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Desenvolvimento sócio-afectivo
Interacção mãe/filhoInteracção mãe/filho
Ano lectivo 2009/2010Ano lectivo 2009/2010
Formadora: Daniela GonçalvesFormadora: Daniela Gonçalves
Relações precoces mãe/filhoRelações precoces mãe/filho
Um dos aspectos mais estudados tem sido a relação da díade mãe/filho. As características desta relação, no primeiro ano de vida, vão ter grande importância no desenvolvimento futuro da criança: personalidade, auto-estima, confiança em si próprio, relacionamento interpessoal.
Relações precoces mãe/filho Relações precoces mãe/filho
A relação com o filho começa antes do nascimento, na fantasia dos pais. Ser mãe e ser pai, são marcados por uma relação simbólica, um jogo de fantasia: será menino ou menina? Como vai ser? Com que se parecerá? Como será a nossa relação?
Relações precoces mãe/filhoRelações precoces mãe/filho
Muitas mães testemunham como falam com o bebé que tem na barriga: Como lhe apresentam a família e a casa, como lhe falam dos aborrecimentos do dia de trabalho, nas expectativas nele depositados, como se sentem na gravidez, como vivem os tempos em que o sentem crescer dentro delas…
Relações precoces mãe/filho Relações precoces mãe/filho
Poderemos quase dizer quer o bebé antes de nascer, se relaciona com a mãe e com as pessoas significativas do seu meio. Ele influencia e é influenciado pelo mundo envolvente.
A forma como decorre o próprio nascimento tem sido considerada como muito importante.
Relações precoces mãe/filho Relações precoces mãe/filho
Não só o próprio acto de nascer, mas o acolhimento – externo e interno – que é feito. É a forma terna como lhe é dado nome, como se descobre com quem se parece, como se arranjou espaço para si na casa, que faz inscrever este filho no casal e nas histórias das famílias.
Relações precoces mãe/filho Relações precoces mãe/filho
A relação da mãe e das outras pessoas com os bebés é, normalmente diferente das que desenvolvem com outras crianças mais velhas: no tom de voz, nos olhares, nos gestos, no que é dito e na forma como é dito.
Construção do objecto
Através da mãe, a criança tem acesso aos objectos
simples, depois a objectos progressivamente mais
complexos e finalmente à sua dimensão.
A relação de objecto da criança com a mãe, objecto
de amor, define a afectividade relacional. Há ainda
um enquadramento dessa afectividade num estado
afectivo geral, que poode ser alegre ou triste,
tranquilo ou ansioso, agitado ou instável.
Interacção mãe/filhoInteracção mãe/filho
A relação mãe/filho tem
sido perspectivada de
forma diferente por
diversas correntes da
psicologia.
Vinculação John Bowlby, é um psicanalista
britânico que, segundo os estudos de Sptiz, começou por estudar a carência afectiva e a perda da ligação maternal.
Vinculação
Este autor apresenta a necessidade de vinculação (apego), isto é, a necessidade de estabelecimento de contacto e de laços emocionais entre o bebé e a mãe e outras pessoas próximas, como um fenómeno determinado biologicamente.
Vinculação
A necessidade de vinculação não é fruto da aprendizagem, mas uma necessidade básica do mesmo tipo que a alimentação e a sexualidade. Bowlby considera que esta necessidade não é herdada – o que se herda é o potencial para a desenvolver.
Vinculação
O bebé tem variáveis comportamentais – sistemas de comportamentos – que favorecem a vinculação, como a sucção, o agarrar, o chorar, o seguir, o sorrir. Bowlby refere o chorar e o sorrir como os comportamentos que activam uma resposta materna.
Vinculação
Estes sistemas comportamentais definem a sua natureza de acordo com o meio em que se processa o desenvolvimento. Os comportamentos de vinculação do bebé vão ser consolidados por sinais para desencadear ou manter respostas de proximidade e de contacto com a mãe.
Vinculação
A mãe dá significado aos sinais emitidos. O recém nascido, sem falar, como que ensina os pais a tratarem bem dele, a adaptarem-se aos seu ritmo, a “adivinharem” as suas necessidades.
Vinculação
Esta perspectiva é profundamente interactiva – a relação mãe/filho é bidireccional, isto é ambos emitem sinais que activam a vinculação.
Esta perspectiva é profundamente interactiva – a relação mãe/filho é bidireccional, isto é ambos emitem sinais que activam a vinculação
Vinculação
Serão, segundo alguns autores, as transformações hormonais que se seguem ao parto que predispõem a mãe a responder aos estímulos vindos do bebé. A relação entre a mãe e o bebé estabelece uma comunicação emocional através de um sistema de regulação mútua com adaptações constantes.
Vinculação
A sensibilidade e a disponibilidade emocional da mãe vão favorecer a adequação de resposta aos sinais do bebé e facilitar o ultrapassar das possíveis dificuldades interactivas. Os padrões de vinculação resultam da qualidade desta interacção e influenciarão a vida psicológica futura.
