No sobe e desce dos AndesLaurie Krebs
Ilustrações Aurélia FrontyTradução Cláudia Ribeiro Mesquita e Heitor Ferraz MelloTemas abordados Peru • Cordilheira dos Andes • Festas • Costumes locais
GUIA DE LEITURA
PARA O PROFESSOR
A AutorA Laurie Krebs tem quatro filhos e cinco netos e vive com o marido, Bill, nos Estados Unidos. Sempre foi fascinada pelas palavras, mas só pensou em se tornar escritora de livros infantis depois de sua experiência como professora. A vivência pedagógica lhe propiciou um conhecimento mais profundo da literatura infantil e a oportunidade de criar histórias com seus alunos. Como autora, adquiriu o privilégio de conciliar as coisas de que mais gosta: ter tempo para escrever e manter contato com as crianças nas visitas que faz às escolas. Laurie concebe suas histórias com base em sua realidade e em suas experiências pessoais. Como ela e o marido gostam muito de viajar, boa parte de seus livros se refere a países que visitaram.
No sobe e desce dos Andes foi selecionado pelo programa de incentivo à leitura Reading is Fundamental (RIF), dos Estados Unidos, em 2011-2012, na categoria “Festas” (www.rif.org). Vale a pena visitar o site da autora para mais informações:
www.lauriekrebs.com
36 páginas
A ilustrAdorA AuréliA Fronty nasceu em
1973, na França, e hoje vive na cidade de
Montreal, no Canadá. Quando pequena,
já adorava fazer desenhos, em meio aos
tecidos e cores presentes em seu universo
familiar. Mais tarde, frequentou a Escola
Superior de Artes Aplicadas Duperré, em
Paris, especializando-se em criação e design
têxtil. Concluídos seus estudos, atuou
alguns meses na grife Christian Lacroix
e desenvolveu trabalhos independentes
em estamparia e como ilustradora. Hoje,
ilustra obras para diversas editoras ao
redor do mundo. Já viajou pela Ásia,
África e América do Sul, continentes que
costumam ser fonte de inspiração para
suas ilustrações. Em seu site é possível
encontrar mais informações e amostras de
seu trabalho: www.aureliafronty.com
No sobe e desce dos Andes Laurie Krebs
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O LIVRO
A proposta de No sobe e desce dos Andes é levar ao peque-
no leitor um pouco da exuberância e do colorido da paisa-
gem peruana. No livro, crianças de algumas das localidades
mais famosas do Peru se dirigem a Cusco para participar do
grande festival de Inti Raymi, que celebra o deus Sol e marca
o início do solstício de inverno (período do ano em que o
Sol fica mais distante da Terra). Aliás, ao longo da história da
humanidade, o astro-rei aparece como objeto de veneração
de inúmeros povos, entre eles africanos, babilônios, egípcios,
gregos e chineses.
As crianças apresentadas na obra utilizam meios de trans-
porte diferentes para chegar à antiga capital inca: José pega
um ônibus em Lima; Luísa vai de barco pelo lago Titicaca;
Ricardo parte de Machu Picchu no lombo de uma mula; Con-
suelo toma o trem de Arequipa; Fidel e Tia seguem de cami-
nhão pela estrada de Puno. E elas sempre carregam itens (cha-
péu, poncho, saco de milho, traje colorido) que, de alguma
forma, são indicadores dos costumes e do modo de vida das
crianças peruanas.
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No sobe e desce dos Andes Laurie Krebs
ESTROFES OU INSTÂNCIASO texto poético (poema) costuma
se dividir em estrofes ou estâncias,
agrupamentos de versos que podem ou
não rimar entre si. As estrofes recebem
nomes variados, conforme o número
de versos que apresentam (as mais
comuns têm entre dois e dez):
dois versos: dístico ou parelha
três versos: terceto
quatro versos: quadra ou quarteto
cinco versos: quintilha
seis versos: sextilha
oito versos: oitava
dez versos: décima
Estrofes de sete, nove ou mais de
dez versos não têm denominações
especiais.
