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Kit
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F I C H A T C N I C A
Kit de Recolha de Patrimnio Imaterial
P R O J E C T O
Departamento de Patrimnio Imaterial
Instituto dos Museus e da Conservao
C O N C E P O E C O O R D E N A O
Paulo Ferreira da CostaC O L A B O R A O
Carla Queirs
Lcia Alegrias
D E S I G N E M A Q U E T AG E M
TVM Designers
E D I O
Instituto dos Museus e da Conservao
. edio, Maio de
I S B N E L E C T R N I C O----
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ndice
INTRODUO
I. FICHAS PARA PATRIMNIO IMATERIAL
Ficha de Saberes e Ofcios Tradicionais
Ficha de Tradies Festivas
Ficha de Tradies Orais
II. FICHAS PARA PATRIMNIO MATERIAL
Ficha de Lugares
Ficha de Edifcios
Ficha de Objetos
III. F ICHAS COMPLEMENTARES Ficha de Pessoas
Ficha de Entrevista/ Histria de Vida
Como Desenhar uma rvore Genealgica
Ficha de Projeto de Recolha
IV. MANUAL PARA RECOLHA NO TERRENO
NOTA PARA PAIS E MONITORES
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Primeira aproximaoao Patrimnio Imaterial
Certamente j ouviste falar de Patrimnio Cultural, isto , do conjunto
de elementos de uma cultura, produzidos ao longo dos tempos, que rece-
bemos dos nossos antepassados e que ns prprios devemos deixar s
geraes que nos sucedem.
Normalmente o Patrimnio Cultural subdivide-se em Patrimnio Im-
vel (constitudo por estruturas construdas pelo homem, tais como cas-
tros, igrejas, mosteiros, castelos, moinhos, etc.) e Patrimnio Mvel (que
encontramos geralmente nos museus de arqueologia, arte, cincia, etno-logia, etc.).
introduo
PATRIMNIO
C U LTU RALNATU RAL
MATE RIAL I M A T E R I A L
M V E L I M V E L
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Mas o Patrimnio Cultural no se limita aos edifcios nem s colees
de pintura, escultura, ourivesaria, de instrumentos cientficos e de traba-
lho, etc., que encontramos nos museus. O Patrimnio Cultural ainda
constitudo, numa terceira subdiviso, pelo Patrimnio Cultural Imaterial
(PCI), que corresponde s tradies que herdamos dos nossos antepassa-
dos e que so transmitidas entre geraes, de pais para filhos, de avs para
netos, ou s vezes entre pessoas de uma mesma gerao, como por exem-
plo os conhecimentos que se aprendem entre colegas de trabalho.
Uma caracterstica muito importante do Patrimnio Imaterial o facto
de as pessoas reconhecerem essas tradies como fazendo parte impor-
tante da sua histria e da sua cultura, dando-lhes um sentido de pertena
a uma comunidade, como por exemplo o local onde nasceram, onde vivem,
ou onde trabalham.O Patrimnio Imaterial no se traduz apenas em expresses culturais
que se vivenciam e partilham em comunidade (ex: uma Festa), pois com
frequncia esto associadas a um determinado lugar (ex: o largo ou bairro
em que se realiza essa Festa), a edifcios (ex: a igreja ou capela do Santo
Padroeiro da comunidade) e a Objetos (ex: a imagem do Santo Padroeiro
homenageado nessa mesma Festa). Em suma, o Patrimnio Imaterial pode
ser assim definido:
PRTICAS
EXPRESSES
REPRESENTAES
tradies orais
tradies artsticas e performativas
prticas sociais, rituais e festivas
conhecimentos e prticas relacionadas
com a natureza e o universo
saberes e tcnicas tradicionais
as comunidades e os grupos reconhecemcomo pertencendo ao seu patrimnio cultural
so transmitidasentre geraes
so objeto de constante recriao
proporcionam um sentido de identidadee continuidade aos grupos e comunidades
no violam osdireitos humanos
manifestadas em
associadas a
que
saberes e tcnicas objetos e lugares
Adaptado de The Intangible Heritage Messenger, n. , Paris, UNESCO, Fev.
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PCI: um patrimnio com pessoas
O Patrimnio Imaterial est sempre associado a pessoas, pois so elas
que garantem a sua existncia, vivenciando-o e transmitindo-o s gera-
es futuras. E mesmo quando essas expresses deixam ser vivenciadas,
como por exemplo uma tcnica tradicional (artesanal, agrcola, pastoril,
piscatria, artstica ou outra) que deixou de ser utilizada, , em muitos
casos, graas memria das pessoas que podemos ainda conhecer essas
tradies.
Este , pois, um patrimnio muito frgil, que se encontra em constante
modificao, acompanhando as mudanas sociais e histricas das comuni-dades, e que facilmente pode vir a desaparecer se entretanto desaparece-
rem tambm as condies que lhe do sentido.
Dada esta fragilidade, pois muito importante conhecer e documen-
tar o Patrimnio Imaterial, atravs de instrumentos como as Fichas que
constituem este Kit, de modo a assegurar que a sua preservao no
dependa apenas da memria das pessoas e que, mesmo depois de desapa-
recer uma tradio, o seu conhecimento permanecer acessvel s gera-
es futuras.Por outro lado, o conhecimento das diferentes de diferentes culturas e
comunidades fundamental para compreendermos que existem muitas
maneiras de as pessoas viverem em sociedade. Por exemplo, no se sabe
exatamente qual o nmero de lnguas faladas em todo o mundo, calcu-
lando-se que, at recentemente, tero existido cerca de , apesar de
nas ltimas dcadas muitos delas terem desaparecido, para serem substi-
tudas pelas lnguas dominantes a nvel mundial. E sabes que o nmero de
religies existentes no mundo praticamente igual ao nmero de lnguas?Independentemente das diferenas, de religio, lngua, cultura, gastrono-
mia, etc., devemos, pois, respeitar as diferenas dos outros, para que pos-
samos todos viver em harmonia, no apenas na vila ou cidade onde habi-
tamos, mas nesta aldeia global que o nosso planeta.
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A salvaguarda do PCI
Salvaguarda sinnimo de proteo e de conservao, termos muito
utilizados quando se fala de patrimnio. Mas o Patrimnio Imaterial no
se pode conservar como um edifcio, no qual se fazem obras para evitar
que caia em runa. Tambm no se pode conservar do mesmo modo como
com os Objetos, que normalmente guardamos em museus, em bibliotecas
e arquivos, em condies de temperatura e humidade controladas, de
modo a que continuem a existir por muitos sculos, ou que se restauram
quando esto em mau estado de conservao.
O que significa ento salvaguarda no caso do Patrimnio Imaterial?Por um lado, significa garantir a transmisso dos conhecimentos e das pr-
ticas que o constituem. Neste caso, a salvaguarda procura manter a conti-
nuidade das tradies ao longo das geraes, porm no respeito pela sua
dinmica, pois uma das caractersticas do Patrimnio Imaterial a sua
constante criao e adaptao s condies sociais do presente.
Por outro lado, salvaguardar o Patrimnio Imaterial implica garantir a
sua documentao e registo, por exemplo atravs da constituio de arqui-
vos audiovisuais, de modo a garantir que, quando uma determinadaexpresso cultural se altere radicalmente ou desaparea, pela ausncia de
condies sociais indispensveis sua manuteno, esses registos permi-
tam s geraes futuras ter conhecimento acerca dessas tradies.
A nvel internacional, o principal esforo para a valorizao e a salva-
guarda do Patrimnio Imaterial tem sido efetuado pela UNESCO (Organi-
zao das Naes Unidas para a Educao, Cincia e Cultura), que em
elaborou a Conveno para a Salvaguarda de Patrimnio Cultural
Imaterial. Esta Conveno um instrumento muito importante para a sal-vaguarda do Patrimnio Imaterial, e seguida por muitos pases em todo
o mundo, entre os quais Portugal, que a adotou em .
Em Portugal, o trabalho iniciado pela UNESCO em est a ser
desenvolvido pelo Instituto dos Museus e da Conservao (IMC), como
entidade nacional de referncia para o setor do Patrimnio Imaterial. Este
Kit apenas a expresso de apenas uma das de frentes de trabalho do IMC
no sentido da valorizao do Patrimnio Imaterial do nosso Pas, incluindo
as tradies das comunidades que no so originrias de Portugal mas sim
de outros pases e culturas.
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A utilizao do Kit de Recolha de Patrimnio Imaterial
Todos ns temos um papel muito importante na salvaguarda do Patri-
mnio Imaterial. Temos hoje bases de dados pblicas, como a do Inventrio
Nacional do Patrimnio Cultural Imaterial(www.matrizpci.imc-ip.pt), que
uma das primeiras no seu gnero em todo o mundo, e que nos permitem a
todos conhecer e participar ativamente na salvaguarda dos muitos tipos
de tradies que existem no nosso Pas, e tambm das tradies das comu-
nidades portuguesas emigradas pelo mundo.
Temos hoje ao nosso alcance meios que, de forma muito fcil, nos per-
mitem registar e documentar o Patrimnio Imaterial, a fim de transmiti-los geraes futuras. Podemos faz-lo recorrendo a meios como a fotogra-
fia, o vdeo, o desenho e as gravaes sonoras. Individualmente ou em
conjunto, todos estes meios podem ser utilizados em conjunto com este
Kit no processo de recolha e documentao do Patrimnio Imaterial da tua
comunidade.
Este Kit constitudo por Fichas diferentes, que podem ser utiliza-
das individualmente ou em conjunto umas com as outras:
I. FICHAS PARA PATRIMNIO IMATERIAL
Ficha de Saberes e Ofcios Tradicionais
Ficha de Tradies Festivas
Ficha de Tradies Orais
II. FICHAS PARA PATRIMNIO MATERIAL
Ficha de Lugares
Ficha de Edifcios Ficha de Objetos
III. FICHAS COMPLEMENTARES
Ficha de Pessoas
Ficha de Entrevista/ Histria de Vida
Como Desenhar uma rvore Genealgica
Ficha de Projeto de Recolha
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Para a documentao, atravs de registo escrito, das seguintes expres-
ses do Patrimnio Imaterial de uma comunidade, podem ser utilizadas as
seguintes Fichas: Saberes e Ofcios Tradicionais; Tradies Orais eTra-
dies Festivas.
