APOSTILA
TEORIA MACROECONÔMICA II
ECO1217
Professor: Márcio Garcia
1º Semestre de 2012
Apresentação do curso
Conteúdo – complemento de Macro I, com ênfase em política macroeconômica em duas etapas: economia fechada e economia aberta;
Livros – espera-se que, ao fim da sequência Macro I e II, o conteúdo de dois livros-texto (Dornbusch & Fischer e o Blanchard) esteja totalmente coberto.
2
Regras
Monitorias – complemento natural das aulas, conteúdo obrigatório; listas de exercícios
Material didático – aulas preparadas em ppt e listas de exercícios
Sistema de Aprovação – critério 4 de avaliação de disciplinas Provas nos dias: 12/abril, 17/maio, 21/junho e
28/junho.
3
Referência básica – O.Blanchard, capítulo 6
A questão chave da macroeconomia é:
O que determina o nível do produto agregado e
outras variáveis-chave, como inflação e desemprego?
1) Demanda Agregada
2) Produto Potencial
3) Determinantes de longo prazo da oferta agregada
Qual das três é a resposta correta?
4
Todas as três respostas estão corretas: cada uma para
um horizonte distinto.
No curto prazo, a demanda agregada determina os
movimentos do produto agregado.
No médio prazo, a oferta agregada predomina. O
produto tende a oscilar em torno do produto potencial.
No longo prazo, predomina o produto potencial cujos
determinantes são o estoque de capital, a tecnologia e a
força de trabalho.
5
Nesta unidade, complementaremos o curso de Macro I, no
qual a ênfase era no curto prazo, (IS-LM, Oferta Agregada
e Demanda Agregada) com o estudo dos determinantes do
produto no médio prazo.
Estes capítulos do Blanchard serão a referência:
Cap. 6: Mercado de Trabalho
Cap. 7: Modelo OA-DA - equilíbrio no mercado de
bens, no mercado financeiro e no mercado de
trabalho
Caps. 8 e 9: usam tal modelo para explicar diversas
questões de política macroeconômica, como a relação
entre o produto e inflação e o papel das políticas fiscais e
monetárias no curto e no médio prazo.
6
Capítulo 6
- Equilíbrio no mercado de trabalho
- Taxa natural de desemprego
- Produto potencial
Quando usamos o modelo IS-LM para determinar o
nível de produto, estamos pressupondo,
implicitamente, que as firmas podem produzir o que
for demandado sem alterar o nível de preços.
No curto prazo isto é aceitável. No médio prazo,
contudo, uma sequência de eventos altera o nível dos
preços (inflação), o que afeta o produto agregado.
7
A sequência pode ser a seguinte:
- maior demanda requer aumento da produção, a qual
requer um aumento no emprego;
- menor desemprego pressiona os salários para cima;
- maiores salários representam maiores custos de
produção, fazendo com que as firmas, ao tentarem
repassá-los, aumentem os preços dos produtos;
-preços maiores levam os trabalhadores a demandarem
maiores salários e assim por diante.
Vemos neste exemplo que, nesta ótica, o mercado de
trabalho representa um papel central no processo. 8
9
Demanda Produção Emprego Desemprego
Salários ...
9
Salários Preços ...
Conceitos básicos do mercado de trabalho:
PIA população em idade ativa (exclui as crianças e os
idosos; razão de dependência).
IBGE (jan/2012) = 42,08 milhões (6 maiores regiões
metropolitanas)
PEA (Labor Force) parte da PIA que está empregada ou à
procura de emprego;
PNAD (2009) = 95,4 milhões (Todo o Brasil)
PME (jan/2012) = 23,83 milhões (6 maiores regiões
metropolitanas)
Taxa de participação (das RMs) PEA 56,63% (jan/2012)
PIA Taxa de desemprego no. de desempregados
PEA 10
Dependency Ratio
Definition A measure of the portion of a population which is composed of dependents (people who are too young or too old to work). The dependency ratio is equal to the number of individuals aged below 15 or above 64 divided by the number of individuals aged 15 to 64, expressed as a percentage. A rising dependency ratio is a concern in many countries that are facing an aging population, since it becomes difficult for pension and social security systems to provide for a significantly older, non-working population.
11
12
Razão de Dependência - Brasil - 1950-2050
[UNPD 2008]
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050
por
100 a
dultos
Total Crianças Idosos
Assim:
Taxa de desemprego = PEA - E = 1 - __E___
PEA PEA
- desligamentos - voluntários (quits)
- demissões (layoffs)
- duração do desemprego menor que 3 meses no
Brasil
-relação desemprego x nível de atividade 13
Fonte : IBGE e BCB 14
-1,00%
0,00%
1,00%
2,00%
3,00%
4,00%
5,00%
6,00%
7,00%
8,00%
9,00%
3%
5%
7%
9%
11%
13%
Relação PIB Vs Desemprego
Desemprego PIB (YoY %a.a.)
Fonte: IBGE e BCB
5%
6%
7%
8%
9%
10%
11%
12%
13%
-6,0%
-3,5%
-1,0%
1,5%
4,0%
6,5%
9,0%
11,5%
14,0%
De
sem
pre
go (m
éd
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imo
s 1
2 m
ese
s)
IBC
-BR
(tax
a ac
um
ula
da
em
12
me
ses)
IBC-Br Vs Desemprego
IBC-BR Desemprego
OCUPADOS
52.590.955
DESEMPREGADOS
1.345.105
FORA DA PEA
36.338.160
2.955.292
2.944.089
1.043.963
1.014.663
994.755
885.254
MERCADO DE TRABALHO - BRASIL Fluxos médios mensais, 1982-96
Fonte: Neri M. et alli, “ Aspectos Dinâmicos do Desemprego e da Posição na Ocupação”,
Estudos Econômicos, vol.27, nº especial, pp. 137-159, 1997. 16
Fonte : IBGE 17
16,5
17,5
18,5
19,5
20,5
21,5
22,5
23,5
24,5
mil
hõ
es
de
pe
sso
as
PEA e pessoas ocupadas
Pessoas Ocupadas PEA
DETERMINAÇÃO DOS SALÁRIOS:
2 elementos comuns que permitem a criação de
uma teoria geral de determinação dos salários
1. Os trabalhadores recebem acima de seu salário de reserva. A maior parte dos trabalhadores recebe um salário ao qual eles preferem estar empregados a estarem desempregados.
2. Os salários dependem do estado do mercado de trabalho. Quanto menor a taxa de desemprego, maior o salário que o trabalhador pode obter, menor o risco que corre de ficar desempregado e maior a dificuldade de reposição do trabalhador.
18
Como explicar tais fatos?
Com sindicatos fortes, é compreensível, que os processos de negociação coletiva possam explorar os efeitos da união dos trabalhadores para aumentar o poder de barganha.
Mas mesmo sendo a negociação coletiva uma exceção e não a regra, os trabalhadores sempre têm algum poder de barganha.
É do interesse das firmas pagarem mais do que o mínimo aceitável. Por quê? Vamos explorar essas duas explicações, uma de cada vez.
19
Poder de Barganha O poder de barganha do trabalhador depende de dois
fatores: Quão difícil (custoso) é para a firma repor alguém em seu
lugar; e
Quão difícil (custoso) é para o trabalhador achar um novo emprego. Quão mais custoso for para firma substituir o trabalhador e quão mais fácil for para o trabalhador encontrar um novo emprego, mais poder de barganha terá o trabalhador.
O custo de substituir o trabalhador depende da natureza do trabalho (trabalhadores do McDonald’s x bons economistas da PUC);
O poder de barganha do trabalhador depende das condições do mercado de trabalho. Quando este está mais aquecido, mais difícil é para a empresa substituir o trabalhador e mais fácil é para o trabalhador encontrar outro emprego. Consequentemente, maior será seu poder de barganha.
20
SALÁRIO EFICIÊNCIA
Turnover é alto caso se pague apenas o salário de
reserva; pagar mais pode incentivar os bons
trabalhadores a ficarem e isso pode baixar a rotatividade
da mão-de-obra e aumentar a produtividade via redução
do “shirking” e melhora da satisfação do trabalhador.
Ex: Henry Ford mais do que dobrou os salários,
conseguindo reduzir a taxa de rotatividade de 370% para
16% a.a. e a taxa de demissões de 62% para zero em
dois anos. A produtividade aumentou de 30 a 50% no ano
do aumento e os lucros aumentaram.
21
SALÁRIO EFICIÊNCIA
A teoria de salário eficiência, tal como a de poder de
barganha, ligam o salário à natureza do emprego e
às condições do mercado de trabalho.
1.O trabalhador qualificado tem mais poder de
barganha.
2. Menor desemprego afeta positivamente o
salário.
Vamos formalizar estas idéias.
22
Equação de determinação dos salários:
W = Pe
.F(u,z) (6.1)
W = salário nominal,
Pe
=nível esperado de preços, u = taxa de desemprego,
z = outros fatores (qualificação, seguro
desemprego,salário mínimo etc.)
dW/du <0 , dW/dz >0
23
DETERMINAÇÃO DE PREÇOS:
Para determinar os preços dados os salários, temos que olhar para
a função de produção: Y = A.N
- trabalho é o único fator de produção;
- a produtividade do trabalho é constante igual a A;
Simplificando ainda mais: A = 1.
Y = N (6.2)
(6.2) implica que o custo de produzir uma unidade adicional de
produto é o custo do salário, W . O custo marginal de produção é W.
Se considerarmos concorrência perfeita: P = CMg = W .
Mas geralmente os mercados não estão em concorrência perfeita,
assim: P = (1 + µ).W (6.3).
onde µ é o poder de mercado das empresas (mark-up). 24
DETERMINAÇÃO DE SALÁRIOS
A relação de determinação de salários vem da eq.
(6.1), substituindo o nível esperado de preços pelo nível
realizado de preços:
W = P. F(u-,z+)
Dividindo ambos os lados pelo nível de preços,
W = F(u-,z+) (6.4)
P
Esta é a relação de determinação de salários (WS).
25
DETERMINAÇÃO DE PREÇOS
Pela relação de determinação de preços:
P = (1 + µ ) (6.5)
W
Logo,
W = __1__ (6.6)
P (1 + µ)
A __1__
(1+µ)
WS
W/P
u
PS
26
Dois tipos de fatores provocam a mudança de salários e
preços de equilíbrio no modelo
Fatores que deslocam o salário eficiência,
são os fatores que deslocam a variável z:
mudanças de regras que alterem o custo de busca por emprego – seguro desemprego, maior informação.
Fatores que deslocam o poder de mercado
das empresas, dado o nível de demanda: legislação de proteção ao consumidor, concorrência, controles de preços e outros fatores que desloquem a variável µ.
27
RESULTADO MACROECONÔMICO: SALÁRIO REAL DE
EQUILÍBRIO, EMPREGO E DESEMPREGO
Equilíbrio no mercado de trabalho requer que o salário real implicado pela determinação de salários (WS) seja igual ao implicado pela determinação dos preços (PS).
F(un,z) = ___ 1___
(1 + µ)
A taxa un que resolve esta equação é a taxa de
desemprego de equilíbrio denominada taxa natural de desemprego.
A PS
U
W/P
WS
Un 28
Considere dois exemplos de como a relação de determinação de salários (WS) e a relação de determinação de preços (PS) dependem tanto de z quanto de µ.
1. Aumento do seguro-desemprego (aumento em z, ou seja, nas variáveis que aumentam o poder de barganha ou baixam o custo do desemprego para o trabalhador)
Aumenta o salário para um mesmo nível de preços e desemprego.
A PS
WS
W/P
U
WS`
A`
Un Un’ 29
2. Endurecimento da legislação anti-truste:
O poder de mercado diminui reduzindo o mark-up.
A
PS
WS
W/P
U
A`
PS`
Un Un’
_1_
1+μ
_1_
1+μ’
30
DO DESEMPREGO PARA O PRODUTO
Associada à taxa natural de desemprego está a taxa natural de emprego, Nn:
u U = L – N = 1 – N L L L
Rearranjando os termos,
N = L(1 – u) Nn = L(1 – un)
E como trabalho é o único fator de produção no modelo, o nível natural de produto é:
Yn = Nn = L(1 – un)
Notem que tais taxas devem satisfazer a relação:
F( 1 – Yn, z) = ___ 1___ (6.8)
L (1 + µ)
31
Comparação do modelo de fixação de salários e
preços com o modelo competitivo
A curva de determinação de salários parece com uma oferta de trabalho; à medida que aumenta o nível de emprego, o salário real pago aos trabalhadores também aumenta;
32
Comparação do modelo de fixação de salários e
preços com o modelo competitivo (cont.)
Entretanto, o salário correspondente a um dado nível de emprego na curva de fixação de salários é o resultado de um processo de barganha entre trabalhadores e firmas, ou produto da fixação unilateral dos salários pelas firmas.
