Lesão pulmonar aguda associada à transfusão
Transfusion-related acute lung injury - TRALI
Mayara Ingrid Rodrigues IsaacFisioterapia Respiratória
IntroduçãoA TRALI é uma complicação relativamente rara,
ocorrendo na razão de 1 em 5000 unidades transfundidas e de 1 em 625 pacientes transfundidos.
É considerada a maior causa de morbidade e mortalidade associada à transfusão.
Fatores de riscoDoenças hematológicas malignas;
Pacientes submetidos a cirurgias cardíacas.
Pode ocorrer em todos os grupos de idade e é distribuída uniformemente entre homens e mulheres.
A severidade clínica da TRALI não parece estar relacionada ao volume ou ao tipo do componente sangüíneo transfundido.
J Bras Pneumol. 2007;33(2):206-212
FisiopatologiaO mecanismo exato ainda não é
conhecido. Existem duas teorias:◦Imunológica x Não Imunológica
Teoria imunológica
ANTICORPOS
Human neutrophil antigens, HNAs)
Antígenos leucocitários humanos (human leukocyte antigens, HLAs
DOADOR
RECEPTOR
ANTÍ
GEN
OS
Resposta oxidativa e citotóxica através da liberação de espécies reativas de oxigênio e citocinas que causam:• Dano celular endotelial e aumento da permeabilidade vascular; profundo
vazamento capilar de fluidos dentro dos alvéolos, resultando em edema e insuficiência pulmonar.
Teoria não imunológica Propõe que mediadores biológicos ativariam neutrófilos já
estimulados devido a fatores predisponentes no receptor.
Infusão de lipídeos biologicamente ativos durante a transfusão de produtos sanguíneos estocados, geralmente em pacientes com complicações clínicas, tais como doenças hematológicas malignas e doenças cardíacas.
Esses lipídeos ativam granulócitos, desencadeando um processo oxidativo e lesão tecidual, resultando em edema e insuficiência pulmonar.
Apresentação clínica
Febre (aumento na temperatura de > 1 °C);Taquipnéia;Hipoxemia aguda com PaO2/FiO2<300 mmHg
e dessaturação de oxigênio;Edema pulmonar bilateral.Cianose; Hipotensão.
Os sintomas clínicos geralmente se desenvolvem durante ou dentro de 6 h após a transfusão.
Radiografia, antes e depois da transfusão de sangue, de um paciente com TRALI
DiagnósticoNão existe um teste rápido ou conclusivo para o
diagnóstico. O diagnóstico é clínico.
TratamentoNão existe um tratamento específico, baseia-se:
◦ Vasopressores - hipotensão◦ Na manutenção do equilíbrio hemodinâmico do paciente;◦ Aplicação de suporte ventilatório o mais precocemente
possível. 70% dos pacientes é necessário intubação orotraqueal.
Casos leves – Oxigenoterapia. corticosteróides, antiinflamatórios não esteroidais e
surfactante, entre outros, não mostram nenhum benefício.
PrognósticoGeralmente tem um bom prognóstico,
diferentemente da SARA.
Muitos pacientes melhoram clinicamente dentro de 48 a 96 h do início da reação.
Em 80% dos pacientes há resolução do infiltrado pulmonar entre 1 a 4 dias; e em uma minoria de pacientes podem persistir acima de 7dias.
Medidas preventivasA Associação Americana de Bancos de Sangue
defende a desqualificação temporária dos doadores implicados em casos da TRALI.
Usar hemocomponentes que tenham sido desleucotizados antes da estocagem;
Medidas preventivasLavagem do hemocomponente, visando a
remoção de anticorpos, lipídeos e outros modificadores da resposta biológica da fração plasmática;
Uso de produtos com menor tempo de
estocagem, tais como o uso de concentrado de hemácias antes de 14 dias e concentrados de plaquetas antes de 2 dias, para evitar o efeito das substâncias que se acumulam durante a estocagem e que poderiam induzir a TRALI.
Considerações finais
Referências FABRON Junior, Antonio; Larissa Barbosa Lopes; José Orlando
Bordin. Lesão pulmonar aguda associada à transfusão; J. bras. pneumol. vol.33 no.2 São Paulo Mar./Apr. 2007
Shander A, Popovsky MA. Understanding the consequences of transfusion-related acute lung injury. Chest. 2005;128(5 Suppl 2):598-604.