ESTRUTURA TEXTUAL E COMPOSIÇÃO DE IMAGENS
O livro é escrito em versos rimados, formando uma estrutu-
ra de dez estrofes (quadrinhas). Nas seis primeiras e na última,
as rimas acontecem no segundo e no quarto versos (abcb): “Em
Lima, José pega a condução. / O caminho é longo e esburacado. /
O chapéu vai seguro no colo, / assim ele não voa desembestado”
(p. 6-7). Nas outras três, o primeiro verso rima com o segundo,
e o terceiro com o quarto (aabb): “No sobe e desce dos Andes há
cheiro de festa no ar. / Todos seguem para a praça de Cusco, onde
vão se encontrar. / Em junho, todo ano, há um grande festival. /
Vindas de perto e de longe, as crianças são a atração principal”
(p. 16-17). Como se pode notar, a métrica é irregular, mas o texto
tem cadência e sonoridade, garantindo ritmo e graça à leitura.
O livro abre e termina com os mesmos versos: “No sobe e
desce dos Andes / há crianças, como eu, a brincar”. Ou seja, por
mais diferentes que possam ser os costumes, crianças são sempre
crianças em qualquer parte do mundo. Essa ideia é importante,
pois permite a identificação do leitor com as personagens retra-
tadas, ajudando-o a ampliar sua percepção de outras realidades,
que podem ser bem diferentes da sua.
A majestosa cordilheira dos Andes e as personagens são repre-
sentadas com cores fortes e vibrantes, em ilustrações que ocupam
integralmente cada página. Misturando com intensidade cores
quentes e frias, a ilustradora Aurélia Fronty consegue mimetizar
o estilo étnico que remete às ricas tradições peruanas.
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No sobe e desce dos Andes Laurie Krebs
OS POVOS DO PERU
O Peru é uma nação multiétnica, formada por uma combina-
ção de diferentes grupos. Diversos povos ameríndios habitaram
o território do país desde tempos mais remotos até a chegada dos
espanhóis, no final do século XV.
Antes dos incas, muitas outras civilizações indígenas viveram
na região: chavín, huari, moche, nazca, paracas, tiahuanaco etc.
Embora houvesse interações entre elas, essas nações pré-colom-
bianas desenvolveram habilidades culturais e artísticas específi-
cas, como arquitetura, cerâmica, ourivesaria, escultura e cons-
trução monumental. A agricultura também teve forte expansão
desde muito cedo, com engenhosas obras de irrigação, campos
de cultivo em terraços e cultura de espécies vegetais de impor-
tante valor alimentar (como tomate, batata e coca). Os incas não
só se apropriaram dessa herança cultural e agrícola, mas a im-
pulsionaram e difundiram, tornando-se grandes construtores.
POVOS AMERÍNDIOSQuando Cristóvão Colombo chegou à
América, ele acreditava ter chegado às
Índias; por isso, chamou de índios os
nativos que encontrou. Posteriormente,
esses povos foram considerados
etnias distintas e receberam outros
nomes, incluindo o apelido de peles
vermelhas. O termo ameríndio surgiu
para designar os nativos do continente
americano, em substituição a outras
denominações que carregavam certa
dose de preconceito.
Diversas teorias tentam explicar a
origem dos povos ameríndios. O
mais provável, no entanto, é que as
Américas tenham sido colonizadas
por várias ondas de populações de
origens diferentes ao longo do tempo,
o que teria resultado na complexa
combinação de grupos e línguas
que existem até hoje. É bem possível
que esses povos tenham substituído
populações originais ou tenham se
juntado a elas.
Entre as principais nações e povos
ameríndios, podem ser destacados:
charruas, incas, astecas, maias,
araucanos, apaches, navajos,
iroqueses, cheroquis, moicanos
e comanches.
No Brasil, pesquisas apontam indícios
da presença humana que datam
de quase 50 mil anos. O primeiro
levantamento dos nativos brasileiros,
realizado no final do século XIX,
registra quatro grupos ou nações
indígenas: Tupi-Guarani, Jê ou Tapuia,
Aruaque ou Maipuré, Caraíba ou
Caribes. O Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) estima
que a população indígena no país
seja de cerca de 900 mil indivíduos,
falantes de algum dos 274 idiomas
existentes. Guarani, Potiguara,
Caingangue, Tupinambá, Goitacás,
Carajá, Tapajó, Ianomâmi, Pataxó,
Mundurucu, Guaicuru e Nambiquara
são alguns dos mais importantes povos
indígenas do Brasil.
