O SISTEMA NACIONAL DE INVESTIGAÇÃO E INOVAÇÃO:
DESAFIOS, FORÇAS E FRAQUEZAS RUMO A 2020
FCT 11 e 12 de Dezembro 2012, Lisboa
Os Sistemas Regionais de InvesIgação e Inovação e a territorialização das
poliIcas públicas: O papel dos SRI+I no próximo período
de programação QEC 2014-‐2020 ISEG
Universidade Técnica de Lisboa Manuel Laranja
11 de Dezembro 2012 Instituto Superior de Economia e Gestão Universidade Técnica de Lisboa
Roteiro
1. O paradoxo dos Sistemas Regionais de InvesIgação e Inovação
2. CaracterísIcas mais salientes dos SRI+I em Portugal
3. Ideias chave no domínio da invesIgação e inovação a nível regional (no quadro mulInível da políIca de i+i)
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O paradoxo dos sistemas regionais de invesIgação e
inovação Passaram-‐se 4 períodos de programação (QCAI
1989-‐1993, QCAII 1994-‐1999, QCAIII 2001-‐2006, QREN 2007-‐2013) mas as disparidades nos SRI+I são ainda consideráveis (Acs, 2002; Cooke et al., 2002)
Regional Innovation Scoreboard
2012
Innovation leader Innovation follower Moderate Innovator Modest Innovator
Parodoxo
As acIvidades de i&i não são (deviam ser?) uniformemente distribuída no espaço. A diversidade
resulta de diferentes padrões de acumulação, transformação/transferência de conhecimento em
“espaços” de uma qualquer escala. (Asheim, 2005, Acs, 2002)
– os apoios devem levar em conta isso sem “sonhos ambiciosos” de grande ciência em todas as regiões. (Arie Rip)
Em Portugal as diferenças internas traduzem-‐se na polarização histórica do sistema nacional de I&D por
LVT – “região lider” no Scoreboard 2012
Indicador sintético da inovação regional
Em Portugal todas as regiões são de fraca absorção – difusão
Indicador sintéIco da inovação com base no Scoreboard Regional de Inovação 2009
• Regiões Geradoras: que devem promover o avanço cienAfico de ponta
• Regiões com Boa Performance, corresponde no essencial às regiões moderadamente inovadoras que estão em cacthing up, necessitam de níveis mais altos de capital humano
• Regiões de fraca difusão, necessitam de invesJr fortemente em acesso a conhecimento e tecnologia
• Regiões de fraca absorção, necessitam no essencial de melhorar o ensino secundário e terciário
Tipologia de Sistemas Regionais de Inovação
Globalist California North-‐Rhine Westphalia Mid-‐Pyrenees
InteracJve Catalonia Baden-‐WurSemberg Quebec
Localist Northern Ireland
Grassroots Networked Centralist
Source: Braczyk et. al. 1998; Cooke et. al. (2003 p.368)
Public Governance System
Busine
ss inno
vaJo
n system
Lisboa e Vale do Tejo
Alentejo Algarve
Centro Norte
Importância do nível regional no sistema mulInível
• densidade de interação, transmissão de conhecimento tácito é maior a nível local/regional. Os padrões de busca de informação, e conhecimento são limitados no espaço – “localised learning”, “sJcky knowledge” enraizado em interacções sociais
• Regiões podem ser locus dos sistemas triple helix e componentes dos sistema governança mulJnível
• Diferentes regiões diferentes lógicas de acumulação e especialização de conhecimento
• ex. Tipos de regiões vs Ipos de conhecimento (Asheim, 2006 “analyIcal’, ‘syntheIc’ and ‘symbolic’)
• Mas ao mesmo tempo um mais facil acesso a conhecimento codificado a nível global leva a que a Ciencia de uma região é Inovação em outra região
2 CaracterísIcas mais salientes
dos “SRI+I” em Portugal
CaracterísIcas mais salientes dos “SRI+I” em Portugal
• Ausência de uma clara estrutura de governança regional i+i, quando muito centrada na gestão dos instrumentos dos Quadros de Apoio. – Ex. Planos Regionais de Inovação – RIS/RITTS finais dos anos 90s, anos 2000 terão
Ido uma influência limitada no desenho/implementação dos instrumentos do QCAIII e QREN !!
