Universidade de Brasília
Faculdade de Educação
A RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA NO PROCESSO
DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO DE
CRIANÇAS
CAMILLA SAMPAIO LIMA
Brasília, julho de 2011.
ii
CAMILLA SAMPAIO LIMA
A RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E
LETRAMENTO DE CRIANÇAS
Trabalho Final de Curso apresentado
como requisito para obtenção do título
de Licenciado em Pedagogia, à
Comissão Examinadora da Faculdade de
Educação da Universidade de Brasília,
sob a orientação da professora Dra.
Norma Lúcia Queiroz
Brasília, julho de 2011.
iv
Monografia de autoria de Camilla Sampaio Lima, intitulada “A RELAÇÃO FAMÍLIA-
ESCOLA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO DE E LETRAMENTO DE
CRIANÇAS”, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado
em Pedagogia da Universidade Brasília, em 21/07/2011, defendida e aprovada pela
banca examinadora abaixo assinalada:
__________________________________________________
Profa. Dra. Norma Lúcia Neris de Queiroz (orientadora)
Faculdade de Educação da Universidade Brasília
__________________________________________________
Profa. Dra. Silmara Carina Dornelas Munhoz (examinadora)
Faculdade de Educação da Universidade de Brasília
__________________________________________________
Profa. Msc Sandra Regina Santana Costa (examinadora)
Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal
Brasília, julho de 2011.
v
Dedicatória
“Aprender é a única coisa de que a
mente não se cansa, nunca tem medo e
nunca se arrepende.” Leonardo da Vinci
vi
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, a Deus por fazer com que percorresse toda a trajetória
acadêmica com saúde e persistência. Por ser o meu porto seguro nos momentos de
desespero e desânimo, dando força para nunca desistir e colocando em minha vida essa
família maravilhosa.
Agradeço aos meus pais, Agenor e Neide, por me acompanharem e
aconselharem durante toda a minha vida, dando amor e se dedicando sempre. Vocês são
mais que especiais, amo vocês.
Aos meus irmãos, Diogo e Marusa, pelo apoio, ensinamentos, conselhos, dicas e
carinho dedicados a mim desde a infância.
Agradeço ao meu namorado e amigo, Diego, por todo amor e carinho, por
sempre dar força e coragem para nunca desistir de enfrentar os desafios que a vida nos
traz.
Aos meus amigos, Ciro, Ellen, Karine, Laila, Marianna, Marina, Mayara,
Rayane e aos demais colegas da UnB que participaram com palavras amigas,
descontração e dicas durante o processo de construção desse trabalho.
Agradeço à professora Norma Lúcia Queiroz, pela orientação impecável e apoio
que tornaram este projeto possível. Todos os encontros, e-mails, momentos de
desespero e dúvidas frequentes.
Aos meus colegas de trabalho, Jacielma, Priscilla, Pryscila, Lívia, Rafaela,
Danielle, Patrícia, Fernanda e Michelle, que apoiaram muito e torceram pela realização
desse trabalho.
Aos pais e as professora, que foram peças-chave para o desenvolvimento desse
trabalho. Obrigada pela parceria e comprometimento, sem vocês não teria realizado esse
sonho.
Agradeço a todos que, de alguma forma, contribuíram para esse momento tão
importante.
vii
RESUMO
Referência: LIMA, Camilla Sampaio. A relação família-escola no processo de
alfabetização e letramento de crianças. Defesa em 2011. 72 folhas. Monografia do
curso de licenciatura em Pedagogia – Universidade de Brasília / Faculdade de
Educação. Brasília, 2011.
A relação família-escola tem sido considerada por muitos autores como uma forte aliada
para o sucesso escolar das crianças, considerando que essas instituições têm a função de
preparar a criança para as práticas sociais, tornando-as críticas e participativas. O
ambiente familiar, no qual a criança está inserida tem grande influência nas relações
destas com o seu processo de aprendizagem dela, principalmente, quando se trata da
leitura e da escrita. A escola desempenha, junto com o apoio e o envolvimento da
família, o papel de ampliar as possibilidades de letramento das crianças. O presente
trabalho apresenta uma breve reflexão acerca da relação família-escola no processo de
alfabetização e letramento das crianças de 1º ano do ensino fundamental. O objetivo da
do estudo é analisar a relação existente entre os pais e a escola, identificando e
analisando as práticas de letramento da família e a aprendizagem dos alunos e os
interesses e dificuldades dos familiares em relação ao processo de alfabetização e
letramento dos alunos de uma turma do 1º ano do ensino fundamental; analisando como
a família se envolve com o processo de alfabetização e letramento junto com a escola; e
identificando como a escola incentiva os familiares a acompanhar as atividades
escolares de seus filhos. Para fundamentar a nossa análise, estudamos os referencias de
Boarini (2003), Ariès (1978), Simionato e Oliveira (2003), Szymanski (2010), Chraim
(2009) para construir o conceito de família e a relação dessa instituição com a
aprendizagem e o desenvolvimento; Soares (2009), Carvalho (2009) para a construção
dos conceitos de alfabetização e letramento; e, Maiomi e Ribeiro (2006), Cagliari
(1998), Ferreiro e Palácio (1987), Oliveira e Marinho-Araújo (2010) e Di Nucci para
falar da relação família-escola. Optamos pela pesquisa qualitativa e utilizamos o
instrumento de um questionário, que foi aplicado com 15 pais de alunos do 1º ano do
ensino fundamental e à professora da respectiva turma de uma escola particular de
Brasília. Os resultados da pesquisa evidenciaram que: a) os pais estão interessados e
envolvidos com as práticas de leitura e escrita de seus filhos, uma vez que incentivam
esse processo com a busca de atividades complementares; b) os pais incentivam a
leitura de livros literários, jogos educativos; c) as dificuldades encontradas pelos pais
quanto á mediação estão relacionadas com a falta de conhecimento do processo de
alfabetização e letramento utilizado pela escola e o desinteresse das crianças (preguiça e
desmotivação); d) a parceria com a escola ainda é muito superficial; e) mesmo com a
falta de tempo devido ao trabalho, os pais buscam espaço para fazer o acompanhamento
das atividades dos filhos. Concluímos que se o professor e a escola, proporcionarem
mais espaço para o diálogo, criando um clima de respeito mútuo, conquistando a
confiança e delimitando a função de cada um.
Palavras-chave: família. escola. alfabetização. letramento.
viii
ABSTRACT
Reference: LIMA, Camilla Sampaio. The family-school relationship in the process of
education and literacy for children. Defense in 2011. 72 leaves. Monograph of the
degree course in Education - University of Brasilia / Faculty of Education. Brasília,
2011.
The family-school relationship has been considered by many authors as a strong ally to
the academic success of children, since these institutions have the responsibility of
preparing the child for social practices, making them critical and participatory. The
family environment in which the child is placed has a great influence in these
relationships with their learning of it, especially when it comes to reading and writing.
School plays, with the support and involvement of the family, the role of expanding the
possibilities of children's literacy. This paper presents a brief reflection on the family-
school relationship in the process of literacy and literacy for children from 1 year of
elementary school. The aim of the study is to analyze the relationship between parents
and schools, identifying and analyzing the practices of family literacy and learning of
students and the interests and difficulties of family members in relation to the
acquisition of education and literacy of students in a class of 1st year of elementary
school, analyzing how the family is involved in the process of literacy and literacy with
the school, and identifying how the school encourages families to monitor the school
activities of their children. To support our analysis, we studied the references of Boarini
(2003), Aries (1978), Simionato and Oliveira (2003), Szymanski (2010), Chraim (2009)
to build the concept of family and relationship with the institution of learning
and development; Smith (2009), Carvalho (2009) for the construction of the concepts of
literacy and literacy and, Maiomi and Ribeiro (2006), Cagliari (1998), Smith and Palace
(1987), and Marine-Oliveira Araujo (2010) Di Nucci and to talk about family-school
relationship. We chose qualitative research and use the instrument of a questionnaire,
which was applied with 15 parents of students in 1st year of elementary school and the
teacher of their class in a private school in Brasilia. The survey results showed that: a)
parents are interested and involved with reading and writing practices of their children,
since this process to encourage the search for complementary activities, b) encourage
parents to read literary books, educational games; c) the difficulties encountered by
parents as to the mediation are related to lack of knowledge of the process of education
and literacy used by school children and disinterest (laziness and lack of motivation), d)
partnership with the school is still very superficial e) despite the lack of time due to
work space for parents seeking to monitor the activities of their children. We conclude
that if the teacher and the school, providing more space for dialogue, creating a climate
of mutual respect, gaining confidence and limiting the function of each one.
Keywords: family. school. education. literacy.
ix
APRESENTAÇÃO
Para melhor compreensão do trabalho, ele foi dividido em três partes. Na
primeira parte apresento o meu memorial educativo, onde relato os momentos
marcantes da minha vida escolar e acadêmica, desde a educação infantil à universidade.
A segunda parte é constituída da discussão do tema do trabalho: “A relação
família-escola no processo de alfabetização e letramento das crianças”. Nela abordo os
temas centrais do trabalho partindo do referencial teórico, a exposição da metodologia
utilizada na pesquisa e a pesquisa propriamente dita, com a análise dos dados e os
resultados alcançados.
No referencial teórico abordo os temas centrais do trabalho, quais sejam, a
construção histórica da família como instituição social: conceitos e a família como
contexto de desenvolvimento e aprendizagem; o processo de alfabetização e letramento:
conceitos e histórico; e, a relação família-escola no processo de alfabetização e
letramento. Ainda na segunda parte apresento os resultados da pesquisa realizada com
pais de alunos do 1º ano do ensino fundamental e a respectiva professora de uma escola
particular situada no Plano Piloto de Brasília A análise dos dados da pesquisa e as
considerações finais também fazem parte da monografia.
Para finalizar o trabalho, faço a explanação das minhas perspectivas
profissionais, em que há uma exposição das minhas pretensões referentes aos estudos e
ao trabalho em um futuro próximo.
x
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA ............................................................................................................. v
AGRADECIMENTOS .................................................................................................. vi
RESUMO ....................................................................................................................... vii
MEMORIAL EDUCATIVO ....................................................................................... 12
CAPÍTULO I - REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................ 24
1.1 A construção histórica da família como instituição social.................................... 24
1.1.1 Conceituando família ..................................................................................... 24
1.1.2 A família como contexto de desenvolvimento e aprendizagem ..................... 26
1.2 O processo de alfabetização e letramento ............................................................. 29
1.2.1 Conceituando alfabetização e letramento ....................................................... 29
1.2.2 As práticas de leitura e escrita: da antiguidade à contemporaneidade ........... 30
1.2.3 Os métodos de alfabetização .......................................................................... 32
1.2.4 O letramento no ambiente escolar .................................................................. 33
1.3 A relação família-escola no processo de alfabetização e letramento .................... 35
1.3.1 A relação família-escola ................................................................................. 35
1.3.2 A importância da relação família-escola no processo de alfabetização e
letramento ................................................................................................................ 37
CAPÍTULO II - METODOLOGIA ............................................................................ 42
2.1 A pesquisa ............................................................................................................. 42
2.2 Caracterização da escola ....................................................................................... 42
2.2.1 A Proposta Pedagógica .................................................................................. 43
2.2.2. Espaço físico ................................................................................................. 43
2.2.3 Sala de leitura ................................................................................................. 44
2.3 Participantes .......................................................................................................... 44
xi
2.3.1 Os pais ............................................................................................................ 44
2.3.2 A professora ................................................................................................... 45
2.4 Instrumento de construção dos dados ................................................................... 46
2.5 Procedimento de construção de dados .................................................................. 46
CAPÍTULO III - ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ....................... 48
3.1 Relação família e escola – os pais......................................................................... 48
3.2 A relação família-escola na concepção da professora .......................................... 60
CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 65
PERSPECTIVAS PROFISSIONAIS .......................................................................... 67
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 68
APÊNDICE ................................................................................................................... 70
Questionário aplicado aos pais ................................................................................... 70
Roteiro para Entrevista com a Professora ................................................................... 72
12
MEMORIAL EDUCATIVO
Primeiros passos – Educação Infantil e Ensino Fundamental
Nasci no dia 19 de agosto de 1989 na cidade de Brasília, Distrito Federal. Filha
caçula de dois nordestinos que vieram para Brasília em busca de maiores oportunidades
de emprego. Meus pais, Agenor e Neide, não tiveram a chance de conciliar o trabalho
com a escola, terminando apenas o ensino médio, antigo Ginásio. Como meus pais não
tiveram uma formação acadêmica, sempre incentivaram os filhos a estudarem,
colocando-nos cedo na escola e acompanhando toda essa caminhada até a Universidade.
Desde o meu primeiro dia de aula, meus irmãos, Diogo, de 28 anos e a minha irmã,
Marusa de 26 anos, foram participantes ativos da minha trajetória escolar, deixando-me
na escola e acompanhando-me junto aos meus pais em minhas atividades.
Minha trajetória escolar começou aos 3 anos de idade no Colégio Pio XII de
Brasília, não me adaptei a escola por não ter me identificado com a professora. Meus
pais e minha tia me levavam à escola, mas era muito resistente para frequentar essa
escola, depois de muitas tentativas meus pais descobriram que eu não gostava da
professora porque ela não havia me deixado ir ao banheiro quando pedi, deixando-me
muito chateada e constrangida. Minha maior vontade sempre foi estudar com os meus
irmãos, depois do ocorrido na escola que estava matriculada meus pais decidiram
matricular-me na Escola Adventista de Brasília, junto com os meus irmãos. Meus pais
não queriam que eu mudasse de escola, pois queriam investir na minha educação escolar
desde cedo, colocando-me em uma das melhores escolas de Brasília naquela época.
Apesar da minha família ser toda de religião católica, meus pais admiravam
muito a proposta da educação adventista, sendo gratos até hoje à formação dada.
Ingressei na Escola Adventista no ano de 1993, no Jardim II, com a Professora Cida,
que era mãe da minha melhor amiga de classe. Como era muito amiga da filha da
professora, frequentava a casa dela e meus pais ficaram também muito amigos, sempre
admirei sua conduta. Em casa, como a minha irmã sempre brincava de “Escolinha”,
minha mãe comprava quadro de giz, lápis e nos dava livros velhos. Minha irmã era a
professora e eu, a aluna. Sempre brincávamos disso, mas nunca sonhava ser professora.
13
Sempre que me perguntavam, falava que seria médica ou dentista. Minha professora da
alfabetização, Osvaldina, na época do Jardim III, foi uma referência para o meu gosto
pela escrita e leitura, sua maneira de elogiar a letra dos alunos me estimulava cada vez
mais a caprichar na letra, não esquecendo nem a cor do meu primeiro caderno.
Admirava até a maneira que a professora falava, imitando tudo que ela fazia.
Minha trajetória escolar e a dos meus irmãos sempre foram em escolas
particulares com muito esforço dos meus pais para pagarem. Estudei na Escola
Adventista do ano de 1993 a 2004. Sempre segui os passos dos meus irmãos na escola,
eles sempre foram muitos estudiosos. Tive excelentes professores que até hoje tenho
contato e trouxe um pouco deles para a minha formação como professora. Na segunda
fase do ensino fundamental, a professora Marli foi uma grande referência na escola. Ela
era professora de Matemática e sempre levava para a sala de aula atividades lúdicas para
que aprendêssemos de uma forma divertida, e isso foi marcante para mim e meus
colegas de turma, despertando o gosto pela Matemática. Nas suas aulas, eu ficava
imaginando que se fosse professora, queria ser igual a ela.
A formação pessoal dada pela Escola Adventista foi maravilhosa, amigos que
tenho próximos até hoje e outras que foram embora da escola e não tenho mais contato
deixaram saudade e ótimas lembranças.
O ensino médio – Momento de grandes escolhas
Quando ingressei no ensino médio, no ano de 2003, ainda na Escola Adventista,
meus pais estavam muito preocupados com o meu futuro acadêmico, achando a escola
muito fraca. Fiz apenas o 1º ano do ensino médio nessa escola, mudando-me para o
Sigma, escola referência em Brasília pela quantidade de alunos aprovados na
Universidade de Brasília (UnB). A troca de escolas foi muito difícil, sentia muita falta
dos meus amigos, sempre que havia alguma oportunidade ia visitá-los na antiga escola.