Dado que, como j vimos, estas expresses do Patrimnio Imaterial
podem encontrar-se associadas a outros tipos de Patrimnio, para a docu-
mentao destes devem ser utilizadas as Fichas para documentao de
Objetos, Lugarese Edifcios.
Por outro lado, como tambm j vimos, o Patrimnio Imaterial no
existe sem as pessoas, e, como tal, tambm no existe sem os grupos e as
comunidades a que aquelas pertencem. Para documentar qual a relao
dessas pessoas com o Patrimnio Imaterial devem ser utilizadas as Fichas
de Pessoas, Histrias de Vidae Como Desenhar uma rvore Geneal-gica.
Para facilitar a sua utilizao, cada Ficha acompanhada de instru-
es prprias. O Kit tambm constitudo pelo Manual para Recolha no
Terreno, que contm instrues para os principais passos que devem ser
dados na realizao de um Projeto de documentao de Patrimnio Ima-
terial.
Sempre que este Kit for utilizado em contexto educativo, por exemplo
em escolas ou em museus, e sobretudo em casos de trabalhos de grupo,deve ser preenchida a respetiva Ficha de Projeto.
Bom trabalho de recolha e diverte-te a descobrir, a documentar e a
melhor conheceres o teu Patrimnio Imaterial!
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I.
fichas parapatrimnioimaterial
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FICHA N.
. NOME DO SABER OFCIO TRADICIONAL:
. LOCAL ONDE SE PRATICA:
DISTRITO
CONCELHO
FREGUESIA
LOCAL
derecolhade patrimnioimaterial
Kit
PATRIMNIO IMATERIAL SABERES E OFCIOS TRADICIONAIS
IMAGEM
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. NOMES DOS DETENTORES OU PRATICANTES:
. ESPAO(S) UTILIZADO(S) NA PRTICA DO SABER / OFCIO:
. EDIFCIO(S) UTILIZADO(S) NA PRTICA DO SABER / OFCIO:
. OBJETO(S) UTILIZADO(S) NA PRTICA DO SABER / OFCIO:
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. DESCRIO DAS ETAPAS UTILIZADAS PARA A PRTICA DO SABER / OFCIO :
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. MODO DE APRENDIZAGEM DO SABER OFCIO:
. AMEAAS CONTINUIDADE DO SABER OFCIO:
. OUTRAS INFORMAES:
ELABORADO POR:
DATA:
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INSTRUES
Esta Ficha de Inventrio destina-se carac-
terizao dos saberes e ofcios tradicionais, que
so atualmente uma das reas do PatrimnioImaterial que mais srias ameaas conhece em
Portugal.
Estas ameaas continuidade de saberes e
ofcios que se praticaram ao longo de geraes,
por vezes ao longo de muitos sculos, resultam de
muitos fatores interligados entre si. No entanto,
a modernizao tecnolgica que o nosso Pas tem
conhecido nas ltimas dcadas, em reas como
a agricultura, as pescas e as indstrias, constituium dos mais importantes desses fatores.
Para utilizares esta Ficha, deves comear por
identificar o nomepelo qual o saber ou ofcio tra-
dicional conhecido na comunidade (ex: oleiro,
cesteiro, pastor, pescador, amolador, fadista,
dezedor, vedor, curandeiro, etc).
Tem tambm em ateno que o mesmo tipo
de saber ou conhecimento pode variar muito
consoante o local e a regio em que se pratica,quer em funo dos recursos naturais a dispo-
nveis, quer em funo dos costumes, isto da
tradio ou cultura prpria de cada comunidade.
No caso do ofcio de oleiro, esta conjuno de
fatores d origem aos muitos tipos de formas e
decoraes que a cermica popular conhece em
Portugal, como a loua preta de Bisalhes, a tc-
nica de empedrado da loua de Nisa e as cermi-
cas muito coloridas e vidradas de Reguengos. Por
esta razo, fundamental que identifiques com
exatido o localem que se pratica esse saber ou
ofcio.
De seguida, identifica o nome dos deten-
toresou dos seus praticantesdesse saber com
quem contactaste no decorrer do teu projeto
de recolha. Tem em ateno que os saberes, ou
os conhecimentos e as prticas tradicionais quefazem parte do patrimnio imaterial de uma
comunidade no so apenas aqueles que se con-
cretizam na realizao de um ofcio ou profisso.
Por exemplo, se realizas um projeto de recolha de
Patrimnio Imaterial acerca dos conhecimentos
sobre medicina popular numa aldeia, irs verifi-car que podem ser muitas as pessoas que parti-
lham o mesmo conhecimento sobre a utilizao
de uma certa espcie de planta para a cura de
uma enfermidade, independentemente de todas
elas terem profisses e ocupaes muito dife-
rentes. Sempre que necessrio, utiliza a Ficha de
Pessoas para caracterizar com exatido cada um
desses praticantes ou detentores do saber, para
melhor perceber como aprendeu e como utilizaesse conhecimento.
De acordo com as caractersticas prprias de
cada saber ou ofcio, identifica quais os espaos,
os edifciosou os objetosnormalmente utiliza-
dos para a sua realizao. Consulta as instrues
das respetivas Fichas de Inventrio para exem-
plos dos vrios tipos de Patrimnio Material que
podem ser indispensveis para a realizao do
teu projeto, e, naturalmente, devers tambm
utilizar essas fichas sempre que o considerares
importante para melhor compreenso de como
executado um saber ou ofcio.
Seguidamente, devers descrever em que
consiste o saber ou ofcio, identificando as vrias
etapas utilizadas na sua prtica. Por exemplo,
se realizas o teu trabalho sobre a olaria, comea
por descrever onde e como o oleiro obtm a
sua matria-prima, o barro, e de seguida explica
como este preparado para poder ser moldado.
Identifica sempre quais os equipamentos utiliza-
dos em cada uma da vrias fases de produo do
objeto, como por exemplo a roda para a molda-
gem, o forno para a cozedura, assim como todos
os instrumentos utilizados nas fases de decora-
o e acabamento, como a pintura e a vidragem.
igualmente importante que expliques quaisos objetivos da prtica (ex: o oleiro produz os
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canudos de barro destinados aos moinhos de
vento do concelho) e os modos como os produ-
tos desse saber / ofcio so comercializados (ex:
o oleiro vende a sua produo em feiras e mer-
cados regionais; o oleiro vende a sua produona prpria oficina; o oleiro vende a sua produo
para uma grande superfcie comercial na sede do
concelho).
Quanto ao modo de aprendizagem do saber
/ ofcio, importante referires qual a idade a par-
tir da qual pode ocorrer essa aprendizagem, e se
efetuada em meio familiar, como frequentemente
sucedia, ou em meio laboral, entre colegas de tra-
balho e entre mestres e aprendizes de profisso. tambm importante referires se a aprendizagem
ocorre apenas entre pessoas do mesmo sexo,
como por exemplo as artes de cozinha, que at h
algumas dcadas eram passadas apenas de mes
e avs para filhas e netas. Verifica igualmente se
aprendizagem se efetua apenas por via oral, pela
observao direta, pela imitao e pela experi-
mentao, ou se recorre tambm a informao
escrita, como por exemplo os Almanaques utiliza-
dos por muitos agricultores.
Sempre que existentes, deves registar na
Ficha as ameaas continuidade do saber /
ofcio. Um exemplo claro destas ameaas o
que tem sucedido em Portugal nas ltimas duas
dcadas com as tcnicas tradicionais de constru-
o. Como facilmente podes verificar tua volta,
o material dominante na construo das casas de
habitao o beto, ou cimento armado (estru-
turado) com ferro. Esta tecnologia utilizada
por todo o territrio de Portugal, continental
e insular, quer na construo de habitaes de
um s piso, quer para prdios de muitos anda-res. No entanto, com exceo das principais
cidades, at c. da dcada de , o panorama
era inteiramente diferente. Tal como ainda hoje
podes verificar por ti prprio ao viajar pelo Pas, a
construo das casas realizava-se de modo muito
diferente consoante as regies do Pas e os mate-
riais naturais disponveis em cada uma, como o
granito e o xisto no Norte ou o adobe e a taipa no
Sul. No entanto, o importante a reter que estasalteraes nos modos de construo das casas
eliminaram quase por completo a necessidade
de se manterem e transmitirem os conhecimen-
tos ou saberes tradicionais necessrios a cada
um desses tipos de construo. Hoje o termo
pedreiro j no designa verdadeiramente o of-
cio de quem trabalha a pedra, mas sim o de quem
trabalha com cimento, levanta paredes em tijolo
e projeta com mquinas o gesso que reveste as
paredes antes da sua pintura.
De entre os casos possveis de ameaas
continuidade de um saber / ofcio, deves consi-
derar como evidente o facto de que, numa comu-
nidade ou famlia, apenas as pessoas mais velhas
o praticarem e de no existir nenhum jovem inte-
ressado em adquirir esse conhecimento ou de
enveredar por esse ofcio.
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FICHA N.
. NOME DA FESTA:
. LOCAL DE REALIZAO:
DISTRITO
CONCELHO
FREGUESIA
LOCAL
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Kit
PATRIMNIO IMATERIAL TRADIES FESTIVAS
IMAGEM
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. DATAS DE REALIZAO:
. RESPONSVEIS PELA ORGANIZAO DA FESTA:
. PARTICIPANTES NA REALIZAO DA FESTA:
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. DESCRIO DA FESTA:
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. AMEAAS CONTINUIDADE DA FESTA:
. OUTRAS INFORMAES:
ELABORADO POR:
DATA:
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INSTRUES
Esta Ficha de Inventrio de Patrimnio Ima-
terial destina-se apenas caracterizao das fes-
tas tradicionais de uma comunidade. Com fre-quncia, consideram-se como patrimnio
imaterial as festas de carter religioso, como as
festas patronais de uma comunidade, isto , as
festas em honra do orago ou patrono de uma
comunidade, como o Santo Antnio em Lisboa, o
S. Joo no Porto, etc. De entre as festas mais
conhecidas das principais religies contam-se o
Natal, prprio da tradio crist, a Pscoa,
comum s tradies judaica e crist, o Diwali datradio hindu, ou o Aid al-Kabir e o Aid al-Seghir
da tradio islmica.