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No sobe e desce dos Andes Laurie Krebs
Entretanto, o Império Inca, em seu auge, foi facilmente domina-
do pelos colonizadores, e a população sofreu um declínio dramáti-
co: em 1520, cerca de 9 milhões de indivíduos viviam no território
peruano; cem anos depois, já sob controle espanhol, esse número
baixou assombrosamente para 600 mil. Segundo o pesquisador
norte-americano Noble David Cook, a principal causa desse declí-
nio populacional foram as doenças infecciosas introduzidas pelos
colonizadores, e não sua crueldade, como muitos pensam. Atual-
mente, a maioria da população peruana é mestiça.
AMÉRICA LATINA E COLONIZAÇÃOA América Latina – conjunto de
países que vai do México, na
América do Norte, até a Terra do
Fogo, na Argentina, no extremo sul
do continente – ocupa uma área de
cerca de 21 milhões de quilômetros
quadrados, correspondente a quase
14% da superfície terrestre não coberta
pelos oceanos.
O principal elo entre os países é a
formação histórica, ou seja, o tipo de
colonização a que foram submetidos
depois da chegada de Cristóvão
Colombo, em 1492. Enquanto
nos Estados Unidos e no Canadá
prevaleceu um processo de colônias de
povoamento, na América Latina o que
predominou foi uma colonização de
exploração. Assim, Portugal e Espanha
usavam as colônias apenas para extrair
produtos minerais e gêneros agrícolas
a um custo baixíssimo, recorrendo à
escravização de indígenas e negros
africanos para garantir mão de
obra barata.
O resultado desse processo
exploratório foi a herança de grande
atraso socioeconômico, com sérias
e duradouras consequências para os
países latino-americanos. Nos Estados
Unidos e no Canadá, entretanto,
a colonização de povoamento foi
fundamental para seu desenvolvimento
e produção de riqueza.
A civilizAção incA
Os incas formaram uma das civilizações mais avançadas e
importantes da América do Sul. Viveram na cordilheira dos An-
des, na região hoje ocupada por Peru, Equador, norte do Chile,
oeste da Bolívia e noroeste da Argentina. Resultado de uma su-
cessão de culturas andinas pré-colombianas, esse povo consti-
tuiu um grande império, com mais de 10 milhões de pessoas,
provavelmente por volta do século XIII (não se sabe ao certo por
causa da inexistência de registro escrito de sua história). Na dé-
cada de 1430, os incas já tinham submetido todos os povos vizi-
nhos a seu império, que atingiu o auge no início do século XVI.
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No sobe e desce dos Andes Laurie Krebs
O idioma oficial era o quíchua. No entanto, como o império
era constituído de vários povos, muitas outras línguas e diale-
tos também eram falados.
Essa civilização não conheceu a roda nem animais de carga,
tampouco dispunha de malha hidroviária para o transporte
de produtos agrícolas. Os incas andavam a pé, mas havia
um eficiente sistema de estradas que ligava a capital Cusco
às quatro províncias que formavam o reino. Para atravessar
rios e despenhadeiros, eles construíram pontes pênseis – tão
sólidas que muitas delas foram usadas até o século XX. Para
transmitir informações, utilizavam corredores bem treina-
dos, em um sistema de revezamento.
Exímios construtores, realizaram obras espantosas com
suas técnicas de engenharia. Sem o emprego de argamassa, le-
vantaram paredes ajustadas com tamanha perfeição que não
era possível introduzir a lâmina de uma faca entre as pedras.
Também eram muito religiosos: acreditavam que o Sol
e a Lua eram entidades divinas, às quais rogavam bênçãos.
Por isso construíram diversos tipos de templos consagrados
a suas divindades. Alguns dos mais famosos são os templos
do Sol, um em Cusco e outro no lago Titicaca, o templo de
Vilkike e o templo do Aconcágua (montanha mais alta da
América do Sul).
Diferentemente do que se pode imaginar, os integrantes
do império não usavam o termo inca para se definir como
pertencentes a esse povo. Para a grande maioria da popula-
ção, a palavra (que na língua quíchua significa “filho do Sol”)
era empregada para designar apenas o imperador.
A LÍNGUA QUÍCHUATambém chamado de quechua ou
quéchua, o quíchua é uma importante
família de línguas indígenas da
América Latina, ainda hoje falada,
ao longo dos Andes, por cerca de 10
milhões de pessoas de diversos grupos
étnicos do Peru, Equador, Colômbia,
Chile, Bolívia e Argentina.
Os vários dialetos quíchuas já eram
amplamente difundidos na região
antes mesmo da ascensão do Império
Inca, no século XV. Os incas adotaram
um deles, que ficou conhecido como
“clássico” e acabou se tornando a
língua falada na região do Peru, tanto
no período pré-colombiano como
depois da chegada dos espanhóis.