O meu ensino médio foi de muito estudo, sentia muita dificuldade em fazer um plano de
estudos e cumprir diariamente, assim como a escola exigia. No começo, foi muito difícil
e meus pais se preocupavam se eu iria dar conta de tanto conteúdo e cobranças.
Conversei com a Orientadora do colégio e montamos um plano de estudos juntas e
agarrei-me às minhas novas amigas para estudar diariamente na escola. Conheci pessoas
14
que nesse momento de adaptação ao novo colégio, me incentivaram a estudar, sendo
que todas estavam com o mesmo propósito de passar na Universidade de Brasília.
No ano de 2006, chegou o momento de escolher qual curso prestaria o exame da
última etapa PAS e do vestibular tradicional da UnB. Naquele momento, estava
decidida fazer Nutrição, mas minhas notas das 1ª e 2ª etapas do PAS não dariam para
passar nesse curso. Juntei aos meus amigos e começamos a pesquisar o que fazia os
profissionais dos diversos cursos que a UnB oferecia. Escolhi Pedagogia para aproveitar
as minhas notas do PAS e gostei das diferentes áreas que o pedagogo poderia atuar.
Passei no PAS, foi a maior realização que os meus pais tiveram, pois era um sonho de
toda a família, pois nenhum dos meus irmãos estudaram na UnB. Passei para
Pedagogia, mas não desisti da Nutrição, pedi que minha mãe me matriculasse em um
cursinho.
Trajetória Acadêmica – da UnB para a sala de aula
Em 2007, o ingresso na UnB foi um dos momentos mais felizes da minha vida.
No dia do registro de calouros cheguei a UnB e senti que aquilo tudo era meu, foi uma
conquista muito importante para mim. Enchia o peito para falar que havia passado na
UnB. Só faltou pintar o rosto com a palavra UnB e sair desfilando pelas ruas. No dia da
recepção de calouros teve uma reunião na Faculdade de Educação (FE) e levei minha
mãe para conhecer a UnB e saber o que seria vivenciado por mim durante os anos da
minha formação. Os olhos da minha mãe enchiam de lágrimas, assim como os meus.
Apesar de não ser o curso que sempre sonhei para mim, a felicidade foi a
mesma. A conquista não veio com um gosto amargo. A partir daquele momento eu
estava disposta a desfrutar de tudo que a Universidade poderia me oferecer.
Como não passei para o curso que queria, conversei com os meus pais e meus
irmãos e decidimos que eu continuaria no curso de Pedagogia e ao mesmo tempo faria
um Curso Pré-vestibular para tentar o vestibular para Nutrição. Tentei conciliar a UnB
com o cursinho, mas foi muito difícil devido ao horário de aulas da UnB. Nos primeiros
meses de cursinho, as aulas da UnB não haviam começado ainda, eu estudava bastante e
participava das aulas. Quando as aulas da UnB começaram, fiz novas amizades e
conheci pessoas diferentes daquelas que eu encontrava diariamente no cursinho. As
conversas eram diferentes, parecia que estava em outra realidade. Não queria mais saber
15
do cursinho, queria ir para UnB pela manhã e ficar até o último momento da aula. Eu
adorava ficar sentada nos prédios da FE, conversando com as pessoas, conhecendo
novas pessoas sempre. Continuei no cursinho, mas não estudava mais da mesma forma,
fiz o vestibular para Nutrição mesmo sem estudar, como já era esperado, não passei.
Estava deslumbrada com os momentos que a UnB nos proporcionavam, tudo aquilo era
um sonho para mim. Nos primeiros semestres, cursei o Projeto 1 e as disciplinas
Oficina Vivencial, Antropologia e Educação, Investigação Filosófica na Educação e
Perspectivas do Desenvolvimento Humano (PDH). O Projeto 1 fez com que eu
conhecesse cada espaço da universidade e a sua importância, deixando aquele desejo de
explorar mais aquele espaço. Ao mesmo tempo em que me sentia realizada com as
novidades, ficava assustada com todas elas. Na disciplina Antropologia e Educação, o
professor Marcelo Reges pediu que fizéssemos um ensaio, não sabia fazer, nem o que
era um ensaio. Esse momento foi considerado por mim o verdadeiro ingresso na UnB,
quando aprendi as normas da temida ABNT; aprendi, também, o que era espaçamento e
citações, um verdadeiro trabalho acadêmico, diferente daqueles realizados na época da
educação básica. Essa disciplina me proporcionou momentos de discussões que nunca
havia presenciado, a diversidade de ideias, de realidade encontrada na UnB me deixava
espantada. Havia ali uma liberdade de expressão que nunca tinha encontrado na escola.
Falar sobre homossexualidade, drogas, religião, política, comportamento humano de
uma maneira que todos se respeitassem e com uma visão mais crítica e técnica me
deixava deslumbrada e com mais vontade de estudar. Investigação Filosófica foi a
disciplina que mais encontrei dificuldade, devido a tantos filósofos que estávamos
conhecendo. Os textos tinham uma linguagem rebuscada e muitas vezes não
entendíamos muitas coisas. Com a disciplina PDH, encontrei algumas explicações sobre
o nosso comportamento na escola e pude conhecer melhor o ser humano. Foi o
momento que eu mais gostei, e desde então me encantei com a Psicologia.
No segundo semestre de 2007, as disciplinas ficaram mais específicas e comecei
a conhecer o que realmente era a Pedagogia. Cursei Historia da Educação, O educando
com Necessidades Educacionais Especiais, Fundamentos da Educação Ambiental,
Pesquisa em Educação 1 e Organização da Educação Brasileira. Com a disciplina
Organização da Educação Brasileira (OEB) gostei muito de conhecer como a educação
funcionava no país. Quando ingressei no curso me imaginava dando aula para crianças
com necessidades educacionais especiais, e foi nesse semestre que comecei a descobrir
16
quais eram meus interesses, e não me identifiquei com a educação especial quando fiz a
disciplina O educando com necessidades educacionais especiais e ao mesmo tempo me
identifiquei com a área de políticas públicas com OEB. Comecei a me interessar pelo
curso, mesmo sem vontade de trabalhar em sala de aula.
No ano de 2008, eu e minhas amigas começamos a procurar estágios na área de
Pedagogia. Minha primeira entrevista foi uma decepção, eu não sabia nem mesmo o que
era magistério e a coordenadora da creche ficou sem entender o que estava acontecendo,
desisti de procurar estágio naquele momento. Senti que não sabia nada e que precisa
estudar mais. Minhas amigas começaram a estagiar e eu insistindo que sala de aula não
era aquilo que queria. Depois de alguns meses, de última hora, uma amiga me indicou
para uma entrevista no Colégio São Carlos, fui com o pensamento que não tinha nada a
perder. A entrevista foi na sexta e na segunda eu já comecei a trabalhar. Trabalhei na
educação infantil e encantei-me com a área. Tive oportunidade de desenvolver projetos
de leitura com as crianças e fazer substituições em turmas de Maternal, Jardim e 3º ano
do ensino fundamental. Fiquei dois anos nessa escola, sai quando apareceu a
oportunidade de estagiar em uma escola maior em Brasília. Junto com esse estágio eu
estava vivenciando bons momentos de aprendizagem na UnB.
No 3º semestre, ainda no ano de 2008, cursei Psicologia da Educação, Ensino e
Aprendizagem de Língua Materna, Ensino de Ciência e Tecnologia 1, Cultura
Organizacional e Aprendizagem e Desenvolvimento do PNEE. Cursando a disciplina
Ensino e Aprendizagem de Língua Materna com a professora Stella Maris me encantei
pelo tema Alfabetização e Letramento. A disciplina Psicologia da Educação foi a
oportunidade que tive de ampliar meus conhecimento na área de Psicologia já iniciados
coma disciplina PDH. Foi um momento muito rico, a oportunidade de cursar disciplinas
com pessoas de outros cursos é enriquecedora, pois são diversos pontos de vista para
um só assunto, é interesse ver como as outras licenciaturas veem a educação. Eu já sabia
que gostava muito de Ciências e com a disciplina Ensino de Ciências e Tecnologia 1, eu
me interessei muito pelo assunto, e foi a primeira oportunidade que tive de avaliar livros
didáticos com um novo olhar. Isto é, o olhar de educadora. Analisei também os
conhecimentos prévios de Ciências dos alunos das séries iniciais do ensino fundamental
com o olhar de pesquisadora. Com a disciplina Cultura Organizacional tive meu
primeiro momento de crise na UnB, não gostei da área organizacional e me sentia
desmotivada para ir às aulas e abandonei a disciplina para me dedicar as outras
17
disciplinas do semestre, principalmente, Aprendizagem e Desenvolvimento do PNEE, na
qual me interessei muito pelo jeito que a professora ministrava as aulas e pelo fato de
serem apenas 6 alunos na disciplina. Dediquei-me muito às leituras de Vygostky com
textos em espanhol. Com essa disciplina aprendi muito sobre abordagem
sociointeracionista tornando-se muito importante para a minha formação e
influenciando muito minha prática pedagógica em sala de aula.
No 4º semestre, cursei as disciplinas Sociologia da Educação, Orientação
Educacional, Educação de Adultos, Didática Fundamental, Educação Matemática 1 e
Projeto 2. Nunca tive interesse de trabalhar com a educação de adultos, fiz matrícula na
disciplina para conhecer, já que não é uma disciplina obrigatória. A professora era
muito rígida e exigia dedicação total do aluno para realizar os trabalhos pedidos, como
um grande grupo de alunos já estava estagiando e isso já tomava boa parte do nosso
tempo, não podíamos nos dedicar a disciplina e tampouco desistirmos na metade do
semestre. Outra frustação que tive durante o curso de Pedagogia foi a disciplina
Didática Fundamental. Sempre esperei pelo momento de cursá-la. Fui com a expectativa
que acharia uma “receita” para ensinar, e não foi isso que encontrei. Foi mais um
momento de crise com a FE, não tinha professor para dar essa disciplina e uma
professora de educação infantil foi quem ministrou nossas aulas, e muito daquilo que
dava em sala de aula era voltado para essa modalidade de ensino.
No início do ano de 2009, fiz o processo seletivo para Professora Assistente no
Colégio Le Petit Galois e passei. Fui selecionada para uma turma de 1º ano do ensino
fundamental, a antiga Alfabetização. Fiz um trabalho vinculado com aquilo que estava
aprendendo na UnB e tive muito apoio da professora que eu auxiliava na escola. Os
estágios não supervisionados foram os momentos de maior aprendizado e de enxergar
que a universidade nos proporciona momentos que muitos não sabem aproveitar. Como
surpresa, no fim do ano de 2009, fui convidada para fazer o processo seletivo para
professores do colégio, tive um feedback muito importante e aquilo me incentivou a
trabalhar mais e buscar a tão sonhada sala de aula nesse momento.
No 5º semestre, foi o semestre no qual peguei mais disciplinas para tentar
adiantar o curso, já que havia desistido de duas disciplina e perdido esses 8 créditos. Fiz
40 créditos e foi o semestre mais produtivo, apesar de estar namorando e estagiando,
consegui conciliar o estudo, ao trabalho e à vida social. Cursei História da Educação
Brasileira, Avaliação Escolar, Educação Infantil, Processo de Alfabetização,
18
Administração das Organizações Educativas, Introdução à Classe Hospitalar,
Orientação Vocacional Profissional e as duas primeiras fases do Projeto 3.. Acredito
que foi o semestre mais produtivo por ter disciplinas com professores excelentes que
ajudaram muita na minha formação, e naquele momento eu estava segura do que eu
queria como educadora. Tudo aquilo que aprendia na UnB eu tentava levar para a
escola. Sempre quis cursar o Projeto do Lúdico com a professora Carla Castro, devido
ao estágio não tive a oportunidade. Vi que a professora também ofertava a disciplina
Introdução à classe hospitalar, outra área com a qual eu tinha interesse. Foi uma
experiência muito significativa, pois a professora tem muita vivência com a sala de aula
e as dicas que ela dava eu comecei a utilizar em minha sala de aula e proporcionou
momentos muito bons nos quais a ludicidade e o conteúdo se encaixaram muito bem. O
Projeto 3, fase 1 e 2, fiz com a Professora Stella Maris sobre Alfabetização e
Letramento, como já havia gostado muito da área, decidi fazer todos os meus projetos
voltados para esse tema, que foi muito decisivo para meu trabalho de conclusão de
curso.
No 6º semestre, tentei dar continuidade àquilo que fiz no 5º semestre, adiantar as
disciplinas obrigatórias para tentar me formar no tempo adequado, como já estagiava, as
disciplinas que precisava estavam sendo ofertadas no período vespertino, e era o mesmo
período no qual eu estagiava, por isso cursei apenas disciplinas obrigatórias que tinham
me ofertado: Políticas Públicas na Educação, Educação em Geografia e Filosofia da
Educação, atrasando mais ainda meu curso. Aproveitar o momento para me dedicar ao
estágio e estudar para os concursos que estavam acontecendo na área de educação.
Em 2010, fui buscar novas experiências na UnB, vivenciar momentos fora da
Faculdade de Educação, cursando as disciplinas Psicologia Social, Psicologia da
Aprendizagem, Desenvolvimento Psicológico e Ensino e Ensino de História, identidade
e Cidadania. A Psicologia Social era bem diferente de tudo aquilo vivenciado na
Pedagogia, mesmo assim havia temas que estavam relacionados, mas tive outro olhar
sobre eles. Fizemos uma pesquisa muito boa sobre o Atendimento em saúde com a qual
o professor considerou importante enviar a um congresso que será realizado entre 2012.
Já Psicologia da Aprendizagem já estava ligada a tudo aquilo que aprendíamos na
Pedagogia com termos mais técnicos e específicos, foi uma disciplina que ajudou muito
a escolha para desenvolver o trabalho de conclusão de curso.
19
No oitavo semestre só faltava uma disciplina obrigatória para a conclusão do
curso, pois já havia adiantado algumas. Com a disciplina obrigatória Avaliação nas
Organizações Educativas aprendi muito sobre as avaliações internas e externas e como
funciona alguns grandes programas governamentais. Cursei Finanças Pessoais,
Fundamentos da Arte na Educação, Atividades Lúdicas em Início de Escolarização,
Oficina de Formação do Professor-leitor e Projeto 4. Fiz a primeira fase do Projeto 4
com o professor Álvaro Sebastião, foi uma nova experiência e a oportunidade de
conhecer uma realidade diferente daquela que eu estava rodeada. O Projeto Saúde
Integral no Recanto das Emas nos oportunizou realizar momentos de atividades
diferenciadas com crianças carentes da região, junto com graduandos e pós-graduandos
de outros cursos da UnB. Fiquei com uma turma de alfabetização e vi uma nova
realidade, pois estava acostumada a ver crianças com 6 e 7 anos de idade já
alfabetizadas e lá encontramos , crianças com 8 anos de idade que sabiam apenas
escrever o nome. Nesse momento, comecei a buscar um tema que estivesse ligado à
dificuldades de aprendizagem e à alfabetização. Li o livro “Aprender a ler e a
escrever: uma proposta construtivista” das autoras Ana Teberosky e Teresa Colomer
e comecei a perceber o quanto os pais e professores são importantes nesse processo. Foi
quando optei pelo tema da importância da participação da família no processo de
alfabetização.
Agora, no nono semestre, fui convidada a assumir uma turma de 3º ano do
ensino fundamental no Colégio Le Petit Galois. Este é o meu maior desafio profissional
até o momento, ainda que esteja com o Trabalho de Conclusão de Curso e os projetos
finalizados para a conclusão de curso. No colégio, sempre tive apoio de pessoas
importante e com grande conhecimento da área de educação, oportunizando momento
de formação com professores doutores da Universidade de Brasília e outras importantes
universidades do Brasil. Minha coordenadora indicava livros e fazia comigo um
atendimento extra para a minha capacitação, antes mesmo de assumir a sala de aula.
Com ela, fiz planejamentos de aula, produzi atividades contextualizadas e provas.
Foram coisas que não tive oportunidade de fazer na UnB e estava fazendo naquele
momento, o estágio sempre foi um complemento, a UnB me oferecia a parte teórica e a
equipe diretiva do colégio fazia um trabalho diferenciado, mostrando a realidade em
sala de aula.