33
Comparação do modelo de fixação de salários e
preços com o modelo competitivo (cont.)
Já a comparação entre a curva de determinação de preços com a demanda por trabalho é estranha.
A curva é horizontal, não respondendo ao aumento do salário real com a diminuição do emprego.
A razão é a hipótese simplificadora de retornos constantes na produção. Com rendimentos decrescentes, a curva de fixação de preços seria decrescente. À medida que o emprego cresce, o custo marginal de produzir também cresce, forçando as firmas a aumentarem seus preços dado o salário nominal. Em outras palavras, o salário real implicado pela fixação de preços seria decrescente com o aumento do emprego.
34
Comparação do modelo de fixação de salários e
preços com o modelo competitivo (cont.)
A demanda por trabalho padrão gera o nível de emprego contratado pelas firmas para um dado salário real.
Essa relação é feita supondo que as firmas estão em mercados competitivos de bens e de trabalho, e, portanto, tomam o salário e o nível de preços como dados: F’(L)=W/P
35
Comparação do modelo de fixação de salários e
preços com o modelo competitivo (cont.)
Já a curva de fixação de preços pressupõe que as firmas têm algum poder de mercado (concorrência monopolista ao invés de concorrência perfeita).
Fatores como o grau de competição no mercado de bens afeta a relação de fixação de preços através de sua influência sobre o mark-up.
Tais fatores inexistem na derivação da demanda de trabalho padrão.
36
Comparação do modelo de fixação de salários e
preços com o modelo competitivo (cont.)
No arcabouço padrão de oferta e demanda por trabalho, os desempregados estão nessa situação porque querem. Ao salário real vigente, eles poderiam estar trabalhando se quisessem.
Já no arcabouço de fixação de salários-determinação de preços, o desemprego é provavelmente involuntário. Esta característica Keynesiana parece adequar-se melhor à realidade.
37
Conclusão
Mostramos como o equilíbrio no mercado de trabalho determina a taxa de desemprego de equilíbrio que, por sua vez, determina o nivel de produto de equilíbrio.
Então, para que serviu o curso de Macro 1 e o estudo do modelo IS-LM, que mostrava que o produto era determinado por fatores como política monetária, política fiscal, etc?
38
Conclusão (continuação)
A equação de equilíbrio no mercado de trabalho supõe que P=Pe.
Isso não necessariamente será verdade no curto prazo. Contudo, é improvável que as expectativas estejam sistematicamente ao longo do tempo. erradas no médio prazo.
Portanto, devemos esperar um retorno do produto para o seu nível natural
39
A Curva de Beveridge Relação entre postos vagos de trabalho e a taxa de
desemprego da economia.
Uma melhora nas condições econômicas faz com que as firmas expandam investimentos e abram mais postos de trabalho. Como existem fricções no mercado de trabalho, a taxa de desemprego tenderá a cair ao longo do tempo.
Nas recessões, a curva de Beveridge tende a se deslocar paralelamente para baixo – menos vagas para o mesmo nível de desemprego que em seguida se traduzirá em um aumento do desemprego.
E o que pode estar acontecendo quando as vagas aumentam e o desemprego também?
40
EUA: Curva de Beveridge
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0
De dezembro de 2000 a julho de 2007
De agosto de 2007 a dezembro de 2010
Pós janeiro de 2009
Desemprego
vagas
42
Objetivo: explorar os efeitos da correção
dos preços sobre o nível de atividade
Fatores a serem explorados: surpresas para cima do nível de
preços (P-Pe)>0 fazem com que
haja, a curto prazo, mais
emprego do que seria justificado pelo salário real resultante do estado da demanda por bens e
por mão de obra.
43
MODELO OA – DA:
JUNTANDO TODOS OS MERCADOS
Diferença entre a determinação do produto e do emprego no curto prazo e no médio prazo resulta em possíveis inconsistências entre as variáveis.
44
Para podermos examinar a causa dessas inconsistências e o que pode resultar das correções, vamos agregar todos os mercados através de duas relações:
1) Oferta Agregada (OA): equilíbrio no mercado de trabalho
2) Demanda Agregada (DA): equilíbrio nos mercados de bens e de moeda (financeiro).
45
A OFERTA AGREGADA (OA)
A relação de oferta agregada captura o efeito do nível de produto sobre o nível de preços. O ponto de partida de sua derivação foi o equilíbrio no mercado de trabalho.
46
Revendo a derivação da OA a partir da determinação de salários e preços,
W = Pe.F(u,z)
P = (1 + µ )W
Obtivemos
P = Pe.(1 + µ ).F(u,z) (7.1)
47
O nível de preços é uma função do nível esperado de preços e da taxa de desemprego (nível de atividade), dados o mark-up e os fatores estruturais que reduzem o custo do desemprego para o trabalhador.
48
A OFERTA AGREGADA (OA)
Para conveniência, vamos trocar a taxa de desemprego pelo nível
de produto, seguindo a relação:
u U = 1 – N = 1 – Y
L L L
49
Assim, a relação de oferta
agregada expressa em termos de
produto é:
P = Pe.(1 + µ ).F(1 – Y/L , z) (7.2)
50
A OFERTA AGREGADA (OA)
Observe-se na equação acima que:
1) Pe P na mesma proporção.
Como funciona? Se as firmas e trabalhadores (wage setters) esperam preços maiores, o resultado é aumento de salários nominais pretendidos. Este reajuste, por sua vez, leva a um aumento de preços:
Pe W P
51
A OFERTA AGREGADA (OA)
2) Um aumento no produto requer um aumento no nível
de preços: Y P
52
Como funciona?
Y N u W P
53
Y
P
Pe
Yn
OA
A
CARACTERÍSTICAS DA OA
É monotonicamente crescente (para um dado preço esperado, um aumento de produto leva a um aumento do nível de preços), ou seja, P/ Y > 0.
54
55
o Passa pelo ponto A, no qual Y = Yn e P = Pe. Portanto, se não
houver surpresa na realização dos preços esperados, P = Pe o
emprego é compatível com o produto ao seu nível natural Yn..
Esta conclusão é consequência da definição de un taxa de desemprego que prevalece quando P = Pe e da definição de Yn como o produto correspondente a un.
56
CARACTERÍSTICAS DA OA
Tais características implicam que:
1) Quando Y > Yn P > Pe : trata-se de um movimento ao longo da curva de oferta agregada OA, ou seja, reações da oferta a deslocamentos da demanda.
Y
P
Pe
P
Y Yn
OA
57
58
2) Um aumento em Pe desloca a curva OA: Pe OA
OA
P
OA`
Pe`
Pe
Y Yn
DEMANDA AGREGADA (DA)
A demanda agregada captura o efeito do nível de preços no
produto. É derivada, como foi visto em Macro I, a partir do
equilíbrio no mercado de bens e nos mercados financeiros:
59
60
Mercado de Bens: IS Y = C(Y – T) + I(Y,i) + G
Mercado Financeiro: LM M/P = Y. L( i )
Lembrar:
Movimentos ao longo da curva de demanda agregada
refletem, assim, os efeitos contracionistas de aumentos
do nível geral de preços.
61
A queda da liquidez real, ou seja excesso de demanda por moeda
que contrai a LM, aumentando a taxa de juros requerida para
equilibrar, a cada nível de produto, o mercado financeiro.
62
Fatores de deslocamento da
curva de
DEMANDA AGREGADA (DA)
Exemplo: aumento do índice de confiança do consumidor, ou do
investimento autônomo, resultam no deslocamento da
curva IS para direita
63
Uma operação contracionista de open-market.
64
OUTRO EXEMPLO DE DESLOCAMENTO
DA DA
65
DEMANDA AGREGADA (DA)
A DA pode ser descrita algebricamente por:
Y = Y( M, G, T) P com
Y / (M/P) > 0,
Y / G > 0,
Y / T < 0.
66
PRODUTO DE EQUILÍBRIO NO CURTO
PRAZO
Examinemos agora o efeito conjunto de oferta e demanda
agregada: A CURTO PRAZO, DADO Pe
OA : P = Pe.(1 + µ ).F(1 –Y/L, z)
DA : Y = Y(M/P, G, T)
67
Produto e o Nível de Preços de equilíbrio (ponto A): mercados de
bens, financeiro e trabalho em equilíbrio.
68
69
OA
DA
A
Yn
Pe
P
P
Y
B
Modelo OA – DA
Dinâmica do Produto e do Preço
No curto prazo, o produto pode diferir do produto natural: Pe≠P. Nesse caso, o salário real que estava por trás dos contratos celebrados com salários nominais pode não se realizar.
70
o Mas o que ocorre ao longo do tempo, do curto para o médio prazo?
o Vamos supor que o produto esteja maior que o seu nível natural e que as demais variáveis exógenas permaneçam constantes.
71
o Para estudar a dinâmica de Y e P, precisamos analisar como as
expectativas se comportam. Pe pode variar ao longo do tempo. Se o nível
de preços do período anterior não correspondeu à expectativa, este erro deve ser levado em consideração ao
se formular as expectativas para o período corrente.
72
Modelo OA – DA
Dinâmica do Produto e do Preço
Vamos pressupor que Pe = Pt-1.
Logo, teremos:
Oferta Agregada
Pt = Pt-1 (1 + µ) F(1 – Yt, z)
L
73
o Demanda Agregada
Yt = Y(M, G, T)
Pt
74
Modelo OA – DA
Dinâmica do Produto e do Preço
Supondo Y>Yn no período t. Sob nossa hipótese sobre os
preços, Pet=Pt-1.Então, no ponto
B, temos (Yn, Pt-1), e no ponto
A, (Yt, Pt).
75
o No período t+1, a curva OA deve se deslocar para cima, pois
teremos o novo nível Pet+1= Pt. A
curva se desloca para cima e atingimos os pontos B´ (Yn, Pe
t+1
= Pt), e A (Yt+1, Pt+1).
76
77
MODELO OA – DA
DINÂMICA DO PRODUTO E DO PREÇO
Observe que a demanda agregada não se desloca, apenas
há um deslocamento ao longo desta curva. Como Pt+1 é maior que
Pt e Yt+1 é menor que Yt, A´ está mais próximo do produto natural.
78
Modelo OA – DA
Dinâmica do Produto e do Preço
Mas o que ocorre entre t e t+1?
Como em t o produto está acima do nível natural, o nível de preços está acima do esperado. No ano t+1, o preço esperado é maior, o que eleva o preço em t+1. Um preço maior reduz o estoque de moeda real o que aumenta o nível de juros e reduz a demanda por bens em t+1.
79
80
o Em t+2, ainda temos Y>Yn, assim, Pe
t+2=Pt+1. A OA se desloca para cima novamente, repetindo o mesmo processo descrito anteriormente.
o Enquanto o produto corrente for maior que o natural, o nível de preços continua crescendo e o produto continua decrescendo até que Y alcance Yn, e não haja mais pressão sobre os preços.
Modelo OA – DA Dinâmica do Produto e do Preço
81
Modelo OA – DA
Dinâmica do Produto e do Preço Conclusão:
No curto prazo, o produto pode estar acima ou abaixo do produto natural, mas no médio prazo, o produto retorna para seu nível natural. O ajuste é feito via preços. Se o produto estiver acima do natural, os preços aumentam até que o produto alcance o nível natural. 82
Características do ajuste via OA
Dado que a variável de ajuste que vai fazer o nível de emprego se ajustar é o nível de preços, a direção do ajuste será dada pelo que acontece com o salário real no processo.
83
o Se o emprego em A for maior do que o natural, por exemplo, preços superiores fazem cair o salário real, e assim diminuem a oferta de emprego, deslocando a oferta global.
84
Até aqui vimos o arcabouço OA-DA que nos
mostrou a dinâmica diferenciada da economia no
curto prazo e no médio prazo.
No curto prazo, o produto pode tanto estar acima quanto abaixo de seu nível natural. Mudanças em qualquer das variáveis que entram na relação de oferta ou na relação de demanda agregada levam a mudanças no produto e no nível de preços. 85
o No médio prazo, entretanto, o produto tende a retornar para o seu nível natural. Quando o produto está acima de seu nível natural, o nível de preços aumenta. Preços maiores diminuem a demanda e o produto. Quando o produto se situa abaixo de seu nível natural, os preços caem, aumentando a demanda e o produto.
86
Vamos agora usar o modelo para
investigar os efeitos dinâmicos de
mudanças causadas pelas políticas
macroeconômicas.
Veremos três políticas:
Operação de Mercado Aberto
oRedução no déficit fiscal
o Aumento no preço do petróleo
87
EFEITOS DE UMA EXPANSÃO MONETÁRIA
Quais os efeitos no curto prazo e no médio prazo de um aumento no estoque nominal de moeda de M para M’?