No entanto, muitas das festas e rituais reali-
zados tradicionalmente em Portugal podem ser
caracterizada pelo seu carter profano, mesmo
quando tm relaes evidentes com o calendrio
festivo religioso. o caso do Entrudo ou Carnaval
que, sendo um dia de folia popular em que no se
realizam celebraes religiosas, se realiza no diaimediatamente anterior ao incio da Quaresma.
Outro exemplo o Magusto de S. Martinho,
ocasio de encontro e festa entre familiares e
vizinhos caracterizada pelo consumo de casta-
nhas e pela prova do vinho novo.
No preenchimento da Ficha de Inventrio de
Tradies Festivas, deves comear, por identifi-
car o nome pelo qual a festa conhecida (ex:
Festa de Natal, Po-por-Deus, Festa de S. Pedro,
Festa de N. Senhora da Conceio, etc.), assim
como o localespecfico em que a mesma reali-
zada, pois a mesma festa pode ser realizada com
carter muito diferente de comunidade para
comunidade. No espao reservado para a ima-
gem da festa, procura utilizar uma fotografia ou
desenho do momento da festa que consideres
que melhor a identifica. Por exemplo, que foto-grafia escolherias para melhor retratar o Natal na
tua comunidade? A montagem do prespio, a
ceia da noite de consoada, a missa do galo ou a
abertura dos presentes junto rvore de Natal?
No que respeita dataou datas em que a
festa se realiza, deves ter em ateno que a festapode ser celebrada fora do seu perodo habitual.
Do mesmo modo que se o teu aniversrio calha a
um dia de semana podes fazer a tua festa de anos
ao sbado ou ao domingo para poderes estar
com mais amigos e familiares, muitas vezes as
comunidades realizam as suas festas no Vero,
normalmente em Agosto, quando a se renem
de frias todos os vizinhos que esto emigrados
ou vivem noutros locais do Pas.Deves indicar quem so as pessoas respon-
sveis pela organizao da festa, como por
exemplo os mordomos, o proco, o presidente da
junta de freguesia, ou outros. Para alm de as
identificar, deves perceber como essas pessoas
repartem entre si as muitas tarefas que implica a
realizao da festa, quais as razes pelas quais
essas pessoas aceitaram assumir essa responsa-
bilidade. tambm importante perceberes que
tipo de encargo significa para cada pessoa a rea-
lizao da sua tarefa, por exemplo em tempo de
trabalho dispendido.
Seguidamente deves tambm identificar
todas as pessoas e grupos de participantes na
realizao da festa. Deves indicar, por exemplo,
se a festa destinada a gente de toda as idades
ou apenas a determinados grupos. Nas aldeias de
Trs-os-Montes, at h algumas dcadas as Fes-
tas dos Rapazes eram realizadas apenas pelos
rapazes, sob a orientao de um homem mais
velho, que faziam diabruras s raparigas. Deves
tambm perceber se a festa atrai s a populao
local, ou a populao de outros concelhos vizi-
nhos ou mesmo de outras regies.
Para a descrio da festa deves ser to
exaustivo quanto possvel, tendo em ateno astradies festivas so frequentemente comple-
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xas, e que constituem muitas vezes uma suces-
so de muitos acontecimentos interligados
entre si, com significado e importncia diferen-
tes uns dos outros, realizados por diferentes
pessoas e grupos. Como tal, a tua descrio devecomear pela fase de preparao da festa, como
por exemplo a nomeao da mordomia ou
comisso organizadora da festa (que s vezes
ocorre no final da festa do ano anterior!), a anga-
riao de fundos para as despesas a realizar
(atravs de peditrios, leiles, pedidos de apoio
a empresas, etc.). Quanto festa propriamente
dita, procura descrever todos os seus compo-
nentes e o seu encadeamento ao longo do dia oudias em que se realiza, tais como o seu anncio,
com lanamento de foguetes ou desfile da
banda, a realizao das cerimnias religiosas
(missa, procisso, bnos, etc.), a realizao de
refeies, provas de fora, concursos, leiles,
bailes, atuaes de grupos de msica ou dana,
etc. Sempre que necessrio, utiliza a Ficha Inven-
trio de Objetos para descrever instrumentos de
importncia central utilizados na realizao das
festas, como o cortio e o serrote utilizados na
Serrao da Velha, as longas toalhas de linho uti-
lizadas na Festa das Papas em Cabeceiras de
Basto, o Forco utilizado na Capeia Arraiana que
se realiza nas povoaes do Sabugal por ocasio
das festas patronais, e naturalmente, entre os
infindveis exemplos possveis, as prprias ima-
gens religiosas que so objeto de culto nas fes-
tas religiosas por todo o Pas.
Deves prestar especial ateno fase de pre-
parao do(s) lugar(es) em que se realiza a festa
nas suas diversas componentes, tais como o
largo da aldeia para o baile e a quermesse, um
terreno para o arraial ou a feira, a igreja para as
cerimnias religiosas, o coreto para a banda filar-
mnica, etc. Sempre que necessrio, recorre s
Fichas de Inventrio de Lugares e de Edifciospara complementares a tua descrio.
Deves identificar quais as atividades rela-
cionadas com a festa que decorrem paralela-
mente a esta, incluindo o que se passa nas casas
das pessoas que se preparam para a festa, como
a realizao de limpezas profundas, a renovaoda pintura do exterior ou a decorao de certos
espaos da casa.
De entre estas atividades, deves desenvolver
na seco prpria as que consideres como outras
expresses do Patrimnio Imaterial relaciona-
das com a festa, como por exemplo a confeo
de comidas prprias da festa, como as filhzes, as
rabanadas e o bacalhau (ou o peru, ou o polvo,
consoante as regies) na noite de Natal, o bolo--rei no Dia de Reis, o folar, as amndoas e o
cabrito na Pscoa, etc. Para alm destes manja-
res cerimoniais, podes utilizar esta seco para
referir muitas outras expresses, como jogos tra-
dicionais, ou, na Quinta-Feira de Ascenso, data
que at h algumas dcadas era feriado religioso
e considerando popularmente o dia mais santo
do ano, a ida aos campos para a apanha da
Espiga, um ritual destinado a propiciar a abun-
dncia das colheitas para esse ano.
Sempre que existentes, deves registar na
Ficha as ameaas continuidade da festa. Um
exemplo destas ameaas o que tem sucedido
em Portugal nas ltimas duas dcadas, em parti-
cular nas vilas e cidades, com a progressiva subs-
tituio do Po-por-Deus pelo Halloween,
esta ltima importada da cultura norte-ameri-
cana, mas muito semelhante tradio nacional.
Uma dessas semelhanas o peditrio de gulo-
seimas que as crianas realizam pelas casas da
sua comunidade. A outra reside nas expresses
que as crianas utilizam. No Po-por-Deus, se
no recebem nada, as crianas podem responder
com versos como os seguintes: Esta casa cheira
a alho! Aqui mora um espantalho! ou Esta casa
cheira a unto! Aqui mora algum defunto!. Pelocontrrio, se recebem guloseimas, respondem
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com versos como este: Esta casa cheira a broa!
Aqui mora gente boa!.
A progressiva implantao do Halloween em
Portugal constitui um exemplo de ameaa ou
risco continuidade do Po-por-Deus comomanifestao do Patrimnio Imaterial portugus,
por vrias razes. Em primeiro lugar, substitui os
versos tradicionais, manifestaes da tradio
oral da comunidade, por expresses orais origi-
nrias do Ingls (Doura ou travessura! / Trick
or treat!). Em segundo lugar, introduz neste
peditrio cerimonial infantil o uso de mscaras e
fatos muito semelhantes s usadas no Carnaval,
mas que tradicionalmente eram totalmenteausentes do Po-por-Deus. Finalmente, e como
bem expressam as alteraes do nome da tradi-
o, da forma e contedo da tradio oral, e tam-
bm o tipo de mscaras que passaram a ser utili-
zadas pelas crianas, a introduo do Halloween
eliminou por completo as conotaes religiosas
muito presentes na antiga tradio do Po-por-
-Deus.
COMPREENDER O CALENDRIO FESTIVO
DE UMA COMUNIDADE
Utiliza o diagrama da pgina seguinte para
elaborares o calendrio das festas cclicasda tua
comunidade, isto , as festas que se realizam
todos os anos, sempre nas mesmas datas ou nos
mesmos perodos. Podes tambm utiliz-lo para
identificar outras festas com periodicidade no
anual, com a Festa dos Tabuleiros (em Tomar),
que se realiza apenas de em anos. Podes ainda
utiliz-lo para assinalar outros acontecimentos
rituais, que ocorrem de forma irregular, como as
procisses ad petendam pluviam, em que se pede
chuva quando acontecem grandes secas.Depois de preenchido, utiliza o diagrama
com as vrias festas que se realizam na tua comu-
nidade para descobrires a relao entre cada uma
delas e os ciclos da natureza. J reparaste que o
Natal se celebra prximo do Solstcio de Inverno,
e que os Santos de Junho, sobretudo, o S. Joo,
celebram-se prximo do Solstcio de Vero? E
sabes que muitas das festas que se realizam no
Vero assinalam, ou assinalavam em temposmais recuados, o fim das colheitas agrcolas,
estando, pois, em relao com os ciclos da natu-
reza? J reparaste como a Pscoa, bem como
outras celebraes ligadas ao renascimento da
natureza, se celebra sempre prximo do equin-
cio da Primavera?
E sabes porque razo o dia em que se cele-
bra o Carnaval e a Pscoa mudam de ano para
ano? porque no calendrio litrgico catlico,
que calculado simultaneamente com base nos
ciclos do sol e da lua, aquelas festas so defini-
das pela data em que ocorre a ltima lua nova de
Inverno. Ora, como o ciclo lunar (que dura
dias) de durao inferior de um ms ( ou
dias, com exceo de Fevereiro), e a data do
calendrio em que ocorre a ltima lua nova de
Inverno varia de ano para ano, tambm as datas
em que se celebram aquelas festas mudam de
ano para ano.
