Curso de Capacitação“Atenção à Gestante e Humanização
do Parto”
Hospital Universitário
Universidade Federal do Rio Grande
Março de 2010
PELOTAS, 16.8
RIO GRANDE, 14.8
RS, 12.8
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40
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ÓB
ITO
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VIV
OS
COEFICIENTE DE MORTALIDADE INFANTIL, 1970-2008
AÇÕES PARA REDUZIR O CMI NO RIO GRANDE DO SUL
SEGUNDO SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE
• ENTRE AS PRINCIPAIS ESTRATÉGIAS PARA A REDUÇÃO DA MORTALIDADEINFANTIL ESTÃO:– Reforço do pré-natal;– Realização de exames preventivos;– Regulação de leitos (nascimento seguro); – Acompanhamento de egressos de risco e de gestação de risco
(como vulnerabilidade social);– Investigação e análise das causas do óbito infantil, fetal e
materno;– incentivo ao aleitamento materno, programa Bebê
Canguru, Bancos de Leite, Rede Amamenta Brasil;– Expansão da Estratégia de Saúde da Família (ESF) e Programa
Primeira Infância melhor (PIM);– Prevenção ao Vírus Influenza (Inverno Gaúcho) e– Capacitação dos profissionais de saúde.
INTERVENÇÕES E SEU POTENCIAL IMPACTO SOBRE A
MORBIMORTALIDADE MATERNO-INFANTIL*
• Intervenções com elevado impacto (entre 6% e 10%):
– Aumentar a cobertura e melhorar a qualidade;
– Melhorar a qualidade da assistência ao parto;
– Reduzir a prevalência de BPN (mas é difícil!);
– Melhorar o manejo de casos;
– Promover o planejamento familiar, sobretudo espaçar o intervalo interpartal;
– Reduzir a ocorrência de partos prematuros (cesariana?)
Manter os níveis alcançados, é essencial!
* CG Victora & JA Cesar , Saúde Materno-infantil no Brasil — Padrões de Morbimortalidade e possíveis intervenções;
Epidemiologia & Saúde, pags. 415-466; 2003 .
INTERVENÇÕES E SEU POTENCIAL IMPACTO SOBRE A
MORBIMORTALIDADE MATERNO-INFANTIL*
• Intervenções com médio impacto (entre 3% e 5%):
– Promover aleitamento ao seio materno;
– Introduzir vacinas anti-HIB;
* CG Victora & JA Cesar , Saúde Materno-infantil no Brasil — Padrões de Morbimortalidade e possíveis intervenções;
Epidemiologia & Saúde, pags. 415-466; 2003 .
INTERVENÇÕES E SEU POTENCIAL IMPACTO SOBRE A
MORBIMORTALIDADE MATERNO-INFANTIL*
• Intervenções com baixo impacto (entre 1% e 2%):
– Introduzir vacinas contra rotavírus;
– Melhorar a qualidade da água e saneamento;
– Prevenir lesões físicas/acidentes;
– Prevenir malformações congênitas;
– Melhorar o estado nutricional;
– Reduzir a aglomeração no domicílio;
– Reduzir o tabagismo durante a gravidez;
– Melhorar o estado nutricional materno;
– Reduzir a ocorrência de cesarianas;
* CG Victora & JA Cesar , Saúde Materno-infantil no Brasil — Padrões de Morbimortalidade e possíveis intervenções;
Epidemiologia & Saúde, pags. 415-466; 2003 .
ASSISTÊNCIA À GESTAÇÃO E AO PARTO EM RIO
GRANDE, RS: RESULTADOS DO ESTUDO
PERINATAL DE 2007
JURACI A. CESAR
RAÚL A. MENDOZA-SASSI
DIVISÃO DE POPULAÇÃO & SAÚDE
FACULDADE DE MEDICINA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE
POR QUE FIZEMOS ESTE ESTUDO?
Porque...