20
Os Projetos 4 – estágios supervisionados foram de extrema importância para
escolha do tema e despertar meu interesse pela área da educação. Por ser uma excelente
referência na área de Alfabetização, procurei a Professora Norma Lucia Queiroz para
desenvolver e aprofundar mais sobre o tema, junto a segunda fase do Projeto 4 e a
disciplina Seminário Final de Curso. Em cada disciplina cursada foi uma nova
experiência vivida em relação à educação. Momentos esses direcionados para refletir
sobre a minha conduta como educadora. Não só pela disciplina, mas a partir de
momentos de discussão, debates e conversas na UnB, pude ter uma visão crítica do
mundo, pois a mudança está em nossas mãos, futuros educadores e pesquisadores.
21
INTRODUÇÃO
A educação escolar das crianças, nos dias de hoje, não acontece apenas no
ambiente escolar, mas em diversos ambientes onde as crianças têm contato com pessoas
de diferentes idades e cultura. O processo de alfabetização tem como objetivo iniciar a
sistematização com o educando sobre o conhecimento da leitura e escrita. Já o
letramento é iniciado antes do processo de alfabetização, mas de maneira informal pela
família e em outros contextos sociais, especialmente com a vizinhança e na convivência
com outras instituições (clubes, cinema, teatro, igrejas) e na comunidade de um modo
geral.
Entretanto, o processo de letramento das crianças depende do ambiente e das
práticas sociais que elas estão inseridas, por isso, que aprender a ler e a escrever está
muito além da prática educativa na escola. É necessário observar as possibilidades
sociais de cada grupo. Sendo assim, a educação da criança se inicia no ambiente
familiar pelos adultos e pelas trocas de experiências com outras crianças com quem ela
convive. Em síntese, antes mesmo das crianças ingressarem na escola, acontecem as
primeiras intervenções sociais em relação à aprendizagem da língua. De um modo geral,
as famílias muitas vezes não conseguem compreender a importância de sua participação
na formação das crianças, mas muitas delas têm utilizado diversas estratégias para
incentivar as crianças a ler e escrever, quando permitem as crianças olhar gravuras,
brincar com lápis e papel, participar de brincadeiras livres, entrar em contato com a
natureza ouvir histórias e participar das reuniões em família, oportunizar o contato dela
com jornais e revistas, fazer visitas a museus, teatro e cinemas. Desta forma, a criança
estará aprendendo a conhecer o mundo, apesar de seus limites. Essas atividades são
essenciais para o processo de alfabetização e letramento e quando elas são realizadas
também no ambiente familiar podem aproximar os pais da escola e vice-versa. Aqui,
vemos essa proximidade como um passo importante, considerando que a família ensina
e também tem o que ensinar.
Assim sendo, a família deve ser vista como uma das agências mediadoras do
desenvolvimento do processo de aprendizagem que a escola pode contar, uma vez que
essas duas instituições – família e escola – têm os mesmos interesses nessa relação, ou
seja, a aprendizagem do aluno. Para que haja essa contribuição, é importante o
22
envolvimento e dedicação da família na aprendizagem dos filhos. O comprometimento
da família faz com que o aluno se sinta mais seguro no processo de alfabetização e
letramento.
Diante essas observações, surgem importantes questionamentos para a
compreensão da importância da família no processo de alfabetização e letramento dos
alunos. A família compreende o sentido do processo de alfabetização e letramento
trabalhado pela escola? Que estratégias são utilizadas pela escola para propiciar a
habilidade de leitura e escrita de seus alunos? Como os alunos são incentivados no
ambiente familiar nas práticas de leitura e escrita? Qual é o tempo dedicado ao
acompanhamento das atividades escolares da criança?
Diante de tais questionamentos, decidi realizar este estudo orientado pela
seguinte pergunta: Como a relação entre família e escola tem contribuído com o
processo de alfabetização e letramento de um grupo de crianças entre 5 e 7 anos de
idade em uma escola particular de Brasília?
O interesse pelo tema surgiu ao acompanhar diversos alunos em sala de aula e
eles não demonstravam motivação para realizar as atividades escolares de leitura e
escrita, especialmente, aquelas atividades que requeriam a participação da família,
considerando que os familiares não tinham tempo, e muitas vezes, interesse para lerem
textos curtos e livros literários enviados pela escola, uma vez que os alunos ainda liam
convencionalmente.
Com isso, percebemos a necessidade de não somente observar esses alunos em
sala de aula, mas de compreender como a família se relaciona com o processo de
alfabetização e letramento de seus filhos. Como é a relação família-escola e quais são as
dificuldades encontradas pela família na mediação com os filhos do processo de ensino
aprendizagem escolar.
Essa pesquisa pode trazer contribuições aos educadores e as família com filhos
em processo de alfabetização e letramento. Para os educadores no sentido de esclarecer
a importância da família para o processo de alfabetização e letramento, assim como
novas estratégias a serem utilizadas para incentivar a participação dela nesse processo.
E, para a família, no sentido de facilitar o acompanhamento desse processo,
estabelecendo parceria com a escola. Além disso, busca ampliar o conhecimento a
respeito do tema a partir das formulações teóricas.
23
O objetivo geral deste estudo foi analisar a relação família-escola no processo de
alfabetização e letramento das crianças de uma turma de 1º ano do ensino fundamental
de uma escola particular do Plano Piloto de Brasília, Distrito Federal.
Entre os objetivos específicos definimos que:
identificar e analisar as práticas de letramento da família e a
aprendizagem dos alunos e os interesses e dificuldades dos familiares em
relação ao processo de alfabetização e letramento dos alunos de uma
turma do 1º ano do ensino fundamental;
analisar como a família se envolve com o processo de alfabetização e
letramento junto com a escola;
identificar como a escola incentiva os familiares a acompanhar as
atividades escolares de seus filhos.
O estudo foi realizado com o grupo de 15 pais de alunos do 1º ano do ensino
fundamental e sua professora. Os pais apresentam alto nível socioeconômico, já que se
trata de uma escola de classe média alta da cidade. A pesquisa caracteriza-se como um
estudo qualitativo e como instrumento foi utilizado o questionário por possibilitar uma
maior quantidade de participantes para a pesquisa, devido à disponibilidade dos pais e
com a professora foi feita uma entrevista semi estruturada, cuja proposta foi
compreender melhor a relação dos pais no processo de aprendizagem e o apoio da
escola nesse sentido.
O trabalho está dividido em três capítulos. No primeiro capítulo encontra-se a
revisão da literatura, em que foram estudados os principais conceitos e reflexões a
respeito do tema em foco. No segundo capítulo, apresentamos a metodologia do estudo:
tipo de pesquisa, participantes, instrumento e procedimentos de construção e análise de
dados. E, no terceiro capítulo, foram apresentadas a análise e a interpretação dos
resultados, por meio das respostas dos questionários e da entrevista com a professora.
24
CAPÍTULO I
REFERENCIAL TEÓRICO
1.1 A construção histórica da família como instituição social
1.1.1 Conceituando família
Para entender a família como instituição social é necessário conhecermos o
contexto de sua construção histórica e a reflexão acerca de seus conceitos e concepções.
O conceito de família é considerado como subjetivo, depende muito de quem define, do
contexto social, político e familiar. Segundo Boarini (2003), em um dos primeiros
conceitos de família, ela é vista como primeiro grupo que o ser humano faz parte.
Observamos que esse conceito encontra-se muito mudado nos dias de hoje. É certo que
o ser humano desde os primeiros dias de vida está em contato com pessoas de algum
grupo por necessidade de cuidados. Diante disso, o conceito de família é mutável, ele
não só muda com as transformações ocorridas na família, mas nas mudanças do
contexto.
De acordo com Ariès (1978), a família medieval conservava as crianças em casa
até os sete ou nove anos e depois eram deixados em casa de outras pessoas para que
aprendessem as atividades domésticas. Nessa época, as crianças eram chamadas de
aprendizes e ficavam em casas alheias até completarem quatorze anos, ou seja, a
educação da criança era de responsabilidade de outras famílias, diferente daquela que a
criança nasceu. Esse tipo de aprendizagem se dava em todas as classes sociais, tanto
com o criado subalterno quanto com o empregado. Os laços familiares surgiram quando
o Estado e a Igreja começaram a valorizar o “sentimento de família”, com isso, a
educação e a criação das crianças nascidas de um casal, passam ser responsabilidade da
família. A partir dessas mudanças ocorridas no Estado e na Igreja, a família nuclear
conjugal moderna começou a ser composta por pai, mãe e filhos.
Segundo Simionato e Oliveira (2003), a família sofre fortes influências, tanto
sociais e culturais, quanto políticas e econômicas, ocasionando assim as transformações
e remodelações da família como as mudanças de papéis, relações e até mesmo a
estrutura familiar. Desde o período medieval até a contemporaneidade ocorreram
25
mudanças significativas na sociedade brasileira, principalmente com a transformação da
sociedade rural, em que predominava a família patriarcal, para uma sociedade de bases
industriais com a sua mobilidade social, geográfica e cultural. A partir desse contexto
muitas mudanças podem ser consideradas:
Em todo o mundo, o conceito de família nuclear e a instituição
casamento marcante dessas transformações ocorreu no final da década
de 60: cresceu o número de separações e divórcios, a religião foi
perdendo sua força, não mais conseguindo segurar casamentos com
relações insatisfatórias. A igualdade passou a ser um pressuposto em
muitas relações matrimoniais (SIMIONATO E OLIVEIRA, 2003, p.
60).
Com isso, Simionato e Oliveira (2003) consideram a família como um sistema
inserido em contextos sociais diferentes, neles, as pessoas compartilham sentimentos e
valores formando laços de interesse, da solidariedade e de reciprocidade, com
especificidade e funcionamentos próprios. A união com os membros da família se dá a
partir da intimidade, do respeito mútuo e da amizade. Entretanto, essa união não
depende de laços consanguíneos entre os membros, devido às diversas organizações
familiares alternativas que surgiram ao longo do tempo: filhos de diferentes uniões;
casais homossexuais adotando filhos legalmente; casais com filhos ou parceiros
isolados ou cada membro vivendo com uma das famílias de origem; e, como tem
acontecido frequentemente, mães solteiras ou já separadas cuidando dos filhos.
Segundo Szymanski (2010), a família se estabelece a partir da decisão de
algumas pessoas conviverem juntas, assumindo o compromisso de uma relação
duradoura, incluindo os cuidados entre os adultos e deles para com as crianças que
surgirem dessa união. Não existe um modelo único de família, mas, ao mesmo tempo
em que as famílias vão vivendo, adaptando-se aos problemas do cotidiano, como
separação, casamento, adoção de crianças, mortes de familiares, vai construindo um
modelo de família.
A partir dos conceitos de família apresentados e das mudanças ocorridas nos
modelos de família encontrados na atualidade, entende-se que família é uma instituição
em que pessoas decidem conviver juntas, compartilharem sentimentos, valores,
interesses, e têm o compromisso de cuidar dos adultos entre si e das crianças que
surgirem neste contexto, independendo das pessoas que compõem a família ou de terem
ou não laços consanguíneos.
26
1.1.2 A família como contexto de desenvolvimento e aprendizagem
A família não só desempenha um papel importante com seus membros (pais e
filhos), mas também como instituição social que participa do processo de
desenvolvimento e integração social de seus membros.
De acordo com Szymanski (2010), ao nascer, a criança já encontra um mundo
organizado segundo os parâmetros da família, onde já foram construídos crenças e
valores pelos membros e pela sociedade. Sendo assim, a cultura familiar está carregada
de valores, de hábitos, de costumes e tem seu próprio modo de interpretar o mundo, e a
criança quando entra em contato com essa cultura, acontecem às primeiras trocas com
as outras pessoas para que assim seja inserida socialmente.
Segundo Chraim (2009), essas trocas de experiências entre membros da família
e a forma como a criança pequena aprende a lidar com as informações recebidas
marcam como o início da construção da identidade da criança. A personalidade da
criança é formada na base familiar, por meio da carga genética, das características
pessoais e das influências culturais. Na busca para a formação da sua personalidade, a
criança passa por momentos difíceis, pois precisa aprender a conviver e a superar seus
medos, angústias, para que então se sinta segura. A partir dessa convivência com seus
medos e angústias, a criança começa a buscar a conquista do seu espaço, para isso, a
presença do adulto é importante, pois transmite a segurança necessária para a criança.
“O brincar, o escutar e o acompanhar dará a criança a certeza de que é amada e
protegida” (CHRAIM, 2009, p. 29).
Os pais estão preocupados com a formação da identidade das crianças, e para
atender as demandas do meio social, eles criam condições para o desenvolvimento da
criança. Nunes (1994) apud Szymanski (2010) relata essa preocupação no seguinte
trecho:
Para dar conta das expectativas do grupo social, os pais criam uma
condição de desenvolvimento tanto no ambiente físico como no tipo
de ações que desenvolvem e nas oportunidades que oferecem aos
filhos. Desenvolvem objetivos e estratégias para enfrentar essa tarefa
(p. 25).
No ambiente familiar podem ser realizadas diversas atividades que envolvem a
criança e resulta em aprendizagem, ou seja, essas atividades não são apenas necessárias
para o processo de alfabetização e letramento, mas para a interação da criança com a
27
cultura que poderão refletir na aquisição da língua escrita, por exemplo, como olhar
gravuras, brincar com lápis e papel, participar de brincadeiras livres, entrar em contato
com a natureza, ouvir histórias e participar das reuniões em família, oportunizar o
contato dela com jornais e revistas, fazer visitas a museus, teatro e cinemas. Essas
atividades vão se tornando cada vez mais complexas e envolvem ações intencionais para
preparar, apoiar e a ajudar as crianças em seu convívio social. Entretanto, o acesso a
essas atividades dependem da concepção de infância que a família tem, das condições
econômicas e sociais. Dessa forma, observamos que, as oportunidades de
desenvolvimento das crianças são diferentes em famílias de diferentes classes sociais
(SZYMANSKI, 2010).
Em relação às atividades oferecidas pela família para aprendizagem das crianças,
Chraim (2010) traz a importâncias das atividades corporais:
É fundamental trabalhar as questões corporais e, dessa forma, estar-se-
à ensinando a criança a perceber as sensações do corpo em relação ao
mundo externo: tocando, sentindo, cheirando, pulando, vendo,
ouvindo, deslocando, jogando, arrastando, posicionando,
equacionando, experimentando, agrupando, etc. (p. 38).
Além das atividades que influenciam a aquisição da escrita das crianças, as
atividades corporais, fazem com que elas conheçam o mundo por meio do seu próprio
corpo. Com as atividades desenvolvidas no ambiente familiar, tanto as relacionadas a
aquisição da escrita quanto as corporais, preparam a criança para interagir com outros
contextos sociais, que também proporcionam o desenvolvimento e aprendizagem da
criança.
Essa relação com os outros contextos sociais, como livrarias, exposições,
cinemas, museus e pinacotecas, farão com que a criança conheça o mundo, apesar de
seus próprios limites, desenvolvendo a atenção, a memória e a compreensão,
conhecendo formas, cores, tamanhos e símbolos e contextualizando situações. Esses
elementos são muito importantes para o processo de alfabetização e letramento. Assim,
a família dá condições para que a criança se torne mais segura, e com o amadurecimento
aprenda a ler e a escrever e com essas percepções de leitura e escrita, já iniciadas no
ambiente familiar, a criança ganhe novas possibilidades de obter informações que
ampliem a sua capacidade de compreensão da sociedade (CHRAIM, 2009, p. 38).
28
Ainda na concepção de Chraim (2009), após essa preocupação com a formação
da identidade da criança, ela entra em outra fase do seu desenvolvimento. “A fase das
brincadeiras, da convivência com novos grupos, da consolidação da identidade e da
representação de um novo papel social.” (CHRAIM, 2009, p.42). Com isso, a criança
poderá ter outra visão de mundo, agora também por meio de códigos (lidos e escritos),
que são ferramentas para as crianças se tornarem mais seguras e independentes. “Nessa
fase, o incentivo à busca de informações científicas, para encontrar a veracidade das
mesmas, e o contato com boas crenças, para orientar suas condutas, serão os melhores
presentes que os pais podem delegar aos seus filhos” (CHRAIM, 2009, p. 42).