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No sobe e desce dos Andes Laurie Krebs
ASPECTOS GEOGRÁFICOS E HISTÓRICOS
Maior cadeia montanhosa do mundo, com 8 mil quilômetros
de extensão, a cordilheira dos Andes é um sistema continental de
montanhas que se estende por toda a costa oeste da América do
Sul, passando por vários países: Venezuela, Colômbia, Equador,
Peru, Bolívia, Chile e Argentina. Nos territórios da Venezuela e
da Colômbia, ela se ramifica e se aproxima do mar do Caribe.
Em sua área central, fica mais larga e forma um planalto eleva-
do, conhecido como altiplano, que ocupa os territórios de Peru,
Bolívia e Chile. A altura média da cordilheira é 4 mil metros. Seu
ponto mais alto é o pico do Aconcágua, com 6.960 metros.
A classificação das diversas zonas da cordilheira foi modifica-
da várias vezes ao longo do tempo. Atualmente, são três, defini-
das de acordo com suas características morfológicas: Andes Se-
tentrionais, Andes Centrais e Andes Meridionais (ou Austrais).
Uma informação curiosa: na verdade, os Andes não terminam
na Terra do Fogo, no extremo sul da Argentina, como muitos
acreditam, mas continuam no mar. Grande parte da cordilheira
está submersa. Seus pontos mais altos aparecem como ilhas, for-
mando o arquipélago conhecido como Antilhas do Sul. Depois
emergem novamente na Antártida, constituindo a grande cadeia
montanhosa da península Antártica.
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No sobe e desce dos Andes Laurie Krebs
MAchu Picchu As ruínas da antiga cidade de Machu Picchu foram desco-
bertas somente em 1911, pelo historiador norte-americano
Hiram Bingham (1875-1956), e até hoje circulam diversas teo-
rias acerca de seu valor estratégico, religioso e social. Seu pas-
sado, contudo, permanece misterioso; ao certo, sabe-se apenas
que os conquistadores espanhóis não tiveram conhecimento da
existência da cidade, provavelmente porque já tinha sido aban-
donada pelos incas.
Erguida em um penhasco de mais de 2.400 metros de alti-
tude, Machu Picchu é uma grande demonstração do engenho
e das habilidades arquitetônicas dessa civilização. Depois de al-
guns trabalhos de recuperação, hoje os edifícios do sítio arqueo-
lógico se mostram em ótimo estado de conservação. Cerca de
30% das construções são originais; as outras foram reconsti-
tuídas, mas é fácil fazer a distinção entre elas.
Machu Picchu possui uma área edificada de 530 me-
tros de comprimento por 200 de largura, contabilizan-
do pouco mais de 170 recintos. O complexo se divide
claramente em duas grandes áreas: a agrícola, forma-
da sobretudo por terraços e áreas de armazenagem de
alimentos, e a urbana, onde fica a zona sagrada, com
templos, praças e mausoléus reais. A parte alta da área
urbana era ocupada pelas castas religiosas e pelas famí-
lias de mais poder; os operários e os escravos viviam em
pequenas moradias, situadas mais abaixo, perto da falésia.
Há vários templos e espaços religiosos, o que sugere que
a cidade era um centro religioso importante, assim como exis-
tem indícios de que o local também seria um grande obser-
vatório celeste. Esse é um bom exemplo da combinação entre
religião e astronomia, base da arquitetura inca.
cusco
No idioma quíchua, Cusco quer dizer “umbigo”. Essa cidade
peruana localiza-se no vale do rio Huatanay, a 3.400 metros
acima do nível do mar. Capital do Império Inca, era seu mais
importante e complexo centro urbano, com funções adminis-
trativas, culturais e religiosas. Segundo a tradição inca, a cida-
de foi fundada por Manco Cápac, que teria fincado seu cetro
dourado, presente do deus Sol, em seu solo fértil para designar
o local exato onde a capital deveria se situar. É consenso que a
região já era habitada há pelo menos 3 mil anos.