– Quase inexistência da função de intermediação a nível regional
• Fraca espessura insItucional (A.Amin 1998) • Níveis baixos de capital social – confiança, tradição de
parIlha e colaboração (ligações sistémicas) • Melhoria nos níveis de capital humano (p.e. aumento do
número de doutorados), sobretudo nas universidades
CaracterísIcas mais salientes dos “SRI+I” em Portugal
• Reduzido número de técnicos qualificados (engºs, doutorados) a trabalhar em empresas. – Níveis reduzidos de I&D nas empresas (embora em crescimento).
– PMEs conIngentes. Não sabem autodiagnosIcar-‐se
– Inovação induzida pelos fornecedores e com base em tecnologia materializada, paga pelos fundos estruturais
• Fraco nível de interacção/coloboração das empresas com universidades e infreaestruturas públicas de I&D
• Níveis baixos de empreendedorismo de vocação
CaracterísIcas mais salientes dos “SRI+I” em Portugal
• Predomínio claro do financiamento às universidades e às ITs -‐ Infraestruturas Tecnológicas (insItutos psfl – interface, incubadoras, parques, etc.). Exs Norte, Centro.
• Fragilidades organizacionais das ITs e fraca capacidade para induzirem novas dinâmicas de aprendizagem local.
• O sistema de ensino não apresenta uma estratégia de desenvolvimento territorializada e orientada à criação de massas críIcas alinhadas com sistemas triple helix locais
3 Ideias chave no domínio da
invesIgação e inovação a nível regional (no quadro mulJnível
da políJca de i+i)
PRINCÍPIOS NORTEADORES para a PROGRAMAÇÃO QEC 2014-‐2020
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Algumas lições dos Quadros anteriores
1. Predominância de instrumentos lineares centrados na oferta – reduzido market-‐pull ou instrumentos de capacitação (Ipo NITEC) – i.e. reduzidos apoios que incidam nas ligações e na aprendizagem
interacIva.
2. Nos SI IDT e SI inovação os critérios de elegibilidade e selecIvidade (referencial para análise mérito) não discriminam especificidades regionais nem discriminam verdadeiramente o que é inovação!
3. Os instrumentos não formam um sistema coerente. Ausência de pontes, ligações, referências cruzadas entre medidas
4. No desenho dos instrumentos a voz do cliente beneficiário não é ouvida. Domina o movimento “descendente” ou “top-‐down” falta um elemento “bo}om-‐up”.
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Algumas lições dos Quadros anteriores
5. Apesar das avaliações não existem “lessons carried forward”. Os instrumentos são iguais de quadro para quadro.
6. Existe um défice de apoios para os aspectos não-‐tecnológicos da inovação, p.e. inovação organizacional, novos modelos de negócios que seria, possivelmente mais interessantes no contexto regional.
7. Em algumas regiões os sistemas de apoio, apresentam taxas de
penetração reduzida, i.e. são as mesmas empresas/organizações que concorrem sucessivamente !
8. A maioria dos instrumentos têm adicionalidade de inputs (não de output) e tem baixa adicionalidade cogniIva ou de comportamentos~, ou seja não induzem os beneficiários em projetos de inovação com maior risco.
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PROGRAMAÇÃO QEC 2014-‐2020: ENQUADRAMENTO EUROPEU E NACIONAL
ESTRATÉGIA EUROPEIA 2020 E ORIENTAÇÕES PARA A POLÍTICA DE COESÃO 2014-‐2020
CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL
tornar o aparelho produIvo mais eficiente em termos de recursos, ao mesmo tempo que se reforça a
compeIIvidade
CRESCIMENTO INCLUSIVO
aumentar a taxa de parIcipação no mercado de trabalho, aquisição de qualificações e luta contra a
pobreza
PORTUGAL 2020
PROGRAMA NACIONAL DE REFORMAS
§ economia compeIIva e inclusiva, que reacenda o crescimento
§ economia flexível e sustentável, que promove o crescimento persistente
PROGRAMA DO
GOVERNO METAS 2020
§ reforço da I&D e inovação § mais e melhor educação (redução do abandono escolar precoce e
aumento da frequência do ensino superior) § clima e energia (eficiência energéIca, intensificação do uso de
energias renováveis, redução dos gases com efeito de estufa) § combate à pobreza e às desigualdades sociais (redução do risco de