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AGOSTO
FEVEREIR
O
MAIO NOVEMBRO
/DEZEMBRO
SOLSTCIOINVERNO
JUNHO
SOLSTCIOVERO
S
ETEM
BRO
EQU
INC
IOOUT
ONO
MAR
O
EQU
INC
IOPRIMAVER
A
I N V E R N O
V E R O
O U T O N O P R I M A V E R A
DISTRITO:
CONCELHO:
FREGUESIA
LOCAL:
ELABORADO POR:
DATA:
CALENDRIO FESTIVO
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FICHA N.
. NOME DA TRADIO ORAL:
. LOCAL ONDE SE PRATICA:
DISTRITO
CONCELHO
FREGUESIA
LOCAL
derecolhade patrimnioimaterial
Kit
PATRIMNIO IMATERIAL TRADIES ORAIS
IMAGEM
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. NOMES DOS DETENTORES OU PRATICANTES:
. SITUAES EM QUE A TRADIO ORAL PRATICADA:
. DESCRIO DA TRADIO ORAL:
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. MODO DE APRENDIZAGEM DA TRADIO ORAL:
. AMEAAS CONTINUIDADE DA TRADIO ORAL:
. OUTRAS INFORMAES:
ELABORADO POR:
DATA:
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INSTRUES
Utilizando a lngua como meio de expresso
e de transmisso, as tradies orais podem assu-
mir muitas formas e ser usadas para fins muitodiferentes. Por exemplo, algumas das mais
conhecidas, como os contos, as lendas, as adivi-
nhas, os provrbios, as lenga-lengas ou os roman-
ces, so utilizadas para fins de entretenimento,
diverso e por vezes tambm para fins pedaggi-
cos. Outras formas de expresso oral no so
verdadeiramente autnomas, mas utilizam-se
em conjunto com ou como parte integrante de
saberes tradicionais. o exemplo das oraesque se pronunciam para esconjurar as trovoadas,
invocando a proteo de Santa Brbara, ou que
se pronunciam no processo de fabrico do po, ao
mesmo tempo que se desenha uma cruz sobre a
massa lveda ou sobre o forno. Outros exemplos
de formas de oralidade utilizadas em conjunto
com outras expresses do Patrimnio Imaterial
so o cancioneiro, em que as canes ou cantigas
so indissociveis da msica, e o teatro, em que acompreenso do texto ou fala de cada um dos
atores indissocivel dos restantes elementos
da representao, tais como a postura dos ato-
res, o modo como estes se relacionam entre si, o
modo como trajam e os adereos que utilizam,
assim como do cenrio em que a pea de teatro
realizada.
A literatura oral, isto , o conjunto de tradi-
es orais de uma comunidade, normalmente
muito complexa, mas em caso algum a deves
confundir, para os objetivos a que se destina esta
Ficha, com a lngua utilizada na comunidade. Por
exemplo, caso realizes o teu projeto de recolha
sobre as tradies orais mirandesas, no deves
considerar como patrimnio imaterial a Lngua
Mirandesa na sua globalidade. Esta deve ser con-
siderada como o veculo para a transmisso dotipo de tradies orais sobre o qual efetuars a
tua recolha, tais como o cancioneiro, o roman-
ceiro, o teatro ou o adagirio.
Como tal, deves utilizar uma Ficha para cada
um desses tipos de expresses orais, comeando
por identificar o nomepelo qual ela conhecidana comunidade (ex: conto, parlenga, rima, ditado,
etc.), assim como o localespecfico em que a tra-
dio oral conhecida ou praticada, pois a
mesma tradio oral pode conhecer tantas ver-
ses diferentes quanto os locais em que a mesma
conhecida. No espao reservado para a ima-
gem, procura utilizar uma fotografia do momento
em que algum narra essa tradio, ou um dese-
nho elaborado a partir do seu tema principal.De seguida, identifica o nome dos detento-
res ou praticantesdessa tradio oral, tendo em
ateno que, do mesmo modo que varia de local
para local, tambm pode variar de pessoa para
pessoa (como diz o ditado, Quem conta um
conto acrescenta um ponto).
De acordo com as caractersticas prprias de
cada tipo de tradio oral, identifica de quais as
situaes em que praticada. Por exemplo, seescolheste realizar o teu projeto de recolha de
patrimnio imaterial sobre o cancioneiro de uma
freguesia, provavelmente encontrars cantigas
de gneros muito diferentes, tais como cantigas
de embalar, utilizadas pelas mes para adorme-
cer os bebs, cantigas de trabalho, utilizadas para
alegrar ou para ritmar os trabalhos no campo, e,
claro, tambm cantigas e quadras que os namo-
rados dedicam um ao outro.
Seguidamente, devers realizar a descrio
da tradio oral, da forma mais exaustiva poss-
vel, principiando pela sua transcrio integral,
como na seguinte adivinha:
Tem casca bem guardada
Ningum lhe pode mexer
Sozinha ou acompanhadaEm Novembro nos vem ver
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Aps transcreveres cada verso, ou verses,
deves procurar incluir na descrio todas as
explicaes que sejam importantes para compre-
ender essa expresso oral. No caso deste fruto,
que certamente j adivinhaste, poderia ser refe-rido sobre a castanha que a sua casca de difcil
remoo, que vem ver-nos em Novembro, por-
que nessa altura principia a poca da sua apanha
e do seu consumo, sobretudo nos magustos de S.
Martinho, e que pode ser comida sozinha, ou
como acompanhamento de outros alimentos.
Quanto ao modo de aprendizagem da tra-
dio oral, importante referir qual a idade a
partir da qual pode ocorrer essa aprendizagem, ese efetuada em meio familiar, entre amigos, ou
em qualquer outro tipo de grupo, como por
exemplo as loas proclamadas pelos grupos que
participam nas Festas dos Rapazes em Trs-os-
-Montes. Verifica igualmente se a aprendizagem
e a transmisso se efetua apenas por via oral,
pela imitao e pela memorizao, ou se recorre
tambm escrita, como por exemplo por vezes,
desde as ltimas dcadas, com a elaborao dos
textos lidos por ocasio dos testamentos do
Entrudo, da Serrao da Velha, entre outros.
Sempre que existentes, deves registar na
Ficha as ameaas continuidade da tradiooral. Por exemplo, se verificares ao longo do teu
projeto que apenas as pessoas mais velhas da
comunidade so detentoras dessa tradio, e que
j no a praticam verdadeiramente, por exemplo
atravs da transmisso aos seus filhos e netos
dos contos, lendas e romances que aprenderam
com os seus pais e avs, deves considerar que a
continuidade destas tradies est ameaada.
Sempre que entendas necessrio, regista naFicha outras informaes que considerares
importantes para a caracterizao dos gneros
de literatura oral que ests a recolher, tais como
possveis medidas a tomar pela comunidade para
assegurar a sensibilizao dos mais jovens para a
transmisso e a continuidade futura dessa tradi-
o, tais como a realizao de sesses pblicas
de contos, de concursos de adivinhas, etc.
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II.
fichas parapatrimniomaterial
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FICHA N.
. NOME DO LUGAR:
. LOCALIZAO:
DISTRITO
CONCELHO
FREGUESIA
LOCAL
derecolhade patrimnioimaterial
Kit
PATRIMNIO MATERIAL INVENTRIO DE LUGARES
IMAGEM
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. DADOS HISTRICOS:
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. DESCRIO:
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. RELAO DO LUGAR COM MANIFESTAES DE PATRIMNIO IMATERIAL:
. OUTRAS INFORMAES:
ELABORADO POR:
DATA:
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INSTRUES
A Ficha de Inventrio de Lugares deve ser
utilizada para a caracterizao de uma expresso
do Patrimnio Imaterial cuja realizao impliquea utilizao de um espao fsico.
Assim, esta Ficha pode ser utilizada para
descrever espaos urbanos como os largos e as
praas, em que se realizam acontecimentos festi-
vos como a queima do madeiro de Natal, os
arraiais das Festas de Vero, etc. No caso das pro-
cisses e dos compassos pascais, o espao
urbano abrangido maior, e estende-se normal-
mente a vrias ruas, bairros ou mesmo vrioslugares de uma freguesia, j para no falar dos
crios que podem percorrer vrias povoaes.
A Ficha pode tambm ser utilizada como
complemento ao estudo de saberes e ofcios
tradicionais, como por exemplo para caracteri-
zar os terrenos utilizados para uma prtica agr-
cola ou para caracterizar a floresta em que o
resineiro recolhe a resina ou que os caadores
procuram para a caa de uma certa espcie ani-mal, as charnecas a que o pastor conduz o seu
rebanho para se alimentar, o rio, lago ou zona
costeira utilizados por uma comunidade pisca-
tria, etc.
A Ficha pode ainda ser utilizada para descre-
ver os espaos em que muitas vezes tm origem
determinadas tradies orais, como os penedos,
as grutas, as fontes ou os castros acerca dos
quais produzem lendas sobre a existncia de
mouras encantadas, os locais em que, tambm
de acordo com a tradio oral, existem tesouros
enterrados, ou, ainda, em que apareceram as
imagens de santos.
No preenchimento desta Ficha, deves come-
ar por identificar o nomepelo qual esse lugar conhecido (ex: Praa da Repblica, Cova da
Moura, etc.), e a sua localizao. Utiliza o espao
prprio para colocares a imagem desse espao,
que pode consistir numa fotografia, num dese-
nho ou num mapa.
Deves procurar dados histricos sobre o
lugar, como por exemplo a poca em que foi
habitado um castro, o sculo em que foi cons-
trudo um bairro, os anos aproximados em queum certo terreno, originalmente de uso agrcola,
foi abandonado e hoje utilizado para pastoreio,
etc., pelo que importante que registes nesta
seco a funoou funes atuais que o lugar
desempenha.
Deves efetuar a descriodo espao com o
maior pormenor possvel, explicando se consiste
num espao de uso coletivo (ex: o largo de uma
aldeia ou um rio) ou privado (um terreno agrcola
ou florestal), e identificando, neste ltimo caso, o
respetivo proprietrio.
Seguidamente deves explicar qual a relao
desse lugar com oPatrimnio Imaterialda res-
petiva comunidade, complementando-a com
outras informaesrelativas sua importncia,
por exemplo, como espao de realizao de tradi-
es festivas, como fonte de tradies orais da
comunidade, ou como recurso para o exerccio e
continuidade de saberes e ofcios tradicionais.