... a assistência a gestação ao parto envolve a quase totalidade dos cuidados em saúde materno-infantil e, por conseguinte, consome a maior dos recursos humanos e financeiros dos serviços públicos de saúde;
... não se conheciam diversos indicadores básicos de saúde materno-infantil para o município como um todo;
... pela possibilidade de implementação de medidas com impacto imediato nos indicadores de saúde infantil;
... pela necessidade de um estudo de linha de base que possibilitasse monitorar futuras intervenções em SMI.
OBJETIVOS
• Conhecer indicadores básicos relacionados à assistência à gestação e ao parto no município de Rio Grande, RS.
METODOLOGIA
POPULAÇÃO ESTUDADA E CRITÉRIOS DE ESCOLHA:
• Todas os nascimentos:
– ocorridos na Santa Casa ou no Hospital Universitário;
– entre 01/01 a 31/12 de 2007;
– com peso ao nascer igual ou superior a 500 gramas ou 20 semanas ou mais de idade gestacional;
– Filhos de mães residentes nas áreas urbana ou rural do município de Rio Grande.
METODOLOGIA
INFORMAÇÕES COLETADAS:
• Sobre as famílias:– Nível socioeconômico ;– Condições de habitação e saneamento;
• Sobre as mães:– Características demográficas;– História reprodutiva;– Hábitos de vida;– Ocupação;– Assistência recebida durante gestação e o parto;– Acesso e utilização de serviços de saúde;– Conhecimento sobre amamentação & dieta;
METODOLOGIA
INFORMAÇÕES COLETADAS:
• Sobre a criança:– Data de nascimento;– Sexo;– Peso ao nascer;– Apgar;– Exame físico: comprimento, perímetros cefálico e
torácico e circunferência abdominal.
METODOLOGIA
INTEGRANTES DA EQUIPE
• 10 entrevistadores;
• 02 graduados, atuando de segunda a sexta-feira – 40 horas por semana;
• 08 estudantes de medicina, atuando nos finais de semana e feriados;
• Treinamento durante 4 dias úteis na aplicação de questionários e na coleta de dados e
• Realização de estudo piloto;
• 02 revisores;
• 02 digitadores
• 01 para o controle de qualidade: repetição de 10% das entrevistas.
METODOLOGIA
LOGÍSTICA
• Visita diária às duas maternidades;
• Checagem no livro de baixas de parturientes;
• Visita a maternidade e quartos;
• Aplicação de questionários à mães residentes em Rio Grande;
• Codificação de questões fechadas;
• Entrega/recebimento de material na sede do projeto;
• Reuniões quinzenas com coordenadores;
• Rodízio periódico de entrevistadores entre os hospitais.
METODOLOGIA
PROCESSAMENTO DE DADOS
• Questionários foram:
– Codificados;
– Revisados;
– Duplamente digitados por diferentes pessoas e na ordem inversa;
– Comprados a cada bloco de 100 questionários;
– Corrigidos;
– Rotulados: variáveis e respectivas categorias;
– Submetidos a análise de consistência e
– Obtidas listagens de freqüência: analise descritiva.
METODOLOGIA
ASPECTOS ÉTICOS
• O protocolo de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa na Área da Saúde (CEPAS);
• Garantiu-se a participação voluntária de todas as mães;
• Todas as participantes assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido;
RESULTADOSCARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS. MÃES DE RECÉM-NASCIDOS, RIO GRANDE, RS, 2007.
Variável Percentual
Idade da mãe em anos completos
Menos de 20 (adolescentes)
20 a 24
25 a 29
30 ou mais
Média (DP)
20,2%
28,1%
24,6%
27,2%
25,6 (6,6)
Viviam com companheiro 82,8%
Cor da pele segundo a mãe:
Branca
Parda/Morena
Preta
Outra
69,2%
18,3%
12,2%
0,3%
RESULTADOSCARACTERÍSTICAS REPRODUTIVAS. MÃES DE RECÉM-NASCIDOS, RIO GRANDE, RS, 2007.