A família como contexto de desenvolvimento e aprendizagem vai além do
ambiente familiar, é uma relação mais complexa devido aos outros contextos sociais
envolvidos. Szymanski (2010, p. 28) explica essa complexidade:
Como se pode ver, a família como contexto de desenvolvimento é um
fenômeno muito complexo cuja compreensão é dificultada pelo
número de fatores envolvidos: interdependentes, internos e externos à
família e que apresentam efeitos cumulativos, ao longo do tempo. A
relação com o ambiente social mais amplo tem efeito nos modos das
famílias agirem com seus filhos e interferem no tipo de
desenvolvimento que promovem. O desenvolvimento psicológico da
criança é afetado: (a) pela ação recíproca entre os ambientes mais
importantes nos quais a criança circula (por exemplo, na família-
creche, na família-escola, entre outros); (b) pelo o que ocorre nos
ambientes frequentados pelos pais (por exemplo, no trabalho, nas
organizações comunitárias, entre outros); (c) e pelas mudanças e/ou
continuidades que ocorrem com o passar do tempo no ambiente em
que a criança vive e que têm um efeito cumulativo (Brofenbrenner,
1986). Nesse sentido, é ingênuo achar que medidas pontuais na
família possam reverter uma situação que foi engendrada na relação
com um contexto mais amplo.
29
1.2 O processo de alfabetização e letramento
1.2.1 Conceituando alfabetização e letramento
O presente trabalho tem como foco a relação família-escola no processo de
alfabetização e letramento. Para falar sobre essa relação é importante saber, além do
conceito de família e a relação da família com o desenvolvimento e aprendizagem, os
conceitos de alfabetização e letramento.
Segundo Soares (2009), a palavra letramento ainda causa alguma estranheza
por ser recém-chegada ao nosso vocabulário. Essa palavra chegou ao discurso dos
especialistas da área de linguística na segunda metade dos anos 80, há cerca de 30 anos
atrás. Diferente do estranhamento causado pela palavra letramento, as palavras
relacionadas à alfabetização já são mais familiares para os educadores, como:
analfabetismo, alfabetizar, alfabeto, alfabetizado. Ainda em relação à alfabetização,
alfabetizar é tornar o indivíduo capaz de ler e escrever, e alfabetização é a ação de
alfabetizar.
Assim, uma pessoa pode ser considerada alfabetizada se aprendeu a ler e a
escrever, mas não se apropriou da leitura e da escrita, incorporando as práticas sociais
que as demandam (Maimoni e Ribeiro, 2006, p. 292). Carvalho (2010), Soares (2009) e
(Maimoni e Ribeiro, 2006) utilizam o termo alfabetização para conduzir o conceito de
letramento já que é uma palavra que ainda não foi dicionarizada e é uma tradução da
palavra inglesa literacy.
À medida que o analfabetismo vai sedo superado, que um número
cada vez maior de pessoas aprende a ler e a escrever, e à medida que,
concomitantemente, a sociedade vai se tornando cada vez mais
centrada na escrita (cada vez mais grafocêntrica), um novo fenômeno
se evidencia: não basta apenas aprender a ler e a escrever. As pessoas
se alfabetizam, aprendem a ler e a escrever, mas não necessariamente
incorporam a prática da leitura e da escrita, não necessariamente
adquirem competência para usar a leitura e a escrita, para envolver-se
com práticas sociais de escrita: não lêem livros, jornais, revistas, não
sabem redigir um ofício, um requerimento, uma declaração, não
sabem preencher um formulário, sentem dificuldade para escrever um
simples telegrama, uma carta, não conseguem encontrar informações
num catálogo telefônico, num contato de trabalho, numa conta de luz,
30
numa bula de remédio... Esse novo fenômeno só ganha visibilidade
depois que é minimamente resolvido o problema do analfabetismo e
que o desenvolvimento social, cultural, econômico e político traz
novas, intensas e variadas práticas de leitura e de escrita, fazendo
emergirem novas necessidades, além de novas alternativas de lazer.
Aflorando o novo fenômeno, foi perecido dar nome a ele: quando uma
nova palavra surge na língua, é que um novo fenômeno surgiu e teve
de ser nomeado. Por isso, e para nomear esse novo fenômeno, surgiu a
palavra letramento (SOARES, 2009, p. 45 e 46).
Traduzido para o português, literacy é a condição de ser letrado. Letrado
(literate) é o adjetivo que caracteriza a pessoa que domina a leitura e a escrita e também
faz uso competente e frequente da leitura e da escrita. Existe assim uma diferença entre
ser alfabetizado e ser letrado. Ser alfabetizado é viver na condição ou estado de quem
sabe ler e escrever, e ser letrado, é fazer o uso da leitura e da escrita para envolver-se em
práticas sociais de leitura e escrita. Maimoni e Ribeiro (2006, p. 292) fazem uma
relação importante do letramento e da alfabetização com as práticas sociais:
Assim, alfabetizados são aqueles que decodificam o sinal gráfico, que
reconhecem as letras, as copiam de forma legível, pronunciam os sons
que elas representam, mas não saem desse nível de compreensão – não
são capazes de “traduzir” em outras palavras aquilo que “leram” ou
“escreveram”. Letrada é aquela pessoa que se envolve nas práticas
sociais de leitura e escrita, alterando seu estado ou condição do ponto
de vista social, cultural, político, cognitivo, linguístico e até
econômico. O letrado não somente decodifica os sinais gráficos, mas é
capaz de associar a eles situações específicas de um determinado
grupo social nos momentos distintos de sua história, em dada situação
de interação verbal.
Existem muito indivíduos que reconhecem as letras, pronunciam palavras, frases
e até mesmo textos, assinam nome, fazem cópias de texto, mas não entendem o
exercício que estão fazendo. Podemos encontrar situações como essas também com
crianças em processo de alfabetização e letramento.
1.2.2 As práticas de leitura e escrita: da antiguidade à contemporaneidade
Ao mesmo tempo em que inventaram a escrita, a alfabetização também foi
criada para ajudar ao leitor a decifrar o que estava escrito. Deste modo, a alfabetização é
a atividade escolar mais antiga da humanidade. O surgimento da escrita, de acordo com
fatos comprovados historicamente, deu-se pelo sistema de contagem feito com marcas
31
em cajados ou ossos para contar o gado. Nessa época, os homens já domesticavam
animais e possuíam rebanhos, eles utilizavam os registros para fazerem as trocas e
vendas dos animais (CAGLIARI, 1998).
Segundo Cagliari (1998), na antiguidade, para ser alfabetizado bastava saber ler
e escrever os símbolos (cada letra ou palavra era representada por um símbolo diferente,
por exemplo, na escrita persa, utilizavam uma flecha para representar a palavra “deus”),
que já haviam sido padronizados.
Com a expansão do sistema de escrita, a quantidade de informações
necessárias para que alguém soubesse ler e escrever aumentou
consideravelmente, o que obrigou as pessoas a abandonar o sistema de
símbolos para representar coisas e a usar cada vez mais símbolos que
representassem sons da fala como por exemplo as sílabas
(CAGLIARI, 1998, p. 14).
Ainda que não existisse o alfabeto, Cagliari (1998) trata o processo de aprender
o sistema de leitura e escrita como alfabetização. Os alunos alfabetizavam-se
aprendendo pela repetição e cópia daquilo que já havia sido escrito, começavam com
pequenas palavras e depois utilizavam textos famosos até que chegassem a produzir
seus próprios textos, o trabalho era exaustivo e o segredo da alfabetização estava na
cópia e na leitura (CAGLIARI, 1998, p.15).
A leitura e a escrita passaram por um processo de construção muito longo e teve
o envolvimento de várias culturas e povos. Dentro desse processo, um dos fatos
marcantes foi a criação do alfabeto pelos gregos que tornou a tarefa de aprender a ler e a
escrever mais popular. Junto aos gregos estavam os semitas e os romanos, que nos
deixaram, também, alguns “alfabetos” (MANACORDA, 1989 apud CAGLIARI, 1998,
p. 17).
Segundo Cagliari (1998), a alfabetização na Idade Média acontecia em casa,
quem sabia ler e escrever ensinava quem não sabia. A tarefa de ensinar a ler e escrever
não era dever da escola, e as crianças que podiam eram alfabetizadas pelos pais ou
alguém da família. Com a Revolução Francesa, a responsabilidade da família de
alfabetizar as crianças foi divida com a escola. A escola passou a ter responsabilidade
com a educação das crianças e a alfabetização passou a ser matéria, apesar da escola se
encarregar dessa responsabilidade, as crianças que frequentavam as escolas eram de
famílias ricas.
32
Atualmente, as práticas de leitura e escrita são as chaves para a ascensão social,
para maior participação social, exercício de cidadania, inserção no mercado de trabalho,
para desfrutar do conhecimento e de demandas do mundo letrado e até de desfrutar de
alternativas de entretenimentos. As transformações ocorridas na sociedade exigiram
uma mudança nas práticas sociais, fazendo com que a leitura e a escrita e o seu uso
constante tornasse uma condição para a cidadania. É muito comum encontrarmos hoje,
crianças que ainda não foram alfabetizadas, mas que são letradas por estarem rodeadas
de livros, revistas, jornais e perceberem a sua função dentro daquele contexto. A escola
trabalha a leitura de forma diferente da trabalhada no contexto social, já que o objetivo
explícito do ensino da leitura na escola é de formar leitores (MAIMONI E RIBEIRO,
2006, p. 292).
1.2.3 Os métodos de alfabetização
Desde o início das práticas de leitura e escrita, os gramáticos sentiram
necessidade de criarem regras de alfabetização para decifrarem o que estava escrito. A
partir dessas regras foram surgindo métodos que facilitassem a aprendizagem da leitura
e escrita. No Renascimento (séculos XV e XVI), surgiram as cartilhas, para que as
pessoas se dedicassem cada vez mais à alfabetização. Cagliari (1998, p. 80), definiu as
cartilhas como:
[...] a cartilha era antigamente apenas um abecedário; depois tornou-se
uma tabela de letras, que representava as escritas dos padrões silábicos
da fala; reestruturando-se em seguida em palavras-chave e sílabas
geradoras, deixando assim de ser apenas um livro para ensinar a ler e
tornando-se um livro para fazer exercícios de escrita.
Durante a utilização das cartilhas, a escola percebeu logo que os alunos tinham
dificuldade em seguir o processo de alfabetização (CAGLIARI, 1998, P. 26). Com isso,
segundo Carvalho (2010), durante décadas as discussões estavam voltadas para qual
seria o método mais eficiente para alfabetizar. Existem os métodos sintéticos, que
partem da letra, da relação letra-som ou da sílaba para chegar à palavra; e os métodos
analíticos (globais), que tem as unidades maiores da língua como ponto de partida: os
contos, a oração ou a frase. Dentre esses dois métodos, surgiu a proposta dos métodos
analíticos-sintéticos, que eram chamados de mistos, pois utilizavam de aspectos tanto do
método analítico quanto do sintético, enfatizavam a compreensão do texto desde a
33
alfabetização inicial (analíticos) e também identificam os fonemas e explicitavam as
relações entre letras e sons. Resumidamente, os métodos sintéticos são baseados na
soletração, silabação e métodos fônicos; e, os métodos analíticos estão voltados para a
palavração, sentenciação e métodos de contos.
Não existe um método melhor ou mais eficiente do que o outro, quem faz o
método é o professor a partir de sua experiência. A respeito disso, Cagliari (1998, p.
108) afirma: “O fato de não se ter um método rígido para alfabetizar não significa,
tampouco que o trabalho escolar será feito sem método algum”. Para Smith (1999) apud
Carvalho (2010, p. 19), as condições básicas para que uma criança seja alfabetizada são:
“1) a disponibilidade de material interessante que faça sentido para o aluno; 2) a
orientação de um leitor mais experiente e compreensivo como um guia”.
1.2.4 O letramento no ambiente escolar
As dificuldades encontradas no processo de alfabetização e letramento não estão
apenas no fato de ensinar as crianças a ler e a escrever, mas em ensinar as crianças a
fazerem o uso da leitura e escrita e envolver-se em práticas sociais de leitura e escrita.
(Soares, 2009).
De acordo com Soares (2009), para que as crianças aprendam a fazer o uso da
leitura e da escrita são necessárias algumas condições: a escolaridade real, quando se
tem várias pessoas sabendo ler e escrever e buscando além ir além dessas habilidades; e
a disponibilidade de material de leitura. Completando essa ideia, Carvalho (2009, p. 69)
diz:
Para alfabetizar, letrando, deve haver um trabalho intencional de
sensibilidade, por meio de atividades específicas de comunicação, por
exemplo: escrever para alguém que não está presente (bilhetes,
correspondências escolar), contar uma história por escrito, produzir
um jornal escolar, um cartaz, etc. Assim a escrita passa a ter função
social.
Tornar-se letrado é estar imerso em um ambiente letrado, em que as crianças têm
acesso à leitura e a escrita, acesso a livros, revistas, jornais, frequentam livrarias,
bibliotecas, cinemas, [...] vivem em tais condições sociais que a leitura e a escrita têm a
34
função para elas e tornam-se uma necessidade e uma forma de lazer. (Soares, 2009, p.
59).
De acordo com Cagliari (1998), a escola não pode passar para o aluno a ideia
que a língua que ele conhece é diferente do texto que a escola exige. No ambiente
escolar e familiar, as crianças devem conhecer e estar em contato com vários tipos de
texto que são de uso corrente da vida social, como narrativas (contos de fada, lendas,
folclore); listas (de compras, de coisas a fazer, de brincadeiras, etc); poemas; receitas de
cozinha; bilhetes, cartas e telegramas; convites; textos didáticos; reportagens e textos
instrucionais (como montar um jogo, bula de remédio).
O professor alfabetizador deve trabalhar com textos dentro de sala de aula, não
trabalhar apenas a questão oral da produção de texto, mas trabalhar também a habilidade
da produção escrita de textos espontâneos. Além de mostrar o que sabem, escrevendo
com liberdade, os alunos mostram o que ainda precisam aprender no processo de
aquisição da leitura e escrita (CAGLIARI, 1998, p. 209).
Para um bom professor deve ser tão importante o que o aluno acerta
quanto o que ele erra. Se o ensino for muito dirigido, se o aluno só
fizer segundo o modelo, só trabalhar com elementos já dominados, o
professor recebe apenas a reprodução de algo que ele passou para os
alunos. O que de fato eles pensam não tem chance de aparecer. Os
textos livres feitos espontaneamente pelos alunos revelam o que
realmente sabem e como operam com seus conhecimentos.
(CAGLIARI, 1998, p. 209)
Tão importante quanto à produção de textos durante o processo de alfabetização
e letramento é a leitura de histórias. O ouvir histórias é um experiência muito proveitosa
para a criança, mesmo que nem tudo que elas escutam na história seja entendido, ela
consegue seguir a história, dando-lhe prazer e estimulando o pensamento e a capacidade
de sonhar (Carvalho, 2009, p. 87):
[...] ao ouvir a leitura da professora, as crianças vão se familiarizando
com as características da língua escrita, cuja sintaxe e cujo léxico não
são os mesmos da língua oral. Não só o conhecimento da língua pode
ser enriquecido no contato com a literatura por intermédio da voz da
professora, mas também a fantasia, a imaginação, a experiência
indireta do mundo.
As atividades realizadas em casa e na escola devem despertar o interesse da
criança, por isso a importância de atividades contextualizadas, livros de histórias
35
infantis que são de interesse da criança e façam parte da realidade dela. Para o sucesso
do processo de alfabetização e letramento a criança tem que se sentir motivada para
aprender a ler e a escrever. No livro Os processos de leitura e escrita: novas
perspectivas, encontra-se a definição de motivação de acordo com o ponto de vista da
Divisão de Estudos de Leitura e de Linguagem do Instituto Nacional de Educação (a
divisão de investigação do Departamento de Educação dos Estados Unidos):
Consideramos a motivação como um atributo das situações e não
como um traço de caráter dos indivíduos. Ninguém está “motivado”
todo o tempo para qualquer tipo de aprendizagem. Se melhorarmos o
conteúdo da instrução e a interação humana nas classes, teremos feito
um progresso importante para melhorar a motivação para aprender a
ler (PENNEY et al apud FERREIRO e PALACIO, 1987, p. 178).
Para Ferreiro e Palácio (1987), para melhorar a motivação das crianças para
aprender a ler e a escrever, como também aprender a ler e escrever deve-se começar
pelas mudanças dentro da sala de aula pelo próprio professor. A motivação inicial da
criança não está ligada aos problemas de conseguir melhores resultados na leitura e
escrita, o professor e a família devem incrementar a confiança da criança em sua própria
capacidade de aprender.
