Castelo Branco Científi ca - Ano IV - Nº 07 - janeiro/junho de 2015 - www.castelobrancocientifi ca.com.br 1
Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255
AS COLUNAS TEOLGÓGICAS QUE SUSTENTAM A ENCÍCLICA EGANGELII
GAUDIUM DO PAPA FRANCISCO
Giovani Marinot Vedoato�
RESUMO
O presente escrito objetiva, de maneira condensada, as principais colunas teológicas que sustentam a
Exortação apostólica Evangelii Gaudium do Papa Francisco. Um documento acerca do anúncio do
Evangelho no mundo atual.
Palavras-chaves: Evangelho. Francisco. Igreja. Papa.
ABSTRACT
The aim of this condensed way the main theological writing columns supporting the Apostolic
Exhortation Evangelii Gaudium Francisco Pope. A document about the proclamation of the Gospel in
today's world.
Keywords: Gospel. Francisco. Church. Pope.
Publicada em Roma, no ano de 2013, a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (EG), versa sobre o
anúncio do Evangelho no mundo atual. Na verdade, sobre a alegria que o Evangelho deve causar
naqueles que encontrando-se com Jesus percebem a importância de uma Igreja sempre em saída.
� O Professor Pe. Dr. Giovani Marinot Vedoato é professor de filosofia na Faculdade Castelo Branco, em Colatina – ES.
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“Quero com essa Exortação, dirigir-me aos fiéis cristãos a fim de convidá-los
para uma nova etapa evangelizadora marcada por essa alegria”�.
Qual é o motivo de vincular o tema da Alegria no anúncio do Evangelho com o da missão? Sábias são as
palavras do Papa quando diz:
“Há cristãos que parecem ter escolhido viver uma Quaresma sem Páscoa”�.
Para efeitos de uma melhor compreensão teológica, o artigo foi divido em três colunas: a primeira,
sobre a missão da Igreja como uma Igreja em saída; a segunda, sobre como anunciar o Evangelho em
tempos de crise; e, a terceira, a dimensão social da evangelização.
PRIMEIRA COLUNA: UMA IGREJA EM SAÍDA
A ideia fundamental de uma Igreja em saída centra-se em dois eixos estruturantes: o primeiro acerca de
apontar o que significa verdadeiramente uma Igreja missionária, voltada para o horizonte da
evangelização e, o segundo, a superação do medo em ser uma Igreja enclausurada, fechada sobre si
mesma.
Sobre o conceito de uma Igreja em saída, assim define a Exortação:
“A Igreja em saída é a comunidade de discípulos missionários (...) que se
envolvem, que acompanham, que frutificam e festejam (...) que tomam a
iniciativa!(...) Ela sabe ir à frente, sabe tomar a iniciativa sem medo, ir ao
encontro, procurar os afastados e chegar às encruzilhadas dos caminhos para
convidar os excluídos”�.
Na verdade, a igreja em saída evoca uma compreensão de uma Igreja de portas abertas a todos os filhos
e filhos de Deus, sem preconceito e discriminação. É uma Igreja que não quer ser o centro do mundo,
pelo contrário, ela desloca-se para as periferias do mundo, lugar onde se encontram os afastados. Daí a
lucidez missionária do Papa ao afirmar sua opção eclesiológica hoje:
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�EG 1.
�EG 6.
�EG 24
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“Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas,
a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias
seguranças”�.
SEGUNDA COLUNA: O ANÚNCIO DO EVANGELHO EM TEMPOS DE CRISE
Vivemos em tempos de crise. Crises na sociedade e crises na Igreja. Indubitavelmente uma mudança de
época como chamou atenção a Conferência de Aparecida (DAp) de 2007�. Mudança que indica para
uma viragem histórica como diz o Papa�. Viragem que observa dois movimentos: por um lado, um
movimento positivo, pois orienta para conquistas no campo das ciências e de temas tais como: direito
da mulher, minorias étnicas, ecologia e cidadania dentre outros; por outro lado, um movimento
negativo devido à crescente economia da exclusão, à desigualdade social�, à globalização da
indiferença�� e à profunda crise antropológica��.