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FICHA N.
. NOME DO EDIFCIO:
. LOCALIZAO:
DISTRITO
CONCELHO
FREGUESIA
LOCAL
derecolhade patrimnioimaterial
Kit
PATRIMNIO MATERIAL INVENTRIO DE EDIFCIOS
IMAGEM
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. FUNOUTILIZAO:
. DATA DE CONSTRUO:
. DADOS HISTRICOS:
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. RESPONSVEIS PELA CONCEO/CONSTRUO:
. PROPRIETRIO ATUAL:
. DESCRIO:
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. MATERIAIS DE CONSTRUO UTILIZADOS:
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. ESTADO DE CONSERVAO:
MUITO BOM BOM REGULAR MAU
. RELAO DO EDIFCIO COM MANIFESTAES DE PATRIMNIO IMATERIAL:
. OUTRAS INFORMAES:
ELABORADO POR:
DATA:
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49
INSTRUES
Tal como referido na Introduo deste Kit,
muitas vezes a documentao do Patrimnio
Imaterial no pode ser dissociada do PatrimnioMaterial. Como tal, deves utilizar esta Ficha sem-
pre que seja necessrio caracterizares, com maior
pormenor, uma expresso do Patrimnio Imate-
rial cuja realizao implique a utilizao de um
determinado tipo de edifcio ou construo,
mesmo que esta no tenha uma utilizao per-
manente mas apenas provisria.
Entre os muitos casos possveis, esta Ficha
pode ser preenchida para identificar os edifcios(Igreja, Capela, Mesquita, Sinagoga, etc.) utiliza-
dos para a realizao de festas religiosas. Pode
tambm ser utilizada como complemento
documentao de saberes ou ofcios tradicionais,
como os de moleiro e lagareiro, que se realizam
em edifcios equipados especificamente para
esse fim, respetivamente os moinhos, de gua ou
de vento, e os lagares de azeite.
No caso das atividades piscatrias, a Fichapode ser utilizada para caracterizar as constru-
es em que se guardam as artes de pesca (ex:
redes), ou que se utilizam para a seca de peixe.
No caso das atividades agrcolas, a Ficha pode
ser utilizada para documentar todas as constru-
es utilizadas para guardar as alfaias agrcolas,
os animais de trabalho, os produtos da terra,
como por exemplo os Espigueiros, que se utili-
zam Noroeste de Portugal para conservar as
espigas de milho. Pode ser utilizada tambm
para caracterizar muitos outros tipos de cons-
trues por vezes associadas ao trabalho agr-
cola, como os pombais, utilizados em parte para
produo de estrume, ou os poos, engenhos e
noras, utilizados para regar os campos. No caso
do pastoreio, a Ficha pode ser utilizada para
descrever os abrigos dos pastores, sempre queestes sejam utilizados e, claro, os prprios cur-
rais e todas as instalaes utilizadas no manu-
seio do gado.
No preenchimento da Ficha de Inventrio de
Edifcios, deves comear por identificar o nome
pelo qual conhecido (ex: Moinho, Lagar deVinho, Oficina, Lagar de Vinho, etc.) e a sua loca-
lizao. Tal como em qualquer documento de
identificao, importante que esta Ficha seja
ilustrada com uma imagem do edifcio, que
poder consistir numa fotografia ou num dese-
nho colocado no espao para tal destinado.
Quanto sua data de construo, caso no
seja possvel identificar o ano preciso, deves
indicar o perodo aproximado (ex: Dcada de; /) ou, pelo menos, o sculo
(ex: Sculo XX). Deves procurar saber dados
histricos sobre o edifcio, como por exemplo a
quem pertencia originalmente, como passou a
pertencer ao atual proprietrio, eventuais alte-
raes e/ou ampliaes que nele tenham sido
feitas ao longo do tempo, quando e porqu dei-
xou de ser utilizado, etc.
Deves efetuar a descriodo edifcio sem-pre do geral para o particular (isto , da sua estru-
tura para as suas vrias partes), como nesta des-
criode um moinho de vento:
Moinho de vento, em alvenaria, de planta circu-
lar, de trs pisos. Sobre o piso superior ergue-se o
capelo, telhado cnico movido a partir do inte-
rior do moinho para orientao do velame ao
vento. No piso superior situa-se a m alveira,
utilizada para a moagem de trigo. No piso inter-
mdio situa-se a m secundeira, utilizada para
a moagem de milho. No piso trreo est insta-
lado um crivo mecnico, utilizado para a lim-
peza do gro a moer. Este piso ainda utilizado
para o armazenamento dos sacos de farinha.
Deves procurar ser o mais exaustivo possvelna identificao de todos os materiaisde que
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feito o edifcio. No caso deste moinho, cuja estru-
tura principal de alvenaria, deveria ser indicado,
por exemplo, que os sobrados de cada piso so
em madeira, que o capelo constitudo por
uma estrutura de barrotes em madeira forrada achapas de zinco e, naturalmente, deveria ser indi-
cado que as ms so feitas de pedra.
Na ficha deves indicar ainda identificar os
intervenientes fundamentais na histria do edif-
cio: os responsveis pela sua conceo e/ou
construo e o seu atual proprietrio. No pri-
meiro caso no te esqueas que um edifcio pode
ser construdo com recurso a vrios saberes espe-
cializados no trabalho da pedra, da madeira, doadobe, etc. Sempre que seja possvel, todos estes
intervenientes devero ser aqui identificados.
Deves ainda identificar o estado de conser-
vao do edifcio, utilizando a escala indicada
(Muito Bom; Bom; Regular; Mau), bem como evi-
denciar qual a sua relao com o Patrimnio
Imaterial da respetiva comunidade. Por exem-
plo, caso o moinho seja ainda normalmente utili-
zado, isso pode significar que o edifcio desem-
penha ainda um papel importante na utilizao
dos saberes tradicionais inerentes ao ofcio de
moleiro. No entanto, importante perceber se o
moleiro utiliza o moinho apenas para produo
de farinha para consumo da sua prpria casa, ouse presta esse servio a outras famlias da comu-
nidade. igualmente importante saber se, apesar
de o moinho ser utilizado e de, como tal, este
saber tradicional estar ativo, este moleiro ser j o
ltimo na comunidade. Neste caso, tal poder
significar que, nesta comunidade, esse saber se
defronta com a ameaa da ausncia da sua trans-
misso s geraes futuras.
Finalmente, podes ainda registar outrasinformaesque consideres importantes para a
caracterizao do edifcio e dos saberes que lhe
esto associados. Por exemplo, pode no haver
qualquer ameaa continuidade do ofcio de
moleiro propriamente dito, mas pode j no
haver, na comunidade, carpinteiros que saibam
reparar o mecanismo motor do moinho, pelo
que, em caso de avaria, seja agora necessrio
recorrer a saberes externos comunidade.
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FICHA N.
. NOME DO OBJETO:
. LOCAL DE UTILIZAO:
DISTRITO
CONCELHO
FREGUESIA
LOCAL
derecolhade patrimnioimaterial
Kit
PATRIMNIO MATERIAL INVENTRIO DE OBJETOS
IMAGEM
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. LOCAL DE PRODUO:
DISTRITO
CONCELHO
FREGUESIA
LOCAL
. DATA DE PRODUO:
. FUNO PRINCIPAL:
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. OUTRAS UTILIZAES:
. DESCRIO:
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. DADOS HISTRICOS:
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. MATERIAIS UTILIZADOS:
. PRODUTORFABRICANTE:
. PROPRIETRIO ATUAL:
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. ESTADO DE CONSERVAO:
MUITO BOM BOM REGULAR MAU
. RELAO DO OBJETO COM MANIFESTAES DE PATRIMNIO IMATERIAL:
. OUTRAS INFORMAES:
ELABORADO POR:
DATA:
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INSTRUES
Como irs perceber no decurso do teu pro-
jeto de recolha do Patrimnio Imaterial, muitas
com frequncia a realizao de uma s expressodo Patrimnio Imaterial implica a utilizao de
muitos e diversificados objetos.
Por exemplo, na realizao de uma Festa reli-
giosa, o objeto de maior importncia , natural-
mente, a imagem da entidade (Ex: N. Senhora,
um Santo, etc.) cultuada e homenageada atravs
dessa mesma festa. No entanto, muitos outros
objetos podem tambm ser utilizados nesse
acontecimento, tal como o andor que transportaaquela imagem e os estandartes e pendes que a
acompanham na procisso, as alfaias litrgicas
utilizadas na celebrao da missa, etc.
Um outro caso evidente o dos ofcios e
saberes tradicionais, que recorrem a ferramentas
e utenslios especficos. Por exemplo, para desco-
brir gua no subsolo, o vedor utiliza uma vara
bifurcada de madeira; para alm das redes, o pes-
cador utiliza diversos utenslios para as reparar,recorrendo a diferentes tipos de artes de pesca
consoante as espcies que pretende capturar,
como os covos, para os polvos; o oleiro usa vrios
instrumentos para modelar o barro, de que o
mais importante a roda de oleiro.
Um s carpinteiro pode usar dezenas ou
centenas de ferramentas diferentes adequados
aos vrios tipos de operaes que efetua: para
preparar a madeira, serrando-a, para apar-la,
para encaixar as diferentes peas, para esculpi-
-la, e para lhe dar os acabamentos finais: cera,
verniz, tinta, etc. Naturalmente, em casos como
este devers selecionar muito bem os objetos
a documentar atravs da utilizao desta Ficha,
e poders inclusive pedir ao prprio arteso
que faa essa seleo, pela maior importncia
ou valor que esse(s) objeto(s) assumem paraele.
Mesmo o conhecimento das tradies orais
de uma comunidade pode em muitos casos ser
aprofundado e completado com a documenta-
o de objetos pertencentes a essa comunidade.
Por exemplo, em muitas aldeias em Portugal,existem lendas sobre o roubo da pia batismal da
respetiva igreja por parte de freguesias vizinhas.