pobreza, das situações de privação material e das famílias sem emprego)
PROGRAMAÇÃO ARTICULADA PLURIFUNDO 2014-‐2020
CRESCIMENTO INTELIGENTE promover o
conhecimento, a inovação, a educação e a
sociedade digital
Enquadramento Europeu: Crescimento com especialização inteligente
• Especialização Inteligente, – por iniciaIva empreededora bo}om-‐up (Foray et al, 2009) – General Purpose Technologies onde só regiões líder parIcipam? Ex. Plataformas Tecnológicas
– Gerar variedade relacionada (Frenken et al 2007; Boschma 2007)
• Recupera um conceito semelhante (Teubal, 2006) – Programas Horizontais – de capacitação – Programas Focados – Infraestrutura e ligações em aplicações específicas
Enquadramento Europeu: Condicionalidades
Focus nos resultados. Indicadores, reporIng, monitorização e avaliação, geral e específica dos programas
Quadro de performance em todos os programas. Metas e objeIvos claros e mensuráveis
Condicionalidades Macro. Alinhamento com o governo da macro economia –(Programa de Assistência Financeira 2011-‐2014, PNR 2011)
Condicionalidade Ex-‐ante. Significa que há condições prévias a ser verificadas para tornar o invesImento mais eficaz
Condicionalidade ex-‐post. Reserva de Performance. 5 % (por MS, fundo e categoria de região) Condicionalidade temáJca 11 objeIvos temáIcos
Enquadramento Europeu
Condicionalidade /concentração temáIca
Regiões mais
desenvolvidas
Regiões em
Transição
Regiões menos
desenvolvidas
%FSE
52% 40% 25% InvesIgação e Inovação
60% 60% 44% Eficiência EnergéIca & Energias Renováveis CompeIIvidade das PMEs 20% 20% 6% Outros 20% 20% 50%
Estratégias Regionais de InvesIgação e Inovação
Contribuição para os 11 objeIvos temáIcos
Necessidades/potencialidades locais
Prioridades de invesImento
POs regionais POs temáJcos
Focus, resultados, performance condicionalidades
Novos mecanismos de integração coordenação
• POs temáIcos/regionais mulJ-‐fundo, FEDER, FC, FSE com eixos prioritários mono-‐fundo (POs CIMs mono fundo) – Operações Integradas de natureza temáJca e/ou territorial – OITT mulI-‐fundo
– Planos de Ação Conjunta – PAC. Grupo de projectos de um beneficiário orientados por objecIvos, integrando um ou mais POs e financiados pelo FEDER e FSE
Novos mecanismos de integração coordenação
– Desenvolvimento Local de Base Comunitária . DELOC – Delegação de competências de Gestão de POs a parcerias locais
• Delegação de competências em mais autoridades de gestão. Exs Pólos, Clusters, CIMS -‐ Empreendedorismo
– InvesJmentos Territoriais Integrados ITI ex. Estratégias Integradas de Desenvolvimento Urbano, Cooperação Intermunicipal, etc.
Proposta para mix de Instrumentos
InvesIgação Fundamental
InvesIgação Aplicada
InvesIgação nas Empresas
Desenvolvimento do Negócio Internacionalização
OITT Pluri fundos Plataformas Tecnológicas
DELOC /CIMs Empreendedorismo Ex. GAIN / UTEN
MEC MEE
PACs – geração de aplicações da plataforma PACs – geração de aplicações da plataforma
ITI -‐ FSE Secundário Terciário Bolsas Doutor Empresas
Necessário alinhamento com parJcipações no 7ºPQ, Horizon
2020
PACs – geração de aplicações da plataforma
DELOC Pluri fundos – Pólos e Clusters
Ex. PoliIca regional AMT no Japão
Princípios norteadores • Avaliar a actual base regional de aJvos de ciência e inovação – fazer mapa
das competências cienAficas e tecnológicas a nível regional, idenJficando lacunas em função da inserção das regiões em redes de valor nacionais e globais.
• Planear a “especialização” regional específica – Usar o conceito de sistemas regionais de inovação (escala variável, não
necessariamente coincidente com os “espaços” regiões administraJvas).
– Especialização inteligente menos interessantes que variedade relacionada
– Especializar não é em “sectores” mas sim em plataformas tecnológicas – geradoras de variedade
• IdenJficar novos catalizadores da lógica RIS -‐ quem poderá assumir o papel (novos brokers !?) – Pólos e Clusters de tecnologia e compeJJvidade, insJtuições de interface ex. IPN,
TecMinho ?
Obrigado !
Manuel Laranja���[email protected]
Instituto Superior de Economia e Gestão Universidade Técnica de Lisboa