FLÂNEUR, HOJE ?
Onde estão os poet as, os dândis, os ol hos das ruas?
‚Ou a cidade
contemporânea, vi st a por mui t os como crescentemente
destituída de espaços públicos
(os ‚espaços sem lugar‛) é
i ncapaz de acomodar a
f l aneri e? ‚
De que modo a visão através da j anel a de um ônibus é
diferente da percepção de um flâneur que perambul a?
‚t ornar o est ranho f ami l i ar e o
f ami l i ar est ranho‛. Era preci so ver
a ci dade com novos ol hos, como se
f osse a pr i mei ra vez.‛
‚Caminhar na cidade‛ assume essa posição em
sua crítica da cidade
planejada e legível. Dessa cidade do plano
ou do mapa, tem-se
dito que proporciona
uma vista à vold’oi seau da vi da
urbana. Al go que deve ser contrastado com a
vista de baixo, ‚de
toupeira‛, quando nos
movemos pelos bancos
e passagens, pelo
labirinto que contém a ‚vi da degradada‛, a
ci dade, como di z Cert eau, de
caminhantes que
escrevem a cidade sem
poder lê-l a. ‚
‚É possível ver a cidade como
uma alegoria dos mortos, com os
prédios ser vi ndo de monument os com f aces vazi as a ser em pr eenchi das por aquel es que vi ver am.‛
O flâneur desenvolve, portanto, sua sensibilidade estética nas oscilações
entre envolvimento e distanciamento, entre imersão emocional e
descontrole, e momentos de registro e analisa cuidadosos da ‚colheita
aleatória‛ de impressões das ruas.
Cl ochar ds paul i st anos , ser i am el es flâneurs ?
‚A cidade é então uma fonte de alegorias. Para
se referir à confusão de mer cador i as e f r agment os de cul t ur a de consumo. ‚
Em meio à cidade, que não vê mai s , o flâneur de
hoje substituiu a janela, a rua pelo monitor do
computador ou pela televisão .
E os l i vr os? Fazem par t e da vi da do flâneur
vi r t ual ?‚Mas há a questão de até que ponto esse
potencial para ‘folhear’ é deliberadamente
absorvido ou realçado na construção do mei o ou pr odut o‛