O AJUSTE DINÂMICO Para um dado nível de preços Pt, o
aumento em M eleva M/ Pt, levando a um aumento no produto (Y). No curto prazo, a economia vai para o ponto A`, com
produto e nível de preços maiores. 88
89
No médio prazo, temos o efeito do produto sobre o nível esperado de preços. Vendo que P
e, os
trabalhadores pedem W . Isto deflagra novos aumentos de P. Conquanto Y > Yn, este processo continua. O equilíbrio no médio prazo é em A’’, com Y = Yn e Pt+j > Pto.
90
AS ’ ’
AS ’
AD ’ (M ’ > M)
AD
A
A ’ ’
A ’
P
Y
P to
Y n Y t
EFEITOS DE UMA EXPANSÃO
MONETÁRIA
Vejamos o que está ocorrendo com o modelo IS-LM subjacente:
91
AS
AD’ (M’ > M)
AD
A
A’’
A’
P
Y
P to
Y n Y t
Y n Y t Y
LM
LM ’
LM ’ ’
A e A’’
A’
B
i
i t
i
NEUTRALIDADE DA MOEDA
Em suma, vimos que:
No curto prazo, uma expansão monetária leva a um aumento no produto, e a um aumento no nível de preços. A repartição entre o efeito sobre preços e o efeito sobre o produto dependerá da inclinação da curva AS (OA). Quando se estudou inicialmente o IS-LM, presumiu-se que os preços fossem fixos, isto é, uma OA horizontal. Isto é uma simplificação, mas a evidência empírica indica que o efeito inicial de Y em P é pequeno.
92
À medida que o tempo passa, os preços aumentam e os efeitos da expansão monetária sobre o produto e a taxa de juros desaparecem. No médio prazo, o efeito da expansão monetária se reflete só em aumento dos preços. Não há qualquer efeito sobre o produto ou sobre a taxa de juros.
93
94
A ausência de efeitos de médio prazo sobre o produto ou juros de uma variação de M é conhecida como a Neutralidade da moeda no médio prazo. Portanto, para fins de política econômica, pode-se usar a política monetária no curto prazo para, por exemplo, incentivar a economia. Não obstante, é inócuo tentar manter a economia permanentemente super aquecida (Y > Yn) via aumentos em M.
QUÃO DURADOUROS SÃO OS
EFEITOS DE M?
Uma forma de responder esta pergunta é recorrer a grandes modelos macroeconométricos que são usados para gerar previsões e estudar efeitos de políticas alternativas.
95
96
o A figura a seguir mostra o efeito de um aumento em 3% da oferta monetária ao longo do tempo, no modelo construído por John Taylor – Stanford University. O aumento da moeda ocorre durante 4 trimestres (0.1%, 0.6%, 1.2% e 1.1%, respectivamente).
97
o O produto cresce e atinge um pico após os 4 períodos. O preço vai aumentando ao longo dos anos. Após 4 anos, o preço aumentou 2.5% enquanto o produto retornou ao nível natural.
Expansão Monetária no Modelo Taylor
98
QUÃO DURADOUROS SÃO OS EFEITOS DE M?
Esses modelos macroeconométricos requerem decisões sobre diversas variáveis e inclusões de equações.
Um método mais simples seria olhar para a resposta do produto em relação a mudanças na moeda, utilizando econometria (regressões).
Problema: A moeda pode estar afetando o produto ou o produto pode estar afetando a política monetária.
Em seu trabalho, Mishkin separa os movimentos na oferta monetária entre antecipados e não antecipados e observa a resposta do produto em relação aos dois tipos de movimentos.
Apesar dos resultados serem diferentes , apresentam as mesmas propriedades. Ambos os exercícios confirmam que o efeito da política monetária sobre o produto não pode ser sustentado no médio prazo.
99
Efeitos de uma expansão monetária de 1%
sobre o produto (%)
Trimestres
0 2 4 6 12 16
Mudança Antecipada na moeda
1.3 1.9 1.8 1.3 0.7 -0.6
Mudança não antecipada na moeda
2.0 2.3 2.2 2.0 0.5 -0.4
100
REDUÇÃO NO DÉFICIT FISCAL
Vimos o que ocorre com a Política Monetária (LM). Vejamos agora o
efeito de uma contração na política fiscal (IS):
OA
DA
DA ’ (G ’ < G)
A
A’’
A’
P
Y
Y n
Y n Y t Y
LM LM’
LM’’
A’
B
i
i t
i
A
IS IS ’
OA’
101
REDUÇÃO NO DÉFICIT FISCAL
Resumindo os efeitos da política fiscal:
Y = C(Y – T) + I(Y, i) + G
No curto prazo, G (mantendo M constante) leva a Y , e talvez a I .
No médio prazo, Y volta a Yn, e i cai permanentemente. Desse modo, I aumenta inequivocamente. Se considerássemos os efeitos
de longo prazo,
G I e Y
102
Mudanças nos Preços do Petróleo
Em 1973 o preço do petróleo subiu drasticamente. A formação da
OPEC fez com que a oferta de petróleo fosse reduzida aumentando
seu preço. Este preço quase triplicou entre 1970 e 1982 em relação
ao PPI. Mas, como se espera de um jogo de coalizão, as quotas de
produção foram sendo abandonadas e a oferta de petróleo foi
crescendo causando uma redução no preço.
Observe que o petróleo não entra nem na oferta nem na demanda
agregada, já que pressupomos que o único fator de produção é o
trabalho. Poderíamos incluir diretamente a energia como fator de
produção. Mas vale a pena manter o nosso modelo e considerar que
o choque do petróleo correspondeu a um aumento no mark-up, µ.
103
Preços de Petróleo
Fonte: Saint Louis FED 104
Petróleo Brent (US$/Barril) - Fim de Período
0,000
20,000
40,000
60,000
80,000
100,000
120,000
140,000
160,000
jan
/67
jan
/68
jan
/69
jan
/70
jan
/71
jan
/72
jan
/73
jan
/74
jan
/75
jan
/76
jan
/77
jan
/78
jan
/79
jan
/80
jan
/81
jan
/82
jan
/83
jan
/84
jan
/85
jan
/86
jan
/87
jan
/88
jan
/89
jan
/90
jan
/91
jan
/92
jan
/93
jan
/94
jan
/95
jan
/96
jan
/97
jan
/98
jan
/99
jan
/00
jan
/01
jan
/02
jan
/03
jan
/04
jan
/05
jan
/06
jan
/07
jan
/08
jan
/09
jan
/10
Pre
ço
do
Ba
rril
(U
SD
)
Preço do Barril à vista Preço deflacionado
Mudanças nos Preços do Petróleo
Do capítulo 6, tínhamos que o mercado de trabalho era dado pelo
gráfico abaixo. Um aumento no mark-up faz com que a curva de
salário real (determinação de preços) se desloque para baixo o que
aumenta a taxa de desemprego natural de equilíbrio.
W
P
A´
A
un un´
PS
PS’
WS
105
Mudanças nos Preços do Petróleo
O aumento da taxa de desemprego natural leva a uma queda do produto natural, ou seja, o aumento do preço do petróleo leva a uma queda do produto natural.
Vamos então supor que inicialmente a economia está num ponto como A tal que temos (Yn, Pt=Pt-1).
Um aumento no preço do petróleo leva a uma queda em Yn para Yn´.
Pela oferta agregada, um aumento no mark-up aumenta Pt para um dado nível de Yt, ou seja, a oferta se desloca para cima, no curto prazo.
Pt = Pt-1 (1 + µ) F(1 – Yt, z)
L
106
Mudanças nos Preços do Petróleo
Após o aumento no preço do petróleo, a nova curva de oferta passa pelo ponto B onde temos (Yn´, Pt-1). Assim, a nova oferta é dada por OA`.
No curto prazo a economia se desloca para A´. O aumento do preço do petróleo aumenta os preços que as firmas cobram em seus produtos, o que reduz a demanda e o produto.
Observe que a demanda não se desloca neste modelo. Vários efeitos poderiam induzir um deslocamento da demanda, mas vamos considerar que esses efeitos se cancelam.
Vale ressaltar que num choque de demanda negativo, tínhamos como resultado um produto menor e um nível de preços menor. Num choque de oferta, o produto é menor e o preço é maior.
107
Mudanças nos Preços do Petróleo
Ao longo do tempo, no ponto A´ a economia
ainda está acima de Yn´, então os preços
aumentam até que a economia alcance o
novo equilíbrio em A´´.
108
109
DA
OA`
A A´
A´´
B Pt-1
Yn´ Yn
OA`
OA
Resumo
110
PRODUTO JUROS PREÇOS PRODUTO JUROS PREÇOS
EXPANSÃO MONETÁRIA AUMENTO REDUÇÃO AUMENTO SEM MUDANÇA SEM MUDANÇA AUMENTO
REDUÇÃO DO DÉFICIT FISCAL REDUÇÃO REDUÇÃO REDUÇÃO SEM MUDANÇA REDUÇÃO REDUÇÃO
CHOQUE DO PREÇO DO PETRÓLEO REDUÇÃO AUMENTO AUMENTO REDUÇÃO AUMENTO AUMENTO
CURTO PRAZO MÉDIO PRAZO
Choques e Mecanismos de Propagação
As flutuações do produto (às vezes chamadas de ciclos econômicos) são variações do produto em torno de sua tendência.
A economia é constantemente afetada por choques na oferta agregada, na demanda agregada ou em ambas.
Cada choque tem efeitos dinâmicos sobre o produto e seus componentes. Esses efeitos são chamados de mecanismo de propagação do choque.
111
Uma descrição do ciclo econômico neste
modelo
Expansão: suponhamos um choque de demanda (expansão temporária de M, por exemplo) – deslocamentos de preços e quantidades ao longo da curva de oferta, aumento temporário de emprego, com preços esperados constantes.
Propagação expansionista se esgota quando os preços convergem de volta para o valor esperado (ancorado, por exemplo, em uma tradição de estabilidade de preços). Choques com média zero gerariam oscilações em torno da taxa natural.
112
Tentativa de Recuperação do emprego via política monetária expansionista.
Com preços esperados constantes, pode-se explicar uma oscilação da economia em torno da taxa natural de desemprego.
Com preços esperados influenciados pelos erros, pode-se gerar espiral de salários e preços.
113
Com correção das expectativas
Como podem ser corrigidas?
Com mecanismos de correção a partir dos erros passados (adaptativas).
A partir de projeções quanto aos efeitos
finais esperados das mudanças no ambiente. Novas trajetórias de equilíbrio
podem resultar de expectativas que são formadas olhando-se para o futuro (“forward-looking”).
114
Correções de expectativas Correções de expectativas poderiam ocorrer,
por exemplo, como resultado da tentativa de sustentação da expansão monetária, o que converteria um choque temporário de demanda em permanente.
A curva de oferta move-se para o alto e para a esquerda (noroeste), via correção de expectativas, a taxa natural a médio prazo permanece constante (neutralidade da moeda) e o nível de preços subiria de forma permanente.
Salários e preços subiriam provocados pela tentativa de usar o estímulo monetário para alterar a taxa natural de desemprego.
115
Exemplos de choques
Efeitos de uma redução permanente do déficit – deslocamento temporário recessivo do produto, pela queda da demanda; propagação expansionista da oferta global por queda dos preços, que permitem aumento da oferta do emprego por aumento dos salários reais.
Choques de oferta positivos – melhorias na produtividade (modelar via quedas do mark-up).
116
Tema: Curva de Phillips
Referência básica
(Capítulo 8 – O . Blanchard)
Curva de Phillips
O artigo de Phillips de 1958 identificou uma relação negativa entre
aumentos de salários e desemprego para a economia inglesa
através de uma longa série de dados (1861-1957).
Dois anos depois, Samuelson e Solow (1960) reaplicam o
exercício para os EUA, substituindo aumentos de salários por
taxa de inflação e batizam a relação de Curva de Phillips.
118
A relação empírica deu a impressão de que os países podiam
escolher entre inflação e desemprego, ou seja, determinar sua
posição na curva. A Curva de Phillips seria um menu explorável
de alternativas para a política macroeconômica.
Em 1968, Milton Friedman e Edmond Phelps – crítica aos
fundamentos – “irracionalidade dos contratos nominais”,
dependência dos erros permanentes.
Curva de Phillips
119
Depois dos choques do início dos anos 70, entretanto, a
“estagflação” pôs em cheque esta possibilidade de tradeoff, e reviveu
as críticas de Friedman e Phelps.
Nova relação surge: o que pode ser escolhido é entre a taxa de
desemprego e a variação na taxa de inflação. Hoje em dia, não se
acredita que um desemprego elevado leve a uma inflação baixa, mas
a uma redução na inflação.