Conta-se que o roubo foi efetuado de noite, num
carro de bois, mas que, chegado o carro a deter-
minado ponto (uma ponte, o limite da freguesia,
etc.), o eixo do carro partiu-se e, por ser muito
pesada, os ladres no a puderam levar. Normal-
mente, a lenda tem como objetivo concluir que a
pia batismal tem vontade prpria e no se deixaser levada para fora da comunidade a que per-
tence. Neste caso, a documentao da lenda,
atravs da Ficha de Inventrio de Tradies
Orais, poder, naturalmente, ser completada
com o preenchimento de uma Ficha de Invent-
rio de Objetos para a documentao da prpria
pia batismal, que no lendria e que podes
observar.
No preenchimento da Ficha de Inventrio de
Objetos, deves comear por identificar o nome,
ou os vrios nomes, pelo qual conhecido na
comunidade (ex: Enxada, Vara, etc.). Deves indi-
car os seus locais de utilizaoe de produo.
Esta informao muito importante, pois permi-
tir saber se o objeto foi feito na comunidade ou
fora dela e, portanto, saber se o conhecimento de
que resultou esse fabrico pertence ou no pr-
pria comunidade. Esta ltima informao deve
ser completada com a indicao da data, com a
maior preciso possvel (Ex: ; Dcada de
; Sc. XX), em que o objeto foi feito.
Deves identificar claramente a funo prin-
cipaldo objeto (ex: cavar a terra, varejar as oli-
veiras, etc.), bem como identificar outras utiliza-
es que o objeto possa ter, pois um mesmo
objeto pode ser utilizado para muitos fins, comoos cestos.
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Deves efetuar a descriodo objeto sempre
do geral para o particular (isto , da sua estrutura
para as suas vrias partes), do todo para as par-
tes, identificando primeiro os vrios elementos
constituintes da pea e s depois eventuais ele-mentos no funcionais (decorativos ou outros),
como no seguinte exemplo:
Enxada, com cabo em madeira, e lmina em
ferro. O cabo insere-se na lmina atravs de
um segmento circular, o olho da enxada. No
cabo tem inscrita a sigla AF, que corres-
ponde ao nome do seu proprietrio (Augusto
Ferreira).
Deves procurar saber dadoshistricossobre
o objeto, como por exemplo a quem pertencia ori-
ginalmente, como e quando passou a pertencer
ao atual proprietrio, eventuais alteraes que
nele tenham sido feitas ao longo do tempo,
quando e porqu deixou de ser utilizado, etc.
Deves procurar ser o mais exaustivo possvel
na identificao de todos os materiaisde que feito o objeto. No caso da Enxada acima tomada
como exemplo deveria ser indicado o tipo de
madeira de que feito o cabo (pinho; oliveira;
pessegueiro; etc.) e o tipo de ferro de que feita
a lmina (ferro fundido; ferro forjado; ao, apro-
veitado de uma pea automvel, etc.). Este tipo
de informaes importante porque muitas
vezes h tendncia para substituir os materiais
tradicionais por outros mais modernos, com a
consequncia de desaparecerem os saberes liga-
dos aos primeiros.
Na ficha deves indicar ainda identificar os
intervenientes fundamentais na histria do
objeto: o seu produtor/fabricante e o seu pro-
prietrio atual. No primeiro caso no te esqueas
de cruzar essa informao com a que acima refe-rimos sobre o local em que o objeto foi produ-
zido/fabricado, pois permitir estabelecer rela-
es com outros locais, incluindo outros pases.
Deves ainda identificar o estado de conser-
vao do objeto, utilizando a escala indicada
(Muito Bom; Bom; Regular; Mau), bem como evi-
denciar qual a sua relao com o Patrimnio
Imaterialda respetiva comunidade.
Podes ainda acrescentar outras informa-esque consideres importantes para a caracte-
rizao do objeto e dos saberes que lhe esto
associados. Por exemplo, pode ser importante
referir que j no existe ningum na comunidade
que saiba produzir ou reparar esse objeto, recor-
rendo-se, em sua substituio, a objetos idnti-
cos de produo industrial (comprados em feiras
e lojas da especialidade), o que poder significar
alteraes na prpria manifestao de Patrim-
nio Imaterial que ests a estudar. Aqui poders
tambm registar se um objeto necessariamente
utilizado em conjunto com outros, na mesma
operao ou numa sequncia de operaes tc-
nicas diferentes mas complementares.
Finalmente, no te esqueas que podes ilus-
trar a Ficha do objeto com a respetiva imagem,
que poder consistir numa fotografia ou dese-
nho, a colocar em espao prprio logo no incio
da ficha, e que constitui um auxiliar muito impor-
tante para a compreenso desse objeto.
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III.
fichascomplementares
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FICHA N.
. NOME COMPLETO:
. ALCUNHA:
derecolhade patrimnioimaterial
Kit
FICHA DE PESSOAS
IMAGEM
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. DATA DE NASCIMENTO:
. LOCAL DE NASCIMENTO:
. LOCAL DE RESIDNCIA:
. CONTACTOS
TELEFONE
. HABILITAES ESCOLARES
. PROFISSO:
. OCUPAES SECUNDRIAS:
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. RELAO DA PESSOA COM MANIFESTAES DE PATRIMNIO IMATERIAL:
. RESUMO DAS INFORMAES CEDIDAS:
. INFORMAES ANEXAS:
ENTREVISTA HISTRIA DE VIDA RVORE GENEALGICA
ELABORADO POR:
DATA:
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64
INSTRUES
Tal como referido na Introduo deste Kit, o
Patrimnio Imaterial est sempre associado a
pessoas, pois so elas que garantem a sua exis-tncia, vivenciando-o em comunidade e transmi-
tindo-o s geraes futuras. E mesmo quando as
tradies populares se transformam ou desapa-
recem, , em muitos casos, graas memria das
pessoas que podemos saber como essas tradi-
es eram no passado.
Por outro lado, o trabalho de terreno um
dos mtodos fundamentais a utilizar em qual-
quer projeto de recolha e documentao doPatrimnio Imaterial, e a sua realizao implica,
naturalmente, a procura e o contacto, nesse ter-
reno de pesquisa que uma comunidade, com as
pessoas que o constituem.
So estas as razes fundamentais para a uti-
lizao desta Ficha, que deve ser utilizada para
identificar e caracterizar as pessoas com quem
contactas ao longo do teu projeto e que assu-
mem maior importncia para a documentao doPatrimnio Imaterial que estudas.
A Ficha deve ser utilizada, pois, para caracte-
rizar as pessoas que detm os saberes, os conhe-
cimentos e que desenvolvem as atividades tradi-
cionais que estudas (ex: um oleiro, um cesteiro,
um pescador, um agricultor, o responsvel por
uma Comisso de Festas, etc.), mas tambm para
caracterizar todos os outros informantes de
terreno, isto , todas as pessoas que fornecem
informaes fundamentais para a compreenso
desse mesmo patrimnio.
A Ficha, que constituir uma espcie de
Bilhete de Identidade da pessoa com quem con-
tactas, deve ser preenchida com os dados funda-
mentais para a sua identificao, tais como o
nomecompleto, a sua eventual alcunha, data e
locais de nascimento eresidncia, contactose
habilitaes escolares.
Deves identificar qual a sua profisso e assuas eventuais ocupaes(profissionais) secun-
drias, cujo conhecimento de particular impor-
tncia para o teu projeto de documentao do
Patrimnio Imaterial se este incidir sobre saberes
tradicionais. Por exemplo, importante perceber
se um arteso utiliza os respetivos saberes tradi-
cionais como ocupao a tempo inteiro ou ape-
nas a tempo parcial.
De seguida deves explicar qual relao destapessoa com o(s) tema(s) dePatrimnio Imate-
rial que ests a estudar, como nos seguintes
exemplos:
responsvel pela organizao da Festa
dedicada ao patrono da aldeia;
uma das duas pessoas que na comunidade
conhecem narrativas tradicionais sobre
lobisomens;
o ltimo dos 8 tanoeiros que at h
20 anos existiam na aldeia, e que forneciam
barris para todos os produtores de vinho do
concelho.
Sempre que possvel, deves elaborar um
pequeno resumo das informaes cedidas por
essa pessoa. Para melhor organizao do teu tra-
balho, importante, finalmente, que identifiques
se do contacto com essa pessoa resultaram
outros tipos de informaes, registadas em
suportes independentes: a sua Ficha de Entre-
vista / Histria de Vida ou a sua rvore Geneal-
gica.
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FICHA N.
NOME DO ENTREVISTADO:
ENTREVISTA REALIZADA POR:
LOCAL:
DATA: DURAO HORAS:
TIPOS DE REGISTO OU GRAVAO:
UDIO VDEO CADERNO DE CAMPO
TRANSCRIO DA ENTREVISTA:
TOTAL PARCIAL
derecolhade patrimnioimaterial
Kit
FICHA DE ENTREVISTA HISTRIA DE VIDA
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RESUMO DA ENTREVISTA
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INSTRUES
Atravs da documentao de histrias de
vida, podemos conhecer determinadas experin-
cias de vida que uma pessoa vivenciou, ou que tes-temunhou, ao longo do percurso, permitindo-nos
obter informaes fundamentais para o estudo do
Patrimnio Imaterial. Afinal, so as pessoas que
fazem o Patrimnio Imaterial, e este existir ape-
nas enquanto as pessoas lhe derem importncia e
ele for importante para as suas vidas.
A documentao de histrias de vida consti-
tui um mtodo de trabalho realizado atravs de
entrevistas. Para a documentao de uma hist-ria de vida, a entrevista , em regra, longa.
comum que a para a sua elaborao sejam mesmo
necessrias vrias entrevistas, para que o entre-
vistado possa dispor do tempo necessrio para
contar todos os aspetos importantes da sua vida.
A entrevista distingue-se do inqurito por-
que neste aplicamos perguntas sobre questes
muito especficas. Pelo contrrio, numa entre-
vista, mesmo que seja centrada num tema res-trito, devemos dar liberdade ao entrevistado, isto
, o nosso informante sobre o tema de Patri-
mnio Imaterial que estamos a estudar, para que
ele possa falar sobre todos os aspetos que consi-
dere importantes sobre esse tema.