1.3 A relação família-escola no processo de alfabetização e letramento
1.3.1 A relação família-escola
Segundo Oliveira e Marinho-Araújo (2010), a família e a escola tem uma relação
estreita, porém não se pode considerar uma relação de dependência, pois são instituições
sociais diferentes. A educação escolar é diferente da educação familiar. De acordo com
Guzzo apud Oliveira e Marinho-Araújo (2010, p. 4), educar é: “[...] promover,
assegurar o desenvolvimento de capacidades físicas, intelectuais e morais, sendo que, de
forma geral, tal tarefa tem sido de responsabilidade dos pais.”. Segundo Oliveira &
Marinho-Araújo (2010), a família é responsável pela educação primária, tendo como
tarefa principal ensinar a língua materna, valores, crenças, inserindo a criança em seu
contexto social, orientando a aquisição de comportamentos considerados pela família de
36
cada um como adequados. Já a escola fica responsável por socializar o conhecimento
sistematizado.
A escola e a família ao mesmo tempo em que apresentam aspectos divergentes
tem também seus aspectos em comum: elas compartilham a tarefa de preparar as
crianças para o convívio social, tornando-as participativas e críticas. Oliveira e
Marinho-Araújo (2010, p. 4) explicam muito bem as divergências existentes entre as
duas instituições:
A divergência entre escola e família está na tarefa de ensinar, sendo
que a primeira tem a função de favorecer a aprendizagem dos
conhecimentos construídos socialmente em determinado momento
histórico, de ampliar as possibilidades de convivência social e, ainda,
de legitimar uma ordem social, enquanto a segunda tem a tarefa de
promover a socialização das crianças, incluindo o aprendizado de
padrões comportamentais, atitudes e valores aceitos pela sociedade.
O aspecto divergente existente entre escola e família está na responsabilidade de
cada instituição na formação do indivíduo, apesar da importância da escola nessa
formação, muitas famílias deixam apenas a cargo da escola a tarefa de promover a
socialização das crianças, o aprendizado de padrões comportamentais, valores e
atitudes, além da sua real função. Por isso a importância de estabelecer o papel de cada
instituição na formação das crianças.
A relação família-escola é orientada em função do ambiente e da cultura, a ação
educativa dos pais pode diferir da ação educativa da escola. As famílias que não seguem
o modelo desejado pela escola, muitas vezes são as famílias responsáveis pelas
disparidades. Sendo assim, é importante que a família adote as mesmas estratégias
utilizadas pela escola. O ambiente escolar orienta os pais para que estes eduquem seus
filhos de acordo com o modelo da escola para que diminuam as disparidades. (Oliveira
e Marinho-Araújo, 2010).
Segundo Szymanski (2010), as crianças e os pais podem ter costumes e hábitos
diferentes dos costumes da escola, mas em escolas particulares, são menores essas
disparidades, pois os pais podem escolher uma escola que se aproxime do modelo de
educação passado em casa. Se essas disparidades forem muito grandes, elas começam a
aparecer na relação do aluno com o professor, e assim ser passada para a família.
Apesar das funções da escola e da família estarem definidas, por terem aspectos
em comum, às vezes há um enfretamento das duas instituições, a escola acredita que a
37
participação da família é de condição necessária para o sucesso escolar. Tanto a escola
quanto a família tem responsabilidade na ação educativa, ou seja, uma responsabilidade
compartilhada (OLIVEIRA E MARINHO-ARAÚJO, 2010, p.6).
Para Szymanski (2010), o contato da família com a escola é fundamental, pois
específica a responsabilidades da família e da escola e ajuda na capacitação das duas
instituições para um bom desenvolvimento da criança. Os professores acreditam que os
pais devem ir à escola, mostrarem-se interessados no desenvolvimento da criança, mas,
segundo Tancredi e Reali (2001), Reali e Tancredi (2002), Caetano (2004) apud
Oliveira e Marinho-Araújo (2010), a função de trazer os pais para a escola e construir a
parceria família-escola, cabe ao professor, pois são eles peças-chave da ação educativa
escolar. “Uma condição importante nas relações entre família e escola é a criação de um
clima de respeito mútuo – favorecendo sentimentos de confiança e competência –, tendo
claramente delimitados os âmbitos de atuação de cada uma”. (SZYMANSKI, 2010, p.
112)
De acordo com Oliveira e Marinho-Araújo (2010), para a família, estar
envolvido com a escola é poder participar das atividades relacionadas à aprendizagem,
tanto em casa (tarefas de casa, leitura de livros, jogos educativos); quanto na escola
(reuniões de pais, participação em eventos culturais mostra cultural, festa da família, dia
das mães, etc.), e horários de entrada e saída dos alunos, sendo esse o principal
momento que os pais encontram com os professores para esclarecimento de dúvidas. Os
pais ainda acreditam que as reuniões de pais e professores são relacionadas a problemas
disciplinares dos filhos, ou fatos que já ocorreram e serão comunicados à família.
1.3.2 A importância da relação família-escola no processo de alfabetização e
letramento
Atualmente, existem poucas bibliografias que tratam especificamente do
trabalho da família com a escola, embora essa seja de fundamental importância. No
entanto, o cotidiano demonstra que muitos pais mostram-se interessados na
aprendizagem dos filhos e buscam acompanhar esse processo desde o início da
escolarização, mesmo com suas dificuldades.
O ambiente familiar no qual a criança está inserida tem grande influência nas
relações da criança com o processo de aprendizagem dela, principalmente quando se
38
trata da escrita. Ou seja, as relações que a criança estabelece com diferentes objetos
importantes para o processo de alfabetização e letramento é determinado em grande
parte pelo contexto familiar na qual está inserida (DI NUCCI, 1997, p.2).
O espaço que os pais identificam como contribuidor da família para o
sucesso na alfabetização, seu engajamento e sua responsabilidade
nesse processo determinarão em grande parte suas condutas no
cotidiano com os filhos, permitindo a esses adultos a identificação de
situações promissoras para a aprendizagem da leitura e da escrita da
criança (DI NUCCI, 1997 apud DI NUCCI, 1997, p. 2).
Di Nucci (1997), em seu artigo Interesse e Dificuldades dos pais na
alfabetização dos filhos, traz a importância dos pais enxergarem em diversos contextos
que algumas interações trazem grande contribuição para a aprendizagem da leitura e da
escrita, como exemplo: [...] “leituras de rótulos de supermercados, discussões a partir de
programas de TV e, naturalmente, uso de livros e revistas e outros impressos do
cotidiano da criança [...]” (DI NUCCI, 1997, p. 2).
Para Maimoni e Ribeiro (2006), o engajamento da família no processo de
alfabetização e letramento é tão importante quanto o da escola. Para a família se engajar
nesse processo ela precisa ter conhecimento da proposta da escola, conhecer aspectos
conceituais do processo de alfabetização e letramento, se não, irá atuar no sentindo
contrário o da escola. Os pais poderão seguir o exemplo de educação, junto com a
lembrança do processo de alfabetização que tiveram, cobrando da escola algumas regras
que não são utilizadas mais, como o “tomar da leitura de cor”. “Acostumada a esse tipo
de ensino, a família nem sempre se dá que a própria sociedade mudou e,
consequentemente, a demandas são outras.” (MAIMONI e RIBEIRO, 2006, p. 294).
Não foi só a escola que mudou as crianças que chegam às escolas também. Elas
já chegam às escolas iniciadas no letramento, pois já tem contato com o mundo letrado,
já conhecem sinais, letras e estão em constante contato com diversas informações.
Assim, cabe à escola formalizar esse processo, propiciando à criança a aquisição da
linguagem escrita. (MAIMONI E RIBEIRO, 2006, p. 294).
De acordo com Maimoni e Ribeiro (2006), o papel da escola no processo de
alfabetização e letramento é ampliar as possibilidades de leitura da criança, mas os pais
acabam por restringir esse processo, ficando apenas a cargo da escola a escolha dos
livros de leitura que as crianças vão ler, os pais compram apenas os livros didáticos e
39
avaliam o desempenho da criança na oralização. É preciso conhecer as práticas de
leitura com as quais a criança interage no ambiente familiar e social, para que então a
escola amplie essas práti. Por isso, é importante a família oferecer para a criança além
de livros infantis do interesse da criança, para que desde o contexto familiar a criança
crie o hábito e o gosto pela leitura.
A família atuando de forma conjunta com a escola, caberá o papel de
co-participante do processo, mediando aprendizagens de seus filhos,
de modo a garantir que as crianças possam receber um suporte
preventivo, em idade de aquisição da leitura e da escrita. (MAIMONI
e RIBEIRO, 2006, p. 296).
A mediação caracteriza-se por um processo de interação entre um adulto, ou
pessoa mais capaz (podendo ser um colega de classe) e um aprendiz. Nesse processo, o
mediador, que é o mais capaz nesse momento, [...] “seleciona e ordena as
aprendizagens, dando-lhes significados específicos da cultura a que pertence.”
(MAIMONI e RIBEIRO, 2006, p.296). De acordo Maimoni e Ribeiro (2006), no
processo de alfabetização e letramento, são geralmente as mães que fazem o papel de
mediadoras no ambiente familiar, ajudando as crianças em suas atividades escolares.
Mas, segundo estudos de Topping (1990) apud Maimoni e Ribeiro (2006), quando o pai
foi convidado a participar das atividades dos filhos, estes tiveram excelente
desempenho. “Isso vem confirmar a necessidade de que a escola busque mais a
colaboração do pai e não apenas a da mãe, como comumente vem ocorrendo.”
(MAIMONI e RIBEIRO, 2006, p. 299).
Em um estudo brasileiro (Freitas, Maimoni, Siqueira, 1994), foi
verificado que o horário de trabalho do pai mostrou ter relação com o
seu envolvimento na vida escolar do filho, ou seja, quanto mais tempo
o pai tem disponível, maior é o seu envolvimento. (MAIMONI e
RIBEIRO, 2006, p.299).
A participação do pai na vida escolar do filho depende da sua disponibilidade.
Muitos pais ainda tem uma carga horária maior do que a das mães, então, para aumentar
o envolvimento do pai na vida escolar do filho, é necessária a diminuição dessa carga
horária de trabalho. Sendo que, a colaboração do pai é tão importante quanto à da mãe
no acompanhamento das atividades escolares.
40
Segundo Di Nucci (1997), o pai e a mãe como mediadores, muitas vezes sentem-
se inseguros, apesar de saberem da importância da participação deles na aprendizagem
dos filhos. Muitos deles necessitam de orientação mais dirigida, com o auxílio do
professor e da escola, para auxiliar a criança nas atividades de casa ou em outras
situações que se referem à alfabetização e letramento. Essas dificuldades aparecem mais
claramente nos momentos que os pais precisam corrigir a escrita e a leitura das crianças,
quando estas estavam com dúvidas ou haviam escrito de maneira diferente do padrão
culto.
Os pais sabem da importância do envolvimento deles com a aprendizagem dos
filhos, tanto no lar, quanto em parceria com a escola, mas ainda existem muitos
obstáculos, como a falta de disponibilidades dos pais para auxiliarem os filhos em suas
atividades cotidianas, principalmente as escolares, devido ao tempo que se dedicam em
seu trabalho fora de casa. Geralmente, o tempo que sobra para os pais é somente no
período noturno ou nos fim de semana, mesmo assim, não deixam de cumprir com essa
participação, mostrando que há interesse em participar desse processo que está sendo
vivenciado pelo filho (DI NUCCI, 1997, p. 4).
Não só a falta a disponibilidades dos pais fazem com que eles não participem
ativamente do processo de alfabetização e letramento, mas, segundo Maimoni e Ribeiro
(2006), existe também o aspecto motivacional. Os filhos são influenciados pelo
comportamento dos pais: os pais mais envolvidos com a escola, os filhos têm melhores
resultados nos estudos. Então, fica a cargo da escola proporcionar oportunidades para
que os pais participem mais do cotidiano escolar.
De acordo com Di Nucci (1997), muitas vezes os discursos dos pais revela que
ainda existe falta de informação e a relação com a escola é muito superficial e pouco
efetiva. Existe a necessidade de melhorar a relação dos pais com a escola através de
outros espaços, diferentes das reuniões pedagógicas, possibilitando o esclarecimento de
dúvidas frequentes dos pais e a orientação para uma maior parceria com a escola no
processo de alfabetização e letramento das crianças.
É urgente superar a passividade que domina a sala de aula e buscar na
leitura (e consequentemente na escrita) o seu impacto histórico,
fazendo o aluno compreender o contexto sócioistórico em que está
inserido, para que, faça parte da construção da sua própria identidade
social. Só assim ele poderá apresentar-se com competência própria,
realizando-se como sujeito ativo, crítico e participativo. E nesse
enfoque a família não poderá jamais estar alijada desse processo,
41
como elemento que é de transmissão cultural (MAIMONI E
RIBEIRO, 2006, p. 300).
Assim, podemos identificar a importância da relação família-escola no processo
de alfabetização e letramento das crianças. É importante que a criança entenda o
contexto social e histórico no qual está envolvida, entendendo a construção de sua
própria identidade. Tornar a criança um sujeito crítico, ativo e participativo, é papel da
escola e da família. Para Maimoni e Ribeiro (2006), um trabalho eficiente e
significativo no processo de alfabetização e letramento das crianças, partindo dessa
relação família-escola, deve começar pela mudança de atitude do professor, trazendo
para as crianças uma leitura que construa sentido, somada ao engajamento da família
com o acompanhamento das atividades escola e a proposta de atividades
complementares de leitura e escrita.
42
CAPÍTULO II
METODOLOGIA
2.1 A pesquisa
Para desenvolver o estudo foi realizada uma pesquisa qualitativa com objetivos
de caráter exploratório. A pesquisa qualitativa envolve a obtenção de dados descritivos,
obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada. (Bogdan e Biklen,
1982 apud Lüdke, 2008, p. 13). Segundo Lüdke (2008), ao estudar um determinado
problema, o interesse do pesquisador é verificar como esse problema se manifesta nas
atividades, nos procedimentos e nas interações cotidianas. A complexidade do cotidiano
da escola é muito bem retratada nas pesquisas qualitativas.
Segundo Gil (1994), a pesquisa acontece por meio do estudo exploratório porque
se busca conhecer com maior profundidade o assunto, proporcionando uma visão geral
acerca do tema. Consiste em um estudo aprofundado sobre conceitos preliminares sobre
a temática abordada na pesquisa, contribuindo assim, com o esclarecimento de questões
abordadas sobre o assunto pesquisado.
2.2 Caracterização da escola
A pesquisa foi realizada em uma escola particular de Brasília, localizada na Asa
Sul, Região Administrativa I do Distrito Federal, muito conhecida pelo ensino de
qualidade e pela proposta pedagógica diferenciada. A escola é pequena e recente em
Brasília, com apenas 4 anos de existência. A escola trabalha apenas com o ensino
fundamental I (1º ao 5º ano) e oferece turmas nos turnos matutino e no vespertino. A
média de alunos por turma varia de acordo com o ano: as turmas de 1º ano do ensino
fundamental são reduzidas, tendo em média 15 alunos; já as turmas de 2º ao 5º têm, em
média, 25 alunos; atendendo assim, a um total de 510 alunos. Os alunos da escola são
de classe média alta, e em sua maioria mora na Asa Sul, Asa Norte, Lago Sul, Lago
43
Norte, Sudoeste e Águas Claras, poucos alunos moram em cidades mais distantes. Um
dos motivos para a escolha da escola é a proximidade com a casa das famílias.