Vinculação
O tipo de ligação entre o filho e a mãe muda à medida que criança se desenvolve, embora se mantenham as características da vinculação
Vinculação
Se no recém nascido há uma tendência para um comportamento vinculativo com uma só pessoa, em breve a criança vai-se vincular a outras pessoas. Este comportamento de vinculação pode existir durante toda a vida.
Como se forma a vinculação?
O bebé como promotor da vinculação:
Configuração facial do bebé; Preferência do bebé pela figura humana; Emite sinais facilitadores da comunicação e
da interacção: choro,sorriso,expressoes emocionais;
Outras condutas: reflexo de sucção e preensão
Como se forma a vinculação?O adulto como promotor da vinculação:
O contacto físico frequente (pegar ao colo, beijos,…);
Manutenção do olhar; Tipo de linguagem (exagerado, repetitivo, sem
significado); Sincronia interactiva: pausa - produção /acção; Expressões faciais exageradas, repetidas e
prolongadas; Capacidade de interpretar os sinais do bebé e de
responder de forma estável e continuada.
Experiências Etológicas
A vinculação é um processo que se manifesta em certos mamíferos e aves.
Na década de 50, o etólogo Harry Harlow, desenvolveu experiências em crias de macacos.
Colocou, na mesma jaula, duas mães-substituto: uma era construída em arame, a outra em tecido felpudo. Esta experiência decorreu em várias jaulas: em metade delas, era o modelo de arame que fornecia alimento à cria; na outra metade, esta função era assegurada pela mãe do tecido felpudo.
Experiências Etológicas
Experiências Etológicas
A variável analisada foi o tempo que as crias passavam junto das mães artificiais.
As observações levaram o investigador a concluir que as crias preferiam a mãe de tecido independentemente de qual fosse a que lhes forneciam alimento, recorrendo a estas em caso de perigo.
Experiências Etológicas
Estas experiências levam Harlow a afirmar que a necessidade e a procura de contacto corporal e de proximidade física são mais importantes que a necessidade de alimentação.
Experiências Etológicas
Esta necessidade de agarrar, de estar junto da mãe, vai ser designada como contacto e conforto. Este mecanismo, também estudado nos bebés humanos, permite concluir que o contacto físico com a mãe é da maior importância sendo uma necessidade primária que não depende da alimentação.
Experiências Etológicas
Harlow fala da necessidade de amor e de emoção que observou nos primatas. Evidencia a interacção existente entre mãe e filho – o filho abraça a mãe que cada vez mais sente a necessidade de expressar este terno abraço – que está na base da vinculação.
Transição das Interacções para a Relação Interpessoal
Processo de separação/individualização
Os comportamentos vinculativos também evoluem. Assim, entre os 6 e os 9 meses, a vinculação fica formada, existindo dois comportamentos característicos: prazer de ver a mãe e tristeza de separar-se dela.
Processo de separação/individualização
As interacções ocorridas ao longo do tempo vão contribuir para a construção de uma relação interpessoal e de uma interlocução.
Processo de separação/individualização
O desenvolvimento do bebé, nomeadamente as melhores competências perceptivas e a capacidade de ter imagens mentais, vai-lhe permitir ter, de uma forma interiorizada, uma representação de mãe.
Processo de separação/individualização
Uma etapa importante ocorre quando o bebé se sente individualizado corporalmente da mãe, ultrapassando o estado indiferenciado, fusional, anteriormente vivido.
Processo de separação/individualização
Sptiz refere a “angústia do 8º mês” que se manifesta na sensação de que a mãe, que não está ao seu lado, o abandonou. O facto de se sentir diferenciado da mãe acarreta o receio de a poder perder.
Processo de separação/individualização
Depois dos 8 meses, o bebé começa a estranhar as pessoas não habituais, com reacções que vão da simples estranheza à ansiedade ou angústia, e estas respostas resultam do facto de o bebé ter interiorizado imagens da mãe e de pessoas significativas e de as diferenciar das outras caras e figuras.
Processo de separação/individualização
Segundo Sptiz, não é o estranho, enquanto tal, que angustia o bebé, mas o desaparecimento da mãe, que o mergulha numa profunda insegurança. A chegada do estranho, iludindo o bebé no desejo de ver a mãe, reactiva a sua ansiedade e daí este repúdio vigoroso do intruso, por mais intencionado e cheio de solicitude que seja, e cujo único erro é o de estar presente quando a mãe não está.
Processo de separação/individualização
É nesta fase que o bebé tem reacções de angústia às separações da mãe e expressa alegria nos reencontros com as pessoas queridas.
Processo de separação/individualização
É o desenvolvimento global, que ocorre no primeiro ano de vida, que vai transformar as interacções iniciais em relações interpessoais elaboradas e consistentes.