A PREPARAO DA ENTREVISTA
importante teres conscincia que deves
partir para uma entrevista muito bem preparado(a),
ou seja, deves definir um tema, estud-lo muito
bem e procurar obter informaes sobre o teu
informante com alguma antecedncia. Uma boa
ajuda, por exemplo, ser chegares ao teu infor-
mante atravs de algum que j conheas bem, e
que lhe possa dar garantias de que procuras
conhecer esse informante apenas com boas inten-
es.
As perguntas que elaborares previamente
devem depender dos temas que queres estudar,
ou seja, dependem dos motivos que te levaram a
procurar conhecer essa pessoa. Quando prepara-
res o guio da entrevista (isto , a seleo dasquestes a colocar, como no exemplo em anexo a
esta Ficha) tenta no elaborar perguntas que sus-
citem respostas fechadas, ou seja, aquelas que
levam a pessoa a responder apenas sim ou
no. Elabora perguntas abertas que permitam
respostas livres. muito importante que as tuas
perguntas sejam feitas de modo a no condicio-
nar a resposta do teu informante. Um tipo de
perguntas que no deve ser feito a seguinte:Isso que lhe aconteceu foi muito importante,
no verdade?. Deves antes utilizar o seguinte
tipo de perguntas: E acha que isso que lhe acon-
teceu foi muito ou pouco importante?.
Deves ter em conta que a construo do
guio da entrevista deve partir do geral para o
particular. Assim, deves comear por saber dados
gerais, como: nome, idade, local de nascimento,
etc. Parte de seguida para as perguntas especfi-
cas. Por exemplo, se fores falar com um arteso,
fundamental perceberes como aprendeu o of-
cio, com quem, com que idade, que tcnicas
domina, que instrumentos utiliza, etc.
Em anexo Ficha apresentada uma pro-
posta de guio de entrevista, para utilizares
como auxiliar para a elaborao do teu prprio
guio, de acordo com os objetivos do teu projeto
de documentao do Patrimnio Imaterial.
Deves pensar com antecedncia nos mto-
dos de registo documental que vais utilizar.
Podes usar um gravador, uma cmara de filmar
ou podes simplesmente tomar notas. impor-
tante teres em conta que a gravao da entre-
vista, em suporte udio ou em vdeo, pode inibir
o informante, pelo que lhe deves sempre pedir
autorizao para efetuar a entrevista com esses
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meios. Se verificares que o uso desses meios
causa algum constrangimento ao teu informante,
desliga-os e usa apenas o teu caderno de campo.
A REALIZAO DA ENTREVISTANo dia combinado para a realizao da entre-
vista importante que chegues a horas e que
tenhas em ateno que a primeira impresso que
causas a mais importante. A correo da tua
atitude, expressa por exemplo no uso de trata-
mento adequado idade do teu informante, bem
como o agradecimento prvio pelo tempo que
ele te vai dispensar, ajudaro a conquistar a sua
colaborao para a realizao da entrevista. importante que comeces, logo partida,
por explicar os motivos da tua presena e os
objetivos da realizao da entrevista.
Deves colocar as questes de uma forma clara
e deves estar sempre atento s respostas para
saber que novas questes deves colocar de seguida.
No te podes esquecer que deves ser tu a conduzir
a entrevista, orientando a conversa para as ques-
tes que te interessam. Caso contrrio, corres o
risco de no obter as informaes que pretendes
porque frequente a disperso para assuntos que
no correspondem ao tema de estudo.
A tica e o respeito so princpios funda-
mentais na recolha de uma histria de vida. Por
isso, caso to seja pedido por parte do teu infor-
mante, deves no final garantir a confidenciali-
dade de certas informaes. E no te podes
esquecer de perguntar se o informante te auto-
riza ou no a revelar a sua identidade. Nunca, em
caso algum, a deves revelar sem teres autoriza-
o para o fazer!
O TRATAMENTO DA ENTREVISTA
Depois de realizada a entrevista, deves
transcrev-la caso a tenhas gravado ou filmado.
Tem em ateno que a transcrio exige normal-
mente muito tempo. Podes efetuar uma transcri-
o total da entrevista, ou apenas parcial,
tomando nota dos aspetos que mais te interes-
sam para o tema que ests a estudar. Podes che-gar concluso que algumas questes ficaram
por esclarecer, pelo que deves realizar uma
segunda entrevista ao mesmo informante. Vai-
-te permitir comprovar alguns dados e aprofun-
dar outros. S depois comeas a construir o
texto da histria de vida que documentaste, par-
tindo das notas que tomaste. Se a entrevista no
foi gravada, e apenas tomaste notas no teu
caderno de campo, deves organizar o discurso ereconstrures a narrativa tal como te foi transmi-
tida. No sendo obrigatrio, no final podes mos-
trar ao teu informante o resultado do teu traba-
lho, para que este confirme que os dados esto
corretos.
Deves utilizar o mtodo da recolha de hist-
rias de vida para os principais informantes da tua
pesquisa sobre Patrimnio Imaterial. Poders
assim constituir um arquivo das histrias de vida
das pessoas que so fundamentais para caracteri-
zar a histria e o presente do Patrimnio Imate-
rial da tua comunidade. Mas tem em ateno que,
sendo um mtodo de recolha de dados muito
exaustivo e que leva muito tempo, no faz sentido
utiliz-lo para todas as pessoas que te fornecerem
apenas informaes gerais ou pontuais.
Finalmente, no te esqueas que podes utili-
zar as Fichas prprias para identificar as pessoas
que entrevistas, bem como os objetos (ferra-
mentas, instrumentos, utenslios, etc.), edifcios
(moinhos, azenhas, lagares, oficinas, capelas e
igrejas, etc.) ou espaos (minas, terrenos agrco-
las, florestas, mar e rios, etc.) por elas utilizados
na realizao das atividades que constituem o
Patrimnio Imaterial da tua comunidade.
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EXEMPLO DE GUIO DE ENTREVISTA
1.Informaes gerais sobre o Entrevistado:
Nome Idade
Data de Nascimento
Naturalidade/Nacionalidade
Local de residncia
Contactos
Estado civil
Nmero de elementos do agregado familiar
Habilitaes escolares
Que profisses e ocupaes secundriastem tido ao longo da vida?
Houve experincia de migrao / emigrao?
Quando, para onde e porqu?
2.Informaes especficas sobre
a Atividade Tradicional
Qual a Atividade tradicional quedesempenha?
Com que idade e com quem a aprendeu?
Da sua Atividade resultam que tipos de
servios ou produtos? Quem e para que fim
so utilizados?
Que materiais (ex: pedra, argila, madeira)
ou recursos (ex.: animais; energia elica
ou hidrulica) utiliza para desenvolver a sua
Atividade? Como os obtm?
Que objetos utiliza? Como os obtm
e repara?
Em que espaosdesenvolve essa Atividade?
Em que edifcio(s)desenvolve essa
Atividade?
Como desempenha a sua Atividade?
Quais as etapas necessrias para
a desempenhar? A sua Atividade foi sempre realizada da
mesma maneira? Se houve mudanas ao
longo do tempo, quais foram e quando
e porque ocorreram?
Em sua opinio, essas alteraes foram
positivas ou negativas? Porqu?
Realiza a sua Atividade individualmente
ou em conjunto com outras pessoas?
Como o fazem? Que tarefas so especficasde uns e de outros?
Os seus familiares esto de algum modo
envolvidos nesta Atividade? Como?
Qual a importncia que esta Atividade
tem na sua vida, na da sua famlia e na
da sua comunidade?
Algum j aprendeu consigo a sua Atividade?
Quem e para qu?
Para alm de si, outras pessoas da sua
comunidade detm os mesmos
conhecimentos e/ou desempenham a mesma
Atividade? Quem?
Qual a sua relao com essas pessoas?
Aprendem e trocam experincias uns com
os outros?
Na sua opinio, de que fatores est
dependente a continuidade da sua Atividade
e dos saberes tradicionais com que ela
executada?
Que outras informaes deseja acrescentar
sobre a sua Atividade?
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derecolhade patrimnioimaterial
Kit
COMO DESENHAR UMA RVORE GENEALGICA
PASSOS FUNDAMENTAIS
Uma rvore genealgica um esquema gr-
fico que nos permite saber, com toda a exatido,
qual a relao de uma pessoa com cada um dos
seus familiares. A rvore genealgica de uma
famlia elaborada utilizando os seguintes sm-
bolos:
Regra geral, uma rvore genealgica deve
ser elaborada por referncia a uma nica pessoa.Como tal, essa pessoa deve ser sinalizada com
uma cor diferente, para mais facilmente se perce-
ber que a rvore genealgica lida a partir dela.
Por exemplo, se fizeres a tua rvore geneal-
gica deves comear sempre por ti, desenhando
depois os teus pais, os teus irmos, os teus avs,
etc. Em vez dos smbolos acima indicados, podes,
claro, compor a uma rvore genealgica com
fotografiasdos teus familiares, mas certamente
vais precisar de uma cartolina bem grande! Se
quiseres utilizar fotos, talvez seja prefervel faze-
res um lbum fotogrfico, de que a rvore ser o
ndice.
Utiliza sempre uma folha em formato A, ou
maior, se desejares indicar todos os parentes em
grau mais afastado (exemplo: os filhos dos teus
tios-avs, que so teus primos em terceiro grau).
Se desejares podes utilizar diferentes cores
para melhor identificar os membros de cada
gerao: bisavs; avs e tios-avs; pais e tios; tu,
os teus irmos e os teus primos; ou ainda, os
filhos dos teus primos, etc.
Sempre que possvel, e sobretudo no caso
das relaes de fraternidade (entre irmos), deves
ordenar pela ordem do nascimento (*) as pessoas
unidas por uma relao familiar.
Exemplo:
HOMEM
MULHER
RELAO DE FILIAOENTRE PAIS E FILHOS
RELAO FRATERNAL
ENTRE IRMOS
RELAO CONJUGAL
CASAMENTO UNIO
Pai(*)
Rita(*)
Miguel(*)
Clara(*)
Joana(*)
Me(*)
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72
UMA RVORE QUE SERVEPARA COMPREENDER MUITAS COISAS
Pede a ajuda dos teus pais, avs e tios para
conseguires recuar o mais possvel no tempo e
identificares todos os teus antepassados, como
os teus trisavs (isto os pais dos teus bisavs)
ou mesmo os teus tetravs (que so os pais dos
teus trisavs)!