2.2.1 A Proposta Pedagógica
A proposta pedagógica menciona que:
implementa suas atividades conforme legislação vigente,
privilegiando a aquisição de aprendizagens significativas e o
desenvolvimento de competências e habilidades tais como: a
construção da cidadania, a valorização da diversidade cultural, a
convivência respeitosa com outros grupos sociais, a capacidade para
estabelecer relacionamentos interpessoais, a atuação como sujeito
ativo, construtivo e consciente do seu papel, a condução de suas ações,
da constituição do seu ser permeado pelos princípios éticos, morais e
cristãos, interagindo com o saber escolar e com os demais saberes, na
qual interferem fatores políticos, sociais, afetivos, culturais e
psicológicos. [...], a escola norteará toda a sua ação educativa no
referencial teórico histórico-cultural , o qual enfatiza que o
desenvolvimento humano e a construção do conhecimento são
resultados da interação dialética do homem com o seu meio sócio-
cultural (PROPOSTA PEDAGÓGICA, 2008, p. 4)
2.2.2. Espaço físico
O espaço físico da escola é bem amplo, as salas são grandes e dispõem de
móveis novos e conservados, todas as salas dispõe de janelas e 2 ventiladores, quadros
brancos com escrita à caneta e carteiras de plásticos. São 14 salas de aula, 1 sala de
leitura com livros infantis, jornais, revistas e gibis, uma sala de professores, um
auditório com datashow, 4 salas de coordenação e orientação pedagógica, 1 sala da
direção pedagógica e 1 sala para a direção administrativa. Al
A rotina da escola está dividida em Liceu, nos quais acontecem em classe as
aulas de Português, Matemática, Ciências, História, Geografia, Inglês, Francês e
Educação Bíblica, nas quadras as aula de Educação Física e a leitura na Sala de Leitura;
e o Vivendo e Aprendendo (VA), que consiste no momento de uma hora em que as
crianças escolhem as atividades de arte ou expressões corporais que desejam realizar,
ou seja, cada dia da semana a criança tem direito de escolher 2 espaços, não podendo
repetir durante a semana, exceto no Dia do Brinquedo (5ª feira). As atividades
realizadas no momento do VA são: Artes Cênicas (Teatro), Artes Musicais, Artes
44
Plásticas, Brincadeira de Criança, Circo, Dança Esporte e Lazer, Sala de Jogos e
Xadrez.
2.2.3 Sala de leitura
Na Sala de Leitura, existem quatro estantes disponíveis com livros paradidáticos
infantis, divididos por faixa etária, uma estante com gibis novos e os jornais e revistas
ficam em cima da bancada com 5 compartimentos para que os alunos utilizem para
estudo extraclasse.
Na proposta inicial, a sala de leitura fazia parte do VA e as atividades lá
desenvolvidas eram direcionadas por uma professora com formação em Pedagogia. Ali,
a professora contava histórias para os alunos e depois realizava atividade de acordo com
o seu planejamento quinzenal. As atividades eram realizadas a partir de livros
escolhidos pela professora que fazia a contação da história com fantoches, slides ou
contada por alunos.
No início do ano de 2011, a sala de leitura passou a fazer parte do Liceu, ficando
a cargo das professoras o planejamento dos projetos que seriam realizados naquele
ambiente, cada turma tem o seu projeto. Depois da atividade realizada pelas professoras,
os alunos podem escolher livros do seu interesse para lerem lá ou levarem para casa. A
escolha é feita com supervisão da professora para que a escolha do livro seja adequada a
sua faixa etária.
2.3 Participantes
2.3.1 Os pais
A pesquisa contou com 15 pais de alunos do 1º ano do ensino fundamental que
responderam ao questionário com perguntas abertas e fechadas, e uma professora da
respectiva turma.
Entre os 15 questionários respondidos, 12 foram respondidos pelas mães dos
alunos e 3 pelos pais. As mães dos alunos têm idade entre 36 e 46 anos e os pais têm
entre 35 e 45 anos de idade. Os respondentes aos questionários têm entre um e dois
45
filhos, sendo que, três famílias têm apenas um filho e as demais têm dois filhos. Todos
têm formação superior completa, sendo que quatro participantes têm mestrado e um,
doutorado.
Os participantes têm formação em Medicina, Pedagogia, Farmácia, Direito,
Nutrição, Odontologia e Análise de sistemas. Quatro dos participantes não colocaram a
área de formação acadêmica, alegaram apenas a profissão/cargo que estão exercendo
atualmente: funcionária pública, bancária, auditor fiscal e empresária.
A maioria dos participantes trabalha fora de casa, entre os 15 participantes,
apenas dois não trabalham fora de casa. Os outros 13 participantes têm carga horária
que variam entre 5 a 10 horas diárias, com média de 6,7 horas diárias.
Todos os pais escolheram a escola pelo ensino de qualidade. Alguns se sentiram
a vontade em marcar outras opções, e dentre essas, as citadas foram: dois pais, entre os
15, além do ensino de qualidade, escolheram a escola pela proximidade de casa; os 5
pais que marcaram mais de uma opção escolheram a escola também pela proposta
diferenciada do V.A (Vivendo e Aprendendo); outros dois pais escolheram a escola para
que o filho fique próximo dos amigos e um único pai escolheu por ser uma escola
pequena.
2.3.2 A professora
A entrevista semi-estruturada foi realizada com a professora de uma turma do 1º
ano do ensino fundamental da escola.
A professora tem 29 anos, cursou o magistério na Escola Normal de Taguatinga.
Após o magistério, devido às exigências do mercado de trabalho, cursou Pedagogia na
FACITEC – Faculdade de Ciências Sociais e Tecnológicas. No ano de 2010 concluiu a
sua pós-graduação em Gestão e Orientação.
Atua na profissão há 11 anos e na atual empresa 3 há anos. Na atual empresa ela
tem uma carga horária de 60 horas semanais, pois trabalha nos turnos matutino e
vespertino, ambos os turnos com turmas de 1º ano.
46
2.4 Instrumento de construção dos dados
Os instrumentos de construção dos dados utilizados foram o questionário para os
pais e a entrevista semi estruturada para a professora. O questionário foi elaborado com
dez questões, sendo duas delas fechadas e as outras oito abertas para saber a percepção
dos pais sobre a importância da relação família-escola no processo de alfabetização e
letramento de seus filhos.
A entrevista semi estruturada foi elaborada com um roteiro com dez questões
abertas para saber a percepção da professora sobre a relação família-escola no processo
de alfabetização e letramento das crianças.
O questionário como instrumento, segundo Gil (1994), possibilita envolver uma
maior quantidade de participantes, mesmo que estejam dispersas em grandes áreas
geográficas e por permitirem que as pessoas respondam no momento em que julgarem
mais conveniente. Já a entrevista foi escolhida por permitir a captação imediata e
corrente da informação desejada, correções, esclarecimentos e adaptações que tornam
sobremaneira eficaz na obtenção de informações desejadas (LÜDKE, 2008, p. 34).
2.5 Procedimento de construção de dados
Para a realização da pesquisa foi escolhida a escola na qual trabalho pela
facilidade de acesso aos dados, mas nem por isso foi fácil o contato com a turma e os
pais. A direção da escola foi contatada no início do mês de junho para que dessem a
autorização para a divulgação do telefone dos pais para a realização da entrevista. A
coordenação alegou que a entrevista não seria a melhor forma para a realização da
construção de dados com os pais, pois eles não teriam muito tempo disponível. Devido
à falta de tempo dos pais, decidi pela aplicação dos questionários. Eles foram enviados
pela agenda dos alunos para que os pais respondessem (os questionários foram enviados
em 27 de junho e recebidos entre os dias 28 de junho e 1º de julho).
Foram enviados 15 questionários, um para cada aluno, na agenda junto com um
bilhete avisando que estava sendo encaminhado um questionário para a pesquisa de
conclusão de curso. Dentro de uma semana (28 de junho a 1º de julho) os pais foram
47
encaminhado os questionários respondidos via agenda. Todos os pais responderam ao
questionário. Alguns deixaram algumas questões sem respostas.
A entrevista semi-estruturada foi realizada com a professora no momento livre
que ela tinha na escola no dia 9 de junho, momento que juntava o horário de lanche e
aulas extras. As perguntas realizadas foram gravadas e transcritas fielmente. A
professora demonstrou muito participativa e não se queixou do tempo dedicado a
entrevista.
48
CAPÍTULO III
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
3.1 Relação família e escola – os pais
Em princípio foram feitas as análises e discussões dos resultados dos
questionários aplicados aos pais dos alunos de uma turma do 1º ano do ensino
fundamental. Para a análise dos questionários foram construídas tabelas com os dados
coletados mais relevantes, as respostas foram contabilizadas de acordo com a frequência
de resultados encontrados em cada resposta. Como o questionário era composto por
questões abertas e fechadas, as questões poderiam ter mais de uma resposta, isso poderá
ser observado nas frequências relatadas em cada tabela.
Para as questões elaboradas com mais de uma pergunta, foram criadas tabelas
divididas em categorias específicas e categorias globais. As categorias específicas são
referentes às respostas detalhadas dos pais acerca do assunto abordado na questão; já as
globais, são referentes às perguntas com respostas mais objetivas, por exemplo, se os
pais gostam ou não da proposta da escola (categorias globais) e o porquê de gostarem
ou não da escola (categorias específicas).
A tabela 1 foi construída a partir da segunda questão: Você gosta da proposta
pedagógica da escola de seu filho? Por quê?
49
Tabela 1 - Categorias referentes à proposta educacional da escola
Categorias Específicas Freq. Categorias Globais Freq.
Ensino individualizado 4 Gostam da proposta
13 Atividades contextualizadas e lúdicas 6
Método rápido e eficaz 1 Não gostam
1 Educação crítica 3
Duas professoras em sala 1 Não conhecem
1 Relacionamento social 2
Escola é um mal necessário 1
De acordo com os resultados observados, os pais estão satisfeitos com a proposta
da escola da escola, cerca de 86,6% deles gostam da proposta, um pai não conhece a
proposta da escola e o outro não gosta. O pai que não está satisfeito com a proposta da
escola relatou:
Não, a escola é um mal necessário e esta parece ser a menos pior
(Pai 5).
Entre os motivos relatados como justificativa por gostarem da proposta
educacional da escola, o mais relatado foi a utilização de atividades contextualizadas e
lúdicas que a escola utiliza. Para essa questão, uma das mãe relatou:
Gosto. Acho que a criança aprende dentro de um contexto da vida
dela e, quando o contexto é novidade, é colocado de uma forma
interessante e lúdica (Mãe 13).
Sobre a importância de a escola utilizar atividades contextualizadas e lúdicas,
Cagliari (1998) diz que as atividades escolares que são realizadas em casa e na sala de
aula devem ser contextualizadas, assim, despertam o interesse da criança, tornando-as
motivadas. Outro relato de uma mãe sobre esse tipo de atividade é:
50
Sim. A proposta da escola valoriza o prazer da criança em aprender,
priorizando as formas de raciocínio. (Mãe 2).
Os pais estão preocupados com o respeito à individualidade de seus filhos e
relatam que a escola faz um trabalho individualizado, respeitando as diferenças entre as
crianças. Segundo Szymanski (2010), os pais que matriculam seus filhos em escolas
particulares escolhem a escola que se aproxima do modelo de educação passado em
casa.
A respeito da educação crítica e o relacionamento pessoal os pais relatam que a
proposta da escola incentiva às crianças a se tornarem mais questionadoras, criarem
linhas de raciocínio, aprendem a solucionar problemas e “ajuda a criança a aprender e
crescer como um todo.” (Mãe 4). Essa proposta aprovada pelos pais é a verdadeira
função da escola: A escola “[...] tem a função de favorecer a aprendizagem dos
conhecimentos construídos socialmente em determinado momento histórico, de ampliar
as possibilidades de convivência social, e ainda, de legitimar uma ordem social [..]”
(OLIVEIRA E MARINHO-ARAUJO, 2010, p.4)
Sim – Estimula o desenvolvimento pessoal, capacitando-a para
solucionar problemas, para o relacionamento social e o respeito as
individualidades. (Pai 1)
Com isso, podemos analisar que os pais estão satisfeitos com a proposta da
escola e buscam na escola o modelo de educação parecido com o que é utilizado em
casa. Além do ensino de qualidade, preocupação com os conteúdos, os pais estão
preocupados como os seus filhos estão sendo educados, estimulando-os o seu
relacionamento social, respeitando a individualidade. E como podemos perceber, os pais
buscam uma escola em que o filho aprenda de maneira com que sinta prazer naquilo que
estão aprendendo, com atividades lúdicas e contextualizadas.
51
Tabela 2 - Categorias referentes ao auxílio da família no processo de alfabetização
e letramento
Categorias Específicas Frequência
Acompanhamento nas atividades de casa 13
Incentiva a leitura 12
Incentiva a escrita 3
Jogos educativos 4
Tarefas adicionais 1
A questão 3 do questionário tinha como pergunta: Como você e sua família tem
ajudado seu filho no processo de alfabetização e letramento?
De acordo com os resultados obtidos citados na Tabela 2, a família costuma
acompanhar as crianças em suas atividades de casa e incentivam a leitura e a escrita. Di
Nucci (1997) trata a importância dos pais como contribuidores para o sucesso no
processo de alfabetização e letramento. É importante os pais enxergarem em diversos
contextos, além das atividades propostas pela escola, algumas interações que
contribuem para a aprendizagem da leitura e da escrita, como a leitura de livros,
revistas, discussões de programas de TV. Muitos pais já têm essa concepção formada e
contribuem de maneira significativa para esse processo, assim, como foi relatado pela
Mãe 9:
Auxílio na tarefa de casa, elogio quando lê materiais em casa ou
letreiros na rua, estimulo para escrever bilhetes e listas, etc. Enfim,
ações que mostrem como a leitura é importante e transformadora na
vida.
O relato da Mãe 9, resume o que Cagliari (1998) acredita ser importante para o
processo de letramento da criança, tanto no ambiente escolar, como no ambiente
familiar, reforçando o fato da importância da criança estar em contato com vários tipos
de textos como narrativas, listas, bilhetes, cartas, livros literários, etc. Tão importante
quanto a realização dessas leituras e produções escritas em casa, segundo Carvalho
(2009), o ouvir histórias também é muito importante, pois estimulam o pensamento e a
capacidade de sonhar, tudo isso dando prazer a criança.
52
Nosso filho vive cotidianamente no meio das letras. Não fazemos nada
além das histórias antes de dormir, pesquisas e leituras do seu
interesse e acompanhamento das tarefas de casa. Ler tem que ser um
prazer (Mãe 3)
Szymanski (2010) relata que no ambiente familiar podem ser realizadas diversas
atividades que envolvem a criança e resultam em aprendizagem, e estas são importantes não só
para o processo de alfabetização e letramento, mas para o envolvimento da criança com o meio
social. Uma mãe relatou que faz o filho atividades adicionais, mas apenas quando o filho tem
dúvidas nas atividades de casa, ela utiliza para reforçar o conteúdo.
Os pais ainda não reconhecem atividades simples, como visitas à museus, teatros,
cinemas e reuniões em família como atividades que auxiliam no processo de alfabetização e
letramento. E para Szymanski (2010), essas atividades envolvem ações intencionais que
preparam, apoiam e ajudam as crianças no convívio social.
Tabela 3 - Categoria referente ao processo de alfabetização e letramento utilizado
pela escola
Categorias Específicas Freq.
Não conhece o processo utilizado pela escola 3
Conhece o processo utilizado pela escola 12
Tabela 4 - Categoria referente ao processo de alfabetização vivenciado pelos pais
Categorias Específicas Freq. Categorias Gerais Freq.
Não lembra o método com qual foi
alfabetizado 2 Método diferente do filho 15
Tradicional 6 Mesmo método do filho 0
Alfabetizada em inglês 1
As tabelas 3 e 4 são referentes às questões 4 e 5. A questão 4 tinha como
pergunta se os pais conheciam o processo de alfabetização e letramento utilizado pela
escola; e, a questão 5 perguntava se o processo de alfabetização vivenciado pelos pais
era parecido com o do filho, e /ou quais eram as diferenças?
53
Doze, dos quinze pais responderam que conheciam o processo de alfabetização
utilizado pela escola, ou seja, 80% dos pais conhecem a proposta utilizada pela escola
para a aprendizagem do filho. Os três outros pais relataram que não tinha conhecimento
desse processo. Os pais que relataram o conhecimento do processo mencionaram a
reunião de pais do início do ano onde foram esclarecidas as dúvidas referentes a esse
processo e como deveriam ser feitas as devidas mediações.
Na entrevista realizada com a professora ela relatou esse procedimento:
Bom... no início do ano é realizada uma reunião com os pais, para
que os mesmos possam ter ciência sobre o trabalho realizado nas
turmas de alfabetização. Ai, na reunião encaminhamos também
diversos textos relacionados à nossa prática pedagógica e também
damos dicas de como trabalhar em casa a alfabetização com essa
abordagem do letramento.
Na tabela 4, são relatadas as respostas referentes ao processo de alfabetização
vivenciado pelos pais. Todos os pais relataram que o processo de alfabetização
vivenciado por eles são diferentes do processo de alfabetização e letramento do seu
filho. Apenas nove pais responderam quais as diferenças eles observaram desse
processo. Uma mãe relatou que não recorda do processo de alfabetização que foi
utilizado, pois foi alfabetizada em língua inglesa e só aos 8 anos aprendeu o português.