No sobe e desce dos Andes Laurie Krebs
Na realidade, Cusco passou a ter grande importância apenas no
século XV, depois que os incas afirmaram seu poder na batalha con-
tra os invasores chancas. Sua reconstrução, comandada pelos líde-
res Pachacutec (1438-1471) e Tupac Yupanqui (1471-1493), durou
cerca de vinte anos e, supõe-se, empregou 50 mil homens. O pri-
meiro desses governantes, a quem também se atribui a construção
de Machu Picchu, queria criar uma cidade modelo, com todas as
atribuições de capital. Ele estabeleceu as fundações de uma organi-
zação extremamente hierárquica, na qual o centro urbano reunia as
funções administrativa e religiosa, enquanto as áreas ao redor eram
destinadas a agricultura, artesanato e produção industrial.
Assim que chegaram ao território peruano, os espanhóis percebe-
ram que era preciso tomar a capital do império. A luta foi dura, mas
acabaram vencendo mais de uma vez, até que, em 1533, Francisco
Pizarro (c. 1475-1541) estabeleceu o domínio espanhol na cidade
por completo.
liMA
Situada na costa central do Peru, à beira do Pacífico, Lima é a
maior e mais importante cidade do país. Fundada em 1535 como a
“cidade dos reis”, passou a ser a capital do Vice-Reino do Peru du-
rante o regime espanhol, mantendo o status mesmo depois da inde-
pendência. De acordo com o censo de 2007, a região metropolitana
de Lima tinha cerca de 8,5 milhões de habitantes, o que representava
aproximadamente 30% da população do Peru.
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lAgo TiTicAcA
Localizado a mais de 3.800 metros acima do nível do mar, no
altiplano dos Andes entre o Peru e a Bolívia, o Titicaca tem área
de cerca 8.300 quilômetros quadrados e profundidade média de
140 a 180 metros – a máxima é de 280 metros. Esses números fa-
zem dele o lago navegável mais alto do mundo e o terceiro maior
da América Latina. Possui diversas ilhas, algumas artificiais, deno-
minadas Uros e habitadas pelo povo homônimo.
De acordo com a tradição andina, a civilização inca nasceu
nas águas do Titicaca. O deus Sol teria instruído seus filhos a
procurar o local ideal para o povo, e eles chegaram à ilha do Sol,
uma das maiores do lago.
Puno
Maior cidade do sul do altiplano, localiza-se no sudeste do
Peru, nos Andes, entre as montanhas e as margens do Titicaca.
Puno é um centro importante na permanente migração dos po-
vos indígenas para as grandes cidades, o destino de muitas pes-
soas das pequenas comunidades rurais dos arredores em busca
de melhores oportunidades de educação e emprego.
A cidade é conhecida como capital folclórica do país, por causa
da riqueza de suas manifestações culturais e artísticas, com des-
taque para as danças. Centenas delas podem ser apreciadas em
festas como a da Virgem da Candelária e em competições regio-
nais de danças.
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ArequiPA
Situada nos Andes, a cerca de 2.300 metros de altitude, é a
segunda cidade mais populosa do Peru, com mais de 800 mil ha-
bitantes. Fundada em 1540 pelos colonizadores espanhóis, logo
se tornou importante centro comercial e administrativo no sul
do país.
Os edifícios do centro histórico de Arequipa, construídos com
um tipo de rocha vulcânica, são representativos da fusão de técni-
cas de construção europeias e nativas e podem ser vistas nos muros
robustos da cidade, nas arcadas e abóbodas, nos pátios e espaços
abertos e também na complexa decoração barroca das fachadas.
NA SALA DE AULA
1. Antes da leitura, um bom aquecimento é propor uma análise
da capa do livro. Peça aos alunos que identifiquem e comen-
tem todos os elementos presentes (pessoas, vestuário, veícu-
los, montanhas, cores etc.). Pergunte o que acham das roupas
e dos chapéus que as personagens estão usando, se já viram
alguém vestido daquela maneira. Chame a atenção deles para
o título e incentive-os a tentar explicar o motivo de estar gra-
fado de forma ondulada (um bom pretexto para introduzir o
tema das montanhas, especificamente dos Andes).
2. Proponha uma conversa sobre montanhas. Peça que falem so-
bre elas: se já escalaram alguma, quais conhecem ou de quais
ouviram falar. Estimule-os a relatar viagens ou qualquer ex-
periência em serras e montanhas. Depois de explorar o assun-
to, verifique se alguém sabe o que são os Andes, faça com que
arrisquem algumas hipóteses e, por fim, complemente com as
informações que julgar necessárias. Você pode solicitar, ainda,
que pesquisem imagens dos Andes (em internet, revistas, li-
vros etc.) e organizem uma pequena exposição na sala.
