sobrecargas na coluna tornam os indivíduos propensos a ter dor lombar ou

pélvica.

Ostgaard & Lee afirmam que o desconforto na coluna lombar pode

ocorrer, tanto devido ao ganho de peso durante a gestação, quanto às

alterações hormonais que diminuem a estabilidade da articulação sacro-ilíaca.

O peso adicional adquirido durante a gestação aumenta a carga sobre as

estruturas do sistema músculo-esquelético, mesmo ao realizar atividades

diárias consideradas leves (Ferreira & Nakano, 2001; Sperandio et al., 2003).

Seguindo a lógica das cadeias musculares do corpo humano, qualquer

mau posicionamento de um segmento corporal pode causar uma

desorganização do todo. No Método Pilates o corpo é convidado a se alinhar, a

manter essa isometria da musculatura estática organizando os tecidos ao redor

dos ossos e articulações e o resultado é uma organização biomecânica e o

movimento eficaz (Neves, 2002).

Citando Abrami; Browne (2003) Para iniciar qualquer exercício do

Método Pilates, deve ser ativado o centro de força para a estabilização do

tronco. O fortalecimento da região é uma conseqüência natural do Método.

O Método Pilates compreende seis princípios: concentração, centro,

controle, precisão, respiração e fluxo. O princípio do centro é o objetivo

primário do conceito do método Pilates. São três efeitos que o Método Pilates

descreve sobre a saúde e integridade do powerhouse: o seu efeito sobre a

postura pélvica, o efeito sobre a coluna vertebral e o efeito sobre a integridade

postural ou tônus da cavidade abdominal pélvica. A soma total desses três

efeitos é para criar o que pode ser a terminologia da postura powerhouse de

Pilates (Muscolino, 2004).

Segundo Balogh A. (1998) O Método Pilates, tem efeitos positivos

quando utilizado em gestantes. Estas buscam o Método devido à leveza dos

movimentos, e através dele obtêm relaxamento e aumento na abertura da

caixa torácica, devido à respiração. Além disso, por trabalhar a musculatura

abdominal e do assoalho pélvico, há prevenção da diástase abdominal e da

incontinência urinária.

Este foi o objetivo integridade do powerhouse o efeito positivo entre

assoalho pélvico para que de forma associada estes efeitos de dor lombar

fossem amenizadas. O movimento deve ser controlado e coordenado pela

mente, justificando a ligação com a concentração. O controle do movimento o

torna harmonioso, sem sobrecargas e compensações musculares (Camarão,

2004).

Buscando justificar a diminuição do quadro álgico e melhor realização

das atividades diárias. Os exercícios do Pilates promovem uma maior

estabilização corporal tanto estática quanto dinâmica (Anderson B.2006;

Muscolino JE, 2004), aumenta a consciência corporal e os exercícios podem

simular gestuais de atividades do dia-a-dia que no ambiente Pilates podem ser

facilitados ou dificultados pelo auxílio de molas, da respiração ou da gravidade

e assim proporcionar estratégias mais eficientes (Anderson B.2006).

De acordo com Camarão, 2004 defende que a respiração é o grande

diferencial para se obter um resultado profundo no Pilates. A respiração

estimula as células, aumenta a oxigenação do sangue, elimina gases nocivos e

junto com os exercícios, ajuda a relaxar os músculos, diminuindo o nível de

tensão, ajudando no controle dos movimentos. Segundo Craig (2005) o corpo e

a mente trabalham juntos. A cada movimento realizado é necessário que

homem crie uma sinergia entre o corpo e a mente, isso desenvolve uma maior

consciência corporal no individuo.

Observou-se ganhos desta perspectiva, menos ansiedade, sono mais

tranqüilo, menos inchaço dos mmii, o que promoveu melhor circulação.

Segundo Sperandio et al.,(2004), mais de um terço das mulheres grávidas se

referem a lombalgia como um problema severo, que interfere em suas

atividades de vida diária e capacidade de trabalho, além de contribuir para

insônia por se manifestar durante a noite.

É importante ressaltar que durante o período das sessões não

aconteceu nenhuma intercorrência, reforçando a segurança e coerência dos

exercícios selecionados e direcionados para a voluntária.

CONCLUSÃO

Através desta pesquisa, foi possível observar que a aplicação de um

programa de exercícios, baseado no Método Pilates, trouxe alívios importantes

nos quadros álgicos da gestante participante deste estudo.

Observou-se que a elaboração de um programa direcionado para a

estabilização da coluna pode ser uma medida de extrema importância e

necessária para reabilitação nos casos de lombalgias no período gravídico.

A fragilidade muscular da cintura pélvica associada com fatores

mecânicos inadequados e a todas as modificações no corpo da mulher, têm

forte influência na dor lombar. Na medida em que o fortalecimento da

musculatura do tronco ocorre a organização da postura, a gestante poderá ter

suas atividades diárias facilitadas.

Desta forma, acredita-se que o custo-benefício do exercício com objetivo

terapêutico voltado para a saúde lombar, é positivo em todas as fases da vida,

pois as síndromes lombálgicas promovem sérios problemas de incapacidade

física e conseqüentemente na motivação em realizar as atividades da vida

diária dos indivíduos.