No âmbito da Igreja, mais especificamente da fé católica, a crise também vem alargando sua marca.
Exemplo disso é o crescente aumento dos movimentos fundamentalistas��, da falta de pertença à
Igreja�� e da supremacia do administrativo sobre o pastoral��.
Como anunciar o Evangelho em tempos de crise na sociedade e na Igreja?
Um primeiro desafio importante é não tentar escapar da crise��. Cada crise, a seu tempo, tem que ser
enfrentada na busca de administração e superação.
�EG 49.
�DAp 44.
�EG 52.
�EG 53.
�EG 53.
��EG 54.
��EG 55.
��EG 63.
��EG 63.
��EG 63.
��EG 92.
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Um segundo desafio é sempre resgatar, no bojo da ação missionária, a importância da alegria do
Evangelho como elemento constitutivo da própria missão.
“A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se
encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do
pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce
sem cessar a alegria”��.
Depois, no anúncio do Evangelho, deve desenvolver tanto no interno da Igreja como da sociedade, uma
salutar capacidade de leitura dos sinais dos tempos, como das realidades que em chave social atentam
contra a humanização.
“Animo todas as comunidades a uma capacidade sempre vigilante dos sinais
dos tempos (...) Pois algumas realidades hodiernas, se não encontram boas
soluções, podem desencadear processos de desumanização (...) É preciso
esclarecer o que pode ser um fruto do Reino e também o que atenta contra o
projeto de Deus”��.
Enfim, urge cada vez mais em tempos de crise, uma missionariedade que se paute pela alegria do
Evangelho.
“Não deixemos que nos roubem a alegria do Evangelho”��.
TERCEIRA COLUNA: A DIMENSÃO SOCIAL DA EVANGELIZAÇÃO
Na dimensão social do anúncio do evangelho, alguns pontos merecem destaque:
a. Todo o povo de Deus anuncia o Evangelho.
��EG 1.
��EG 51.
��EG 83.
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“Em todos os batizados, desde o primeiro ao último, atua a força santificadora
do Espírito que impele a evangelizar”��.
b. As repercussões comunitárias e sociais do Querigma.
“O querigma possui um conteúdo inevitavelmente social: no próprio coração
do Evangelho, aparecem a vida comunitária e o compromisso com os
outros”��.
c. A inclusão social dos pobres.
“Cada cristão e cada comunidade são chamados a ser instrumentos de Deus ao
serviço de libertação e promoção dos pobres”��.
d. Evangelizadores com Espírito.
“Evangelizadores com espírito quer dizer evangelizadores que rezam e
trabalham. Do ponto de vista da evangelização, não servem as propostas
místicas desprovidas de um vigoroso compromisso social”��.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Duas reflexões servem como considerações finais do presente artigo, uma que aparece no início da
Exortação e, outra, tirada de um dos trechos da oração conclusiva.
Do início do documento vale lembrar que uma Igreja em saída, além de ser uma igreja missionaria é
uma Igreja que se apoia na alegria de anunciar o Evangelho.
“Consequentemente, um evangelizador não deveria ter constantemente
a cara de funeral”��.
��EG 119.
��EG 177.
��EG 187.
�� EG 262.
�� EG10.
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Por fim, vale resgatar um trecho da oração mariana que finaliza a Exortação:
“Estrela da evangelização,
Ajuda-nos a refulgir
Com testemunho da comunhão,
Do serviço, da fé ardente e generosa,
Da justiça e do amor aos pobres,
Para que a alegria do Evangelho
Chegue até os confins da terra
E nenhuma periferia fique privada da sua luz”��.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
CELAM, Documento de Aparecida, São Paulo: Paulinas, 2007.
PAPA FRANCISCO, Evangelii Gaudium, São Paulo: Paulinas, 2013.
��EG pg. 229.
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