Variável Percentual
Número médio de moradores por domicílio 3,7
Número de filhos tidos vivos
Nenhum
1 a 2
3 ou mais
Média (DP)
39,6%
35,1%
25,3%
1,6 (1,7)
Mães que já tiveram pelo menos um filho nascido:
Morto
Com peso inferior a 2.500 gramas
Com menos de 36 semanas de gestação
3,5%
11,5%
11,6%
Tiveram pelo menos um aborto (espontâneo ou
provocado) 19,2%
RESULTADOSCARACTERÍSTICAS SOCIOECONÔMICAS DAS FAMÍLIAS DOS RECÉM-NASCIDOS,
RIO GRANDE, RS, 2007.
Variável Percentual
Escolaridade em anos completos
0 a 4
5 a 8
9 a 11
12 ou mais
Média (DP)
12,6%
36,1%
41,9%
9,4%
8,6 (3,5)
Completaram algum curso superior 5,3%
Renda familiar em salários mínimos mensais
0 a 0,9
1 a 1,9
2 a 3,9
4 ou mais
Média e mediana em salários mínimos mensais
14,7%
32,5%
33,7%
19,1%
2,9 e 2,1
RESULTADOSASSISTÊNCIA À GESTAÇÃO. MÃES DE RECÉM-NASCIDOS, RIO GRANDE, RS, 2007.
Variável Percentual
Realizaram pelo menos uma consulta de pré-natal 95,8%
Local de realização da maioria das consultas de pré-natal
Posto de saúde
Ambulatório
Consultório particular/convênio
Outro
39,6%
20,0%
39,0%
1,4%
Número de consultas de pré-natal realizadas:
Seis ou mais
Nove ou mais
Média (DP)
72,1%
35,4%
7,4 (3,7)
Trimestre que iniciou as consultas de pré-natal
Primeiro
Segundo
Terceiro
Média do mês de início das consultas (DP)
73,6%
23,9%
2,5%
2,8 (1,5)
RESULTADOSEXAMES LABORATORIAIS. MÃES DE RECÉM-NASCIDOS, RIO GRANDE, RS, 2007.
Variável Percentual
Foram atendidas pelo mesmo profissional durante
todo o pré-natal 76,5%
Exames laboratoriais realizados no pré-natal:
Sangue
Média (DP)
Urina
Média (DP)
HIV
Média (DP)
Sífilis
Média (DP)
Ultra-sonografia pélvica
Média (DP)
95,0%
2,9 (2,1)
94,2%
2,5 (1,8)
94,6%
1,8 (0,9)
92,4%
1,3 (0,7)
92,3%
2,9 (2,8)
Total 2557
RESULTADOSEXAMES CLÍNICOS. MÃES DE RECÉM-NASCIDOS, RIO GRANDE, RS, 2007.
Variável Percentual
Se durante as consultas de no pré-natal a gestante:
Foi pesada
Teve a altura uterina avaliada
Teve a pressão arterial verificada
Realizou exame ginecológico
Recebeu sulfato ferroso
Recebeu vitaminas
Recebeu orientação sobre amamentação
Foi questionada sobre uso de medicamentos
Foi orientada sobre risco de usar medicamentos
Teve o seio examinado
Foi orientada sobre exercício físico
94,0%
94,5%
93,9%
56,2%
59,0%
25,9%
57,0%
69,5%
76,6%
45,1%
61,0%
Total 2557
RESULTADOSASSISTÊNCIA A GESTAÇÃO. MÃES DE RECÉM-NASCIDOS, RIO GRANDE, RS, 2007.
Variável Percentual
Realizou exame citopatológico de colo uterino:
Não,
Sim, em alguma das consultas
Não, já havia realizado antes de engravidar
Imunização adequada contra tétano neonatal
40,5%
35,9%
23,5%
84,0%
RESULTADOSASSISTÊNCIA AO PARTO. MÃES DE RECÉM-NASCIDOS, RIO GRANDE, RS, 2007.
Variável Percentual
Profissional que realizou o parto
Médico
Enfermeira/Parteira
Estudante
Nenhum/Ninguém
85,3%
11,8%
2,3%
0,6%
Profissional que acompanhou a gestante no pré-parto:
Médico
Estudante
Enfermeira/Parteira
Ninguém
27,4%
16,5%
55,6%
0,4%
Tipo de parto:
Vaginal
Cesariana
48,4%
51,6%
Total 2557
RESULTADOSASSISTÊNCIA AO PARTO. MÃES DE RECÉM-NASCIDOS, RIO GRANDE, RS, 2007.