Estudaremos a relação entre a Oferta Agregada e a Curva de Phillips
e de que forma as mutações na Curva de Phillips foram
compatibilizadas com o processo pelo qual pessoas e firmas formam
expectativas.
Curva de Phillips
120
Da curva de Oferta à Curva de Phillips
Fazendo a álgebra, seja F(ut,z)= 1- ut+z então,
Pt=Pte(1+ )(1- ut+z) => Pt /Pt-1 = Pt
e /Pt-1 (1+ )(1- ut+z)
Como Pt /Pt-1 = 1+ (Pt - Pt-1 )/Pt-1 =1+ t , temos que
1+ t =(1+ te )(1+ )(1- ut+z) => (1+ t)/[(1+ t
e )(1+ )]= 1- ut+z
Se t, te, não forem muito elevados, uma boa aproximação será
1+ t- te- =1- ut +z => t= t
e + ( +z)- ut (8.1)
Intuição: Inflação depende positivamente da inflação esperada e
negativamente do desemprego.
Dada a inflação esperada, quanto maior o markup escolhido pelas firmas, ,
ou maior o valor de z, maior a inflação.
121
122
A Curva de Phillips Reconstruída
A novidade agora é que quanto maior o desemprego, menor a inflação,
dada a inflação esperada.
Comparando as versões empíricas da Curva de Phillips:
A primeira versão refletia uma economia com inflação zero (na média) –
irreal nos dias de hoje.
Agentes que determinam os salários escolhem os salários nominais para o
ano seguinte (período contratual) tendo de prever a inflação do período
seguinte. Assim, como a média da inflação passada é zero, é razoável
supor: te=0
123
Substituindo na eq.(8.1), obtém-se:
t=( +z) - ut
Que é exatamente a relação que Phillips, Samuelson e Solow encontraram
para o Reino Unido e para os EUA com os dados até a década de 50.
Intuição: Dados os preços esperados, os quais são tomados pelos
trabalhadores como iguais aos preços do ano anterior, baixo desemprego
leva a salários mais altos. Salários mais altos levam a preços mais altos
quando comparados aos preços do ano anterior, isto é , elevam a inflação.
Este mecanismo é a espiral de preços e salários.
124
Evolução da Curva de Phillips
modelando os fatos empíricos e a evolução da conjuntura
Década de 60 – a queda do desemprego provoca aumento de inflação.
Década de 70 – a relação é quebrada. Por quê?
A economia americana foi atingida duas vezes pelo aumento no
preço do petróleo. Ou seja, aumenta, o que implica P mais alto para
um dado nível de desemprego. Mas a razão principal não foi esta.
Os agentes responsáveis pela determinação dos salários (wage-
setters)—empresários e trabalhadores—alteraram o processo de
formação de expectativas. Após 1960, a inflação fica
constantemente positiva e mais persistente, sugerindo que o
anterior processo de formação de expectativas pudesse ter ficado
obsoleto. A persistência da inflação promoveu uma mudança na
formação de expectativas.
Vejamos os gráficos das curvas de Phillips para diferentes períodos.
125
Inflação e Desemprego – 1949 - 1969
126
Inflação e Desemprego – 1970 - 1998
127
Curva de Phillips Aceleracionista
Suponha que as expectativas sejam formadas da seguinte forma: t
e= t-1
Quanto maior , maior efeito de t-1 sobre te.
No período estudado por Samuelson e Solow, tínhamos te=0, com bem
próximo de zero.
Com o aumento e a persistência da inflação, foi crescendo. Nos anos 70, a evidência era de que =1.
Implicações do crescimento de : Substituindo te= t-1 na equação 8.1;
t= t-1 + ( +z) - ut
Com =0, obtemos a curva de Phillips original .
Quando >0, a inflação não depende só de ut . Quando =1, a relação se torna:
t - t-1= ( +z) - ut (8.4) . Ou seja, com =1, a taxa de desemprego afeta diretamente não a taxa de
inflação, mas, sim, a variação (1ª diferença) da taxa de inflação.
Desemprego elevado leva à inflação decrescente, não necessariamente baixa, e desemprego baixo leva à inflação crescente, não necessariamente alta.
128
(8.4) é conhecida como:
Curva de Phillips modificada, ou curva de Phillips com expectativas ou Curva
de Phillips Aceleracionista.
Vamos nos referir à (8.4) como a Curva de Phillips e à (8.2) como Curva de
Phillips original.
Em suma,
Curva de Phillips original: ut sobe, t cai .
Curva de Phillips (modificada): ut sobe, ( t- t-1) cai.
Isso nos mostra o que ocorreu nos anos 70. Conforme aumentou de
tamanho, a relação entre inflação e desemprego desapareceu. A relação
relevante passou a ser entre o desemprego e a variação da inflação.
Curva de Phillips Aceleracionista
129
Variação na Inflação e Desemprego – 1970 - 1998
130
Curva de Phillips e Taxa Natural de Desemprego
Pela Curva de Phillips original, não existe uma taxa natural de desemprego.
Qualquer desemprego poderia ser atingido se o país estivesse disposto a
assumir a (elevada) inflação necessária, e poder-se-ia manter desemprego
baixo permanentemente.
A taxa natural de desemprego é definida como a taxa à qual Pt=Pte ou t= t
e.
Usando isso em (8.1), t= te + ( +z)- ut ,tem-se:
0=( +z) - un , ou un =( +z)/ (8.6)
Se aumenta, un aumenta e se z aumenta, un aumenta.
Agora, de (8.6) [( +z)/ =un] e substituindo de volta em (8.1), temos:
t- te = - (ut-un) (8.7)
t- t-1= - (ut-un) (8.8)
131
t- t-1= - (ut-un) (8.8)
A equação 8.8 nos dá outra forma de pensar sobre a Curva de Phillips. Agora, a variação na inflação depende da diferença entre a taxa de desemprego e a taxa de desemprego natural.
Quando ut>un, inflação cai.
Quando ut<un, inflação sobe
Quando ut=un, inflação está estabilizada. Ou seja, a taxa natural de desemprego pode ser vista também como a taxa de desemprego que mantém a inflação constante (Non-accelerating inflation rate of unemployment - NAIRU).
Curva de Phillips e Taxa natural de Desemprego
132
Como calcular a NAIRU?
Qual a Taxa natural de desemprego nos EUA desde 1970?
Fazer t= t-1 e isolar un => un = 6% (linha de regressão, ver gráfico slide 129).
- A evidência sugere que a taxa de desemprego necessária para manter a inflação constante era de cerca de 6%.
- No entanto, a taxa média de desemprego entre 1995-2000 foi de 4,7% sem aumento da taxa de
inflação, o que sugere que a NAIRU ao final da década de 90 devia estar abaixo de 6%.
- Esta foi uma das evidências que levou Greenspan a relaxar a política monetária sem medo de elevar
a inflação. Outros efeitos colaterais, entretanto, ocorrreram.
133
Observações
A relação entre desemprego e inflação varia entre países e ao longo do tempo.
Por que as taxas naturais de desemprego variam entre países?
Dado a equação (8.6) un =( +z)/ , temos que a taxa natural de desemprego depende das variáveis ,z e que diferem entre países.
Como un não é observado diretamente, mas, por hipótese, a economia flutua em torno dela, podemos estimar a taxa de desemprego natural como uma taxa média de desemprego ao longo de uma década.
Ex: Japão (2%) x EUA (6,1%) – dados a partir de 1960.
No entanto, em 2000, o Japão teve uma taxa de desemprego de 4,7% contra 4% dos EUA. Isso deveu-se a uma recessão no Japão com ut>un e vice versa nos EUA.
Qual o motivo para a taxa natural ser menor no Japão?
Basicamente, menores fluxos de desligamentos e contratações.
134
Variações da Nairu ao longo do tempo
Até agora consideramos ( + z) como uma constante. O que
não é verdade na realidade, pois o poder de monopólio das
empresas, a estrutura das negociações salariais e o sistema
de seguro-desemprego tendem a mudar com o tempo,
alterando a taxa natural de desemprego (un).
Há ainda incertezas sobre os fatores que podem estar inclusos em z e o efeito de cada fator sobre o desemprego natural. Pode ser que uma variação em implique, também, mudanças em z.
Ex: Quando sobe, nos modelos de negociação trabalhista, os trabalhadores podem aceitar um corte de salário para evitar o aumento da taxa de desemprego, reduzindo z de modo que un fique inalterada.
135
Variações da Nairu ao longo do tempo
As variações de un são difíceis de medir. Por quê?
Porque un não é observado, apenas ut. No entanto, podemos observar tendências a partir da comparação da taxa média de desemprego ao longo das décadas.
Ex: Nos EUA, a taxa de desemprego médio caiu na década de 90 e em 2000 era de 4% quase sem aumento da inflação. No entanto, a partir de 2001, a taxa de desemprego começou a subir, ultrapassando 6%. Podemos concluir que a taxa natural caiu e depois subiu?
R: Não. Pois a economia americana entrou em recessão em 2001/2.
136
2%
3%
4%
5%
6%
7%
8%
9%
10%
11%
Taxa de Desemprego - EUA
137
Como distinguir entre uma taxa de desemprego alta de uma taxa natural alta?
R: Examinando a variação da inflação dada pela
equação t - t-1 = - (ut-un) (8.8).
Se a inflação está em queda é sinal que o desemprego
real está acima do nível natural. Já se a inflação está
estável e o desemprego real está alto, isso indica
que a taxa natural está elevada.
Ex: União Européia – A curva de Phillips entre a
variação da inflação e a taxa de desemprego aponta
um aumento contínuo da taxa natural de
desemprego desde 1960.
138
Processo inflacionário e a Curva de Phillips
A regra de formação de expectativas pode mudar e também podem ocorrer mudanças institucionais.
Quando a inflação está muito elevada, em geral, sua variabilidade aumenta. Os trabalhadores evitam contratos de trabalho que fixem os salários por muito tempo. Nestes casos, os contratos são firmados por um curto período de tempo e a indexação dos salários prevalece.
Essas mudanças implicam aumento da resposta da inflação ao desemprego. Vamos ver isso remodelando nossa economia supondo agora que haja 2 tipos de contratos de trabalho: Uma proporção desses contratos tem salário nominal indexado (salário nominal variam de acordo com o preço realizado no período) e uma proporção 1- de salários não indexados (salários são baseados nas expectativas de inflação).
139
Indexação dos salários
= proporção de contratos indexados.
t= [ t+ (1- ) t-1]- (ut-un)
Se =0 voltamos a equação (8.8).
Para >0, temos:
t- t-1= -( /(1- ))(ut-un)
Quanto maior , maior o efeito do desemprego sobre a inflação. Intuição: Com indexação, um desemprego menor aumenta os salários não somente no próximo mas também neste período. E assim, maior o efeito sobre inflação.
Se tende a um, pequenas variações em ut causam grandes variações em t- t-1
Tema: Efeitos da Política Monetária sobre
Produto, Desemprego e Inflação
Referência básica
(Capítulo 9 – O . Blanchard)
141
Motivação: Em outubro de 79, a inflação nos EUA andava perto de
14% ao ano, quando o FED decidiu reduzir o crescimento da
moeda para derrubar a inflação. Após 5 anos e também depois de
uma grande recessão, a inflação estava de volta a 4% a.a.
- Como ele conseguiu reduzir a inflação?
- Por que houve uma recessão?
Ou seja, queremos estudar os efeitos do crescimento monetário
na inflação e no nível de atividade. Esta é uma área de muita
pesquisa recente, tanto em teoria quanto em econometria.
Efeitos da Política Monetária sobre Produto, Desemprego e Inflação
141
142
São três os blocos componentes do nosso arcabouço
teórico que nos permite pensar sobre as inter-relações
entre produto, desemprego e inflação, a saber:
Demanda Agregada: relaciona a taxa de crescimento
nominal da moeda ao crescimento do produto;
Lei de Okun: relaciona o crescimento do produto à
variação no desemprego;
Curva de Phillips: relaciona a taxa de desemprego à
variação na inflação.
Produto, Desemprego e Inflação
142
143
Lei de Okun: Crescimento do produto e
variações no desemprego
Até aqui, por simplicidade, presumimos que:
Y = N Y = N
L = constante N = - U
Vamos agora abandonar essas hipóteses excessivamente distantes
da realidade em favor de outra que a melhor descreve. Por que
as abandonar?
Porque implicam comportamentos diferente dos observados
Se Y=N, 1% de aumento de Y 1% de aumento em N
Se N= - U 1% de aumento N/L 1% de queda em U.
143
144
Seja gyt a taxa de crescimento do produto. Então, até agora temos que:
ut - ut-1 = -gyt (9.1)
Ou seja, se o produto cresce a 4%, por exemplo, o desemprego deve
cair 4%!