Sempre que possvel anota junto do smbolo
de cada teu parente no apenas o nomeprprio
mas tambm o apelido. Descobre como os
nomes passam de gerao Vais surpreender-te!
Por exemplo, de quem herdaste o apelido? Do
teu av materno ou do av paterno?
E os nomes prprios? Quantas pessoas natua famlia tm o mesmo nome? Descobre se os
nomes prprios das geraes mais antigas conti-
nuam a ser usados na tua prpria gerao. bem
possvel que descubras na tua famlia nomes que
j no se usam h muito tempo. Ou o contrrio:
nomes que foram utilizados na gerao dos teus
avs, que no foram utilizados na gerao dos
teus pais e tios, e que agora voltaram a ser usa-
dos na tua gerao, dos teus irmos e primos.Para alm do nome, podes tambm anotar,
se tiver existido, a respetiva alcunha de cada
pessoa. Sabes que em vrias regies de Portugal
muitas alcunhas passaram, com o tempo, a
nomes prprios ou apelidos?
tambm muito til que possas anotar, para
cada pessoa da tua famlia, o ano do nascimento
e, sempre que o saibas, o local onde nasceu. Vais
poder assim verificar se os teus familiares tm
residido no mesmo stio desde h vrias gera-
es, ou se provm de diferentes locais do pas,
ou mesmo de outros pases. Em qualquer dos
casos, procura sempre saber a razo.
A COMPREENSODO PATRIMNIO IMATERIAL
Como sabes, o Patrimnio Imaterial varia
consoante cada comunidade. por isso que se
usa o provrbio cada terra com seu uso, cada
roca com seu fuso. E a famlia clula, ou uni-
dade fundamental de cada comunidade.
O uso do diagrama de parentesco (outro
nome utilizado para rvore genealgica) ,
pois, muito importante para compreender como
se transmite o Patrimnio Imaterial, dado que a
famlia , muitas vezes, o lugar da aprendizagem
dos saberes tradicionais com os mais velhos e o
lugar do seu ensino aos mais novos. esta razo
desta Ficha poder ser utilizada em conjunto com
outras fichas deste Kit: as de Pessoas, Ofcios/
Saberes Tradicionais e Histrias de Vida.
A construo de rvores genealgicas assim
um instrumento importante no estudo dos sabe-
res tradicionais, que so uma componente funda-mental do Patrimnio Imaterial. Nestes casos,
fundamental anotar, para cada pessoa, a respetiva
profisso, para perceber como determinados
saberes e tcnicas tm passado de gerao em
gerao. Sabes que, at anos recentes, era comum
avs, pais e netos terem sempre o mesmo ofcio
(agricultor, pescador, cesteiro, oleiro, etc.)?
SMBOLOS COMPLEMENTARESSe quiseres tornar-te um profissional a fazer
diagramas de parentesco, podes ainda utilizar
outros smbolos. Por exemplo, no caso das gera-
es mais recuadas, em que se tem a certeza do
nmero de tios, primos, etc., mas se desconhece
ao certo quantos eram do gnero masculino ou
do feminino, utiliza-se o smbolo para uma
dessas pessoas, como no caso da rvore geneal-
gica do Joo, na pgina seguinte.
Utilizam-se tambm os smbolos para
identificar as pessoas (respetivamente homem,
mulher ou pessoa de gnero desconhecido) j
falecidas.
O smbolo utiliza-se no caso em que
duas pessoas se divorciaram. Finalmente, e como
podes ver na pgina seguinte, em baixo, na rvore
genealgica da Maria podes ainda utilizar uma
ramificao da relao entre irmos para indicar
que so gmeos.
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RVORE GENEALGICA DO JOO
? ?
?
? ?
?
AvAntero
AvJaime
BisavErmenegildo
AminhaGerao
PaiseTios
Avs
Tios-Avs
Bisavs
BisavFernando
BisavCndida
BisavMaria do Cu
TioFilipe
TioJaime
PrimaClara
PrimoVicente
Joo
AvGenoveva
AvMaria
Tia-AvCristina
Tio-AvArmando
Tio-AvAugusto
Tio-AvAntnio
Tio-AvFernando
TiaGraa
TiaAlexandraPai Me
Famlia paterna
Famlia materna
RVORE GENEALGICA DA MARIA
AminhaGerao
Pa
iseTios
Avs
Tios-Avs
Bisavs
AvFilipe
AvJaime
BisavAntnio
BisavAugusto
BisavFernando
BisavCarlos
BisavJosefa
BisavVirgnia
BisavMaria do Cu
BisavAna
TioPaulo
TioPedro
TiaLcia
PrimoRodrigo
PrimasSara e Marta
(gmeas)
PrimaFrancisca
Maria(eu!!!!)
IrmoBernardo
AvMaria
AvMaria
Tia-AvJlia
Tia-AvJoana
Tio-AvFrancisco
Tio-AvJoo
TiaTeresa
TiaCarlaPai Me
DESCOBERTA DA MEMRIA FAMILIAR
A construo de uma rvore genealgica
um bom instrumento para perpetuar conheci-
mentos e memriassobre todos os membros de
uma famlia. Podes at vir a descobrir que na tua
prpria famlia existem muito mais pessoas do
que aquelas que j conheces. Por isso: bom traba-
lho de detetive!
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. NOME E IDADE DOS RESPETIVOS ELEMENTOS
. NVEL DE ESCOLARIDADE:
. NOME DO MONITOR DA EQUIPA:
. ENTIDADE RESPONSVEL PELO PROJETO (MUSEU, ESCOLA, ETC.)
. PERODO DE REALIZAO DO PROJETO:
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. LOCAL DE REALIZAO
DISTRITO
CONCELHO
FREGUESIA
LOCAL
ESPAO DESTINADO COLOCAO DE MAPA DO TERRITRIO DE RECOLHA
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. MANIFESTAES DE PATRIMNIO IMATERIAL DOCUMENTADAS NO PROJETO:
. FICHAS DO KIT DE RECOLHA DE PATRIMNIO IMATERIALUTILIZADAS:
N. DE FICHAS PRODUZIDAS
TRADIES FESTIVAS
SABERES OFCIOS
TRADIO ORAL
OBJETOS
EDIFCIOS
LUGARES
PESSOAS
HISTRIA DE VIDA
CALENDRIO RITUAL
RVORE GENEALGICA
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. DOCUMENTAO PRODUZIDA
FOTOGRAFIAS N.
VDEO N. HORAS
SOM N. HORAS
DESENHO N.
TRANSCRIO DE ENTREVISTAS N.
CADERNO DE CAMPO N.
. NMERO DE PESSOAS CONTACTADAS:
. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
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. OBSERVAES:
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IV.
manualpara recolhano terreno
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Comea por definir e planearo teu projeto de recolha de patrimnio
imaterial tendo em ateno:
As pessoase as instituiesa quem podes ou precisas necessariamente
de aceder para a realizao do teu trabalho;
Os locaisa que te podes deslocar;
O nmero de colegasque tens na tua equipa, e o trabalho que cada
um pode assumir;
A eventual articulaoentre o teu projeto e os projetos de outras
equipas ou colegas;
Os tipos de equipamentosde registo de que dispes, tais como mquina
fotogrfica, gravador ou cmara de filmar;
O tempode que dispes para a realizao do teu trabalho.
No te esqueas que a qualidadedo teu projeto depender, em grande
parte, da forma como planeias a realizao de cada um dos seus passos!
Lista as tarefasque devem ser realizadas por ti e por cada um dos colegas
da tua equipa, incluindo as pessoas ou instituies que cada um deve
contactar, para mais facilmente dividirem o trabalho entre todos.
Escolhe as Fichas e os Questionrios do Kit de Recolhamais apropriados
ao tema do teu projeto. Antes de iniciares o trabalho de recolha
propriamente dito, deves analisar cuidadosamente cada ficha.
Este passo fundamental para preparares as perguntas que vais colocar
ao longo do trabalho.
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Deves conhecer bem cada ficha tambm porque, como diz o provrbio,
as conversas so como as cerejas, e um bom conhecimento das fichas
orientar e facilitar a realizao do teu projeto.
No te esqueas que o teu trabalho de recolha de patrimnio imaterial
deve ser sempre acompanhado de um caderno de campo. Utiliza-o para
anotar todas as informaes sobre as tradies que ests a estudar e que
no tm lugar direto nos Questionrios ou Fichas que ests a utilizar.
Este bloco de apontamentosser o teu principal auxiliar quando estiveres
a preencher as vrias Fichas a utilizar no teu projeto, bem como a redigir
o teu trabalho final e a preparar a apresentao aos teus colegas.
importante que, logo depois de fazeres uma entrevista, a revejas
e passes a limpo os teus apontamentos. Caso a entrevista seja gravada,
deves transcrev-la logo que possvel.
Sempre que necessrio, deves fazer uma breve caracterizao das
principais pessoas que escolhas ou que te recomendam para reunir
informaes sobre as tradies que vais documentar.
Para tal deves utilizar a Ficha de Pessoas, no te esquecendo que esta
ser apenas um instrumento auxiliar do teu trabalho, e na qual anotas
que tipos de informao que forneceu.
Em caso algum deves utilizar esta Ficha para outro fim, pois contm
dados pessoais sobre essa pessoa, que tos fornece apenas para que possas
realizar o teu trabalho.
No te esqueas tambm que, sempre que pedires informaes a algum,
deves sempre explicar os objetivos do teu trabalho. fundamental que
estabeleas, desde o primeiro momento, uma relao de confianacom
os teus informantes.
Deves ter pacincia e compreensocaso no consigas obter as
informaes que procuras por parte dos teus informantes.
No te esqueas que as pessoas esto a dar-te o seu tempo e ateno,
e nem sempre o podem fazer.
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85
Sempre que pretendas fotografar ou filmar pessoas, individualmente
ou em pequenos grupos, deves primeiro pedir-lhe autorizaopara tal.
O mesmo sucede sempre que pretendas gravar as entrevistas.
Como sabes, a lngua um dos meios fundamentais da transmisso do
patrimnio imaterial, e