Dois pais relataram que não se lembram do processo de alfabetização deles. Outros seis
pais relataram que o processo de alfabetização deles era tradicional.
Não. Pelo que me lembro, na minha época juntávamos
exaustivamente as sílabas para só depois formarmos palavras (Mãe
11)
Não. Na minha época, tínhamos que decorar muitas coisas e não
havia estímulo para ouvir os sons das letrinhas ou sílabas. (Mãe 10)
Não. É mais rico em atividades envolve logomarcas e textos mais
atualizados, envolvendo os temas desenvolvidos na sala ( Mãe 8)
Não. As diferenças são muito grandes, uma vez que minha
alfabetização foi nos padrões tradicionais da época. Uma das
diferenças é a junção de letras na formação de sílabas. O Le Petit não
utiliza esse método (Mãe 2).
Os pais vivenciaram os métodos de alfabetização considerados sintéticos, que,
segundo Carvalho (2010), eles partem da letra, da relação letra-som ou da sílaba para
54
depois chegar na palavra. E o método utilizado pela escola é o método analítico-
sintético, chamados de mistos, eles enfatizam a compreensão do texto e também
identificam os fonemas e a relação entre letras e sons.
Para Maimoni e Ribeiro (2009) é importante os pais conhecerem o processo de
alfabetização e letramento utilizado pela escola, a família precisa se engajar nesse
processo, para não atuar no sentido contrário. Às vezes os pais seguem o processo
utilizado para a aprendizagem deles, cobrando regras que não são utilizadas mais.
Assim, constata-se que os três pais precisam estar envolvidos com a escola, a
escola precisa convidar esses pais a participar das reuniões e outros momentos para o
esclarecimento de dúvida, se não, a família trabalha em um caminho diferente daquele
trilhado pela escola. Percebemos que a família está buscando proximidade com a escola,
já que a grande maioria conhece a proposta da escola utilizada na alfabetização e
letramento dos filhos.
Tabela 5 - Categoria referente ao tempo dedicado às atividades escolares do filho
Categorias Específicas Freq. Categorias Globais Freq.
A mãe acompanha 9 Tempo da atividade de casa 5
O pai acompanha 1 ≥ 1 hora 5
O pai e a mãe acompanham 5 < 1 hora 5
Em resposta a questão 6 do questionário “Quem costuma acompanhar as
atividades do filho? Qual é o tempo dedicado a essa atividade?” foi construída a tabela
5.
As mães costumam acompanham as atividades dos filhos mais do que os pais. O
mais interessante a ser observado é o aumento da participação dos pais nas atividades
dos filhos, os pais estão partilhando essas atribuições. Dentre os participantes, apenas
um pai acompanha a atividade do filho sem a participação da mãe.
O tempo dedicado às atividades dos filhos, para a maioria das famílias fica em
função do nível de dificuldade das atividades, poucas famílias utilizam o tempo
disponível para a realização de leitura de livros e outras atividades com os filhos.
Eu mesma. Nós costumamos fazer o dever à tarde depois do descanso
e o tempo depende da complexidade da tarefa (Mãe 4).
55
O pai e ou a mãe. O necessário para realizar as atividades escolares
e em atender às demandas dos filhos (Pai 1).
Para explicar o tempo dedicado às atividades, Di Nucci (1997) fala sobre o
conhecimento dos pais sobre a importância do envolvimento deles com as atividades
dos filhos, mas muitas vezes, pela falta de tempo, não podem fazer esse
acompanhamento da maneira que desejariam. Geralmente o tempo que sobra para esse
acompanhamento é no período noturno. Mas, como observamos com as respostas dos
questionários, os pais não deixam de acompanhar as atividades dos filhos devido à
carga horária de trabalho, mesmo que seja por um tempo mais curto.
A mãe! Infelizmente, o horário que tenho é à noite após a janta o que
torna o estudo algo muito cansativo para todos (Mãe 10).
Outro aspecto importante analisado aqui, foi que a participação dos pais
(homens) nessas atividades tem crescido. De acordo com Maimoni e Ribeiro (2006), as
mães geralmente são responsáveis pela mediação das atividades no ambiente familiar,
inclusive ajudando os nas atividades escolares. Nos estudos de Topping (1990) apud
Maimoni e Ribeiro (2006), quando os pais foram convidados a participar das atividades
dos filhos, estes tiveram excelente desempenho. Um exemplo dessa parceria pode ser
encontrado na resposta da Mãe 3:
A mãe auxilia nas tarefas, em torno de 40 minutos, depois do almoço.
E o pai lê histórias e reforça a tarefa.
Tabela 6 - Categoria referente às atividades ou materiais oferecidos pelos pais para
estimular a leitura e escrita
Categorias Específicas Freq.
Livros Infantis 13
Jogos eletrônicos 5
Gibis 2
Jornais e revistas 3
Atividades extras 1
Nenhuma 1
56
A tabela 6 refere-se a seguinte pergunta: “Você oferece algum outro tipo de
atividade ou material (textos, livros didáticos, paradidáticos) além das oferecidas pela
escola para estimular a leitura e escrita de seu filho? Quais?”.
Em resposta ao questionário, pode se constatar que, aproximadamente, 86,6%
dos pais oferecem livros didáticos do interesse dos filhos, e outros, além dos livros,
apresentam jogos eletrônicos educativos, jornais e revistas do interesse da criança. Os
pais que relataram os jogos eletrônicos como atividade, enfatizaram a ideia de que esse
era supervisionado por um adulto, mostrando-se preocupado com o conteúdo vinculado
pela internet.
Apenas um pai relatou que não apresenta nenhum tipo de atividade além das
apresentadas pela escola. Maimoni e Ribeiro (2006) trazem o papel da escola no
processo de alfabetização e letramento, que o de ampliar as possibilidades de leitura das
crianças, mas, alguns pais deixam esse processo apenas a cargo da escola. É importante
a família oferecer essas atividades para as crianças, para que desde o contexto familiar a
criança crie o hábito da leitura.
A partir desses dados analisados, podemos observar que os pais estão
conscientes que as atividades oferecidas em casa dão suporte para o processo de
alfabetização e fazem com que eles se envolvam com a escola.
Tabela 7 - Categoria referente ao suporte dado pela escola para o processo de
alfabetização e letramento
Categorias Específicas F Categorias Gerais F
Apoio da professora 1 Sim 11
Reunião de pais 3 Não 2
Incentivo a acompanhar a tarefa 1 Não responderam 1
Incentivo com livros e pesquisas 1 Não sabem 1
Gostaria de ter a escola mais próxima 1
A pergunta realizada na questão 8 do questionário era a seguinte: “Em sua
opinião, a escola dá algum suporte para ajudá-los a fazer a mediação das atividades de
leitura e escrita em casa?”.
De acordo com as categorias gerais, os pais acreditam que a escola dá sim um
suporte para a mediação dos pais em casa. Entre os pais que responderam não, um deles
não explicou o porquê. A mãe 10 relatou que gostaria que a escola oferecesse o período
57
integral, pois não tem tempo disponível para lidar com a mediação das atividades em
casa. Uma mãe não respondeu a questão e outra relata que a escola apenas incentiva a
acompanhar as tarefas de casa, não dá nenhum outro suporte.
Apenas sete pais responderam qual o suporte a escola dá para a mediação das
atividades de leitura e escrita, dentre esses, três citaram a reunião de pais como o
momento que a escola dispõe para ensinar os pais a ajudarem os filhos nesse processo.
Podemos constatar que os pais ainda precisam de um maior suporte para a
realização dessa mediação e se sentem inseguros nesse processo. A mãe 3 relata que os
pais tiveram duas reuniões com a escola, uma coletiva e outra individual. Acredita que
os espaços foram bons, mas que os pais poderiam ter mais dicas, como grupos de e-mail
ou uma página da escola na internet para que fossem tiradas algumas dúvidas sobre o
processo de alfabetização e letramento.
Na entrevista a professora respondeu sobre o suporte dado pela escola, e a partir
dele, podemos constatar o motivo da insegurança dos pais, devido ao fato de não ter
nenhum procedimento formal utilizado pela escola para ajudar os pais nessa mediação.
É, não houve bem um preparo, no início do ano e ao final de cada
bimestre fazemos uma reunião e nessas reuniões falamos sobre como
acontece e como está o processo de alfabetização e como a família
pode ajudar despertando cada vez mais gosto e o prazer pelo mundo
letrado (Professora).
Segundo Di Nucci (1997), os pais como mediadores sentem-se inseguros e
precisam de uma orientação mais dirigida, com o auxílio do professor e da escola, tanto
nas atividades de casa como em outras situações que se referem à alfabetização e ao
letramento.
Tabela 8 - Categoria referente às dificuldades encontradas durante o processo de
alfabetização e letramento do filho.
Categorias Específicas Freq.
Método utilizado pela escola 3
Como corrigir a leitura e escrita 4
Concentração e interesse da criança 4
Tempo dos pais para se dedicar 1
Dificuldades normais do processo 3
58
De acordo com as respostas encontradas na tabela 8, os pais têm muita
dificuldade na maneira com que eles devem corrigir os filhos durante a leitura e escrita
e quanto à concentração e o interesse da criança em realizar essas atividades. Como foi
mencionado na tabela 3, os três pais que não conhecem o processo de alfabetização
utilizado pela escola, tem dificuldade com o método utilizado pela escola durante a
mediação. Outros três pais relatam que os filhos apresentam as dificuldades normais que
toda criança tem durante esse processo e estão sendo sanadas com o auxílio da
professora e no decorrer do processo.
Uma mãe mencionou que a falta de tempo dos pais tem dificultado o andamento
do processo, pois as crianças apresentam-se dispersas e desinteressadas. Segundo
Maimoni e Ribeiro (2006), essas dificuldades podem ter um aspecto emocional. Os
filhos são influenciados pelo comportamento dos pais, os pais mais envolvidos com a
escola, os filhos apresentam melhores resultados. Nesse caso, a escola deveria
proporcionar oportunidades para que os pais deste aluno participassem do cotidiano
escolar do filho.
Os quatro pais que mencionaram as crianças como desconcentradas e
desinteressadas, relataram que essas têm preguiça de realizar as tarefas e não acreditam
em sua capacidade. Segundo Ferreiro e Palácio (1987), a motivação da criança não está
ligada aos resultados alcançados por ela, os pais devem ajudar na conquista dessa
confiança da criança, partindo de atividades de leitura e escrita do interesse da criança.
Pode-se constatar que as tabelas 7 e 8 estão relacionadas. Quando os pais estão
claros das medidas que deverão tomar quanto ao processo de alfabetização e letramento
dos filhos eles encontram menos dificuldades durante esse processo, e justamente os
pais que não tem como participar das reuniões e das atividades realizadas dentro da
escola são os que encontram mais dificuldades.
59
Tabela 9 - Categoria referente à relação da família com a escola
Categorias Específicas Freq.
A escola passa uma boa impressão 1
Confiam na escola 2
Precisa de mais espaço para diálogos 3
Foram atendidos no que precisavam 5
Não tem opinião formada 1
Boa com as professoras, mas distante da direção. 1
Participam de diversos momentos na escola 1
Boa relação 1
A pergunta realizada na questão 10, última questão do questionário era a
seguinte: “Como você avalia sua relação com a escola? Conte mais sobre sua
experiência com a escola de seu filho.”.
Cinco pais responderam que sempre que precisaram da escola eles foram
atendidos. Sempre tiveram o apoio da escola quanto às necessidades dos filhos, tanto
em relação aos conteúdos, quanto aos relacionamentos interpessoais. Colocam a escola
como solícita e interessada.
Três pais acreditam que a relação existente com a escola é superficial e existe
um distanciamento dos pais com a escola, relatando que os pais precisam ser
convidados a participar mais das decisões da escola. Com a mudança da direção os pais
não tiveram contato com a escola, e este contato se restringe apenas as professoras.
Há um distanciamento dos pais e da escola em efetivar essa
proximidade. Às vezes tenho a sensação que poderíamos ter mais
espaços de diálogo, mas será que há interesse de ambos os lados?
Gostaria muito de estar mais perto da escola e do trabalho
pedagógico (Mãe 3).
A relação com a escola é boa, porém bastante impessoal. Acho que os
pais deveriam ser chamados a participar mais e reunirem-se
enquanto grupo com as professoras (Mãe 9).
A mãe que respondeu que participa de todos os momentos da escola relata:
Eu procuro participar do início da aula (oração – hino – parabéns),
de todas as reuniões, celebrações e/ou festividades – também confiro
a agenda e observo o conteúdo trabalhado através das tarefas de
casa. Dessa forma, eu fico mais próxima da escola e da sua proposta
(Mãe 13).
60
Com o relato da mãe 13 podemos constatar que os pais estão buscando o contato
com a escola. Mesmo que esses acreditem que existe uma boa relação com a escola, esta
ainda se encontra superficial. A mãe 4 relata que sua relação com a escola é boa, e
sempre foi atendida em seus questionamentos e dúvidas e a escola tem se preocupado
com algumas dificuldades dos filhos com relação a dicção.
A partir desses relatos, podemos analisar que os pais que acreditam que uma boa
relação com a escola seja quando suas necessidades são atendidas, embora ainda
busquem maiores espaços de diálogos. Podem-se encontrar esses resultados em outra
pesquisa realizada por Di Nucci (1997, p. 6).
[...] o discurso dos pais revela uma prática superficial e pouco efetiva
que pode ser consequência da falta de informações e do pequeno
espaço aberto pelas escolas. [...] revelam a necessidade de se
estruturar efetivamente a relação pais-escola através de espaços ainda
não conquistados que possibilitem o esclarecimento de dúvidas dos
pais e a orientação dos mesmos em parceria com a escola na
alfabetização das crianças.
3.2 A relação família-escola na concepção da professora
Para a realização da entrevista foram elaboradas, previamente, dez perguntas
com as quais a professora respondeu-as livremente. A análise dos resultados será feita
de acordo com as respostas da professora, sendo analisadas uma por uma.
A primeira questão realizada foi: “A escola (orientação, coordenação,
professores) dá condições facilitadoras para que a família faça uma boa mediação do
processo de alfabetização e letramento dos alunos?”.
Professora: Bom... no início do ano é realizada uma reunião com os
pais, para que os mesmos possam ter ciência sobre o trabalho
realizado nas turmas de alfabetização. Ai, na reunião encaminhamos
também diversos textos relacionados à nossa prática pedagógica e
também damos dicas de como trabalhar em casa a alfabetização com
essa abordagem do letramento.
61
Podemos constatar que a escola realiza reunião com os pais para que eles
conheçam o trabalho que será realizado com as crianças durante o processo de
alfabetização e letramento, mas nem sempre os pais podem comparecer as reuniões
realizadas pela escola. Os textos enviados para os pais tornam essa relação com a escola
muito superficial e nem sempre atendem às necessidades dos pais. De acordo com Di
Nucci (1997), existe a necessidade de criar novos espaços, diferentes das reuniões
pedagógicas para o esclarecimento das dúvidas frequentes dos pais, e, também, para
orientar os pais para uma maior parceria com a escola da criança.
A segunda questão realizada foi a respeito da prática de escrita e leitura realizada
pela professora com os alunos.
Professora: Eu procuro desenvolver todos os dias essa prática com os
meus alunos, utilizo a leitura de diferentes gêneros textuais, buscando
o interesse e participação da turma. Ah... também proponho
momentos de leitura, propondo a leitura de textos conhecidos pelos
meus alunos. Agora... já a escrita é trabalhada de forma que o aluno
tenha...tenha não...sinta-se seguro ao fazer sua escrita. Trabalho com
a escrita espontânea, deixando o aluno escrever do seu jeito, para que
ele se sinta seguro e confiante para escrever aquilo que já sabe. A
partir daí fazemos as mediações e intervenções para que o aluno
alcance em sua escrita a chamada escrita ortográfica.