Na verdade, isso é uma aproximação, pois:
u =U/L = 1-N/L,
Com L=constante, u = U/L = - N/L = - ( N/N)(N/L)
Assim, se N/L = 0.95, então N/N = 1% causa u = -0.95%.
O resultado acima só seria exato se N/L=1.
V. sabe a diferença entre um porcento e um ponto porcentual?
Lei de Okun: Crescimento do produto e variações no desemprego
144
145
Empiricamente, nos EUA, temos:
ut – ut-1 = -0.4(gyt-3%) (9.2)
A equação (9.2) difere da equação (9.1) de duas formas:
1- A taxa de crescimento anual do produto tem que ser de pelo
menos 3% para impedir que a taxa de desemprego aumente. (por
9.1 bastava não haver crescimento negativo)
Isto ocorre devido a dois fatores:
1.1- A força de trabalho (PEA) nos EUA tem crescido a 1.7% ao
ano. Para manter uma taxa constante de desemprego, o emprego
precisa crescer à mesma taxa da força de trabalho, 1.7% ao ano.
Lei de Okun: Crescimento do produto e variações no desemprego
145
146
1.2- Suponha também que a produtividade do trabalho (o produto por
trabalhador) esteja crescendo a 1.3% ao ano. Se o emprego crescer
a 1.7% e a produtividade crescer a 1.3%, o produto crescerá a 1.3%
+ 1.7% = 3%.
Em outras palavras, para manter u constante, gy tem que igualar a
3%. Nos EUA, a soma do crescimento da produtividade do trabalho
com o crescimento da PEA tem sido, em média, igual a 3% desde
1960. Esta é a razão pela qual o número 3% aparece na lei de
OKUN. Denominaremos de taxa de crescimento normal do produto
aquela necessária para manter uma taxa de desemprego constante.
Lei de Okun: Crescimento do produto e variações no desemprego
146
147
2- A segunda diferença entre a equações (9.2) e (9.1) está no
coeficiente que relaciona a diferença entre o crescimento do produto e
a taxa normal de crescimento com a variação do desemprego. Em
(9.2) este coeficiente é de –0.4% em (9.2), em contraste com –1 em
(9.1).
Isto ocorre por 2 razões:
2.1- As firmas ajustam o emprego em menos do que um para um em
resposta a desvios na taxa de crescimento do produto. Por exemplo,
se gy está 1% acima do normal por um ano, a taxa de emprego
aumenta só em 0.6%. Isto ocorre porque algumas funções não
dependem do nível de produção (depto. de contabilidade, por
exemplo). Outra razão é que firmas preferem horas-extras, para evitar
custos de treinamento (labor hoarding).
Lei de Okun: Crescimento do produto e variações no desemprego
147
148
2.2- Um aumento na taxa de emprego não leva a um
decréscimo de um para um na taxa de desemprego. Mais
especificamente, um aumento de 0.6% na taxa de emprego leva a
uma queda de somente 0.4% na taxa de desemprego.
A razão é um aumento na taxa de participação. Quando o
emprego aumenta nem todas as vagas são preenchidas pelos
desempregados. Alguns vêm diretamente de fora da PEA. Outro
efeito é que à medida que o mercado de trabalho se aquece,
trabalhadores que não estavam mais procurando emprego (portanto
fora da PEA) passam a fazê-lo, e passam a ser classificados como
desempregados. Por ambos os motivos, o desemprego cai menos do
que o aumento do produto. Nem todos os novos postos de trabalho
são ocupados pelos desempregados que já estavam no mercado.
Lei de Okun: Crescimento do produto e variações no desemprego
148
149
Algebricamente, a Lei de Okun é:
ut – ut-1 = - (gyt –gcy) (9.3)
A inclinação ( ) da lei de Okun reflete a organização interna das
firmas, bem como as restrições legais e sociais quanto a
demissões e contratações. A evidência internacional é :
1960-1980 1981-2006
País
EUA 0,39 0,42
Reino Unido 0,15 0,51
Alemanha 0,20 0,29
Japão 0,02 0,11
149
Lei de Okun:
151
Lei de Okun: Crescimento do produto e
variações no desemprego
O crescimento do produto acima do normal
provoca uma redução da taxa de desemprego; o
crescimento do produto abaixo do normal leva a
um aumento da taxa de desemprego. Esta é a lei
de Okun:
1β
t t yt yu u ( g g )
-- = - -
g g u uyt y t t 1 g g u uyt y t t 1
151
152
A Curva de Phillips: Desemprego e Mudança na Inflação
Na aula passada, derivamos a seguinte relação entre inflação,
inflação esperada e desemprego.
t = et - (ut – un)
Supusemos, então, que et t-1 para os EUA. Com essa hipótese,
a relação entre inflação e desemprego passa a ser:
t - t-1 = - (ut – un)
Onde:
u ut n t t 1
u ut n t t 1
152
153
A Relação de Demanda Agregada: Crescimento
Monetário, Inflação e Crescimento do Produto
Sabemos que: Y = Y(M/P, G , T) , com Y/ (M/P) >0, Y/ G>0 e Y/ T<0
Vamos agora, ignorar outros fatores que não a moeda e adicionar indicadores de tempo:
Yt = .(Mt/Pt), onde > 0 (9.6)
Esta equação nos diz que um aumento em (M/P) causa um aumento proporcional na demanda por bens e, por conseguinte, no produto. Por trás deste efeito está o modelo IS-LM:
M/P i I Y
153
154
Temos agora que transformar a equação (9.6) em uma
equação na qual apareça taxa de crescimento:
ln(Yt) = ln( ) + ln(Mt) – ln(Pt)
dln(Yt)/dt = d ln( )/dt + d ln(Mt)/dt - d ln(Pt)/dt
(dYt/dt)/Yt = (dMt/dt)/Mt – (dPt/dt)/Pt
gyt = gmt - t
A taxa de crescimento do produto é igual à taxa de crescimento
nominal da moeda menos a taxa de inflação. Dado o crescimento
da moeda, a alta inflação leva a uma queda no estoque de
moeda real e a uma queda no produto. Onde:
g gmt t yt 0
g gmt t yt 0
154
155
O Médio Prazo
Agora que vimos as três relações entre inflação, desemprego e
produto, vamos utilizá-las em conjunto para determinar os efeitos
do crescimento monetário em Y, u e .
Lei de Okun
ut – ut-1 = - (gyt – gcy)
Curva de Phillips
t - t-1 = - (ut – un)
Demanda Agregada
gyt = gmt - t
155
156
O Médio Prazo
Qual o efeito de um decréscimo em gmt?
Da Demanda Agregada, dada a inflação, gmt menor
implica queda em gyt.
Da Lei de Okun: gyt ut
Da Curva de Phillips: ut
Então,o efeito inicial de uma redução no
crescimento da moeda é: diminuir o produto;
aumentar o desemprego; e diminuir a inflação.
156
157
O Médio Prazo
Mas o que ocorre depois disso?
O desemprego continua a aumentar?
O que acontece com a inflação?
O modo de responder a essas indagações é trabalhar com as
variáveis ao longo do tempo. Começaremos no médio prazo, que
é o nosso ponto final depois de toda a dinâmica, e depois, então,
voltaremos à dinâmica entre o curto e o médio prazo.
Exercício: Pressuponha que o BC mantenha uma taxa constante
de crescimento da moeda, gcm. Quais serão os valores de gyt, ut e
t no médio prazo?
157
158
No médio prazo, u tem que estar estabilizada, pois não podemos
ter desemprego crescendo ou caindo para sempre. Fazendo ut =
ut-1, na lei de Okun obtemos:
gyt = gcy,
ou seja, no médio prazo, o produto crescerá à sua taxa normal
de crescimento, gcy.
Com crescimento da moeda e do produto dados por gcm e gc
y , a
demanda agregada fica:
gcy = gc
m -
Reorganizando a equação, temos: = gcm – gc
y
No médio prazo, a inflação é igual à expansão monetária
nominal ajustada (pelo crescimento do produto).
O Médio Prazo
158
159
Um modo de interpretar este resultado é a seguinte:
Um nível mais alto de produto implica maior número de transações, o que aumenta a demanda por moeda. Se o produto cresce a 3%, o estoque real de moeda deve crescer a esta taxa para cobrir o aumento da demanda. Qualquer crescimento monetário diferente de 3% vai ser refletido em mais ou menos inflação (ou deflação, se a inflação vier a ser negativa).
Y nº de transações Md mas,
se gm > gy
Se a inflação é constante, então t = t-1. Colocando na curva de Phillips, obtém-se ut=un. Assim, no médio prazo, ut=un.
O Médio Prazo
159
160
Resumindo os resultados em um gráfico...
160
161
No capítulo 7 vimos que alterações em M eram neutras no médio
prazo. Agora, vemos que mudanças em (dM/dt)/M também são
neutras, isto é, não têm efeitos sobre Y ou em u no médio prazo,
mas somente sobre .
Portanto, o único determinante de no médio prazo é o
crescimento da moeda. Este resultado é uma forma de justificar
a frase famosa de Milton Friedman, na década de 60, que se
tornou na época um símbolo do chamado “monetarismo”
“Inflation is always and everywhere a monetary phenomenon”
161
Desinflação: quais as implicações do modelo estudado?
Primeiro passo
Suponha que a economia está no seu equilíbrio de médio prazo
u=un e g=gy ,
mas é considerada alta e queremos reduzi-la, como fazê-lo?
Aprendemos com o modelo que se deve reduzir gm.
Mas, se gm cair, fará, inicialmente gy cair e u subir.
Pela equação de Demanda:
E pela Lei de Okun:
E pela Curva de Phillips:
Qual seria, então, a forma ótima de deflacionar (rápida ou lentamente)?
g g gm m y( )
g uy
u
Efeitos de Curto Prazo
162
Desinflação
Quanto desemprego e por quanto tempo?
Comecemos com a Curva de Phillips:
t - t-1 = - (ut-un)
Para cair, ( t- t-1)< 0 (ut-un)>0
Mas a Curva de Phillips nos diz algo mais profundo. Não importa se a desinflação é gradual ou repentina, o desemprego requerido para atingir a inflação desejada é sempre o mesmo.
Vejamos o porquê?
Defina-se ano-ponto de excesso de desemprego como sendo a diferença entre as taxas de desemprego efetiva e natural de um ponto percentual por ano.
163
Desinflação
EXEMPLO:
Se a taxa natural for de 6.5%, uma taxa efetiva de desemprego de 9% durante 4 anos seguidos corresponde a 4*(9 - 6,5) = 10 anos-ponto de excesso de desemprego.
Suponha que o BC queira reduzir a inflação de 14% para 4%, ou seja, uma redução de x= 10 %. Vamos também supor que =1.
Se o BC quiser obter tal redução em somente um ano, a curva de Phillips nos diz que o que se requer é um desemprego 10% acima de un, por um ano.
Agora, suponha que se queira realizar a redução em dois anos. A curva de Phillips nos diz que será necessário um desvio (u – un) = 5% por 2 anos, decrescendo a inflação 5% no primeiro ano e 5% no segundo ano, perfazendo os 10% almejados.
Podemos aplicar o mesmo raciocínio para 5 anos, 10 anos etc. 164
Desinflação
Em todos os casos, o número de anos-ponto de excesso de desemprego é sempre o mesmo, independentemente do período de ajuste escolhido. Portanto, o BC poderia decidir qual será a distribuição temporal do desemprego excessivo, mas não pode mudar o número anos-ponto de excesso de desemprego.
Esta conclusão pode ser expressa de outra maneira. Defina-se taxa de sacrifício como o número de anos-ponto de desemprego necessários para se obter uma desinflação de 1%. Então, a curva de Phillips implica que tal taxa independe da política, sendo igual a (1/ ). Se 1, então a razão de sacrifício é aproximadamente 1.
Por exemplo, uma taxa de sacrifício de 1,32 significa que uma desinflação de 10% requer 13,2 anos-ponto de excesso de
desemprego.
TAXA DE SACRIFíCIO = nº de anos-ponto = _1_
redução de Inflação
165
Desinflação
Se a taxa de sacrifício é constante, será que isto quer dizer que a velocidade da desinflação é irrelevante?
NÃO.
Por quê?
Suponha que o BC queira reduzir a inflação de 14% para 4% em um ano. ( =1)
Se un = 6,5% ut = 6,5% + 10% = 16,5%
Usando a lei de Okun com = 0,4 e gcy = 3% , o gyt seria:
ut – ut-1 = -0,4*(gyt – 3%)
gyt = (- 10% / 0,4) + 3% = -22%
A maior queda do PIB já ocorrida nos EUA foi de 15% em 1931, durante a grande depressão. Uma política monetária como esta descrita acima exigiria uma queda de 22% do produto!
166
Trajetória da Desaceleração Monetária
Suponhamos que se pretenda obter uma redução de 14% para 4% na inflação
em 5 anos.