3. O próximo passo é a leitura propriamente dita. É impor-
tante que os alunos também experimentem ler o livro em
voz alta, para que possam perceber claramente as rimas e
a cadência do texto. Uma ideia é propor uma brincadei-
ra para ver quem interpreta melhor cada estrofe ou quem
emprega o ritmo mais adequado; outra é dividir a turma
em grupos para que façam uma leitura coletiva, em uma
espécie de jogral.
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No sobe e desce dos Andes Laurie Krebs
4. Chame a atenção deles para as ilustrações e as cores das pá-
ginas. Peça que as descrevam e falem sobre aquela de que
mais gostam. Pergunte se a realidade retratada no livro se
parece com a que eles vivenciam todos os dias. Proponha,
então, que façam desenhos coloridos reproduzindo algum
momento de seu cotidiano (por exemplo, a caminho da
escola ou vestindo-se para ir a uma festa).
5. Converse sobre os meios de transporte que aparecem no
livro. Solicite aos alunos que enumerem e comentem to-
dos eles. Pergunte quem já andou em algum desses meios.
Estimule-os a falar sobre os que conhecem e os que nor-
malmente utilizam. Peça que comparem com os do livro.
6. Fale também sobre as roupas das personagens. Sugira aos
alunos que façam uma pesquisa em revistas, internet, livros
etc. e tragam fotos de pessoas vestidas com trajes típicos
peruanos. Depois, proponha que as comparem com as que
aparecem nas ilustrações. Explique que as roupas são pesa-
das por causa do clima muito frio e aproveite para falar so-
bre as diferenças de costumes e culturas entre os povos.
7. Faça um exercício de criação poética coletiva. Com base
em um tema eleito pelos alunos, estimule-os a sugerir um
primeiro verso. Use a estrutura de quadrinhas, como no
livro, escolha um esquema, ou mais de um, para as rimas
(abab, aabb, abcb) e comece a criação coletiva. Os versos e
as rimas devem ser construídos um a um, com a participa-
ção de todos. É importante que sejam escolhidas sugestões
pertinentes e as melhores rimas.
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No sobe e desce dos Andes Laurie Krebs
SUGESTÕES DE LEITURA
Elaboração do guia Adilson Miguel, editor de literAturA, coM ForMAção eM FilosoFiA pelA usp, e orgAnizAdor de coletâneAs de poesiA e contos. PrEParação grAzielA r. s. costA pinto rEvisão MArciA Menin e cArlA Mello MoreirA.
PArA o Professor
SITES• Wikipédia (verbetes “Peru”, “cordilheira dos Andes”,
“incas”, “Machu Picchu”, “Cusco”, “ameríndios” etc.):
http://pt.wikipedia.org
• O site da embaixada peruana no Brasil traz uma seção com
informações sobre o Peru, que também pode ser boa fonte
de consulta: http://www.embperu.org.br
• No site da Unesco/Convenção do Patrimônio Mundial,
podem ser encontradas boas informações sobre o Peru e
várias localidades peruanas: http://whc.unesco.org/en/sta-
tesparties/pe (não há versão em português, mas entre as
opções de língua estão o inglês, o francês e o espanhol).
PArA os Alunos
LIVROS• Krebs, Laurie. Rumo a Galápagos. São Paulo: Edições SM,
2012. (Coleção Cantos do Mundo). Em versos rimados,
duas crianças apresentam as Ilhas Galápagos, na América
do Sul, e as criaturas incríveis que vivem no arquipélago há
milhares de anos.
• _____. Um passeio na floresta amazônica. São Paulo: Edições
SM, 2012. (Coleção Cantos do Mundo). Como os demais
livros da coleção, uma visita de três crianças à Amazônia é
pretexto para discutir biodiversidade e multiculturalismo.
• _____. Um safári na Tanzânia. São Paulo: Edições SM, 2007.
(Coleção Cantos do Mundo). Em plena savana africana,
crianças da etnia Massai, guiadas por um adulto, observam
os animais e, desse modo, aprendem a contar de 1 a 10 em
swahili, uma das principais línguas da costa leste da África.
• Moraes, Antonieta Dias de. Contos e lendas do Peru. São
Paulo: WMF Martins Fontes, 2002. (Coleção Escola de
Magia). O livro reúne narrativas que exploram a cultura,
os costumes, a natureza e os mitos peruanos.