Variável Percentual
Principais razões, segundo a mãe, para realização de
cesariana: (n=1294)
Sem dilatação do colo
Distócia de apresentação
Eclampsia/pré-eclampsia
Desproporção céfalo-pélvica
Solicitação da mãe
Cesariana prévia
Laqueadura tubária
Sofrimento fetal
22,4%
10,3%
9,7%
9,3%
7,7%
7,5%
5,0%
5,0%
Foi necessário usar fórcipe (n=2557) 7,3%
Foram submetidas à episiotomia (n=1.238) 70,9%
RESULTADOSASSISTÊNCIA AO PARTO. MÃES DE RECÉM-NASCIDOS, RIO GRANDE, RS, 2007.
Variável Percentual
Profissional que atendeu o recém-nascido na sala
de parto
Pediatra
Obstetra
Estudante
Enfermeira/Parteira
Outro médico
93,0%
0,8%
0,5%
4,0%
1,3%
Tipo de assistência:
SUS
Particular
Convênio
79,1%
4,9%
16,0%
Pagaram alguma diferença em dinheiro pelo parto 1,3%
RESULTADOSCARACTERÍSTICAS DOS RECÉM-NASCIDOS, RIO GRANDE, RS, 2007.
Variável Percentual
Sexo
Masculino
Feminino
51,2%
48,8%
Peso ao nascer (em gramas)
< 2500
2500 a 2999
3000 a 3499
≥ 3500
Média (em gramas) (DP)
9,4%
22,9%
40,6%
27,2%
3172 (595)
Nasceram prematuros (<37 semanas) 16,5%
Nasceram vivos 98,5%
Índice de Apgar
>=8 no primeiro minuto
>=8 no quinto minuto
(n=2483)
82,4%
96,6%
CONCLUSÕES
Este primeiro inquérito sobre a assistência à gestação e
ao parto no município de Rio Grande mostrou:
- proporção expressiva de nascimentos ocorrendo
entre mães adolescentes;
- que a grande maioria das mães inicia as consultas de
pré-natal ainda no primeiro trimestre;
- que realiza um número suficiente de consultas que
permitiria receber todos os cuidados básicos para
um pré-natal adequado, mas que isto acontece para
vários os exames laboratoriais e parte dos exames
clínicos;
- que as coberturas para suplementação com sulfato
ferroso e imunização antitetânica são insatisfatórias;
- que a elevada ocorrência de cesariana bem como de
episiotomia foi alta e semelhante à observada em
diversas localidades.
RECOMENDAÇÕES (I)
• Universalizar a assistência à gestação e ao parto reforçando o início ainda no primeiro trimestre;
• Melhorar a qualidade do exame clínico durante as consultas de pré-natal;
• Aumentar a oferta de exames laboratoriais específicos, sobretudo VDRL e exame comum de urina – enfatizar e importância destes exames;
• Identificar gestantes de alto risco durante o pré-natal e realizar acompanhamento de forma intensificada pelo maior risco de morte que os seus filhos apresentam;
RECOMENDAÇÕES (II)
• Atuar junto aos obstetras a fim de reduzir a ocorrência de cesariana ou que, se esta vir a ocorrer, que seja após a 39ª semana de gestação, a fim de reduzir possível efeito deste procedimento a incidência de prematuridade; Desencorajar a ocorrência de gravidez na adolescência;
• Aumentar a oferta de métodos contraceptivos bem como ensinar a maneira mais adequada de utilizá-los;
• Incentivar a gravidez planejada através de campanha na mídia local e criar condições para que isto possa ser feito dentro das unidades básicas de saúde;
RECOMENDAÇÕES (III)
• Fortalecer a rede pública de saúde visto que responde por oito em cada 10 nascimentos e
• Seguir monitorando a saúde perinatal no município e, a partir dos resultados obtidos, definir as intervenções com maior potencial de impacto, estabelecer metas e juntar esforços a fim de que sejam alcançadas em um curto espaço de tempo.