BC não controla nem u nem diretamente. Controla gm. Qual deve ser a
trajetória de gm para obter a redução de 10% em nos 5 anos?
Podemos encontrar, dada a trajetória desejada de , a trajetória requerida de u e
gy, e, finalmente, derivar a trajetória requerida de gm.
Vejamos um exemplo:
167
Trajetória da Desaceleração Monetária
Linha 1: meta de trajetória inflacionária
Linha 2: trajetória de desemprego implicada pela curva de Phillips
Linha 3: trajetória de crescimento do produto determinado pela lei de Okun
Linha 4: trajetória requerida de crescimento monetário, a partir da relação de
demanda agregada: gyt = gmt - t
168
Trajetória da Desaceleração Monetária
Ano
Antes Desinflação Depois
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Inflação 14 12 10 8 6 4 4 4 4
Taxa de Desemprego
6,5
Crescimento do Produto
3
Crescimento Monetário
17
169
Trajetória da Desaceleração Monetária
Curva de Phillips
Ano
Antes Desinflação Depois
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Inflação 14 12 10 8 6 4 4 4 4
Taxa de Desemprego
6,5 8,5 8,5 8,5 8,5 8,5 6,5 6,5 6,5
Crescimento do Produto
3
Crescimento Monetário
17
170
Trajetória da Desaceleração Monetária
Lei de Okun
Ano
Antes Desinflação Depois
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Inflação 14 12 10 8 6 4 4 4 4
Taxa de Desemprego
6,5 8,5 8,5 8,5 8,5 8,5 6,5 6,5 6,5
Crescimento do Produto
3 -2 3 3 3 3 8 3 3
Crescimento Monetário
17
171
Trajetória da Desaceleração Monetária
Demanda Agregada
Ano
Antes Desinflação Depois
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Inflação 14 12 10 8 6 4 4 4 4
Taxa de Desemprego
6,5 8,5 8,5 8,5 8,5 8,5 6,5 6,5 6,5
Crescimento do Produto
3 -2 3 3 3 3 8 3 3
Crescimento Monetário
17 10 13 11 9 7 12 7 7
172
Trajetória da Desaceleração Monetária
u 6,5 8,5
Ano 0
Ano 1
Ano 2
Ano 3
Ano 4
Ano 5 Ano 6+
173
Trajetória da Desaceleração Monetária
No médio prazo, o crescimento monetário e a inflação são menores e a taxa de
desemprego e de crescimento do produto voltam ao normal, mas a transição
para um menor crescimento monetário e inflação menor é associada com um
período de desemprego mais alto.
A análise que desenvolvemos é muito similar à experiência do FED no final dos
anos 70. O modelo econométrico que eles usaram, como a maioria dos
modelos utilizados naquela época, tinha a mesma propriedade de nosso
simples modelo: a política macroeconômica pode determinar a distribuição
temporal, mas não o número de anos-ponto de excesso de desemprego.
Esta abordagem tradicional, foi questionada por dois grupos de economistas
acadêmicos como veremos a seguir.
174
Expectativas, Credibilidade e Contratos Nominais
O foco de ambos os grupos de críticos é o papel das expectativas e de que forma, alterações na formação de expectativas podem afetar o custo do desemprego e da desinflação. Desafiam a noção tradicional de que a política pode mudar o timing, mas não o número de anos-ponto de excesso de desemprego.
A Crítica de Lucas: Expectativas e seus efeitos sobre a Credibilidade da Política
Rigidez Nominal de Preços e Natureza dos Contratos
175
Expectativas e Credibilidade: a Crítica de Lucas
- Robert Lucas e Thomas Sargent – University of Chicago
-Tomar a equação t - t-1 = - (ut – un) como dada equivaleria a supor que
aqueles que negociam os salários em termos nominais continuariam a
esperar que a inflação do futuro fosse a mesma do passado,
independentemente da ação do governo. Ou seja, que a formação de
expectativas não se alteraria em resposta a mudanças na política.
-Crítica: Por que os agentes que determinam os salários não deveriam levar
em conta as alterações de política?
176
Expectativas e Credibilidade: a Crítica de Lucas
A lógica do argumento de Lucas pode ser visto retornando à equação:
t = et - (ut – un)
- Se os agentes que determinam os salários continuassem a adotar
expectativas adaptativas ( et = t-1), então o único modo de diminuir a inflação
seria aceitar um desemprego maior por algum tempo, como vimos
anteriormente. Mas se os agentes que determinam os salários pudessem ser
convencidos de que a inflação iria de fato ser menor do que no passado, eles
diminuiriam suas expectativas de inflação. Isso, por sua vez, diminuiria a
inflação corrente sem a necessidade de se promover nenhuma alteração na
taxa de desemprego.
177
Expectativas e Credibilidade: a Crítica de Lucas
Lucas e Sargent não acreditavam que a desinflação pudesse realmente
ocorrer sem algum aumento do desemprego. Mas Sargent, após examinar os
dados históricos relativos ao custo do desemprego associado à eliminação de
diversos episódios de hiperinflação, concluiu que o aumento do desemprego
poderia, de fato, ser bem menor.
O fator essencial da desinflação bem-sucedida seria a credibilidade. Caso
fosse possível aumentar a credibilidade da política, os agentes que
determinam os salários poderiam alterar o modo como formam suas
expectativas, e assim, abreviariam os custos da desinflação. Ainda, os
autores argumentam que um programa de desinflação rápido e transparente
tem maiores chances de ter credibilidade maior.
178
Rigidez Nominal e Contratos
Uma outra crítica à trajetória da inflação associada à desaceleração monetária foi adotada por Stanley Fischer (MIT, hoje presidente do banco central de Israel), Edmond Phelps e John Taylor (ex- sub-secretário do Tesouro dos EUA para assuntos internacionais na administração Bush, então da Columbia University). Algumas dessas questões vinham sendo estudadas no Brasil nos anos 70.
Rigidez Nominal: muitos salários e preços são fixados em termos nominais por algum tempo e não costumam ser reajustados quando há mudanças de política. Os contratos se estendem por vários períodos e retratam o passado.
Assim, mesmo com credibilidade total, mesmo com redução brusca do crescimento da moeda, teria de haver aumento do desemprego. Haveria contratos estabelecidos previamente que ainda estariam carregando as expectativas anteriores para inflação. O programa de ajuste deveria então ser anunciado com muita antecedência.
179
Rigidez Nominal e Contratos
Taylor e Phelps destacaram a imbricação dos contratos salariais.
Nem todos os contratos salariais são assinados na mesma época, o que impõe fortes limitações na forma pela qual uma desinflação rápida poderia ser implementada, sem deflagrar o aumento do desemprego, ainda que a redução da inflação futura seja totalmente crível.
Se os trabalhadores se preocupam com o salário real, então, cada contrato de trabalho determina um salário não muito diferente dos demais contratos que já estão no mercado. Assim, uma queda no crescimento da moeda não gera queda proporcional na inflação levando à recessão e ao aumento do desemprego.
180
Rigidez Nominal e Contratos
Taylor mostrou que existe uma trajetória de desinflação tal que, quando totalmente crível, poderia não alterar a taxa de desemprego.
A melhor política para o FED seria avançar lentamente no início, e anunciar que prosseguirá mais rápido no futuro. Esse anúncio fará com que os novos acordos salariais levem a nova política em consideração.
Essa trajetória inicial lenta deveria ser adotada pois no curtíssimo prazo, a inflação já está pré-determinada. Os contratos já foram efetuados e uma política monetária muito restritiva só geraria recessão. Com credibilidade total, a autoridade monetária poderia anunciar a mudança de política para os próximos períodos e esta mudança seria incorporada nos novos contratos.
181
Rigidez Nominal e Contratos
Assim como Lucas e Sargent, Taylor e Phelps não acreditavam que a
desinflação pudesse ser implementada sem aumentar o desemprego. Em
primeiro lugar, eles percebiam que a trajetória de desinflação poderia não
ser crível. Sem credibilidade, as expectativas a respeito da inflação podem
custar a mudar, o que diminui as esperanças de se promover uma
desinflação sem aumentar a taxa de desemprego. A análise de Taylor,
porém, tinha duas mensagens claras.
- importância potencial das expectativas
- desinflação gradual pode ter um custo mais baixo do que o
implicado pela abordagem tradicional
182
A experiência da desinflação americana, 1979 a 1985
Em 1979, o desemprego estava em 5,8%, o produto crescia a 2,5% e
a inflação estava em 13,3%.
O Fed anunciou diversas alterações para contornar esta situação.
Em particular, anunciou que mudaria a política monetária de forma a
ter como instrumento principal o crescimento da moeda e não mais
os juros de curto prazo.
O Fed não explicitou meta alguma para inflação ou mesmo para sua
trajetória, mas a mudança de política monetária foi interpretada como
um comprometimento com o combate à inflação mesmo que fosse
necessário um aumento de juros.
183
A experiência da desinflação americana, 1979 a 1985
Nos 7 meses seguintes, a taxa de juros subiu de 11,4% para 17,6%. Mas a economia apresentou sinais de recessão e houve retrocesso na política monetária restritiva.
Com sinais de que a economia estava se recuperando, em 1981, novamente a taxa de juros voltou a subir e mais uma vez apareceram sinais de recessão.
Desta vez, porém, o Fed optou por se manter firme em sua política e não reduziu os juros.
O ponto central deste episódio é o papel da credibilidade. Paul Volcker tinha credibilidade em 1979, porém, esta credibilidade foi reduzida quando, em 1980, o Fed optou por abandonar a política restritiva. A credibilidade só foi restaurada em 1981/82 quando o Fed se manteve firme frente aos sinais de recessão.
184
Desinflação Americana
185
A experiência da desinflação americana, 1979 a 1985
1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985
Crescimento 2,5 -0,5 1.8 -2.2 3.9 6.2 3.2
Desemprego 5.8 7.1 7.6 9.7 9.6 7.5 7.2
Inflação 13.3 12.5 8.9 3.8 3.8 3.9 3.8
Desinflação
acumulada
0.8 4.4 9.5 9.5 9.4 9.5
Desemprego
acumulado
1.1 2.7 6.4 10 11.5 12.7
Taxa de Sacrifício 1.37 0.61 0.67 1.05 1.22 1.33
186
A experiência da desinflação americana, 1979 a 1985
Credibilidade foi adquirida, mas não ocorreu nenhum milagre nas expectativas. As primeiras linhas da tabela mostram que a desinflação veio associada a um substancial desemprego.
Na visão tradicional, para cada ponto de desinflação teríamos que ter 1 ano-ponto de excesso de desemprego em relação ao desemprego natural de 6,5%. A linha 4 computa o número de anos-ponto acumulado de 1980 em diante. E as linhas 5 e 6 mostram a desinflação acumulada e a taxa de sacrifício, respectivamente.
A tabela nos mostra que não há ganhos óbvios com a credibilidade. A curva de Philips baseada na variação da inflação e na variação do desemprego parece ser bem mais robusta que muitos economistas esperavam.
187
A experiência da desinflação americana, 1979 a 1985
Será que o modelo tradicional está apresentando força porque há
pouca credibilidade ou porque a credibilidade não é suficiente para
reduzir inflação?
Ball estudou casos de desinflação em países da OECD.
Concluiu que:
1) A desinflação em geral causa desemprego alto por algum tempo.
2) Desinflações mais rápidas estão associadas a menores taxas de
sacrifício, o que indicaria efeito positivo de credibilidade.
3) Taxas de sacrifício são menores em países com contratos mais
curtos, o que enfatiza o ponto de Taylor.
188
Tema: A Nova Macroeconomia
Referência básica
(Capítulo 12 – DFS)
A Nova Macroeconomia
Nos últimos anos, quatro novas teorias foram desenvolvidas
e revolucionaram o estudo da macroeconomia.
Expectativas Racionais
Passeio Aleatório como trajetória para o PIB
Teoria dos Ciclos Reais
Modelos de rigidez de preço neo-keynesianos
190
A Nova Macroeconomia – Expectativas Racionais
• Modelos Macroeconômicos de Expectativas Racionais foram
uma construção dos anos 70 e 80 em reação à desconfiança na
Curva de Phillips como instrumento para a análise de políticas
alternativas.
• Estratégia básica dos modelos ER: partem da manutenção da
visão de mercados que se equilibram, retém o interesse no que
chamamos de médio e longo prazo e concluem pelo pessimismo
acerca do que a política monetária possa fazer para afetar o
emprego ou o produto. Os modelos de expectativas racionais
acrescentam novas características aos modelos neo-clássicos.