A professora relata que são utilizados diferentes gêneros textuais, propondo
momentos de leitura e escritas espontâneas de acordo com o interesse do aluno. De
acordo com Cagliari (1998), é importante esse trabalho realizado pela professora em
sala de aula, pois o professor alfabetizar deve trabalhar em sala de aula com a produção
de escritas espontâneas, escrevendo com liberdade, assim mostram o que sabem e o que
precisam aprender. A partir desses momentos, assim como relatado pela professora, ela
faz as mediações e intervenções necessárias para que o aluno comece a escrever
corretamente. Assim, podemos concluir que o trabalho realizado pela professora
valoriza o conhecimento do aluno, valorizando não só os acertos dos alunos, mas
também seus erros, para que a partir deles sejam construídas novas aprendizagens.
A terceira questão foi voltada para as estratégias utilizadas por ela para
desenvolver habilidades de ler e escrever com os alunos.
Professora: Nós, professoras de alfabetização da escola utilizamos a
leitura e escrita de textos, parlendas, escrita de textos memorizados
pela turma, que seria a produção coletiva; escrita espontânea... como
62
foi dito anteriormente. Sempre leio para turma de modo que a criança
possa perceber a leitura fazendo parte do nosso dia-a-dia.
Com a resposta da professora, podemos verificar que em sala de aula, ela utiliza
de diversas estratégias para que as crianças desenvolvam as habilidades de leitura e
escrita, e sintam-se familiarizadas com essa prática. A proposta desenvolvida pela
professora com sua turma, segundo Carvalho (2009), é a maneira com a qual se
alfabetiza letrando, pois a professora desenvolve com seus alunos atividades de
comunicação, por exemplo, a escrita de textos memorizados pela turma, fazendo com
que a escrita passe a ter função social para a criança.
A quarta questão realizada foi: “A escola dispõe de biblioteca, na qual os alunos
possam ter acesso aos livros didáticos, paradidáticos, jornais e revistas?”.
Professora: Sim. Além da sala de leitura, temos em sala de aula um
varal com livros, gibis, além de um cantinho da leitura que lá tem
textos jornais, revistas e outras coisas que os alunos vão trazendo.
Com a resposta da professora, podemos identificar que as crianças estão sempre
em contato com livros literários, gibis, jornais e revistas, mas as crianças não tem
contato com livros paradidáticos, nem mesmo são utilizados e adotados pela escola no
1º ano. De acordo com Soares (2009), para a criança torna-se letrado é preciso que ela
esteja sempre em contato com livros, revistas, jornais e frequentarem a biblioteca. Com
esses hábitos desenvolvidos pela professora, as crianças passam a tornar a práticas de
leitura e escrita como uma necessidade e uma forma de lazer, por estarem imersas em
um ambiente letrado.
Na quinta questão, perguntou-se para a professora qual é a importância da
família no processo de alfabetização e letramentos dos filhos e se os pais têm
participado desse processo.
Professora: Acredito que a família tem um papel muito importante
durante o processo de alfabetização, além de ter que participar da
realização das tarefas de casa é importante que haja também um
momento da leitura em família, fazendo com que essa prática se torne
um hábito diário. Os pais participam, demonstram interesse,
questionam sempre que surge alguma dúvida.
Podemos analisar, a partir da fala da professora, que a escola dá muita
importância para o acompanhamento das tarefas de casa, e não só foi possível verificar
63
isso na fala da professora, como também na resposta dos pais. Assim, os pais acreditam
que a mediação que devem fazer em casa é a realização de atividades de casa
juntamente com os filhos e quando possível um momento de leitura em família.
De acordo com Szymanski (2010), assim como foi afirmado nas respostas dos
pais referente às atividades oferecidas para os filhos além daquelas oferecidas pela
escola, a família deve oportunizar além das atividades de casa e livros do interesse da
criança, as visitas a museus, teatros e cinemas, reuniões em família. Assim, concluímos
que os pais e a professora não utilizam essas atividades essenciais para o processo de
alfabetização e letramento.
No relato da professora e dos pais constatamos que os pais estão realmente
interessados no processo de alfabetização e letramento, e a relação com a professora é
bem próxima, assim como foi relatado por Oliveira e Marinho-Araújo (2010), os pais
aproveitam os momentos de entrada e saída dos alunos para o esclarecimento de
dúvidas.
Depois do relato da professora sobre a participação da família foi perguntado
sobre como a escola espera que a família participe do processo de alfabetização e
letramento do filho.
Professora: Hum... a escola espera que a família participe
diariamente desse processo, já que é um processo de
descobertas diárias. A escola também espera que haja um
momento maior de leitura e que a família tenha o hábito de
escrever textos, mensagens significativas que seja do interesse
da criança.
Para que os pais participem diariamente do processo, eles devem ser convidados
a participar das atividades da escola. Assim como relato com Oliveira e Marinho-Araújo
(2010), os pais devem estar cientes que a participação da família é de condição
necessária para o sucesso escolar, a escola e a família devem assumir uma
responsabilidade compartilhada. Segundo Szymanski (2010, p.112), “Uma condição
importante nas relações entre família e escola é a criação de um clima de respeito mútuo
– favorecendo sentimentos de confiança e competência –, tendo claramente delimitados
os âmbitos de atuação de cada uma”.
A sexta questão feita foi a seguinte: “Em sua prática, que facilidades e
dificuldades são encontradas pela família na mediação das atividades realizadas em
casa?”.
64
Professora: Acredito que a dificuldade maior seja a falta de tempo
que a família tem para acompanhar a realização da tarefa de casa,
muitas das vezes a família acaba fazendo a tarefa para a criança, já
que não dá tempo para a criança pensar, responder e a partir daí
realizar a tarefa.
Dentre as dificuldades apresentadas pelos pais, estava a dificuldade em corrigir a
leitura e a escrita das crianças. Podemos identificar essa dificuldade apresentada pelos
pais na fala da professora, quando relata que os pais não dispõem de muito tempo para
acompanhar as tarefas de casa da criança, e acabam fazendo a tarefa pela criança, não
fazendo a devida mediação
Segundo Di Nucci (1997), mesmo com a falta de tempo, os pais procuram ajudar
os filhos em suas atividades, mas muitas vezes as dificuldades de como corrigirem a
escrita e leitura da criança, devido a falta de orientação dirigida, acabam prejudicando a
mediação do pai.
Na sétima questão e última pergunta foi: “Se alguém lhe perguntasse o que é
alfabetização e letramento, o que você diria?”.
Professora: É... alfabetização é apropriação do código escrito,
letramento é apropriação do código escrito adquirindo
competências e habilidades para o exercício das práticas
sociais de leitura e escrita. Para mim, alfabetização e
letramento se somam, ou melhor, a alfabetização é um
componente do letramento.
Na fala da professora podemos analisar que ela considera a alfabetização e o
letramento como apropriação da escrita, para que assim, a criança adquira competência
para as práticas sociais de leitura e escrita, seria o alfabetizar letrando. Para Soares
(2009), ser alfabetizado é viver na condição ou estado de saber ler e escrever, e ser
letrado é fazer uso a leitura e da escrita para envolver-se em práticas sociais.
O que podemos verificar também com a resposta da professora sobre o conceito
de letramento e a sua prática pedagógica é a preocupação em tornar os alunos
envolvidos em práticas sociais, despertando o gosto pela leitura e escrita, a partir de
atividades contextualizadas.
65
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho teve como objetivo analisar a relação família-escola no
processo de alfabetização e letramento. Com a apresentação das tabelas referentes aos
resultados dos questionários e a entrevista realizada com a professora, é possível
concluir que a participação compartilhada dessas duas instituições é fundamental para o
sucesso do processo de alfabetização e letramento.
Podemos identificar o interesse da família em participar ativamente do processo
de alfabetização e letramento dos filhos, e estão preocupados em oferecer, no ambiente
familiar, livros, jogos educativos e proporcionar diversas atividades que estimulem o
gosto da criança pela leitura e a escrita. Mas, os pais ainda não veem atividades
realizadas em outros contextos sociais, cinemas, teatros, igrejas e museus como práticas
de letramento.
As famílias se envolvem com as atividades escolares das crianças, tanto no
ambiente familiar, quanto na escola, mas é de suma importância que a escola incentive a
participação dos pais. Pode-se analisar que a relação dos pais com a escola é boa, porém
muito superficial, os pais procuram mais a escola quando tem dúvidas ou algum
questionamento. Os pais, por mais que busquem essa parceria com a escola, ainda
sentem dificuldades quanto à proposta de alfabetização e letramento da escola e
dificuldades em fazer as devidas mediações durante esse processo. Oliveira e Marinho-
Araújo (2010) explicam que a família e a escola compartilham a tarefa de preparar as
crianças para o convívio social, tornando-as participativas e críticas, e essa é uma tarefa
que precisa ser construída diariamente.
A escola precisa abrir mais espaços para diálogos com os pais, ainda que estes
encontrem dificuldades com a falta de tempo para se dedicar a tais atividades. A
abertura de grupos de discussões virtuais, o convite aos pais de participarem de reuniões
e festividades na escola nos contra turnos, já fazem com que a relação existente entre as
duas instituições torne-se mais efetiva.
O professor precisa conquistar os pais e construir essa parceria família-escola, já
que o contato dos pais é diretamente com o professor. O professor é peça-chave desse
processo. Assim, podemos concluir que há interesse dos pais e da escola em construir
66
uma parceria, mas ainda, é necessário “criar um clima de respeito mútuo- favorecendo
sentimentos de confiança e competência -, tendo claramente delimitados os âmbitos de
ação de cada uma.” (SZYMANSKI, 2010, p.112).
67
PERSPECTIVAS PROFISSIONAIS
Apresentar o trabalho de conclusão de curso foi um dos momentos mais
sonhados. O diploma de graduação em uma universidade pública além de ser o meu
maior sonho, sempre foi o maior desejo dos meus pais e irmãos. Foi um longo caminho,
quatro anos e meio, conciliando os estudos com o desejo de já atuar em sala de aula.
Foram muitos obstáculos, mas todos eles preparando-me para uma nova jornada.
Identifiquei-me muito com a área de educação, e ainda há muito que aprender
estudando a Pedagogia e conhecendo melhor áreas diferentes da atuação em sala de
aula, onde vivenciei diversos momentos. Desejo continuar meus estudos no âmbito da
educação, fazer especialização em Psicopedagogia e aprofundar meus estudos sobre a
Alfabetização e o Letramento, por ser a temática com a qual tenho mais afinidade, e dar
continuidade ao estudo realizado na monografia para um futuro mestrado.
Atualmente, trabalho em uma escola particular de Brasília como professora
regente do 3º ano do ensino fundamental. Minha trajetória em sala de aula foi em
grande parte nessa instituição, onde comecei como professora assistente e após três
processos seletivos, fui convidada a assumir a turma. Não pretendo permanecer em sala
de aula por muito tempo, devido ao trabalho cansativo, desgastante e mal remunerado,
apesar de ser uma das minhas paixões. Após um ano de formada começarei a estudar
para concursos que tiverem vaga para pedagoga. Passar em um concurso público é
outro grande sonho. Gostaria muito de trabalhar em órgãos públicos na área de
educação e aprender coisas novas, desenvolver minhas potencialidades e enfrentar
novos desafios, diferentes dos encontrados em sala de aula em escola particular.
Como realização pessoal, pretendo dar continuidade ao meu curso de inglês, que
foi interrompido pela falta de tempo e fazer uma segunda graduação em Psicologia.
Depois de ter estabilidade financeira e profissional, pretendo me casar e ter meus filhos,
vivenciar o outro lado, do cuidado de professora para o cuidado de mãe.
68
REFERÊNCIAS
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Zahar, 1978.
BOARINI, Maria Lúcia. Refletindo sobre a nova e velha família. Revista Psicologia
em estudo. vol.8 no; esp. Maringá, 2003.
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1998.
CARVALHO, Marlene. Alfabetizar e letrar: um diálogo entre a teoria e a prática. 7
ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.
CHRAIM, Albertina de Mattos. Família e escola: a arte de aprender para ensinar.
Rio de Janeiro: Wak Ed., 2009.
DI NUCCI, Eliane Porto. Interesses e dificuldades dos pais na alfabetização dos filhos.
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FERREIRO, Emília; PALACIO, Margarita Gomes. Os processos de leitura e escrita:
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http://www.galois.com.br/Sites/LePetit/DOWNLOADS/file/PPEDAGOGICA_LEPETI
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LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em Educação: abordagens
qualitativas. São Paulo: EPU, 2008.
69
MAIMONI, Eulália H.; RIBEIRO, Ormezinda Maria. Família e escola: uma parceira
necessária para o processo de letramento. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos,
v. 87, no. 217, p. 291-301. Brasília, 2006.
OLIVEIRA, Cynthia Bisinoto Evangelista de; MARINHO-ARAÚJO, Claisy Maria. A
relação família-escola: intersecções e desafios. Revista de Estudos de Psicologia. v.
27, no.1. Campinas, 2010.
SIMIONATO, Marlene Aparecida Wischral; OLIVEIRA, Raquel Gusmão Oliveira.
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Psicopedagogia - Associação Brasileira de Psicopedagogia. Paraná, 2003.
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 3. ed. Belo Horizonte:
Autêntica Editora, 2009.
SZYMANSKI, Heloisa. A relação família/escola: desafios e perspectivas. Brasília:
Liber Livro, 2010.
70
APÊNDICE
Questionário aplicado aos pais
Universidade de Brasília
Faculdade de Educação
Pesquisa sobre a importância da relação família-escola no processo de
alfabetização
Sou concluinte do curso de Pedagogia e meu estudo tem como tema “A relação
família-escola no processo de alfabetização e letramento”. Este questionário faz parte
do estudo e gostaríamos de contar com a participação de sua família. Não há respostas
certas ou erradas, estamos interessados apenas em saber sua opinião.
Identificação
Idade: ______
Quantos filhos você tem? ______
Formação acadêmica: ____________
Profissão: ___________
Trabalha fora de casa: Sim Não
Carga horária de trabalho diária: ______
1. O que motivou você matricular seu(sua) filho(a) nesta escola?
Ensino de qualidade
Proximidade de casa
Valor da mensalidade
Outros. _________________________________________________________
71
2. Você gosta da proposta educacional da escola de seu(sua) filho(a)? Por quê?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
3. Como você e sua família têm ajudado seu(sua) filho(a) no processo de
alfabetização e letramento?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
4. Você conhece o processo de alfabetização e letramento utilizado pela escola?
Sim Não
5. O processo de alfabetização vivenciado por seu(sua) filho(a) é parecido com o
qual você vivenciou na alfabetização? Se sim, quais são as diferenças
observadas?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
6. Quem costuma acompanhar as atividades do(a) filho(a) em casa? Qual é o
tempo dedicado a essa atividade?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
7. Você oferece algum outro tipo de atividade ou material (textos, livros didáticos,
paradidáticos) além das oferecidas pela escola para estimular a leitura e escrita
de seu filho(a)? Quais?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
8. Em sua opinião, a escola dá algum suporte para ajuda-los a fazer a mediação das
atividades de leitura e escrita em casa?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
72
9. Que facilidades e∕ou dificuldades são encontradas durante o processo de
alfabetização e letramento de seu(sua) filho(a)?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
10. Como você avalia sua relação com a escola? Conte mais sobre sua experiência
com a escola de seu(a) filho(a).
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Muito obrigado pela sua participação!
Roteiro para Entrevista com a Professora
Identificação
Nome:
Idade:
Formação acadêmica
Experiência pedagógica
Tempo de Experiência pedagógica
Carga horária
Desenvolvimento
1. A escola (orientação, coordenação, professores) dá condições facilitadoras para que a
família faça uma boa mediação do processo de alfabetização e letramento dos
alunos(as)?
2. Como você trabalha com a prática da leitura e escrita com os alunos?
3. Que estratégias são utilizadas para desenvolver habilidades de ler e escrever com os
alunos?
4. A escola dispõe de biblioteca, na qual os alunos possam ter acesso aos livros:
didáticos, paradidáticos, jornais e revistas?
73
5. Em sua opinião, qual a importância da família no processo de alfabetização e
letramento dos(as) filhos(as)?
6. Em sua prática, que facilidades e dificuldades são encontradas pela família na
mediação das atividades realizadas em casa?
7. Houve um preparo inicial da família para o acompanhamento do processo de
alfabetização e letramento?
8. Em sua opinião, a família tem participado do processo de alfabetização e letramento
dos(as) seus(suas) filhos(as)?
9. Se alguém lhe perguntasse o que é alfabetização e letramento, o que você diria?
10. Em sua opinião, como a escola espera que a família participe do processo de
alfabetização e letramento de seu(sua) filho(a)?