Em razão dos resultados obtidos, tivemos indicativos de que o protocolo

utilizado foi um importante meio de intervenção não farmacológica para

redução da dor lombo-pélvica em gestantes. Porém, vale ressaltar que este

trabalho ficou limitado a um relato de caso, sendo assim, necessita-se de

novas pesquisas com grupo maior da amostra, para demonstrar a eficiência do

Método aplicado em gestantes com lombalgia e oferecer mais subsídios aos

profissionais que atuam nesta área.

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23. THOMAS, Jerry R; NELSON, Jack K. Métodos de pesquisa em atividade

física . 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.

ANEXOS ANEXO I

ANAMNESE

INFORMAÇÕES GERAIS

Data: / / Quem Colheu os Dados?

Nome: Endereço: N.º Cidade: Tel. Residencial: Tel. Celular: Sexo: ( ) Masculino ( )Feminino Idade: Profissão:

HITÓRICO DE ATIVIDADE FÍSICA Qual a sua modalidade escolhida? ( ) Musculação ( ) Qual é o seu objetivo com esta atividade física? ( ) Estetica ( )Ind. Médica ( ) Cond. Físico Atualmente já faz algum exercício físico? ( ) Sim ( ) Não Qual? Já praticou algum exercício físico? ( ) Sim ( ) Não Qual? Há quanto tempo não faz exercício físico?

( ) Menos de 6 meses ( )Menos de 1 ano ( ) Mais de 1 ano

HISTÓRICO CLÍNICO/PATOLOGICO Há quanto tempo fez o ultimo exame clínicos? ( ) 6 Meses ( ) 1 Ano ( ) Acima de 1 ano Sua Pressão Arterial é : ( ) Alta ( ) Baixa ( ) Normal Tem colestero1: ( ) Alto ( ) Baixo ( ) Normal Tem diabetes? ( ) Sim ( ) Não Tipo : ( ) I ( ) II Tem algum problema cardíaco? ( ) Sim ( ) Não Qual ? É fumante? ( ) Sim ( ) Não Sente dor no peito? ( ) Sim ( ) Não

Já sentiu seu coração falhar? ( ) Sim ( ) Não ( ) Em repouso ( ) Em atividade

Já teve alguma fratura? ( ) Sim ( ) Não Em qual local ? Tem artrite ou artrose? ( ) Sim ( ) Não Em qual local ?

Sente dores na coluna ? ( ) Sim ( ) Não Rergião ( ) Lombar ( ) Dorsal ( )Cervical

Tem algum problema de tireóide? ( ) Sim ( ) Não Qual? Tem algum problema de visão ? ( ) Sim ( ) Não Tem algum problema de audição? ( ) Sim ( ) Não Tem algum distúrbio no sono? ( ) Sim ( ) Não

Quantas horas dorme ao dia? ( )Oito horas ( )Menos de oito horas ( )Mais de oito horas

Seus tornozelos e/ou joelhos ficam inchados? ( ) Sim ( ) Não Sente câimbras freqüentes em suas pernas? ( ) Sim ( ) Não Sente dores nas pernas ao andar ( ) Sim ( ) Não

pequenas distâncias? Tem alguma alergia? ( ) Sim ( ) Não Tem algum problema respiratório? ( ) Sim ( ) Não Qual? Sente tontura? ( ) Sim ( ) Não

Sente ou já sentiu falta de ar? ( ) Sim ( ) Não ( ) Em repouso ( ) Em atividade

Já fez alguma cirurgia? ( ) Sim ( ) Não Em qual local ? Toma algum medicamento atualmente? ( ) Sim ( ) Não Qual?

Histórico Médico Familiar de: Ataque Cardíaco abaixo de 50 anos? ( ) Sim ( ) Não Quem? AVC abaixo de 50 anos ( ) Sim ( ) Não Quem? Pressão Arterial elevada? ( ) Sim ( ) Não Quem? Colesterol elevado? ( ) Sim ( ) Não Quem? Diabetes? ( ) Sim ( ) Não Quem? Obesidade? ( ) Sim ( ) Não Quem? Cardiopatia? ( ) Sim ( ) Não Quem? Algum óbito com alguma das patologias acima? ( ) Sim ( ) Não Quem?

ANEXO II

ESCALA VISUAL ANALÓGICA – EVA

A Escala Visual Analógica – EVA consiste em auxiliar na aferição da intensidade da dor no paciente, é um instrumento importante para verificarmos a evolução do paciente durante o tratamento e mesmo a cada atendimento, de maneira mais fidedigna. Também é útil para podermos analisar se o tratamento está sendo efetivo, quais procedimentos têm surtido melhores resultados, assim como se há alguma deficiência no tratamento, de acordo com o grau de melhora ou piora da dor. A EVA pode ser utilizada no início e no final de cada atendimento, registrando o resultado sempre na evolução. Para utilizar a EVA o atendente deve questionar o paciente quanto ao seu grau de dor sendo que 0 significa ausência total de dor e 10 o nível de dor máxima suportável pelo paciente. Dicas sobre como interrogar o paciente:

• Você tem dor? • Como você classifica sua dor? (deixe ele falar livremente, faça

observações na pasta sobre o que ele falar) Questione-o:

a) Se não tiver dor, a classificação é zero . b) Se a dor for moderada, seu nível de referência é cinco . c) Se for intensa, seu nível de referência é dez.

ANEXO III

FIGURAS

Figura 1: Questionário da Escala Analógica de Dor ( EVA)

Figura 2: Questionário de Oswestry

Pré-teste Pós-teste

Incapacidade moderada Incapacidade mínima