191
Referências básicas
DF Capitulo 12
Crítica de Friedman (AER 68 Role of Monetary Policy) e
Phelps (JPE 68 e livro 70) aos modelos com desequilíbrios
prolongados
Artigo de Muth ( Econometrica 1961) que introduz o conceito
na modelagem econométrica dos movimentos de preços
Lucas-Rapping, equilíbrium searching e curva de oferta “de
Lucas”
Lucas (JET 72 – expectativas e equilíbrio geral), base teórica
para o artigo no volume Otto Eckstein (Econometric Testing
of Natural Rate) e do artigo de 1972 na Carnegie Mellon
Conference – Econometric Policy Evaluation – a Critique
192
Características do Modelo Novo-clássico
A teoria novo-clássica da oferta agregada diz que:
O desemprego está sempre na taxa natural;
O produto está sempre no nível de pleno emprego (natural);
O desemprego observado é meramente friccional.
Choques de oferta são importantes empiricamente.
193
Conseqüências
Mudanças no nível de preços - provenientes, por exemplo,
de uma expansão monetária - não alteram Y ou u. Os
salários nominais sobem, mas não os salários reais. Logo,
tampouco variam a quantidade de trabalho ofertada ou
demandada.
Nem a política monetária, nem a política fiscal terão
quaisquer efeitos sobre o produto.
194
Modelo de Lucas
• Um dos modelos de Lucas (com Leonard Raping) desmente tal
conclusão.
Nesse modelo, Lucas acrescenta apenas uma hipótese ao modelo
novo-clássico básico: a de que algumas pessoas não sabem o nível
agregado de preços mas sabem o salário ou preço nominal ao qual
podem comprar ou vender. Por exemplo, num dado momento, um
trabalhador sabe que o salário que vigora é $12/h, mas não sabem
qual é o nível de preços, não sabendo, pois, W/P.
Suponha que todos os preços e salários subam proporcionalmente.
Ou seja, W sobe e P também, mas os trabalhadores pensam que só
W sobe. Pensarão que W/P sobe e proverão mais trabalho,
aumentando Y e diminuindo u.
195
Formação de Expectativas
De que maneira firmas e trabalhadores formam suas
expectativas sobre o preço? Expectativas Racionais
pressupõem que os agentes usem toda informação relevante
para formar as expectativas, o que é razoável. Mas pressupõem
também que os agentes conhecem o modelo, o que é menos
razoável.
Hipótese de Expectativas Racionais: agentes não sabem o
futuro, mas usam toda informação disponível para alterar o
futuro.
Equilíbrio: os mercados se equilibram imediatamente.
196
Formação de Expectativas
Firmas e famílias esperam que ocorra o pleno emprego, embora
reconheçam que se pode errar em ambos os sentidos. O preço
esperado, Pe, será o nível de preços consistente com o pleno
emprego, ou seja, o nível de preços que iguala a demanda
agregada à oferta agregada (DA=OA).
A implicação central de Expectativas Racionais é que os
agentes podem nem sempre acertar suas previsões, mas não
errarão sistematicamente.
197
Implicação central da abordagem de Lucas
Os agentes reagem diferentemente a choques antecipados e a
choques não antecipados na quantidade de moeda. Quando
E(M) aumenta, os agentes esperam que P suba, P e Pe sobem
juntos e M/P não subirá, não alterando Y=Yn. Já quando M subir
inesperadamente,o efeito OA-DA é total pois Pe não se altera. Claro
que tal efeito durará pouco, pois os agentes logo descobrirão seus
erros (aprendizagem), corrigindo suas expectativas. Ou seja, os
efeitos reais só ocorrerão no curto prazo.
198
A “Irrelevância” da Política Macroeconômica
Tal como no modelo clássico (OA vertical em Y=Yn), nem a
política monetária, nem a fiscal movem Y permanentemente.
Mas, o modelo de Lucas permite-se desvios transitórios em
relação ao pleno emprego. Tais desvios são função apenas
dos erros de expectativas, durando, portanto, só o tempo
necessário para que as expectativas sejam corrigidas.
Mais ainda, não há papel para a política monetária. Se Pe difere
de P, basta o governo anunciar o M correto que tudo se corrige.
199
Um modelo simples OA-DA
Demanda Agregada: M.V = P.Y
em ln: m + v= p + y
Teoria quantitativa da moeda
É compatível com nossa DA simplificada anterior
Y= (M/P) (em ln) y = ln +m-p y = v + m - p (1)
Agora, a oferta agregada no curto prazo:
p = pe + (y-y*) (2)
200
Um modelo simples OA-DA
Manipulando AS e AD, acham-se os valores de
equilíbrio de y e p:
y = 1 m + 1 (v- pe) + y* (3)
(1+ ) (1+ ) (1+ )
p = (m+v-y*) + 1 pe (4)
(1+ ) (1+ )
201
Resultados:
Multiplicadores da moeda:
Em relação ao produto: (1/(1+ ))
Em relação aos preços: ( /(1+ ))
Vamos exemplificar como se faria a previsão:
=(1/2), m=2, v=3, y*=4, pe=5
Resolvendo:
y=1.667, p=3.667, mas pe=5!
202
Crítica de Lucas
OS AGENTES ECONÔMICOS FAZEM PREVISÕES, PARA
ECONOMIA, QUE SÃO INCOMPATÍVEIS COM AS
PREVISÕES DO PRÓPRIO MODELO!
Suponha agora que os agentes revisem suas expectativas de
pe=5 para pe=3.667, com esse novo pe, teríamos:
p=2.778 e y=2,222
A discrepância entre pe e p caiu (de 12/9 para 5/9), mas ainda
não foi zerada.
Modificando o modelo, de forma que pe=p, somos levados à
idéia de previsão perfeita.
203
Modelo de Previsão Perfeita
Suponha agora que os agentes usam o modelo OA-DA para prever os preços e têm todas as informações necessárias para realizarem a previsão. Eles têm previsão perfeita.
p=pe
Substituindo em (4), temos que:
pe=p= (m+v-y*)+ 1 pe (5)
(1+ ) (1+ )
pe=p=m+v-y*
Substituindo em (3)
y= 1 m+ 1 (v-m-v+y*) + y*
(1+ ) (1+ ) (1+ )
y=y* (7)
204
Modelo de Previsão Perfeita
Aqui o multiplicador do preço é 1 (era /(1+ )) e o multiplicador
do produto é zero (era 1/(1+ )). Os resultados de longo prazo do
modelo OA-DA são, no caso de previsão perfeita, iguais aos
resultados de curto prazo.
Sob previsão perfeita, vide equação (4), p aumenta 1/(1+ )
devido ao aumento de m, mais /(1+ ) devido o aumento de pe.
Ou seja, M/P não muda quando M sobe. NA PREVISÃO
PERFEITA, A POLÍTICA MONETÁRIA É NEUTRA NO CURTO
E NO LONGO PRAZO.
205
Problemas do modelo de previsão perfeita?
1- Exige que os agentes saibam tudo da economia;
2- Nele, a economia está sempre em pleno emprego;
3- Desvios e erros são pouco relevantes.
Passemos agora ao modelo de Expectativas racionais.
206
Modelo de ER – erros não sistemáticos
Os agentes cometem erros de previsão:
m=m-me y=y*-y*e
Veremos que o multiplicador para me é zero, mas para m ,
o multiplicador é o mesmo do modelo OA-DA.
Em ER, os erros, em média, são nulos. Se não forem, a
previsão não pode ser levada em conta nas formulações
de política.
Assim, ( m)e =0 e ( y)e =0
207
Nível de preços de equilíbrio
Qual será p? Tomemos (4) e substituamos m por me+ m e y* por
y*e+ y*, obtendo:
p = [(me+ m) + v - (y*e+ y*)] + 1 pe (8)
(1+ ) (1+ )
Como ( m)e = ( y* )
e=0
pe=(p)e= (me+v-y*e) + 1 pe
(1+ ) (1+ )
pe = me + v - y*e
Parece previsão perfeita, só que com me e y*e ao invés de m e
y*.
208
Nível de preços de equilíbrio
As soluções de equilíbrio são:
y = y*e + 1 m+ y* (11)
(1+ ) (1+ )
p = me + v – y*e + ( m- y* ) (12)
(1+ )
209
Qual a conseqüência de um aumento de M em Expectativas
Racionais?
Por (11),vemos que só m afeta y, com multiplicador 1/(1+ ),
como em (3). Já me tem multiplicador zero, como em (7).
Ou seja, me funciona como previsão perfeita, e m, como OA-DA.
A política monetária antecipada é neutra; a política monetária
não antecipada tem os efeitos previstos no modelo OA-DA. O
mesmo pode ser dito para choques de oferta: antecipados (y*e) e
não antecipado y*
210
Expectativas de Inflação - IPCA
211 Fonte : BCB
IPCA – Expectativas e Realizado
-0,5%
0,0%
0,5%
1,0%
1,5%
2,0%
2,5%
3,0%
3,5%
jan
/00
jul/0
0
jan
/01
jul/0
1
jan
/02
jul/0
2
jan
/03
jul/0
3
jan
/04
jul/0
4
jan
/05
jul/0
5
jan
/06
jul/0
6
jan
/07
jul/0
7
jan
/08
jul/0
8
jan
/09
jul/0
9
jan
/10
jul/1
0
jan
/11
Va
ria
çã
o e
m 1
2 M
es
es
T-10 T-9 T-8 T-7 T-6 T-5 T-4 T-3 T-2 T-1 T
212
-0,5
0
0,5
1
1,5
2
%
IPCA - expectativa e realizado
T (IPCA realizado) T-1 T-2 T-3 T-4 T-5 T-6 T-7 T-8 T-9
EXPECTATIVAS DE INFLAÇÃO - IPCA
Microeconomia da curva de oferta agregada
com informação imperfeita
Referência: DFS - cap 8 – 7ª edição
DFS Capitulo 12 – 5 ª edição
Nesta seção, examinamos o modelo de informação imperfeita de Lucas da
curva de oferta agregada
As empresas observam apenas os preços relativos ao seu próprio mercado.
Um preço elevado pode significar uma procura elevada pelo produto
daquela empresa ou uma elevação geral dos preços. Na primeira
hipótese a firma deseja aumentar a produção e na segunda desejaria
manter constante a produção.
213
O Modelo das Ilhas de Lucas (Microeconomia da curva de
oferta agregada com informação imperfeita)
Suponha a economia como mercados distintos, “ilhas isoladas”. Se o preço
do produto da ilha estiver relativamente mais alto em relação ao produto
dos outros mercados, os habitantes da ilha i desejarão produzir mais.
A oferta de produto produzido na ilha seria:
yi= (pi-p), se os agentes conhecessem o nível de preços.
214
O Modelo das Ilhas de Lucas (Microeconomia da curva de
oferta agregada com informação imperfeita)
Mas supondo que eles só conhecem o preço da ilha.
yi= [pi-E(p/pi)]
pi depende do nível geral de preços (p) e de choques relativos ao bem da
ilha i (zi).
Dado que os habitantes da ilha conhecem pi, mas não sabem que suas
alterações originam-se de zi ou de p, temos como melhor previsão para
p:
E(p/pi)= Ko+(1/a) pi
215
O Modelo das Ilhas de Lucas (Microeconomia da curva de
oferta agregada com informação imperfeita)
E(p/pi)= Ko+(1/a) pi
reflete a origem dos movimentos em pi
se esses movimentos vêm mais de p, é quase 1. (aumenta preço)
se esses movimentos vêm mais de zi, é quase 0. (aumenta a produção)
O valor de é a chave para o declive da curva de oferta agregada
→ se for igual a 1, a curva de oferta agregada será vertical.
216
Exemplo visual da formação de uma expectativa
=1(informação perfeita)
Informação parcial
=0( nenhuma informação)
E(p)
pi
217
O Modelo das Ilhas de Lucas (Microeconomia da curva de
oferta agregada com informação imperfeita)
Podemos reescrever a oferta:
yi = [pi- (Ko+ 1/a pi)]= [(1- /a)pi – Ko]
A demanda pelo produto da ilha i depende do nível agregado do produto (y),
do choque de demanda específico do produto da ilha i (zi), e do preço
relativo do bem da ilha i (pi). Ou seja,
yi = y + zi - (pi-p)
218
O Modelo das Ilhas de Lucas (Microeconomia da curva de
oferta agregada com informação imperfeita)
Podemos encontrar o equilíbrio para a ilha i igualando oferta e demanda
y + zi- (pi-p) = [(1-( /a))pi – Ko]
Acima está a relação de equilíbrio entre choques, preços e produto de uma
ilha específica.
Cada ilha é representativa da economia como um todo. As ilhas são
diferentes entre si, pois cada uma sofre seus próprios choques, mas a
economia agregada é formada pela média das economias de cada ilha.
Assim, o produto agregado y é a média dos y i’s e o preço agregado p é a
média dos preços pi’s. Além disso, os choques z i’s devem ter média nula.
219
O Modelo das Ilhas de Lucas (Microeconomia da curva de
oferta agregada com informação imperfeita)
Calculando a média de ambos os lados, temos:
y= [(1- /a )p – Ko]
que é a curva OA. Pode-se mostrar que a=1, chegando assim à curva de
oferta agregada:
p = [ 1 ](y+ Ko)
(1- )
220
O Modelo das Ilhas de Lucas (Microeconomia da curva de
oferta agregada com informação imperfeita)
p = [ 1 ](y+ Ko)
(1- )
A inclinação da OA depende tanto da inclinação das ofertas individuais ( ),
quanto da importância relativa de choques agregados versus choques
individuais ( ).
Se choques em p (sinal) são dominantes em relação aos choques de
demanda (ruído), então é próximo de 1, demonstrando um alto signal-
to-noise ratio, fazendo a OA quase vertical (resultado original de ER).
Neste caso, a moeda é neutra.
221
O Modelo das Ilhas de Lucas (Microeconomia da curva de
oferta agregada com informação imperfeita)
Resumo:
Os agentes prevêem o nível geral de preços com base em informação
imperfeita. Os agentes não têm certeza se um aumento de seu preço se
deve ao aumento da sua demanda específica ou a um aumento do nível
geral de preços. Assim, atribuem pesos não nulos às duas causas.
Aumentos não antecipados em p geram aumentos parciais no nível de
preços antecipado, pe, e aumentos parciais no produto, y.
É esta associação positiva entre aumentos em p e em y que constitui a
curva de Phillips que se observa empiricamente.
222
A “Nova” Macroeconomia
O fenômeno da persistência nas séries de PIB motivou uma nova tentativa de
explicação conjunta para os fenômenos de crescimento e de flutuações
(desvios da tendência).
O resultado foi deslocar as explicações que vinham do lado dos choques de
demanda para o lado dos determinantes da oferta (Lucas – [1972, 1975],
Kidland e Prescott [1982]). Essa visão beneficiou-se de novas técnicas
econométricas e de modelos de simulação.
223
A Nova Macroeconomia - Passeio aleatório do PIB
Lógica do modelo:
A questão central é: as flutuações do produto são, na sua maioria, transitórias
ou permanentes?
Se forem permanentes, a demanda agregada (o cerne da teoria Keynesiana)
não pode ser muito importante. Por quê?
Porque segundo o modelo OA-DA, o efeito de choques de demanda
desaparecem no médio prazo, e portanto, se os choques deixam efeitos
permanentes, eles não são choques de demanda, mas choques de oferta.
224
A Nova Macroeconomia - Passeio aleatório do PIB
Nelson e Plosser- evidências estatísticas a favor do papel dominante dos choques permanentes (ver adiante)
Variações do produto são permanentes - passeio aleatório do PIB: uma vez saído do trilho inicial, não revela tendência de voltar a ele.
Tais estudos ainda inspiraram a teoria do RBC (Ciclos Econômicos Reais).
Essa teoria foi questionada. Certamente, alterações permanentes no produto são importantes, mas não ocorrem com muita freqüência. Assim, alterações na demanda agregada seriam as maiores fontes de flutuações no produto.
225
A Nova Macroeconomia - Passeio Aleatório do PIB
Formalização da teoria do PIB como passeio aleatório:
Suponha que a tendência em y possa ser representada através de uma
tendência temporal, como em:
yt = + t (22)
Subtraindo, yt-1= + (t-1)
yt- yt-1 = [ + t]-[ + (t-1)] ou
yt = yt-1 + ou yt = (24)
226
A Nova Macroeconomia - Passeio Aleatório do PIB
As equações 22 e 24 são perfeitamente equivalentes. Mas, veja agora o
efeito de um acréscimo de um choque do produto u t a ambas as
equações.
No caso da 22:
yt = + t +ut ou yt= + ut – ut-1 (25)
No caso da equação 24:
yt = yt-1+ + ut ou yt= + t +ut +ut-1 +ut-2+…+u0 (26)
227
A Nova Macroeconomia - Passeio Aleatório do PIB
Por (25), o efeito de um choque dura um período, ou equivalentemente,
choques à primeira diferença são revertidos após 1 período.
De forma oposta, em (26), o efeito de um choque no nível de y torna-se
permanente, ou seja, os choques acumulam-se ao invés de serem
revertidos.
Se uma variável torna-se “estacionária” após a retirada de uma tendência
representada por (22), ela é chamada estacionária em tendência. Y t em
(25) é uma variável estacionária em tendência (TS). Já uma variável como
yt em (26), que só pode ser tornada estacionária através de aplicação de
diferença, é chamada estacionária em diferença (DS).
Definição de estacionariedade: os dois primeiros momentos (média e
variância) são constantes no tempo.
228
A Nova Macroeconomia - Passeio Aleatório do PIB
A melhor descrição para o produto é dada por (25) ou por (26)? Por que isso
é importante?
É importante porque, segundo nosso modelo AS-AD, os ciclos de negócios
causados pelas flutuações da demanda agregada são relativamente
curtos (poucos trimestres). Já os choques à oferta agregada são
permanentes quando advindos de variações na tecnologia e na
produtividade.
Nelson e Plosser mostraram que o PIB americano inclui tanto componentes
permanentes quanto transitórios, mas os choques permanentes
predominam. Isso foi uma ducha de água fria entre os proponentes da
demanda agregada como o ator principal da economia.
229
A Nova Macroeconomia - Passeio Aleatório do PIB
É hoje universalmente aceita a idéia de que distúrbios (choques) com
impacto prolongado são importantes para a economia.
Entretanto, a inferência de que a demanda agregada é relativamente pouco
importante permanece controversa.
Uma visão alternativa é a de que grandes e relativamente permanentes
choques de oferta ocorrem, mas só em ocasiões raras. Na maioria das
situações são os choques de demanda que predominam. [Perron, ECTA,
1989]
230
A Nova Macroeconomia - Passeio Aleatório do PIB
A “disputa econométrica” entre modelos estacionários em diferença e
modelos estacionários em tendência com quebras não pode ser resolvida
com as séries curtas de que dispomos.
Ou seja, permanece a controvérsia sobre a importância dos choques de
demanda.
231
Teoria dos Ciclos Reais
Pela teoria dos ciclos reais, flutuações no produto são
oriundas de choques reais na economia, com os mercados
se ajustando rapidamente e permanecendo sempre em
equilíbrio.
Esta teoria está bastante ligada a teoria das expectativas
racionais.
Mudanças antecipadas de política monetária não teriam
efeitos reais sobre a economia.
Apenas mudanças não antecipadas têm efeitos sobre a
economia, mas esses efeitos são rapidamente corrigidos.
Assim, choques na demanda não são muito importantes.
232
A Nova Macroeconomia - Ciclos Reais de Negócios (RBC)
Tendo levado à lona as possíveis causas monetárias das flutuações, a teoria
dos RBC defronta-se com duas tarefas:
Quais são os choques que atingem a economia?
Quais são e como operam os mecanismos de propagação?
Por que os choques parecem ter efeitos duradouros?
233
A Nova Macroeconomia - Ciclos Reais de Negócios (RBC)
O objetivo é explicar por que o emprego e o produto são altos em expansões,
e reduzidos em recessões.
Uma possível explicação é que o salário real, W/P, sobe em expansões e cai
em recessões, fazendo variar a quantidade ofertada de trabalho.
Infelizmente (para os adeptos dos RBC), não há comprovação empírica
dessa hipótese. As evidências indicam que a elasticidade da oferta de
trabalho em relação ao salário real é muito pequena. Além disso, o
salário real varia pouco ao longo do ciclo.
234
A Nova Macroeconomia - Ciclos Reais de Negócios (RBC)
A forma pela qual os modelos RBC explicam grandes movimentos no produto
com pequenos movimentos nos salários reais é através da
substituição intertemporal de lazer.
Existe uma elasticidade elevada da oferta de trabalho como reação às
variações temporárias do salário real. Ou seja, as pessoas estão muito
dispostas a substituir lazer (e por conseguinte, trabalho) ao longo do
ciclo econômico.
Elas se importam com o esforço (quantidade de trabalho) total, mas não se
importam com quando trabalhar.
235
A Nova Macroeconomia - Ciclos Reais de Negócios (RBC)
Exemplo: suponha que durante um período bienal os trabalhadores estão
planejando trabalhar 4000 horas (50 semanas x 40 horas x 2 anos) ao
salário vigente.
Se o salário não flutuar nesse período bienal, eles trabalharão
uniformemente, 2000h em cada ano.
Entretanto, se o salário no primeiro ano for somente 2% mais alto que no
segundo ano, eles preferirão trabalhar 2200h no primeiro ano
(eliminando as férias e fazendo horas-extras) e apenas 1800 no
segundo ano.
Substituindo entre os anos, trabalha-se o mesmo tempo total, mas aumenta o
rendimento.
236
A Nova Macroeconomia - Ciclos Reais de Negócios (RBC)
Note, contudo, que a substituição intertemporal do lazer não implica que a
oferta de trabalho seja sensível a mudanças permanentes no salário.
Se o salário subir, e se mantiver mais alto, não há nenhum ganho em
trabalhar mais no primeiro ano do que no segundo.
Neste caso, os trabalhadores continuariam a trabalhar 2000h em cada ano, o
que daria uma elasticidade nula (pequena) da oferta de trabalho em
relação aos salários.
A substituição intertemporal de lazer consegue gerar grandes movimentos na
quantidade de trabalho realizado em resposta a pequenas mudanças
nos salários, o que vai ao encontro da evidência empírica de grandes
efeitos no emprego e no produto estarem acompanhados de pequenas
mudanças nos salários.
237
A Nova Macroeconomia - Ciclos Reais de Negócios (RBC)
Perturbações (Distúrbios):
A propagação dos ciclos econômicos é desencadeada por acontecimentos ou
perturbações que alteram os níveis de equilíbrio do produto e do
emprego em mercados específicos e na economia em geral.
Perturbações mais importantes: choques sobre produtividade, ou choques da
oferta, e choques sobre a despesa pública.
238
A Nova Macroeconomia - Ciclos Reais de Negócios (RBC)
O legado da teoria dos RBC foi principalmente metodológico, tendo
influenciado bastante a forma pela qual se faz pesquisa em
economia.
Hoje em dia, os principais modelos de RBC já incorporam vários
resultados tradicionais, como os efeitos da política monetária.
239
Modelos Neo-Keynesianos de Rigidez de Preços
A ortodoxia keynesiana dos modelos de OA-DA foi atingida pela introdução das teorias de expectativas racionais e RBC (revolução novo-clássica).
Em todos os modelos descritos anteriormente, temos o mercado se ajustando rapidamente.
No início dos anos 80 até hoje, uma contrarevolução novo-keynesiana surgiu.
Os modelos novo-keynesianos mantêm a hipótese de racionalidade dos indivíduos dos modelos clássicos, mas desenvolvem modelos na qual os mercados não se equilibram rapidamente e os preços nem sempre se ajustam às mudanças na oferta de moeda, ou seja, mantêm os resultados da OA-DA.
Esses modelos baseiam-se em concorrência imperfeita, para explicar como que decisões racionais dos indivíduos geram os ciclos indesejáveis no produto.
240
Modelos Neo-keynesianos de rigidez de preços
Portanto, os novo-keynesianos acreditam na teoria das expectativas racionais, mas observam que a economia demora mais para retornar para o equilíbrio do que previsto pelos modelos neo-clássicos.
Esses economistas focam na rigidez que os preços podem ter e tentam buscar os fundamentos microeconômicos dessa rigidez.
Quando a quantidade de moeda aumenta, todas as firmas deveriam ajustar proporcionalmente seus preços, como previsto pelos modelos clássicos.
Porém, há custos (“custos de menu”) em reajustar os preços e esses custos podem ser maiores que a perda de receita em permanecer com o preço “errado”.
Esses custos podem ser também: coletar informação, manter os clientes e contratos com fornecedores ou salariais de médio prazo.
241
Modelos Neo-Keynesianos de Rigidez de Preços
Frente a uma mudança de preços na economia, as firmas só irão mudar seus próprios preços se os benefícios forem maiores que os custos.
O problema desta teoria é que os “custos de menu” são em geral muito pequenos, o que desacreditava este argumento.
Mankiw resolve este problema mostrando que se a firma possuir algum poder de mercado, pode ser que o aumento de lucro em ajustar seu preço seja menor que os custos.
Na verdade, quando a firma é competitiva, estar com o preço fora do equilíbrio implica grandes prejuízos. Mas se a firma enfrentar uma demanda pouco elástica, o lucro é menos sensível à variação de preço e neste caso os custos de menu podem sobressair.
O aumento de lucro seria menor quando:
O desvio do preço é pequeno;
A elasticidade da demanda é baixa.
242